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© Roney Cozzer
1ª Edição – Novembro/2020
ISBN: 978-85-8088-442-5
1006 páginas.
06‑6456 CDD‑809
Índices para catálogo sistemático:
1. Enciclopédia 2. Teologia 3.Bíblia
Editora Reflexão
Rua Fernão Marques, 226 ‑ Vila Graciosa ‑ 03160‑030 São Paulo
Fone: (11) 4107‑6068 / 3477‑6709
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Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta obra pode ser reproduzida ou transmitida por
quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e gravação) ou arquivada em qualquer
sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora Reflexão.
Nesta obra, o professor Roney Cozzer nos convida a fazer parte de seus
estudos e a partilhar de suas reflexões acerca de variados temas necessários à pro-
dução de uma cultura cristã. Com maestria transdisciplinar, ele debate assuntos
ligados à religião, educação e ciências. Foram anos de pesquisas! Com humilda-
de, ele se pergunta: por que mais uma enciclopédia teológica e devocional? Sua
resposta, bem objetiva, traça sua intenção: compartilhar e multiplicar sua singela
contribuição para o conhecimento. Esta obra interessa a todos que buscam, atra-
vés do conhecimento, um mundo melhor. Rubem Alves dizia: “as palavras só têm
sentido se nos ajudam a ver um mundo melhor”. É isso! Acredito que os leitores
serão edificados com esta obra cujas palavras nada pretendem a não ser provocar
em nós a sede de conhecimento.
Ter o prazer de ler uma obra de tão grande envergadura é uma honra.
Roney Cozzer fez uma excelente pesquisa, fruto de anos de labuta e dedicação.
Um teólogo aplicado e que se superou com esta enciclopédia. Ter uma ferramenta
deste porte, escrita por um brasileiro, deve nos encher de orgulho e satisfação.
Obra abrangente e útil para todos os públicos. Com uma linguagem simples e
contextualizada, o mestre Roney satisfaz a Academia, sem deixar de prestar um
grande serviço às igrejas e irmãos sem formação teológica. Obra de referência e
leitura obrigatória.
— Paul Ricoeur
— Apóstolo Paulo
— Clarice Lispector
cronologia bíblica.................................................................723
cronologia eclesiástica.........................................................731
cronologia teológica............................................................743
Com o intuito de ganhar tempo e espaço, no decorrer desta obra são uti-
lizadas algumas siglas. Uma sigla nada mais é do que a abreviatura de um título
ou de uma denominação, geralmente composta pelas letras iniciais das palavras
que compõe este título ou denominação. Tomemos como exemplo a sigla ARC,
que remete ao título Almeida Revista e Corrigida, uma das versões da Bíblia em
português publicada pela Sociedade Bíblica do Brasil.1
Quanto à uma possível versão bíblica a ser adotada como padrão nesta En-
ciclopédia, optei por não escolher uma “versão oficial para as referências bíblicas”
transcritas, mas optei pela utilização de várias versões. E na verdade não era para
ser diferente já que esta enciclopédia é fruto de anos de pesquisa e por hábito,
sempre trabalhei com várias versões.
A seguir, você tem as siglas que utilizamos nesta enciclopédia com seus res-
pectivos significados e também as siglas dos livros da Bíblia, em ordem alfabética:
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Gn: Gênesis
Hb: Habacuque
Hb: Hebreus
Is: Isaías
Jd: Judas
Jl: Joel
Jn: Jonas
Jo: João
Jr: Jeremias
Js: Josué
Jz: Juízes
Lc: Lucas
Lm: Lamentações de Jeremias
Lv: Levítico
LXX: Septuaginta (a Tradução dos Setenta, que verteu o Antigo Testamento
hebraico para o grego)
Mc: Marcos
Ml: Malaquias
Mq: Miquéias
Mt: Mateus
Na: Naum
NAA: Nova Almeida Atualizada
Ne: Neemias
Nm: Números
NT: Novo Testamento
NTLH: Nova Tradução na Linguagem de Hoje
NVT: Nova Versão Transformadora
Ob: Obadias
Os: Oséias
Pv: Provérbios
Rm: Romanos
Rt: Rute
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1 Publicado originalmente em: COSTA, Samuel Silva da. COZZER, Roney Ricardo. Religião,
periferia e leitura popular da Bíblia: uma análise do documentário Santa Cruz à luz da Pneu-
matologia Pentecostal. Revista de Estudos Pentecostais Assembleianos. vol. 5. abr. 2019.
Disponível em: <http://revista.repas.com.br/index.php/repas/article/view/62> Acesso em 20
abr. 2019.
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AGRADEÇO:
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Mais tarde, em torno dos meus 14 anos, foi ele quem me levou àquela
livraria evangélica, no Centro de Vitória (ES), para ali escolher meu primeiro
livro de teologia. Selecionei na estante um pequeno comentário bíblico de
um antigo teólogo pentecostal chamado Frank M. Boyd. Isso foi há 22 anos
aproximadamente, mas até hoje me pego pensando (emocionado) em quão
curioso é imaginar um homem analfabeto, que não tinha condições de assinar o
próprio nome, dando livros de presente ao filho adotivo, e dentre esses livros, o
Livro dos livros, a Bíblia Sagrada. Àquela época, o que eu jamais seria capaz de ao
menos imaginar é que eu mesmo me tornaria um escritor e que viria a produzir
livros direcionados ao conhecimento e a difusão das Escrituras. Hoje, passados
tantos anos após o seu falecimento, louvo a Deus por sua vida como também pelo
legado que deixou. Agradeço a Deus pelo milagre incrível de um analfabeto pobre
introduzindo um garoto na vida de leitura e no amplo universo da Teologia.
Curiosamente, mesmo tendo lido grandes teólogos e mesmo tendo estudado
com grandes teólogos, foi o meu pai, um homem iletrado e leigo, a pessoa
mais influente na minha carreira acadêmica, literária e de ensino cristão.
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que sempre me ensinou a nunca odiar ou rejeitar minha mãe biológica por isso,
e sempre me deixou livre para escolher com quem viver. O verdadeiro amor é
assim: nos “amarra” com cordas invisíveis, das quais não queremos jamais nos
libertar. Na prática, eu realmente nunca soube exatamente a diferença entre ser
um filho adotivo e ser um filho biológico. Seu tratamento para comigo evidenciou
ao longo dos anos um amor incondicional, duradouro e profundamente terno.
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É casado com Dolarize Alves Vieira Cozzer desde 2003, com quem tem
uma linda filha, a Ester Alves Cozzer, de oito anos.
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Escrevo há vários anos e tenho aprendido que o ato de escrever é sim uma
arte. Para um escritor, o texto final que se apresenta bem escrito, rico de conteúdo
e rico no arranjo ortográfico, é sem dúvida uma bela obra de arte a enobrecer a
mente. Mas escrever também requer técnica e muito empenho. Neste sentido,
escrever, para mim, é como ler: requer trabalho, muito trabalho!
Sei do imenso valor de uma produção original. Sabemos que não há total
consenso quanto à definição do que significa ser um teólogo e ser um filósofo.
Para alguns, só é teólogo e só é filósofo aquele que produz algo com originalidade,
tipo o que fizeram pensadores como Barth, Bultmann, Bonhoeffer, Nietzsche,
Heidegger, Ricoeur, etc. Para outros, uma vez tendo concluído um bacharelado
em Teologia ou em Filosofia, já se pode afirmar que o indivíduo é teólogo ou filó-
sofo. Particularmente, prefiro pensar que mesmo não construindo uma categoria
nova na Teologia ou na Filosofia, se um indivíduo pesquisa e produz em Teologia
e em Filosofia, ele pode sim ser considerado um Teólogo ou Filósofo.
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Escrever é também afirmar por meio das letras aquilo em que creio, mas
uma crença na qual não estou solitário. Outros teólogos afirmaram essas mesmas
verdades sobre as quais agora me debruço. Escrever é o reflexo de como encaro e
reajo a essas mesmas verdades e então as comunico a outros por meio da palavra
escrita.
Escrever, como afirmei no início desse texto, é sim uma arte, mas também
uma técnica. Às vezes escrever é caminhar por um deserto: uma tarefa árida e
solitária. A tecnicidade necessária em alguns textos, a pesquisa em campos ainda
inexplorados que nos desafiam com suas palavras novas (parecem-me até neolo-
gismos) e o contato com textos muito complexos no campo da Teologia e da Fi-
losofia representam um grande desafio a ser continuamente superado e que pode
tornar o ato da escrita até mesmo muito cansativo. Mas o fruto desse trabalho é
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arte! Escrever também é arte! Mesmo um texto mais técnico requer sim a com-
binação de sensibilidade e perícia, profundidade e leveza, subjetividade e clareza.
O autor
escrevendo, claro.
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1 O arquivo original, sem editoração, havia ficado com mais de 2.400 laudas!
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2 ROUVEYERE, Edouard. Dos livros. Rio de Janeiro: Casa da Palavra, 2003. p. 57-9.
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E o estilo?
3 Atualmente nem se usa mais esta palavra – “clínica” – em conexão com a Psicanálise, por ela
constituir uma prerrogativa médica.
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4 A Igreja de Deus no Brasil é, na verdade, uma vertente da Igreja de Deus de Cleveland, nos
Estados Unidos, esta uma das denominações pentecostais surgidas na década de 1880, antes
ainda de Azusa.
5 Por razões diversas, mudei de igreja local algumas vezes, mas sempre vinculando-me, com
minha família, a alguma Assembleia de Deus, nunca outra denominação.
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Pois é! E por que não? Esta enciclopédia tem vários conteúdos voltados ao
aspecto devocional. Não podemos negar que a devoção é uma bênção em nossas
vidas e representa, de certa maneira, a própria vida cristã. Sem devoção não há
vida cristã. O que somos na vida devocional reflete diretamente na vida que vi-
vemos perante o mundo. Por que não incluir temas devocionais numa obra desta
natureza? Julgo que assim como foi e tem sido útil a mim, será também ao leitor.
Embora não tenha preenchido grande parte desta obra com temas devocionais, o
teor devocional a perpassa.
Sendo esta obra também direcionada ao aspecto devocional da vida cristã,
e não apenas à pesquisa teológica, decidi, na medida em que o trabalho foi avan-
çando, incluir seções práticas como a seção PARA PREGADORES E EDUCA-
DORES CRISTÃOS: ESBOÇOS DE SERMÕES E DE PALESTRAS. Você
encontrará também textos distribuídos ao longo da obra intitulados DEVOCIO-
NAL e REFLEXÃO. São abordagens sobre temas variados, sempre pensados em
relação à vida cristã, à condição atual da Igreja brasileira e a outros temas atrela-
dos à vida. No caso da seção PARA PREGADORES E EDUCADORES CRIS-
TÃOS: ESBOÇOS DE SERMÕES E DE PALESTRAS, o que ocorre é que ao
longo dos anos, produzi vários esboços de sermões e palestras, demandados pelas
minhas ministrações em diversas igrejas por alguns estados do Brasil, mormente
em meu estado, o Espírito Santo. Não espero – como professor de Homilética
– que o leitor ou leitora reproduza de modo automático esses esboços, mas sim
que eles sirvam de ponto de partida, um a priori, para fins de comparação e como
fontes de informação para a análise bíblica, histórica e teológica.
Esta enciclopédia reúne diversos livros que escrevi a partir de 2008, vários
outros trabalhos produzidos em cursos que realizei, também alguns artigos cien-
tíficos, apostilas e comunicações acadêmicas preparadas durante o meu mestrado
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Artigos e verbetes
São quase 300 ao todo. Artigos de Teologia, de História, de Educação,
de Psicanálise e de outras áreas do conhecimento com as quais tenho dialogado
ao longo de vários anos. Eles foram dispostos em ordem alfabética objetivando
facilitar a sua localização pelo leitor e leitora, como acontece em obras desta
natureza. Esses artigos e verbetes – deve ser lembrado aqui – foram adaptados
a partir de diversos trabalhos que escrevi ao longo de uma década. Eles podem
ser encontrados em alguns livros meus, inclusive, mas aqui reorganizei todo esse
conteúdo na forma enciclopédica a fim de torná-lo mais “acessível”, didático e
útil. Esta foi a intenção original e agora, com alegria, posso compartilhar com
os meus leitores.
Cronologia Bíblica
Situar os textos bíblicos e os fatos da História (bíblica e não bíblica) é
fundamental para entender as Escrituras e a História de um modo mais amplo.
A cronologia bíblica é fundamental para nos ajudar a compreender as narrativas
bíblicas, quando nos auxilia a situá-las no tempo. Um princípio hermenêutico
fundamental para o correto entendimento das Escrituras é justamente considerar
o contexto histórico, pois isto nos permite perceber o porquê de determinadas
expressões, modos, costumes e crenças que são refletidos no texto bíblico. Essa
Cronologia Bíblica, assim como as outras duas (Cronologia Eclesiástica e Crono-
10 Optei por não incluir a minha dissertação de mestrado, objetivando publicá-la no futuro
como obra independente.
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Cronologia Eclesiástica
Uma cronologia eclesiástica nos auxilia na compreensão do nosso próprio
ethos cristão, de modo que aquilo em que cremos, que pregamos e que praticamos
hoje, como ekklesia, é em grande medida o resultado de séculos de fatos ocorridos
no passado na vida da Igreja. Se a cronologia bíblica foca nos eventos bíblicos,
uma cronologia eclesiástica foca na história da Igreja.
Cronologia Teológica
Para estudantes da disciplina Teologia, mas, especialmente para estudantes
de Teologia Contemporânea e História do Cristianismo, aqui reside uma im-
portante ferramenta. O objetivo desta seção é alistar os principais eventos do
pensamento teológico ao longo da história do Cristianismo. Ainda que esta se-
leção passe pela minha escolha pessoal, evidentemente ela encontra amparo na
comunidade acadêmica teológica que reconhece esses eventos e sua importância
para a Teologia.
Por mais que o aprofundamento nos eventos históricos da Teologia seja
fundamental, considerar de modo objetivo os principais fatos da história da refle-
xão teológica cristã, a partir de uma cronologia como esta, disponível aqui, ajuda
muito no sentido de obter uma visão panorâmica, conhecer autores principais e
que ajudaram a consolidar teologias e conhecer essas teologias. Isto, além de con-
tribuir para perceber o impacto desses eventos não apenas nos círculos teológicos,
mas na cristandade de um modo geral.
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Índice Temático
A ideia do Índice Temático me ocorreu há alguns anos enquanto pesqui-
sava e sentia a necessidade de ir anotando, por área de estudos, as obras às quais
eu estava recorrendo. Daí surgiu o Índice Temático que agora compartilho com
você, prezado leitor ou prezada leitora. Obviamente, ele não pretende ser exaus-
tivo, mas alista centenas de referências bibliográficas e não bibliográficas às quais
recorri. Ele está organizado por assuntos em diversas áreas do conhecimento.
Meus alunos e também leitores da internet sempre me pedem indicações de lei-
tura, o que de algum modo evidencia a necessidade de boas indicações de leitura.
Outros conteúdos
Informações de cunho biográfico sobre importantes personagens bíbli-
cos, da História da Igreja e da História Geral são também encontradas nesta
Enciclopédia. Grandes teólogos são revisitados, bem como o seu pensamento,
além de outros personagens importantes. Por vezes, para entender o pensamento,
a obra e determinados fatos que envolvem pessoas, é preciso conhecer um pouco
sobre quem elas foram.
