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(1930 — 1980)
NOTÍCIA HISTÚRICA DA ORDEM
DOS ADVOGADOS DO BRASIL
(1930 - 1980)
3
Pudemos, assim, finalm ente, dar a lume o trabalho que ora
se oferece aos que se interessam pelos fatos que em olduram a ação
da OAB, T ia sua fecunda existência d e m eio centenário. Ver-se-á
que m u ita coisa se fez, que a posição de destaque que a OAB
passou a exercer na sociedade civil não se deveu a meras cir~
cu n stàn das do acaso, mas foi fruto da efetiva liderança que se
amoldou na atuação in tim orata de seus dirigentes, que sempre
tiveram a apoiá-los os advogados, como classe unida em to m o
dos mesmos ideais de respeito ao D ireito e de estrita aplicação da
Lei, m as sobretudo de elaboradores de fórmulas de aprtmoramen-
to das instituições.
Tudo foi possível, t io elenco de providências adotadas para
0 registro histórico da Ordem dos Advogados., ao trabalho exaus
tivo, m as altam ente produtivo, adem ais preciso e detalhista, do
Dr. Alberto Venando Filho, a favor de quem é preciso registrar
os agradecimentos da corporação, pela sua inestim ável colabora
ção que lhe presta na afirmação d a ‘'existência, fins e p r e s tig e
da Ordem’*, tendo, por isso e pela alta qualidade de sua obra,
prestado relevante serviço à classe, que certam ente frvirá da lei
tu ra deste livro que a D iretoria do Conselho Federal tem a honra
de apresentar.
M á r io S é r g io D u a r t e G a r c ia
Presidente
4
INTRODUÇÃO
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m ento do m aterial existente no Conselho, os meus agradecimentos
pela cooperação excepcional, pelo zelo e cuidado que deu ao traba
lho, na certeza de que, sem a sua colaboração, esse trabalho não
poderia ser realizado.
O trabalho é basicam ente um arrolam ento dos fatos ocorridos
durante os cinqüenta anos d a Ordem. O Conselho Federal possui
bem organizado o conjunto de livros de atas, que, desde a prim eira
sessão em 1933 até os nxissos dias, relata os acontecim entos da
instituição, com exceção do volum e correspondente ao ano de 1949,
que se encontra extraviado. Mas excettiada essa docum entação
básica, é extrem am ente lacunoso quanto aos demais aspectos da
instituição. Por exemplo, todo o m aterial sobre a elaboração e
discussão dos trabalhos da Comissão que elaborou o anteprojeto
de lei, convertido na Lei 4.215, não foi localizado.
Este trabalho é adem ais um relato do trabalho da Ordem
como um todo e de seu Conselho Federal. Possam os vários Conse
lhos Seccionais, inspirando-se nele, em preender obras semelhantes,
a fim de que tenham os uma visão nacional das atividades da
Ordem nesses cinqüenta anos de funcionamento.
Desse relato um a convicção se fortalece: A Ordem dos Advo
gados do Brasü, nos seus prim eiros cinqüenta anos, de Levi Fer
nandes Carneiro a Eduardo Seabra Fagundes, se m anteve digna
dos ideais que inspiraram a suxi criação, e se m anteve vigüante na
defesa de u m ordenam ento jurídico ju sto para o povo brasileiro.
27 de abril de 1982
19.0 aniversário da promulgação do Estatuto
da Ordem dos Advogados do Brasil.
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SUMÁRIO
Apresentação ........................................................................................ 5
7
LE SIÈCLE EST AUX AVOCATS
STENDHAL
Capítulo I
OS ANTECEDENTES DA ORDEM
11
I
estatutos de um a nova associação.^ Foi designada, em. data que
não se pode m ais precisar, a Comissão encarregada de preparar
os estatutos, da qual participaram os Drs. Caetano Alberto Soaxes,
Luiz Fortunato de Brito e Abreu Souza Menezes, José Maria Fre
derico de Souza Pinto, Augusto Teixeira de Freitas, Antonio Pe
reira Pinto, Josino Nascim ento Silva e José Thomaz de Aquino.
Submetido à aprovação do Governo Imperial, o Aviso de 7 de
agosto de 1843 concede a aprovação, nos seguintes termos:
12
A instalação solene do Institu to realizou-se no Colégio Pedro
n , cedido pelo Gtoverno Imperial pelo Aviso de 31 de agosto de
1843 do M inistro do Império. Estavam presentes o M inistro da
Justiça, Conselheiro Honorio H enneto Carneiro Leão, o M inistro
dos Estrangeiros, Paulino José Soares de Souza, o M inistro da
Marinha, Conselheiro Joaquim José Rodrigues Torres, o Conse
lheiro Aragão, membros do corpo diplom ático, do corpo legislativo
e da m agistratura. O Presidente Montezuma proferiu discurso
brilhante que, segundo Armando Vidal, "em oitenta e quatro anos
de existência só é excedido pelo discurso proferido pelo Conselhei
ro Rui Barbosa, ao tom ar posse, como membro efetivo a 8 de maio
de 1911”.'^
O discurso de Montezuma é um a análise com pleta da profissão
do advogado desde a antigüidade, e se inicia com solenes agrade
cim entos ao jovem Imperador que “tem se dignado favorecer a
Ordem, que vai ser organizada em proveito geral do Estado e da
Ciência da Jurisprudência. Ela, Senhores, não só saberá zelar o
subido valor que acaba de receber do Imperante, m as desvelar-se-á
por tom ar-se digna, em todas as épocas de sua existência, da m ais
plena e imperial confiança”.
Em seguida, trata, m inudentem ente, do exercício da advocacia
em vários países, para em seguida, referindo-se ao Brasil, afirmar:
13
E adiante ressalta a im portância da Ordem dos Advogados :
14
zuma pronuncia um erudito discurso, justificando a criação. Em
1851 os horizontes se m ostram promissores, com o projeto apre
sentado e aprovado no Senado, m as detido em sua marcha, na
Câmara dos Deputados. Km 1852, Caetano Alberto tom a a agitar
a questão, que se discute até 1853; ainda em 1857 discursa a pro
pósito diante do M inistro da Justiça. Em 1865, o Instituto repre
senta ao Governo; o Conselho de Estado apóia a petição, e, no
entanto, nada se consegue. Mais curioso ainda se revelará esse
fato, se se puser em destaque que o Instituto esteve sempre em
condições de influir nas decisões do governo. Para não falar nos
seus membros que passaram só pelo Senado e pela Câmara impe
riais, basta aludir aos que foram M inistros de Estado” ."
As atas das sessões do Instituto dos Advogados de 17 de março,
7,18, 25 e 28 de abril e 9 de m aio de 1853, docum entam a discussão
de projeto de lei relativo à organização da Ordem dos Advogados
do Império, do qual era relator da comissão nomeada para revê-
lo Perdigão Malheiros.®
Em 1866, no gabinete liberal do Marquês de Olinda, sendo
José Thomaz Nabuco de Araujo M inistro da Justiça, a idéia vol
tava à discussão. “Ao m esm o tem po que o m inistério público,
propunha Nabuco a criação da Ordem dos Advogados, como pro
vidência conexa, por m eio de institutos nas cidades onde existis
se Relação. Nem a m agistratura se podia reformar sem a reforma
da profissão irmã, que a inspira, e de algum modo a dirige, e
que participa do seu caráter. Sem a criação da Ordem “que se
governe a si m esm a por m eio de seus m andatários e possa pela
inspeção, pela disciplina, pela em ulação, m anter a ordem, a glória,
as tradições da profissão”, vivendo os advogados isolados, a pro
fissão não teria independência em relação à autoridade. O In sti
tuto dos Advogados Brasileiros pedia a criação da Ordem, como
£e vencera no Senado em 1851, e apresentara um projeto. Na
capital existia esse Institu to desde 1843, m as não tin h a caráter,
não era a organização da classe, nem exercia autoridade algum a
sobre ela. O Instituto, porém, nunca prosperara e era apenas uma
tradição incentivada pelo zelo e dedicação de alguns de seus fun
cionários, que se vangloriavam do títu lo de advogado." ^
Na sessão legislativa de 20 de agosto de 1880 Saldanha Ma
rinho apresentava projeto de lei, subscrito tam bém por Batista
Pereira, visando à criação da Ordem. Pedindo a palavra, declara
■Discurso de Aurelino Leal como orador oficial do Institu to dos Advo
gados cm 7 de setem bro de 1915, publicado no Jo rn al do CommçrciQ
de 8 de setembro de 1915, apud Arm ando Vldal, op. cit., p. 285.
8 Revista ãa Ordem dos Advogados Brasileiros, ano II, Tomo II, n.° 2,
abril/m aio 1853, pp. 123 e seguintes. Edição fac-sim ilar editada como
núm ero da Revista do In stitu to dos Advogados Brasileiros, n.° espe
cial, ano XI, 1977.
9 Joaquim Nabuco — Um Estadista do Império. Volume único. Rio,
Aguilar, 1975, p. 557.
15
que oferece projeto relativo à organização do Institu to da Ordem
dos Advogados e elaborado pelo mesmo Instituto, projeto que, na
qualidade de representante da nação, apresenta, com o Presidente
daquela associação. Observa que as idéias contidas no projeto são
absolutam ente aceitáveis, embora possam ser modificáveis por
parecer à Câmara. Em todo caso, cumpre que algum a providência
£eja tomada nesse sentido. Embora não tivesse esperanças de ser
o projeto adotado ou m esm o discutido, supunha que iria avolumar
ainda m ais as pastas das comissões, onde o projeto de casam ento
civil, e tantos outros que contêm im portantíssim as idéias de ele
vado alcance social até hoje não mereceram atenção, nem das
ilustres com issões, nem do governo imperial.
O projeto declarava que as profissões de advogado e solicita
dor constituíam m únus público que só poderia ser exercido por
cidadãos brasileiros, eram profissões distintas e não poderiam ser
exercidas cum ulativam ente. Tratava das incom patibilidades e dos
impedimentos, do regim e de inscrição no livro de m atrícula, e
declarava que haveria no distrito de cada relação um Instituto
com o títu lo de Institu to da Ordem dos Advogadas, com assento
n a capital onde estivesse colocada a relação. Seriam membros
do Instituto todos que nos respectivos distritos exercessem legal
e efetivam ente a advocacia.
Em cada um a das referidas capitais seria organizado um
Conselho com o títu lo Conselho Adm inistrativo D isciplinar da
Ordem dos Advogados, o qual seria composto de um presidente,
um secretário, um tesoureiro e vogais na proporção seguinte:
vinte n a Corte, nove nas capitais com m ais de trinta advogados
e cinco nas outras.
O Conselho nom earia em cada comarca, dentre os advogados
a li residentes, um delegado para coadjuvá-lo no desempenho de
suas atribuições. Dispunha, ainda, que ao Institu to com petia pro
mover por todos os m eios ao seu alcance o estudo da jurispru
dência, eleger o Conselho Adm inistrativo Disciplinar, deliberar
sobre contribuições extraordinárias e tom ar contas anualm ente
ao Conselho Adm inistrativo da gestão econômica. Competia ao
Conselho fazer a m atrícula dos advogados, remeter anualm ente
ao governo e às autoridades judiciais e policiais um a lista dos
advogados m atriculados e exercer a vigilância que a honra e os
interesses da Ordem reclamarem, representando, e pedindo aos
Conselhos com petentes providências a bem dela. Tratava, afinal,
o projeto detalhadam ente do regim e disciplinar da classe, poden
do o Conselho impor as penas de m ulta, advertência, censura,
suspensão do exercício por tempo não excedente a um ano e can
celam ento da matrícula.^®
10 V. Anais da Câmara dos Deputados — sessão de 20-08-1880, pp. 334 e
seguintes.
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o projeto não teve andamento. O Império se extinguida,
assim , sem que vingasse a criação da Ordem dos Advogados.
Com a República, fazem-se novas ten tativas: em 1&04, Franklin
Doria, Barão de Loreto, apresentava ao Instituto dos Advoga
dos um “Esboço de Projeto de Lei sobre o exercício das profissões
de advogado e solicitador perante a Justiça do D istrito Federal e
a Justiça Federal da República”.
O projeto estabelecia no art. 1 ° que o exercício das profissões
de advogado e solicitador perante a Justiça do D istrito Federal e
a Justiça Federal da República seria r e ^ la d o ^ la s disposições
da presente lei, considerava as duas profissões distintas m as po
dendo ser exercidas cum ulativam ente; dispunha sobre as condi
ções para a inscrição no quadro de advogados, as incom patibili
dades para as profissões de advogado e solicitador, deveres de um
e outro e a respeito da criação da Ordem, que seria constituída
por todos os advogados inscritos no quadro, gozando de persona
lidade jurídica, como Assembléia Geral da Ordem, o Ooniselho
composto de nove membros, inclusive o Presidente, o primeiro
Secretário, Tesoureiro, e, ainda sobre condições do processo de
Inscrição nos quadros.^^
Coube ao Deputado Celso Bayma, em 14 de setembro de 1911,
apresentar à Câmara dos Deputados projeto de lei, criando a
Ordem dos Advogados Brasileiros, constituída por todos os advo
gados inscritos no quadro, e com a finalidade de discutir e resolver
todas as questões concernentes à doutrina e prática do direito, e
especialm ente ao exercício da advocacia. Incum bia-lhe estudar
todos os assuntos que dissessem respeito ao seu objeto e responder
às consultas do Governo e das autoridades constituídas.
A adm inistração da Ordem ficava a cargo de um presidente,
de um vice-presidente, e de um secretário-geral, de um 1.® secre
tário, de um 2.° secretário e de um tesoureiro, um orador e um a
comissão g^ral com posta de cinco membros. Comporiam o Con
selho Administrativo da Ordem o presidente, o secretário-geral,
0 tesoureiro e os cinco membros dà Comissão Geral, cabendo a
este Conselho gerir o patrim ônio da Ordem e resolver sobre todos
os assuntos que entendam com a adm inistração e econom ia da
corporação.
Haveria uma Assembléia Geral, composta de todos os mem
bros da Ordem, a quem com petia eleger anualm ente o presidente
e dem ais membros da adm inistração e do Conselho, organizar o
regim ento interno e autorizar a aquisição e alienação de bens.
Para a adm issão ao quadro da Ordem dos Advogados era
necessário ser cidadão brasileiro, estar isento de culpa e pena, ter
A síntese do projeto está em Armando Vidal — A Ordem dos Advo
gados do Brasil. Rio de Janeiro, Revista dos Tribunais, p. 249. O livro
de Armando Vidal é excelente repositório de informações sobre os
antecedentes da Ordem.
17
o curso de direito em qualquer das faculdades da República ou
ser graduado por universidade estrangeira, oficialm ente reconhe
cida, e ter exercido a advocacia consecutivam ente por espaço não
inferior a dois anos.
O projeto previa, ainda, a concessão de títu lo de membro,?
honorários a advogados ou magistrados de notória reputação cien
tífica, e a adm issão de membros correspondentes.
Novo esforço sem êxito, a justificar o com entário de Aure-
iino Leal, falando como orador oficial do Instituto dos Advogados
Brasileiros em 7 de setembro de 1915: “Entretanto, Senhores, não
deixa de ser profundam ente curioso que após setenta e dois anos
de erdstência, não sejamos aquilo que já h á m uito deveríamos ter
5ido.
Ora, isto quer dizer que estam os, infelizm ente, n as mesmas
condições em que nos achávamos naquele ano já distante (1843).
A Ordem ainda não existe, isto é, o Institu to ainda não realizou
o seu fim principal. Eu poderia dizer que o fato depõe das nossas
energias e revela que não tem os sido constantes até o ponto preciso
para a conquista do ideal almejado. Seria porém precipitado
julgam ento”.
E lembrava o número de membros do Instituto que passaram
pelo Senado e pela Câmara Imperial e pelos M inistérios do Impé
rio, para concluir: “No Império, como n a República, confrades
nossos saíram daqui do Parlam ento investidos da dignidade de
Ministros de Estado, revelaram dedicação pelo Instituto, cobriram
de favores, m as não deram solução à velha questão da Ordem dos
Advogados".
A partir de 1914, novas tentativas se realizaram no sentido da
criação da Ordem. Pode-se especular que a origem desse movimen
to esteja ligada aos efeitos da Lei Orgânica do Ensino Superior
de Rivadávia Corrêa que, retomando a idéia do en ino livre de
Leoncio de Carvalho, possibilitara a criação de faculdades por
toda parte e a diplomação de grande número de indivíduos, sem
0 necessário preparo profissional.
Alfredo Pinto, em pronunciam ento no dia 16 de abril de 1914,
no Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros, m anifestava-se
favoravelm ente à Ordem; para ele “n o dia em que conseguirmos
conquistar legalm ente as nossas prerrogativas, e organizar o qua
dro de advogados e seus naturais auxiliares — os solicitadores —
teremos prestado maior serviço à m agistratura do que a nós
mesmos”.^*
Apud Armando Vidal —. op. cit., p. 233.
13 Aurellno Leal, apud, Idem, Ibidem., p. 385.
14 Alfredo Pinto — A Ordem dos Advogados. Rio de Janeiro, Jornal do
Commercio, 1914, Apud Armando Vidal — Idem, ibidem.
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No Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros é apresen
tado em 6 de m aio de 1914 projeto, tendo como relator Aurelino
Leal, e como colaboradores João Marques, J. Canuto de Figueiredo
e Esmeraldino Bandeira. A Comissão de Justiça e Legislação da
quele órgão apresenta em seguida novo projeto, sendo relator
Alfredo Pinto, e membros da Comissão: João Marques, Canuto
Figueiredo, Esmeraldino Bandeira e Teodoro de Magalhães. Esta
Comissão tom a a liberdade de propor ao Instituto “que tais pro
jetos e emendas sejam reunidos em síntese em um novo projeto,
composto de poucos artigos; de modo que, aceitas pelo Congresso
Nacional as idéias capitais sobre a criação da Ordem dos Advo
gados, fique esta então habilitada a propor ao Governo o seu
Estatuto, no qual serão condensadas todas as disposições de cará
ter puram ente regulam entar como eram efetivam ente m uitas das
em endas oferecidas pelos doutos colegas.
Se o Instituto abandonando esse alvitre quiser elaborar um
projeto com pleto e que deva abranger a estrutura geral do In sti
tuto a criar — é claro que obterá um resultado negativo pela
possibilidade de uma Intérmina discussão em tom o dos pontos
secundários.” "
Armando Vidal preparou, para esse projeto, um substitutivo,
reunindo depois os docum entos sobre a m atéria em volum e in ti
tulado A Ordem dos Advogados do Brasil.
Os projetos enfrentavam inicialm ente os aspectos constitucio
nais do problema, que constituíram um dos óbices enfrentados
por todos os projetos, qual seja, se seria possível a criação da
Ordem, em face do princípio de liberdade de profissão estabele
cido na Oonstituição Federal, e o fundam ento teórico de origem
positivista que constituía liua base.
Armando Vidal exam ina no seu trabalho com toda atenção
os aspectos da advocacia, para estabelecer seu caráter de profissão
liberal, sendo lícito ao Congresso Nacional fixar os requisitos
necessários ao exercício da profissão; pois se alegava que, em face
da com petência dos Estados para a organização judiciária, a lei
federal só poderia cuidar da criação do órgão que tratasse do
exercício da profissão perante a Justiça Federal na capital da
República e do D istrito Federal. O projeto Armando Vidal dá
solução adequada a esta questão, prevendo a criação da Ordem
dos Advogados do Rio de Janeiro ta l qual seria constituída por
todos os advogados inscritos nos respectivos quadros, e as Ordens
dos Advogados dos diferentes Estados que seriam organizadas nos
termos da respectiva legislação.
A personalidade jurídica da Ordem é outro ponto sobre o qual
insiste Armando Vidal, mostrando que há total necessidade de
que a Ordem goze dessa personalidade, pois que “não visa à reali-
lij Armando Vidal — Idem, Ibidem, p. 228.
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zação de objeto de ordem privada. Exerce atribuições que a lei
desloca da órbita do Poder Judiciário para a sua. Não se pode ver
na Ordem um a pessoa privada, nem basta considerá-la como um
órgão de utilidade publica”.
Conclui afirmando que “pareceu-nos necessário e ú til acen
tuar a personalidade jurídica da Ordem. Ê preciso ter-se em vista
sempre o caráter público desta pessoa jurídica, para que se não
a considerem um tribunal de fam ília, e se lh e reconheçam as
funções judiciárias de que necessariam ente terá de ser inves-
t i d a ” .i«
Em face de todos esses projetos, indagava Aurelino Leal:
“Estaremos à véspera de sucesso ou de m ais um a decepção?”
E em 1928 respondia Armando Vidal: “A decepção que
receava Aurelino Leal se confirmou. Os esforços de Alfredo Pinto,
M inistro da Justiça, não conseguiram vencer a resistência passiva
do Senado, ao qual levara o Senador Mendes de Almeida, em
1916, o projeto aprovado pelo Instituto, em 1915, e do qual fora
relator Alfredo P in t o " ,p o is nenhum dos projetos teve anda
mento.
E, assim , tam bém a República Velha se extínguiria sem que
vingasse a criação da Ordem dos Advogados.
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Art. 5.° — A presente lei vigorará, independente
m ente de regulam ento, o qual, no entanto, deverá ser
expedido por Decreto Governamental, dentro de três
m eses a contar da publicação desta lei, estabelecendo
as penas disciplinares e outras providências que se tor
narem necessárias à boa adm inistração da Justiça, de
vendo aquele regulam ento ser elaborado pelo Instituto
da Ordem dos Advogados Brasileiros e submetido à
apreciação do Governo Federal, que o modificará ou
aprovará como entender conveniente aos interesses da
coletividade.
Sala das Sessões, 13 de novembro de 1930. Edmundo
de Miranda Jordão, Gualter Ferreira, EJdgard Ribas
Carneiro, lücardo Rego.’’
22
contando com o apoio de Oswaldo Aranha, M inistro da Justiça,
a idéia da iniciativa. André de Faria Pereira, pelo m enos duas
vezes, veio a público, restabelecendo a verdade dos fatos, em
documentos que merecem ser transcritos na íntegra. A primeira
vez, por ocasião da sessão comemorativa do 2 0 ° aniversário de
criação da Ordem, em carta dirigida ao presidente da instituição,
Haroldo Valladão:
Exmo. Sr.
Professor Haroldo Valladão
M. D. Presidente do
Conselho Federal da
Ordem dos Advogados do Brasil
Nesta
Saudações atenciosas.
23
como antigo sócio do Instituto dos Advogados, a velha
aspiração dos advogados e as baldadas tentativas para
sua realização, bem como, impressionado com o despres
tígio a Que descera a classe, preparei o projeto e incluí
n ele o dispositivo do art. 17, criando a C ^ em dos Advo
gados, e o subm eti à crítica de um único colega, hoje
respeitado M inistro do Supremo Tribunal Federal —
Edgard Costa, que sugeriu algum as medidas, que foram
adotadas, entre elas, a de supressão do julgam ento se
creto, na Corte de Apelação, antes intix^duzáda na
legislação.
Levei o projeto a Oswaldo Aranha, que lhe fez uma
única restrição, exatam ente no artigo 17, que criava a
Ordem dos Advogados, dizendo não dever a Revolução
conceder privilégios, ao que ponderei que a instituição
da Ordem traria, ao contrário, restrição aos direitos dos
advogados e que, se privilégio houvesse, seria o da dig
nidade e da cultura.
Discutíam os, o M inistro e eu, esse ponto, do projeto,
quando chegou Solano Carneiro da Cunha, como eu,
depositário da amizade e confiança de Oswaldo Aranha,
que, felicitando-m e pela oportunidade da idéia, reforçou
m eus argum entos, aceitando o Ministro, integralm ente,
o projeto, levando-o, na m esm a tarde, ao Chefe do Go
verno Provisório, que o assinou, im ediatam ente, sem
modificação de um a vírgula. Trazendo m eu testem unho
a respeito daquele dispositivo, que criou a Ordem dos
Advogados do Brasil, não viso reivindicar glórias para
m eu nome, desde que a m inha intervenção resultou de
mero acidente na m inha vida profissional, isto é, encon
trar-se n a pasta da Justiça — ao voltar eu ao cargo de
que fora esbulhado e cuja reintegração estava pleiteando
em Juízo — Oswaldo Aranha, a quem m e ligavam laços
de fam ília e velha amizade, e a cujo espírito público e
inteligência se deve a assinatura daquele decreto com o
dispositivo criando a Ordem dos Advogados do Brasil.
Os serviços que a Ordem tem prestado — saneando,
disciplinando e defendendo a classe dos advogados e
punindo seus membros faltosos •— são notáveis e já
proclamados pela consciência coletiva, e o seu crescente
prestígio constitui m otivo de orgulho para todos que
trabalharam para sua criação e colaboram na realiza
ção de seus patrióticos objetivos.
Queira V. Excia. receber a segurança do alto apreço
e distinta consideração do colega, que se orgulha de
pertencer à classe dos advogados brasileiros, depois de
haver ocupado elevados cargos da M agistratura e do
M inistério Público.” ^
Senhores Conselheiros:
25
advogados, de saudosa memória, Alfredo Pinto e Aure-
lino Leal, e do Senador Fernando Mendes de Almeida,
que apresentou na Câmara Alta um projeto a respeito,
logo impugnado sob o fundam ento de ser contrário à
Constituição, por isso que, segundo se alegava, conferia
privilégio à classe dos advogados.
Coube, então, ao saudoso Moitinho Dória, campeão
m agnífico da idéia em marcha, defendendo o projeto,
perante a Comissão de Legislação e Justiça do Senado,
a que foi admitido, demonstrar a sua perfeita constitu-
cionalidade. Arquivado o projeto xiâs pastas das Q)mis-
sões legislativas, não se cuidou m ais do assunto até que,
poucos dias após a vitória da revolução de 1930, foi
criada a Ordem dos Advogados pelo art. 17 do Decreto
19.408, de 18.11.1930. Aí a m inha intervenção decisiva,
ainda hoje ignorada pela maioria da nossa classe.
Ainda agora, repetindo o equívoco, a douta Comis
são nomeada por este colendo Conselho para consolidar
a legislação reguladora da Ordem dos Advogados do
Brasil, constituída pelos em inentes Conselheiros Nehe-
mias Gueiros, Themistocles Marconde'? Ferreira e Alber
to Barreto de Melo, apresentando seu bem elaborado
anteprojeto, que está recebendo gerais aplausos, de:1a-
rou, na sua exposição de motivos, que — o projeto de
lei primitivo para criação da Ordem dos Advogados do
Brasil foi oriundo do Instituto dos Advogadas Brasilei
ros, de que foi relator Edmundo de Miranda Jordão —
e registrou, em primeiro lugar, entre os maiores criado
res da gratidão da classe, por esse memorável feito, o
nome de Levi Carneiro, seu primeiro Presidente.
A douta Comissão traduziu, certam ente, nessa de
claração, um a impressão generalizada nos meios jurídi
cos desde a criação da Ordem, m as o próprio Levi
Carneiro a contestou, quando, ao proferir o discurso
comemorativo do 20.° aniversário da Ordem dos Advo
gados, em 18 de novembro de 1950, referindo-se ao
citado Decreto n.° 19.408, explicou que Edmundo de
Miranda Jordão, com apoio em outros colegas, lhe apre
sentara, em Í3 de novembro de 1930, um anteprojeto,
com cinco artigos, sugerindo a criação da Ordem dos
Advogados do Brasil e declarou que — antes mesmo de
chegar às mãos do Ministro da Justiça, Oswaldo Aranha,
o ofício com que lh e apresentava a indicação aprovada
pelo Instituto, fora expedido o decreto reorganizando a
Corte de Apelação, um dos primeiros emanados da re
volução triunfante, em cujo art. 17 fora criada a Ordem
dos Advogados do Brasil.
Afastou, assim, Levi Carneiro, a autoria do Institu
to dos Advogados, surpreendido, como foi, com a criação
da Ordem, antes mesmo de chegar seu ofício às mãos
do Ministro do Governo Provisório.
D iante da injustificável om issão de referência ao
verdadeiro criador da Ordem e da estranheza causada
nos meios forenses pela afirmação do orador oficial, —
Levi Carneiro — duplam ente credenciado, por ter sido
àquela época, Presidente do Instituto e, depois, eleito
1.® Presidente da Ordem — de que o providencial pre
ceito do art. 17 fora ato espontâneo do governo revo
lucionário, e, ainda, à vista das vagas referências dos
outros oradores da solenidade, Jair Tovar e Décio Mi
randa, atribuindo-me uma intervenção passiva de sim
ples apoio à iniciativa do Ministro, resolvi quebrar o
silêncio, em que me mantivera durante vinte anos, e
m andei ao então Presidente da Ordem, Professor Ha-
roldo Valladão, uma carta restabelecendo a verdade, a
qual, em sessão deste egrégio Conselho, de 5.12.1950,
foi mandada transcrever em ata, ficando, assim, oficia
lizada a verdadeira história da criação da Ordem dos
Advogados.
Anteriormente, na sessão do Conselho local de 28
de Junho de 1939, o seu em inente Presidente, Justo
Mendes de Morais, mandara transcrever em ata o seu
dissurso em que declarou — graças à ação benfazeja
do Desembargador André de Faria Pereira, que pleiteou
triunfantem ente a nossa criação pelo art. 17 do Decreto
n.® 19.408, de 18.11.1930 — afirmação essa repetida
pelo em inente Desembargador Vicente Piragibe, então
Presidente do Tribunal de Apelação, que falou em nome
da Magistratura.
Ninguém, melhor que eu, Sr. Presidente, sentira a
necessidade de moralização da classe dos advogados,
notadam ente quando exerci, pela primeira vez, o cargo
de Prccurador-Geral do Distrito Federal, na luta tre
menda que travei contra os maus elem entos da Justiça,
da Polícia e da classe dos advogados. Aquele tempo, não
havia egresso das penitenciárias ou com erciante falido
que não se julgasse com o direito de sobraçar um a pasta
e afrontar o pretório no exercício da m ais degradante
rabulice. A consciência coletiva repelia os intrusos, mas
seus m alefícios desmoralizavam o ambiente a tal ponto
que a função de advogado era suspeitada como de trafi
cantes irresponsáveis. Os advogahos dignos sofriam a
concorrência dos aventureiros ousados e não havia
meios de evitar a intoxicação causada no meio social
27
pelos elem entos claudicantes, que prosperavam à som
bra de generalizada irresponsabilidade. Sentindo a ver
gonha de um a tão degradante situação, com as respon
sabilidades do cargo de Chefe do Ministério Público, e,
conhecendo os anseios da classe em criar sua Ordem,
como as frustradas tentativas objetivando-a, tive a
fortuna de ser reintegrado no m eu cargo, pela Junta
Revolucionária, assumindo, logo após, o cargo de Minis
tro da Justiça, o ilustre Oswaldo Aranha, a quem me
prendiam laços de velha amizade e confiança irrestrita.
Aproveitando essa situação, que o destino m e reservou,
e a circunstância de acolher o Ministro m inha sugestão
de reformar os serviços da Corte de Apelação, então
desorganizados, resolvi incluir no decreto, sem insinua
ção de ninguém , o preceito do art. 17, único que sofreu
im pugnação do Ministro, sob o fundam ento de que a
revolução não concedia privilégios, m as o idealismo e
espírito público de Oswaldo Aranha cederam à m inha
argum entação, reforçada pela oportuna e eficiente in
tervenção do autorizado Solano Carneiro da Cunha, que
deu a nota final ao assunto. Tive, assim, a fortuna de
transformar em realidade o sonho quase secular da
classe, praticando o ato de que m ais m e orgulho na
m inha longa vida profissional
A criação da Ordem dos Advogados, naquele mo
m ento histórico, constituiu um verdadeiro milagre, em
que hoje eu mesmo custo a acreditar. Em verdade, ao
m esmo tem po em que a derrocada das Instituições ras
gava, pela revolução vitoriosa, a Constituição e as leis
e concentrava nas m ãos do ditador os três poderes cons
titucionais da República, ferindo o próprio Poder Judi
ciário, no momento em que a insânia do poder pessoal
se instalava no País, com todas as agravantes do arbL-
trio e da violência, foram subtraídas à centralização
dom inante e entregues a órgãos da própria classe a
disciplina e seleção de seus membros.
Foram, assim, a autonom ia e federalização da classe
dos advogados um galardão precioso para consolidação
da sua independência e dignidade profissional.
De como se houve a Ordem dos Advogados, nestes
vinte e cinco anos vividos, especialm ente no regime
ditatorial, reagindo contra violências, defendendo pro
fissionais perseguidos, exi»ndo-se a riscos de toda a
natureza em defesa do direito e da liberdade, dão teste
m unho 0 prestígio conquistado no m eio social e acata
m ento pelos poderes constituídos, especialmente o Poder
28
Judiciário, remanso e tranqüilo dos anseios populares
€ asilo inviolável da liberdade e da lei.
O trabalho realizado pela Ordem dos Advogados, no
aperfeiçoamento da disciplina da classe e elevação do
seu nível moral e cultural já perm ite que o profissional
invoque com orgulho um título de alta honra, dizendo
— sou advogado!
Não devem este colendo Conselho e os Conselhos
locais permanecer estáticos, embriagados pela glória
dos louros colhidos, m as precisam, m ais que nunca,
prosseguir na cam panha pela elevação do nível moral
e cultural, pela disciplina e independência da classe dos
advogados. A indisciplina e sentim ento de irresponsabi
lidade reinantes em todos os setores da vida nacional,
a onda crescente de corrupção, causando impressionan
te desagregação dos valores morais; o desprezo a dogmas
de tradicionais virtudes cívicas dos estadistas, que cons
truíram a nacionalidade e nos transm itiram o prodi
gioso legado da nossa unidade territorial e política; as
ameaças de um a mentalidade demagógica, perturbadora
do equilíbrio social e político, estão a reclamar dos
cultores do direito a formação de uma verdadeira cru
zada cívica em defesa dos bons costumes e dos postula
dos da ordem pública e s ã moral.
A Ordem dos Advogados, entidade estatal reconhe
cida pela Constituição como parte com ponente do órgão
encarregado de selecionar candidatos ao ingresso na
M agistiutura e fornecer membros de seus quadros para
formação dos tribunais, se constitui parte integrante do
Poder Judiciário e é colocada, assim, à m esm a altura
do nível m oral e intelectual que caracteriza os Magis
trados.
A colaboração dos advogados, sempre solicitada
para o trabalho de elaboração das leis, não se pode fazer
esperada, neste m omento, em que a consciência coletiva
reclam a urgente reforma dos institutos de habeas
corpus, recurso extraordinário e mandado de seguran
ça, que, sendo criados para garantia dos direitos, se
transformou, pelo abuso, em fonte perm anente de ne
gação de justiça.
Restaurando a verdade histórica da criação da
Ordem dos Advogados, devemos render hom enagem
especial aos advogados que lutaram pela realização
desse nobre ideal da classe, entre os quais devem ser
lembrados, além dos pioneiros da idéia, desde épocas
remotas, o seu nrimeiro bastonário Levi Carneiro, que
dirigiu os trabalhos de regulam entação do texto criador
29
da Ordem, Armando Vidal, autor do projeto do regula
m ento e seu relator, Edmundo Miranda Jordão, que
formulara gugestão para sua criação, e os que m ais se
destacaram n a elaboração do regulam ento — Justo de
Morais, M oitinho Dória, Arnoldo Medeiros, Augusto
Pinto lim a e Edgard Ribas Carneiro.
Perdoem os nobres colegas se fui forçado a focali
zar m eus próprios atos, mas, para assim proceder, colo
quei acim a de natural constrangim ento, o interesse da
verdade histórica da nossa Instituição de classe.
A forma m ais eloqüente para comemorarmos con-
dignam ente um quarto de século de existência da Ordem
dos Advogados do Brasil é firmarmos, Sr. Presidente,
todos os profissionais da classe, sob os auspícios de V.
Excia., .seu digno e autorizado bastonário, um pacto de
honra para defesa das prerrogativas e prestígio do
Poder Judiciário, poder sem armas, que tem resistido,
com o só escudo da sua força moral, a todos os venda-
vais, que têm sacudido as nossas instituições democrá
ticas, e cuja autoridade cresce na confiança pública em
proporção da dignidade e cultura de seus sacerdotes;
para o aperfeiçoamento das normas de disciplina e se
leção da nossa classe; para segurança da proteção da
honra, liberdade e propriedade dos cidadãos, entregues
ao nosso patrocínio; para garantia da legalidade e dos
dogmas do regime democrático, contra as ditaduras,
contra o arbítrio e a tirania; para defesa do inestim ável
patrimônio, que nos legaram nossos ancestrais — a
unidade do Brasil — ameaçada no m om ento sombrio,
que estam os vivendo, pelos desvarios das ambições polí
ticas e incompreensão dos homens; pelo culto aos dog
m as eternos da verdade, da moral e da Justiça.” *
30
se ocupara com a criação da Ordem e sua regulam entação desde
1915 e assim em poucos dias pôde apresentar projeto, contendo
cinqüenta e dois artigos, que se tom ou praticamente o regula
m ento então aprovado.^
Apresentado o projeto, a comissão especial reuniu-se quase
diariamente, sugerindo alterações e acréscimos que não afetaram
a orientação e a estrutura do projeto. O relator, encarregado de
redigir o relatório da comissão e o projeto, apresentou-o ao Insti
tuto a 4.12.1931.
No relatório, a comissão comenta que, sendo a Ordem o órgão
de seleção e disciplina dos advogados e solicitadores do pais, “a
seleção consiste na indicação dos requisitos essenciais para postu
lar em juízo, isto é, exercer o mandato judicial, matéria essencial
m ente de direito civil. O Código Civil, no art. 1.325, declara
permitida a procuradoria judicial a “todos os legalm ente habili
tados” que não proibidos de exercê-la e. nos números I a IV, indica
os que na época considerou proibidos”. O projeto define os requi
sites para a habilitação legal e os casos de proibição e de impedi
mentos; proibidos são aqueles que de modo absoluto, por circuns
tâncias intrínsecas e outras funções que exerçam, não podem
advogar: juizes, serventuários de justiça, corretores, leiloeiros e
outros auxiliares do comércio, etc.; impedidos os que, pela super-
veniência de certos fatos com relação a certas causas ou pessoas,
não podem praticar a procuradoria judicial. O projeto não incluiu
os funcionários públicos civis de modo geral entre os proibidos,
deixando a m atéria para a interdição que seja estatuída pelas leis
de organização administrativa.
Os adv<^ados com requisitos legais e não proibidos serão
todos membros da Ordem, sem qualquer privilégio ou restrição.
Na organização da Ordem foi adotado o critério federativo; o
projeto estaW ece a lei constitucional da Ordem, firmando-lhe os
princípios basilares. Em cada unidade da Federação e no Territó
rio do Acre, haverá um a seção com absoluta autonom ia quanto à
:ua organização e administração.
Os órgãos da Ordem consistiam n a Assembléia Geral com
funções eletivas e n o Conselho da Ordem dirigido pelo Presidente,
o Conselho sendo órgão de administração, competindo-lhe a orga
nização do quadro (seleção) e a aplicação das penas (disciplina).
Foi assegurada ampla defesa aos interessados nas questões de
seleção e de disciplina.
O projeto incluiu a realiziação de uma reunião anual dos
Conselhos ou delegados para troca de sugestões e conhecim ento
recíproco das ocorrências anuais. “A Ordem não terá atribuições
de natureza doutrinária; seus fins são a seleção e disciplina dos
® Armando Vídal — A Ordem dos Advogados — Vinte anos de Existência
— Jornal do Commercio — 14-11-50.
31
-que advogam.” E prossegue o relatório da comissão: “O projeto é
um trabalho ponderado, exam inado atentam ente em várias reu
niões da comissão. Esta evitou qualquer excesso n a seleção. Não
incluiu qualquer prerrogativa para a nossa classe. Atendeu ao
âmbito da ação da justiça. Teve em vista a liberdade e a organi
zação da Ordem nos Estados. Usou de moderação e ampOas ga
rantias na aplicação de penas”.
Apresentado o projeto a 4 de dezembro, foi convocada uma
sessão extraordinária no Instituto para 9 de dezembro, iniciando-
se a discussão do projeto e encerrando-a no mesmo dia. Na
discussão tomaram parte Pinto Lima, Levi Carneiro, Letacio
Jansen, Oscar Saraiva e Amoldo Medeiros e os membros da Co
missão, Ribas Carneiro, Gabriel Bernardes e Miranda Jordão.
Todos esses advogados, salvo Pinto Lima, apresentaram emendas,
assim como os membros da Comissão, e também Costa Lima.
Entre as emendas apresentadas cumpre destacar a de Levi
Carneiro que, quanto ao Conselho da Ordem, o qual se compunha
de dez vogais, m andava incluir como um dos vogais o Presidente
do Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros, ou do Instituto
que venha a ser filiado ao existente no Estado; outros cinco
seriam eleitos dentre seus membros pelo Conselho do Instituto
da Ordem dos Advogados Brasileiros no Distrito Federal, e nos
Estados em que o haja pelo mesmo Conselho do Instituto daquele
filiado. Se algum desses vogais fosse eleito pela Assembléia para
cargo do Conselho, outro vogal seria indicado pelo respectivo
Instituto.
Amoldo Medeiros proporia a criação de um Conselho Supre
mo da Ordem dos Advogados Brasileiros, constituído pelos que
exerçam ou tenham exercido a presidência ou vice-presidência do
Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros, e pelos presidentes
atuais e futuros dos Institutos estaduais a estes filiados, compe
tindo representar aos poderes públicos sobre assunto de interesse
geral da Ordem, no intervalo das reuniões anuais do Conselho, e
das sessões, e deliberar, em grau de recurso do Conselho de qual
quer seção, sobre adm issão ou exclusão de membros do quadro
da Ordem, ou sobre aplicação aos mesmos da pena de suspensão,
se houver diversidade de deliberação a tal respeito pelos Conselhos
Seccionais. Propunha ademais a criação junto ao Conselho Seccio
nal da capital da República de um a Secretaria permanente da
Ordem na capital federal, para os serviços gerais de informação e
organização do registro nacional dos advogados e solicitadores.
