Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Poemas Severo Sarduy
Poemas Severo Sarduy
Rothko
(A Andrés Sánchez Robayna)
Rothko
(A Andrés Sánchez Robayna)
Morandi
Uma lâmpada. Um copo. Uma garrafa.
Sem outra utilidade nem premência
que estar aí, que dar à consciência
um suporte casual. Que traço grafa
o gesto que uma acende e os outros usa
para beber? Tudo foi clareado
ou coberto de cal e nada acusa
abandono, descuido nem cuidado.
Morandi
Una lámpara. Un vaso. Una botella.
Sin más utilidad ni pertinencia
que estar ahí, que dar a la consciencia
un soporte casual. Mas no la huella
§
Severo Sarduy sentado en un sillón – fonte:
Inst. Cervantes
.
Como el bailarín de teatro no
Como el bailarín de teatro no
que detiene cada gesto
para mostrarlo en la escena quieta
y detiene el debujo de gestos
para suspenderlo en una historia
quieta sin desenlace
así la corriente de palabras
empieza a circular detenida
lentamente habitada el teatro
puebla la escena
con letras
se coloca en su papel
– Severo Sarduy [tradução Claudio Daniel]. em “Jardim de camaleões: a poesia
neobarroca na América Latina”. [organização, seleção e notas Claudio Daniel; tradução
Claudio Daniel, Luiz Roberto Guedes e Glauco Mattoso]. São Paulo: Editora
Iluminuras, 2004.
§
ideogramas brancos
teu corpo, um mapa negro
.
firmarte la cabeza
cubrirte los pies de yeso
flores de oro en las manos
ojos egipcios en el pecho
ideogramas blancos
un mapa negro tu cuerpo
Chuvas de algodão
Chuvas de algodão
neves de espuma
lágrimas de perfume
têm reservado
seu momento de queda
na memória da contra-regra.
E no texto do ponto
um cemitério clandestino
de palavras alinhadas
em seus iguais (os ecos) as atrizes
confiam refletidas renascer
.
Lluvias de algodón
Lluvias de algodón
nieves de espuma
lágrimas de perfume
tienen reservado
su momento de caída
en la memoria del utilero.
Y en el libreto del apuntador
un comentario clandestino
de palabras alineadas
en sus iguales los ecos las actoras
confian reflejadas renacer
– Severo Sarduy [tradução Claudio Daniel]. em “Jardim de camaleões: a poesia
neobarroca na América Latina”. [organização, seleção e notas Claudio Daniel; tradução
Claudio Daniel, Luiz Roberto Guedes e Glauco Mattoso]. São Paulo: Editora
Iluminuras, 2004.
Morandi
Uma lâmpada. Um copo. Uma garrafa.
Sem outra utilidade ou pertinência
que estar ali, que dar à consciência
um casual pretexto, mas não grafa
Morandi
Una lámpara. Un vaso. Una botella.
Sin más utilidad ni pertinencia
que estar ahí, que dar a la consciencia
un soporte casual. Mas no la huella
del hombre que la enciende o que los usa
para beber: todo ha sido blanqueado
o cubierto de cal y nada acusa
abandono, descuido ni cuidado.
Orquestra tântrica
Cootie Williams no trumpete-fêmur.
Joe Nanton no trombone: para obter um bom wa-wa
dente de ouro na boca de cobre
Johnny Hodges no sax alto: um grande lama, sim senhor. Que outro
poderia expulsar pela boca
o ar respirado por todo o ano?
Harry Carney no sax barítono, um grande lama, sim senhor. Que outro
poderia expulsar por todo um ano
o ar aspirado pela boca?
Sonny Greer na batera: os tamborins:
crânios de criança serrados pela metade
couro de iaque legítimo.
Duke no piano em chamas.
com o trombone de Benny Morton
e o trumpete de Dizzy Gillespie
apreciado por experts
com suor negro
droga
em um buraco de um barco
dança
em um barco de pás
outra vez fetiche
de tão sofisticada
muito ouro e arabescos duplos
de pedras e plumas incrustada deus
cubo de marfim pontos negros dado
um trumpete oxidado
.
Orquestra tântrica
Cootie Williams a la trompeta-fémur.
Joe Nanton al trombón: para obtener un buen wa-wa
orine en la boca de cobre
Johnny Hodges al sax alto: un gran lama, sí señor. Quién si no
podría expulsar por la boca
el aire aspirado por el ano?
Harry Carney al saxo barítono, un gran lama, sí señor. Quién si no
podría expulsar por el ano
el aire aspirado por la boca?
Sonny Greer al drum: los tamborines:
cráneos de niño serruchados por la mitad
cuero de yack legítimo.
Duke al piano em llamas.
con el trombón de Benny Morton
y la trompeta de Dizzy Gillespie
probado por expertos catadores
com suor negro
droga
en la cala de un barco
danza
en un barco de ruedas
otra vez fetiche
de tan sofisticada
tan de oro e dobles arabescos
de piedras y plumas incrustada dios
cubo de marfil puntos negros dado
una trompeta oxidada
– Severo Sarduy. ‘Big Bang’ (1974).. [tradução Joca Reiners Terron]. in: elson fróes,
13.12.2008.
Antologia (participação)
:: Jardim de camaleões: a poesia neobarroca na América Latina. [organização,
seleção e notas Claudio Daniel; tradução de Claudio Daniel, Luiz Roberto Guedes e
Glauco Mattoso; prefácio de Haroldo de Campos]. São Paulo: Editora Iluminuras, 2004.