Você também encontrará textos devocionais, como mencionado ante-
riormente. Esses devocionais aparecem em separado, como também em trechos
menores inseridos nos próprios artigos e verbetes. Não deve o leitor ou leitora
presumir que esses textos indicam que esta obra, em seu conjunto, não tenha
rigor metodológico e conceitual. Em minha jornada na leitura e pesquisa acadê-
mica sempre procurei conjugar espiritualidade e razão, devoção e episteme e, a
propósito, ler autores competentes enquanto lia autores tementes a Deus, asso-
ciando sensibilidade com racionalidade. Penso que a devoção aplicada à vida pes-
soal do estudante de Teologia, do professor de Teologia, do pesquisador, enfim,
contribui para a construção de uma jornada teológica que nos mova para Deus e
para o próximo, que nos permita ouvir, com nosso coração, a Deus e ao próximo.
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7 de fevereiro de 2020,
Araruama, Rio de Janeiro,
Em Cristo,
Roney Cozzer... apenas um escritor que não deu certo.
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E M O R D E M A L FA B É T I CA
A — G
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citada, não creio ter ela boa base bíblica, pois A AMBIVALÊNCIA DO
vemos que os anjos são citados como estan- CONTEXTO RELIGIOSO:
do ao redor dos anciãos (Ap 5.11 e 7.11) o ADOECIMENTO E
que indica distinção entre os anjos e os an- CURA. APORTES DA
ciãos. Quanto a segunda posição citada, de TERAPIA COGNITIVO
que 12 seriam os 12 patriarcas e 12 seriam COMPORTAMENTAL
os 12 apóstolos do Cordeiro, também não
Sandra Helena do Nascimento4
creio nessa posição por uma razão: não vejo
Roney Ricardo Cozzer
motivo para os doze patriarcas, filhos de
Jacó, aparecerem numa posição tão distinta INTRODUÇÃO
como a que vemos aqui, pois eles não tive-
A Terapia Cognitivo Comportamental
ram uma vida com Deus tão expressiva, não
(daqui para frente, apenas TCC) se coloca
todos. Aliás, eles aparecem nas páginas anti-
como uma das várias terapias, hoje existen-
gotestamentárias de forma negativa. Dentre
tes, com vistas a auxiliar as pessoas em pro-
eles, o que se destacou quanto ao andar com
blemas relacionados à sua psique. Como se
Deus foi José, vendido pelos seus irmãos – os
sabe, a TCC é desenvolvida principalmente
demais patriarcas. A posição aqui adotada é
a partir dos estudos em torno de quadros de
a terceira, de que são representantes da Igre-
depressão realizados pelo psiquiatra e pes-
ja em todos os tempos, em sua totalidade.
quisador norte-americano Aaron T. Beck
Essa é a posição de C. I. Scofield, que afir-
(1921-) na década de 1960 e atualmente é
ma: “Estes anciãos representam a Igreja. A
entendida como uma forma de lidar com
palavra “ancião” tem importância eclesiástica
diversos tipos de problemas e transtornos
(1 Tm 5.17; Tt 1.5). No Novo Testamento,
psicológicos.5 O interesse pelos problemas
as coroas são apresentadas exclusivamente
como recompensa para os fiéis na Igreja. Os
anciãos sentam-se em tronos que estão asso- 4 Psicóloga e pós-graduanda em Psicopa-
tologia em Dependência Química pela
ciados com o trono do juízo de Deus (Ap
Unyleya. Contato: sandrahelena67@
4.2-4; comp. 1 Co 6.2,3; 2 Tm 2.12)”.3 yahoo.com
5 NEUFELD, Carmem Beatriz. RAN-
GÉ, Bernard P. (org.s.). Terapia cog-
3 SCOFIELD, C. I. Bíblia de Estudo Sco- nitivo-comportamental em grupos:
field. São Paulo: Holy Bible, 2009, p. das evidências à prática [recurso ele-
1.166. trônico]. Porto Alegre: Artmed, 2017.
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&
E DUCAD O R E S CR I ST Ã OS
E S BO Ç OS DE
S E R M Õ E S E DE PA L E ST R A S
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753
E S BO Ç O 1
INTRODUÇÃO
1 Esboço apresentado como atividade avaliativa no programa de mestrado profissional das Fa-
culdades Batista do Paraná (FABAPAR) na disciplina de Pregação Expositiva ministrada pelo
professor Dr. Antônio Renato Gusso, enviado em 13 de novembro de 2016.
2 Confira o artigo Pentateuco, O.
3 cf. CARSON, D. A. et al. Comentário Bíblico Vida Nova. São Paulo: Vida Nova, 2009, p.
305.
4 E bem possivelmente de editores posteriores.
5 Esta teoria, atualmente, não se acha mais em sua forma original, mas seus desdobramentos
continuam sendo uma constante na Academia Teológica. Com efeito, muitos comentadores
bíblicos adotam as posições relacionadas à esta teoria. Todavia, a Hipótese Documentária vem
sofrendo questionamentos e mesmo autores que a adotam reconhecem que ela possui sim suas
limitações. Cf. BROWN, Raymond E. FITZMYER, Joseph A. MURPHY, Roland E. Novo
Comentário Bíblico São Jerônimo: Antigo Testamento. Trad.: Celso Eronides Fernandes.
São Paulo: Ed. Academia Cristã; Paulus, 2007, p. 51.
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que o livro seria resultado de vários autores, oriundos de várias escolas, é rejeitada
neste esboço. No próprio Novo Testamento (e mesmo no Antigo) encontramos
claras evidências de que Moisés foi o autor deste grupo de livros que contém im-
portantes preceitos que são, vários deles, reiterados nos textos neotestamentários.
1. ESBOÇO RESUMIDO
2. ESBOÇO HOMILÉTICO
2.1 Introdução e chamado à obedecer aos preceitos que seguem (vv. 1-3)
É interessante observar que Moisés orienta o povo a respeito dos “[...]
mandamentos, os estatutos e as normas que Iahweh vosso Deus ordenou ensinar-
-vos, para que os coloqueis em prática [...]” (v. 1, BJ). Esses preceitos deveriam ser
postos em prática na terra que agora o povo passava a dominar. A bênção de Deus
por vezes é condicional. Conquanto Deus prometa a bênção e a ministre sobre
seus filhos, em muitos momentos ela vem mediante a observância de preceitos ao
longo de nossa vida.
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“Para que temas ao Senhor, teu Deus” (v. 2). O temor do Senhor é o prin-
cípio da sabedoria, como ensina o livro de Provérbios (1.7). O temor do Senhor,
não o medo, nos leva a evitar o mal. Um ser humano que não teme nada e nem
ninguém tende a ser inconsequente em suas ações.
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em torno da verdade de que “o Senhor nosso Deus, é o único Senhor” (v. 4). A
adoração e o serviço de Israel devem ser exclusivos a Iavé. “As quatro palavras
(Javé, nosso Deus, Javé, Um) podem ser traduzidas de diversas maneiras, mas
destacam que o Deus de Israel não era um de um panteão, mas soberano e objeto
de toda a dedicação”.8
8 COUSINS in: BRUCE, F. F. Comentário Bíblico NVI: Antigo e Novo Testamentos. Trad.:
Valdemar Kroker. São Paulo: 2009, p. 363.
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do que pedirmos a Deus para que Ele cumpra o que nos tem prometido, devemos
pedir que Ele nos dê estrutura e sabedoria para receber suas dádivas e para as ad-
ministrarmos com prudência. Riquezas nas mãos de tolos podem ser destrutivas
e reduzidas a nada.
2.4.1 O povo deve cuidar para não esquecer-se do Senhor, seu Deus
Massá é lembrado como um evento que pode ensinar o povo (v. 16. cf.: Êx
17.1ss), que deve aprender as lições do passado. Jesus reiterou isso ao responder
a Satanás: “Também está escrito: não tentarás o Senhor, teu Deus” (Mt 4.7),
citando justamente Deuteronômio 6.16. “Pôr Deus à prova é tentar forçá-lo a
demonstrar a sua divindade ao impor condições à ele”.9 Deus está para muito
além desse tipo de categoria humana.
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CONCLUSÃO
10 MEYER, F. B. Comentário Bíblico F. B. Meyer. 2ª ed. Trad.: Amantino Adorno Vassão. Belo
Horizonte: 2002, p. 94.
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ESB O Ç O 2
INTRODUÇÃO
O presente texto constitui apenas um esboço das doutrinas que serão abor-
dadas nesta palestra, doutrinas que estão entre as principais da fé cristã e consti-
tuem o núcleo não apenas da convicção doutrinária do Protestantismo, mas tam-
bém de sua práxis, tendo em vista que fé implica ação no mundo e que doutrina
exige resposta na vida.
Discorreremos também sobre o valor da convicção doutrinária para a vida
da Igreja. Sua saúde espiritual, seu equilíbrio doutrinário e sua coerência na litur-
gia, dependem, via de regra, de uma boa base doutrinária, que acima de tudo, seja
bíblica, cristológica, evangélica e sensível ao tempo que nos envolve.
1. DOUTRINA
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2.2 Teontologia
Do grego ontos (“ser”). É a doutrina de Deus. Estuda o caráter e os atri-
butos de Deus, tal como revelados pelas Escrituras. Deus pode ser estudado? A
resposta a esta pergunta é “Não!”, mas o que Ele dá a conhecer de Si mesmo, por
meio das Escrituras, da Pessoa bendita de Jesus Cristo e da Revelação Geral deve
ser explorado pelo homem.
13 Tanto a inspiração do Antigo Testamento, atestada por Jesus e pelos autores neotestamentá-
rios, como também a inspiração do Novo Testamento, também afirmada, de certo modo, por
Jesus e pelos próprios autores neotestamentários.
14 HORTON, Stanley M. (ed.). Teologia Sistemática: uma perspectiva pentecostal. Trad.:
Gordon Chown. Rio de Janeiro: CPAD, 1996, p. 43.
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2.3 Cristologia
É a doutrina de Cristo. Estuda a respeito de sua natureza divina e a respeito
de sua natureza humana. Reconhece que Ele é a Palavra viva encarnada, como
afirma João 1.1,14. Estuda sua obra: a promessa de sua vinda já à partir do pro-
toevangelho (Gn 3.15), seu nascimento virginal, seu ministério, sua morte vicá-
ria, sua ressurreição e ascensão. Considera seus nomes e títulos, bem como os seus
ofícios.17 Algumas Teologias Sistemáticas costumam ainda abordar as principais
heresias cristológicas, que surgiram já nos primórdios do Cristianismo.
2.4 Pneumagiologia
Do grego hagios. É a doutrina do Espírito Santo. Uma doutrina funda-
mental, mormente no pensamento pentecostal. Esta doutrina estuda a respeito
dos atributos do Espírito Santo, seus nomes e títulos, sua deidade e ainda, sua
personalidade. Nas Escrituras o Espírito Santo é representado de maneira recor-
rente por meio de símbolos, que são estudados também no âmbito da Dogmática
Cristã.
15 GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática. Trad.: Norio Yamakami. Lucy Yamakami. Luiz
A. T. Sayão. Eduardo Pereira e Ferreira. São Paulo: Vida Nova, 1999; BERKHOF, Louis.
Teologia Sistemática. Trad.: Odayr Olivetti. 4ª ed. rev. São Paulo: Cultura Cristã, 2009.
16 Declaração de Fé das Assembleias de Deus, 2017, p. 33.
17 A Epístola aos Hebreus é uma rica fonte quanto a este tema.
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2.5 Soteriologia
Do grego soteria. É a doutrina da salvação. Estuda aspectos da salvação
como o arrependimento, a regeneração, a justificação, a santificação do crente,
dentre outros. Assim se pronuncia nossa Declaração de fé:
2.6 Hamartiologia
Doutrina do pecado. O tema “pecado” é recorrente nas Escrituras. Apre-
sentado como uma terrível realidade, o pecado é visto como a transgressão da Lei
de Deus, como consta em 1 João 3.4. Implica quebra do relacionamento do ser
humano com Deus e se manifesta de diversas formas.
18 SILVA, Esequias Soares da. (org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus: Jesus salva,
cura, batiza no Espírito Santo e breve voltará. Rio de Janeiro: CPAD, 2017, p. 109.
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destruição e que somente pode ser expelido por meio de uma nova
criação. Daí a necessidade do novo nascimento.19
2.7 Eclesiologia
Essa é outra disciplina muito importante no âmbito da Teologia Sistemá-
tica e para a vida da Igreja do Senhor, bem como para a comunidade de fé local,
que se reúne regularmente para cultuar a Deus. Noutro trabalho escrevi o seguin-
te sobre a Eclesiologia:
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Uma das figuras bíblicas para a Igreja é a do corpo, que aponta para
a relação direta das pessoas umas com as outras, numa cooperação
mútua em favor do todo. É o que aprendemos da Palavra de Deus
a respeito da Igreja em 1 Coríntios 12.
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CONCLUSÃO
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ESB O Ç O 3
INTRODUÇÃO
1. O QUE É A SEXUALIDADE?
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2. A IMPORTÂNCIA DO SEXO
O sexo deve ser encarado como uma dádiva de Deus para as pessoas, isto
é, como um presente de Deus. Infelizmente, em nossos dias, o sexo vem sendo
banalizado pela sociedade. Cumpre resgatar seu valor, sobretudo, à luz das Escri-
turas. Richard Foster apud Dionatam Cardoso afirma o seguinte:
771
CONCLUSÃO
772 | R O N E Y C O Z Z E R
E S BO Ç O 4
INTRODUÇÃO
773
texto bíblico em seu estado puro e simples. A reflexão teológica não suportaria
mais esse tipo de aproximação dogmática do tema Deus. Estaríamos assim pre-
senciando o fim da Teologia Sistemática? O presente trabalho vista justamente
fazer uma apresentação esboçada a respeito de algumas24 das disciplinas que inte-
gram ou fazem parte do estudo da Teologia Sistemática e como elas são importan-
tes para a vida da Igreja, refletindo diretamente na práxis cristã.
Deve ser mencionado aqui que a despeito dessa rejeição pós-moderna a
marcos doutrinários, as doutrinas bíblicas continuam sendo essenciais para o
Cristianismo. O desconhecimento dessas doutrinas se coloca atualmente como
um dos graves problemas para a Igreja, quando convivemos com cristãos que
reproduzem uma religiosidade sem entender seu sentido, à luz das Escrituras.
Na medida em que discorreremos sobre essas doutrinas, buscaremos in-
dicar justamente que elas – e a Teologia Sistemática como um todo – continuam
sendo importantes e necessárias na grande área da Teologia. Vejamos a seguir.
24 Por questões de tempo e de espaço, me limitarei a discorrer sobre algumas e não sobre todas.
Selecionei aquelas que considerei serem as mais importantes e que merecem atenção especial
para o fim a que se destina este trabalho: atender aos participantes da 43ª Assembleia Geral
Ordinária da Convenção dos Ministros das Assembleias de Deus no Estado do Espírito Santo
e Outros (COMADEESO).
