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PRIMEIRAS REAÇÕES COGNITIVAS

- Para tratar das primeiras reações cognitivas do recém-nascido, Spitz recorrerá a


experimentações feitas com cegos de nascença que foram operados e passaram a ver. É claro
que ele admite as diferenças que existem entre um cego operado e um bebê: no caso do cego,
existe um sistema de significações que é coerente e organizado; o recém-nascido não tem
imagem nenhuma do mundo, por meio de nenhuma modalidade sensorial.
- Mas ele faz essa analogia para que se torne um pouco mais palpável a perspectiva da criança
que vem ao mundo e é bombardeada com uma avalanche de estímulos não só visuais, mas
relativos também a todos os outros sentidos. Então, no caso do bebê, todo estímulo vai ser
estranho a todas as modalidades sensoriais. Por isso, todo estímulo precisará ser transformado
em uma experiência significativa, para então se tornar um sinal ao qual outros sinais serão
gradativamente acrescentados e, assim, construirão a imagem do mundo da criança.
- Conclui-se que não faz sentido falar em percepção no bebê enquanto os estímulos que a ele se
mostram não se tornarem significativos. Por isso, o autor assume que os bebês não percebem,
mas isso não significa que não há memória enquanto a percepção está sendo ainda adquirida.

PERCEPÇÃO E VARIABILIDADE TEÓRICA DAS PSICOLOGIAS


- Em psicologias que chamamos de mentalistas, pode-se localizar a percepção em um encontro
do mundo físico e do que seria a “mente”. Nessas teorias, portanto, a percepção é tratada como
processo psicofísico, o qual permitiria o contato com a realidade. Mas, nesses casos, esse
contato é geralmente explicado por uma espécie de “cópia mental” do mundo que é percebido:
quando percebemos, fabricamos uma “cópia mental” do objeto, a qual é armazenada na
memória e pode vir a ser usada posteriormente no caso de uma rememoração.
- No caso da psicologia skinneriana, em contrapartida, essas dicotomias “experiência vs.
realidade” e “percebedor vs. recebedor” simplesmente não se aplicam, porque a única dimensão
de análise considerada é a relação entre o comportamento do organismo e o ambiente -
entendendo o ambiente, aqui, não só como espaço físico, mas como as pessoas, a história, a
cultura, etc. É nesse sentido, portanto, que Skinner não trabalhará com a ideia de “cópias
mentais”, tampouco vai fazer uma separação a priori do estímulo e da resposta. Em outros
termos, já se parte desde o princípio da relação entre o estímulo e a resposta – isto é, da
contingência.

O “VER” SOB A ÓTICA COMPORTAMENTALISTA RADICAL


- De uma perspectiva analítico-comportamental, ver faz parte do comportamento perceptivo,
que, por sua vez, é um comportamento que, de modo geral, se relaciona com todos os outros
comportamentos.
- Ver é um comportamento respondente, ou seja, um reflexo. No caso desse tipo de
comportamento, um estímulo (qualquer parte do ambiente que altere o organismo) elicia uma
resposta (qualquer alteração do organismo que altere o ambiente).
- Podemos nomear esse comportamento de resposta incondicionada “pura” - incondicionada
porque não se constrói por meio da aprendizagem, mas sim na história da espécie, na filogênese.
No entanto, conforme corre a história, essa resposta passa a receber influência do
condicionamento: estímulos antes neutros são pareados com um estímulo eliciador
(biologicamente mais forte) e passam a eliciar a resposta visual, tornando-se estímulos
condicionados para essa resposta. Ex: o rosto da mãe é pareado com o seio materno, passando a
eliciar a resposta de olhá-lo. O rosto da mãe se torna estímulo condicionado para o
comportamento de vê-lo.

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