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Caitanya Mangala - Locana.P
Caitanya Mangala - Locana.P
NOTA INTRODUTÓRIA
PREFÁCIO
Mahnidhi Svami
KŠa-Balarama Mandir
Vndvana-dhma
Guru (Vysa) Punima
22 de julho de 1994.
S¶TRA-KHANDA
CAPITULO 1
PRECES DE INVOCAÇÃO
Todas as glórias a ®r… KŠa Caitanya Mah€prabhu, o melhor de todos os sanny€s…s.
Na Kali-yuga, Ele surge em Sua forma completa para dar a principesca jóia do amor ao
Supremo para as almas rendidas. O Senhor libera os devotos e os satisfaz com o raro
presente de prema-bhakti, amor puro por Deus. Mas, bramindo como um raio, Ele
esmaga os ateístas do mundo reduzindo-os a pó.
Oro a ®r… Vighnasana, o Senhor Ganea, que tem o corpo de um enorme elefante com
uma presa. Ele trás sucesso a todos os esforços. Todas as glórias ao Senhor Ganea, o
filho de Parvat… Dev….
De mãos postas, oro para o Senhor ®iva e Parvat…. Caiamos todos a seus pés,
oferecendo os nossos respeitos. O Senhor ViŠu é o único amo dos três mundos. O Senhor
®iva e Parvat… podem conferir a qualquer um a bênção de ViŠu-bhakti.
Oro para que a deusa Sarasvat… comande os meus lábios para que possam glorificar
Gaurahari, que ainda é desconhecido nestes três mundos. Possam os maravilhosos tópicos
sobre o Senhor de Sarasvat…, de compleição dourada, fluir de minha boca.
Humildemente peço aos semideuses e a todos os meus superiores para que nada obstrua
minha tentativa de glorificar o Senhor Gaurahari. Permitam que não peça a bênção de
riquezas; pois sou uma alma caida e pecaminosa. Mas, por favor, permitam que complete
este livro sem nenhuma dificuldade.
Deixem-me glorificar os devotos puros do Senhor ViŠu e os mais afortunados
mah€bh€gavatas. Estes devotos elevados purificam o mundo inteiro com suas qualidades
divinas. Eles são misericordiosos para com todos, e todos os amam. Tais devotos são as
personalidades mais auspiciosas neste mundo.
Sou uma pessoa completamente desqualificada, incapaz de distinguir a direita da
esquerda. Entretanto, estou tentando pegar o céu com minhas mãos, como um cego
tentando ver uma jóia cintamani no alto de uma montanha. Não sei qual será o resultado.
Mas, tenho uma esperança: Que o Senhor Caitanya será misericordioso, pois Ele não
considera se alguém é bom ou ruim. Não olhando as desqualificações, o Senhor distribui
livremente abrigo aos Seus pés de lótus a qualquer um.
Por favor, ouçam a descrição do comportamento de um devoto puro. Dedicando sua vida
aos outros, ele dá sua misericórdia sem causa para todas as entidades vivas. Ele fica feliz
e faz os outros felizes. Este Locana dsa só tem uma esperança: Deseja alcançar os pés
de lótus de Narahari Sarakara µhk™ra (seu mestre espiritual), que é o seu senhor e
dono de sua vida. Apesar de muito caido, desejo glorificar as indescritíveis qualidades do
Senhor Caitanya Mahprabhu. Para alcançar esta perfeição, mantenho os pés de lótus de
Narahari µhk™ra em meu coração eternamente.
Todas as glórias a ®r… KŠa Caitanya, ®ri Nitynanda Prabhu, ®r… Advaita
Candra e a todos os Gaura-bhaktas.
Todas as glórias a Narahari e a Gad€dhara PaŠita, os senhores do meu coração. Por
favor, lancem sobre mim o olhar mais misericordioso e auspicioso.
A forma dourada transcendental de Gaur€‰ga é a encarnação de toda compaixão. Com
minhas seletas orações, glorificarei Seus róseos e brilhantes pés de lótus. Permita que os
devotos se sentem juntos e sejam abençoados pelo toque dos pés de lótus de Gaur€‰ga.
Ó Senhor, querido de ®acim€t€, deixe-nos oferecer nossas respeitosas reverencias a Ti.
Por favor, olhe favoravelmente para nós e nos conceda uma gota de Tua misericórdia.
Todas as glórias para Advaita šc€rya, o melhor de todos os Senhores. O mundo se tornou
afortunado pela misericórdia de Teus pés de lótus. Ó S…t€-pranan€tha! (o Senhor do
coração de sua esposa, S…t€) De mãos postas, eu o louvo e imploro por sua
misericórdia.
Adoro ®r… Nity€nanda Prabhu, o filho de Rohin… Dev…, o avadhuta, que é não-
diferente do Senhor Caitanya.
Antes de tudo, deixe-me glorificar os pés de lótus de Gargcrya, que se orgulhando do
seu neto Gaur‰ga, fica louco em êxtase quando louva Suas qualidades.
Adoro Jagannath Misra, o pai de Vi vambhara, e ®ac… µhk™ran…, Sua mãe.
Adoro Lakm… µhk™ran…, que foi mordida pela serpente da separação do Senhor
Caitanya.
Adoro ViŠupr…ya Dev…, que aceita os róseos pés de lótus do Senhor Caitanya como
Seu ornamento.
Alegremente, glorifico PuŠarika Vidy€nidhi, por quem Mah€prabhu chorou em êxtase.
Glorifico os pés de lótus de M€dhavendra Pur…, Ÿavara Pur… e ®r… PaŠita
Gosv€m….
Adoro Govinda Gosai e Vakrevara PaŠita que são como abelhas enlouquecidas atrás do
doce néctar dos pés de lótus de Gauranga.
Adoro Param€nanda Pur…, ViŠu Pur… e Gad€dhara D€sa, mantendo os seus pés em
minha cabeça.
Com o coração cheio de alegria, oro a Murr… Gupta. Por favor, me abençoe para que
possa glorificar o ®i Gaur‰ga Mahprabhu adequadamente.
Glorifico ®r…vasa µhk™ra e Haridsa µhk™ra. Só desejo alcançar os pés dos
irmãos Vasudeva Datta e Mukunda Datta.
Glorifico Rya Rmnanda que é uma morada do amor.
Deixe-me louvar constantemente Jagadnanda PaŠ ita.
Adoro R™pa, Santana e Damodra PaŠ ita. Também ofereço minhas reverências a
Raghava PaŠ ita.
Adoro ®r… Rma, Sandarnanda, Gaur…dsa e todos os seguidores do Senhor
Nitynanda.
Glorifico meu senhor adorável, Narahari µhk™ra, que me protege neste mundo e no
próximo. Além dele não tenho nenhum outro amigo nestes três mundos. Sendo assim,
deixe-me adorar Narahari µhk™ra que é um oceano das qualidades de Gaur‰ga.
De mãos postas, deixe-me cair ao solo e oferecer as minhas reverências a Govinda,
Mdhava e Vasu Ghosh.
De todo coração glorifico ®r… Vndvana dsa µhk™ra, que encantou o mundo
como as palavras do seu Caitanya Bhgavata.
Meu caro irmão, devemos glorificar sempre a Deidade da família de Raghun ndana.
Como um menino, Raghunndana µhk™ra deu um laddu a sua Deidade de KŠa.
Quem pode considerar este menino como uma pessoa ordinária?
Adoro seu pai, ®r… Munkunda dsa, que teve fé inabalável no caminho mostrado por
®r… Catanya Mah€prabhu.
Adoro todos os devotos do Senhor, conhecidos e desconhecidos. Mantenho seus pés
sobre a minha cabeça como a jóia de uma coroa.
Adoro os mah€ntas e os seus seguidores. Sempre canto as glórias de seus pés.
Não se importem se menciono o nome de alguém antes do nome de outrém. Não há
ordem alfabética precisa. Se, por engano, esqueço de glorificar o nome de alguém, peço
desculpas oferecendo a ele cem reverências.
Glorifico todos os devotos, tanto na Terra como nos céus. Ofereço minhas reverências a
todos eles, um por um.
Desejando alcançar amor pelo Supremo, deixe-nos alegremente glorificar as qualidades
transcendentais de ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu.
Eu, Locana d€sa, como o coração radiante de alegria, canto as glórias transcendentais de
®r… Caitanya Mah€prabhu.
CAPITULO 2
Todas as glórias a ®r… KŠa Caitanya e ®r… Nity€nanda. Todas as glórias a ®r…
Advaita šc€rya, a morada de toda bem aventurança e felicidade. Todas as glórias a
Narahari Sarakara. Todas as glórias a ®r…vasa, a autoridade em devoção.
Com todo meu coração, adoro os pés dos devotos queridos do Senhor Caitanya. Por
favor, ouçam cuidadosamente os seguinte tópicos sobre a Suprema Personalidade de
Deus, ®r… KŠa Caitanya.
Previamente, D€modara PaŠita e Mur€r… Gupta, dois associados eternos muito íntimos
do Senhor Caitanya, discutiam a aparição do avatara dourado, ®r… Gaur€‰ga
Mah€prabhu. Para o benefício de todo mundo, esta discussão muito importante é
novamente relatada aqui.
D€modara PaŠita perguntou a Mur€r… Gupta:
- Por favor, explique por que o Senhor Gaur€‰ga apareceu. Ficarei em bem aventurança
por ouvir estes tópicos de você. Por que a Suprema Personalidade de Deus, ®r… KŠa,
deixou Sua syama-varna (cor de nuvem azulada) e assumiu uma forma dourada? Por que
tirou Sua vestimenta de amante galante e adotou trajes de sanny€s…? Por que viajou tão
constantemente para pregar? Por que chorava quando cantava "R€dh€-Govinda"?
Eu, Locana d€sa, contarei a voces este tópicos muito confidenciais. Por ouvi-los, as
pessoas ignorantes do mundo alcançarão a salvação.
Após ouvir a estas perguntas, Mur€r… Gupta respondeu:
- PaŠita D€modara, ouça-me. Vou explicar estas verdades para você. Na Satya-yuga, as
escrituras dizem que dharma tem quatro membros: misericórdia, limpeza, austeridade e
veracidade. Tetra-yuga tem três qualidades: misericórdia, limpeza e varacidade. Dvapara-
yuga tem duas: limpeza e veracidade. Kali-yuga tem uma: veracidade.
Na Kali-yuga, a irreligião substitui a religião. As pessoas rejeitam as regras de
varnarama-dharma. Sob a densa escuridão de Kali, todo mundo se torna pecaminoso e
adepto a atos irreligiosos.
N€rada Muni, o maior entre os sábios, sentindo compaixão pela humanidade, decidiu
expulsar Kali, a personalificação do pecado, da Terra. Vendo que a serpentiforme Kali
havia engolido todo mundo em pecado, N€rada apareceu para restabelecer a religião.
N€rada Muni pensou consigo mesmo: "De uma maneira ou de outra, devo trazer o
Senhor KŠa imediatamente para a Terra. Somente Ele pode restabelecer a religião nesta
pecaminosa era de Kali. Os Vedas e os Agama concluem que o desejo do Senhor
Govinda é o mesmo do de Seus devotos puros."
N€rada continou contemplando: "Se sou realmente um verdadeiro servo do Senhor KŠa,
serei então capaz de trazer o Senhor Yadu R€ya (KŠa), para esta Kali-yuga. Primeiro
deixe-me observar as atividades das pessoas em Kali-yuga. E então, irei intimar ®r…
KŠa, a corporificação da religião. Também trarei os semideuses, e os amigos e
seguidores íntimos de KŠa que agirão como Suas armas e associados."
Mur€r… Gupta disse para D€modara PaŠita:
- E assim, grandes semideuses como o Senhor Brahm€, grandes sábios como N€rada
Muni e até mesmo Katyayani Dev… nasceram sobre a Terra quando o Senhor desceu. De
Dv€raka, membros da família Yadu se expandiram e também apareceram na Terra.
Ouça atentamente. Agora vou explicar o aparecimento de ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu,
a essência de todas as encarnações. Ele exibiu mais compaixão do que qualquer outro
avatara. N€rada Muni, que sempre saboreia e canta os nomes e qualidades de KŠa, ficou
muito aflito com o sofrimento de todos. Ele vinha se esforçando para distribuir em suas
viagens por todo o universo os santos nomes de KŠa. Mas infelizmente, estando muito
apegadas à existência material, as pessoas de Kali-yuga recusavam-se a aceitar o santo
nome. Enquanto cantava os santos nomes de KŠa, às vezes N€rada chorava ou ria alto.
Às vezes ficava pasmado em êxtase. Glorificando KŠa com a sua vina, N€rada às vezes
permanecia imerso nas doçuras de KŠa-prema. Correntes de lágriamas rolavam de seus
olhos enquanto cantava Hare KŠa. Apesar do amor encher o corpo de N€rada de alegria e
êxtase, as pessoas do mundo não podiam apreciar isto.
Angustiado, N€rada sentiu tristeza pela condição caída das pessoas e imaginou como
salvá-las. A cobra venenosa de Kali havia mordido todo mundo, infectando a todos com
o veneno de m€y€. Totalmente esquecidas de KŠa, as pessoas viviam loucas atrás de
gratificação dos sentidos. Seus corações encontravam deleite em infindáveis ondas de
luxúria, ira, cobiça, inveja, ilusão e loucura. Vivendo na filosofia do "eu" e "meu",
desperdiçavam a sua valiosa forma humana de vida sem sequer indagar sobre o seu
verdadeiro amigo, o Senhor Supremo.
A LAMENTAÇÃO DE RUKMI¦Ÿ
- De repente, bem naquele instante, o grande sábio N€rada Muni chegou a Dv€raka. Seu
coração estava cheio de ansiedade e ele parecia perturbado. Rukmin… Dev… levantou-
Se respeitosamente e deu as boas vindas ao sábios com palavras doces. KŠa ofereceu
uma asana a N€rada, lavou seus pés e depois o abraçou afetuosamente. Num humor
alegre, o Senhor indagou sobre o bem estar de N€rada.
Os olhos de N€rada estavam avermelhados e corriam lágrimas de amor divino. Sua voz
estava entrecortada e seu corpo tremia. N€rada estava tão emocionado de ver KŠa que
tudo que podia fazer era chorar. Apesar de tentar, N€rada não conseguia falar pelo efeito
do êxtase transcendental.
O Senhor KŠa disse para N€rada Muni:
- Ó grande sábio, por favor nos diga porque estás tão infeliz e perturbado. Para Mim, és
mais querido do que a Minha propria vida. E sei que também sou tua vida e alma. Sinto-
Me arrasado por te ver nesta situação.
N€rada Muni respondeu:
- Meu querido Senhor, o que posso dizer? És o Senhor de tudo o que existe. És a
Superalma em todas as entidades vivas. Cantar Teus santos nomes e qualidades é meu
nectário sustento. Encantado por Tuas qualidades transcendentais, percorro ilimitados
universos, pregando Tuas glórias.
No entanto, quando não consigo ouvir Teus nomes sendo cantados, e quando vejo as
almas condicionadas intoxicadas por orgulho, absortas em atividades materialistas e
desprovidas de consciência de KŠa, isto me causa imensa dor. Não vejo nenhum meio de
liberar estas pessoas. Assim sendo, minha mente está sempre perturbada pensando sobre
isso. Acabei de Te revelar todo sofrimento que há em minha mente. Em Tua presença,
pela misericórdia de Teus pés de lótus, sinto-me bastante aliviado.
- Ouvindo estas palavras de N€rada, o Senhor KŠa sorriu compassivamente e disse:
- Ouça, grande sábio, de algum modo esquecestes um evento passado. N€rada, não te
lembras da ocasião em que destes os restos de Minha mah€-prasada ao Senhor ®iva?
Depois de P€rvat… Dev… comer um pouco, ela prometeu distribuir Minha mah€-
prasada a todas as entidades vivas.
O Senhor KŠa continuou:
- Ouça N€rada, acabo de ouvir uma maravilhosa descrição de Rukmin…. Como
resultado, desejo te prometer, N€rada, que na era de Kali, manifestarei uma forma cheia
de humildade. Devo Me tornar um dovoto de Mim mesmo para poder sentir a felicidade
que sentem os Meus devotos puros. Não somente Eu experimentarei a bem-aventurança
de prema-bhakti, mas vou dá-la a todos no mundo.
Apesar de ser o Senhor Supremo, aparecerei como Meu próprio devoto. Associado a
outros devotos, distribuirei gratuitamente Meu amor por realizar Hari-n€ma-sa‰k…
rtana, o canto congregacional de Meus santos nomes. Aparecerei na morada
transcendental de Navadvipa em ®r…dhama Mayapur, no lar de ®ac…m€t€.
- E então, KŠa explicou as qualidades desta Sua encarnação em Kali-yuga pela qual Ele
iria atrair as almas condicionadas. O Senhor KŠa disse:
- N€rada, Meu corpo transcendental vai ser alto, da cor de ouro derretido e Meus braços
serão longos e maravilhosos. A incomparável beleza de Minha forma dourada irá desafiar
a beleza do monte Sumeru.
- Enquanto estava absorto em êxtase, o Senhor KŠa de repente exibiu Sua forma como
®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu! N€rada Muni caiu numa síncope divina, logo ao ver esta
mais maravilhosa forma do Senhor KŠa que deveria aparecer na era vindoura.
Locana d€sa diz que esta foi a primeira vez que o Senhor KŠa revelou a forma
transcendental do Senhor Gaur€‰ga, o maravilhoso Senhor dourado, saturado de puro
amor a Deus.
Mur€r… Gupta continuou a história:
- Contemplando esta forma tão estupenda, o coração de N€rada Muni ardeu de amor e
lágrimas rolaram de seus olhos em milhares de torrentes. A compleição dourada brilhante
de Gaur€‰ga era mais radiante do que milhões de sóis. De beleza ofuscante como
milhões de luas e milhões de Cupidos ficariam envergonhados ao ver Sua face
inconcebivelmente bela. Cego pela refulgência estonteante de Gaur€‰ga, o sábio fechou
os seus olhos e tremeu de êxtase.
Vendo a condição aturdida de N€rada, o Senhor KŠa ofuscou sua refulgência e o chamou
com voz alta. Recuperando a consciência, N€rada viu o Senhor KŠa diante de si, mas
estava muito ansioso em ver novamente a maravilhosa forma de Gaur€‰ga.
O Senhor KŠa disse:
- Ó N€rada, sábio mais afortunado, serás amado onde quer que vás. Por favor, saia pelo
Universo e diga aos residentes de Brahmaloka e de ®ivaloka que logo encarnarei em
Kali-yuga como Gaur€‰ga. Nesta forma de misericórdia personalificada, estabelecerei a
yuga-dharma de sa‰k…rtana-yajña.
Revelando as glórias dos santos nomes de KŠa, irei pregar pessoalmente as glórias do
serviço devocional e dar gratuitamente para todos a bem-aventurança de kŠa-prema.
Apesar de durante as eras, muitos ramos de religião terem aparecido no mundo, pregarei
amor puro a Deus para unir todos os seguidores. Vou aparecer na Terra, juntamente com
Meus amigos e seguidores íntimos. Com eles satisfarei Meu acalentado desejo de
saborear o amor puro que Meus devotos sentem por servirem Meus pés de lótus.
- As misérias e ansiedades de N€rada desapareceram ao ouvir estas palavras divinas da
maravilhosa boca de KŠa. Tendo satisfeito completamente os desejos de seu coração,
N€rada pegando sua vina e cantando os nomes de KŠa, deixou Dv€raka.
O VI±¦U-KATYAYANŸ SA¤VšDA
- Estas palavras inflamaram šdya-akti (P€rvat…) com uma ira furiosa. P€rvat… disse:
- Um dos meus nomes é VaiŠav…; e eu também tenho devoção pelo Senhor ViŠu.
Agora, diante desta assembléia, vou fazer um voto solene. Se o Senhor N€r€y€Ša me
conceder Sua compaixão, estarei certa que a mah€-prasada do Senhor será distribuida a
todo mundo neste Universo, até mesmo aos cães e chacais.
- Neste momento, o Senhor de VaikuŠ˜ha, o próprio Senhor ViŠu, chegou a Kail€sa
para assegurar a promessa de P€rvat…. Respeitosamente, P€rvat… levantou-se e
ofereceu reverências ao Senhor. Com lágrimas nos olhos, ela se recompôs e contou o seu
problema ao Senhor.
Num humor alegre, eu, Locana d€sa narro esta história.
Mur€r… Gupta continuou falando com D€modara PaŠita:
- E então, o Senhor ViŠu falou numa voz doce:
- Katyayan…, não fique na ignorância. Você é minha €dya-akti, e através de você
manisfesto toda a criação material. Sei que você tem devoção por Mim.
Você é Minha prakti-svar™pin… (a forma da energia material de ViŠu), você está
sempre dedicada ao Meu serviço devocional. Sem você a criação material não pode
existir. Toda a criação a adora e ao seu esposo, o Senhor ®iva, como Hara e Gaur…
saibam que vocês dois são o Meu próprio Eu. Por favor, removam este equívoco de
pensar que você e o Senhor ®iva são diferentes de Mim. Pode estar certa de que
cumprirei sua promessa. Pessoalmente distribuirei Minha mah€-prasada para todo
mundo neste Universo.
- O Senhor ViŠu, o possuidor de todas as qualidades valiosas, continuou falando:
- Ouça, Katyayan… Dev…. Agora vou lhe contar um segredo sobre um episódio muito
antigo que irá aliviar as misérias do mundo material. Ninguém sabe o significado
intríceco de uma história concernente aos semideuses durante a batedura do oceano de
leite. Eles usaram a montanha Mandara como um bastão para a batedura, e Vasuki, o rei
das serpentes como uma corda. O primeiro objeto que produziram na batedura foi uma
kalpa-taru, uma árvore que dá riquezas ilimitadas e satisfaz todos os desejos de uma
pessoa.
Dentro desta árvore especial havia uma refulgência transcendental que emanava da
maravilhosa forma do Senhor Caitanya, a suprema encarnação de pura misericórdia.
Nunca havia existido uma forma ou encarnação igual à forma de ®r… KŠa Caitanya. Ele
é a origem de todas as encarnações. Ele aparecerá neste mundo, exibindo passatempos
transcendentais. Por pregar a consciência de KŠa, distribuirei Minha misericórdia para as
pessoas em geral.
Na era de Kali, manifestarei a forma dourada do Senhor Gaur€‰ga Mah€prabhu para
propagar o sa‰k…rtana-yajña, o canto congregacional de Meus santos nomes.
Assumindo a forma de um avatara dourado, satisfarei o seu voto, P€rvat…, e darei amor
a KŠa para todo mundo. Por favor, mantenha este tópico secreto em segredo. Na forma
do Senhor Gaur€‰ga, a essência de todas as encarnações e repleto de todas as qualidades
transcendentais, liberarei todas as pessoas da Kali-yuga.
- Esta conversa entre o Senhor ViŠu e P€rvat… Dev…, que é chamada ViŠu-Katyayani
Saˆvada, foi extraida do Padma Purana. O rei Prataparudra, que foi um oceano de
qualidades transcendentais, distribuiu estes ensinamentos por todo seu império.
- N€rada Muni continuou falando com o Senhor ®iva:
- Mahea, o Senhor me ordenou que anunciasse Seu aparecimento na Kali-yuga. Nesta
ocasião, o Senhor e Seus associados eternos descerão para a Terra para remover todas as
calamidades. O Senhor Supremo na forma do Senhor Gaur€‰ga aparecerá numa família
de brâmanes.
- O Senhor ®iva e P€rvat… Dev… ficaram felizes depois de ouvir estas boas notícias de
N€rada Muni. A bem-aventurança inundou o lar do Senhor ®iva assim que todos
começaram a cantar os santos nomes do Senhor. Sons de "Hari! Hari!" vibraram por todo
lugar. Tocando docemente sua vina, N€rada Muni deixou o monte Kail€sa.
AS YUGA-AVATšRAS
"Na era de Kali, as pessoas inteligentes realizam o canto congregacional para adorar a
encarnação do Supremo que canta constantemente os nomes de KŠa. Apesar de Sua
compleição não ser escura, Ele é o próprio KŠa. Ele está acompanhado de Seus
associados, servos, armas e companheiros confidenciais."
- Agora vou explicar novamente como o Senhor KŠa veio em três diferentes cores em
quatro yugas. Na Satya e na Tetra-yugas o Senhor apareceu em duas cores: branca e
vermelha. Mas na Kali e na Dvapara-yugas o Senhor veio com uma cor: negra.
Entretanto, não há na realidade uma quebra na sequência das cores mencionadas por
Gargamuni no ®r…mad Bh€gavatam 10.8.13. Lá ele diz que o Senhor apareceu nas
cores branca, vermelha e amarela em três eras anteriores.
N€rada, agora ouça a uma bem-aventurada utilização de palavras sânscritas usadas por
Gargamuni. No ®r…mad Bh€gavatam verso 10.8.13, Gargamuni disse que as quatro
yugas aparecem com as três fases do tempo: passado, presente e futuro. Depois da Satya
e Tetra-yugas, o próprio KŠa aparece na Dvapara-yuga. Gargamuni utilizou a palavra
idanim, que significa recentemente. Mas este passatempo irá acontecer no futuro. A
palavra bhaviya significa futuro. Um erudito pode provar o significado do futuro por
conhecer o passado.
Isto é evidenciado pela palavra tatha (neste local) que se refere às encarnações vermelha
e branca do Senhor que já foram vistas. A cor amarela será vista na Kali-yuga, quando o
Senhor Hari aparece na cor amarela como ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu. Se alguém não
aceita minha explanação, então deve explicar porque Gargamuni usou a palavra tatha
neste verso.
Locana d€sa diz por favor, aceitem estas declarações como corretas e não as ignorem.
O Senhor Brahm€ continuou falando com N€rada:
- Esta explanação é a prova suprema que mostra porque KŠa é o avatara para a Kali-
yuga. Apesar de haver um debate sobre o aparecimento de KŠa como avatara fora do
tempo normal, se você ouvir com atenção, compreenderá a verdade. As outras yuga-
avataras são partes ou expanções das partes do Senhor ®r… KŠa. O próprio ®r… KŠa é
a Suprema Personalidade de Deus. Ele não é uma encarnação, como está provado no
®r…mad Bh€gavatam (1.3.28):
"Todas as encarnações acima mencionadas são porções plenárias ou partes das porções
plenárias do Senhor, mas o Senhor ®r… KŠa é a Personalidade de Deus original. Todas
elas aparecem nos planetas sempre que haja um distúrbio causado pelos ateistas, O
Senhor encarna para proteger os teistas."
Usando a autoridade do ®r…mad Bh€gavatam, vou explicar porque KŠa é chamado de
yuga-avatara. As realizações de Gargamuni são difíceis de serem compreendidas por
pessoas ignorantes como nós. Só os devotos inteligentes podem compreendê-las.
Gargamuni disse que nas quatro yugas, o Senhor apareceu em quatro cores em três
ocasiões diferentes: passado, presente e futuro. Na Satya, Tetra, Dvapara e Kali-yugas o
Senhor aparece nas cores branca, vermelha e amarela respectivamente.
Quem é a fonte de todas as encarnações? ®r… KŠa, a Suprema Personalidade de Deus,
que aparece na dinastia de Yadu, Ele é a fonte e todas as outras são Suas expanções. O
Senhor vem para estabelecer religião e destruir ateistas. Na Dvapara-yuga, o Senhor
Supremo apareceu na Terra como o próprio KŠa e na Kali-yuga, KŠa vem como o
Senhor Gauracandra. Eles são o mesmo e são também diferentes. De acordo com
Vy€sadeva no ®r…mad Bh€gavatam, nas duas yugas, Dvapara e Kali, as duas
encarnações do Senhor tinham a mesma cor, KŠa - escura.
N€rada, está explicado no Bhat-sahasra-n€ma-stotra que o Senhor ®iva aparece no
começo da Kali-yuga. Ele toma a forma de Sa‰kar€c€rya e promove ateismo pregando
filosofia impersonalista. No Bhagavat-g…t€ (4.8-9), KŠa promete que sempre onde a
religião estiver reduzida, Ele vem à Terra para remover ateismo e restabelecer a religião.
Devido à ignorância das pessoas na Kali-yuga, elas se tornam absortas em atividades
pecaminosas e gratificação dos sentidos. Assim, elas permanecem presas à miserável
existência material.
- Em toda yuga, o Senhor Supremo vem à Terra para liberar os santos, destruir ateismo e
restabelecer os princípios religiosos. Na Kali-yuga, KŠa vem como o avatara Gaur€‰ga
para propagar o cantar dos santos nomes como yuga-dharma universal. Glorificação aos
santos nomes do Senhor é a única religião para a era de Kali.
Além do próprio Senhor Supremo, quem mais poderia estabelecer o yuga-dharma de
hari-n€ma-sa‰k…rtana, que remove rápida e efetivamente os pecados da era de Kali?
Caridade, sacrifício, austeridade, yajña, auto-controle, estudo das escrituras, renúncia aos
desejos materiais e outros princípios religiosos são alcançados automaticamente por se
cantar Hare KŠa com sinceridade. As ilimitadas glórias e qualidades dos santos nomes de
KŠa destroem a ignorância e liberam do horrível ciclo de nascimentos e mortes.
Não conhecendo esta qualidade essencial da era de Kali, as pessoas pensam que esta é
apenas uma era escura cheia de pecados. Na verdade, Kali é a era mais maravilhosa
devido a esta qualidade. De qualquer posição, as entidades vivas pecaminosas podem
obter a salvação simplesmente por realizar hari-n€ma-sa‰k…rtana.
- Depois de dizer isso, o Senhor Brahm€, cheio de êxtase abraçou N€rada Muni. Então
Brahm€ se levantou de repente e proclamou:
- Pode-se alcançar prazer sensorial ilimitado e a satisfação de todos os desejos
simplesmente por ver uma vez a radiante e magnífica forma do Senhor Gaur€‰ga!
- O Senhor Brahm€ continuou sua explanação, citando alguns versos dos €stras para
confirmar a aparição do Senhor KŠa como ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu e glorificar a
Kali-yuga e o processo de hari-n€ma-sa‰k…rtana. Ele citou o Mah€bh€rata (ViŠu-
sahasra-nama stotra):
- Quando N€rada voltou ao planeta Terra, percebeu um declínio das atividades religiosas
das pessoas. Elas haviam abandonado as práticas de caridade, penitência e austeridades.
Negligenciando todas as atividades piedosas, os homens estavam usando seus corpos,
mentes e palavras apenas para glorificar as suas esposas. Os homens estavam totalmente
dedicados às mulheres e ao gozo dos sentidos. Ninguém tinha o menor interesse por yoga
ou auto-realização. Observando estes sintomas N€rada ficou convencido que durante sua
visita a Brahmaloka a Kali-yuga descera sobre a Terra. Sentindo-se perturbado, N€rada
sentou-se para meditar.
De repente ouviu uma voz divina no céu:
- Eu sou o Senhor Jagann€tha, o Senhor do Universo e apareci como darubrahman
(forma do Senhor em madeira). Estou residindo em Nilacala ao lado do mar para a
liberação de todas as almas caidas. Voce se esqueceu do passado? Para poder cumprir a
promessa a Katyayan… Dev…i, desci para distribuir Minha mah€-prasada para todo
mundo. Agora, ó melhor dos sábios, venha para Nilacala (Jagann€tha Puri) em
obediência à Minha ordem.
- Tomado de amor, N€rada gritou:
- Ó Jagann€tha!
- Tocando sua vina que encanta o mundo inteiro, seguiu para Nilacala. Entrando no
grande templo, ele viu a larga e redonda face do Senhor Jagann€tha. Sua face é mais
brilhante, suave e maravilhosa do que milhões de luas.
N€rada viu o Senhor Jagann€tha como a Suprema Personalidade de Deus, ®r… KŠa, a
fonte de todas as encarnações. O Senhor estava em êxtase e possuia um sorriso
refulgente. Agora Ele aparecera como a mais misericordiosa das Deidades adoráveis.
Caindo aos pés do Senhor Jagann€tha, N€rada disse:
- Por favor, Senhor Jagann€tha, a era de Kali já veio. Por favor dê Sua misericórdia. As
pessoas estão confusas, extremamente degradadas e cheias de lamentação. Controladas
pelos sentidos, estão se dedicando às mais grosseiras atividades pecaminosas.
- O Senhor Jagann€tha sorriu, tocou as mãos de N€rada e disse confidencialmente:
- N€rada, agora voce deve ir a Goloka, o mais elevado planeta espiritual. O Senhor
Gaur€‰ga reside lá. Lakm… e muitas outras damas amorosas servem ao Senhor Hari
que é o único desfrutador. Lá os residentes são felizes. R€dh€ e Rukmin… são as rainhas
principais. Juntamente com Suas muitas expanções, elas servem ao Senhor como Suas
consortes. Seguindo Seus passos, centenas e milhares de devotos servem ao Senhor.
Satyabham€ serve ao Senhor com a Sua incomparável beleza e qualidades inigualáveis.
Na verdade, Ela é a mulher mais maravilhosa nestes três mundos. Ela é possuidora de
toda a perícia e conhece os limites da rasa. Satyabham€ desfruta de encantadores
passatempos que compreendem as várias artes da rasa.
Depois de adorar Sr…mat… R€dh€a‰…, o Senhor Se expande em muitas formas para
desfrutar a dança da rasa em Vnd€vana com centenas de gopis amorosas. Com uma só
boca, como é possível descrever os limites das glórias destes doces passatempos?
Em Dv€raka, todas as damas obedecem Rukmin… Dev…. Suas mentes estão cheias de
devoção e elas sempre cantam as glórias do Senhor. Mesmo enquanto elas estão todas
juntas com KŠa, desfrutam dos sabores da rasa individualmente.
Os quatro tipos de salvação são dados pelo Senhor de VaikuŠ˜ha. Até mesmo as pessoas
caídas no mundo material podem obter a liberação por prestarem serviço devocional.
Entretanto, apenas bhakti pura pode controlar o Senhor Supremo. Sendo sempre
acompanhado por Lakm… Dev…, o Senhor é sempre rico; mas Ele sempre está carente
de saborear amor puro.
Assim como o açúcar não pode desfrutar de sua própria doçura, mas ajuda os outros a
desfrutá-la; da mesma maneira, coma a ajuda de bhakti, se alcança automaticamente a
salvação. A liberação impede o fluxo natural do serviço devocional puro. Vocês devem
saber que esta prema-bhakti-yoga supera muito os quatro tipos de liberação.
O Senhor Supremo de Goloka virá para Puri como ®r… Caitanya Mah€prabhu para
distribuir Sua misericórdia. Como Senhor dos senhores, Ele irá assumir uma forma alta e
dourada. Por distribuir livremente Sua misericórdia, irá mitigar o sofrimento de todos.
Ele irá pregar, dançar e glorificar os santos nomes. Ele distribuirá a bem aventurança de
puro KŠa-prema para liberar todas as pessoas na Kali-yuga. Agora, vão vê-lO e vocês
sentirão alívio de todas as misérias.
