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Prova 1 de Processos Cognitivos

Professor: Filipe Carijó


Aluna: Débora Muramoto Alves de Castilho DRE 122065679

1. Explique a tese de R. Gregory de que o sistema perceptivo gera hipóteses. Ilustre-a


com um exemplo específico de percepção como hipótese.

R: O cognitivismo, corrente de pensamento a qual R. Gregory está inserido, parte do


pressuposto central de que os estímulos recebidos por um indivíduo são pobres e
ambíguos, pois não carregam em si todas as informações necessárias para a formulação de
uma imagem retiniana adequada. Por essa razão, cabe ao sistema perceptivo humano
vencer os possíveis equívocos que esses estímulos podem gerar, a fim de evitar ilusões
perceptivas. Para o autor, isso ocorrerá da forma adequada porque o sistema perceptivo
gera hipóteses a respeito da imagem retiniana formada com base no estímulo proximal - a
luminosidade que alcança a retina - ao qual o sujeito é exposto, e opta, ao fim, pela
hipótese mais provável. Tal hipótese é formulada e consolidada a partir de saberes
construídos e armazenados que irão fundamentar o que se sabe a respeito do objeto
percebido. A título de exemplo, pode-se pensar nesse funcionamento científico da
percepção quando se vê uma formiga no chão quando estamos em pé e ao nos
aproximarmos dela, agachando-nos. Dado à diminuição da distância influindo diretamente
no ângulo de visão que temos do objeto formiga, o seu tamanho parecerá aumentar à
medida em que ela estiver mais próxima. No entanto, sabemos que as suas dimensões , na
realidade, não se modificam e ela continua pequena, já que a hipótese mais plausível,
fundamentada no nosso conhecimento armazenado a respeito de formigas, diz que elas são
seres pequenos.

2. Por que Gibson acredita ser importante estudar o percebedor em movimento? Mostre
como ele articula uma crítica metodológica e teórica ao cognitivismo a partir dessa ideia.

R: De acordo com Gibson, a psicologia cognitivista partiu de pressupostos equivocados ao


supor que aquilo que vemos limitava-se à imagem retiniana. Para o autor, o que nós vemos
é o ambiente em sua complexidade, sem estar fragmentado. O sujeito percebedor, inserido
no meio, não perceberia, portanto, estímulos de luz isolados e estáticos, nem se colocaria
diante deles como um observador imóvel, pelo contrário: ele existe diante de inúmeros
estímulos concomitantes e explora os seus sentidos nessa exposição. Para Gibson,
portanto, os cognitivistas erram teoricamente - e daí a sua crítica teórica - ao considerar o
estímulo naturalmente pobre e ambíguo e partir desse princípio; Gibson recusa essa visão e
afirma que, na verdade, o estímulo visual não é pobre, mas foi empobrecido pela psicologia
perceptiva. O estímulo visual não seria insuficiente, nem tampouco necessitaria de
hipóteses e processamentos, como preconizavam os cognitivistas, para ser desvendado,
pois as luzes já trariam consigo informações inequívocas a respeito da realidade.
Metodologicamente, pode-se averiguar esse erro nos experimentos cognitivistas. A crítica
metodológica de Gibson a esse respeito, aponta para um problema fundamental desses
estudos: eles transformam estímulos dinâmicos, em algo muito distante do que, de fato,
ocorre na realidade. No contexto do laboratório, o cognitivismo isolava o sujeito e o deixava
estático, expondo-o a estímulos que apareciam de forma muito rápida. Nesse sentido, eles
ignoram que o estímulo é, na verdade, um fluxo óptico e não a imagem retiniana
estritamente de um estímulo luminoso único. Isso se justifica pois há luz circulando por
todas as direções e o percebedor lida com essa mobilidade em movimento. Nela, ele irá
identificar o que é variante e o que é invariante, sendo essa última estrutura fundamental
para a apreensão da informação, pois é ela que se mantém à vista do percebedor
independente do movimento que ele fizer.

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