Na sessão de 18 de dezembro o relator Armando Vidal apre
sentou ao In stitu to o parecer redigido sobre as em endas iniciais,
e m ais as que foram posteriormente encam inhadas à mesa por
Sérgio Teixeira de MacWo e Gualter Ferreira.
T Boletim do Instituto dos Advogados Brasileiros — 1931, p. 278.
32
o parecer grupou as em endas em três séries, as emendas
aceitas, as emendas prejudicadas e as emendas rejeitadas, apre
sentando ainda a comissão uma quarta série, a de emendas da
própria comissão. Depois de publicado o parecer sobre as emendas,
o Clube dos Advogados apresentou cinqüenta e seis emendas, que
por liberalidade foram encaminhadas à Comissão Especial. O
relator exam inou todas as emendas e sugeriu à Comissão sete
emendas, algum as inspiradas por sugestão do Clube dos Advoga
dos. Essas emendas foram também assinadas por Francisco Sales
Malheiros e Aurélio Silva, sócios do Clube, o que pretendia signi
ficar o apoio do Clube ao parecer sobre as emendas.
Na discussão, em segunda sessão extraordinária, o relator
requereu que se votasse primeiro o projeto, ressalvadas as emen
das, e depois englobadamente as emendas da comissão e as com
parecer favorável, por fim as com parecer contrário e a conside
radas prejudicadas.
Falaram encam inhando a votação Letacio Jansen, Cândido
Mendes de Almeida, Gabriel Bernardes e sobre as emendas com
parecer contrário Moitinho Dória, que se deteve sobre a questão
do estágio, sobre a qual a comissão não se manife^stara. Pelo
estágio se inclinaram Cândido Mendes, Sergio Macedo, Miranda
Jordão e Letacio Jansen e, em sentido contrário, c s Drs. Gualter
Ferreira e Armando Vidal. O Presidente Levi Carneiro, passando
a presidência ao Dr. Moitinho Dória, manifestou-se contra o
estágio, falando no mesmo sentido o Dr. Murgel de Rezende, e a
favor Haroldo Valladão. A votação de vinte contra dezenove rejei
tava a adoção da classe de estagiários.
Nessa ocasião, apresentou declaração de voto o Dr. Eurico de
Sá Pereira, * manifestando-se contra o projeto que institui uma
corporação de ofício discipUnadora e selecionadora e declarando
que “por uma questão de princípio; por ser uma instituição de
natureza anti-republicana, de caráter exclusivista, tanto m ais re
voltante quando atinge um a profissão denominada liberal”. Ci
tando um longo trecho de A. de Souza Pinto, jurista e sociòlc^o,
que fora membro da Casa, para m anifestar a sua divergência, e
verificando a total incompatibilidade entre as corporações de
ofício e o novo órgão a ser criado, ele apresenta som ente duaa
emendas, a que proíbe ao não advogado advogar no foro criminal,
mesmo em causa própria, e a que estende essa proibição para todo
o foro aos delegados de polícia que sempre advogaram. Termina
dizendo que não se devia imitar a União de Estivadores, na sua
atitude odiosa de impor a seu associado o preço de salário a todo
ele que necessite do serviço de estiva entre nós. A redação final
foi organizada em caráter de urgência e publicada no Jornal ão
Commercio a 9 de janeiro de 1931.
8 Ib id , p. 328.
33
Mas não term inara aí a tarefa do Instituto. O anteprojeto
havia sido remetido ao Instituto dos Advogados dos Estados. A
rapidez dos trabalhos do Instituto não permitiu que os Institutos
estaduais enviassem, a tempo, as sugestões e emendas sobre o
anteprojeto. Contudo, a Comissão ainda examinou e o relator
redi^u parecer sobre as sugestões dos Institutos do Rio Grande
do Sul, Paraná e do Capitão João Faustino da Silva. Posterior
m ente, Atilio Vivacqua apresentou as sugestões do Espírito Santo,
as quais, com o trabalhe do Instituto de São Paulo, foram enca
m inhadas ao Ministério da Justiça. O Instituto de São Paulo
constituiu comissão especial composta de Vicente Rao, Cardoso de
Melo e Antonio Moraes Barros, sendo apresentadas valiosas obser
vações. Remeteu também parecer o Instituto da Bahia, sendo
Presidente Joaquim Marques dos Reis, que declarara que os esta
tutos como se achavam n a redação final “merecem o franco apoio
0 aceitação do Instituto da Bahia”. A Comissão não deu parecer
Eobre as sugestões do Espírito Santo, São Paulo e Bahia.
Coub3 a Levi Carneiro, em 15 de novembro de 1931, como
! Consultor-Geral da República, emitir parecer sobre o projeto de
regulamento da Ordem dos Advogadas. ^ Depois de historiar os
antecedentes de criação da Ordem, afirmava que: “A Revolução
- deu-lhe, assim, um alto significado, consagrou a relevância. En
quadrou-a entre as reformas que devem remodelar a nacionalidade.
E não terá errado. Porque a Ordem dos Advogados é um a das
criações necessárias para a moralização da vida pública nacional,
que todos sentim os urgente empreender. Ela será um dos vínculos
poderosos em que se há de iniciar e firmar o sentim ento da uni
dade nacional, em vez da centralização opressiva, sob a autoridade
absorvente do Chefe da Nação, adequada antes a provocar o esfa
celam ento da República e os surtos do regionalismo estreito.
Porque ela há de tornar, para uma grande elite de hom ens de
cultura, capazes de benéfica influência na vida pública, uma escola
de ação social e política, desinteressada e fecunda, e de prática
da solidariedade associativa. Porque, enfim, ela poderá ser um
fator de elevação da nossa cultura jurídica.
O zelo da liberdade profissional, proclamada desde os primei
ros dias da República de 89, despertara por vezes, na vigência da
Constituição de 91, impugnações ao projeto dessa criação. Mas,
em verdade, foi gradativamente perdendo certos exageros o con
ceito daquela liberdade. Amoldou-se à nossa tradição. Conformou-
se com a exigência dos títulos da habilitação profissional”.
E depois de examinar a experiência de países estrangeiros,
declarava: “Assim, a velha instituição da “Ordem dos Advogados”
ressurgiu, revitalizou-se, com um a destinação política que não
tivera nos dias remotos do seu aparecimento.
9 Apud Livro de um Advogado, pp. 240 e ss.
M
Não é, pois, a obsoleta Ordo advocatorum que evidentemente
não poderia sobreviver através dos séculos, imutável, em meio do
avanço das idéias liberais. Adaptou-se a essas idéias. Corresponde
a um momento diverso da evolução jurídica em que o Direito se
tornou muito m ais difícil e a missão do advogado muito mais
complexa e delicada.
A Ordem não é órgão de interesses privados, de privilégios
odiendos. Não é corporação fechada. 'Ê um órgão como tantos
outros que formam o complexo do estado moderno, um desses
m últiplos entes para statali. Uma criação da idade em que domina
o sindicalismo profissional — que as atividades privadas se coor
denam e disciplinam sob a orientação dos interesses coletivos,
com preocupações de ordem moral, que o Estado, por si mesmo,
não sabe impor, m as cuja realização se empenha em conseguir de
ta l sorte.
Em nosso caso particular, a Ordem virá dar à classe dos
advogadas um prestígio moral, que os privilégios a ela conferidos,
tornam imprescindível; evitará numerosíssimos e freqüenites
abusos da boa-fé alheia, cometidos por falsos advogados ou por
alguns raros advogados de verdade, indignos de o serem; forta
lecerá 0 espírito de solidariedade dos hom ens de advocacia, con
vocando-os ao desempenho de árduos deveres no interesse da
moralidade e da autoridade da sua classe e do país; pennitirá a
ação coletiva para reprimir práticas condenáveis de profissionais
inescrupulosos; formará através de todo o Brasil um a grande
cadeia de hom ens de espírito e de coração, dominados pelos senti
m entos dos deveres morais da sua profissão; permitirá a organi
zação de um serviço de Assistência Judiciária completa e eficiente;
assegurará, conforme dispositivo que a mim mesmo ocorreu trans
ladar da lei búlgara de 1925, a prática do voto secreto obrigatório
nas eleições do Conselho da Ordem, Ela h á de tirar ao nosso foro
a. feição de domesticidade, que, há oitenta anos, o egrégio Monte
zum a lhe argüia, deixando-o penetrar-se dos altos interesses
sociais que constituem a verdadeira finalidade da ciência jurídica
e das suas aplicações”.
Passando aos pontos específicos, Levi Carneiro analisava as
relações entre a Ordem e o Instituto dos Advogados, mostrando
como elas eram compatíveis e até se completavam, ficando com
a Ordem os aspectos de seleção e defesa da profissão e com o
Instituto os aspectos puram ente culturais e doutrinários. Mostra
va como essa vinculação se fazia através de proposta sua no
sentido de a escolha de alguns membros do Conselho Superior
da Ordem ser feita pelo Instituto dos Advogados.
Menciona as objeções feitas à Ordem, especialm ente do Dr.
Eurico Sá Pereira, e desfaz os equívocos da argum entação apre
sentada; analisa as dúvidas de maior procedência que seriam
contra a com petência do legislador federal para estabelecer as
35
regras necessárias à eficiência da Ordem. Considera porém que
essas dúvidas não têm fundam ento e já o perdera na vigência da
Constituição de 24 de fevereiro pela interpretação centrípeta
dom inante, pois o projeto foi zeloso da autonom ia dos Estados.
Regulando sistem aticam ente o exercício da advocacia em todo o
país, seguiu a orientação já traçada pelas leis do ensino superior
e pelo Código Civil.
Por sugestão do Clube dos Advogados do Rio de Janeiro foi
acolhida a sugestão de chamar-se a instituição Ordem dos Advo
gados do Brasil e não Ordem dos Advogados Brasileiros.
Mostrou Levi Carneiro, rebatendo algum as criticas, como em
relação aos atos da Ordem que decidissem sobre matérias de
direitos individuais como a suspensão e exclusão de advogados,
estaria assegurado o controle judicial.
A classificação jurídica da Ordem é outro aspecto analisado
no parecer. Considera que não seria possível exarar em texto legal
a sua classificação como incluída no quadro do direito público ou
do direito privado, m as conclui dizendo que “há de resultar evi
dente que a Ordem, formação de índole privada, transcende pelos
altos objetos de sua criação do círculo estrito das relações da
ordem meramente civir’.
Em relação à organização da Ordem, m enciona a criação em
cada Conselho das Diretorias, mostrando que nos Conselhos Esta
duais, com exceção do Distrito Federal, estes seriam compostos
dos presidentes das subseções. Alude à obrigatoriedade do voto
das assembléias gerais, dispositivo extraído da lei búlgara, bem
como das normas sobre o exercício da advocacia.
Em matéria de estágio, expõe a controvérsia sobre o assunto,
mostrando que ainda não parece aconselhável a sua adoção entre
nós; discute o exercício da advocacia por estrangeiros e examina
o problema dos advogados provisionados e solicitadores, para
afinal tratar da matéria das penas, acentuando que o anteprojeto
se apresentara com cinqüenta e oito artigos, ao passo que o pro
jeto, por ele formulado, encerra quase o dobro, isto é, cento e oito.
Em 14 dp flAwmhro de 193L o Gtovemo P r Q v js ó r io _ b aiyfl.va. o
Decreto 20.784, que aprovava o regulam ento da Ordem dos Advo
gados Brasileiros. Esse decreto com modificações posteriores e a
sua consolidação pelo Decreto 22.478, de 20 de fevereiro de 1933,
constituiu o ordenamento jurídico que regulou as atividades da
corporação durante m ais de trinta e dois anos, até a promulgação
da Lei 4.215 em 1963. Os estatutos previstos no artigo 17 do De
creto 19.408 passavam a ser, assim, o regulamento aprovado por
decreto do Governo Provisório.
O artigo 1.® repetia o disposto no artigo 17 do Decreto-lei
19.408, que a Ordem dos Advogados Brasileiros era o órgão de
seleção, defesa e disciplina da classe dos advogados em toda a
República.
36
o artigo 2 ° continha a definição da maior importância, pois
declarava que a Ordem constituía serviço público federal, ficando
por isso seus bens e serviços e o exercício de seus cargos isentos
de todo e qualquer imposto ou contribuição.
A estrutura federativa da instituição era definida como com
preendendo um a seção central, com sede no Distrito Federal, e
uma seção em cada Estado e no Território do Acre com sede na
capital respectiva, declarando-se que cada seção teria personali
dade jurídica própria, com inteira autonom ia quanto à sua orga
nização e administração, sob as normas do regulam ento então
editado. As seções desdobrar-se-iam em subseções nas várias
comarcas do seu território. O Decreto 22.039 de 11 de novembro
de 1932 retirara aquela expressão seção central, e mencionaria
seção do Distrito Federal, de cada Elstado e no Território do Acre.
O artigo 4 ° declarava que a Ordem exerceria suas atribuições
em todo o território nacional, pelo Conselho Federal e pelo presi
dente e secretário-geral, e em cada seção pela Assembléia Geral,
pelo Conselho e pela Diretoria, e em cada subseção pela Diretoria
e pela Assembléia Geral.
Caberia aos governos federal e estaduais prover a instalação
condigna da Ordem e seus arquivos, sempre de preferência no
Palácio da Justiça, Foro ou' no edifício do Tribunal Superior.
As condições do patrimônio de cada seção eram determinadas
pelas taxas anuais e de inscrição, pelas m ultas ou contribuições
impostas por bens e valores adquiridos por subvenções oficiais,
por legados ou doações e por quaisquer valores adventícios. Pre-
via-se em cada seção a formação de um fundo de assistência pela
quarta parte da renda líquida apurada, a fim de auxiliar os
membros necessitados, quando inválidos ou enfermos. Ademais,
uma oitava parte da renda líquida de cada seção seria normal
m ente entregue no Rio de Jaiieiro ao Instituto da Ordem dos
Advogados Brasileiros e nos Estados ao Instituto existente na
localidade, a fim de ser aplicada em prêmios por estudos jurídicos.
O capítulo segundo estabelecia as proibições e impedimentos
para postular em juízo, e o capítulo terceiro tratava da admissão
à Ordem, com todas as condições para o acesso e para o exercício
da advocacia. Eram m inudentem ente regulados os direitos e de-
veres dos advogados profissionais e solicitadores, e tratava-se
adiante das penalidades e sua aplicação.
A organização da Ordem era baseada na constituição da
Assembléia Geral, composta de todos os advogados inscritos na
seção e na subseção, em pleno gozo dos direitos, a quem competia
eleger bianualm ente por escrutínio secreto e voto pessoal obriga
tório os membros do Conselho da Ordem, autorizar alienação de
imóveis, modificar o regim ento interno, deliberar sobre as ques
tões e consultas subm etidas à sua decisão, revogar por voto
37
expresso da maioria absoluta dos seus membros o mandato de
qualquer membro do Conselho e da Diretoria.
O Conselho localizado no Distrito Federal era composto de
vinte e um membros, que entre si escolheriam e elegeriam durante
o mandato a diretoria composta de presidente, vice-presidente,
primeiro e segundo secretários, tesoureiro, assim como as comissões
de sindicância e disciplina, cada uma com três membros.
Nos Estados e no Território do Acre, o Conselho se comporia
de três membros, quando a seção tivesse até quinze advogados
inscritos, de cinco até cinqüenta inscritos, de dez até cento e
cinqüenta inscritos e de vinte e um, quando excedido esse número.
O Conselho de cada seção seria formado pelo presidente da sub
seção da capital e do presidente das demais subseções em ordem
de antigüidade. Esgotada a lista dos presidentes das subseções,
comporiam o Conselho os membros da diretoria da seção da capi
tal, em ordem de antigüidade, e se ainda assim não fosse formado
o Conselho, seria reduzido o número de seus membros a três, cinco
ou dez, em vez de cinco, dez ou vinte, respectivamente.
A diretoria de cada subseção seria composta do presidente,
vice-presidente, 1.° e 2.° secretários e tesoureiro, podendo ser su
primidos 08 cargos de vice-presidente e de 1.° e 2 ° secretários
onde o quadro abranger menos de vinte advogados. No Distrito
Federal, dos vinte e um membros do Conselho, dez seriam eleitos
pela Assembléia Geral e os restantes pelo Conselho Superior do
Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros.
No Estado em que houvesse Instituto dos Advogados filiado
ao Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros, competia ao
respectivo Conselho Superior, ou em caso de não haver, à Diretoria,
eleger tantos membros da diretoria da subseção da Ordem na
capital quantos correspondessem à proporção estabelecida para o
Distrito Federal.
Previa o regulam ento que anualm ente, em data previamente
fixada, os Conselhos de todas as Seções reunir-se-iam em Con?elho
Federal, no Distrito Federal, para apresentação do relatório das
principais ocorrências do ano em cada seção, e deliberação sobre
providência a tomar, ou medidas a sugerir aos poderes públicos.
03 Conselhos compareceriam incorporados, ou por delegações
compostas por um ou mais membros do próprio Conselho, ou de
qualquer seção da Ordem, cabendo a cada seção um voto nas
deliberações.
Era atribuição do Conselho Federal eleger o Presidente e o
Secretário-Geral da Ordem, deliberar em grau de recurso sobre
a admissão dos membros, aplicação de pena de suspensão ou can
celamento de penalidade im posta a qualquer membro, votar e
alterar o código de ética profissional, adotar o modelo das vestes
talares, promover quaisquer diligências ou verificações relativa
m ente ao funcionam ento da Ordem em qualquer Estado, e adotar
38
as medidas convenientes a bem da sua eficiência e regularidade,
inclusive a designação da diretoria provisória, quando necessário,
organizar o seu regulam ento interno, cassar ou revogar qualquer
legislação de qualquer das seções cu subseções contrária ao regu
lamento, resolver os casos omissos.
O Conselho Federal seria presidido pelo Presidente da Ordem,
tendo como Secretário o Secretário-Geral, podendo o Secretário-
Geral ter como auxiliares um ou mais membros da Ordem. O
Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil e como o Secre
tário-Geral seriam eleitos pelo Conselho Federal dentre os seus
membros, cabendo ao Presidente representar a Ordem nas soleni-
dades externas e internas, perante os poderes públicos, e em juízo,
e em todas relações com terceiros, ativa e passivamente; velar pela
conservação do decoro e da independência da Ordem e pelo livre
exercício legal dos direitos dos seus membros; convocar e presidir
o Conselho Federal; promover a organização das seções e sub
seções; adquirir bens móveis e imóveis e alienar bens móveis com
autorização da Assembléia Geral e administrar os bens da Ordem;
superintender todo o serviço da Ordem, nomear e demitir livre
m ente os empregados da Ordem; promover nas seções da Ordem
a organização do Instituto dos Advogados que visem a fins sem e
lhantes aos do Instituto da Ordem dos Advogados Brasileiros.
Cuidava, ainda, o decreto da organização da Assistência Judi
ciária no Distrito Federal, nos Estados e no Território do Acre
sob a jurisdição exclusiva da Ordem,
Dispunha o regulam ento nas disposições transitórias que o
Conselho da Seção do Distrito Federal exerceria as atribuições do
Conselho Federal, e o Presidente do Conselho Federal as do Presi
dente da Ordem, até que se instalasse o Conselho Federal. Previa
ainda que nos A tad o s e nas comarcas em que até noventa dias
antes da data determinada para início da vigência do regula
m ento — 1.° de maio de 1932 — não ,se tivesse organizado a
Ordem dos Advogados, o juiz togado da m ais alta hierarquia e
m ais antigo, com dois outros imediatos em antigüidade, assumi
ria as atribuições previstas no regulamento, organizando o quadro
da Ordem, m antendo as necessárias comunicações com a Secre
taria permanente e com o Conselho Estadual, e exercendo todos
03 deveres e prerrogativas constantes do regulamento até que se
realizasse a constituição regular da Ordem na localidade.
Previa, ainda, o Decreto 20.781 que enquanto não fosse votado
o Código de Ética Profissional, prevaleceria em cada Seção as
praxes reconhecidas pelo Conselho Federal.
As dificuldades enormes que se apresentaram para a implan
tação da Ordem em todo o território nacional, levariam ao
adiamento da data prevista, de 1.® de maio de 1932, para entrada
em vigor do Regulamento, sendo baixado então o Decreto 21.296 de
16 de abril de 1932, que a transferiu para 11 de agosto de 1932.
39
Mais tarde, em 1 ° de agosto de 1932, o Decreto 21.689 prorroga
por no :enta dias, a partir de 11 de agosto, o prazo para entrada
em vigor, e, afinal, o Decreto 22.266 prorroga para 31 de março
de 19133 o início da execução do Regulam ento aprovado pelo De
creto n.® 20.784.
No interregno, o Decreto 21.529 de 1.° de julho de 1932 ampliou
a inscrição no quadro da Ordem dos Advogados Brasileiros, admi
tindo os bacharéis e doutores em direito, formados por faculdades
sob a fiscalização do governo federal ao tempo da formatura ou
ulteriormente. Previa ainda que os advogados provisionados e
solicitadores que não fossem bacharéis em direito também seriam
admitidos nos quadros da Ordem, expedindo-se a carteira prevista
no regulam ento apenas para o exercício da profissão no território
do Estado respectivo. A situação dos profissionais solicitadores
seria objeto de uma legislação casuística, de modo a atender a
situações específicas, e que tem seus reflexos ainda nos dias de
hoje.
O Decreto 20.784 de 14.12.1931 atribuiu competência ao
Conselho Federal, no art. 84, inciso III, para votar e alterar o
Código de Ética Profissional, ouvidos os Conselhos das Seções e
diretorias das Subseções, determinando ainda no artigo 107 que
enquanto não se votar o Código de Êtica Profissional, prevalece
rão em cada Seção as praxes reconhecidas pelo Conselho local.
Também o artigo 27 incluía entre as faltas no exercício da profis
são por advogados, provisionados ooi solicitadores, a infração de
qualquer preceito do Código de Ética Profissional. Esses disposi
tivos permaneceram na consolidação aprovada pelo Decreto
22.478 de 20.2.1933.
A existência de um Código de Ética Profissional constituía
aspiração já antiga dos advogados; em 1924, no Instituto do,s
Advogados Brasileiras, o então advogado, e depois magistrado,
Magarinos Torres, propunha a nomeação de comissão de cinco
membros, para, dentro de quinze dias, apresentar projeto de códi
go que servisse de base de discussão. Fizeram parte dessa comissão,
além do proponente. Cândido Mendes, Pereira Braga, Bartolomeu
Portela e Levi Carneiro.
Já anteriormente, o Instituto dos Advogados de São Paulo
aprovara, na sessão de 4 de agosto de 1921, após longos debates,
um Código de Ética Profissional, elaborado por Francisco Morato,
então presidente da instituição, correspondendo a documento de
grande importância. Esse Código foi integralm ente adotado em
1926 pelo Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul.
No Instituto dos Advogados Brasileiros, em 1926, alguns ora
dores discutiram o assunto, apresentando dois substitutivos, um
de Eduardo Otto Theiler e outro de Pinto Lima, tendo o Instituto
deliberado a elaboração de novo projeto, o que não ocorreu.
40
Em 1930, também no Instituto, Pam philo de Assunção apre
sentou novo projeto, e tomando por base o código aprovado pelo
Instituto de São Paulo. O Conselho Diretor aprovou, com parecer
de Henrique Castrioto, Presidente do Instituto do Estado do Rio,
um projeto definitivo, remetido ao Conselho Federal da Ordem.
O Conselho Federal tomou conhecim ento desse projeto e nomeou
relator João Mattos.
Na sessão de 30 de maio de 1933 inicia-se a discussão do
projeto, que se prolonga por várias sessões, tendo na ocasião Levi
Carneiro feito longa exposição sobre a matéria, inclusive apresen
tando numerosas emendas. Participaria ativam ente de toda a
discussão, fazendo constante remissão às regras do Código de
Ética adotado em 1909 pela Associação dos Advogados do Estado
de Nova York.
Afinal, na sessão de 25 de julho de 1934 o Código foi aprova
do, para entrar em vigor em 15 de novembro do mesmo ano e
permanecendo como tal até os nossos dias, sendo subscrito pelos
seguintes advogados: Levi Carneiro, Presidente; Atilio Vivacqua,
secretário-gerai; Joaquim Ignacio de Almeida Amazonas, presi
dente da Seção de Pernambuco; Nereu Ramos, presidente da
Seção de Santa Catarina; Francisco Barbosa de Rezende; Targino
Ribeiro, Philadelpho Azevedo, delegação da Seção do Distrito Fe
deral; Carlos de Moraes Andrade, São Paulo; Leopoldo T. da Cunha
Mello, Amazonas; Dem osthenes Madureira de Pinho, Bahia; Sa-
nelva de Rohan, Alagoas; Eurico Valle, Pará e Acre; Alarico de
Freitas, Espírito Santo; Alberto Roselli, Rio Grande do Norte;
João Villasboas, Mato Grosso; Haroldo Valladão, Paraná; João
Pedro dos Santos, Sergipe; Arnaldo Tavares, Estado do Rio; Pedro
Aleixo, Minas Gerais; J. J. Pontes Vieira, Ceará.
Em 19 de abril de 1932 o Consuitor-Geral da República Raul
Fernandes era chamado a opinar, a pedido do Ministro da Justiça,
sobre várias representações relativas ao Decreto 20.784, de 14 de
dezembro de 1931, e que entraria em vigor no dia 1.° de maio
daquele ano.
Em primeiro lugar, o Clube dos Advogados reclamava contra
o modo pelo qual o Conselho Provisório da Ordem dos Advogados
Brasileiros providenciava sobre a organização dos quadros de
advogados do foro do Distrito Federal, assinando praztos para
apresentação da carta do títu lo registrado na Secretaria do Tri
bunal, e para apresentação de reclamações. Considerou o Consul-
tor-Geral da República que o prazo assinado era expediente que o
regulamento não cogitava, m as cuja adoção era lícita e necessária
para o desempenho do encargo cometido ao Conselho, e entrava,
virtualm ente, nas atribuições adm inistrativas daquele órgão.
A matéria m ais im portante era aquela, entretanto, de
advogados goianos titulados pelas escolas locais reconhecidas,
41
fiscalizadas, subvencionadas e oficializadas pelo Estado de Goiás,
que protestavam contra a perda dos direitos inerentes a seus
títulos, decorrentes do artigo 21 do Decreto 7.284, pois fazia de
pender a inscrição dos advogados no quadro da Ordem da exibição
do título de bacharel ou doutor por faculdade reconhecida pelas
leis da República. Raul Fernandes examinou detidam ente o
assunto e, discutindo a matéria no plano constitucional, declarou
que ela caberia aos Estados, sugerindo que a matéria fosse resol
vida no âmbito de cada Estado e que o interventor federal em
Goiás baixasse decreto, conferindo aos advogados provisão espe
cial para exercer a advocacia em todo o Estado.
Com a eleição do Primeiro Conselho do Distrito Federal, na
sessão de 18 de maio de 1932, foi constituída Comissão composta
de A. Pinto Lima, Francisco Sales e Armando Vidal para orga
nizar o Regimento Interno da Ordem, sendo relator Armando
Vidal. A necessidade de aguardar a expedição do Decreto 22.039
de 1.0 de novembro de 1932 retardou a organização do Regimento
Interno, afinal aprovado na sessão do Conselho de 13 de março de
1933. Nessa tarefa, empenhou-se Levi Carneiro, sendo de sua auto
ria os modelos de livros, carteiras e relação de livros de secretaria^
etc. De São Lourenço, onde se achava, escrevia em 18 de janeiro
de 1933 ao Dr. Armando Vidal sobre o projeto que este lhe enviara,
com o conjunto das emendas e acréscimos: “Peço que Você veja
tudo, converse com os outros companheiros e dê, por fim, tudo ao
Cid para que ele mande fazer as cópias no er-critório”. "
Na sessão de 14 de dezembro de 1932 do Conselho do Distrito
Federal, declarava Levi Carneiro que há um ano fora promulgado
o decreto que regulamentara a Ordem dos Advogados do Brasil,
sendo assim “a data da verdadeira criação desse Instituto e deve
mos comemorá-la jubilosam ente”. Fazia referência às dificuldades
para a instalação da Ordem, a prorrogação do prazo de obrigato
riedade do decreto de 14 de dezembro de 1931, m as se revelava
bastante otimista.
Depois de mencionar as dificuldades encontradas em todo o
país, declarava:
42
advogados e pelos resultados obtidos, constituiu uma
verdadeira consagração feita pelo foro principal do país.
O tempo decorrido basta para mostrar que a Ordem
não é um a organização efêmera, e será um a realidade
duradoura. Se, um ano após a decretação do regulamen
to, ainda não está instalada a Ordem — o trabalho
realizado nesse tempo (do qual se deve descontar três
ou quatro meses de grande agitação revolucionária) e
a continuação mesma dos trabalhos iniciados, apresen
ta-se aos m eus olhos como sintom as seguros para um
prognóstico otim ista.
Não ocorreu um a deserção. Ao contrário, m ultipli
caram-se as adesões. E todos estam os trabalhando com
o mesmo afinco, a mesma dedicação, a mesma espe
rança.”
43
m os nessa criação, foi a melhor prova de vitalidade e do êxito
dela. Esse trabalho, obscuro e penoso, de adaptação às condições
diverslssimas do pais, e concatenação dos elem entos díspares, dis
tante, ignorados, indiferentes, senão hostis — esse trabalho atraiu,
empolgou, reuniu m uitos dos hom ens em inentes da nossa classe.
Fizemo-lo, aqui — e por toda a parte, foi, mais ou menos, assim,
como com as nossas próprias mãos, com os nossos próprios recur
sos, sem pesar nos cofres públicos. À Presidência do Conselho
coube em cada EJstado — e ninguém lam enta, m ais do que eu
não poder dizer o m esmo em relação ao Distrito Federal (e aí
referia-se a ele próprio) — a um dos advogados m ais provectos,
de m ais longo e brilhante tirocínio, de m ais comprovado espírito
público; e em tom o de cada um se agremiou um pugilo de advo
gados prestigiosos e dignos.”
E tratando do significado do alcance da Ordem, aditava:
13 Ib id em , p. 274.
44
Ao instalar a primeira sessão ordinária do Conselho Federal
em 11 de agosto de 1933, mencionava Levi Carneiro a “nova
etapa” que então vencia a instituição para declarar:
45
Ao discutir-se o Decreto n.° 22.696 de 11 de maio de 1933, que
dispõe sobre a representação das associações profissionais, decide-
se que a Ordem não é associação, m as, por força de lei, o órgão
m ais representativo da classe dos advogados. Seria irrecusável, ao
menos, considerar a OAB como associação profissional para os
efeitos dos mesmos Decretos 22.653 e 22.696; examinando-se sobre
quantos delegados a Ordem deveria nomear, chega-se à conclusão
de que deveria ser assegurado ao menos um representante da
classe, escolhido pela Ordem pelo processo por ela determinado.
Na sessão de 12 de agosto de 1933 decide-se criar a Solenida
de da Seção Judiciária, a ser celebrada em cada Seção no dia 31
de março, data da vigência do Regulam ento da Ordem. Decide-se
também adotar a designação de “Presidente da Ordem da Seção
d e. . . " para os Presidentes dos Conselhos locais.
O problema do funcionam ento das seções estaduais seria uma
píeocupação constante; na sessão de 30 de agosto de 1935, discute-
se a matéria, sendo dirigidas solicitações aos governadores do
Paraná, Espírito Santo e Bahia no sentido de que sejam forne
cidas as melhores condições às respectivas seções.
Na sessão de 14 de agosto, discute-se a futura Lei de
Organização Judiciária, e decide-se representar aos poderes gover
nam entais, no sentido de que a futura lei de organização judiciá
ria, em se tratando do exercício da advocacia, se lim ite a declarar
que ele se subordinará aos preceitos das leis de organização da
Ordem e suas modificações eventuais, mantendo assim o primado
da lei de organização da classe sobre qualquer outra legislação
especial.
Em 15 de agosto é autorizada a publicação do Boletim dos
trabalhos do Conselho.
Na primeira sessão do ano de 1934 — 9 de janeiro — dirigida
pelo Presidente interino Zeferino de Faria, discute-se a questão
dos mandatos dos membros do Conselho da Seção do Distrito Fe
deral, que foram eleitos por dois anos em 31 de dezembro de 1931.
O Conselho da Seção entendeu, porém nos termos do art. 109 da
Consolidação das Disposições Regulamentares, que o prazo do
mandato se contaria a partir da data em que o Regulamento da
Ordem teve início de obrigatoriedade, ou seja, 31 de março de
1933. O Instituto entendeu o inverso, determinando a realização
de eleições que ainda não tinham sido realizadas. Do debate che
gou-se à conclusão de que caberia ao Conselho Federal resolver.
O Governo provisório cuja intervenção foi solicitada pelo Presi
dente do Instituto declarou que aguardaria a decisão do Conselho.
Na sessão de 11 de janeiro de 1934, é lido parecer de Raul Fernan
des, que defende a data do início do m andato em 31 de março
de 1933, o que é aprovado.
Na sessão de 23 de abril de 1934, tendo em vista já o funcio
nam ento da Assembléia Nacional Constituinte, o Conselho Federal
46
decide que os deputados da Assembléia Nacional Constituinte, que
sejam advogados, estão impedidos de exercer a advocacia contra
a Fazenda Pública.
Já na sessão de 11 de julho de 1934 o Conselho aplaude dois
decretos do Governo Provisório:
a) 0 que faculta a inscrição dos membros da Ordem como
sócios do Instituto Nacional de Previdência; e
b) o que altera o Regulamento, segundo sugestão do Conselho.
Na abertura da sessão ordinária do ano de 1934, na segunda
sessão de 13.8.1934, realizam-se eleições para a presidência do
Conselho, sendo eleito Levi Carneiro com 12 votos, recebendo
Estevam Pinto um voto. Para Secretário-Greral é eleito Atílio Vi-
vacqua, também com doze 'votos, recebendo Haroldo Valladão
um voto.
Na s ^ ã o de 17 de agosto de 1934 discute-se sobre o exercício
da presidência do Conselho Federal da Ordem, sendo decidido que
só pode ser eleito Presidente da Ordem quem for Presidente de
Seção; em caso de afastam ento desse cargo no exercício do pri
meiro, não poderá tentar a reeleição.
É examinado na sessão de 9 de novembro de 1934 o projeto
de lei apresentado à Câmara dos Deputados, instituindo o man
dado de segurança e regulando o seu exercício. Decide-se que deve
ser garantida exclusividade à intervenção dos advogados.
Em agosto de 1935, o ofício do Presidente do Conselho Fe
deral, solicitando a colaboração das seções no Plano de Divulgação
da ODnstituição Federal aprovado pelo governo da República,
recebe a contradita da Seccional do Rio Grande do Norte, que
declara não poder concorrer para o referido plano de propaganda,
isto porque no Rio Grande do Norte desde o início da promulgação
da Constituição Federal tem sido ostensivam ente desrespeitada a
referida Constituição, apesar dos protestos que tem feito esse
Conselho do Instituto dos Advogados da Ordem dos Advogados
do Estado,
O Presidente Levi Carneiro, em sua resposta de 7 de agosto
de 1935, aproveita a oportunidade para desenvolver os princípios
que regem a Ordem:
“Nunca, podemos dizê-lo em honra de nossos cole
gas, e como prova de elevada aplicação dos nossos
preceitos regulam entares e da exata compreensão das
finalidades da Ordem dos Advogados, teve ela qualquer
16 Ibidem, p. 359. O Conselho Federal até a m udança para Brasília da
Capital em 1960, e salvo, naturalm ente, o período do Estado Novo,
seria constituído com grande participação de parlam entares. No início
da reunião ordinária do Conselho dos vinte e sete Conselheiros, dezoito
eram parlam entares, sendo três deputados classistas inclusive Levi
Carneiro; no início da reunião ordinária de 1937, dos trin ta e um
Conselheiros, treze eram parlam entares.
47
m anifestação de apoio, ou úe condenação, a qualquer
govemo, ou autoridade política. Nem a pode ter, no meu
conceito, por isso mesmo que constitui um serviço
públi3o federal, uma entidade de Direito Público. Nem
só por isso — ainda sem apreciar os termos veementes
do ofício de Vossas Excelências, publicado aqui pela
imprensa, antes de me chegar às mãos — nem só por
isso — lam ento, entretanto, a atitude insólita assumida
por esse venerando Conselho; também porque envolve
a recusa de cooperar em obra de alto alcance educativo,
determinado imperativamente pela própria Constituição
Federal de que ele mesmo se mostra apaixonadamente
cioso.
O artigo 25 das Disposições Transitórias da Consti
tuição Federal, que se trata de cumprir, realizando
cursos e conferências de divulgação dessa grande lei,
provém de emenda por mim apresentada na Assembléia
Nacional Constituinte.
Por outro lado, o plano, adotado para esse fim, e
que, por cópia, enviei a Vossas Eixfcelências, prevê a
colaboração da Ordem dos Advogados em virtude de su
gestão do consagrado e brilhante jurista, nosso devotado
companheiro Sr. Haroldo Valladão, já as comunicou
oportunamente ao próprio Conselho Federal.”
E concluía:
“Empenhado, sempre, em manter a Ordem dos Ad
vogados alheia a qualquer atitude política ou partidária,
tenho plena certeza de que, nem por um momento, ou
por um só ato, ainda em meio da intensa agitação que
temos atravessado, faltei a esse dever do meu cargo, e,
confiando na benevolência pessoal de Vossas Excelên
cias, animo a reiterar apelo feito, desejoso de que Vossas
Excelências o acolham com os mais nobres sentim entos
de patriotismo, e empreendam, como todos os nossos
colegas desse Estado, a campanha de pura doutrinação
cívica que vamos realizar em todo o país.”
O Conselho pronunciar-se-á na sessão de 22 de agosto de 1935,
scbre modificações do Estatuto, decidindo que as resoluções de
caráter geral sobre os casos om issos ou sobre aplicação e inter
pretação do Regulamento e Regimento, adotadas pelo Conselho
Federal, só podem ser modificadas m ediante proposta ou aprova
ção de qualquer Conselho ou de membro do Conselho Federal, e
pelo voto da maioria absoluta dos Conselhos, por seus represen
17 Ib id em , p. 359.
48
tantes, incluída a matéria na ordem do dia da seísão, com c nco
dias, pelo menas, de antecedência.
Na sessão de 29 de agosto de 1935 a discussão concentra-se
sobre a nomeação para a Corte ds Apelação da Bahia de Juizes
contrariando o artigo 104, § 6 .° da Constituição Federal referente
ao quinto. O Conselho aprova resolução no sentido da Seção agir
judicialmente.
O tem a principal na ses.são de 30 de agosto é mais uma vez
0 da deficiência de instalações, desta vez no Espírito Santo, na
Bahia e no Paraná.
Na sessão de 10 de setembro de 1935, decide o Conselho ser
obrigatória a criação do Tribunal de Ética Profissional.
O Conselho debate na sessão de 13 de setembro de 1935 o
problema das subseções e decide;
a) a diretoria da subseccional da capital não é de confundir-
se com o Conselho Seccional do Estado, e pode compor-se de
número menor de membros;
b) com a composição da diretoria ou do Conselho, isto é,
logo apÓ3 a eleição dos seus componentes, qualquer vaga que se
verifique será suprida mediante eleição feita pelo próprio Con
selho;
c) quando o número de subseções for maior do que o de
membros do Conselho, e por i?so a composição deste depende da
aceitação ou não dos conselheiros ex-lege, isto é, do,3 presidentes
das subseccionais, promoverá o presidente da subseção da capital
com a po:SÍvel brevidade a declaração dos demais de que aceitam
ou não o lugar no Conselho, ou serão convocados logo para reu
niões que os constituam em mora de que fala o art. 71 do Regu
lam ento e a seguir faça preencher as vagas na forma do art. 65
§ 1.° e provimentos.
Na sessão de 17 de novembro de 1935, a principal discussão
é a respeito da proporção de membros do Conselho Federal a
serem eleitos pelos Institutos e pela Assembléia dos Advogados.
Receia-se que os Institutos se sintam melindradcs; a decisão é
adiada e na sessão seguinte 0 aum ento do número de eleitos pelos
advogados pela Assembléia tornando-os majoritários é aprovado.
Na se.?são de 21 de maio de 1936, o Conselho Federal decida
oficiar aos Institutos, mostrando a conveniência de retirar a pala
vra Ordem de sua denominação.
Em 11 de agosto de 1936, in í 2ia-se a quinta reunião ordinária,
com a primeira sessão, decidindo-se, inicialm ente, que o Presi
dente da Ordem, como Presidente do Conselho Federal, assim
como o Secretárío-Geral, são membros permanentes do Conselho
Federal, podendo ser reeleitos. Procedeu-se à votação da nova Di
retoria, sendo eleito Presidente Levi Carneiro com 12 votos, com
1 voto para Targino Ribairo, e para Secretário-Geral Atilio
49
Vivacqua com 11 votos, tendo Carlos Morais Andrade e Paulo
Póvoa recebido, respectivamente, um voto.
Na sessão de 15 de agosto de 1936, é debatida a questão de
filiação da Ordem à TJmon Intem acionale ães AvocaU, por suges
tão do Prof. Cândido Mendes de Almeida. É aprovado parecer do
Prof. Waldemar Ferreira, sustentando ficar a cargo das associa
ções de classe como o Instituto essa participação, uma vez que a
Ordem é um serviço público federal.