- Depois de ouvir o Senhor Jagann€tha, N€rada Muni deixou Puri e viajou para
VaikuŠ˜ha. Enquanto viajava, N€rada estava pensando:
- Ouvi muitas conversas confidenciais no ®r…mad Bh€gavatam sobre mukti e bhakti.
Também ouvi sobre este local que é desconhecido, imanifesto neste mundo e que está
além do conhecimento védico. Hoje vou ver este local manifesto diante dos meus olhos.
- Cheio de KŠa-prema e tocando sua vina, o grande sábio seguiu rapidamente para
VaikuŠ˜ha. Ele ficou num êxtase ainda maior quando ouviu a doce canção dos residentes
de VaikuŠ˜ha. Chegando ao portão, N€rada louvou o Senhor ViŠu com as orações mais
auspiciosas. O Senhor de VaikuŠ˜ha estava sentado numa asana repleta de jóias, rodeado
pelos Seus associados eternos. N€rada caiu aos pés do Senhor em submissão respeitosa.
Imediatamente o Senhor o levantou e o abraçou.
Rindo e sorridente, o Senhor disse:
- N€rada, por favor, revele sua mente para Mim. Diga-Me imediatamente os segredos de
seu coração. Estou ansioso em realizar os seus desejos. Vou lhe revelar tudo o que você
desejar compreender.
De mãos postas e com o coração humilde, N€rada respondeu:
- Meu Senhor, és a Superalma de todas as entidades vivas. Uma vez que já sabes de tudo,
que mais posso dizer? Em Tua forma darubrahma do Senhor Jagann€tha, falastes sobre
uma Tua forma maravilhosa. Agora desejo ver esta forma.
- Então, o Senhor N€r€y€Ša, o reservatório de todas as qualidades transcendentais, disse:
- Esta forma é a Minha forma original, repleta de muitas energias diferentes que se
portam como uma sombra. Elas servem a esta forma em Suas ilimitadas encarnações.
Eu sou todo-penetrante e estou dentro de tudo. Lakm… Dev… e as quatro muktis
(formas de salvação) sempre Me seguem. Sou a riqueza de Lakm… Dev…. N€rada, este
planeta VaikuŠ˜ha para o qual você veio é uma expanção do original, o planeta espiritual
mais elevado chamado Goloka Vrnd€vana. Os quatro tipo de mukti atuam aqui como
uma sombra que encobre a brilhante realidade de bhakti. Entretanto, em Goloka
Vnd€vana não há nada além de serviço devocional puro expontâneo.
®r…mat… R€dh€a‰… é a energia original, a própria encarnação de prema. Só Ela
controla KŠa, o desfrutador supremo. Sua morada é chamada Mah€ VaikuŠ˜ha, o mais
elevado planeta entre os VaikuŠ˜has. Três quartas partes das energias do Senhor estão no
mundo espiritual.
Posso dizer com certeza que Gaurahari está além do toque de m€y€. Ele é uma árvore dos
desejos de compaixão. Ó grande sábio N€rada, vá a Sua morada e busque abrigo em
®r… Caitanya Mah€prabhu, o iksa-guru do mundo inteiro!
- N€rada seguiu para Goloka tocando sua vina e cantando as glórias de Hari. Tomado de
êxtase, seu corpo mostrava vários sintomas de amor transcendental como arrepios. Num
momento ele corria, chamando "Gaur€‰ga!" No momento seguinte dava passos
cambaleantes, virando a cabeça sem nenhum motivo e então saia correndo.
De repente, uma suave brisa de VaikuŠ˜ha soprou sobre ele, e ao longe ele viu uma
maravilhosa refulgência, mais refrescante do que milhões de luas. Os sentidos de N€rada
se tornaram inertes quando ele sentiu a doce fragrância dos pés de lótus do Senhor.
N€rada viu que os residentes de Goloka estavam num humor jovial. Milhares de Cupidos
rodeavam o Senhor, esperando para servi-lO. Suas formas corpóreas eram muito
atrativas. Sua conversa era um canto nectáreo e seu andar era cheio de dança e de gestos
dramáticos. Eles pareciam completamente satisfeitos por uma bem-aventurança interior
criada pelo amor puro a Deus.
Árvores kalpa-vksa e kamadhenu (vacas surabhi) embelezavam a paisagem. Vendo
alguns carramanchões floridos, N€rada lembrou-se do desejo de Uddhava em nascer
como uma trepadeira em Vnd€vana. Logo N€rada chegou a um bosque, bem no centro
de Goloka. Ali, viu uma forma dourada de KŠa, ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu, sentado
sobre um trono dourado brilhante e magníficamente decorado. O trono estava sobre uma
plataforma de jóias debaixo de árvores dos desejos inacreditavelmente belas.
®r… KŠa Caitanya. Sua face gentil estava adornada com um sorriso extático, ali sentado
pacificamente. Sua forma era mais nectárea, maravilhosa e doce do que o mel. Um ramo
de mangueira cobria um pote d'agua ao lado do trono. O dedão do pé esquerdo de Gaur€
‰ga R€ya tocava o pote. O bosque era iluminado por lâmpadas de jóias, que brilhavam
como o sol.
R€dhik€ e Suas amigas gop…s (representando as energias de Vnd€vana), seguravam
potes d'agua feitos de jóias e permaneciam ao lado direito do Senhor. Ao Seu lado
esquerdo (representando as energias de Dv€raka) estavam Rukmin… e Suas
companheiras, segurando potes de ouro contendo agua em forma de jóias. Nagnajit… deu
um pote cheio d'agua a Sulakshan€. Esta o deu para Rukmin… que então usou a água do
Ganges celestial para banhar Gaur€‰ga Mah€prabhu.
Tilottam€ (uma das apsaras de Indra) encheu outro pote d'agua, passando para
Madhupr…y€, que o deu a Candramukh…. Esta o deu a R€dhik€ Ra… (R€dh€r€‰…)
que o despejou sobre a cabeça de Gaur€‰ga em abhieka. Satyabham€ deu aromas
celestiais, vestes, guirlandas e ornamentos a Lakman€, Subhadr€ e Bhadr€. Com potes de
ouro cheios d'agua do Ganges celestial misturada com jóias, todos banhavam a forma
transcendental do Senhor Caitanya.
Das quatro direções, damas celestiais vinham trazendo maravilhosas vestes, jóias e
ornamentos para o Senhor. Os melhores menestréis estavam próximos do Senhor Gaur€
‰ga R€ya, louvando-O com orações magníficas. De acordo com os Vedas, a melhor
forma de meditação é sempre se lembrar da abhieka do Senhor de Goloka.
O maravilhoso corpo de Mah€prabhu brilhava como ouro derretido. Seus dois braços
eram longos e graciosos. Ele estava sendo adorado por devotos que cantavam um mantra
de quatro sílabas. Esta mesma forma aparece em VaikuŠ˜ha com quatro braços. Lá Seus
corpo tem a cor de uma nuvem de chuva recém-formada, e Ele porta os quatro símbolos
de ViŠu em Suas quatro mãos: cakra, padma, sankha e gada.
Ao ver Gaur€‰ga, o grande sábio ficou cheio de amor a Deus. Ele caiu aos pés do
Senhor e os banhou com suas lágrimas. Sorrindo, o Senhor levantou N€rada e o colocou
em Seu colo.
Neste instante, N€rada disse:
- Ó meu Senhor, Tu és muito querido para mim. Destruistes todas as minhas misérias e
todas as minhas dores. Meu querido Mah€prabhu, jamais havia visto nada tão
maravilhoso. Agora minha vida está perfeita. Jamais havia visto tamanha beleza nectárea,
condensada em uma só forma. Até o meu pai, Brahm€, não pode compreender-Te. Tu és
completamente idescritível.
Alguns dizem que és a refulgência suprema. Outros dizem que Tua existência desafia
definição. Não há exemplo que possa descrever o Teus aspecto refulgente. Alguns dizem
que és a Personalidade Suprema. Nenhuma quantidade de especulação pode avaliar-Te.
Ninguém pode obter a liberação mesmo que conheça tudo sobre Tua energia todo
penetrante. Teus passatempos transcendentais desafiam toda a compreensão.
Ananta, com Suas milhares de bocas, não pode encontrar fim nas Tuas qualidades
transcendentais. Apesar de tentar, não pode glorificar-Te adequadamente. Por Tua
misericórdia acabei de ver-Te na forma do Senhor Gaur€‰ga e é impossivel que consiga
conceber-Te de forma mais maravilhosa. Yogis e sa‰karistas acreditam que bhakti é
uma forma grosseira para se aproximar do Supremo. Eles dizem que somente através do
misticismo e da meditação é que se pode realizar a transcendência. Entretanto, os devotos
são resolutos em sua consciência. Eles simplesmente fixam suas mentes nos pés de lótus
do Senhor e O adoram com atenção indivisa.
De acordo com os Vedas, alguns seguem o caminho do varn€rama-dharma. Alguns
munis, sem compreender os Vedas, tentam apresentar a conclusão do Ved€nta. Por que
diferentes filósofos apresentam pontos de vista conflitantes? Alguns sustentam que a
Verdade Absoluta possui unidade indiferenciada. Eu compreendo plenamente que estás
além do conhecimento científico, advinhação ou especulação filosófica.
Por favor, dê-me a misericórdia de Teus pés de lótus. Sinto grande angústia. Meu
Senhor, deixe-me morrer e renascer para que possa alcançar prema-bhakti levando uma
vida consciente de KŠa.
- Depois de ouvir o apelo de N€rada Muni, o Senhor Gaur€‰ga sorriu e disse:
- N€rada, rei dos sábios, venha coMigo. Vamos a Navadv…pa e vamos liberar as pessoas
de Kali-yuga pregando o serviço devocional puro. Eu resido em Svetadv…pa junto com
meu irmão mais velho Balar€ma, cuja expanção é Ananta. Ele e servido pelo Senhor
®iva e pelo onze Rudras. Balar€ma, em Sua forma expandida de Kirodakaayi ViŠu e sua
esposa Revat…, agora estão realizando passatempos no oceano de leite. Ele arranja as
encarnações que depois entram no mundo material. N€rada, vá depressa a Svetadv…pa e
pessa ao Senhor que tome o nome de Nity€nanda e apareça na Terra com Seus associados
eternos.
- N€rada Muni, sentindo bem aventurança e satisfeito por ter ouvido o Senhor Gaur€
‰ga, cantou: "Hari bol! Hari bol!"
Locana d€sa declara que se ficará embalado por ondas de êxtase todo aquele que ouvir
esta conversa transcendental.
CAPITULO 1
CAPITULO 2
OS PASSATEMPOS INFANTIS DE NIMAI
Conforme o filho de ®ac… crescia, Seu corpo parecia uma corrente de nectar. Não
consigo encontrar nada que possa se comparar ao Seu corpo, apesar do meu coração bater
tentando. Até um homem cego correria como louco para ver a beleza sempre em
expansão da face de lua de Nimai. O gentil meio-sorriso em Seus lábios parecia com uma
onda que dança no oceano de néctar.
Mergulhados em rasa, Seus olhos avermelhados imergiam em alegria. O maravilhoso
kajjal negro a rodear Seus olhos parecia como uma represa que tentava conter o oceano
de prema extátito que corria de Seus olhos de lótus. A piedosa e afortunada ®ac…dev…
e Jagann€tha Mira simplesmente olhavam afetuosamente a beleza da face de seu filho.
Num instante Nimai chorava; noutro ria. Ocasionalmente, Ele Se sentava no colo de
®ac… e Se aninhava em seu seio, ou descansava Seus pés sobre ele. Às vezes ®ac…
segurava Nimai de cabeça para baixo, pelos Seus tornoselos e o balançava. Nestas
ocasiões Ele parecia um arbusto dourado sendo sacudido pelo vento.
Às vezes Nimai abria bem os olhos e sorria suavemente, produzindo um fluxo de néctar
muito doce. Seu nariz que era agudo como o bico de um papagaio encantava a todo
mundo. Um brilho fascinante irradiava de Suas faces suaves e atrativas.
Após terem se passado seis meses, Jagann€tha Mira realizou a n€ma-karana, a cerimônia
de dar-o-nome aos seu filho Nimai. Ele decorou o seu filho com braceletes de ouro,
tornoseleiras, cinturões e um colar de pérolas. A sola de Seus pés foram untadas com
kunkuma fresca. Seus lindos lábios pareciam a flor bandhuli e Seus olhos assemelhavam-
se ao lótus vermelho desabrochando.
Todas as partes do corpo transcendental de Gaura pareciam mais brilhantes do que um
relâmpago. Sua refulgência corpórea era tão intensa que não se podia olhar para Ele. O
Senhor recebeu o nome de Vivambhara, que significa aquele que mantém os mundos.
Às vezes o bebê segurava os dedos de Seus pais e tentava andar, mas caia ao solo após ter
dado alguns passinhos. Apesar de balbuciar apenas algumas palavras sem sentido, elas
eram como que ondas de néctar para quem quer que as ouvisse. Desta maneira, dia após
dia, Nimai brincava no quintal de ®ac…m€t€. Suas brincadeiras simples removiam todas
as misérias e pacificavam o mundo.
Os pés que anteriormente eram adorados por Lakm…dev… era agora abraçados por
Pthvi, a Mãe Terra, que se tornara cheia de amor extático. Só há uma lua no céu, mas
parecia que agora haviam dez luas sobre a terra e os seus raios refrescantes emanavam
das unhas dos dedos dos pés de Gaur€‰ga. Homens cegos e pecaminosos tornaram-se
afortunados por verem estes raios. A face de lua de Gaur€‰ga, como uma rainha,
reinava suprema sobre milhões de luas.
Com Suas sombrancelhas curvadas como o arco de Cupido, Ele satisfazia todos os
desejos. Como posso expresssar os limites dos raios brilhantes como o luar de Sua
compaixão, que dissipam as misérias e a escuridão dos corações de todos? Quem pode
descrever Seus maravilhosos passatempos infantis que purificam o mundo inteiro?
Vi var™pa, o irmão mais velho de Vi vambhara, era um estudante precoce e aprendeu
rápidamente todos os Vedas. Quem pode explicar a grandeza do irmão de Nimai? A
compaixão de Vi vambhara aumentava conforme os dias se passavam.
Locana dsa sente alegria em seu coração ao ouvir estes tópicos.
Uma noite ®ac…mt disse:
- Ó lua, ó lua no céu. Por que não vens para a Terra? Nós vamos limpar os seus
pontinhos negros e colocar-te como ornamento na testa de Gaur‰ga. Vamos, meu
querido Nimai, pare de chorar, meu menino dourado, vamos dormir! Mas na verdade,
Seu choro me satisfaz mais do que néctar. Veja! Seu pai trouxe bananas e leite
condensado para Você.
Ó meu menino levado, agora feche os olhos e durma. Sua face parece um lótus dourado e
os Seus olhos parecem um lótus vermelho. Agora Seus olhos semi-cerrados parecem
abelhas semi-submersas no oceano de mel que está contido em Sua face de lótus.
®ac…m€t€ fez uma cama de juta, e a cobriu com algodão macio, abraçou seu Nimai e O
deitou, aquela jóia preciosa, para dormir. Nimai começou a mamar o seio de ®ac€m€t€,
acariciando o outro com Seus dedinhos.
Locana d€sa diz que apesar de Gaur€‰ga ser a jóia entre todos os Senhores, Ele Se
comportava como um menino comum.
Ouçam com atenção o passatempo do dia em que o Senhor revelou Sua identidade.
Enquanto Jagann€tha Mira dormia em seu quarto, ®ac… estava pacificamente relaxada
com seu filho noutro quarto. De repente, muitos soldados entraram no quarto de ®ac…,
deixando-a com medo. Depois de banhar e adorar Nimai, eles O circunambularam e Lhe
ofereceram reverências.
O som de gongos, búzios e o cantar dos santos nomes encheram o quarto. Todos os
semideuses cantavam:
- Todas as glórias ao Senhor Jagann€tha, o Senhor do Universo. Todas as glórias ao
mantenedor supremo. Na Kali-yuga este menino irá nos manter. Ó Vivambhara, caimos
aos Teus pés de lótus e Te imploramos. Por favor, nos abençoe com o raro tesouro de
Vraja-rasa.
®ac…m€t€ estava chocada e apavorada com esta cena. Não estava com medo de que
alguma coisa acontecesse a ela; estava preocupada com a segurança do seu filho, que era
tudo para ela. ®ac…dev… levantou Nimai e disse que fosse para o quarto do seu pai,
para que pudesse dormir em paz. Assim que seu filho saiu do quarto, ®ac…m€t€ ouviu
os sininhos de tornoselo nos pés de Nimai. Ela achou isso estranho, pois Ele não tinha
nenhum sininho de tornoselo.
Os semideuses sairam atrás de Nimai de mãos postas, assim que Ele deixou o quarto de
®ac…m€t€. O Senhor dirigiu-Se a eles:
- Ó semideuses, não fiquem ansiosos atrás de Mim. Apenas passem o seu tempo cantando
sobre os passatempos gloriosos e plenos de amor de R€dh€-Gopin€tha.
E então, Nimai chorou e cantou:
- R€dh€! R€dh€! Govinda! Kalind…! Yamun€! Vnd€vana!
Ao ovirem isso, os semideuses começaram a cantar e a dançar acompanhando o Senhor
alegremente.
®ac…m€t€ desmaiou ao observar as atividades maravilhosas de seu filho. Jagann€tha
Mira se lembrou dos passatempos de KŠa ao ver os pés descalços de Nimai.
®ac…dev… explicou para seu esposo o que acabara de ver em seu quarto:
- Prabhu, lá estavam os semideuses com quatro mãos e alguns deles com cinco cabeças.
Eles vieram em aeroplanos celestiais para adorar o nosso filho. Quando Nimai os viu,
dançou no quintal e cantou "R€dh€ KŠa". Pensei que estivesse dormindo. Como estava
amedrontada, mandei que Ele viesse até seu quarto para Sua segurança.
Apesar do nosso filho ter a maravilhosa forma divina, tenho medo do que possa
acontecer com Ele no futuro. Depois de perder sete filhas, finalmente recebi um filho.
Vou morrer se algo acontecer com Ele. Como não tenho muitas crianças, Nimai é como
as meninas dos meus olhos, é como o bastão que é o maior tesouro para um cego. Nimai
é tão querido para mim como a alma é para o corpo. Não posso viver sem Ele. Por favor,
arranje algum ritual para pedir aos semideuses proteção para Ele.
No dia seguinte, Nimai Se cobriu de poeira ao rolar no chão brincando com Seus amigos.
Vendo-O coberto de poeira, ®ac…dev… disse:
- Nimai, Você parece um boneco dourado cuja face é mais maravilhosa do que a lua. Por
que esta me causando tanta ansiedade rolando na poeira?
E então, ®ac… limpou a poeira de seu filho e beijou Sua face em êxtase.
Depois de alguns anos, o querido de ®ac…m€t€ começou a brincar com os amiguinhos
da mesma idade. Eles brincavam de muitas maneiras, sob as árvores ou nas margens do
Ganges. Às vezes brincavam de markata kela, uma brincadeira de imitar macacos
ficando de uma perna só.
Sabendo que Gaurahari estava brincando muito perto do Ganges, ®ac…dev… pegou
uma varinha e correu atrás dEle para pegá-lO. Enquanto brincava com uma perna só,
Nimai ouviu ®ac…m€t€ O chamar com voz ameaçadora. Temendo ser punido, Nimai
saiu correndo como um elefante louco, olhando sempre por trás de Seus ombros.
Gritando "Peguem-nO! Agarrem-nO!" S€c… corria atrás. O Senhor, a jóia entre os
brâmanes, corria fácil de Sua mãe.
Muito agitado, Nimai entrou em casa e começou a quebrar os potes de cozinha de Sua
mãe. Quando ®ac…dev… chegou lá, ficou parada, atônita. Nimai, de cabeça baixa de
vergonha, trêmulo, começou a chorar. As lágrimas de Nimai pareciam uma guirlanda de
pérolas caindo da lua. Vendo a face de Gaur€‰ga, ®ac…m€t€, se derretendo de afeição,
chamou seu queridinho para sentar-Se em seu colo. Deste modo os passatempos
transcendentais de seu filho travesso estavam além da compreensão de ®ac…dev….
®ac…m€t€ viu que Nimai tinha natureza irriquieta e agitada. Um dia, ®ac…dev…
revelou sua mente para as senhoras de Nadia:
- Gosv€m… satisfez o meu acalentado desejo de ter um filho, mas o comportamento do
meu filho é muito incomum. Nimai diz uma coisa e então faz outra coisa sem medir as
consequências. Não posso compreender Suas ações. Ele não liga se a atividade é pura ou
impura; Ele siplesmente age.
As senhoras choraram ao ouvir isso. Colocaram Gauracandra em seu colo e disseram:
- Ó meu querido, porque Você faz tanta coisa errada?
Vivambhara ficou descocertado com esta pergunta e ao ver isso as senhoras ficaram
descontentes. Agora elas podiam compreender porque ®ac…m€t€ se preocupava com
seu filho. As senhoras disseram:
- ®ac…, quando foi que seu filho começou a agir desta maneira?
®ac…m€t€ respondeu:
- Não posso dizer nada sobre Ele, mas vou contar-lhes algo que aconteceu. Uma noite
segurava Nimai em meu colo, quando meu quarto foi subitamente invadido por muitos
semideuses. Eles colocaram Nimai num trono de ouro, ofereceram dandavats e adoraram
meu filho. É verdade; vi esta maravilhosa cena com os meus próprios olhos.
As senhoras aconselharam ®ac…dev…:
- Olhe, isso parece algum tantra. Deve ser algum ser poderoso que está possuindo seu
filho. Peça aos nossos esposos que arrumem alguns brâmanes e realizem um yajña.
Chame os semideuses e realize alguns rituais auspiciosos para beneficiar o nosso filho
Nimai. Esperançosos, os semideuses depois de receberem sua oferendas, voltarão para o
céu. Não se preocupe ®ac…. Se os semideuses forem adorados adequadamente,
removerão todas os seus temores.
Pegando a poeira dos pés de ®ac…, as senhoras da vila partiram.
Quando ®ac… informou seu esposo, imediatamente e com grande preocupação,
Jagann€tha Mira coletou a parafernália e convidou os brâmanes para fazerem um yajña.
Levando Nimai consigo, ®ac…m€t€ O banhou no Ganges. ®ac… pensou que logo seu
filho se livraria de Sua natureza agitada.
Num humor brincalhão, Vivambhara R€ya correu na frente de ®ac… e pegou alguns
potes de barro usados, cheios de sujeira. Vendo Nimai brincando com tais coisas
contaminadas, ®ac… se agitou e disse com voz cheia de preocupação:
- Ora! Meu filho é muito imprudente e indisciplinado.
Repreendendo seu filho, disse:
- Nimai, que vergonha! Você não sabe o que é puro e o que é impuro?
Vivambhara respondeu em tom compassivo:
- Mãe, o mundo inteiro funciona sem conhecer estes princípios. Não há nada neste
mundo além de terra, agua, fogo, ar e céu. O serviço aos pés de lótus do Senhor KŠa é a
essência de todas as religiões, porque KŠa é o Senhor Supremo, acima de todos os
outros.
As palavras de Nimai aturdiram ®ac… que respondeu levando seu filho para o
Suranad… (Ganges) tomar banho. Ao voltar para casa, ®ac…dev… disse para
Jagann€tha Mira:
- Prabhu, por favor, ouça sobre o caráter de seu filho. Sem dúvida, Nimai é a encarnação
de todos os sacrifícios. Ele ficou parado no meio de potes sujos pregando para mim.
Infelizmente, você não estava lá para vê-lO ou ouvi-lO.
Sentido enorme alegria, Jagann€tha pegou Nimai no colo e disse:
- Ele é a luz que brilha em minha família, a estrela de meus olhos. Ele é a própria alma
de nossos corpos.
Perdido em amor paternal, Jagann€tha simplesmente contemplou a face encantadora de
Gaur€‰ga. Nimai mostrou sinais de êxtase transcendental. Chorou profusamente, falou
com voz balbuciante e Seu corpo todo se descontrolou.
Locana d€sa canta alegremente as glórias de Gaur€‰ga.
Conforme o corpo dourado de Nimai crescia, se rivalizava com o monte Sumeru em
beleza e estatura. ®ac…m€t€ sempre ansiava em ouvir as palavras nectáreas de Nimai.
Quando ®ac…m€t€ dizia alguma coisa para o Senhor, Nimai respondia:
- Mãe, não posso ouvir a sua voz.
E então, cheia de ansiedade, ®ac…m€t€ falava mais alto.
Mas só para agitar sua mãe, Gaura respondia:
- Não estou ouvindo direito.
Estas atitudes de Nimai encantavam ®ac…m€t€ e enchiam-na de amor maternal.
Entretanto, para encenar os passatempos do Senhor, ela castigou Nimai com uma vara.
Ao mesmo tempo ®ac…m€t€ gritava:
- Por que Você não ouve minha voz? Voce fala como um louco. Tenho certeza que Você
não vai cuidar de mim quando eu for velha.
Noutro dia, Nimai, agindo contra ordem de Saci, sujou o chão com os Seus pés. ®ac…
dev… ficou furiosa, e saiu correndo atrás dEle pelo quintal. Vivambhara correu para um
lugar sujo, cheio de potes de barro usados na cozinha e se sentou sobre eles. Muito
desgostosa, ®ac…m€t€, pôs a mão na testa e ralhou para seu filho:
- Nimai, o que Você está fazendo?
Nimai ficou com mais raiva. E então, desafiando Sua mãe, Nimai posou orgulhoso sobre
os potes.
Vendo seu filho reagir exatamente ao contrário de suas intenções, ®ac…dev… tentou
apaziguá-lO com palavras afetuosas. ®ac… disse:
- Venha meu doce menino divino. Pare de Se comportar mal. Voce é filho de um
brâmane e deve seguir a conduta de um brâmane. E também, Voce pertence a uma
família de brâmanes aristocráticos, e desta maneira as pessoas vão criticá-lO. Venha
querido, vamos tomar banho no Ganges.
Você está quebrando o coração de Sua mãe, agora venha Se sentar em meu colo. De
outro modo, vou me matar no Ganges. E então Você vai ficar em casa sozinho. Você vai
ficar como louco correndo de um quarto para o outro. Por que Você está espalhando as
cinzas destes potes sobre o Seu corpo dourado maravilhoso? Por favor, saia deste lugar
imundo agora. Ó meu querido, com estas linhas desenhadas pelo Seu corpo, Você está
parecendo a lua radiante coberta com suas manchas.
Vivambhara, a morada das qualidades transcendentais, disse:
- Por que você não compreende mãe? Tenho que lhe repetir o tempo todo a mesma coisa.
Primeiro ouça, depois decida o que é puro ou impuro. Irado, Nimai pegou um pequeno
caco de barro e jogou na testa de ®ac…m€t€.
Simulando estar ferida, ®ac… caiu, se jogando por sobre a terra.
Nimai chorando gritou:
- Mãe! Mãe!
Ao ouvirem o choro, as donas de casa das vizinhanças correram ao lugar. Elas
reanimaram ®ac…dev… jogando agua do Ganges em seu rosto. Depois de gritar
"Vivambhara!" ®ac…dev… abraçou Nimai e O sentou em seu colo. De repente, pela
segunda vez, ®ac…dev… caiu ao solo inconsciente. Novamente Nimai começou a
chorar.
Uma senhora divina tocou no queixo de Nimai e disse:
- Nimai vá buscar dois cocos para Sua mãe. E então, ela voltará a vida. Se não fizer isso,
estou Lhe dizendo, Você vai perder a Sua mãe.
Vivambhara ficou preocupado, e em um segundo produziu um par de cocos frescos. As
senhoras, abismadas disseram:
- Meu menino, como Você conseguiu estes cocos sem sair daí? Sendo apenas um
menininho, de onde Você os tirou? De qualquer modo, agora podemos entender mais
sobre o Seu caráter.
Vivambhara deu um rugido e passou os braços em volta do pescoço de Sua mãe.
Voltando à consciência, ®ac…dev… pôs Nimai no colo e beijou Sua face de lótus
repetidas vezes. Com a barra do sari, limpou a sujeira do corpo dourado de Nimai. E
então, banhou seu filho nas águas do Ganges.
®ac…m€t€ ficou cativada pela maravilhosa face de Nimai que parecia mais brilhante do
que milhões de sois. O Senhor parecia grave como o oceano. Suas unhas resplandesciam
como milhões de luas. A indescritível beleza do corpo de Nimai ofuscava a beleza de
milhões de Cupidos. Suas sombrancelhas dançavam joviais como o arco de K€madeva, o
deus do amor. ®ac…m€t€ ficou atônita ao ver o Senhor de todos os planetas manifesto
diante dela.
Neste instante, ®ac…dev… se lembrou de quando muitos semideuses apareceram em sua
casa na hora da concepção de Nimai. Refletindo sobre as atividades e passatempos
infantis de Nimai, ®ac… ficou convencida. O seu filho era o eterno, supremo e
refulgente Senhor N€r€yaŠa, que é transcendental à existencia material.
Depois de realizar este fato, ®ac…dev… disse:
- Ele é livre de toda a contaminação material. Ele não tem forma material. Ele é
omnisciente, todo-penetrante e auto-satisfeito. Os grandes yogis meditam nEle para
alcançarem Sua inigualável forma transcendental. O Senhor Brahm€, ®iva e outros
semideuses não podem calcular a extenção de minha fortuna. Meu filho é adorável a todo
mundo.
Imediatamente, ®ac…dev… colocou Nimai em seu colo. Assim que Nimai tocou o seu
colo, ®ac…m€t€ esqueceu-se de Suas opulências magestáticas. Ela pensou
simplesmente:
- Nimai é meu filho.
Ao voltar para casa, ®ac…dev…, no humor de uma mãe, ponderou:
- Fico imaginando - qual semideus ou ser celestial está se manifestando em meu filho?
E então, para protege-lO de calamidades, ela cantou os santos nomes do Senhor:
Govinda, Hsikea, Jan€rdana. E também amarrou um talismã carregado com um mantra
em volta do braço de Nimai.
Para a segurança de seu filho, ®ac… cantou:
- Que o disco Sudarana possa proteger Sua cabeça. Que N€r€yaŠa proteja Seus olhos,
nariz e face. Que Gad€dhara proteja Seu peito. Deixe Giridhara proteger Suas mãos. Que
D€modara proteja Sua cintura. Deixe que o Senhor Nsimha proteja a area ao redor de
Seu umbigo. Possa Trivikr€ma proteger os Seus joelhos e o Senhor Dharadhara proteger
os Seus pés.
Depois de dizer isso, ®ac… soprou alguns assopros de fôlego (ritual auspicioso) sobre
todo corpo de Gaur€‰ga.
PEGUE A LUA
Deste modo o dia bem aventurado se transformou numa noite de lua cheia. Depois de
engajar as criadas nos afazeres da tarde, ®ac…dev… levou Nim€i para o quintal para
tomar ar fresco. A lua cheia estava surgindo no céu. Agindo como uma criança inocente,
o esperto Nim€i choramingou:
- Mãe! Mãe!
®ac…dev… disse:
- Não chore. Vou lhe dar tudo aquilo o que você pedir.
O Senhor respondeu:
- Mãe, por favor me dê a lua.
®ac… disse:
- Quem pode pegar a lua no céu?
Nim€i respondeu:
- Então por que você disse que poderia Me dar tudo o que Eu quisesse? Foi por isso que
lhe pedi a lua.
Então, Nim€i começou a Se lamentar. Segurando uma extremidade do sari de ®ac…
dev…, começou a chorar enquanto esfregava os olhos com a mão que estava livre e a
chutar a poeira com os pés. Nim€i era insistente; Ele queria a lua. Gaura R€ya puxava o
sari de Sua mãe e o cabelo dela. No momento seguinte, bateu em sua cabeça com a mão.
Ainda sem sucesso, rolou pelo chão em prantos.
®€c…m€t€ disse:
- Ó Nim€i, Você é incorrigível e Seu comportamento é incomum. Como posso pegar a
lua no céu? Já existem muitas luas em Seu corpo. Veja como a lua está envergonhada
diante de Você. Cheia de vergonha, ela agora está se escondendo entre as nuvens. Ó meu
filho, por favor ouça.
Em seguida, ®€c…m€t€ colocou Nim€i em seu colo e o encheu de beijos. Obcecada
pelo amor maternal, ®ac…dev… esqueceu-se de si mesma em bem-aventurança
transcendental.
Locana Das€ canta alegremente as glórias do Senhor Gaur€‰ga.
A HISTÓRIA DO CÃOZINHO
SASTHI-P¶Jš
CAPITULO 3
Neste dia, o querido de ®ac… brincava na rua principal com Seus amigos. Mesmo
quando Nim€i estava coberto de poeira, Ele parecia mais belo do que o dourado monte
Sumeru. Quando brincava com Seus amigos, às vezes Nim€i brigava e rolava no chão
com eles.
Um dia, Gupta Vaidya (Mur€r… Gupta), um médico ayurvédico, visitou Navadv…pa
acompanhado de seus seguidores. Enquanto andavam pela estrada, estavam discutindo os
yoga-€stras. Vivambhara R€ya, andava bem atrás de Mur€r… Gupta, e começou a imitar
a maneira de Mur€r… falar. Mur€r… Gupta olhou com desprezo para o menino frívolo e
continuou falando com seus seguidores.
Gaurahari e Seus amigos aumentaram a pilheia com Mur€r… imitando com precisão seu
estilo de andar e seus gestos com as mãos. Notando isso, Mur€r… Vaidya ficou furioso e
repreendeu Nim€i:
- Quem disse que este menino é bem comportado? Sei que Ele é filho de um brâmane,
Jagann€tha Mira. Tenho ouvido por todo lado que as pessoas O admiram e O chamam de
Nim€i.
Irado com a crítica de Mur€r… Gupta, Gaurahari franziu as sobrancelhas e disse:
- Quando hoje você for almoçar, vou fazer você realizar algo maravilhoso.
Ao ouvir esta declaração estranha, Mur€r… voltou confuso a sua residência. Ficou
ocupado com seus afazeres domésticos e se esqueceu do incidente. Ao meio dia, sentou-
se tranquilamente para almoçar.
Enquanto isso, Vivambhara disfarçou-Se vestindo-Se com muita opulência. Ele usava
uma magnífica camisa atada ao Seu peito e amarrou Seu cabelo com um coque triplo.
Colares de tulasi adornavam Seu pescoço e dois de pérolas o Seu peito. Kajjal negro
acentuava os Seus maravilhosos olhos. Muitos ornamentos de ouro enfeitavam Seu corpo
atrativo e tornoseleiras tirintavam em Seus pés de lótus.
Segurando laddus feitos com leite condensado em Sua mão, Vivambhara chegou à casa
de Mur€r… Gupta. Entrando na casa, Gaur€‰ga disse com voz de rugido:
- Mur€r…!
