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I TEXTOS LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS

Os Humildes

Tarde alciónica de Março. Atmosfera ligeiramente nublada. Sol


moribundo em suave agonia. Brisa deleitosa, painel de melancólicas
tonalidades.

De entre outros focos, Lisboa crepita no cais. Fatos elegantes, andainas


grosseiras, tudo fervilha na mesma labareda. E como faúlhas ressaltando
da combustão, os ímpetos faíscam de sentimentos: bocas que pedem,
bocas que beijam, olhos que prometem, olhos que choram; fremem as
mãos nos apertos efusivos, arquejam os peitos de cordiais amplexos,
esfarrapam-se as almas na efusão do pranto. E cada um vai depondo,
no pedestal do afecto, as primícias da saudade.

O “Angola” afasta-se pesadamente. Apita. Então, como que arrepiados,


centenas de lenços secundam a voz do coração: Adeus!... Adeus!...

Como vaga-lumes em noite cerrada, as interrogações lucilam na bruma


da tristeza.

Óscar Ribas, Os Humildes

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Convocatória

DONANAS VIPS.
CONVOCATÓRIA
Prezado Irmão,
Nos termos estatutários, convoco a Assembleia Geral da empresa
“Donanas Vips Lda.”, em primeira convocatória, pelas 21 horas do
próximo dia 30 de Abril, na sede desta instituição, com a seguinte
ordem de trabalho:
1º Ponto – Informações
2º Ponto – Aprovação das seguintes propostas:
a) Pagamento do 13º: em duodécimo ou total;
b) Excursão: Local e data.
3º Ponto – Diversos.
Na inexistência de maioria legal, a reunião terá lugar pelas no dia 02
de Maio, pelas 21 Horas.
Moçâmedes, 20 de Abril de 2019
O PRESIDENTE DA MESA
DA ASSEMBLEIA GERAL
______________________________
Assinatura do nome (digitalizado)

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DIFERENÇAS ENTRE TEXTOS LITERÁRIOS E NÃO LITERÁRIOS

TEXTO LITERÁRIO TEXTO NÃO LITERÁRIO


1. Estrutura

Não existe linearidade. Vão-se Existe um desenvolvimento


desenvolvendo vários planos, que preponderantemente objectivo e
se associam e interpretam: linear, onde as informações se vão
sucedendo:

2. Intenção

É da maior importância a intenção É predominantemente informativo


estética. A originalidade, a e utilitário:
criatividade, os recursos Nos termos estatutários, convoco a
expressivos, o próprio ritmo da Assembleia Geral da empresa
frase, estão presentes: bocas que “Donanas Vips Lda.”
pedem, bocas que beijam, olhos
que prometem, olhos que
choram(…)esfarrapam-se as
almas na efusão do pranto.

3. Denotação e conotação
A conotação é muito importante. Predomina a denotação:
O sentido literal da palavra é, em praticamente todas as palavras
muitos casos, reforçado e podem ser tomadas apenas no seu
enriquecido com novos sentidos. sentido literal. Mesmo nos vários
Palavras e frases podem tornar-se casos em que vão além desse
plurissignificativas (isto é, admitem, sentido, não existe
ao mesmo tempo, vários verdadeiramente uma intenção
significados), indo muito além do estética. Existe apenas a intenção
sentido literal: de informar:

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“Sol moribundo1 em suave Na inexistência de maioria legal2, a


agonia” reunião terá lugar pelas no dia 02
de Maio, pelas 21 Horas.

4. Norma
O predomínio da intenção Atendendo a que no texto não
estética incita à criatividade e ao literário predomina o aspecto
desvio da norma. As frases e as utilitário, e que portanto se
próprias palavras infringem pretende a maior objectividade, é
intencionalmente essa natural que se procure quase
regularidade que é atributo da sempre o uso escrupuloso da
norma. norma.
Muitas orações coordenam-se As frases têm, quase sempre, uma
ou subordinam-se a uma oração construção sintáctica regular e
da frase anterior3; uniforme e o vocabulário é
Eliminam-se os elementos de correntemente usado.
ligação (conectores): Construção sintáctica normal:
bocas que pedem, bocas que Sujeito – Predicado – Complemento
beijam, olhos que prometem, directo ou predicativo do sujeito,
olhos que choram aos quais se juntam os outros
Observa-se o desdobramento complementos:
(teoricamente desnecessário) da Convoco a Assembleia Geral da
forma verbal; Pr. Tr. dir. Compl. direct
Há alteração significativa na empresa “Ngundja Lda.”
ordem dos elementos da frase: Compl. determinativo