Na sessão de 31 de m aio de 1937, é designada comissão para
estudar projeto referente ao pagamento de honorários pelas partes
vencidas, constituída de Carvalho Guimarães, Didimo da Veiga e
Arthur Rocha. Também se resolve organizar em entário das deci
sões do Conselho, para serem publicados pela G azeta de Notícias.
Em 4 de junho de 1937, Philadelpho Azevedo é designado re
presentante da Ordem na Semana Internacional do Direito que
se realizará em Paris.
Ao instalar-se em 4 de maio de 1938 a décima-segunda reunião
do Conselho Federal e a sua centésima-quarta reunião, Levi Car
neiro renuncia à Presidência. Começa seu discurso, dizendo:
50
Conselho Federal para encerrar o desempenho dessa
outra função. Parecia-me até que o Regulam ento veda
va a m inha reeleição. Mas, assim não entendestes. Vos
sos sufrágios retiveram-me neste cargo — enquanto
meu voto recaía — desejo recordá-lo — no Sr. Targino
Ribeiro, que tanto merecia já, pelos seus serviços à
Ordem, e pela sua condição de advogado brilhantíssimo,
a investidura no m ais alto posto de nossa classe. Con
tinuei, portanto, até agora.
Agora, porém, estou em que tenho direito — e até
0 dever — de retirar-me. Recordei o que fiz, não por
jatância, o que seria imperdoável, m as para mostrar
que, não tendo podido fazer quanto desejava, fiz tudo
qufi podia, nas circunstâncias em que m e encontrei e
no lim ite restrito de m inha capacidade. Isso porque
som ente nessa condição permite a nossa lei orgânica
que o membro da Ordem decline do encargo que lhe foi
cometido. Entendi que deveria retribuir à m inha classe,
aos hom ens da m inha profissão — tudo que esta me
proporcionara, todos os bens, todas as alegrias, todas
as honras da vida — que tudo proveio dela, tudo me
deu ela em muito mais larga escala do que eu merecia
e do que almejava — servindo-a devotadamente, coope
rando, apaixonadamente, na organização que, a meu
ver, dará maior prestígio e a habilitará a exercer, em
toda a plenitude, a ação social que compete.
Esse era o m eu dever, o compromisso de honra que
comigo tom ei e dele m e julgo desobrigado. Não recuei
das dificuldades que enfrentam os — e foram grandes.
Não regateei o m eu esforço. Coloquei esse dever acima
de tudo.”
E comentava adiante:
51
vossas reuniões encerram outra demonstração irrecusá
vel — pela renovação parcial dos que a compõem. O
espírito de nossa instituição transmite-se a novos ser
vidores; difunde-se o sentim ento que a anima. Temos,
assim, asseg:urado a sua continuidade, o seu desenvol
vim ento continuado.
Ora também esse cargo supremo a que a vossa ge
nerosidade m e levou deve ter outro ocupante. Não só
porque nada de mim lhes poderei dar. Também porque
outro merece ocupá-lo. E para mostrar o que a Ordem
tem de impessoal e de eterno.”
É nomeada uma comissão para convencer a Levi Carneiro a
reconsiderar o seu ato. Também renuncia o Secretário-Geral e há
protestos e apelos para que ambos retornem. Na sessão de 6 de
maio de 1938, Levi Carneiro acede e volta à presidência da Ordem.
Na sessão de 18 de agosto de 1938, são realizadas eleições
para Presidente do Conselho Federal e Secretário-Geral, L'vi
Carneiro é eleito com 15 votos, e Atilio Vivacqua eleito Secre
tário-Geral com idêntica votação.
Na sessão de 25 de agosto de 1938, Levi Carneiro recusa a
sua reeleição, pronunciando significativo discurso. Dspois de
referir as datas de sua passagem pelo Conselho Seccional e Con
selho Federal, declara:
52
Mais que em relação a outra qualquer, quanto ao
de Presidente, pela sua própria permanência e pela pre
ponderância que pode assumir, Impõe a substituição
periódica.
Circunstâncias felizes e ofcasionais, criadas pelo
favor divino, deram o melhor prêmio de devotamente à
m inha profissão, proporcionando-me larga oportunidade
de servir à organização da Ordem."
53
rique Castrioto no Rio de janeiro, e os que já as tinham deixado,
oomo E m esto Sá da Bahia, Ubaldo Ramalhete do Espírito Santo,
Pamphllo de Assunção do Paraná, e Leonardo Macedonia do Rio
Grande do Sul.
E com agradecimentos gerais à classe, terminava emocionado:
"Terei, de hoje em diante, a fortuna de observar a nossa institui
ção, pelo lado de fora. É o aspecto que ainda não conheço. OB
que passaram por aqui hão de vê-la sempre, com bons olhos, e
com melhor compreensão do que fazeis. Eu a verei ainda com
profundo, indiscutível sentim ento de gratidão”.
Procede-se n a sessão de 30 de agosto de 1938 à eleição do
novo Presidente, recaindo a escolha em Fernando de Melo Viana,
com 13 votos, sendo ainda votados Astolfo de Rezende com
5 votos, Targino Ribeiro e Mendes Pim entel, ambos com 1 voto.
Com a transmissão do cargo a Fernando Melo Viana, pode-se dizer
que a Ordem dos Advogados term inava a sua fase de implantação.
No curso da sua história, outros ilustres advogados iam ocupar a
Presidência, m as a m arca do seui primeiro Presidente, Levi Car-
neirQ, estaria sempre presente nas atividades da instituição.
Com os acontecim entos políticos de 1985, a atividade de re
pressão aos adversários políticos, que se acentuará com a instau
ração do Estado Novo, em 10 de novembro de 1937, irá conduzir
a Ordem a um a posição de defesa dos direitos humanos, que se
m anterá um a constante em todos os períodos de arbítrio e
violência.
20 Ibidem, p. 28.
54
Capítulo i n
OS VINTE ANOS
55
Era chamado a suceder ao ilustre e digno colega
Dr. Levi Carneiro, protótipo de bondade e fidalguia no
trato conosco, disfarçando, sempre, a energia serena
com que orientava os nossos trabalhos com aquele sor
riso amável, tão peculiar aos espíritos de eleição. Seus
serviços à Ordem, na sua fase mais delicada e melin
drosa, são notáveis e palavras não serão, aqui, pronun
ciadas em demasia, para proclamar a gratidão dos
advogados brasileiros.”
E prosseguia:
“Largos anos exerci a advocacia no meu querido
Estado natal e, por vezes, nesta capital, até que ingres
sei na m agistratura vitalícia mineira, de que me afastei
com saudade, ao apelo de dois dignos arnigos, um dos
quais furtado ao serviço do Brasil pela mão inexorável
da morte: o Dr. Raul Soares, nobre caráter^ talento
fulgurante, figura moral imaculada.
O destino na sua fatalidade irremovível levou-me à
política e me proporcionou a oportunidade de pretender
fazer algum a coisa de utilidade ao impulsionamento do
progresso de Minas Gerais.
Na Vice-Presidência da República, tive a honra de
presidir o Senado brasileiro, e o freqüentei sem brilho
m as com assíduo devotamento e independência.
Afastado da política, retornei ao ritmo de minha
vida profissional a que devo tudo que fui e o pouco que
tenho e que sou.
Vivo feliz, absorvido no encantam ento do estudo do
direito e devotado aos serviços cuja defesa me foram
entregues pela generosidade e confiança.
Sempre, sempre e cada vez mais, seduzido pelo
fanatism o pelo direito, confiante na justiça de Deus, e,
por que não dizê-lo, sem azedume ou laivo de pessimismo,
na dos hom ens também, impus-me a norma de traba
lhar sem cessar, nem desfalecer, certo de vencer.
É o que pretendo aqui fazer, ajudado pelos Conse
lhos de m eus ilustrados e bondosos companheiros, fiel
executor de suas deliberações, seguro da colaboração
dedicada e inteligente do ilustre secretário-geral e dos
dignos funcionárias desta Casa, nutridos sempre da mais
constante obediência e observância das leis da Ordem
para que passamos realizar a grandiosa seleção, defesa
e disciplina da fam ília unida dos advogados em toda a
República.” ^
2 Boletim do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil.
56
Assumindo a Presidência, Fernando de Melo Viana encontra
já a instituição organizada, e voltada mais para as suas ativida
des específicas. Ela não deserta entretanto no período do Estado
Novo n a defesa das liberdades democráticas e sobretudo na defesa
dos presos políticos, episódio que remonta a um pouco antes pois
provém das primeiras medidas da execução do estado de sítio e da
execução da Lei de Segurança Nacional, com a prisão dos envol
vidos no movimento de novembro de 1935."
Neste episódio, se sobreleva com excepcional importância a
figura de Heraclito Fontoura Sobral Pinto, defensor de Luiz Carlos
Prestes e Harry Berger, os principais líderes com unistas envol
vidos nesses movimentos, e com uma atuação desassombrada,
corajosa e firme, o que o coloca como um dos grandes advogados
brasileiros/
Indicado para a defesa ex officio de Luiz Carlos Prestes e de
Arthur Ewert, que usava o nome de guerra de Harry Berger, pela
Ordem e nomeado pelo Juiz Raul Machado, do Tribunal de Segu
rança Nacional, Sobral Pinto iria exercer nos nove anos seguintes,
uma luta sem tréguas contra a violência e contra a prepotência.
3 Dos depoimentos e informações colhidas, parece que as discussões de
caráter político no período do Estado Novo e, sobretudo no seu final,
n a cam panha contra a ditadura, se concentraram m uito mais no
Instituto dos Advogados que n a própria Ordem (depoimento do Rrnistro
Oswaldo Trigueiro ao auto r em 27.2.1981). Por outro lado, as atas
do Conselho Federal, que eram publicadas no Jornal ão Commercio,
passaram , a p artir de certo momento, a sofrer censura, razão pela
qual se decidiu inform alm ente que o Conselho não divulgaria nas
atas — que têm sido o principal objeto de pesquisa desse período —
qualquer m anifestação de caráter político (depoimento de D. Lyda
Monteiro da Silva ao auto r em 25.8.80).
4 A atuação de Sobral Pinto está re tra ta d a nos livros de sua autoria
Lições de Liberdade, Belo Horizonte, Editora Comunicação, 1977, p.
253 e Porque Defendo os Comunistas, Comunicação, 1974, Belo Hori
zonte, p. 238. Cf. tb., Araken Távora, Advogado da Liberdade, Rio
Editora do R epórter s.d. Cf. ainda Victor Nunes Leal, Sobral Pinto,
Ribeiro da Costa e umas lembranças do Supremo Tribunal na RevO'
lução. Rio, 1981, pp. 23 e 44. Diria Victor Nunes Leal de Sobral Pinto,
que “acim a de tudo Isso é Sobral Pinto “o advogado”, o advogado
em si, que combate do primeiro ao último instante, pela causa que
tem por justa, seja fraco ou forte aquele a quem defenda, especial
m ente se é vítim a do poder, da prepotência, da arrogância, da maldade,
d a m á-fé, da mistifícaçao, da ignorância presunçosa.
Como advogado, só tem paralelo no grande paladino das causas
públicas, das liberdades, da democracia. Rui Barbosa”.
Seria, entretanto, um falseam ento da verdade não registrar que
enquanto Sobral Pinto e numerosos advogados tom avam um a atitude
corajosa e desassombrada, alguns advogados se recusavam a patro
cinar a defesa de presos políticos.
Os arquivos do Conselho Seccional d a Ordem contém os ofícios
em que os motivos mais variados — excesso de trabalho, surmenage,
doença n a família, eleição p ara Vereador, viagens freqüentes a São
Paulo — eram referidos gomo motivos de escusa.
57
De início, a primeira dificuldade a vencer era a própria reação
dos novos constituintes. Presos em condições de inteiro isolam en
to, submetidos a torturas morais, e em relação a Harry Berger,
físicas as m ais fortes, e com os preconceitos que poderiam ter de
um advogado de classe burguesa e de formação católica, não foi
fácil a Sobral Pinto vencer essas resistências, que se agravaram
no caso de Berger pelas dificuldades da língua. Luiz Carlos Pres
tes, aos poucos, foi ganhando confiança e a partir daí as relações
entre a d vog^ o e cliente se processaram num clim a do maior
respeito e confiança, só tendo o constituinte em relação ao advo
gado as palavras de maior elogio e aplauso.
Respondendo ao ofício de Targino Ribeiro, Presidente do
Conselho da Ordem do Distrito Federal, em 12 de janeiro de 1937,
dizia Sobtral Pinto que “o que me falta em capacidade, sobra-me,
porém, em boa-vontade para me submeter às imposições do Con
selho da Ordem; e em compreensão hum ana, para, fiel aos impul
sos do meu coração cristão, situar no meio da anarquia contem
porânea, a atitude desses dois sem elhantes, criados, como eu e
todos nós, à im agem de Deus.
Quaisquer que sejam as m inhas divergências do comunismo
m aterialista — e elas são profundas — não me esquecerei, nesta
delicada investidura que o Conselho da Ordem impõe, que simbo
lizo, em face da coletividade brasileira exaltada e alarmada, A
DEFESA.5
Relata Sobral Pinto a singularidade da sua conduta em rela
ção aos presos políticos:
58
dever. Obtive êxito, m uitas vezes obtive a solução. E
mais, passei a funcionar desde o sumário”.®
E, em outro passo:
59
de quaisquer distrações continuou. E assim entregue dia
e noite ao seu próprio pensamento, vive o Suplicante
cercado por quatro paredes frias, fundas e imóveis.
Conceber-se-á prisão mais dura, mais penosa e mais
degumana? Dir-íe-ia, ao Sr. Ministro Presidente, que
ninguém se preocupa com os destinos da saúde m ental
do Suplicante, circunstância esta que não é de se admi
tir, porque foi um isolam ento des^a espécie que levou
Harry Berger a mergulhar para sempre sem remédio
nas trevas sombrias e trágicas da sua demência de
finitiva.
Não se compreende, Sr. Ministro Presidente, que o
Suplicante seja m antido durante o cumprimento de sua
pena nesse regime da mais absoluta e rigorosa incomu-
nicabilidade que dura m ais de seis anos; não se com
preende, Sr. Ministro Presidente, que ponham o Supli
cante, praticamente, com o que está acontecendo, sob
a fiscalização direta de um a sentinela à vista; não se
compreende, Sr. Ministro Presidente, que não se dê, sis
tem aticam ente, ao Suplicante a possibilidade sequer de
se entender com uma pessoa que possa levar às autori
dades adm inistrativas superiores da República ou aos
Juizes executores da sua pena a sua reclamação com os
repetidos atos de arbítrios com que se vê ferido na prisão
em que se encontra.” ^
60
crime, e com assistência de membros da Ordem, propondo-se que
seja encaminhada às autoridades sugestão idêntica.
Os acontecim entos da Guerra Européia repercutem entre nós;
na sessão de 19 de setembro de 1939, o Conselheiro Nilo Carneiro
Leão de Vasconcelos propõe um voto de apoio à Ordem dos Advo-
vados Franceses, que continuava em Paris, a despeito do perigo
dos bombardeios, e destacando que os advogados afrontavam os
perigos na defesa da liberdade, assim como os soldados em suas
trincheiras.
O processo eleitoral na instituição é examinado nas sessões
seguintes, determinando o Conselho que se façam novas eleições
no Rio Grande do Norte, o mesmo ocorrendo em relação às sessões
do Pará e Sergipe e designando o Secretário-Geral para elaborar
projeto de consolidação de instruções sobre o processo eleitoral
das Seções, Na sessão de 28 de novembro de 1939 são consideradas
insubsistentes as eleições do Piauí e do Rio de Janeiro, e anuladas
as eleições de Santa Catarina.
O transcurso dos anos não traz solução para a situação finan
ceira da instituição. Na sessão de 18 de junho de 1940, o Secretário-
Geral Atilio Vivacqua queixa-se da m á situação financeira do
Conselho, à m íngua de recursos, e declara que se fica no aguardo
de uma subvenção federal.
A situação dos provisionados é discutida na sessão de 23 de
abril de 1940, sendo aprovado parecer do Conselheiro Amoldo
Medeiros, referente ao Artigo 1.050 do Código de Processo Civil.
Sugere-se a proibição de prorrogação das provisões com a altera
ção do referido artigo, revigorando-se a legislação anterior e
m antida a proibição, exceto quanto aos quartanistas de direito.
Em 12 de agosto de 1940, realizam-se as eleições para a Dire
toria do Conselho Federal. Fernando Melo Viana e Atilio Vivacqua
são reeleitos, respectivamente, Vice-Presidente e Secretário-Geral
com 17 votos.
Na sessão de 12 de novembro de 1940, é lido telegrama da
Frente Socialista do México, pedindo a intervenção da Ordem,
para prestar assistência a Luiz Carlos Prestes. Já na sessão de
26 de novembro de 1940, são indicados representantes da romaria
cívica aos túm ulos dos brasileiros mortos em 1935.
Na sessão de 8 de março de 1941, Nestor Massena oferece um
exemplar da publicação do Departamento de Imprensa e Propa
ganda: O Brasil ãe Ontem, de Hoje e de Amanhã, número de
janeiro com o tópico A Ordem dos Advogo(k>s e o Estado Novo.^^
Na sessão de 20 de maio de 1941, discute-se a situação da
Seccional do Distrito Federal, em face da renúncia da maioria
dos seus membros. A matéria é debatida nas sessões seguintes,
Não foi encontrado exem plar da referida publicação nem nos arquivos
da Ordem nem n a Biblioteca Nacional.
61
ficando decidido a indicação da nova diretoria com advogados
m ais antigos da Seção.
A interpretação do antigo Regulamento sempre deu margem
a dúvidas e na sessão de 7 de outubro de 1941, pronunciando um
voto, diria Martins de Almeida:
62
A declaração de guerra aos países do Eixo repercute no Con
selho Federal que m anifesta o seu apoio ao Governo Federal, na
sessão de 18 de agosto, com a seguinte moção subscrita pela tota
lidade do Conselho;
63
Na sessão de 19 de outubro de 1943, volta à baila a difícil
situação financeira da Instituição, não há dinheiro nem verbas
para o pagamento do ordenado m ensal de dois funcionários da
Secretaria. Na sessão seguinte, é nomeada Comissão para estudar
a situação financeira, composta dos Oonselheiros Them istocles
Marcondes Ferreira, Aristeu Aguiar e Arthur Ferreira da Costa
e decide-se pela elevação da taxa de contribuição dos advogados.
Na sessão de 25 de abril de 1944, discute-se as violências
sofridas pelo advogado Jader de Carvalho, Vice-Presidente da
Seção do Estado do Ceará.
A partir dessa época acentuam -se as m anifestações contra o
Estado Novo e a posição da Ordem em face da situação política
com o protesto contra as medidas repressivas, na sessão de 6 de
junho de 1944. Augusto Pinto Lima, que terá um a atuação desta
cada no período, vê aprovada por aclamação, moção sobre o
desembarque das tropas aliadas na Europa:
«4
Regulamento da Ordem e pelo Código de Êtica Profissional, de
forma que o constrangim ento e vexame de que fora alvo represen
tava um a violência ao próprio desempenho dos deveres que in
cumbe à classe dos advogados. E prosseguia Dario de Almeida
M agalhães:
6&
"O relator dá a sua desvaliosa, mas inteira adesão
ao ponto-de-vista dos que sustentam que a Ordem dos
Advogados, em resguai^o do seu prestígio e da autori
dade, deve pairar acima de todas as efervescências e
agitações políticas e conservar-se sobremaneira às ques
tões de natureza ou de interesse pessoais. Mas, por outro
lado, ousa pensar que este altíssim o sodalício profissio
nal não pode, por nenhum a razão, desinteressar-se de
problemas fundam entais Intimamente ligados à ordem
jurídica, aos interesses superiores de um a luta honesta
e segura distribuição de justiça.”
66
Em 11 de agosto de 1944, encerrado o biênio realizam-se elei
ções para a Diretoria do Conselho Federal. O resultado foi o
seguinte: Raul Fernandes para Presidente, com 10 votos e Melo
Viana 12 votos. Para Secretário-Geral Oswaldo Trigueiro 12 votos,
Atilio Vivacqua 9 votos e Manoel Gonçalves 2 votos. A nova dire
toria tom a posse na sessão de 15 de agosto de 1944.
Na sessão de 22 de agosto de 1944, é votada moção do Con
selheiro Nelson Carneiro, de júbilo pelo aniversário da entrada
do Brasil na guerra, reafirmando a confiança na vitória do regime
democrático.
Na sessão de 3 de outubro, discute-se violências sofridas pelo
advogado pernambucano Nehemias Gueiros, que depois se destaca
ria como Conselheiro e Presidente do Conselho Federal.
Nas sessões de 31 de outubro de 1944 e 14 de novembro de
1944, se exam ina a condenação do Vice-Presidente da Seção do
Ceará, Jader de Carvalho, a vinte anos de prisão pelo Tribunal de
Segurança Nacional, formulando-se os agradecimentos a Nelson
Carneiro pela colaboração n a defesa.
Na sessão de 5 de dezembro de 1944 é lida a carta do Conse
lheiro Sobral Pinto denunciando pressões do governo de Minas
Gerais em favor de chapa concorrente ao Conselho Federal. A
ditadura tom ava tão m arcante e violenta a pressão, a fim de
tentar tirar a Ordem da posição de independência e autonomia
em que se situava. A carta enviada pelo Presidente Substituto da
Seção de Minas Gerais, Milton Soares Campos, em 9 de dezembro
de 1944, aos Conselheiros federais representantes da Seção, Dario
de Almeida Magalhães, Odilon de Andrade e Alcino de Paula Sa
lazar, é documento altivo e desassombrado:
67
Como Presidente Substituto do Conselho da Ordem
dos Advogados do Brasil, na Seção de Minas Gerais, sin
to-m e no dever de, por vosso intermédio, levar ao conhe
cim ento do egrégio Conselho Federal as graves ocorrên
cias verificadas em Minas, por ocasião das eleições de
1.0 de dezembro. O Governador do Estado planejou e
realizou a m ais franca e rude intervenção nesse pleito.
Pessoalmente, organizou a lista de seus candidatos e por
eles cabalou, dirigindo-se aos advogados eleitores, a
m uitos dos quais cham ou a Palácio para lhes pedir o
voto. Pôs em campo os auxiliares da administração. Mo
bilizou banqueiros ligados ao Governo.
No interior, agiu por intermédio dos prefeitos e
outros representantes da autoridade pública. Até juizes
de direito foram solicitados para a campanha, e muitos
deles se prestaram à triste missão. Além disso, em issá
rios percorriam o Estado, utilizando, quando necessário,
transporte aéreo, para chegar a tempo. E, por último,
foram convocados os antigos elem entos políticos do Es
tado, que atuaram desembaraçadamente junto aos advo
gados como se se tratasse de uma eleição comum em
que lh e fosse solícita a cabala. As notícias, que vêm
chegando das várias subseções deste Estado, acentuam
cada vez m ais as cores desse doloroso quadro, confirman
do integralm ente os termos do protesto formulado pelo
Conselheiro Pedro Aleixo na reunião do Conselho do
Instituto da Ordem dos Advogados e da comunicação
feita ao egrégio Conselho Federal pelo Conselheiro He-
raclito da Fontoura Sobral Pinto. D iante disso, entendi
que faltaria ao m eu dever de Presidente Substituto do
Conselho Seccional de Minas Gerais se não levasse ofi
cialm ente esses fatos ao conhecimento do egrégio Con
selho Federal Ao fazê-lo acentuo que os resultados do
pleito, já conhecidos, bastam para resguardar as tradi
ções de bravura e altivez dos advogados mineiros, pela
resistência que revelaram aos abusos do poder, m as o
que importa, no momento, é a gravíssima irregularidade
da intervenção do Governo, em assunto tão exclusiva
m ente do interesse e da com petência dos advogados.
Pode o Governo pretender transformar as eleições para
o Conselho da Ordem em demonstração de prestígio
político? Se o dever do Governo é a neutralidade nas
próprias lu tas eleitorais, lícito lhe será servir-se de um
pleito privativo dos advogados para combater e perseguir
os hom ens a quem hostiliza? É esse problema, e seu
simples enunciado mostra bem que ele transcende o
âmbito regional em que se m anifestou para afetar as
68
prerrogativas e a existência da própria Ordem dos Ad
vogados do Brasil, como nobre instituição de um a grande
classe. O que está em jogo é a condição de advogado,
com um a tradição de independência e de inacessibilidade
às investidas do poder. Aproveito a oportunidade para
apresentar-vos os m eus melhores protestos de considera
ção e estima, (a) Milton Soares Campos, Presidente
Substituto”.
69
Na sessão de 26 de maio de 1945 Augusto Pinto Lima e Sobral
Pinto m anifestam -se contra o Decreto-lei n.° 7.666, a famosa “Lei
Malaia”, que dispõe sobre os atos nocivos à economia nacional,
sendo também apresentada m anifestação contrária do Conselho
Seccional de São Paulo.
Os estertores da ditadura provocam momentos de violência
contra advogados. Na sessão de 4 de setembro de 1945, repercutem
as exercidas contra o Presidente da Seção de Alagoas, a prisão
do advogado Paulo Costa, de Sergipe, e o protesto genérico contra
o poder público, praticando violência contra intelectuais e jorna
listas por atitudes ideológicas, Na sessão seguinte de 11 de setem
bro são comunicadas as medidas tom adas sobre a prisão do Pre
sidente da Seção de Alagoas.
Na sessão de 18 de setembro de 1945, é apresentada uma
moção por Augusto Pinto Lima contra a posição do governo
Vargas e um documento aditivo de Sobral Pinto, solicitando que
fossem comunicados aos Chefes Militares, ao Clero e às classes
operárias. A moção final seria divulgada pela imprensa, dirigida
às classes sociais especialmente às Forças Armadas.
Na sessão de 16 de outubro de 1945, Augusto Pinto Lima tem
aprovada mioção contra o Decreto-lei n.° 8.063, de 10 de outubro,
que dispõe sobre as eleições para Governadores e Assembléias Le
gislativas.
70
zindo-se a restauração da ordem Jurídica à sim ples e
supérflua convocação de uma assembléia constituinte,
já prevista com a eleição também de um Parlamentb,,
no dia 2 de dezembro próximo futuro. A coalizão das
foi^ças preservadoras do direito e da ordem jurídica,
bem superiores às meras fórmulas e aparências da
legalidade, impediu porém que esse subversivo propó
sito fosse então atingido.
Considera agora o Conselho que a expedição do
Decreto-lei n.° 8.063, já referido, cuja feitura não pro
cedeu da iniciativa do Tribunal Superior Eleitoral, órgão
incumbido de superintender o processo de reconstrução
política da Nação, e que não se inspirou nas recomenda
ções da opinião pública, pelos seus órgãos responsáveis
e qualificados, vem lançar a anarquia e o tum ulto sobre
a obra de restauração das instituições democráticas do
Brasil. M anifesta ainda o Conselho que essa repentina
e infundada intervenção do poder na situação jurídica
criada pela vontade da Nação equivaleu a uma nítida
alteração dos termos em que se sedim entara a legislação
política que se consubstanciou na chamada Lei Consti
tucional n.° 9 e nas leis eleitorais, promulgadas todas
m ediante audiência do Tribunal competente para suge
ri-las e, com isso, conferir-lhes insuspeição e autoridade.
Cumpre pois o Conselho Federal o seu dever de de
nunciar à opinião pública e às classes responsáveis essa
transgressão dos compromissos assumidos pelo Governo,
esperando que, hoje como ontem, o patriotismo, a deci
são e a serenidade daqueles que custodiam os destinos
da Nação intervenham para restabelecer a ordem jurí
dica violada, e restaurar a comprometida segurança de
honestidade e liberdade na reintegração democrática do
Brasil.”
Embora a Ordem dos Advogados não pudesse assum ir posições
partidárias, as medidas pelo restabelecimento do regime democrá
tico praticamente se confundiam com a cam panha do Brigadeiro
Eduardo Gomes. Assim, ainda que sem a participação ostensiva da
Ordem, os advogados cariocas promovem uma hom enagem ao can
didato oposicionista no dia 19 de outubro no Teatro M unicipal do
Rio de Janeiro, entregando-lhe um m anifesto com m ais de 1.500
assinaturas; falam na ocasião Adauto Lucio Cardoso pelos advo
gados cariocas; Milton Soares Campos, representado por Monteiro
de Castro, pelos advogados mineiros e Plinio Barreto, representado
por Targino Ribeiro, pelos advogados paulistas.^*^
Com punham a Comissão Organizadora os advogados Adauto Lucio
Cardoso, Augusto P into Lima, Bruno Almeida Magalhães, Dario Al-
71
Afinal, em 29 de outubro de 1945 cai a ditadura, com a depo
sição de Getúlio Vargas. No dia seguinte, o Conselho Federal se
reúne e aprova a seguinte moção:
72
Honra às Forças Armadas que, ainda uma vez, no
curso da história se mostraram compartes do nosso des
tino e servidoras da comunidade. A Ordem dos Advoga
dos se associa ao júbilo nacional, consciente de não haver
faltado aos seus deveres durante os anos atormentados
do regime ditatorial, e exprime os m ais ardentes votos à
Divina Providência para que, sob a égide da lei, a paz
e a fraternidade reinem sobre os brasileiros.”
E prosseguiu:
73
que os poderes públicos, agindo dentro da lei, defenda
intransigentem ente a ordem jurídica e as liberdades
democráticas.”
74
de 1947, sendo escolhido Secretário J. N. Mader Gonçalves com 14
votos.
A partir desta época, com a reconstitucionalização e o funcio
nam ento normal do Poder Legislativo, parte ponderável das ativi
dades do Conselho Federal passa a ser o exame e a análise de
projetos em curso no Congresso.
Na sessão de 26 de agosto de 1947 discute-se o substitutivo de
Gilberto Valente na Câmara dos Deputados, sobre a alteração do
artigo 101 do Regulam ento da Ordem. É aprovado peloi Conselho
outro substitutivo, de autoria de Nelson Carneiro, declarando que
75
14 votos, contra 7 votos dados a Odilon de Andrade e 1 voto em
branco, para Secretário-Geral, J. J. Marques Filho obtém 15 votos
contra 7 vetos a J. N. Mader Gonçalves,
Augusto Pinto Lima era advogado m ilitante, e com gran
de atuação junto aos órgãos de classe, tanto o Instituto como
a Ordem. Era Presidente do Conselho do Distrito Federal, m as seu
mandato no Conselho Federal será extremamente curto, term inan
do em circunstâncias trágicas.
Na sessão de 17 de agosto de 1948 é votada a indicação no
sentido da criação do cargo de Vice-Presidente da Ordem, sendo
nomeada comissão composta de Anuar Farat, Nelson Carneiro,
relator, Oswaldo Vergara, Elizabeto de Carvalho, Francisco Pereira
da Silva e Eurico Salles para exam inar a matéria.
Na sessão de 31 de agosto de 1948 ocorre um fato dramático:
a morte em plena sessão do Presidente Pinto Lima. Discutia-se a
questão relativa à m anutenção do mandato de Augusto Pinto Lima
como Presidente do Conselho do Distrito Federal, em face da sua
eleição como Presidente do Conselho Federal. Os ânimos estão
exaltados; Pinto Lima pede a palavra e quando pronunciava as
palavras “defendendo e lutando pela nossa classe, pelos nossos di
reitos, pela nossa liberdade e con tin u arei.. . ” morreu vítim a de
uma síncope.
76
Na sessão de 14 de setembro de 1948 é feita eleição para Pre
sidente, sendo eleito com 21 votos Odilon de Andrade, represen
tante, há vários anos, da Seção de Minas Gerais, professor e espe
cialista em processo civil, com várias obrais publicadas, além de
ter sido parlamentar estadual e federal.
Na sessão de 12 de outubro de 1948 examina-se o problema da
Vice-Presidência, ficando decidido pleitear-se emenda, criando-se a
Vice-Presidência, e proibindo a reeleição do Presidente e do Vice-
Presidente, inclusive dos Conselhos Seccionais.
Na sessão de 20 de abril de 1950 é comunicado o recebimento
de oficio do Tribunal de Contas considerando a Ordem como autar
quia e como tal sujeita a prestação de contas. Sobre o assunto é
nomeado relator o Conselheiro Arnoldo Medeiros da Fonseca. Já
na sessão de 2 de maio de 1950, o Conselheiro Dario de Almeida
Magalhães profere memorável parecer sobre a natureza jurídica
da Ordem dos Advogados.
O parezer de Dario de Almeida Magalhães, aprovado, examina
m inudentem ente a matéria e tem a seguinte ementa:
77
trativas sujeitas à prestação de contas perante o Tribu
nal de Contas.
À Ordem dos Advogados não foi atribuída gestão de
qualquer parcela do patrimônio público, que se houvesse
destacado do patrimônio geral da União. Não recebe
qualquer ajuda, auxílio ou subvenção do Tesouro Nacio
nal; custeia os seus serviços exclusivam ente com m odesta
contribuição pecuniária dos inscritos em seus quadros.
Todos os seus órgãos de direção são eleitos pelos advo
gados; e os seus com ponentes desempenham os seus
deveres sem remuneração de qualquer espécie. Não tem
a Ordem nenhum objetivo econômico; executa apenas
tarefa de natureza ética, cultural e profissional, como a
de zelar pelo exercício probo e eficiente da advocacia.”
78
Ética profissional e o poder impositivo de caráter financeiro, o de
lançar sobre os inscritos uma contribuição anual fixada pela As
sembléia Geral.
E prossegue:
79
como a de zelar pelo exercício probo e eficiente da ad
vocacia.
Qual a razão pois, qual a vantagem de se enquadrar
a nossa corporação (a que sem dúvida atribuíram largos
poderes) a fim de que cabalmente se desincumba de seus
encargos, na mesma chave ou esquema das autarquias
administrativas, para subm eter ao mesmo regime co
mum, entidades tão diversas, sob m últiplos aspectos?”
80
Em tais circunstâncias, resta-nos provocar a decisão
soberana d a justiça para pôr termo a controvérsia que se
suscitou.”
Nessa mesma sessão, o parecer foi discutido, recebendo os
maiores encômios, havendo som ente um a divergência do Conse
lheiro Martins de Almeida que, embora ressalvando o mérito do
trabalho, divergia por entender que a Ordem é um a autarquia,
sujeita portanto à exigência do Tribunal de Oontas. Falou também
o Conselheiro Seabra Fagundes, que se sentiu no dever de parti
cipar do debate, uma vez que foi chamado à colação, para concluir
reconhecendo que, mesmo aceitando ser a Ordém um a autarquia
no sentido lato da expressão, seria ela de tipo especial, não sujeita
a prestação de contas, eis que não estava subordinada ao controle
estatal, nem dispunha de direitos públicos.
O Presidente, em exercício, Alcino Salazar, encerrando a dis
cussão declarou que o parecer “constitui um a contribuirão decisiva
no deslindar a controvérsia e que os novos subsídios trazidos a
debate, notadam ente a invocação da própria lei orgânica do Tribu
nal de Contas, faziam com que modificasse sua opinião, exter
nada em sessões anteriores, para aderir ao ponto-de-vista do
relator”.
Tendo o Conselho decidido recorrer à Justiça, foram escolhidos
por proposta os Conselheiros Martins de Almeida e Oswaldo de
Souza Valle, sob aclamação, os Conselheiros Dario de Almeida Ma
galhães e Miguel Seabra Fagundes para patrocínio da Ordem no
procedimento judicial a ser intentado.
O mandado de segurança foi requerido, a fim de reconhecer
que a Ordem dos Advogados do Brasil não está compreendida entre
as entidades a que se refere o Artigo 77 n.° II da Constituição
Federal, esclarecido pelo disposto na Lei n.° 1.830 de 23 de setem
bro de 1949, e que seja resguardado, pelo pronunciam ento judicial,
o seu direito líquido e certo de não atender a exigência legal do
Tribunal de Contas enunciada no seu ofício de 29 de março deste
ano, considerando-se em conseqüência a im petrante isenta de
qualquer das penalidades previstas na mencionada lei, pelo fato
de não prestar contas dentro do praao de sessenta dias estipulado
no aludido ofício daquele Tribunal.
A Inicial arrolava dezessete pontos, de fato e de direito, em
que se fundara para repelir a pretensão de prestação de contas, a
saber:
2i> o parecer de Dario de Almeida M agalhães está publicado n a Revista
de Direito Administrativo, Vol. 20, pp. 34 e seguintes, e tam bém
no volume da Ordem dos Advogados do Brasil, As Razões da Autonomia
da Ordem dos Advogados do Brasil, Rio de Janeiro, 1975, pp. 27 e
seguintes.
-I V. Revista de Direito Administrativo, Vol. 29, julho/setem bro, 1952,
p. 124.
81
a) — que a Ordem é uma corporação, destinada à seleção,
defesa e disciplina da classe dos Advogados, a que devem obrigato
riamente pertencer todos que exercem a advocacia; b) — que a
Ordem é um órgão auxiliar e complementar dos próprios órgãos
judiciários, na sua missão própria de zelar pelo exercício regular
e correto da advocacia; c) — que a Ordem desempenha um serviço
público federal, gozando de largos poderes, para se desincumbir
eficientem ente da tarefa que lhe foi cometida pela lei; d) — que
a Ordem não está sujeita ao controle ou à subordinação hierár
quica de qualquer outro órgão ou entidade, senão ao controle juris-
dicional que pertence à justiça ordinária, na verificação da legali
dade dos atos que praticar; e) — que à Ordem foram assegurados
plena independência e íntegro autogovem o, sendo todos os com
ponentes de seus órgãos de direção eleitos pelos próprios membros
da corporação; f) — que para o eficaz desempenho dos encargos
que lhe foram atribuídos à Ordem foram conferidas prerro^tivas
que lhe caracterizam a natureza de pessoa jurídica de direito pú
blico investida de poderes estatais; g) — que pelo só fato de dispor
de tais poderes e prerrogativas, não deve ser a Ordem classificada
sob a denominação genérica de autarquia administrativa, — quan
do oferece na sua estrutura, composição e finalidade, caracteres
peculiares e fisionom ia sui generis qtie reclamam que se lhe dê
um a qualificação adequada à sua natureza de corporação, dispondo
de poderes latos, acordes com a m issão específica que lhe foi con
ferida; h) — que o conceito de autarquia adm inistrativa tanto na
doutrina como na legislação, é impreciso e cambiante, fenômeno
explicável pelas circunstâncias de ser relativam ente recente, entre
nós, o emprego dessa técnica de descentralização e personalização
<ie serviços públicos e de apresentarem os diversos descentralizados,
os característicos e aspectos m ais variados, consoante a finalidade
a que se destinam e a natureza das tarefas que devem desempe
nhar; i) — que entre nós as autarquias adm inistrativas têm cará
ter acentuadam ente econômico; o seu patrimônio é um patrimônio
público, os seus serviços são mantidos, pelo menos parcialmente,
com recursos fornecidos pelo Tesouro Público e os administradores,
senão todos, aqueles que têm maior autoridade, são nomeados pelo
Poder Executivo; j) que à Ordem não foi atribuída a gestão de
qualquer parcela do patrimônio público que se houvesse destacado
do patrimônio da União; k) — que a Ordem não recebe qualquer
ajuda, auxílio ou subvenção do Tesouro Nacional, pois custeia os
seus serviços exclusivam ente com a reduzida contribuição paga
pelos inscritos nos seus quadros; 1) — que todos os órgãos de di
reção da Ordem são eleitos pelos advogados e os seus com ponentes
desempenham os seus deveres, como — m unus publicum, — sem
remuneraição de qualquer espécie; m) — que a Ordem não tem
qualquer objetivo econômico, executando tarefa, apenas, de n atu
«2
reza ética, disciplinar e cultural, qual a de zelar pelo exelrcício
probo e eficiente da advocacia; n) — no que o problema de classi
ficação das Ordens profissionais, também foi objeto de exame
recente na França, na doutrina e na jurisprudência do Conselho
de Estado, segundo informa Waline, afastando-se a sua qualifica
ção como estabelecim ento público (equivalente a autarquia, na
técnica do nosso direito administrativo) para se concluir que tais
ordens profissionais, pelo seu caráter peculiar, pertencem a uma
categcwia inominada de pessoas de direito público; o) — que a
Ordem presta contas dos poucos recursos recebidos de seus mem
bros, aos próprios contribuintes, reunidos em assembléia geral
anual, para apreciar a aplicação do produto das contribuições com
que cada um concorre, isto é, a prestação de contas se f a í há longos
anos, da forma m ais democrática, pontual, proba e fie l pc^ívej;
p) — que a. Ordem não m aneja dinheiro público, nem administra
patrimônio da Nação, nem podendo ser conceituado como tributo
a contribuição que recebe dos inscritos nos seus quadros, contri
buição da mesma natureza da que pagam os membros dos sindica
tos profissionais; q) — que a prestação de contas ao Tribunal de
Contas terá como corolário e conseqüência um a subordinação e
um controle sobre a Ordem, que não se coadunam com a plena
independência que lhe deve ser assegurada para bem desempenhar
a sua nobre missão, pois essa íntegra independência com que foi
criada e sob que tem nobremente vivido, é o seu verdadeiro pa
trimônio.
A sentença de primeira instância negou a segurança, decla
rando que “a inicial, em que a erudição fornecia o m aterial à mão
estilista”, exam ina profundamente o conceito das autarquias, para
declarar que “a meu ver, a im petrante é um dos entes autárquicos
a que se refere a norma constitucional e a legislação esptícífica
do sodalício suplicado.’*
A lei que governa a im petrante é expressa ao dizer que a
m esma constitui serviço público federal e não vejo como um “ser
viço público federal não caiba, ao menos, na figura de entidade
autárquica, já que não entra, pela sua originalidade, nos quadros
normais da administração”. Debate ainda os argum entos de que a
Ordem não recebia subsídios do erário, e também de que ela
própria escolhe os seus representantes, vendo nesse últim o caso
o exemplo de um a descentralização perfeita.
