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Carta

Centro de Ensino Médio 02 de Ceilândia

Professora Sônia Cotrim

www.professorasonia.combr
CARTA ARGUMENTATIVA:
DEFINIÇÃO E USOS

Há cartas que são escritas com o objetivo


declarado de apresentar argumentos em
defesa de um determinado ponto de vista.
São as chamadas cartas argumentativas.

ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M. Produção de texto: interlocução e gêneros. São Paulo: Moderna, 2006.
CARTA ARGUMENTATIVA:
DEFINIÇÃO E USOS

As cartas argumentativas se definem pela


apresentação articulada de informações,
fatos e argumentos que caracterizam
claramente a posição do autor.

ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M. Produção de texto: interlocução e gêneros. São Paulo: Moderna, 2006.
CARTA ARGUMENTATIVA:
DEFINIÇÃO E USOS

Interlocutor 1 Interlocutor 2
Autor da carta Destinatário da carta

 Educação básica 

Cidadão Ministro da Educação


CARTA ARGUMENTATIVA:
DEFINIÇÃO E USOS

Exemplo: Interlocutor 2
“Nem todos podem ter acesso à
Interlocutor 1 educação. E isso não é culpa
“A educação é para todos. “ do Governo.”

 Educação básica 
Idéias divergentes

Cidadão Ministro da Educação


CARTA ARGUMENTATIVA:
DEFINIÇÃO E USOS
Exemplo:

Interlocutor 1 Interlocutor 2
“Os jovens sabem utilizar a “Os jovens não sabem utilizar
internet. Não podemos de forma apropriada. Isso é
generalizar!” preocupante!”

 Jovem e internet 
Idéias divergentes

Cidadão Ministro da Educação


CARTA ARGUMENTATIVA:
CIRCULAÇÃO

As cartas argumentativas não costumam


circular publicamente. Uma exceção a essa
característica acontece quando, em lugar de
ser diretamente enviada ao interlocutor, a
carta é divulgada em algum veículo de
comunicação: jornal, revista etc.

ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M. Produção de texto: interlocução e gêneros. São Paulo: Moderna, 2006.
Cartas Argumentativas

• Carta argumentativa de reclamação e de solicitação

Carta argumentativa de reclamação

Carta argumentativa de solicitação

• Carta argumentativa do leitor


Carta de reclamação/ solicitação

• PRODUTOR DO TEXTO – alguém que sente lesado, que


se sente com direito de reclamar algo. Quando publicada
em jornal, pode acontecer do editor do jornal falar pelo
reclamante.
• DESTINATÁRIO – pessoa/ instituição que lesou o
reclamante;
• OBJETIVO: reclamar, reivindicar, exigir para conseguir o
que está sendo reivindicado. Intenção de resolver o
problema da vítima.
• CONTEÚDO - reclamações, queixas, denúncias contra
pessoas, empresas ou serviços públicos.
Nova Esperança, 20 de outubro de 2013.

À direção da empresa Motorola,

Sou cliente da empresa há três anos e sempre estive


satisfeito com a eficiência dos serviços prestados e com a
qualidade dos produtos oferecidos. No entanto, ao adquirir um
novo celular, observei que este apresenta uma grave falha técnica,
pois sua bateria descarrega em menos de vinte e quatro horas.
A assistência técnica autorizada informou-me de que não há
como solucionar o problema. Como o celular ainda está no
período de garantia, peço a troca do aparelho o mais rápido
possível.
Certo de poder contar com a eficiência e seriedade da
empresa, desde já, agradeço.

Atenciosamente,

Adriano Souza
CARTA DE LEITOR

• PRODUTOR DO TEXTO – alguém que deseja se posicionar frente a algum


assunto lido em revista, jornal ou site;

• DESTINATÁRIO – instituição de comunicação que publicou o assunto;

• CONTEÚDO - assuntos publicados;

• OBJETIVO – posicionar-se sobre o assunto publicado, questionar e/ou


parabenizar o órgão de comunicação;

• Em situação de vestibular, TODA carta deve ser redigida de acordo com a


estrutura tradicional (cabeçalho, corpo, despedida); exceto aviso no
comando.
Foz do Iguaçu, 28 de setembro de 2007.

À revista ISTOÉ,

Parabenizo a ISTOÉ pela reportagem. É preciso que esse


assunto entre na pauta da sociedade brasileira e que a
família brasileira reassuma o seu papel de reorientar os
jovens. O álcool se torna ainda mais perigoso diante da
hipocrisia de que “beber socialmente” é plenamente
aceitável.
O número de mortos dá uma clara medida de que pouco
ou nada se faz para evitar a tragédia.