Sentado almoçando, Mur€r… ouviu esta voz e se lembrou do que Nim€i lhe dissera antes
de aparecer em sua casa. Surpreso, Mur€r… disse:
- O que Você está fazendo?
Nim€i respondeu:
- Ó não se levante. Estou aqui, continue tomando sua prasada.
Assim que Mur€r… Gupta ficou absorto em tomar a prasada, Vivambhara foi Se
aproximando de vagarinho. De repente, Nim€i começou a urinar no prato de Mur€r….
- O que! O que Você está fazendo? Que vergonha!
Disse Mur€r… Gupta se levantando depressa, assustado.
Batendo palmas e dançando, Gaur€‰ga disse muito alegre:
- Abandonando o caminho do serviço devocional, agora você adotou o caminho de yoga.
Você deve esquecer karma e jñ€na e só adorar R€dh€ e KŠa com todo seu coração.
Torne-se um rasika-bhakta e você irá saborear a bem aventurança de amar a KŠa. Quem
está apegado a coisas materiais não pode fazer kŠa-bhajana e sua consciência permanece
baixa e impura. Você não compreende estas coisas? O Senhor Hari é omnipotente e cheio
de compaixão. Ele é o tesouro e a própria vida das gopis de Vnd€vana. Por que você fere
o Senhor por não servi-lO?
Depois de dizer isso, Gaurahari, a jóia dourada desapareceu. Mur€r… Gupta não pôde
encontra-lO em lugar nenhum. Mur€r… imaginou que aquele menino bem vestido fosse
o filho de ®ac…m€t€. Para se certificar disso, foi rapidamente até a casa de Jagann€tha
Mira. Por estar cheio de alegria, não conseguia andar direito.
Enquanto isso, Jagann€tha Mira e ®ac…dev… acariciavam, beijavam e falavam
afetuosamente com o seu filho Nim€i. Eles diziam:
- Nim€i, Você é o nosso grande tesouro. Você é tudo para nós. Assim que vemos Sua
face de lua, nos esquecemos de nossas misérias no mesmo instante.
Cheios de amor parenteral intenso, Jagann€tha e ®ac…dev… tentavam segurar Nim€i
em seus colos ao mesmo tempo.
Neste momento, chegou Mur€r… Gupta, mas como estava cheio de alegria, não pode
dizer nada para Jagann€tha e ®ac…dev… assim que eles vieram recebê-lo. Mur€r… se
esqueceu de tudo o que acontecera logo que viu a maravilhosa face de Gauracandra. Ele
ficou atônito, em êxtase. Ficou coberto da cabeça aos pés de pápulas de alegria. Lágrimas
rolavam profusamente, encharcando seu corpo. Sua voz falhava e seus olhos estavam
vermelhos como o sol nascente. Ele caiu aos pés de Gaur€‰ga, oferecendo reverências
repetidas vezes.
Vendo tudo isso, Vivambhara subiu para o colo de ®ac…m€t€. Ele agia como se não
entendesse o que estava acontecendo. ®ac…m€t€ então falou ao venerável e respeitável
Mur€r… Gupta:
- Mur€r…, meu filho precisa de suas bênçãos. Ele deve ter cometido alguma ofensa
contra você. Todo mundo sabe que você é um de nossos melhores médicos. Por favor
diga-nos qual foi a ofensa que nosso filho cometeu. Deixe que qualquer sofrimento venha
para nós, mas dê-nos a bênção de que nosso filho viva para sempre.
Depois de dizer isso, Jagann€tha e ®ac…dev… seguraram humildemente a mão de
Mur€r… e lhe ofereceram reverências.
Sorrindo, Mur€r… Gupta disse:
- Vivambhara é o Senhor Supremo de todos os senhores e é o mantenedor do Universo.
No futuro, este menino que vocês estão criando revelará Sua verdadeira identidade.
Vocês são os pais mais afortunados do mundo. Cuidem dEle e O protejam. Gravem
minhas palavras: Vivambhara é na verdade Deus.
Depois de dizer isso, Mur€r… saiu rapidamente da casa de Jagann€tha Mira. Com o
coração palpitando de bem-aventurança, Mur€r… foi visitar Advaita šc€rya, o
reservatório de todas as boas qualidades e o mestre universal. Caindo aos pés do šc€rya,
Mur€r… disse:
- Tu és o maior de todos os devotos. És como uma árvore dos desejos que pode satisfazer
os desejos de todo mundo. Acabei de ver o menino mais maravilhoso na casa de
Jagann€tha Mira. Seu nome é Nim€i PaŠita Vivambhara. Ele é completamente
transcendental a este mundo material. Entretanto, Ele brinca alegremente com Seus
amigos como um menino ordinário.
Ao ouvir isso, Advaita šc€rya, a jóia entre os brâmanes, deu uma espécie de rugido. Seu
corpo se encheu de pápulas de êxtase assim que ele disse:
- Mur€r…, ouça, isto é muito confidencial. Nim€i PaŠita é o reservatório de todas as
rasas e a corporificação da beleza transcendental. Ele é o Brahman Supremo.
Então, Advaita šc€rya e Mur€r… Gupta se abraçaram e se esqueceram de tudo.
Locana d€sa canta as glórias do Senhor, que cheio de compaixão desceu a este mundo.
O JOGO DE HARI-NšMA
Gaurahari, a jóia principal entre os brâmanes, batia palmas e dançava com Seus
amiguinhos. Eles, em bem aventurança cantavam os santos nomes do Senhor. Um dia
eles fizeram um jogo de hari-n€ma-sa‰k…rtana. Num humor de deleite, os meninos
cantavam:
- Hari bol! Hari bol!
Riam e formavam um círculo em volta de Vivambhara. Com uma voz de trovão, Gaura
dizia:
- Cantem, cantem, cantem.
E rolava no chão. E então, Ele sentava os meninos em Seu colo. Sentindo euforia pelo
toque do Senhor, os meninos choravam e exibiam pápulas por todo corpo. Batiam palmas
excitados e cantavam:
- Hari! Hari!
Os meninos em volta de Gaura que parecia um leão, eram como abelhas intoxicadas
voando em torno de uma flor de lótus cheia de mel.
Neste instante uns paŠitas (sacerdotes eruditos) chegaram e começaram a olhar a
brincadeira de Vivambhara. O Senhor Gaur€‰ga decorava Seus amigos com guirlandas
de flores do campo. Vendo os meninos brincarem alegres e cantarem "Hari! Hari!", os
paŠitas começaram a cantar e a dançar junto com eles. Quem quer que passasse pela
estrada também se juntava a eles e começava a dançar com desprendimento.
Ouvindo o canto entusiasmado, as senhoras da vila, com os seus potes d'agua na cabeça,
corriam para ver a folia. ®ac…m€t€ veio e viu Nim€i brincando com os paŠitas. Ela
chamou seu filho, sentou-O no colo e repreendeu os paŠitas, dizendo:
- Este é que é o comportamento de vocês paŠitas? Vocês fazem que as crianças fiquem
loucas e comecem a dançar selvagemente como malucas!
As palavras fortes de ®ac…m€t€ tiraram todo mundo da distração. Um dos presentes
disse:
- O que ®ac…dev… disse? O que ela quiz dizer?
E então, começaram a ponderar sobre as palavras dela. ®acim€t€ recolheu Nim€i e foi
para casa.
Assim, Locana d€sa canta alegremente as glórias do Senhor Gaur€‰ga.
Agora devo narrar uma conversa entre Murr… Gupta e Dmodara PaŠ ita.
Dmodara PaŠ ita perguntou a Murr… Gupta:
- Quando o irmão mais velho de Nimi, Vi var™pa, partiu?
Murr… respondeu:
- Ouça, grande PaŠ ita Dmodara. Vou lhe contar tudo o que sei. Vi vambhara, a
morada de todas as boas qualidades, aprendeu rapidamente todas as escrituras. Ele era
perito em todos os deveres de um brâmane. Servia Seus pais com muita afeição. Era
completamente versado no Ved€nta, a essência de toda religião. Não fazia nada além de
serviço devocional ao Senhor ViŠu. Era querido por todos. Alcançou todas as perfeições,
e ainda assim Seu coração era completamente desapegado e fixo na Verdade Absoluta.
Vi var™pa, o filho de Jagann tha Mi ra, segurava os stras com a mão esquerda e
discutia kŠa-katah com seus colegas. Um dia, enquanto voltava para casa,
Jaganntha Mi ra viu isso e pensou:
- Agora, meu filho jovem e maravilhoso está com dezoito anos de idade e pronto para se
casar. Devo providenciar os arranjos para o casamento de Vi var™pa.
- Vendo o humor meditativo de seu pai, Vi var™pa pensou:
- Parece que meu pai está pensando em meu casamento. É claro que isso deve estar
preocupando minha mãe.
- No dia seguinte, de madrugada, Vi var™pa pegou seus manuscritos e saiu de casa para
sempre. Ele atravessou o Ganges a nado e tomou sannysa. Ao meio dia, como não havia
sinal de Vi var™pa, Jaganntha e ®ac…dev… começaram a procurar em todas as casas
de Navadv…pa, mas não puderam encontrar o seu filho. Os vizinhos murmuravam entre
si sobre a sannysa de Vi var™pa. Quando Jaganntha e ®ac…dev… souberam disso,
cairam inconscientes no chão. Estas palavras pareciam criar escuridão. ®ac…dev…
chorou alto:
- Ó meu filho Vi var™pa! Volte para casa, desejo vê-lo. Por que você abandonou tudo?
Como seu corpo belo e delicado, seus pés macios poderão suportar a andança e a solidão?
Você não pode suportar a dor nem por um instante. A quem você solicitará para que faça
algum favor? Quando você estiver estudando não vai conseguir se concentrar na lição.
Não posso ir a nenhum lugar sem pensar em você. Quando estou tomando banho minha
mente fica perturbada pensando que você poderá voltar a qualquer instante. Quando ouço
você chamar "mãe" me esqueço de tudo; pois este som é o meu maior tesouro. Vendo sua
doce face, não consigo nem pensar em mim mesma. Não sei que tipo de sofrimento lhe
causei para que você parta e aceite sanny€sa.
Ó meu esposo, vá atrás de Vi var™pa e o traga de volta para mim. Deixe que as pessoas
digam o que quizerem, mas traga meu filho de volta. Quero fazer sua cerimônia do
cordão sagrado.
- Tentando apaziguar sua querida esposa, Jaganntha Mi ra disse:
- Ouça, ®ac…dev…, não se lamente. Toda a existência material é falsa como um sonho.
Seu filho Vi var™pa é uma grande personalidade. Por ter aceito sanny sa em idade tão
precoce, ele trará fortuna para toda nossa família. Por favor, o abençoe para que ele possa
se manter firme em seu voto de sanny€sa e faça constante progresso no caminho do
serviço devocional. Não lamente pelo seu bem estar. Se um membro da família toma
sanny€sa, ele beneficia muitas gerações desta família. Desta maneira, nosso filho fez uma
coisa maravilhosa.
- Dmodara, desta maneira Jaganntha e ®ac…dev… se consolaram um ao outro.
Assim, concluo a história da sannysa de Vi var™pa.
Locana dsa diz que nesta ocasião Vi vambhara estava sentado no colo de ®ac…mt
e afagava a face de Seu pai. Vi vambhara disse:
- Pai, não importa para onde foi Meu irmão Vi var™pa. Não se preocupe, vou cuidar de
vocês.
Ao ouvir isso, Jaganntha Mi ra e ®ac…dev… abraçaram Nimi amorosamente e se
esqueceram de suas misérias.
NIMšI SE VÊ EM APUROS
Um dia Nim€i estava brincando com Seus amigos num balneário (ghata) ao lado do
Ganges. Eles inventaram uma brincadeira de contar as pegadas deixadas na areia pelos
pássaros. Quem contasse todas as pegadas e chegasse primeiro à beira do rio, vencia. Se
alguem esquecesse alguma pegada era desclassificado. O grupo que perdesse era
obrigado a carregar os vencedores sobre os ombros.
De pressa, os meninos corriam o mais que podiam. Vivambhara suava profusamente por
brincar tanto. As gotas de suor no corpo dourado de Vivambhara pareciam gotas de mel
brotando de uma flor de lótus. Ele ficou embaraçado quando Seu pai veio levá-lO para
casa. Os outros meninos também voltaram para suas casas.
Depois de Vivambhara terminar o banho, Seu pai O repreendeu. Jagann€tha Mira disse:
- Você deixa os Seus estudos para brincar com os meninos de baixa classe. Mesmo
sabendo que Você é filho de um brâmane, não sabe se comportar adequadamente. Agora
vou ensinar-Lhe uma lição.
Segurando-O pela mão, Jagann€tha PaŠita bateu em Nim€i com uma vara.
®ac…m€t€ interviu:
- Espere! Não bata no meu filho. Ele não vai brincar mais, mas vai ficar sentado com
você estudando os €stras.
Vivambhara correu até ®ac…m€t€ e pulou em seu colo. Disse meigamente:
- Não vou brincar mais! Não vou brincar mais!
Protegendo seu filho, ®ac…dev… disse ternamente:
- Prabhu, não bata no meu filho. Ele está morrendo de medo de você.
Então ®ac…m€t€, usando a barra de seu sari, enxugou afetuosamente as lágrimas da
face de seu filho. ®ac… disse para seu esposo:
- Deixe que Ele abandone Seus estudos e Se torne um tolo. Só quero que Ele viva cem
anos.
Ficando irado, Jagann€tha Mira respondeu:
- Se seu filho ficar analfabeto como Ele irá se sustentar? Qual será o brâmane que Lhe
dará sua filha em casamento?
Vivambhara olhou assustado para o Seu pai. O coração de Jagann€tha Mira estava
ardendo, mas com alguma dificuldade, ele pode manter a compostura. Assim que a
afeição paterna despertou em seu coração, lágrimas molharam os olhos de Jagann€tha
Mira.
Ele jogou fora a vara. Pegando Nimai e O sentando em seu colo, disse com uma voz bem
doce:
- Ouça, meu filho. Se Você estudar bastante, as pessoas vão louvar Você. E elas vão Lhe
dar bananas.
Gradualmente o dia foi virando noite. Nesta noite Jagann€tha Mira teve um sonho
surpreendente. No dia seguinte, perplexo com o sonho, falou sobre ele com os seus
amigos.
Jagann€tha disse:
- Esta noite, vi um brâmane muito belo que tinha uma refulgência brilhante como o sol.
Jóias magníficas e ornamentos decoravam seu corpo de tal forma que era impossível se
olhar para ele. Com uma voz trovejante, o brâmane disse:
- Por que você acha que Vivambhara é seu filho? Você não sabe que Eu sou a Suprema
Personalidade de Deus. Um animal não pode compreender a potência de uma pedra de
toque. Como você ousa em Me ver como seu filho? Eu conheço todas as escrituras e sou
o Guru dos semideuses. Por que você pegou uma vara em sua mão para Me bater?
- Assim, vocês podem ver que por ter tido este sonho estou perplexo. Vocês têm alguma
ideia de seu significado?
®ac…dev… e os demais, olharam para a face de Vivambhara e ficaram muito felizes.
Colocando Vivambhara em seu colo, Jagann€tha Mira e ®ac…m€t€ dirigiram-se aos
seus amigos:
- A grandeza de nosso filho Gaurahari está além do alcance dos Vedas. Ele está além do
poder de ®iva, Sanaka e de outros sábios. Nosso filho Gaur€‰ga é sem dúvida uma
personalidade gloriosa.
Enquanto diziam isso, um doce humor de amor fraternal encheu ®ac…dev… e
Jagann€tha. Isto removeu qualquer traço de aivarya-bh€va, o humor formal de temor e
reverência. Todos ficaram em êxtase ao ouvirem o sonho de Jagann€tha Mira.
Locana d€sa canta feliz as glórias de Gaur€‰ga.
GAURš¥GA E OS YUGA-AVATšRAS
Enquanto a cabeça de Vivambhara era raspada durante a Sua iniciação bramínica, Ele
refletiu sobre o yuga-dharma desta era de Kali. Ele pensava como em breve deveria
tomar sanny€sa e pregar hari-n€ma-sa‰k…rtana para aliviar o sofrimento da
humanidade na Kali-yuga.
De repente, o corpo de Vivambhara apresentou erupções de êxtase. Arrepios deixaram
todos os pelos de Seu corpo eriçados, fazendo com que se parecessem as pontudas pétalas
da flor kadaˆba. Seus olhos arregalados, brilhando de compaixão, pareciam flores de
lótus desabrochando. Seu corpo brilhava como o sol nascendo. Mergulhado num oceano
de prema, Gaurahari deixou escapar uma rugido bem alto.
Os sacerdotes brâmanes ficaram surpresos. Depois de deliberarem por algum tempo,
Sudarana e outros paŠitas concluiram que Gaurahari não era um ser mortal. Talvez fosse
um semideus. Contudo, Sua estonteante refulgência brilhante indicava que Ele não era
outro senão o próprio Senhor Govinda.
Um paŠita postulou:
- O que realizamos sobre as qualidades e o comportamento do Senhor Supremo? Nós só
podemos ter uma aproximação com as nossas inteligências diminutas.
Um segundo brâmane disse:
- Ouçam, posso não compreender as atividades de Gaur€‰ga, mas sei que Ele aparece
em cada yuga para liberar as almas condicionadas. Ele restabelece os princípios
religiosos, destrói os descrentes e libera os devotos aparecendo em cada uma das quatro
yugas.
O brâmane continuou:
- Encarnações como o Senhor R€ma e outras que vêm destruir demônios são chamadas
karya-avat€ras. Na Tetra-yuga o Senhor toma uma forma vermelha e ensina a religião de
yajña, sacrifício. Entretanto, em algumas Tetra-yugas o Senhor aparece como o Senhor
R€macandra. Seu corpo transcendental tem a cor da grama fresca. O Senhor R€ma faz
aliança com os macacos da floresta para conquistar o demônio R€vaŠa.
Muitas Tetra-yugas se passaram, mas elas não são todas as mesmas. Na Satya-yuga o
avat€ra Haˆsa do Senhor era branco, e a austeridade era o yuga-dharma. De acordo com
a yuga, o Senhor aparece com uma cor particular. As encarnações que vêm restabelecer a
religião são chamadas yuga-avat€ras.
Por favor ouçam atentamente enquanto descrevo o Senhor ®r… KŠa que apareceu na
Dvapara-yuga. Apesar de ®r… KŠa, o querido filho de Nanda Mah€r€ja, vir só, todas as
outras encarnações e expansões do Supremo estavam contidas nEle. Por esta razão, KŠa é
conhecido como p™rŠa-brahman, a forma mais perfeita, a Suprema Personalidade de
Deus. ®r… KŠa é também o amante transcendental das gop…s de Vraja.
Quando o avatra KŠa, a melhor de todas as jóias e a essência de todas as
encarnações, aparece numa Dvapara-yuga em particular, esta Dvapara é a melhor de
todas as Dvapara-yugas. Em outras Dvapara-yugas, duas encarnações aparecem
chamadas karya e yuga-avat€ras. O Senhor KŠa não aparece em toda Dvapara-yuga.
O Senhor Gaur€‰ga Mah€prabhu aparece para pregar a consciência de KŠa numa Kali-
yuga em particular, que segue imediatamente a Dvapara-yuga em que aparece a Suprema
Personalidade de Deus, o Senhor ®r… KŠa. Estas duas yugas especiais em que aparecem
o Senhor KŠa e o Senhor Caitanya são chamadas sv€tantra. O Senhor KŠa e o Senhor
Caitanya não parecem em toda Dvapara e Kali-yugas.
Em outras Dvapara-yugas, KŠa aparece em formas expandidas, mas não em Sua forma
original. As pessoas recebem uma grande fortuna na Dvapara e Kali-yugas em que KŠa e
Gaur€‰ga aparecem. KŠa e Gaur€‰ga realizam passatempos transcendentais apenas
uma vez em um dia de Brahm€. Durante o reinado de Vaivavata (manvantara), o Senhor
®yamasundara veio como o Senhor Gaur€‰ga. O Senhor Gaur€‰ga adora o Senhor
KŠa, o Senhor de Dvapara, fazendo hari-n€ma-sa‰k…rtana.
Kali-yuga é gloriosa, a melhor de todas as eras, porque todo mundo pode realizar muito
facilmente o yuga-dharma cantando os santos nomes em saŠk…rtana. O Senhor Caitanya
libera os aleijados, cegos e inválidos por induzi-los a cantar Hare KŠa. Por favor,
acreditem em minhas palavras. Quando o Senhor aparece como yuga-avat€ra Ele atende
a um propósito em particular de acordo com as necessidades da yuga específica.
Na Dvapara-yuga o Senhor ®r… KŠa vem como o yuga-avat€ra. Através de que
atividades Ele estabelece o yuga-dharma? As escrituras dizem que a adoração no templo
é a atividade religiosa preconizada na Dvapara-yuga. Quando e onde o Senhor KŠa
estabeleceu a adoração no templo? Prestem atenção que vou esclarecer este assunto.
O próprio Senhor, o ser supremo completamente independente o que estabelecerá como
yuga-dharma ou simplesmente desfruta de passatempos. O mais maravilhoso é que Ele
fez tudo isso de uma só vez. Para realizar passatempos na forma de R€dh€ e KŠa, o
Senhor manifestou Sua forma de Gaur€‰ga.
R€dh€r€Š… é a forma da divina hl€din…-akti de KŠa. Ela é individual, independente e
separada de KŠa. R€dh€ e KŠa só têm um corpo, mas Eles Se separam como duas
pessoas para realizarem passatempos. O Senhor Gaur€‰ga toma o nome de R€dh€ e Se
junta às gop…s para servir a KŠa. R€dh€r€Š… e as gop…s que são Suas expansões
pessoais, servem ®r… KŠa com amor puro transcendental.
Entretanto, ®r…mati R€dh€r€Š… sozinha é a personalificação da svar™pa-akti de
KŠa. Rdh sente que Seu amor é sempre renovado, fresco e sempre crescente. O
®r…mad Bhgavatam declara que este humor de serviço amoroso é dificil de ser
compreendido.
Em outras Dvapara-yugas o Senhor estabelece a religião encorajando votos, caridade e
meditação. As pessoas, no entanto, falham em perceber a essência da religião, que é amor
puro a Deus. Na era de Kali, o Senhor KŠa vem como o Senhor Gaur€‰ga
especialmente para dar amor puro a Deus para todo mundo. Assumindo a cor de ouro
derretido de ®r…mat… R€dh€r€Š… e o humor de amor puro de Seu coração, o próprio
KŠa aparece como ®r… Caitanya Mah€prabhu nesta Kali-yuga.
Coberto pelo humor de R€dh€, o Senhor Caitanya chora de amor. Seu corpo exibe
constantemente os sintomas de êxtase como arrepios e mudanças na cor do corpo de
dourado para rosa.
Às vezes Gaura ruge para acordar as almas adormecidas da Kali-yuga. As pessoas sentem
uma satisfação verdadeira ao participarem de um sa‰k…rtana do movimento de
Mah€prabhu. Depois de aceitarem os nomes transcendentais de R€dh€ e KŠa, elas
começam a dançar, cantar, chorar e rir em êxtase. Logo elas emergem da escuridão da
ignorância e vêem a realidade transcendental da bem-aventurança da vida espiritual.
O Senhor Supremo vem na forma de Gaur€‰ga para fazer o mundo consciente de Deus.
Adotando um humor humilde, Ele ensina a ciência de amar a KŠa. O Senhor Gaur€‰ga
tem prazer em Se dar aos outros. Mesmo sem que se Lhe peça, Ele dá KŠa-prema para
todo mundo sem discriminação. Por esta razão esta yuga-avat€ra é chamada de
encarnação completa da Suprema Personalidade de Deus. Em outras Kali- yugas
anteriores o Senhor Supremo veio na forma do Senhor N€r€yaŠa.
As duas sílabas da palavra KŠa é o nome do avat€ra que apareceu com a cor das penas
da asa do papagaio (amarelo brilhante). Comentaristas dizem que esta pessoa também é
da cor de safiras azuis. O avat€ra Gaur€‰ga contém todas as ilimitadas expansões do
Senhor em Si. Nenhuma outra encarnação se iguala a Gaura. Os €stras dizem que na
Kali-yuga o Senhor assume uma forma dourada e dissipa o movimento de sa‰k…rtana.
Este Senhor não tem outro nome senão Vivambhara.
PaŠitas eruditos concluiram que o Senhor revela Seus aspectos em particular de acordo
com o tempo e circunstâncias. As pessoas suspeitam que Gaur€‰ga seja o Senhor
Supremo, e agora esta idéia está se espalhando por todo lugar. Algumas pessoas
permanecem duvidosas, mas a maioria delas está atônita com os passatempos incríveis de
Gaurahari. Enquanto outras que ouviram falar dEle, dizem que vêem Vivambhara como
o Senhor do Universo. Em regojiso com as atividades de Gaurahari, toda a vila de Nadia
exclamou "Jai! Jai!"
Locana d€sa canta alegremente as glórias do Senhor Gaur€‰ga.
Um dia Nim€i, com Seu corpo exibindo uma brilhante refulgência, disse com uma voz
trovejante:
- Ó mãe, por favor ouça-Me. Você está cometendo uma ofensa. De hoje em diante não
coma grãos em ekad€…. Siga Minha ordem com atenção.
®ac…m€t€ ficou surpresa e hesitante, seu corpo tremia por afeição materna. ®ac…
disse:
- Está certo, vou obedecer a Sua ordem.
Nim€i ficou satisfeito. Desta maneira, Nim€i ensinava Sua mãe as injunções das
escrituras.
Uma vez Nim€i comeu alegremente algum pan e nozes de betel dados a Ele por um
brâmane de coração puro. Depois de algum tempo Nim€i chamou ®ac…m€t€ e disse:
- Estou indo para casa. Agora cuide deste brâmane como se fosse seu filho.
Nim€i permaneceu em silêncio por alguns segundos, e de repente, caiu ao solo inerte.
Com muito medo, ®ac…m€t€ despejou água do Ganges em Sua boca. Num instante
Nim€i despertou, iluminando a sala inteira com Sua refulgência.
Locana d€sa diz que Nim€i dizendo "estou indo para casa" precisa de explicação, mas
quem pode dá-la? Mur€r… Gupta, um íntimo associado eterno do Senhor Caitanya,
conhece todas as verdades €stricas.
D€modara PaŠita perguntou a Mur€r… Gupta:
- Ó grande alma, por favor explique o significado interior da declaração de Nim€i "estou
indo para casa". Que tipo de m€y€ ou akti está por trás das ações do Senhor? Por favor,
faça referências €stricas e explique isso para mim.
Mur€r… Gupta disse:
- Ouça, você pensa que eu sei tudo sobre o Senhor? Vou dizer o que compreendo. Se
parecer razoável para você, então aceite com fé.
O Senhor entra no coração de Seu devoto puro que ouve sobre Suas atividades, O vê,
medita sobre Ele e canta os Seus santos nomes. O corpo do Senhor é transcendental aos
três modos da natureza material. O corpo do devoto puro é a casa do Senhor. Dentro do
coração de Seu devoto o Senhor pode facilmente realizar Seus passatempos.
Ele considera que adoração ao Seu devoto é superior à Sua própria adoração. O Senhor
deseja ser servil a Seu devoto. Algumas pessoas pensam que esta atividade é produto de
m€y€. Os materialistas não podem compreender porque o Senhor dá mais importância a
Seus devotos puros do que a Si próprio.
O Senhor é a corporificação da bem-aventurança. Ele é muito belo, completamente puro
e o objeto mais valioso. O Senhor não faz nada além de desfrutar de passatempos
transcendentais. Assim sendo, por que os patifes desejam que Ele não tenha qualidades?
O Senhor nunca Se manifesta para aqueles que estão encobertos por m€y€. Mas Ele
sempre Se dedica a passatempos no coração de Seus devotos puros.
O Senhor sente prazer ao ver Seus devotos comerem, dormirem e desfrutando de
diferentes atividades. KŠa trata todo mundo igual, mas Ele reciproca de forma diferente
com Seus devotos devido à atitude de rendição e amor dos devotos. Depois de ver as
atividades do Senhor, um não-devoto pensa:
- O que é este KŠa? Ele nada mais é do que um ser humano comum.
KŠa faz o papel de um mortal ordinário. Na realidade, KŠa tem um corpo completamente
transcendental. Ele é o todo poderoso Senhor dos senhores. Qualquer um que não aceite
o fato do Senhor residir no corpo de Seu devoto puro é o mais baixo entre os homens.
Os Vedas, Pur€Šas e os grandes devotos proclamam que o corpo de um devoto puro é
totalmente puro porque o Senhor KŠa vive dentro do seu coração. Assim como o Ganges
ou qualquer lugar de peregrinação pode purificar ou liberar alguem, da mesma maneira
este é o poder da poeira dos pés de um devoto puro. Se um patife que não compreende ou
critica um devoto puro, com certeza comete uma grave ofensa.
Assim, Mur€r… Gupta e D€modara PaŠita conversaram alegremente sobre este tópico
íntimo.
Locana d€sa sente muita alegria ao ouvir estas conversas.
O DESAPARECIMENTO DE JAGANNšTHA MI®RA
Por favor, ouçam a maravilhosa história que irá mitigar as misérias de seus corações.
Um dia, Jagann€tha Mira, a jóia entre os brâmanes, retornava para casa depois de estudar
os €stras no arama de seu Guru. Por arranjo da providência, Jagann€tha caiu prostrado
com uma febre muito alta. ®ac…dev… ficou preocupada e chorou.
Nim€i a consolou com alguma filosofia:
- Mãe, todo mundo deve morrer um dia. No devido curso de tempo até mesmo Brahm€,
Rudra, o vasto oceano e os Himalaias serão destruidos. Por que você se preocupa com a
morte? Reuna seus amigos e cantem os santos nomes de KŠa. Na hora crítica da morte, é
um dever dos amigos lembrarem o outro amigo do Supremo Senhor KŠa.
Ao ouvir esta notícia desafortunada, os amigos e parentes correram até a casa de ®ac…
dev… e ficaram ao redor de Jagann€tha Mira. Vendo sua morte iminente, os membros
mais velhos da família tiveram uma discussão.
Vivambhara disse:
- Mango (mãe), o que você está esperando? Vá chamar os parentes.
Então, Vivambhara, ®ac…m€t€ e alguns amigos levaram o corpo de Jagann€tha Mira
até o Ganges. Enquanto lavava os pés de Seu pai, Vivambhara chorava
inconsolavelmente e falava com voz chocada:
- Você vai Me deixar sozinho. Não vou ser capaz de te chamar de pai novamente. Apartir
de hoje nossa casa está vazia. Não verei seus pés novamente. Agora todas as dez direções
para Mim estão cobertas pela escuridão. Você não irá mais segurar a Minha mão e Me
ensinar.
Ao ouvir estas suaves palavras de seu filho, Jagann€tha Mira tentou responder mas não
pôde. Com uma voz chocada e febril ele disse:
- Ouça Vivambhara, nada posso fazer, mas vou Lhe revelar o que tenho em meu coração.
No futuro Você poderá me esquecer. Agora estou Lhe entregando ao abrigo dos pés de
lótus de Raghun€tha (a Deidade alagrama da família). E então, Jagann€tha Mira
permaneceu absorto se lembrando de Hari.
Os brâmanes colocaram folhas de tulasi em seu pescoço e banharam Jagann€tha Mira no
Ganges. Rodeado pelos amigos e pela família, Jagann€tha Mira cantou os santos nomes
de KŠa e retornou para VaikuŠ˜ha numa carruagem celestial.
Sentindo grande tristeza, ®ac…dev… chorava copiosamente. Tocando os pés de seu
esposo, ®ac…dev… lamentava:
- Ó meu senhor, leve-me contigo. Eu lhe servi por tantos anos e agora você está indo para
VaikuŠ˜ha sem mim. Sente lhe servi quando você repousava ou enquanto você comia.
Agora não vejo mais nada além de escuridão nas dez direções. O mundo inteiro parece
vazio sem você.
De agora em diante não tenho outro abrigo senão meu filho pequeno. Como que Nim€i
irá ficar e quem será seu guia? Um filho como este seu Nim€i é dificil de se encontrar
nestes três mundos. Esquecendo-se dEle, você está deixando este mundo para trás.
Nim€i, o querido filho de ®ac…, chorava profusamente ao ver a morte de Seu pai e
ouvir as palavras doídas de ®ac…m€t€. As lágrimas que caiam no peito de Nim€i
pareciam valiosas pérolas em um colar. O choro do Senhor induziu Seus amigos, devotos
e o mundo inteiro ao pranto.
Os amigos de Nim€i tentaram consolá-lO com palavras doces:
- Vivambhara, se você continuar chorando a criação inteira irá sofrer.
As donas de casa apaziguavam ®ac…dev…:
- Olhe o seu filho querido, Vivambhara, e esqueça tudo isso.
O Senhor Gaur€‰ga controlou Suas emoções e agiu soberbamente para realizar os ritos
necessários para o funeral de Seu pai. Vivambhara, juntamente como os membros de Sua
família, executaram os detalhes de acordo como o prescrito pelas regras védicas. Com
grande devoção Ele adorou Seus ancestrais. Alimentou os brâmanes e lhes deu presentes.
Jagann€tha Mira, o pai do Senhor Vivambhara foi o maior de todos os brâmanes.
Qualquer pessoa que ouça com fé e devoção sobre o desaparecimento de Jagann€tha
Mira retornará a VaikuŠ˜ha, também alcançará VaikuŠ˜ha se morrer às margens do
Ganges.
Contemplando a face de Gauracandra, ®ac…m€t€ cantava enquanto pensava:
- Se eu mantiver Vivambhara absorto nos estudos, Ele então passará os Seus dias
alegremente.
Locana d€sa solicita a todo mundo que ouça atentamente sobre o caráter maravilhoso do
Senhor Caitanya.
Um dia ®ac…m€t€ pegou Gaur€‰ga pela mão para se incumbir de Sua educação.
Levando-O aos paŠitas, ®ac… solicitou humildemente:
- Ó grandes sábios, por favor, instruam o meu filho. Mantenham-nO perto de vocês. Por
favor tratem-nO com afeição como trariam o seu próprio filho.
Ouvindo isso, os brâmanes, sentiram-se um pouco hesitantes, e responderam
humildemente:
- Hoje obtivemos uma rara fortuna. ®ac…m€t€, você deixou ao nosso encargo aquele
que é adorado por milhões de Sarasvat…s, deusas do conhecimento. Ele ensinará a todo
mundo a cantar o santo nome, e dará o Seu amor a todos. ®ac…m€t€, você deve saber
que nós é quem devemos aprender com Ele.
Depois de deixar seu filho com os paŠitas, ®ac…dev… voltou para casa.
Algum tempo depois, Vivambhara estudava com ViŠu PaŠita. Vivambhara, o Guru do
Universo, abençoou Sudarana e Gangad€sa, por também estudar com eles. Aceitando
uma forma humana, o Senhor Supremo como Vivambhara estudava e agia como um
homem comum. Ele fez isso para abençoar as pessoas do mundo.
