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PERINI, Mário A.

Sofrendo a Gramática (a matéria que ninguém aprende) in:


Sofrendo a Gramática. 3ª edição, São Paulo: Ática, 2001.

Neste texto intitulado como Sofrendo a Gramatica – a matéria que ninguém


aprende , Perini fala a respeito do ensino da gramatica e sobre como ela é indesejada na
visão de muitos. Procurando uma resposta para tamanha rejeição , o autor fala que
existe “com certeza algum fator de repugnância associado a essa disciplina” (PERINI,
2001, p.47). Segundo o autor tal repugnância esta relacionado com ensino e
aprendizagem da gramatica ; que resulta em discussões de professores, alunos e pais
sobre a retirada do ensino gramatical, mas o que é preocupante mesmo é a baixa
procura pela profissão do gramatico e que tem alunos que chegam até mesmo no
terceiro colegial, mesmo estudando as classes das palavras, continua não sabendo de
nada sobre as regras gramaticais, onde destaca:

Não vou dizer que tenho aqui no bolso o santo remédio


que vai efetuar a cura. Mas tenho sugestões que, me
parece, vele de experimentar. Pior, pelo menos, não pode
ficar; e talvez o paciente melhore. E com isso, quem sabe,
diminuiremos um pouco o sofrimento de alunos e
professores (sim, professores também), possibilitando a
eles estudar gramatica sem esse sentimento de frustração,
inutilidade e finalmente ódio que tantos experimentam.
(PERINI, 2001, p.49)

Perini então apresenta o seu diagnostico: vou dizer o que, na minha opinião, está
errado com o ensino de gramatica.”(PERINI, 2001, p. 49). Segundo o autor, o que esta
errado, poderia ser compreendido por três falha que ocorre no ensino e aprendizagem da
gramatica: O primeiro seus objetivos estão mal colocados, como por exemplos alguns
professores acham que é pela gramatica que o aluno irá escrever e ler melhor, segundo
Perini saber gramatica não é garantia de ler e escrever melhor:

Quando justificamos o ensino de gramática dizendo que é


para que os alunos venham a escrever (ou ler, falar)
melhor, estamos prometendo uma mercadoria que não
podemos entregar. Os alunos percebem isto com bastante
clareza, embora talvez não possam explicitar; e esse é um
dos fatores de descredito da disciplina entre eles.
(PERINI, 2001, p. 50-51)

A segunda falha para Perini, é a metodologia adotada é seriamente inadequada,


pois invés de ser metodologia, deveria retratar atitudes diante da disciplina; Tais como
regras que são impostas, sem explicação nenhuma dos porquês de cada regra, isto é, não
há preocupação em mudar a forma de trabalhar em relação aprendizagem e reflexão.
Para Perini, tem que mostrar as diferentes formar que a língua oferece, quando falantes,
mas para isso é preciso que os professores tomem atitudes diante do ensino.

Em gramatica, as coisas costumam ser diferentes. O


professor diz que o futuro do subjuntivo do verbo, ver é
quando eu vir etc.: assim, “devemos” (ou “deveríamos”)
dizer quando eu te vir amanha... O aluno sabe muito bem
que ninguém fala assim; todos dizemos quando eu te
ver... Em outras palavras, o que o professor está
ensinando não bate com o que se observa na realidade. Se
um aluno perguntar por que o professor esta dizendo que
a forma é quando eu vir, a resposta(se houver resposta)
será que é assim que é certo.”(PERINI, 2001, p. 51)

E por ultimo, o autor fala sobre a necessidade de organização logica, pois há


contradições em suas referencias; e que é preciso redefinir a disciplina e “reconhecer de
vez que estudar gramática não é um dos meios (muito menos o meio) de se chegar a ler
e escrever melhor. A gente aprende a escrever escrevendo, lendo, relendo e
reescrevendo; foi assim que o Verissimo chegou lá.”(PERINI, 2001, p. 54 – 55). Pois a
gramatica é muito mais que ler e escrever melhor, segundo Perini a gramatica é o
conhecimento da linguagem que possibilita comunicação com seus semelhantes. Então
para o autor é preciso uma elabora patronizado da gramatica da Língua Portuguesa, que
tenha responsabilidade e objetividade para os fatos gramaticais; sustentação e coerência
em seus conceitos.
Diante disso Perini, trás sugestões para o ensino da gramática; o primeiro passo
para o autor seria redefinir a matéria enquanto componente curricular para que as
“definições sejam compreensíveis e que sejam respeitadas em todo o trabalho”
(PERINI, 2001, p.56)

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