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A posição autista-contígua e a comunicação não verbal na clínica psicanalítica

A posição autista-contígua
e a comunicação não verbal
na clínica psicanalítica
The autistic-contiguous position
and the non-verbal communication
in psychoanalytical clinics
Julia Braga do Patrocínio Fernandes
Carlos Augusto Peixoto Junior

Resumo
O objetivo deste artigo é explorar o conceito de posição autista-contígua, formulado por
Thomas Ogden. Com o aumento considerável de pacientes ditos não neuróticos, o analista se
viu compelido a ampliar suas capacidades de escuta e atentar para outras formas de comuni-
cação que não passam necessariamente pela linguagem verbal. A partir do enfoque oferecido
pela teoria das relações objetais, abordamos a gênese da comunicação humana e o modo pelo
qual seus aspectos não verbais permanecem ativos na vida adulta, oferecendo subsídios para
uma compreensão ampliada daquilo que se deseja comunicar na relação analítica.

Palavras-chave:
Posição, Comunicação, Psicanálise, Relações objetais.

Introdução – começou a esboçar em linhas mais precisas


Ao longo das últimas décadas, a psicanálise o papel do objeto na constituição do sujeito.
vem se ocupando da problemática referen- A partir de sua obra, a articulação entre ego
te aos casos ditos não neuróticos, cada vez e objeto se mostrou indispensável para o ple-
mais presentes na clínica. Psicanalistas como no exercício das funções de simbolização. A
Melanie Klein, Donald Winnicott e Wilfred teoria kleiniana oferece a base para os traba-
Bion já haviamse debruçado, de maneiras lhos de Winnicott (1945) e Bion (1962) acer-
distintas, sobre estudos referentes aos espec- ca do desenvolvimento emocional primitivo
tros psicopatológicos que se diferenciavam e de sua importância para o entendimento de
daqueles estudados por Freud. alguns fenômenos transferenciais.
Ferenczi, na década de 1920, já salientava Winnicott constrói um novo enfoque
a dificuldade de alguns pacientes em seguir sobre os primórdios da vida infantil e se
à risca a técnica clássica durante as sessões, preocupa com o desenvolvimento de técni-
apontando para a necessidade de reformula- cas voltadas para o tratamento de pacientes
ções técnicas na clínica. psicóticos e borderliners, além de explicitar
Klein, ao se dedicar ao estudo aprofunda- a importância do ambiente nos processos de
do da análise de crianças (1921, 1923, 1932) subjetivação.
– e, por sua vez, ao desenvolvimento infantil Já Bion se mantém mais ligado à teoria
em sua fase pré-edipiana (1928, 1945, 1946) kleiniana e aprofunda algumas teses acerca
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da identificação projetiva, que passa a ser Spitz diferencia as experiências através


