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JORNADA MULHERIDADES

Morena Cardoso

CAPA
Que alegria poder ver estes textos juntos, compilados.
Devo admitir que esse é o inicio de ter um de meus grandes
sonhos realizados: um livro com cheiro de livro, com textura de
papel, com lugar na cabeceira pra ser degustado no silêncio.
Sonho por sonho: chamados que pulsam em eminência de
falta até que venham ao mundo, cumprindo uma missão que
nem sequer foi escolhida por nós. Quem já realizou sonhos
ligados a propósitos, sabe ao que me refiro.
Agradeço a todas as maestras que passaram por mim nestes
tantos cantos de mundo e me ensinaram que ser mulher não é
somente uma construção social, mas que é sim magia, poder,
beleza, fonte de vida e criação! Agradeço a todas aquelas que
são a manifestação de uma nova subjetividade, a partir do
próprio corpo, em potente silêncio, em constante ruído- trans-
formando desde dentro as costuras de uma tecedura obsoleta,
patriarcal, capitalística e opressora.
Que seja um profundo, visceral, leve e lindo despertar!
Sim, nós somos aquelas que estávamos esperando!
Com amor, por Morena Cardoso.

CRÉDITOS:
Textos:
Morena Cardoso
Projeto Gráfico:
Foto:
Bárbara Blauth
Salinê Saunders
www.barbarablauth.com.br

AGRADECIMENTOS:
Médica Ginecologista Médica Ginecologista
Bel Saide Débora Rosa
www.ginecologianatural.com.br www.ginecologistanatural.com.br

Médica Ginecologista
Halana Faria
www.halanafaria.med.br
MORENA CARDOSO
Morena Cardoso é contadora de histórias, terapeuta
corporal, ativista, mãe, mulher, heroína da própria jornada.
Visionária e facilitadora do projeto DanzaMedicina. Uma
peregrina que por mais de uma década caminhou em busca
de povos originários e saberes ancestrais, e hoje recria
potentes vivências e narrativas acerca das relações com o
feminino e o corpo-mulher.

Saiba mais em www.danzamedicina.net

ANZA EDI INA


MANIFESTO
DanzaMedicina é descobrir-se através da ferramenta corpo.

É um convite a criar rupturas positivas e percorrer novas subjetividades: é desterrito-


rializar-se. É afetar e ser afetada por sensibilidades que propiciem modos singulares de
existência: descascando camadas em um constante tornar-se.

Uma jornada de exploração em direção à singularidade do selvagem, no respeito e


entendimento das peculiaridades que nos transpassam como mulheres, em um corpo de
mulher; que reverencia a natureza como processo de criação.

Um desafogar dos corpos femininos em aproximação a uma reinventada potência que


sangra, que morre e renasce a cada nova lua, que transpira, que ovula, que tem pelos, que
chora, que pare, que enfrenta, se reconstrói, que luta, resiste... se reinventa.
Que deseja, que geme, arde, ama, goza.

DanzaMedicina é dar voz a sabedorias há tanto silenciadas; é ter o corpo como


território de descolonização contra os rigores de uma sociedade excessivamente domes-
ticadora, que entorpece cada mulher à normatização dos papéis sociais, em sutis e
arraigadas opressões. É tomar pelas mãos a condução e autonomia de nossos corpos e
essências, expandindo e fortalecendo o movimento de retomada dos nossos espaços e
das nossas próprias narrativas. Indo além do outro, enquanto em direção ao eu essencial.

Inunde-se e se aproprie de sua fertilidade. Feche seus olhos, respire fundo, consagre o
seu sangue, abençoe seu ventre. Invoque a sabedoria latente que repousa mas pulsa
desde seu alquímico Ser Mulher.

Descalce os sapatos, afrouxe suas roupas, solte os cabelos, distensione... abra o peito:
se entorpeça de si na roda cíclica de vida de suas mulheridades, enquanto honra cada um
dos arquétipos, facetas e frequências que te orquestram seu templo-corpo.

Junte os fragmentos de sua alma, correndo em direção ao seu poder visionário, potên-
cia intuitiva e força instintiva; recolhendo pelo caminho os aspectos do seu feminino que
foram perdidos, rejeitados, negligenciados ou feridos no decorrer da sua jornada de vida.

DanzaMedicina é dizer sim a ti mesma, é dizer sim às mulheres que vieram antes de ti,
e àquelas que virão.

Sim, nós somos aquelas que estávamos esperando.


SUMÁRIO
Introdução............................................................................................... 06
Rito de Iniciação.................................................................................... 08
Natureza Cíclica.................................................................................... 12
Como se conectar com seu corpo e seus ciclos?...................... 14
Você conhece seu ciclo menstrual?................................................ 15
As fases..................................................................................................... 18
A semente................................................................................................. 20
O broto ..................................................................................................... 23
Mulher em Flor....................................................................................... 26
Folhas Secas............................................................................................. 29
O elixir................................................... .................................................... 32
Reconexão............................................................................................... 34
Plantar a lua............................................................................................. 36
Malefícios dos absorventes.............................................................. 38
Como amar sua menstruação........................................................... 41
A mandala lunar..................................................................................... 45
Como preencher sua mandala......................................................... 47
Como lidar com sua “força pré-menstrual”................................. 49
Vamos falar sobre métodos contraceptivos............................... 51
Contracepção não-hormonal, um universo paralelo.............. 54
Mais sobre Homônios............................................................................ 57
Fertilidade Consciente........................................................................ 60
Sobre a Percepção da Fertilidade................................................... 62
Colocando em Prática......................................................................... 66
E como os homens podem fazer parte desse processo.......... 70
Mulheres na menopausa, como podem participar?................. 73
Para as mulheres com desequilíbrios físicos?............................ 75
Dicas de leitura...................................................................................... 77
O encontro com seu Propósito....................................................... 80
Vaporização do útero.......................................................................... 82
INTRODUÇÃO

Este e-book foi criado com o objetivo despretensioso de


compilar informações coletadas durante os meus últimos anos de
estudo, pesquisa e investigação. Inicialmente, uma série de textos
independentes, 29 textos como os dias de um ciclo lunar, que se
mostraram complementares e posteriormente, partes essenciais
na construção de uma nova perspectiva a respeito do
Corpo-Mulher sobre a ótica de saberes ancestrais e epistemologias
feministas, em uma tecedura fina entre conhecimentos tradicionais
e contemporaneidade, sugeridas aqui. Um material que hoje
ofereço gratuitamente com o desejo de quem mais e mais mulheres
tenham acesso a ferramentas tão simples, e ao mesmo tempo, tão
poderosas.

São conteúdos objetivos, que oferecem informações práticas


de simples aplicabilidade, enquanto induz a uma experiência
subjetiva e sensorial. Uma experiência que utiliza do corpo como
ferramenta de autoconhecimento, exploração de si,
auto-observação e transformação pessoal em resposta a uma
demanda cada vez mais crescente que nós sentimos em revisar as
narrativas sobre habitar este corpo-mulher de forma mais
conscientes, amorosas e integrada, conduzindo com a devida
propriedade a autonomia de nossa sexualidade, saúde e bem estar.

Você pode entrar de cabeça e alma, deixando que esses saberes


te transforme desde seus lugares mais sutis, viscerais e profundos,
ou utilizá-lo em doses homeopáticas, lendo trechos específicos do
livro. Caso sinta de começar devagar, sugiro que leia a primeira
metade, até o texto da TPM. Dalí em diante, falaremos sobre
Percepção de Fertilidade e Contracepção, um tema urgente e
necessário, mas que precisa de um respiro mais profundo para
seguir adiante. Na primeira metade do livro você irá aprender como
mapear seu ciclo menstrual (junto ao ciclo lunar), aprenderá dicas
preciosas a respeito dos arquétipos do feminino (que te fornecem
ótimos insights sobre suas escolhas de vida, potências e padrões
limitantes), além de ritos da menstruação (que podem fazer uma
grande e potente revolução silenciosa em sua vida)!
06
Na segunda metade, falamos sobre como reconectar com sua
fertilidade, trazendo luz ao tema dos contraceptivos hormonais, e
explicações detalhadas a respeito do Método Sintotermal como
sugestão de Percepção de Fertilidade, mostrando-se uma
ferramenta poderosa de apropriação de si.

Uma última e não menos importante dica, antes de


começarmos, é que você conheça o nosso Programa Online
“Devir-Mulher: Ancestralidade e Contemporaneidade”, de onde
este livro foi extraído, com todo o conteúdo, porém, repassado
através de vídeo-aulas sob minha mentoria. Um projeto pulsante,
inquietante, inspirador, e digno de transformar subjetividades,
convidando a novas formas de existir! Saindo dos papéis, e da tela,
espero ter você em breve em algum de nossos cursos presenciais,
que acontecem em diversos países do mundo e que, apesar de não
falarmos nada sobre esses temas (menstruação, ciclo, sangue,
lua...), falamos com o corpo, utilizando a linguagem da dança,
incorporando a força de existir no próprio corpo, tirando máscaras,
acolhendo sombras, encarando medos, em direção à nossa essência
mais autêntica. Seja bem-vinda e que esse seja só o início de um
potente caminhar de volta para casa!

07
RITO DE INICIAÇÃO

Neste dia te convido a um pequeno ritual para que você possa


entrar em contato com algumas questões mais profundas e sutis
que nos transpassam e nos habitam, como mulheres.

Muitas vezes, em nossa jornada de vida, acumulamos memórias,


impressões e histórias que não são devidamente integradas,
observadas, e acolhidas.

Permitir sentir é curar.


Entrar em contato é dar a oportunidade para que esses pontos
de anestesia possam se fazer novamente sentir, adquirindo um
novo sentido. Revisitando espaços internos, passamos a
compreender melhor quem somos, a ter um maior entendimento a
respeito das nossas escolhas, padrões, medos, limitações,
potências. Conhecendo a si mesma, você amplia a oportunidade de
escrever a sua própria história, em seus próprios termos.

Para este simbólico ritual, busque se recolher em um espaço


silencioso e reservado, onde você possa se entregar ao contato
com você mesma de forma intimista e profunda.

Comece fechando seus olhos, intencionando algumas


respirações profundas enquanto observa o ar que entra e sai de
suas narinas, se tornando mais e mais presente, deixando para trás
as lembranças do passado e se desprendendo das expectativas do
futuro; permitindo que a cada respiração você possa internalizar
um pouco mais. Vamos juntas, descascar algumas camadas!
08
Vá aos poucos buscando se recordar da sua primeira
menstruação.

Como foi para você, se tornar uma mulher?

Quais foram as mensagens que você recebeu naquele momento


sobre o que significa tornar-se mulher?

Você sentiu medo, nojo, vergonha, repulsa?

Você se sentiu honrada, respeitada e acolhida em este novo


momento de sua vida?

Quais pensamentos te atravessaram? Quais ideias a respeito de


si mesma você criou, naquele momento, em sua construção de
sujeito, como mulher no mundo?

Como sentiu a reação das pessoas à sua volta? Seus familiares,


os homens e/ou mulheres de sua vida?

Como você passou a enxergar a si mesma depois deste evento?


Ficar menstruada ainda hoje é desconfortável? Ainda hoje é algo
que te gera repulsa, nojo e aversão? Como você lida com isso hoje
em dia? Como você se sente nesses dias e o que você faz para
melhorar sua qualidade de vida nestes momentos?

Já se perguntou por que em determinadas fases do seu ciclo


menstrual você fica mais expansiva, compassiva, em outras mais
introspectiva, impaciente?

Já percebeu as mudanças que ocorrem nos padrões do seu


corpo, no seu nível de disposição, sexualidade, em suas formas de
expressão; de acordo com as suas flutuações hormonais?

Como você sente essa dinâmica d e ciclicidade em sua vida? Ela


te gera desconfortos e sensação de descontrole? Você considera
suas oscilações de humor como ineficientes e acredita que elas
diminuem o seu desempenho?

Agora, busque entrar em contato com aquele momento em que


você percebeu, pela primeira vez, que "era uma menina" e que, por
razões diversas, "diferente de um menino”.

Como foi a sensação em perceber que o simples fato de você


habitar este corpo feminino fazia com que as pessoas te definissem
em tantos sentidos?

ANZA EDI INA 09


Como foi perceber que a sociedade moldou as suas
preferências, escolhas, comportamentos, forma de agir, sentir,
pensar e ser no mundo baseada apenas no fato de você ser uma
menina?

Essas características que definiam o “ser menina” te


contemplavam ou não?

Como foi/é para você lidar com as expectativas de normatização


de papéis e gêneros?

Você já pensou, em algum momento, que preferia ter nascido


homem? Porquê?

Relembre sua primeira relação sexual, tendo sido ela consentida


ou não, como isso afetou a forma como você se relaciona com sua
sexualidade, o prazer, o seu corpo? Como você carrega essas
memórias em seus corpos físico, emocional, seus padrões mentais?

Como você lida com a sua fertilidade? Você a vê como um


problema? Estar fértil é um risco? Como percebe sua capacidade de
conceber, gestar e parir? Você permite que ela se expresse ou
preferia que ela não existisse? Como lida com ela?

Você confia no seu próprio discernimento em conhecer e


reconhecer os sinais de saúde e equilíbrio do seu corpo, ou você
renega esta função unicamente a terceiros?

Agora, vamos um pouco mais nesta exploração…


Conecte-se com as mulheres de sua linhagem feminina. Aquelas
mulheres que vieram antes de você:

Existem padrões que se repetem? Se sim, o que você gostaria de


mudar nestes padrões e fazer diferente saindo desta tendência?
Como você está se propondo formas distintas e mais conscientes
de ser, como mulher? Você se sente parte integrante desta
linhagem ou não possui ligação espiritual/emocional com essas
mulheres? Você conhece de suas histórias? Quem eram enfim,
essas mulheres?

Como você se relaciona com as mulheres ao seu redor, para além


de sua família? Você se sente integrada e pertencida a algum grupo
de mulheres ao qual exista confiança e apoio?

Agora, junto de sua respiração e presença ativa, comece a tocar


o seu próprio corpo.

Enquanto suas mãos vão docemente reconhecendo este

ANZA EDI INA 10


templo-corpo, vá explorando parte por parte investigando quais
são os sentimentos, as emoções, as memórias e as histórias que
habitam aí. Suas mamas, ventre, ovários, útero, vulva... o que elas te
dizem?

Observe qualquer sinal de desamor, desconexão, medo, abuso,


agressão, culpa ou inferioridade que possa existir aí. Existe vida,
impulso, prazer, alegria, beleza, em tocar este corpo?

Quais são as dores e frustrações que você carrega por ser


mulher, por ter nascido em um corpo de mulher? Consegue
nomeá-las? Compreenda que essas feridas não são apenas suas,
mas o reflexo de um inconsciente coletivo que permeia a todas nós.

Leve o tempo necessário em tocar seu próprio corpo e


estabelecer este potente diálogo de escuta e abertura, e quando se
sentir pronta, repita mental ou verbalmente “eu sinto muito, me
perdoa, eu sou grata, eu te amo”. Parte por parte, pedaço por
pedaço, mergulhando nos potentes mistérios de seu corpo-mulher.

É a partir desse espaço que nosso trabalho começa, na intenção


de nos olharmos com honestidade, abertura, transparência e
curiosidade para dentro de si, em desconstruções abrindo caminho
a novas perspectivas.

Agora, minha dica é que você pegue um papel e canetas, e


comece agora mesmo um diário (caso você ainda não tenha um)!
Comece escrevendo todas as impressões que surgiram através
desta primeira experiência, e que esse diário seja uma companheira
nesta jornada corpo adentro!

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b
NATUREZA CÍCLICA

Hoje, muitas mulheres se encontram distantes da sua natureza


cíclica. Ao deixar de observar nosso tempo biológico, a velocidade
das máquinas passa a definir nosso ritmo interno.

Os conceitos de eficiência, desempenho e maturidade emocional


estão muito distorcidos e, assim, ouvimos em uníssono: "eu sou a
mesma, todos os dias".

O que isso traz para nós, mulheres?


Desconexão.

Uma verdade deve ser dita: não podemos escolher entre as


emoções que desejamos ou não sentir. Não podemos escolher nos
entorpecer para não sentir dor, solidão, frustração, medo, tristeza
ou raiva sem nos abster de todos os outros sentimentos, como
alegria, êxtase, contentamento ou prazer!

Se não mergulhar nas suas frustrações, como poderá transfor-


mar positivamente a sua realidade? Se não conhece a si mesma,
como pode conhecer sobre a vida?

Observe a natureza a sua volta: tudo é cíclico: Uma semente


germina, vira um botão de rosa que se abre em flor, decai, perde
suas pétalas, morre e uma nova semente germina. O mesmo acon-
tece com o dia e a noite, o verão e o inverno, a lua cheia e a lua nova.
O mesmo acontece com o ciclo menstrual e de vida da mulher.
12
Outra verdade deve ser dita:
ser cíclica é ser vulnerável.
Não aceitando sua vulnerabilidade, se torna superficial a
aceitação de si mesma integralmente, e assim também o potencial
relacionar com o outro.

Acreditando ter tomado as rédeas de suas vidas e emoções


através de hormônios artificiais, pílulas e reguladores de humor,
muitas mulheres estão, na verdade, anestesiando-se contra todo o
pulsar de vida aí latente.

Experimente voltar ao seu movimento cíclico natural de mulher,


deixe o seu corpo livre para ovular, para sangrar. Deixe o seu
espírito livre para descer às sombras e se surpreenda com retornos
cada vez mais brilhantes. Permita que suas emoções oscilem como
as marés!

ANZA EDI INA 13


c
Como se conectar com
seu corpo e seus ciclos?

Como começar a se conectar com seu corpo e seus ciclos? O


primeiro passo é o querer! Querer voltar a ser orgânica e a se
conhecer, confiando no seu corpo de mulher como ferramenta de
empoderamento!

