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A escrita na Antiguidade

O cristianismo e o judaísmo por causa de sua forte conexão com a Bíblia Sagrada são
consideradas religiões do livro, ou seja, a legitimidade histórica de suas crenças estão
intimamente ligadas à veracidade de uma Escritura Sagrada que permeia seus
ensinamentos. Sendo assim, uma busca religiosa por qualquer ensinamento bíblico não
pode prescindir do conhecimento acerca da produção desse livro ou seja, quando e
como esse precioso livro foi escrito? Como se originaram suas histórias? Quem as
colecionou e preservou?

É claro que não foi apenas uma pessoa que escreveu a Bíblia, nem Moisés, nem Abraão,
Paulo ou até mesmo Jesus foi o autor responsável por todo o seu conteúdo. Antes, a
Bíblia é o resultado de uma produção literária que envolveu várias pessoas ao longo de
muitos anos. Foram ao todo cerca de 1500 anos de redação envolvendo dezenas de
autores consagrados e inspirados por Deus.

Pode parecer incrível, mas os historiadores acreditam que a escrita foi inventada quatro
vezes, quase que simultaneamente! Por volta de 4000 a.C., (uma data hipotética e
convencional) China, Egito, Mesopotâmia e povos da América Central começaram a
desenvolver os primeiros sistemas para registrar a comunicação. Para quem acredita no
relato bíblico, esse fenômeno da escrita deve ter se iniciado nalgum momento logo após
o dilúvio.

Nada de letras, sílabas ou palavras. Apenas desenhos. Naquela época, se alguém


quisesse escrever “boi”, provavelmente desenharia uma cabeça de boi em um tijolo de
barro ou em um pedaço de cerâmica. Por isso, esses sistemas foram chamados
pictóricos ou ideográficos. Um exemplo muito conhecido desse tipo de escrita é o
hieróglifo egípcio.

Ainda que o momento exato da criação da escrita seja um assunto complexo, podemos
afirmar que esta foi a maior invenção do homem juntamente com a invenção da roda,
dos números e da matemática. Sem os antigos e atuais sistemas de escrita, jamais
teríamos evoluído como organismo social pois toda a comunicação e comércio que
caracterizam as sociedades ao longo do tempo dependem de alguma forma de escrita
para ser eficaz. É claro, porém, que o homem já vivia em agrupamentos antes da
invenção da escrita e, nesta condição, aquelas antigas sociedades se baseavam num
sistema de tradições orais passadas de boca em boca, de pai para filho.

Embora os habitantes dessas sociedades estivessem acostumados a esse processo mais


do que nós em nossos dias, é claro que eles também pecavam no detalhamento dos
relatos e faltavam com a precisão num ou noutro ponto da mensagem transmitida.
Assim, até aquilo que Deus havia revelado corria o risco de ser prejudicialmente
alterado ao passar dos anos. Era imperioso, portanto, o estabelecimento de algum tipo
de preservação de conteúdos que fosse mais seguro que a mera transmissão oral.
Portanto, não é difícil afirmar que a providência divina estava por detrás da invenção
humana da escrita.
A posição mais tradicional afirma que a escrita humana tenha se originado na antiga
Mesopotamia atual região da síria e do Iraque. Foram os sumérios, destacado povo desta
região, que desenvolveram a escrita e as primeiras escolas de escribas. Abraão, só para
lembrar, nasceu na Mesopotâmia e provavelmente sabia ler e escrever. Contudo, a
Providência não achou necessário que tivéssemos algum escrito abraâmico presente no
cânon das Escrituras.

O ensino da leitura e escrita começava bem cedo para os sumerianos, sendo ministrado
aos juvenis a partir dos 5 ou 7 anos. Há indícios de que as meninas também poderiam
ser treinadas como escribas, mas a maioria dos alunos era composta de meninos que
eram filhos de famílias ricas ou nobres. Somente as classes mais abastadas tinham
acesso à escola que poderia funcionar numa casa ou nas dependências de um templo.