concebida em sua dimensão intersubjeti- das quais os bebês recebem e percebem os
va, amplamente utilizada na clínica pelos fenômenos denominando-as, mais especi-
pós-kleinianos. A identificação projetiva, ficamente, de “recepção cenestésica” e “per-
juntamente com o que Bion chamou de cepção diacrítica”.
“estados de reverie”, torna-se a base de sua A recepção cenestésica estaria ligada a um
“teoria das funções”, que promove uma mu- sistema de sensações de característica exten-
dança de paradigmas em relação ao papel siva, que através de modalidades sensoriais
do analista diante das angústias inominá- periféricas – como a superfície da pele – se-
veis do paciente. riam sentidas e recebidas pelo recém-nascido
Em tal contexto, evidencia-se que os dile- em seus primeiros meses de vida. Segundo
mas presentes na clínica de pacientes difíceis ele, certas zonas e órgãos sensoriais se carac-
passam a exigir novas formulações técni- terizam como transicionais, ou seja, media-
cas, entre as quais se destaca a necessidade dores entre o interior e o exterior, formando
de ampliação das capacidades subjetivas do uma ponte entre a recepção cenestésica e a
analista. Escuta e comunicação ganham no- percepção diacrítica, que ocorre mais tarde,
vas definições em seus aspectos tanto asso- após o desenvolvimento de algumas capaci-
ciativos quanto interpretativos. dades cognitivas.
Nessa linha, Thomas Ogden nos oferece A percepção diacrítica teria uma caracte-
ampliações teóricas importantes para a com- rística intensiva, derivaria dos processos de
preensão de estados pré-verbais, em que os recepção cenestésica e, através de um proces-
afetos e as manifestações corporais tomam a so de aprendizagem e maturação, começaria
cena e oferecem ao analista dados relevantes a se formar em torno do terceiro mês de vida.
sobre a dinâmica da relação analista-paciente. A partir da reação do bebê ao sorriso de
alguém que se aproxima, é possível notar que
A gênese da comunicação humana: a percepção começa a se definir melhor. A
aspectos não verbais reação de sorriso é, para Spitz, um indicador
Em 1965, no livro O primeiro ano de vida, de que o precursor do objeto se estabeleceu e
René Spitz traz à luz questões referentes à de que um ego rudimentar já está operando
observação de bebês durante o primeiro ano rumo à formação do ego propriamente dito.
de vida. O autor aponta a importância das É também o momento em que o bebê atinge a
primeiras experiências do bebê na relação capacidade de suspender temporariamente o
com a mãe, atribuindo uma função decisiva funcionamento incondicional do princípio de
aos aspectos sensoriais, identificados como prazer, dando lugar ao princípio de realidade.
estados cenestésicos da experiência. Há, portanto, uma passagem da passivida-
Spitz introduz uma mudança de para- de para uma atividade dirigida, que dá lugar
digma em relação à teoria kleiniana quando ao início, ainda embrionário, das relações de
assinala um estado indiferenciado no início objeto. Ainda assim, a organização cenestési-
da vida, colocando as relações objetais como ca continua a funcionar durante toda a vida,
um processo a ser construído ao longo das desempenhando um papel determinante nos
experiências com a mãe. Para ele, não há sentimentos, nos pensamentos e nas ações
nem objeto nem relações objetais no uni- da vida adulta.
verso do recém-nascido; o que existe é um A importância conferida por Sptiz à día-
estado de não diferenciação (Spitz, 1965). A de mãe-bebê o leva ao aprofundamento de
partir de um modo cenestésico, os estímulos questões referentes à comunicação entre os
e a sensibilidade visceral são “recebidos” em dois. Retomando Freud, o autor considera
vez de “percebidos”. que a gênese da comunicação no bebê jaz na

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descarga de tensão em situações de despra- verbais. Entretanto, a sensibilidade materna


zer. pode aumentar a capacidade potencial de
reação cenestésica, ou seja, através de inú-
O recém-nascido apenas pode descarregar a meros processos regressivos ocorridos no
tensão que surge de sua necessidade, por ma- curso da gravidez, do parto e da lactância, a
nifestação de emoções difusas, causais, atra- mãe se torna capaz de compreender os sinais
vés de gritos, de enervação dos vasos sanguí- do bebê e atribuir sentido a eles.
neos, etc. (Spitz, [1965] 1979, p. 124). Em outras palavras, a capacidade empáti-
ca da mãe fará com que o sinal não dirigido
Segundo Freud (1895), essa via de des- e não verbal emitido pelo bebê se transforme
carga ganha uma função secundária impor- em um diálogo afetivo, dando início à comu-
tante, isto é, convocar um entendimento por nicação mais elementar. O estado afetivo da
parte de outras pessoas. Dessa forma, a co- mãe em relação ao seu bebê recém-nascido
municação na díade mãe-filho se estabelece foi descrito anteriormente por Winnicott
nos primeiros meses de vida, antes da for- como “preocupação materna primária”
mação das relações de objeto, baseando-se (Winnicott, 1956).
na filogenética. Seguindo a mesma linha de raciocínio,
Para Spitz, a comunicação entre animais Frances Tustin aborda a temática do autis-
serve de base para a compreensão da comu- mo, levando em consideração não apenas o
nicação humana se levamos em considera- autismo patológico, mas também o estado
ção que a linguagem animal é egocêntrica, de autismo normal, necessário a todo desen-
ou seja, ela não se destina a outro animal, volvimento saudável. Identificando-o como
mas apenas expressa um processo interior. autismo primário normal, a autora conside-
ra que o bebê é, nos primeiros dias de vida,
A mesma situação aparece no recém-nas- a própria torrente de sensações que experi-
cido cujo ego não existe. Suas vocalizações menta (Tustin, 1972).
são a expressão de processos interiores e Em referência a Spitz, Tustin reafirma que
não se destinam a ninguém (Spitz, [1965] “[...] a inundação é a regra que regula cada
1979, p. 126). hora” (Spitz apud Tustin, [1972] 1975, p.
68) nesse primeiro estado de diferenciação.
A comunicação volitiva dirigida (alocên- Nele tudo que o bebê vivencia pode ser ex-
trica) aparecerá mais tarde, operada por si- presso em termos de matéria ou intensida-
nais e signos semânticos que culminarão no des corporais. Dito de outra forma, as partes
desenvolvimento da função simbólica. Dessa da mãe são experimentadas como zonas do
forma, a comunicação que se estabelece nos próprio corpo em estado de excitação.
primórdios da vida está calcada na organiza- Para que o bebê possa caminhar em di-
ção cenestésica, ou seja, responde a signos não reção à integração psicológica, é necessário
verbais, não dirigidos e puramente expressi- que ele adquira um sentimento interno de
vos. Eles pertencem a categorias tais como que é capaz de ‘ligar’. Esse sentimento deri-
equilíbrio, tensão, postura, temperatura, con- vará das inúmeras experiências de satisfação,
tato de pele, ritmo, intervalos, duração, som, vividas principalmente quando ele circunda
timbre, rumor, ressonância, entre outras. o mamilo com a boca ou quando se sente
No adulto tais manifestações aparecem de envolvido nos braços da mãe e “contido no
maneira camuflada. Por causa da aquisição clima criado pela atenção afetuosa desta”
da linguagem verbal e da percepção diacrí- (Tustin, [1972] 1975, p. 67).
tica, o adulto passa a privilegiar os símbolos Tustin destaca uma característica impor-
semânticos em detrimento dos signos não tante da fase autística, a saber, ela está asso-