1
Vemos que aqui a palavra MORIBUNDO não conserva o seu sentido denotativo (próprio ou literal) – que é
relativo àquele que está quase a morrer - mas tem um sentido conotativo (figurativo) – que quer dizer que o
sol está quase a se pôr; está a decair; está a tornar-se noite etc.
2
Aqui, por maioria legal quer apenas se referir ao quórum (número admitido pela lei para que as decisões
tomadas em assembleia sejam vinculativas)

3
3 Isso nota-se na extensão das frases nos textos literários em relação aos não literários
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Como vaga-lumes em noite


cerrada, as interrogações lucilam
na bruma da tristeza.4

5. Mensagem
Subjectiva, implíta ou oculta – Objectiva ou explícita – porque
porque depende da intenção do basta a letra do texto para
sujeito que produziu, pelo que entendê-la, pelo que deve-se
para entendê-la não nos devemos questionar o que o texto diz:
fiar à letra da lei, mas segunda a Pelo texto, só depreendemos que
mente do escritor. Assim, devemos se trata de uma convocatória da
questionar o que é que Óscar empresa “Ngundja Lda.” a todos os
Ribas queria dizer com o texto. seus sócios.
Se ficarmos atentos, Óscar Ribas
quis tão só dizer que as
despedidas dos antigos colonos
da sua terra para as colónias não
era tão fácil.

6. TIPOS DE TEXTOS
Narrativos, Dramáticos e Líricos Por exclusão de partes: são não
(também denominados de modos literários todos os textos que não
literários) sejam literários. Aqui entram os
textos utilitários ou administrativos,
jornalísticos, de natureza científica
etc.

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Note-se que a frase está na ordem inversa. A ordem directa da frase seria: as interrogações lucilam na bruma
da tristeza, Como vaga-lumes em noite cerrada.

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II – TEXTOS NÃO LITERÁRIOS

1. TEXTOS UTILITÁRIOS OU ADMINISTRATIVOS

a) Conceito – Entende-se como textos utilitários ou administrativos todos


aqueles textos que não tendo uma função puramente estética, visa
essencialmente satisfazer uma necessidade de comunicação.

b) E as funções que visam satisfazer são:

Interpessoal: carta, circular, telegrama, curriculum vitae, relatório;

Expressiva: Convite, felicitações;

Apelativa: anúncio, cartaz, requerimento da escola;

Reguladora: Lei, Direitos do Homem, regulamento da escola;

Expositiva: artigo enciclopédico, relatório científico;

Dramático: guião (para peça de teatro ou qualquer outro


espectáculo)

c) Requisitos para a escrita Utilitária:

Simplicidade, que recusa a linguagem pretensiosa, afectada, as frases


de recorte literário, as expressões rebuscadas, os ornatos retóricos;

A clareza e precisão, que fazem repor os pensamentos de forma a não


deixarem a quem lê dúvidas dos nossos desejos e propósitos; pelo que
devem usar os termos próprios, frases breves e períodos curtos;

A correcção, que exige que uma linguagem isenta de erros de


gramática e uma pontuação exacta;

Concisão, que consiste em não empregar mais palavras do que


necessário a fácil e clara compreensão do texto;

Delicadeza, que atraí quem lê e cria empatia e boa disposição a favor


do escrevente do texto literário.

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d) Tipos de textos Utilitários

1. A CARTA COMECIAL

A carta comercial é um dos textos mais usuais no ambiente empresarial


e comporta dois tipos de carta: Carta de resposta a um pedido de
emprego e carta-pedido.

A diferença entre estes dois textos consiste no seguinte: a carta de


resposta a um anúncio de emprego, é redigida pelo candidato a uma
vaga mediante o concurso público, ao passo que a carta-pedido pode
ser redigida em qualquer circunstância, quer para requerer uma vaga ou
qualquer coisa numa dada empresa.

1.1. CARTA DE RESPOSTA A UM ANÚNCIO DE EMPREGO E CARTA-PEDIDO

Obedece à seguinte estrutura:

Cabeçalho: situa-se no canto superior esquerdo, é impresso e na sua


composição podem entrar desenhos, deve dar ao nosso correspondente
todas as informações de que ele precisar. Assim, deve conter, no caso
de uma empresa: o nome da casa ou empresa, a firma ou denominação
social, o ramo da actividade que explora, a morada completa, os
contactos telefónicos e e-mail, filial, indicações de casas de que é
agente; no caso de um a indivíduos: nome completo, morada, contacto
telefónico e e-mail.

