1) Oxidação direta pelo oxigênio do ar – Alguns metais quando expostos ao ar,
podem reagir com o oxigênio presente produzindo os óxidos respectivos. Ex: Fe + ½ O2 → FeO. A reação citada depende de fatores como: a) natureza do material, b) grau de subdivisão do material, c) estado higrométrico do ar, d) formação de óxidos do metal. a) Natureza do material - Os metais nobres como a platina e o ouro não sofrem esse tipo de ataque por apresentarem elevado potencial de redução. Por outro lado, os metais alcalinos como o sódio e o potássio são facilmente transformados em óxidos, apresentam baixo potencial de redução. A maior ou a menor velocidade de corrosão depende do potencial de redução do elemento. b) Grau de subdivisão do material – Ferro e zinco finamente divididos podem oxidar (queimar) a temperatura ambiente, enquanto que grandes peças dos mesmos metais podem se conservar indefinidamente, em ambiente seco, sem nenhum ataque. Quanto maior o grau de subdivisão de um material, maior a área de contato (metal e oxigênio) e, consequentemente, maior o velocidade da reação (corrosão). c) Estado higrométrico do ar – A umidade é outro fator que pode acarretar aumento na velocidade de ataque dos metais pelo oxigênio do ar. Entretanto neste caso, deve se considerar que esse ataque em presença de água ocorrerá em etapas. Usando o ferro como exemplo temos: 1º) dois fenômenos simultâneos, a oxidação do ferro e o equilíbrio iônico da água em presença de oxigênio dissolvido, representado pelas equações: Fe ↔ Fe2+ + 2 é ½ O2 + 2 H2O ↔ H+ + 3 OH- 2º) os íons Fe2+ e OH- formados se difundem através da solução e dão a reação: Fe+2 + 2 OH- ↔ Fe(OH)2 3º) o hidróxido ferroso formado [Fe(OH)2] é oxidado pelo oxigênio dissolvido remanescente para dar a ferrugem, cuja constituição química é muito variável, em geral representada como Fe2O3.nH2O. d) Metais cujos óxidos têm maior volume específico que o metal – Se chamarmos de A o volume do óxido metálico e B o volume do metal necessário para formar o volume A do óxido, os metais deste tipo têm a relação A/B maior que 1. Neste caso, quando A/B for maior que 1, a película se forma sob compressão, não haverá rachaduras, e consequentemente, a corrosão será muito lenta ou pode até parar. São os chamados metais passivos, seus principais representantes são o alumínio e o zinco. d’) Metais cujos óxidos têm menor volume específico que o metal – Neste caso a relação A/B será menor que 1. A película formada não é sob compressão, poderá contrair- se, e quebrar, originando canais por onde o oxigênio penetra, prosseguindo a corrosão. 2) Corrosão galvânica ou bi metálica – Quando dois metais são colocados em solução salina, dependendo de seus potenciais, um deles poderá perder elétron elétrons, produzir íons, consequentemente sofrer corrosão. Neste caso diz-se que o metal é anódico. O fenômeno pode ocorrer entre dois metais colocados em contato, através somente da água. Ex: Fe ↔ Fe+2 + 2 é E0 - 0,44 v Cu ↔ Cu+2 + 2 é E0 + 0,34 v neste caso, o ferro com menor potencial de redução (E0) irá se oxidar e o cobre com maior potencial de redução irá se reduzir. A equação do fenômeno é apresentado a seguir Fe + Cu+2 ↔ Fe+2 + Cu a reação citada gera um potencial de energia da ordem de 0,78 v. Obs: a determinação da energia gerada num processo corrosivo entre dois metais, em contato em meio aquoso, segue a expressão matemática abaixo ΔE0 = > E0 - < E0
3) Corrosão causada por eletrólise: Este tipo de corrosão geralmente ocorre em