774 | R O N E Y C O Z Z E R
1.2 Justificativa
O que justifica um estudo desta natureza? Vários fatos. Com propriedade
comentam Alan Myatt e Franklin Ferreira (2007) a este respeito:
2. DOUTRINA DE DEUS
775
2.2 Justificativa
É por meio de um estudo sistemático, isto é, organizado e esquematizado,
que a Igreja pode ter uma compreensão a respeito de quem é Deus. Tal compreen-
são, inevitavelmente, incidirá na maneira como a Igreja encara Deus e se relaciona
com Ele.
3. PNEUMAGIOLOGIA
3.2 Justificativa
No caso do Movimento Pentecostal, esta disciplina é ainda mais necessá-
ria, dada a relação do movimento com a Pessoa e com a Obra do Espírito Santo.
Sua ênfase nele é notória. Sua hermenêutica, sua pregação, sua liturgia e sua
ação missionária são orientadas por convicções pneumagiológicas. Daí decorre
776 | R O N E Y C O Z Z E R
26 Claro que reconhecemos que isto ocorre também com qualquer denominação genuinamente
cristã, orientada pelas Escrituras. A menção aqui não tem qualquer teor exclusivista, mas é
feita apenas à guisa de exemplificação.
27 MENZIES, Robert P. Pentecostes: essa história é a nossa história. Rio de Janeiro: CPAD,
2016, p. 22 apud CARVALHO, César Moisés. Pentecostalismo e Pós-modernidade: quan-
do a experiência sobrepõe-se à Teologia. Rio de Janeiro, CPAD, 2017, pp. 51,52.
777
4. SOTERIOLOGIA
Assim como nas outras disciplinas teológicas, aqui também várias questões
amplas são levantadas e discutidas. E vale destacar ainda a necessidade constante
de diálogo com outras disciplinas da própria Dogmática Cristã, já que o estudo
teológico possui ou deve possuir um caráter transdisciplinar.
4.2 Justificativa
Imagine um culto de Ceia em que os crentes não façam a menor ideia do
que significa a cruz de Cristo. Tente pensar a pregação cristã sem o entendimento
do que é a salvação e do porquê Cristo se fez homem e rendeu sua vida no Cal-
vário. A Soteriologia nos ajuda a entender o sentido da vida e da obra de Jesus.
5. ECLESIOLOGIA
28 Ainda que a doutrina da Segunda Vinda de Jesus seja estudada no campo da Escatologia.
Todavia, na Soteriologia ela é pensada em relação à salvação dos crentes.
778 | R O N E Y C O Z Z E R
5.2 Justificativa
A Eclesiologia explica diversas questões que fazem parte do cotidiano de
tantos milhões de cristãos espalhados pelo mundo. Modelos ou formas de gover-
no eclesiástico, liturgia, símbolos bíblicos que identificam a Igreja bem como a
missão do povo de Deus no mundo.
6. ESCATOLOGIA
29 Ainda que eu, particularmente, continue entendendo que a Escatologia prossegue ocupando
lugar importante no pensamento cristão e na vida da Igreja, suspeito que ao menos em solo
brasileiro, o interesse e o frenesi em torno da Escatologia, à semelhança do que pudemos
observar no final da década de 1990, diminuiu muito. Se eu estiver correto, coloca-se assim
um importante desafio para nós, como protestantes: resgatar o valor desta disciplina e torna-la
mais conhecida da Igreja, em função da sua enorme importância.
779
CONCLUSÃO
30 PENTECOST, Dwight J. Manual de escatologia. Trad.: Carlos Osvaldo Pinto. São Paulo:
Editora Vida, 2006, p. 05.
780 | R O N E Y C O Z Z E R
E S BO Ç O 5
INTRODUÇÃO
1. O QUE É ÉTICA
781
782 | R O N E Y C O Z Z E R
783
784 | R O N E Y C O Z Z E R
vidade do meio político. Essa leitura radical nos impede de perceber a necessidade
de um envolvimento sadio e equilibrado com a Política. Dito de outra forma, a
participação de cristãos na Política não só é viável, mas necessária, até pelo fato de
representarmos uma enorme parcela da sociedade brasileira.
A corrupção não está apenas na Política. Ela pode ser percebida no dia a dia
das pessoas, no “jeitinho brasileiro” que burla normas e valores morais para beneficiar
pessoas de modo ilícito. Ela pode ser notada quando o troco a mais não é devolvido,
ou nos inúmeros desvios de energia e água que vemos em tantas cidades brasileiras.
O cidadão – e o cristão mais ainda – precisa se conscientizar de que o seu papel in-
dividual ajuda a mudar a realidade maior que o envolve. É não sendo corruptos no
cotidiano e nas pequenas coisas que ajudamos a combater a corrupção de modo
efetivo. É agindo com cidadania e fazendo a nossa parte que contribuiremos de modo
significativo para mudar uma realidade maior que nos envolve.
Não podemos negar que esse discurso de que “o crente não deve se en-
volver com a política” é, muitas vezes, apenas reflexo de uma leitura equivocada
que leva o cristão a rejeitar determinadas instituições sociais, quando na verdade
ele depende delas e está inserido nelas. Aqui, concordamos com o historiador
da Igreja, Alderi Souza de Matos, que afirma: “Em meio às grandes diferenças
nos posicionamentos, surgiu um consenso muito evidente. Não é mais possí-
vel ficar indiferente ao debate político e ao processo político, porque ele produz
consequências que afetam a todos”.36 Com efeito, as decisões políticas refletem
diretamente sobre a coletividade e por isto mesmo é necessário ter participação
nela para que se façam ouvir os valores e princípios cristãos que, inclusive, são
benéficos a toda a sociedade.
36 MATOS, Alderi Souza de. Cristãos e política: uma relação imprescindível. Disponível em:
<https://www.ultimato.com.br/revista/artigos/327/cristaos-e-politica-uma-relacao-impres-
cindivel> Acesso em 18 abr. 2019.
785
786 | R O N E Y C O Z Z E R
CONCLUSÃO
787
ESB O Ç O 6
INTRODUÇÃO
O livro de Juízes alude à uma época sombria para o povo de Israel: havia
desunião política, guerras internas, opressão estrangeira, depravação moral e espi-
ritual. Mas Juízes é também um livro que evidencia o cuidado de Deus com seu
povo, providenciando libertadores para salvá-los da agressão que vinha de fora.
Juízes é também um livro excepcional para se refletir sobre liderança. Ele regis-
tra as histórias de líderes notáveis que, alguns deles, apesar de seus erros crassos,
puderam ser usados por Deus para livrar Israel. Homens como Sansão e Gideão.
No texto em particular, escolhido para servir de base para este sermão,
encontramos justamente Gideão num ato de esforço e sendo chamado pelo anjo
do Senhor de “homem valoroso”. De sua determinação podemos extrair algumas
lições preciosas sobre a importância de se cultivar objetivos nobres e importantes
em nossas vidas.
“Fizeram os filhos de Israel o que era mau perante o Senhor [...]” (v. 1).
Um homem, Gideão, ousa prosseguir quando todos faziam o que não agradava a
Deus. Manter-se íntegro numa geração de corrompidos não é fácil. Fazer o bem
788 | R O N E Y C O Z Z E R
quando todos fazem o mal não é fácil. E insistir em fazer o bem quando todos
não acreditam mais no bem, é de fato muito difícil. Todavia, como bem ensinam
as Escrituras, “[...] não nos cansemos de fazer o bem, porque no tempo certo
faremos a colheita, se não desanimarmos” (Gl 6.9, NAA).
“Então, veio o Anjo do Senhor [...] e lhe disse: O Senhor é contigo, ho-
mem valente” (vv. 11,12). Deus vem em favor do seu servo e lhe envia um mensa-
789
geiro celeste para animá-lo a prosseguir. Nas horas mais difíceis o Senhor mostra-
-se presente e não desampara os seus. Em nossa caminhada nos vemos por vezes
cansados e desanimados. Portas fechadas, críticas injustas, omissão daqueles que
poderiam nos ajudar e ausência de pessoas importantes para nós são alguns dos
diversos fatores que podem nos levar à frustração e à tristeza. Todavia, Ele vem em
nosso socorro. Não nos desampara e quando menos esperamos, nos momentos
improváveis da vida, Ele nos socorre.
CONCLUSÃO
790 | R O N E Y C O Z Z E R
E S BO Ç O 7
INTRODUÇÃO
791
37 PIPER, John. Irmãos, nós não somos profissionais: um apelo aos pastores para ter um
ministério radical. Trad.: Lilian Palhares. São Paulo: Shedd Publicações, 2009, pp. 15,16.
792 | R O N E Y C O Z Z E R
793
2.4.1. Família
2.4.2. Igreja
794 | R O N E Y C O Z Z E R
795
CONCLUSÃO
A igreja local tem muito a ganhar quando pode contar com obreiros de-
dicados, que procuram crescer em Cristo mediante o cultivo da vida devocional,
dos bons relacionamentos e de sua postura ética. Pode representar para uma igreja
local uma grande tragédia ter obreiros que se fecham ao aprendizado, ao cresci-
mento e desenvolvimento ministerial e também social.
796 | R O N E Y C O Z Z E R
E S BO Ç O 8
INTRODUÇÃO
1. O QUE É A IGREJA
797
o conceito de Igreja de fato não pode ser reduzido apenas ao aspecto institucional,
mas nos permite perceber ainda que ele não prescinde da institucionalidade. Assim,
o que vem a ser a Igreja? Consideremos à luz das Escrituras.
1.2.1. Visível
A Igreja em seu aspecto visível diz respeito ao corpo local de cristãos que se
reúnem regularmente para adorar a Deus, cultuando-o e também para o ensino
bíblico coletivo. Este ajuntamento local de cristãos é uma marca do Cristianismo
e sempre ocorreu. Ele é fundamental, pois ser cristão não representa uma cami-
nhada solitária e isolada. Mais uma vez devemos aludir à figura do corpo, que fala
de unidade e cooperação no corpo de Cristo (1 Co 12.12-31). E essa organização
local contribui de modo decisivo para realização de outras atividades que muito
colaboram não apenas para a Igreja de um modo geral, mas para a sociedade.
38 Louis Berkhof, por exemplo: cf.: BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. 4ª ed. rev. Trad.:
Odayr Olivetti. Campinas, SP: Cultura Cristã, 2012, p. 523.
798 | R O N E Y C O Z Z E R
1.2.2. Invisível
799
pontos positivos na Pós-modernidade, mas não podemos negar que ela também
oferece perigos concretos à fé cristã. Consideremos alguns a seguir.
Sobre nosso tempo, é correto afirmar que ele marcado também pela “her-
menêutica da suspeição”, onde o critério de interpretação é a dúvida constante.
O problema dessa postura é que ela só duvida, e nada apresenta de concreto e
definitivo. Questiona tudo e nada afirma. É claro que reconhecemos o valor e a
necessidade de se questionar42, mas é preciso ter em mente que “a dúvida pela dú-
o pentecostalismo, acusado justamente de não ter uma Teologia, que “[...] não apoia a crença
absoluta no poder absoluto da razão, posto que a experiência é algo concreto para o indivíduo
que a vive, mas subjetiva para o observador que, com pretensões cartesianas, a olha à distância
e pesquisa; e muito menos fecha com o relativismo pós-moderno, visto que no encontro com
o Espírito ocorre a ‘subsequente transformação de indivíduos’” (CARVALHO, 2012, p. 47),
experimentou (e continua experimentando) um crescimento exponencial.
42 Eu mesmo tenho assumido essa “postura crítica” na vida, em relação às minhas próprias ações
e ao contexto que nos cerca, inclusive o eclesial. A mudança para melhor passa justamente pela
800 | R O N E Y C O Z Z E R
percepção crítica da realidade. Naturalmente, o uso do termo “crítica” aqui não se dá em sua
acepção popular, mas sim com sentido de avaliação, questionamento pelo que é bom de fato.
43 Proponentes da Hermenêutica da Suspeita entenderam que a consciência é limitada na apre-
ensão da realidade que envolve o sujeito. Paul Ricoeur, filósofo francês, escreveu que “[...]
o cogito cartesiano “penso, logo existo”, a auto-apreensão imediata do sujeito foi posta em
questão pela descoberta do insconsciente em Freud, do ser social em Marx e da vontade de
poder em Nietszche” (ZUBEN, Marcos de Camargo von. Ricoeur, Foucault e os mestres da
suspeita: em torno da hermenêutica e do sujeito. Disponível em: <http://periodicos.uern.
br/index.php/trilhasfilosoficas/article/view/13/13> Acesso em 01 jun. 2019).
44 ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Trad.: Alfredo Bossi. 2ª ed. São Paulo: Edi-
tora Mestre Jou, 1982, p. 812, grifo do autor.
45 DOTOLO, B. Relativismo in: LEITE, Silvana Cobucci. MARCIONILO, Marcos. et al. Le-
xicon: Dicionário Teológico enciclopédico. São Paulo, SP: Loyola, 2003, p. 654.
801
46 Bíblia Sagrada: Nova Versão Transformadora. São Paulo: Mundo Cristão, 2016, Gálatas
6.2, Romanos 15.1.
47 BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado. Trad.: Murilo Jardelino. Clélia Barqueta. São Pau-
lo: Mundo Cristão, 2016, p. 11.
802 | R O N E Y C O Z Z E R
3. A FIDELIDADE A DEUS
803
804 | R O N E Y C O Z Z E R
vida diferente da que tinha sob o pecado, a fim de não ser acusado
de herege fanático.51
805
806 | R O N E Y C O Z Z E R
Não se pretende aqui definir esta questão em termos de ação social ou fi-
lantrópica, pois cremos que essa seria uma visão reducionista sobre dízimos e ofer-
tas, à luz do que a Bíblia ensina sobre o tema. Esta disciplina da vida cristã implica
relacionamento com Deus e fidelidade à Ele, muito mais do que simplesmente
fidelidade à uma instituição e à ação social. Aliás, é claro nas Escrituras que o pro-
pósito maior dos dízimos não é fazer ação social, mas sim, atender a manutenção
da obra de Deus. Mas é possível concluir que a entrega de parte dos rendimentos
pessoais numa igreja local é também um exercício de alteridade, embora essa não
seja a finalidade maior. Pensar em benefício de outrem ou de outras pessoas é algo
essencial à vida cristã. Colaborar financeiramente com uma comunidade de fé é
um exercício de alteridade, pois requer renúncia pessoal e liberalidade no sentido
de retirar dos próprios recursos para compartilhar com outros.
CONCLUSÃO
O mordomo, para ser mordomo, precisa ser fiel. Paulo usa justamente este
fato para falar dos ministros de Cristo, que deveriam ser fieis ao seu Senhor. Ele
escreve: “De um encarregado espera-se que seja fiel” (1 Co 4.2).56 Como minis-
tros – ou despenseiros – de Deus, nossa missão não consiste em chamar a atenção
para nós mesmos, mas sim conduzir as pessoas às riquezas de Cristo.
56 Bíblia Sagrada: Nova Versão Transformadora. São Paulo: Mundo Cristão, 2016, 1 Corín-
tios 4.2.
