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A CULTURA DA CATERDRAL – SÉCULO XII

A MEIO DO XV ARTE GÓTICA


EUROPA
A partir do século XII houve um crescimento económico na Europa:

• Desenvolvimento da agricultura;
• Incremento das atividades artesanais → estimularam mercados
internos e contribuíram para a abertura do comércio internacional.

Assim, a economia monetária estava em crescimento. Este progresso


económico-financeiro proporcionou o crescimento demográfico. Nas
cidades formou-se um novo grupo social – a burguesia – constituído por
artesãos, mercadores e letrados. A burguesia impôs o movimento
comunal (conquistou a autonomia administrativa) e mais liberdade e
direitos em relação ao poder feudo-senhorial.

A nível político, verificou-se a centralização régia (o rei rodeou-se de


nobres, eclesiásticos e burgueses, que criaram um novo estilo de vida
em ambientes mais luxuosos). A cultura e as artes beneficiaram com
isso, porque eram os reis e o clero os encomendadores e mecenas.

A nível cultural, progrediu a escrita porque aumentou o número de


escolas e foram criadas universidades (com especializações no Direito,
Teologia e Medicina – eram associações de mestres e alunos).

Na Europa que se salientaram:

• Cidades de Itália – pelas suas indústrias;


• França – pelos mercados (cidades-feiras);
• Cidades em locais de passagens e juntos aos portos – pelo
comércio internacional;
• Cidades com igrejas de peregrinação – foram lá criadas as
primeiras universidades (a primeira foi criada em Lisboa em 1290).
PESTE NEGRA
Todo o progresso na Europa foi interrompido na segunda metade do
século XIV pela grande depressão (uma crise profunda (só a partir do
século XV saiu da depressão)) e pela chegada da Peste Negra. A Peste
Negra atingiu a Europa e dizimou um terço da população. As suas
consequências foram:
• Queda da demografia;
• Paralisação da economia;
• Inflação da moeda;
• Fomes, revoltas, violência;
• Práticas de extremas penitências (flagelantes e bodes expiatórios);
• Aparecimento de heresias;
• Vadiagem e procura de uma vida de prazeres.
Resultado do medo e das mortes, as igrejas receberam muitas doações
que aplicaram na construção de igrejas, hospitais e hospícios.

CIDADE – COMPLEXO URBANO


Entre os séculos XII e XV as cidades cresceram e tornaram-se centros
económicos, financeiros, políticos, administrativos e religiosos. A cidade
tinha: a catedral, o palácio da administração (ou casa comunal) e as
casas das corporações. As ruas eram estreiras e tortuosas, sujas e
povoadas por pessoas e animais e estavam organizadas por ofícios (Rua
dos

Sapateiros, Rua dos Ferreiros, etc). As casas comuns, geralmente em


madeira possuíam no rés-do-chão as lojas.

Haviam quatro tipos de cidades:

➢ Cidades reais (governadas por reis);

➢ Cidades episcopais (governadas por bispos);

➢ Cidades senhoriais (governadas por senhores feudais);

➢ Cidades livres ou comunas.


As cidades medievais não tinham polícia, iluminação publica, água
canalizada nem saneamento (exceto construções importantes). A sua
configuração era fechada e radiocêntrica – representação simbólica do
Universo.

CULTURA CORTESÃ
Esta cultura mostrava-se em festas e romarias (ligada a acontecimentos
religiosos), procissões e autos teatrais, seguidos de danças e cantares.
Era uma cultura essencialmente oral, que se exprimia em cantares
acompanhados por música. Nas cortes reais e senhoriais era patente o
conforto, o luxo, o prazer e as diversões onde eram evidentes nas festas
e banquetes.

Os jogos guerreiros (justas, torneios, caçadas ao veado e ao javali) eram


práticas da nobreza como meios de exercitar a mestria física. Esta
cultura desenvolvida nestes diferentes meios sociais contribuiu para a
suavização de costumes e de mentalidades. Também surgiu um
movimento para apoiar artistas e letrados (como Dante Alighieri que
escreveu Vita Nuova e A Divina Comédia.

CATEDRAL
A Catedral tornou-se o centro e símbolo da cidade; junto às suas paredes
exteriores, realizavam-se as mais importantes atividades. Ela era a prova
do orgulho cívico e do entusiasmo religioso de todos os habitantes da
cidade (que chegavam a participar na sua construção pois demorava
décadas). A Catedral é a expressão do poder económico, político e
social. Era considerada a casa de Deus na cidade dos homens – é o
local de formação das conceções religiosas da época, daí o seu papel
doutrinal e didático.

CASAMENTO DE FREDERICO III COM D.LEONOR DE


PORTUGAL (1451)
O casamento de Frederico III com D.Leonor de Portugal foi uma festa
realizada em Lisboa que ocupou vários espaços (como palácios reais,
sé, ruas e praças), para toda a gente (da nobreza ao povo) e com todas
as atividades festivas (caçadas ao javali, em praças de Lisboa, autos
teatrais com sofisticados engenhos, cortejos,...) e durou 13 dias.

ARQUITETURA GÓTICA
O gótico começou no Ocidente e expandiu-se pela Europa. Desenvolveu-
se a partir da França no século XII. Centrava a sua expressão na arte
religiosa, com as catedrais por exemplo – que era um edifício construído
para representar o louvor de Deus e dos homens. A arquitetura gótica
deriva da arquitetura românica (planta basilical) mas acrescenta algumas
inovações como:
• Arco quebrado, apontado ou ogival → menos pressão nas laterais;
• Coberturas de abóbadas de cruzaria;
• Contrafortes exteriores→botaréus com arcobotantes.

