Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ABSTRACT - This article addresses the origin of the Jury Tribunal, its reports and
historical developments over time, with the main focus on Brazil. It discusses how the
Jury Court emerged in Brazil, the changes made over the years and the motivations that
led to the implementation of the Jury Court as it currently stands. In addition, it discusses
the procedure of the Jury applied by Brazil, as well as the reasons why they took the Jury
Court only judge crimes that concern human life. To this end, a literary analysis,
documentary survey, as well as bibliographic review on the subjects listed were
performed. And through the methodology adopted, it is possible to understand that the
Jury Court does not have an exact date of origin and that the procedure adopted by
Brazil is based on the English model, as well as the reasons why only crimes against life
are tried by the Court has a social and political nature.
Keywords: History. Source. Procedure. Jury Court.
1
Discente do Curso de Direito da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral - FAEF –
ot.adv@hotmail.com
2
Docente do Curso de Direito da Faculdade de Ensino Superior e Formação Integral - FAEF –
salvares@tjsp.jus.br
1. INTRODUÇÃO
De início, para que possamos compreender a funcionalidade do Tribunal do Júri
e a sua necessidade de existência em um Estado Democrático, é necessário fazer uma
análise da sua origem e dos motivos condicionadores do seu surgimento e presença na
estrutura judiciária.
Quando tratamos sobre a origem do Tribunal do Júri, nos deparamos com certa
imprecisão doutrinaria a respeito do tema.
As grandes controvérsias nos posicionamentos se dão em razão de variáveis
fatores, quais sejam a falta de acervos históricos, ou até mesmo o fato de não se
vislumbrar ou encontrar traços mínimos essenciais para a identificação de sua origem e
existência, para que se possa afirmar, sem sombras de dúvidas, sua aparição em
determinado momento da história.
Alguns doutrinadores apontam a criação do Júri, na era mosaica, esclarecendo
que seu surgimento ocorreu entre os Hebreus que fugiram do Egito, sob a orientação
deMoshe. Relatando a história através da Torá, ocasião em que os julgamentos se
davam pelos próprios pares dos acusados, no Conselho dos Anciãos, em nome de
YHWH (Deus).
Há quem diga que o surgimento ocorreu na Grécia, bem como em Roma, que
esse seria inspirado em fundamentos divinos, fazendo referencia, ao julgamento de
Cristo, desprovido de garantias de defesa, o que se assemelharia ao Tribunal do Júri.
(TÁVORA, 2017, p.1231).
Existem ainda correntes que afirma que o instituto possui origem na Magna
Carta da Inglaterra de 1215, refletida para diversos países até os dias atuais. Deixando
de lado as discordâncias sobre qual origem é a correta, temos autores que concordam e
indicam como surgimento do Júri a Magna Carta da Inglaterra, de 1215, bem como a
Revolução Francesa de 1789. (TÁVORA, 2017, p.1231).
Assim, visto o breve levantamento histórico da origem do Júri, podemos
concluir que não há um período certo e pacificado na doutrina.
Contudo, quanto à atual forma do Tribunal Popular, temos sua origem baseada
na Magna Carta da Inglaterra de 1215, levando em consideração que já havia certo
conhecimento sobre o Júri antes desse período. (NUCCI, 2013, p.45).
Portanto, podemos dizer que o Júri realizado no Brasil, é de origem inglesa. Em
virtude do próprio vinculo que Portugal tinha com a Inglaterra, em especial, após da
guerra travada por Napoleão na Europa, oportunidade em que a família real se dirigiu
para o Brasil, trazendo seus costumes europeus.
contra si, bem como em ser ouvido na sua ampla defesa, com o intuito de buscar a
verdade real.
Tratando-se sobre essa matéria, temos que:
Inexiste autentico devido processo legal (art. 5º, LIV, CF) se não
forem assegurados, aos acusados em geral, o contraditório e a ampla
defesa. No processo penal, particularmente, envolvendo um dos mais
valiosos bens jurídicos sob proteção constitucional, que é liberdade
individual, há de se exigir o fiel cumprimento de tais garantias.
(NUCCI, 2015, p. 24).
Desta forma, os jurados do caso darão seu veredicto através do voto, de forma
sigilosa, não sendo possível precisar como votou cada jurado, garantido a eles segurança
Os veredictos dado pelos jurados são soberano, se não, não teria razão do
Tribunal do Júri existir, visto a possibilidade de seus julgamentos serem alterados
posteriormente. Assim a Constituição firmou tal princípio, para que não seja
desrespeitada as decisões dos jurados, que são os juízes da causa.