Atenciosamente,

José Elias Neto


Carta Argumentativa
Resumindo

a) Expressa a opinião de alguém sobre determinado


assunto
b) Tem intencionalidade persuasiva.
c) Sua estrutura assemelha-se à da carta pessoal: data,
vocativo, corpo do texto (assunto), expressão cordial
de despedida e assinatura.
d) A linguagem adequa-se ao perfil do autor e do
indivíduo a que se destina, com predomínio do
padrão culto formal.
e) A intenção do autor vai gerar maior ou menor
pessoalidade. 15
Carta Argumentativa
f) Estrutura argumentativa:

introdução / desenvolvimento/ conclusão.

Logo, no primeiro parágrafo, você apresentará ao leitor o ponto


de vista a ser defendido;

Nos dois ou três subsequentes, (considerando-se uma carta de


20 a 30 linhas), serão encadeados os argumentos que o
sustentarão;

E, no último, será reforçada a tese (ponto de vista) e/ou será


apresentada uma ou mais propostas.
16
Dissertação x Carta
Argumentativa
a) Cabeçalho: na primeira linha da carta aparecem o nome da
cidade e a data na qual se escreve.

Brasília, 17 de setembro de 2016.

a) Vocativo inicial: na linha de baixo, parágrafo obrigatório, há o


termo por meio do qual você se dirige ao leitor (geralmente
marcado por vírgula). A escolha desse vocativo dependerá
muito do leitor e da relação social com ele estabelecida.
Exemplo: Prezado senhor Fulano, Excelentíssimo senhor
presidente Michel Temer, Senhora presidente Dilma Rousseff,
Caro deputado Sicrano, entre outros.

17
Observe que, utilizando qualquer dos
pronomes de tratamento, o verbo
deverá ficar na 3ª pessoa do singular,
assim como os demais pronomes.

Ex.: Vossa Excelência poderá ocupar


o gabinete, tão logo seu pedido seja
deferido.
São Paulo, 14 de agosto de 2000.
Prezados Senhores,
Uns amigos me falaram que os senhores estão para destruir 45 mil pares de tênis falsificados com
a marca Nike e que, para esse fim, uma máquina especial já teria até sido adquirida. A razão desta
cartinha é um pedido. Um pedido muito urgente.
Antes de mais nada, devo dizer aos senhores que nada tenho contra a destruição de tênis, ou de
bonecas Barbie, ou de qualquer coisa que tenha sido pirateada. Afinal, a marca é dos senhores, e quem
usa essa marca indevidamente sabe que está correndo um risco. Destruam, portanto. Com a máquina, sem
a máquina, destruam. Destruir é um direito dos senhores. Mas, por favor, reservem um par, um único par
desses tênis que serão destruídos para este que vos escreve. Este pedido é motivado por duas razões: em
primeiro lugar, sou um grande admirador da marca Nike, mesmo falsificada. Aliás, estive olhando os tênis
pirateados e devo confessar que não vi grande diferença deles para os verdadeiros.
Em segundo lugar, e isto é o mais importante, sou pobre, pobre e ignorante. Quem está
escrevendo esta carta para mim é um vizinho, homem bondoso. Ele vai inclusive colocá-la no correio,
porque eu não tenho dinheiro para o selo. Nem dinheiro para selo, nem para qualquer outra coisa: sou
pobre como um rato. Mas a pobreza não impede de sonhar, e eu sempre sonhei com um tênis Nike. Os
senhores não têm ideia de como isso será importante para mim. Meus amigos, por exemplo, vão me olhar
de outra maneira se eu aparecer de Nike. Eu direi, naturalmente, que foi presente (não quero que pensem
que andei roubando), mas sei que a admiração deles não diminuirá: afinal, quem pode receber um Nike de
presente pode receber muitas outras coisas. Verão que não sou o coitado que pareço.
Uma última ponderação: a mim não importa que o tênis seja falsificado, que ele leve a marca Nike
sem ser Nike. Porque, vejam, tudo em minha vida é assim. Moro num barraco que não pode ser chamado
de casa, mas, para todos os efeitos, chamo-o de casa. Uso a camiseta de uma universidade americana, com
dizeres em inglês, que não entendo, mas nunca estive nem sequer perto da universidade – é uma camiseta
que encontrei no lixo. E assim por diante. Mandem-me, por favor, um tênis. Pode ser tamanho grande,
embora eu tenha pé pequeno. Não me desagradaria nada fingir que tenho pé grande. Dá à pessoa uma
certa importância. E depois, quanto maior o tênis, mais visível ele é. E, como diz o meu vizinho aqui,
visibilidade é tudo na vida.
19
(Moacyr Scliar, cronista da Folha de S. Paulo )
São Paulo, 14 de agosto de 2000.