canalizações ou diversas estruturas metálicas colocadas no solo. Ela é causada por correntes elétricas errantes, provenientes dos sistemas de distribuição elétrica, estradas de ferro eletrificadas ou sistemas similares. Devido à deficiência nas citadas instalações, as correntes elétricas que “vazam” encontram melhor condução nas estruturas metálicas enterradas. O percurso de tais correntes se dará até um ponto onde as condições externas forem mais favoráveis para o seu escape (por exemplo solos úmidos e salinos). A corrosão se dará exatamente no ponto de saída da corrente, que se tornará anódico. 4) Auto corrosão: A auto corrosão pode ocorrer por diferentes motivos, os quais citaremos a seguir. a) Pela presença de impurezas no metal – Quando o metal apresenta em seu seio impurezas metálicas, se o metal da impureza apresentar potencial de redução mais baixo que o metal básico, ou vice versa, haverá formação de sistemas bi metálicos, criando pequenas pilhas galvânicas. Assim, se o metal da impureza tiver maior potencial de redução que o metal base, a corrosão se dará nas áreas circunvizinhas. Caso contrário, a corrosão ocorrerá no próprio metal da impureza. b) Causada pela diferença de concentrações na solução – O potencial de um eletrodo (lâmina metálica + solução eletrolítica + recipiente) depende da concentração de íons na solução. Portanto se a concentração de íons na solução, ao redor do metal varia, partes do metal tornam-se anódicas e partes catódicas (formam pilhas de concentração) e tem-se o fenômeno da corrosão. Também variações na concentração do oxigênio na solução podem ocasionar fenômenos de corrosão deste tipo. Assim, zonas do metal na qual a concentração de oxigênio é baixa são anódicas em relação às zonas nas quais a concentração de oxigênio é alta. São nas regiões anódicas que ocorrem os processos corrosivos. Obs: águas de rios e mares são soluções, onde há variações de concentração de oxigênio dissolvido. c) Ocasionada por rugosidade de superfície metálica e por rompimento das películas de proteção – Foi observado que quando um metal de superfície rugosa é submerso em uma solução eletrolítica, o potencial que se estabelece não será o mesmo em toda a superfície. Dessa forma nos pontos mais altos o potencial de redução será menor que nas partes mais baixas, e assim, as partes mais altas tornam-se anódicas devido a estarem sujeitas a um menor número de ligações, ocorrendo neste ponto a corrosão. Nas partes mais baixas, catódicas, o fenômeno será inverso, haverá redução e ganho de massa. Outro fator a ser salientado está relacionado a película de proteção (oxido metálico formado) formada naturalmente. Em função do pH do meio, películas podem ser destruídas dando lugar a corrosão. Essa relação é inerente de cada metal/película sob condições específicas. d) Corrosão por “stress” ou fadiga – Metais sujeitos a solicitações mecânicas (esforços cíclicos) em um meio capaz de atacar quimicamente ou eletroquimicamente o material exposto, verificam-se condições para a implantação da corrosão sob fadiga, A medida que vão ocorrendo as microfissuras devido as solicitações mecânicas, simultaneamente vai ocorrendo a ruptura das películas de proteção naturalmente formadas, expondo o material à ação do ambiente corrosivo. e) Nos limites do grão – Quando da fabricação dos metais há uma tendência para as impurezas se situarem nos limites dos cristais ou “grãos”. É evidente que a parte superficial dessas partículas tem possibilidades de se tornarem-se mais reativas que as demais partes do metal, isso devido a diferença de potencial entre o metal base e a impureza, neste ponto origina-se o processo da corrosão 4) Corrosão causada por ação biológica: A corrosão microbiológica, também chamada microbiana ou biológica, é aquela onde a corrosão do material metálico se processa sob a influência de microrganismos, quase que exclusivamente bactérias, embora existam corrosão atribuídas a fungos e algas. Quando ocasionada por bactérias denomina-se corrosão bacteriana. Exemplos: - Tubulações de distribuição de águas: a presença de