No decorrer do dia, desde o momento em que você acorda até


quando for se deitar, observe como você se sente de formas
distintas a cada novo momento, começando, assim, a despertar
uma escuta mais atenta de si mesma com relação ao seu ciclo!
Observar-se de acordo com o ciclo do sol (meia-noite, seis da
manhã, meio-dia, seis da tarde etc) e as particularidades de cada um
desses momentos é um primeiro passo. Dessa forma, você também
pode ir criando correlações com o ciclo da lua (nova, crescente,
cheia, minguante) ou com o ciclo do ano (as quatro estações:
inverno, primavera, verão e outono) e, consequentemente, com o
ciclo menstrual (lunação, pré-ovulação, ovulação,
pré-menstruação). Este é um bom começo! Ao conhecer o seu ciclo
menstrual através do nosso estudo, você terá mais assertividade
para perceber os sinais do seu corpo mental/emocional, físico e
espiritual, e as diferentes manifestações que se modificam em
momentos determinados desse padrão cíclico.

É realmente muito interessante perceber que, quando


começamos a observar os nossos ritmos internos, naturalmente,
eles se harmonizam com os tempos da natureza!
Consequentemente, fica claro que nosso corpo é parte do todo,
micro e macro, em uma espiral que apresenta a mesma dinâmica
dentro e fora de nós!
14
d
VOCÊ CONHECE SEU
CICLO MENSTRUAL?

É muito frustrante pensar que passamos uma vida fértil,


menstruando todos os meses, sem nunca ter aprendido ou se
interessado em saber o que acontece com os nossos corpos!
Quando é que vamos parar de renegar nosso poder e deixá-lo nas
mãos de terceiros? É hora de se apropriar de si mesma, mulher!

Para começar, que tal uma pequena jornada


pela fisiologia do misterioso universo do corpo
feminino?

MENSTRUAÇÃO: o ciclo menstrual começa com a menstruação.


Esse sangramento é causado pelo desprendimento da camada mais
interna do útero, o endométrio, que se desenvolveu no ciclo
anterior. A pituitária, uma pequena mas poderosa glândula
localizada na base do cérebro, envia uma mensagem aos ovários
para que os folículos comecem a crescer. O mensageiro, aqui, é o
hormônio folículo estimulante.

LOGO APÓS A MENSTRUAÇÃO: os folículos começam a crescer,


desenvolver-se e produzir estrógeno. Em ciclos mais longos, tem-se
um período seco e sem muco, característico do período infértil. Em
ciclos mais curtos, o útero já começa a produzir muco cervical e a
preparar o endométrio, podendo passar da menstruação direto
para a próxima fase. Por isso, algumas mulheres dizem engravidar

15
durante a menstruação. Ou seja, a fase pré-ovulação pode variar
muito, tanto de mulher para mulher quanto de ciclo para ciclo.

ANTES DA OVULAÇÃO: nos ovários, os folículos continuam a


crescer e produzir cada vez mais estrógeno, que prolifera o
endométrio, se tornando cada vez mais espesso, podendo então
receber um embrião. O colo do útero fica mais alto, macio e aberto.
O útero trabalha na produção de fluido cervical. Quanto mais perto
da ovulação, mais lubrificante, transparente e úmido o fluido se
torna. A vulva e os seios podem ficar mais inchados, e a energia e o
humor estão em alta.

LOGO ANTES DA OVULAÇÃO: o estrógeno está em seu nível


máximo. Com isso, lá no cérebro, a pituitária percebe que tudo está
indo bem nesse ciclo menstrual e manda outra mensagem para os
ovários. O mensageiro, desta vez, é o hormônio luteinizante, que
comanda a liberação do óvulo. O fluido cervical está no máximo da
umidade.

OVULAÇÃO: o folículo libera o óvulo, que sai de um dos ovários


e é captado pela tuba uterina. Se houver espermatozóides dentro
do sistema reprodutor e sexual da mulher, um deles pode alcançar
o óvulo na tuba uterina, possivelmente levando à fecundação. Não
importa se esses espermatozoides acabaram de chegar ou estão ali
há alguns dias (eles apresentam uma sobrevida de 72 horas).

LOGO APÓS A OVULAÇÃO: no ovário, agora com o óvulo


liberado, o folículo vazio passa a se chamar corpo lúteo e continua a
produzir estrógeno, mas em menor quantidade. O corpo lúteo
manda uma mensagem para os ovários e o útero através do
hormônio progesterona, que significa “pró-gravidez". Como o óvulo
já foi liberado, os folículos não precisam continuar crescendo, de
forma a evitar uma ovulação extra no mesmo ciclo.

A progesterona torna o endométrio glandular e rico em vasos


sanguíneos, ou seja, a condição ideal para que o embrião se fixe no
útero. Esse hormônio aumenta o metabolismo do corpo e eleva a
temperatura basal. Depois da ovulação, os óvulos continuam vivos
por algumas horas ou dias, sobrevivendo, em média, 24 horas. Se o
óvulo for fecundado, o embrião vai viajar pela tuba uterina até o
útero.

Diante da fecundação do óvulo, o embrião chega ao útero e fixa


residência. Em torno de 7 dias após a ovulação, uma mensagem é
enviada para o corpo lúteo. O mensageiro é o hormônio HCG, que
indica que o endométrio deve permanecer, em vez de ser expelido
na forma de uma nova menstruação. Por isso, devem-se realizar os
testes de gravidez ao final do período pós-ovulação (em média, 14
dias depois da ovulação). Caso contrário, pode haver um resultado
falso negativo.

16
APÓS A OVULAÇÃO: Após a ovulação: A fase lútea (entre
ovulação e próxima menstruação) dura de 12 a 16 dias. Se a
menstruação é irregular isso significa que a primeira fase (folicular)
do ciclo que sofreu alterou. Ou seja, não é a menstruação que
atrasa ou adianta, mas a ovulação. Ao saber quando você ovula, é
possível saber quando você vai estar menstruada (viu!?). Com a
aproximação do período infértil, o muco cervical vai ficando cada
vez mais seco, até deixar de ser produzido. Além disso, o colo do
útero vai ficando mais baixo e firme (durante a menstruação e
ovulação este colo do útero fica macio e mais aberto para passagem
do sangue e do sêmen). Se até essa fase não tiver ocorrido a
fecundação, o corpo lúteo se desintegrará cerca de 14 dias após a
ovulação. Com isso, caem os níveis de estrógeno e progesterona. A
temperatura basal também diminui, e depois virá a menstruação.

E começa tudo de novo! Não é maravilhoso?

ANZA EDI INA 17


e

AS 4 FASES
Como inveterada caminhante, passei mais de uma década dessa
minha existência buscando por lugares sagrados, povos ancestrais
e saberes tradicionais. O resultado desta investigação por
diferentes culturas me trouxe o que considero ser o grande elixir da
construção de meu conhecimento: a assimilação dos espaços de
encontro entre diferentes culturas e cosmovisão, linhas de
pesquisa.

É a partir desta confluência, e artesanal tecedura, que


desenvolvi uma forma própria e singular de abordar o estudo a
respeito do ciclo menstrual, que apresento a vocês aqui, em um
diálogo entre o ciclo das estações do ano (conhecimento trazido
através de Emil Luna, com quem tive a oportunidade de estudar na
Romênia em 2015) , das plantas e da lua (inspirada pela tradição
mexicana de Ollintlahuimetztli da qual sou integrante desde 2016
junto à Abuela Malinali), das direções sagradas da roda de medicina
e seus respectivos animais de poder (pela tradição andina de
Munay-ki na qual fui iniciada em 2014 no Peru), e das deusas
gregas como manifestações da psique feminina (pela mentoria de
Jean Shinoda, psiquiatra californiana e analista Jungiana que
desenvolveu uma nova tipologia da psique feminina, fonte de
inspiração e pesquisa desde 2013). No decorrer destes textos você
ficará um pouco mais familiarizada com a energia de cada uma
delas.

O que faz desse estudo ainda mais interessante, é que ele serve
a todas as pessoas independente do corpo físico. É para pessoas
que têm ou não um útero, para quem ovula ou não, para quem
menstrua ou não. Afinal, todos estamos sob da lua contemplando
seus ciclos, de pé sobre a terra experienciando suas estações, e
sendo embalados pelo ritmo do sol. Ou seja, somos todos
abraçados pela sabedoria e poder da ciclicidade, que a tudo rege.
18
1 - Menstruação. A semente. Energia do inverno, da lua nova, da
meia-noite. Direção Sul e animal de poder da serpente.
Representada pelos arquétipos das deusas Héstia e Perséfone
(como deusa do mundo subterrâneo).

2 - Fase folicular. O botão de flor. Período entre o final da


menstruação e a ovulação. Energia da primavera, da lua crescente,
da manhã, do amanhecer. Direção Leste e animal de poder da águia.
Representada pelos arquétipos das deusas Ártemis e Atena, e
Perséfone (como a menina).

3 - Ovulação. O florescimento. Energia do verão, da lua cheia, do


meio-dia. Direção Norte e animal de poder do beija-flor.
Representada pelos arquétipos das deusas Afrodite, Hera e
Demeter.

4 - Fase Lútea. As folhas secas. Período pré-menstrual. Depois


da ovulação, até o início da menstruação. Energia do outono, da lua
minguante, do entardecer e anoitecer. Direção oeste e animal de
poder do jaguar.

ANZA EDI INA 19


f

a SEMENTE

A primeira fase do ciclo se inicia


com chegada da lunação (menstruação).

A SEMENTE
ENERGIA DO INVERNO
O FETO, A SEMENTE
ENERGIA DA LUA NOVA
MEIA-NOITE
DIREÇÃO SUL
ANIMAL DE PODER DA SERPENTE
ARQUÉTIPO DAS DEUSAS GREGAS HÉSTIA E PERSÉFONE
(como deusas do mundo subterrâneo)
Recolher-se e sair um pouco do mundo pode ser muito profundo
e revelador nesse momento. É durante esse período que ocorre o
verdadeiro despertar de uma mulher!

A lunação pede isolamento, pois a mulher está


no auge de seus poderes mais intuitivos e
visionários.

20
Esse é o momento para ter sonhos auspiciosos, acessar insights
importantes, receber visões e ideias criativas. É a oportunidade
para questionar sobre seu propósito de vida e suas escolhas, sobre
o que você deseja levar ou não para o próximo ciclo, indo além do
espaço do ego e ao encontro de um lugar de não materialidade dos
seus mundos internos. Nossa lunação nos proporciona tudo isso.

Este período não deveria ser desperdiçado com


tarefas mundanas nem distrações sociais, ao
contrário, todas as energias devem ser dirigidas
para a meditação concentrada, a acumulação de
energia espiritual e a renovação da sua força vital.
Para isso, é preciso criar e defender um tempo e um espaço para
si mesma. Mesmo com as limitações da vida moderna, podemos,
com boa vontade e perseverança, experimentar seguir o exemplo
das nossas ancestrais, que se refugiavam nas "Tendas da Lua". Esses
eram templos de religação, rezo, purificação, descanso e contem-
plação, que permitiam às mulheres deixar suas obrigações e papéis
sociais durante o sangramento e entrar em retiro.

Crie a sua própria Tenda da Lua, física ou mentalmente. Durante


esse período, diminua o seu ritmo, evite sobrecargas, seja gentil
consigo mesma. Faça pequenos rituais de cuidados com o corpo,
mente e espírito, mesmo que por um pequeno instante apenas, em
uma reconfiguração de seus dias atribulados. Experimente, mesmo
no caos de uma vida urgente, incorporar a postura interna de
reclusão, silêncio e presença, tão bem-vindas nesse momento.

A semente: representa o poder e a energia de criação, que neste


momento se encontram latentes, a semente aqui fala sobre um
início promissor, guarda em si toda a informação contida em uma
enorme árvore, ou em uma deslumbrante flor, e em ambos é
necessária a nutrição para o potencial crescimento, fala sobre o
silêncio e a quietude que precede o florescer.

Esta fase tem a energia do inverno, representando esse momen-


to em que a terra adormece, antes de despontar em uma nova
primavera, como um inverno psíquico que pede maior revisão,
através de recolhimento e introspecção. A energia da lua nova se
faz dentro de nós, metaforicamente proporcionando noites mais
escuras, assim como a meia-noite.

A direção sagrada do sul guarda o animal de poder da serpente:


a serpente que penetra nas profundezas do solo da mãe terra,
assim como nos convida a entrar em contato com os nossos
mundos subterrâneos, que enxerga no escuro e nos ensina sobre
ter a intuição como guia. Para a troca de pele, quando precisa
crescer para além da antiga casca, a serpente entra em repouso, e
ANZA EDI INA 21
neste rito de renascimento ela nos inspira a deixar para trás nosso
passado e tudo aquilo que não mais nos serve, tudo aquilo que não
mais nos pertence, e o que quer que esteja impedindo nosso
crescimento.

Sobre a deusa grega Héstia como força arquetípica:


• Deusa virgem, inteira em si mesma. Não depende dos outros
para estar bem consigo;
• Consciência enfocada interiormente, como uma sábia anciã;
• Emocionalmente imparcial ou desatenta aos outros, vive em
seus próprios domínios de dentro;
• Proporciona sentimento de integridade e inteireza;
• Executa tarefas de forma contemplativa;
• É anônima, não tem interesse por reconhecimento ou status
social;
• O si mesmo: centralização interior, iluminação espiritual e
significado profundo;
• Desapego, paciência e calma são também características de
Héstia;
• Presença evoca calor, centramento, e ordem pacífica;
• Pode se expressar como falta de ambição, ímpeto e
competitividade.
• Interesse religioso

Sobre a deusa grega Perséfone (como rainha do mundo


subterrâneo) como força arquetípica:
• Se relaciona intimamente com o inconsciente, os mistérios e
segredos;
• Busca o oculto, é guiada pela intuição;
• Pode ter dificuldades em explicar-se logicamente;
• O mundo interior como território de investigação;
Modo intrínseco e subjetivo de fazer escolhas e tomar decisões.

22
g

O BROTO

A segunda fase do ciclo menstrual: Fase Folicular. Depois da


menstruação, antes da ovulação (essa separação ajuda a
compreender a energia sutil de cada momento do ciclo, porém,
para fins de percepção de fertilidade como método, consideramos
a fase folicular o 1o dia menstruação até a ovulação).

O BOTÃO EM FLOR
ENERGIA DA PRIMAVERA
LUA CRESCENTE
ENERGIA DA MANHÃ, DO AMANHECER
DIREÇÃO LESTE
ANIMAL DE PODER DA ÁGUIA
ARQUÉTIPO DAS DEUSAS GREGAS PERSÉFONE (como
menina) e ATENA e ÁRTEMIS.
Esta fase representa o momento desde o fim do sangramento (a
menstruação é a primeira fase) até a ovulação. Caso você tenha se
permitido um tempo de recolhimento, auto-estudo e quietude
durante a sua lua (menstruação), agora vai sentir que começa a ficar
cheia de energia, em todos os aspectos.

Já renovada, devagar,
vai voltando para o mundo.
23
Fisicamente, são cada vez maiores os níveis de estrógenos. Esses
hormô nios são deixados no sangue e produzem efeitos em todo o
corpo, inclusive em nossa pele, nossos cabelos, nossa disposição
para fazer, trabalhar e produzir, oferecendo sensações de
bem-estar e vitalidade.

Nesta fase a mulher consegue enfrentar os


desafios mundanos com mais determinação e
coragem.
Com pensamento linear, firmeza e maior concentração, a mulher
tende a sentir mais confiança em si mesma, está mais enfocada, e
expressa com mais verdade e clareza as suas ambições, ideais,
idéias, objetivos e propósitos. É hora de colocar em prática as suas
visões, mensagens e intuições, recebidas durante e sangramento.
Com a clareza de pensamento e discernimento, é também um bom
momento para resolução de conflitos, que você pode sabiamente
adiar para serem resolvidos aqui nesta fase do ciclo.

É comum sentir uma abertura especial para o novo, ou seja, esta


é um bom momento para começar a implantar novos hábitos, como
parar de fumar, se alimentar melhor, nutrir relações saudáveis, ou
se dedicar conscientemente ao que é efetivamente importante
para você neste momento. É comum também nesta fase que as
mulheres comecem a ficar mais cuidadosas com a aparência,
expressam entusiasmo e ânsia de viver a vida intensamente.
Carregam aí uma sexualidade fresca e renovada, e se sentem mais
leves, como uma menina que desperta a brincadeira, a leveza, o riso,
a excitação, ânimo e disposição!

Como um botão de flor, a mulher está entre a semente e seu


potencial florescimento, ela vislumbra sua melhor versão e pode se
dar o que necessita como nutrientes para que esse crescimento se
estabeleça.

Como a energia da primavera esta é uma fase em que a mulher


se encontra regenerativa, dinâmica e inspiradora, assim como a
energia da lua crescente e do amanhecer, que convida a um novo
começo, a um renascer.

Sobre a regência do leste, a águia e o condor vem nos ensinando


sobre voar alto, para além de si, enxergando o mundo sobre uma
perspectiva mais ampla e desidentificada. Nos ensina o poder do
foco e decisão, trazendo para as mulheres o incorporar da energia
masculina.

ANZA EDI INA 24


Sobre a deusa grega Perséfone (como a menina) como força
arquetípica:
• Passividade, receptividade, flexibilidade;
• Facilidade em incorporar o novo;
• Leve, divertida, brincalhona;
• Diz sim com facilidade e tem boa adaptabilidade;
• Pode evitar o excesso de comprometimento;
• Pode ser indecisa: não sabe de suas preferências e vontades;
• Não é ligada a fortes sentimentos instintivos, infantilizada;
• Quieta, despretenciosa, “menininha”, bons comportamentos,
filha da mãe;
• Quer agradar o outro, antes de pensar sobre suas próprias
prioridades;
• Pode ser facilmente influenciável nas escolhas e experiências
(de seus valores, preferências, opiniões);
• Compromisso parcial: busca pelo caminho mais fácil, com
menor resistência.

Sobre a deusa grega Artêmis como força arquetípica:


• Deusa Virgem, inteira em si mesma;
• Arqueira: tem meta-direcionada: focada em seus próprios
alvos;
• Competitiva, aventureira, corajosa, decidida, impulsiva.
Persegue seus objetivos;
• Ativa e exploradora;
• Firmeza e lealdade a suas causas, valores e princípios: faz
justiça;
• Independente, busca a liberdade mesmo que precise se tornar
agressiva;
• Pouco ajustada aos papéis sociais femininos, “faz do seu
próprio modo";
• Não quer se submeter às demandas patriarcais, força
feminista de enfrentamento e problematização.