807
ESB O Ç O 9
INTRODUÇÃO
808 | R O N E Y C O Z Z E R
1.1. A pompa
O Cristianismo bíblico, desde seu nascimento, sempre foi marcado pela
simplicidade. Isto é muito significativo! O Senhor Jesus era simples, acessível às
pessoas e Lucas registra ainda que Ele não tinha onde reclinar a cabeça (cf.: Lc
9.58). Os primeiros cristãos foram marcados pela simplicidade: “Diariamente
perseveravam unânimes no templo, partiam pão de casa em casa e tomavam as
suas refeições com alegria e singeleza de coração” (At 2.46).57
Em nossos dias temos presenciado na Igreja brasileira uma obsessão pelo
que é grande, pela ostentação, pela fama e pelo espetáculo. O Protestantismo,
historicamente, foi marcado pela simplicidade. O que presenciamos hoje rompe
com o Evangelho, com o estilo de vida proposto por Jesus e com a história do
Protestantismo. O culto a Deus, numa igreja protestante, conquanto deva ser
profundo e reverente, não pode deixar de ser simples.
809
paradigma maior, contudo, deve ser Jesus, o Filho de Deus, o Verbo encarnado,
que com sua vida e palavras nos ensinou como viver para agradar a Deus.
59 BONHOEFFER, Dietrich. Discipulado. Trad.: Murilo Jardelino. Clélia Barqueta. São Pau-
lo: Mundo Cristão, 2016, p. 20.
810 | R O N E Y C O Z Z E R
CONCLUSÃO
811
ESB O Ç O 10
INTRODUÇÃO
De fato, ética cristã e teologia ministerial são dois assuntos que andam de
mãos dadas. A Igreja Brasileira enfrenta uma séria crise ética. Convivemos com
escândalos financeiros, morais e ministeriais. E também convivemos com uma
carência muito grande – mormente no Movimento Pentecostal – de obreiros
realmente qualificados e preparados, preparados não apenas bíblica ou teologi-
camente, mas em termos de conduta também, tal como lemos em 1 Timóteo 3.
Estudar Ética Cristã e a Teologia Ministerial ajudam muito para que possamos
diminuir esse “fosso” ético e ministerial presente na Igreja, gerando obreiros sau-
dáveis e vibrantes para a Obra de Deus!
1. ÉTICA CRISTÃ
Pode-se falar de Ética não apenas em termos cristãos, ainda que esta seja
por excelência superior à qualquer outra, por estar embasada nas Sagradas Es-
crituras. Diversos cursos superiores incluem em seus currículos acadêmicos uma
disciplina específica sobre Ética. É um assunto que desperta muito interesse e
que tem fomentado a publicação de diversas obras em nosso país sobre o tema. E
realmente é um assunto a ser estudado, mas não apenas estudado. Não deve ficar
812 | R O N E Y C O Z Z E R
60 CORTELLA, Mario. Qual é a tua obra? Inquietações propositivas sobre gestão, liderança
e ética. 19ª ed. São Paulo: Vozes, 2012, p. 105.
813
nifica “costumes”. Enquanto a Ética está mais relacionado ao meio social em que
se insere o indivíduo, a moral está ligada à formação do caráter do indivíduo, às
normas que regulam o seu comportamento nessa sociedade.
Cada vez mais os marcos antigos são removidos. Se fala de novos modelos
familiares que são, em grande medida, o reflexo e a tentativa da sociedade se
814 | R O N E Y C O Z Z E R
2. TEOLOGIA MINISTERIAL61
Já é sabido por nós, cristãos, que Deus sempre escolheu e dotou de capa-
cidade homens e mulheres para cumprirem a Sua vontade. Vemos isso no Antigo
Testamento, na vida de vários personagens, como Abraão, Moisés, Aarão, Débora,
os sacerdotes, os levitas, dentre tantos outros. E no Novo Testamento vemos Deus
levantando ministros para servirem à Ele e à Sua Igreja, homens vocacionados e
investidos de autoridade por Deus para levarem a mensagem salvadora do Evan-
61 Extraído de: COZZER, Roney Ricardo. Obreiro excelente: curso de formação e capacita-
ção de obreiros. Instituto de Educação Cristã Doceo: Cariacica / ES: 2017, pp. 45-51.
815
gelho aos judeus e aos gentios. Com efeito, Deus sabe que Sua Igreja necessita de
obreiros que sejam abnegados por amarem a causa de Cristo e Ele sempre supre-a
desses ministros. É preciso ter claro em nossa mente que os ministros são dados
por Deus à Igreja para dela cuidarem, zelando por ela como noiva do Cordeiro
que é (Ef 5.25-33) e pela sã doutrina, tal como encontramos Paulo ensinando ao
seu filho na fé, Timóteo (cf.: 1 Tm 4.16).
62 VINE, W. E. UNGER, Merril F. WHITE JR, William. Dicionário Vine: o significado exe-
gético e expositivo das palavras do Antigo e do Novo Testamento. Trad.: Luís Aron de
Macedo. Rio de Janeiro: CPAD, 2002, p. 791.
816 | R O N E Y C O Z Z E R
exemplo (cf.: At 1.17), e até mesmo à uma igreja local (cf.: Ap 2.19 – neste texto
encontramos o termo diakonia traduzido por “serviço”). A ideia principal atrelada
à “ministro” é a de alguém em algum tipo de trabalho e atividade.
O Novo Testamento emprega três palavras para “ministro”; são elas leitour-
gos, hyperetes e diáconos.63 A primeira, leitourgos, refere-se originalmente à uma
espécie de empregado público. A segunda palavra, hyperetes, “[...] é um termo
grego composto que significa trabalhador de um navio de escravos. Com o tempo
passou a significar qualquer pessoa em uma posição subordinada, um assistente
pessoal ou ajudante de um superior (Lc 1.2; At 13.5; 26.16; 1 Co 4.1)”.64 O
diakonos era aquele que servia as mesas. Evidentemente, esses termos assumiram
conotação religiosa e com ela foram usadas pelos autores neotestamentários. O
termo hyperetes, por exemplo, é usado por Paulo: “ Que os homens nos conside-
rem, pois, como ministros (hypēretas) de Cristo, e despenseiros dos mistérios de
Deus” (1 Co 4.1, ARA).65
817
3.1.1 O diácono
818 | R O N E Y C O Z Z E R
69 LIMA, Elinaldo Renovato de. Dons espirituais e ministeriais: servindo a Deus e aos ho-
mens com poder extraordinário. Rio de Janeiro: CPAD, 2014, p. 141.
819
3.1.2 O presbítero
3.1.3 O evangelista
70 A palavra “mistério” no corpus paulinum não é algo desconhecido, que ninguém conheça, mas
indica uma verdade antes não conhecida, mas agora revelada.
71 Há discussão entre os intérpretes quanto ao sentido da expressão “maridos de uma só mulher”:
poligamia? adultério? As opiniões de fato divergem. Me inclino à posição que defende que
neste texto Paulo está advertindo contra a poligamia.
72 SANCHEZ in: RIBEIRO. 2015, p. 09.
73 VINE. UNGER. WHITE JR. 2002, p. 629.
820 | R O N E Y C O Z Z E R
3.1.4 O pastor
CONCLUSÃO
Louvamos a Deus que em Sua presciência e em Seu amor eterno nos tem
dado ministros, que cuidam deste santo ministério presente na Igreja, em sua
variegada forma. Homens e mulheres também que não poucas vezes investem
seu tempo e seus recursos na Obra de Deus e em favor da Obra de Deus. Vidas
inspiradoras para nós.
Juntemo-nos também, em esforço, na causa do Mestre e não sejamos ape-
nas observadores daqueles que trabalham de modo incansável na Seara. Com
efeito, é digna de ser lembrada a narrativa contada pelo antigo escritor das As-
sembleias de Deus, Orlando S. Boyer (2005): “Diz-se que Martinho Lutero tinha
um amigo íntimo, cujo nome era Miconio. Ao ver Lutero sentado dias a fio traba-
lhando no serviço do Mestre, Miconio ficou penalizado e disse-lhe: “Posso ajudar
mais onde estou; permanecerei aqui orando enquanto tu perseveras incansavel-
mente na luta”. Miconio orou dias seguidos por Martinho. Mas enquanto perse-
verava em oração, começou a sentir o peso da própria culpa. Certa noite sonhou
com o Salvador, que lhe mostrou as mãos e os pés. Mostrou-lhe também a fonte
na qual o purificara de todo o pecado. “Segue-me!” disse-lhe o Senhor, levando-o
para um alto monte de onde apontou para o nascente. Miconio viu uma planície
que se estendia até o longínquo horizonte. Essa vasta planície estava coberta de
821
75 BOYER, Orlando. Heróis da fé. 29ª ed. Rio de Janeiro: CPAD, 2005.
822 | R O N E Y C O Z Z E R
E S BO Ç O 11
INTRODUÇÃO
Aqui está uma das doutrinas pentecostais76 mais importantes para o Pen-
tecostalismo Clássico: a do batismo com o Espírito Santo. E vale destacar que
não apenas como doutrina, mas como prática desejada e fomentada entre nós. De
certo modo, podemos reconhecer que esta doutrina se coloca como um distintivo
do Pentecostalismo que, como uma das várias tradições cristãs, realça algumas
doutrinas sem, necessariamente, negligenciar outras.
823
Muita dúvida permanece no que tange ao que vem a ser o batismo com o
Espírito Santo, quem pode recebê-lo, qual a sua finalidade e sobre o como rece-
bê-lo. Com o crescimento do Neopentecostalismo, houve muita deturpação e ba-
nalização dessa doutrina bíblica pentecostal, muito sadia para a Igreja de Cristo.
824 | R O N E Y C O Z Z E R
com o Espírito Santo é, pois, ter uma experiência com Ele. É descrito na Bíblia
como “enchimento” (At 2.4).
CONCLUSÃO
825
ESB O Ç O 12
INTRODUÇÃO
A pressa nos processos da vida pode ser desastrosa. Todavia, quando olha-
mos para as Escrituras, percebemos que grandes homens de Deus, que importantes
contribuições trouxeram, precisaram esperar, e muitas vezes, esperaram muito. Foi
assim com Abraão, Moisés, Eliseu, Paulo e tantos outros personagens bíblicos. E
esse tempo de espera serviu como “escola” para a preparação e maturação desses
homens (e também mulheres) excepcionais. Que lições podemos extrair da espera?
É o que consideraremos a seguir.
826 | R O N E Y C O Z Z E R
os povos com poder e graça. Antes de uma grande bênção, um período de espera
foi necessário. Como dito anteriormente, por vezes precisamos ser amadurecidos
para recebermos determinada dádiva, mas é verdade também que essa grandiosa
bênção de Deus que nos sobrevêm é também um chamado ao trabalho, à missão.
Os discípulos esperaram após o maior evento da História, a ressurreição de Jesus,
para experienciarem outro grande evento: o derramamento do Espírito sobre eles,
inaugurando assim e era da Igreja na Terra e preparando-os assim para o cumpri-
mento da ordem de Jesus.
CONCLUSÃO
Não cremos que a postura do cristão deva ser de uma passividade imersa
em inatividade. O “esperai” de Jesus requer de nós ação, devoção, lágrimas e fé.
A descida do Espírito sobre os cristãos no dia de Pentecostes se deu enquanto
eles estavam reunidos, bem possivelmente num momento cúltico e em oração.
Tem sido assim ao longo da História muitas vezes na vida de incontáveis cristãos.
Esperar sim, parar não. Esperar sim, esmorecer na fé jamais. O que aprendemos
durante a espera usaremos adiante, naquilo em que Deus nos conduzirá a realizar,
para louvor do Seu nome e edificação da Igreja.
827
ESB O Ç O 13 77
INTRODUÇÃO
77 Este esboço foi originalmente preparado para o 2º Simpósio Seara News, mas ampliado para
ser incluído aqui. O tema geral do evento foi: “A transformação digital e o futuro da Igreja”,
e ele foi realizado em mais de uma edição no estado do Espírito Santo.
828 | R O N E Y C O Z Z E R
“Conviver”. Eis uma palavra hoje cada vez mais esquecida. Esquecida
em termos práticos, não em termos gramaticais. Curiosamente, vivemos um
tempo onde as pessoas estão o tempo todo “conectadas”, mas distantes umas
das outras. Estão online, mas cada dia mais insensíveis ao próximo. Tornamo-
-nos experts em receber e enviar mensagens e, simultaneamente, incapazes de
“chorar com os que choram” (Rm 12.15). Estamos transferindo conversas im-
portantes e relevantes para mensagens curtas e frias de Whatsapp. Em outro
trabalho escrevi o seguinte:
78 E aqui cabe ainda uma pergunta importante: Outra importante indagação que precisa ser
feita neste cenário atual, onde os recursos digitais permitem um acesso e uma exposição sem
precedentes, é se estamos mesmo evangelizando ou exibindo nossa imagem pessoal, numa era
marcada pela obsessão àquilo que é estético, visual, belo.
829
CONCLUSÃO
79 PEREIRA, Carlos. COZZER, Roney Ricardo. Ética pastoral: O ofício pastoral sob o pris-
ma da Ética Cristã. Instituto Teológico Quadrangular, [obra não publicada], p. 73.
80 Bíblia Sagrada: Nova Versão Transformadora. São Paulo: Mundo Cristão, 2016, Romanos
12.9,10.
830 | R O N E Y C O Z Z E R
E S BO Ç O 14
INTRODUÇÃO
Nosso tempo, sem dúvida, é marcado por uma busca incessante pelo co-
nhecimento nos seus mais variados segmentos: Filosofia, Medicina, Biologia, Bio-
tecnologia, Engenharia, etc. E de fato, o conhecimento humano avançou mui-
tíssimo especialmente nos dois últimos séculos. Filosofias como o humanismo
e o cientificismo (filhos do Iluminismo) realçaram, sem dúvida, essa sede pelo
conhecimento.
O próprio Iluminismo foi um momento histórico onde as esperanças para
a solução de muitos problemas da humanidade recaíram justamente sobre a capa-
cidade humana de desenvolver-se por meio do conhecimento. Em nossos dias, o
ritmo na produção e busca de conhecimento é frenético, por assim dizer. O nú-
mero de artigos científicos, dissertações de mestrado e teses de doutorado que são
produzidos é colossal. A Igreja, estando inserida na sociedade e sendo ela mesma
parte da sociedade, sofre os influxos dessa tendência mundial. E de fato, respostas
outrora dadas, agora já não mais respondem.
A Igreja precisa encarar o fato de que o aumento do conhecimento gerou
maior criticidade nas pessoas que, por conseguinte, tornaram-se muito mais exi-
gentes em torno do que leem e ouvem. Fato é que a Igreja reconheceu e reconhece
isso e vem investindo consideravelmente na busca e aquisição de conhecimento
bíblico e teológico. Isso pode ser percebido pelo crescente interesse das pessoas
por literatura evangélica em nosso país e também no aumento no número de
831
editoras cristãs, nas últimas décadas. Mas nesse contexto, onde tanto se fala em
conhecimento, algumas ponderações são mesmo necessárias, como veremos a se-
guir.
81 CRESSEY in: DOUGLAS et al: O Novo Dicionário da Bíblia. Trad.: João Bentes. 3ª ed. rev.
São Paulo: Vida Nova, 2006, p. 254.
832 | R O N E Y C O Z Z E R
833
84 Aqui é válido destacar a importância de uma boa formação teológica. Um bom curso teoló-
gico, seja a nível de seminário, seja a nível de ensino superior, é decisivo no sentido de pos-
sibilitar o conhecimento de modo organizado, sistematizado e coerente. É durante um bom
curso que o aluno terá contato com os principais autores das respectivas disciplinas estudadas,
bem como com os principais conceitos referentes a elas. O estudo autodidata, conquanto seja
necessário e muito importante, possui suas limitações.
