Que história de Arte Educação queremos fazer hoje?
Uma história em que a escola e o professor mude seus modos de
pensar, trazendo materiais presentes na realidade dos alunos, mas também trazendo os conhecimentos artísticos culturais produzidos ao longo da evolução da humanidade, para que os alunos possam apreciá- los, analisá-los e fazer suas críticas. Para que possam discutir, trocar ideias e experiências.
Uma história que promova o encontro com outras culturas, outros
padrões estéticos, outras linguagens, a fim de desenvolver nas crianças uma criatividade única, individual, diferente. A fim de despertar nelas o interesse pelas artes e fazê-las compreender sua importância.
Uma história que promova uma arte educação de qualidade, sem
distinção de classes ou etnias. Que recupere a história da arte e a história do Ensino da Arte, a fim de compreendermos as práticas do passado e aprendermos com elas, para sabermos o que é preciso mudar de acordo com as necessidades e interesses da sociedade de hoje.
Pois para sermos professores de Arte temos que conhecer arte, querermos apreciá-la e estarmos dispostos a experimentar suas novas formas de existir.
Objetivos e práticas da Arte Educação na História da Educação Brasileira
No início do século XX:
Além do desenho nos moldes europeus, disciplinas como Trabalhos Manuais, Música e Canto Orfeônico faziam parte dos programas de escolas primárias e secundárias; Valorizava-se o domínio das técnicas de desenho; Ao professor cabia o papel de transmissor de conhecimentos; Reproduziam-se modelos e padrões estéticos da Europa. No contexto da Escola Tradicional:
Atender à demanda de preparação e habilidades técnicas e gráficas;
O desenho era considerado a base de todas as artes e tinha por objetivo desenvolver habilidades técnicas e o domínio da racionalidade, apresentando-se no sentido utilitário de preparação técnica para o trabalho; As atividades eram fixadas pela repetição; As relações professor aluno eram autoritárias, o professor era o centro; O conteúdo era desvinculado da realidade social e não considerava as diferenças individuais.
No contexto da Escola Nova:
Enfatiza a expressão e a criação do aluno;
Pretendia oferecer todas as condições para que o aluno pudesse produzir, expressando criativamente; O aluno deveria aprender a fazer fazendo; Com o passar do tempo tornou-se uma prática do “fazer pelo fazer”.
No contexto da Escola Tecnicista:
O desenho técnico é o ponto central do ensino da arte;
Objetiva a preparação profissional; Valoriza-se o “saber construir”; Adere-se ao uso de sucatas e materiais descartados pela sociedade nas produções dos alunos; Não há compromisso com o conhecimento ou com as linguagens artísticas existentes. Determinantes socioculturais e importantes eventos artísticos e culturais que influenciaram a Arte e o Ensino da Arte no Brasil
Criação da Escola de Belas Artes no Rio de Janeiro no século XIX e a
presença da Missão Francesa; Semana de Arte Moderna de 1922; Criação de Universidades nos anos 30; Surgimento das Bienais de São Paulo a partir de 1951; Movimentos Universitários ligados à cultura popular nas décadas de 50 e 60, da contracultura nos anos 70; Criação de Pós-Graduações em Ensino de Arte e a mobilização dos profissionais de Arte Educação nos anos 80.
Influências socioculturais sobre o Ensino da Arte no Brasil
Princípios do Liberalismo, Positivismo, Experimentação Psicológica
(anos 50 e 60); O tecnicismo da Era Industrial (anos 70); Movimentos de organização de Educadores, inclusive com as discussões sobre a obrigatoriedade do Ensino da Arte nas escolas (anos 80); Novas concepções estéticas e tendências da Arte contemporânea (no decorrer do século XX); Debates sobre os novos conceitos e metodologias no Ensino da Arte, tomando com base o Ensino da Arte em países como Espanha, França, Portugal e Estados Unidos, que culmina com a elaboração dos PCN’s – Parâmetros Curriculares Nacionais.