Assim, o Tribunal do Júri é competente para julgar crimes conexos, desde que
não sejam crimes sujeitos à Justiça Militar, Justiça Eleitoral, bem como da atual Justiça
da Infância e Juventude.
Quanto aos crimes conexos, temos que podem ser tanto de conexão, art. 76,
C.P.P., como de continência, art. 77, C.P.P.
Assim caso haja crimes conexos, deve o juiz remeter a julgamento pelo Tribunal
Popular, cabendo aos jurados se convencerem da existência da materialidade e a prova
da autoria das infrações penais conexas para haver condenação.
Nessa toada, temos ainda que Para que o instituto não desaparecesse do nosso
ordenamento jurídico, o constituinte optou por estabelecer uma competência mínima
para o Tribunal do Júri. (TÁVORA, 2009, p.647).
Assim podemos concluir que o constituinte elegeu os crimes dolosos contra a
vida para garantir que o instituto do júri não desaparecesse pela inércia do Legislativo.
Nesse sentido, poderia ser instituído qualquer tipo de crime para ser analisado pelo
Tribunal do Júri.
Em reflexão ao exposto, seria interessante que outros tipos penais figurassem no
Tribunal popular, como é caso dos crimes que envolvem direitos coletivos no sentido
5. O RITO DO JÚRI
Segunda a doutrina o rito do Júri é escalonado (dividido) em duas fases, sendo a
primeira, o juízo ou formação da acusação (judicium accusationes) e a segunda, juízo da
causa (judicium causae).
Importante ressaltar que existe diversidade de entendimento sobre o tema.
Sabendo, pois que existem mais de um entendimento a respeito das fases do
procedimento do Júri. Abordaremos aqui, o sistema bifásico.
que levará ao julgamento de mérito em plenário. Vale dizer que a decisão de pronúncia
possui formalidade e estrutura de uma sentença, com relatório, fundamentação e
dispositivo.
jurados prestarem compromisso, é condição essencial para validade dos atos, conforme
estabelece a lei, sendo ainda, um dos atos que torna o procedimento do júri para a
maioria da doutrina como um procedimento soleníssimo.
Após, os jurados irão receber cópias da pronúncia ou das posteriores decisões
que julgaram admissível a acusação e do relatório do processo, elaborado pelo juiz
presidente.
E por último, se estiver presente, o réu será interrogado, nos termos dos arts. 185
a 196 do Código de Processo Penal.
Os depoimentos e o interrogatório serão registrados por meio ou recurso de
gravação ou qualquer técnica similar. E após a degravação, a transcrição será juntada
aos autos, conforme o art. 475 do Código de Processo Penal.
7.4. Debates
Encerrada a instrução, o Promotor de Justiça, represente do Ministério Público,
fará a acusação, nos termos da pronúncia. E após, o assistente, se houver.
Vale destacar que o Promotor não está obrigado a sustentar a acusação, tendo ele
a possibilidade dele sustente pela absolvição do acusado. Não obstante, tal fato não
impede que o Assistente De Acusação peça a condenação e que os quesitos sejam
submetidos ao Conselho de Sentença.
Encerrado o tempo de sustentação da acusação, o Defensor terá a palavra para
sustentar a defesa. Sendo que este deverá apresentar resistência à tese sustentada pela
acusação, sob pena de nulidade do julgamento.
O membro do “parquet” poderá ainda replicar e a Defesa treplicar e caso o órgão
acusador não faça uso da réplica, não poderá a defesa treplicar.
Vale lembrar que a acusação e a defesa terão o tempo de uma hora e meia para
apresentar suas alegações. Havendo réplica e a tréplica, essas terão a duração de uma
hora cada, nos termos do art. 477 do CPP.
Findo os debates, o Juiz Presidente perguntará os jurados se estão habilitados, ou
seja, seguros para julgar ou se precisam de outros esclarecimentos. Na sequência o juiz
fará à leitura dos quesitos, indagando às partes se possuem requerimentos ou
reclamações a fazer, sendo que, serão inseridos na ata caso não atendidos.
Após, será feita a votação dos quesitos, na sala secreta. No dizer de Franco
(1956, p. 154), “os quesitos são perguntas que o Presidente do Júri faz aos jurados sobre
o fato criminoso e mais circunstâncias essenciais ao julgamento, e por meio das quais
decidem os jurados da causa”.
Desta forma, caberá aos jurados ouvir os quesitos apresentados e votar de acordo
com o que foi exposto e conforme sua convicção.
7.5. Quesitos
7.6. Votação
A votação ocorrerá após o encerramento dos debates e caso não haja outras
provas a serem produzidas. Estando os jurados habilitados a julgar, o juiz fará a leitura
dos quesitos em plenário, perante os presentes, bem como uma breve explicação sobre
cada um.