Sobre a deusa grega Atena como força arquetípica:


• Deusa Virgem, inteira em si mesma;
• Razão e lógica acima do instinto e do impulso;
• Pensamento estratégico
• Filha do pai: defende os direitos e valores dos homens
escolhidos (amigos, familiares, colegas de trabalho). Lealdade e
companheirismo (geralmente com homens bem sucedidos). Se
sente confortável no mercado de trabalho e em cargos de
liderança;
• Moderação: é encouraçada, não acessa nem demonstra seus
sentimentos e/ou vulnerabilidades e tem dificuldades em abrir
espaço de acolhimento e emotividade para outras pessoas;
• Disciplinada, prática, objetiva, linear, lógica, "fria”, impessoal;
• Habilidosa e eficiente: persegue seus objetivos com clareza,
inteligência e destreza.

25
g

MULHER EM FLOR

A terceira fase do ciclo menstrual: ovulação.

O FLORESCIMENTO
ENERGIA DO VERÃO
LUA CHEIA
MEIO-DIA
DIREÇÃO NORTE
O BEIJA-FLOR
ARQUÉTIPO DAS DEUSAS GREGAS AFRODITE
DEMÉTER E HERA.

Em geral, nesse período, a mulher se encontra expansiva,


extrovertida, fértil no corpo, mente e/ou espírito, transbordando
em si mesma, manifestando a abundância que vibra e floresce
dentro e fora de si.

É um momento de grande ímpeto criativo. Essa energia que


pode criar uma vida, gerar um bebê, pode também ser usada para
seus projetos, para recriar uma vida para si, junto aos seus, e para o
coletivo. Uma energia de potência de vida bem direcionada pode
criar grandes revoluções!

A sexualidade se encontra cada vez mais aflorada e a libido pode


aumentar significativamente nesse período, expressando um 26
desejo de conexão e intimidade com si mesma através o outro.
Nesta terceira fase do ciclo menstrual, durante o período fértil,
encontramo-nos menos focadas em nossos próprios interesses e
desejos egocêntricos, e passamos a olhar para o nosso entorno com
mais cuidado e carinho. Essa é a representação do arquétipo da
mãe, que representa esse espaço de nutrição, proteção,
acolhimento, suporte e ancoramento, sustentação. Essa energia da
Grande Mãe pode ser compartilhada e manifestada das mais
diversas formas: oferecendo seu tempo para uma escuta carinhosa,
aumentando sua capacidade de doação, expondo suas emoções e
abrindo seu coração, cuidando de um jardim, criando expressões
artísticas, compartilhando energias criativas, nutrindo um
propósito de vida, uma empresa ou um projeto, cozinhando para as
pessoas queridas, oferecendo um abraço protetor e amparando,
em serenidade e amor, ativando seu papel como agente de
transformação social enquanto doa essa energia a um propósito
comum.

O corpo fértil dá sinais de transformação: os hormônios deixam


a pele mais reluzente, os cabelos mais brilhantes, a vagina aumenta
de tamanho e se torna mais úmida, os seios se tornam mais fartos.
Toda essa energia age como um feromônio natural, que sutilmente
atrai e magnetiza.

Como uma flor no ápice de seu desabrochar, como o sol de meio


dia, ou a energia do verão, como o brilho reluzente da lua cheia que
a tudo ilumina, assim se faz a mulher, pulsando em sua força de vida.

Sob a regência da direção Norte e o animal de poder do


beija-flor, a mulher pode acessar mais facilmente qualidades como
empatia, amor incondicional, compaixão, fluidez, adaptabilidade,
entrega, e transparência. Um maravilhoso antídoto para cura e
cuidado de nossas relações.

Sobre a deusa grega Afrodite como força arquetípica:


• Deusa alquímica: como as deusas invulneráveis ela está inteira
em si mesma e não necessita da relação com o outro para sentir-se
completa. Ao mesmo tempo, como as deusas vulneráveis, ela se
relaciona intimamente. Um jogo de estar, ao mesmo tempo, junto e
sozinha;
• A amante: esfera do amor, beleza, sensualidade, romantismo e
sexualidade;
• Apaixona-se facilmente e deixa muito de seus objetivos
pessoais de lado para viver uma paixão;
• Mulher orgásmica, invoca o prazer e o gozo, não apenas nas
relações sexuais;
• Mulheres naturalmente sensuais e atraentes: vivacidade
magnética que atrai;
• Sensorialidade aguçada: presença e entrega à experiência, o
aqui/agora;
• Criatividade e Comunicação: facilidade em se expressar e ser
percebida;
• Intensa e volúvel, pode ser inconsequente.
27
Sobre a deusa grega Hera como força arquetípica:
• Deusa vulnerável: busca o outro, e o relacionamento, para
sentir-se completa. Busca da totalidade pelo relacionamento
íntimo, amoroso, pelo estar junto ao outro;
• Capacidade para o Compromisso e fidelidade, lealdade e
dedicação ao relacionamento;
• Pode fazer do parceiro ou parceira o centro de sua vida.

Sobre a deusa grega Deméter como força arquetípica:


• A mãe: cuida e zela. Olhar atento e amoroso pelos outros;
• Instinto materno, nutridora, generosa;
• Se torna disponível às demandas alheias para além de suas
próprias necessidades;
• Mãe Terra: sensata, digna de confiança. Sustenta, acolhe,
protege;
• Pode criar vínculos de dependência.

ANZA EDI INA


28
i

FOLHAS SECAS

A quarta fase do ciclo menstrual: fase lútea. Período


pré-menstrual. Depois da ovulação até o início da menstruação.

AS FOLHAS SECAS
ENERGIA DO OUTONO
LUA MINGUANTE
ENERGIA DO ENTARDECER E ANOITECER
DIREÇÃO OESTE
ANIMAL DE PODER DO JAGUAR
Nessa fase, surge uma forte necessidade de focar a sua energia
em si mesma. Ou seja, parar de doá-la aos outros e fazer por si e
para si, em um momento e espaço de individualização. Isso explica
porque muitas mulheres se tornam hostis, briguentas e
impacientes durante esse período: elas precisam afastar as pessoas
a sua volta para, finalmente, poderem ficar sozinhas, respeitando
seus tempos internos e espaços sagrados.

Muitas mulheres dizem que, durante a TPM, elas “deixam de ser


elas mesmas” ou “não se reconhecem”. Entretanto a verdade é que,
nessa fase, nós, mulheres, somos mais verdadeiras do que nunca!
Tudo aquilo que não foi expresso, integrado ou aceito durante o
decorrer do ciclo, pode, nesse momento, vir à tona, muitas vezes de
forma inoportuna.
29
E qual é o benefício disso? Muitos! Isso salva muitas mulheres de
viverem uma vida de somatizações. Além disso, a TPM nos dá força
e coragem para tomar as decisões necessárias. Com calma,
maturidade emocional e carinho, temos aqui a oportunidade de nos
libertar de tudo aquilo que não nos serve mais, interna ou
externamente, abrindo espaço para iniciar um novo ciclo em nossas
vidas. Trata-se de uma oportunidade de mais alinhamento e
conexão com quem realmente somos, por baixo das nossas
máscaras, indo além dos padrões repetitivos, das crenças
limitantes, das escolhas inconscientes e da necessidade de
segurança, controle e/ou apreciação.

Muitas vezes, entrar em contato com aquilo que


renegamos à sombra é desconfortável e até
doloroso, tirando-nos imediatamente da nossa zona
de conforto.
Entretanto com a visão correta e a firme intenção (de nos
conhecer, crescer, amadurecer, transformar), esse processo se
torna não só mais leve, como também bem-vindo e necessário!

Essa fase se refere ao período pré-menstrual, fisiologicamente


representado pela queda hormonal. Assim como a lua começa a
minguar, deixando de estar plena e brilhante, a mulher também
começa a entrar em um processo sutil de "morte", de "escuridão".
Representado também pelo entardecer, pelo outono, pelas folhas
secas que caem em direção à terra para proteger nossas raízes
durante o inverno.

Sob a regência do oeste, o jaguar vem como o guardião dos


mundos. É ele que conhece o limiar da vida, e nos ensina que a
morte é passagem. Não somente a morte do corpo físico, mas de
nossas subjetividades. O jaguar fala sobre a importância de se fazer
escolhas, sobre o que queremos levar ou não ao novo ciclo, sobre o
que devemos deixar para trás, e deixar morrer, para caminhar em
direção ao nosso crescimento e evolução.

Sobre as deusas gregas:


A partir de minha observação, pesquisa e investigação, sobre
meus próprios processos e das muitas mulheres que acompanho
em anos de trabalho com o feminino, a fase da TPM não traz a
representação arquetípica de nenhuma deusa em especial. Pela
minha percepção, o que acontece aí é a expressão das sombras das
deusas, em um movimento de reequilibração: tanto de facetas que
não foram expressas (acolhidas, renegadas ou negligenciadas), de
facetas que estiveram presentes de forma desequilibrada,
exacerbada.

ANZA EDI INA 30


Ou seja, através da TPM você pode analisar quais energias estão
mais ou menos presentes em sua vida, como elas foram trabalhadas
no último ciclo, e como elas se apresentam a você agora, em forma
de reatividade, desconforto ou sentimento de inapropriação –caso
você não tenha estado consciente delas.

Isso não quer dizer que você precise manifestar todos os


arquétipos em um único ciclo, o tempo todo. Em alguns momentos
de nossa vida, algumas características se tornam mais necessárias e
importantes do que outras a serem cultivadas, e está tudo bem, e é
inclusive saudável e funcional que seja assim.

Porém, devemos sempre lembrar de nos questionar:


“Quais deusas estou nutrindo e quais estou silenciando?"
Sem certo ou errado.

A decisão de tornar-se quem se é, e como, é somente sua!


Porém, esta decisão precisa vir de um lugar consciente, em que
todas as suas outras facetas podem dialogar entre si e
consensualmente escolherem seus lugares de importância em sua
vida. É importante que de alguma forma todos esses arquétipos
encontrem equilíbrio e espaço de fala dentro de você, evitando que
se exacerbem, não dando espaço a outras facetas, o que te faria
crescer verticalmente ao invés de ciclicamente, e o que te faria ser
unifacetada, um clichê, um personagem, uma máscara que você
mesmo criou, acreditando e trabalhando fielmente por ela e por sua
manutenção, o que pode custar um preço alto em sua vida
profissional, ou em suas relações, ou em sua saúde emocional,
dependendo da deusa que você escolhe seguir.

Quem é a mulher que você se torna?


Aquela que você nutre!
E o que você é não necessariamente precisa ser resultado do que
você deixou de ser. As suas muitas deusas podem caminhar de
mãos dadas, se ajudando mutualmente.

Nada melhor do que o ciclo menstrual para te ajudar a


reconhecer as tantas mulheres que existem aí dentro, para que
você possa efetivamente tornar-se uma tomadora de escolhas.

Somos muitas... quem você quer dar voz agora? Como seguir
honrando a todas as outras facetas que te habitam? A resposta está
em manter um diálogo saudável e amoroso com as muitas partes de
si.

31
j

O ELIXIR

Esse sangue guarda em sua estrutura toda a memória da história


da humanidade. Esse sangue, a cada mês, traz para a mulher a men-
sagem de que ela está saudável, de que seus órgãos e hormônios
estão em equilíbrio, purificando nosso organismo e reequilibrando
nosso sistema.

Como pode uma mulher dizer que se ama,


se não ama algo tão parte de si
quanto seu próprio sangue?
Como uma mulher pode querer ser amada e respeitada se não
honra a si mesma, completa e integralmente? Como pode culpar
toda uma sociedade patriarcal se ela mesma não acolhe seu corpo e
as especificidades deste ser mulher?

A sua relação com seu sangue diz muito sobre como você se rela-
ciona com o seu feminino. E ouso dizer que, subjetivamente, o valor
que atribuímos a nossa menstruação é o valor que atribuímos a nós
mesmas enquanto mulheres.

Experimente, a partir deste momento, quebrar as resistências e


se abrir para uma nova relação com o seu sangue, com a sua lua,
deixando crescer um novo senso de autoconfiança, compaixão,
acolhimento, carinho e amor por si mesma.

O sangue menstrual, ao fluir do seu corpo, permite que você

32
morra e renasça desde o seu ventre, deixando para trás tudo aquilo
que você não necessita mais, como padrões e crenças limitantes,
emoções, estagnações, medos e dúvidas, de forma a abrir espaço
para aquela que você realmente é.

O seu sangue menstrual é uma chave,


um portal para todaa sabedoria ancestral
do feminino sagrado.
Esse conhecimento não está nos livros, não pode ser comprado,
vendido, nem ensinado, mas pode ser experienciado através dessa
reconexão íntima e pessoal. Dê asas à mulher sagrada que habita,
através dos mistérios e potências do seu corpo de mulher!

ANZA EDI INA


33
k
RECONEXÃO

Segundo Elinor Gadon, a palavra ritual vem do termo sânscrito


RTU, que significa menstruação. Nos tempos remotos, as mulheres
ofereciam ritualmente o sangue menstrual para a Terra, acreditan-
do que este sangue que nutriria as crianças no útero, ainda por
nascer, possuísse "mana", o poder mágico.

Hoje, perdemos nosso relacionamento instintivo com a Terra de


diversas maneiras. Consequentemente, carregamos arraigados
padrões de insegurança, medo, escassez e ansiedade.

Entretanto saiba que a Terra, como Pachamama, Gaia, como a


Grande Mãe, é capaz de nos ensinar a sabedoria mais profunda,
atemporal e arquetípica do feminino sagrado. Ela está apenas espe-
rando que você se abra para o despertar das memórias ancestrais
latentes em seu útero. Para isso, ofereça a ela o seu maior tesouro:
seu sangue!

Saiba que a Terra pode tudo transmutar,


inclusive a sua vida!
Durante sua lunação, olhe para trás, para o ciclo que passou.
Veja todos os padrões negativos, as crenças limitantes e os hábitos,
os pensamentos e as emoções que não lhe servem mais. Além disso,
perceba tudo o que se encontra estagnado em sua vida. Observe
especialmente, o que veio à tona na última fase do seu ciclo, duran-
te a TPM (que prefiro chamar de força pré-menstrual), quando as
sombras mais profundas emergem à superfície para que possamos
34
entrar em contato com os conteúdos inconscientes que orques-
tram nossas escolhas, ações, reações, relações, formas-pensamen-
to. Ao observá-los com carinho e compaixão, entregue à Terra junto
ao seu sangue, tudo aquilo que você não quer mais levar para o
novo ciclo. Entregue-se com confiança, sabendo que deixar ir não é
perder, é abrir espaço.

Entregue também todas as impressões negativas que você


carrega a respeito de ser mulher, como suas memórias de aborto,
traumas e abusos do seu feminino. Assim como seus desequilíbrios
físicos, para regeneração de seu corpo e sistema.

Enquanto oferece seu sangue, crie espaço para o pulsar de seu


poder visionário, intuitivo, instintivo. Perceba como a cada ciclo
uma nova realidade se abre para manifestar um espaço interno de
muito mais consciência, conexão e poder sobre si mesma, sua vida e
seu destino.

A cura está aí, mulher,


bem debaixo dos seus pés!
Honre, agradeça e receba as bênçãos da Grande Mãe, em forma
de cura, reconexão, beleza e abundância. Já é hora de suas filhas
voltarem para casa.

ANZA EDI INA


35
m
plantar a lua

Esse é um exercício muito simples mas profundamente podero-


so. As mulheres que sentem o chamado para oferecer seu sangue
para a Terra devem escolher uma forma de recolhê-lo. Isso pode ser
feito através de Coletores Menstruais, Calcinhas Menstruais ou
Bioabsorventes.

Os coletores são práticos e eficientes, entretanto muitas mul-


heres mais sensíveis não se adaptam e se questionam pelo fato de
não utilizarem material inorgânico no corpo. Depois de coletar o
sangue você pode diluí-lo em um pouco de água, e devolvê-lo à
Terra.

Os bioabsorventes são feitos de algodão. Essa opção é segura,


higiênica e ecológica. Para coletar o seu sangue, é necessário deixar
o absorvente de molho por algumas horas na água, sem nenhum
produto químico (segundo a Médica Ginecologista Débora Rosa, é
ideal que não se deixe os absorventes de molho por muitas horas,
com o risco de colonizar o absorvente com algum microorganismo
patógeno que seja da própria flora). É essa água com sangue que
você irá usar para plantar a sua lua. Depois de coletar o sangue,
você poderá lavar o absorvente com sabonete de coco.

Em ambos os casos, você pode plantar a sua lua em um jardim ou


um simples vasinho de planta com terra, em seu apartamento.
Além disso, você pode escolher uma planta que tenha um significa-
do especial para você: roseira, sálvia, tanchagem ou artemísia por
exemplo, são plantas de forte representação do feminino. Saiba, o
sangue é o melhor biofertilizante que existe para as nossas hortas e
jardins!
36
É interessante experimentar também
sangrar direto na Terra.
Ao tomar consciência de que o seu fluxo menstrual não é contín-
uo você pode desenvolver a percepção de quando ele vai descer,
acocorando-se e permitindo que ele escorra livremente enquanto
se senta direto sobre a Terra. Você pode fazer isso em vaso grande,
caso não tenha um jardim, deixando que seu útero se abra, em uma
conexão direta com a sabedoria ancestral da Mãe Terra (!).

A ideia é que você plante a sua lua como um pequeno ritual, uma
ou mais vezes durante seu ciclo, conforme a sua intuição e natural
disposição. Crie um ritual pessoal, lembrando que não existem
regras sobre como fazê-lo. O importante aqui é desenvolver a sua
própria forma de se conectar e rezar, com intento, clareza, firmeza
de intenção.

Se para você não estiver claro quais os aspectos de si mesma que


você precisa deixar ir com o seu sangue para adentrar no novo ciclo,
apenas entregue o sentir. Coloque-se em humildade para que Gaia
transmute tudo aquilo que você não mais necessita, consciente ou
não, por você mesma, pelo seu crescimento, pela sua evolução e por
todas as suas relações, pelas que vieram antes de você e as que
estão a vir. Lembre-se que, como qualquer oferenda, esse é um ato
para agradecer e retribuir todas as bênçãos recebidas no ciclo que
passou.