Um dia, na tol (escola) de PaŠita Sudarana, o Senhor fez uma pilheia com Seus colegas.
Sorrindo muito docemente, Ele com muito humor imitou a fala estranha dos residentes da
Bengala Oriental. As pilheias de Vivambhara compraziam e encantavam a todos.
Noutra ocasião, Vivambhara visitou o arama de Vanamali šc€rya. O Senhor ofereceu
respeitos ao venerável €c€rya. Levantando-se para receber o Senhor, Vanamali tomou
Vivambhara pela mão e foi até o outro lado da estrada. Eles conversavam animadamente.
Neste instante a filha de Vallabh€c€rya estava indo para o Ganges com suas amigas. A
beleza, as qualidades e o comportamento da menina era famosos nos três mundos.
Acidentalmente, Vivambhara Hari olhou para ela, e neste instante Ele realizou porque
havia vindo para esta Terra. Lakm… µh€kuraŠ…, a filha de Vallabh€c€rya,
compreendeu a mesma coisa. Em sua mente ela colocou os pés de lótus de Vivambhara
em sua cabeça.
Vanamali šc€rya, compreendeu plenamente suas mentes, e fez uma visita a ®ac…m€t€
alguns dias depois. Vanamali ofereceu respeitos a ®ac…m€t€ e sorridente disse com
uma doce voz:
- Há uma menina muito jeitosa para se casar com o seu filho. Sua beleza, qualidades e
comportamento são inigualáveis nestes três mundos. Ela é filha do ilustre Vallabh€c€rya.
Se você a desejar, por favor, dê-me sua permissão.
®ac…dev… respondeu:
- Meu filho ainda é um menino. Por enquanto deixe que continue estudando. Ele não tem
pai, assim, deixe que cresça e amadureça um pouco mais.
Decepcionado, Vanamali šc€rya saiu abruptamente. Do outro lado da estrada ele gritou:
- Ó Gaur€‰ga!
Vanamali se lamentava:
- Ó purificador das almas caídas. És conhecido como uma kalpa-taru, a árvore que
satisfaz todos os desejos. Mas por que não satisfazes o meu desejo? Todas as glórias para
aquele que livrou Draupad… do medo e do vexame. Todas as glórias para aquele que
salvou Gajendra das mandíbulas do crocodilo.Todas as glórias para Tu, que livrastes
Ajamila de uma prostituta. Ó pai do universo, por favor, conceda-me Tua misericórdia e
salve-me!
Estando na escola, Vivambhara ficou preocupado com a aflição de Vanamali.
Vivambhara pegou os Seus livros, despediu-Se de Seu guru e deixou a tol. Ele andava
magnânimo como um elefante louco.
Os ornamentos no corpo de Gaur€‰ga resplandesciam. O Universo ficou encantado ao
ver Seus cabelos livres ondulando. Os lábios explêndidos e coloridos de Gaura
desafiavam a beleza da flor vermelha do bandhuli. Seus dentes alvos pareciam fileiras de
pérolas. A pasta de sândalo fragrante encantava Sua forma que atrai a mente. Suas veste
brancas e finas estavam atadas de forma atrativa e com perícia em torno de Sua silueta
graciosa.
A beleza transcendental do Senhor superava o poder cativante de milhões de Cupidos.
Realmente, a forma deslumbrante de Gaur€‰ga é como a rede de Cupido usada para
capturar corças inocentes que são os corações das castas meninas de Nadia.
Vivambhara andava depressa pela estrada para encontrar Vanamali šc€rya. Vivambhara,
na verdade, é a árvore dos desejos que satisfaz os desejos de Seus devotos. Vendo
Vivambhara a distância, Vanamali ergueu as mãos e correu ao encontro do Senhor,
gritando:
- Oi! Quem bom!
Vanamali caiu aos pés de lótus de Mah€prabhu. O Senhor sorriu, levantou-o depressa e o
abraçou. Vivambhara perguntou como uma voz doce:
- šc€rya, onde você esteve?
Vanamali respondeu:
- Ouça Vivambhara, Sua mãe é muito bondosa, assim, revele Sua mente para ela. Eu lhe
falei sobre a menina que é muito adequada para se tornar Sua esposa. Ela é cheia de boas
qualidades e é filha de Vallabhacarya. Ela é a parceira ideal para Você. Mas quando fiz a
proposta para Sua mãe, ela não a considerou importante. Assim, agora estou voltando
para casa.
O Senhor ouviu em silêncio, sorriu, e foi para casa. Vendo o doce sorriso de
Visvambhara, Vanamali ficou esperançoso de que o Senhor em breve iria Se casar.
Sentindo-se feliz, seguiu para casa.
Chegando em casa, Visvambhara perguntou a Sua mãe:
- O que você disse para Vanamali Acarya? Ele parecia muito triste ao vê-lo agora na
estrada. Fiquei triste ao ver sua face. O que você disse para ele ficar assim?
®ac…m€t€ entendeu imediatamente o que o Senhor queria dizer com Suas palavras. Ela
mandou alguém ir buscar Vanamali šc€rya. Cheio de bem aventurança, Vanamali correu
para a casa de ®ac…dev…. Caiu a seus pés e com uma voz balbuciante disse:
- Por que você me chamou?
®ac…dev… disse:
- Mantenha aquela sua proposta anterior. Para satisfazer a todos dou minha sanção para o
casamento de Vivambhara. Sua afeição por Vivambhara é maior do que a minha. Agora,
faça os arranjos necessários para Seu casamento.
Feliz em aceitar a solicitação de ®ac…dev…, Vanamali šc€rya correu até a casa de
Vallabh€c€rya com a proposta. Vallabh€c€rya recebeu o šc€rya cordialmente e disse:
- Sou muito afortunado em te encontrar. Por favor diga-me com que propósito viestes.
Vanamali disse:
- Vim à tua casa devido a mútua afeição. ®r… Vivambhara, o filho de Jagann€tha Mira,
vem de uma família de brâmanes elevados e possui todas as boas qualidades e o melhor
caráter. A própria providência decorou Vivambhara com todos atributos maravilhosos.
Ele é glorificado nos três mundos. Desta maneira, como é possível para mim descrevê-lO
adequadamente? Vivambhara é definitivamente a pessoa perfeita para ser o seu genro.
Agora decidas.
Vallabh€c€rya disse:
- Sinto-me muito gratificado ao ouvir a tua proposta. Entretanto, como sou pobre, nada
tenho para dar em caridade além da minha filha. Se for aceitável para você, então estou
pronto para oferecer minha filha em casamento para Vivambhara. Os …s, sábios,
ancestrais e semideuses irão se satisfazer com este casamento. Este arranjo de casamento
deve ser o resultado de minhas muitas austeridades. Tu és o meu maior amigo. Apesar de
nunca ter te contado, estas realizando meu desejo mais profundo.
Vanamali foi até a casa de ®ac…dev… informá-la sobre a conversa. Ao ouvir e ficar
satisfeita, ®ac…dev… deu suas bênçãos a Vanamali. Os amigos e parentes de ®ac…
receberam a noticia com alegria, aprovando unanimemente, cantaram:
- Muito bem! Muito bem!
CAPITULO 4
CAPITULO 5
Agora, ouçam todos um outro dia dos passatempos do Senhor. Durante a encantadora
atmosfera do anoitecer, Vivambhara e Seus amigos foram ter um darana com o rio
Ganges. De ambas as margens do rio muitos brâmanes e pessoas santas ofereciam
respeitos e orações a Ga‰gadev…. Senhoras levavam potes d'água do Ganges. Muitos
diferentes paŠitas com nomes como Mira, šc€rya e Bhatta, estavam ali admirando a
pureza e beleza do rio Ganges. Tanto os jovens quanto os velhos estavam adorando o
Ganges com frutas, flores e polpa de sândalo.
Devido ao incontrolável amor por Vivambhara, o Ganges corria rápido, se espalhando
pelas margens para poder tocar gentilmente o corpo do Senhor. Pessoas se indagavam
porque o Ganges parecia muito mais bonito naquele dia. Apesar dela ser usualmente
calma e tranquila, por que agora estava rugindo alto e toda cheia de ondas? Não havia
nenhuma tormenta em vista, entretanto por que estaria ela inundando suas margens?
Em suas margens havia um brâmane que era muito devotado a ela. Pela misericórdia de
Ga‰gadev…, seu coração era puro, e assim, ele podia ver o presente, passado e futuro.
Vendo o Ganges em tão grande êxtase, ele ficou excitado e imaginando o que estaria
acontecendo.
Ali perto, Vivambhara permanecia às margens de Ga‰gadev… e a contemplava com
amor e devoção. Devido ao arrepio, Seu corpo expandiu em tamanho e Seus olhos
avermelhados se encheram de lágrimas de compaixão. Os brâmanes compreenderam que
Ele era a Suprema Personalidade de Deus.
Eles podiam ver que Gaur€‰ga estava cheio de amor por Ga‰gadev…. Conhecendo o
coração de Ga‰g€, o Senhor avançou para tocá-la. Mas, o desejo de Ga‰g€ não fora
satisfeito, e assim, ela esparramava suas ondas pelos pés de lótus do Senhor. Em extremo
êxtase, Gaur€‰ga cantou "Hari bol!" e então ofereceu Seu colo para Sua favorita.
Cheio de amor, Gaur€‰ga mantinha Ga‰gadev… em Seu coração. Na forma de
centenas de correntes, as lágrimas de amor de Ga‰g€ fluiam para o oceano. Suas águas
puras escorriam em cada poro do corpo de Gaur€‰ga, mas as pessoas chamavam aquilo
de transpiração. É assim que flui o oceano de amor.
Em todas as direções, as pessoas estavam em bem-aventurança cantado "Hari! Hari!" A
vila inteira de Nadia ficou atônita ao ver este passatempo. Eles ficaram convencidos que
Vivambhara era a Suprema Personalidade de Deus. O devoto brâmane que contemplou o
passatempo de Vivambhara com Ga‰gadev… caiu aos pés do Senhor.
Chorando, o brâmane disse:
- Finalmente, após um longo tempo, o Ganges me concedeu sua misericórdia. Ga
‰gadev… me permitiu identificar a pessoa de Mah€prabhu, que está além do alcance
dos sábios e yogis.
Cheio de amor, o brâmane chorava e rolava no chão. Ao vê-lo assim absorto em amor, o
Senhor Gaur€‰ga retornou para casa.
Então o brâmane explicou porque o rio Ganges inundou suas margens naquele dia. Ele
disse:
- Uma ocasião o Senhor ®iva estava em êxtase cantando as glórias do Senhor KŠa.
N€rada Muni e Ganea o acompanhavam, tocando vina e mda‰ga respectivamente.
Devido à euforia espiritual, seus corpos apresentaram pápulas eruptivas da cabeça aos
pés. A harmoniosa vibração espiritual do seu concerto rompeu as coberturas do universo.
Ficando atraido, o Senhor foi vê-los.
O Senhor disse:
- Ó Mahea (®iva), não cante Minhas glórias desta maneira. Você não calcula o efeito.
Suas músicas e canções fazem o Meu corpo derreter.
Sorrindo, Mahea disse:
- Deixe-me ver o efeito místico de minhas canções.
Então o Senhor ®iva cantou com maior vigor, enchendo o Universo com sua canção. De
repente, o corpo do Senhor começou a derreter gradualmente. Ao ver isso, Mahea ficou
horrorizado. Ele parou de cantar e o Senhor parou de derreter. A água que surgiu do
derretimento do corpo do Senhor é atualmente o Brahman líquido e é cheio de
compaixão. Todo mundo diz que esta água, que é a corporificação de Jan€rdana, é um
local de peregrinação. O Senhor Brahm€ preservou esta água preciosa, a coisa mais rara
no Universo material em seu kamandalu (pote d'água).
Para favorecer Seu devoto Bali Mah€r€ja, o Senhor novamente Se manifestou.
Aparecendo diante do rei Bali em Sua forma de anão, V€manadeva, o Senhor pediu-lhe
três passos de terra. O primeiro passo de V€manadeva cobriu todo o planeta Terra. Seu
segundo passo atravessou o Universo. O passo final Ele pôs na cabeça de Bali.
Ouçam as ilimitadas glórias de Tripada (V€manadeva) cuja misericórdia abençoou os três
mundos. A água que fluia das unhas dos pés de lótus do Senhor inundaram todo o
Universo. O Senhor Brahm€ adorou com amor os pés do Senhor. Ele honrou aquela água
colocando-a sobre sua cabeça. As pessoas chamam o Ganges "Tipada Saˆbhava" vendo
que ele vem dos pés de lótus de Tripada, o Senhor V€manadeva.
Agora este mesmo Senhor maravilhoso apareceu diante de nós como Mah€prabhu
Vivambhara. Deixem-nos saborear o Seu darana. Ao ver Mah€prabhu, Ga‰gadev…
lembrou-se deste passatempo e cheia de amor, inundou suas margens. Conforme
Vivambhara a contemplava amorosamente, Ga‰gadev… sentiu que o corpo do Senhor
era mais doce do que néctar. Então sob o pretexto de fazer ondas, acariciou suavemente
os pés de lótus do Senhor. Uma vez que Ga‰gadev… expressou seus sentimentos para
mim, pude explicar isso.
Todo mundo se regojisa ao ouvir esta história maravilhosa. Assim, Locana d€sa canta
alegremente as glórias de Gaur€‰ga.
Desta maneira Vivambhara passava Seu tempo em pilheias e brincadeiras com Seus
amigos. De repente, um dia Ele pensou:
- Devo visitar a Bengala Oriental para o benefício das pessoas de lá. As pessoas dizem
que aquele país é um país rejeitado desde que os Pandavas não ficaram ali. O rio Ganges
que corre pela Bengala Oriental é chamado de Padmaval…. Pelo Meu toque, vou
abençoar aquele rio e fazer o Padmaval… ser conhecido por todo mundo.
Pensando desta maneira, o Senhor disse para ®ac…m€t€:
- Mãe, devo viajar para o exterior para conseguir alguma riqueza.
Gaur€‰ga coletou alguns de Seus associados eternos e começou Sua jornada. ®ac…
m€t€ sentiu-se perturbada a imaginar a separação de seu filho querido. ®ac…m€t€ disse:
- Querido filho, tenho uma solicitação. Você deseja partir para um país distante atrás de
dinheiro. Mas sem Você, como irei viver? Um peixe não pode viver fora d'agua; da
mesma forma, não posso viver sem Você. Se não puder ver Sua maravilhosa face de lua,
sei que irei morrer.
Gaur€‰ga falou algumas palavras reconfortantes:
- Mãe, não fique apreensiva. Logo estarei de volta.
Ele disse para Lakm…dev…:
- Por favor, cuide de mamãe e sirva-a amorosamente.
Ignorando a lamentação de ®ac…m€t€, o Senhor partiu de casa. Quem quer que visse
Vivambhara durante Sua jornada ficaria alucinado com Sua beleza transcendental. Uma
pessoa disse:
- Quero ficar olhando para Ele o dia e a noite inteiros.
As senhoras das aldeias sentiam-se abençoadas em terem o Seu darana. Elas imaginavam
quem seria a a senhora afortunada que O tinha como filho. Elas jamais haviam visto uma
pessoa tão atrativa.
Quem seria a menina afortunada que por adorar Hara e Gaur… (®iva e P€rvat…) O
obtivera como esposo? Sua aura brilhava como o ouro polido e Sua vigorosa compleição
física desafiava o monte Sumeru. Um cordão bramínico de brancura imaculada estava
pendurado em Seus ombros leoninos. Sua estonteante beleza conquistava o coração de
todas as senhoras.
Um dia, um erudito em kŠa-rasa-tattva, analisou o aparecimento de Gaur€‰ga e disse:
- Seus olhos grandes e maravilhosos desafiam a beleza da flor de lótus. Seu olhar é ainda
mais bonito. As feições de Gaura fazem me lembrar de ®r… R€dh€vallabha (KŠa, o
amado de R€dh€), Sua cor dourada iguala à de ®r… R€dh€.
Quando os pés de Gaur€‰ga o tocaram, o rio Padmavat… tremeu de êxtase, assim como
o Ganges. Luxuriantes árvores bem verdes se alinhavam em ambas as margens do
maravilhoso Padmavat…, que abrigava muitos peixes, tartarugas e crocodilos. Sábios e
brâmanes sentavam-se serenamente em suas margens. Muitas pessoas gostavam de se
banhar em suas águas.
Pelo toque divino de Vivambhara, o Padmavat… ficou puro. Qualquer pessoa que se
banhe nele sem ofender os vaiŠavas se livrará de todos os pecados e alcançará prema-
bhakti. Os residentes das margens do Padmavat… se tornaram grandiosos por terem tido
um darana de Gauracandra.
Todas as pessoas naquele país se tornaram devotas do Senhor Gaur€‰ga. O toque de
Seus pés refrescou a terra e encheu Mãe Bhumi de alegria. Todas as desgraças daquela
terra foram removidas. A Bengala Ocidental ficou famosa como o país que foi liberado
pelo Senhor Hari. A infâmia causada pelos Pandavas nunca terem visitado este lugar foi
destruida para sempre.
Na forma de hari-n€ma-sa‰k…rtana, Gaur€‰ga misericordiosamente ofereceu um
barco para atravessar as pessoas no oceano da existência material. Gaur€‰ga, o capitão
do barco, as pega com Suas próprias mãos. Ele as coloca sem Seu colo e as atravessa
para o outro lado do rio de nascimentos e mortes. Qual outra encarnação do Senhor que
perguntou pessoalmente sobre os pecadores e caídos? Onde você poderá encontrar tanta
misericórdia? O Senhor Gaur€‰ga deu a todo mundo a oportunidade de alcançar
facilmente amor de R€dh€ e KŠa.
A NEGOCIAÇÃO
A CERIMÔNIA DE CASAMENTO.
Em Navadv…pa, Vivambhara passava alegremente Seu tempo com Seus amigos e Sua
família. O Senhor zelosamente executava vários rituais e ensinava devotadamente os
Vedas a um grupo de estudantes. Os brâmanes eruditos de Nadia louvavam Prabhu pelas
Suas ações exemplares.
O Senhor Gaur€‰ga desafiava facilmente o genial Bhaspati que conhece a essência de
todos os Vedas. Quem pode estimar as glórias de discípulos que aprendiam com o Guru
de todo Universo?
Prabhu Vivambhara, o esposo de milhões de Sarasvat…s, também mostrava Sua
misericórdia com os paŠitas locais por lhes dar a essência do conhecimento. Desta
maneira Gaurasundara instruiu os residentes de Navadv…pa.
Um dia, Prabhu decidiu visitar Gay€ onde poderia adorar os pés de G€dadhara ViŠu.
Também poderia distribuir prasada de ViŠu para ajudar os Seus ancestrais. Muitos
brâmanes se juntaram ao grupo do Senhor, ®ac…m€t€ estava queimando de ansiedade.
Com semblante grave, ela disse com a voz entrecortada pelas lágrimas:
- Ouça Vivambhara, novamente Você vai para um país distante. Em Sua ausência, minha
casa ficará envolta pela escuridão. Você é meu único guia, como a bengala de um cego.
Você é a estrela de meus olhos. Você é a alma deste corpo. Além de Você, não tenho
ninguém. Você vai a Gay€ para liberar os Seus ancestrais; assim, o que posso dizer?
O Senhor Gaur€‰ga consolou ®ac…m€t€ com palavras doces:
- Mãe, pense sempre que estou com você. Não se lamente. Por favor, deixe-Me ser um
filho cumpridor de Seus deveres e oferecer prasada de ViŠu para os Meus ancestrais.
Mulheres, crianças, velhos, aleijados e até mesmo as aves e as bestas correram para ver o
Senhor enquanto viajava para Gay€. Os residentes de todas as ruas por que passava
Vivambhara ficaram encantados com o maravilhoso aspecto do Senhor. Sem dizer nada a
seus esposos, as donas de casa deixavam suas famílias e corriam excitadas para abraçar
Gaur€‰ga com os olhos. Elas exclamavam:
- Vejam, aí vem ®r… Hari de Vraja!
Desta maneira, onde quer que o Senhor Gaur€‰ga viajasse, as pessoas corriam atrás
dEle. Simplesmente pela Sua presença, Gaur€‰ga inundava a todos num oceano de
amor.
Enquanto andava, certa vez Gaur€‰ga viu um par de veados amorosamente brincando
juntos. Ao ver isso, o Senhor riu como um homem mundano. Então, Vivambhara disse
para Seus associados que sem adorar KŠa, as pessoas agem como se fossem animais. Elas
ficam loucas pela luxúria, ira, inveja e ilusão.
A mesma consciência que é encontrada nos animais também é encontrada nos seres
humanos. A única diferença é que os animais são destituidos de consciência de KŠa. Um
homem que não serve a KŠa é chamado animal. Depois de dizer isso o Senhor, o mestre
espiritual de todos os mundos, aquele que satisfaz os desejos de todo mundo, continuou
Sua jornada para Gay€.
MADHYA-KHANDA
CAPITULO 1
Todas as glórias a Narahari e Gadadhara que são os dois senhores do meu coração. Por
favor sejam misericordiosos e lancem seus olhares auspiciosos sobre mim.
Agora, ouçam todos o Madhya-khaŠa. Por fazer isso, alcançarão amor ao Supremo. Estes
tópicos são a essência de todo néctar. Esta seção inclui os passatempos do Senhor
distribuindo KŠa-prema por Nadia.
Mostrando a mais elevada tolerância e compaixão, Gaur€‰ga liberou os patifes e
pecadores J€gai e M€dh€i. O Senhor deu a todo mundo este amor que o Senhor Brahm€
raramente obtem. ®r…man Mah€prabhu inalgurou o movimento de hari-n€ma-sa‰k…
rtana. Tomou sanny€sa para liberar os mais caídos. Estes tópicos, que são como pedaços
de néctar solidificado, irão purificar o coração do ateista mais ferrenho.
Ao retornar para Navadv…pa, Vivambhara sentia-Se muito feliz, desfrutando com Seus
parentes e amigos. Nesta ocasião o Senhor começou a ensinar os jovens meninos
brâmanes de Nadia. Todos estes meninos eram piedosos, estritos e puros em
comportamento. Eles eram os mais afortunados estudantes destes três mundos.
Um dia, Gaurahari compassivamente instruia Seus estudantes:
- Os pés de lótus do Senhor KŠa são a única e exclusiva verdade. O propósito de todo
conhecimento é alcançar KŠa-bhakti. De acordo com os €stras, tudo mais é ignorância. O
conhecimento é passageiro. Entretanto, devoção por R€dh€ e KŠa irá se manter com
vocês eternamente. Aquele que é orgulhoso de sua riqueza, nascimento elevado e
educação não pode alcançar KŠa. Entretanto, aquele que possui devoção pura pode
alcançar Yadu R€ya (KŠa) facilmente. Considerem por favor que o Supremo Senhor KŠa
torna-Se controlado pelas doçuras de bhakti.
então o Senhor leu dois versos sânscristos dos €stras:
- Quem era o caçador que estava cheio de maus hábitos e que idade tinha Dhruva? Qual
era a origem familiar de Vidura e qual era o valor de Ugrasena? Quão bela era Kubja?
Sudama era um brâmane rico? Por estes exemplos podemos compreender que o Senhor
M€dhava considera mais a devoção do que qualquer outra das inúmeras qualidades
pessoais.
Assim, o Senhor ensinava amor a KŠa para os Seus alunos e saturava seus corações de
alegria.
Uma vez, enquanto o Senhor Gaur€‰ga estava relaxado em Sua cama, começou a chorar
incessantemente. Estava imerso em êxtase de KŠa-prema e saboreava o humor dos
sentimentos de separação de R€dh€r€Š… por KŠa estar em Mathur€. Batendo em Seu
peito, o Senhor disse:
- Ó Akrura, você levou Meu KŠa!
Aflito em separação e chorando copiosamente, Gaura continuou:
- Aquela mulher estúpida, Kubja, levou KŠa de Mim. KŠa sempre surrupia a mente das
mulheres jovens.
Dizendo isso, o Senhor emitiu um grito ruidoso e exibiu muitos sinais de êxtase em Seu
corpo.
®ac…m€t€, atônita com o comportamento de seu filho, perguntou:
- Vivambhara, por que Você está chorando? O que Lhe causa esta miséria?
Perdido em êxtase, Gaur€‰ga não pôde responder, em resposta chorava. ®ac…m€t€
pensou:
- Pelos sintomas, parece que meu filho obteve prema pela misericórdia de KŠa.
Ciente de toda verdade, ®ac…m€t€, com uma voz doce e afetuosa disse:
- Ouça, meu filho querido. Sua aparência é a coisa mais rara e maravilhosa neste mundo.
Você tem o hábito de me dar todas as coisas valiosas que coleta em Suas várias viagens.
Agora Você voltou de Gay€ com o mais raro, o mais valioso tesouro de KŠa-prema, que
está além do alcance até mesmo dos semideuses. Apesar de ter medo de pedir, por favor,
me dê este KŠa-prema.
Com o coração derretido por esta solicitação sincera e humilde, Gaurahari disse:
- Mãe, pela misericórdia dos vaiŠavas, você definitivamente vai alcançar amor a Deus.
Imediatamente, após ouvir isso, ®ac…m€t€ recebeu prema-bhakti, amor puro a Deus.
Seu corpo apresentou erupções de alegria e lágrimas rolaram de seus olhos. Em êxtase
®ac…m€t€ cantava:
- KŠa! KŠa! KŠa!
Locana d€sa diz que esta foi a primeira vez que o Senhor Gaur€‰ga manifestou a
distribuição de prema.
Um dia Vivambhara visitou a casa de Seu amado devoto Mur€ri Gupta. O Senhor
mostrou sintomas de êxtase amoroso como inconsciência, arrepios e vermelhidão em
Suas faces. Ele entrou no quarto da Deidade e começou a conversar conSigo mesmo.
Lágrimas rolavam de Seus olhos com tamanha abundância que pareciam o rio Ganges
descendo do monte Sumeru.
As pessoas disseram:
- Vejam a beleza inigualável do Senhor. Ele agora virou um javali enorme, grande como
uma montanha e com os Seus dentes afiados vem correndo para nos matar.
O Senhor Gaur€‰ga assumiu a forma de um javali e correu com as mãos e os pés no
solo. Com os olhos vermelhos, formato roliço e rugindo agudamente, Ele tinha realmente
Se tornado um javali poderoso. Usando Seus dentes, Mah€prabhu alcançou um pote de
latão no céu. Derrubando-o no chão, o Senhor abriu Sua boca selvagemente e disse:
- Mur€r…, você Me reconhece?
Mur€r… Gupta caiu aos pés do Senhor e disse:
- Prabhu, não tenho qualificações para descrever Tua real identidade que é desconhecida
até de Svayambhu.
Então Mur€r… falou um verso do Bhagavad-g…t€ (10.15):
"Na verdade, só Tu te conheces através de Tuas potências, ó origem de tudo, Senhor de
todos os seres, Deus dos deuses, ó Pessoa Suprema, Senhor do universo!"
Mur€r… continuou:
- Ó Mah€prabhu, Tu podes te conhecer a ti próprio; outros não.
Gaurahari perguntou:
- Os Vedas podem descrever-Me?
Mur€r… respondeu humildemente:
- Até mesmo Sahasravadana (Ananta ®ea) não pode compreender Tuas tattvas, verdades.
Como podem os Vedas explicar o conhecimento relativo a Ti? Ninguém pode conhecer-
Te.
Gaurahari disse:
- Ouça o que os Vedas dizem sobre Mim no Svetasvatara Up. (3.19):
"A onipotente Suprema Personalidade de Deus não possui mãos ou pernas materiais.
Entretanto, Ele corre rápido para receber oferendas. Ele não tem olhos materiais, mas
ainda assim tudo vê. Não tem ouvidos materiais, e entretanto Ele ouve tudo. Ele conhece
tudo, mas ninguém O conhece. Brâmanes realizados dizem que Ele é a Personalidade
Suprema."
- Os Vedas podem dizer que Eu não tenho mãos nem pés, continuou Gaur€‰ga. As
descrições védicas sobre Mim criaram confusão sobre a Minha identidade.
O Senhor deu uma pausa, sorriu ligeiramente e continuou:
- É como se os Vedas não houvessem Me descrevido.
Então Mur€r… Gupta implorou ao Senhor Gaur€‰ga:
- Meu Senhor, por favor, seja misericordioso comigo. Por favor dê-me amor extático por
Deus.
A beleza de Gaur€‰ga desafia milhões de Cupidos. Seus ombros são amplos e fortes
como os de um leão. Ele tem os olhos e a face de lótus, Seu pescoço é liso e possui três
linhas auspiciosas como uma concha. Uma vez, enquanto estava sentado em Sua casa, o
Senhor falou com uma voz profunda e ressonante:
- Estou vendo figuras que têm quatro, cinco e seis faces respectivamente. Isto aumenta
Minha curiosidade.
®r…vasa PaŠita, que estava sentado ao lado do Senhor, deu sua opinião:
- Os semideuses como Brahm€ com quatro face, e outros com cinco faces vêm visitá-lO,
meu Senhor. Eles vêm Te pedir o tesouro de prema, uma vez que és o oceano de amor.
Então Mah€prabhu sentou-Se numa asana divina. Ele descansou uma perna sobre um
devoto e um braço sobre outro. ®r…vasa e os semideuses se aproximaram dos pés de
lótus do Senhor chorando:
- És o mais compassivo. Por favor, conceda-nos este doce néctar de Teu amor.
Com uma voz trovejante, Gaur€‰ga disse:
- Quer vocês recebam o presente de amor a Deus.
Imediatamente, os semideuses desenvolveram KŠa-prema e exibiram os sintomas
corpóreos de bem-aventurança transcendental. Os viŠavas apreciaram muito ao verem os
semideuses dançarem felizes e cantarem:
- Ó R€dh€-Govinda!
Conforme os semideuses e semideusas dançavam, mudanças maravilhosas ocorriam em
seus corpos. Seus cabelos permaneciam eriçados, suavam copiosamente e rolavam no
chão em desvairio. Então, súbitamente, se levantaram e gritaram:
- Hari bol! Hari bol! Gaura-Govinda! Gaura-Govinda!
No instante seguinte puseram suas cabeças aos pés de de Gaur€‰ga e imploraram:
- Que nossas mentes possam estar sempre fixas em Teus pés de lótus.
Com um amplo sorriso, o Senhor respondeu:
- Que assim seja. Que assim seja. Que vocês possam ficar plenos de amor por KŠa.
Então os semideuses se elevaram ao céu, retornando às suas moradas celestiais. Ao
observarem isso os vaiŠavas ali reunidos ficaram muito emocionados.
O coração e o corpo de Suklambhara Brahmacari eram puros e seu caráter magnífico. Ele
era um local de peregrinação encarnado. Após testemunhar a incrível misericórdia do
Senhor para com os semideuses, desejou a mesma coisa. Estando ansioso por obter amor
a Deus, Suklambhara amedrontado revelou sua mente a Gaur€‰ga.
Ele disse:
- Por favor, ouça, ó Senhor Gaur€‰ga. És a Suprema Personalidade de Deus. Depois de
muito tempo meus olhos encontraram a satisfação. Visitei muitos locais sagrados de
peregrinação como Mathur€ e Dv€rak€; mas não pude encontrar ali nenhuma felecidade.
Eu Te imploro, por favor me dê o tesouro de KŠa-prema.
O Senhor respondeu:
- Ó Suklambhara, existem tantos homens como cães e raposas que frequentam estes
locais sagrados, mas o que importa para Mim? A menos que KŠa surja no coração, não
há nenhum benefício em visitar os locais de peregrinação. Amor a KŠa é a única religião.
Isto é confirmado no N€radiya Pur€Ša:
"Peixes gostam de tomar banho, serpente vivem do ar, ovelhas vivem das folhas, os
touros do oleiro estão sempre se movendo, o grou vive meditando, camundongo vive
num buraco e o leão vive na floresta. Da mesma maneira, o comportamento dos assim
chamados renunciados se assemelha ao destes animais. Sem purificar a consciência,
nenhuma austeridade ou meditação dará resultado."
E em seguida citou o N€rada Pañcaratra (2.6):
“Aquele que adora o Senhor Hari não precisa realizar nenhuma austeridade. Quem
negligencia a adoração de Hari, também não precisa realizar nenhuma austeridade. Para
quem o Senhor reside dentro e fora, austeridade não é necessária. E para quem Hari não
Se manifestou dentro ou fora, fazer austeridades é inútil."
Ouvindo esta explicação do Senhor, Suklambhara caiu ao solo chorando. Incapaz de
tolerar a aflição de Seu devoto, Gaurasundara concedeu-lhe amor a Deus. O corpo todo
de Suklambhara apresentou erupções de deleite. Ele chorava e tremia no êxtase de KŠa-
prema. Isso deu enorme prazer aos devotos reunidos.
®r…vasa µh€kura e seus três irmãos cantavam canções auspiciosas. Harid€sa cantava
"Hari! Hari!" e rolava em êxtase, glorificando as qualidades transcendentais de Gaur€
‰ga, comparando-O a Kior€-Kiori (R€dh€-KŠa). Mur€r… Gupta e Mukunda também
louvavam Prabhu. Eles eram como abelhas enlouquecidas enxameando sobre os pés de
lótus do Senhor, tentando saborear o néctar do amor.
Mantendo Gaur€‰ga no centro, os devotos rodeavam o Senhor e em bem-aventurança
cantavam "Jai!, Jai!" e em todas as direções todos choravam alucinados de amor por KŠa.
Alguns se abraçavam afetuosamente, outros cantavam as glórias de Gaurahari.
Gad€dhara PaŠita caiu aos pés de Prabhu e disse:
- Que beleza incomparável que aqui está!
A face de lótus de Gaur€‰ga ficou rosada de êxtase. Pequenas pápulas de deleite
apareceram como pérolas douradas, em uma erupção por todo Seu corpo transcendental.
Expressando o tesouro de Seu coração, Gaurahari, sorrindo satisfeito, disse:
- Eu sou Deus!
Neste exato momento, o Senhor prestou reverências e pediu as bênçãos dos vaiŠavas. E
então, logo em seguida, o Senhor abençoou os Seus associados eternos.
O prema exibido por Gaur€‰ga nunca fora visto antes. Todos os homens e mulheres do
mundo ficaram loucos para experimentar este estonteante amor a Deus.
Locana d€sa também fica perdido pela influência deste KŠa-prema.
CAPITULO 2
CAPITULO 3
®r…v€sa disse:
- Meu Senhor, tenho uma pergunta, mas hesito em indagar-Lhe. Entretanto, estou ansioso
por saber a resposta. Advaita šc€rya é Teu devoto?
