Você está na página 1de 4

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ - UESC

UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL - UAB

ATIVIDADE 3

Curso: Pedagogia Pólo Ilhéus

Disciplina: Fundamentos e Metodologia do Professor: Raildes Pereira Santos


Ensino da Língua Portuguesa
Data da
Aluno (a): 30.06.2019
postagem:

INSTRUÇÕES:

A) A atividade 3 consiste em elaborar estratégias para o ensino de gramática, a partir de


textos produzidos pelos alunos.
B) A atividade poderá ser realizada em trio. APENAS UM COMPONENTE POSTA.
C) Para a elaboração da atividade, é necessária a leitura prévia dos textos a seguir.

TEXTO 01
O uso da expressão “prática análise linguística” não se deve ao mero gosto por novas
terminologias. A análise linguística inclui tanto o trabalho sobre as questões tradicionais da
gramática quanto questões amplas a propósito do texto, entre as quais vale a pena citar:
coesão e coerências internas do texto; adequação do texto aos objetivos pretendidos;
análise dos recursos expressivos utilizados (metáforas, metonímias, paráfrases, citações,
discursos direto e indireto, etc,); organização e inclusão de informações; etc.
Essencialmente a prática de análise linguística não poderá limitar-se à higienização do
texto do aluno em seus aspectos gramaticais e ortográficos, limitando-se a ‘correções’.
Trata-se de trabalhar com o aluno o seu texto para que atinja seus objetivos junto aos
leitores a que se destina.
O objetivo essencial da análise linguística é a reescrita do texto do aluno. Isso não exclui,
obviamente, a possibilidade de nessas aulas o professor organizar atividades sobre o tema
escolhido, mostrando com essas atividades os aspectos sistemáticos da língua portuguesa.
(GERALDI, João Wanderley. Unidades básicas do ensino de português. In: GERALDI, João
Wanderley (Org.) O TEXTO NA SALA DE AULA. São Paulo: Ática, 1997, p. 74).

TEXTO 02

A maior parte do tempo e do esforço gastos por professores e alunos durante o processo
escolar, na assim chamada aula de língua portuguesa, é destinada ao aprendizado da
metalinguagem de análise da língua, com alguns (e esporádicos) exercícios de língua
propriamente ditos. No entanto, uma coisa é saber a língua, isto é, dominar as habilidades
de uso da língua em situações concretas de interação, entendendo e produzindo
enunciados adequados aos diversos contextos, percebendo as dificuldades entre uma
forma de expressão e outra. Outra coisa é saber analisar uma língua, dominando conceitos
e metalinguagens a partir dos quais se fala sobre a língua, se apresentam suas
características estruturais e de uso.
GERALDI, João Wanderley. Prática da Leitura na Escola. In: __. O texto na sala de aula.
São Paulo: Ática, 1997, p. 88-89.

TEXTO 03

Sabe-se, no entanto, que tal sistematização não se dá, na prática de sala de aula, de forma
tão sistemática. O simples manuseio de alguns livros didáticos, ou de materiais alternativos
produzidos para substituí-los, nos mostra que a sequência em que são trabalhados tais
conteúdos gramaticais dificilmente permitirá, ao final de oito anos de estudos, que o aluno
tenha um quadro sinóptico de ao menos uma proposta gramatical. O conteúdo é
distribuído, nas diferentes séries, de uma forma tão irracional que a uma lição sobre o
plural de substantivos compostos pode se seguir uma lição de análise sintática. Qual é,
então a sistematização que se oferece à reflexão prévia do estudante? Tratar-se-ia de uma
sistematização a cada vez local? Por conta de quem ficaria, então, a construção de uma
visão geral da teoria gramatical estudada? Por conta do estudante?
(GERALDI, João Wanderley. Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação.
Campinas, SP: Mercado das Letras 1996, p. 121).