Uma antiga profecia Lakota afirma que,


"no dia em que todas as mulheres devolverem o
sangue para a Terra, os homens não mais
precisarão derramá-lo através da guerra".

ANZA EDI INA


37
n
MALEFÍCIOS
DOS ABSORVENTES

Hoje em dia, é bem difícil encontrar informações de qualidade a


respeito dos riscos e malefícios dos absorventes internos e exter-
nos.Além de poucas pesquisas sobre o assunto, as que existem são
abafadas pelas grandes indústrias farmacêuticas e fabricantes
destes produtos.

Isso é no mínimo confuso para quem quer fazer uma escolha


consciente e conhecer a qualidade/risco do produto que consome.

Em meio a essa névoa, surgem casos como o de Lauren Wasser,


uma modelo norte-americana que teve sua perna amputada devido
à síndrome do choque tóxico, causada pelo uso de absorvente
interno. Lauren felizmente decidiu dar voz a muitas mulheres que
foram mantidas em silêncio, vítimas do mesmo problema. Embora o
assunto tenha começado a ser tratado com menos negligência e
irresponsabilidade, ainda existem muitas barreiras para a infor-
mação e conscientização.

A Síndrome do Choque Tóxico (STC), como sofrido por Lauren, é


uma infecção causada por toxinas de bactérias Gram-positivas, em
especial a Staphylococcus aureus e Streptoccoccus pyogenes, e
pode se apresentar com sintomas simples como dor de cabeça,
febre, cansaço extremo, ffotossensibilidade e erupções cutâneas; e
reverter em processos mais graves como anemia, lesões hepáticas,
lesões musculares e morte. Um caso raro, mas que vale ser legiti-
mado.
38
"Um aspecto menos hipotético e mais sensível às mulheres é de que
os absorventes internos absorvem a secreção lubrificante vaginal em
excesso, deixando a vagina muito seca e desnutrida depois da menstru-
ação, quando ela deveria estar hidratada e nutrida", diz a Médica Gine-
cologista Halana Faria

Conheça mais sobre alguns dos compostos dos


absorventes internos e externos:

POLIÉSTER, POLIPROPILENO E POLIETILENO:


São feitos a partir de petróleo, água, ar, álcool e ácido, e liberam
um tipo de gás irritante da mucosa vaginal. Revestem os
absorventes tornando-os ultra absorventes, não permitido a
passagem do ar e, tornando o local abafado, quente e úmido, o que
propicia a proliferação de fungos e bactérias, responsáveis pelo
mau cheiro na menstruação. O sangue menstrual, em condições
saudáveis, não cheira mal. Tem apenas cheiro de sangue. O que
causa o odor ruim é o contato com o absorvente contendo essas
substâncias.

RAYOM DE VISCOSE:
O Rayon e o gel de Poliacrilato tem características abrasivas,
que além causarem irritação podem aumentar a incidência de
Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST), devido a pequenos
cortes e úlceras que facilitam a entrada dos germes.

DIOXINA:
Um poluente orgânico, subproduto dos processos industriais
que utilizam cloro. Ela faria a parte do branqueamento dos
absorventes, estando presente na produção da polpa de papel e do
Rayon. Estudos apontam a relação das Dioxinas com proliferação
endometrial, endometriose, cânceres diversos e alterações
hormonais, podendo causar aumento do fluxo menstrual.

FRAGRÂNCIAS QUÍMICAS, PESTICIDAS, PARABENOS,


FURANOS, ENTRE OUTROS:
Substâncias cancerígenas que podem causar problemas
reprodutivos, desregulação endócrina, erupções na pele etc.

ANZA EDI INA


39
Segundo a médica ginecologista Débora Rosa, um grande
agravante aos absorventes é também a presença dos agrotóxicos:

"Os absorventes contém algodão e plástico. O plantio de algodão


atrai muitas pragas e para ser mais lucrativo seu cultivo, a agroindústria
utiliza grandes quantidades de agrotóxicos e algodão geneticamente
modificado em laboratório, o algodão transgênico. Boa parte do algodão
da América Latina é transgênico, resistente ao glifosato, e tratada com
agrotóxico glifosato, um dos piores agrotóxicos disponíveis e o mais
utilizado no Brasil, este pesticida estão em 85% dos absorventes não
orgânicos (13mcg/kg), segundo estudo científico da Universidade
Nacional de La Plata.

O algodão é o quarto cultivo que mais consome agrotóxicos no país.


Esse pesticida e herbicida conhecido pelo nome comercial Roundup é
carro chefe da multinacional americana Monsanto, líder do setor de
sementes transgênicas, fusionada com a empresa farmacêutica alemã
Bayer, foi classificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em
2015 como potencialmente cancerígena. Curiosa a fusão da indústria
que vende a idéia da cura de doenças que é a farmacêutica com
agronegócio de transgênicos e agrotóxicos, juntas se converteram num
gigante mundial com volume de negócios anual de mais de US$25
bilhões e quase 140mil funcionários, controlam juntas cerca de 25% do
mercado de pesticidas e mais de 90% das vendas de sementes agrícolas
geneticamente modificadas transgênicas."

Além disso, devemos considerar os 10 mil absorventes que cada


mulher joga na Terra no decorrer de toda a sua vida fértil, os 3
milhões de absorventes que vão para o lixo diariamente e os 100
anos que demoram, em média, para sua decomposição. É hora de
repensar!

ANZA EDI INA 40


COMO AMAR SUA
MENSTRUAÇÃO

São muitos os desconfortos desta fase de nosso ciclo, mas


acredite, a maioria deles funciona como uma campainha para que
possamos prestar a devida atenção ao nosso corpo e às
especificidades desse momento, com o carinho e cuidado que nossa
menstruação e corpo merecem. Quando você se dá tempo para
descansar, quando você se relaciona de forma amorosa com o seu
sangue menstrual e se acolhe com gentileza durante a sua lua, a sua
menstruação se torna uma verdadeira aliadas: para que você
aprenda a baixar o ritmo, desenvolvendo mais amor e carinho por si
mesma e aprendendo a se dar tudo aquilo que você necessita e
quer.

Importante também saber que muitos dos sintomas físicos e


emocionais desse período são meios para observarmos a
quantidade de toxinas que estamos ingerindo (alimentos, hábitos,
relações ou estresse), e a qualidade da relação de autocuidado que
estamos cultivando.

Aqui estão algumas dicas práticas que podem ajudar


a ressignificar a sua menstruação:
• Entre em retiro física e/ou mentalmente. Siga o fluxo e
descanse;

41
• Fique com o seu corpo assim como ele é, e fique atenta a ele;

• Durma mais, sonhe mais. Essa é uma fase propícia para sonhos
auspiciosos. Faça perguntas antes de dormir. Na terceira noite de
sangramento, você pode colocar um pouco de sangue entre as suas
sobrancelhas, na altura do Ajna Chakra, para ativar o seu potencial
visionário. Anote, grave em áudio ou desenhe os seus sonhos para
que você possa se lembrar deles e ancorá-los no decorrer do seu
ciclo (não vai perder nada em experimentar, né?);

• Faça automassagem nos seios, dance (de forma livre e suave)


para soltar o quadril e mover o ventre. O orgasmo e masturbação
também podem ser ótimos aliados;

• Faça automassagem nos seios, dance (de forma livre e suave)


para soltar o quadril e mover o ventre. O orgasmo e a masturbação
também podem ser uma ótimos aliados;

• Devolva o seu sangue para a Terra, pare de vez com o uso de


absorventes internos e descartáveis;

• Tome banhos relaxantes, faça compressas de água quente, use


velas e luzes baixas no templo sagrado do seu lar para manter sua
quietude interna. Crie um espaço de acolhimento e conforto para ti
mesma;

• Utilize óleos essenciais e se perfume: gerânio, rosa, jasmim,


lavanda; que podem ser utilizados em banhos de imersão e/ou
junto com óleos carreadores (como gergelim, óleo de coco,
semente de uva);

• Use uma jóia especial que sinalize para você e outras pessoas
que você está na lua. Algumas opções são a Pedra da Lua, Garnet,
Cornalina etc. Você pode também utilizar roupas, lençóis ou
toalhas vermelhas;

• Descanse, escreva, silencie, medite, seja, crie. Que tal


desenhar utilizando seu próprio sangue? Faça exercícios sutis e que
te deem prazer, como caminhar, passear, praticar yoga etc;

• Conecte-se com a natureza, caminhe de pés descalços; receba


as mensagens, ensinamentos e sinais que a Mãe Terra tem para te
oferecer neste momento;

• Elabore o mês que passou, integre, se prepare internamente


para o próximo ciclo.

• Nutra-se de bons alimentos: diminua o consumo de sal e


açúcar refinado, desfrute de comidinhas ricas em potássio (banana,

42
repolho, pera e amêndoas), ferro (legumes, cereais integrais,
feijões, frutas secas), aumente quantidade de vitamina A (cenoura,
abóbora, cebola, alho, nabo, espinafre, lentilhas, damasco, limão e
azeites vegetais crus), abuse dos alimentos diuréticos (abacaxi,
melancia e pepino);

• Beba muita água;

• Aposte nos chás! Dente-de-leão (para compensar a perda de


sangue no período), valeriana (para relaxar, tome 3 xícaras de chá
de raiz de valeriana por dia), gengibre (para reduzir a tensão e as
câimbras); Dra. Débora Rosa sugere chás de Melissa ou Camomila e
segundo Dra. Halana Faria, a poção mágica para controlar
pequenos desconfortos durante o período menstrual é: Alfavaca
anisada, Mil folhas e Melissa. Fazer infusão com 1 colher de sopa de
cada para 1 litro de água- colocar em uma térmica e ir tomando
durante o dia.

• Durante esse período, por estar muito aberta e sensível, utilize


um cinturão lunar caso precise estar com muitas pessoas. Para isso,
circule uma faixa na altura do umbigo, em torno da sua cintura.
Dentro do cinturão ou diretamente na calcinha, você pode colocar
folhas de sálvia, manjericão, arruda, alecrim, tabaco ou qualquer
outra planta de proteção;

• FAÇA MENOS, SEJA MAIS!

Abaixo texto de contribuição pela Médica Ginecologista Bel


Saide.

"Sentir cólicas não é normal!

Atendo muitas pacientes no consultório que já estão acostumadas a


todo mês conviverem com dores um ou dois dias e acham que “é assim
mesmo”. Não é. Menstruar não é sinônimo de incômodo ou sofrimento.

Uma colicazinha bem leve e passageira, umas pontadinhas quando a


menstruação está chegando, daquelas que te lembram que você tem
útero e ovários, ok. Mas o normal é menstruar sem dor, sem mal estar de
nenhum tipo. Isso não significa necessariamente que se você sente
cólicas então tem alguma doença. Várias coisas podem estar sendo
causadoras como por exemplo a alimentação inflamatória de que
sempre falo com excesso de glúten, lacticíneos, açúcar, industrializados.
A falta de exercícios físicos, falta de boas noites de sono, rotina de
trabalho estressante, pequenas grandes coisas que precisam ser
reequilibradas. As cólicas também podem vir diferentes a cada mês,
refletindo como foi seu ciclo. Questões emocionais e sutis costumam
estar envolvidas, desde fases complicadas momentâneas ate uma
relação difícil com seu feminino desde a adolescência.

ANZA EDI INA 43


A grande maioria das cólicas menstruais se resolve com: calor e
repouso!

O útero é uma musculatura lisa q dói devido a contrações, com o


aquecimento ele relaxa.

Chás quentinhos, por exemplo de Camomila, canela e cravo ou


gengibre.

Uma sopinha gostosa feita com carinho, meias nos pés,


cobertorzinho, um livro, um filme, música, uma boa conversa (de
preferencia livro, filme, musica ou conversa tranquilos ne rs) são sem
dúvidas o santo remédio.

E claro a boa e velha compressa quente local. Você pode fazer uma
compressa com ervas ou passar óleo de copaíba com umas gotinhas de
óleo essencial de lavanda no ventre e botar a bolsa de agua quente por
cima.

“Ah mas não da pra parar toda a vida pra fazer isso!”

Talvez esteja exatamente ai o problema. A dor é seu corpo pedindo


pausa, pedindo descanso, pedindo cuidado. Se cuidar não é fazer exame
e tomar remédio. Se cuidar é muitas vezes apenas ouvir seu corpo e se
dar amor. "

44
n
A MANDALA LUNAR

Uma boa forma de utilizar o seu ciclo menstrual para se


conhecer é através da Mandala da Lua.

Esse é um diagrama em que você documenta a cada dia como se


sente, para compreender os ritmos, as frequências, os arquétipos,
as tendências e as limitações de cada fase do seu ciclo menstrual.
Dessa maneira, você entenderá melhor seus processos internos e
poderá se conhecer com mais profundidade; se tornará mais dona
de si e conseguirá prever como vai estar ou se sentir durante seu
ciclo!

A Mandala da Lua te oferece a


possibilidade de compreender suas reações
e flutuações em cada fase específica.
Por exemplo: o melhor momento de ter aquela conversa
delicada, começar novos projetos, parar e silenciar, trabalhar e
realizar, dormir um pouco mais, compartilhar sua energia ou focar
em si mesma e em seus processos pessoais. Além disso, ela te
ensina a lidar com sua TPM (podendo, assim, evitar situações
desgastantes ou desagradáveis), te ajuda a reconhecer seu período
fértil (para prevenir ou potencializar uma gestação, junto ao
método sintotermal que ensino mais adiante), e te apoia em
conhecer seu próprio corpo.

45
Sabemos que muitas vezes a velocidade da nossa vida cotidiana
nos impede de iniciar um novo projeto, mesmo que seja apenas
escrever um diário durante 15 minutos. Entretanto, sugiro que
você experimente e se dê este presente!

Para as mulheres que não menstruam devido à menopausa ou a


algum desequilíbrio físico, sugiro ainda assim fazer a Mandala da
Lua (começando sempre pela lua nova e comparando os padrões, da
mesma forma como para quem menstrua). Para as mulheres que
utilizam contraceptivo hormonal, comece o estudo mesmo sem
viver os ciclos integralmente. Pode ser que a Avó Lua te inspire a
confiar um pouco mais em seu corpo e fertilidade. Para mulheres
que se relacionam sexualmente com outras mulheres, lembrem-se
que isso não é apenas sobre o efetivo controle de fertilidade, é
sobre se conhecer.

A Médica Ginecologista Halana Faria acrescenta: "A


menstruação é um sinal vital. É um indicativo de como vai nossa saúde.
Para muitos modelos explicativos de saúde como a ayurveda,
antroposofia, MTC e medicina popular pode parecer um contra-senso
abolir propositadamente um ciclo menstrual porque ele fala muito sobre
como vai a saúde de uma mulher. A falta de menstruação, a presença de
escapes em diferentes momentos do ciclo, o volume e qualidade do fluxo
podem falar de problemas orgânicos. Também falamos muito sobre os
efeitos colaterais de métodos hormonais mas falamos pouco sobre os
inúmeros benefícios de todos os hormônios e neurotransmissores que
liberamos durante o ciclo menstrual natural e seus benefícios sobre
nossa fisiologia."

Quer acessar sua Mandala


e o Calendário Lunar?
Os arquivos estão disponíveis gratuitamente no
www.danzamedicina.net/jornada-mulheridades e são atualizados
anualmente desde 2015. Acesse e comece agora mesmo a mapear
seu ciclo menstrual junto ao seu ciclo lunar!

ANZA EDI INA 46


o
COMO PREENCHER
SUA MANDALA
Características a serem anotadas e observadas durante o
estudo da Mandala da Lua:

DATA.

DIA DO CICLO:
o dia em que começa o fluxo menstrual é o primeiro dia do
ciclo. Se você não sabe em que dia está, siga escrevendo mesmo
assim e comece a marcar o dia do ciclo a partir da próxima
menstruação.

FASE LUNAR:
consulte o calendário lunar para saber que fase da lua
correspondente a cada dia do ciclo.

Preparei um pequeno questionário para guiar nosso processo de


exploração, inspirado no interessante estudo de Miranda Gray
sobre os ciclos do feminino:

ENERGIA FÍSICA:
• Estou disposta? Fazer as atividades físicas é fácil ou difícil?
• Me sinto cansada ou cheia de energia fisicamente?
• Me sinto confortável quando sou tocada?
• Me sinto sexy ou sensual?
• Como se manifesta a minha sexualidade? Ativa, passiva, eróti-
ca, sensual, exigente, agressiva, nula, carinhosa, protetora, luxurio-
sa, espiritual ou criativa? Sexualidade alta ou baixa? Não importa a
frequência das relações sexuais, mas a forma como elas se manifes-
tam. 47
• Me sinto confortável com alguém perto de mim fisicamente?
• Estou feliz com minha aparência física ou estou muito crítica
comigo mesma?
• Como me visto? Me enfeito ou estou mais desleixada?
• Como está a qualidade do meu sono?
• Consigo superar as coisas facilmente?
• Tenho desejo ou aversão por determinado alimento?
• Ao observar meu corpo, percebo alguma mudança em meu
muco vaginal, meus seios ou meus lábios vaginais? Existem
mudanças em minha pele e meu cabelo?

ENERGIA EMOCIONAL:
• Me sinto emocionalmente forte e confiante?
• Estou amorosa e cuidadosa?
• Estou disposta a conviver com pessoas?
• Sinto-me confiante ou tímida para falar com os outros?
• Sinto-me mais positiva que negativa ou o contrário?
• Sinto-me segura ou vulnerável?
• Sinto-me capaz de enfrentar e superar?
• Aceito os outros?
• Estou pronta para agir?
• Sou boa para escutar os outros?
• Me importa saber como os outros se sentem?
• Estou entusiasmada e apaixonada pelos meus ideais e ações?
• Do que eu preciso emocionalmente para me sentir feliz?
• O que é importante emocionalmente para mim neste
momento?