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ciada com uma autossensualidade relativa- acrescenta às formulações de Melanie Klein


mente indiferenciada. Ou seja, se, por um sobre as posições esquizo-paranoide (1946,
lado, essa fase não está totalmente desprovi- 1952, 1957, 1958) e depressiva (1935, 1948,
da de objeto – como acreditava Freud (1914) 1958) um estado denominado posição autis-
– por outro, as relações objetais não parecem ta-contígua, caracterizando-o como o modo
estar operando desde o início, como pensam mais primitivo, pré-simbólico e sensorial de
certos teóricos das relações objetais; elas se atribuir sentido à experiência.
desenvolvem gradualmente, a partir das ex- É nessa forma mais elementar de expe-
periências com a mãe. riência humana, onde há a predominância
Nesse período inicial, a criança parece rea- da vivência sensorial, que o mais rudimentar
gir ao mundo em termos de seu próprio cor- senso de self é construído. Essa construção
po e suas disposições internas. Ainda assim, se apoiará sobre o ritmo das sensações, mais
a autora sustenta que o autismo primário não especificamente das sensações de superfície
é absoluto, ou seja, haverá provavelmente es- da pele. O ritmo e a experiência de contigui-
tados vacilantes de consciência de separação dade serão decisivos e essenciais para as re-
que preparam a criança para uma transição lações primitivas do bebê com seus objetos
do estado primário dominado por sensações nesse momento, onde a experiência senso-
para um estágio em que o relacionamento rial é o bebê (Ogden, 1989).
emocional com pessoas separadas e dife- A noção de posição autista-contígua se
rentes dela pode começar a se desenvolver. constituirá também a partir de constelações
Sendo assim, a sensualidade do bebê no específicas de ansiedade, mecanismos de de-
estado de “autismo primário normal” e sua fesas, organizações de pensamento, qualida-
relativa indiferenciação, combinadas à adap- de das relações de objeto e graus de subjeti-
tabilidade da mãe, protegem o recém-nasci- vidade.
do das experiências não-eu. “Elas provêm um A proposição de Ogden com o termo
estágio protetor intermediário entre ser den- “posição autista-contígua” parte da ideia de
tro do útero e ser fora dele” (Tustin, [1972] que, em primeiro lugar, a palavra “posição”
1975, p. 18). Nesse contexto, a maneira como a pretende opor esse tipo de organização psi-
criança atravessará esse estágio, definido por cológica àquela determinada por fases do
Tustin como “autismo primitivo normal” de- desenvolvimento. A ideia de posição traz
terminará os desenvolvimentos posteriores. consigo uma concepção dialética da cons-
Caso a criança se depare com a separa- tituição da experiência humana, diferente-
ção entre ela e seu objeto primordial antes mente da noção de fase, que setoriza as vi-
da aquisição da capacidade para assimilá-la, vências, restringindo-as a um determinado
as angústias decorrentes dessa experiência momento da vida. O estado de ser vivencia-
se localizarão no reino das vivências sen- do nesse tipo de organização psicológica se
soriais, portanto anteriores à conquista da encontra em relação tanto sincrônica quan-
linguagem verbal. A esse modo sensorial de to diacrônica com as posições esquizo-pa-
atribuir sentido à experiência Ogden deu o ranoide e depressiva.
nome de “posição autista-contígua”, discuti- Sob esse viés, Ogden acrescenta que as
da a seguir. qualidades da experiência em cada posição
– autista-contígua, esquizo- paranoide e de-
A posição autista-contígua pressiva – são interdependentes, e cada uma
Próximo da tradição kleiniana e dos autores provê o contexto para a outra. Portanto, há
da escola britânica de psicanálise, Thomas uma relação cronológica sequencial entre
Ogden procura dar forma a um nível bas- as posições e uma simultaneidade interativa
tante primitivo de experiência psíquica. Ele entre elas, na medida em que os três modos