depósitos, sob a forma de tubérculos, de óxido de ferro hidratado, Fe2O3 .H2O, devido a bactérias oxidantes de ferro, podem entupir tubulações ou criar condições para corrosão por aeração diferencial. - Tubulações enterradas em solos: casos de corrosão grafítica têm sido verificados em tubulações de ferro fundido, enterradas em solos contendo sulfato. Essa corrosão é ocasionada em alguns casos por bactérias redutoras de sulfato. - Deterioração microbiológica da madeira: caso que pode ocorrer em madeira, usada como enchimento de torres de refrigeração, que pode, sob ação de fungos, sofrer deterioração. Formas da corrosão
Uniforme: a corrosão se processa em toda a extensão da superfície, ocorrendo perda
uniforme de espessura. Também é chamada de corrosão generalizada. Por placas: a corrosão se localiza em regiões da superfície metálica e não em toda a extensão, formando placas com escavações. Alveolar: a corrosão se processa na superfície metálica produzindo sulcos ou escavações semelhantes a alvéolos, apresentando fundo arredondado e profundidade geralmente menor que o seu diâmetro. Puntiforme: a corrosão se processa em pontos ou em pequenas áreas localizadas na superfície metálica produzindo pites, que são cavidades que apresentam o fundo em forma angulosa e profundidade geralmente maior que o seu diâmetro. É chamada também corrosão por pite ou por pitting. Intergranular: a corrosão se processa entre os grãos da rede cristalina do material metálico, o qual perde suas propriedades mecânicas e pode fraturar quando solicitado por esforços mecânicos, tendo-se então a corrosão sob tensão fraturante Intragranular: a corrosão se processa nos grãos da rede cristalina do material metálico, o qual, perdendo suas propriedades mecânicas, poderá fraturar à menor solicitação mecânica, tendo-se também a corrosão sob tensão fraturante. Filiforme: a corrosão se processa sob forma de finos filamentos, que se propagam em diferentes direções e que não se cruzam. Ocorre geralmente em superfícies metálicas revestidas com tintas ou com metais, ocasionando o deslocamento do revestimento. Esfoliação: a corrosão se processa em diferentes camadas e o produto de corrosão, formado entre a estrutura de grãos alongados, separa as camadas ocasionando o inchamento do material metálico. Observa-se que a delaminação é paralela à superfície metálica. Corrosão grafítica: a corrosão se processa no ferro fundido cinzento em temperatura ambiente e o ferro metálico é convertido em produtos de corrosão, restando a grafite intacta. Dezincificação: é a corrosão que ocorre em ligas de cobre-zinco (latões) observando o aparecimento de regiões com coloração avermelhada contrastando com a característica coloração amarela dos latões. Admite-se que ocorre uma corrosão preferencial do zinco, restando o cobre com sua característica cor avermelhada. Empolamento pelo hidrogênio: o hidrogênio atômico penetra nos metais e, como tem pequeno volume atômico, difunde-se rapidamente; em regiões com descontinuidades, como inclusões e vazios, ele se transforma em hidrogênio molecular, H2, exercendo pressão e originando a formação de bolhas, daí o nome Empolamento. Ao escapar, o hidrogênio molecular, gasoso, rompe o metal. Em torno da solda: forma de corrosão que se observa em torno de cordão de solda, Ocorre em aços inoxidáveis não estabilizados ou com teores de carbono maiores que 0,03%, e a corrosão se processa intergranularmente.
Figuras com formas de corrosão
Abaixo são apresentadas figuras com diversas formas de corrosão.
Referências bibliográficas
Nunes, L.P,; Fundamentos de Resistência à Corrosão, Editora Interciência, 2007,
Rio de Janeiro.
Gentil, V.; Corrosão, Editora Guanabara, 1987, Rio de Janeiro.
Ramanathan, L.V,; Corrosão e seu Controle, Hemus Editora Ltda, 1985, São Paulo.