834 | R O N E Y C O Z Z E R
igrejas e em nossos púlpitos, com muitos informados, mas com poucos conhe-
cedores...
É fato que muitos cristãos hoje estão indo para cursos de teologia, semi-
nários e faculdades teológicas. E isso além daqueles que mesmo não frequentan-
do um curso investem na aquisição de material teológico e estudam de maneira
individual. Mas, cumpre perguntar, para que toda essa busca? O que fazer com
o conhecimento adquirido? Para que serve esse conhecimento? A seguir, são apre-
sentadas propostas que buscam suporte bíblico para essas questões.
CONCLUSÃO
835
ESB O Ç O 15
INTRODUÇÃO
1. A MARCA DA SOLIDÃO
“Estar só” nem sempre é sinônimo de estar longe da companhia das pessoas.
Podemos nos sentir sós mesmo estando cercados por várias pessoas e até interagindo
85 Bíblia Sagrada: Nova Versão Transformadora. São Paulo: Mundo Cristão, 2016, Efésios 4.11.
836 | R O N E Y C O Z Z E R
com elas. A solidão pode bater à porta de nosso coração em circunstâncias variadas.
Ela pode vir quando estamos inseridos num grupo cujos recursos sociais são mais
elevados que os nossos, ou mesmo quando estamos inseridos num grupo que não
se interessa pelo nosso “projeto” de vida e de ministério. Esta última circunstância,
inclusive, pode nos acometer até mesmo na igreja local da qual fazemos parte.86
O ministro do evangelho por vezes se vê acometido pela solidão. Paulo se
sentiu assim no auge do seu ministério e já próximo do martírio, e justamente
no momento em que ele mais necessitava, se percebe abandonado e escreve as
seguintes palavras ao seu querido filho na fé, o jovem pastor Timóteo: “Por favor,
venha assim que puder. Demas me abandonou, pois ama as coisas desta vida e foi
para Tessalônica. Crescente foi embora para a Galácia, e Tito, para a Dalmácia.
Apenas Lucas está comigo. Traga Marcos com você, pois ele me será útil no mi-
nistério [...]. Na primeira vez que fui levado perante o juiz, ninguém me acom-
86 Permita-me o leitor ou leitora compartilhar com você algo que eu mesmo, como educador
cristão, vivi durante muitos anos na região onde residi. Desenvolvi muitos projetos voltados à
difusão do conhecimento bíblico-teológico nas igrejas por onde passei, promovendo eventos e
programas de ensino, e abrindo diversas turmas de Teologia a nível de cursos livres. Conquanto
tenha tido um número considerável de alunos e ouvintes, e proferido muitas palestras e estudos
bíblicos, pude perceber que de modo geral, tanto a liderança assembleiana como os crentes
assembleianos, manifestavam total desprezo por trabalhos dessa natureza. Mesmo sendo um
talento local, e destacando-me como escritor e professor de Bíblia e Teologia, nunca recebi qual-
quer incentivo significativo para produzir mais e custear meus estudos. Para ser honesto com o
leitor ou leitora, nunca recebi mesmo qualquer demonstração expressiva de apoio mesmo que
a nível de palavras, que partisse de um pastor ou líder que eu tenha tido na minha trajetória.
Lembro-me de ter lido, há muitos anos, um texto do teólogo pentecostal Antonio Gilberto (in
memoriam), em que ele comentava sobre a parábola das dracmas perdidas, e em seguida afirmava
que na Casa de Deus há muitos talentos perdidos. Me identifiquei imediatamente com suas pa-
lavras. E sei, por conversar com colegas que também são teólogos como eu, que esse desprezo se
reproduz em diversos outros lugares, pelo Brasil, infelizmente. Noutras palavras, esse sofrimento
não é exclusividade minha. Felizmente, e louvo muito ao Senhor por isto, pude encontrar em
meus alunos, ouvintes e leitores motivação para continuar. Foram muitos os pequenos depoi-
mentos e testemunhos que pude ouvir, ao longo de anos de ministério, de pessoas que foram
positivamente impactadas e motivadas através do meu ministério. O teólogo tem um papel
fundamental na vida da Igreja. E nós, que somos pentecostais, precisamos reconhecer o seu valor
e oportunizar mais espaço para o crescimento da Teologia em nosso contexto, uma Teologia que
seja cristocêntrica, bíblica, dialogal e de qualidade acadêmica.
837
CONCLUSÃO
O ministério pode, adequadamente, ser comparado a uma caminhada em
que, na medida em que vamos avançando, vamos colhendo frutos de nosso tra-
balho, mas também vamos pisando espinhos, sentindo o calor fustigante do sol
quente e sentindo o cansaço da jornada. E ao final deste esboço, é válido dizer
que conquanto o ministério possua suas marcas distintivas, ele também deixa em
nós marcas profundas. “Desde agora ninguém me inquiete; porque trago no meu
corpo as marcas do Senhor Jesus” (Gl 6.17).89
838 | R O N E Y C O Z Z E R
E S BO Ç O 16
INTRODUÇÃO
839
Agora, no capítulo 19, Elias está fugindo, com medo, frustrado, ressentido e
amargurado.
Muitas vezes, em nossa caminhada, somos surpreendidos por uma má no-
tícia logo após uma grande vitória que acabamos de obter. Circunstâncias adver-
sas da vida que nos sobrevêem de maneira furtiva, totalmente inesperada, criando
uma condição que simplesmente está para além da nossa administração.
Com efeito, no caminho para o Céu, podemos num dia estar segurando
nosso Isaque e dizendo: “Meu sorriso chegou!” Logo em seguida, ouvimos a voz
do Eterno: “Ofereça-me seu sorriso em holocausto na Terra de Moriá”. Na cami-
nhada para o Céu podemos passar anos peregrinando na expectativa da “Terra
da Promessa”, e mesmo assim, no fim, ouvirmos do Senhor: “Você apenas a verá
com seus olhos – não entrará”. Em nossa peregrinação, podemos até desenhar a
planta e fazer planos para a construção, mas ouvimos do Altíssimo que quem fará
não será eu, mas meu sucessor. Tão logo saímos das águas do batismo, tão logo
ouvimos a voz do Pai dizendo “este é meu filho amado”, o Espírito Santo nos
conduz ao deserto para sermos tentados pelo Diabo. A vida com Deus está sujeita
a esses “altos” e “baixos”. Deus não nos garante uma caminhada isenta de aflições
(Jo 16.33), todavia, nos assegura sua companhia fiel e doce.
840 | R O N E Y C O Z Z E R
CONCLUSÃO
A Igreja precisa “retirar-se” e ficar mais tempo a sós com Deus. A comunhão com
o Eterno não é uma opção. É uma necessidade premente, inadiável e intransfe-
rível para o crente. Aliás, ela é motivo de deleite e gozo para sua alma. Como ser
cristão em verdade, no íntimo, sem comunhão com Deus. Se o fator “comunhão”
for perdido, poderemos ser tudo: ativistas religiosos, atuantes, nominais, etc., me-
nos cristãos!
841
ESB O Ç O 17
INTRODUÇÃO
1. “TEOLOGIA DO PRAGMATISMO”
Essa teologia pode ser resumida na seguinte sentença: “Não é bíblico, mas
funciona, então vamos usar”. O pragmatismo rompe com paradigmas cristãos
fundamentais objetivando implementar práticas estranhas ao evangelho, estra-
nhas à própria identidade da Igreja, mas que geram “resultados”.
O grande problema do pragmatismo religioso (e teológico) reside no fato
de que ele absorve conceitos que se chocam frontalmente contra a verdade sim-
ples do evangelho. Algumas vezes ele também deturpa esses valores do evangelho
842 | R O N E Y C O Z Z E R
2. TEOLOGIA DA PROSPERIDADE
90 A Nova Versão Transformadora (2016) traduz de maneira interessante: “um caminho dife-
rente”.
91 Nova Versão Transformadora, 2016, João 6.26.
92 Nova Versão Transformadora, 2016, Gálatas 6.14.
843
844 | R O N E Y C O Z Z E R
Defende que o crente sempre terá vitória, e que ele deve viver de vitória em
vitória. Pregadores propagadores desse triunfalismo religioso constantemente re-
petem em suas pregações frases como “Você é campeão!”, “Deus vai te exaltar!”, e
sempre usam palavras como “Vencedor”, “Campeão”, dentre outras que apontam
o homem sempre como o centro da pregação; o alvo desse tipo de pregação evan-
gélica passa ser o indivíduo, e não o Cristo ressurreto. Ela fala mais do homem em
seus interesses contemporâneos do que do Cristo que leva à vida eterna. Ela fala
do homem ao homem, enquanto a pregação de fato cristocêntrica fala de Cristo
ao homem e testemunha de Sua obra ao coração humano.
O grande problema dessa teologia é que ela influencia os crentes a viverem
uma utopia, utopia que passa longe do que propõe o evangelho de nosso Se-
nhor Jesus que nos chama à realidade da existência. Essa teologia, na medida em
que promete um tipo de vida surreal, que deve ser marcada por conquistas, pelo
“topo”, pela multiplicação de êxitos pessoais, tem levado muitos cristãos a encara-
rem a vida cristã como uma vida de possibilidades pessoais que, na verdade, não
se concretizarão. O evangelho, pelo contrário, nos chama à realidade, à realidade
845
sobre nós mesmos, sobre nossas carências, sobre o mundo onde vivemos e sobre
Deus. O evangelho ilumina nosso entendimento e nos conclama ao amadureci-
mento racional e a que a nossa fé seja corroborada em Cristo (Rm 12.1,2; Ef 3.16;
Cl 1.11; 1 Pe 2.1,2).
Essa “teologia do triunfalismo religioso” leva as pessoas a crerem que por-
que receberam Jesus em suas vidas obterão vitória em tudo e em todos os em-
preendimentos que vierem a fazer. Ouvimos com frequência pentecostais se sau-
darem perguntando em tom quase inquisitório: “Só vitória irmão?” Os fracassos
da vida são sempre vistos com ojeriza e falhas de ordem moral são maximizadas
e muitas vezes usadas para julgamentos, construção de caricaturas, produção de
feridas, para a perpetuação da intolerância entre irmãos em Cristo e para a prática
da exclusão do outro baseada em julgamentos de ordem moral. Na verdade, pura
utopia-hipócrito-religiosa, visto que todos sem exceção estão sujeitos aos fracas-
sos, a erros e a percas. Matthew Henry teria tido que o “melhor dos santos pode
ser tentado pelo pior dos pecados”.
A solução para a superação dessa teologia ameaçadora à vida da Igreja é
voltar à simplicidade do evangelho, ao esforço puro e sincero para viver a vida
santa, que nos leva a evitar o mal, mas permanecermos reconhecendo que pode-
mos falhar porque continuamos sendo pecadores, mesmo depois da experiência
da regeneração. Perceber essa realidade existencial-espiritual nos coloca onde pre-
cisamos estar: Na prática do perdão e da tolerância, amando o próximo e esten-
dendo-lhe a mão.
CONCLUSÃO
846 | R O N E Y C O Z Z E R
847
ESB O Ç O 18
INTRODUÇÃO
1. ÉTICA CRISTÃ
848 | R O N E Y C O Z Z E R
1.1 Conceituação
A palavra “ética” deriva do grego ethos, que significa “disposição”, “costume”,
“hábito”. Nicola Abbgnano (2007) define ética como “ciência da conduta”.96 Clau-
dionor Corrêa de Andrade (2010) apresenta a seguinte definição de Ética Cristã:
96 ABBAGNANO, Nicola. Dicionário de filosofia. Trad.: Alfredo Bossi. 5ª ed. São Paulo:
Martins Fontes, 2007, p. 380.
97 ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico: edição revista e ampliada e um
suplemento biográfico dos grandes teólogos e pensadores. Rio de Janeiro: CPAD, 2010,
p. 173.
849
850 | R O N E Y C O Z Z E R
2. PENTECOSTALISMO
98 Toma-se como referência aqui os eventos de Azusa Street, em 1906, que se tornou um marco
para o Pentecostalismo mundial, embora se saiba que o Movimento Pentecostal lança suas
raízes históricas bem antes desses eventos.
99 Para mais informações sobre o Holiness Movement, cf.: ARAÚJO, 2007, p. 587 ss.
100 Grudem comenta que não era comum haver um capítulo, nas Teologias Sistemáticas, que
versasse sobre a Pessoa e a Obra do Espírito Santo. Cf.: GRUDEM, Wayne A. Teologia
Sistemática. Trad.: Norio Yamakami. Lucy Yamakami. Luiz A. T. Sayão. Eduardo Pereira e
Ferreira. São Paulo: Vida Nova, 1999.
851
852 | R O N E Y C O Z Z E R
102 OLIVEIRA, David Mesquiati de. TERRA, Kenner R. C. Experiência e hermenêutica pen-
tecostal: reflexões e propostas para a construção de uma identidade teológica. Rio de
Janeiro: CPAD, 2018.
103 HORTON, 1996, p. 11.
853
idioma. Não vai aqui qualquer desdouro sobre essas obras e seus
autores; ao contrário, louvamos a Deus, agradecidos por tudo isso;
seu esforço, visão, determinação e trabalho.104
3. DIÁLOGO
854 | R O N E Y C O Z Z E R
3.1.1 Emocionalismo
106 É fundamental que sejamos capazes de identificar os problemas que desafiam o Movimento
Pentecostal, mas não produzir uma crítica que não ofereça saídas. Identificar é preciso, mas
com vistas a mudar procedimentos, rever conceitos, repensar nossa eclesiologia pentecostal.
855
quanto à sua qualidade considerando critérios como tom de voz, expressão corpo-
ral, chavões que causam impacto nos ouvintes, dentre outras questões que apelam
diretamente à emoção. Isso tem gerado uma multidão de crentes pentecostais
irreflexivos, acríticos, passivos de serem enganados por falsos ensinos, modismo
teológicos, dentre outros engodos. Sem dúvida alguma que nem sempre sentire-
mos arrepios, nem sempre choraremos, nem sempre “sentiremos algo” em nossos
cultos. Isso, contudo, não é, necessariamente, sinônimo de sequidão espiritual.
Nem sempre! Nossa estrutura emocional sofre altos e baixos, passa por nuances
e isso é característico da estrutura psicológica e espiritual do homem. Avaliar a
espiritualidade de uma pessoa por esses critérios pode nos conduzir a construir
caricaturas e “espantalhos” de irmãos na fé. Pensemos nisso.
856 | R O N E Y C O Z Z E R
857
fé” e criar pontos de contato (alguns até bizarros) para a fé do necessitado.108 Isso tem
produzido uma espécie de Cristianismo mesclado, híbrido... estranho.
108 Água ungida, sal grosso, sabonete ungido, peças de roubas ungidas dentre outros elementos.
858 | R O N E Y C O Z Z E R
CONCLUSÃO
859
ESB O Ç O 19 109
INTRODUÇÃO
Neste esboço, uso a palavra “síndrome” como uma metáfora para me referir
a algumas tendências sociais que são muito perceptíveis em nosso tempo e que de
algum modo foram também absorvidas pela Igreja. Considerar as “síndromes” da
Pós-modernidade e como a Igreja foi afetada por elas, adaptando-as em seu contexto,
e buscar na Educação Cristã respostas a esses desafios é o objetivo deste estudo bíblico.