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de experiência representam dimensões de Em outras palavras, a elaboração normal


toda a experiência humana. da posição autista-contígua depende sobre-
O autor utiliza a palavra “autista” para tudo da capacidade da mãe e do bebê de criar
designar a mais primitiva organização psi- formas de experiência sensória que “cicatri-
cológica, embora esse termo seja usualmente zem” ou “tornem suportável” a consciência
associado aos estados de autismo patológi- da separação, componente fundamental
co. Tais estados são caracterizados como um na gênese da experiência infantil (Tustin,
sistema psicológico patologicamente fecha- 1986).
do, enclausurado, que se diferencia do que Nesse modo de experiência, a contiguida-
Ogden acredita ser característico da posição de sensorial da superfície da pele, juntamen-
autista-contígua. te com a ritmicidade, são sensações básicas
Ele utiliza esse termo por acreditar que as para o desenvolvimento de todo o conjunto
formas patológicas de autismo das relações objetais infantis. Estariam rela-
cionadas com experiências nas quais a crian-
[...] envolvem uma versão hipertrofiada dos ça se vê, antes de tudo, sustentada, cuidada
tipos de defesa, do método de atribuir sentido e falada pela mãe. A experiência sensorial
à experiência, e do modo de relação objetal no modo autista-contíguo oferece à criança
característico da organização normal autista- uma primeira impressão do lugar onde se
-contígua (Ogden, 1989, p. 50). sente, pensa e vive, através de certos recursos
como forma, contorno, dureza, frieza, calor e
A palavra “contígua” é acrescentada pelo textura, que são o começo das qualidades de
autor porque ela descreveria ainda melhor quem se é. Aí começa a surgir um senso rudi-
essa organização, já que a experiência de to- mentar de “Eu-dade”, que ao longo do tempo
que entre as superfícies corporais do bebê e gera a sensação de uma superfície sensorial
da mãe é o principal meio pelo qual as cone- limitada (Ogden, 1989).
xões são formadas. “‘Contígua’ provê a antí- Ogden retoma o pensamento de Tustin
tese necessária às conotações de desconexão para descrever dois tipos de experiência com
e isolamento que a palavra ‘autista’ carrega” objetos que comportam significados impor-
(Ogden, 1989, p. 50). tantes para a definição da experiência no
Para o psicanalista americano a posição modo autista-contíguo. O primeiro estaria
autista-contígua não deve ser vista como um relacionado à criação de “formas autísticas”,
sistema no qual a criança está isolada de seu que surgem da experiência de toques deli-
mundo objetal, sem responder a ele. A rela- cados na superfície do corpo, responsáveis
ção objetal, nesse tipo de experiência, é vivi- pelas impressões sensoriais mais originá-
da em termos de rias. Elas seriam idiossincráticas a cada um
de nós e se associam a substâncias corporais
[...] superfícies sensoriais geradas pela intera- como saliva, urina e fezes.
ção do indivíduo com seus objetos e pelas trans- Experiências de formas (shapes) em um
formações sensoriais que ocorrem com ele no modo autista-contíguo contribuem para
curso dessas interações (Ogden, 1989, p. 51). um senso de coesão do self e também para
a experiência da percepção daquilo que
Sendo assim, a ideia de Ogden é que o está se tornando um objeto. Mais tarde, no
interjogo das experiências de “unicidade” desenvolvimento, palavras como ‘conforto’,
e de “estar separado” da primitiva relação ‘calmante’, ‘segurança’, ‘conectividade’, ‘sus-
mãe-bebê, torna toleráveis para o bebê os tentação’, ‘afago’ e ‘gentileza’, serão ligadas à
momentos de consciência desse “estar sepa- experiência de formas (shapes) em um modo
rado”. autista-contíguo (Ogden, 1989, p. 55).