ENERGIA MENTAL:
• Estou pensando claramente ou estou divagando?
• Estou prática, eficiente ou sonhadora?
• Minha memória está boa?
• Sou boa para lidar com números, escritas e planejamento?
• Tenho muitas ideias inspiradoras?
• Consigo me concentrar facilmente e focar naquilo que estou
fazendo?
• Qual é a natureza dos meus sonhos (relações sexuais, cores
intensas, animais, de índole menstrual, sonhos mágicos, recor-
rentes, proféticos, psíquicos ou espirituais)?
• Sinto-me sinto criativa? Como está minha intuição e
percepção sutil?
• Estou organizada?
• Eu sei o que eu quero?
• O que preciso fazer com a minha mente para me sentir feliz?

A ideia é preencher as Mandalas por pelo menos 3 meses e


depois compará-las entre si, encontrando os padrões que se repe-
tem todos os meses, de acordo com as diferentes fases do seu ciclo
e as fases da lua. Após esses três meses, mesmo com os seus
padrões já perceptíveis, aconselho seguirem mapeando o ciclo
como um hábito de autocuidado e observação de si!

Não é incrível poder se conhecer e se tornar-se mestre (ao invés


de vítima) das suas flutuações em potente equilíbrio dinâmico? 48
p
COMO LIDAR COM SUA
“FORÇA PRÉ-MENSTRUAL”

• Ajuste seu ritmo de vida às suas verdadeiras necessidades


(estudo do ciclo menstrual);

• Assuma a responsabilidade pelos seus processos. Lembre-se


que os outros são apenas espelhos que refletem o que existe
dentro de você;

• Se for necessário, informe às pessoas com quem você convive


que você está em uma fase mais introspectiva e sensível. Ao fazer
isso com amor, elas terão a oportunidade de te oferecer espaço e
tempo, como sinal de respeito por você e seu ciclo;

Caso algum processo interno venha à tona, não


crie aversão.
Ao contrário, receba e honre a oportunidade de estar se
tornando mais consciente de si e se conhecendo mais
profundamente. Não se cobre tanto, seja gentil consigo mesma;

• Expresse suas emoções (inclusive a raiva), mas não seja vítima


de si mesma. Torne-se consciente dos seus processos e busque agir
com base nesse espaço de equanimidade e testemunho de si;

• Assuma o compromisso de se dar um tempo e entrar em retiro


(em sua "Tenda da Lua") quando receber o seu sangue. Saber que

49
daqui a pouco você irá descansar te ajudará a lidar com mais tran-
quilidade com o seu período pré-menstrual;

• Saiba que sua menstruação te limpa e purifica energetica-


mente, então recolha seu sangue e o ofereça à Terra, pedindo que
tudo o que veio à tona nessa fase possa ser transmutado, curado,
transformado, de dentro para fora;

• Saiba que o seu sangue limpa e purifica não só o seu corpo, mas
todos os padrões que você carrega, então recolha o seu sangue e o
ofereça à Terra, pedindo que tudo o que veio à tona nessa fase
possa ser transmutado;

• Observe se todos os meses os mesmos padrões vêm à tona.


Caso positivo, isso é um sinal de que você não está se ouvindo, nem
transformando aquilo que é necessário. Ao contrário, você está
apenas repetindo um padrão. Legitime-se e escute as verdades que
o seu coração te diz neste momento, espirale, ao invés de girar em
círculos de repetições;

Liberte-se dos apegos.


Permita que a natureza cíclica se desvele
e se entregue ao fluir da vida, deixando ir e vir;
• Evite açúcar e sal em excesso, álcool e carne vermelha, pois
isso só traz mais desequilíbrio. Mantenha uma dieta rica em fibras e
faça refeições nutritivas e regulares;

• Pratique atividades físicas para liberar endorfina;

• Consuma chá de valeriana, tanchagem, angélica, camomila.


Use óleos essenciais para automassagem, como lavanda, gerânio,
rosas ou jasmim. São todos bem-vindos!

• Lembre-se que, para viver em paz, em beleza e harmonia, é


preciso saber morrer e renascer. Começar de novo, quantas vezes
forem necessárias.

ANZA EDI INA 50


q
VAMOS FALAR SOBRE
MÉTODOS CONTRACEPTIVOS

É comum hoje em dia associarmos os contraceptivos artificiais a


termos como: "independência", “liberdade” e "empoderamento".
Não podemos negar o excelente impulso dos contraceptivos para a
ressignificação dos paradigmas da mulher, em todos os níveis, entre
as décadas de 60 e 70. Esse movimento ajudou mulheres a legitimar
nosso poder de escolha e nosso posicionamento sexual diante do
homem(apesar de ter, ao mesmo tempo, induzido à ideia de uma
disponibilidade sexual constante), do prazer, da maternidade, além
de promover a nova força da mulher no meio público, através do
exercício profissional e nossos papéis sociais. Possibilitou também
a pessoas trans construírem um corpo adequado a seus desejos.
Não podemos negar a grande eficiência e praticidade desses
métodos, muito importantes nos dias de hoje, com nossas rotinas
extenuantes e sobrecarga de obrigações.

Existem, porém, alguns pontos a ser considerados.

Hoje, muitas mulheres estão sentindo uma necessidade e um


chamado por uma reconexão, uma mudança na sua forma de viver
e uma transformação na forma de existir no mundo.

Muitas delas não conseguem sequer


nomear aquilo que buscam.
Muitas delas não conseguem sequer nomear aquilo que buscam.
Consequentemente, observo um número cada vez maior de
mulheres abandonando os hormônios sintéticos e se permitindo,
51
novamente, experimentar o que significa menstruar e ser fértil,
cíclica e orgânica. Ou seja, ser quem se é. Para muitas pode parecer
retrocesso, mas voltar para o mesmo lugar, como se fosse a
primeira vez, é uma das premissas dos mitos heroicos. Agora, esta
decisão não mais é resultado da rigidez de uma sociedade
domesticadora, mas sim de uma escolha íntima, consciente e
individual; parte de um desejo simples em explorar o universo do
ser mulher, em um corpo de mulher, em sua organicidade.

Nesse processo de transição, é natural e bem-vindo entrar em


contato com os diversos aspectos sutis que envolvem nossa relação
mais profunda e visceral com o nosso feminino.

Ao repensar a nossa relação com a fertilidade, muitos


questionamentos começam a vir à tona, como:
• Como me relaciono com a maternidade?
• Como me relaciono com meu potencial de fertilidade?
• Confio no meu corpo?
• Confio na minha capacidade de conhecer a mim mesma e ouvir
os sinais do meu corpo?
• Tenho medo de ser fértil (de florescer, de ser a minha melhor
versão, de me expandir?)
• Ser mulher é difícil?
• Como me relaciono com a minha sexualidade como mulher?
Preciso estar sempre disponível sexualmente? Como, com quem e
por que me relaciono sexualmente? O controle da fertilidade é
apenas responsabilidade da mulher? Até que ponto meu
companheiro está disposto a se relacionar intimamente e observar,
junto comigo, os cuidados para uma contracepção natural?
• Ser cíclica é um problema?
• Quem define os meus tempos? Eu ou o relógio? Eu ou a minha
família, o meu emprego?
• Estou entregando a responsabilidade pelos cuidados com o
meu corpo para terceiros? No que baseio as minhas escolhas?

Fazer essas perguntas a si mesma é uma boa forma de começar a


explorar os seus porquês, de forma a permitir que você questione
que escolhas realmente te fazem sentir, fazem sentido na sua vida
e, principalmente, na vida que você deseja viver e manifestar!

Vamos nos descobrir?


Mergulhe em si mesma, escute seus vários lugares internos, a
mente, o coração, o útero e a intuição. Além disso, lembre-se: nessa
jornada de empoderamento do seu feminino, não existe certo nem
errado. O que existe é a sua verdade interior, fruto de uma tomada
de consciência profunda, honesta e essencial, seja quem quer e
como quer que seja.

ANZA EDI INA 52


"Mulher, eu sei que você que toma anticoncepcional hormonal há
anos toma porque seu médico mandou. Você não é culpada. Você é
vítima do sistema. Todos somos. Até mesmo provavelmente esse médico.
A gente aprende errado desde a faculdade. O raciocínio já começa
errado. Combate-se a consequência e não a causa. Trata-se a doença e
não o doente. O mundo tem pressa, precisamos fazer dinheiro pra girar a
roda do capitalismo. Uma sociedade sem saúde real muito interessa aos
que nos dominam. O patriarcado urge. As pílulas nos controlam e a
indústria lucra com a falta de amor das mulheres por seus corpos. A vida
sem pílula não só é possível como muito melhor (…) Trecho de texto
compartilhado pela Médica Ginecologista Bel Saide.

ANZA EDI INA 53


r
Contracepção
não hormonal,
um universo paralelo
Texto por contribuição da Médica Ginecologista Halana Faria

Existem muitos motivos para que a grande maioria das pessoas


que precisam de contracepção saiam dos consultórios médicos e de
enfermagem com a prescrição de um método hormonal. Eles são
práticos. Alguns podem ter efeito cosmético e melhorar também a
pele. Todo e qualquer desequilíbrio ginecológico é tratado
convencionalmente com a pílula anticoncepcional (SOP,
endometriose, TPM). Existe uma indústria farmacêutica poderosa
atuando na pesquisa, divulgação e “educação” médica. Há um
desconhecimento e profundo descaso pela potência do ciclo
menstrual e uma crença entre médicos de que seria inclusive
desnecessário e não desejado pelas mulheres.

Seus efeitos colaterais e eventos adversos são minimizados e


sofrem de registro precário pelos serviços de saúde além disso as
queixas das pacientes quanto a possíveis desconfortos são
desconsideradas ou até mesmo ridicularizadas. Não surpreende
portanto que você tenha tanta dificuldade para acessar opções de
contracepção não hormonal e que essas informações cheguem
através das maiores interessadas, mulheres cada vez mais
conectadas em uma grande teia nética e presencial.

Métodos como percepção de fertilidade e diafragma só


ganharam popularidade pelo empenho de mulheres em difundi-los.
Então vamos lá para um pequeno guia para quem quer entender
que opções são essas.

O primeiro grande método de contracepção não hormonal é a


Percepção de Fertilidade, que é na verdade uma ferramenta de
conhecimento de si que serve não só à contracepção mas também 54
ao entendimento da saúde do ciclo menstrual, eventuais
desequilíbrios e tentativas mais direcionadas para quem quer
engravidar. Algo que certamente deveríamos aprender na escola.
Trata-se, na verdade, de vários métodos disponíveis, dentre eles o
FAM (Fertility Awareness Method), Justisse, etc. A ideia é
monitorar diariamente muco cervical e temperatura corporal (com
termômetro de temperatura basal, sob a língua ao acordar) e
registrar em gráfico (papel ou app) para perceber alguns padrões e
entender melhor qual a sua janela de fertilidade a partir do
entendimento do exato momento da ovulação (quando
percebemos uma subida de temperatura). Algo que exige certa
dedicação e disciplina mas que com o tempo gera tamanho
entendimento do ciclo que vale o trabalho. Não se trata de intuição
mas de investigação precisa de si mesma. Um método cuja eficácia
depende da disciplina no uso e cumprimento das regras propostas
por cada método.

O segundo método seriam as camisinhas masculina e feminina


que gozam de pouca fama por supostamente atrapalharem o sexo.
Mas veja bem, se sexo a gente faz com o corpo inteiro e não só com
genitais, se pessoas com vulva e vagina tem muito mais prazer com
a exploração da região do clitóris e não somente com penetração,
talvez possamos pensar que as camisinhas podem entrar nas
brincadeiras eróticas como parte da história. E não tem jeito,
precisamos aprender a usá-las para uma vivência mais livre e
segura de nossas sexualidades, ISTs (Infecções Sexualmente
Transmissíveis) como HIV e Sífilis estão aí cada vez mais presentes
entre jovens. Podem ser métodos muito eficazes para prevenir
gravidez desde que corretamente usados, desde o começo da
relação, camisinha masculina de tamanho adequado para o pênis
que não tenha sido armazenada adequadamente, mulher com
lubrificação adequada, não tem porque romper. Se romper e você
fizer percepção de fertilidade você consegue saber se há
necessidade de usar uma pílula do dia seguinte (contracepção de
emergência), que aliás só funciona se você não tiver ovulado ainda.
Algumas pessoas podem sentir que a camisinha de látex irrita a
vagina, aí pode ser interessante experimentar uma opção sem látex
que inclusive pode ser usada com lubrificante com base em óleo
vegetal (como óleo de coco, gergelim, semente de uva).

O terceiro método é o diafragma, um método de barreira que


deve ser inserido na vagina antes das relações sexuais e que cobre
o colo do útero. Ele tem uma taxa de falha de 6-12/100 mulheres
engravidam usando-o por um ano. Por isso é bacana que seja usado
em combinação com Percepção de Fertilidade e camisinha. Ele
precisa ser medido por profissional (toque vaginal que mede a
distância entre o osso púbico e o fundo da vagina) o que muitas
vezes dificulta sua disponibilidade. Mas felizmente cada vez mais
profissionais estão entendendo a importância dessa belezurinha.
No Brasil é produzido pela Semina no modelo que precisa ser

ANZA EDI INA 55


medido e que tem um aro metálico nas bordas. No exterior é
possível adquirir o Caya (“one size fits most”) que é de tamanho
único e bordas flexíveis que vai servir e adaptar-se bem à maioria
das mulheres. O diafragma está na ‘Carta de Serviços’ do SUS e
deveria, portanto, estar disponível nas Unidades Básicas de Saúde.

O quarto método não hormonal é o DIU de Cobre. Certamente o


mais invasivo. Trata-se de dispositivo que libera cobre que causa
dificuldade para subida do espermatozoide pelo canal cervical e
diminuição da capacidade da trompa em capturar o óvulo do
ovário. Ele não é abortivo mas é invasivo e causa certa inflamação
que pode aumentar cólicas e fluxo menstrual. Hoje temos o DIU de
Cobre e Prata que promete não aumentar tanto esses efeitos
colaterais apesar de ainda não haver evidência científica suficiente
para tal afirmação, essa pode ser uma opção. O DIU é para pessoas
que não se sentem seguras com as opções anteriores e querem um
método seguramente eficaz que dependa menos delas mesmas. É
um método de longa duração (dura de 5 a 10 anos) muito
importante para prevenção de gestações não planejadas.

O quinto método não hormonal é um método cirúrgico. A


laqueadura é a interrupção do transito das tubas uterinas. No
Brasil, uma lei que pretendia proteger as mulheres da realização de
laqueaduras contra a sua vontade, tornou o acesso a laqueaduras
bastante restrito. Apesar da lei afirmar que pode fazer uma
laqueadura uma mulher com mais de 25 anos e/ou dois ou mais
filhos, dificilmente uma mulher sem filhos pode optar por realizar
uma laqueadura. Além disso, ela precisará da assinatura do marido
em documento para fazer o procedimento. Ou seja, uma mulher
jovem que saiba que não quer filhos não pode decidir por
esterilizar-se voluntariamente. Porém mulheres em situação de
vulnerabilidade social são cotidianamente esterilizadas depois de
várias gestações sem o seu consentimento. Uma disparidade que
fala das desigualdades de direitos atravessadas por desigualdades
de raça e classe.

No nosso país, 55% das gestações não foram planejadas, o que


mostra falta de informação e acesso a métodos contraceptivos
seguros. Como aqui o aborto também é ilegal e ter uma gestação
não desejada pode levar uma pessoa a recorrer a um aborto
clandestino e inseguro, falar sobre contracepção é falar sobre
direito reprodutivo e é ato político. Não dá para perpetuarmos
mitos. É
preciso falar com base em evidências científicas para que as
pessoas possam fazer escolhas realmente informadas. E inclusive
escolher um método hormonal se for vontade delas.

É preciso pressionar o SUS para que tenhamos acesso de


verdade a Planejamento Reprodutivo.

ANZA EDI INA 56


r
Mais sobre
hormônios

Veja a seguir alguns dados interessantes a respeito dos


malefícios dos métodos hormonais (como pílula, anel vaginal,
adesivo, implante, DIU hormonal Mirena):

Elas podem desencadear enjôo, mal-estar, ansiedade,


diminuição da libido, alterações de humor, depressão, distúrbios
metabólicos, nutricionais e gastrointestinais, além de alterações no
sistema nervoso e imunológico.

Seu uso está relacionado ao aumento dos distúrbios


circulatórios que podem gerar trombose, embolia pulmonar, AVC,
aumentam a chance de Infarto e adenoma hepático e até casos de
morte. Outras condições clínicas possivelmente associadas
negativamente ao uso de hormônios: diabetes, síndrome do ovário
policístico, lúpus, doença de crohn, colite ulcerativa, anemia
falciforme, enxaqueca, câncer de mama, câncer cervical,
pancreatite, aumento da pressão arterial, icterícia, cálculos biliares
e por aí vai.

Além de tudo isso, potencialmente causam flacidez, celulite,


diminuição da massa muscular, aumento da gordura localizada e
retenção de líquido.

Os riscos são ainda mais acentuados em mulheres obesas,


fumantes e com histórico familiar de algumas das doenças acima.

57
Segundo Débora Rosa, médica ginecologista, algumas mulheres
podem ter contra-indicação absoluta pelos critérios de
elegibilidade dos contraceptivos.

A Médica Ginecologista Halana Faria complementa:


"Existem diversos métodos contraceptivos hormonais que diferem
em sua composição, concentração e via de administração. Não dá para
falar de "hormônio" tão genericamente. E sugerir que se "viva sem
hormônios" parece um equívoco porque precisamos mesmo é
reverenciar os nossos próprios, entender seus benefícios e efeitos sobre o
corpo. Para um diálogo mais horizontal com cuidadores precisamos
saber do que estamos falando.

Composição
De forma genérica temos métodos que contêm estrogênio e
progestágeno como a pílula anticoncepcional combinada, cujos efeitos
colaterais incluem trombose por conta do Estrogênio. Métodos que só
tenham progestágeno podem ser considerados nesse sentido menos
nocivos. O DIU Mirena tem somente progestágeno e atua de forma
menos sistêmica pois é liberado localmente. Atua causando completa
atrofia do endométrio na maioria das mulheres, deixando-as sem
menstruar, pode gerar cefaléia, queda de cabelo e outros sintomas. Mas
não parece influenciar tanto na libido.