Localidade e data: situa-se por baixo do cabeçalho, no canto superior


direito;

Destinatário: nome e morada completa da pessoa, empresa ou


organismo a quem se destina a carta;

Saudação ou fórmula inicial de cortesia: segue-se o endereço, do qual


se separa por um espaço maior que o deixado entre as linhas do texto.
As fórmulas mais utilizadas são Caro, Sr. ou Sra. Depois da saudação, põe-
se uma vírgula.

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Texto: separa-se da saudação por um espaço maior do que aquele que


se deixa entre as linhas de cada parágrafo. Pode escrever-se em bloco,
mas também se pode escrever começando a primeira linha de cada
parágrafo mais afastada da margem esquerda do papel do que outras.
Cada assunto deve corresponder a um parágrafo.

Parágrafo de encerramento: é uma forma de despedida, pode consistir


em atenciosamente, cordialmente, os melhores cumprimentos, etc.
sendo o texto escrito em bloco, o encerramento deverá ser alinhado à
mesma distância da margem esquerda do papel, caso contrário,
escreve-se sensivelmente no meio do papel para a direita;

Assinatura: deve escrever-se na mesma altura do parágrafo de


encerramento, mas depois de deixados alguns espaços.

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Exemplo de Carta de resposta a um pedido de emprego

Ngala Mbapolo
Rua das Zongolas
Tel. 911111111
Namibe, 5 de Janeiro de 2020
EXMO. Senhor Director do RH
da empresa Tchapwakiso Lda.
Rua das Lagartas
Namibe
Exmo. Senhor,
Em resposta ao anúncio de V/Excia, publicado no Jornal
de Angola do dia 02
De Fevereiro do corrente, venho por este meio
candidatar-me na vaga de Secretário, pois julgo ter o perfil pretendido.
Com esse objectivo, remeto à V/ Excia. o meu curriculum
vitae, colocando-me, desde já à vossa disposição para um posterior
contacto, onde poderei fornecer outras informações sobre a minha
formação e experiência profissional.
Agradecendo antecipadamente toda a atenção que me
queiram dispensar, subscrevo-me com a mais elevada consideração.
Atenciosamente
___________________________
Ngala Mbapolo

Anexo: curriculum vitae

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PRODUÇÃO DE TEXTO

1. Imagine que a Empresa “Dédalus Lda.,” situado no bairro Popular,


anuncia através da Rádio na Namibe, no dia 10 de Abril de 2020,
recrutamento de 1 secretário, 1 contabilista, 2 técnicos de informática e
1 gestor de stock.

a) Elabore uma carta de resposta a este anúncio, baseando-se no texto


acima.

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Exemplo de Carta-Pedido

Ngala Mbapolo
Rua das Zongolas
Tel. 911111111
Namibe, 5 de Janeiro de 2020
EXMO. Senhor Director do RH
da empresa Tchapwakiso Lda.
Rua das Lagartas
Namibe
Exmo. Senhor,
Solicito a V. Exª se digne enviar-me a conta referente aos
gastos das benfeitoras efectuadas no imóvel, para deduzir o valor na
prestação dos meses subsequentes.5
Mais informo que as benfeitorias voluptuosas que também
forem do meu agrado, poderão ser deduzidas, com a promessa de que
no fim da prestação estejam ligadas ao imóvel.
Com a mais elevada consideração, subscrevo-me,
Atenciosamente
___________________________
Ngala Mbapolo
Anexo: curriculum vitae

5
É apenas aqui, na parte principal do texto, onde está a diferença entre a carta-pedido e a carta de
resposta a um anúncio de emprego. Esta, no texto principal revela a fonte do anúncio do emprego,
enquanto a carta-pedido não

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Obs.: os organismos públicos substituem a carta de resposta, conforme


acabamos de ver, pelo requerimento, que é um documento menos
rígido.

PRODUÇÃO DE TEXTO

1. Com base no modelo do texto acima, elabore uma carta pedindo


empréstimo de um livro da biblioteca do IMAGN.

OBS.: A carta deve ser endereçada à Direcção do IMAGN.

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1.2. DISTINÇÃO ENTRE CARTA COMERCIAL E A CARTA FAMILIAR

Não devemos confundir a Comercial e a Carta Familiar. A grande


distinção reside no facto da Carta Comercial ser um texto utilitário ou
administrativo e, por isso, formal; ao passo que a Carta Familiar é um texto
informal, pois tem um carácter pessoal. Assim, a Carta Familiar pode ser
classificado como sendo um texto não literário, quando visa apenas
informar e texto paraliterário, quando utiliza um discurso híbrido, ou seja,
quando além de informar, pretende também criar um efeito estético ao
leitor, recorrendo às figuras de estilo.