A face do Senhor Gaurahari ficou vermelha de ira e Ele quiz xingar ®r…v€sa:
- Tanto Uddhava quanto Akrura são muito queridos para Mim, mas você acha que
Advaita šc€rya é menos do que eles. Em toda Bharatavarsa, você não encontrará devoto
Meu como Advaita šc€rya, seu brâmane ignorante. Agora ouça. Advaita šc€rya, o rei dos
vaiŠavas, é Meu devoto e a Minha própria alma. Ele é o mestre de toda a criação que
desceu só para liberar as pessoas de Kali-yuga. Os €stras dizem que ele é o Mah€-ViŠu.
Ó bhakta-avat€ra (®r…v€sa), agora você deve entender a elevada posição de Advaita
šc€rya. Com um coração sincero, você deve sempre servi-lo e adorá-lo.
®r…v€sa ouviu atentamente as soberbas instruções de Mah€prabhu.
Gaurahari continuou:
- ®r…v€sa, não cultive jñ€na. Se alguma vez Eu vir você fazer isso, não lhe darei amor
a KŠa. Ignorando karma e jñ€na, você obterá KŠa-prema. Sabendo disso, não busque
abrigo em karma e jñ€na.
®r…v€sa respondeu:
- Ó Senhor, por favor, abençoe-me para que possa abandonar o interesse mundano por
karma e jñ€na.
Mur€r… Gupta disse:
- Vivambhara, nada sei sobre conhecimento especulativo.
Gaur€‰ga respondeu:
- Se você quizer aprender alguma coisa sobre isso, então indague a Advaita šc€rya. Mas
acho que você apenas deve ser sincero na adoração a KŠacandra, com um coração puro.
Comparado a bhakti, mukti, a meta de jñ€na é insignificante.
Ao ouvir isso, os devotos reunidos entraram em bem-aventurança. Eles fizeram votos em
seus corações de executarem a ordem do Senhor. Os devotos dançaram e cantaram com
tamanha loucura divina que os semideuses ficaram atônitos com o desempenho.
Estes são os maravilhosos passatempos do Senhor Gaur€‰ga pregando amor a Deus na
terra de Nadia.
Seus olhos, como flores de lótus vermelhas desabrochando, focavam todo mundo como
abelhas malucas. Seu olhar era cheio de compaixão nectárea. Sua face, uma brilhante lua
cheia, que causava choro de amor em todos. Todo mundo em Nadia tinha prazer em ver o
dançante filho de ®ac…m€t€. Gaur€‰ga parecia extamente como o todo atrativo
Madana-mohana.
Enquanto dançava absorto em prema, o corpo de Gaura apresentava erupções de arrepios
transcendentais. Estando eretos, os pelos de Seu corpo pareciam flores da kadamba
dourada. Intensa transpiração caia de Seu corpo. Estas manifestações de amor divino
faziam Seus corpo parecer o sol nascente. Palavras entrecortadas saiam de Sua garganta
que se parecia com a superfície de uma concha. Uma doce fragrância emanava de Seus
pés de lótus, que eram decorados com unhas que brilhavam como dez luas. Conforme
andava, todas as direções se iluminavam com Sua explêndida refulgência.
Em Navadv…pa, a Suprema Personalidade de Deus manifestou uma forma única de
amor divino. Aqui, Gaurahari realizou Seu prema-n€ma-saŠk…rtana. Rugindo como um
leão, Ele cobriu o globo com o som dos santos nomes de KŠa.
Radiante como o sol, o belo corpo e os ornamentos de Gaur€‰ga encantavam o
Universo inteiro. Porções de pasta de sândalo decoravam Sua face de lua. O mundo se
encantava com as correntes de lágrimas que vinham da nectárea fonte de Seus olhos. Seu
andar parecia o do elefante.
Como é possível que eu descreva a misericórdia de Gaur€‰ga? Ele é a essência da
própria compaixão. Locana d€sa diz que em Navadv…pa, devido ao êxtase por Gaur€
‰ga-prema, as pessoas não podiam dizer se era dia ou se era noite.
CAPITULO 4
Um dia, Gaur€‰ga estava sentado num assento divino, flanqueado pelos Seus associados
íntimos. Ele perguntou a ®r…vasa:
- Você sabe o significado do seu nome? Você é a morada de bhakti, por isso é ®r…vasa.
Então Prabhu disse para Gopin€tha:
- Você é Meu devoto querido.
Para Mur€r… Gupta, o Senhor disse:
- Para o Meu prazer, por favor, recite este verso que você compôs.
Mur€r… Gupta citou seu livro ®r… KŠa Caitanya-carita:
- Adoro o Senhor bem-aventurado e amo dos três mundos, ®r… R€macandra. Ele usa
uma coroa brilhante coberta com uma fileira de jóias cujo brilho ilumina todas as
direções. Seus brincos encantadores desafiam o brilho de ®ukra e Bhaspati. Sua face
maravilhosa parece a lua sem suas manchas. Adoro os pés de lótus do amo destes três
mundos, ®r… R€macandra, cujos lindos olhos parecem flores de lótus desbrochando.
Seus lábios vermelhos parecem as frutas bimba e Seu nariz bem talhado a todos atrai.
Seu sorriso maravilhoso embaraça o luar.
Depois de ouvir estes versos, Gaura pôs os pés sobre a cabeça de Mur€r…. E então,
escreveu o nome "R€mad€sa" em sua testa. Prabhu disse:
- Mur€r…, de hoje em diante, por Minha misericórdia, você será conhecido como
R€mad€sa. Sem Raghun€tha, você não pode viver nem um instante. Saiba com certeza
que Eu sou o mesmo Senhor Raghun€tha (R€ma).
Para a surpresa de todos os presentes, o Senhor Gaur€‰ga exibiu Sua forma
transcendental como o Senhor R€macandra, juntamente com Janak… (S…t€), Lakmana,
H€numan e outros associados. Instantaneamente, Mur€r… caiu aos pés de lótus do
Senhor e louvou Gaur€‰ga:
- Todas as glórias a Raghuvira. Ele é o mesmo querido de ®ac…m€t€.
Então Mur€r… rolou no chão. Chorando de felicidade, ofereceu mais orações.
Mostrando misericórdia, Mah€prabhu disse:
- Mur€r…, você deve Me adorar e esquecer todo além de bhakti. Apesar de Eu ser o seu
adorável Senhor Raghun€tha, ainda assim você deve adorar o Senhor de R€dh€. Faça sa
‰k…rtana, ouça atentamente as glórias de R€dh€ e KŠa e seja devotado a Mim. Então o
Senhor Gaurahari recitou um verso do ®r…mad Bh€gavatam (11.14.20) para ®r…vasa
PaŠita:
"Meu querido Uddhava, o serviço devocional imotivado prestado a Mim pelos Meus
devotos deixa-Me sobre o seu controle. Não posso ser controlado por aqueles que se
dedicam a yoga mística, filosofia Sa‰khya, trabalhos piedosos, estudo dos Vedas,
austeridades ou renúncia."
Prabhu disse para os Seus associados que eles deveriam agir de acordo com este verso e
seguirem os ensinamentos de ®r…vasa. Desta maneira encontrariam a felicidade última.
Gaur€‰ga disse para ®r… R€ma Pa‰ita:
- Por adorar o seu irmão ®r…vasa, você está adorando a Mim. Assim sendo, sirva-o
muito bem, e você receberá a Minha misericórdia.
Lágrimas umedeceram os olhos do Senhor. ®r…vasa ofereceu um pouco de leite a
Prabhu, que Ele aceitou com alegria.
O Senhor recebeu artigos em adoração, como incenso, perfume, pasta de sândalo e
guirlanda de flores. Então Gaurahari os devolveu como prasada aos Seus devotos. Após
passar uma noite bem-aventurada na casa de ®r…vasa PaŠita, o Senhor Gaur€‰ga
seguiu para Sua casa.
Depois de tomar o banho matinal, os associados eternos do Senhor Gaurahari
imediatamente correram para ver os pés de lótus do Senhor. Sorridente, o Senhor disse:
- Ouçam as boas notícias. O Senhor Nity€nanda, o avadhuta maravilhoso, está chegando
a Navadv…pa. Suas glórias estão além de toda descrição. Hoje somos os mais
afortunados, pois devemos ver os Seus pés de lótus. Nity€nanda não é diferente de
Balar€ma e N€r€yaŠa. Vocês, Mur€r… e Mukunda, vão localizar o Senhor Nity€nanda.
Rapidamente, eles averiguaram na parte sul da vila, mas não puderam encontrá-lO. De
mãos postas, contaram a Gaur€‰ga que apesar de rigorosa busca, não puderam localizar
Nity€nanda. Seguindo a ordem de Prabhu, Mur€r… e Mukunda procuraram sem sucesso
até mesmo em suas casas.
Ao Se encontrar com eles naquela tarde, o Senhor disse:
- Mur€r…, você não encontrou o avadhuta?
Sorrindo curiosamente, Gaur€‰ga continuou:
- Ele está ficando na casa de Nandan€c€rya. Vamos até lá juntos.
Os devotos, exclamando "Jai! Jai!" seguiram o Senhor Gaur€‰ga pela estrada. Sons
eufóricos de "Hari bol! Hari bol!" permeavam a atmosfera. Os devotos exibiam sintomas
de êxtase divino como arrepios, voz falhando e choro profuso. Estando imerso em amor
extático a Deus, Gaur€‰ga às vezes andava vagarosamente como um formidável leão;
em seguida, corria como um elefante enlouquecido, determinado, sem olhar para trás.
Lágrimas lavavam Seu rosto e Ele rugia como uma nuvem trovejante.
O MARAVILHOSO NITAI
CAPITULO 6
Simplesmente por ouvir este passatempo, se obterá prema-bhakti aos pés de lótus de
KŠa. As glórias de Gaurahari são a sublime essência do néctar, muito além do alcance
dos Vedas.
Um dia o Senhor Gaura abraçou os Seus devotos e cantou e dançou jubilante com eles.
Tomando a mão de ®r…vasa PaŠita, Gaurahari subitamente desapareceu daquela
assembléia. Não sabendo por onde o Senhor andava, os devotos ficaram apreensivos.
Perdendo a gravidade, choravam em desespero e rolavam no chão. Procuraram em todas
as casas atrás de Gaur€‰ga.
Os devotos ficaram tomados pela dor da separação. Lágrimas de aflição caiam de seus
olhos, impedindo os cílios de se abrir. Eles se lamentavam perdidamente:
- Por que Ele nos abandonou? Para onde Ele foi?
Alguns devotos pensaram em suicídio como seu único recurso. ®ac…m€t€, com seus
cabelos e roupas em desalinho, batia no peito como louca e sucumbia no chão. ®ac…
dev… vivia chorando:
- Querido! Querido! Por favor, volte para casa. Já se passaram dias e noites, por favor,
volte. Você é luz que guia nossa família, a própria lua de Nadia. Você é a estrela de meus
olhos, sem Você tudo é escuro e amedrontador.
Num local retirado, Vivambhara observava a dolorosa condição de Seus devotos. De
repente, Ele surgiu no meio deles, como o sol brilhante surge ao romper da aurora. Por
este episódio, o Senhor mostrou o profundo amor que se escondia no coração de Seus
devotos puros. Chorando lágrimas doces e amargas, alguns devotos cairam aos pés de
lótus de Gaura. Outros dançavam em frenesi logo ao verem Sua face sorridente. Um
devoto confessou:
- Ó Prabhu, em separação de Seus pés de lótus, não vejo nada além de escuridão em
todas as direções.
Imersa em afeição materna, ®ac…m€t€ colocou Vivambhara no colo e o afagou com
milhões de beijos. Ela dizia:
- Para mim Você é como a bengala de um cego. Você é a luz dos meus olhos e a alma do
meu corpo. Não tenho nada além de Você. Sem Você o mundo é completamente vazio.
Aparecendo em minha vida Você destruiu todas as minhas misérias, assim como a lua
cheia dissipa a escuridão da noite.
Mur€r…, Mukunda e Harid€sa disseram:
- Ó ®r…v€sa, você é o servo mais íntimo de Gaurahari. Assim, por sua misericórdia o
Senhor voltou. Não sabemos como agradecer a você. Por favor, seja bondoso e aceite-nos
como sua propriedade.
Então os devotos cantaram as glórias de Gaurahari dançando em volta do Senhor.
Estas eram as maravilhosas maneiras como o Senhor Gaurahari distribuia o tesouro de
amor a Deus em Navadv…pa. Nestes três mundos, é extremamente difícil receber o
presente de prema-bhakti.
Locana d€sa diz que Ananta Deva e Lakm…, e o que dizer de ®iva e dos quatro
Kumaras, não podem compreender o significado profundo do prema que Gaur€‰ga
distribuiu.
Agora ouçam outro passatempo sublime que irá remover todos os seus pecados. Em
Navadv…pa, o Senhor e Seus amáveis associados desfrutaram de vários passatempos
transcendentais. O Senhor Gaur€‰ga podia esquecer-Se de tudo quando imergia no
êxtase de sa‰k…rtana.
Um dia Mah€prabhu ordenou:
- Levem este santo nome de Hari de casa em casa em Navadv…pa. Ensinem a todos -
velhos, mulheres, crianças, comedores de cães, santos e pecadores - a cantarem os santos
nomes. Com isso eles atravessarão o oceano da existência material com facilidade.
Os seguidores de Gaura disseram:
- Prabhu, não podemos dar os santos nomes assim devido aos irmãos, J€gai e M€dh€i.
Estes dois brâmanes degradados são completamente patifes de descarados. Eles realizam
regularmente um número ilimitado das mais viciosas e pecaminosas atividades. Estes
desclassificados e irresponsáveis brâmanes estão aterrorizando Navadv…pa. São viciados
em vinho e desrespeitam todas as mulheres que encontram. Mataram inúmeras vacas,
brâmanes e mulheres. Todos os dias perambulam por aí em estupor alcoólico. Apesar de
viverem às margens do Ganges, nunca tomam banho. Nunca fazem adoração a nenhuma
Deidade. J€gai e M€dh€i oprimem e punem até mesmo seus próprios amigos e
familiares. E para terminar, eles odeiam o som de hari-n€ma-sa‰k…rtana.
Depois de ouvir este relato horrível, Gaur€‰ga ficou com os olhos vermelhos de ira,
rubros como o sol nascendo. Passou pela Sua mente:
- No passado, havia um brâmane pecaminoso chamado Aj€mila. Cheio de apego paterno,
ele cantou "N€r€yaŠa" na hora da morte. Por isto recebeu um corpo espiritual e foi para
VaikuŠ˜ha. Estou preocupado. Como J€gai e M€dh€i, que são infinitamente mais
pecaminosos do que Aj€mila, poderão ser liberados? Vim aqui para dar hari-n€ma-sa
‰k…rtana e purificar e liberar as pessoas de Kali-yuga. Agora vou chamar a todos, para
que juntos realizarem sa‰k…rtana com khola e karatalas. Cantando alto e docemente,
liderarei o sa‰k…rtana pelas ruas de Nadia.
Neste momento, Advaita šc€rya, Nity€nanda, Harid€sa, ®r…vasa e os seus quatro
irmãos, Mur€r…, Mukunda Datta, Gadadhara PaŠita, Candrasekhara šc€rya,
Suklambhara e muitos outros devotos vieram até a casa de Gaur€‰ga. Com a ordem de
Prabhu, todos cantaram os santos nomes de KŠa.
A cidade inteira de Nadia foi inundada com ondas de felicidade e o céu reverberava com
o som de "Hari bol! Hari bol!" Naufragados num estupor alcoólico, J€gai e M€dh€i
roncavam em casa. Uma multidão corria para ver e acompanhar a procissão de sa‰k…
rtana do Senhor Gaur€‰ga. A atmosfera estava cheia com a doce música de khola,
karatala e mdanga, temperada com o canto de Hari-k…rtana.
Tendo o sono interrompido pelo k…rtana, Jag€i e M€dh€i acordaram e gritaram furiosos:
- Pegue-os, pegue-os.
J€gai e M€dh€i, com os olhos vermelhos de ira, agarraram dois bastões e mandaram que
seus servos fossem dizer para os devotos que se quizessem continuar vivendo, era melhor
que parassem de cantar. Os servos voltaram para dizer:
- Nim€i PaŠita, o filho de Jagan€tha Mira e muitos outros brâmanes estão fazendo
kirtana. Vocês devem dizer para eles irem embora.
Furiosos os dois irmãos bêbados gritaram:
- Quem deu permissão para eles passarem por aqui? Vão dizer a eles que caiam fora
daqui imediatamente, antes que percam sua casta, credo e vidas.
Ignorando as ordens, Nim€i aumentou a intensidade do k…rtana, extendeu Seus braços
por cima da cabeça e saturou o céu com o canto bem alto de "Hari! Hari! Hari!"
Perdendo a tolerância, os pecaminosos irmãos sairam de sua casa como loucos. Com os
olhos e faces vermelhos de ira e a mente inflada de raiva, gritaram para Gaur€‰ga:
- Ei brâmane! Você não tem medo de nada?
Eles amaldiçoaram o Senhor com palavrões. Ao verem a fúria da dupla demoníaca, os
residentes de Nadia ficaram assustados.
Sem se afetarem, Prabhu Vizvambhara R€ya, Nity€nanda, Advaira šc€rya, Harid€sa,
®r…vasa, Mur€r… e Mukunda continuaram o k…rtana. J€gai e M€dh€i, tomados pela
ignorância, furiosos, agarrando os bastões investiram contra o grupo de sa‰k…rtana.
Eles golpearam a cabeça de Nity€nanda Prabhu com um caco de pote quebrado. Vendo o
Senhor sangrar profusamente, os devotos gritaram:
- Vejam! Vejam!
®r… Gaurahari, sentindo muita tristeza disse:
- Vocês dois são os maiores patifes e seus pecados cobriram a Terra.
O Senhor Gaur€‰ga, muito preocupado com a calamidade que poderia ocorrer caso o
sangue de Nit€i tocasse o chão, cobriu a ferida de Nity€nanda com as Suas próprias
vestes.
Então o Senhor Gaurahari convocou a Sua Sudarana cakra. Sudarana personalificada,
diante do Senhor, de mãos postas perguntou:
- Meu Senhor, por que me chamastes?
®ac…nandana respondeu:
- Sudarana, você deve matar J€gai e M€dh€i, porque eles Me feriram ao ferirem
Nity€nanda.
Imediatamente, a Sudarana cakra partiu para cima de J€gai e M€dh€i que ficaram
tremendo de medo. A ver isso o compassivo Nity€nanda sorriu e disse:
- O que faz Bhagav€n mostrando Seu poder? Na verdade, Nós viemos liberar os
descrentes e pecadores do mundo pela Nossa misericórdia. Assim, manteremos o Nosso
título de "patita p€vana", os liberadores dos caídos. Salvando J€gai e M€dh€i, seremos
conhecidos como “dina bandhu", amigos dos pobres. Desta maneira, realizaremos
completamente o significado de "salvadores dos caídos".
Nity€nanda caiu aos pés de Gaur€‰ga e disse:
- Por favor, conceda-Me estes dois pecadores? Meu Senhor, em eras anteriores matavas
demônios, mas agora deves conceder Tua misericórdia para J€gai e M€dh€i.
Gaurahari disse:
- Todas as glórias para Você, ó filho de Rohin…! Sou controlado por Você. Se alguém
apenas uma vez cantar o nome "Nity€nanda" se purificará imediatamente e Eu aceitarei
esta pessoa como sendo Eu mesmo.
CAPITULO 7
Certa vez um ivaista (seguidor do Senhor ®iva) veio ver o Senhor Gaur€‰ga. Ele
ofereceu respeitos ao Senhor e alegremente louvou o Senhor Mahea. Em seu corpo
exibiu sinais de amor pelo Senhor ®iva. Vivambhara ficou satisfeito ao ouvir as glórias
de Mah€deva. De repente, adotando o humor de Mahea, Gaur€‰ga dançou em êxtase.
Ao ver isso, o ivaista ficou cheio de alegria.
Aquele ivaista afortunado pôs Gaur€‰ga em seus ombros e começou a dançar feito
louco. Os olhos de Gaur€‰ga ficaram vermelhos e Ele começou a falar como ®iva.
Vivambhara portava um tridente e um damaru ( o pequeno tambor em forma de "x" de
®iva), e soprava o som de uma buzina. Gaur€‰ga chorava e ria conforme cantava os
nomes de KŠa e R€ma.
®r…v€sa PaŠita conhece todas as tattvas (kŠa, j…va, akti, n€ma, etc.). Para apaziguar o
Senhor, ele recitou cuidadosamente as orações ao Senhor ®iva. Mukunda Datta também
cantou hinos a ®iva. Os associados de Gaur€‰ga começaram a dançar junto com o
Senhor. O Senhor Gaur€‰ga entrou num profundo êxtase ao glorificar e servir o Senhor
Hari. Depois de algum tempo, Gaur€‰ga desceu dos ombros do ivaista.
®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu, o oceano de misericórdia personalificado, assim
manisfestou Sua compaixão. Locana d€sa encontra grande felicidade descrevendo estes
alegres eventos.
Um dia depois de dançar com os Seus devotos, Gaur€‰ga caiu prostrado no chão para
oferecer Suas reverências. Os devotos cantaram alegres "Hari! Hari!" Neste momento,
um brâmane jovial veio e tomou a poeira dos pés de lótus do Senhor Gaur€‰ga.
Insatisfeito com isto, Gaur€‰ga Se levantou, respirando ofegante pela ira. Correu até o
Ganges e Se atirou nele. O Senhor desapareceu sob as águas de Jahnav… (Ganges).
Freneticamente os devotos mergulharam no Ganges para encontrar o Senhor
Vivambhara. As pessoas de Nadia ficaram com medo; choravam em aflição. ®ac…m€t€
chorava como louca pelo seu filho e pretendia se atirar na rápida corredeira do Ganges.
Em desespero, ela rolava no chão se lamentando.
Para aliviar o sofrimento de ®ac…m€t€, Nity€nanda Prabhu mergulhou no Ganges para
resgatar Vivambhara. Ele puxou o Senhor debaixo d'água e O trouxe até a margem do
Ganges. ®r…v€sa, Suklambhara, Mukunda, Mur€r…, Harid€sa e outros associados
íntimos recuperaram suas vidas. Começaram a derramar lágrimas de alegria ao ver
novamente a face de Gaur€‰ga. ®ac…m€t€ amorosamente sentou Gaurahari, a vida de
sua vida, em seu colo. As pessoas de Navadv…pa esqueceram-se de suas misérias e
retornaram para suas casas.
Gaur€‰ga foi até a casa de Mur€r… Gupta com os devotos. Ficaram só por um instante
e foram até a casa de Vijaya Mira. Logo cedo na manhã seguinte, Gaur€‰ga andou até a
margem norte do Ganges, ninguém podia compreender o que o Senhor divagava.
Humildemente perguntaram a Gaur€‰ga:
- Vivambhara, por favor, seja bondoso conosco e pare com a Sua ira. Tu tens inúmeros
servos e ocasionalmente um deles comete alguma ofensa. Por favor, desconsidere a
ofensa que aquele brâmane cometeu ao tocar os Teus pés. És a compaixão corporificada,
assim, seja misericordioso conosco. Por que estás agindo assim? Como podemos
compreender o Teu coração? Senhor Gaur€‰ga, por favor, volte para Tua casa. Por
favor, dissipe nossa confusão e seja bondoso para os Teus servos.
Ao ouvir estas humildes súplicas, o coração de Gaur€‰ga se derreteu de afeição. Num
humor alegre, voltou para casa e glorificou o Senhor KŠa.
Locana d€sa canta as glórias de Gaur€‰ga e vila de Nadia, ao saber da notícia da volta
do Senhor, se encheu de alegria.
O Senhor esqueceu o incidente e foi para a casa de ®r…vasa PaŠita. Novamente Ele
distribuiu o raro tesouro de amor a Deus. ®r…vasa, Harid€sa e os devotos sentaram-se
perto do Senhor contemplando Sua explêndida face.
Mahaprabhu disse:
- Ouçam todos. Vou lhes contar algo do fundo do Meu coração. Juventude, pai, mãe,
esposa, filhos, casas, riquezas e seguidores são todos falsos e inúteis a menos que estejam
engajados ao serviço da Verdade Absoluta, o Senhor ®r… KŠa. A existência material
está sempre queimando o Meu coração. Apesar de ter alcançado este raro e maravilhoso
corpo humano, nunca servi a KŠa. Todo homem e mulher deve servir a KŠa. Logo
deixarei a Minha mãe e viajarei para bem longe. Todo mundo está dizendo que ajo contra
suas vontades.
Mur€r… Gupta disse:
- Vivambhara, ouvir Tu dizeres que irás nos deixar e viajar para longe, causa muita dor
em meu coração. Sinto-me como se fosse morrer. Ouça Mah€prabhu, ninguém está
dizendo nada disso sobre Ti.
Então Mah€prabhu deu a Mur€r… um caloroso abraço. Mur€r… demonstrou êxtase.
Surgiram arrepios em seu corpo da cabeça aos pés. Ele recitou um verso do ®r…mad
Bh€gavatam (10.81.16) [Sudama falando para KŠa]:
"Quem sou eu? Um pecador, pobre amigo de um brâmane. E quem é KŠa? A Suprema
Personalidade de Deus, pleno das seis potências. No entanto, Ele me abraçou com os
Seus dois braços."
Depois de ouvir isso, Gaur€‰ga manifestou-Se como o Senhor Supremo, brilhante como
milhões de sóis. Ele sentou-Se numa €sana e disse com uma voz doce:
- Sou o todo bem-aventurado Senhor. Não pensem que sou outra coisa.
Todos ficaram aturdidos e tomados de êxtase ao verem a forma do Senhor Gaur€‰ga.
®r…v€sa PaŠita, que era um perfeito cavalheiro, então banhou o Senhor com água do
Ganges e O adorou. O Senhor ficou imensamente satisfeito com sua devoção.
Todos cantaram emocionados as glórias do Senhor Hari. O Senhor Gaur€‰ga dançou
feliz ao ver as faces bem-aventuradas de Seus devotos.
Segurando os pés de lótus de Narahari em minha cabeça, eu, Locana d€sa, descrevo os
nectáreos passatempos do Senhor Gaurahari.
Agora, todos por favor ouçam outro doce passatempo que certo dia aconteceu em Nadia.
O Senhor Vivambhara, o oceano de compaixão, era o mestre espiritual instrutor ideal.
Ele inundava a todos de prema-bhakti. O Senhor Gaur€‰ga ensinava Seus seguidores
pelo Seu exemplo pessoal.
Um dia Mah€prabhu reuniu Seus devotos como Advaita šc€rya, ®r…vasa, Harid€sa,
Mukunda, Mur€r…, Gadadhara, Suklambhara, R€ma, Narahari, Raghunandana, ®r…
Mukunda d€sa, Vasu Ghosh, Jagad€nanda e outros para limpar o templo. Erguendo o
dhoti e amarrando Seu cabelo, o Senhor pegou uma vassoura e uma pá. Convidou os
devotos a ajudá-lO a varrer o templo inteiro. Nunca ouvimos um episódio tão
maravilhoso. Gaur€‰ga ordenou as pessoas a se juntarem a eles na varredura do templo
de KŠa. Assim, o Senhor Gaur€‰ga ensinava as pessoas em geral a como servir o
Senhor.
Ninguém além de Gaur€‰ga pode dar KŠa-prema-bhakti. Assim, todos devem se render
a Ele e servir a Seus pés de lótus. Muitas encarnações apareceram em diferentes eras, mas
nenhuma delas pode ser comparada com Vivambhara. É surpreendente considerar que o
próprio Senhor Supremo pegou uma pá e a pôs em Seu ombro e foi de porta em porta
para ensinar a todos a como prestar serviço devocional.
Sem discriminação, Ele deu a todo mundo a riqueza de Vnd€vana. Vivambhara, o filho
de ®ac…m€t€, liberou as pessoas dando-lhes amor transcendental. Isto está além da
religião e da irreligião. Até mesmo Brahm€, ®iva, Lakm… e Ananta desejam obter este
prema. Querido irmão, absorva-se em glorificar Gaur€‰ga. Não O negligencie. Este é o
único barco para atravessar o oceano da existência material.
Locana d€sa diz que nunca haverá novamente uma encarnação como a do Senhor Gaur€
‰ga.
CAPITULO 8
Um dia enquanto o Senhor Gaur€‰ga estava falando com os Seus associados, conheceu
um leproso na rua. Depois de oferecer reverências ao Senhor, o leproso disse:
- Todo mundo diz que Tu és Jan€rdana, a eterna Suprema Personalidade de Deus. Tu és o
Deus dos deuses e o amigo dos três mundos. Ó oceano de misericórdia e compaixão, por
favor, salve-me! Ouvindo que és o salvador dos caídos, vim buscar Teu abrigo e implorar
salvação. Tu és o Senhor Govinda. És Gop€la e és o Senhor das almas rendidas. Nestes
três mundos não existe maior pecador do que eu. Por favor, livre-me desta intolerável
doença da lepra.
Ficando furioso, muito irado, o Senhor Vivambhara disse:
- Seu patife pecaminoso! Por que você blasfemou os vaiŠavas? Todas as entidades vivas
no mundo material são Minhas amigas. Entretanto, sou grande inimigo de quem inveja
um vaiŠava. Não Me importo quando alguém Me ofende, mas se alguém blasfema ®r…
vasa PaŠita, como posso ficar satisfeito? Você falou algumas palavras imencionáveis a
®r…vasa. Assim, mesmo após sofrer por cem vidas, ainda assim você não estará livre da
ofensa contra um vaiŠava. Externamente, você vê o Meu corpo, mas na verdade a Minha
vida são os vaiŠavas que moram em Meu coração.
Se alguém serve a um vaiŠava, mesmo tendo inveja de Mim, posso aliviá-lo de suas
misérias e liberá-lo se ele compreender sua falta. Entretanto, um tolo que comete
violência contra um vaiŠava não encontra nenhum abrigo. Na verdade, ele vai para o
inferno. Não posso lhe dizer por quanto tempo você irá sofrer no inferno. Você é o maior
patife e o homem mais pecaminoso. Você nunca vai ver terminar o seu sofrimento.
O leproso argumentou, chorando em desespero:
- Em outras encarnações o Senhor dava Sua misericórdia de acordo com as qualificações
e a devoção de alguém. Mas na Kali-yuga, toda a casa está cheia de pecadores. Se Tu
matares alguém que não é Teu devoto, então como Tu podes manter o título de patita-
pavana, o salvador dos caídos? Todas as glórias a Vivambhara, o mais poderoso. Tu és a
ponte da religião. As pessoas usarão esta ponte para atravessar a existência material. Ó
querido de ®ac…m€t€! Por favor, não me rejeites. Apesar de seres independente, se
sentires alguma compaixão por mim, mostre-me Tua misericórdia.
Então Gaur€‰ga foi à casa de ®r…vasa PaŠita e falou à assembléia de devotos reunidos
sobre o leproso que havia encontrado na estrada. Vivambhara disse:
- ®r…v€sa, aquele leproso sofrerá por muitas vidas pela sua vaiŠava-aparadha contra
você. Vi que seu corpo está derretendo, mas ainda assim não senti compaixão por ele.
Quando ele Me viu, aquele desgraçado implorou, "por favor, salve-me". Eu lhe disse que
ninguém poderia salvar um ofensor como ele. ®r…vasa, se você desejar conceder-lhe a
sua misericórdia, então aquele leproso será liberado.
Rindo, ®r…v€sa PaŠita respondeu a Gaur€‰ga:
- Meu Senhor, sou o mais baixo de todos. Apesar de seres o verdadeiro salvador, estás
me glorificando. Eu perdoo o leproso pecaminoso; que ele possa se ver livre da lepra.
Assim, vendo o amor pelo Senhor, Gaur€‰ga deu um alto urro. Neste momento o
leproso, que estava deitado perto do Ganges, ficou curado da lepra e conseguiu um corpo
maravilhoso. Ele foi correndo até a casa de ®r…vasa gritando:
- Onde está Gaur€‰ga, a lua do meu coração? Quem mais pode liberar alguém que é
cego pela doença da existência material?
O Senhor Gaurahari deixou a casa de ®r…vasa e foi Se encontrar com o ex-leproso. O
homem caiu ao solo se submetendo ao Senhor. ®r… Gaur€‰ga o levantou e o abraçou.
O Senhor o carregou de KŠa-prema que está além do alcance do Senhor Brahm€.
Cheio de amor por KŠa, o homem às vezes ria ou chorava fora de controle. Num
momento cantava, dançava como louco ou rolava no chão. Gritava:
- O Senhor Gaur€‰ga é amigo de todo mundo!
Vendo este milagre, os associados do Senhor ficaram felizes e as pessoas de Nadia
ficaram atônitas.
Locana d€sa diz por favor, ouçam os passatempos maravilhosos de Vivambhara em
Nadia. Simplesmente por ouvi-los vocês facilmente receberão prema-bhakti.
Um brâmane veio certa vez à casa de ®r…vasa PaŠita enquanto Gaur€‰ga e Seus
devotos lá dançavam alegremente. Apesar do brâmane desejar, não lhe foi permitido o
ingresso para ver o Senhor dançar. Sentindo-se deprimido, voltou para casa. Estando
completamente absorto em compania de Seus devotos, o Senhor Gaur€‰ga não notou a
visita do brâmane.
No dia seguinte quando Gaur€‰ga estava Se banhando no Ganges, aquele brâmane veio
ver o Senhor e disse com um tom irado:
- Ontem, desejei ver-Te dançando, e fui até Tua casa. Mas, algum brâmane pecaminoso
recebeu-me na porta e não pude entrar.
Então o brâmane, quase sucumbindo de tanta ira, pegando o seu cordão sagrado
amaldiçoou o Senhor Gaur€‰ga:
- Tu também serás mantido fora de Tua casa, e nunca serás capaz de viver a vida
familiar.
Sem Se perturbar, o Senhor disse:
- A maldição deste brâmane é uma grande bênção para Mim.
Ouvindo isso, o brâmane ficou com medo e disse:
- O que posso fazer? Tu me fizestes falar desta maneira. És completamente independente,
o todo completo, a Superalma no coração de todo mundo. Tu liberas os falsos lógicos e
os especuladores mentais. Tomarás sanny€sa e distribuirás amor a Deus. As pessoas irão
se dirigir a Ti como "Guru". Gaurahari, é a jóia mais valiosa entre todos os brâmanes.
Quebrarás o fecho do tesouro de KŠa-prema e o darás a todo mundo. Prometestes
inundar o Universo inteiro com prema. Sem discriminação darás Tua misericórdia a todo
mundo, sejam descrentes ou piedosos. Somente eu é que estou sendo de Teu amor. Ó
salvador das almas caídas, sem a Tua misericórdia, qual será o meu destino?
O Senhor Gaur€‰ga disse:
- Sua maldição é uma grande bênção para Mim. Se você realizar o Meu desejo, não
precisa ter mais medo de nada.
Então o brâmane caiu aos pés de lótus do Senhor. Gaur€‰ga o levantou e o abraçou.