Tabuinhas de argila com inscrições da época descrevem o dia a dia na sala de aula e
revelam que os alunos recebiam castigos físicos como golpes de vara nas costas toda
vez que erravam uma lição ou falavam sem a permissão do professor. Um simples
atraso para a aula resultava numa surra em frente a todos os colegas. Uma metodologia
certamente condenável aos sistemas pedagógicos modernos.

Antigas tabuinhas ou tabletes de argila desenterrados no Kurdistão mostram exercícios


de classe que os alunos faziam. Nestes geralmente havia palavras e símbolos escritos no
verso ou numa linha acima e o aluno deveria copiar corretamente sob o risco de apanhar
se lesse ou escrevesse algo errado.

Com a evolução da escrita, os diferentes símbolos deixaram de representar apenas


objetos, como cavalos, bois ou carneiros, e começaram a representar a linguagem
humana. Atualmente, alguns arqueólogos afirmam poder localizar o mais antigo registro
dessa transformação: uma tábua suméria de 3000 a.C., encontrada na cidade de Jemdet
Nasr, no Iraque. Nela, os pesquisadores encontraram o desenho de uma haste de junco
em posição horizontal numa lista de objetos do templo. O que o desenho de uma haste
de junto estaria fazendo numa relação de objetos sagrados? Até que um dos
responsáveis pela tradução percebeu que o mesmo som que significava “junco” na
língua dos sumérios – gi – também significava “fornecer” ou “pagar”. O responsável
pela contabilidade do templo percebeu a semelhança entre os sons das duas palavras e
“pegou emprestado” o símbolo do junco para criar outra palavra, em outro contexto.

Os povos antigos eram muito mais criativo do que imaginávamos e também


preservavam sua história. E não pense que eles escreviam apenas coisas simples como
nomes de coisas soltas, não! Grandes obras literárias, poemas, tratados médicos,
matemáticos e astronômicos foram escritos pelos sumérios e depois pelos babilônios,
seus primeiros herdeiros literários.

Enquanto esse sistema se desenvolvia na Mesopotâmia, quase que paralelo aos


sumérios, os egípcios também produziam sua forma de escrita. Localizados às margens
do Rio Nilo, e cercados pelo deserto do Saara, os egípcios desenvolveram uma forma
peculiar de anotar sua história. Como a escrita sumeriana sua linguagem também era
uma mistura de sons silábicos e ideogramas que exigiam grande destreza artística do
escritor. Por estar maiormente presente em paredes de túmulos e templos, essa forma de
escrever ficou conhecida como escrita sagrada ou como se diz em grego hieroglífica
Com o tempo, porém, esse modo de escrever dos egípcios evoluiu para formas mais
simplificadas, como o hierático, que era uma variante mais cursiva que se podia pintar
em papiros ou placas de barro, e ainda mais tarde, com a influência grega, veio o
demótico, fase em que os hieróglifos iniciais ficaram bastante estilizados, havendo
mesmo a inclusão de alguns sinais gregos na escrita.

Ainda é importante dizer que diferente dos sumérios que usavam mais a argila e as
pedras para escrever, entalhando literalmente seus fonemas nos tabletes, os egípcios
optaram pela invenção de um tipo de papel, o papiro, feito do caule da planta de mesmo
nome que crescia ao longo do Nilo e suprimia a falta de pedra e argila em seu reino,
afinal eles moravam em pleno deserto!

Foi desta planta, chamada pelos gregos de Biblos que veio o nome do livro mais
importante da humanidade: a Bíblia Sagrada. Uma mensagem dada por Deus aos
homens, onde o Altíssimo nos revela suas verdades, seu caráter e qual o caminho da
salvação. Certamente a invenção da escrita foi um grande passo no desenvolvimento das
civilizações, mas não se deveu à genialidade humana. Veio de Deus a capacidade que
permitiu a criação dos símbolos, silabas e letras que permitiriam ao Espirito Santo falar
aos homens com sotaque humano. Glória a Deus pela invenção da escrita! Glória a
Deus pela dádiva da Bíblia Sagrada!

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