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A GESTÃO DO CAPITAL DE GIRO

Quando um empreendedor planeja o negócio, ele logo pensa: “Onde vou investir
mais? Que retorno terei sobre esse investimento?” O olhar está no longo prazo.
Na hora de planejar um negócio, é muito importante ter foco na projeção do fluxo
de caixa.
Mas não é todo dia que o empreendedor se dedica a esse olhar global.
No dia a dia, o empreendedor faz compras, recebe pagamentos... Ou seja, ele
faz a gestão do capital que circula na empresa.
Você já reparou que, ao chegar à metade do mês, muitas
pessoas já gastaram toda a renda e não têm mais dinheiro
para pagar as contas que possam surgir nos dias
restantes?
E nas pessoas que não planejam seus gastos e se esquecem de
verificar se podem ou não fazer “contas” adicionais?
Será que elas teriam menos problemas se gerenciassem de outra
forma o seu orçamento?

Mila e Nilmara são gêmeas. Além de serem


fisicamente muito parecidas, elas possuem
outros pontos em comum: ambas são
profissionais bem-sucedidas, trabalham como
veterinárias em uma clínica especializada,
possuem a mesma renda mensal e até já se
apaixonaram pelo mesmo rapaz!
Mas, se o assunto é dinheiro, as semelhanças
param por aí...
O gerente do banco no qual elas são clientes
pensa até que Mila ganha bem menos que a
irmã: afinal, ela está quase sempre no
vermelho, enquanto Nilmara possui uma boa
poupança.
Já os amigos que observam as duas irmãs em
um passeio pelo shopping conseguem logo
entender esse fenômeno. Nilmara sai de casa
sabendo o quanto pode gastar sem comprometer as contas do mês, e nunca
ultrapassa esse limite. Já Mila compra sempre por impulso, e nunca resiste a
uma promoção ou a um crediário:
“Nossa, tá baratinho, vou levar!”; “Oba, posso dividir em dez vezes, assim as
prestações ficam bem pequenas, não vão pesar no bolso!”. Os amigos dizem:
– Ih, se a loja oferecer para pagar em dois anos,
a Mila leva o estoque inteiro!
Mila só não percebe que, como dizia o velho
ditado, “de grão em grão a galinha enche o
papo”. Seus pequenos gastos feitos sem
controle, quando somados, geram grandes
rombos em seu orçamento.
Para conseguir pagar o que deve e não ficar
com o nome sujo na praça, Mila
frequentemente recorre a empréstimos no
banco. Então, tem que pagar juros, o que
compromete boa parte de sua renda.

Você conhece pessoas que têm o perfil de Nilmara em


relação ao dinheiro? E pessoas com o perfil de Mila?
Analisando a sua maneira de gastar o seu dinheiro, com
qual das irmãs você mais se identifica?

Os organizados acabam aproveitando


muito melhor seu dinheiro. Já os
desorganizados gastam mais do que
podem e, às vezes, precisam até fazer
empréstimos para conseguir se manter
até o fim do mês. E os juros acabam
dilapidando aos poucos os seus recursos.
Numa empresa, um gestor financeiro
desorganizado também pode levar a organização a precisar pedir dinheiro
emprestado para saldar suas contas do mês.
Com isso, cria-se um novo custo: a despesa financeira, ou seja, os juros sobre
um empréstimo. Essa despesa acaba reduzindo a margem de lucro e, muitas
vezes, até causando prejuízo.
Tudo isso pode ser evitado com uma gestão eficiente do capital de giro.

CAPITAL DE GIRO

É o recurso financeiro composto pelos ativos circulantes da empresa: caixa,


bancos, crédito a clientes e estoques etc. Recebe a denominação de capital de
giro por ser um recurso que está sempre em movimentação, ou “girando”.

Para entender melhor como administrar o capital de giro, primeiro você precisa
conhecer o ciclo operacional e o ciclo financeiro de uma empresa.