Recebendo a misericórdia do Senhor, o brâmane se derreteu em êxtase de KŠa-prema. O
Senhor Gaurahari satisfez o desejo do brâmane concedendo-lhe o Seu próprio amor, que
mesmo o Senhor Brahm€ não pode obter.
Os pecaminosos e de mentalidade malígna não podem compreender os passatempos
maravilhosos do Senhor Gaurahari. Locana d€sa canta alegremente sobre as sublimes
atividades de ®r…man Mah€prabhu.
Agora por favor ouçam outro magnífico e bem-aventurado passatempo do Senhor Gaur€
‰ga em Nadia. Um dia enquanto o Senhor estava sentado entre os Seus devotos, uma
voz ressonando das nuvens ordenou:
- Dêm-me mel!
Neste momento o Senhor assumiu a forma de Halayudha (Senhor Balar€ma). Ele usava
uma vestimenta de uma azul brilhante, e parecia uma montanha branca. Possuia grandes
e maravilhosos olhos de lótus e maravilhosos pés. Todo mundo ficou surpreso e
arrepiado ao ver a forma transcendental do Senhor Balar€ma.
O fornecedor do amor agora dava livremente Seu amor. Dançando em êxtase, o Senhor
foi para a casa de Advaita e Mur€r…. Desejava dar os santos nomes de Hari.
Ao entrar em suas casas, Gaurahari disse com uma voz entrecortada:
- Dêm-Me mel!
E então ria muito. O Senhor parecia uma criancinha quando estendeu Suas mãos em
concha e disse:
- Quero mel! Quero mel!
Depois de beber um pouco de mel o Senhor deu um soluço de satisfação. Intoxicado de
amor, o Senhor dançou como louco com passos cambaleantes enquanto soluçava. Num
momento, Ele caiu no chão, noutro chorou. Um sorriso de embriaguês permanecia em
Seus lábios. Admirados, os devotos ofereciam stutis (orações) ao Senhor. Um devoto
disse "Hsikesa" ao tocar os pés do Senhor.
Mah€prabhu, no humor de Balar€ma, disse:
- Eu não sou ®r… KŠa, assim, tragam-Me mais mel.
Com Seu dedo, empurrou um brâmane que estava por ali. O Senhor disse:
- Este é um homem mau.
Sentindo-se embaraçado, este brâmane saiu. Desde a manhã até a tarde, Gaur€‰ga
desfrutou passatempos no humor do Senhor Balar€ma.
Segurando os pés de lótus de Narahari Sarakara, meu mestre espiritual, eu, Locana d€sa
vou descrever mais um sublime passatempo do Senhor Gaur€‰ga.
No dia seguinte Gaurahari continuou dançando no humor do Senhor Balar€ma. Com os
Seus cabelos esparramados sobre os ombros, mandou chamar Advaita e outros devotos.
Com uma voz doce e gentil Advaita šc€rya perguntou porque Ele os havia chamado.
Com voz entrecortada, Gaura disse:
- Vi Halayudha (Senhor Balar€ma) que Se parece como uma montanha branca, brilhante
como a luz do sol e decorado com ofuscantes ornamentos de ouro.
Enquanto dizia isso, Gaur€‰ga viu novamente a montanha branca. Novamente entrou no
humor de Balar€ma e dançou como louco. Os devotos, saboreando Balar€ma-prema,
começaram a se mover cambaleantes. As quatro direções se encheram de bem-
aventurança. Este êxtase continuou por dois dias.
No terceiro dia os devotos rodearam o Senhor que estava dançando continuamente no
centro. Num momento a Terra parecia dançar devido aos Seus passos vigorosos. Com os
olhos semi-cerrados com coloração avermelhada e falando com a voz entrecortada, o
Senhor parecia em elefante embriagado. Devido ao extático amor a Deus, o Senhor se
movia com passos cambaleantes. Saboreando a bem-aventurança de Balar€ma, o Senhor
dançou na roda a noite inteira.
De repente, uma doce fragrância de varun… (vinho de mel) veio da boca do Senhor,
saturando as imediações. Sentindo este aroma, os devotos ficaram intoxicados de amor a
Deus. Neste momento ®r…vasa PaŠita percebeu a chegada de muitas pessoas divinas
com vestimentas e ornamentos celestiais. Uma destas pessoas usava vestes azuis, um
brinco e tinha olhos alongados e atrativos. Outra usava vestes amarelas e um turbante
amarrado na cabeça. A beleza de suas roupas desafiava qualquer descrição.
O brâmane Vanam€li viu uma pessoa de compleição dourada que rivalizava com o monte
Sumeru, adornada com explêndidas gemas preciosas. Vanam€li se encheu de alegria ao
ver isso e seu corpo se arrepiou inteiro. Todo mundo ficou espantado. Usando as vestes
do Senhor Balar€ma, o Senhor dos três mundos dançava com os Seus devotos.
Depois de verem esta cena maravilhosa, os semideuses voltaram para suas residências
celestiais. Gaur€‰ga e os devotos dançaram o dia todo e por toda a noite. Eles brincaram
e se divertiram no Ganges e depois voltaram para suas casas.
Na manhã seguinte os devotos encontraram-se com o Senhor em Sua casa. Gaur€‰ga
disse:
- O Senhor Vah€ra Me abraçou e o Senhor Balar€ma entrou no Meu coração. Mural…
vaddana Se tornou o colírio para os Meus olhos.
Olhando para ®r…vasa, Ele disse:
- Dê-Me minha flauta!
®r…v€sa PaŠita respondeu bem humorado:
- Ouça Mah€prabhu, a filha de Bhismaka está em Tua casa. Hoje a noite, quando
trancares a porta, ela Te devolverá a flauta.
Em Navadv…pa, repetidamente, Gaur€‰ga e Seus associados íntimos desfrutavam de
tais passatempos extáticos transcendentais. Aqueles que conhecem a doçura da devoção
pura irão apreciar os explêndidos passatempos do Senhor em Nadia. Humildemente,
solicito que ninguém negligencie estes tópicos. Por favor dediquem suas mentes em
glorificar as maravilhosas atividades do Senhor Gaur€‰ga. Tentem entendê-los com o
coração e muito facilmente alcançarão ®r… KŠa, o controlador supremo. Locana d€sa
repetidamente diz que se vocês não servirem ao Senhor Gaurahari, não serão liberados.
CAPITULO 9
Um dia o Senhor Gaur€Šga entrando no humor de uma gop…, vestiu-Se como gop….
Usava camiseta, sari, braceletes dourados e pulseiras de conchas. Seus olhos nadavam em
rasa. Sua cintura era muito atrativa e fina como um pulso. A beleza sem igual da
"gop…" encantava os três mundos.
A Sua refulgência corpórea era transcendental. A guirlanda de flores malati que adornava
Seu pescoço parecia o Suranad… (Ganges celestial) descendo do monte Sumeru. Gaura
Natar€ja (o rei de todos os dançarinos) saboreava vários humores extáticos de prema
conforme dançava.
Então de repente Ele Se lembrou de Lakm…devi, a deusa da fortuna. Gaur€‰ga Se
transformou no ViŠu de quatro braços e posou diante de Lakm…devi. Deu um passo
para trás e cobriu Seu rosto com as vestes. Os devotos cairam aos pés do Senhor,
oferecendo prazeirosas orações. Num humor extático alguém recitou orações glorificando
Lakm…dev…. Ele pediu a Ela a benção de prema-bhakti.
Neste instante o Senhor Se lembrou de Sua Adya ®akti (a deusa Durg€). Assumindo o
humor de Sua energia original, o Senhor Gaur€‰ga cativou a todos. Imediatamente, os
semideuses vieram e cantaram hinos védicos elogiando o Senhor Gaur€‰ga disfarçado
como Durg€. Sentado numa €sana divina, Adya ®akti sorriu gentilmente, mostrando
satisfação. Adya ®akti disse:
- Ó semideuses, vim ver o seu amor e devoção e especialmente o seu canto e sua dança.
Os semideuses disseram:
- Por favor, mostre-nos novamente a Tua devoção.
Adya ®akti disse:
- Ouçam todos. Sou a suprema e formidável CaŠi (deusa Durg€). Vou realizar os desejos
de todas as entidades vivas.
Os semideuses cairam aos Seus pés.
O Senhor Gaur€‰ga, ainda no humor de Adya ®akti, levantou Harid€sa e o colocou em
Seu colo, e o embalava como se ele fosse uma criança de cinco anos de idade. Os
devotos, pássaros, animais e todas as entidades vivas ficaram felizes e atônitas ao verem
isso. Um brâmane pediu:
- Gaur€‰ga, por favor, olhe com benevolência para o Teu querido servo Mur€r….
A face do Senhor, brilhante como o luar, sorridente e com lágrimas de compaixão que
molhavam os olhos avermelhados, contemplou aquele devoto.
Mãe ®ac…, em grande êxtase, submissamente adorou os pés do Senhor. Gaur€‰ga no
humor de K€ty€yan…, trouxe os devotos para mais perto de Si e os tratou com intenso
afeto maternal. Vendo-O como às suas mães, os olhos de todos encheram-se de lágrimas
de amor extático.
Um brâmane chegou e gritou:
- Prabhu!
Vendo sua aflição, o Senhor chorou e abandonou o Seu humor de aivarya (respeito e
reverência). Desta maneira, o controlador supremo, o Senhor Gaur€‰ga, manifestou Seu
amor. Os devotos cairam ao solo para prestar-Lhe reverências prostrados. Depois de
passar a noite inteira em êxtase, os devotos retornaram para suas casas.
Enquanto os devotos acompanhavam Gaur€‰ga, viram-nO segurando um bastão em Sua
mão. Assim, Gaurahari, o mestre supremo, mostrou Sua compaixão para com todas as
entidades vivas. Cheio de humildade, Ele removeu a agonia deste mundo.
Todo mundo que ouvir estes tópicos nectáreos se aliviará da aflição e sofrimento.
Envergonhe-se o patife pecaminoso que duvidar do poder purificador dos passatempos
transcendentais de Gaur€‰ga! Pelos argumentos, realizações ou estudo espiritual, não se
pode obter a liberação sem que se aceite Gaur€‰ga como o Senhor Supremo. Aquele
que pensa que Gaur€‰ga não pode manifestar todas estas formas transcendentais,
também nunca poderá ser liberado.
Deixem que as pessoas digam o que quizerem, mas devo declarar minha experiência com
o Senhor Gaur€‰ga. Deixem que elas concederem a verdadeira posição de ®r… Gaur€
‰ga Mah€prabhu. Infelizmente, mesmo quando a encarnação mais compassiva aparece,
algumas pessoas não O reconhecem. Por esta razão, meu coração chora ferido. Para quem
posso expressar esta minha angústia? Assim, Locana d€sa canta as glórias do Senhor
Gaur€‰ga.
CAPITULO 10
Agora vou contar algo maravilhoso que as pessoas comuns não podem compreender.
Para o bem estar de todos, o Senhor Gaur€‰ga dançou em êxtase de amor divino na casa
de Candrasekhara šc€rya. E então foi para casa. O brilho da dança do Senhor e de Seus
associados parecia o raiar de milhões de luas. Uma maravilhosa atmosfera acolhedora
pervadia toda a casa. Devido à brilhante refulgência, ninguém podia olhar para ela.
Supreesos com este maravilhoso passatempo, os residentes de Nadia pediram aos
vaiŠavas para explicarem o significado.
Os devotos disseram:
- Como podemos comprrender Gaur€‰ga? Só sabemos que na casa de Candrasekhara, a
jóia mais preciosa dentre todas as qualidades transcendentais dançou durante sete dias
sem interrupção, sem Se importar se era dia ou se era noite. Por sete dias Gaur€‰ga
dissipou Sua refulgência radiante em todas as direções. Nós nos banhavamos em Seus
refrescantes e bem-aventurados passatempos. Assim o filho de ®ac…m€t€ exibiu a
religião da compaixão.
Tendo algumas dúvidas em sua mente, ®r…vasa PaŠita perguntou certa vez ao Senhor
Gaur€‰ga:
- Prabhu, por que se diz que por se realizar hari-n€ma-sa‰k…rtana na Kali-yuga obtem-
se o resultado supremo?
Mah€prabhu respondeu:
- Na Satya-yuga o dharma era a meditação; na Tetra-yuga era o sacrifício e na Dvapara-
yuga era a adoração a KŠa. Na Kali-yuga ninguém pode fazer estas coisas. Assim, o
Senhor Supremo veio como o Seu nome. Desta maneira, em Kali-yuga, hari-n€ma-sa
‰k…rtana é a forma mais poderosa de religião. Nas yugas anteriores os mah€janas
serviam o Senhor N€r€yaŠa com dhy€na, yajña ou arcana (meditação, sacrifício e
adoração). Em Kali-yuga, as pessoas são descrentes e pecaminosas. Assim, o compassivo
Senhor lhes deu um método fácil para alcançar a perfeição espiritual. Simplesmente por
realizar o yajña de hari-n€ma pode-se obter a perfeição com facilidade. O que se obtinha
nas eras anteriores com grandes austeridades, pode-se obter na Kali-yuga sem muito
esforço.
Colocando os pés de lótus de Narahari em meu coração, eu, Locana d€sa, descrevo feliz
os passatempos nectáreos de ®r…m€n Mah€prabhu.
Por alguma razão, um dia o Senhor Gaur€‰ga começou a pensar:
- Não posso mais continuar aqui. Devo ir para Vnd€vana. Onde está Minha Kalind…?
Onde está o Meu Yamun€ e as florestas de Vraja? Onde está Minha Govardhana,
Bahulavana e Bhandiravana? Onde está Lalit€, R€dh€, para onde foram? Onde estão
Nanda e Yaodam€y…? Onde estão Meus ®r…d€ma e Sud€nda?
Gaur€‰ga começou a correr e a chorar em êxtase pelas Suas vacas favoritas:
- Dhaval…! Samal…!
Num momento, colocou um punhado de grama entre Seus dentes e olhava ao redor
compassivo. Dizia:
- Quando largarei esta vida familiar? Quando alcançarei os pés do filho de Nanda
Mah€r€ja?
Suspirando profundamente, Gaur€‰ga arrebentou o Seu cordão bramínico. Naufragando
no miserável oceano de separação de KŠa, chorava:
- Hari! Hari!
Seu corpo apresentava pequenas pápulas de êxtase e os Seus olhos ficaram vermelhos por
estas emoções que despertavam. Vendo a condição de Gaur€‰ga, Mur€r… Gupta disse:
- Ó Senhor, podes fazer tudo aquilo que desejas. Mas, por favor, não vá embora sem
antes me avisar. Se fores de repente para um país distante, todos os devotos irão se
separar. Sentindo-se sem esperança, perderemos nossos corações e novamente cairemos
submersos na existência material. Posso dizer com certeza que se partires agora, tudo o
que já fizestes terá sido em vão.
O Senhor Gaur€‰ga permaneceu silencioso, incapaz de refutar os argumentos de
Mur€r…. Abandonou a idéia de sair de Navadv…pa. As pessoas de Nadia saboreavam o
Seu darana. Vivambhara satisfazia o coração e a mente de ®ac…m€t€ com a Sua
associação. Gaur€‰ga continuava vivendo com ViŠupr…y€ e desfrutando do seu amor.
Gaurahari passava os dias alegremente com os Seus amigos e parentes.
Dia após dia, Gaur€‰ga e Seus associados realizavam sa‰k…rtanas extáticos. As
senhoras de Navadv…pa contemplavam encantadas. A beleza de Gaura excedia os
limites da formosura. Decorava-Se com lindos ornamentos e pequenas flores malat…
decoravam os Seus cabelos. Sua precisa marca de tilaka encantava as mentes de todos.
Seu dhoti, muito brilhante, tinha uma barra vermelha. A encantadora beleza de Gaur€
‰ga superava tudo nestes três mundos. Conforme os seus humores de afeto amoroso, os
residentes de Nadia viam o Senhor de forma diferente.
CAPITULO 11
A LAMENTAÇÃO DE ®ACŸMšTš
Apesar de ®ac…m€t€ nada saber sobre o plano de seu filho de tomar sanny€sa, sentiu
palpitação em seu coração devido ao comportamento anormal de Gaur€‰ga. Locana
d€sa imagina como alguém pode abandonar a associação de Gaur€‰ga que se assemelha
a um oceano de amor.
Depois de ouvir a Sua mãe, Vivambhara falou-lhe palavras de conforto. Ele disse:
- Mãe, por favor, ouça a história nectárea sobre Dhruva Mah€r€ja, e como ele se tornou
um devoto famoso pela misericórdia de sua mãe.
Gaur€‰ga citou um verso:
"Que boas qualidades tem um caçador? Que idade Dhruva tinha? Gajendra tinha algum
conhecimento? O corpo de Kubja tinha alguma beleza? Sud€ma era muito rico? Vidura
tinha um nascimento elevado? Que valor tinha o rei dos Yadus, Ugrasena? O Senhor
Supremo, M€dhava, é conquistado somente através da devoção amorosa, não pelas
qualidades materiais.”
GAURš¥GA CONTA A HISTÓRIA DE DHRUVA MAHšRšJA
- Ouça mãe, agora vou lhe contar como um menininho de cinco anos chamado Dhruva
alcançou a posição mais exaltada. Svayambhuva Manu, o filho mental de Brahm€, era
poderoso e formidável Seu corpo era praticamente espiritual. Ele tinha dois filhos, Pr…
yavrata e Uttan€pada, que se tornaram grandes reis por misericórida do Senhor Brahm€.
O rei Uttan€pada tinha duas esposas, Suruc… e Sunit…. Suruc… tinha sete filhos; um
era chamado Uttama. Sunit…, entretanto, tinha só um filho, chamado Dhruva.
Suruc… se tornou a rainha favorita do rei Uttan€pada. Negligenciada pelo esposo,
Sunit… tinha que atuar como criada de Suruc…. Sunit… sofria tanto que sua lamentação
poderia fazer pedras flutuarem e os oceanos secarem. Apesar de rainha, Sunit… era
forçada a comer arroz quebrado e vegetais sem sal. Ela e seu filho de cinco anos de
idade, Dhruva passavam muitas misérias.
Um dia o rei sentou-se em seu trono cravejado de jóias, desfrutando com Suruc…,
Uttama e os outros seus seis irmãos. Dhruva, que estava sujo de poeira por ter brincado
com os seus amigos, também tentou subir ao trono de seu pai. Mas seus sete primos o
empurraram para o chão. Com o orgulho ferido, Dhruva começou a chorar. Seu pai,
entretanto, sendo controlado pela sua rainha Suruc…, manteve-se em silêncio. Dhruva
não compreendia que sua mãe Sunit… não era a favorita do seu pai.
Suruc… admoestou Dhruva:
- Você está chorando sem motivo. Sendo filho de uma criada, você pensa tolamente que
pode se sentar em um trono. Vida após vida, sua mãe nunca serviu ao Senhor KŠa. Você
não tem vergonha em tentar subir no trono do rei? Você é filho de uma não devota
desafortunada. Como é possível que você venha a sentar no trono?
depois de ouvir sua madrasta, Dhruva chorou e foi ter com sua mãe Sunit…. Dhruva
disse:
- Mãe, a minha mãe madrasta me bateu e me empurrou do trono. Ela disse que você não
serviu a KŠa. Disse que eu devia ter vergonha de tentar sentar no trono de jóias. Até
agora não sabia que você era só uma criada. Isso parece estranho para mim.
A mãe de Dhruva chorando disse:
- Querido, sou muito desafortunada. Vida após vida jamais servi a KŠa, de quem na
realidade todos são servos. Não chore se alguém o magoa ou critica por ser filho de uma
criada.
Mãe Sunit… continuou falando palavras de conforto para seu filho. Disse:
- Dhruva, você não é o predileto de seu pai; assim, você teve problemas ao subir no
trono. Não chore Dhruva, ouça bem. Sua madrasta é muito afortunada porque em sua
vida anterior adorou o Senhor KŠa. Quem serve aos pés de lótus de KŠa pode obter tudo
o que deseja, o que dizer de um trono insignificante. Agora abandone este seu falso
prestígio, adore KŠa e tudo o que desejar alcançará com facilidade. Dhruva, por que você
é meu filho, sempre ouvirá palavras sarcásticas das pessoas. Assim, como pode desejar
ter o previlégio de se sentar no colo de seu pai? Sou muito desafortunada desde o meu
nascimento.
Depois de dizer isso, lágrimas rolaram dos olhos de Sunit…. Ela continuou:
- Ouça filhinho, só o Senhor KŠa pode remover esta sua miséria. Por servir a KŠa,
semideuses como Brahm€ e outros, receberam postos elevados em planetas celestiais. Se
você adorar KŠa, será adorado nos três mundos, o que dizer de sentar-se num trono?
Dhruva, você pode alcançar KŠa em Madhuvana, uma das doze florestas de Vnd€vana.
Se você conseguir o trono, então o seu nome estará justificado, pois ele quer dizer "firme
determinação".
Tomando a poeira dos pés de sua mãe sobre a cabeça, Dhruva decidiu deixar o lar num
momento auspicioso. Vendo Dhruva absorvendo sua mente nos pés de lótus de KŠa, os
semideuses faziam uma grande torcida. Depois de fixar a meta de alcançar o amor de
KŠa em seu coração, Dhruva partiu para a floresta de Madhuvana.
Apesar de encontrar frutas doces e água fresca pelo caminho, Dhruva não comeu ou
bebeu nada pelo caminho. Ele não prestou atenção na fome e na sede. Estava com uma
determinação canina. Ao verem isso, os semideuses ficaram preocupados, temendo que
seus postos elevados pudessem ser capturados pelas austeridades daquele menino. N€rada
encontrou Dhruva na estrada e disse:
- Você é filho de um rei. Na sua idade deveria estar brincando e desfrutando de várias
jogos infantis. Por que mantem tanta ira em sua mente? De acordo com a tradição, um
menininho não se isola na floresta. Quando você ficar velho, daí então você poderá servir
a KŠa.
Dhruva disse:
- N€rada, o que acontece se eu morrer jovem?
N€rada Muni estava contente em ver a introspecção de Dhruva. Então deu a ele o mantra
de doze sílabas: Om mano bhagavate vasudevaya.
Dhruva disse:
- N€rada, por não servir a KŠa tenho sofrido muito. As palavras de minha madrasta me
feriram profundamente. Você é muito bondoso. Vendo a minha posição desafortunada,
por favor, remova minhas misérias e me instrua sobre KŠa. Ouvi dizer que por servir a
KŠa poderei obter um cargo elevado, inimaginável até pelo meu pai e pelos meus
ancestrais.
N€rada disse:
- Dhruva vá para a floresta de Madhuvana, às margens do Yamun€ em Vnd€vana. Sente-
se em meditação constante e cante suavemente: Om namo bhagavate vasudevaya. Dentro
de sete dias você alcançará a realização.
Dhruva ficou muito feliz de receber a iniciação de N€rada. Prestou reverências ao grande
sábio N€rada e foi para Vnd€vana. Sete dias depois, Dhruva chegou em Madhuvana. Ao
ver as árvores dos desejos de Vraja-dh€ma, Dhruva se liberou da ignorância.
Dhruva sentiu uma bem-aventurança sempre crescente por viver naquela bela floresta de
Madhuvana. Ele jejuou no primeiro dia. No dia seguinte, acordou cedo, tomou banho no
Yamun€ e começou a cantar o mantra. Não sentindo fome nem sede, Dhruva derramava
lágrimas de alegria. A cada cinco ou sete dias ele comia um badari (uma fruta selvagem
insípida). O resto do tempo tomava algumas gotas de água misturada com folhas de
turmerique.
Dhruva quebrou o seu jejum após um mes. Ele permaneceu sobre uma perna só e de
mãos postas enquanto cantava o mantra de doze sílabas: Om namo bhagavate
vasudevaya. Mesmo no escaldante calor do verão, ele não parava com a sua meditação.
No inverno, Dhruva permanecia dentro do Yamun€. Tolerou muito sofrimento durante a
estação das chuvas. Meditando continuamente no Senhor, Dhruva entrou em sam€dhi.
Os semideuses, temerosos de perderem os seus postos, estavam surpresos ao verem a
severidade das austeridades de Dhruva. Brahm€, Indra, Kuvera e Varuna discutiram
como ®r… KŠa poderia ajudar Dhruva a retirar-lhes o poder. Eles planejaram distrair
Dhruva em suas rigorosas penitências. Brahm€, ®iva e outros semideuses, foram testar
Dhruva.
Um dos semideuses gritou para Dhruva:
- Dhruva, você veio até aqui para morrer?
Outro disse:
- Dhruva, o seu pai morreu.
Outro semideus disse:
- Dhruva, olhe uma cobra venenosa que está vindo te picar e te matar.
E continuaram dizendo:
- Dhruva sua mãe morreu.
- Dhruva, corra depressa daqui. Um grande incêndio da floresta está se aproximando
rapidamente, em breve você vai morrer queimado.
Vendo que Dhruva permanecia resoluto e desapegado, Indra montou em Airavata (seu
elefante carregador) e o atacou. Não conseguindo destroçar o menino com suas presas.
Airavata aterrorizou Dhruva envolvendo-o em sua tromba. Dhruva permanecia impávido.
O semideus V€yu tentou engolir Dhruva assumindo a forma de um pítom. Surya, (o deus
do sol) transformou-se num tigre para beber o sangue de Dhruva. Atando-o com
serpentes, tentou arremessar Dhruva ao fogo. Candra (o deus da lua) tentou afogar
Dhruva no Yamun€.
Para quem cantou os nomes de KŠa, que mal podem fazer as picadas de milhões de
serpentes? Falhando em quebrar a determinação da meditação de Dhruva, Brahm€,
Surya, Indra e os outros semideuses foram embora desgostosos. Completamente
imperturbável, Dhruva continuou em sua meditação, fixando sua mente nos pés de lótus
do Senhor V€sudeva.
Locana d€sa canta alegremente os gloriosos passatempos de ®r… Gaur€‰ga
Mah€prabhu. Ó Gaur€‰ga, és o salvador dos caídos. Todas as glórias para Ti, que
liberas misericordiosamente os mais baixos dos caídos. O Senhor Gaur€‰ga continuou
contando a ®ac…m€t€ os passatempos de Dhruva Mah€r€ja:
- ®ac…m€t€, enquanto Dhruva mantinha sua meditação, N€rada Muni foi visitar
VaikuŠ˜ha. Com uma doce música de sua vina, N€rada Muni entretia ViŠu, que estava
sentado no trono junto com Lakm…dev…. Sorrindo gentilmente, ViŠu inclinou-Se e
disse:
- N€rada, por que hoje não estou desfrutando a sua vina?
N€rada respondeu:
- Ouça, meu querido Senhor de olhos de lótus. Hoje Tua mente não encontra prazer em
minha música, porque estás pensando em um de Teus devotos. És o Senhor dos pobres.
O Senhor ViŠu disse:
- Quem é este devoto que está se lembrando de Mim?
N€rada Muni respondeu:
- Dhruva, o filho do rei Uttan€pada. Ele é um menino santo, mas infelizmente, sua mãe
Sunit… não é querida pelo seu esposo. A madrasta de Dhruva, Suric…, uma vez estava
sentada no trono com o rei Uttan€pada e brincando com os seus sete filhos. Vendo a
diversão, Dhruva tentou subir no trono do rei, mas Suric… o empurrou para baixo. O
pobre Dhurva caiu ao solo chorando. Sendo controlado pela sua esposa, o rei se manteve
em silêncio. As ações e palavras queimaram o coração de Dhruva. Apesar de ser ainda
um menininho, saiu de casa e foi para a floresta de Madhuvana realizar intensa tapasya
(penitência).
O Senhor ViŠu de olhos de lótus, sorrindo suavemente, disse com voz doce:
- N€rada, Eu não dou misericórdia para quem não é iniciado. Também não tomo as
ofensas de quem não é iniciado. Certamente que concedo Minha misericórdia para
qualquer um que abandone os seus pais, vá para Madhuvana e medite em Mim enquanto
realiza severas austeridades. N€rada, um não-devoto não pode nascer do ventre de uma
devota. Por Meu interesse, um vaiŠava pode tolerar qualquer dificuldade. Sempre darei
Minha misericórdia a um devoto. Assim, darei a Dhruva o que ele desejar. Nunca posso
negligenciar um devoto que pensa em Mim.
N€rada disse:
- Meu Senhor, Dhruva é iniciado por mim. Por favor seja misericordioso com ele. Vá vê-
lo e o libere do fogo da existência material.
O Senhor ViŠu subiu em Garua e voou bem depressa para a floresta de Madhuvana para
ver Dhruva. Sorrindo gentilmente, o Senhor disse:
- Dhruva, Meu menino, vim de VaikuŠ˜ha para lhe dar uma bênção.
Interrompendo sua meditação, Dhruva levantou-se e de mãos postas disse:
- Ó Senhor, que bênção devo pedir-lhe? Por favor, dê-me Tua misericórdia. Isto
aumentará Tua fama e Tua glória.
O Senhor ViŠu disse:
- Vou realizar-lhe todos os desejos e dar-lhe a posição que deseja. Por que você veio a
Madhuvana? Foi devido a sua madrasta ter o expulsado do trono? Se Eu não lhe garantir
uma posição elevada, como poderei manter o título de "realizador de todos os desejos?
Dhruva disse:
- Considero uma posição elevada tão insignificante quanto uma folha de grama. A menos
que alguém se torne Teu devoto, todas as outras conquistas são tão insignificantes quanto
um punhado de cinzas.
O Senhor ViŠu proclamou:
- Vou dar-lhe todos os tronos de jóias. Você alcançará o posto mais elevado nestes três
mundos. Você, o filho de Uttan€pada, se tornará rei e todos os seus súditos serão Meus
favoritos. Sua morada vai ser chamada Dhruvaloka, que estará situada acima dos planetas
dos sábios.
Depois de dizer isso, ViŠu desapareceu. Por ordem do Senhor Vivakarma construiu
Dhruvaloka. Depois de receber esta bênção, Dhruva partiu para casa. O rei Uttan€pada
estava muito aflito com a ausência de Dhruva. Até mesmo sua madrasta chorava e estava
preocupada quanto ao seu bem-estar.
O rei disse:
- Estou causando aflição e infortúnio para meu próprio filho. Ó, quando o verei de novo?
E disse para a mãe de Dhruva:
- Sunit…, de hoje em diante você será a minha rainha chefe. E todas as outras rainhas
servirão você.
Desconsolado em não ver mais o seu filho Dhruva, o rei caiu ao solo desmaiado. Neste
instante, o grande sábio N€rada Muni chegou ao palácio. O rei recebeu-o com adoração e
rituais apropriados. Depois de lavar os pés de N€rada, o rei revelou sua mente ao sábio.
O rei disse:
- Tinha um filho de cinco anos de idade, mas ele saiu de casa sem me dizer nada.
N€rada respondeu:
- Seu filho Dhruva enfrentou muitas dificuldades na floresta. Ele se tornou devoto do
Senhor KŠa e logo voltará para casa.
N€rada citou um verso sânscrito:
"Bem abençoados aqueles ancestrais cujo membro da família se torna um devoto puro.
Um devoto puro purifica a família inteira e o mundo inteiro. Sua casa fica famosa em
todo mundo. Os semideuses e os ancestrais nos planetas elevados também são
abençoados. A mãe que gera cem filhos que não são devotos não é melhor do que uma
porca."
N€rada continuou:
- Quando alguém se torna um vaiŠava, ele libera os seus pais, membros familiares e
todos os parentes. Seu filho adorou ®r… KŠa. Agora com certeza, o seu filho Dhruva é a
mais preciosa jóia de sua dinastia.
O rei ficou muito satisfeito com a fala de N€rada. Ordenou que seus servos preparassem
uma auspiciosa recepção para Dhruva. Borrifaram agua perfumada com sândalo as ruas e
coletaram guirlandas de flores fragrantes, almíscar, kunkuma, iogurte e grama durva. O
rei e sua comitiva correram recepcionar o seu filho. Ele deu a Dhruva um afetuoso abraço
e o sentou em seu colo, beijando-o repetidas vezes.
O rei Uttan€pada entronou Dhruva imediatamente, dando seu reino para o filho. Então, o
rei dirigiu-se para a floresta. Num humor alegre, Dhruva reinou por algum tempo. Com
poder e valor, Dhruva manteve seus súditos pacíficos por quarenta anos. E então, pegou
sua mãe e foi para Dhruvaloka, a estrela polar, bem longe da morada da maioria dos
semideuses.
CAPITULO 12
A LAMENTAÇÃO DE VI±¦UPRŸYš
®ac…m€t€ estava tão aflita que não podia sequer falar. Vendo ®ac… soluçar, ViŠupr…
y€ desfaleceu ao imaginar um desastre iminente. Depois de almoçar, Gaur€‰ga foi
descançar em Seu quarto. ViŠupr…y€ correu para o Senhor e sentou-se aos Seus pés de
lótus.
Sua face era triste. Ela suspirou profundamente ao olhar para Gaur€‰ga. Com suas mãos
suaves agarrou os pés de Gaur€‰ga e os manteve em seu coração. Lágrimas fluiam
incessantes de seus olhos, molhando o sari que cobria seus seios e caiam sobre os pés de
Gaur€‰ga.
De repente, Gaur€‰ga despertou. Sentando-Se na cama, o Senhor disse:
- Minha querida, por que você está chorando? Você é muito querida para Mim. Não
compreendo porque estás chorando.
Sentando ViŠupr…y€ em Seu colo, Gaur€‰ga afetuosamente tocou sua face e disse
palavras reconfortantes. Chorando e sentindo-se desamparada, ViŠupr…y€ não
respondeu. Apesar de Gaur€‰ga perguntar-lhe repetidas vezes, ViŠupr…y€ mantinha-se
silenciosa, simplesmente acariciando os pés de lótus do Senhor. Conhecendo todas a
nuâncias do amor, o Senhor enxugou as lágrimas de sua face com suas vestes. Perguntou-
lhe novamente a causa de sua aflição. Com uma voz entrecortada, ViŠupr…y€ disse:
- Ó Senhor de minha vida e do meu coração. Ouvi dizer que Você vai tomar sanny€sa.
Isso destroçou meu coração. Sinto-me como se tivesse entrado no fogo. Minha vida,
riqueza, beleza, vestidos, ornamentos, olhares e gestos são todos dirigidos somente a
Você. Se Você me deixar, qual o valor da minha vida? Meu coração está queimando com
o fogo deste veneno.
Que minha vida vá se acabando. Mas quero saber como Você poderá andar até os países
distantes. Seus pés são mais delicados do que as flores sirisha. Eles são tão macios que eu
nem mesmo os toco com medo que Você sinta dor. Com os Seus pés rosados, como vai
poder viajar pelas florestas cheias de espinhos?
Sua face de lua é um reservatório de néctar. Com um mínimo esforço, gotas de
transpiração, como pérolas aparecem de Sua face de lótus. Durante a estação das
monsões estará chovendo constantemente. Em outras ocasiões, o sol escaldante ressecará
tudo. Um sanny€si deve enfrentar uma vida cheia de sofrimentos.
