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PRIMEIRA PARTE
TEORIAS LEGITIMADORAS DO DIREITO PENAL
TEORIAS UNITÁRIAS 60
3.1 Introdução 60
3.2 A teoria dialética unificadora de Claus Roxin 62
3.2.1 Exposição e análise 62
3.3 O garantismo de Luigi Ferrajoli: o direito penal mínimo 67
3.3.1 Exposição e análise 67
3.3.2 O modelo de direito penal mínimo e garantista 70
3.3.3 Crítica 72
3.4 Função da pena na legislação penal brasileira 76
SEGUNDA PARTE
TEORIAS DESLEGITIMADORAS DO SISTEMA PENAL
TEORIAS DESLEGITIMADORAS 83
4.1 Introdução 83
4.2 Abolicionismo penal 86
4.2.1 Introdução 86
4.2.2 Bases críticas 87
4.3 O minimalismo radical ou abolicionismo mediato 98
4.3.1 Introdução 98
4.3.2 Papel de um direito penal assim residual e mínimo
provisórios 100
4.3.3 Crítica 102
TERCEIRA PARTE
CONSIDERAÇÕES FINAIS: BASES CRÍTICAS
DE UM NOVO DIREITO PENAL
BIBLIOGRAFIA 139
PRIMEIRA PARTE
TEORIAS LEGITIMADORAS
DO DIREITO PENAL
1
TEORIAS ABSOLUTAS:
RETRIBUIÇÃO MORAL
E RETRIBUIÇÃO JURÍDICA
1.1 Introdução
Idem, ibidem.
Idem, p. 84-85.
Idem, p. 85.
Idem, p. 89.
Idem, ibidem.
TEORIAS ABSOLUTAS 27
1.4 Crítica
2.1 Introdução
Em oposição às absolutas, as teorias relativas, também
conhecidas como prevencionistas, são marcadamente teorias
finalistas,2 por verem a pena não como um fim em si mesmo,
mas como um meio a serviço de um fim. São teorias utilitá-
rias. Finalidade da pena, em suas várias versões, é a prevenção
2.2.2 Crítica
FEUERBACH distingue claramente direito e moral, entenden-
do que o direito penal não pode perseguir o aperfeiçoamento
ético/moral do delinqüente, nem tampouco sua expiação como
se fosse um pecador. Finalidade da pena, para FEUERBACH, é
algo menos ambicioso: que os criminosos, reais ou poten-
ciais, abstenham-se de praticar delitos, independentemente
de mudarem seus valores. Quer-se a só abstenção da prática
de crimes, nada mais. E, no caso de cometimento, seus autores
devem ser castigados.
Mas sua teoria da pena não está isenta de críticas.
1. Conforme assinala ROXIN, permanece em aberto a questão
de se saber em face de que comportamentos possui o Estado a
faculdade de intimidar. Ou seja, a doutrina da prevenção geral
partilha com as doutrinas da retribuição esta debilidade: per-
manece por esclarecer o âmbito do criminalmente puníve1.5 E
desde que se aceite que o fim de intimidação geral justifica a in-
tervenção penal, e que não lhe delimite o âmbito de atuação, tal
doutrina parece tender para um Estado policia1,6 que se valerá
da pena sempre que lhe parecer politicamente conveniente.
Idem.
Problemas fundamentais de direito penal, p. 23.
Idem.
TEORIAS RELATIVAS 37
2.3.2 WELZEL
2.3.2.2 Critica
1. Também aqui não parece plausível supor que o direito
penal seja capaz de fortalecer sentimentos jurídicos ou infundir
na consciência dos seus destinatários valores ético-sociais,
Op. cit., p. 304. Ainda, conforme este autor, "o direito deve conformar-
se com proteger os bens jurídicos mediante um respeito neutro aos
princípios sustentados por ele, sem tratar de fomentar fenômenos de
adesão pessoal que, ademais, impliquem tal confusão de níveis. Por-
tanto, se se estima legítimo que alguma instância estatal cumpra num
Estado pluralista uma função éticosocial, tal função deverá cumprir-
se, em todo caso, num âmbito diferente da intervenção punitiva, não
condicionado" (idem).