EXEMPLO DE ANÁLISE LINGUÍSTICA: ENSINO DA ORTOGRAFIA


Como se sabe, o fonema /S/ pode ser grafada, em português, ora com x, ora com ch. São
clássicos os exemplos de palavras homófonas Xá/chá, xeque/cheque, xarada/charada. Todos
nós, professores, já convivemos com as dificuldades de alunos, às vezes de séries avançadas do
1º grau, em relação à grafia correta de palavras como enxergar/enchergar,
encharcado/encharcado, exame/enchame,enxoval/enchoval, enchente/enchente,
enxarcado;encharcado. Registro aqui uma experiência de sala de aula em que os alunos, passo
a passo, foram tentando construir uma regra prática para resolver suas dúvidas:
a) face à ocorrência, em textos dos alunos, de uma ambiguidade ortográfica em palavras
como enxergar/enchergar, enxada/enchada, enxame/enchame, foi lhes feita a proposta de
estabelecer, diante de tais exemplos, quando deveria ser ch ou x. A primeira resposta dos
alunos foi o estabelecimento da seguinte regra:
a’) sempre que há um n antes, usa-se x.
b) diante de tal regra, a professora acrescentou à lista de palavras problemáticas, mais
alguns itens lexicais, como gancho, rancho, inchume. Novos dados, os alunos
reformularam sua regra para b’) sempre que há en antes, usa-se x.
c) novamente a professora somou aos dados novos itens lexicais, como enchente,
encharcado, encherão. Surpreendentemente, os alunos estabeleceram a seguinte regra,
novos dados:
c’) sempre que há en antes, usa-se x, menos quando já existe a palavra, antes, escrita
com ch.
Solicitados a explicar a regra, os alunos disseram que enchente vem de cheio, encharcado vem
de charco e encherão vem de encher que quer dizer “deixar cheio”.
Mais do que a aplicabilidade geral da regra formulada (há, no mínimo, uma exceção, enchova –
aliás, a única que conheço), importa considerar o processo de trabalho, em que os alunos, a
partir de uma dificuldade real, foram postos diante de dados para com eles elaborar uma reflexão
sobre uma questão, muito específica, da língua portuguesa. Obviamente, esta primeira reflexão
ofereceu a oportunidade para o estudo de processos de formação de palavras, já que os alunos
fizeram uso de seu conhecimento implícito a propósito, fazendo menção à derivação na regra
que formularam.
(GERALDI, João Wanderley. Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação.
Campinas, SP: Mercado das Letras 1996.
ATIVIDADE ASER REALIZADA

QUESTÃO (Valor 10,0 pontos). Tomando os textos teóricos 1, 2 e 3; assim como o


exemplo de análise linguística acerca de uma questão de ortografia, escolha um texto
dentre os que estão sendo apresentados a seguir e faça o seguinte:

1. Identifique, nos textos, as implicações de ordem linguísticas, textuais e discursivas,


conforme os elementos para prática de análise linguística apresentados a seguir:
 Ortográfica – erros de grafia de palavras que apresentam regularidade devido ao
mesmo radical (ex. pesquisa/pesquisador) e também certas alterações relativas ao
contexto silábico (coragem/corajoso);
 Morfossintática – problemas de concordância verbal, comuns, por exemplo, com
sujeito posposto, distante do verbo;
 Textual – problemas de coesão/coerência, por ambiguidades indesejadas,
organização sintática inadequada e/ou por mau uso de operadores argumentativos
(preposições, conjunções e locuções conjuntivas; certos advérbios e adjuntos
adverbiais, como assim, agora; logo depois) etc.;
 Discursiva – uso inadequado de vocabulário em relação à orientação argumentativa
do texto (referir-se a adolescentes infratores como “bandidos” num texto que
argumente serem eles vítimas de causas sociais), inadequação do grau de
formalidade ao gênero (formal ou informal demais) etc.
(MENDONÇA, Márcia. Análise linguística no ensino médio: um novo olhar, um outro
objeto. In: BUZEN, Clécio, MENDONÇA, Márcia (Organizadores). KLEIMAN, Ângela
B. [et al.] Português no ensino médio e formação de professor. São Paulo:
Parábola, 2006, p. 215.).