Prezados Senhores,

Uns amigos me falaram que os senhores


estão para destruir 45 mil pares de tênis falsificados
com a marca Nike e que, para esse fim, uma máquina
especial já teria até sido adquirida. A razão desta
cartinha é um pedido. Um pedido muito urgente.
Antes de mais nada, devo dizer aos senhores que
nada tenho contra a destruição de tênis, ou de bonecas
Barbie, ou de qualquer coisa que tenha sido pirateada.
Afinal, a marca é dos senhores, e quem usa essa marca
indevidamente sabe que está correndo um risco.
Destruam, portanto. Com a máquina, sem a máquina,
destruam. Destruir é um direito dos senhores. Mas, por
favor, reservem um par, um único par desses tênis que
serão destruídos para este que vos escreve. Este pedido
é motivado por duas razões: em primeiro lugar, sou um
grande admirador da marca Nike, mesmo falsificada. Aliás,
estive olhando os tênis pirateados e devo confessar que
não vi grande diferença deles para os verdadeiros.
Em segundo lugar, e isto é o mais importante, sou
pobre, pobre e ignorante. Quem está escrevendo esta
carta para mim é um vizinho, homem bondoso. Ele vai
inclusive colocá-la no correio, porque eu não tenho
dinheiro para o selo. Nem dinheiro para selo, nem para
qualquer outra coisa: sou pobre como um rato. Mas a
pobreza não impede de sonhar, e eu sempre sonhei com
um tênis Nike. Os senhores não têm ideia de como isso
será importante para mim. Meus amigos, por exemplo, vão
me olhar de outra maneira se eu aparecer de Nike. Eu
direi, naturalmente, que foi presente (não quero que
pensem que andei roubando), mas sei que a admiração
deles não diminuirá: afinal, quem pode receber um Nike de
presente pode receber muitas outras coisas. Verão que
não sou o coitado que pareço.
Uma última ponderação: a mim não importa que o
tênis seja falsificado, que ele leve a marca Nike sem ser
Nike. Porque, vejam, tudo em minha vida é assim. Moro
num barraco que não pode ser chamado de casa, mas,
para todos os efeitos, chamo-o de casa. Uso a camiseta
de uma universidade americana, com dizeres em inglês,
que não entendo, mas nunca estive nem sequer perto da
universidade – é uma camiseta que encontrei no lixo. E
assim por diante. Mandem-me, por favor, um tênis. Pode
ser tamanho grande, embora eu tenha pé pequeno. Não
me desagradaria nada fingir que tenho pé grande. Dá à
pessoa uma certa importância. E depois, quanto maior o
tênis, mais visível ele é. E, como diz o meu vizinho aqui,
visibilidade é tudo na vida.
Londrina, 10 de setembro de 2002.
Prezado editor,

O senhor e eu podemos afirmar com segurança que a violência em Londrina atingiu proporções
caóticas. Para chegar a tal conclusão, não é necessário recorrer a estatísticas. Basta sairmos às ruas (a
pé ou de carro) num dia de "sorte" para constatarmos pessoalmente a gravidade da situação. Mas não
acredito que esse quadro seja irremediável. Se as nossas autoridades seguirem alguns exemplos
nacionais e internacionais, tenho a certeza de que poderemos ter mais tranqüilidade na terceira cidade
mais importante do Sul do país.
Um bom modelo de ação a ser considerado é o adotado em Vigário Geral, no Rio de Janeiro,
onde foi criado, no início de 1993, o Grupo cultural Afro Reggae. A iniciativa, cujos principais alvos são
o tráfico de drogas e o subemprego, tem beneficiado cerca de 750 jovens. Além de Vigário Geral, são
atendidas pelo grupo as comunidades de Cidade de Deus, Cantagalo e Parada de Lucas.
• Mas combater somente o narcotráfico e o problema do desemprego não basta, como nos
demonstra um paradigma do exterior. Foi muito divulgado pela mídia - inclusive pelo seu jornal, a
Folha de Londrina - o projeto de Tolerância Zero, adotado pela prefeitura nova-iorquina há cerca de
dez anos.
Por meio desse plano, foi descoberto que, além de reprimir os homicídios relacionados ao
narcotráfico (intenção inicial), seria mister combater outros crimes, não tão graves, mas que também
tinham relação direta com a incidência de assassinatos. A diminuição do número de casos de furtos de
veículos, por exemplo, teve repercussão positiva na redução de homicídios.
Convenhamos, senhor editor: faltam vontade e ação políticas. Já não é tempo de as nossas
autoridades se espelharem em bons modelos? As iniciativas mencionadas foram somente duas de várias
outras, em nosso e em outros países, que poderiam sanar ou, pelo menos, mitigar o problema da
violência em Londrina, que tem assustado a todos.
Espero que o senhor publique esta carta como forma de exteriorizar o protesto e as propostas
deste leitor, que, como todos os londrinenses, deseja viver tranqüilamente em nossa cidade.
Atenciosamente,
M. 24
• No primeiro parágrafo – releia e confira – é apresentada a
tese a ser defendida (a de que a situação da violência é
grave, mas não irremediável);