RODRIGUES MOURULLO, G. Derecho penal, p. 22.
BAUMANN, J. Derecho penal: conceptos fundamentales y sistema, p. 10.
44 FUNÇÕES DO DIREITO PENAL
2.3.3.3 Critica
Muitas são as semelhanças entre essa teoria e as teorias
absolutas da pena, razão pela qual parte do que foi dito sobre
elas vale para estas; semelhança, aliás, reconhecida pelo próprio
JAKOBS, ao afirmar que "em Hegel, a teoria absoluta recebe uma
configuração que em pouco se diferencia da prevenção geral
aqui representada".35 Em ambos a pena é concebida lógica e
dialeticamente, significando a restauração positiva da validade
da norma. Daí dizerem alguns autores que se trata de uma teoria
neo-retributiva.36
1. Inicialmente, cumpre notar que tal teoria nada diz sobre
o porquê da estabilização da norma vez que, à semelhança
das teorias absolutas, pressupõe a necessidade mesma de
estabilizá-la. Mas, a se admitir que estabilizar a norma seja o
mais importante, poder-se-á questionar a necessidade da pena
como opção para realização desse fim, porque, sendo o direito
penal parte da tática política (FoucAuu), não se compreende
como não se possa atingir tal propósito por outros meios de
estabilização que não a pena, como o direito civil, o direito do
trabalho, direito administrativo ou intervenções sociais não
penais. Enfim, o Estado, como titular do jus puniendi, pode
se valer de outros "equivalentes funcionais", que não a pena,
podendo inclusive renunciar à intervenção jurídico-penal, por
Idem, p. 56-57.
JAKOBS, G. Op. cit., p. 22-23.
Assim, ARTHUR KAUFMANN, MUNOZ CONDE, entre 01.H.TOS.
48 FUNÇÕES DO DIREITO PENAL
52. Op. cit., p. 51. No mesmo sentido, SILVA SÁNCHEZ, J. M., e ZUGALDIA
ESPINAR, J. M., nas obras citadas.
TEORIAS RELATIVAS 53
3.1 Introdução
São unitárias (ou mistas ou ecléticas) todas as teorias que
pretendem superar as antinomias entre as diversas formulações
teóricas apresentadas, buscando combiná-las ou unificá-las
ordenadamente.' Pretendem, enfim, sem compromisso com
a pureza ou monismo de modelos, característicos das teorias
absolutas e relativas, explicar o fenômeno punitivo em toda a
sua complexidade.2
As teorias unitárias intentam, assim, conforme observa
JESCHECK, mediar entre as teorias absolutas e relativas, não,
Idem, ibidem.
Sobre o assunto, ver GAMIL FõPPEL, A função da pena na visão de Claus
Roxin. Rio de Janeiro: Forense, 2004.
TEORIAS UNITÁRIAS 63
Idem, p. 28.
Idem, p. 33-45.
TEORIAS UNITÁRIAS 65
Idem, p. 33-34.
Idem, p. 34-35.
Idem, p. 35 et seq.
66 FUNÇÕES DO DIREITO PENAL
Idem, p39. ROXIN admite, porém, que se possa aplicar uma pena inferior
à culpa, vez que constitui um garantia individual.
Ibidem, p. 40.
Idem, p. 40 et seq.
Idem, p. 76-28.
TEORIAS UNITÁRIAS 67
Idem, p. 335.
Idem, p. 332.
TEORIAS UNITÁRIAS 71
Idem, p. 104.
Idem, p. 336.
Idem, p. 93. Respectivamente: 1) Nulla poena sine crimine; 2) Nullum
crimen sine lege; 3) Nulla lex (poenalis) sine necessitate; 4) Nulla neces-
sitas sine injuria; 5) Nulla injuria sine actione; 6) Nulla actio sine culpa;
7) Nulla culpa sine judicio; 8) Nullum indicium sine accusatione; 9) Nulla
accusatio sine probatione; 10) Nulla probatio sine defensione.
72 FUNÇÕES DO DIREITO PENAL
Idem, p. 103-104.