Além de recorrer em aspectos pessoais, os dois tipos de carta têm a mês


ma estrutura:

1º Local e data (canto superior direito)

2º Saudação ou fórmula inicial de cortesia;

3º Texto Principal;

4º Parágrafo de encerramento (Centro da folha);

5º Assinatura (Abaixo do ponto anterior.

Samora Correia, 11 de Abril

Exmo. Sr. Árbitro,

Sou o número 64 do GDSC e o meu nome é Tiago Tavares, dos sub 11.

Escrevo-lhe esta carta para pedir desculpa da minha atitude no dia


07/04/2019.

Sei que lamentar e pedir desculpa não anula a suspensão, mas é bom
saber reconhecer os nossos erros, tentei alterar as coisas que fiz mal, não
consigo fazer com que a minha equipa possa contar comigo dia
13/04/2019, não consigo apagar a marca de desilusão dos misters, dos
meus colegas, dos meus familiares e até de si. Mas posso fazer uma coisa:

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pedir-lhe desculpas e mostrar que estou seriamente arrependido, o


Senhor estava certo e eu lamento que isto tenha acontecido.

Cumprimentos de,

Tiago Tavares Jornal Record

AMEI UMA RAPARIGA I

M. ………………………… 8 de Janeiro

Senhor:

Esta carta lhe chega às mãos em meu lugar. Estou envergonhado demais
para ir falar com o Senhor. Além do mais, não tenho dinheiro para a
viagem, porque já não trabalho como professor. Puseram-me na rua.

Sexta-feira passada amei uma jovem – ou, como o senhor o expressaria,


cometi adultério – pelo menos é assim que os brancos o denominam, e
igualmente a igreja. Mas a jovem não era casada, nem ninguém havia
pago ainda nenhum dote por ela. Consequentemente, ela não
pertencia a ninguém, e por isso não entendo a quem é que eu
prejudiquei. Eu mesmo sou solteiro e não tenho intenção alguma de
casar-me com a moça. Nem ao menos sei-lhe o nome. Portanto, da
maneira como vejo a coisa, o mandamento “não adulterarás” não se
aplica ao meu caso. É por isso que não posso entender por que a igreja
me priva da comunhão, pondo-me sob disciplina durante meses.

Um dos meus alunos me denunciou. E agora não sei para onde me voltar.

O senhor foi quem me baptizou e me instruiu na escola. Tem-me


aconselhado muitas vezes e sabe como eu me tornei crente. Conhece-
me até melhor que meu próprio pai. Estou muito pesaroso em
decepcioná-lo, mas ao mesmo tempo (digo-lhe com franqueza) não me

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sinto tão culpado. Estou envergonhado por causa de todo este barulho
em torno do assunto, mas ainda sou um crente.

Ouso dizer-lhe abertamente o que penso, mesmo que o senhor fique


zangado. Os apetites do meu corpo não precisam encontrar satisfação?
Os meus órgãos sexuais não me foram dados para ser usado? Não se
pode aproveitar aquilo que está no nosso alcance? Porque vai ser
pecado usar aquilo que Deus fez?

Já que todo mundo me condena, eu não espero resposta alguma.

Paro por aqui, sem mais a dizer.

Sinceramente, o seu infeliz,

Francisco

AMEI UMA RAPARIGA II

B. …………………………………, 19 de Janeiro

Meu estimado Francisco:

Recebi sua carta e sou-lhe grato por você haver-me comunicado o que
aconteceu antes que eu soubesse por boca de outrem. É claro que me
sinto triste. E é também embaraçoso para mim, pois foi em parte por
minha recomendação que você recebeu esse trabalho como professor.

Mas eu não estou zangado consigo por ter sido franco, absolutamente.
Pelo contrário, estou profundamente comovido com isto, porque assim
eu talvez possa ajudá-lo. Posso responder às suas perguntas com tanta
franqueza como você as formulou?

Deixemos de lado, por enquanto a questão de se o seu caso poderia ser


considerado adultério ou não. Você está perfeitamente certo em dizer
que o sexo não é pecado. Seus desejos, seus pensamentos quando você
vê uma moça bonita, tampouco são pecado; nem mesmo é pecado

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você se sentir atraído. Não se podem evitar desejos carnais em escala


maior do que evitar que os pássaros voem sobre a cabeça. Mas
evidentemente se pode impedi-los de fazer ninhos no cabelo da gente.