A Ordem recorreu ao Tribunal Federal de Recursos e o Recurso
em Mandado de Segurança n.° 797 foi julgado favoravelmente no
dia 25 de setembro de 1951, sendo Presidente o Ministro Abner
Vasconcelos, relator o Ministro Cândido Lobo, e participando no
feito os Ministros Arthur Marinho, João José de Queiroz, Cunha
Vasconcelos e Alfredo Bernardes.
A em enta do acórdão tem a seguinte redação:
83
“A Ordem dos Advogados não está obrigada a pres
tar contas ao Tribunal de Contas da União; não recebe
ela tributos nem gira com dinheiros ou bens públicos”.
84
que a m atéria tinha sido am plam ente desenvolvida por ocasião
do julgam ento embargado, e que o im portante seria fixar os
pontas da doutrina que deveriam ser dados como certos. Citou
o problema da real natureza da Ordem dos Advogados do Brasil,
para declarar que “a Ordem não é nenhum a autarquia. É histó
rica e realm ente um a corporação: a corporação dos advogados”.
Alegou ademais que a Ordem não faz p ^ e da administração
pública, embora seja pessoa jurídica de direito público. Afirmou
categoricamente: “Tão-somente administra um patrimônio, o
patrimônio moral da própria classe dos advogados”, frisando que
tomara de empréstimo essas palavras proferidas pelo patrono da
Ordem no Tribunal.
Quanto aos pretendidos dinheiros públicos que a Ordem ad
ministrava, não 0 são nem pela origem, nem pela natureza da
arrecadação, nem pelo destino que tem. Terminou por rejeitar
embargos, no que foi acompanhado pelos Ministros Elmano Cruz
e Mourão Russel. Foram votos vencidos os Ministros Cunha Vas
concelos e Alfredo Bemardes, o primeiro declarando que o con
ceito de corporação não excluía a natureza autárquica e o segundo
mantendo o voto que proferira anteriorm ente no julgam ento do
recurso.^2
Enquanto a Ordem travava a batalha, afinal vitoriosa, pela
sua autonomia, prosseguia em suas atividades de rotina.
Em 11 de agosto de 1950, realizam-se novas eleições para a
Diretoria da Ordem, sendo eleito Presidente Haroldo Teixeira
Valladão oom 18 votos contra 4 votos dados a Am oldo Ivfedei-
ros da Fonseca, e Secretário-Geral Macario Picanço com 20 votos
contra 1 voto dado a Edson Oliveira Ribeiro. Áiisim, a Odilon
de Andrade sucedia Haroldo Teixeira Valladão; participara ele
da discussão do projeto do Regulam ento da Ordem, ajinda
no Instituto dos Advogados Brasileiros, tendo sido vencido por
desempate do Presidente Levi Carneiro contra a obrigatorie
dade do estágio. Ingressou no Conselho Federal em 1934, ten
do tomado parte nos trabalhos da respectiva discussão, e afinal
assinado o Código de Ética Profissional; representou por muitos
anos o Conselho Seccional do Paraná e posteriormente de São
Paulo, tendo se afastado, quando impedido, por ter sido eleito
para o Conselho do D istrito Federal, ou quando foi Presidente
do Instituto dos Advogados Brasileiros e Consultor-Geral da
República.
Declarava assim , no discurso que “sinto-m e pois, no meu
meio e na m inha classe e posso afirmar que o meu amor à nobilís-
sim a profissão de advogado determinou recusar-me a altos cargos
incom patíveis com o seu exercício ou que me afastassem de seus
ideais”.
22 V. As R a zõ es . . . p. 47.
85
Na sessão de 18 de agosto é nomeada Comissão para elaborar
projeto de regim ento interno, com posta dos Conselheiros Themis-
tocles Marcondes Ferreira, Edgard Toledo e Alberto Barreto de
Melo.
Na sessão de 22 de agosto de 1950 é nomeada comissão para
cuidar das comemorações do vigésim o aniversário da Ordem,
composta dos Conselheiros Olimpio de Carvalho, Jair Tovar e
Arthur Rocha.
Nesta mesma sessão recebe o Conselho Federal a presença do
Ministro da Justiça, Dr. Bias Fortes, que foi introduzido no re
cinto da sessão pela comissão composta dos Conselheiros Sanelva
de líohan, Mac Dowell da Costa e Francisco Gonçalves. O Pre
sidente saudou 0 Ministro da Justiça, um digno e ilustre colega,
que vinha, individualmente e em nom e do Governo da República,
homenagear a classe que se acha na vanguarda da defesa da
liberdade e da justiça. Usou da palavra então o Dr. Bias Fortes,
que se referiu ao alto papel desempenhado pela Ordem dos Advo
gados do Brasil, à função do advogado no m om ento e fazendo
referêiKíias aos problemas da sede condigna para a Ordem, já
iniciada com a pedra fundam ental da Casa do Advogado, e o da
regulam entação no EIstatuto da Ordem. Declara afinal:
“Como Ministro da Justiça do Governo do Excelen
tíssimo Senhor General Eurico Gaspar Dutra, eu me
ponho à vossa disposição para colaborar convosco dentro
de m inhas atribuições para a consecução desses e outros
objetivos. Se me derdes essa oportunidade, alegrar-me-eis
0 coração, pois, lado a lado com a Ordem dos Advogados,
estarei servindo ao Brasil."
O Presidente Haroldo Valladão agradeceu essas m anifestações
e as palavras pronunciadas sobre a advocacia e a Ordem, declaran
do-lhe que era “o Ministro de um Governo que tem para com a lei
um respeito religioso”, e de que “a nobre classe a que tenho a
honra de pertencer constitui hoje um dos maiores e vigorosos
esteios de um Governo democrático”. E concluiu asseverando que
a Ordem dos Advogados continuaria na primeira linha do combate,
pela lei, pelo direito e pela liberdade.
Em sua gestão comemora-se o vigésimo aniversário da Ordem,
com sessão solene realizada a 20 de novembro de 1950. Também os
Conselhos Seccionais realizaram sessões, em que ilustres colegas
disseram da finalidade e das atividades da Ordem nos primeiros
quatro lustros de sua existência.
Assim se pronunciou Haroldo Valladão:
“Vigésimo aniversário da Ordem dos Advogados. —
É bem um alto em nossa vida institucional, destaquemos
e examinemos, sobranceiros, a longa tarefa realizada.
É que nessa hora de exame de consciência podemos
proclamar o cumprimento de nosso dever para com a
Advocacia, a Justiça e a Pátria.
Não faltarem os, assim àquele ideal de nossos maio
res, dos grandes advogados brasileiros que fundaram
especialm ente uma associação, hoje secular e gloriosa, o
Instituto dos Advogados Brasileiros.”
87
C a p ítu lo IV
88
ra de Camargo em 10 de abril de 1951. Pela Ordem, em compro
missos no exterior, pronunciou-se em Lisboa no dia 29 de outubro
de 1951, no jubileu da Ordem dos Advogados de Portugal, mostran
do a correspondência e a união dos advogados das duas pátrias,
através da criação da Associação dos Advogados de Lisboa em 1836
e da fundação do Instituto dos Advogados Brasileiros em 1843.
Discursou ainda em Lima, Peru, no jubileu da Universidade Maior
de São Marcos e no Congresso Internacional de Juristas, também
em Lima, em dezembro de 1951.
Na sessão de 3 de junho de 1952, é apresentado o anteprojeto
de Regulamento de autoria do Conselheiro Dem osthenes Madureira
de Pinho, que é comunicado às Seções para recebimento de em en
das. Em agosto de 1952, eram eleitos Presidente AtiUo Vivacqua,
com 16 votos, e Secretário-Geral Alberto Barreto de Melo, com 14
votos, recebendo Edson de Oliveira Ribeiro 2 votos para este último
cargo.
Ao deixar a Presidência da Ordem em 11 de agosto de 1952,
declarou Haroldo Valladão, transm itindo o cargo a Atilio Vivacqua,
estarem prontos dois projetos de reforma, um do Regulamento da
Ordem e outro do Regimento Interno do Conselho Federal. E
acrescentava:
“Quero destacar o espírito de compreensão e de fiel
cooperação que reinou nas relações da Ordem e do Con
selho Federal com as Poderes do Estado, Judiciário,
Executivo e, particularmente, o Legislativo, que solicita
ram nosso modo de ver e colaboração em assuntos ati-
nentes ao exercício da profissão ou ao serviço da justiça
e acataram o nosso ponto-de-vista.”
E diria mais:
“Graças a Deus posso dizer que dei à classe dos ad
vogados, nesses dois anos (1950/1952) de presidência da
Ordem dos Advogados do Brasil, qual o íizera antes
(1944/1946) na presidência dos Institutos dos Advoga
dos Brasileiros, uma grande parcela da m inha vida,
consagrando-lhe, com amor e dedicação, dias, meses,
anos da m inha existência.
Marchei assim na estrada verdadeira — prossegui
na boa via que sempre me tracei e da qual não me afas
tarei, na norma augusta de servir sempre à m inha classe,
à justiça, à causa pública, ao Brasil norteado pelos mais
puros princípios espirituais.” ’
1 Agradeço ao Professor Haroldo Valladão ca rta de 20 de janeiro de 1981,
relatando alguns dos principais fatos de sua gestão, bem como o
m aterial que a acom panhava relativo a ta l período. Cf. tb. Haroldo
Valladão — Paz, Direito e Técnica. Rio, 1959.
89
o Conselheiro Carvalho Neto, de Sergipe, isaudou o novo Presi
dente fazendo referência à posição dupla de Atílio Vivacqua como
político e advogado, c o m p ^ n d o -o com seus antecessores, pois
dizia ele, três desses Presidentes, ao que me constam , foram,
apenas, advogados, exclusivam ente advogados, tomados d ^ u e le
feitiço sedutor, daquele ciúme em polgante, que nos proporciona o
exercício da advocacia em toda a sua amplitude. E prosseguia:
90
Na sessão de 23 de setembro de 1952, inicia-se a discussão das
emendas ao Regimento, e comunica-se a aprovação na Câmara do
parecer do Deputado Ulisses Guimarães sobre o Projeto n.° 1.093
do Senado, estabelecendo normas de colaboração da Ordem com
os tribunais nos concursos para juiz.
Na sessão de 21 de outubro de 1952, é solicitada verba federal
para a instalação do Conselho, no sexto andar do edifício da Caixa,
em fase final de construção.
Na sessão de 12 de m aio de 1953, dá-se conta da publicação
na imprensa de voto do Ministro Silvestre Pericles de Góis Montei
ro, no Tribunal de Contas da União, colocando o Conselho Federal
da Ordem dos Advogados do Brasil entre os órgãos que não presta
ram contas daquele Tribunal. Decide-se distribuir nota à imprensa,
declarando que tal m anifestação não seria necessária, po’s o Tri
bunal Federal de Recursos, pelo agravo de petição no Mandado de
Segurança n.° 798, julgou em 19 de setembro de 1952 não estar
sujeita a Ordem a essa prestação.
Na sessão de 29 de setembro de 1953, é aprovado voto de
aplauso do Conselheiro Mac Dowell da Costa ao Presidente do
Tribunal de Justiça do Distrito Federal que passou as cancelas
para detrás do local destinado aos advogados, de acordo com a lei.
Na sessão de 18 de m aio de 1954, realizada já na nova sede do
prédio da Casa dos Advogados, é votada moção dirigida ao Minis
tro da Justiça nos seguintes termos:
91
“Assim, a culm inância de nossa classe, com o peso
de uma dívida que não saberia como amortizar, e já
agora, n a hora da prestação de contas, ao invés do res
gate, não venho, senão com o encargo maior de gratidão,
devolver-vos o patrimônio em que vós próprios enrique-
cestes com vossa inteligência, com vossa operosidade,
com o vosso devotam ento à nossa instituição.
De permeio, quase invisíveis emoções que me domina
vam naquela memorável cerimônia de investidura, medi
tava, como se fosse destinatário de um a advertência
sobre este conceito de batônnier Pognard: “O bastonário
dirige a Ordem; m as é a Ordem que comanda. Ninguém
jam ais se exim e do imperativo de suas leis. Ela vos inves
te da m agistratura suprema, m as com o desígnio de vos
fazer o primeiro de seus servidores”.
Não fui senão, entre vós, um modesto colaborador
que contava com a antecipada indulgência por suas
falhas e lacunas, eis que, além do mais, quisestes elegê-lo,
já o sabendo sobrecarregado das tarefas e responsabili
dades da vida pública, que dessa forma julgastes digna e
consoante com as nossas honrosas tradições de com pati
bilidade cívica, defesa das liberdades e dedicação aos
interesses coletivas e ao bem da pátria.”
92
“Secretário-Geral nos primórdios da Ordem dos Ad
vogados do Brasil, da Presidência Levi Carneiro e do
saudoso Fernando de Melo Viana, foi durante onze anos,
a “Irmã Paula” da nascente instituição, provendo do seu
bolso particular as imperiosas necessidades do nascente
organismo, criando, organizando e disciplinando mode-
larm ente suaviter in modo facienãi fortiter in re os ser
viços da Secretaria-Geral.”
93
Na sessão de 31 de agosto de 1954, é aprovado voto de pesar
pelo falecim ento de GetúÜo Vargas; é levada ao conhecim ento do
pdenário a licença do Presidente Miguel Seabra Fagundes, uma
vez que fora nomeado Ministro da Justiça do novo governo empos
sado e chefiado por João Café Filho.®
Na sessão de 16 de outubro de 1954, é aprovada a indicação da
Comissão para estudar as emendas ao anteprojeto do regulamento,
composta de Nehemias Gueiros, Themlstocles Marcondes Ferreira,
Edgard Toledo e Alberto Barreto de Melo.
Na sessão de 14 de julho de 1955, debate-se a lei que regula
m enta a atuação de advogados em julgam ento, sendo nomeada
comissão composta de Nehemias Gueiros, Presidente, Nelson Car
neiro, Oswaldo Murgel de Rezende, O. Lima Pereira e Edgard de
Toledo.
Na sessão de 9 de agosto de 1955 discute-se a questão de pro
priedade do sexto andar da Casa do Advogado, e é nomeada com is
são para estudar a matéria composta de Letacio Jansen, Aragão
Bozano e Nehemias Gueiros.
O Poder Judiciário veio a se pronunciar na ocasião sobre a
obrigação do pagam ento de anuidade à Ordem, cuja constituciona-
lidade foi confirmada no Mandado de Segurança n.° 2.615, do
antigo Distrito Federal, sendo im petrante Tancredo Guanabara.
A m atéria foi decidida em primeira instância pelo Juiz Aguiar
Dias, que denegou o pedido, um a vez que o im petrante tivera
suspenso o exercício de sua profissão por falta de pagamento, por
considerá-lo constitucional. Ao denegar a segurança, afirmou o
Juiz que a anuidade é contribuição do advogado, da qual vive a
instituição e que a sanção imposta, de caráter disciplinar, é um
ato administrativo, sendo direito certo e incontestável da institui
ção. Em segunda instância, o Tribunal Federal de Recursos confir
mou essa sentença, que foi exam inada em recurso extraordinário
pelo Supremo Tribunal Federal, em 11 de setembro de 1954, sendo
relator o Ministro Orosimbo Nonato. Mostrou o relator que o pre
ceito constitucional que fala do livre exercício da profissão, obser
vadas as condições de capacidade estabelecidas pela lei, não se
contrapunha a que “a inscrição na Ordem exigível se tom a para
o exercício da profissão e permanência do direito do inscrito,>
depende do pagam ento das anuidades que são seus alim entos, e
sem os quais a Ordem não poderia preencher suas altas finalidades
e nem subsistir”. Aditou a esse voto o Ministro Luiz Gallotti, mos
trando que a m atéria deveria ser exam inada também em face do
Art. 161 da Constituição, segundo o qual a lei regulará o exercício
3 O Conselheiro Edgard de Toledo foi o único Conselheiro que se m a
nifestou pela renúncia do Presidente nomeado p ara o cargo de Ministro
d a Justiça; m as o precedente de R aul F ernandes foi invocado e a
m atéria foi resolvida pela licença. Depoimento de Miguel Seabra
Fagundes ao au to r em 4 de fevereiro de 1981.
94
das profissões liberais, preceito m ais amplo e que poderia cogitar
de outras condições.^
A publicação do a r ti^ do Senador Assis Chateaubriand sobre
importação de automóveis e com acusações à classe e à magistra
tura, provoca grande repercussão. Na sessão de 8 de m aio de 1956,
tom a-se conhecim ento da retratação do Senador em relação às
acusações feitas a membros do Conselho. Na sessão seguinte, de
15 de maio de 1956, é lido ofício do Procurador-Geral da Justiça
do Distrito Federal, Victor Nunes Leal, ao Senador Assis Chateau
briand, solicitando que aponte os juizes que, segundo ele, esta-
riam envolvidos nas acusações feitas, para que fossem abertos os
processos competentes.
Em 1 ° de maio de 1956, a comissão composta de Nehem ias
Gueiros, relator, Them istocles Marcondes Ferreira, Alberto Barreto
de Melo, C. B. Aragão Bozano, J. M. Mac Dowell da Costa e C. A.
Dunshee de Abranches apresentava seu relatório acompanhado do
anteprojeto do Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil.®
Declarava inicialm ente que:
95
surto de desenvolvimento do país, encarregam-se de
demonstrar a necessidade de reforma fundam ental dessa
legislação, sobretudo depois de m ais de vinte anos de
alterações cominutivas, feitas sem respeito à técnica a
que deve presidir a elaboração legislativa.
Pode-se, por isso, dizer, sem o receio de incidir em
exagero, que o elenco de leis sobre a Ordem dos Advoga
dos do Brasil tom ou-se um dos m ais defeituosos da
legislação brasileira, impondo-se, só por esta razão, além
da imperiosa necessidade de adaptá-los às exigências
atuais, a sua revisão vertical”.
96
Conduzimos para este trabalho todo o espírito pú
blico de que nos poderíamos forrar e não tivem os outro
intuito, todos 08 membros da Comissão, senão o de coope
rar para a elaboração de um a lei que possa assegurar o
alto nível moral e cultural à profissão, estim ulando a
criação de um a consciência profissional da advocacia,
oposição ao amadorismo e fortalecendo o poder com que
a Ordem deve n a delegação que recebe do Estado de
realizar efetivam ente a seleção e disciplina da classe,
sem esquecer o ^eu objetivo de defesa corporativa.” ®
97
universitária. O Exame de Ordem seria obrigatório, apenas, para os
candidatos à inscrição, que não tenham feito estágio profissional,
ou que não tenham comprovado satisfatoriam ente seu exercício e
resultado.
Procurou-se dar celeridade ao processo de inscrição, com pode
res ao Presidente de deferi-la em cada Seccional, quando se tratasse
de candidato que não exercesse função pública e o pedido tivesse
parecer favorável da Comissão de Seleção e Prerrogativas. Foi
abolido 0 visto para o exercício da advocacia fora do território da
inscrição em caráter temporário.
Em m atéria de regulam entação do exercício da profissão,
foram introduzidas numerosas disposições para regular efetiva
m ente o exercício profissional da advocacia.
O anteprojeto definiu que o advogado presta serviço público,
a despeito do seu m inistério privado, constituindo elem ento essen
cial à administração da justiça sem hierarquia nem subordinação
ao juízo de qualquer instância; estabeleceu ainda o projeto a legi
timação e os atos privativos.
Ratificando prática já em itida por lei, e o exemplo norte-
americano e o inglês então adotado na França, o anteprojeto re
gula e disciplina as sociedades de advogados, criando o registro
próprio na Ordem, para lhe dar personalidade jurídica com o arqui
vam ento dos atos societários, dando aos Conselhos Seccionais
função corregedora quanto aos atos da constituição. Foi proibido
0 registro de sociedade de advogados, que apresentassem caracte
rísticas m ercantis, e que pudessem se prestar a confusões e impor
tassem no desprestígio da advocacia.
Em matéria de incompatibilidade e impedimentos, sem chegar
ao rigor usual da França, em que o exercício da profissão é incom
patível com qualquer função pública, atividade comercial, indus
trial ou sim plesm ente civil, o anteprojeto adotou o princípio de
que o exercício da advocacia é incom patível com qualquer ativi
dade, função ou cargo público que reduza a independência do
profissional ou proporcione a captação de clientela, e enumerou
as funções públicas que podem determinar incompatibilidades ou
impedimentos e os casos de incompatibilidades radicais.
Com o intuito de tom ar mais rigorosa a m anutenção do alto
padrão de moralidade profissional, ampliou-se a enumeração dos
deveres que a legislação vigente resumia a quatro incisos, trazendo
para o corpo da lei vários preceitos antes considerados apenas como
regra ética. Em m atéria de férias, o anteprojeto aproveitou a subs
tância do projeto apresentado ao Conselho Seccional do Distrito
Federal pelo advogado Aloisio Monteiro de Albuquerque, que regu
lam entou em capítulo especial o direito de férias do adivogado, até
o prazo máximo de trinta dias por ano, m ediante sobrestamento
dos processos que acione, enumerando os casos em que a suspensão
do feito não poderia ser admitida, e disciplinando as hipóteses de
PÔ
requerimento temerário com fim protelatôrio, para obviar a alican-
tina. Essa matéria entretanto foi rejeitada pelo Congresso Nacional
por emenda apresentada pelo Senador Aloysio de Carvalho Filho,
que alegou poder o apelo às férias “tom ar-se am anhã instrum ento
de protelação e chicana sobre criar fonte de aborrecimento e
desconfiança entre advogados”.
Em matéria de assistência judiciária, já existindo em funcio
nam ento em algum as Seções serviços m antidos pelo governo, com
advogados de ofício, o anteprojeto lim itou-se a cometer à Ordem
a nomeação de advogados p ^ a os necessitados nas circunstâncias
em que não houvesse aquele serviço oficial.
Em matéria de fixação de honorários profissionais, o ante
projeto disciplinou a m atéria que “tem constituído tormentosa
preocupação de várias Seções da Ordem, estabelecendo regras para
regular as hipóteses que não haja contrato escrito"'.
O poder jurisdicíonal da Ordem em matéria de infrações e
sanções disciplinares mereceu cuidado especial. Foi aum entado o
elenco de infrações disciplinares. considerando-se como faltas pu
níveis várias práticas que antes escapavam à disciplina corporativa.
O anteprojeto sistem atizou a aplicação às penalidades constantes
em advertência, censura, m ultas, exclusão do recinto, suspensão
do exercício da profissão, e elim inação dos quadros da Ordem. A
m ulta deixou de constituir pena autônoma, passando a ser apli
cada, sempre conjuntam ente com outra, a fim de evitar que trans
gressões disciplinares pudessem ser resgatadas com dinheiro,
critério incom patível com o fundo ético da profissão.
Visando e:rtinguir a confusão anterior em matéria de recursos,
o anteprojeto incluiu um capítulo especial, enum erando as maté
rias em que podem ser admitidos, disciplinando a matéria de
embargos infringentes e declaratórios, e uniformizando o prazo
para quaisquer recursos.
Reconhecendo a vocação universal à sindicalização de todas
as classes profissionais, a Comissão deixou em branco o problema
da coexistência da Ordem com os sindicatos profissionais de advo
gados, embora tenha atribuído, àquela, função que completa seu
caráter corporativo. Com a instituição do estágio profissional e
conseqüente criação do quadro de estagiários, tornou-se inteira
m ente inútil a profissão de solicitador que foi extinta pelo ante
projeto.
A Comissão exam inou o problema da previdência social, entre
outros motivos, m as decidiu não incluí-la no projeto, pela comple
xidade do assunto, e pela demora que acarretaria a sua tramitação
no Congresso Nacional.
E a Comissão encerra a sua exposição:
99
exigia m ais do que podiam as nossas forças, e a falha
dos vagares indispensáveis, além da natural deficiência
humana, impediria que o nosso esforço pudesse realizar
trabalho melhor.
O anteprojeto que ora submetemos à aprovação do
Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
representa, porém, pela am plitude do debate a que íoi
previamente submetido, a média exata do pensamento
dos juristas e advogados, que fazem empenho em cercar
o exercício da atividade profissional da autoridade e da
independência, sem as quais ela se poderá afirmar como
instrum ento autêntico da boa administração da justiça
e da realização do direito.”
100
Apontaria como um a das principais realizações de sua gestão
a organizíação do anteprojeto de Estatuto da Ordem, que naquela
data era enviado como m ensagem do governo ao Congresso Nacio
nal, 0 problema previdenciário do advogado, e do seguro de vida
em grupo. Dizia, ainda:
101
fazer exortações à capacidade e ao espírito público dos
em inentes congressistas para preservar a unidade lógica
e o sistem a do projeto, que é em substância, um a profis
são de fé no poder judiciário e no seu mecanismo, e por
conseguinte, um a afirmação de confiança no funciona
mento do regime.”
102
lo de um a bela página sobre ética profissional, que mereceria ser
transcrita e divulgada.
Terminando a part« conceituai, o relatório passa a examinar
0 problema das “fontes de atrito”, examinando os vários disposi
tivos que poderiam dar margem a mal-entendidos e que deveriam
ser removidos sem maior prejuízo.
Em matéria de honorários de advogados, sugere a elim inação
na Lei da fixação de tabelas que poderiam ser estabelecidas através
do critério de seções locais, assim como o dispositivo que tratava
da revisão do contrato de honorários que tenha se tornado por
demais oneroso para o advogado.
Em conclusão, declara o parecer:
103
adm inistração pública, e sugeria o estabelecim ento de emenda,
declarando que a interposição de recursos nessa via deveria ser ato
privativo do advogado. Quanto às Incompatibilidades e impedimen
tos, sugeria o estabelecim ento de emenda, estabelecendo que os
servidores públicos de entidades autárquicas, paraestatais e socie
dades de economia m ista ficassem impedidas de advogar contra
qualquer pessoa de direito público e não apenas a pessoa a que
estivesse vinculado.
Em matéria do sistem a disciplinar do projeto, o relator fez
exam e rigoroso da matéria, sugerindo inúmeras modificações,
visando a escoimar o projeto de algum as falhas. Em relação ao
exercício ilegal da profissão, sugeria acrescentar ao artigo que
tornava passível das penas da lei de contravençoes penais do
exercício ilegal da profissão, inciso que previa explicitam ente os
mesmos efeitos punitivos à modalidade freqüente de oferecer ser
viços de advocacia no estrangeiro, na qualidade de representantes
ou agente,s de escritórios ali existentes, e ordinariamente para so
luções que o direito nacional desconhece quando não repele.
O relator exam ina ademais o problema das inscrições na
Ordem de provisionados e solicitadores, o prazo para exigência de
estágio e exam e de ordem; exam ina com m inúcia o problema no
tribunal de ética profissional, admitindo a sua existência.
Na sessão de 14 de agosto de 1956, o Presidente Nlehemias
Gueiros declara que não vai exercer como Presidente o direito de
voto pessoal e justifica a sua posição, reservando-se o voto de
qualidade.
Na sessão de 20 de agosto de 1956, vota-se provimento de
caráter geral, impedindo-se os inspetores de trabalho de advogar
perante a Justiça do Trabalho, além dos impedimentos do Artigo
11 do Regulamento.
Em sessão de 9 de abril de 1957, Nehemias Guedros deu conhe
cim ento de apelos que recebera, durante o m ês de janeiro por
ocasião do recesso do Conselho, com relação ao descumprimento
de ordens judiciais por autoridades públicas, e dos pedidos feitos
por numerosos colegas, no sentido de que a Ordem se m anifestasse
a respeito. O que fez através de nota divulgada em 31 de janeiro
de 1957, sobre o assunto, formulando protesto contra o descumpri
m ento de ordens judiciárias ou o retardamento de sua execução,
formulando apelo a todos “juizes e advogados no sentido de serem
inflexíveis no reclamar o rigoroso respeito à Ordem e as decisões
judiciais, como único meio de preservar, pela harm onia e indepen
dência dos poderes, o regime da legalidade constitucional”. Nehe
m ias Gueiros distinguiu as funções que exercia com o Presidente
da Ordem dos Advogados, segundo o Art. 88 do Decreto n.® 22.478,
das de Presidente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados,
segundo o Art. 89 do Inciso i n , esta função conseqüência daquela,
declarando que agiu como Presidente da Ordem e não como Pre-
104
sidente do Conselho. A matéria provocou grande discussão, ha
vendo alguns que achavam que o ato precisava ser ratificado pelo
Oonselho, declarando o Presidente que o ato só poderia ser ratifi
cado, se houvesse sido praticado sem com petência para fazê-lo, O
Conselheiro Luiz Mendes de Moraes Neto, do Conselho do Distrito
Federal, fea um protesto contra o fato de o Presidente haver lan
çado sozinho o manófesto, entendendo que agira fora de sua com
petência, pois na ausência ou falta do Conselho Federal, as atribui
ções deste poderiam ser em urgência em certos casos pelo Presidente
do Conselho da Seção do Distrito Federal. Esta m atéria foi tam
bém discutida, verificando-se que não se aplicava inteiram ente ao
caso, e ao final, em votação, foi aprovada a atitude do Presidente.
Em 20 de m aio de 1957, Nehemias Gueiros apresentou uma
indicação ao Conselho Federal, no sentido de que se instituísse o
prêmio “Medalha de Ouro Rui Barbosa” por serviços notáveis à
causa do direito e da justiça. Foi designado como relator o Conse
lheiro José Maria Mac Dowell da Costa que, examinando a matéria,
foi de parecer que se aprovasse a indicação, com a nomeação pelo
Presidente de uma Comissão para redigir o respectivo Regulamento,
e em seguida submetê-lo à apreciação do Conselho e, que fosse
oportunamente solicitado ao Governo Federal o reconhecimento
oficial dessa Medalha.
Nehemias Gueiros dava ainda conhecim ento ao Conselho da
nota que seria publicada pela imprensa, em virtude de ter o Minis
tro da Fazenda, José Maria Alkmin, em discurso pronunciado na
Câmara dos Deputados, afirmado:
105
“O m anifesto contendo protesto e apelo que fiz, na
qualidade de Presidente da Ordem dos Advogados do
Brasil, e comunicado às autoridades do Poder Executivo,
do Poder Judiciário e à própria cla&se dos advogados, em
caráter absolutamente impessoal e com incensurável ele
vação de linguagem, teve ampla repercussão e receptivi
dade em todo o paia, manifestada através de ofícios das
m ais altas autoridades do Poder Executivo e do Poder
Judiciário, e foi por unanimidade de voto inserida em
ata de trabalhos do Conselho Federal da Ordem dos
Advogados em sua sessão de 9 de abril do corrente. Esses
fato,3 por si sós destroem um equívoco ou a m alícia de
informações que porventura inspiraram a nota de início
referida.”
107
cas impostas pela natureza dos problemas e peculiari
dades regionais”.
108
Tema II — Reestruturação do curso jurídico em função da
realidade contemporânea no país. Criação da cadeira de Deontolo»
gia e ensino prático do Direito. Relator: Orlando Gomes.
V — A Arte de Advogar
109
IX — órgãos e Associações de Classe
Tema I — Relações entre a Ordem dos Advogados e as d.emals
associações de classe. Interligação com os Institutos dos Advogados.
Sindicaiização profissional. Relator: José Barbosa de Almeida.
Tema II — Direitos e deveres do advogado em relação à Or
dem. Medos eficazes para a realização dos fins desta. Aimiento das
contribuições obrigatórias. Relator: Alberto Barreto de Melo.
Vê-se assim a im portância que tinham adquirido os novos
aspectos de organização da classe e, especialm ente, com vistas ao
futuro estatuto da Ordem. Cabe ressaltar com especial destaque a
discussão do problema de sociedades de advogados, de cujo rela
tório foi incumbido Cândido de Oliveira Neto, tendo a leitura sido
feita pelo próprio Nehemias Gueiros, provocando acalorados deba
tes em plenário.
Encerrando a 1.® Conferência, diria Nehemias Gueiros:
“Esta 1.® Conferência Nacional da Ordem dos Advo
gados assinala-se por m arcos fundam entais de uma nova
era da advocacia entre nós:
a. constituiu o início da prática do exame e debate
dos problemas e aspirações da classe, em termos de as
sembléia nacional, promovida pelo seu órgão máximo;
b. realizou um a verdadeira tom ada de consciência
em relação ao caráter profissional da advocacia, como
um m unus público, como dever antes que direito, em
oposição ao amadorismo diletante;
c. demonstrou o alto nível moral e cultural a que
já chegou a advocacia no Brasil, pela inspiração dos m ais
elevados padrões éticos e pela compreensão da necessida
de de renovação dos processos, segundo os técnicas atra
vés dos quais ela se exerce;
d. revelou a unidade e solidariedade da classe em
relação às reivindicações indispensáveis ao exercício
pleno da advocacia nos novos e m ais amplos setores em
que a advocacia passou a se praticar.” ^
110
lhante que lh e deu projeção nacional, txansfundindo no
advogado as virtudes do mestre de direito, e dando a este
a experiência do advogado no trato das hipóteses para
ilustrar as teses do m agistério onde doutrina e ponti
fica.”
111
Confederação Nacional do Comércio, comprovou as irregularidades,
èspèaifícando-as em relatório aprovado pela quase totalidade dos
membros do Conselho, acabando por propor a destituição do Pre
sidente, e a instauração de processo criminal para apuração das
responsabilidades e punição dos culpados. Tais acontecim entos
tiveram larga repercussão na imprensa e no Congresso e como
0 Presidente da LBA era o Ministro da Saúde, acabou este sendo
demitido do Ministério. O episódio teve entretanto final m elan
cólico e frustrante: reformou-se a legislação sobre a LBA, excluin-
do-se o Presidente da Ordem na composição do Conselho Delibe
rativo. ^
Quando exercia a Presidência do Conselho Seccional do então
Distrito Federal Alcino de Paula Salazar, surgiu um a divergência
entre esse Conselho e o Tribunal de Justiça do Distrito Fedferal, a
respeito da aplicação do dispositivo da Constituição de 1946 que
exigia para ingresso na m agistratura vitalícia dos Estados, con
cursos de provas, organizado pelo Tribunal de Justiça com a cola
boração do Conselho Seccional da Ordem dos Advogados do Brasil
(Art. 124, III).
O regulam ento expedido, elaborado por duas Comissões, uma
de inscrição e outra de provas, e pelo Tribunal de Justiça, estabe
lecia que a Comissão de concursos seria composta, cada uma, de
cinco membros, sendo quatro desembargadores e um advogado
escolhido pelo próprio Tribunal. Por decisão unânim e de seu ple
nário, o Conselho recusou a participação no concurso, visto que a
colaboração prevista constitucionalm ente ficava inexpressiva, além
de considerar que a indicação do representante da Ordem deveria
caber a esta.
Com o impasse, um dos candidatos ao concurso propôs ação
junto à Vara da Fazenda Pública, cujo juiz determinou que os
advogados escolhidos pelo Tribunal participassem da Comissão do
concurso, sob pena de sanção por desobediência à ordem judicial.
Esses advogados recorreram para o Tribunal Federal de Recursos,
que por decisão unânim e cassou a decisão de primeira instância
e reconheceu a legitim idade da recusa.
Obstada a realização do concurso, sobreveio a lei federal por
iniciativa da Ordem, estabelecendo no Distrito Federal e nos Es
tados que 05 Conselhos Seccionais designassem seus representantes
no concui^o, para funcionarem desde a elaboração das respectivas
bases, e que cada Comissão seria constituída de três desembarga
dores e dois representantes da Ordem, indicados por esta. Daí por
diante, os concursos passaram a se realizar na conformidade desses
preceitos legais, que constituíram reivindicações da Ordem.
113
deoide-se aguardar a existência de condições m ínim as para trans
ferência do Conselho, envidando-se esforços para fazê-lo o m ais
cedo passível. Na sessão de 19 de abril de 1960, é votado protesto
redigido pelo Presidente contra a m udança do Supremo Tribunal
Federal e do Tribunal Federal de Recursos para Brasília. Na sessão
die 26 de abril de 1960, o Conselheiro D unshee de Abranches faz
um a comunicação sobre a situação em Brasília, e a possível ocupa
ção de um andar cedido pelo Tribunal Superior Eleitoral para as
instalações do Conselho Federal. É aprovado um voto de congratu
lações ao Tribunal Superior do Trabalho que decidiu não efetivar
a mudança, enquanto for impossível fazê-la sem entrar em recesso.
O Presidente baixa as instruções para funcionam ento da Diretoria
provisória da Seção do Distrito Federal.
Na sessão de 3 de maio de 1960 é nom eada Comiasão para
organizar a 2.® Conferência, composta de Miguel Seabra Fagundes,
Them istocles Marcondes Ferreira e Corintho de Arruda Falcão. Na
sessão de 31 de m aio de 1960 é comunicada a instalação da Seção
do Distrito Federal.
Na sessão de 7 de junho de 1960 são discutidas emendas ao
Regim ento da Conferência da Ordem dos Advogados do Brasil,
discutindo-se novamente, na sessão de 5 de julho de 1960, o fun
cionam ento dos tribunais superiores em Brasília.
Na sessão de 26 de julho de 1960 processam-se as eleições,
sendo eleito Presidente José Eduardo do Prado K elly com 20 votos,
e para Secretário Alberto Barreto de Melo com 20 votos, sendo um
voto em branco.
A 2.® Conferência Nacional da Ordem dos Advogados do Brasil
realizou-se n a cidade de São Paulo, de 5 a 11 de agosto de 1960,
tendo sido precedida de Encontro dos Presidentes dos Conselhos
Seccionais.
Na sessão plenária inaugural, à qual estiveram presentes o
Dr. Ávila Diniz Junqueira, Secretário da Justiça, representando o
Governador do Estado, o Dr. Pedro Chaves, Presidente do Tribunal
de Justiça, o representante do Cardeal Arcebispo, e o Professor
Gama e Silva, Diretor da Faculdade de Direito, u&ou da palavra
o Presidente do Conselho Seccional, Dr. Noé de Azevedo, que tratou
basicam ente do problema do funcionam ento da Justiça, discutindo
a organização da Justiça Federal e do Tribunal Federal de Recursos.
No discurso de agradecim ento falou o Professor Abgar Soriano
de Oliveira, da Delegação de Pernambuco, destacando os problemas
da estruturação do Poder Judiciário encarado como poder autôno
mo. Usou também da palavra o Presidente do Conselho Federal
A lcino Salaaar, voltando-se também para o problema da crise do
Poder Judiciário e declarando;
114
eles, ao lado da advocacia comum, ao lado da represen
tação da defesa dos direitas m dividuais de seus clientes,
se congreguem e façam um a advocacia coletiva em de
fesa de um a outra causa, qual seja a causa do aperfei
çoam ento da ordem jurídica, do regular funcionam ento
das nossas instituições, para que tenham os leis adequa
das, desde que atendam aos anseios e aos fatos sociais
da época, e para que tenham os um a justiça que possa
dar ao cidadão tranqüilidade e segurança nos seus
direitos.”
116
zar na idade moderna, com a autonom ia e as prerrogati
vas que as leis lhes reconhecem. São direitos universais,
declarados em pactos solenes, o acesso à justiça territorial
de todas as criaturas, inclusive os estrangeiros, apátri-
das e a plenitude da defesa, quer n a jurisdição criminal,
quer na jurisdição civil”.
E acrescentava:
“Sentim os m ais fundam ental que quaisquer outros
legisladores ou juizes, a repercussão em nossa atividade
d ^ crises crônicas ou acidentais do direito; causas par
ticulares somam-se constantem ente às causas gerais que
enchem de apreensão os especialistas e os estudiosos. Em
um m undo dividido por idéias antagônicas — as da filo
sofia cristã e as do m aterialism o dialético — a crise do
direito é a crise do Estado. O regim e político tom ou-se
a medàda dos institutos jurídicos e n ão há m eio de flo
rescerem e se aperfeiçoarem esses in stitu tos em uma
ordenação do poder que amesquinhe ou anule a li
berdade”. "
117
“O CONSELHO FEDERAL DA ORDEM DOS ADVO
GADOS DO BRASIL, em face dos gravíssimos aconteci
m entos que a Nação testem unha, reafirma, ainda um a
vez, sc a fidelidade aos verdadeiros princípios da demo
cracia, inscritos na Constituição, contra os extrem ism os
da esquerda ou da direita, e apela para as autoridades e
para a& forças armadas, na esperança de que m ante
nham a ordem material, indispensável à segurança dos
cidadãos, e a ordem jurídica, essencial às liberdades
públicas."
118
feste sua preocupação com a infiltração com unista no país; o
assunto foi adáado para nova discussão.
Na sessão de 7 de agosto de 1962 a Casa tom a conhecim ento
da aprovação da Lei 4.103-A sobre a aposentadoria dos advogados.
Ao tom ar posse em 11 de agosto de 1962 Povina Cavalcanti,
depois de fazer o elogio ao seu antecessor Prado Kelly, referia-se
aos difíceis problemas que o país atrave^ a para dizer que “não
tem sentido vazio a denom inação liberal, que se dá à nossa profis
são. Liberal, sim — porque am a e sofre à liberdade; liberal no
espírito e no cem e da nossa missão. E porque liberal, o advogado
tem a sensibilidade de um radar cívico.”
Remetendo-se ao exem plo do “barreau” francês, diria:
“A crônica do bastonário francês está cheia de
exemplos. Nunca o t>atônnier nas conjunturas m ais di
fíceis da França se om itiu ou dem itiu dos seus altíssim os
deveres. E nunca se viu um bastonário francês, ainda
que amordaçadas todas as bocas, faltar com os seus de
veres para com os seus colegas, a ordem jurídâca e a
liberdade. Proclamou oerta vez o batônnier Chenu: “Nós,
os advogados, criamos a liberdade”.”