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O segundo modelo para a delimitação Diante disso, constatamos que a ansie-


dessa experiência sensorial muito primitiva, dade relativa à posição autista-contígua está
tal como descrita por Tustin, é a experiên- associada à ruptura da coesão sensorial e da
cia com “objetos autísticos”, a qual marca um delimitação corporal. Segundo Ogden, a an-
contraste com a experiência de “formas au- siedade nesse modo experiencial envolve a
tísticas”. Um objeto autístico se caracteriza vivência de desintegração iminente das su-
como uma experiência sensorial de super- perfícies sensoriais do bebê e de seus “ritmos
fície dura, angular, criada quando um ob- de segurança” (Tustin, 1986), que resulta
jeto é fortemente pressionado contra a pele no sentimento de estar vazando, se dissol-
do bebê. Nessa forma de experiência, o in- vendo, desaparecendo, ou caindo em espa-
divíduo experimenta suas superfícies como ços não delimitados, disformes (Bick, 1968;
uma crosta dura ou armadura que lhe pro- Gaddini, 1987; Rosenfeld, 1984).
tege contra o indizível e o inominável. Um Ogden nos mostra que podem ser ob-
objeto autístico, portanto, é uma impressão servada em alguns pacientes manifestações
sensorial de contorno que gera segurança, comuns de ansiedade autista-contígua, por
delineia e protege a superfície corporal do exemplo, a sensação de não controlar os
indivíduo, que se encontra exposta e vulne- esfíncteres e outras substâncias corporais,
rável (Ogden, 1989). ou de não conseguir adormecer por medo
Desse modo, é possível afirmar que as ex- de cair em espaços, infinitos e disformes.
periências relativas às “formas autísticas” se Muitos desses pacientes, na tentativa de ali-
encontrariam no campo das impressões su- viar a ansiedade, se cercam de cobertores e
tis, ao passo que aquelas relativas aos “obje- travesseiros, mantêm as luzes acesas ou co-
tos autísticos” estariam ligadas ao reino das locam músicas familiares para tocar a noite
impressões rígidas. inteira (Ogden, 1989).
Para Ogden, as experiências vivenciadas Giuseppe Civitarese (2008) – que reto-
na superfície da pele são de suma importân- ma o pensamento de Ogden, associando-o
cia durante a infância. Elas constituem uma a outros autores – reafirma que nessa fase
área em que ocorre algo como uma conver- autística, a importância do processo de sub-
gência entre o mundo de impressões senso- jetivação recai sobre a sucessão rítmica, ou
riais pré-simbólicas da criança e o mundo seja, sobre a ritualização do comportamento
interpessoal feito por objetos que possuem materno, que deve operar de maneira circu-
existência separada e fora do seu controle lar e previsível. A função de repetição será
onipotente. Segundo ele, é nesse momento responsável pelo que, mais tarde, possibilita-
que a criança poderá construir uma forma rá o surgimento das capacidades de simbo-
de estar no mundo em frequente relação lização.
com a mãe e com os outros objetos, ou ela- Nesse sentido, a quebra na ritmicidade e
borar um modo de ser onde haja uma predo- contiguidade das experiências gerará estados
minância sensorial que acaba por isolar um de “não ser” (not-being), responsáveis por
self potencial de tudo que se encontra fora de ansiedades primitivas e fortemente caracte-
seu mundo predominantemente sensorial. rizadas pela ausência de limites corporais.
Em outras palavras, Vazar, nesse sentido, corresponde ao medo
real de estar se desfazendo, sem contornos
[...] na medida em que o sistema corporal suficientemente delimitados, não ancorados
se fecha diante de experiências mutuamente em equações simbólicas amparadas por lin-
transformadoras com seres humanos, há uma guagem verbal. Isso indicará uma falha nessa
ausência do espaço potencial entre o sujeito e primeira forma de contenção, que cria um
o outro (Ogden, 1989, p. 60). envelope ou uma “pele psíquica”.