1. SÍNDROME DA VISIBILIDADE
109 Esboço preparado para ministração da palestra com o seguinte tema: “Educação Cristã: isso
funciona mesmo?” Ela foi proferida por ocasião do Seminário de Educação Cristã promovi-
do pelo Instituto de Educação Cristã Crer & Ser, nas dependências da Assembleia de Deus de
Barra de São Francisco (ES), em 12 de março de 2016. O vídeo da palestra pode ser assistido
no Canal Repensando meu Cristianismo (Youtube). Disponível em: <https://www.youtube.
com/watch?v=2zsxHrIctt8&t=1560s> Acesso em 29 dez.. 2019.
860 | R O N E Y C O Z Z E R
2. SÍNDROME DO CONSUMISMO
3. SÍNDROME DA ESTÉTICA
861
862 | R O N E Y C O Z Z E R
6. SÍNDROME DA INDEFINIÇÃO
110 A criticidade é fundamental na construção do saber e de uma práxis responsável, que seja
coerente com a Bíblia e com a vida concreta, que experimentamos no século 21. É diferente
de uma postura de questionamentos que levam a nada e não produzem reflexão que, por sua
vez, gera mudança comportamental.
863
ensino bíblico e teológico continuados, esse resgate do sentido de ser Igreja vai
sendo feito.
864 | R O N E Y C O Z Z E R
partir da Educação Cristã consiste em que ela, a Educação Cristã, seja usada
como promotora e depositária dos valores bíblicos, cristãos e familiares.
CONCLUSÃO
865
ESB O Ç O 20
INTRODUÇÃO
Este sermão é uma mensagem sobre trabalho que é feito sob a bênção do
Senhor. É um chamado não só a confiar Nele, mas a agir também. Nesse sermão,
encontramos o “lança a rede” de Jesus, mas também o esforço de Pedro e de seus
companheiros para puxar a rede repleta de peixes. Que lições preciosas para a vida
cristã podemos colher dessa passagem de Lucas 5? Vejamos a seguir.
1. ATITUDE CORRETA
866 | R O N E Y C O Z Z E R
2. LAVANDO AS REDES
112 Bíblia de Jerusalém: nova edição, revista e ampliada. São Paulo: Paulus, 2006, 1 Coríntios
4.1.
867
4. UM ATO DE FÉ
CONCLUSÃO
113 RYLE, J. C. Comentário expositivo do evangelho Segundo Lucas. Trad.: Otoniel Mota.
Rio de Janeiro: Confederação Evangélica do Brasil, 1955, p. 68.
868 | R O N E Y C O Z Z E R
E S BO Ç O 21
INTRODUÇÃO
Este é um tema muito caro para mim e já ministrei sob ele algumas vezes,
em algumas igrejas por onde passei. Um dos maiores desafios que a Igreja brasileira
enfrenta atualmente é a perca de sua real identidade bíblica. Convivemos com um
modelo de igreja que se recusa a viver biblicamente, por mais paradoxal que isso
possa ser. Precisamos voltar às Escrituras e encontrar nelas as referências de que
necessitamos para sermos “Igreja” no melhor sentido do termo. Só assumindo essas
referências para nós teremos nossa identidade resgatada e realizaremos com eficácia
nosso ministério eclesiástico. No texto de Atos 2.42-47 enconramos alguns desses
referenciais, ou marcas, que nos permitem ter um ponto de comparação e de mode-
lo muito saudável e, sobretudo, bíblico, pelo qual podemos orientar nossa conduta
como Igreja do Senhor. Veremos a seguir algumas dessas marcas.
1. PERSEVANÇA NA DOUTRINA
869
que a inclui: “Goteje a minha doutrina como a chuva, destile a minha palavra
como o orvalho, como chuvisco sobre a erva e como gotas de água sobre a relva”
(Dt 32.2, ACF).
No Antigo Testamento, a palavra “doutrina” ocorre principalmente como
tradução de uma palavra hebraica que significa “o que é recebido”, como acontece
justamente no texto acima citado, de Deuteronômio 32.2 (também em Jó 11.4;
Pv 4.2; Is 29.24).114 Há outras palavras importantes correlacionadas com “doutri-
na”, como “ensino”, “lei” e “preceitos”.
No caso da passagem em apreço, a referência é a “doutrina dos apóstolos” (v.
42), que a Nova Versão Transformadora traduziu como “ensino dos apóstolos”.
E em que consistia o ensino dos apóstolos? Devemos lembrar que eles foram os
responsáveis por reproduzir, de maneira imediata, o ensino de Jesus, bem como
registrar Sua vida e obra. No Novo Testamento a palavra didaskalia (“ensino”) pa-
rece indicar justamente um corpo ou conjunto de crenças como padrão de ortodo-
xia.115 Dito de outra maneira, o ensino dos apóstolos era o ensino sobre Jesus, sobre
o evangelho e era nesse ensino que os primeiros cristãos permaneciam.
A Igreja brasileira deve voltar ao ensino apostólico, ao ensino que con-
duz ao conhecimento de Cristo. Paulo, grande doutrinador do Cristianismo, se-
gue nessa trilha quando fala sobre Cristo ser gerado nos corações dos crentes:
“Ó meus filhos queridos, sinto como se estivesse passando outra vez pelas dores
de parto por sua causa, e elas continuarão até que Cristo seja plenamente desen-
volvido em vocês”.116 O ensino apostólico consiste de revelar Jesus às pessoas e
gera-lo no coração delas. Ele não consiste de promoção de instituições, interesses
políticos, sociais e religiosos. O ensino apostólico é muito mais que tudo isso! Ele
aponta para uma Pessoa sublime: o Filho de Deus.
Foi H. Emil Brunner (1889-1966) quem trouxe importante contribuição
ao discorrer sobre o ensino dos apóstolos em sua obra O equívoco sobre a igreja
(2004). Ele comenta que “[...] nossa interpretação da comunidade cristã será de-
cisivamente orientada por nossa interpretação do apostolado e seu significado
114 DOUGLAS, J. D. (et al.). O Novo Dicionário da Bíblia. Trad.: João Bentes. 3ª ed. São
Paulo: Vida Nova, 2006, p. 368.
115 Cf.: DOUGLAS, 2006, p. 368.
116 Bíblia Sagrada: Nova Versão Transformadora. São Paulo: Mundo Cristão, 2016, Gálatas 4.19.
870 | R O N E Y C O Z Z E R
para a Eclesia”.117 Brunner entende que o evangelho é fato histórico pois Cristo
esteve entre os homens e realizou sua obra salvadora, e que é necessário que ela
seja anunciada. Desse modo, o anúncio do evangelho dependeu de testemunhas
oculares que estiveram com o próprio Jesus. Brunner conclui que “[...] esta é a
comissão básica do Senhor Ressurreto a Seus embaixadores, Seus apóstolos. Este
ofício de dar testemunho em primeira mão é, portanto, o que constitui o aposto-
loado”.118 Sem os apóstolos certamente não haveria Cristianismo, de modo que a
Igreja só tem sentido se for uma comunidade apostólica. Os primeiros discípulos
permaneceram no ensino apostólico, como podemos ver em Atos capítulo dois.
Nós também devemos permanecer!
Deve ser realçado aqui que esse permanecer no ensino dos apóstolos não
pressupõe – de modo algum! – uma dependência infindada dos apóstolos, visto
que eles se foram. Longe disto, implica crescimento, “apropriação” desse ensino,
que denota maturidade espiritual e desenvolvimento em Cristo. A imaturidade
deve ser superada e Brunner comenta: “Esta imaturidade, contudo, não é algo
necessário mas fortuito, algo que deve desaparecer, pode desaparecer e, de fato,
finalmente desaparece”.119 Que este seja nosso anseio constante: crescer em Jesus.
A vida cristã deve ser simples, pois o Evangelho é simples, o Senhor Jesus
foi simples e viveu de modo simples. A pompa, a autoafirmação, a valorização
exacerbada do próprio ego e a ostentação são práticas estranhas à verdadeira vida
cristã. No texto sagrado lemos: “E, perseverando unânimes todos os dias no tem-
plo, e partindo o pão em casa, comiam juntos com alegria e singeleza de coração”
(At 2.46, grifo meu). Sem simplicidade, partir o pão, compartilhar e conviver
tornam-se práticas inviváveis.
117 BRUNNER, H. Emil. O equívoco sobre a Igreja. Trad.: Paulo Arantes. São Paulo: Fonte
Editorial, 2004, p. 31.
118 BRUNNER, 2004, p. 31.
119 BRUNNER, 2004, p. 34.
871
3. UNIDADE
4. CRESCIMENTO
CONCLUSÃO
Não devemos idealizar demais os primeiros cristãos, pois eles também ti-
veram seus problemas. Isso fica claro, inclusive, em textos como Atos 6. Mas não
podemos negar que aqueles primeiros irmãos nos legaram exemplos muito mar-
cantes de um modelo de Igreja que, sem dúvida, estava muito mais próximo do
Evangelho de nosso Senhor e Redentor Jesus Cristo. O resgate da nossa própria
identidade como Igreja, do Senhor, hoje, passa diretamente pelo resgate dessas
características marcantes na vida da Igreja primitiva.
872 | R O N E Y C O Z Z E R
E S BO Ç O 22
INTRODUÇÃO
1. A MORTE
873
2. A VIDA
874 | R O N E Y C O Z Z E R
CONCLUSÃO
875
ESB O Ç O 23
INTRODUÇÃO
Temos diante de nós um dos mais belos avivamentos da narrativa bíblica, que
envolve o povo de Israel e o profeta Samuel como mediador entre Israel e o Senhor.
A história bíblica e eclesiástica está repleta de grandes avivamentos e em todos eles
encontramos “passos” que contribuíram para que eles ocorressem. Daí podemos ex-
trair grandes e preciosas lições para nossa vida devocional, para o nosso seguimento
de Cristo. Alguém disse que “avivamento é a intervenção divina no curso normal das
coisas”, ou seja, um verdadeiro avivamento impacta, provoca mudanças e por vezes
nos tira de uma vida cristã infrutífera e apática. E necessitamos considerar já de parti-
da: todo verdadeiro avivamento tem sua origem em Deus e Nele só.
876 | R O N E Y C O Z Z E R
877
120 No Comentário Bíblico Beacon (2005) temos o interessante comentário a respeito do profeta
Samuel: “Samuel havia sido reconhecido como profeta do Senhor há muito tempo. Agora ele
assume o seu lugar na história sagrada como o último dos juízes. Estes eram líderes militares por
cujas mãos o Senhor trouxe libertação para o seu povo. Também serviam em um trabalho civil,
em razão do respeito que os seus companheiros tinham por eles. Embora não saibamos a idade
de Samuel na época da captura da arca pelos filisteus, provavelmente estava na casa dos seus 40
anos na época em que ocorreram os seguintes eventos” (Comentário Bíblico Beacon: Josué a
Ester. vol. 2. 2ª ed. Trad.: Luís Aron de Macedo. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 191).
121 Comentário Bíblico Beacon: Josué a Ester. vol. 2, 2005, p. 191. grifo do autor.
878 | R O N E Y C O Z Z E R
que precisam ser removidos. Muitas vezes os guardamos nas recâmaras secretas de
nosso coração durante muito tempo. O termo bíblico é “baalins”, que é plural de
Baal, um dos principais deuses do panteão cananeu. Perceba: eram vários deuses.
O culto a esses deuses era vicioso e deprevado122, e o Senhor exige então que esses
ídolos fossem retirados. Ele é o Único Deus vivo e verdadeiro: “Ouça, ó Israel!
O Senhor, nosso Deus, o Senhor é único!” (Dt 6.4).123 Ele exige exclusividade de
nós. É necessário remover de nosso coração aqueles ídolos que tomam o lugar do
Senhor, que nos impedem de amá-lo integralmente e de servi-lo melhor.
2.4 Congregar-se
A Bíblia narra que os filhos de Israel congregaram-se em Mispa (ou Mizpá,
conforme a tradução), no versículo seis. Samuel orientou que eles se reunissem e
disse que em seguida oraria ao Senhor pelo povo (v. 5). E foi enquanto eles esta-
vam congregados que o livramento dos filisteus lhes foi dado.
Nenhum cristão pode ser cristão, no melhor sentido da Palavra “cris-
tão”, de modo solitário. Servir ao Senhor implica compartilhar, conviver, co-
mungar, “ter em comum” como lemos em Atos. Extraímos desse relato a preciosa
lição de que avivamento, conquanto possa ser individual, em geral sempre reflete
sobre a comunidade. E como é bom experimentar um grande derramar do Espí-
rito em comunhão com irmãos! Uma igreja local avivada muito pode fazer para
Deus e para a sociedade.
3. OS RESULTADOS DO AVIVAMENTO
O avivamento nos move, nos tira da inércia espiritual. Ele gera resulta-
dos concretos! E os resultados foram arrependimento sincero, o que pode ser
percebido pela confissão dos israelitas: “Pecamos contra o Senhor” (v. 7). Outro
resultado foi a vitória de Israel sobre os filisteus, que até então os oprimiam. No
879
versículo 9 lemos que o Senhor “lhe deu ouvidos”, isto é, deu ouvidos a Samuel
que clamou ao Senhor para que Ele livrasse Israel das mãos dos filisteus, que vi-
nham contra eles.
Podemos, desse modo, resumir em duas palavras os resultados desse glorio-
so avivamento experimentado pelos antigos israelitas: arrependimento e livra-
mento. Mas não apenas isso, diz a Bíblia que eles experimentaram a vitória sobre
os filisteus e paz em consequência dessa importante vitória: “Assim, os filisteus
foram abatidos, e nunca mais vieram aos termos de Israel [...]” (v. 13). Houve
ainda a restituição de territórios a Israel: “E as cidades que os filisteus tinham
tomado a Israel foram-lhe restituídas” (v. 14).
CONCLUSÃO
124 Bíblia Sagrada: Nova Versão Transformadora. São Paulo: Mundo Cristão, 2016, Romanos
15.4.
880 | R O N E Y C O Z Z E R
E S BO Ç O 24
INTRODUÇÃO
Jesus, como o Mestre Supremo que é, em sua maneira simples e singular de en-
sinar verdades profundas, em seu sermão proferido em um “uma das colinas próximas
de Cafarnaum” (segundo nota da BJ) faz uso de um elemento muito conhecido de seus
contemporâneos e também por nós – o sal. Jesus sempre fazia assim: usava elementos
da cultura popular, aquilo que o povo conhecia, para lhes trazer profundos ensinamen-
tos de peso e valor eterno. Vários foram os elementos do dia-a-dia que Ele usou em
seus ensinamentos: semente, trigo, joio, campo, denário, ovelha, etc. Aqui, em Mateus
5.13, temos um paralelo entre o cristão e o sal. Jesus é enfático: “Vós sois o sal da terra”.
Vejamos, pois, algumas aplicações dessa verdade para a vida do crente em Jesus.
125 KEENER, Craig S. Comentário histórico-cultural da Bíblia: Novo Testamento. Trad.: José
Gabriel Said. Thomas Neufeld de Lima. São Paulo: Vida Nova, 2017, p. 57.