2. Após a identificação dos fenômenos gramaticais, textuais e discusivos que


apresentam problema na construção dos textos, escolha dois ou três, a saber:
ortografia, ensino de vocabulário, textual: coesão, coerência, morfossintaxe: classes
de palavras, dentre outros.
3. Elabore uma aula de ensino de análise linguística, abordando os fenômenos
escolhidos.
4. Descreva as atividades propostas.
5. Estabeleça objetivos para as atividades propostas.
6. Como as atividades serão avaliadas?
7. A atividade não poderá se basear em uma simples correção do texto.

TEXTOS PARA ANÁLISE


TEXTO 1
A luta pelo primeiro emprego
(Texto produzido por aluno)
Um menino sai pela manhã em busca de emprego – nas empresas que ele foi,
perguntaram: se tinha 2º grau completo, experiência no emprego, se tinha curso de
computação e se tinha idade adequada para o cargo. Respondeu:
Que só tinha o 1º grau e não havia trabalhado, antes.
A secretária falou que não havia sido classificado para o emprego, pois muito
desepcionado Luiz foi em outras empresas com nenhuma esperança de conseguir um
emprego. Então até que um certo dia conseguiu um emprego de auxiliar de serviços
gerais mas desistiu pois seu patrão não assinava carteira então passou a procurar
novamente. Então saiu de casa de madrugada foi abordado por ladrões pois queriam
acertar algumas dívidas. Novamente no outro dia foi pego com 100 gramas de crack.
Foi preso pegando à pena de 96 anos, só cumprindo apenas 35 anos, sendo
abordado depois de alguns meses de liberdade por policiais federais, pois foi preso com
um carro robado dentro do porta malas havia uma mulher assassinada.
Isso foi que lhe manteu durante muitos anos na prisão. Pois o sonho de Luiz de
conseguir um emprego fixo acabou atrás das grades.
Ajudando na prisão.
(PRESTES, Maria Luci de Mesquita. LEITURA E (RE)ESCRITURA DE TEXTOS:
subsídios teóricos e práticos para o seu ensino. São Paulo: Rêspel, 1999, p.49-50).
TEXTO 2
Um passeio em Portugal
(Texto produzido por aluno)
Havia um concurso do Domingão do Faustão e que bastava dizer como era o nome
do primeiro Ministro da econômia, escrevi e ganhei o concurso.
Ganhei uma passagem de avião para Portugal com acompanhante.
Levei como acompanhante meu pai e lá estava eu preparado para entrar no avião
me deu um frio na barriga, porque era minha primeira viajem de avião.
Minha poltrona era perto da janela, encarei o medo e segui viajem, a viajem foi
tranquila.
Cheguei em Lisboa, fomos direto para o hotel. Ao anoitecer, comecei à admirar as
grandes obras de arte e depois fui dormir.
Ao amanhecer vi o pôr do Sol, depois fui ver as atrações turísticas que a cidade
oferecia; fiquei encantado com as maravilhas que vi. Logo após fomos a um restaurante
para almoçar. A comida era ótima. E depois fui para o hotel.
No outro dia fomos ao shoping center. Lá comprei muitas diversões e logo as horas
foram passando e eu já tinha que ir embora.
Fui até o hotel pegar as bagagens para irmos ao aero porto.
Na viajem de volta encontramos uma atriz a Cláudia Raia, que nos deu um
autógrafo e seguimos viajem ao chegar em casa contei como foi a viajem para meus
amigos.
(PRESTES, Maria Luci de Mesquita. LEITURA E (RE)ESCRITURA DE TEXTOS:
subsídios teóricos e práticos para o seu ensino. São Paulo: Rêspel, 1999, p.47-48).

Você também pode gostar