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Ogden também aponta para os modos reverie materna, tal como exposto por Bion,
de defesa específicos da experiência autista- também indica que a capacidade da mãe para
contígua. Eles são dirigidos ao reestabeleci- sonhar o seu bebê, outra experiência funda-
mento da continuidade da delimitação de mentalmente não verbal, é essencial para a
superfície sensorial e à ritmicidade ordena- constituição psíquica dele.
da, sobre as quais a integridade inicial do self
repousa. Observam-se pacientes que tentam O espaço analítico
manter essa coesão corporal através de ativi- e a comunicação não verbal
dades musculares rítmicas, incluindo longos A partir das concepções de Ogden sobre a
períodos de exercícios físicos como andar de posição autista-contígua, abordaremos agora
bicicleta, nadar, entre outros. como o analista ouve aquilo que o paciente
Esther Bick (1968, 1986) criou o termo deseja comunicar, mas que se encontra fora
“formação de segunda pele” (second skin for- do registro simbólico e da esfera verbal. Para
mation) para designar o modo como o indi- isso, delinearemos as nuances do que usual-
víduo cria um substituto para a sensação de mente chamamos de espaço analítico, onde
deterioração da coesão da superfície da pele. todas as sensações, todos os pensamentos e
O sujeito cria soluções excessivas e disfun- todos os sentimentos são depositados, não
cionais para evitar experiências de separação apenas pelo paciente, mas também, ao me-
e perda. nos em parte, pelo próprio analista.
Meltzer (1975) utilizou o termo “iden- Segundo Civitarese (2008), autores como
tificação adesiva” para designar justamen- Winnicott (1956) e Bleger (1967) podem ser
te a aderência defensiva ao objeto com a considerados aqueles que mais contribuíram
intenção de aplacar a ansiedade de desin- para a teoria moderna a respeito do setting.
tegração, típicas nesses casos. Qualidades Enquanto para Winnicott, em muitos casos,
parciais do objeto, como odor, voz ou ele- o setting é mais importante do que a inter-
mentos visuais, podem se tornar um recur- pretação propriamente dita, sendo visto
so de estimulação sensorial ao qual o sujeito como um componente do sistema analista/
pode se apegar. Assim, o que se nota é que ambiente em casos de deficiências primárias
função interna de conter as partes do self, a do ego, Bleger afirma que sua importância
capacidade para estar só ou de consolar a si reside nas constantes dentro das quais se de-
mesmo pode não se desenvolver suficiente- senrola a terapia analítica. Ele nos apresenta
mente (Civitarese, 2008). a hipótese intrigante de que a principal fun-
O conceito de posição autista-contígua ção da interpretação reside não tanto em tor-
nos oferece, portanto, uma interessante nar consciente o que está inconsciente, mas
perspectiva da comunicação não verbal que em preservar o setting. Se Winnicott enxer-
constantemente se estabelece entre pacien- ga setting e interpretação como ferramentas
te e analista. Este deverá estar atento para distintas do processo analítico, Bleger, por
essa forma de experiência, principalmente sua vez, as vê como complementares.
com pacientes muito regredidos, os quais Ele considera que devemos incluir no en-
expressam por recursos não verbais aquilo quadramento psicanalítico
que desejam comunicar. Isso se assemelha à
vivência primitiva da díade mãe-bebê, des- [...] o papel do analista, o conjunto de fato-
crita por Winnicott como uma experiência res espaciais (ambiente) e temporais, e parte
de mutualidade, onde a mãe consegue com- da técnica (na qual incluímos o estabeleci-
preender as necessidades do seu bebê através mento e a manutenção de horários, honorá-
de uma sintonia afetiva e sensorial, que está rios, interrupções planejadas, etc.) (Bleger,
aquém da linguagem verbal. O conceito de 1967, p. 311).

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Por esse motivo, o autor afirma que a in- quizoide. Segundo Ogden, além do medo e
terpretação deve atender a manutenção des- da expectativa provocada pelo mundo dos
se espaço, incluindo questões relacionadas objetos externos – que são extremamente
ao contrato analítico, para que o paciente perigosos e tirânicos – há um estado predo-
sinta-se seguro e amparado pelas molduras minantemente sensorial que próprio a uma
que servem como contenção. O que defini- dimensão pré-simbólica, autocentrada, que
tivamente aproxima Bleger de Winnicott é esbarra nos limites da representação psí-
a tese de que o enquadramento (setting) re- quica. Como vimos anteriormente, o modo
monta à simbiose vivida entre mãe e bebê, ou autista-contíguo se constitui a partir de uma
seja, o que é depositado nele remete ao esta- experiência rudimentar, já em seu nível rela-
do de não diferenciação outrora vivenciado cional, mas ainda não propriamente objetal.
pela díade. Sendo assim, o sujeito que vive a condição
Thomas Ogden, em seu livro Projective esquizoide torna
identification and psychotherapeutic tech-
nique (1982), nos mostra como, através da [...] o presente uma mera ‘re-atuação’ (re-
identificação projetiva, conteúdos não as- -enactment) do passado, usando objetos ex-
similados pelo paciente em sua vida infan- ternos como acessórios para a re-criação do
til reaparecem na relação com o analista, e drama interno de um tempo perdido (Og-
como o analista, por sua vez, precisa ampliar den, 1989, p. 85-86).
sua capacidade de acolhimento e elaboração
para devolver esses conteúdos de forma mais De acordo com Fairbairn e Klein, o sujei-
assimilável ao paciente. to esquizoide tem como principais recursos
O trabalho do analista, nesse caso, cer- defensivos a cisão do ego (splitting) e a iden-
tamente não exclui o uso da interpretação tificação projetiva. Essas serão, por sua vez,
verbal. Porém, o foco nessas circunstâncias as armas com as quais ele se defenderá do
recairá sobre o esforço do terapeuta para mundo externo e dos objetos persecutórios à
achar uma forma de falar com e estar com o sua volta, para que seu mundo interno possa
paciente. O reconhecimento da importância ser preservado. Esse modo de defesa se con-
da identificação projetiva no setting marca o figura como um recurso extremamente pri-
início de uma posição diferenciada do ana- mitivo, o que dá a suas relações objetais um
lista em relação ao paciente e ao próprio en- caráter primário, em que o objeto não pode-
quadre psicanalítico. Ele passa a exercer jun- rá ser visto e tratado como total. Fairbairn
to ao analisando uma função de construção ressalta que certo grau de cisão do ego sem-
psíquica, experiencial e histórica, ao mesmo pre estará presente em níveis mais ou menos
tempo que os significados semânticos e os profundos em todo o ser humano e retoma o
conteúdos interpretativos perdem seu pro- pensamento de Klein quando afirma que “a
tagonismo, dando lugar a modos singulares posição básica da psique é invariavelmente
de comunicação em que sobressaem ritmos, uma posição esquizoide” (Fairbairn, [1940]
tonalidades, silêncios, etc. 1980, p. 7). Na relação com o analista será
A partir das teses de Fairbairn (1952) so- possível verificar o grau de profundidade
bre a condição esquizoide da personalidade, em que se encontra a cisão do ego através
Ogden nos mostra como a posição autista- do tipo de relação que se estabelecerá entre
contígua pode ser pensada como “a zona o par analítico.
vulnerável” ou “o lado mais obscuro” da or- Diferentemente de Klein e Fairbairn,
ganização da personalidade esquizoide. Ele Ogden considera que os fenômenos esqui-
acrescenta às formulações de Fairbairn um zoides possuem sua raiz em um momento
novo aspecto presente na personalidade es- mais primitivo do que aquele identificado