E declarava ao final:
“Deixei para o fim o dever de proclamar que a
classe dos advogados no Brasil sofre, no seu espírito e
na sua carne, a m aior crise de sua história: a círiise da
sua proletarização, a qual necessitam os combater com
todas as energias que somos capazes. O advogado, nas
capitais como no interior, salvo exceções, luta desespe
radamente. Precisamos levar-lhe o nosso apoio e a nossa
solidariedade. Proletários, sim , com o brilho do colarinho
engom ado se apagando no plenário dos tribunais e na
audiência do juiz singular, o advogado é a maior vítim a
dessa inflação galopante que nos am eaça a todos.”
119
nião cívica, independente dos laços profissionais, e des
truindo 0 “Estado de Partidos”, baseado na coexistência
harm ônica dessas forças deliberantes, capazes de alter
nar-se do poder sem derrocar os fundamentos.
Por diversos caminhos, as correntes, rivais n a apa
rência, deságuam no estuário monstruoso do Estado
Nação, do Estado Totalitário, do M notauro, do Leviatã.”
E prosseguia:
120
com a ressaiva do Conselheiro Aragão Bozano de que só deveria
ser obrigatório para os advogados com relação de emprego com
empresas.
Na sessão de 18 de setembro de 1962 o Presidente solicita e
obtém permissão para convocar sessão extraordinária, a íim de
discutir a evolução dos acontecim entos nacionais.
É comunicado, n a sessão de 16 de outubro de 1962, que ficara
pronto o anteprojeto de regulam ento da Lei n.° 4.103-A.
Na sessão de 6 de novembro de 1962 é apresentado o antepro
jeto de regulam ento da Lei n.° 4.103-A que recebe duas emendas,
sendo que o Conselheiro Aragão Bozano faz declaração sobre “o
m onstrengo que é a Lei 4.103-A”.
Discute-se n a sessão de 18 de dezembro de 1962 a desconside
ração que teria sofrido o Presidente da Ordem, na sessão de aber
tura do Congresso da Comissão Internacional de Juristas, com
troca de cartas entre o Presidente Povina Cavalcanti e o Presidente
do Congresso Levi Carneiro. É com unicada também a aprovação
pelo Senado do projeto de criação da Cbmissao de D efesa dos
Direitos da Pessoa Humana e o apoio da Ordem para Instalação
da Comissão o m ais breve possível.
Na sessão de 21 de abril de 1963 é designada Comissão para
estudar os efeitos do novo E statuto em vias de aprovação, sobre
a estrutura e funcionam ento do Conselho, com posta do Presidente
Povina Cavalcanti, do Secretário-Geral Alberto Barreto de Melo,
e do.s Conselheiros Nehemias Gueiros, Them istocles Marcondes
Ferreira, Aragão Bozano e Jorge Lafayette Guimarães.
O Conselho tom a conhecim ento na sessão de 30 de abril de
1963, da sanção da lei do novo Estatuto da Ordem. Na sessão de
11 de junho de 1963 é comemorada a entrada em vigor do novo
Estatuto, pronunciando discurso Nehem ias Gueiros. Inicia ele a
alozução dizendo:
121
o Estatuto da Ordem, pela primeira vez, a lei que regula
o exercício da profissão.”
123
eta. prol da suplemeritação dos vencim entos dos juizes esitaduais da
Fazenda Nacional. O Conselho Federal tem parecer contrário, e o
Presidente decide estudar o assm ito, resolvendo n a sessão seguinte
comunicar a posição do Conselho a todas as secções, de acordo com
requerimento do Conselheiro Aragão Bozano.
Na sessão de 15 de outubro de 1963 são procedidas eleições
para o C on^lho Federal, para os novos cargos criadios pelo Esta
tuto, sendo eleito Vice-Presidente Them istocles Marcondes Ferrei
ra com 20 votos, ccmtra 1 voto dado ao Conselheiro Aragão
Bozano, Subsecretário Agenor T. de M agalhães com 15 votos e
5 votos ao Conselheiro Raul de Souza Silveira, e Tesoureiro o
Conselheiro Corintho de Arruda Falcão com 19 votos.
Na sessão de 22 de outubro de 1963 é lido ofício db Ooroínel
André Fernandes de Souza com unicando que as organizações m ili
tares estão sendo instruídas sobre o novo Estatuto, para evitar
conflitos entre m ilitares e advogados. Na m esm a sessão, é desig
nada comissão para exam inar a questão da previdência social do
a d vo^ d a composta do Presidente, dos Conselheiros Oto Gil, Carlos
Medeiros Silva, Evandro Gueiros Leite e Jacinto T. Aber.
Nesse pasiso conviria um a síntese, ainda que resumida, dos
planos para im plantar a previdência social do advogado.
O Regulam ento da Ordem dos Advogados do Brasil (Decreto
n.o 22.478 de 20 de fevereiro de 1933) esboça um a ten tativa de
enfrentar o problema da previdência dos advogados, prevendo no
Art. 7.° § 1.0 que “em cada Seção da Ordem será formado um fundo
de assistência pela quarta parte da renda líquida apurada, a fim
de auxiliar seus membros necessitados, quando inválidos ou
enfermos"’.
Era o despertar de um sentim ento de solidariedade humana,
o que entretanto já fora im plantado no Brasil, no início da Repú
blica, por Rui Barbosa com a criação do Montepio dos Empregados
da Fazenda (Decreto n.° 942-A de 30.10.1890 do Governo Provisó
rio de Deodoro da F onseca), tendo Riui elaborado um primoroso
regulam ento para as condições da época. Posteriorm ente a Lei
Eloy Chaves criou a Caixa de Aposentadoria e Pensão dos Ferro
viários (Lei 4.682 de 24 de janeiro de 1923) e através de uma
am pla evolução, a partir da Revolução de 1930, se constituíram os
institutos e as caixas de previdência.
Um ano após o início de funcionam ento da Ordem, o Decreto
n.° 24.563 de 3 de junho de 1934, que reorganáziou sob novos moldes
o então Instituto de Previdência dos Funcionários Públicas da
União, dando-lhe a denom inação de Institu to Nacional de Pi^vi-
dência, adm itia como contribuintes facultativos, além dos sócios
da Associação Brasileira de Im prensa e suas afiliadas, os membros
13 Agradeço ao advogado Letacio Jansen Jr. os im portantes subsídios que
pôs à m in h a disposição referentes ao trabalho de seu p ai n a luta
incessante pela conquista d a previdência social dos advogados.
124
da Ordem dos Advogados do Brasil. O decreto estabelecia que para
fixação do m áxim o dos pecúlios sobre pensões relativos aos advo
gados e seus beneficiados, o critério-base seria o da declaração do
imposto sobre a renda, ou outro elem ento hábil de prova, dispondo
afinal no Regim ento Interno que seriam fixadas as regras para a
inscrição e cobrança dos prêmios e consignações devidos pelos con
tribuintes facultativos, de acordo com a natureza das corporações
a que pertencerem. l i n face da natureza eventual da renda da
maioria dos advogados m ilitantes e da dificuldade de fixação desse
critério-base, o dispositivo tom ou-se letra morta, e não há notícias
de que a faculdade outorgada aos advogados tenha despertado
qualquer interesse na classe, ou que a regulam entação dessa ins
crição facultativa tenha sido viável para o profissional trabalhador
autônomo.
Em 1935 João Arruda, Plinio Barreto, Aureliano Duarte, Pela-
gio Lobo e m ais tarde Waldemar Teixeira de Carvalho, propugna-
ram junto ao Conselho da OAB de São Paulo pela criação da
Caixa de Assistência dos Advogados de São Paulo. Afinal em sessão
de 23 de março de 1936 foi o regulam ento aprovado, passando
ela im ediatam ente a funcionar com o objetivo de “prestar auxílio
aos membros da Ordem necessitados, em caso de invalidez, enfer
midade ou penúria” e de “conceder em caso de falecim ento um
auxílio à sua fam ília, além de constituir um fundo especial para
a criação da Casa dos Advogados”.
Na sessão de 27 de agosto de 1937, o Conselho Federal da
OAB aprovou a organização da Caixa de São Paulo, recom en d ad o
que as seções da Ordem promovessem organizações sim ilares à da
Caixa de Assistência que a Seção do Estado de São Paulo instalara,
sem prejuízo da criação por lei federal da Caixa Geral de Pensões
e Aposentadorias para advogados, provisionados e solicitadores,
A ressalva do Conselho Federal resultava do fato de se encon
trar a classe dos advogados do Rio de Janeiro cuidando, como a
de São Paulo, da organização de um a Caixa de Aposentadoria e
Pensões, com o objetivo definido de seguro social contra o cham ado
risco de assistência, fora do sim ples quadro dos auxílios por enfer
midade, invalidez ou penúria. De fato, o advogado Ary Coelho
Barbosa elaborou o anteprojeto do Instibuito de Aposentadoria e
Pensão para os Advogados, encam inhado ao Clube dos Advogados
do Rio de Janeiro por Francisco Sales Malheiros. Aquela institui
ção remeteu-o ao então Deputado Professor Ferreira de Souza, que,
com base nesse trabalho, apresentou à Câmara Federal o Projeto
n.° 206 de 1937. A instituição do “Estado Novo” sepultou-o defini
tivam ente. Antes disso porém o Conselho Federal havia nomeado
para cuidar do assunto Comissão composta dos advogados Oscar
Saraiva, Moraes Andrade e Clementino Lisboa, que apresentou em
26 de junho de 1937 o substitutivo àquele projeto, criando o Insti
tuto de Aposentadoria e Pensão dos Auxiliares de Justiça, do qual
125
seriam associados obrigatórios os advogados, provisionados e solici
tadores, e tam bém serventuários da Justiça e dos Cartórios de
Notas e Registros Públicos, os empregados do próprio Instituto,
da OAB, do Instituto dos Advogados e de outras instituições de
classe do Sindicato dos Advogados.
Em 1941 o Instituto dos Advogados debateu a m atéria e por
proposta de Francisco Sales Malheiros, dirigiu em 1.® de março de
1941 ao Presidente da República um a solicitação no sentido da
criação da Caixa, isoladam ente ou em conjunto com todos os
trabalhadores intelectuais e membros das profissões liberais. Re
m etido o expediente ao M inistro do Trabalho, nom eou este por
Portaria de 28 de m aio de 1941 uma Comissão Especial para estu
dar a organização daquela instituição de previdência, assim
composta: Presidente Oscar Saraiva, então Consultor Jurídico
daquele M inistério, e um dos autores do substitutivo do Conselho
Federal de 1937; vogais o engenheiro Gastão Quartin Pinto de
Moura, Diretor da Divisão Atuarial do Departam ento da Previ
dência Social do Conselho Nacional do Trabalho, José Caetano de
Oliveira, representante do Ministério da Fazenda, e João Gonçalves
Macedo Neto.
A grande discussão no seio da Comissão se fez entre duas
correntes divergentes: uma, que concluía pela conveniência de
organização de caixas, tendo em vista as profundas peculiaridades
de cada ramo profissional e outra pleiteando a instituição de in sti
tuto que a todos abrangesse, considerando que a previdência é
problema de caráter geral, que se sobrepõe a caracteiisticas profis
sionais. Assim, o M inistro do Trabalho Marcondes Pilho, em agosto
de 1942, encam inhou ao Presidente da República exposição de
m otivos da qual decorreu o Decreto-lei n.® 4.563 de 11 de agosto
de 1942, que autorizou a OAB a in stitu ir Caixa de Assistência aos
Advogados, por deliberação de qualquer de suas seções, com dire
toria e conselho fiscal eleita pelos Conselhos respectivos, iniciativa
que não foi levada avante.
Mais tarde, em 1949 a Comissão composta de Letacio Jansen,
Francisco Sales Malheiros, Haryberto Miranda Jordão, Julio Melo,
Fernandes Couto, Alfredo Baltazar da Silveira, Oswaldo Murgel de
Rezende, Luiz Henrique Alves e Fernando Bastos de Oliveira, apre
sentou como resultado dos trabalhos empreendidos por deliberação
do Instituto dos Advogados em 1949, novo anteprojeto para criação
do Instituto de Aposentadoria e Pensão dos Advogados, fruto da
adaptação do antigo projeto Ary Coelho Barbosa ao regulam ento
criado pelo Decreto n.® 288 de 23 de feverdro de 1968.
Em 11 de junho de 1953, o jurista e advogado Lucio B itten
court apresentou à Câmara o projeto, criando a previdência dos
advogados com a aposentadoria feita pelo Tesouro Nacional, e
criando como receita um selo judiciário. Declarava ele na justifi
cação que:
126
“A m agistratura vive de todas as garantias e de
todos os privilégios. O Ministério Público está em situa
ção m agnífica, inteiram ente coberta contra as incertezas
do futuro. Os serventuários da Justiça, m esm o os que
não percebem vencim entos dos cofres públicos, têm a
sua aposentadoria garantida desde o Decreto-lei n.° 2.035
de 27 de fevereiro de 1940. Em toda m áquina judiciária
portanto, som ente o advogado, vivendo sem salário fixo,
gasto pelas emoções quotidianas, não conta com o menor
amparo por parte do Estado. O presente projeto visa pôr
termo a tal situação, garantindo aos advogados, tal como
a juizes, membros do Ministério Público e serventuários
da Justiça, um a aposentadoria por conta dos cofres
federais.”
127
Advogados. A m atéria foi am plam ente debatida, definindo-se a
classe por larga maioria através da aprovação do pm jeto Lucio
Bittencourt, com as em endas aprovadas apresentadas pelo Depu
tado Aliomar Baleeiro.
Em 1959 o Projeto Lucio Bittencourt era distribuído na Co
m issão de Legislação e Justiça Social, tendo como relator o Depu
tado Aarão Steinbruch. Em contato com elem entos da classe o
Deputado Aarão Steinbruch apresentou o substitutivo, calcado no
anteprojeto D unshee de Abranches.
Na s ^ ã o extraordinária do Conselho de 27 de novembro de
1959 0 Conselheiro Aragão Bozano estudou a m atéria constituída
do Processo n.° 541, de 1956, apresentando exaustivo parecer pelo
qual conclui que o Conselho deveria adotar o projeto Lucio Bitten
court com as em endas Aliomar Baleeiro; “confirmando ponto-de-
vista m anifestado à Comissão Especial que integrei e da qual me
despedi precisamente por não concordar com o anteprojeto Dun
sh ee de Abranches, me proponho de acordo com a m anifestação da
primeira Conferência da Ordem dos Advogados do Brasil”.
Em 26 de agosto de 1960 é editada a Lei Orgânica da Previ
dência Social (Lei n.® 3.807) fixando os conceitos de trabalhador
autônomo, definido este como “quem exerce habitualm ente por
conta própria atividade profissional remunerada”, abrangendo
assim as funções liberais e com estas os advogados. E no seu Artigo
5.0 declarou obrigatoriamente segurados, entre outros, “os traba-
Ihaaores avulsos e os autônom os”.
O regulam ento baixado em tempo recorde (Decreto n.°
48.959-A de 19 de setembro de 1960) dispôs no Art. 371 sobre
classificação das atividades econômicas a serem distribuídas pelos
diversos institutos, que seria a constante do quadro de classifica
ção das atividades vinculadas à Previdência Social e indicando no
elenco do Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários
profissionais liberais e também “trabalhadores autônom os de ativi
dades não compreendidas no regime de outros institutos”.
Dúvidas passaram a surgir sobre enquadramento dos advoga
dos no Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerdários. O
Conselho Seccional do Rio Grande do Sul, em 4 de agosto de 1961,
dirigiu consulta ao Conselho a respeito dessa vinculação obriga
tória e o relator. Conselheiro Dunshee de Abranches, considerava
que seria necessário conhecer decisão da adm inistração central a
fim de que se fizesse um pronunciam ento definitivo. Tomava-se
conhecim ento pouco depois de que a Delegacia do lAPC no Estado
da Guanabara assinara term o de acordo em 22 de fevereiro de
1962 com o Sindicato dos Advogados deste Estado, para regular a
contribuição obrigatória dos advogados da Seção, quando a m atéria
deveria ser tratada nos termos do Art. 241 do Regulam ento Geral
em âm bito n acion al
128
D iscutindo a m atéria, preferiu o Conselho Federal aguardar a
sanção do projeto de lei em andam ento na Câmara dos Deputados»
mas já não m ais o substitutivo Aarão Steinbruch, e sim novo subs
titutivo do Senador Venancio Igrejas, calcado, por intervenção do
órgão de classe de São Paulo, das linhas m estras da lei paulista
5.174, de 7 de janeiro de 1959, regulam entada pelo decreto estadual
n.° 34.641, de 30 de janeiro de 1959.
Um mês depais do substitutivo Venancio Igrejas, era promul
gada a Lei n.° 4.103-A de 21 de julho de 1962, com a seguinte
em enta: “Dispõe sobre a Caixa de Assistência aos Advogados”. A
despeito do prazo de 60 (sessenta) dias assinalado no Art. 28, a
lei foi regulam entada decorrido m ais de um ano.
Em 4 de setem bro de 1962 o Presidente do IPASE baixava
um a portaria, constituindo o grupo de trabalho encarregado de
elaborar o anteprojeto de regulam ento e solicitou à Ordem a indi
cação de representantes da classe, tendo como Presidente Povina
Cavalcanti, indicado para integrá-lo a advogada Maria R ita Soares
de Andrade. O grupo de trabalho ficou assim composto: Paulo
Simões Machado, Técnico de Seguro Social — Presidente; Samuel
Nachpiz, Atuário — Relator; Maria Rita Soares de Andrade,
representante da OAB; Carlos Alberto Bocayuva, Procurador do
IPASE, Sonia Goldstein, Técnica em Orçamento e Hedbertc Pinela
da Silva, Estatístico e Técnico de Pessoal.
Em 16 de outubro de 1962 a Conselheira Maria Rita Soares
de Andrade deu ciência ao Conselho Federal de que o anteprojeto
de regulam ento se encontrava pronto, apresentando cópia do mes
mo para exam e daquele órgão supremo. E em sessão de 16 de
novembro de 1962 fazem longa exposição do projeto à qual apresen
taram em enda os Conselheiros Aragão Bozano e Gaston do Rego,
ambas aprovadas pelo plenário.
Em 9 de novembro de 1962 o Deputado Anisio Rocha apresen
tou o Projeto n.° 416 em endando o Art. 7.° da Alínea a da Lei n.°
4.103-A, de 21 de jiuJho de 1962, que pa^ou a ter a seguinte reda
ção: “a) uma parte fixa equivalente a cinco vezes o salário m ínim o
regional vigente ao tempo da concessão”. A argum entação do
Deputado Anisio Rocha era a de que a Lei n.° 4.103-A tinha repre
sentado uma decepção e que era portanto necessário mudar a
referida lei.
Examinando a m atéria nesse m om ento considerava Nehemias
Gueiros, em sín tese sobre a matéria, que a divergência de trata
m ento da Lei n.° 4.103-A e da Lei Orgânica da Previdência Social,
recomendava que a Ordem dos Advogados insistisse pela aplicação
unicam ente da Lei Orgânica da Previdência Social e de seu regula
m ento geral, e que a Ordem dos Advogados do Brasil fiaesse valer
até através do Poder Judiciário a sua autoridade e a sua compe
tência exclusiva de âm bito nacional, quase por todos os profissio
nais obrigatoriam ente inscritos no seu quadro, para fixação do
salário base, que se considerava parâmetro de todas as contribui
ções do Instituto.^®
O ano de 1963 marcaria o térm ino de um a etapa na vida da
Ordem. Os acontecim entos políticos que desembocariam no movi
m ento de 31 de março de 1964, com o início de um a nova noite de
arbítrio e violência, trariam a Ordem para uma posição de pri
meiro plano no cenário nacional, lutan&), ainda e um a vez m ais,
com noaior denodo pelo restabelecim ento do Estado de Direito e
pelos direitos e garantias individuais.
130
C a p ítu lo V
131
do por delegação dos Conselhos de cada Estado e Territó
rio, e entidade do serviço público federal, que tem por
expressa atribuição legal “defender a ordem jurídica e
a Constituição da República, pugnar pela boa aplicação
das leis e pela rápida adm inistração da Justiça no país",
RESOLVE, em reunião extraordinária e diante da notó
ria e grave crise por que passa, no momento, a ordem
jurídica no país: 1.°) Reconhecer e proclamar a neces
sidade de preservar e garantir o livre funcionam ento dos
poderes constituídos da República, na órbita federal e
em cada unidade da Federação, o resguardo do princípio
da autoridade e de todos o s direitos, com o im ediato
objetivo de resguardar a tranqüilidade pública, pertur
bada por movim ento de agitação, am eaças e atos contrá
rios à Constituição e às leis; 2.°) Apelar para os poderes
constituídos, no sentido de, serenam ente, cumprirem e
fazerem cumprir a Constituição e as leis; 3.°) O Conse
lho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil não é
insensível às reivindicações justas e legítim as, mas sem
pre que afastem m eios de propaganda de soluções extra-
constitucionais. O regim e democrático estabelecido pela
Constituição Federal permite a realização de todas as
aspirações, dentro da lei e do respeito à ordem jurídica;
4.®) Comunicar esta Resolução ao Presidente da Repú
blica, à Câmara dos Deputáios,^ ao Senado Federal, às
Assembléias Estaduais, ao Supremo Tribunal Federal, ao
Tribunal Federal de Recursos e aos demais Tribunais do
país, bem como aos Conselhos Seccionais da Ordem.”
133
“Neste Conselho, durante onze anos deu exem plo de
assiduidade, eficiência no trabalho e dedicação. Não tran
sitou processo de repercussão nacional sem receber a
cooperação do seu espírito público. Na defesa dos prin
cípios éticos, fundam entais, sua inflexibilidade não teve
lim ites. Os dois processos de m aior interesse da classe
— E statuto da Ordem e Previdência Social — ficaram
marcados pelo cunho de sua forte personalidade.”
134
ininterrupta, tenaz, obsessiva preocupação de bem ser
vir ao Conselho Federal, como delegado da Ordem dos
Advogados do Brasil.”
£36
Em outubro de 1966 m anifestou-se o Oonselho sobre o substi
tutivo apresentado pela Comissão Especial designada pela Câmara
dos Deputados, relativo à Emenda Constitucional n.° 26 de 1961,
atinente à reestruturação do capítulo do Poder Judiciário da Cons
tituição Brasileira. Fod relator da m atéria o Conselheiro Miguel
Seabra Fagundes, que exam inou as principais m atérias atinentes,
quais sejam a unificação do Poder Judiciário, que passava a ser
federal, su p rim in d o ^ as justiças estaduais; a alteração da com
posição áas atribuições do Supremo Tribunal Federal; a adoção do
prejulgado nessa Suprema Corte; a criação de um Oonselho Supe
rior e Conselhos Locais de M agistratura, e a elevação para três dos
tribunais de recursos.^
Na sessão de 19 de junho de 1967 o Presidente do Instituto
dos Advogados Brasileiros convida o Presidente do Conselho Fe
deral para encontro inform al com o Marechal Costa e Silva, para
que este exponha os seus planos de governo. No dia 29 de julho,
0 Conselheiro Sobral Pinto apresenta declaração, explicando por
que aceitara o convite.
Na sessão de 13 de dezembro de 1966 é nom eada Oomissão
para estudar o anteprojeto da Constituição e acompanhar a sua
votação, com posta dos Conselheiros Samuel Duarte, Mario Guima
rães e Carlos da Rocha Guimarães. Na sessão de 22 de abril são
apresentadas sugestões ao projeto de Constituição, embora o Con
selheiro Letacio Jansen m anifeste a convicção da inutilidade do
trabalho.
Na sessão de 31 de março de 1967 são realizadas eleições para
o Conselho, sendo eleitos Presidente Samuel Duarte com 22 votos
contra 1 voto a Ivo de Aquino e 2 em branco; Secretário-Geral
Agenor Teixeira M agalhães com 23 votos, com 2 votos em branco;
Vice-Presidente Luiz Lyra com 22 votos, com 1 voto para Fran
cisco Gonçalves e 2 votos em branco e Subsecretário Raul de Sou
za Silveira com 23 votos e 2 votos em branco; e Tesoureiro Co-
rintho de Arruda Falcão com 23 votos e 2 votos em branco.
Ao transm itir o cargo, o Presidente Alberto Barreto de Melo
fez uma rápida síntese das principais atividades por ele empreen
didas n a Presidência do Conselho Federal, com grande ênfase na
complementação da nova disciplina profissional resultante do novo
137
Estatuto e trataria das novas tarefas dos advogados num a socie
dade em mudança, afirmando:
139
tem a o Ano Internacional dos Direitos Humanos, o que foi reali
zado em 24 de setembro em sessão conjunta com o Instituto dos
Advogados Brasileiros.
Na sessão de 22 de outubro de 1968 é dada ciência do parecer
do Consultor-Geral da República considerando a Ordem des
vinculada do Ministério do Trabalho, e também o veto presidencial
à lei regulando a contribuição dos advogados ao INPS, decidindo-se
lutar pela rejeição do veto. É também comunicado a instalação no
dia 24 de outubro do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa
Humana.
Na sessão de 26 de novembro de 1968 discute-se o recurso de
uma das chapas na Seção do Rio Grande do Norte, que provocara
0 adiam ento da eleição. O Conselho Federal decidiu ser tal provi
dência impossível e determ inou que se realizassem eleições no
prazo previsto.
A III Conferência Nacional de Advogadas realizou-se no Reci
fe, de 7 a 13 de dezembro de 1968; a solenidade de instalaíção teve
lugar na Faculdade de Direito do Recife, sob a Presidência do
Professor Gama e Silva, M inistro da Justiça, representando o Sr.
Presidente da República, do Governador do Estado de Pernambuco,
Dr. Nilo Coelho, do Presidente da Ordem dos Advogados do Brasil,
Dr. Samuel Duarte, presentes ainda nas doutorais o Deputado
Paulo Rangel Moreira, Presidente da Assembléia Legislativa de
Pernambuco, e os Presidentes do Tribunal de Justiça do Estado,
do Tribunal Regional Eleitoral, do Tribunal Regional do Trabalho,
Secretários de Estado, o Reitor da Universidade de Pernambuco,
Professor Murilo Guimarães, e o Presidente do Conselho Seccional
de Pernambuco, Dr, José Cavalcanti Neves.
O Presidente Sam uel Duarte abriu os trabalhos, apontando
como “a eficácia das instituições jurídicas, posta em confronto com
um a instrum entação emperrada e onerosa”, era um dos tem as
principais a que se consagraria a conferência, destacando-se ainda
o problema da aceleração do processo tecnológico, obrigando à
a(6ptação do direito. Discursou dando as boas-vindas aos congres
sistas o Presidente do Conselho Seccional de Pernambuco, Dr. José
Cavalcanti Neves, que destacou a im portância da conferência, de
clarando:
140
Usou ainda da palavra em. nome dos convidados o Presidente
do Conselho Seccional do Estado da Guanabara, Luiz Men
des de Morais Neto, e o Governador do Estado de Pernambuco,
Dr. Nilo Coelho. Encerrando a sessão, falou o M n istro Gama e
Silva, declarando que, como professor e como jurista, tinha grande
satisfação de encontrar-se na velha e tradicional Faculdade de
Direito do Recife, e em representar o Presidente da República na
abertura da IH Conferência Nacional da Ordem dos Advogados,
por cujo bom êxito form ulava o s m elhores votos e cujos resultados
práticos teriam m aior im portância e atualidade no esforço que
vem fazendo para adaptar a legislação e o direito positivo nacional
aos dados da nova realidade brasileira.
Foram os seguintes os tem as da conferência:
141
t e m a III — PROJEÇÕES DA CONSTITUIÇÃO DE 1967 SOBRE
O EXERCÍCIO DA ADVOCACIA
143
Advogados Brasileiros, apresentando os agradecimentos pela hospi
talidade recebida e as despedidas dos que retornavam aos Estados.
Em rápidas palavras, o advogado Jordão Emerenciano falou em
nome do Conselho Seccional de Pernambuco, e agradeceu aos par
ticipantes o privilégio deles recebido, ressaltou a contribuição do
advogado brasileiro e terminou com uma palavra de agradecimento
aos que tinham trazido a Pernambuco a sua experiência e a contri
buição da sua cultura jurídica.
O Ministro Djaci Falcão encerrou a Conferência congratulan
do-se com os resultados da mesma e terminou fazendo votos de
que fossem bem aproveitadas as idéias e proposições da Confe
rência.^
Na sessão de 18 de março de 1969 o Conselheiro Luiz Lyra
solicita que o Secretário desm inta acusações maldosas sobre sua
candidatura à Presidência, e o Conselheiro Sobral Pinto agradece
o apoio do Conselho quando da sua prisão em Goiânia.
Na sessão de 1.° de abril de 1969 a Seção do Paraná comunica
que cassou da delegação os Conselheiras Alcy Demillecamps e Car
los Alberto Lacombe, ao mesmo tempo que se tom a conhecimento
dos ofícios dos Conselheiros Carlos Alberto Lacombe e Alcy Demil
lecamps, defendendo o direito de, como delegados, votarem livre
mente. Enquanto os demissionários m anifestaram seu propósito de
votar em Luiz Lyra, o Conselho Seccional im punha o voto em
Laudo de Camargo. O Conselheiro Sobral Pinto também apresenta
a sua carta de renúncia. Realizam-se eleições para o Conselho
Federal, sendo eleito Presidente Laudo de Almeida Camargo com
19 votos, Luiz Lyra com 2 votos, 1 voto em branco, 1 voto nulo,
e para Vice-Presidente Joaquim Gomes Norões e Souza, com 14
votos, Ivo de Aquino 1 voto, Carlos Alberto Lacombe, 1 voto, 1 voto
em branco, e 1 voto nulo; para Secretário A]fio Ponzi com 19
votos, Agenor Magalhães 2 votos. Alei Amorim da Cruz 2 votos;
para Subsecretário Raul Souza Silveira com 22 votos com 1 voto
nulo, e para Tesoureiro Danilo Marcondes de Souza com 19 votos,
contra 2 votos para João Aaeredo Boiitos, 1 voto para Joaquim
Gomes de Almeida e 1 voto nulo.^
3 Os trabalhos da Conferência estão publicados nos Anais da III Con
ferência Nacional dos Advogados. Ordem dos Advogados de P ernam
buco, 1970, 704 p.
A sessão de encerram ento da Conferência coincidiu com o dia de
edição do Ato Institucional n.° 5. Há vários depoimentos a respeito
do interesse com que foi acom panhada a votação n a C âm ara d a
licença para que fosse processado o deputado Mareio M oreira Alves,
0 entusiasm o com que foi recebida a decisão daquela Casa do Con
gresso e, ao final da conferência, o desalento com que se tomou
conhecimento da edição do Al-5.
* A eleição de Laudo Camargo inicia um processo de m aior presença
dos Conselhos Seccionais nas eleições para a presidência do Conselho
Federal.
Comentando o assunto diria em 1980 Paulo Américo Maia, P re
sidente do Conselho Seccional da P araíb a; “Nesse período (até 1963)
144
Na sessão de 8 de abril de 1969 é nomeada Oomi&são para
rever o Regimento, composta dos Conselheiros Ivo de Aquino,
Oscar Diaa Corrêa e Seabra Fagundes.
Discute-se na sessão de 24 de junho de 1969 as dificuldades
para o exercício da advocacia em Rondônia, sendo a Seção colo
cada sob a jurisdição da Seção do Amazonas. Também na mesma
sessão discute-se o relatório do Conselheiro Povina Cavalcanti,
sobre a situação das punidos pelo AI-5, face aos prazos do Art. 86
do Estatuto e conclui-se não ser necessário cumpri-los.
Na sessão de 29 de julho de 1969 a Ordem hom enageia õ
Professor Marcelo Caetano, de Portugal; na sessão de 23 de se
tembro de 1969, a Ordem recebe as agradecimentos do Einbaixador
Charles Burke Mbrick, dos Estados Unidos, pela solidariedade
recebida por ter sido seqüestrado por grupos de oposição armada
ao regime.
Na sessão de 30 de outubro de 1969 é aprovada a filiação da
Ordem à Union Intem acionale des Avocats e na sessão de 5 de
novembro de 1969, é comunicada a filiação da Ordem à Interam e-
rican Bar Association.
todavia, a Ordem dos Advogados ficou confinada praticam ente no
Rio de Janeiro. O Conselho Federal era então composto dos repre
sentantes dos Estados, com pouca ou quase n enhum a convivência
com os advogados de quem receberam o m andato e as eleições para
os dirigentes daquele colegiado, p ara as íunções dirigentes m áxim as
da classe — não tin h am a participação das bases, isto é, das seções
dos Estados, o que representava um distanciam ento contrário aos
interesses da profissão n as seções estaduais que se m anifestaram
pelos grandes problem as da profissão e sua solução, dependendo das
resoluções do Conselho Federal, im punha um a modificação da situação.
Em 1970, realizou-se nesta cidade (Recife) a II I Conferência
Nacional dos Advogados. Ocupava a presidência do Conselho Fe
deral, Sam uel Duarte, nosso representante e recentem ente falecido,
e a Presidência da Seção de Pernambuco, o advogado José Cavalcanti
Neves, grande líder da classe.
Nessa conferência, pela prim eira vez, por força da liderança de
José Neves, e com o apoio de Sam uel Duarte, as bases reagiram
co n tra a posição do ostracismo a que estavam relegadas. E surgiu,
com indicação d a m aioria dos conselhos Estaduais, a candidatura
Laudo Camargo, am plam ente vitoriosa nas eleições. A p a rtir daí, os
representantes dos Estados no Conselho Federal passaram a desem
p en h ar 0 seu verdadeiro papel, de m andatários e cumpridores das
resoluções do Conselho e das seccionais que os indicariam .
Os presidentes seccionais passaram a reunir-se periodicamente.
De todas essas iniciativas dos novos dirigentes da Ordem, esta foi
sem dúvida algum a a m ais proveitosa. Os problemas que afligem cada
seção são os m ais diversos e exigem um a solução comum. E a expe
riência tem dem onstrado que inúm eros problemas têm sido resolvidos
pois as sugestões do Colégio de Presidente, através dos respectivos
representantes no Conselho Federal, têm sido transform ados em re
soluções e acórdãos que resultam de entendim ento comum”. In
Jornal da OAB — Seção de Pernambuco, Recife, m aio de 1980 —
pp. 6 e 7.
145
Em 9 de novembro de 1969 graves episódios ocorrem em cir
cunstâncias vexatórias: a prisão dos advogados Heleno Fragoso,
Vice-Presidente da Seção da Guanabara, Augusto Sussekind de
Moraes Rego, representante do Paraná no Conselho Federal e Geor
ge Tavares, que tinham se destacado como defensores de presos po
líticas. O Presidente se dirigiu ao M inistro da Justiça, em expedien
te assinado também pelo Presidente do Conselho Seccional da OAB
Edmundo de Almeida Rego Filho, e Miguel Seabra Fagundes,
Presidente do Instituto dos Advogados Brasileiros, verberãndo os
requintes de arbitrariedade que cercaram as intervenções e per
m anência e exigindo apuração de responsabilidade dos culpados
para a ressalva da tranqüilidade geral e do próprio nom e do Brasil.
De 27 a 30 de novembro de 1969 realizou-se, em Belo Hori
zonte, a n i Reunião dos Presidentes dos Conselhos Seccionais da
Ordem dos Advogados do Brasil, com sede na Faculdade de Direito
da Universidade de Minas Gerais. Foram discutidos, em sucessivas
reuniões, o problema do salário profissional dos ad vog^ os, e o
escalonam ento, até 30 salários mínimos, para as contribuições dos
advogados como trabalhadores autônomos perante o INPS, contrá
ria ao do projeto em tram itação no Congresso Nacional. Foi reco
m endado ao Conselho Federal que envidasse esforços no sentido de
serem reexaminados os provimentos de números 26 e 36. Discutiu-
se ainda a matéria de alteração do Art. n.° 64 do Código de Processo
Civil, sendo aprovado substitutivo, sugerindo-se que os honorários
dos advogados, segundo o princípio da sucumbência, fossem fixados
em 20% sobre o valor da causa. Outra proposição do Secretário-
Oeral, aprovada por unanimidade, ressaltou a necessidade de ser
computado pelo Estado, como de serviço público, o tem po de advo
cacia a partir da inscrição n a Ordem, em favor dos funcionários
convocados para a m agistratura, ou nomeados para exercer funções
específicas de advogado que venham a impedir o livre exercício
da profissão.
A partir de 1970, este trabalho deixa o relato meramente crono
lógico, apontando os fatos m ais im portantes ocorridos nas sessões
do Conselho Federal, para se concentrar em sín tese dos aconteci
m entos m ais significativos ocorridos com a instituição, um a vez
<^ue, de outra forma, a notícia histórica tomaria proporções
extensas.
Em 3 de março de 1970, o Coni?elho Federal atendeu ao pedido
do Conselho Seccional do Paraná, e exam inou a Portaria 11-B
baixada pelo Ministro da Justiça, que tom ou obrigatória a censura
prévia da polícia federal na divulgação de livros e periódicos no
território nacional, de acordo com o que dispunha o Decreto-lei n.°
1.077 de 1977. Foi relator da m atéria o Conselheiro Ivan Paixão
França, que analisou as norm as contidas no Decreto-lei n.°
1.077/70 e na Portaria n.° 11-B, considerando-as inconstitucionais
por colidirem com o preceito inscrito no Art. n.° 153, § 8.° da Cons
146
tituição, e violando ainda o m andam ento contido no Art. n.° 19
da Declaração de Direitos da Pessoa Humana. E acrescentava:
147
e W ilson Barbosa Martins, Nelson Edson de Barros e João Pereira
da Silva em Mato Grosso.
Discute-se na sessão de 28 de abril de 1970 a ilegalidade da
Portaria n.® 3.626 de 18.2.1970, exigindo a cobrança do imposto
sindical dos advogados, m as que não podia prevalecer sobre a lei,
que dispensava desse recolhimento os advogados que tivessem pago
a contribuição à Ordem. O Presidente entra em entendim entos
com o Ministro do Trabalho e afinal ela é revogada pela Portaria
n.® 8.574 de 2 de setembro de 1976.
Na sessão de 3 de junho de 1970 o Conselho se pronuncia
contra o Ato Institucional n.° 14, que instituiu a pena de morte.
Na sessão de 28 de julho de 1970, o Presidente Laudo Camargo
dá a notícia de sua entrevista com o Presidente da República no
dia 3 de julho, na com panhia dos Drs. Antônio Carlos Osórip e
Prado Rossi, convidando-o para presidir a sessão solente da IV
Conferência.
A Ordem dos Advogados e a Ordre des Avocats de Paris, repre
sentadas respectivam ente pelos seus Presidentes Laudo de Almeida
Camargo e Jean Lemaire, assinam no dia 25 de agosto de 1970
convênio para intercâmbio técnico e científico entre advogados
franceses e brasileiros, inclusive estagiários de advocacia. Eram
objetivos do convênio: 1) instituir um a comissão permanente de
troca de informações, composta de advogados brasileiros e france
ses; 2) o estudo por essa comissão das soluições adotadas nos dois
países para solução dos problemas econômicos e sociais, bem como
a distribuição de informações e intercâmbio entre advogados e
estagiários dos dois países.
A IV Conferência Nacional da Ordem dos Advogados do Brasü
realizou-se em São Paulo de 26 a 30 de outubro de 1970, tendo
como tem a geral o Ordenamento Jurídico do Desenvolvimento Na
cional. Na sessão de abertura, realizada no salão nobre da Faculda
de de Direito, usou inicialm ente da palavra o Presidente do
Conselho Federal, Dr. Laudo de Almeida Camargo, que depois de
fazer considerações gerais sobre o papel do advogado e a expressão
da conferência, declarou:
148
Falaram em seguida o Presidente da Seção de São Paulo,
João B atista Prado Rossi, e pelas delegações visitantes o Presidente
da Seccional de Pernambuco, José Cavalcanti Neves. E encer
rando a sessão, o representante do Sr. Presidente da Repúbilica,
0 Ministro da Justiça, Alfredo Buzaid.
150
moiLstração de nossa capacidade criadora, afirmação de
propósitos, uma força inspirada nos m ais altos interesses
constitucionais."
151
essa filiação se efetive e ainda para que se concretize a sugestão
de ser realizada no nosso país, no próximo ano de 1970, a reunião
de Bureau daquela associação, podendo Sua Excelência, se e quan
do julgar conveniente, estudar essa filiação da OAB a outras
associações de adví^ados, como as referidas no relatório indicado
(International Bar Association, sediada em Nova York, e Federação
Interamericana de Advogados de W ashington)”.
Em maio de 1970 o Conselho Federal instituiu em caráter
definitivo a Medalha Rui Barbosa, que fora objeto de iniciativa
anterior por Nehem ias Gueiros em maio de 1957. Embora aprovada
então pelo plenário, foi reformulada em virtude do voto do Con
selheiro Carlos Boaano, levantando questão de ordem, e contestan
do a legitimidade da instituição da medalha, sob a alegação de ter
sido niSa a primitiva decisão do Conselho, em vista da violação
dos requisitos regim entais, quais sejam a de prestar hom enagem a
pessoas vivas e o fato de não constar do elenco de atribuições
especificadas do Estatuto então vigente a distribuição de prêmios.
Foi relator da matéria nessa ocasião o Conselheiro Ivan Paixão
França em virtud? de indicação do Conselheiro Carlos de Araujo
Lima. O parecer rebate as afirmações anteriormente feitas e consi
dera que o prêmio de ouro Rui Barbosa deveria ser reinstalado e
restabelecido.
A 1.° de abril de 1971, tomava posse como Presidente da Ordem
José Cavalcanti Neves, advogado do Estado de Pernambuco, e que
durante 17 anos e 10 m eses ocupara a Presidência do Conselho
Seccional. No seu discurso de posse, dizia o novo Presidente:
152
peso dos princípios e dos valores fundam entais que infor
mam o nosso existir.