881
2. APLICAÇÕES PRÁTICAS
882 | R O N E Y C O Z Z E R
solenidade de uma aliança que era selada pela participação numa refeição com sal.
O uso do sal para tornar solene uma aliança sugeria simbolicamente as ideias de
continuidade e estabilidade, já que o sal preserva os alimentos da corrupção (cf.:
Lv 2.13 e 2Cr 13.5). O Dicionário Bíblico Wycliffe (2007) explica que “[...]
a expressão “Concerto de sal” provavelmente se refere a um antigo costume de
confirmar uma aliança através de uma refeição entre as partes. Essa prática ainda
perdura em nossos dias em meio aos árabes, que dizem: “Existe sal entre nós”,
após compartilharem uma refeição”.126
126 PFEIFFER, Charles F. HOWARD, Vos F. REA, John. (ed.s.). Dicionário Bíblico Wycliffe.
2ª ed. Trad.: Degmar Ribas Júnior. Rio de Janeiro: CPAD, 2007, p.
883
visibilidade, status social e fama, melhor é ser importante na vida daqueles que
nos cercam.
CONCLUSÃO
Essa mensagem nos fala de vida com Deus, de vida ética, mais especifica-
mente, de uma vida conduzida pela ética cristã. Certa vez, em sala de aula, um
aluno disse algo que a princípio, me chocou, mas prosseguindo em ouvi-lo, me vi
constrangido a concordar com ele. Sua fala foi a seguinte: “Professor, chegará um
momento em que nós, evangélicos brasileiros, precisaremos evangelizar não mais
pela fala, mas pela ética”. Com efeito, concluímos consternados que a sociedade
não cristã já não se interessa mais pelo nosso discurso, pela nossa prédica, mas cre-
mos que nossa conduta de fato cristã continua causando um impacto positivo na
vida de outras pessoas que conosco convivem e nos observam. Que se cumpra em
nossas vidas o que Jesus disse: “[...] suas boas obras devem brilhar, para que todos
as vejam e louvem seu Pai, que está no céu”.127 A vida do cristão deve conduzir as
pessoas a Deus, a conhecê-lo e não chamar as atenções para si mesmo, mas para
Aquele que está no céu.
127 Bíblia Sagrada: Nova Versão Transformadora. São Paulo: Mundo Cristão, 2016, Mateus
5.16.
884 | R O N E Y C O Z Z E R
E S BO Ç O 25
INTRODUÇÃO
Neste salmo, o 107, o salmista lança mão de quatro exemplos para expres-
sar o amor de Deus para com os seus em protegê-los nas diversas circunstâncias da
vida. Ele fala sobre: 1) fome e sede, o livramento de Deus para com aqueles que
andaram por desertos (vv. 4-9); 2) servidão e tirania, prisioneiros que foram li-
bertados (vv. 10-16); 3) enfermidade quase mortal e a cura de Deus (vv. 17-22)
e, 4) tempestades no mar e o livramento de Deus (vv. 23-32). É também digno
de nota que por quatro vezes o salmista declara que os servos de Deus clamaram a
Ele “[...] e ele os livrou das suas tribulações” (vv. 6,13,19,28). Ele já inicia o salmo
convidando os leitores a louvar ao Senhor, “[...] porque Ele é bom, porque a sua
benignidade é para sempre” (v. 1).
1. ELEMENTOS DO TEXTO
Esta mensagem está baseada nos versos 29 e 30, onde o salmista refere-se àque-
les que descem ao mar. Analisemos alguns termos correlatos e outros que são encon-
trados nestes versos, observando assim a aplicação deles para a nossa vida cristã.
1.1 Mar
O mar, para os hebreus dos tempos bíblicos, é um grande ajuntamento
de água, uma grande massa de água, como no caso do “mar da Galiléia”, que na
verdade não é um mar propriamente dito, mas sim um grande lago (Cf Mt 4.18).
885
1.2 Tormenta
Esta palavra que aparece no verso 29 é substituída pela palavra “tempes-
tade” na NTLH. O Dicionário Aurélio (2007) define-a assim: “Temporal vio-
lento. Desordem, agitação”.128 Em nossa vida muitas vezes nos vemos em meio
à tempestades, mas a nossa segurança está no fato de que Ele “[...] faz cessar a
tormenta” (v. 29, ARC). O salmista declarou ao Senhor: “Tu dominas o ímpeto
do mar; quando as suas ondas se levantam, tu as fazes aquietar” (Sl 89.9, ARC).
A tormenta nos agita, lançando-nos de um lado a outro. Assim como o navio
se vê pequeno diante da grandeza do mar em fúria, por vezes nos vemos também
impotentes diante de determinadas situações da vida, que nos arremessam para lá
e para cá, gerando em nós ansiedade e incertezas. Instabilidade profissional, percas
financeiras, adoecimento e morte, feridas ministeriais dentre outras dificuldades
nos fazem sentir como que estando à deriva. Lembremo-nos, contudo, que o nosso
886 | R O N E Y C O Z Z E R
CONCLUSÃO
887
ESB O Ç O 26
INTRODUÇÃO
A vida e ministério terreno do Senhor Jesus, como estão descritos nos qua-
tro livros do evangelho, são maravilhosos e surpreendentes. Os momentos que
antecederam a sua crucificação são muito significantes, marcantes e comoventes.
Mateus nos conta que Ele foi ungido em Betânia e que Judas Iscariotes, um dos
doze, aceitou traí-lo por apenas 30 moedas de prata.
Lucas relata as comoventes palavras de Jesus quando ceava com os doze;
Ele disse-lhes: “[...] Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa,
antes do meu sofrimento” (Lc 22.15). Após a ceia, foram para o monte das Oli-
veiras... Ah! O monte das Oliveiras, um local tão significativo para o Senhor Je-
sus, local onde Ele proferiu ensinamentos, onde esteve com seus discípulos, onde
mandou buscar um jumentinho e onde agonizou em oração no Getsêmani, foi
traído e preso. Não é de se admirar que Ele tenha escolhido esse lugar para pisar
quando regressar em glória como diz a profecia! (Zc 14.4).
Os momentos antecedentes à crucificação do Mestre foram intensos.
Os discípulos o abandonaram, Pedro o nega três vezes e Judas tira a própria
vida. É interessante observar que Pedro acompanha Jesus até a casa do sumo
sacerdote Caifás, onde Ele foi julgado pelos líderes religiosos, “para ver como
aquilo ia terminar” (como traduziu a Nova Tradução na Linguagem de Hoje
[Mt 26.58]), ou ainda, “para ver o fim” (como consta na Almeida Revista e
Atualizada). Assim, como iria terminar tudo aquilo? Certamente, os demais
discípulos também devem ter feito esta mesma indagação em seus corações.
888 | R O N E Y C O Z Z E R
Seria então o fim para o Senhor Jesus? É com esta pergunta que chegaremos ao
testemunho da pedra.
1. SEM O MESTRE
2. COM O MESTRE
129 Bíblia Sagrada: Nova Versão Transformadora. São Paulo: Mundo Cristão, 2016, Mateus 28.2.
889
nham, vejam onde seu corpo estava” (Mt 28.5,6).130 Era possível ver o local onde
o corpo do Mestre estivera porque a pedra havia sido removida e estava posta de
lado.
CONCLUSÃO
Este sermão nos leva a refletir sobre a importância desta doutrina da res-
surreição para o Cristianismo. Com efeito, trata-se de uma doutrina central para
a fé cristã. Em 1 Coríntios 15.17 lemos as seguintes palavras do apóstolo Paulo:
“E, se Cristo não ressuscitou, a fé que vocês têm é inútil, e vocês ainda estão em
seus pecados”.131 Jesus está vivo, é “[...] aquele que vive” e que esteve morto, mas
agora vive para todo o sempre! (Ap 1.18).
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E S BO Ç O 27
INTRODUÇÃO
891
2. UTILITARISMO RELIGIOSO
892 | R O N E Y C O Z Z E R
CONCLUSÃO
893
ESB O Ç O 28
INTRODUÇÃO
894 | R O N E Y C O Z Z E R
Existe uma busca desenfreada pelo que é grande, pelo que chama a aten-
ção, pelo que é dotado de muitos recursos. O evangélico brasileiro acostumou-se
a conviver com líderes que se comprazem em mostrar estruturas e nem tanto
programas de formação humana e de assistência social. Avalia-se a qualidade de
uma igreja pelo tamanho do prédio que ela tem e quanto maior for o número de
congregações, maior será o ministério. Noutras palavras, o conceito de “maior”
foi reduzido a números.
Jesus, precisamos lembrar, nasceu numa manjedoura, foi criado por pais
paupérrimos e falou a poucas pessoas, por vezes. O Reino de Deus não opera com
a lógica do mercado e para Deus, o maior pode ser o menor, e o menor o maior;
o primeiro poderá ser o último, e o último o primeiro.
895
portantes. Tornou-se comum pagar caro para trazer em nossas igrejas cantores e
pregadores que cobram altos cachês, enquanto temos entre nós pessoas que por
anos se dedicam à igreja local, produzindo frutos e cujo caráter conhecemos. To-
davia, esse interesse em trazer para nosso meio os “famosos” só evidencia que nos
tornamos obsessivos por fama e por visibilidade. Isto tem contribuído também
para o que pode ser chamado de “estrelismo na casa de Deus”.
896 | R O N E Y C O Z Z E R
897
uma vida profunda com Deus, quando na verdade, conforme ensinou o Mestre
amado, é “[...] pelo fruto [que] se conhece a árvore” (Mt 12.33, NAA135).
898 | R O N E Y C O Z Z E R
lico), mas nem sempre vemos isso ser usado para a glória de Deus. Pelo contrário,
temos visto isso ser usado para a promoção de pessoas no meio evangélico. Desse
modo, disputa-se uma oportunidade para cantar, mas com a motivação de ser
promovido ou promovida. Música profissional não deve ser confundida com ado-
ração a Deus. Podemos sim ter entre nós adoradores que são músicos profissio-
nais, o problema é quando temos músicos profissionais que não são adoradores...
Pensemos nisto.
137 Orar mesmo e não apenas cumprir gestos mecânicos como ajoelhar e sequer saber o que se
está falando.
899
CONCLUSÃO
A Igreja de Cristo deve ouvir Sua poderosa voz. Deve seguir nos seus pas-
sos, fazendo Sua vontade. É triste quando absorvemos os padrões de comporta-
mento de uma era secularizada e que não conhece a Deus. Devemos lembrar do
ensino de Jesus em Mateus 5.13 e vivê-lo. Só assim poderemos de fato resgatar
valores fundamentais ao genuíno Pentecostalismo, preservando sua pureza e ale-
gria de vivê-lo.
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E S BO Ç O 29
INTRODUÇÃO
O contexto histórico em que se situa esta passagem bíblica (Êx 33.21) é, sem
dúvida alguma, um dos mais tristes da História bíblica. Moisés sobe ao Horebe para
receber de Deus a Lei e após 40 dias (Êx 24.18) é então avisado por Deus que o povo
se encontrava em grave pecado contra Ele (Êx 32.7,8). Observemos então a sucessão
de eventos que ocorrem nesta ocasião, conforme indica o teólogo pentecostal Donald
Stamps (2005): “1) Deus queria destruir o povo (32.10). A intercessão de Moisés
(32.11-13) proveu uma base para Deus mudar a sua intenção e não cumprir sua
advertência de tal destruição (32.14). 2) Deus então resolveu deixar o povo entrar em
Canaã, mas conduzido somente por Moisés e um anjo (32.34). Firme e claramente,
Deus afirmou que Ele mesmo não iria com eles (33.3). 3) Depois de Moisés orar
mais (33.12,13), o Senhor mudou o seu plano, atendeu à petição do líder de Israel e
concordou que a sua presença acompanharia os israelitas (vv. 14-17)”.138
Tendo recebido de Deus esta resposta favorável e misericordiosa, ou seja, de que
Ele mesmo estaria presente entre o povo para conduzi-los, Moisés agora roga à Ele que
lhe mostrasse a sua glória. Encontramos preciosas verdades espirituais à respeito do nos-
so relacionamento com Deus e da Pessoa de Cristo, como podemos ver a seguir.
138 STAMPS, Donald. Bíblia de Estudo Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2005, p. 171.
901
2. O RESGATE DA DEVOÇÃO
902 | R O N E Y C O Z Z E R
CONCLUSÃO
903
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E S BO Ç O 30
INTRODUÇÃO
140 Conforme a NVI (Nova Versão Internacional). Versão adotada para este resumo estendido,
salvo indicação em contrário.
905
1. O QUE É O EVANGELHO
906 | R O N E Y C O Z Z E R
907
908 | R O N E Y C O Z Z E R
144 ARAÚJO, Isael de. Dicionário do Movimento Pentecostal. Rio de Janeiro: CPAD, 2007,
p. 617.
145 SOARES, R. R. Curso fé. 12 lições com perguntas e respostas. Rio de Janeiro: Graça Edito-
rial, 2001 in: NASCIMENTO, André dos Santos Falcão. Confissão positiva: traços do dis-
curso de Kenneth Hagin em pregadores midiáticos contemporâneos. Revista Pós-Escrito.
nº 5., jan/ago. Rio de Janeiro, 2012, p. 141.
909
146 CHAMPLIN, Russell N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. vol. 4. São Paulo:
Candeia, 1991, p. 313.
910 | R O N E Y C O Z Z E R
sempre!), unção em peças de roupas, piscinas com águas, etc. Coisas impensáveis
estão sendo feitas atualmente, algumas irracionais e ridículas, em nome de uma
pseudo-espiritualidade, e em nome de um falso fervor espiritual. Confunde-se
poder pentecostal com bizarrices e sandices. São pertinentes aqui as palavras do
Pastor Ciro Sanchez a respeito do verdadeiro culto pentecostal:
147 ZIBORDI, Ciro Sanches. Sete características do culto verdadeiramente pentecostal in:
CPAD News. Disponível em: <http://www.cpadnews.com.br/blog/cirozibordi/apologetica-
-crista/88/sete-caracteristicas-do-culto-verdadeiramente-pentecostal.html> Acesso em 01 jul.
2015, grifos meus.
911
148 ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico: edição revista e ampliada e um
suplemento biográfico dos grandes teólogos e pensadores. Rio de Janeiro: CPAD, 2010,
p. 338.
912 | R O N E Y C O Z Z E R
Deus mantém relação com a forma como olhamos para a Criação e para os fatos
da vida. Ao lado das outras duas grandes religiões monoteístas, o Islamismo e o
Judaísmo, o Cristianismo é uma religião teísta.
É digno de nota ainda que há várias formas de Teísmo, mas rejeitáveis à luz
das Escrituras. Como exemplo, pode ser citado o Henoteísmo, que defende a exis-
tência de vários deuses e que somente um deles se comunicaria com os homens.149
Pode ser citado também o Politeísmo, que admite a existência de muitos deuses e
que estes deuses mantém algum tipo de contato com os homens. A Bíblia, porém,
nos apresenta o Senhor como o Único Deus, o Eterno. São memoráveis as palavras
de Russell E. Joyner (1996) quando comenta sobre o nome Yahweh:
913
152 É válido destacar que há diferentes formas de Teísmo, conforme indica Russell N. Champlin
in: CHAMPLIN, Russell N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia. vol. 6. São Paulo:
Candeia, 1991, p. 413ss.