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A posição autista-contígua e a comunicação não verbal na clínica psicanalítica

pelos dois primeiros autores. Para Ogden, Nesse sentido, as concepções de Bleger
a origem da condição esquizoide reside nos e Winnicott sobre o setting se complemen-
modos autista-contíguos, onde a relação tam. Se, por um lado, faz-se necessário que o
com o objeto existe apenas em potencial. analista seja maleável, servindo de objeto/re-
Michael Balint, em 1955, já apontava para ceptáculo dos medos, traumas e angústias do
o desafio imposto por tais pacientes à psica- paciente, por outro, os padrões determina-
nálise, mostrando como os termos técnicos dos pelo enquadramento analítico também
que utilizamos para descrever o período ini- servirão para manter os ritmos de segurança,
cial da vida mental se referem a experiências vistos como uma distribuição harmoniosa e
subjetivas da esfera oral. Nesse sentido, ele regular do ambiente analítico.
afirma a necessidade de dirigirmos nosso
conhecimento a esses fenômenos muito ini- Considerações finais
ciais, localizando-os em esferas relaciona- O que se torna evidente na concepção desses
das aos sentimentos de calor, movimentos autores é que a fantasia de fusão no decorrer
e barulhos rítmicos, balbucios indefinidos, da vida é importante para a saúde mental, de
sabores e cheiros, contato próximo corporal, modo que todos concordariam em afirmar
sensações musculares e táteis, especialmente que uma verdadeira relação afetiva não pode
nas mãos, etc. (Balint, 1955). existir se não for baseada também em uma
Desde os estudos com crianças autistas fantasia de fusão.
feitos por Meltzer (1975), Tustin (1972, 1981, Para Civitarese (2008) o que protege o in-
1986), Bick (1968, 1986), Mahler (1952) e divíduo da patologia é, em última instância,
Marcelli (1983, 1986) até os estudos referen- a sua capacidade de alternar entre continui-
tes à condição esquizoide formulados por dade e descontinuidade. Assim, é possível
Fairbairn (1952), Winnicott (1960, 1974) e constatar a função continente da fusão tan-
Guntrip (1969), pode-se observar que a rela- to no desenvolvimento infantil com a mãe
ção entre paciente e analista nesses casos se quanto na relação com o analista.
configura de uma maneira bastante diferente Ao afirmar que “[...] qualquer separa-
daquelas anteriormente descritas pela psica- ção só pode existir em uma relação dialéti-
nálise clássica. ca com a fusão”, Civitarese ([2008] 2010, p.
Além disso, os modos de comunicação 48) se aproxima da concepção winnicottiana
presentes nas sessões com pacientes desse de que só será possível conquistar alguma
tipo ultrapassam a barreira da linguagem independência se houver a possibilidade de
verbal, colocando em destaque outras pos- viver estados simbióticos e de dependência
sibilidades de escuta clínica por parte do absoluta com um objeto primordial. Essa al-
analista. Dessa forma, não é só o pacien- ternância dará ao sujeito a capacidade para
te regredido ou severamente traumatizado viver a separação de forma tranquila, e não
que recorre a outros recursos de comunica- devastadora e aniquilante.
ção – geralmente de maneira inconsciente. Há em Winnicott a ideia de que o isola-
Também o analista passa a buscar em suas mento pessoal é uma faceta essencial da ex-
experiências pessoal e intersubjetiva recur- periência de estar vivo, ou seja, uma condi-
sos não convencionais para ouvir, elaborar, ção necessária para a saúde psicológica. Para
representar e, por fim, devolver algum ma- que essa experiência ocorra, é preciso que o
terial ao paciente. Nesse movimento, antes bebê tenha podido vivenciar a dialética de es-
de tudo, ele revive junto com o paciente um tar-em-um e estar separado do objeto.
momento simbiótico – ou na linguagem de Ogden, retomando o pensamento winni-
Ogden, uma experiência autista-contígua – cottiano sobre o isolamento pessoal, destaca
permitido pelo espaço analítico. outra forma de isolamento, mais primitivo,