Cabe-nos, de certo, pugnar pela defesa da classe,
aperfeiçoar a sua disciplina e seleção, aprimorar o seu
nível cultural e disp utai a garantia do livre exercício da
profissão. Mas nada disso teria sentido e razão, se, assim,
além, não fizéssem os tem a de nossa corporação o que é o
tem a dos nossos pleitos como advogados, isto é, o res
guardo dos direitos fundam entais do homem, as garan
tias da liberdade, da igualdade de justiça. Se não estive
rem asseguradas essas bases estruturais do estado de
direito, será vã a advocacia, será inócuo o órgão de classe
dos advogados.”
Ao ensejo de sua posse como Presidente da Ordem dos
Advogados José Cavalcanti Neves realizou em 2 de abril de 1971
uma reunião com os Presidentes das seções da Ordem então no
Rio de Janeiro. Além de outros assuntos versados na ocasião, os
Presidentes do Conselho Federal e dos Conselhos Seccionais deli
beraram fo&se enviada ao Presidente da República, o General
Emilio Garrastazu Médici, exposição do Conselho sobre as violên
cias praticadas contra os advogados no exercício da profissão, a
necessidade de restabelecim ento da garantia legal do haJjeas corpus
em sua plenitude, do funcionam ento do Conselho de Defesa dos
Direitos da Pessoa Humana e da revogação da pena de morte. Ao
ter conhecim ento dessas deliberações, o plenário do Conselho Fe
deral deu-lhe unânim e aprovação, decidindo outrossim aditar dois
outros tem as a serem submetidos à apreciação do Presidente da
República, quais sejam o restabelecim ento das garantias do Poder
Judiciário e a observação de norma que impõe a comunicação de
qualquer prisão ao Poder Judiciário.
Em junho de 1971 o Conselho Federal pronunciou-se sobre
indicação referente ao problema constitucional suscitado pelo Su
premo Tribunal Federal com a decisão que reconheceu ao Procura-
dor-Geral da República, em face ao disposto na Constituição,
da Lei n.° 4.337 de 1964, e no Regimento Interno do Supremo Tri
bunal Federal, am pla liberdade para decidir acerca do encam inha
mento da representação por constitucionalidade de lei ou ato
normativo federal ou estadual. O debate teve como relator para
acórdão o Conselheiro Raymundo Faoro, vencido o Conselheiro Caio
Mario da Silva Pereira, e pronunciando votos os Conselheiros Sea-
bra Fagundes, Arnoldo Wald, Ivo de Aquino e José Ribeiro de Castro
Filho. Para Caio Mario da Silva Pereira, era inconstitucional a
Lei n.o 4.337, pois facultava ao Procurador-Geral da República
arquivar a representação, impedindo que a questão constitucional
fosse apreciada pelo Supremo. Para o voto vencedor do Conselhei
ro Raymundo Faoro, tal poder era legítim o, devendo-se disoutir
somente se sob o aspecto da conveniência, seria de maior alcance
153
franquear a participação dos partidos políticos e a parcela m i
noritária do Còngresso. Para o Conselheiro Eduardo Seabra Fa
gundes, poder-se-ia através da lei ordinária restringir os poderes
do Procurador-Geral da República, votando o Conselheiro Ivo de
Aquino no mesmo sentido de Raymundo Faoro, enquanto o Con
selheiro José Olímpio de Castro Filho era no sentido da inteira
constitucionalidade da le i/
Em novembro de 1971 o Conselho Federal apreciou o processo
n.® 1.370/71, referente ao anteprojeto de Lei Orgânica das Profis
sões Liberais elaborada pela Assessoria Técnica do M inistério do
Trabalho e Previdência Social. O parecer do Conselheiro Raymun
do Faoro, unanim em ente aprovado, negou apoio à proposição, por
ferir a Constituição da República, o direito e a ordem jurídica, e
apontando as inúm eras incompatibilidades que um a suposta lei
uniforme poderia trazer para as profissões liberais, m uito especial
m ente para a profissão jurídica, sempre regida por estatuto espe
cial do qual não poderia abrir mão. Os Conselhdrc^ José OHimpio
de Castro Filho e Miguel Seabra Fagundes aditaram ainda outras
considerações no mesmo sentido.
A 5 de novembro de 1971 a Ordem concedia pela primeira vez
o Prêmio Medalha Rui Barbosa a Heraclito Fontoura Sobral Pinto.
A data era, ao mesmo tempo, do aniversário de Rui Barbosa, e do
agraciado; saudou-o em nom e do Conselho Federal e da classe dos
advogados o ex-Presidente Nehemias Gueiros, que, em brilhante
discurso, exaltou-lhe as qualidades. Citemos apenas alguns trechos:
154
a garantia da liberdade no sentido de que esta que devia
ser 0 epicentro da vida.”
155
estrutura desse colegiado. Esta correta posição política
não deve ser extrapolada a ponto de invadir o terreno
em que a OAB se encontra jungida ao princípio da lega
lidade. Não é possível aconselhar ou promover a desobe
diência à lei, m as sim cumprir um cargo que nela se
impõe, por ser irrecusável. O desempenho dessa atribui
ção, diga-se finalm ente, não destoa das altas responsa
bilidades morais da OAB, m as representa a continuidade
de presença e de perm anente lu ta em favor do aperfei
çoamento das instituições democráticas e das garantias
e direitos individuais.”
156
Diretoria do Conselho Federal da Ordem dos Advogados.
Sem afetar o âmbito das atividades específicas deste últi
mo, nem invadir a sua ordem de com petência, o encontro
de Presidentes das Seccionais constitui um poderoso
fator de integração da classe, sob o prisma nacional,
facultando ou estim ulando o relacionam ento entre diri
gentes no profícuo intercâmbio de suas idéias e expe
riências.”
E concluía:
“DECLARAÇÃO DE CURITIBA
O Presidente do Conselho Federal e os Presidentes
dos Conselhos Seccionais da Ordem dos Advogados do
Brasil, em sua 6.® Reunião, realizada em Curitiba, Esta
do do Paraná, considerando que aos advogados compete
a defesa da ordem jurídica e da Constituição da Repú
blica, entendem de seu dever reafirmar princípios e
reiterar posições, advogando a causa de maior importân
cia para o nosso país, que é a causa do primado do
Direito.
Não se verifica a condição primordial para o exercí
cio dos direitos individuais e o normal funcionam ento
das instituições democráticas, sem o restabelecim ento
das garantias do Poder Judiciário e da plenitude do
habeas corpus, sendo esta medida imprescindível à har
monia entre a segurança do Estado e os direitos do indi
157
víduo, na conformidade dos princípios superiores da
Justiça.
A repressão à crim inalidade — mesmo quando exer
cida contra os inim igos políticos — deve fazer-se sob o
império da lei, com respeito à integridade física e moral
dos presos e com observância das regras essenciais do
direito de defesa, notadam ente a comunicação da prisão
à autoridade judiciária com petente, o cumprimento dos
prazos legais de incomunicabilidade e sem qualquer res*
trição ao livre exercício da atividade profissional do
advogado.
Não há a m ínim a razão em que se tenha como ne
cessário o sacrifício dos princípios jurídicos no altar do
desenvolvimento, pois o legítim o progresso econômico c
social só se fará em consonância com os princípios do
Estado de Direito e o respeito aos direitos fundam entais
do homem. Se é verdade que para o desenvolvimento são
indispensáveis paz e segurança, não é menos verdade
que não existe tranqüilidade e paz quando não há liber
dade e justiça.
Toda a dinâmica da vida nacional e o funcionam en
to das instituições deve processar-se sob o crivo do res
peito à pessoa hum ana, e, tanto nas leis como na con
duta dos responsáveis, é imperativo que se tenham er^i
conta os princípios da Declaração Universal dos Direitos
do Homem, primado que os Estados Membros da Orga.
nizaçào das Nações Unidas, inclusive o Brasil, se com
prometeram a observar, reconhecendo que “a dignidade
inerente a todos os membros da fam ília hum ana e de
seus direitos, iguais e inalienáveis, é o fundam ento da
Liberdade, da Justiça e da Paz no Mundo”. ^
158
vares. A m atéria foi votada em reunião de 28 de setembro, na qual
ficou decidido por maioria que (a) seu Presidente é membro nato
da Comissão de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana por força
de disposição legal; (b) que nessa condição cabe-lhe julgar da
conveniência de comparecer às sessões daquele órgão e adotar a
conduta m ais compatível com o exercício de suas funções.
Em abril de 1973 a sucessão do Dr. José Cavalcanti Neves
apresentou-se renhida, pois o próprio Presidente pleiteava a reelei
ção, e José Ribeiro de Castro Filho, em oposição, à frente de
um grupo que se m anifestava contrário a essa reeleição. José
Ribeiro de Castro Filho foi vitorioso pela diferença de 1 voto,
sendo seus companheiros de diretoria Wilson do Egito Coelho,
como Vice-Presidente, Carlos Mauricio Martins Rodrigues, como
Subsecretário-Geral e Jurandir dos Santos Silva, como Tesoureiro.
Na Presidência Ribeiro de Castro, de 1973 a 1975, cumpre des
tacar entre as iniciativas tomadas a aprovação, na sessão de 10
de m aio de 1974, do Fundo de Assistência ao Advogado. Nos consi
derandos da resolução, declarou-se que nem todas as seções dispu
nham de recursos que possam conduzir à instituição de caixas de
assistência aos advogados, e considerando que a assistência conce
dida pelo Instituto Nacional de Previdência Social não atende às
necessidades que não raro se fazem presentes, autorizou a criação
de um Fundo de Assistência ao Advogado com a dotação inicial
de 300 m il cruzeiros, e que seria organizado por Comissão Es
pecial, com a criação do cargo de delegado nas seções onde ine-
xistisse a caixa de advogados, elevação da contribuição de 15 para
20%, participação nas custas da justiça federal, e contratação de
atuário para estudo das condições de implem entação da assistência
a que se referia a resolução. O regulam ento foi aprovado em sessão
de 24 de setembro de 1964 e em sessão de 6 de novembro seguinte,
foi eleita a diretoria composta de Presidente Manoel Martins dos
Reis, tesoureiro José Danir Siqueira do Nascimento, vogais Edgard
Queiroz do Vale, Rubens Ferraz e Ronaldo José da Costa Lima.
Em m atéria de relacionam ento do Conselho Federal com as
seções da Ordem, propôs e foi aprovado na sessão de 25 de março
de 1975 um programa especial de auxílio às seções carentes. Dizia
a proposta da Diretoria:
159
toria autorizada a conceder, até deliberação em sentido
contrário, um auxílio a seu critério em função dos re
cursos disponíveis desta Casa, até o máximo de 20
m il cruzeiros anuais em favor de todas as seções, cuja
arrecadação anual global não exceda a casa dos 50 m il
cruzeiros.”
Tentou também promover na gestão a organização do colégio
de presidentes, institucionalizando as reuniões periódicas de pre
sidentes das seções dos advogados. Para tal fim foi nomeada Co
missão Especial integrada dos Conselheiros Clovis Ramalhete,
Rubens Ferraz e Danilo Marcondes de Souza. A unanimidade da
Comissão concluiu pela necessidade de expedição de provimento
regular da matéria. O processo, pela decisão do plenário, foi reme
tido à Comissão Perm anente de Im plementação do Estatuto, tal
como exige o Art. 31, Inciso VII do Regimento Interno. Com pa
recer contrário da Comi&são Permanente de Implementação, a pro
posição foi derrotada em plenário, não tendo logrado aprovação.
Durante sua gestão, participou também o Presidente das reu
niões do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana,
embora ressalvando a sua posição pessoal de que a Ordem deveria
se abster. Durante o ano de 1974 o Conselho de Defesa não realizou
sessões, m as durante o ano de 1975, compareceu numerosas vezes,
denunciando a violência contra advogados no exercício da profis
são, como foi o caso do seqüestro do advogado José Carlos Brandão
Monteiro, do Estado do Paraná.
No período, nomeou Comissão para examinar a vigente legis
lação relativa aos ilícitos penais cometidos na circulação de
veículos, tendo presente o grave problema que constituem os
acidentes de trânsito em nosso país. Foram designados para inte
grar a Comissão os Conselheiros Ivo de Aquino, Presidente; Carlos
de Araujo Lima, Francisco de Assis Serrano Neves, Antonio Eva-
risto de Morais Filho, Heleno Claudio Fragoso, este últim o como
relator. O trabalho, acompanhado de anteprojeto de lei, onde se
definem as infrações penais relativas à circulação de veículos e se
dispôs sobre o efetivo processo e julgam ento, foi entregue ao Con
gresso Nacional pela própria Comissão.
A Ordem no período teve que enfrentar os problemas decor
rentes da implementação da Lei Complementar n.® 20, de 1.° de
julho de 1974, que determinou a fuisão dos Betados do Rio de
Janeiro e da Guanabara. Em conseqüência, deveria surgir uma
nova Seção da Ordem, e impunha-se ao Conselho adotar as provi
dências decorrentes ao surgim ento do novo Estado do Rio. Nessas
condições, foi baixada a Resolução n.° 17/75, de 10 de janeiro de
1975, que determinou que as seções da Ordem dos Advogados do
Brasil existentes nos então Estados da Guanabara e do Rio de
Janeiro passariam a constituir uma só seção, com jurisdição sobre
todo o território do novo Estado, ficando extintas por falta de
160
objeto, e pelo só evento da fusão, os m andatos de todos os conse
lheiros eleitos para o biêitiio 75/76 das seções da Ordem dos Advo
gados do Brasil nesses dois Estados. Ficou determinada a convo
cação de Assembléia Geral dos Advogados inscritos das duas atuais
seções a realizar-e no dia 13 de março de 1975 para eleição do
Oonselíio da Seção do futuro Estado do Rio de Janeiro que se
comporia de 24 membros. Determinava a Resolução que seria no
meada uma Comissão Especial constituída, sob critério paritário,
de oito dos conselheiras das seções dos atuais Estados do Rio de
Janeiro e da Guanabara para tomar as decisões necessárias a essa
organização. A Comissão ficou constituída dos conselheiros pelo
então Estado da Guanabara, Alvaro Leite Guimarães, Gelson Fon
seca, Virgilio Luiz Donnici e Ivan Paixão França, pelo então Esta
do do Rio de Janeiro os Conselheiros Waldemar Zweitzer, José
Darür Siqueira do Nascimento, Alei Guaiba Amorim da Cruz e
Helio Ermirio Figueira. Posteriormente, a Resolução n.° 19/75, de
9.2.1975, regulam entou as eleições para a composição do Conselho
do novo Estado que foi eleito e empossado no dia 17 de março e
o Conselho do novo Estado do Rio de Janeiro iniciou as suas
atividades sob a Presidência do Dr. Gelson Fonseca.
No dia 22 de abril de 1974 foram inauguradas as novas insta
lações do plenário do Conselho Federal da OAB que serviam
também ao Conselho Seccional da Guanabara, contendo ele um
auditório moderno, aparelham ento de som e de ar condicionado,
com capacidade de lotação para os integrantes do Conselho e para
o público. Duas efígies de m etal, em baixo-relevo, compõem o
painel da m esa diretora dos trabalhos, a de Tiradentes, a de Rui
Barbosa. Na solenidade de inauguração tomaram parte ã mesa dos
trabalhos, além do Presidente do Conselho Federal, o Presidente
do Conselho Seccional da Guanabara, do Tribunal de Justiça do
Estado, do Instituto dos Advogados Brasileiros, representantes do
Governo do Estado da Guanabara e outras autoridades.
Abriu os trabalhos o Presidente do Conselho Federal que deu
a palavra ao orador oficial da solenidade, Oscar Dias Corrêa, in
tegrante da Delegação de Minas Gerais no Conselho Federal da
OAB. Disse ele:
161
Durante a Presidência José Ribeiro de Castro Pilho, realizou*
se nos dias 22 a 25 de abril de 1974 um simpósio sobre o estágio
e Exame de Ordem; tratava-se de m atéria que h á m uito tempo
preocupava a instituição. Como já mencionado por ocasião da
organização do primeiro Estatuto da Ordem em 1930, a matéria
foi objeto de debates, e terminou empatada em sessão do Instituto
dos Advogados Brasileiros, sendo desempatada pelo Presidente Levi
Carneiro, alegando ser prematura ainda a instituição do estágio.
Já entretanto quando da discussão no selo do Conselho do ante
projeto de Estatuto da Ordem que se converteu na Lei n.® 4.215
encontrou guarida no texto do anteprojeto. Assim se refere a Co
missão elaboradora:
162
Como disposição de caráter transitório, determinava o Art. 151
que durante cinco anos, a partir da vigência da lei, iseriam faculta
tivos os requisitos de estágio profissional e o Exame de Ordem para
efeito de inscrição no quadro de advogados.
O Conselho Federal, no uso de suas atribuições legais, em 5
de agosto de 1975 nos Provimentos 18 e 19, ambos relatados por
Nehemias Gueiros, dispôs respectivam ente sobre o estágio profis
sional de advocacia e sobre o Exame de Ordem.
A m atéria consistia em autêntica novidade, e, evidentemente,
contrariava interesses comerciais, vindos de alguns escalões do
ensino superior, especialm ente dos cursos de mais fácil realização
como eram os cursos de Direito.
Em 1977, o Instituto dos Advogados Brasileiros realizou um
sem inário sobre o ensino jurídico onde novam ente a m atéria foi
examinada, tendo sido relator da indicação sobre o estágio e o
ensino da prática forense o próprio Nehemias Gueiros. Dizia ele
na ocasião:
“Não se deve encarar o estágio como panacéia desti
nada a curar todos os m ales do ensino jurídico no Brasil.
Esses m ales devem ser combatidos dentro dos próprios
cursos de graduação através de medidas propostas den
tro dos dois primeiros tem as (sustação da criação de
novas escolas; cassação das autorizações dadas a deter
minadas escolas; enriquecimento dos currículos; exten
são do período diário de trabalho escolar; modificação
dos métodos de ensino, etc.).”
163
lidades e especialm ente as de ordem ética”. E acrescentava que
“85 m atérias dos programas serão desenvolvidas através de aulas
práticas, assim como de visitas ou comparecimentos a cartórios,
audiências, secretarias, tribunais, além de pesquisa e jurisprudên
cia e participação nos processos sim ulados”.
Anteriormente, a Lei n.° 5.960 de 10 de dezembro de 1973 pror
rogara 0 prazo de adaptação à nova sistem ática previsto na Lei
n.° 4.215, dispensando os formandos até do exame de ordem e do
estágio.
Em 4 de outubro de 1967, pelos Provimentos 33 e 34, ambos
relatados por Nehem ias Queirós, foram revistas respectivamente
e consolidadas as normas sobre o estágio profissional dos advo
gados e sobre o Exame de Ordem.
O Conselho Federal em 24 de junho de 1973 pelo Provimento
n.° 40 dispôs sobre a interpretação e aplicação da Lei n.® 5.842
de 6 de dezembro de 1972, que criou o estágio de prática forense
e organização judiciária, desde que m antidas ou fiscalizadas pela
União, também relatado por Nehemias Gueiros.
O seminário, incluindo representantes de todas as Seccionais
no Brasil, foi um a passagem em revista do problema, tendo che
gado às seguintes conclusões:
164
galizada pela Leis n.° 5.960/73, a todos os bacharéis
graduados até o ano letivo de 1973, afastando ao mesmo
tempo, as divergências de interpretação em torno do
favor da primeira lei, que se refletiram até no Egrégio
Conselho Federal da Ordem, como comprovam os Provi
m entos n.°s 39, de 2 4 .4 .7 3 , 3 e 40 de 24.7.73.
4.® Como corolário da primeira conclusão no senti
do de plena vigência das normas estatutárias sobre o
Exame de Ordem e Estágio Profissional depois das Leis
n.®s 5.842/72 e 5.960/73, conservam, igualm ente, sua
eficácia normativa, nos respectivos âmbitos da validade,
a Resolução n.° 15, de 2 .3 .7 3 , do Egrégio Conselho Fe
deral de Educação e o Provimento n.° 40, de 2 4 .7.73, do
Egrégio Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Brasil, nos quais se contém exaustiva regulam entação
de todas as disposições legais pertinentes à matéria.
5.® Como está expresso no Parecer n.° 225/73 da
Comissão de Legislação e Normas do Egrégio Conselho
Federal de Educação, o estágio de Prática Forense e Or-
ganiaação Judiciária, previsto n a Lei n.° 5.842/72 — e,
por extensão, também na Lei n.° 5.960/73 — não excluiu
o Estágio Profissional em escritório de advocacia exis
tente desde m ais de cinco anos, em serviços de Assistên
cia Judiciária e em Departam entos Jurídicos oficiais ou
de empresas idôneas (Lei n.° 4.215/63, Art. 5 0 IV).
6.® Havendo a Resolução n.° 15/73 do Egrégio Con
selho Federal de Educação estabelecido a facultatividade
da m anutenção pelas Faculdades de Direito do estágio
de Prática Forense e Organização Judiciária, de que
tratam as Leis n.°s 5.842/72 e 5.960/73, podem as Seções
da Ordem, como reconheceu e proclamou o Provimento
n.° 40/73, continuar ministrando diretamente ou me
diante convênios com faculdades interessadas, cursos de
orientação do Estágio, a que alude o Art. 50, Inciso III
do Estatuto, os quais deverão obedecer às regras dos
Provimentos Especiais existentes, salvo suigestões que a
ilustre n i Subcomissão haja por bem oferecer a respeito.
7.® A conclusão anterior também se tom a impe
riosa em virtude de haver a citada Resolução n.° 15/ 73
do Egrégio Conselho Federal de Educação condicionado
a existência dos cursos escolares do estágio de Prática
Forense e Organização Judiciária ao reconhecimento
governam ental da faculdade, sendo certo que funcionam
no País numerosas escolas autorizadas, m as ainda não
reconhecidas pelo Governo, cujos alunos ficariam impos
sibilitados de inscrição superior no quadro de advoga
dos, em situação de desigualdade com os colegas das
Í65
escolas já reconhecidas, se não estagiassem em escritó
rios, freqüentassem cursos das Seções, ou nâo viessem a
prestar Exame de Ordem.
8.® Por outro lado, a letra e o espírito das Leis n °s
5.842/72 e 5.960/73 estão a evidenciar que não vieram
elas para revogar o jus singulare de nossa corporação
profissional, mas apenas para facilitar a que n ela in
gressem os bacharéis que não querem ou não podem
se submeter à moralidade disciplinar do Estágio Profis
sional e Exame de Ordem, tal como consagrada no nosso
Estatuto e nas suas disposições regulamentares.
9.® Embora sem atribuir aos trabalhos preparató
rios da lei valor exegético superior ao que lhe concede
a doutrina moderna, não é despiciendo referir que os
projetos e os substitutivos, dos quais resultou a Lei n.°
5.842/72 (tanto vale dizer, a Lei 5.960/73, que não
produziu modificação de m onta, senão no tem a de direi
to intem poral), evoluíram da idéia de extinguir total
m ente o Estágio Profissional e o Exame de Ordem, com
batida pelos que propugnaram pela sim ples m anutenção
do regime estatutário, para a fórmula transacional de
m anter o sistem a anterior, e, ao lado dele, estabelecer
um mecanismo substitutivo, que abrisse aos candidatos
menos aptos, preparados ou esforçados, as portas da
advocacia, sem subordinação ao maior e indispensável
rigor seletivo da Lei n.° 4.215/63.
10.® Sendo as Leis n.°s 5.842/72 e 5.960/73 m al
disfarçadas tentativas de afastar a ingerência da Ordem
na orientação e verificação do aprendizado profissional
desse arremedo de esta^ ário por elas criado, as Seções
só poderão inscrever nos seus quadros de Estagiários, de
modo a habilitá-los para a prática dos atos a que se
refere o Art. 4.° do Provimento n.® 25, de 2 4 .5.66, os
acadêmicos ou bacharéis em Direito que pretendam
realizar o Estágio Profissional, segundo as modalidades
da Lei n.«> 4.215/63.
11.® Os Estagiários escolares, que as leis específicas
excluem dos poderes de seleção e disciplina da OAB,
não podem conseguir inscrição na categoria dos Estagiá
rios da Lei n.® 4.215/63, nem dela carecem, para praticar
qualquer dos atos que a regulamentação do ensino lhes
exige, isto é, freqüência às aulas práticas e visitas ou
comparecimentos a cartórios, audiências, escritórios,
tribunais, além da pesquisa de jurisprudência e partici
pação em processos sim ulados (Res. 15/73 do Conselho
Federal de Educação, Art. 1.®, Incisos III e IV ).
166
II — Quanto aos tem as examinados pela Segunda
Subcomissão:
167
6.® O bacharel, ou-jo resultado do estágio haja sido
considerado insatisfatório pelo representante da Ordem
junto à Congregação ou Colegiado equivalente das facul
dades, em virtude do não atendim ento das exigências
formais, para inscrever-se no Quadro de Advogados, de
verá isubmeter-se a Exame de Ordem.
169
5. Os abusos do Poder Econômico e Garantias Individuais.
RELATOR: Miguel Reale
6. Direitos ao Bem-Estar Social.
RELATOR: Orlando Gomes
7. Problemas da Urbanização da Sociedade Brasileira.
RELATOR: Clovis Ramalhete
8. Direitos à M anifestação do Pensamento.
RELATOR: Haryberfco de Miranda Jordão
9. Proteção dos Direitos do Homem Diante da Organização Jur
diciária e da Administração Pública.
RELATOR: Jorge Fernando Loretti
10. Os Partidos Políticos e os Direitos de Participação Política do
Cidadão.
RELATOR: Josaphat Marinho
11. IMreito de Asilo.
RELATOR: Heraclito Fontoura Sobral Pinto
12. O Menor e os Direitos Humanos.
RELATORA: Esther de Figueiredo Ferraz
13. Liberdade de Asociação.
RELATOR: Paulo Brossard de Souza Pinto
14. Os Direitos do Homem Concernentes à Família.
RELATOR: Caio Mario da Silva Pereira
15. O Acesso à Cultura como Direito de Todos.
RELATOR: Pontes de Miranda
16. Limitações dos Direitos do Homem: Legitimidade e Alcance.
RELATOR: Gervasáo Leite
17. Direitos Humanos e a Tributação.
RELATOR: Otto de Andrade Gil
18 Direitos Humanos na Área Internacional.
RELATOR: Oscar Dias Corrêa
19. Da Inutilidade do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa
Humana.
RELATOR: Nelson Carneiro
20. O Direito do Trabalho como Expressão dos Direitos do Homem.
RELATOR: Albino Lima
21 As Multas Fiscais e os Direitos do Homem.
RELATOR: Teodoro Nascimento
22 . Direito à Vida, o Primeiro dos Direitos Humanos.
RELATOR: J. Motta Maia
23. Ombudsman, Instrum ento de Defesa dos Direitos Humanos
nas Democracias Modernas.
RELATOR: João de Oliveira Filho
24. Os Direitos do Homem e a Organização Sindical Brasileira.
RELATOR: Eugenio Roberto Haddock Lobo
25. A Defesa dos Direitos Humanos e a Independência da Ordem.
RELATOR: Justino Vasconcellos
172
se continha a introdução do Presidente do Conselho Federal, Ri
beiro de Castro; o memorial dirigido ao Presidente da República
e pareceres elaborados pelos juristas Pontes de Miranda, Darlo de
Almeida Magalhães, Adroaldo Mesquita da Costa, Orlando Gomes,
Paulo Alberto Pasqualini, Rui C im e lim a , J. E. Prado Kelly,
Caio Mario da Silva Pereira, M. Seabra Fagundes, Miguel Reale,
Alcino de Paula Salazar e Carlos Medeiros Silva; m anifesto dos
Conselhos Seccionais da OAB; protocolo firmado no Simpósio pelo
Instituto dos Advogados do Rio Grande do Sul, e finalm ente o
Manifesto de Bruxelas e o Relatório de Lausanne sobre a profissão
de advogado. Na reunião, falou inicialm ente o Presidente do Con
selho Federal, Ribeiro de Castro Filho, que definiu a significação
especial daquela iniciativa: uma tarefa de esclarecim ento ao poder
público e de conscientização das advogados, e em seguida Dario de
Almeida Magalhães que pronunciou importante discurso, do qual
transcrevemos o seguinte trecho:
173
res essenciais, para uma interferência na vida da nossa
Ordem — interferência im pertinente e insólita que nin
guém reclamou, nem cuja utilidade se explica. A nossa
Ordem desempenha a sua tarefa de maneira plenamente
satisfatória. E se os seus dirigentes incorrerem porven
tura em qualquer abuso ou desvio, aí estão os lesados e
seus patronos vigilantes para reclamarem e corrigirem,
levando o caso, se for necessário, à apreciação da Jus
tiça, pois só com a autoridade da Justiça todos se encon
tram e nós outros a aceitamos sem reservas.”
13 Ib id ., p. 43.
174
Defenderá como tem feito o restabelecimento do habeas
corpus na sua plenitude. Denunciará, destemida e grave,
todo o abuso e toda violência pelo respeito às prerroga
tivas individuais dos cidadãos e dos seres hum anos.”
175
na defesa da liberdade do advogado. Lembrava a autoria da carta
de Timandro enviada em 1944 ao Ministro da Guerra em prol das
liberdades públicas, m ais especialm ente, o notável trabalho feito
como Conselheiro da Ordem em relação à autonomia da institui
ção, bem como a defesa judiciai, plena de êxito, que empreendeu.
Ao agradecer, Dario de Almeida Magalhães traçou as considerações
sobre a personalidade de Sobral Pinto e em sua alocução traçou
um m agnífico perfil da profiSíSão de advogado, assinalando os
principais aspectos da vida do profissional e dos problemas que
tem a enfrentar.
Em sessão solene realizada no dia 1.° de abril de 1976 o Con
selho Federal homenageou a memória do Dr. Odilon de Andrade,
Presidente do Conselho Seccional e ex-Presidente do Conselho Fe
deral por ocasião do centenário de sua morte. Falou em nome da
instituição o Dr. José Ribeiro de Castro Filho traçando os princi
pais aspectos da vida daquele em inente advogado.
No período de 8 a 11 de agosto de 1976 realizou-se em Forta
leza, 0 I Congresso Norte-Nordeste dos Advogados, promovido pelo
Conselho Seccional da OAB do Ceará, como parte do programa de
comemorações do Ano XLV da Ordem dos Advogados do Brasil.
Falou na sessão de inauguração do primeiro conclave o Pro
fessor Caio Mario da Silva Pereira, que se referiu aos três aconte
cim entos marcantes na vida da Ordem do ano anterior; em novem
bro de 1975 comemorou-se o transcurso do Ano XLV da instituição
da entidade máxima dos advogados, o segundo acontecim ento foi
a inauguração no Salão de Paz de Haia do busto de Rui Barbosa
e finalm ente no período que se inicia a 11 de agosto de 1976, o
ano do sesqüicentenário dos Cursos Jurídicos. Declarava que:
176
Os juristas não poderão conformar-se com margina-
lização em que as circunstâncias do desenvolvimento
social coloca a classe dos advogados e sua corporação.”
177
coexistência e tolerância para edificação de um inundo
melhor.”
178
3. Advocacia, Igualdade e Desigualdade na Administração da
Justiça.
Heleno Claudio Fragoso
4. Advocacia e o Mercado de Trabalho.
Rubens Requião
5. Advocacia e Prerrogativas Constitucionais da Magistratura.
Orlando Gomes
6. Imunidades Profissionais e Defesa dos Direitos.
Serrano Neves
7. Advocacia e Previdência Social.
Celso Agrícola Barbi
8. Advocacia e Perspectiva de Reforma Constitucional.
Lourival Vilanova
9. Advocacia e Reforma Penal.
Raul Chaves
10. Advocacia, Ensino Jurídico e a Prática Profissional.
Ruy de Azevedo Sodré
11. Advocacia — o Direito de Recorrer à Justiça.
J. J. Calmon de Passos
12. Advocacia e Relacionamento com a M agistratura e o Minis
tério Público.
Justino Vasconcellos
13. A Seguridade do Advogado.
João Custódio Rodrigues
14. Distorções no Mercado de Trabalho e Seleção para o E ^ rcício
Profissional.
João Adelino de Almeida Prado Neto
15. Participação do Advogado no Processo de Reforma Insti
tucional.
Michel Temer e Nelson Schiesari
16. O Estado de Direito e as Garantias Constitucionais da Ma
gistratura.
Euripedes Carvalho Pim enta
17. O Advogado e a Formação Jurídica.
Ada Pellegrini Grinover
179
19. O Advogado Perante o Princípio da Igualdade.
José Afonso da Silva
20. Dignidade da Advocacia e o Poder Público.
Thomaz Pará Filho
21. Instrum entos Legais de Seleção Profissional do Advogado.
Ruy Homem de Melo Lacerda
II — Temas gerais:
180
Santo, Alagoas, Brasília, Pernambuco, Rondônia e Ceará, do se
guinte teor:
“DECIiARAÇAO DE SALVADOR”
181
pugnar pela boa aplicação das leis, pela rápida admi
nistração da Justiça e pelo aperfeiçoamento das institui
ções jurídicas;
4. Há inadiável necessidade do debate e do diálogo,
ouvidos os jurisdicionados e especialmente as diversas
classes diretam ente interessadas, particularmente os
advogados representados pela Ordem dos Advogados do
Brasil, sem o que a Reforma Judiciária não correspon
derá aos anseios da Nação;
5. Os elevados propósitos dos advogados de servi
rem ao País, com sua contribuição desinteressada, visan
do o restabelecimento integral das garantias individuais,
o desenvolvimento social e a realização do bem comum,
envolvem irrefragavelmente sua participação no proces
so da Reforma Judiciária.
182
patrono. Salvador, outubro de 1976, Ano 45 da OAB”. No ato pro
nunciou discurso Francisco Lacerda, Presidente do Conselho Sec
cional do Paraná.
No dia 23 o núcleo participante da Conferência, composto do
Presidente do Conselho Federal, do Presidente do Conselho Seccio
nal da Bahia e o Professor Haroldo Valladão, além do grupo de
estudantes da Universidade Federal da Bahia, foi à cidade de
Cachoeira. No recinto do foro da cidade que foi a casa em que
nasceu Augusto Teixeira de Freitas, um dos consolidadores do
direito privado brasileiro, inaugurou-se um a placa de bronze com
as palavras do jurista argentino Guilherme Alende. Discursaram
no ato o Juiz de Direito da Comarca, José Joaquim de Carvalho
Filho, o Prefeito Edson Rubens Ivo de Santana, e o Professor
Haroldo Valladão, que destacou aspectos da vida e da obra de
Teixeira de Freitas.
Em 1976 a Ordem veio a se pronunciar sobre o projeto da Re
forma do Poder Judiciário encam inhado ao Congresso pelo Exe
cutivo. Os trabalhos realizados no âmbito desse Poder foram
inteiram ente sonegados ao conhecim ento da classe, motivo pelo
qual a Comissão Especial, indicada pelo Presidente Caio Mario
da Silva Pereira pela Resolução de n.° 501, constituída dos Con
selheiros J. B. Viana de Morais e José Eduardo Santos Neves, se
pronunciou com veemência sobre a matéria:
183
Enviado o projeto para o Congresso no dia 16 de novembro de
1976, o prazo de apresentação de em endas vencia-se em 1 ° de
dezembro, prazo extrem am ente exíguo para o exam e detalhado do
projeto. Por isso, as sugestões da Ordem dos Advogados feitas com
celeridade, não puderam furtar-se dos ônus dessa pressa. Entre
tanto, representaram contribuições muito válidas que infelizm ente
não foram levadas em consideração pelo Congresso Nacional.
As propostas consubstanciadas entre novas sugestões podem
ser assim resumidas:
184
fessor Vandick Londres da Nobrega, Diretor do Ct>légio Pedro II e
professor da Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Ja
neiro, do Conselheiro Spinola de Andrade, Presidente e represen
tante do Tribunal de Contas da Bahia, e Dr. Henrique Sergio
Gregori, Presidente da Xerox do Brasil, a quem coube a responsa
bilidade de todas as providências executivas, tais como a confecção
do busto, sua remessa para Haia, e D. Maria Stela Rui Barbosa
Batista Pereira, neta de Rui Barbosa. Na cerimônia, o Presidente
da OAB pronunciou discurso salientando a atuação de Rui Barbo
sa como advogado defensor dos direitos da pessoa hum ana e como
Embaixador Extraordinário e Plenipotenciário do Brasil na II
Conferência Internacional de Haia (1907), ocasião em que susten
tou o princípio da igualdade jurídica das nações.
Compareceram à solenidade todo o corpo diplomático latino-
americano convidado, o Elnbaixador do Brasil e membros da Em
baixada, o bâtonnier da Ordem dos Advogados da Holanda, nume
rosos advogados e professores, além do Juiz Manfred Lachts, ex-
Presidente da Corte Internacional de Justiça, na qualidade de
representante da mesma e o Embaixador Van Roijen, Presidente
do “Board of Directors da Carnegie Foundation” a que está subor
dinado o Palácio da Paz.
Nos dias 14 e 15 de março de 1977 realizou-se na cidade do
Rio de Janeiro m ais um a reunião dos Presidentes dos Conselhos
Seccionais da Ordem dos Advogados. O tem ário constou do exame
dos seguintes temas: estágio e recíproco conhecim ento dos presi
dentes das seccionais. Em relação ao problema do estágio do Exame
da Ordem, discutiu-se a reforma sofrida nos currículos das facul
dades de Direito que deixaram quase todos de se reger pelo
sistem a seriado, passando para o sistem a de créditos. O Conselho
Federal, por unanimidade, aprovou voto do Conselheiro Oscar Dias
Corrêa, do seguinte teor:
185
pontos de divergência como vem ocorrendo no momento. Após
amplo estudo da matéria, o Sr. Presidente declara que o que se
pretende é traçar normas m ínim as, entendendo que pelas m anifes
tações do plenário havia acordo com a sugestão.
Em 1.0 de abril de 1977, realiziou-se eleição para a Diretoria
do Conselho Federal no biênio 1977/1979. Duas chapas se apresen
taram, uma encabeçada por Raymundo Faoro e outra por Josaphat
Marinho. No primeiro escrutínio, ocorreu empate, sendo afinal no
segundo escrutínio eleita a chapa de Raymundo Faoro, com uma
diferença de dois votos, composta ainda de Vice-Presidente, Joa
quim Gomes Norões e Souza, Secretário-Geral, Manoel Martins dos
Reis, Subsecretário-Geral Raul de Souza Silveira, Tesoureiro, Fer
nando José Basadona de Almeida. Nesse mesmo dia, em sessão
solene, foi a nova diretoria investida do exercício do seu mandato,
pronunciando discursas Caio Mario da Silva Pereira e o novo Pre
sidente Raymundo Faoro. Dando conta das principais atividades
do seu mandato e da situação brasileira, Caio Mario da Silva Pe
reira assinalava a imparcialidade com que presidiu aquelas eleições
tão renhidas, reconhecida am plam ente aliás pelos dois candidatos,
e saudou o novo Presidente, declarando:
E acrescentaria:
186
teria por que sobreviver. No seu ponto de honra, junto ao
fam into de justiça e arbitrariamente ofendido, sua iden
tidade não se qualifica no patrocínio de interesses pes
soais. O advogado quando atua não o faz em nome
próprio, para seu proveito e prestígio: ele está a serviço
da ordem jurídica. A causa não é dele.”
E m ais adiante:
187
para incluir as reivindicações dos advogados nas propostas libera-
lizantes do governo. 20
A discussão jurídico-política da OAB incluía 0 problema da
anistia ampla e irrestrita (já em inícios de 1978 Raymundo Faoro
se opõe às propostas de revisão dos processos) e a revogação da
Lei de Segurança Nacional (a exigência do habeas corpus impfli-
caria, necessariamente, em ampla revisão da L8N ). 21 Quanto ao
debate político nacional, o Presidente da OAB se m anifesta desde
0 início de sua gestão favorável à convocação de um a Assembléia
Nacional Constituinte, precedida da abolição do AI-5.
Do ponto-de-vista dos direitos hum anos,^2 ^ atuação da Ordem,
na gestão de Raymundo Faoro destacou-se na denúncia de maus-
20 Escrevendo sobre a missão Portela, diria Raym undo Faoro que “em
term os políticos, como articulação e como processo, esse resultado que
m arca a agonia do arbítrio, foi obtido pela “Missão P ortela”, nome
que se convencionou d a r ao diálogo do Presidente do Congresso com
alguns setores d a sociedade civil, entre setem bro de 77 e meados de
78, particularm ente com a OAB, a ABI e CNBB — advogados, jo rn a
listas e bispos, síntese, n a verdade, m utilada do povo brasileiro. A
fisionomia m ais duram ente au to ritária d a Revolução recebeu, nesse
momento, 0 prim eiro golpe do Ato Institucional n.° 5. Usto É, Depoi
m ento 2-4-1980).
Nesse depoimento Raym undo Faoro descreve seus encontros com
0 Senador Petrônio Portela e a troca de ofícios com ele realizada.
No prim eiro encontro realizado em 3 de outubro de 1977 foi expedida
a seguinte n o ta;
“M antiveram encontro, n a tarde de hoje, 0 Senador Petrônio
Portela, presidente do Congresso Nacional, e o Sr. Raymundo
Faoro, presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, por
iniciativa do prim eiro, acerca dos problem as institucionais do
País. O Senador Petrônio P ortela expôs as idéias gerais para
0 aperfeiçoam ento das instituições.
O Sr. Raym undo Faoro m anifestou sua confiança nesse
elevado objetivo, fixando os princípios d a OAB, definidos antes
de sua gestão n a presidência da entidade, que visam à ple
nitude do Estado de Direito. Ficou acertado que haverá, no
futuro, troca de impressões, idéias e sugestões, p a ra a obra
comum de interesse do povo brasileiro.