Não conheço nada além de Seus pés de lótus. Em troca de qual abrigo Você está me
deixando? Sua mãe Saci está velha e fraca. Como Você pode deixá-la? Como pode
concordar em deixar amigos como Seus devotos queridos; Advaita, ®r…v€sa, Mur€r…,
Mukunda e outros? Como pode simplesmente abandoná-los e tomar sanny€sa?
Você é a personalificação do amor, e tem amor a tudo o que há neste mundo. Mas a
maneira como está agindo parece ser contraditória. Quando viajar para locais distantes,
todos os Seus devotos morrerão pela separação.
Será que é só por minha causa, a coisa mais inútil, que O está mantendo na existência
material, que Você pretende tomar sanny€sa? Se é só por isso, deixe-me contemplar um
pouco Sua face e me matarei bebendo veneno. E então, Você poderá ficar feliz aqui em
Sua casa. Ó meu Senhor, por favor, não vá para países distantes. Não há mais ninguém
em minha vida. Quando contemplo Sua face, sinto meu coração queimar, prevendo nossa
separação iminente.
ViŠupr…y€ ficou em silêncio, incapaz de expressar a profunda dor em seu coração.
Permaneceu chorando e acariciando os pés do Senhor Gaur€‰ga. Sorrindo gentilmente,
o Senhor levantou ViŠupr…y€ e a sentou em Seu colo. Para aliviar a aflição de
ViŠupr…y€, o Senhor brincou com ela. Gaur€‰ga disse:
- Quem lhe disse que vou partir e tomar sanny€sa? Sempre lhe contarei todos os Meus
planos. Não fique preocupada e se lamentando sem nenhuma causa.
Então, o Senhor beijou ViŠupr…y€ afetuosamente e a tranquilizou de várias maneiras.
Eles passaram a noite desfrutando ilimitados prazeres amorosos. No fim da noite,
ViŠupr…y€ sentiu uma dor aguda em seu coração. Enquanto contemplava o mais amado
Senhor de sua vida, ela colocou a mão de Gaura sobre seu peito e disse:
- Prabhu, não minta apenas com medo de me magoar. Imagino que Você está tentando
me enganar. Sem que eu saiba, Você simplesmente vai embora daqui de repente. Você é
o Seu próprio controlador; ninguém mais pode controlá-lO. Agora faça o que quizer, e
tome sanny€sa se assim o desejar. Mas por favor, diga-me definitivamente. Você vai
tomar sanny€sa?
CAPITULO 13
Chegando em Katwa, o Senhor encontrou Keava Bharat… e caiu aos seus pés para
oferecer-lhe respeitos. Keava Bharat… lembrou-se do nome de N€r€yaŠa. Vivambhara
considerou-Se muito afortunado em encontrar um preceptor tão eminente. Eles se
comprimentaram com palavras joviais. Vivambhara pediu a Keava Bharat… que Lhe
desse sanny€sa.
Enquanto falavam, o Senhor Nity€nanda e Seu grupo de Navadv…pa chegaram. Gaur€
‰ga sorriu e os saudou:
- Foi bom vocês terem vindo até aqui.
Imaginando que tomando sanny€sa iria ajudar a todo mundo, o Senhor insistiu em Seu
pedido a Keava Bharat…. O respeitado Keava Bharat… disse:
- Ouça Vivambhara, meu coração treme com a idéia de conceder-Te sanny€sa. És um
belo rapaz, com um corpo maravilhoso que nunca conheceu qualquer sofrimento desde o
Teu nascimento. Além disso, tens uma jovem esposa e ainda não tens um filho ou filha
para com quem ela se preocupe. Não desejo dar-Te sanny€sa. Quando alguém já tem
mais de cincoenta anos de idade, torna-se naturalmente desapegado do desfrute material,
e então, torna-se elegível para tomar sanny€sa.
O Senhor Gaur€‰ga disse:
- Ó grande sábio e venerável sanny€s…, o que posso dizer-lhe? Mas não Me confundas.
Além de ti, quem mais pode saber as verdades da auto-realização? Um nascimento
humano é raro neste mundo. Praticar serviço devocional é ainda mais raro. Mais a coisa
mais rara, e mais valiosa de tudo, é obter a associação com um devoto puro do Senhor
®r… KŠa. Num segundo este raro corpo humano pode perecer. Se tu hesitares, este
corpo pode desaparecer. E então, como obterei a associação com um devoto puro? Por
favor, não Me confunda. Dê-Me sannyasa, e pela tua misericórdia serei capaz de servir
KŠa.
Guar€‰ga olhou com tristeza e Seus olhos vermelhos estavam cheios de lágrimas.
Exibiu todos os sintomas de amor extático a KŠa em Seu corpo. Com uma voz trovejante
como a das nuvens, Vivambhara disse:
- Hari! Hari!
Às vezes assumia a forma curvada em três pontos e exclamava:
- Vam…! Vam…!
Noutro momento, tremendo de felicidade, Seu corpo se arrepiava e Ele chorava e ria,
dizendo:
- R€sa-maŠala! Govardhana!
Preocupado e apreensivo, Keava Bharat… contemplava a situação. Compreendeu que
havia se equivocado ao não conceder sanny€sa a Gaur€‰ga; e pensou:
- Esta pessoa deve ser o Guru do universo inteiro. Se eu O iniciar, Ele de mãos postas vai
me chamar de "Guru".
Keava Bharat… disse a Mah€prabhu:
- Primeiro vá para casa, encontre-Se com Tua mãe e peça-lhe para tomar sanny€sa.
Aproxime-Se de Tua bondosa esposa e dos outros Teus associados e diga-lhes claramente
sobre os Teus planos de tomar sannyasa. Deixando-os tranquilos, volte até aqui.
Keava Bharat… pretendia sair de Katwa logo que Gaur€‰ga partisse. O onisciente
Senhor Vivambhara leu a mente de Keava Bharat…. Sorrindo docemente disse:
- Vou obedecer à tua ordem.
Gaur€‰ga partiu para Nadia. Enquanto isso Keava Bharat… pensou consigo mesmo:
- Não posso escapar do Senhor cujos poros do corpo são o lugar de repouso de ilimitados
universos. Sou um tolo por não estar vendo estas coisas. Gaur€‰ga é a vida e a
Superalma de todas as entidades vivas.
Pensando desta maneira, Keava Bharat… chamou Gaur€‰ga de volta, dizendo-Lhe:
- Ouça Gaur€‰ga. Temo em Te dar sanny€sa. És o mestre espiritual do mundo inteiro,
assim, quem pode atuar como Teu Guru? Por que estás me afligindo por nada?
Todo mundo em Katwa, velhos, mulheres, crianças, cegos e inválidos, eruditos e tolos,
correram para verem a forma todo atrativa do Senhor Gaurahari. Algumas mulheres
levavam potes d'água em suas cabeças. Outras permaneciam imóveis, cativadas pela
beleza mística do Senhor. As pessoas ridicularizavam Keava Bharat… por der dado
sanny€sa a um jovem tão belo.
Todos louvavam a mãe que dera a luz a um filho de beleza tão deslumbrante. Eles
pensavam consigo mesmos:
- ®ac…dev…, a afortunada mãe de Gaurasundara, é tão gloriosa quanto Devak…, a
famosa mãe do Senhor KŠa. Quem quer que tenha desposado Gaur€‰ga é a mulher mais
afortunada destes três mundos. Ninguém pode tirar os olhos da forma indescritivelmente
atrativa de Gaurasundara. Qualquer mulher simplesmente morreria ao ouvir que Ele está
tomando sanny€sa. Como podemos tolerar que Ele tome sanny€sa?
As pessoas, pensando assim começaram a chorar em altos brados. Sentido compaixão por
elas, o Senhor Guar€‰ga as chamou e disse:
- Por favor, abençoem-Me para que consiga satisfazer Meu desejo de dedicar Minha vida
aos pés de lótus de KŠa. Todos desejam ter um mestre apropriado. A beleza e juventude
devem ser utilizadas a serviço do mestre certo. Sem um mestre ou esposo todos os
talentos e qualidades são inúteis. O serviço aos pés de lótus de KŠa é o Meu único
abrigo. Vou servir o amado mestre e senhor de Minha vida oferecendo-lhe tudo o que
tenho.
E então, Gaur€‰ga prestou reverências a Keava Bharat…, sorriu e pediu-lhe novamente
que lhe desse sanny€sa. No dia seguinte, seguindo as ordens de Seu Guru realizou todos
os rituais para tomar sanny€sa. Os vaiŠavas tremiam de medo e mordiam a barra de suas
vestes durante a cerimônia de raspar a cabeça de ®r… Gaurasundara.
Seus cabelos longos, ondulados, atados em um coque e decorados de fragrantes flores
malat…, já haviam encantado os três mundos. Os devotos mantinham-se vivos
exatamente por meditarem nos cabelos de Gaurasundara. Em yugas anteriores, estes
cabelos levaram as gop…s a abandonarem sua timidez, suas casas, famílias e tudo mais.
Estes cabelos que o Senhor Brahm€, ®iva, N€rada e outros semideuses haviam
glorificado formalmente, agora estavam sendo cortados. Todos os homens e mulheres de
Kantaka-nagara choravam profusamente. Com as mãos tremendo de medo, o barbeiro
recusava-se até mesmo em tocar a cabeça do Senhor Gaur€‰ga. Ele disse:
- Ó meu Senhor, peço-lhe humildemente. Não tenho poder para raspar-Te os cabelos.
Nunca jamais havia visto cabelos ondulados de beleza tão fascinante, que cativam os três
mundos. Por favor, não corte Teus cabelos que são o prazer para o coração de todo
mundo. Não há ninguém como Tu nestes três mundos. Agora compreendo que és o
Senhor de toda a criação.
Ao ouvir isso, o Senhor Gaur€‰ga ficou insatisfeito. O barbeiro ficou preocupado ao ver
a insatisfação do Senhor. O barbeiro percebeu que seria inevitável, no entanto insistiu:
- Meu Senhor, como posso Te cortar os cabelos? Estou tremendo de medo de cometer
alguma ofensa contra Ti. E se eu fizer isso, os pés de quem deverei tocar para anular esta
aparadha? Sou simplesmente um barbeiro, vindo de uma família de classe muito baixa.
O Senhor Vivambhara disse:
- De hoje em diante você pode abandonar este negócio de cortar cabelos. Pela
misericórdia de KŠa viverá uma vida feliz e muito próspera. E finalmente voltará para
Minha morada no mundo espiritual.
E assim, por raspar a cabeça do Senhor, o barbeiro recebeu esta bênção.
Com tristeza no coração, Locana d€sa narra este passatempo.
A raspagem da cabeça e a cerimônia de sanny€sa de Gaur€‰ga ocorreram na auspiciosa
constelação de Makara-sankranti no mês de magha. O Senhor ouviu o mantra de
sanny€sa de Keava Bharat… enquanto os vaiŠavas enchiam a atmosfera com os santos
nomes de Hari.
Vivambhara estava imerso em ondas de amor a KŠa que se ampliaram centenas de vezes.
Seu corpo irrompeu em pápulas de êxtase. Lágrimas de prema fluiam sem cessar de Seus
olhos vermelhos. Suspendendo Seu dhoti, Gaur€‰ga emitia sons em rugido. Rindo a
gargalhadas, Ele gritava em êxtase:
- Tomei sanny€sa!
Assim que Keava Bharat… estava dando o nome de sanny€sa, uma voz divina
proclamou do céu:
- Chame-O ®r… KŠa Caitanya! Pela influência de Bhavat… (Mah€m€y€ na forma de
sono) a consciência de todos ficou encoberta. Gaur€‰ga reviveu a consciência de todos
os vaiŠavas fazendo-os compreender que Ele era o próprio KŠa. É por isso que Gaur€
‰ga é chamado ®r… KŠa Caitanya.
Os vaiŠavas ficaram atônitos ao ouvirem isso. Sentindo-se felizes ao ouvirem esta
mensagem divina, cantaram:
- Hari! Hari!
Seguindo a ordem de Keava Bharat…, ®r… KŠa Caitanya passou o dia em serviço
amoroso ao Seu Guru. A noitinha, Keava Bharat… e os devotos cantaram e dançaram em
euforia de prema. ®r… KŠa Caitanya dançava esplendorosamente, mistificando o
universo inteiro. Todos esqueceram-se de si em bem-aventurança transcendental. Viram
que a felicidade da realização de Brahman é insignificante. Depois de dançarem a noite
inteira, o Senhor partiu logo de manhã cedo. ®r… KŠa Caitanya circunambulou Seu
Guru, prestou-lhe reverêncais e pediu a ele:
- Por favor, permita que Eu vá para Nil€cala.
O coração de Keava Bharat… começou a palpitar de ansiedade ao ouvir isso. Ele sentou
o Senhor em seu colo dizendo:
- És a completamente independente Suprema Personalidade de Deus. Andas descalço só
para mostrar compaixão para com as pessoas em geral; para ensinar guru-bhakti
(rendição ao mestre espiritual), Tu pessoalmente segues as escrituras. Tu sempre cantas
os santos nomes do Senhor para estabelecer a prática religiosa de sa‰k…rtana-yajña na
Kali-yuga. Para liberar o mundo, manifestas um oceano de misericórdia. Tu me
confundistes ao me pedir sanny€sa. Meu querido Vivambhara, por favor, me libere
também.
NITYšNANDA IMPEDE QUE GAURš¥GA SE AFOGUE
Gaur€‰ga humildemente tocou os pés do Seu Guru e saiu dali. Cheio de êxtase, ®r…
Caitanya andava pela estrada exclamando:
- KŠa! KŠa! KŠa!
Num momento o Senhor Caitanya chorava, no outro ria e gargalhava. Prema fazia com
que lágrimas caissem em Seu peito como o Ganges celestial caindo do topo do monte
Sumeru.
Em êxtase Sua pele apresentava milhares de pápulas, e os pelos de Seu corpo ficavam
todos arrepiados, assemelhando-se aos filamentos dourados da flor de kadamba. Da
cabeça aos pés, Seu corpo parecia coberto de milhares de pequenos espinhos.
Andava com o jeito do rei dos elefantes. Num momento cantava os nomes de KŠa, logo a
seguir, caia colapsado no chão como se massacrado. Ficava contemplando. E depois, sem
razão, pulava excitado cantando "Hari bol! Hari bol!" Às vezes saboreava sentimentos de
servidão; em seguida, saboreava a doçura de gop…-bh€va. Andava um pouco devagar,
num passo casual, e de repente começava a correr pela estrada como um raio. Vivendo a
realidade de KŠa-prema, ®r… Caitanya era indiferente à passagem do dia e da noite.
Quando ®r… Caitanya entrou em R€dh€-desh, não ouviu ninguém cantando os nomes de
KŠa. Ficou tão magoado com isso que resolveu Se atirar na água. Os devotos encheram-
se de ansiedade e pensaram:
- O que acontecerá se o Senhor Caitanya voltar para Goloka?
Nityn€nda então exclamou:
- Pelo Meu poder farei com que ®r… Caitanya permaneça aqui!
Enquanto isso, alguns meninos do local estavam pastoreando suas vacas por ali. Para
satisfazer secretamente Seu Senhor Caitanya, Nity€nanda Avadhuta entrou nos corações
daqueles vaqueirinhos inspirando-os a cantar os santos nomes de Hari. Quando este doce
som entrou nos ouvidos de Gaurahari, Ele pulou e correu até os vaqueirinhos. ®r…
Caitanya levantou Suas mãos e encorajou-os:
- Cantem! Cantem! Cantem! Que o Senhor os abençoe, por terem Me capacitado a ouvir
estes doces santos nomes!
O Senhor Caitanya flutuava no oceano de bem-aventurança de KŠa-prema. Ele tomou
madhukari (esmolar comida) de uma casa. Não percebeu a passagem dos dias e das
noites. Três dias depois, bebeu um pouco d'água e comeu um pouco de pras€da. Ao
deixar R€dh€-desh o Senhor Gaur€‰ga disse a Candrasekhara šc€rya:
- Não fiques triste; logo Me verás de novo.
CAPITULO 14
AS NOTICIAS DEVASTADORAS
Chorando ao se lembrar do Senhor Caitanya, Candrasekhara seguiu para Navadv…pa. As
pessoas de Nadia estavam ansiosas para ouvirem notícias de ®r… Gaur€‰ga de
Candrasekhara.
Locana d€sa diz: é impossível para mim descrever a cena de partir o coração que
aconteceu em Navadv…pa após o retorno de Candrasekhara šc€rya.
Com correntes de lágrimas correndo de sua face, Candrasekhara andou até Navadv…pa.
Todos os vaiŠavas correram para vê-lo. Apesar deles desejarem recepcioná-lo, não
podiam falar. Imediatamente prestaram reverências chorando ao verem a tristeza de
Candrasekhara. Ouvindo que Candrasekhara havia chegado, ®ac…dev… ficou louca.
Com o cabelo em desalinho, correu pela estrada gritando seu nome. Não vendo Nim€i,
®ac…m€t€ sentiu-se ansiosa e perturbada. ®ac…m€t€ disse:
- Onde está o meu querido Nim€i? Onde você o deixou? Como e onde Ele teve Sua
cabeça raspada? Quem foi o sanny€si patife que Lhe deu iniciação? Onde está a
compaixão que o sanny€si deve sentir pelos outros? Quem foi este desalmado que cortou
os lindos cabelos de meu filho? Quão pecaminoso é este homem que tocou nos cabelos
de meu filho com uma navalha. Como pode continuar vivendo depois de tocar a cabeça
de Nim€i com uma navalha? Em quantas casas Nim€i pede esmola? Como Ele ficou de
cabeça raspada? Ó meu filho, creio que nunca mais irei vê-lO. Minha vida está coberta
pela escuridão. Não posso mais cozinhar e oferecer comida a Você. Não posso mais
beijar Sua doce face e acariciar Seu corpo maravilhoso. Quem poderá ler Sua mente e
saber quando Você tem fome?
Enquanto mãe ®ac… se lamentava desta maneira, alguns devotos foram consolar
ViŠupr…y€. O intenso choro e lamentação de ViŠupr…y€ despedaçavam a Terra. Até
mesmo aqueles que têm o coração de pedra, os pássaros, as bestas, as árvores e os
arbustos começaram a se derreter em lamentação. ViŠupr…y€ disse:
- Ó, por que a Providência agora se tornou tão cruel? Minha vida agora está vazia e sem
significado. Nunca mais irei ver aquele sorriso maravilhoso, o corpo elegante, ou ouvir o
Nectáreo jeito dEle falar. Prabhu, para onde Você foi, me deixando na escuridão? Pelo
resto de minha vida, sempre continuarei pensando em Você. Uma vez que não tenho
filhos, acabei de morrer. Adorei Sua face com os olhos de Cupido. Como posso viver
sem vê-lo? Separada de Você muitas mulheres morreram antes. Como esta infeliz poderá
continuar vivendo? Ó meu Gaurasundara! Onde Você foi? Estou só desprovida de meu
Senhor. Uma mulher tem que ter um protetor. Onde buscarei abrigo? Uma vez que não
posso partir, desejo apenas morrer aqui. Você deixou Sua mãe só e destituida. Para onde
Você foi? Como ela poderá viver sem vê-lO? Por que este meu corpo pecaminoso não
perece imediatamente?
Ouvindo isso, ViŠupr…y€ chorava e rolava no chão. Exalava uma respiração quente pelo
nariz, seus lábios estavam secos e seu corpo tremia. Seu cabelo e roupa estavam em
dasalinho, ViŠupr…y€ estava caida ao solo desesperada. Num momento, desfaleceu ao
meditar nos olhos de lótus de Vivambhara. Ao recuperar a consciência, lembrou-se de
seu Senhor e exclamou:
- Senhor! Senhor! Senhor!
ViŠupr…y€ chorando fazia todos chorarem. Todos que tentavam consolá-la, também
caiam em prantos. Um devoto disse:
- Ouça ViŠupr…y€, tente controlar-se. Você conhece as atividades do Senhor. Assim,
tente ficar tranquila e apenas tente se lembras delas em seu coração.
Os devotos sentaram-se juntos e falaram:
- O fato do Senhor Gaur€‰ga ter tomado sanny€sa nos colocou num estado terrível.
Sendo tão cruel, Ele simplesmente nos abandonou. Como poderemos viver sem a Sua
associação? Ele é famoso por Sua bondade. Vamos nos lembrar dEle cantando KŠa-nama
e assim, alcançá-lO, conforme Ele nos prometeu.
®ac…m€t€, ViŠupr…y€, os velhos, mulheres, crianças e todos os devotos sentaram-se
para cantar os santos nomes e aumentar sua lembrança do Senhor. Apesar de ter viajado
para longe em R€dh€-desh, o Senhor Gaur€‰ga, o leão maluco, ficou atado pelo cantar
puro de KŠa-nama. Ficando junto com o Senhor Nity€nanda, Gaur€‰ga se recostava
sobre Ele e chorava constantemente. O Senhor disse um dia:
- Meu querido Nity€nanda, por favor vá a Navadv…pa e peça a todo mundo ir ver-Me
em ®antipura na casa de Advaita šc€rya. Diga aos Meus amigos tudo sobre Mim e que
logo chegarei em ®antipura. Traga pessoalmente todos os devotos de Navadv…pa para a
casa de Advaita šc€rya em ®antipura.
Gaur€‰ga então sorriu e Se despediu de Nity€nanda Prabhu.
CAPITULO 15
Depois que aquela auspiciosa noite passou, o Senhor Caitanya sentou numa €sana. Com
Suas brilhantes vestes assafroadas e danda de sanny€sa, ®r… KŠa Caitanya parecia o
mestre do universo. Sorrindo, falou com todos os Seus associados, que sentavam-se aos
Seus pés. Mah€prabhu disse:
- ®r…v€sa, você e os outros agora podem voltar para suas casas. Se o Senhor estiver
satisfeito coMigo, então irei para Nil€cala (Jagann€tha Pur…) e verei o Senhor
Jagann€tha. Fique em Navadv…pa e obedeça Minha ordem: cante os santos nomes do
Senhor dia e noite. Estabeleça a prática de cantar os santos nomes e servir os vaiŠavas.
Fazendo isso, todo mundo alcançará a liberação. Livre de inveja, sirva e tente satisfazer a
todos.
O Senhor Gaurahari, Se levantou, extendeu Seus longos braços dourados e abraçou
amorosamente a todos. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e Sua voz entrecortada de
amor. E então, Harid€sa, com um pedaço de palha entre os dentes, ofereceu dandavats ao
Senhor Caitanya. Seu choro genuíno sensibilizou o coração dos devotos. Gaur€‰ga
chorou de compaixão e disse:
- Quando chegará o dia afortunado em que chorarei assim ao cair aos pés do Senhor
Jagann€tha? E quando serei capaz de falar humildemente com Ele? Quando os Meus
olhos alcançarão a perfeição por verem a Sua encantadora e atrativa face de lótus?
Os devotos não podiam se conter. Choravam e caiam ao solo. ®ac…m€t€ caiu
inconsiente. Um devoto segurou os pés de lótus de Gaur€‰ga e chorou. Gaur€‰ga
controlava cuidadosamente Seus sentimentos. ®r…v€sa, Harid€sa, Mur€r… e Mukunda
disseram:
- Gaur€‰ga, és o Senhor independente e nós somos Teus servos. Somos caídos,
pecaminosos, mal comportados e totalmente desprovidos de KŠa-bhakti. O que podemos
dizer sobre tomares sanny€sa? Mas, Gaur€‰ga, como andarás para tão longe com estes
Teus pés tão delicados? De quem esmolarás comida e água? Ó querido de ®ac…m€˜€,
Teus passatempos nos confundem. Teus pés de lótus são o único objeto adorável para
ViŠupr…y€.
Por recebermos Teus olhares de néctar, as árvores do amor estão viscejando. Muitos
desejam saborear os frutos de KŠa-prema. Mas por tomares sanny€sa, seus desejos foram
frustrados. Nosso ar vital se recusa a abandonar estes corpos pecaminosos. Nós, os mais
degradados, retornaremos tristes para nossas casas depois de Tua partida. És o amigo dos
caídos.
A Providência fez Teu corpo cheio de compaixão. És a casa do tesouro de todos os
passatempos transcendentais que desfrutamos. Em Tua forma maravilhosa apareces neste
mundo para dar abrigo a todas as entidades vivas e dar-lhe o Teu amor. Tuas cruéis
palavras para nos deixar nos enche de tristeza. Depois de plantares a árvore de bhakti, por
que agora estás querendo cortar suas raízes?
Se alguém deseja acompanhar-Te, por favor, leve-o conSigo como associado íntimo. De
outra maneira, entraremos no fogo. Veja como Tua pobre mãe ®ac… agora está só e sem
amparo. Não podemos tolerar o sofrimento de ®ac…dev…. ViŠupr…y€ chora a ponto
de despedaçar a Terra. A cidade e os mercados de Nadia estão vazios e sem vida. Os lares
dos vaiŠavas parecem muito longe uns dos outros.
De agora em diante, nunca visitaremos os locais onde sentastes e falastes da consciência
de KŠa. Se fizermos isso, morreremos. Nem ouviremos discussões sobre os passatempos
confidenciais do Senhor, nem mais O veremos dançar e pregar KŠa-bhakti. Não mais O
abraçaremos quando Ele dançar, nem nos sentaremos em Seu colo. Não mais veremos
lágrimas de amor banharem Seus olhos de lótus. Não mais ouviremos Teus nectários
urros de êxtase durante o k…rtana. O que é isso que está Te fechando os olhos e os
ouvidos?
Como alguém pode viver sem ver Tua face de lua? Apesar de termos olhos, quem nos fez
cegos? Ó Gaur€‰ga, por favor, não nos diga para voltarmos sem Ti; desejamos viajar
conTigo. Tuas palavras cruéis estão queimando os nossos corpos. Teu amor é como a
música do caçador que ilude o veado e o leva à morte. Primeiro, atrai-nos com a Tua
afeição, depois nos mata ao ires embora. Os devotos morrerão em separação de Ti.
Nestas condições, como podes manter o nome de bhakta vatsala (afeiçoado ao devoto)?
Como poderás justificar o Teu ato de dizeres adeus à Tua mãe? Quem poderá dar esta
notícia a ela? Quando ViŠupr…y€ ouvir isso, morrerá imediatamente. Por favor
considere todas estas coisas e tome Tua decisão final.
O compassivo Senhor Gauranga riu e disse:
- Ouçam, por favor. Nunca serei cruel com vocês. Certamente residirei em Nil€cala, mas
regularmente, vocês poderão ir para lá Me ver. Nosso êxtase aumentará ilimitadamente e
inundará o mundo inteiro com oceano de bem aventurança de Hari-n€ma sa‰k…rtana.
Isso irá remover as misérias e a lamentação do coração de todas as pessoas. Sempre
estarei com estes devotos, sejam eles ®ac…m€t€, ViŠupr…y€ ou qualquer um que Me
sirva com amor.
Os devotos caíram aos pés de Gaur€‰ga. Pediram ao Senhor que mantivesse a promessa
considerando todas estas declarações. O Senhor Caitanya dizia repetidamente:
- Definitivamente, irei ficar em Nil€cala.
®ac…m€t€ estava tão desgostosa que não podia sequer manter-se em pé sem a ajuda de
outros. Ela disse:
- Por que Você está sendo tão cruel conosco indo embora? Meu querido filho, vou morrer
em Sua ausência. Os devotos irão sempre visitá-lO, mas infelizmente eu jamais irei vê-lO
de novo. Você pacifica todo mundo, mas e eu? Não tenho ninguém mais na família além
de ViŠupr…y€. Só de ver sua angústia, a dor em Meu coração aumenta ainda mais.
Sorrindo, com Seu coração ardendo de compaixão, o Senhor Caitanya disse:
- Esquecendo-se do conhecimento transcendental, estão se lamentando falsamente e
sofrendo. Por favor, não se lamentem mais. Vão para casa e vivam pacificamente com os
outros, livres de lamentação.
Então o Senhor ofereceu dandavats para Sua mãe e disse-lhe algumas palavras
reconfortantes. Sem um momento de hesitação, o Senhor Gauranga foi rapidamente para
Nil€cala. Os devotos urravam de lamentação.
Advaita šc€rya seguiu o Senhor. Mas devido à sua idade avançada, não podia
acompanhar o passo do jovem Senhor Gaur€‰ga. Quando Advaita šc€rya alcançou o
Senhor, ficou parado em silêncio, com a cabeça cheia de suor. Advaita šc€rya disse:
- Meu coração está queimando ao vê-lO caminhando para um país estrangeiro. Estou
revelando meu coração. Espero que Tu respondas. Em separação de Ti, todos os Teus
associados eternos chorarão piedosamente. Mas, por alguma razão meu coração
pecaminoso é duro como pedra e não derramei sequer uma lágrima. Uma vez que não
sinto nada em meu coração, não pode haver maior patife do que eu.
Gaur€‰ga sorriu e abraçou Advaita šc€rya, dizendo:
- Ouça šc€rya, vou explicar tudo para você. Como você tem amor puro por Mim, Eu
nunca vou abandona-lo. Você deve compreender que sempre terei o seu amor coMigo,
onde quer que Eu vá.
E então, para representar o nó de amor que havia atado em Seu coração por Advaita
šc€rya, Gaurahari amarrou um nó em Sua roupa. Apreciando este gesto de amor, Advaita
šc€rya pensou profundamente sobre Gaur€‰ga. Lágrimas fluiam em correntes de seus
olhos. Ambos ficaram em silêncio, comunicando seu amor através de seus sentimentos. O
Senhor Caitanya disse:
- Ouça šc€rya, sou controlado pelo seu amor. Lembre-se sempre de nossos passatempos
juntos.
Dando meia volta, o Senhor seguiu caminhando célere para Nil€cala. Os devotos
retornaram tristes para suas casas.
Locana d€sa diz que a sanny€sa de Gaur€‰ga não é nada mais do que uma farpa aguda
espetando o coração dos devotos.
A partida do Senhor Caitanya tornou Navadv…pa um lugar vazio, desprovido de vida.
Gad€dhara PaŠita, Nity€nanda Avadhuta, Narahari, ®r…v€sa, Mukunda, D€modara e
uns poucos outros devotos foram para Pur… com o Senhor. Gaur€‰ga desejava chegar
em Nilac€la em tempo para ver o festival de Dola Purnima do Senhor Jagann€tha.
Pelo caminho até Nil€cala, o Senhor Caitanya cantava os santos nomes, "Hari! Hari!" Ele
estava cheio de KŠa-prema. Às vezes andava bem devagar, parecendo estar intoxicado.
Outras vezes corria pela estrada como um leão atacando. Às vezes cantava os santos
nomes numa voz urrante enquanto dançava alegremente.
Entretanto, no momento seguinte, chorava. Numa loucura transcendental, Gaur€‰ga
ocasionalmente levantava Seu dhoti e pulava excitado. Da cabeça aos pés, Seu corpo
estava coberto de pápulas eruptivas devido ao êxtase. O Senhor Caitanya Se movia
rapidamente, ou Se movia devagar. Chorava, ou ria a gargalhadas. Lágrimas caiam
constantemente de Seus olhos de lótus. Quando os devotos ofereciam comida ao Senhor
Caitanya, Ele rejeitava dizendo:
- Só vou comer KŠa-pras€da (alimento oferecido ao Senhor KŠa) e nada mais.
Com exceção do pouco de pras€da que o Senhor Caitanya esmolou de algumas casas,
Ele praticamente jejuou por três dias. Pelo Seu comportamento o Senhor ensinava às
pessoas em geral. ®r… Cairanya não dormia a noite. Absorto em amor puro por KŠa, o
Senhor caminhava cantando os santos nomes:
Gaur€‰ga cantava numa doce voz, mas às vezes Sua voz era embargada devido ao amor
divino. Desta maneira, o Senhor Caitanya e Seus associados íntimos viajaram felizes para
Nil€cala.
CAPITULO 16
SESA - KHANDA
CAPITULO 1
Todas as glórias a Narahari, cujo senhor e a vida é Gad€dhara PaŠita. Por favor, mostre
sua misericórdia e contemple-me favoravelmente. Agora vou descrever os passatempos
finais do Senhor Caitanya. Este oceano de néctar irá inundar o ouvinte de bem-
aventurança transcendental. Sarvabhauma Bhattcrya passou seus dias e sua noites feliz
cantando os santos nomes do Senhor. Depois de deixar Jaganntha Pur…, Gaurahari
viajou para o sul até K™rmaketra. Nesta vila Ele conheceu dois brâmanes, chamados
K™rma e Vsudeva. Vendo a forma estonteantemente atrativa de Gaur‰ga, eles se
purificaram e entraram em êxtase espiritual. O dourado monte Sumeru estava diante
deles com Suas mãos auspiciosas e longos braços que chegavam aos joelhos.
Os ombros de Gaurahari eram fortes e se assemelhavam aos de um leão poderoso. Seus
olhos eram grandes, amplos e expansivos. Os brâmanes estavam convencidos de que
Gauracandra era na verdade o próprio Senhor KŠa. Chorando, cairam prostrados diante
dos pés de lótus do Senhor Caitanya. O mundo inteiro chorou com eles.
O Senhor Caitanya os levantou e os abraçou. Com uma doce voz, Gaur€‰ga disse:
- Ó brâmanes, por favor, ouçam com atenção. Com que propósito vocês vieram a este
mundo? Na era de Kali, a única religião é o canto congregacional dos santos nomes do
Senhor Hari. Quem faz Hari-n€ma-sa‰k…rtana possui um raro e valioso tesouro. Por
favor, sempre façam sa‰k…rtana, dancem felizes e deixem que os outros tomem parte.
Assim vocês serão liberados do apego material.
Terminando Sua pregação, Gaur€‰ga saiu de lá e viajou célere para Jiyada-Nsimha-
ketra. Ele ia saboreando o doce humor de KŠa-prema.
O APARECIMENTO DE JIYADA-N¬SIMHA
Conforme viajava para o sul da Índia, ®r… Caitanya estava continuamente absorto no
êxtase de consciência de KŠa pura. Atravessando o rio Godavar…, o Senhor chegou a
Pañcavat… onde S…t€, R€ma e Lakmana viveram. Observando a beleza de Pañcavat…,
o Senhor Gaur€‰ga ficou entrevado de amor e chamava repetidas vezes:
- ®r… R€ma! Lakmana!
Pañcavat… é o lugar onde Lakmana ficou numa cabana tosca protegendo S…t€dev…,
enquanto R€ma perseguia o veado dourado. No momento em que Lakmana saiu para
procurar R€ma, o malvado demônio R€vaŠa sequestrou S…t€dev…. Vendo este lugar, o
Senhor Caitanya ficou tomado de lembranças de Seus antigos passatempos aqui. Num
momento Gaur€‰ga exclamou:
- Mate! Mate! Mate!
Noutro momento, disse:
- Pegue-o, pegue-o!