Os desejos sexuais foram criados por Deus sem dúvida. São um dom de
Deus, um dos mais preciosos dons que você recebeu para a vida jovem.
Mas a existência dum desejo não justifica sua satisfação. A presença de
uma força não justifica que alguém seja guiado por ela, cega e
desenfreadamente.

Que diria você dum sujeito que estivesse em frente da vitrina duma
salsicharia numa grande cidade e começasse a raciocinar: “Agora que
vejo aquela carne, estou com mais fome do que nunca. A carne me
desperta o apetite. Isto prova que ela foi feita para mim e que devo
apanhá-la. Portanto, eu tenho o direito de apanhar a vitrina me servir”?

Você pergunta se aquilo que existe não é para ser usado. Sim, mas
somente no seu devido tempo e lugar. Imagine só, por exemplo, que um
dos seus amigos tornou-se polícia. Pela primeira vez na vida ele possui um
revólver. Agora ele diz com os seus botões: “Não fui eu que comprei este
revólver. Ele me foi dado. E pelo facto de me ter sido dado, deve ser
usado. Portanto, eu devo atirar com ele em alguém – não importa quem
seja".

Não, ele não tem esse direito. Se o revólver foi-lhe dado, ele é responsável
pelo seu uso correcto.

Acontece a mesma coisa com o sexo. Deve ser usado, mas no seu lugar
e tempo certos (…).

Uma frase em sua carta chocou-me de maneira especial. Você


escreveu: “Amei uma jovem”. Não, meu amigo. Você não amou aquela
jovem; você esteve com ela na cama – estas são duas coisas
completamente diversas. Você teve uma aventura sexual, mas o que
seja amor, você não experimentou.

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(…)

Permita-me dizer-lhe o que realmente deveria significar quando um rapaz


diz a uma jovem: “Eu amo-a”. Isto significa: “Você, você, você, só você.
Você vai reinar no meu coração (…) eu quero permanecer sempre ao
seu lado”

Entende agora quão longe a tua aventura estava duma experiência de


amor? Você nem o nome da jovem sabe. (…) Você não está interessado
em seu passado, e com certeza, também não no seu futuro. Nem se
preocupou com o que aconteceria no coração dela quando a possuiu.
E se ela ficou grávida – azar dela. Que é que você tem a ver com isso?

(…)

Fico por aqui. Esta carta vai dar-lhe um bocado em que pensar, todavia,
lembre-se de que, a despeito de tudo, você pode sempre contar com a
minha amizade.

Aguardando outra carta franca de sua parte, sou,

Sinceramente seu,

Walter T.

Walter T. “Amei Uma Rapariga”

PRODUÇÃO DE TEXTO

Considerando o momento que estamos a viver, elabore uma carta


Familiar endereçada ao teu confidente ou tua confidente, contando
sobre os teus dias, receios e expectativas ante a pandemia.

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2. O REQUERIMENTO

É um pedido formal, oficial, que se dirige a alguma autoridade:

Estrutura:

No alto do papel, escreve-se a quem o pedido é destinado. O texto


deve começar na margem esquerda e continuar na linha logo abaixo,
também a partir da margem esquerda;

Deixar um espaço de uma linha entre o nome da autoridade e o início


do texto. esse espaço em branco será utilizado pela autoridade
competente para colocar o despacho, isto é, a decisão.

No final do texto, pede-se deferimento, ou seja, o atendimento


favorável à petição.

Segue-se a data e a assinatura de quem fez a petição. Não é preciso


colocar palavra de cortesia, como se faz geralmente nas cartas, como
atenciosamente, ou sem mais para o momento… etc. Este pedido é feito
de várias formas: Nestes termos, pede deferimento, ou Termos em que
pede deferimento.

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Exemplo de requerimento

À
SUA EXCELÊNCIA Sr.
MINISTRO DOS TRANSPORTES.
LUANDA
Nome_________________________________________________estadocivil___
_______, nascido aos ______ de ______de____________
filho(a)de___________________ e de _________________Natural de
(Província, Município, Comuna, rua e número) titular do B.I
nº__________________passado pelo Arquivo de Identificação
de________________aos_________ de__________de___________.
Vem requerer a V. Excª, se digne autorizar a sua admissão ao concurso
para Provimento de vagas de (a)________________a que se refere o
Aviso publicado no dia___________de______________2008.
Pede deferimento
Luanda, aos ______de___________ de 2008
(O requerimento deve levar selo de 20Kz e ser assinado)
O Requerente
_________________________

PRODUÇÃO DE TEXTO

Elabore dois requerimentos, sendo um para o provimento de uma vaga


num ministério que desejas ingressar, e outro para a obtenção de terreno.

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