Via de Administração
O Implante atua de forma semelhante ao Mirena sendo
administrado como implante sob a pele. Ele também só contem
progestágeno. Há ainda opções injetáveis somente com progestágeno
ou estrogênio mais progestágeno. Métodos utilizados por via oral
precisam ser metabolizados de uma maneira que aumenta chance de
problemas no fígado, aumento do risco de desenvolver diabetes. É um
equívoco portanto achar que a pílula trata 'ovários policísticos", uma
síndrome metabólica. Ela trata os sitomas (pêlos, acne) mas só piora a
origem do problema que é um aumento da resistência à insulina.

Concentração
Há ainda diferentes concentrações, mas hoje em dia não faz sentido
algum falar de pílula fraquinha. Um profissional que fala dessa maneira
com uma paciente está a infantilizando. Comparadas com as primeiras
pílulas a serem lançadas, as pílulas de hoje em dia têm concentrações
parecidas de Etilinestradiol (o estrógeno presente em todas de 15 a
35mcg), o que muda em cada marca é o tipo de progestágeno. A
popularização da pílula se deu porque passou a ser usada para fins
estéticos. Progestágenos anti-androgênicos (que diminuem circulação
de hormônios masculinos) diminuem acne, pêlos e melhoram o cabelo. O
sucesso da pílula tem muito a ver com essa imagem de pele sem
imperfeições, sendo o principal motivo para as mulheres não
suportarem a transição para uma vida sem hormônio sintético.

ANZA EDI INA 58


É importante conhecermos as contra-indicações de cada método
para situações específicas de saúde e para isso conhecer os critérios de
elegibilidade dos métodos contraceptivos da OMS:

https://www.febrasgo.org.br/images/arquivos/manuais/Manuais_N
ovos/Manual-de-Criterios-Elegibilidade.pdf "

Bem, existem muitos outros meios de contracepção, e todos


apresentam benefícios e malefícios. Estes textos é, na verdade, um
convite para a reflexão: a partir de qual espaço interno surgem as
suas decisões? Praticidade, comodismo, preguiça, ignorância,
pressão social ou consciência, informação, poder de decisão sobre
si mesma e sobre o próprio corpo?

Aliás, considerando-se que as mulheres são férteis durante


apenas alguns dias do ciclo, é irônico pensar que elas arriscam tão
vasta gama de efeitos colaterais. Para quê? Para se proteger de um
homem que produz milhões de espermas por hora! É frustrante!
Temos, em média, 15 formas de contraceptivos para mulheres
(entre DIU, diafragma, pílula, anel vaginal, implantes etc.),
enquanto existem apenas 3 opções de contraceptivos masculinos:
vasectomia, camisinha e gozar fora!

"Os hormônios da mulher são os únicos que são menosprezados,


todos os outros, como a insulina, hormônio tireoidiano, GH, prolactina
são muito respeitados e prescritos com muita indicação, para pessoas
com alguma doença. Ninguém prescreveria insulina para melhorar o
brilho do cabelo ou para fortalecer as unhas se tivesse esse efeito. O
hormônio tireoidiano pode ajudar a emagrecer, mas é um absurdo ser
usado para esse fim, porque é um hormônio respeitado e é prescrito
somente para doenças da tireoide. O GH tem efeito anabolizante, ajuda
a definir a musculatura do corpo, mas também não é prescrito para esse
fim porque é também um hormônio respeitado. E porque só os
hormônios da mulher não são respeitados” Débora Rosa.

59
s
FERTILIDADE
CONSCIENTE

Quero caminhar em direção à fertilidade consciente! Como


fazer?

Respire, vamos no tempo dos tempos. Em um nível mais sutil,


deixar de lado os métodos contraceptivos artificiais é um
movimento de cura e reconexão. Isso necessariamente traz
mudanças de paradigmas, quebra de crenças e padrões limitantes,
revisão de hábitos e escolhas de vida. É natural que tudo isso venha
à tona durante o processo e, apesar de não ser fácil, sinaliza
positivamente uma profunda transformação das subjetividades
desse nosso Ser Mulher, como: aumento do potencial intuitivo,
ativação do poder visionário, maior percepção de si mesma, clareza
mental, tomada de consciência sobre seus processos internos,
poder de decisão sobre sua própria vida, mudança qualitativa nas
escolhas, aumento da libido, relações que se manifestam com mais
amorosidade e presença, reconexão com os tempos internos e
ressignificação do próprio corpo e da sexualidade, e por aí vai.

Para iniciar essa jornada,


o primeiro e mais importante passo
é conhecer a si mesma, seu corpo e seu ciclo.
Esse é o começo e o verdadeiro objetivo de todo esse
movimento que proponho aqui: o autoconhecimento e a
apropriação de si.

60
Para as mulheres que começam o processo de transição,
inicialmente, o ideal é fazer uso de preservativos (ou até adotar um
período de abstinência, se você achar conveniente dar um tempo
para si mesma) para ir se acostumando com a nova condição e, aos
poucos, ganhar confiança no processo ao conhecer cada vez melhor
os sinais de seu corpo. Além disso, essa é uma oportunidade para
que o seu sistema se ajuste a um ciclo mais regular e orgânico.

Para a percepção da fertilidade,


não se recomenda utilizar
métodos lineares, como a tabelinha.
Afinal, considerando que nosso ciclo está constantemente
suscetível a mudanças, estaríamos utilizando dados do passado
para "prever o futuro". Além disso, é importante observar que a
maioria dos aplicativos, com algumas exceções, não são nada mais
do que tabelinhas eletrônicas.

O ideal é que se utilize a observação de si, dia a dia, para


compreender seu ciclo, seus padrões de fertilidade e infertilidade,
e como proceder em cada um deles.

Para realizar este estudo sugiro utilizar métodos que


empreguem os padrões primários e secundários como forma de
observação que aqui será o Método Sintotermal.

Para as anotações, você pode utilizar:


• App Kindara: é o App que eu mais recomendo. Bem prático
para quem utiliza o método completo, especialmente muco e
temperatura. Eles possuem inclusive um termômetro sintotermal
com bluetooth para parear ao seu aplicativo (!);
"É importante refletirmos o destino das informações que
ofertamos para esses aplicativos. Muitas ativistas digitais têm
questionado esse fornecimento de dados para o Big Data. Talvez o
mais interessante seja mesmo imprimir uma folha e deixar ao lado
da cama. Assim também, seu primeiro contato ao acordar não é
com o celular e seu poço sem fim de distrações." Sugere Halana
Faria
• Uma tabela impressa em papel: busque na internet por
Fertility Awareness Method Chart que você encontrará diversas
opções para impressão. Atenção para a diferença dos modelos para
potencializar ou prevenir gestação;
• Através da Mandala da Lua: para quem deseja se aprofundar
nas questões mais subjetivas que envolvem o ciclo, suas expressões
e manifestações (estando consciente que a percepção dos sintomas
secundários não são suficientes para percepção de fertilidade).

ANZA EDI INA 61


t
sobre a percepção
da fertilidade

A primeira coisa a se considerar é que sua ovulação não acon-


tece sempre no 14° dia do seu ciclo. Mesmo que o seu ciclo seja
regulado em 28 dias, a sua ovulação pode variar.

Além disso, é possível engravidar quando existe relação


pênis-vagina/vulva, mesmo quando o óvulo ainda não estiver
disponível. Como assim? Vou explicar: os espermatozoides podem
sobreviver por alguns dias dentro do sistema reprodutor da mulher
diante de condições adequadas, ou seja, quando as mulheres estão
perto de ovular. Considerando-se os dias durante os quais os esper-
matozoides podem sobreviver no corpo da mulher e os dias em que
o óvulo está disponível no sistema, temos um período fértil de mais
ou menos uma semana!

Agora, para compreender se você está fértil ou


não são necessários disciplina, atenção e entendi-
mento sobre o processo.
Sugiro, inclusive, que você leia novamente o texto sobre a “Fisio-
logia do Ciclo”, que está disponível neste mesmo material. A ideia é
observar os sinais todos os dias e fazer anotações. Com o tempo,
esse processo vai se tornar natural e orgânico e você simplesmente
vai saber quando está em seu período fértil. Entretanto, não se
trata de uma receita de bolo: é necessário prática e dedicação, prin-
cipalmente no início! O importante é que esse processo não se
torne um estresse, mas sim um exercício gostoso de autocuidado e
amor por si, sua sexualidade, e seu útero alquímico! 62
Ah, e bom senso, certo? Não adianta nada aprender tudo isso e
quando chegar a hora H, esquecer tudo!

SINAIS PRIMÁRIOS DA FERTILIDADE:


São chamados de sinais primários, porque são similares de
mulher para mulher, e de ciclo para ciclo!

FLUIDO CERVICAL:
É um fluido saudável e natural que é produzido pelo colo do
útero e escorre pela vagina até a vulva.

Para reconhecer o muco, anote e observe as características, a


sensação e a aparência, além das alterações nas características.
Você pode sentir a sensação de umidade, ver o muco na calcinha, no
papel higiênico e também ao tocar a vagina. Esses fluidos têm um
odor normal, são claros e não são acompanhados de coceira nem
vermelhidão. É importante observar, pois esses sintomas podem
indicar algum tipo de processo infeccioso!

O muco cervical saudável, presente em todos os ciclos durante o


período fértil, permite a passagem dos espermatozoides e também
a sobrevivência deles por mais tempo dentro do sistema sexual e
reprodutor feminino. Esse muco muda em quantidade, cor e textu-
ra. Quanto mais úmido e em maior quantidade, mais fácil é para os
espermatozoides se movimentarem, manterem tempo de sobrevi-
da e sinaliza que mais próxima da ovulação a mulher está. Observe
a progressão:

Observe a progressão:
• Período seco e sem muco visível (característica do período
infértil);
• Seco, branco, pastoso e grudento;
• Esbranquiçado, cremoso e mais líquido;
• Lubrificante, mais transparente e elástico. A aparência de clara
de ovo indica que a ovulação está bem próxima.

É importante prestar atenção no dia de pico, ou seja, o último dia


com fluido cervical úmido, antes do fluido secar total ou parcial-
mente (este sinaliza o dia mais próximo da ovulação). Lembre-se
que a presença de sêmen (assim como pomada vaginal ou
infecções) pode alterar a percepção do fluido cervical, dessa forma,
recomenda-se ter relações em dias alternados conforme a ovu-
lação se aproxima!

TEMPERATURA BASAL:
É a temperatura do corpo em repouso, medida por um
termômetro adequado (de alta precisão, com duas casas depois da

63
vírgula), após acordar e antes de se levantar. A mudança no padrão
da temperatura indica que a ovulação já aconteceu. Antes da ovu-
lação, a temperatura corporal é mais baixa e, depois da ovulação,
mais alta (devido à ação do hormônio progesterona). Ou seja, a
medição da temperatura não prevê o início da ovulação, mas confir-
ma quando a ovulação já aconteceu (enquanto o muco cervical
prevê sua aproximação)!
A temperatura pode ser medida com o termômetro na boca (em-
baixo da língua, com a boca fechada) ou na vagina (desnecessário, a
não ser que você goste dessas coisas). É importante usar o
termômetro sempre no mesmo lugar durante todo o ciclo menstru-
al.
Idealmente, deve-se medir a temperatura após, pelo menos, 3
horas de descanso/repouso e não se deve mudar o horário de
medição em mais de 1 hora para mais ou menos. Se algo acontecer
que mude a temperatura (febre, consumo de bebida alcoólica na
noite anterior anterior, temperatura ambiente muito diferente,
cobertor elétrico, fuso horário diferente), pode-se, ainda assim,
realizar a medição, entretanto faça uma pequena observação para
constar na hora da interpretação.

Dica prática: a temperatura basal precisa ser tirada imediata-


mente após acordar. Assim, evite se mover, levantar, ou fazer hora
na cama antes da medição. Deixe o termômetro e o seu material de
anotação ao lado da cama, e, se precisar dormir mais (lembrando
que não deve haver muita variação no horário de medição), garanta
que o seu termômetro vai guardar o registro da última temperatu-
ra, para que você possa voltar ao seu sono e anotar tudo mais tarde.

COLO DO ÚTERO:
Deve-se observar a posição, a abertura e a textura do colo do
útero. Essas características variam durante o ciclo e apresentam
padrões claros no período fértil e infértil. É possível realizar esse
exame ao introduzir os dedos indicador e médio na vagina até
encontrar o colo do útero. São necessárias mãos limpas, unhas
curtas e tranquilidade.
O colo do útero fica lá no fundo da vagina. Ele não é rugoso,
como a vagina, mas bem lisinho, com o formato de uma bolinha com
uma abertura.
Um excelente momento para fazer isso é após tomar banho.
Além disso, também é bom manter a mesma média de horário todos
os dias. Esse exame pode ser realizado na posição de cócoras, em pé
com uma perna levantada ou deitada com um travesseiro sob as
costas.
Quando se está no período infértil, o colo do útero se encontra
duro (firme), fechado, baixo e inclinado sobre a parede da vagina.
No período fértil, ele se encontra mais aberto, maleável, alto e alin-
hado com a vagina.

64
SINAIS SECUNDÁRIOS DA FERTILIDADE:
Agora, alguns sinais secundários de fertilidade, que, como dito
anteriormente, podem variar bastante de mulher para mulher e de
ciclo para ciclo:
• Durante a ovulação, pode haver uma pequena cólica, como um
desconforto abdominal ou dor (chamada mittelschmerz);
• Durante a ovulação, pode haver um pequeno sangramento de
um ou dois dias. Deve-se ficar atenta, pois esse sangramento pode
ser confundido com menstruação;
• Pode haver inchaço nas mamas e maior sensibilidade nos
mamilos;
• Pode-se notar a vagina mais inchada e exuberante;
• Pode ser que você se sinta mais disposta, animada,
extrovertida e com a sexualidade mais aflorada (ou um
distanciamento inconsciente da troca sexual por medo de
engravidar; sobre as mulheres e suas complexidades). Ou seja,
estas e todas as outras características sugeridas para observação
na Mandala da Lua, mesmo sendo muito subjetivas ajudam e muito
no seu processo de estudo dos ciclos e de si mesma (rever os textos
sobre a Mandala da Lua e suas dicas de preenchimento) !

ATENÇÃO:
Essas observações não valem para quem usa algum tipo de
contraceptivo hormonal, mas podem ser utilizadas por mulheres
que recorrem a contraceptivos não hormonais, como DIU de cobre,
camisinha feminina ou masculina e diafragma.
Esse método não previne DSTs.
Este método pode ser considerado para ciclos regulares e sem
especificidades, como: lactação, descontinuação de métodos
contraceptivos hormonais, presença de ovários policísticos,
pós-parto, pré-menopausa (ou seja, predominantemente com
ciclos irregulares).

ANZA EDI INA 65


u
COLOCANDO
EM PRÁTICA

Explorando algumas das regras sugeridas para quem


não quer engravidar:
• Nos três primeiros dias de menstruação, considera-se a
mulher em período infértil, desde que se confirme que o
sangramento é, de fato, menstrual.
• Dias secos. Considera-se período infértil as noites dos dias
sem fluido cervical, desde que os três dias anteriores tenham sido
de menstruação ou também dias secos.

A partir do momento que a mulher apresenta fluido cervical de


qualquer tipo, ela é considerada fértil até que a ovulação e o
retorno da infertilidade sejam comprovados, de acordo com as
regras a seguir:
• Temperatura + 3: a mulher volta a estar infértil na noite do
terceiro dia de temperatura basal aumentada.
• Pico + 3: a mulher volta a estar infértil no terceiro dia após o
pico, ou seja, após o último dia de fluido cervical mais fértil e úmido.

O PORQUÊ DESSAS REGRAS:


• Caso a ovulação aconteça cedo no ciclo menstrual, o colo do
útero já vai começar a produzir o fluido cervical, mesmo durante os
dias de menstruação. Consequentemente, a mulher não vai
conseguir perceber o muco. Por isso, a partir do terceiro dia de
menstruação, já se considera que a mulher está fértil. Por isso,
algumas mulheres acham que "engravidaram enquanto
menstruavam". Algumas bibliografias sugerem três dias de
sangramento, outras cinco. Vale o bom senso: se o seu ciclo é muito
66
curto, pode ser mais seguro considerar três dias apenas. Isso
porque sua menstruação acontece sempre 12-16 dias depois da
ovulação, ou seja, se o ciclo é curto, isso significa que a fase
pré-ovulatória é menor e consequentemente, a ovulação acontece
mais rápido, depois da mentruação! Deu um nó na cabeça? Vamos
devagar, daqui a pouco fará mais sentido!

• Atente-se para o fato de que, na ovulação, também pode haver


sangramento, o que pode causar confusão. Para saber com
exatidão se é menstruação ou ovulação, é só verificar se o
sangramento veio 14 dias depois da ovulação (com base no muco)
e/ou se foi seguido por 14 dias de temperatura elevada (com base
na temperatura basal);

• A regra dos dias secos funciona porque sem o muco cervical, o


espermatozoide não sobrevive muito tempo no sistema reprodutor
da mulher, mas apenas algumas horas. Ou seja, na ausência de muco
cervical, a ovulação ainda vai demorar para chegar e os espermato-
zoides não sobreviverão até lá;

• A ideia de se considerar somente o período noturno se deve ao


fato de que, durante o dia, o muco escorre pela vagina devido ao
movimento do corpo. Ao acordar, isso ainda não ocorreu. Entretan-
to com o tempo, conforme você adquire mais confiança e conheci-
mento do seu corpo, é possível, sim, fazer amor de manhã cedinho,
fique tranquila!

• Se a mulher teve relação no dia anterior, o sêmen pode dar a


impressão de que existe muco. Então o dia posterior à relação é
considerado dia fértil (para o período pré-ovulatório onde a ovu-
lação pode chegar a qualquer momento). Alguns métodos sugerem
relações em dias alternados. Entretanto, de novo, com o tempo vai
ficando mais fácil ter este discernimento;

• A regra da temperatura +3 se deve ao fato de o ovulo sobre-


vive 24 horas no sistema da mulher e que neste período poderá
ocorrer outra ovulação, e também porque a mulher não pode con-
cluir que a ovulação já ocorreu a partir de uma temperatura isolada,
mas um padrão de temperatura. Considerando-se que a tempera-
tura elevada sinaliza que a ovulação já aconteceu, não é necessário
fazer sexo em dias alternados., você fica livre para relaxar e gozar
até seu próximo ciclo!