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A posição autista-contígua e a comunicação não verbal na clínica psicanalítica

que promove experiências de desconexão. O conceito de posição autista-contígua


Esse tipo de isolamento ligado ao modo au- nos oferece, portanto, a compreensão neces-
tista-contíguo caracteriza-se como um siste- sária das diversas formas de comunicação
ma sensorial autogerado, que substitui a mãe- presentes no diálogo analítico, principal-
como-ambiente em sua função de apresentar mente daquelas em que há predominância
o mundo externo ao bebê. Tal sistema cria de aspectos não verbais. Nesse contexto, a
uma matriz sensorial autônoma, que predo- escuta do analista passa a ser guiada não só
minará nos modos de relação posteriormen- por seus ouvidos, mas também por outros
te estabelecidos na vida adulta. sentidos, que captam intensidades para além
Com base nesses pacientes, que funcio- do registro simbólico. Essa nova perspectiva
nam predominantemente nos modos autis- técnica oferece à clínica a possibilidade de
ta-contíguos, Ogden e outros psicanalistas enfrentar novos desafios e obstáculos, prin-
pensam a clínica e a relação analítica. Ao for- cipalmente aqueles que esbarram com os li-
mular a ideia de ação interpretativa, Ogden mites impostos ao analista pelos chamados
mostra como há algo da comunicação ana- ‘casos difíceis’.
lítica que subverte a lógica verbal, colocan-
do na ação o efeito interpretativo. Em suas
palavras: Abstract
This article aims to explore the concept of autis-
Entendo por ação interpretativa (ou ‘interpre- tic-contiguous position formulated by Thomas
tação-em-ação’) a comunicação que o analista Ogden. With the considerable increase of so
faz ao analisando de sua compreensão de um called non-neurotic patients, the analyst fou-
aspecto da transferência-contratransferência, nd himself compelled to expand their listening
por intermédio de uma atividade outra que skills and direct his attention to other forms
não a simbolização verbal. [...] Às vezes, a ati- of communication that do not necessarily pass
vidade do analista (como meio para a inter- through verbal language. From the approa-
pretação) adota a forma de uma ‘ação verbal’. ch offered by object relations theory, we will
[...] Às vezes, a ação interpretativa implica a discuss the genesis of human communication
voz, mas não palavras (por exemplo, a risada and the way in which its non-verbal aspects
do analista) (Ogden, [1994] 1996, p. 104). remain active in later life, offering support for
a further understanding of what one wants to
Tendo em conta o que foi dito até aqui, be communicated in the analytic relationship.
consideramos que as ações do analista se-
riam, para Ogden, veículos interpretativos Keywords
que transmitem ao paciente aspectos espe- Position, Communication, Psychoanalysis,
cíficos da relação transferencial. Nesses ter- Object relations.
mos, a interpretação é uma forma de relação
de objeto ao mesmo tempo que a relação de
objeto se configura, em certa medida, como
uma forma de interpretação. Sendo assim,
cada relação de objeto transmite um aspecto
da compreensão do sujeito sobre o conteúdo
latente da interação com o objeto, o que colo-
ca a relação analítica em uma lógica dialética
de presença e ausência, em que o analista se
apresenta ora como sujeito, ora como objeto
do e no campo transferencial intersubjetivo.

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A posição autista-contígua e a comunicação não verbal na clínica psicanalítica

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Recebido em: 25/11/2015


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