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Tema FUVEST 2019: De que maneira o passado contribui para a compreensão do presente? .

INTRODUÇÃO
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Ao intitular um de seus mais célebres ensaios como "Se o presente é parecido com o passado, como será
o futuro?", Alice Walker, grande autora afroamericana, coloca aos seus leitores uma questão
fundamental, que transcende a discussão de seu texto sobre "colorismo". Ao abordar o racismo que há
na valorização da tonalidade mais clara da pele negra em relação à mais escura como uma forma de
segregação e violência simbólica e não de integração - como por vezes é entendido -, a ensaísta aponta
como é grande a dificuldade de se fazer leituras históricas de acontecimentos passados, articulando-os
com o presente de maneira a aprimorá-lo, e não de perpetuar preconceitos arraigados com uma nova
roupagem. Esse problema, que até hoje assola grande parte das sociedades, ocorre tanto devido a uma
negligência em se preservar e valorizar a memória coletiva, quanto de interpretá-la conscientemente,
admitindo o contexto presente que deve ser levado em conta no momento de analisar os
acontecimentos.

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Dizer que a preservação de lugares históricos deveria ser uma prioridade em qualquer sociedade que
preze pela sua identidade soa, de início, como uma obviedade. No entanto, quando se observa a maneira
descuidada como a atualidade tem cuidado da própria narrativa, o cenário é desanimador. Um dos
exemplos mais elucidativos de tamanha indiferença talvez repouse, mais uma vez, na questão racial,
nesse caso, a brasileira: o Museu do Amanhã, construído no Cais do Valongo, no Rio de Janeiro, sugere
um olhar para o futuro por meio da tecnologia e da sustentabilidade. Todavia, o que muitos ignoram, é
que a bela localidade, escolhida para edificar um prédio onde se tiram tantas fotos contemplativas foi, na
verdade, um dos maiores portos de escravos no Brasil. Ou seja, onde hoje ostenta-se sorrisos, apaga-se
um passado de sofrimento que deveria ser escancarado a fim de ensinar às gerações presentes a
dimensão terrível da escravidão negra e o que ela jamais deve ser repetida. Lamentavelmente, quando
nos deparamos com um caso de racismo no Colégio Franco Brasileiro, na mesma cidade, em pleno ano
de 2020, percebemos que essa lição ainda está longe de ser aprendida.

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Além disso, é interessante averiguar como o mito da historicidade neutra é hoje disseminado, e no
quanto ele é perigoso e ideológico. Essa ideia que afirma ser possível lidar com fatos de maneira
completamente imparcial, contribui, na realidade, para esvaziar o trabalho do historiador. Esse
profissional deve apontar para os acontecimentos e questioná-los, relacionando-os com o presente para
compreendê-lo melhor, como quando passou-se a entender os bandeirantes paulistas como usurpadores
e não mais como heróis, tendo em vista o mal que causaram às populações nativas de sua época.
Contudo, não é incomum, atualmente, criminalizar o ofício do historiógrafo, sob o pretexto de ele ser
enviesado, como o faz cotidianamente o presidente brasileiro. Suas afirmações referentes à História
tornam o conceito "duplipensamento" - poder atribuir um dado significado e o seu oposto a um mesmo
episódio-, cunhado na ficção orwelliana "1984", mais atual que nunca, pois quando ele afirma que "a
ditadura jamais aconteceu", mesmo tendo acontecido, ele não só desrespeita os especialistas no
assunto, como propõe, sob um falso véu da isenção, um revisionismo histórico desonesto que só
beneficia os seus interesses políticos. É uma retórica demagógica que obscurece o passado e dificulta,
consequentemente, a identificação de atitudes autoritárias no presente.
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CONCLUSÃO
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Fica claro, portanto, que a apreensão adequada do passado para uma melhor compreensão do presente
só pode ocorrer de forma séria dentro de um processo de valorização da memória histórica e com o
entendimento de que a História pode ser relida com mais atenção a fim de se aprimorar a sua
interpretação, mas jamais se deve apagar fatos concretos. As consequências da apreensão irresponsável
e imatura da narrativa da vida são catastróficas, pois tocam a vida das pessoas, mesmo que isso não seja
imediatamente percebido. Resta agora saber se a humanidade irá de fato optar por rumos de construção
de uma identidade social coletiva e assumirá os rumos da própria narrativa.

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