Garantismo é, segundo definição de FERRAJOLI, um esquema epistemo-
lógico de identificação da desviação criminal destinado a assegurar,
em relação a outros modelos de direito historicamente concebidos e
realizados, o máximo grau de racionalidade e, pois, o máximo grau de
limitação da potestade punitiva e de tutela da pessoa humana contra a
arbitrariedade (idem, p. 34).
Idem, p. 342.
Contra semelhante crítica se insurgiu FERRAJOLI.
TEORIAS UNITÁRIAS 73
4.1 Introdução
Idem, p. 214.
Idem, p. 209-211.
BARATTA, A. Op. cit., p. 239-240.
Op. cit., p. 84.
102 FUNÇÕES DO DIREITO PENAL
Idem, p. 251.
Idem, p.338 et seq.
Idem, p. 339.
LARRAURI, no entanto, julga possível fixar tais limites ou garantias por
meio de uma lei não penal, civil, por exemplo. Entretanto, teme que
essa civilização do direito penal se converta numa criminalização da lei
civil. Op. cit., p.107.
Introducción ai derecho penal, p. 195-196.
Em especial, SCHEERER, S. Hacia el abolicionismo. Abolicionismo penal,
p. 24.
104 FUNÇÕES DO DIREITO PENAL
Citado por SCHEERER, S. Op. cit. Tal vale sobretudo para aqueles autores
como MATHIESEN e HULSMAN, que insistem em rechaçar a idéia de pensar
alternativas para o sistema penal.
Um desafio para o abolicionismo. Conversações abolicionistas, p. 219-
235.
Introducción. Abolicionismo penal, p. 13.
Em palavras de GARCIA-PABLOS DE MOLINA: "O Direito Penal goza de boa
saúde. É utópico vaticinar sua desaparição, inclusive a médio ou largo
prazo. Isso sim, o atual Direito Penal há de experimentar transforma-
ções substanciais. Está chamado a intervir menos nas relações sociais
TEORIAS DESLEGITIMADORAS 105
Idem, p. 43.
Idem, p. 48-49.
6
DIREITO PENAL E ESTADO
DEMOCRÁTICO
10. MIR PUIG, S. Función de la pena y teoria dei delito en el estado social y
democratico de derecho, p. 39.
120 FUNÇÕES DO DIREITO PENAL
7.1 Introdução
7.3.2 Caso 2
7.3.3 Caso 3
7.3.4 Caso 4
"Eu estava imbuído da leitura do livrinho Dos delitos e das
penas" — escreve VOLTAIRE — "quando soube que acabavam de enfor-
car, numa província, uma jovem de dezoito anos, bela e bem-feita,
que tinha talentos úteis e pertencia a uma família muito honesta.
Ela era culpada de ter deixado que lhe fizessem um filho. A
vergonha, que é no sexo uma paixão violenta, deu-lhe força su-
ficiente para voltar à casa de seu pai e para esconder seu estado.
Ela abandona o filho, que é encontrado morto no dia seguinte;
a mãe é descoberta, condenada à forca e executada" .9
Formula VOLTAIRE a seguinte questão: "será que o fato de uma
criança morrer torna absolutamente necessário matar mãe?
Responde-se, então, nos seguintes termos: "Ela não o ma-
tou; esperava que algum transeunte tivesse piedade daquela
criatura inocente; podia mesmo ter a intenção de ir reencontrar
o filho e fazer com que lhe dessem a assistência necessária. Esse
sentimento é tão natural que se deve presumi-lo no coração
de uma mãe. A lei é positiva contra a jovem da província de
que estou falando; mas essa lei não será injusta, desumana e
perniciosa? Injusta porque não distingue aquela que mata o
filho e aquela que o abandona; desumana porque fez perecer
cruelmente uma infeliz a quem não se pode reprovar senão a
fraqueza e a precipitação em esconder a sua desdita; perniciosa
porque arrebata à sociedade uma cidadã que devia dar súditos
ao Estado, numa província onde as pessoas se queixam do
despovoamento. A caridade ainda não criou neste país estabele-
cimentos onde os filhos abandonados possam ser alimentados.
Ali onde falta a caridade, a lei é sempre cruel. Seria bem melhor
prevenir esses infortúnios, que são bastante comuns, em vez de
simplesmente puni-los. A verdadeira jurisprudência consiste
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