CICLO OPERACIONAL

Imagine uma pequena fábrica de


uniformes esportivos, onde tudo
começa com a compra dos
materiais necessários à fabricação
dos produtos: tecido, borracha etc.
Em seguida, os uniformes são
produzidos e seguem para os
distribuidores, que os levam até as lojas, e o pagamento pelas vendas é
recebido.
Nesse momento, começa um novo ciclo. É preciso comprar mais materiais,
produzir mais unidades, vendê-las, e assim acontece mais e mais vezes.

O conjunto dessas atividades – do início ao fim do processo, até que o produto


é vendido e o pagamento pela venda é recebido – é chamado de ciclo
operacional.

Ciclo operacional

É o período de tempo necessário para que aconteçam todas as atividades


da empresa, desde a compra de materiais, passando pela produção, até a
distribuição, a venda e o recebimento pelos produtos vendidos.
No caso de empresas de serviços, o ciclo vai desde a contratação até a
conclusão de um serviço prestado e o recebimento.

CICLO FINANCEIRO

Ao longo do ciclo operacional, há alguns eventos financeiros: é preciso pagar


aos fornecedores e pagar outras despesas, e também receber as receitas.
Como os prazos de pagamento aos fornecedores e a data de recebimento dos
clientes podem variar muito, o ciclo financeiro é medido com base nos prazos
médios previstos para esses eventos.

Ciclo financeiro

É o período de tempo compreendido entre o pagamento aos fornecedores


e outras despesas e o recebimento das vendas.

Para chegar ao tempo do ciclo financeiro, é preciso calcular:


• O prazo médio de pagamento aos fornecedores (PP).
• O prazo médio de fabricação ou venda de produtos ou prestação dos serviços
(PF).
• O prazo médio de recebimento dos clientes (PR).
O ciclo financeiro é dado pela fórmula:

CICLO FINANCEIRO = PR + PF – PP

GIRO DE CAIXA

Imagine uma pessoa que recebe o salário e vai utilizando esses recursos ao
longo do mês. Ela tem um mês apertado e chega ao último dia quase
“zerada”. Aí chega o novo salário e a pessoa volta a ter recursos.
Com as empresas, isso também acontece.

Quantas vezes, ao longo de um ano, o caixa da empresa se esvazia e volta


a ter recursos? Ou seja: quantas vezes ao ano há substituição do dinheiro
do caixa? Esse número é conhecido como giro de caixa, e seu valor pode
ser encontrado pela seguinte fórmula:

O giro de caixa é importante para calcular a necessidade de caixa para


financiar as atividades da empresa, que é o item que você verá a seguir.

FINANCIAMENTO DAS OPERAÇÕES DA EMPRESA

Quantos recursos são necessários para que a empresa funcione todos os


dias, ao longo de um mês?
Existem duas fórmulas para calcular esse número. Acompanhe as duas a
seguir!

Fórmula:

Necessidade de caixa = despesas totais no ano


giro de caixa

ou

Necessidade de capital de giro = vendas médias por dia x ciclo financeiro

AGORA É COM VOCÊ

RAFAEL tem uma pequena empresa de manutenção de jardins. Seus


fornecedores lhe dão uma média de 40 dias para pagar. Além disso, no setor em
que ele atua, em sua cidade, a média de dias para receber dos clientes é de 60
dias. Os produtos (como adubo, terra, mudas de plantas etc.) levam 30 dias em
preparação e estoque até serem vendidos.
Quantos dias tem o ciclo financeiro de seu negócio?

Imagine que a empresa de Edivar tenha despesas anuais de R$ 408 mil.


Calcule sua necessidade de caixa, ou seja, quanto dinheiro
ele precisa ter como capital de giro.
Dica: comece usando a fórmula de cálculo de giro de caixa, que você aprendeu

Voltando ao exemplo da pequena empresa de manutenção de jardins de Edivar,


imagine que ela venda, por dia, uma média de R$ 1.252,00.
Calcule. Necessidade de Capital de Giro.
Fatores que aumentam ou diminuem a necessidade de capital
de giro

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