• A regra de pico +3 vale após o último dia de pico. Se o fluido


voltar, comece a contar de novo. A infertilidade é confirmada se o
fluido cervical mudar de seco para mais seco nesses três dias e a
temperatura se mantiver elevada depois desses 3 dias.

ANZA EDI INA 67


E O QUE FAZER NO PERÍDO FÉRTIL PARA QUE NÃO
QUER ENGRAVIDAR?
• Abstinência;
• Outras formas de sexo, que não envolvam pênis/vagina ou
vulva (nem fluidos);
• Uso de métodos de barreira, que podem ser combinados com o
coito interrompido.

E PARA QUEM QUER ENGRAVIDAR:


• eia a explicação do "para quem não quer engravidar" para
compreender melhor o método e a partir disso, faça o oposto!

• Aproveite o momento de fluido cervical mais úmido e


transparente. Depois da confirmação das regras de pico +3 e
temperatura +3, esse ciclo já deu o que tinha que dar e agora só nos
cabe esperar. Esperar literalmente, pois, como vimos, o
espermatozoide pode demorar vários dias para viajar da tuba até o
útero. Lembra que sua menstruação sempre acontece entre 12 e
16 dias após a ovulação? Então, se a temperatura se manter elevada
até 18 dias, então parabéns!

O que observar durante o ciclo (porque esse conhecimento não


é só sobre engravidar ou não, mas sobre estar atenta e tomar para
si a responsabilidade por sua saúde!):

O sangramento acontece na quantidade de dias considerada


saudável? (Entre 3 e 7 dias.)
Os ciclos são regulares? (Não mudam mais do que 20 dias de
um ciclo para o outro.)
A duração dos ciclos é adequada? (De 24 a 35 dias.)
O colo do útero está produzindo fluido cervical na quantidade
e qualidade adequada?
Há corrimento não saudável que indique algum desequilíbrio?
Há sangramentos irregulares (não saudáveis) durante o ciclo?
A intensidade do seu fluxo menstrual está adequada? (5 a 80
mL.)
O padrão de temperatura está muito alto ou muito baixo, indi-
cando um possível problema metabólico?
Em muitos casos, o diagnóstico de infertilidade é dado erro-
neamente, simplesmente porque se considerou a ovulação como
sendo fixa no 14 o dia ou não se observou a duração ideal da fase
lútea entre outros dados subjetivos que o Método Sintotermal
proporcia. Antes de investir um valor tão alto (financeiro e emocio-
nal) em exames e tratamentos de infertilidade, é importante saber
como seu ciclo funciona: Através do muco e temperatura você
saberá se está ou não ovulando, se a sua fase lútea está na duração
adequada (caso não esteja a mulher pode achar que é infértil

ANZA EDI INA 68


enquanto em verdade, está tendo aborto de repetição), poderá
saber se existe alguma questão nas trompas, em transferência
entre os ovários e útero etc. Isso pouparia muitas mulheres de
exames invasivos e tratamentos desnecessários. Aqui vem a
pergunta: até quando iremos terceirizar nossos corpos e saúde na
mão de terceiros que pouco conhecem (e pouco se interessam)
sobre a complexidade e particularidades de nossas corpas?

Quer aprender mais?


• Saiba informações sobre nossas próximas turmas do Programa
Online “Devir-Mulher: Ancestralidade e Contemporaneidade”
onde ensinaremos mais profundamente sobre tudo isso e muito
mais!
• Uma ótima fonte de leitura é o site:
www.oladoocultodalua.com que tem um material super bem
escrito sobre o método sintotermal
• Para quem quer ir direto na fonte e se aprofundar, o livro
“Taking Charge of your Fertility”; de Toni Weschler. Esta é a bíblia
do Método Sintotermal, infelizmente edições apenas em inglês.
• Baixe o App do Kindara e comece seu mapeamento! Os
tutoriais do próprio aplicativo te ensinam enquanto você já pratica!

Atenção: A utilização dos métodos de Percepção de Fertilidade


exige estudo, dedicação, responsabilidade e autogestão. É uma
técnica, mas não é uma receita de bolo. Então, caso você sinta em
utilizar desse método, se empodere em sua vontade de se conhecer
e mãos à obra! Coisas boas não vêm da zona de conforto, sabia?
Mas acredite: é mais simples do que parece, e muito mais poderoso
como ferramenta de empoderamento do que você jamais poderia
imaginar!

ANZA EDI INA 69


v
e como os homens podem
fazer parte desse processo?

Como ferramenta de autoconhecimento, sempre sugiro aos


homens que façam o estudo da Mandala da Lua. Afinal, mesmo que
não menstrue e não tenha um ciclo físico tão óbvio quanto o das
mulheres, eles podem experimentar como funciona o ciclo pessoal
junto à lua. Este é um processo de ressignificação, em perceber que
o feminino vai muito além do gênero mulher; contrariando todas as
forças brutas e opressoras de um patriarcado que devora também
às subjetividades masculinistas.

Enquanto a energia masculina é linear, a feminina é cíclica.


Enquanto a energia masculina é para cima e para fora,
a feminina é para baixo e para dentro.
A masculina é o ciclo solar e a feminina o ciclo lunar.

Dessa forma, um homem que se experimenta cíclico, junto à lua,


além de ter a oportunidade de se perceber como parte do todo,
junto à organicidade que nos compõe, pode também se empoderar
de novos símbolos arquetípicos em sua psique, tornando-se muito
mais completo, integrado e conscientemente multifacetado.

Assim, ele poderá preencher a Mandala da Lua a partir da lua


nova, a cada novo ciclo, descobrindo também seus padrões
pessoais junto à lua.

É interessante observar nesses padrões, metaforicamente, o


"período fértil", quando se encontram mais expansivos, confiantes
e comunicativos, e o "período menstrual", quando estão mais
introspectivos, reflexivos e receptivos. Assim como as mulheres, os
70
homens podem considerar os quatro arquétipos principais
explicados anteriormente aqui.

Agora, falo aqui para os homens que são companheiros de mulheres


que estão percorrendo percorrendo o caminho de reconexão com o
feminino e o corpo de mulher.
Veja abaixo algumas dicas:

• Conheça e reconheça a si próprio como cíclico, compreenden-


do suas flutuações junto à lua. Dessa forma, sua parceira poderá
compreender melhor suas dinâmicas nos diferentes momentos e as
formas como elas se apresentam.

• Reconheça a bênção da TPM em sua companheira e a ajude


nesse momento tão potente, sendo um espelho refinado, um
prisma, que reflete e transmuta as sombras que podem emergir
dela enquanto acolhe as suas próprias, durante esse período. Vá
além do corpo de dor, das projeções e da criança ferida, acolhendo
as sombras que vierem à tona, em um exercício de tomada de con-
sciência, como uma oportunidade de conscientização para ambos.
Lembre-se e ajude-a a relembrar que isso é só um processo, e que
vocês estão juntos nele! Agradeçam pelas feridas que vierem à
tona, pois só assim elas poderão ser realmente erradicadas. Só o
que é renegado machuca, enquanto o que é acolhido, cura!

• No momento da menstruação dela, ofereça-se como um


cuidadoso guardião para que ela possa repousar em sua Tenda da
Lua. Lembre-se: este é um momento propício para que ela ative o
potencial visionário, contemple o silêncio, durma e sonhe. Essa é
uma oportunidade de descanso e simples presença! Prepare
comida para ela, algo que nutra sua alma e corpo; faça uma boa
massagem para ajudá-la com as cólicas; e sirva como puder/quiser
para que ela possa ter um tempo para si própria. Vocês dois se
beneficiarão do poder que emergirá nesse momento, acredite!

• Ajude-a a mapear seu ciclo para que você possa compreender


as suas fases. Esse pode ser um bom manual de instruções para
melhor compreender essa mulher de tantas facetas.

• Plante a Lua junto com ela, num rezo pelo seu próprio femini-
no, pela Mãe Terra e pela cura da relação com as mulheres de sua
vida!

Ao conhecer o ciclo da sua mulher, você pode


participar ativamente dos métodos de percepção da
fertilidade, compreendendo que nem sempre ela
estará disponível para que você ejacule dentro!

71
Esse é um convite delicioso para experimentar novas formas de
se relacionar sexualmente. Desfoque da sua ejaculação e foque em
seu potencial criativo para dar e receber as mais variadas formas de
prazer! Lembre-se que, no período fértil, a libido da sua
companheira estará possivelmente mais alta que em todas as
outras fases do ciclo. Ou seja, desfrutem, ambos, com o mesmo
senso de responsabilidade!

Para casais que querem engravidar: homens, participem do


processo para uma concepção consciente. Vocês podem, juntos,
saber o dia de pico fértil e desfrutar de toda a energia e de todo o
poder de gerar, juntos, uma nova vida fruto desta união. Você pode
também anotar as temperaturas dela durante a manhã enquanto
ela fica de preguiça na cama (né?)

Como mulheres fortes, não mais precisamos de homens, mas


caso haja o desejo de compartilhar com este um caminho, precisa-
mos sim de homens suficiente fortes, que se sustentem diante de
todo esse poder!

ANZA EDI INA 72


w
MULHERES NA MENOPAUSA.
cOMO PODEM PARTICIPAR?

Em nossas sociedades ocidentais e contemporâneas, a maioria


das mulheres têm muita dificuldade em viver o rito de passagem da
menopausa. Em minha visão míope, de quem ainda não passou por
este processo, mas tem como maiores mentoras as abuelas (avós,
mulheres sábias da tradição), percebo que isto se dá por um
conjunto de fatores.

Um deles reside no fato de que, no inconsciente coletivo, muitas


mulheres vibram na ideia de que envelhecer é ruim.

Nas tradições originárias, quanto mais a idade


avança, mais importância a mulher adquire e mais
reconhecimento ela ganha diante da comunidade.
Estas mulheres não estão preocupadas com as rugas nem os
cabelos brancos. Ao contrário, elas exercem seus papéis como
pilares, compartilhando experiências de vida e saberes.

É interessante observar que a grande maioria destas mulheres


da tradição não apresentam os desconfortos típicos da menopausa.
Isso me faz pensar que realmente trata-se muito mais de uma
questão de perspectiva que de fisiologia. Outro fator é a
desconexão com o próprio corpo, com a menstruação. As mulheres
passam a vida renegando o poder dos seus corpos e entregando a
terceiros a manutenção da sua saúde, acreditando que o que vem
de fora tem mais legitimidade que o poder de conhecer a si mesma,

73
e os hormônios de reposição (além de todos os riscos de patologias
graves para um período fisiológico da vida da mulher) são um
exemplo disso.

A desconexão com os ciclos: a menopausa é um momento de


morte e, consequentemente, de renascimento. É uma
oportunidade de voltar a nascer, de se desidentificar com os papéis
do passado e recriar uma nova forma de ser. Dessa forma, é
sugestivo que se receba este momento como um presente, uma
oportunidade para recomeçar; em verdadeira plenitude,
consciência e sabedoria! A Médica Ginecologista Halana Faria
sugere que menstruação é criação, e que a menopausa pode ser
percebida e sentida de maneira muito mais fluida e orgânica
quando as mulheres estão investidas em atividades artísticas e
criativas

Mesmo que a mulher já não mais menstrue, estudar os saberes


compartilhados aqui, no Diário da Lua Vermelha, é de grande
benefício. Afinal, são as mulheres mais sábias que nos ensinam tudo
isso. Então, mesmo que você não tenha tido a chance de exercer
essas práticas durante sua vida fértil, agora você terá a
oportunidade de passar esse conhecimento adiante para a
linhagem feminina da sua família, que veio depois de você!

Plante a Lua da sua filha ou neta,


onte para ela como
é possível se conectar com tudo isso!
Exerça seu papel de abuela!
Mesmo estando na menopausa, vale também fazer a Mandala da
Lua para estudar seu ciclo pessoal junto à lua, começando pela lua
nova, como já explicado anteriormente, e fazendo a comparação
dos padrões depois de algumas Mandalas! Desfrutem desse
renascimento, abuelitas!

ANZA EDI INA 74


x
E PARA AS MULHERES COM
DESEQUILÍBRIOS FÍSICOS?

É importante lembrar que os desequilíbrio em nosso corpo físico


são também manifestações de processos internos mais profundos.
Estas manifestações são campainhas que nos convidam a entrar em
contato com os aspectos do nosso ser que estão muitas vezes rene-
gados ao inconsciente; como memórias de dor, crenças limitantes,
traumas ou desconexão.

Os desequilíbrios relacionados ao útero, aos ovários ou às


mamas podem servir como portal para uma observação mais
cuidadosa a respeito da nossa relação com o feminino; um corpo
que te chama para que você se perceba, se escute, se cure em níveis
mais profundos.

Infelizmente, a medicina convencional ainda caminha em passos


lentos em direção a uma visão de saúde integrada. Já existem sufici-
entes pesquisas que comprovam a influência de nossas emoções e
padrões mentais na manifestação de desequilíbrios físicos e existe,
porém, uma ignorância crônica e estrutural que reafirma uma
postura de negação, fuga, leviandade e negligência quando se trata
de apropriar-se do corpo e da saúde em uma perspectiva de totali-
dade.

Muitas mulheres se esquecem de seu poder de autogestão,


enquanto mascaram os sintomas com o uso de pílulas anticoncep-
cionais, analgésicos, reguladores de humor, etc.Desperdiçando
uma grande oportunidade de conhecimento e observação de si.

75
Para mudar este quadro, é importante estar disposta a entrar
em contato com aquilo que realmente pode ter gerado esses dese-
quilíbrios, com vontade e firme intenção. Além disso, é necessário
se abrir e estar atenta para enxergar os sinais que a vida traz,
mostrando o caminho a seguir em direção à sua cura (o fato de você
estar lendo isso hoje pode ser um deles). Desta maneira, as pessoas
e as respostas corretas virão até você.

É importante, acima de tudo, confiar.


Confiar na vida, em você e no seu corpo; esta é também uma
importante parte do processo!

Receba cada um desses sinais no seu corpo físico como uma


oportunidade para alcançar uma vida mais plena e consciente. Ao
compreender a doença como um caminho para o despertar, você
estará dando energia e força para que o equilíbrio se restabeleça
em todos os aspectos de sua vida.

Busque profissionais de saúde que compreendam esse processo


de cura, em vez daqueles que receitam pílulas como solução para
todos os males do mundo! Você merece ser vista como única e
enxergada em suas particularidades. A cada dia que passa, temos
mais ginecologistas conscientes trabalhando para a cura da alma e
do coração, junto à cura dos úteros!

ANZA EDI INA


76
y
DICAS DE LEITURA

Durante a última década, estiva dedicada a uma jornada que


chamo de "mundo afora e corpo adentro". Um exercício de
mergulho em mim mesma em forma de autoestudo, somado a
pesquisas a respeito de povos ancestrais e seus saberes. Grande
parte destes textos que escrevi durante o projeto, foram frutos de
conhecimentos trazido a partir da oralidade, da contação de
histórias, sentada diante de um fogo, dentro de um Tipi, com os pés
descalços. Trazer estes saberes em um contexto atual, foi possível
através da minha própria experiência prática e adaptação a cada
um eles em minha rotina pessoal. Compartilho aqui alguns livros e
autores me acompanharam nesta descoberta para conseguir
compreender também as tramas e constelações que englobam
nossa condição como mulher, gênero e parte de uma maquinaria
social. De Jung a Angela Davis, de Clarissa Pinkola a Carolina de
Jesus: que vocês encontrem aqui nessa pequena e poderosa lista,
amigos de caminhada que as relembrem que o empoderamento
feminino vai muito além do próprio útero: vem também em
repensar nossos papéis sociais e as subjetividades que os
contemplam, em colocar os pés no chão em um senso de realidade
crua, de olhar para o coletivo, de compreender as dinâmicas de
opressão não apenas sexistas… de tornar-se consciente de si e do
espaço que você ocupa! Do útero alquímico às vaginas políticas,
dos arquétipos mitológicos gregos às lutas de classes, desfrutem!

77
ABAIXO SEGUEM INDICAÇÕES DE ALGUNS LIVROS:

.:. Books (English) .:.

• Animal Speak: The Spiritual and Magical Powers of Creatures


Great & Small - Ted Andrews
• Active Birth: The New Approach to Giving Birth Naturally:
Janet Balaskas
• Feminist theory, from margin to center: Bell Hooks
• For her own good- Barbara Ehrenreich e Deirdre English
• Goddesses in Everywoman: Powerful Archetypes in Women’s
Lives: Jean Shinoda Bolen
• Her Blood Is Gold: Awakening to the Wisdom of
Menstruation: Lara Owen
• In all her names: Joseph Campbell
• Justice and the Politics of Difference- Iris Marion Young
• Maternity, Coming Face to Face with our own Shadow: Laura
Gutman
• Select Writings: Alexandra Kollontai
• Sisters Outside: Audre Lorde
• Spiral Dance - Starhawk
• Taking Charge of your Fertility: Tony Weschler
• The fifth vital sign - Lisa Hendrickson-Jack
• The Kamasutra for Women - Vinod Verma
• The Path of Practice: A Woman’s Book of Ayurvedic Healing:
Bri Maya Tiwari
• Winnie Mandela: Anne Marie du Preeze Bezdrop
• Women Who Run With Wolves. Clarissa Pinkola Estés

.:. Livros (Português) .:.