Rio de Janeiro, 3 de outubro de 1977”.
21 Ao se divulgar em outubro de 1968 o novo projeto da Lei de Segurança
Nacional sobre ele se m anifestou o Presidente Raymundo Faoro, mos
trando alguns dos seus pontos positivos, m as afirm ando que o projeto
não aproveitava as sugestões oferecidas pela Ordem (mesmo porque
visavam fundam entalm ente o próprio conceito de segurança n ac io n al).
22 Por ocasião da visita do Presidente Jim my C arter ao Brasil quis ele
reunir-se em 31 de m arço de 1968 no Rio de Janeiro com um grupo
de pessoas representativas da sociedade civil brasileira, sendo esco
lhidas seis figuras, entre elas o Presidente Raymundo Faoro. A con
versa em grande p arte concentrou-se no tem a dos direitos hum anos,
tendo o Presidente Raymundo Faoro m anifestado a m elhoria havida
ultim am ente no B rasil n a m atéria, m uito embora ainda persistissem
as m edidas excepcionais pelas quais qualquer cidadão estava à mercê
d a autoridade pública.
IRR
tratos aos presos políticos, devidam ente documentados através de
declarações de advogados; pela denúncia do caráter elitista no
acesso à Justiça, apontando a violência e o arbítrio da polícia
contra presos comuns ou apenas suspeitos, quando pertencentes
às camadas m ais desfavorecidas da população, e defendendo as
prerrogativas do Judiciário, inclusive na fase de instrução dos
inquéritos. O acompanham ento dos fatos pertinentes ao seqüestro
do casal de uruguaios, Universindo Dias e Lilian Celiberti em Porto
Alegre, foi feito pessoalm ente por Raymundo Faoro, em gestão
junto aos governos estaduais e federal, assim como ao Ministério
da Justiça (fins de 78, começo de 79).
Raymundo Faoro caracterizou sua gestão também pelo em pe
nho em aproximar os advogados dos cientistas sociais; nesse senti
do é expressiva a participação de sociólogos e cientistas políticos
nos debates da Conferência de Curitiba, especialm ente na discussão
da Mesa Redonda sobre Estado de Direito, com a presença dos
cientistas sociais.
Mal empossado o Presidente Raymundo Faoro, o país é sur
preendido com as medidas excepcionais da decretação do recesso
do Congresso Nacional, e da edição das Emendas á n stitu c io n a is
n.°s 7 e 8 que alteraram a Constituição, com a introdução de novos
dispositivos. A m atéria foi submetida ao Conselho Federal sendo
aprovado parecer da Comissão composta dos Conselheiros Marcos
Heusi Neto — relator, e Sergio Bermudes, na sessão de 19 de
abril de 1977. Diz a nota da Comissão Especial:
189
dimanando desse vazio institucional providências de puro
arbítrio, praticadas ao sabor de conveniências de
momento.
Tal realidade é m antida a partir de um arcabouço
puramente formal, arquitetado para conciliar o incon
ciliável .
A Carta Política da Nação, que já nos foi outorgada
por uma Junta Militar, nos idos de 1969, permanece
obrigada a coexistir com atos de exceção de maior hie
rarquia, com ela incompatíveis.
Não se pode acolher, no modelo político im posto à
Nação, o m ais leve traço de compromissos democráticos.
O Brasil vive, n a verdade, um período obscurantista
da sua história constitucional, caracterizado por uma
crescente distonia entre os atos do Governo e a vontade
da Nação, isolada na planície dos deserdados do poder.
Essa ruptura, típica dos regimes ditatoriais, com
promete a própria legitim idade da ação governamental,
cujos atos se exprimem como m eras imposições de força.
E assim por entenderem, os advogados brasileiros
repudiam o recesso imposto ao Congresso Nacional e
protestam contra a outorga da reforma do Poder Judi
ciário, recusada pelo povo brasileiro na livre m anifesta
ção de seus representantes.
Conquanto reconheça a necessidade de reformar o
Judiciário, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados
do Brasil já se havia pronunciado contrariamente ao pro
jeto, que se converteu n a Emenda Constitucional n.° 7.
Entendem os advogados brasileiros que não se poderia
cogitar da reforma do Poder Judiciário, sem primeiro se
restituírem à m agistratura as garantias constitucionais
de que está privada e adm itir-se a concessão irrestrita de
habeas corpus.
Entendam ainda que já é tem po de se retomar o
cam inho da plenitude democrática, abandonando os
desvios da exceção, que inquietam e intranqüilizam o
país.
Ao reafirmarem a sua crença n a necessidade de
reimplantação do Estado de Direito, os advogados brasi
leiros, conscientes de suas responsabilidades perante a
Nação, insistem na revogação im ediata do Ato Institu
cional n.o 5 e num a am pla reformulação constitucional,
a ser empreendida por assembléia constituinte, integra
da de representantes especialm ente eleitos pelo voto
popular, direto e secreto.”
190
De 12 a 14 de junho de 1977 realizou-se mais um a reunião de
Presidentes dos Conselhos Seccionais da Ordem dos Advogados.
Do temário constavam as relações dos Conselhos Seccionais e do
Conselho Federal com diversos órgãos e autoridades, os direitos
humanos e o posicionamento da OAB; o censo dos advogados.
Inaugurando a sessão, declarou o Presidente Raymundo Faoro:
191
Como resultado final, foi então aprovada a Declaração de São
Paulo:
192
Eduardo Seabra Fagundes, Presidente do lAB e Joaquim Gomes
Norões e Souza, representante do Conselho Federal da OAB, pois
o Presidente do Conselho Federal da OAB ausentara-se do Rio para
participar de comemorações no Rio Grande do Sul. Falou em pri
meiro lugar Haroldo Valladão, antigo Presidente do lAB e da OAB,
em nome do Instituto Histórico e do Instituto dos Advogados, que
tratou da importância do feito e em seguida José Bernardo Cabral,
orador oficial do Instituto, que tratou das comemorações e da
crise no ensino jurídico com as implicações sobre a cultura
nacional.
Na sessão plenária de 30 de agosto de 1977 foi lançado o livro
do jurista Prado Kelly, antigo Presidente do Conselho Federal da
OAB, sob o título A Mi^&ão do Advogado. Abrindo a sessão o Pre
sidente Raymundo Faoro destacou m ais uma contribuição valiosa
que Prado Kelly prestava à sua classe e em seguida deu a palavra
ao antigo Presidente Caio Mario da Silva Pereira, que saudou o
homenageado, expondo os principais traços da sua personalidade
e a importância do livro. Prado Kelly agradeceu a saudação, acen
tuando que aquele era um dos momentos m ais felizes da sua vida,
visto como o restituía ao convívio de um a classe, a que sempre
se honrou de pertencer, e a que deu o melhor da sua contribuição
quando do exercício das funções honrosas que lhe foram atribuídas
pela confiança dos advogados. O livro em co-edição da Ordem dos
Advogadas e da Editora Forense, contém um a série de discursos
de Prado Kelly no desempenho das funções da direção da Ordem
dos Advogadas Brasileiros e do Instituto dos Advogados Brasileiros.
A Ordem comemorou em outubro de 1977 o centenário de Raul
Fernandes, seu ex-Presidente, realizando sessão no dia 24 de outu
bro, na qual foi orador o ftofe&sor Haroldo Valladão. Declarou
o Professor Haroldo Valladão que Raul Fernandes, além de um
grande advogado, presidiu a Ordem dos Advogados num a época
trágica da vida nacional de 1944 a 1946, quando ia m ais acesa a
cam panha para derrubar o Estado Novo, cam panha centralizada
em verdade na OAB e no Instituto dos Advogados Brasileiros.
Antes de encerrar a sessão Raymundo Faoro comunicou ha
ver instituído com a colaboração da Companhia Docas de Santos,
da qual o homenageado fora advogado, o Prêmio Raul Fernandes
para monografias colhidas em concurso versando o tem a “Rumos
Atuais do Direito Constitucional”.
De 12 a 14 de outubro de 1977 reuniu-se em Pernambuco a
IV Reunião dos Presidentes dos Conselhos Seccionais da Ordem dos
Advogados do Brasil para o exame dos tem as Estágio e Exame de
Ordem, previdência social dos advogados e reforma judiciária. Na
sessão inaugural foi entregue a Medalha Rui Barbosa a Miguel
Seabra Fagundes. A entrega se de a no Mosteiro de São Bento, em
Olinda, onde se inaugurou o curso jurídico de Olinda em 1828,
uma vez que a direção da Faculdade de Direito do Recife recusou-
193
se a ceder o local. Abriu os trabalhos o Presidente Raymundo
Faoro que disse referindo-se ao bacharel:
“Habilitado pela escolha, pela prática profissional
ao ajustam ento de extremados contrastes guardou-se do
cultivo de ressentim entos e rancores. Mal compreendido,
acoimado de auxiliar os seus clientes, desviados do curso
da lei, ou de comparsas dos agressores da ordem, tem a
sua galeria de vítim as ao longo do tempo. Inspirado pela
concórdia a que vota seu ofício, confiando no entendi
mento, esqueceu as feridas novas e velhas, para, com
grandeza, trocar o passado pelo futuro, expondo-se,
ainda uma vez, a valorizar a paz na obra de construção
da democracia. Para o debate, traz o advogado idéias^ e
não reivindicações, princípios e não exigências, a razão
sem o passionalismo de ódios e de intransigências, osten
sivas ou dissimuladas, certo de que o ódio alim enta a
labareda de ódios e a intransigência provoca intransi
gências. Nada pede para si, para os seus interesses e
para a sua classe, sequer o reconhecimento dos serviços
que prestou, porque os prestou no estrito cumprimento
do dever legal.”
194
profissional quando atua no interesse do cliente, ainda
que atuando in casu está virtualmente- atuando na defe
sa da ordem jurídica, que exam ina o interesse de todas
no reconhecim ento a cada um do que de cada um é,
pela conformação seja de particulares, seja dos agentes
do poder público, às lim itações indispensáveis ao equi
líbrio no convívio social. E porque assim amplia seu
engajam ento, o advogado de vocação, é um profissional
voltado também para os reflexos da ação do Eístado sobre
a coletividade, pois que nessa ação se m anifestam o zelo
ou 0 desejo pela ordem jurídica, o que vai diaer, em con
creto e em potencial pelos direitos dos jurisdicionados
do poder público.”
195
Rafael Mayer, em itido em 9 de maio de 1975, e aprovado em 21
de junho de 1975 pelo Sr. Presidente da República, qiue punha
afinal, termo à longa controvérsia sobre a exata posição da Ordem
dos Advogados do Brasil. Luiz Rafael Mayer, ex-Conselheiro Fe
deral da Ordem dos Advogados, como representante do Estado de
Pernambuco, e posteriormente elevado ètô funções de M inistro do
Supremo Tribunal Federal, examinou a questão com rara profi
ciência, deslindando, afinal, todas as dúvidas que pudessem existir
com relação à matéria.
O parecer tem a seguinte em enta:
196
Esse parecer finalizava pedindo o encam inham ento da questão
ao Consultor-Geral da República que se pronunciou em 10.3.1971,
nos seguintes termos:
“Reportando-me ao Ofício n.° 448, de 14 de julho do
ano passado, desse Gabinete Civil, capeando processo
MTPS n.® 150.495/67, versando sobre a vinculaçao da
Ordem dos Advogados do Brasil, tendo em vista o que
dispõe o Decreto-lei n.° 968/69 sobre a matéria, cumpre
informar de que ouvida a respeito aquela entidade,
através de Comissão constituída dos em inentes advo
gados Samuel Duarte, Seabra Fagundes e Povina Caval
canti, não contesta a aplicabilidade daquele decreto-lei,
in casu, havendo, entretanto, aspectos relativos à con
veniência que justificariam a exclusão da Ordem da
incidência do citado diploma legal.
A providência — se adotada — dependerá de me
dida legislativa, daí porque sugiro encam inham ento do
assunto ao Sr. Ministro da Justiça, dada a natureza da
m atéria e as naturais conotações com aquela pasta.”
197
está sujeita àquele controle. Tendo em vista a inconve
niência da exclojíão, pois a referida supervisão não lhe
comprometerá a independência, nem desmerecerá os
que a administrem, sou pelo arquivamento do presente
pedido.”
198
blica, tom ando-se conseqüentemente a sua proposição jurídica
norma para administração federal.
A tese do ilustrado parecer de autoria do Dr. Adroaldo Mes
quita da Costa, assim conclui:
E em seguida:
“Ora, se o Decreto-lei n.° 200/67, lei geral posterior,
não regulou inteiram ente a m atéria disciplinada pela
Lei n.° 4.215/63, lei especial; se a esta não se referiu de
modo expresso nem se mostra definidam ente infenso a
preexistência da norma de exceção; então, não se h á de
deduzir incompatibilidade que iniba a plena vigência do
199
parágrafo único do Art. 139 da Lei n.® 4.215/63, e, de
conseguinte, sublinha-se a juridicidade e concludência
do Parecer H n.° 753, de 2 7 .9.68, ao haver estabelecido
a impossibilidade jurídica de submeter-se a OAB à super
visão m inisterial por efeito de vinculação ao MTPS, à
época e nos termos do Decreto n.° 60.900/67.”
200
repercussão nacional extrem am ente importante, dada a projeção
que a Ordem alcançara naquele momento. O tem a geral dos deba
tes foi o Estado de Direito.
Na sessão de abertura realizada no Teatro Guaíra, às 20 horas
do dia 7 de agosto, com o teatro inteiram ente lotado, sob a Presi
dência do Governador do Estado do Paraná, Jayme Canet Jr. que
transm itiu a Presidência ao Dr. Raymundo Faoro, Presidente da
Ordem dos Advogados e presentes ainda o Dr. Luiz Rafael Mayer,
Ccnsultor-Geral da República e representante do Sr. Presidente da
República, General Ernesto G e is e l,S e n a d o r Petrônio Portela,
Presidente do Senado Federal, do Deputado Marco Antonio Maciel,
Presidente da Câmara dos Deputados, e de numerosas altas auto
ridades civis.
Usaram da palavra o Governador Jaime Canet Jr. saudando os
convencionais, o Professor Haroldo Valladão discursando em ho
menagem aos patronos Bueno Pim enta e Hugo Simas, o Presidente
da Seção do Estado do Paraná, Eduardo Rocha Vlrmond, pelas
delegações visitantes o Professor Raymundo Cândido, Presidente
da Seção de Minas Gerais e o Presidente do Conselho Federal,
Raymundo Faoro. Declarou Raymundo Faoro:
201
instrum ental que lh e impede as m anifestações de classe,
a iniciativa particular, turvando-lhe pela rígida condu
ção do alto a calculahilidade e a previsibilidade de suas
ações.”
E concluía:
203
17. A Emergência Constitucional no Estado de Direito.
RELATOR: Oscar Dias Corrêa
RELATOR DESIGNADO: Humberto Jansen
18. Mandado de Segurança e Ação Popular no Elstado de Direito.
RELATOR: Amoldo Wald
19. Previdência Social do Advogado.
RELATOR: Moacyr Velloso Cardoso de Oliveira
20. Representação de Inconstitucionalidade Perante o Supremo
Tribunal Federal. Um Aspecto Inexplorado.
RELATOR: Victor Nunes Leal
21. Estado de Direito e Tecnocracia.
RELATOR: Miguel Reale Júnior
22. Conteúdo Social das Direitos Humanos e o Estado de Direito.
RELATORES: Darcy Paulilo dos Passos e Fernando Mendes
de Almeida
23. Estado de Direito: Essência e Circunstância.
RELATOR: Alcides Abreu
RELATOR DESIGNADO: Carlos Alberto Paulon
24. Reforma Estrutural do Poder Judiciário como Garantia dos
Direitos do Povo.
RELATOR: Evandro Lins e Silva
25. A Motivação das Decisões Judiciais como Garantia Inerente
ao Estado de Direito.
RELATOR: José Carlos Barbosa Moreira
26. O Estado de Direito como Estrutura Política — Seu Conceito
e Características,
RELATOR: Nelson de Souza Sampaio
27. O Poder Judiciário no Estado de Direito.
RELATOR: Balthazar Gama Barbosa
28. A Missão do Advogado nas Crises Institucionais.
RELATOR: Ruy de Souza
29. Limites Constitucionais do Decreto-Lei em Matéria Tributária.
RELATOR: Geraldo Ataliba
30. Estado de Direito e Política Fiscal.
RELATOR: Joaquim Correia de Carvalho Júnior
31. Indicações para um a Reforma Democrática do Poder Ju
diciário.
RELATOR: Raphael de Almeida Magalhães
204
32. A Informação Cultural no Estado de Direito.
RELATOR: René Ariel Dotti
33. A Tutela Jurisdicional dos Interesses Difusos.
RELATORA: Ada Pellegrini Grinover
34. As Caixas de Assistência dos Advogados e a Nova Estrutura
da Previdência.
RELATOR: Edgard Moreira da Silva
35. Previdência Privada.
RELATOR: Fem andino Caldeira de Andrade
RELATOR DESIGNADO: Francisco Costa Netto
36. Assistência Médica e Convênios com o INPS.
RELATOR: Paulo Kreitschmann
37. A Previdência Social e as Caixas de Assistência dos Advogados.
RELATOR: Them istocles Américo Caldas Pinho
205
47. Proposição Sobre Anistia.
RELATOR: José Frejat
Como iniciativa pioneira realizou-se também um painel sobre
o Estado de Direito, reunindo advogados e cientistas sociais sob
a Presidência do Ministro Seabra Fagundes e composto do Profes
sor Orlando Magalhães Carvalho, do Dr. Eduardo Virmond e dos
cientistas sociais Tercio Sampaio Ferraz, da Faculdade de Direito
da USP, Francisco Corrêa Weffort, Oliveiros, Ferreira, ambos tam
bém professores de Ciência Política da Universidade de São Paulo,
e Brasil Pinheiro Machado, Professor de História da Universidade
do Paraná.
Na sessão de encerramento foi aprovada a Declaração de
Curitiba:
“DECLARAÇAO DE CURITIBA
Os advogados brasileiros, presentes e representados
na v n Conferência Nacional da Ordem dos Advogados,
ao reiterarem sua unidade e coesão, trazem sua palavra
ao povo, ao qual pertencem e devem conta de suas
preocupações e de sua conduta política.
Armados da palavra e da razão, sentem -se creden
ciados, ainda um a vez, dentro da sombra autoritária que
envolve o país, a expressar m ensagem de esperança e de
liberdade, clamando pelo Estado de Direito democrático.
O Estado democrático é a única ordem que pode propor
cionar as condições indispensáveis à existência do ver
dadeiro Estado de Direito, onde liberdade-autonomia
cede lugar à liberdade-participação que pressupõe prin
cípios pertinentes ao núcleo das decisões políticas e a
sua legitimidade institucional. Para isso não basta o
voto consentido, pois só ele não constitui a essência da
democracia, ao contrário é a própria democracia que
dá conteúdo de participação ao direito de voto. Expres
são de ato político e democrático, e vontade que este
representa, exige processo normativo integrado, desde a
organização pluripartidária — representativa das várias
correntes de opinião pública — às garantias da livre ma
nifestação do pensamento, incluindo o direito de crítica
às instituições. As restrições à liberdade som ente se tor
nam legítim as na medida em que visem à preservação
do interesse coletivo — respeitado o lim ite infranqueável
da dignidade da pessoa. O controle judicial, por tribu
nais dotados das garantias da M agistratura, cuidará de
remediar qualquer lesão ou ameaça de lesão à liberdade,
síntese dos direitos humanos. Os direitos fundam entais
não podem sofrer agravo de grupos ou entidades priva-
206
das, e, com maior razão, não devem sofrer agravo ao
abrigo das agressões que decorram das autoridades cons
tituídas, cujo dever primeiro será o de amparar o livre
desenvolvimento daqueles direitos. Se o contrário fosse
admissível, reconhecer-se-ia o absurdo da subversão da
ordem pelos seus próprios agentes. Essas agressões à
dignidade das pessoas não se justificam ; ainda quando
se dissim ulam debaixo do pretexto de segurança nacio
nal. No Estado de Direito, a segurança nacional consti
tui meio de garantir as liberdades públicas. Protege-se o
Estado, para que este possa garantir os direitos indivi
duais. A legitimidade da incriminação de atentados à
segurança nacional repousa no princípio de que só pelos
meios jurídicos podem ser alteradas as instituições esta
belecidas pelo povo, através de representantes livremen
te escolhidos. Para que a segurança nacional se enquadre
no Estado de Direito, garantindo a inviolabilidade dos
direitos do homem, o crime só pode ser defendido me
diante a tipicidade de fatos externos, ofensivos a bens
ou interesses jurídicos. O ilícito penal não compreende,
a título de ilícito político, restrições a Idéias dissidentes
do regime, nem ao mero exercício de meios para formá-
las. Não haverá o Estado de Direito nem segurança na
cional democraticamente entendidos, sem a plenitude do
habeas corpos que assegure a primeira das liberdades e
base de todas as outras — a liberdade física — em regi
m e que consagre a inviolaWlidade e a independência dos
juizes. O habeas corpus cuja substância está n a inteireza,
consagra cinco séculos de nossa herança luso-brasileira,
herança jurídica, política e moral, que devemos resguar
dar e transm itir a outras gerações. No Estado de Direito
as garantias institucionais decorrem da partilha das
funções do Estado entre vários Poderes, de modo que
um não amesquinhe nem anule os outros, mas todos se
lim item m utuam ente em sistem a de fiscalização e con
trole recíprocos. A vigência do AI-5 faz reinar no Brasil
uma situação de excepcionalidade, a mais longa da His
tória brasileira, tradicionalm ente ferida de temporários
colapsos da liberdade. Declaramos, todavia, que a simples
revogação do AI-5 não restauraria, por si só, o Estado de
Direito, diante da realidade que a vigente Constituição
não forma estrutura política democrática. Não se negará,
dentro do Estado de Direito, a legitim idade de instru
m entos que 0 defendam, ao tempo e n a justa medida
que defendam a liberdade dos cidadãos. No caso de grave
perturbação da ordem e na eventualidade de guerra
externa, dispõe a tradição do Direito brasileiro do insti
207
tuto do estado de sítio, sem que na sua regulamentação
se insinue o arbítrio e a irresponsabilidade. A Nação se
resguarda pela ação conjunta dos três Poderes e, nunca,
pela usurpação de um às atribuições dos outros, em
velada suspeita da incapacidade destes. Essa a instância
m áxim a das restrições que possam ser impostas ao exer
cício dos poderes e aos direitos fundam entais. Se o Go
verno deve contar com meios fortes e eficazes para
debelar situações, serão os estritam ente necessários e
suficientes, respondendo pelos abusos ou excessos que
cometer, quer pela via política, adm inistrativa ou judi
cial. No Estado de Direito, a defesa das instituições não
legitim a exclusões, ostensivas ou dissim uladas, da efetiva
participação política e social do povo. Cumpre, para
suprimir obstáculos arbitrariamente criados, rever a
le ^ la ç ã o trabalhista do país, de nítida inspiração auto
ritária, ao ponto de alguns de seus dispositivos violarem
a Declaração Universal dos Direitos do Homem. Sem a
liberdade sindical não pode existir um verdadeiro e au
têntico direito coletivo de trabalho, que encontra nos
sindicatos seus sujeitos de direito e seus agentes dinâm i
cos. Sem liberdade sindical não há democracia possivel,
não h á Estado de Direito. Só o Estado de Direito reco
nhece os conflitos, legitim a-os e os supera. Os direitos
políticos, longe de obstarem os direitos sociais, consti
tuem a única via pacífica para a sua obtenção e o seu
exercício. Direitos sociais e direitos políticos são o con
teúdo do Estado de Direito, que, por ser um Estado
ético, repele a idéia da injustiça, situada nas desigual
dades decorrentes da excessiva riqueza de uns, da extre
ma miséria da maioria. Uma política fiscal justa e
eficiente há de atenuar isenta do arbítrio, com a criação
de tributos, seu aum ento e discriminação por atos que
atenda ao consentim ento popular e às normas constitu
cionais. Para sua honra, os advogados debatem e estu
dam a realidade nacional, com a inteligência, o equilí
brio e o senso de responsabilidade que historicam ente
lhes reconhecem os brasileiros, identificam no autorita
rismo 0 principal desvio ao livre desenvolvimento da
vida jurídica, política e social do país. Situam na liber
dade de participação a m aior preocupação dos seus
estudos, participação cuja am plitude exige a participa
ção nacional, que lance o esquecim ento sobre os ódios
passados. A anistia, embora não leve, por si só, ao Estado
de Direito, clamor de consciência jurídica do país, não
é reivindicação exclusiva de classes ou grupos, mas
constitui o necessário pacto de convivência de todos os
brasileiros. As promessas governam entais, para que aten
dam aos reclamos da opinião pública, devem converter-
se em ação, com brevidade em favor da paz e da con
córdia de todos os brasileiros.”
Curitiba, 12 de maio de 1978.
209
nião que se realizou em Florianópolis de 30 de maio a 2 de junho
de 1979, tendo como temário os seguintes assuntos: a) atualidade
politico-institucional; b) Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa
Humana: resolução da OAB; c) comemoração do qüinqüagésimo
aniversário da OAB em 1980; d) Reforma do Judiciário; e) ensino
jurídico.
Como resultado da reunião doa Presidentes dos Conselhos
Seccionais, foi divulgada a Declaração de Florianópolis:
210
novo ordenamento, inclusive de caráter institucional, a
permitir o restabelecim ento da harmonia dos Poderes,
em moldes que assegurem as liberdades públicas e a
proteção dos direitos individuais.
A convocação da Assembléia Constituinte, eleita pelo
voto secreto direto, é o cam inho para o desenvolvimento,
como justiça social, desde que asegure e restaure as
eleições diretas em todos os planos, a liberdade de orga
nização partidária e sindical, e estabeleça justa distri
buição de renda, mediante política tributária a medir
mais gravosamente sobre a acum ulação do capital, do
que sobre o consumidor final.” **
211
o Conselho Federal se pronunciaria em junho de 1979 sobre o
projeto de lei sobre a anistia enviado ao Congresso Nacional. Em
parecer substancioso o Conselheiro José Paulo Sepulveda Pertence
afirmaria inicialm ente:
“O exame global do projeto desvela de im ediato o
seu recado substancial: é a sua frontal incompatibilida
de com um dado elem entar do próprio conceito de anis
tia, ou seja, o seu caráter objetivo. Em outras palavras:
0 que 0 Governo está propondo, com o nom e de anistia,
tem antes um espirito de um indulto coletivo que uma
verdadeira anistia. Esta distorção básica está subjacente
dos pontos mais criticáveis do projeto.”
E depois de tecer considerações sobre os aspectos específicos
do projeto concluiria:
“Este momento de reflexão sobre a anistia induz a
realçar duas questões cuja solução são desafios imediatos
ao pensamento democrático. O primeiro é a subsistência,
malgrado a recente diminuição das penas cominadas,
que não atinge a substância do problema, de um a lei de
segurança nacional fundada em doutrina marcadamente
totalitária. A outra, no mesm o contexto, é a sobrevivên
cia na administração pública da cham ada "comunidade
de inform ação”, em moldes de todo inconciliáveis com
a construção de um regime democrático.”
Na sessão de 28 de agosto de 1979, o Conselho Federal proce
deu à eleição de seu Vice-Presidente, em virtude de vaga do Vice-
Presidente Cid Vieira de Souza que fora nomeado juiz do Tribunal
de Alçada de São Paulo. Foi eleito Vice-Presidente, José Paulo
Sepulveda Pertence, com 23 votos, sendo 1 voto dado a Corintho
de Arruda Falcão.
Em outubro de 1979, o Presidente Eduardo Seabra Fagundes
realizou nova conferência dos Presidentes dos Conselhos Seccionais
na cidade de Belém, Estado do Pará. Em conclusão, foi aprovada
a Declaração de Belém:
“O Presidente e a Diretoria do Conselho Federal, e
os Presidentes dos Conselhos Seccionais da Ordem dos
Advogados, reunidos em Belém, declaram:
I. Os advogados brasileiros, em coerente posiciona
mento histórico, têm pugnado para que a soberania
nacional não se debilite pela ilegitim idade de governos.
E estão convictos de que, na medida em que ela se ro-
bustecer internam ente, mais respeitada será nas rela
ções externas do Brasil.
212
Na Amazônia, pela sua extensão e potencialidade, as
ambições estrangeiras desafiam a soberania nacional,
que há de ser fortalecida m ediante efetiva ocupação
territorial, norteada pelas peculiaridades da região e,
de modo especial, pela necessidade de elim inar o acen
tuado distanciam ento econômico que a separa das áreas
Centro-Sul do país.
Em reconhecimento dessas singularidades, soluções
jurídicas especiais, mesmo se inaplicáveis às demais
regiões do Brasil, deverão ser propiciadas sem tardança,
à Amazônia,
Impõe-se, portanto, com a participação de todos os
segm entos da sociedade amazônica, legitim am ente repre
sentadas, que seja editado um complexo normativo espe
cífico — o Estatuto Legal da Amazônia — disciplinando
e harmonizando as ações governam ental e privada, a
fim de proporcionar o desenvolvimento sócio-econômico
da área. Nele, o homem deverá ser núcleo e objetivo; o
acesso à terra, respeitada a posse dos que nela traba
lham , há que ser assegurado aos que se proponham a
explorá-la produtivamente. A ocupação fundiária se fará
por brasileiros e por estrangeiros, som ente quando ca
racterizar real benefício à economia do País. A partici
pação estrangeira não é de admitir, se importar na
formação de enclaves econômicos ou sociais.
O aproveitamento racional dos recursos naturais se
há de pôr sob rígida orientação e fiscalização governa
m entais, sem predações criminosas e atentados eco
lógicos.
n. Reiteram, na oportunidade, a posição assumida
pelo Conselho Federal da Ordem desde abril de 1977,
ratificada pelo Encontro de Presidentes de Florianópolis,
em favor da convocação de uma Assembléia Constituin
te. Só ela poderá marcar, com ênfase necessária, a reto
mada pela Nação do comando do seu destino histórico,
depois de longo período de alienação a que foi submetida.
Revolvida nas suas raízes a estrutura constitucional, sob
a ação voluntariosa das forças que empolgaram o poder,
já é tem po de chamar todo o povo, através de represen
tação especialm ente legitim ada, para construir um ver
dadeiro Estado de Direito democrático. Este há de
corresponder não só à nossa vocação liberal, mas tam
bém à necessidade de erigir novos parâmetros à ordem
econômica e social do país, de forma a integrar nos
frutos do desenvolvimento a im ensa maioria m arginali
zada de brasileiros mantidos em níveis desumanos de
213
educação e saúde, pela estrutura de privilégios que não
pode subsistir.
Essa, a m eta a atingir, m ediante a conquista pro
gressiva de seus pressupostos indispensáveis. Fiel a esses
compromissos maiores com a Nação é que a OAB deve
acompanhar os episódios em que vem desdobrando o
processo político, após a elim inação dos atos in stitu
cionais. À luz dessa perspectiva, a Ordem se empenhou
contra o am esquinham ento da anistia. E agora se
preocupa gravemente com o influxo de motivações me
nores, de caráter nitidam ente conjuntural, que vem
dominando a discussão sobre os passos iniciais da rees
truturação do sistem a representativo. Não se percebem
nela inspirações condignas da seriedade exigível na con
dução de tema tão decisivo. Somente a ampla liberdade
de organização política de todas as correntes de pensa
m ento e de todos os setores da sociedade civil é o cami
nho da construção de um a democracia verdadeira. Mas,
ao contrário, o prenúncio de intolerável prorrogação de
m andatos eletivos reforça a impressão de que tudo con
tinua a girar em tom o da obsessão de permanência de
um sistem a de poder que tem e a Nação.”
De 23 a 25 de abril de 1980 o Conselho Federal realizou um
seminário sobre Criminalidade e Violência, criando no âmbito do
Conselho Federal um grupo de trabalho, pela Resolução n.° 112/80,
composto do Vice-Presidente José Paulo Sepulveda Pertence, Pre
sidente, e dos Conselheiros Evandro Lins e Silva, Heleno Claudio
Fragoso, Miguel Reale Jr., Antonio Evaristo de Morais Filho,
Arthur Lavigne e Virgílio Luiz Donníci, este seu principal organi
zador, visando a coligir com a participação de professores, cien
tistas sociais e políticos, economistas, membros do Ministério
Público, médicos, urbanistas, elem entos sobre o importante
problema.
Na sessão de abertura, o Presidente Seabra Fagundes ausente
por motivo de força maior, teve o seu discurso lido pelo Vice-
Presidente Sepulveda Pertence, e declarava:
“Ao assumir a Presidência desta instituição, pare
ceu-me que um dos problemas a que deveria devotar o
interesse da Ordem, era o da criminalidade violenta*
cuja extensão e intensidade se acentuaram nos últim os
anos, por força de circunstâncias de várias ordens, mas
em cujo exame nem sempre tem imperado o espírito de
objetividade metodológica, daí surgindo propostas de
soluções que só viriam a agravar o problema.
30 R evista ãa OAB — Vol. 25 j a n ./ a b r il d e 1980, p. 177.
214
Para uma matéria de tal importância, não bastaria
entretanto, apenas a contribuição dos advogados, mesmo
os m ais especializados, sejam eles penalistas, criminólo-
gos ou processualistas. A m atéria transcendia a uma
única especialização, e para seu exato e judicioso exame
haveria que socorrer-se da experiência de outras ciências
afins, como a sociologia, a antropologia, a ciência polí
tica, a m edicina social, a comunicação, o urbanismo,
entre outras.
Por isso, para esse seminário, cuja informalidade
não prejudicará a profundidade e importância dos resul*
tados, foram convocados especialistas dessas várias áreas,
a fim de que de seu resultado, seja enfim alcançado um
consenso comum, que, sem dogmatismo nem sectarismo,
proponha aos círculos interessados e às autoridades pú
blicas algum as das soluções que possam ao m enos mino
rar a gravidade do problema.”
215
IV. A Política da Repressão e a Crise do Sistem a Policial — A
Polícia como Função Social, como Instituição Social e como
Profissão.
Relator Virgílio Luiz Donnici
Debatedores Paulo Sérgio Pinheiro
Hélio Bicudo
João Milanez da Cunha Lima
Luiz Chemln Guimarães
V. A Política da Repressão e a Crise do Sistem a Penal: o Judi
ciário e o Ministério Público.
Relator Miguel Reale Júnior
Debatedores Paulo Sergio Pinheiro
Raul Chaves
Ekel Luiz Servio de Souza
Arthur Lavigne
VI. A Política da Repressão e a Crise do Sistema Processual Penal
0 da Execução Penal.
216
na.. 0 Presidente Eduardo Seabra Fagundes teve nesse Conselho
uma atuação destacada, profligando sempre a inoperância das
decisões, lutando contra o sig^o que por força de lei rege tais
deliberações.
Em companhia do Presidente da Associação Brasileira de
Imprensa, Barbosa Lima Sobrinho, e do Presidente da Associação
Brasileira de Educação, Benjam in Albagli, Eduardo Seabra Fagun
des trabalhou pelos direitos da pessoa humana. Com a posição
assumida pela Ordem e o reinicio dos trabalhos do Conselho,
afluíram para a Ordem dezenas e dezenas de pedidos, representan
do a instituição como que um receptáculo das reivindicações de
indivíduos e familiares que não tinham outro meio para onde se
dirigir. Entre tais processos, cumpre destacar a tentativa de reaber
tura do processo de desaparecimento do Deputado Rubens Paiva, a
investigação feita sobre as ossadas de presos políticos em Rio Verde,
em Goiânia, a cujas diligências esteve presente o Vice-Presidente
José Paulo Sepulveda Pertence, e acompanhamento dos trabalhos
de localização da casa em Petrópolis utilizada como local de refúgio
pelos órgãos de segurança.
Por força também de sua atuação o Presidente Eduardo Seabra
Fagundes recebeu várias convites para comparecer a reuniões
internacionais, tendo estado presente à reunião de Cbsta Rica
sobre Direitos Humanos na América, promovida pela Anistia In
ternacional e participado de colóquio em Genebra, sobre Direitos
Humanos no Uruguai em fevereiro de 1981.
A VIII Conferência Nacional dos Advogados da Ordem dos Ad
vogados do Brasil realiaou-se em Manaus, Estado do Amazonas, no
Hotel Tropical, de 18 a 22 de maio de 1980, no ano do cinqüente
nário da Ordem e homenageando os primeiros Presidentes do
Conselho Federal e Conselho Seccional do Amazonas, respectiva
m ente, Levi Fernandes Carneiro e Waldemar Pedrosa.
Na sessão de abertura, com a presença do Ministro Francisco
Manoel Xavier de Albuquerque, Vice-Presidente do Supremo Tribu
nal Federal, e de Ibrahim Abi-Ackel, Ministro da Justiça e repre
sentante do Presidente da República e de José Bernardino Llndoso,
Governador do Estado do Amazonas, usaram da f®,lavra, saudando
os convencionais, José Paiva de Souza Filho, Presidente do Con
selho Seccional do Estado do Amazonas e em nom e das delegações
visitantes Justino de Vasconcelos, Presidente do Conselho Seccional
do Estado do Rio Grande do Sul. Eduardo Seabra Fagundes, Presi
dente do Conselho Federal da Ordem dos Advogados, usou também
da palavra destacando a importância do conclave, o tem a principal
a que foi cometido, Liberdade, exam inando os aspectos da reali
dade brasileira para afinal concluir:
217
rios, a liberdade jamais floresce verdadeiramente. Neles
existe, quando m uito, o que se poderia denominar per
missão, freqüentem ente revogada ou suspensa quando
os detentores do poder se sentem ameaçados ou moles
tados pelas críticas e reivindicações.
A liberdade que viemos discutir nessa VIII Conferên
cia não pode ser compreendida senão com produto final
que tem como componentes imprescindíveis vários direi
tos e liberdades, entre os quais avultam a liberdade
sindical, o direito de greve, o direito de expressão do
pensamento, inclusive pelos meios de comunicação de
massa, o direito de participação ativa e o direito da for
mação dos órgãos do Estado, a liberdade de organização
partidária e a liberdade de propaganda política.
Diante dos que descrêem da aptidão dos brasileiros
pelo jogo democrático respondemos com outro pensa
mento de Bertrand Russel: “Quando ouço falar que o
povo não está bastantem ente preparado para a demo
cracia, pergunto se haverá algum homem bastantem en
te preparado para ser déspota”.
Os advogados permanecem unidos em todos os seus
ideais de Liberdade, Igualdade, Justiça e Democracia.”
5. A Liberdade Sindical.
RELATOR: José M artins Catharino
6. Liberdade e Proteção do Meio-Ambiente.
RELATORES: Aurélio Wander Basto® e Nilo Batista
7. Liberdade e Cultura.
RELATOR: Evaristo de Morais Pilho
8. Liberdade e Abuso do Poder na Repressão à Criminalidade.
RELATOR: Teclo Lins e Silva
218
9. A. Liberdade e Segurajiça Nacional.
RELATOR: Miguel Reale Júnior
10. Liberdade e Direito à Terra.
(Controle do solo urbano. Solo criado. Direito de superfície).
RELATOR; Ricardo Pereira Lira
11. Liberdade e Mulher.
RELATOR: Dione Prado Stam ato
12. Liberdade e Assistência Gratuita.
RELATOR: Evilasio Caon
13. Liberdade, Desenvolvimento e Advocacia.
RELATOR: Victor Nunes Leal
14. As Imunidades Profissionais do Advogado e sua Garantia.
RELATOR: Ariosvaldo de Campos Pires
15. O Princípio da Liberdade na Prestação Jurisdicional.
RELATOR: José Ignacio Botelho de Mesquita
16. Liberdades Constitucionais e Processo Penal.
RELATOR: Antonio Acir Breda
17. O Poder Econômico do Estado e a Liberdade Individual
RELATOR: Octavio de Oliveira Lobo
18. A Ordem dos Advogados do Brasil e a Defesa da Liberdade.
RELATOR: Hermann Assis Baeta
19. A Liberdade e os Grupos de Pressão.
RELATOR: Alberto Venancio Filho
20. liberdade e Federação.
RELATOR: Djalma Marinho
21 Liberdade — Planificação — Tecnocracia.
RELATOR: Clovis Ferro Costa
22. As Liberdades Econômicas e o Princípio da Igualdade.
RELATOR: Arthur Lavigne
23. A Liberdade e o Direito à Intimidade.
RELATOR: René Ariel D otti
24. Liberdade e Justa Distribuição da Renda Nacional.
RELATOR: Joaquim Correia de Carvalho Jr.
25. Liberdade: Amazônia e Soberania Nacional.
RELATOR: Camillo Montenegro Duarte
219
26. A Liberdade Individual e o Princípio de Legalidade no Estado
de Direito.
RELATOR: Olimpio Costa Júnior
27. O Controle da Constituição das Leis como Instrum ento de
Preservação da Liberdade.
RELATOR: Paulo Brossard
TESES AVULSAS
220
o Liberdade Dentro da Constituição.
RELATORA: Maria Lucia d’Avila Pizzolante
O A Crise do Direito, o Submodelo Jurídico Brasileiro e Emergi-
m ento do Novo Direito Civil, em um Contexto de Liberdade.
RELATOR: João B atista Ericeira
O O Direito à Liberdade.
RELATOR: Lauro Farias
O Liberdade e Democracia Formal, o Estado Democrático Bra
sileiro.
RELATOR: Ary Fausto Maia
O Liberdade, Proteção do Ambiente.
RELATOR: Roberto dos Santos Vieira
O Da Competência para o Julgam ento dos Crimes Previstos na
Lei de Segurança Nacional (Lei n.° 6.620/78) — Aspectos do
Direito à Liberdade.
RELATOR: Sidney F. Safe Silveira
O Subseção, Instrum ento da OAB na Defesa da Liberdade.