• Nos dois parágrafos subsequentes (o desenvolvimento), são


apresentadas, obedecendo ao que se pediu no enunciado,
propostas para combater a violência na cidade de Londrina;

• E no último parágrafo, a conclusão, propõe-se que as


autoridades sigam exemplos como os citados no
desenvolvimento.
25
Ribeirão Preto, 28 de novembro de 1999.

Deputado Sílvio Golveia,

Leio sempre revistas e jornais e li sobre o seu posicionamento contrário a


criação da Agência Nacional da Água (A.N.A.). Sou estudante e sempre procuro saber
sobre os problemas ambientais e seus reflexos na natureza e nas sociedades futuras;
fico profundamente decepcionado com atitudes como a do senhor, que me parece não
se preocupar com os problemas que poderiam ser evitados num futuro próximo com a
implantação da A.N.A.
A sua integridade é posta em questionamento quando se volta contra um
projeto tão nobre. Não há justificativas nem argumentos para esse seu
posicionamento e a única alternativa que resta à população é desconfiar que por
trás dessa decisão, há relações políticas ou algum interesse financeiro
pressionando o senhor.
Se o senhor quer projeção política, imagine o marketing que o senhor
não teria se ajudasse e desse ideia a esse projeto de controlar e inspecionar
o uso da água, a qual terá grande problema de escassez se nada for feito
nesse sentido de controle.

27
Como ideia, o senhor poderia propor não a taxação, mas a
conscientização da população para não desperdiçá-la, o que seria muito
mais eficiente, uma vez que cobrar água num país de maioria pobre e que
em algumas áreas a população nem tem acesso a ela é inviável, além de que,
informar e conscientizar é uma medida que servirá não só para a
preservação da água, mas para qualquer outro recurso ambiental e
ecológico.
O senhor seria visto com muito mais respeito, aderindo-se à esse
projeto, e estaria assim respondendo à duas ambições suas; a de se ver bem
quisto pelas pessoas e a de atender à sua consciência que, tenho certeza,
quer um mundo melhor para seus descendentes e que se preocupa com o
destino desse bem vital que é a água.
Desculpe pela minha franqueza, mas é que eu me preocupo muito com
os recursos ambientais e sei da sua importância para a manutenção da vida.

Respeitosamente,

J.G.J.N.

28
CARTA ARGUMENTATIVA

Assunto retirado da seguinte fonte:

ABAURRE, Maria Luiza M.; ABAURRE, Maria Bernadete M. Produção de


texto: interlocução e gêneros. São Paulo: Moderna, 2006.
Redija uma carta endereçada ao presidente Michel
Temer, solicitando que não haja cortes no
PROUNI (Programa Universidade para todos).
Ressalte a importância de tal programa para os
jovens carentes brasileiros.

Ao assinar, use a expressão vestibulando 2016, de


forma a não se identificar.
Proposta de redação - Carta do leitor
Alunos terão aulas de felicidade. Dois mil alunos de uma escola pública
britânica terão aulas sobre felicidade a partir do início do próximo ano
letivo, graças a um programa piloto que poderá ser implementado ao
currículo escolar do país, informou o jornal “The Independent”. Estas
técnicas buscam proteger as crianças de males atuais, como a depressão e
a falta de autoestima. O projeto foi lançado devido ao aumento de
depressões e enfermidades mentais registradas entre as crianças britânicas.
Pelo menos 10% das crianças em idade escolar sofrem de depressão
severa, segundo as estatísticas oficiais.

Folha Online, 10 de julho.

Com base no texto acima, redija uma Carta do leitor à redação da


Folha Online, em até 15 linhas, desenvolvendo o tema “O que estamos
fazendo com as nossas crianças?”.
Assine como leitor.

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