Caso haja alguma impugnação, está deverá ser apreciada e julgada de pronto. Se
o juiz acolher, este fará os ajustes necessários e caso rejeite, manterá o que foi feito, e,
seja como for, tudo será registrado na ata dos trabalhos.
Na sequência, o Juiz Presidente, os jurados, o Defensor, o Promotor de Justiça, o
Assistente da Acusação, se houver, e os serventuários da justiça, seguirão até à sala
especial, conhecida como “sala secreta”, para a votação, nos termos do art. 485 do CPP.
Vale ressaltar que antes de ser feita à votação, o Juiz Presidente mandará
distribuir aos jurados pequenas cédulas, feitas de papel opaco, dobrável, contendo sete
delas a palavra “sim” e sete a palavra “não”.
Essas cédulas serão usadas para efetuar a votação dos quesitos, que ocorrerá de
forma sigilosa, onde o oficial de justiça fará à colheita destas em urnas separadas, as
cédulas correspondentes aos votos e as que não formam utilizadas.
O juiz apurará os votos válidos, até chegar à maioria de quatro (“sim” ou “não”)
sendo suspensa a votação ao ser atingido à maioria, sendo divulgado somente o
resultado.
Depois da votação, o Juiz Presidente, os jurados e partes assinarão o termo e em
seguida o juiz proferirá a sentença.
7.7. Sentença
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A doutrina diverge sobre a origem do Tribunal do Júri, sendo identificado
resquício de sua origem tanto na Grécia como em Roma. Contudo, quando tratamos da
forma do Tribunal do Júri atualmente, temos que grande parte da doutrina aponta como
matriz do Tribunal do Júri a Carta Magna da Inglaterra, de 1215, bem como a
Revolução Francesa de 1789.
No Brasil, desde a Constituição de 1822, o Tribunal do Júri é órgão com
competência para julgar crimes que dizem respeito a determinados bens jurídicos. A
Constituição vigente assegura que o Tribunal julgará os crimes dolosos contra a vida.
A competência e a organização do Tribunal do Júri variam de país para país. A
finalidade do Tribunal do Júri é de que casos importantes sejam julgados pelas pessoas
que compõe a própria sociedade, tal como o acusado, que faz parte dela. A ideia é de
que o julgamento se dê pelos pares do réu.
Nessa toada, a competência do Tribunal do Júri para julgar os crimes contra a
vida teve seu conteúdo definido pelo constituinte. Antes da Constituição atual, outros
crimes, diversos dos dolosos contra a vida, eram julgados pelo Tribunal do Júri, como é
o caso dos crimes de imprensa.
Atualmente, não há lei ordinária ampliando a competência desse Tribunal
Popular. Assim, para evitar sua extinção, o constituinte protegeu assim sua competência
Desta forma ficou instituído o Tribunal do Júri no Brasil, com todo seu
procedimento regulamentado pelo Código de Processo Penal, sendo esse, considerado
como procedimento especial, por haver procedimentos e atos específicos.
Assim, caso ocorra um crime doloso contra a vida, este será remetido ao Tribuna
do Júri, sendo realizado julgamento em plenário, onde será garantido ao acusado o
devido processo legal, a plenitude de defesa, bem como a ampla defesa.
Para julgar a causa teremos um Conselho de Sentença, constituídos por cidadãos
da própria sociedade, que julgará o caso de acordo com as exposições da acusação e da
defesa, com base em suas próprias convicções.
Desta forma restou garantido a participação popular pelo judiciário, para que a
própria sociedade possa indicar o caminho que pretende seguir, condenando ou não
certos fatos sociais e garantindo o desenvolvimento da democracia.
9. REFERÊNCIAS
BONFIM, Edilson Mougenot. Curso de Processo Penal. – 8. ed. – São Paulo : Saraiva,
2013.
CAMPOS, Walfredo Cunha. Tribunal do júri: teoria e pratica. – 5. Ed. – São Paulo:
Atlas, 2015.
NUCCI, Guilherme de Souza. Tribunal do Júri. – 4.ed. rev, atual. e ampl. – São Paulo:
Editora Revista dos Tribunais, 2013.
NUCCI, Guilherme de Souza. Tribunal do Júri. – 6. E mod. rev, atual. e ampl. – Rio
de Janeiro: Forense, 2015.
MARCÃO, Renato. Curso de processo penal. – 5. ed.- São Paulo: Saraiva Educação,
2019.
TASSE, Adel El. O Novo Rito do Tribunal do Júri: Em Conformidade com a Lei
11.689, de 09.06.2008. Curitiba: Juruá, 2008.