153 Há, evidentemente, outros atributos incomunicáveis de Deus. Aqui, destaquei apenas aqueles
que considerei estarem mais em estreita relação com o assunto abordado. Para mais sobre
atributos comunicáveis e incomunicáveis, veja: GRUDEM, Wayne A. Teologia Sistemática.
São Paulo: Vida Nova, 1999, pp. 105-164.
154 GEISLER, 2002, p. 814.
155 CAMPOS, Heber Carlos de. O Teísmo Aberto: um ensaio introdutório. Revista Fides Refor-
mata IX. ano 9, nº 2, 2004, p. 29.
156 CAMPOS, 2004, p. 30.
914 | R O N E Y C O Z Z E R
915
teológica pode ser vista como uma forma exagerada da compreensão sobre a ima-
nência de Deus na História.159 Incluir Deus nos eventos naturais da forma como
fazem os teólogos do Teísmo Aberto é uma maneira reducionista de compreensão
da divindade em sua relação com os homens. Se por um lado o Deísmo extrapola
no que tange à transcendência divina, colocando Deus totalmente indiferente e
distante dos seres criados, a Teologia do Processo160 acaba por incluí-lo demais.
A Bíblia é clara ao revelar que Deus é imanente e transcendente. O Teísmo
cristão clássico reconhece que Ele não se confunde com sua criação e com os seres
criados, mas que se relaciona com sua Criação e que ela anuncia Sua grandeza:
“Os céus declaram a glória de Deus; o firmamento proclama a obra das suas
mãos. Um dia fala disso a outro dia; uma noite o revela a outra noite. Sem discur-
so nem palavras, não se ouve a sua voz” (Sl 19.1-3). Deus é revelado na literatura
profético-bíblica como Aquele que anuncia o futuro ainda no passado: “Vejam!
As profecias antigas aconteceram, e novas eu anuncio; antes de surgirem, eu as de-
claro a vocês” (Is 42.19; cf. também Is 41.22,23; 48.3; Ap 1.19). Ainda nos livros
proféticos por vezes as nações são tratadas como estando sob o total controle de
Deus, de modo que suas movimentações estão a cumprir, na verdade, os desígnios
divinos (cf.: Jr 31.10; Ag 2.7).
Existe ainda a afirmação de que o Teísmo Aberto seria uma espécie de
variante do Arminianismo. Na verdade, o próprio Clarck H. Pinock, um dos
principais defensores do movimento, afirma isso de maneira categórica.161 Mas
mesmo autores de matriz reformada, como Campos (2004), aqui supracitado, re-
conhecem que se trata de um arminianismo “levado às últimas consequências”.162
159 Cf. GRENZ, Stanley J. OLSON, Roger E. A Teologia do século 20 e os anos críticos do
século 21: Deus e o mundo numa era líquida. Trad.: Susana Klassen. São Paulo: Cultura
Cristã, 2013.
160 É importante destacar que a Teologia do Processo, propriamente dita, é anterior ao Teísmo
Aberto. Esta última teologia é na verdade uma derivação daquela. Todavia, o Teísmo Aberto
segue na mesma trilha da Teologia do Processo no que tange à compreensão quanto à relação
de Deus com a criação.
161 PINOCK, Clarck H. Open theism: what is this? A new teching? In: CAMPOS, 2004, p. 33.
162 CAMPOS, 2004, p. 33.
916 | R O N E Y C O Z Z E R
163 ALMEIDA, Abraão de. Teologia Contemporânea: a influência das correntes teológicas e
filosóficas na igreja. ed. amp. Rio de Janeiro: CPAD, 2012, pp. 115-17.
917
CONCLUSÃO
O teólogo pentecostal Russel E. Joyner (1996), mais uma vez aqui citado,
comenta que nosso conhecimento de Deus “[...] não deve basear-se em pressupo-
sições a respeito Dele, ou em como gostaríamos que Ele fosse. Pelo contrário: de-
vemos crer no Deus que existe, e que optou por se revelar a nós através das Escri-
turas”.165 O grande e mais perigoso problema dessas teologias ou falsos evangelhos
presentes em nossos dias é justamente o fato deles comprometerem seriamente a
maneira como entendemos Deus e, por conseguinte, como nos relacionaremos
com Ele. A solução para este desafio, no entanto, está em que a Igreja Brasileira
retorne às fontes antigas e salutares da Palavra de Deus. Na revelação simples da
Palavra de Deus a respeito do Criador, de Seu Filho e do Espírito Santo. E que
possamos, cada vez mais, conformar nossa vida e caráter ao Verbo da vida que
encarnou (Jo 1.14), o Senhor Jesus Cristo, produzindo assim uma Teologia que
seja eminentemente prática e que traga resultados saudáveis para a Igreja, para a
sociedade e para nós mesmos. Amém.
164 LOPES, Augustus Nicodemus. O ateísmo cristão e outras ameaças à Igreja. São Paulo:
Mundo Cristão, 2011.
165 JOYNER in: HORTON, 1996, p. 125.
918 | R O N E Y C O Z Z E R
E S BO Ç O 31
INTRODUÇÃO
166 Jesus precisa ser adequadamente entendido, através do ensino neotestamentário. Sua vida e
obra tem um objetivo claro e que é claramente refletido pelos evangelistas (cf.: KÜMMEL,
Werner George. Introdução ao Novo Testamento. Trad.: Paulo Feine. Johannes Behm. 17ª
ed. São Paulo: Paulus, 1982, p. 35,36). Mas não é preciptado perceber no Novo Testamento,
assim também como no Antigo, elementos de Liderança. Encontramos Liderança na Bíblia e
919
em Jesus; evidentemente, não como conhecemos essa disciplina atualmente, mas em essência
sim.
167 HOLIDAY, Ryan. O ego é seu inimigo. Trad.: Andrea Gottlieb. Rio de Janeiro: Intrínseca,
2017, p. 21.
168 ABRAMOVIC, Marina. apud: HOLIDAY, 2017, p. 20.
920 | R O N E Y C O Z Z E R
O mesmo autor conclui, contudo, alertando para o fato de que o ego “[...]
é uma solução de curto prazo com uma consequência de longo prazo”.170 E esta é
uma verdade que se aplica muito bem a muitas de nossas igrejas que penam sob o
fardo de lideranças desatualizadas, descontextualizadas e insensíveis às necessida-
des de uma época com as suas especificidades.
O assunto aqui abordado é espinhoso. Mesmo assim, cônscio dos riscos
que me cercam e das alcunhas que poderei receber por ousar abordá-lo da manei-
ra franca como faço aqui, ainda assim quero assumir este risco. É necessário voltar
ao modelo de Jesus e seguir seu exemplo de liderança, liderança que cuidava de
pessoas, que envolvia pessoas e as preparava para gerar outros líderes, como vere-
mos a seguir.
921
CONCLUSÃO
172 Repare nesta passagem que Jesus faz a multidão assentar ao chão (uma forma de organização)
e após a multiplicação dos pães e peixes, os pedaços que sobraram foram recolhidos pelos
discípulos (uma forma de aproveitamento).
922 | R O N E Y C O Z Z E R
E S BO Ç O 32
INTRODUÇÃO
Um passo de grande importância que precisa ser dado por todo líder cris-
tão é reconhecer o seu próprio tempo. O que mais ouvimos em nossas igrejas são
líderes contando histórias de tempos passados como se elas de algum modo fos-
sem repetir-se. É claro que “olhar para trás” é necessário e a História nos oferece
lições preciosas, mas é preciso entender que cada época tem suas características
923
173 ANDERSON, Perry. As origens da Pós-modernidade. Trad.: Marcus Penchel. Rio de Janei-
ro: Zahar, 1999, p. 09.
174 ANDERSON, 1999, p. 10.
175 Expressão que possivelmente aponte mais para o aspecto ideológico.
924 | R O N E Y C O Z Z E R
925
926 | R O N E Y C O Z Z E R
mesmo e querem que permaneça sempre assim. Mas o fato é que os tempos mu-
daram e requerem revisão de nossas estruturas institucionais, de nossas homilias,
de nossas estratégias e de nossa forma de comunicar o evangelho.
CONCLUSÃO
927
ESB O Ç O 33
INTRODUÇÃO
O tema família é muito caro para a Igreja. A família é uma instituição di-
vina, o que a coloca como digna de especial atenção.177 Diversas são as passagens
que falam sobre assuntos e personagens de modo direto ou indireto relacionados à
família. Nos dois primeiros capítulos de Gênesis encontramos as narrativas sobre a
criação do primeiro casal. Os capítulos 12 a 50 tratam das vidas dos patriarcas dos
antigos hebreus, Abraão, Isaque, Jacó e José, sempre relacionados aos seus respecti-
vos contextos familiares, ainda que em contextos culturais bem distintos do nosso.
Chegando ao Novo Testamento, num cenário sociocultural muito dife-
rente daquele do Antigo Testamento, o tema “família” continua tendo lugar de
importância no pensamento e na reflexão teológica cristã. Textos como este de
Efésios 5, usado para embasar este esboço, são recorrentes nas epístolas e tam-
bém nos Evangelhos encontramos alusões à família.178 Chegando ao século 21,
176 Bíblia Sagrada: Nova Versão Transformadora. São Paulo: Mundo Cristão, 2016, Efésios
5.21,22,25,26.
177 Devemos lembrar também que a família é tema importante em Sociologia, disciplina que a
reconhece como uma instituição de base, isto é, que está na base da constituição social.
178 No Novo Testamento, temos Jesus entrando na casa de algumas pessoas como em Lucas
19.1-10, Paulo escrevendo sobre a relação entre pais e filhos em Efésios 6.1-4 e o encontra-
928 | R O N E Y C O Z Z E R
mos ainda fazendo referência a famílias, como em Romanos 16.10,11; também o autor da
Epístola aos Hebreus adverte contra o adultério e exalta o matrimônio em 13.4.
929
A vida a dois requer prestação de contas, do homem para com sua esposa
e da mulher para com seu esposo. Isto não deve ser confundido, é claro, com
controle obsessivo, doentio, paranoico, que desgasta e fragiliza a relação a dois.
Longe disso, a prestação de contas no casamento pode ser encarada como uma
verdadeira bênção. Uma vida não “fiscalizada” está fadada a seguidos fracassos. A
prestação de contas, isto é, o feedback constante entre o casal, é fundamental para
que juntos possam fazer as melhores escolhas e traçar as melhores linhas de ação.
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As horas que passamos a sós com o Senhor servem não apenas ao nosso enri-
quecimento espiritual, mas o fato de silenciarmos nossa agenda concorrida para es-
tar à parte com Ele, permite que ouçamos a voz do Espírito Santo nos reorientando
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em muitas ações e questões de nossas vidas. E acima de tudo, a vida devocional nos
conduz para mais perto de Deus, tornando assim nosso coração propício a que Ele
habite em nós ricamente. F. B. Meyer (2002) narra um interessante episódio: “Con-
ta-se que certa vez, quando um cirurgião estava sondando o peito de um velho sol-
dado agonizante, que pertencia ao exército de Napoleão, à procura da bala fatal, o
homem disse ao médico: ‘Se aprofundar mais o corte, encontrará o Imperador’”.179
179 MEYER, F. B. Comentário bíblico F. B. Meyer. 2ª ed. Trad.: Amantino Adorno Vassão. Belo
Horizonte: Betânia, 2002, p. 209.
180 A Janela de Johari é um conceito desenvolvido por dois psicólogos na década de 1950, cha-
mados Joseph Luft e Harry Ingham. A palavra “Johari” é a junção das iniciais dos primeiros
nomes dos dois. A palavra “janela” é um ponto de comparação com as janelas de casas em
que há divisões onde se encaixam os vidros, e no conceito refere-se à áreas do comportamento
humano, percebidos e não percebidos pelo próprio sujeito. A Janela de Johari é pensada em
relação ao comportamento do indivíduo e de grupos e, por isto mesmo, muito utilizada no
contexto corporativo e nas reflexões sobre Liderança. A Janela de Johari define quatro áreas
do comportamento a serem consideradas: a área aberta, a área fechada ou secreta, a área cega
e a área desconhecida. Na área aberta estão aqueles comportamentos conhecidos pela própria
pessoa e por outras que a cercam. Na área fechada estão aqueles comportamentos que o indi-
víduo ve em si mesmo mas oculta dos outros. Na área cega estão aqueles que não são percebi-
dos pelo próprio indivíduo, mas que são notados pelas outras pessoas que o cercam. Na área
desconhecida residem aquelas características e fatores que nem o sujeito e nem as pessoas que
o cercam percebem. Quando o sujeito se abre ao feedback em um desses quadrantes, outros
são afetados. Por exemplo, quando a pessoa se abre à exposição e ao feedback externo, sua área
cega tende a diminuir e sua área aberta tende a aumentar.
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181 Para uma breve análise a respeito da contribuição do conhecimento dos quatro tempera-
mentos na Educação, cf.: RODRIGUES, Márcia Regna Silva. CORREIA, Murilo Flores. A
contribuição da teoria dos quatro temperamentos para a educação: valorizando a indivi-
dualidade nas salas de aula. Disponível em: <http://www.profala.com/arteducesp181.htm>
Acesso em 17 mai. 2019.
933
2.3.1 Colérico
182 RODRIGUES, Márcia Regna Silva. CORREIA, Murilo Flores. A contribuição da teoria dos
quatro temperamentos para a educação: valorizando a individualidade nas salas de aula.
Disponível em: <http://www.profala.com/arteducesp181.htm> Acesso em 17 mai. 2019.
183 Vale destacar aqui que nenhuma pessoa tem apenas um temperamento. Ainda que o normal
seja um dos quatro temperamentos prevalecerem, o indivíduo sempre terá um pouco dos
outros também, podendo apresentar traços de todos eles (cf.: LAHAYE, Tim. Temperamento
controlado pelo espírito. São Paulo: Edições Loyola, 1991, p. 20).
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como para outras pessoas”.184 Geralmente é insensível e gosta de tudo para on-
tem... Mas suas qualidades quando bem exploradas muito podem contribuir num
projeto coletivo, por exemplo. No casamento, o cônjuge colérico pode assumir
uma postura motivadora, impulsionadora, animadora.
2.3.2 Sanguíneo
2.3.3 Melancólico
935
2.3.4 Fleumático
Tende a ser equilibrado, calculista, coerente, frio e para ele, a vida “[...] é
uma experiência feliz, serena e agradável na qual tenta envolver-se o mínimo pos-
sível”.187 Em posições de gestão e liderança, o fleumático tende a ser muito produ-
tivo e bem sucedido. No casamento, é importante que ele trabalhe suas emoções
e sua postura, pois ele tende a mais sentir as emoções do que a demonstrá-las, o
que pode ser ruim para a relação. Essa frieza típica do fleumático, boa em alguns
contextos, pode ser devastadora para suas relações pessoais.
CONCLUSÃO
Naturalmente, muito mais poderia ser dito aqui a respeito da vida a dois,
do casamento, mormente na perspectiva bíblica. Buscou-se um diálogo com ou-
tras fontes de conhecimento a fim de se produzir um texto que apresente assim
contribuições possíveis, mas partindo da compreensão básica de que o casamento
continua sendo uma instituição vital à sociedade, à constituição de famílias sau-
dáveis e também para a construção de igrejas sadias.
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PAR A E STU DA N T E S E
PE S QU ISAD O RE S DE T E OL OGI A
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