• A Ciranda das Mulheres Sábias: Clarissa Pinkola


• A Dança Cósmica das Feiticeiras - Guia de Rituais à Grande
Deusa: Starhawk
• A Menina que Virou Lua- Autoria minha e Ilustrações
maravilindas de Julia Vargas, sobre a menarca!
• A Mística Feminina: Betty Friedan
• A mulher no corpo Emily Martin
• A origem do Mundo - Uma história Cultural da Vagina: Liv
Stromquist
• As Deusas e a Mulher - Nova Psicologia das Mulheres: Jean
Shinoda
• Descubra as Deusas dentro de você: Miranda Gray
• Empoderamento: Joice Berth
• Feminismo para o 99%. Um Manifesto: Cinzia Arruzza, Tithi
Bhattacharya, Nancy Fraser, Heci Regina Candiani
• Inventando o sexo - Thomas Laquear
• Empoderamento: Joice Berth
• Feminismo para o 99%. Um Manifesto: Cinzia Arruzza, Tithi
Bhattacharya, Nancy Fraser, Heci Regina Candiani
• Libertem a Mulher Forte: Clarissa Pinkola
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• Maternidade - Um Romance: Sheila Heti
• Maternidade e o Encontro com a Própria Sombra: Laura
Gutman
• Mulheres, Cultura e Política: Angela Davis
• Mulheres que correm com os Lobos: Clarissa Pinkola Estés
• O Calibã e a Bruxa: Silva Federici
• O Caminho da Prática: Bri. Maya Tiwari
• O Contrato Sexual: Carole Pateman
• O Mito da Beleza: Naomi Wolf
• O que é lugar de fala: Djamila Ribeiro
• O Segundo Sexo: Simone de Beauvoir
• Parto Ativo - Guia Prático para o Parto Natural: Janet Balaskas
• Política Sexual: Kate Milett
• Problemas de Gênero: Judith Butler
• Quarto de Despejo: Carolina Maria de Jesus
• Quem tem medo do feminismo negro: Djamila Ribeiro
• Seu Sangue é Ouro - Resgatando o poder da Menstruação:
Lara Owen
• Um quarto todo seu: Virgínia Woolf
• Um teto todo seu: Virgínia Woolf
• Um utero é do tamanho de um punho: Angélica Freitas
• Todos os nomes da Deusa: Joseph Campbell

ANZA EDI INA


79
z
O encontro
com seu Propósito

Quanto mais multifacetadas somos, mais completas nos torna-


mos. Ao ativar diferentes aspectos e qualidades de nosso ser, abri-
mos tentáculos que trabalham em diferentes perspectivas dentro
de um mesmo projeto e visão.

Não adianta ser uma mulher com uma grande força masculina;
de realização, pensamento lógico, ação, resolução... se você não
tem trato com as pessoas com quem você trabalha ou se sua
inteligência emocional está em baixa. Isso não se sustenta.

Não adianta você ser uma mulher extremamente materna,


cuidadosa, amorosa e empática, se não consegue dizer o que pensa,
colocar limites, fazer o que deve ser feito, arregaçar as mangas e ir
à luta, dizer um bom e claro "não" quando necessário.

Não adianta ser uma mulher intuitiva, se você não consegue


colocar em prática e manifestar as visões que recebe!

Somos cíclicas e portanto a consciência da pluralidade é


extremamente bem vinda, especialmente se você aprende a recon-
hecer os padrões do seu ciclo e sabe quando e como utilizar cada
uma destas facetas eficientemente.

Algumas aplicações a partir do estudo arquetípico das fases do


ciclo menstrual:

• Utilizar da menstruação e deixar pra trás o que limita (inten-


cionando conscientemente a libertação de padrões dominantes,
dentro e fora), descansar, recuperar energia, receber insights,
80
deixar que a solução de seus problemas te encontre, silenciar,
sonhar, plantas as sementes de intenções para o novo ciclo;

• Utilizar o período pré-ovulatório para aprender coisas novas,


iniciar novos projetos, usar sua força de ação, pensamento lógico e
objetivo, discernimento, clareza mental, força de vontade, poten-
cial realizador, sustentar o momento de agir, colocar em prática, de
manifestar. Dar espaço para a energia masculina desde dentro;

• Aproveitar a fase fértil para compartilhar suas idéias, firmar


equipes de apoio, se expressar com confiança, se expandir além de
si mesma. Utilizar a energia materna em forma de empatia, com-
paixão, sensibilidade e acolhimento com você mesma, com seus
sonhos, projetos. Esse é um momento de expressão, de dizer desde
o coração sobre quais seus planos, visões e ideais. Momento de
utilizar a energia sexual para potencializar o processo criativo, bom
momento também para a resolução de conflitos. Um corpo fértil é
uma mente fértil, capaz de a tudo gestar, conceber, parir.

• Aproveitar a fase da TPM para dar espaço à sua urgência cria-


tiva, finalizar e concluir os projetos. Este é o momento para obser-
var quais as questões internas e externas que impedem o seu
sucesso, sua realização, seu crescimento profissional e pessoal, que
impedem que você viva a realidade que você quer e deseja. Hora de
colocar na balança o que é realmente necessário e eficiente, o que
você quer ou não levar para o novo ciclo. Hora de avaliar as suas
escolhas e entrar em contato com as sombras por trás das suas
intenções, atitudes, vontades, desejos. Momento de enxergar a si
mesma com mais verdade, para crescer em sabedoria e alinhamen-
to neste novo ciclo que irá em breve se iniciar junto com a menstru-
ação.

Conhecendo cada uma fases que nos move, e entrando em


equilíbrio dinâmico com cada uma delas, a cada novo momento, não
só evitamos sermos vítimas de nossa ciclicidade, como utilizamos o
poder de cada uma dessas fases para nos fortalecer e nos empoder-
ar na caminhada de realização pessoal e profissional.

Hoje, meu calendário funciona muito mais pelo meu ciclo


pessoal e lunar do que pelos tempos do calendário. Sei quando
estou mais aberta ou mais introspectiva, mais acolhedora ou objeti-
va, mais cansada ou mais bem disposta; e assim vou organizando
meus movimentos fora, de acordo com minhas verdadeiras neces-
sidades internas. O trabalho desta forma se tornou muito mais
saudável, prazeroso, orgânico, pulsante e mais potente!

Pouco a pouco, adentrando nos mistérios do feminino, nos


mistérios de si e da vida, a mulher vai se apropriando de seu poder,
transcendendo suas ilusórias limitações e se percebendo como
agente cocriadora de sua própria realidade. Nos tornando quem
somos e permitindo que nosso corpo de mulher nos guie neste
caminhar em direção à nossa melhor versão!
81
VAPORIZAÇÃO
DE ÚTERO

Nosso ventre é o centro de onde pulsa o nosso feminino.

A partir deste ventre criamos vida, através dele criamos a nossa


própria realidade e manifestamos as nossas verdades internas. A
partir de nosso ventre nos relacionamos e nos honramos como
merecedoras do prazer, da abundância e fertilidade, da nossa
essência cíclica e do potencial de criação de nossa mente, corpo e
espírito.

Nosso ventre guarda memórias ancestrais de sabedoria e poder


da mulher sagrada, mas também pode guardar muitas informações
do inconsciente coletivo e de nossas memórias pessoais, em forma
e emoções reprimidas, medos, memórias de abuso, violência,
desconexão, repressão, padrões limitantes, crenças arraigadas.

A Vaporização de Útero nos chega como um relembrar, um


resgate de antigas práticas utilizadas desde tempos imemoriais por
diversas tradições e culturas ao redor do mundo. Este simples e
poderoso ritual vem com o intuito de limpar, curar, reequilibriar e
honrar a caverna escura de nosso útero, em diferentes níveis e
aspectos de nosso Ser-Mulher.

Lembre-se, estas técnicas são complementares não devendo


substituir a indicação e acompanhamento de profissionais da
saúde.

82
COMO AS VAPORIZAÇÕES DE ÚTERO PODEM AJUDAR
VOCÊ?
• Redução da dor, desconforto, inchaço e exaustão causados
pela menstruação;
• O sangue se torna mais claro, mais brilhante, flui com mais faci-
lidade e o ciclo se torna mais regular. Lembrando que o sangue
menstrual deveria ser vermelho brilhante, não possuir coágulos e
fluir com facilidade;
• O calor é uma excelente medicina para nosso sistema reprodu-
tor: enquanto o frio traz contração, o calor auxilia na abertura e
liberação. A umidade da vaporização suaviza o útero e os tecidos
trazendo vitalidade, nutrição e vibração ao nosso corpo de mulher;
• Dá força à saúde reprodutiva e à fertilidade, reconexão com o
nosso potencial criativo;
• Acelera o processo de recuperação e tonificação do sistema
após o parto;
• Auxilia no tratamento de miomas uterinos, cistos ovarianos,
endometriose;
• Ajudam a harmonizar o processo da menopausa. O vapor
aquecido traz revitalização, ameniza a secura vaginal e nutre uma
profunda ligação com o seu feminino neste tempo de transfor-
mação e renascimento;
• Desintoxica o útero e ajuda a remover as toxinas do corpo;
• Auxilia na recuperação física, mental e espiritual após um
aborto; limpando, reconectando e reconfortando; dando apoio a
este período de mais vulnerabilidade e fragilidade;
• Auxilia em casos de dor e/ou tensão na região pélvica, incômo-
do e desconforto durante a relação sexual, ajudando a relaxar a
musculatura pélvica. Combine a vaporização com a respiração
profunda, diafragmática; observe e esteja consciente de sua respi-
ração enquanto relaxa a musculatura pélvica; criando amor e con-
exão com seu feminino.
• Histerectomia ou outras cirurgias pélvicas: o calor pode ser
uma terapia calmante para o tecido cicatrizado. A vaporização
pode também ajudar na reconexão energética e emocional com o
seu feminino após esta experiência. Lembre-se de respirar durante
as vaporizações; respirando profundo e relembrando a todas as
células de seu corpo que mesmo que você não tenha mais um útero
ou ovários, o seu feminino em essência permanece intocável!

QUANDO DEVEMOS EVITAR AS VAPORIZAÇÕES


• Em caso de gravidez ou suspeita de gravidez.
• Caso você esteja sangrando
• Se você tiver DIU ou qualquer outro dispositivo de contra-
cepção no local. (algumas médicas ginecologistas afirmam que isso
não seria um impedimento, outras insistem que o risco existe,
então vale a investigação e intuição de cada um).
• Caso tenha uma infecção vaginal ou ferida aberta
83
• Em condições que impõem contraindicações específicas- caso
tenha dúvidas, não deixe de consultar seu médico.

COMO FAZER EM CASA:


Para a quantidade, recomendo que você siga a sua intuição.

Como uma fórmula geral você pode usar 2 (dois) litros de água
para 40g de plantas secas ou 80g de plantas frescas.

Busque um local aconchegante e harmonizado onde você possa


fazer este ritual. Você pode ouvir uma música relaxante, acender
velas, incensos, diminuir as luzes... pode criar para você mesma um
ambiente de acolhimento e repouso; um lugar sagrado para a con-
exão e honra do seu feminino. Separe alguns cobertores para
utilizar durante o processo e tenha certeza de que você estará bem
aquecida antes, durante e depois.

Coloque as ervas em um pote grande (utilize preferencialmente


vidro ou barro), cubra-as com água fervente enquanto coloca a
intenção de manifestar a cura e nutrição que o seu corpo necessita.

Espere até que a água esfrie um pouco e sente-se acima do pote


de forma que o vapor alcance a entrada de sua vagina. Para isso
você pode utilizar por exemplo uma banqueta virada de lado,
sentando-se sobre os pés do banco e deixando a vagina sobre o
espaço aberto. Pode também se agachar ou se acocorar; use sua
criatividade e descubra como se sente mais confortável.

Utilize alguns cobertores para se cobrir e manter o vapor


dentro. Para uma experiência de mais introspecção e profundidade,
cubra toda a cabeça e fique aí no escurinho até que a água comece
a esfriar.

Durante o tempo da vaporização, mantenha a mente tranqüila,


os pensamentos positivos e a sua vibração elevada, construindo
dentro de si um espaço de gratidão, sacralidade e consciência. Se
abra para se conectar com a força e poder destas plantas e com o
amor que elas têm a lhe oferecer. Se abra para sentir esse cuidado
por ti mesma, por seu corpo de mulher, por seu feminino.

Após o processo, mantenha-se bem aquecida, descanse e se


ame. Tome chás de ervas, mova-se lentamente e não desperdice
esta energia com pensamentos e ruídos mentais; medite, respire,
esteja presente.

QUAIS ERVAS UTILIZAR:


A regra de ouro é usar ervas comestíveis orgânicas, quer
recém-colhidas ou secas.

84
Algumas tradições oferecem fórmulas à base de plantas espe-
cíficas para diferentes condições.

Deixe a sua intuição guiá-la para as plantas que você precisa,


escolhendo aquelas pelas quais você se sente atraída.

Para mais inspiração em trabalhar intuitivamente com plantas,


um dos meus livros favoritos sobre o tema são os de Stephen
Harrod Buhner.

A oração e a intenção é uma parte importante do trabalho com


as plantas e uma forma potente de acesso à cura além do físico,
ouvindo a voz de seu coração, refinando sua intuição e deixando-se
guiar pelo espírito das plantas.

ALGUMAS ERVAS SUGERIDAS:


Blend para Menstruação:
Fazer de 1 a 3 vaporizações em seu período pré menstrual:
Agipalma, Leonurus Cardiaca (ótimo para fadiga, cólicas e para
ajudar no relaxamento). Artemísia, Artemisia Vulgaris (auxilia no
fluxo menstrual). Manjericão, Ocimum Basilicum (estimulante
uterino). Alecrim, Rosmarinus Officinalis (aumenta a circulação
para os órgãos reprodutivos). Calêndula, Calendula Officinalis (
limpeza, cicatrização e antiinflamatório). Camomila, Matricaria
Chamomilla (calmante para os tecidos vaginais).

Blend para TPM:


Artemísia, Artemisia Vulgaris (auxilia no fluxo menstrual).
Orégano. Origanum Vulgare (calmante, ativa circulação). Folhas de
Framboesa (fortalece, tonifica e relaxa o útero e músculos pélvi-
cos). Pétalas de Rosa vermelhas (resfriamento, gentileza e adstrin-
gente para os tecidos dos órgãos genitais).

Blend para Menopausa:


Manjericão, Ocimum Basilicum (estimulante uterino). Folhas de
Framboesa (fortalece, tonifica e relaxa o útero e músculos pélvi-
cos). Malva-Branca, Althaea Officinalis (Secura Vaginal). Sálvia,
Salvia Officinalis (Adstringente e Limpeza Espiritual). Camomila,
Matricaria Chamomilla (calmante para os tecidos vaginais).

Blend para Fertilidade:


Se você está ativamente querendo engravidar, pode usar o
vapor durante sua fase de pré-ovulação ou até ovulação, para se
preparar para a concepção. Evite as vaporizações após a con-
cepção. Alecrim. Rosmarinus Officinalis (aumenta a circulação para
os órgãos reprodutivos). Losna. Artemisia Absinthium (antifúngica
e antibacteriana), Manjericão, Ocimum Basilicum (estimulante
uterino). Calêndula, Calendula Officinalis ( limpeza, cicatrização e
antiinflamatório). Camomila, Matricaria Chamomilla (calmante
para os tecidos vaginais). Pétalas de Rosa vermelhas (resfriamento,
gentileza e adstringente para os tecidos dos órgãos genitais).
85
Lavanda. Lavandula (anti-séptico, antiespasmódico, sedativo,
relaxante)

Blend pós-aborto:
Você pode dar início às vaporizações quando parar de sangrar.
Artemísia, Artemisia Vulgaris (auxilia no fluxo menstrual). Oréga-
no. Origanum Vulgare (calmante, ativa circulação) Calêndula,
Calendula Officinalis (limpeza, cicatrização e antiinflamatório).
Lavanda. Lavandula (anti-séptico, antiespasmódico, seda-
tivo, relaxante).

Blend pós-parto:
Se você passou por uma cesariana, deve esperar um pouco mais
para começar as vaporizações, até que esteja totalmente recupera-
da. Orégano. Origanum Vulgare (calmante, ativa circulação). Alec-
rim. Rosmarinus Officinalis (aumenta a circulação para os órgãos
reprodutivos). Folhas de Framboesa (fortalece, tonifica e relaxa o
útero e músculos pélvicos. Calêndula, Calendula Officinalis ( limpe-
za, cicatrização e antiinflamatório). Mil-folhas, Achillea Millefoli-
um(adstringente, limpeza, antibacteriano). Confrei. Symphytum
Officinale (calmante, cicatrizante, tônica e analgésica)

Estes poderosos saberes tradicionais há muito tempo estão se


perdendo e agora pedem para ser resgatados através da curadora
interna que existe em cada uma de nós.
Não existe aqui a intenção de substituir os métodos da medicina
convencional, mas sim um chamado a repensar no retorno às
origens de uma saúde onde corpo, mente e espírito caminhem
juntos, em harmonia, e de forma integral.
Que através do diálogo íntimo e atenta com o espírito das plan-
tas, possamos relembrar nossa magia como mulheres herbalistas e
curandeiras, abrindo nossos sentidos à percepção dos saberes que
nos habitam latentes, clamando para serem resgatados.

86
ANZA EDI INA
Que seja apenas
o início desta tecedura.
Terminamos por aqui nossa "Jornada Mulheridades". Em
verdade, ela apenas começou. A grande magia desses
conhecimentos está em perceber que eles não terminam em si,
mas abrem portas para novos universos internos de exploração
e descobertas, sim… este é só o começo de algo grandioso que
está por vir, indivual e coletivamente. É para isso que seguimos
trabalhando!

Seja muito bem vinda à DanzaMedicina, temos muito a te


oferecer caso você sinta de se aprofundar em seus mergulhos:
Programas Online, Cursos, Retiros e Vivências Presenciais,
Conferências e muito mais! Sinta-se em casa e conte conosco
para o que quiser e necessitar; somos juntas neste caminho!

Ah, leia hoje com carinho aquelas palavras escritas em seu


primeiro dia de diário… sobre suas impressões a respeito de ser
mulher.

Algo mudou aí dentro? Conta pra gente pelo


connect@danzamedicina.net !

Mas primeiro, conte a você mesma: escreva a ti mesma uma


carta de amor, contando sobre todas as belezas e poderes de
habitar seu Corpo-Mulher!

Seguimos relembrando,
Amor, Morena Cardoso & Equipe DanzaMedicina
www.danzamedicina.net

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