Estas inovações tinham como objetivo tornar o espaço mais amplo e com
as janelas com vitrais coloridos, criar um ambiente místico – Deus é luz.
Em relação às catedrais românicas as alterações exteriores são:

❖ Entradas triplas correspondendo às três naves;

❖ Torres sineiras e lanterna terminas em telhados cónicos ou em


agulhas e pináculos;

❖ A decoração exterior esculpida e pintada tornou-se exuberante.


Este modelo de catedral foi adaptado na Europa:

➢ Gótico Inglês→acentuação das linhas verticais e decoração alongada


e linear;

➢ Gótico Alemão→3 naves á mesma altura criando um espaço amplo e


único;

➢ Gótico Espanhol→decoração mais exagerada;

➢ Gótico Italiano → gosto pela horizontalidade, coberturas planas em


madeira e paredes pintadas a fresco.
Um grande exemplo da arquitetura gótica é a Catedral de Notre- Dame
de Amiens em França (século XIII).
GÓTICO EM PORTUGAL – O MANUELINO
As primeiras Igrejas góticas portuguesas seguem os princípios técnicos e
estéticos do gótico europeu com as seguintes alterações:
• Mais pequenas de dimensão e pouca verticalidade;
• São simples nas estruturas de planta e volume;
• Têm poucas e pequenas aberturas;
• Mantêm os contrafortes românicos;
• Decoração pobre e vegetalista.

A primeira Igreja gótica em Portugal é a Igreja de Abadia de Alcobaça do


século XIII, mas foi no século XV que o gótico em Portugal atingiu o seu
apogeu com o Mosteiro de Santa Maria da Vitória, na Batalha.
Foi na fase do gótico tardio (fim do século XV a XVI) que surgiu o
Manuelino – Mosteiro dos Jerónimos. As características do Manuelino
são:

o Poderosa carga ornamental;


o Planta de 3 naves á mesma altura;
o Cabeceira quadrangular;
o Arcos e abóbadas variados;
o Portal monumental;
o Influências: gótico flamejante; plateresco espanhol e arte
mudéjar.
o Temas da decoração: motivos naturalistas (conotados com as
viagens marítimas da expansão, símbolos da pátria e heráldica
régia).

Em relação à arquitetura civil, salienta-se o Palácio de Sintra, e na


arquitetura militar, salienta-se a Torre de Belém.
ESCULTURA GÓTICA
A grande diferença em relação á escultura românica é a escultura
decorativa – já não está presa à arquitetura. Há uma modelação mais
formal e um escalonamento de planos mais bem definido. Algumas
características da escultura gótica são:
• Os temas figurativos são os mesmos já mencionados antes
(também relacionados com a vida da Virgem);
• Escultura decorativa nos capitéis, arquivoltas, frisos e mísulas com
temas vegetalistas;
• Maior domínio técnico-artístico → modelação anatómica mais
correta;
• Aumento do realismo e naturalismo (nas formas, gestos e posturas);
• Representação de expressividade → descrição de sentimentos e
emoções (representada por sorrisos ou inclinação da cabeça);
• A realeza e a aristocracia perseveram a sua imagem em relevos
nas caixas mortuárias ou sarcófago;
• Devido à Peste Negra, a morte é representada de modo mais
sofrido (o morto seminu, parcialmente coberto por um lençol).

VITRAIS E ILUMINURAS
Os vitrais descrevem cenas religiosas e das profissões, mas também
imagens de reis, clero, aristocracia, e alta burguesia. Quanto às regras
de representação e expressividade, seguiam a mesma linguagem
técnico- artística da escultura. A luz do dia a atravessar o vitral dá a ideia
de uma imagem celestial e mística.

As Iluminuras seguiam as seguintes características:

• Temas religiosos;
• Composições complexas → elementos da natureza, cenários
arquitetónicos, etc;
• Cores ricas → predominam os azuis, vermelhos e dourados.

11. AS ARTES NA ITÁLIA E NA FLANDRES

Na pintura realçam-se dois pólos: o das cidades italianas (os artistas da


“escola” toscana, como Giotto) e o das cidades da Flandres (“escola
Flamenga”). Na zona da Toscana:

• Desenvolveu-se a pintura a fresco;


• Ilusão de profundidade, cenários naturais e arquitetónicos e figuras
mais trabalhadas e minuciosas;
• Tratamento do claro-escuro.

Na Flandres, o desenvolvimento económico e social do século XV,


refletiu-se com:

• Gosto pela representação realista e minuciosa do quotidiano;


• Prática do retrato → próprio do individualismo burguês. Tudo isto foi
conseguido devido á utilização da pintura a óleo.

GÓTICO CORTESÃO
O bem-estar económico, político e cultural, deu origem a um estilo de
vida luxuoso. A mobilidade de artistas fez com que surgisse o
gótico/estilo internacional→que se caracteriza pela fusão dos estilos
bizantino, italiano e flamengo devido á sua sumptuosidade, colorido, e
simbologia religiosa.

ARTES ISLÂMICAS
Ainda sob o signo de Alá continua o Sul da Península Ibérica, entre os
séculos XI e XV. A arte destes reinos taifas era luxuosa, com materiais
fracos, mas com uma decoração abundante, aplicada em palácios,
alcáçovas e banhos, como o Bañuelo, em Granada. A arte dos
Almorávidas e dos Almóadas era mais austera e caracterizava-se pelo
purismo formal e pela simplicidade decorativa. A arte nasride, em
Granada, apresenta dois tipos de arquitetura: uma, mais funcional e de
materiais baratos, e outra, mais rica, aplicada em esplendorosos
palácios, como o de Alhambra.

A arte mudéjar é a arte praticada por artífices árabes em território e


construções cristãos. A novidade foi o tipo de igreja com planta basilical e
arcadas em ferradura, como as da Igreja de São Salvador de Teruel,
Espanha.

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