RELATORA: Maria Jovita Leite da Costa
O Liberdade, Segurança e Poder de Tributar.
RELATOR: Sacha Calmon Navarro Coelho
O A Ordem dos Advogados do Brasil e a Assembléia Nacional
Constituinte em Face das Liberdades Públicas e Civis.
RELATOR: Aloysio Tavares Picanço
TESES APRESENTADAS À COMISSÃO ESPECIAL
DE PREVIDÊNCIA
1.° Tema: O II Congresso Internacional de Seguridade Social
do Advogado e suas Recomendações.
RELATOR: Francisco Costa Netto
2.® Tema: A IV Conferência Nacional das Caixas e suas Re
comendações.
RELATOR: Jayme Queiroz Lopes
3.° Tema: As Custas Devidas às Caixas e o Projeto de Lei
Complementar sobre a Oficialização das Serventias.
RELATOR: Francisco Costa Netto
4.® Tema: Uniformização Nacional do Custeio das Caixas de
Assistência e seu Procedimento Contábil.
RELATOR: José Freitas Lins
221
5.° Tema: Liberdade para o Exercício da Profissão: Meta das
Caixas de Assistência.
RELATOR: Saul Venancio de Quadros Filho
6.° Tema: A Seguridade Social dos Profissionais Liberais.
RELATOR: Adelmo Monteiro de Barros
7.° Tema: A Seguridade Social dos Profissionais Liberais e as
Distorções da Legislação Brasileira.
RELATOR: Francisco Costa Netto
8.° Tema: A Liberdade e o Princípio da Subsidiariedade na
Seguridade Social.
RELATOR: Ney Cordeiro de Mello
Na sessão de encerramento, foi aprovada a Declaração de
Manaus:
222
o anunciado abandono do regime de exceção não
conduziu à restauração da responsabilidade na esfera do
poder político, com a supressão do arbítrio e da violên
cia institucionalizada como forma de governo.
Os advogados brasileiros assinalam ainda que o
sistem a político em vigor repudia o essencial princípio
democrático da alternância no poder.
Essa ilegitim idade de base criou a presente desor
dem constitucional, agravada pelo AI-5 e pela Emenda
n ° 1, oriundos de poderes que a Nação não conferiu aos
seus signatários, ^ ^ im se explica a permanência de leis
incom patíveis com a vida democrática, como as que
regem a chamada segurança nacional, a greve e a sindi-
calização das profissões.
É geral a repulsa à legislação ditatorial que, arman
do o governo de poder absoluto, atenta contra as garan
tias dos cidadãos, frustra o direito de greve e cerceia a
liberdade sindical.
A política econômica, posta em prática nos últimos
anos, exacerbou as notórias desigualdades regionais, se
toriais e de classe.
Essa política tem agravado a situação do povo, com
uma inflação aterradora, que não se detém, pela inade
quação do modelo econômico adotado às necessidades
do País. Resultado ainda m ais nocivo dessa política é
que ela acarreta um a distribuição de renda gritante-
m ente injusta, em prejuízo de todos os assalariados.
O desenvolvimento econômico da Nação, que supõe
a harmônica valorização do homem — seu capital mais
precioso — não pode realizar-se através de um a vida de
constante sujeição ao poder mais forte. Não se admite
0 crescente endividamento externo do país sem a fiscali
zação e o controle do povo, através de seus represen
tantes no Congresso.
Fora das cidades, os conflitos pela posse da terra""e
pela preservação das culturas indígenas vem confirman
do o desacerto de uma orientação que favorece o esma-
gam ento dos m ais fracos. Na Amazônia, o enorme custo
social da modernização econômica é ainda agravado pela
falta de controle da exploração das riquezas e pela
am eaça à soberania nacional. Aqui também, a incapa
cidade do sistem a não encontrou soluções satisfatórias
para os m últiplos interesses em jogo.
Só em clima de liberdade, com a participação e o
consenso do povo, o problema da Amazônia poderá ser
equacionado e resolvido, sem prejuízo para a intangibili-
223
dade do nosso território sem riscos para o equilíbrio
ecológico.
Os advogados brasileiros são porta-vozes do clamor
nacional pela reformulação inadiável das bases consti
tucionais da nossa ordem jurídica. A Constituição não
pode ser uma concessão governamental. Ela é o ato sole
ne de criação, por todo o povo, do regime político de
sua preferência.
A03 advogados brasileiros repugna colaborar em
qualquer tentativa de remendo constitucional que ainda
se queira perpetrar. O poder constituinte há de retom ar
ao povo, seu único titular legítim o. Urge a convocação
de uma Assembléia Constituinte que, superando em sua
composição os vícios inveterados de nossa representação
popular, incorpore efetivam ente ao processo político a
maioria que nele tem sido ignorada.
O conjunto de teses, que a VIII Conferência Nacio
nal da Ordem dos Advogados do Brasil acaba de aprovar
associa o fecundo princípio da liberdade aos m ais varia
dos campos da convivência social. A fonte inspiradora
de nossos debates foi a idéia de recriar condições para
que a norma jurídica não seja mais um comando do
alto, porém instrum ento de emanação popular para a
formação de uma sociedade democrática.
Os advogados brasileiros estão conscientes da missão
que vêm exercendo, em defesa da democracia, junta
m ente com outras instituições, como a Igreja, enraiza
das n a alm a do povo.
“A liberdade”, disse Rui Barbosa, em lição perene,
“não entra no patrimônio particular, como as coisas que
estão no comércio, que se dão, trocam, vendem ou com
pram; é um verdadeiro condomínio social; todos o des
frutam, sem que ninguém o possa alienar; e, se o
indivíduo, degenerado, a repudia, a comunidade, vigi
lante, a reivindica.”
Reivindicamos o regime de Liberdade, como a aspi
ração maior do povo brasileiro.
Manaus — AM, 22 de maio de 1980.”
224
de Nehemias Gueiros, o seu filho, o advogado Frederico José Leite
Gueiros, que pronunciou curtag palavras de agradesim ento. Coube
a Dario de Almeida Magalhães pronunciar o elogio em discurso
de grande expressão, que destacou os brilhantes feitos em sua
carreira como advogado, como professor, a sua m ilitância na vida
pública, as obras publicadas para assinalar:
E acrescentava:
225
“Foi esse trabalho a que ele se entregou com o
maior entusiasm o, e que reflete, fielm ente, a nobre e alta
concepção que tinha do nosso ofício e a posição de in
fluência e prestígio que, no seu idealismo, almejava para
a entidade em que nos abrigamos. Foi uma tarefa árdua,
resultante de amplos estudos, como se vê dos copiosos
subsídios que procurou reunir para a formulação, que
realizou no esjkço de três meses, entre “vigílias e pervi-
gílias”, como assinalou no seu relatório. Realizou um
esforço sério e meditado, como proclamou no seu pare
cer, na Câmara, o então Deputado M ilton Campos,
empreendendo o que cham ou de um a “revisão vertical”
do repertório legislativo referente à Ordem — revisão
que se fazia urgente porque na sua justa observação “o
elenco de leis sobre a Ordem dos Advogados do Brasil
tom ou-se um dos mais defeituosos da legislação brasi
leira”. E por isso a sua reformulação se im punha “não
apenas no interesse da classe dos advogados m as do
próprio funcionam ento do Poder Judiciário”. ”
E concluía:
226
foi removida para o Hospital Souza Aguiar m as falecia logo ao
entrar. O que teria motivado esse ato de brutalidade inimaginável
a uma dedicada funcionária de mais de 40 anos de Ordem?
Pouco a pouco, o andar do Conselho Federal foi se enchendo
de gente. Conselheiros chegavam para a reunião da 1.® Câmara,
outros Conselheiros eram convocados pelo telefone, o pessoal da
imprensa e da televisão, autoridades e pessoas que vinham trazer
a sua solidariedade. O Presidente Eduardn Seabra Fagundes logo
em seguida reunia em sessão extraordinária e a partir daí em
sessão permanente o Conselho Federal, para verberar ao abrir os
trabalhos de forma veem ente a brutalidade do atentado, e cobran
do, im ediatam ente das autoridades, a apuração dos responsáveis.
As declarações formais do governo foram imediatas, m as as provi
dências tardaram e só dois dias depois chegaram à Ordem os
primeiros agentes da Polícia Federal para as averipiações de praxe.
A Ordem tomou a providência de escolher um perito independente,
o Sr. Antonio Carlos Vilanova, para conduzir suas investigações e
acompanhar os resultados dos trabalhos da polícia federal.
Desde o primeiro instante, chegava-se à conclusão de que o
petardo originava-se de um envelope, que chegara como corres
pondência destinada ao Presidente do Conselho Federal. Este o
alvo direto da ameaça que desenganadam ente foi atingir uma
das suas funcionárias. Os dias passaram, e a Ordem, marginalizada
do inquérito da polícia federal, jam ais teve acesso aos seus resul
tados até que o processo foi encam inhado à Auditoria Militar coni
a incriminação de suposto responsável, o Sr. Ronald W atters,
elem ento de direita, já anteriormente envolvido em atividades
terroristas.
Na sessão desse mesmo dia, o Presidente Eduardo Seabra Fa
gundes leu resolução recém-baixada (n.° 120/80) criando no Con
selho Federal da Ordem, Comissão de 15 advogados, presidida pelo
Presidente do Conselho Federal, com a finalidade de assessorá-lo
em sua atuação como membro do Conselho de Defesa dos Direitos
da Pessoa Humana, receber denúncias de violação de direitos hu
manos, procedendo sindicâncias, entrevistas com os interessados,
e qualquer outro procedimento necessário à elucidação das queixas.
Essa Comissão, através de subcomissões, realizou no período in
tenso trabalho no recebimento e exame de queixas e denúncias.
As comemorações do cinqüentenário da Ordem não puderam
se realizar no tom festivo de que se cogitava em virtude do aten-
227
tado que causara a morte de D. Lyda Monteiro da Silva. Realizou
0 Conselho Federal sessão extraordinária, em tom de sessão ordi
nária, para a qual o Presidente Eduardo Seabra Fagundes convo
cou todos 03 ex-Presidentes para prestarem um depoimento sobre
as atividades da entidade: foram ouvidos os ex-Presidentes, mesmo
aqueles que não puderam comparecer, como Haroldo Valladao que
se encontrava fora do país, e Alcino Salazar que se achava acama
do. Também falaram os delegados de cada Seccional, um por cada
Seção. Coube a Haroldo Valladão, o mais antigo e|x-Presidente,
trazer a primeira mensagem, recordando as sessões do Instituto
dos Advogados Brasileiros em 1930, quando da organização do
primeiro estatuto da Ordem, e da qual participara, na discussão
e votação, como Segundo Secretário, ao lado do Presidente Levi
Carneiro e do Primeiro Secretário, Philadelpho de Azevedo, lem
brando inclusive a proposta que apresentara a favor do estágio, e
derrotada por voto do Presidente. Mencionou ainda o seu pronun
ciamento como Presidente da Ordem por ocasião do vigésimo ani
versário declarando “a criação da Ordem dos Advogados do Brasil
foi a causa m agna pleiteda pelos advogados do Brasil”.
Miguel Seabra Fagundes se reportaria ao episódio final de sua
presidência, com o término da elaboração do anteprojeto de lei do
Estatuto da Ordem dos Advogados do Brasil, encaminhado ao Mi
nistro da Justiça Nereu Ramas, e o convite a Juscelino Kubitschek,
então Presidente, para que na transm issão do cargo a Nehemias
Gueiros comparecesse à Ordem, para assinar a mensagem do
Governo ao Congresso, que foi sim plesm ente reprodução do texto
apresentado pela Ordem dos Advogados. Miguel Seabra Fagundes
fez referência à atitude de Juscelino Kubitschek e Nereu Ramos,
ambos aprovando integralm ente o documento provindo da entida
de, sem a ele aditar ou acrescentar um a única linha.
Alcino Salazar enfatizaria o papel da autonomia da institui
ção, exemplificando com o caso ocorrido por ocasião da realização
do primeiro concurso para magistrados após a Constituição de 46,
e a regulamentação do tribunal local, criando comissão de cinco
membros, dos quais um só deles seria advogado. Um dos candidatos
impetrou mandado de segurança, exigindo o comparecimento do
representante da Ordem, e esta recorrendo ao Tribunal de Recur
sos, teve afinal reconhecida a autonom ia da corporação e a inde
pendência dos advogados, votando o Congresso logo em seguida,
por iniciativa da Ordem, lei genérica assegurando a eficiente cola
boração da entidade.
Prado Kelly iniciaria o seu pronunciam ento dizendo que “em
meio século, esse conselho, foi, por sua missão, uma atalaia da
liberdade". Em pronunciamento extrem am ente curto, fazendo re
missão às suas duas orações ao tomar posse e ao transmitir o
cargo de Presidente da Ordem, diria que esses conceitos não
tinham se esmaecido, mas registraria que “no biênio de tais ser
22a
viços 0 plenário deste Conselho pareceu a todos os colegas uma
orquestra sem dissonâncias nem regências”.
Alberto Barreto de Melo, com uma vivência de 32 anos con
secutivos de Casa, como delegado do Conselho Seccional de seu
Estado natal, em Sergipe, a partir de 1948, e subseqüentemen
te Subsecretário, Secretário-Geral, Vice-Presidente, Presidente e
membro nato, mencionaria as grandes transformações da profis
são, perdendo o seu caráter de profissão liberal e falaria da
preparação do anteprojeto do Estatuto da Ordem dos Advogadas
do Brasil, de cuja Comissão Preparatória participou e depois, da
Comissão Revisora, apontando os seus principais méritos. E depois
de se refererir à Ordem como forum descompromissado, declararia:
229
zado nesse assunto no campo dos direitos humanos, sobre a refor
ma do Poder Judiciário, a inauguração do busto de Rui Barbosa,
no Palácio da Paz em Haia, os contatos internacionais, a come
moração dos 45 anos do aniversário da Ordem, e a instituição do
Prêmio Visconde de São Leopoldo, por ocasião do sesquicentenário
dos cursas jurídicos.
Raymundo Faoro iniciaria o seu pronunciamento declarando
que: “Cinqüenta anos de vida da Ordem dos Advogados do Brasil,
eu acredito, são 50 anos de m ilagres”. Falaria da posição de incon-
formismo e de denúncia, a sua im ediata convocação para a cam^
panha de restabelecimento de um regime de legitim idade e acres
centou;
E concluiria:
330
“Os cinqüenta anos que ora comemoramos com or
gulho, embora ainda com o coração repassado de tristeza
pelo brutal atentado que sofremos, nos levam à convic
ção de que o nosso trabalho terá de prosseguir ainda,
seja na defesa dos direitos da profissão, seja no combate
árduo e penoso pela defesa da ordem jurídica e da estru
turação constitucional do País em term os democráticos.
O arbítrio não foi varrido de todo, e m uito ainda
h á que fazer pelo expurgo completo dos resquícios da
ordem jurídica autoritária no nosso regime legal. É esse
o compromisso que aqui, neste momento, devemos assu
mir, em nome desta geração de advogados e dos que,
no futuro, terão o privilégio e o encargo de conduz/ir os
destinos desta Casa.” -^*
233
Aquino, José Thom az de — 12
Aragão, Alberto Teixeira de — 11, 13
A ranha, Oswaldo — 23, 24, 26, 28
Araujo, Paulo B arreto de — 100, 115. 182
Araujo Lima, Caries de — 152, 158, 160, 171
Arruda, João — 125
Assunção, panvphilo — 41, 54
Ataliba, G-eraldo — 204
Atheniense, A ristóteles B rasil — @9
Athayde, Austregiesilo de — 69
Augusto (Bezerra de Medeiros) José — 74
Azevedo, Alberto Gomes da R ocha — 203
Azevedo, (José) PhUadelpho de B arros e — 41, 50, 228
Azevedo, Noé — 109, 114, 115
Azevedo Sodré, Ruy — 108, 115
B aeta, H erm ann Assis — 73, 209, 219
Baleeiro, Aliomar — 106, 128
B andeira, Esm eraldino — 19
Barbi, Celso Agrícola — 179
Barbosa, Ary Coelho — 126
Barbosa, Rui — 13, 90, 161, 176, 182, 194, 224
Barbosa, B althazar G am a — 204
B arreto, Plinio — 71, 125
Barros, Antonio de Moraes — 34
Bastos, Aurélio W ander — 218
Bastos, João Azeredo — 144
B atista, M ario Neves — 143
B atista, Nilo — 216, 218
B atista Pereira, M aria Stela Rui Barbosa — 185
Bayma, Celso — 17
Belo, Paulo Pim entel — 131
Benevides, M aria Victoria de M esquita — 63, 73, 211
Bergam ini, Adolfo — 64, 65
Berger, H arry — V. Bwert, A rthur
Bermudas, Sergio — 189, 203, 220
B em ardes, Alfi«do — 83, 85
B em ardes, A rth u r — 55
Bernardes, G abriel — 30, 32, 33
Bessone, jDarcy — 118
Bias Fortes, J. F. — 86
Bicudo, Hélio — 216
B ittencourt, C. A. Lucio — 92, 126, 128
B ittencourt, J. Paulo — 205
Bomfim, B enedito CalheirM — 220
Borges, Ernesto P ereira — 174
Botelho, Jorge — 131
234
Bozano, Carlos Axagão — 94, 95, 106, 107, 111, 117, 118, 124, 128, 133, 152
Braga, Antonio P ereira — 30, 40
Braga, Odilon — 72
B raune, Cid — 42
Breda, Antonio Acir — 216, 219
Brossard, Paulo — V. Pinto, Paulo B rossard d a Silva
Buzaid, Alfredo — 116, 142, 197
Cabral, José B ernardo — 193, 209
Caetano, M arcelo — 145
Café Filho, João — 94
Calmon (Moniz de B ittencourt) Pedro — 192
Camargo, Laudo de Almeida — 139, 144, 148, 150, 151, 229
Camargo, Laudo F erreira — 88, 229
Campos, M ilton Soares — 67, 69, 102, 226
Cândido, Raym undo — 201
C anet Jr., Jay me — 201
Caon, Evllasio — 219
Cardoso, Adauto Lucio —- 69, 71,72, 74, 112
Cardoso de Melo — 34
Carneiro, Levi — 6, 1, 21, 22, 26, 27, 29, 33, 34, 35, 36, 40, 41, 42, 43, 45, 47,
49, 50, 52, 54, 56, 76, 85, 93, 121, 150, 228
Cam eiro, Nelson — 67, 75, 76, 94, 116
carn eiro d a C unha, Solano — 24, 28
C am eiro Leão, Honorio H erm eto — 13
C arter, Jim m y — 188
Carvalho, A. G ontijo de — 67
Carvalho, Elizabeto de — 76
Carvalho, Ja d e r — 64, 67, 69
Carvalho, Orlando M agalhães — 206
Carvalho, W aldem ar Teixeira — 125
Carvalho Filho, Aloysio de — 99, 102
C arvalho Filho, José Joaqutai — 182
C arvalho Jú n io r — Joaquim Correia de — 204
C arvalho M oreira, Francisco Inácio — 12
C arvalho Neto — 90
Carvalhosa, Modesto de Souza B arros — 150
C asaasanta, M ario — 52
Caseiro, Luciano S. — 205
Gastello Branco, Francisco Gil — 172
Castrioto, Henrique — 41, 53
Castro, F austo F reitas de — 62
Castro, Torquato — 143
Castro Filho, José Olímpio — 154
C atharino, José M artins — 218
C avalcanti, Carlos Povina — 106, 118, 119, 130, 132, 134, 197
C avalcanti, José Paulo — 142
235
Celiberti, Lilian — 189
Cerqueíra, M ayr — 93, 106, 108
Chagas, João Francisco das — 205
C hateaubriand (Bandieira de Melo) Francisco de Assis — 95
Chaves, Pedro — 114
Chaves, Raul — 179, 216
C hurchill, W inston — 64
Coelho, Nilo — 140
Ccelho, Sacha Calm on N avarro — 221
Coelho, Wilson do Egito — 131, 159
Com para to, Fabio Konder — 220
Corrêa, Oscar Dias — 145, 161, 185
Corrêa Filho, Vir^ilio — 11
Correia, Pedro de M agalhães — 111
Costa, Adroaldo M esquita d a — 127, 172, 173, 199
Costa, A rthur F erreira d a — 63, 64
Costa, Clovis Ferro — 219
Costa, Edgard — 24
Costa, José M aria Mac Dowell da — 76, 86, 91, 92, 96, 105, 106
Costa, M aria Jovita Leite — 221
Costa, Paulo — 70
Costa, W. Regalado — 118
Costa Jr., Olímpio — 220
Costa Lim a — 32
Costa Netto, Francisco — 121, 221, 222
Cruz, Alei G uaíba Amorim da — 144, 161
Cnu 2, Elm ano — 85
Cruz, José Telles d a — 75, 109
C unha Bueno — 92
C unha Melo, Danilo — 133
C unha Mello, Leopoldo — 41, 63
D allari, Dalmo — 201
D antas, P. C. San Tiago — 188
Demillecamps, Alcy — 109, 111, 144
Dias, J. A guiar — 94
Dias, José Carlos — 215
Dias, Universindo — 189
Doria, F ranklin — 17
Donnlcl, Virgilio — 161, 172, 203, 214, 216
Dotti, René — 180, 205, 219
D uarte, Aureliano — 125
D uarte, Camillo M ontenegro — 219
D uarte, Sam uel — 137, 138, 139, 140, 142, 143, 145, 197
D upin — 14
D utra, Eurico G aspar — 86
Eisenhower, Dwight — 64
236
Elbrick, Charles B urke — 145
Em erenciano, Jordão — 144
Ericeira, João B atista — 221
Espírito Santo, Riiy C esar — 147
Ewert, A rth u r — 57, 58, 59
Falcão, Corintho de A rruda— 114, 124, 137, 212
Falcão, D jaci — 143, 144
Faoro, Raym undo — 153, 154, 186, 187, 188, 189, 191, 193, 194, 201, 211, 230
F arat, A nuar — 76
F aria, Zeferino de — 46
Farias, Lauro — 221
Fernandes, R aul — 41, 42, 67, 72, 73, 74. 136, 193
Ferrão, Antônio de A branches — 11
Ferrão, Fernando de A branches — 11
Ferraz, E sther de Figueiredo — 170
Ferraz, Paulo M alta — 109
Ferraz, R ubens — 159, 160, 172, 174
Ferraz, Tercio Sam paio — 206
Ferreira, G ualter — 21, 22, 30, 32, 33
Ferreira, Oliveiros — 206
F erreira, Rosa M aria Fischer — 215
Ferreira, Them istocles M arcondes — 26, 74, 86, 96, 106, 114, 121, 124, 134, 135
Ferreira, W aldem ar — 50, 109
F erreira Filho, M anuel Gonçalves — 184
Figueira, Helio Erm irio — 161
Figueiredo, Erasm o B arros de — 205
Figueiredo, J. c a n u to — 19
Fonseca, Gelson — 161
Fonseca, José Pedro — 12
Fonseca, Marcos Luiz B retas d a — 5
Fontenelle, Jorge D yott — 72
Fragoso, Heleno (Claudlo) — 141, 146, 158, 160, 169, 174, 214, 215, 220
França, Ivan Paixão — 136, 146, 152, 161
F ran ch in i Neto, M anuel — 184
Franco, João Nascimento — 143
Franco, Oliveira — 106
F reitas, Alaríco de — 41
F rejat, José — 206
Frey, Ivo — 171
F urtado, M aurício — 106
G allotti. Luiz — 43, 94
G arcia, Basileu P. — 115
G arcia, M ario Sérgio D uarte — 4
Gelsel, Ernesto — 187, 201
Gil, O tto de A ndrade — 115, 130, 138, 151, 170
237
Godoy, Claro Augusto de — 100, 118
Goldstein, Sonla — 129
Godlnho, G ualter — 184
Góis M onteiro, Silvestre Pericles — 91
Gomes, Brig. Eduardo — 71, 72
Gomes, Orlando —< 109, 142, 149, 173
Gonçalves, Francisco — 86
Gonçalves, J. N. M ader — 75, 76
Gonçalves, M anoel — 67, 75
Gouvêa Vieira, João Pedro — 149
Grinover, Ada Pellegrini — 179
Gueiros, Frederico José Leite — 225
Gueiros, Nehem ias — 26, 67, 94, 96, 97, 100, 101, 104, 105, 106, 107, 108, 110,
113, 116, 121, 123, 130, 141, 143, 154, 163, 164, 169, 184, 224, 225, 226
Guim arães, Álvaro Leite — 161
Guim arães, Carlos d a R ocha — 137
Guim arães, Carvalho — 50
Guim arães, Jorge L afayette P. — 121, 134
Greigori, Henrique Sergio — 185
Guim arães, Luia Chem in — 216
Guim arães, M ario — 137
Guim arães, M urilo (Hum berto de B arros) — 140, 141
G u im arã^, Ulisses — 91
Haddock Lobo, Eugenio Roberto — 121, 171
Heusi Neto, M arcos — 189
Igrejas, Venancio — 129
Jansen, Hum berto — 204
Jansen, Letacio — 32, 33, 92, 94
Jan sen Jr., Letacio — 324
Jesus, Mario C arvalho — 147
Junqueira, Ávila Diniz — 114
Kovarick, Lúcio — 215
K ubitschek de Oliveira, Juscelino — 100, 228
K reitschm an, Paulo — 205
Lacerda, Carlos — 75
Lacerda, Francisco — 183
Lacerda, Ruy Homem de Melo — 180
Lachts, M anfred — 185
Lacombe, Carlos Alberto — 144
Lafer, Celso — 220
Lagies, A franio — 102
Lam ounier, Bolivar — 211
Lamy Filho, Alfredo — 180
Landim, Jaim e — 113
238
Lavigne, A rth u r — 214, 216
Leal, Aurelino — 14, 15, 18, 19, 20, 26
Leal, Victor Nunes — 57, 95, 111, 154, 204, 219
Leite, Evandro Gueiros — 124, 130
Leite, Gervasio — 170
Leite. Nlcolau Rodrigues dos Santos F rança — 12
Lem aire, J«an — 148
Lem gruber, Ju lita — 216
L entini — 79
Leonardos, Luiz — 149
Leonardos, Thom az — 142, 143
Lima, Albino — 170
Lima, Francisco Negrão de — 118
Lima, João M ilanez C unha — 216
Lima, Ronaldo José d a Costa — 159
Lima, Rui Cirne — 173
Lim a Sobrinho, B arbosa — 217, 218
Lindoso, José B ernardino — 217
Linharfes, José — 73
Lins, José F reitas — 221
Lins e Silva, Evandro — 91, 92, 96, 204, 214, 220
Lins e Silva, Técio — 218
Lisboa, Clem entino de Almeida — 125
Lobo, Candido — 83, 84
Lobo, Octavio de Oliveira — 218
Lobo, Pelágio — 125
Lopas, Jaym e Queiroa — 221
Loretti, Jo i^e — 170
Luiz (Pereira de Souza) W ashington — 23, 55
I^ r a , Luiz — 135, 137, 144
Lyra Pilho, Roberto — 215
Macedo, Sérgio do Rego — 172
Macedo, Sergio Teixeira — 32, 33
Macedo Neto, João Gonçalves — 126
M acedonia, Leonardo — 54
Maciel, M arco — 201
M achado, Paulo Simões — 129
M achado, R aul — 57
M agalhães, Agamemnon — 73
M agalhães, Agenor T. — 124, 137
M agalhães, Juracy — 136
M agalhães, Teodoro de — 19
M agarinos Torres — 40
M aia, Ary Fausto — 221
Maia, José M otta — 14
M aia, Paulo Américo — 144
239
M alan, Pedro — 215
Malhieiros, Francisco Sales — 33, 42, 75, 125, 126
Mange, R o ^ r de C arvalho — 115
M arcondes Filho, Alexandre — 126
M arinho, Jo sap h a t — 175, 186
M arinho, A rth u r — 83, 84
M arinho, S aldanha — 15
M arques, Azevedo — 43, 53
Marques, João — 19
M arques Filho, J. J. — 76
M arques dos Reis, Joaquim .,— 34
M artini, Nildo — 171
M artins de Almeida — 62, 75, 81
M artins F erreira — 74
M artins Rodrigues, Carlos M auricio — 159
M ascarenhas, Augusto da Silva — 182
M assena, Nestor — 61
M attos, Aderbal M elra — 141
M attos, João — 41
M ayer, Luiz R afael — 195, 196, 199, 201
M edeiros (da Fonseca) Amoldo — 30, 32, 60, 77
Melo, Alberto B arreto de — 26, 76, 77, 86, 89, 91, 97, 100, 102, 106, 110, 111,
115, 118, 121, 133, 135, 137, 229
Melo Viana, Fernando — 52, 54, 55, 57, 61, 62, 63, 67
Melo, Julio — 126
Melo, O sm ar Alves — 220
Mello, Cordeiro — 222
Mello Franco Filho, Afonso Arinos — 11
Mello Franco, V ii^ilio — 69
Mendes de Almeida, C ândido — 33, 40, 50
M endes de Almeida (Fernando) — 20, 204
Mendes Ju nior, O nofre — 63
M endes Pim entel, Francisco — 54, 62
M endonça, Yolanda — 172
Menegale, J. G uim arâes — 109
Menezes, Luiz P ortunato de B rito e Abreu Souza — 12
M esquita, José Ig n a d o Botelho de — 219
M U an^, M areia M. — 205
M iranda, Bartolom eu Bueno de — 115
M iranda, Décio (Meirelles) de — 27
M iranda Jordão, Edm undo de — 21, 26, 30, 32, 33, 43
M iranda Jordão, H arytterto — 126
M iranda Lim a, Leopoldo C esar — 113
M iranda Lima, T herezinha S. — 180
M oitinho Dória, A. — 26, 30, 33
M onteiro de B arros, Adelmo — 222
Moniz de Aragão, % a s Dirceu — 203
240
Monteiro, José Carlos B randão — 160
M onteiro de caj?tro, José — 71, 73
M ontezuma, Francisco Gê Acaiaba de — 12, 13, 14,
Moraes Neto, Luiz M endes de — 105
M oraes Rego, Augusto Sussekinà — 146, 158
Morais, J. B. V iana de — 178, 183
Morais, Ju sto (Mendes) de — 30, 72, 108
M orais pilho, Antonio Evaristo de — 160, 214, 215
M orais Filho, Evariáfto de — 16Ô, 203, 215
M orato, Francisco — 40
Mioreira, João d a R ocha — 108
M oreira, José Carlos B arbosa — 204
M oreira, Paulo R angel — 140
Moura, G astão Q uartin P into de — 126
Moura, Levy Raw de — 147
M ota, Dias d a — 12
M unhoz Neto, Alcides — 203
Muniz, Francisco F erreira — 203
Nabuco, C arolina — 63
Nabuco, Joaquim — 15
Nabuco de Araújo, José Thom az — 15
Nachpiz, Sam uel — 129
Nascimiento, Antonio Teodoro — 171, 177, 182
Nascimento, José D anir Siqueira — 159, 161
Nascim ento Silva, Josino — 12
Nascimento e Silva, Luiz Gonzaga — 149
N azareth, Luiz Antonio d a Silva — 12
Negrão, Teotônio — 108
Neves, Francisco Serrano — 72, 138, 160, 203
Neves, Francisco Thom az de Figueiredo — 12
Neves, José C avalcanti — 123, 140, 143, 145, 152, 153, 155, 156, 159, 229
Neves, José E duardo dos Santos — 183
Nóbrega, W andick Londres d a — 185
Nonato (da Silva), Orosimbo — ’94
Nunes, Eustachio P ortela — 215
Octavio Filho, Rodrigo — 111
Oiticica, Francisco d a Rocha Leite e — 108, 131
Oliva, Albertino de Souza — 147
Oliveira, Abgar Soriano de — 114
Oliveira, Fernando A ndrade — 172
Oliveira, Fernando B astos de — 126
Oliveira, João G ualberto — 55, 76
Oliveira, José C aetano de — 126
Oliveira, José L am artine C orrêa d e — 203
Oliveira, Moacarr Velloso Cardoso — 204
Oliveira, R afael Corrêa — 69
241
Oliveira Filho, João — 171, 180
Oliveira Neto, Cândido — 109, 110
Osório, Antônio Carlos — 148, 149
Paiva, Rubens — 217
P ará Filho, Thomaz — 116
Pasqualini, Paulo Alberto — 173
Passos, Almir — 147
Passos, Darcy Paulilo dos — 204
Paulon, Carlos Alberto — 202
Pedrosa, B ernadette — 203
Pedrosa, W aldem ar — 217
Pereira, André de F aria — 23, 27
Pereira, B atista — 15
Pereira, Caio M ario da Silva — 143, 153, 173, 174, 175, 176, 178, 182, 183,
184, 186, 193, 203, 229
Pereira, O. Lim a — 94
P ereira Lira, Ricardo César — 219
P ereira Neto, Francisco Emygdio — 115
Perilo, Joaquim Augusto — 135
Pertence, José Paulo Sepulveda — 209, 212, 214, 218
Picanço, Aloysio Tavares — 221
Picanço, M acario — 85
Pim enta, Euripsdes Carvalho — 179
Pim enta, J. A. Bueno — 201
Pim entel, Manoel Pedro — 115, 215
Pim entel, M arcelo — 196
Pinheiro, Paulo Serglo — 216
Pinheiro M achado, B rasil — 206
Pinho, Dem osthenes M adureira de — 41, 96
Pinho, Soares de — 74
Pinho, Them istocles Américo Caldas — 205
Pinto, Alfredo — 18, 19, 20, 26
Pinto, Antonio P ereira — 12
Pinto, pstevam — 47, 53
Pinto, José M aria Frederico de Souza — 12
Pinto, Paulo B rossard de Souza — 142, 170, |220
P into Lima, Augusto — 30, 32, 40, 42, 63, 64, 70, 71, 72, 73, 75, 76, 77
Pires, Ariovaldo de Campos — 180, 219
Pires, A rthur Porto — 139
Piragibe, Vicente — 27
Pizeolante, M aria Lucia d’Avila — 221
Pognard — 92
Ponte, José M iram ar da — 116
Pontes de M iranda, Francisco C avalcanti — 170, 203
Ponzi, Alfio — 144
Pcrtão, Ram ão Gomes — 215
Portela, Bartolom eu — 40
242
Portela, Petrônio — 187, 188, 201
Póvoa, Paulo — 50
Prado Kelly, J. E. — 114, 116, 117, 119, 173, 193, 228
Prado Neto, João Adelino de Almeida — 179
Prestea, Luiz Carlos — 57, 58, 59, 61
Quadros, Jan lo — 117
Quadros Filho, Saul Venancio — 222
Queiroz, João José d e — 83, 84
Queiroz, José de Siqueira — 12
R am alhete, Clovis — 170, 172, 178
R am alhete, Ubaldo — 54
Ramiro, José — 226
Ramos, Nereu — 41, 100, 228
Rao, Vicente — 34
Reale, Miguel — 115, 116, 170, 173
Reale Jr., Miguel — 204, 216, 219
Rego Filho, Edmundo de Almeida — 139
Rego, G aston Luiz — 118, 129, 131, 132
Rego, Ricardo — 21, 22
Reis, Antonio Carlos Nogueira — 171
Reis, M anoel M artins dos —1 159. 186
R«is, Nelio — 136, 142
Requião, Rubens — 179, 203
Rezende, Astolfo — 22, 54
Rezende, Oswaldo Astolfo de — 171, 174
Rezende, Oswaldo M urgel de — 33, 94, 106, 126
Rezende, Francisco B arbosa de — 41
Ribas Carneiro, EÜgard — 21, 22, 30, 32, 43
Ribeiro, Edson de Oliveira — 74, 85, 89
Ribeiro, R enato — 113
Ribeiro, Targino — 41, 49, 50, 54, 58, 71, 72, 73
Ribeiro de C astro Filho, José — |15@, 162, 173, 176, 229
Ribeiro da Costa, A. M oitinho — 57
Rocha, Anisio — 129
Rocha, A rthur — 50, 74, 86
Rocha, Eloy José de — 169
Rocha, Otávio Caruso d a — 218
Rodrigues, João Custódio — 179
Rodrigues Neto, José — 147
Rohan, Sanelva de — 41, 86
Roosevelt, F ran k lin D. — 64, 69
Roselli, Alberto — 41
Rossi, J. B. Prado — 148
Russel, Alfredo M ourão — 84, 85
Sá, EmeSto — 54
243
Sá Pereira, Eurico de — 33, 35
Salazar, Alcino de Paula — 74, 81, 106, 109, 110, 111, 112, 113, 114, 116,
117, 173, 228
Saldanha, Aristides — 75
Saldanha, Nelson — 194, 203
Salles, Eurico — 76
Sampaio, Cantidio — 175
Sampaio, Nelson de Souza — 182
Sam paio Doria, Antonio Roberto — 149
S antana, Edson Rubens Ivo de — 183
Santos, Juarez Cirino dos — 215
Santos, Teófilo de Azeredo — 115
Saraiva, Oscar — 32, 125
Sciesari, Nelson — 179
Serra, Edgar Vargas — 150
Seabra Fagundes, Eduardo — 3, 5, 6, 14, 154, 193, 209, 211, 214, 216, 217,
227, 228, 230
Seabra Fagundes, Miguel — 25, 79, 90, 91, 93, 94, 100, 108, 114, 115, 137,
143, 145, 146, 153, 169, 173, 193, 194, 197, 206, 220, 228
Silva. Alberto M onteiro d a — 92
Silva, Aurélio — 33
Silva, Carlos Medeiros — 124, 130, 173
Silva, Colemar N atal e — 113
Silva, Edgar M oreira — 205
Silva, Fruncisco P ereira d a — 76
Silva, G am a e — 114
Silva, Hedberto P inela da — 129
Silva, João P austino d a — 34
Silva, José Afonso — 180
Silva, Ju ra n d ir S antos — 159
Silva, Lyda M onteiro d a — 5, 57, 76, 226, 227, 228
Silva Telles Jr., Gofredo — 203
Silveira, Alfredo B altazar — 12, 126
Silveira, R aul Souza — 124, 137, 144, 174, 186
Silveira, Sydney F. Safe — 221
Simas, Hugo — 201
Soares, Oil — 103
Soares, R aul — 55, 56
Soares, Caetano Alberto — 12, 15
Sobral Pinto, H eraclito F ontoura — 7, 57, 58, 59, 60, 65, 66, 67, 68, 70, 72,
73, 134, 136, 141, 144, 154, 155, 170, 175, 176, 178, 220
Sodré, Antonio Roberto de Abfeu — 150
Souza, André Fernandes de — 124
Souza, Cid Vieira de — 177
Souza, D aniel Coelho de — 142
Souza, Danilo M arcondes de — 144, 158, 160, 172
Souza, Ekel Luiz Servlo de — 216
244
Souza, J. F erreira de — 125
Souza, Joaquim Gomes Norões e — 144, 186, 193
Souza, Mário G uim arães de — 109
Souza, Ney Lopes — 203
Souza, Paulino José Soares — 13
Souza, Ruy — 204
Souza, guUy Alves de — 220
Souza Leão, Domingos — 63
Souza Filho, José P aiva — 217
Souza Pinto, A. de — 33
Stam ato, Dione Prado — 179, 219
Stelnbruch, A arão — 113, 129
Tarso (Santos), Paulo — 113
Taunay, Visconde de — 53
Tavares, Arnaldo — 41
Tavares, George — 146, 158
Távora, A raken — 57
Tebet, A brahim — 171
Tebceira, Julio Fernandes — 171
Teixeira de F reitas, Augusto — 12, 182
Temer, Michel — 179
Theiler, Eduardo O tto — 40
Thompson, Augusto — 216
Tiradentes, V. X avier, Joaquim José d a Silva — 161
Toledo, Edgard — 86, 92, 94, 96
Torres, José Joaquim Rodrigues — 13
Tovar, J a ir — 27, 74, 86
Trigueiro (de Albuquerque Melo) Oswaldo — 52, 57, 62, 67, 74
Vale, Edgard Queiroz — 159
Valente, G ilberto — 75
VaJladao, Haroldo — 23, 27, 33, 48, 85, 86. 87, 88, 89, 139» 141, 149, 183,
193, 228
Valle, Eurico — 41
Valle, Oswaldo de Souza — 81, 131
Van R oijen — 185
Vargas, D arci — i l l
Vargas, G etúlio — 63, 64, 72, 73
Vasconcelos, Abner — 83
Vasconcelos, C uüha — 83, 84, 85
Vasconcelos, Ju stino — 171, 217
Vasconcelos, Luiz Cruz — 205
Vasconcelos, Nilo (C arneiro Leão) — 60, 61
Vaz, R ubens — 93
Veiga, Didimo d a — 50
Velho, G ilberto Alves — 215
Venancio Filho, Alberto — 3, 4, 6, 11, 205, 215, 219
245
Vergara, Oswaldo — 76
Vidal (Leite Ribeiro), Arm ando — 12, 13, 15, 17, 18, 19, 20, 30, 31, 32, 33, 42
Vieira, J. J. Pontes — 41
Vieira, Roberto dos Santos — 221
Vieira Neto — ;139
Vilanova, Antonio Carlos — 227
Vilanova, Lourival — 149, 179
Villasboas, João — 41
Villela, João Baptti&ta — 220
Virmond, Eduardo R ocha — 201, 206
Vivacqua, Atilio — 34, 43, 45, 47, 49. 52, 61, 62, 67, 89, 90, 91
W alcacer, Hélio — 74
Wald, Amoldo — 142, 149, 151, 153
W aline, Maro5l — 83
W atters, Ronaldo — 227
W effort, Francisco Corrêa — 206, 211, 215
W ilhelm, Jorge — 215
Xavier, Joaquim José da Silva — 161
Zerbine, T herezinha — 205
Zacarioti, José — 133
Zweitzer, W aldem ar — 161
246
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