E então gritava alto o nome de Lakmana. Lembrando-Se de S…t€, Gaur€‰ga chorou
tanto que Seus associados nada podiam fazer para consolá-lO. Finalmente, Mah€prabhu
Se controlou e Se manteve pacífico.
O Senhor Caitanya prosseguiu até que chegou ao rio Kaver… e ao templo de Ra
‰gan€tha (Senhor R€macandra). Vendo o Senhor Ra‰gan€tha, Gaurahari dançou em
êxtase junto com Seus associados íntimos. Um brâmane chamado Tirumalla Bhatta, que
apreciava o extático sa‰k…rtana, imaginou qual seria a identidade de Gaur€‰ga.
Cativado pela força do amor divino, o corpo de Gaur€‰ga mostrou incríveis sintomas de
êxtase espiritual. Arrepios fizeram os pelos de Seu corpo ficarem eretos, como os
filamentos da flor de kadamba. Seu corpo dourado, alto como o monte Sumeru, era uma
árvore dos desejos adornada com frutos e flores de KŠa-prema.
Quando Gaurahari cantava alto os nomes de Hari, todos choravam. Vendo esta
atordoante exibição de emoções transcendentais, Tirumalla Bhatta ficou convencido de
que o Senhor Caitanya era certamente o Senhor Supremo: a vida e a alma de todo
mundo. Ele convidou o Senhor Caitanya para ter a bondade de visitar seu asrama.
Satisfeito com o serviço amoroso daquele brâmane, o Senhor ficou em sua casa para
observar a caturmasya, o período de quatro meses de austeridades devocionais.
Logo após deixar Ra‰gaj…, o Senhor Caitanya foi conhecer Param€nanda Pur….
Trocas de sentimentos amorosos ocorreram enquanto olhavam um para o outro, eles
imergiram nas correntes de lágrimas um do outro. Param€nanda Pur… lembrou-se dos
ensinamentos de seu Gurudeva, M€dhavendra Pur…, que havia citado um verso do V€yu
Pur€Ša:
"No começo da Kali-yuga, o Senhor N€r€yaŠa aparecerá na Terra numa forma dourada.
Tomando sanny€sa, Ele irá residir em Puottama-ketra perto do Senhor Jagann€tha."
M€dhavendra Pur… também falou ao seu discípulo, Param€nanda Pur…:
- Na Kali-yuga, para ensinar a religião de sa‰k…rtana, o Senhor KŠa aparecerá num
final de tarde. Ele terá um corpo transcendental alto, dourado com longos braços até os
joelhos. Seus ombros largos Lhe darão a semelhança de um leão e Seu pescoço parecerá
tão poderoso quanto o de um elefante. Flores de lótus desabrochadas formarão os Seus
olhos. Sendo um oceano de compaixão e um reservatório de prema, Ele irá distribuir Sua
misericórdia para todo mundo. Infelizmente, não serei capaz de vê-lo com os meus
próprios olhos. Você será afortunado o bastante para ver Gaur€‰ga, então por favor,
lembre-se de mim.
Param€nanda Pur… compreendeu que o Senhor Caitanya era o mesmo Senhor que seu
mestre espiritual havia anteriormente descrito. Instantaneamente, prestou reverências ao
Senhor. Gaur€‰ga o levantou e disse:
- O que estás fazendo?
Então Gaur€‰ga abraçou-o afetuosamente e começou a viajar novamente.
CAPITULO 2
Ouçam os passatempos transcendentais do Senhor Gaurahari que não têm paralelos nestes
três mundos. Um dia Nsimh€nanda meditou em uma estrada elevada, feita de coral,
pérolas, ouro, jóias e gemas variadas. Para o prazer de KŠa, ele havia concebido esta
estrada que ia até Mathur€. Antes que Nsimh€nanda pudesse concluir a estrada, o Senhor
Supremo veio levá-lo de volta para casa, de volta ao Supremo. Nsimh€nanda estava triste
porque só havia completado a estrada até Kanai Natasala.
Atento para esta estrada, o Senhor Caitanya subitamente mudou de rumo e começou a
caminhar por ela. Nenhum dos Seus associados sabia para onde Gaur€‰ga estava indo.
Logo Gaur€‰ga chegou a Kamai Natasala e voltou ao Seu caminho anterior. Os
movimentos misteriosos fizeram com que Param€nanda Pur… indagasse o que ocorrera.
Explicando tudo, o Senhor Caitanya disse:
- Nsimh€nanda criou uma opulenta estrada, bem decorada e elevada em sua mente para
facilitar Minha jornada de Puruottama-ketra até Mathur€. Para satisfazer seu desejo
devocional, viajei por esta estrada.
Locana d€sa saboreia relatar este inconcebível e bem-aventurado passatempo de ®r…
Gaur€‰ga Mah€prabhu.
Em Nil€cala, o Senhor Caitanya e Seus seguidores saborearam o êxtase de Hari-n€ma sa
‰k…rtana dia após dia. Gradualmente, devotos de diferentes países vinham ficar com o
Senhor Gaur€‰ga. Um dia, de repente, Gaur€‰ga decidiu visitar Mathur€. Sua
ansiedade chegou ao ponto de loucura. Quando o Senhor Gaur€‰ga começou a jornada,
Seu êxtase intensificou e Ele começou a correr como um leão. Seus associados não
podiam estar tranquilos.
Quando Gaurahari entrou na floresta de Jharikhanda, fez com que os pássaros, animais,
árvores e pedras chorassem com Ele. Esquecendo-se de sua inimizade natural, os veados
e os tigres dançavam juntos muito felizes. Todos os animais da floresta alcançaram a
perfeição da vida por receberem o raro presente de KŠa-prema diretamente do Senhor
Caitanya.
Gradativamente, Gaur€‰ga chegou à cidade santa de Varanas…, o lar dos sanny€s…s
mais elevados. Prestou respeitos a Vivevara ®iva e caminhou até Pray€ga, onde tomou
darana de Aksaya-vata e Se banhou no Triveni (confluência do Ganges, Yamun€ e
Sarasvat…).
Determinado e movendo-Se como um elefante louco, Mah€prabhu seguiu para
Vnd€vana. De Pray€ga Ele foi para Agravana (Agra). Visitou o ar€ma de Jamadagni
Muni. Viu também Renuk€-grama que foi assim chamada em homenagem a esposa de
Jamadagni, Renuk€. Este foi o local de nascimento de Paraur€ma, o grande guerreiro
entre os Daa Avat€ras.
Depois de ter um darana do rio Yamuna, que sempre flui através de Vnd€vana,
Mah€prabhu chegou a R€ja-grama. Por fim Mah€prabhu entrou em Gokula (Vnd€vana).
Agora Ele estava completamente louco de amor por Deus. O coração de Gaur€‰ga
estava inundado de KŠa-prema. Com grande esforço, pode controlar Seus sentimentos.
A DANÇA DA RšSA
KŠad€sa disse:
- Aqui KŠa realizou a dança da rasa. Sob esta kalpa-taru, Ele tocou Sua flauta tão
ecantadoramente que as gop…s ficaram irremediavelmente atraídas, apesar de estarem a
trinta e duas milhas de distância. Ao ouvirem Sua flauta, elas se derreteram pelo Senhor.
Ficaram tão loucamente atraídas que praticamente perderam a consciência.
Descartando sua timidez feminina, medo e prestígio familiar, elas correram loucas atrás
de KŠa. Seus cabelos, vestes e ornamentos estavam completamente desarrumados. A
poderosa agitação de Cupido forçou-as a correr para KŠa. Elas não podiam evitar isso.
KŠa cativara todas as vaqueirinhas de Vraja. Veja só Govinda R€ya a Teus pés.
O coração de Gaur€‰ga ficou inundado de amor extático por Deus ao ouvir estes tópicos
de KŠad€sa. Assim que Ele mergulhou no oceano de Vraja-bh€va, as ondas de prema
encheram a terra e o céu. Rugindo alto, Gaur€‰ga encheu a atmosfera com um banho de
néctar. Os pássaros e os animais ficaram loucos de amor extático por KŠa. Mesmo fora
da estação, flores desabrocharam das árvores, cucos cantavam melodiosamente e abelhas
zumbiam por todo lado.
Louvando a r€sa-l…l€, Gaurahari sorriu gentilmente e exclamou:
- Vaˆi! Maravilhoso! Maravilhoso!
Às vezes o Senhor Caitanya falava com as gop…s, com se estivesse falando num sonho.
De repente, num humor de menino, dançava enquanto gargalhava. Vendo tudo isso,
KŠad€sa ficou tomado de amor a Deus e caiu aos pés de Gaur€‰ga, chorando. KŠad€sa
disse:
- Nunca vi uma pessoa assim nestes três mundos. Sou muito afortunado por conhecê-lO,
mas estou a ponto de perdê-lO.
Assim que KŠad€sa disse isso, Gaur€‰ga voltou à consciência e disse:
- KŠad€sa, diga-Me o que aconteceu.
KŠad€sa respondeu:
- Aqui KŠa falou para as gop…s os deveres de uma mulher. Para testá-las e intensificar o
seu amor por Ele, KŠa falou desta maneira:
- Por que vocês, as mais belas jovens de cinturas finas, vieram a esta floresta solitária
nesta hora da noite? Como foram tão destemidas de virem até aqui? Vocês desejam
desfrutar a companhia do esposo de outra? Meu negócio não é ver ou tocar a esposa de
outro homem. Assim sendo, voltem para suas casas e sirvam aos seus esposos. A essência
do dever da mulher é servir o seu esposo. O supremo dever ocupacional de uma mulher é
servir o seu esposo, mesmo que ele seja doente, velho, pobre ou feio. Ó meninas de
Vraja! Voltem para os seus lares. Uma mulher casta nunca negligencia a realização de
seus deveres religiosos apropriados. Sou a religião personalificada, nunca faço nada
contra os princípios religiosos. Sem compreenderem a Minha mente, como vocês podem
agir desta maneira?
KŠad€sa continuou:
- Ao ouvirem isso, todas as gop…s desfaleceram. Ficaram pasmadas como pinturas num
quadro. Ficaram sem fala e respiravam com dificuldade; seus corpos estavam em brasa
pela agitação provocada pelo fogo de Cupido. Às vezes respiravam fundo devido ao fogo
da separação. Seus corpos tremiam, derramavam copiosas lágrimas. Abaladas pela
luxúria, não podiam deixar de contemplar KŠa. Cheias de sentimentos amorosos, não
podiam expressar seus desejos. Uma gop… resolveu falar pelas demais; quase louca
disse:
- Como podemos nós, mulheres desesperadas, nos controlarmos depois de ter
contemplado aquele que encanta o mundo inteiro com Sua beleza inigualável? Somos
donas de casa castas, mas ao ouvirmos a flauta de KŠa, que encanta todas as mentes,
tivemos que quebrar os nossos votos. Tu não sabes de nada, e nós não sabemos de nada,
entretanto, Teu aspecto cativante nos atraiu até Ti. És o esposo supremo entre todos os
esposos. És auto-satisfeito. Qual será o nosso destino se Te deixarmos agora? És o nosso
único desfrutador e nosso único esposo. Como podes imaginar-nos servindo a outro
esposo? Ó Senhor de nossas vidas, és o nosso único abrigo. És a bem-aventurança
suprema; a corporificação de toda a felicidade para nós.
KŠad€sa continuou:
- Devido a seu êxtase amoroso, as gop…s falaram a verdade. Ao ouvi-las, KŠa também
Se encheu de amor extático. Contemplou-as amorosamente e elas agora sentiam
felicidade indescritível. Então as gop…s rodearam KŠa, a jóia dos Yadus. As gop…s
douradas pareciam o brilho do relâmpagos num nuvem de monsão. Aqui nesta rasa-
maŠala, KŠa e as gop…s desfrutaram da incomparável dança da rasa. Eles formaram um
círculo com um KŠa para cada gop…. Juntos pareciam uma maravilhosa guirlanda, onde
esmeraldas se alternavam com flores campaka.
R€dh€ e KŠa permaneceram sob as árvores dos desejos de Vnd€vana. ®r…mat… R€dh€
€Š… é a fonte que origina todas as gop…s e a fonte de todos os êxtases amorosos.
Gradulmente, R€dh€€Š… expandiu-Se em muitas formas e KŠa também Se expandiu
para dançar com todas as R€dh€s. A lua parecia uma bandeira sobre o mercado de gop…
s na rasa-maŠala. O cuco parecia o sempre ativo Kamadeva (Cupido). As abelhas
zumbiam como os instrumentos musicais no mercado e a juventude era a mercadoria.
Madana Mohana, o desfrutador supremo, adquiria o amor puro das gop…k€s.
YadumaŠi (KŠa, a jóia entre os Yadus) dançou com perícia, como um ator dramático
com cada uma das gopis. Um brilhante concerto era feito pela doce flauta de KŠa e pelos
encantadores sons das pulseiras, tornoseleiras e cintos das gopis. Vários instrumentos
musicais como a mda‰ga e pakhowaja ( um tambor) temperavam e acrescentavam mais
doçura às melodias.
KŠa fez de R€dh€€Š… a "R€i r€j€", rainha de Vnd€vana. Depois de passar perfume e
pasta de sândalo no corpo de R€dh€€Š…, KŠa A adornou com uma fragrante guirlanda
de flores. Junto com as gopis, KŠa ofereceu várias orações a ®r… R€dh€. Depois de
banhar R€dh€€Š…, KŠa anunciou:
- De hoje em diante, R€dh€€Š… é R€i R€j€, a rainha de Vnd€vana.
KŠad€sa continuou sua narrativa:
- Uma vez quando as gopis desfrutavam a dança da rasa com KŠa, Ele desapareceu de
repente. Com exceção de uma gop…, KŠa deixou todas as outras para trás. Chorando
copiosamente, as gop…s cairam ao solo. A gop… que roubara a afeição de KŠa disse:
- Não consigo mais andar. Carregue-Me de alguma maneira.
KŠa respondeu:
- Suba em Meus ombros e Eu Te levarei.
- Depois de uma curta distância, KŠa, o sem coração, desapareceu. Aquela gop… caiu
prostrada chorando desesperada, cheia de aflição. Ao perderem KŠa, todas as gop…s
choraram descontroladas, como loucas. Ficaram absortas pensando nos prazeirosos
passatempos que haviam tido com KŠa. Quando elas estavam sucumbindo de desespero,
KŠa reapareceu diante delas de novo. Novamente KŠa e as gop…s desfrutaram de alegria
indescritível, dançando juntos a noite inteira.
Depois de desfrutarem muita alegria e bem-aventurados passatempos, KŠa e as gop…s,
sentindo-se fadigados, foram até as refrescantes margens do Yamun€. Relaxando no colo
das gop…s, KŠa caiu no sono. O doce, refrescante Yamun€, corria tranquilo. Assim, esta
auspiciosa noite terminou, e as gop…s voltaram aos seus lares.
Desta maneira, Gaur€Šga viu os diferentes locais dos passatempos de KŠa em Vraja.
Locana d€sa canta feliz as glórias de Gaur€‰ga.
KŠad€sa continuou:
- Aqui está Khadira, a floresta onde R€dh€€Š… passava todo dia para vender leite,
manteiga e iogurte. Aqui KŠa e Seus amigos se escondiam na floresta com planos de
arreliar e assustar ®r… R€dh€. Escondidos, os vaqueirinhos faziam sons assustadores
que amedrontavam R€dh€. Abrigando-Se em KŠa, R€dh€ O abraçava bem forte. KŠa
sentava R€dh€ em Seu colo, A acalmava e A beijava. Ao receber o amor de KŠa, R€dh€
entrava em êxtase e esquecia Seus temores.
Neste nikunja (bosque privado) R€dh€ e KŠa tiveram muitos passatempos prazeirosos.
Cativados um pelo ouro, realizaram aqui mah€-r€sa-l…l€. Neste local KŠa é chamado
Madana Gop€la.
Gaur€‰ga apreciou muito este l…l€-sthana.
KŠad€sa ia contando:
- Esta é a floresta Kumuda, onde KŠa trazia Suas vacas e brincava com os Seus amigos
íntimos como Subala e ®r…dama. Como os meninos viviam brigando por aqui, o lugar é
chamado de Kondaliya. Agora, de uma olhada em Ambika-vana ao lado do rio
Sarasvat…. Aqui as gop…s e gopas mais velhos adoravam Hari e Gaur… (®iva e
P€rvat…). Vidyadhara, um maravilhoso semideus, foi amaldiçoado de se tornar uma
serpente por ter rido do filho de Angira ¬i. Para remover esta maldição, ele tentou
engolir Nanda Mah€r€ja. Mas KŠa veio até aqui, libertou Seu pai e liberou o semideus
pelo toque de Seu pé.
Aqui KŠa matou Sankhacuda, o espião de Kuvera, batendo em sua cabeça. O Senhor
pegou a valiosa jóia que decorava a cabeça do demônio. Neste local, KŠa matou
Arist€sura, segurando-o pelos chifres, derrubando-o e sacudindo-o no chão.
Depois de ouvir N€rada, Kaˆsa aprisionou Vasudeva e Devak…. Um dos seguidores
demoníacos de Kaˆsa tomou a forma de um horrível cavalo chamado Kei. Este poderoso
demônio molestou e assustou os vrajabasis. Enfiando Sua mão na boca de Kei, KŠa
matou facilmente o demônio sufocando-o.
Aqui um demônio disfarçado de ovelha, roubou os vaqueirinhos e os escondeu numa
caverna nas montanhas. KŠa matou este demônio e recuperou os Seus amigos. Depois de
jogar Bhaum€sura no chão, KŠa continuou brincando.
O palácio de Nanda Mah€r€ja erguia-se majestoso no alto de Nandivara. A floresta de
Kamyavana fica a oeste. Veja só aquela pedra escarpada, onde os vaqueirinhos gostava
de ir a tarde para escorregar. Logo ao norte de Nandivara está Pavana-sarovara. KŠa
costumava amarrar Seus bezerros nesta moita de bambu.
Kaˆsa enviou Akrura para Vnd€vana para buscar KŠa. Em seu caminho para Vnd€vana,
Akrura ficou absorto pensando em KŠa. Todos os seus desejos foram satisfeitos quando
ele viu as pegadas de KŠa. Ao encontrar KŠa e Balar€ma, Akrura caiu prostrado ao solo,
oferecendo reverências. Levando Akrura para casa, Eles o recepcionaram com amor e
afeição.
Akrura contou aos meninos todas as atrocidades de Kaˆsa. Pela manhã, Nanda Baba
anunciou que Eles iriam a Mathur€ se encontrar com Kaˆsa. Este é o local onde KŠa e
Balar€ma subiram na carruagem de Akrura para irem a Mathur€.
Aqui, as gop…s se lamentaram quase até a morte quando ouviram a notícia. Devastadas
por intensos sentimentos de separação, elas se arremessaram ao chão. Suas faces estavam
cheias de lágrimas. Seus cabelos, vestes e ornamentos estavam em desalinho. Quem pode
descrever a aflição das gop…s nesta hora? Elas pareciam corpos mortos prostrados no
chão.
KŠa enviou uma mensagem de Mathur€ para tranquilizar as gop…s. Ele dizia:
- Dentro de poucos dias retornarei a Vnd€vana. Todas vocês são a Minha própria vida.
Sem vida o corpo não pode existir. Depois de matar o patife do Kaˆsa Eu voltarei. Não
fiquem preocupadas.
KŠad€sa prosseguiu:
- Aqui às margens do Manasa-ga‰g€, os vaqueiros pararam os seu carros de boi para
descançar. Depois, eles se banharam no Yamun€, descançaram, comeram algumas frutas
antes de chegar no palácio de Kaˆsa a tarde. KŠa chegou um pouco mais tarde. Neste
local os súditos de Kaˆsa gritaram:
- Ora! Ora! Eles são apenas meninos; não são páreo para os dois lutadores. Kaˆsa está
fazendo uma grande injustiça.
De acordo com a sua consciência individual, as diferentes pessoas viam ®r… KŠa de
modo diferente assim que Eles entraram na arena de luta. Temeroso, Kaˆsa viu KŠa
como a morte personalificada. Os lutadores viam KŠa como um poderoso raio, os yogis
O viam como a Verdade Absoluta, os Yadus como a sua suprema Deidade adorável, os
pouco inteligentes como a forma universal do Senhor Supremo, os vaqueiros como seu
parente e as mulheres como o Cupido em pessoa. Os espectadores viam KŠa conforme
seus desejos individuais.
Canura e Mustika, dois lutadores instigados por Kaˆsa, lutaram contra KŠa e Balar€ma.
KŠa matou Canura e Balar€ma matou Mustika. Usando os Seus punhos, Eles mataram
muitos outros lutadores. KŠa derrubou Salva ao solo para matá-lo. Fazendo um som
violento, Balar€ma quebrou o ringue com a Sua perna. Os outros lutadores fugiram de
medo imaginando terem de enfrentar os dois vaqueirinhos. Desgostoso e irado, Kaˆsa
ordenou a seus homens que expulsassem KŠa e Balar€ma do palácio. Ele ordenou que
prendessem Nanda Mah€r€ja e os vaqueiros e que matassem Vasudeva, Devak… e
Ugrasena.
Numa fração de segundo, KŠa pulou para o dossel real, desafiando o patife do Kaˆsa.
Kaˆsa levantou sua espada, mas KŠa, rugindo como um leão, agarrou-o pelos cabelos e o
atirou ao solo. Visvarupa (KŠa) esmurrou o peito de Kaˆsa e o matou com Sua força
ilimitada. Kaˆsa teve boa fortuna por KŠa ter Se sentado em seu peito. As pessoas
louvavam KŠa:
- Todas as glórias! Todas as glórias ao Senhor!
Os semideuses jogaram flores em grande alegria. KŠa arrastou o corpo morto de Kaˆsa,
girou-o no ar e o arremessou longe. Os oito irmãos de Kaˆsa, agitados ao verem sua
morte e desejosos de vingança, atacaram KŠa e Balar€ma furiosamente. Num piscar de
olhos Balar€ma os matou. Este local é chamado Kaˆsa-khali, porque KŠa arrastou o
corpo de Kaˆsa pela vila. Aqui em Viranti-ghata KŠa e Balar€ma descansaram. Balar€ma
consolou as esposas de Kaˆsa que estavam se lamentando.
KŠa e Balar€ma libertaram Vasudeva e Devak… da prisão. Saturados de alegria, eles
afetuosamente beijaram seus filhos. Eles entronaram Ugrasena e Se despediram de Nanda
Mah€r€ja.
Locana d€sa diz que ouvir sobre a falta de coração de KŠa em deixar Nanda Mah€r€ja
enche todo mundo de medo.
KŠad€sa prosseguiu:
- Akrura tentou levar KŠa e Balar€ma para sua casa. Recusando a oferta, Eles disseram:
- Quando voltarmos para Vnd€vana pararemos em sua casa.
Vendo que KŠa permanecera na cidade, os vaqueiros esperaram por Eles com os seus
carros de boi bem na saída de Mathur€, às margens do rio Sarasvat…. (Nota da tradução
inglesa: neste ponto, por alguma razão, Locana d€sa Thakura inverte a temporalidade dos
passatempos. Nos próximos parágrafos, ele conta passatempos que ocorreram antes da
morte de Kaˆsa, que já foram descritos) (nota da trad. portuguesa: segundo San€ntana
Gosv€m…, em seu Bhad Bh€gavatamta, em Goloka no mundo espiritual, os passatempos
não têm ordem certa para aparecerem, pois lá não existe temporalidade. Portanto Locana
d€sa deve estar se referindo a uma descrição que KŠad€sa faz dos passatempos do mundo
espiritual, que são um pouco diferentes dos realizados em Bhauma Vnd€vana).
KŠad€sa ia dizendo:
- Para poderem visitar vários locais, KŠa e Balar€ma ficaram algum tempo em Mathur€.
Uma vez Eles pediram algumas roupas para um tintureiro chamado Durmukha. O
pecaminoso Durmukha recusou e falou alguns palavrões para KŠa. KŠa retribuiu batendo
no demônio com a ponta de Seus dedos. Escolhendo as melhores roupas, os meninos Se
vestiram suntuosamente e visitaram Sudama-malli (guirlandeiro). Sudama recepcionou o
Senhor cheio de alegria e lavou os Seus pés de lótus. Depois de oferecer uma doce e
fragrante guirlanda, Sudama recitou lindas orações para glorificar o Senhor KŠa.
Um dia, na estrada, KŠa conheceu uma mulher corcunda chamada Kubja. Ele Se divertiu
gracejando com ela. Kubja afetuosamente recebeu KŠa e Balar€ma em sua casa,
massageando Seus corpos com uma pasta de aguru aromática. Estando satisfeitos com
seu serviço, KŠa imediatamente transformou-a numa atraente jovem com o Seu toque
transcendental. Cheia de luxúria, Kubja abandonou sua casta timidez e expressou seu
desejo de desfrutar com KŠa. Hari tranquilizou Kubja com doces palavras e depois
partiu.
Este local é chamado Dhanur-yajña, onde KŠa quebrou o arco de sacrifício, e usou seus
pedaços para matar os seguidores demoníacos de Kaˆsa. A noitinha KŠa, Balar€ma,
Nanda Mah€r€ja e os vaqueiros foram ao palácio de Kaˆsa a convite de Kaˆsa. A noite
Kaˆsa teve um pesadelo.
No dia seguinte, ele ordenou a seus homens que construissem três plataformas elevadas;
uma para si próprio e as outras duas para Vasudeva e Devak…. Kaˆsa fez estas outras
duas plataformas para que Vasudeva e Devak… pudessem apreciar a morte de seus
filhos. Muitos outros assentos elevados foram construidos em volta da arena de luta para
os cortesãos de Kaˆsa. Aquele pecaminoso Kaˆsa também mandou escavar um poço
especial para atirar KŠa e Balar€ma depois de Os matar.
Sentado sob um dossel real, Kaˆsa ordenou a seus servos para trazerem KŠa, Balar€ma e
os vaqueiros para a arena de luta. Ele desejava avaliar sua destreza. Ouvindo os gritos de
guerra dos lutadores, KŠa e Balar€ma correram para a arena excitados.
No portão principal Kaˆsa colocou um elefante, grande como uma montanha, para matar
os meninos. Excitado até a loucura pelo seu invejoso tratador, a besta furiosa atacou KŠa.
Rapidamente, KŠa quebrou uma de sua presas, subiu às suas costas e matou o tratador.
Então KŠa arrancou as presas do elefante, foi até a sua traseira, agarrou sua cauda e o
lançou a trinta milhas de distância. Kaˆsa tremeu de medo ao ouvir que KŠa havia
matado seu elefante como que brincando.
Os vaqueiros estavam com medo da sorte dos meninos quando Eles encontraram o rei
Kaˆsa. Kaˆsa disse para os seus lutadores Canura e Mustika:
- Agora quero ver a sua luta.
KŠa e Balar€ma lutaram e mataram Canura e Mustika respectivamente.
Na Kali-yuga, o Senhor Caitanya passeou por Mathur€-maŠala e ouviu sobre as glórias
do Supremo Senhor KŠa de KŠad€sa. Caindo aos pés de ®r… Gaur€‰ga, KŠad€sa
disse:
- Estou muito aflito. Por favor, não me engane. Agora sei definitivamente que és o
mesmo KŠa. Ó Gaur€‰ga! Por favor seja benévolo comigo!
O Senhor Gaur€‰ga disse:
- Pela sua misericórdia Minha mente está purificada. Desejava ver Mathur€ e pela sua
misericórdia pude ver esta terra cheia de rasa. Que ®r… KŠa conceda-lhe Sua
misericórdia.
CAPITULO 3
Num humor alegre o Senhor Caitanya voltou rapidamente para Nil€cala. Em amor
extático Ele exclamava:
- Ha Jagann€tha!
Absorto em KŠa-prema, Gaur€‰ga seguia com a determinação de um leão. Andava tão
depressa que Seus associados não podiam alcançá-lO. O Senhor chegou a uma pequena
vila na floresta e conheceu um vaqueirinho que estava carregando um pote cheio de
creme de leite para vender no mercado. Gaur€‰ga disse:
- Ó querido vaqueirinho. Estou com sede, você pode Me dar um pouco de creme de leite?
Caindo aos pés do Senhor, o menino disse:
- Por favor, leve este creme de leite, e beba quanto desejar.
O Senhor Caitanya bebeu todo o pote de creme de leite. Então aquele dito sanny€s… saiu
andando dizendo:
- Você fique aqui e colete o dinheiro dos meus colegas que estão Me seguindo.
O Senhor foi embora rápido e o menino sentou-se, pensando em si mesmo. Depois de
algum tempo, os seguidores do Senhor chegaram e indagaram ao menino:
- Você viu um sanny€s…?
O vaqueirinho respondeu:
- Sim, Ele bebeu todo o meu creme de leite. Disse que vocês iriam pagar por ele. Se
vocês tiverem algum dinheiro, paguem-me, para que possa ir para cassa.
Surpreesos, os associados de Gaur€‰ga entreolharam-se e disseram:
- Onde vamos arrumar dinheiro? Não temos dinheiro algum.
O vaqueirinho disse:
- Está bem, esqueçam. Digam àquele sanny€s… que é a minha humilde oferta aos Seus
pés de lótus.
Então o menino tentou levantar o pote vazio e seguir para casa. Por alguma razão, ele não
conseguia erguer o pote. A remover a tampa, viu que ele estava cheio de jóias e ouro.
O vaqueirinho correu pela estrada em direção ao Senhor Caitanya. Encontrou o Senhor
esperando pelos Seus associados a curta distância dali. Gaur€‰ga sorria benevolamente
para o menino. Quando os associados do Senhor Caitanya chegaram, ficaram felizes ao
verem que aquele vaqueirinho havia alcançado os pés de lótus do Senhor. Gaur€‰ga
disse:
- Ei, vaqueirinho, volte para casa. Você alcançou uma bênção e KŠa deu-lhe Sua
misericórdia.
Enquanto andava para casa o menino foi investido de amor a Deus. Dançava e cantava
como louco no êxtase de KŠa-prema. Todos os aldeões se encheram de alegria ao verem
que aquele vaqueirinho havia recebido a misericórdia do Senhor.
Feliz, Locana d€sa canta as glórias de Gaur€‰ga.
Gradualmente, Gaur€‰ga e Seu grupo foram chegando a Gauda-desh. Depois de se
banharem no Ganges, Gaurahari seguiu para R€dh€-desh e parou na vila de Kulia. O
Senhor Caitanya pensou:
- Como um sanny€s…, é Meu dever ver o local da Minha vida anterior.
Assim que o Senhor Caitanya parou em Navadv…pa, todos na vila correram para vê-lO.
Esquecendo-se de suas misérias, disseram felizes:
- Ó Gaurasundara voltou!
As donas de casa de Nadia abandonaram os seus parentes e correram para ver o Senhor.
®ac…m€t€, com o cabelo e as vestes em desalinho, correu para ver o seu filho querido:
- Onde está o meu Vivambhara? Quero vê-lO e beijar Sua face maravilhosa. Ó meu
Nim€i voltou para Nadia! Pessoal, por favor, segurem-nO; não está errado se vocês
fizerem isso. Ele é a vida e a alma de todo mundo. Se Ele não ficar em Nadia, como
manteremos nossas vidas? E sem vida como os nossos deveres religiosos poderão ser
mantidos?
Então ®ac…m€t€ foi se encontrar com Gauracandra que estava sentado numa €sana.
®ac…m€t€ disse:
- Ó meu Nim€i! Volte para casa. Não quero que Você seja um sanny€s…. Tomando
sanny€sa Você negligenciou os Seus deveres, É melhor que eu morra primeiro; depois
Você toma sanny€sa e fique fazendo todas estas coisas.
Confusa e chorando, ®ac…m€t€ simplesmente contemplava o corpo de Gaur€‰ga. Ela
desejava tocar o seu filho e limpar o seu corpo que estava coberto pelo pó da estrada.
®ac… disse:
- Ó meu filho querido. Quero que sentes em meu colo.
Até mesmo a terra se abriria ao receber o toque das piedosas lágrimas de ®ac…dev….
Não só os seres humanos, mas até as pedras se derretiam pelo seu choro. Emocionados,
todos ficaram imóveis em torno de Mah€prabhu e choraram como loucos. Vendo a
infelicidade de ®ac…m€t€ e todo mundo chorando, o Senhor Gaur€‰ga pensou:
- O que devo fazer para acalmar Minha mãe?
Então Gaur€‰ga disse:
- Não chore mãe, ouça-Me. Antes você disse que Eu poderia tomar sanny€sa, e agora
está chorando por causa dela. Estando sob a influência de m€y€, você ainda Me considera
seu filho. No mundo material ninguém pode escapar de m€y€.
®ac…m€t€ disse:
- Ó sem coração, ouça-me. Você nasceu nesta Terra como meu filho. Por isso as pessoas
aqui têm-me adorado. Você é o mais querido por todos; assim sendo, Você é adorado
nestes três mundos. Através das escrituras posso compreender o Seu caminho de amor e
afeto. Você pode ser o que for, mas é meu filho, vida após vida. E que Você sempre seja
meu filho.
O Senhor Caitanya ficou perturbado com as palavras de Sua mãe. Ele realizou que ela
não poderia se livrar da ilusão e disse:
- Faça o que quizer fazer, mas tenho um último pedido.
®ac…m€t€ disse:
- Você deseja deixar Navadv…pa porque ViŠupr…y€ e sua infeliz mãe moram aqui.
Para satisfazer ®ac…m€t€, Gaur€‰ga entrou em Navadv…pa e ficou no Burakona-
ghata, perto de Sua casa anterior. Ele esmolou pras€da na casa de Suklambhara
Brahmacari. Antes de partir, na manhã seguinte, Mah€prabhu ofereceu respeitos à Sua
mãe:
- Estou preso à sua afeição materna. Mas por que você se esqueceu de nosso acordo
anterior? Sempre estarei com qualquer um que sirva o Senhor ®r… KŠa, seja ele um
devoto, ViŠupr…y€ ou você.
Então, oferencendo respeitos à Sua mãe, repetiu:
- Sempre sirva KŠa e não se apegue à existência material.
Sabendo que Gaur€‰ga estava prestes a deixar Navadv…pa, o coração de ®ac…m€t€
batia com dor. Todos os devotos seguiram o Senhor conforme Ele caminhava para fora
da vila. O Senhor Caitanya parou em ®antipura e passou o dia todo em k…rtana-vil€sa
(saboreando o néctar de cantar Hare KŠa).
Estando extremamente ansioso por ver o Senhor Jagann€tha, no dia seguinte Gaur€‰ga
partiu para Nil€cala. O Senhor Caitanya disse para todos os devotos de Nadia:
- Por favor, voltem para suas casas. Agora vou ficar em Nil€cala. Quando vocês forem
ver o Senhor Jagann€tha, poderão me visitar.
Todos os devotos cairam chorando quando o Senhor partiu. Seguindo o mesmo caminho
de antes, o Senhor Caitanya logo chegou a Tamaluka. Gaur€‰ga, absorto na felicidade
de KŠa-prema, fez Sua jornada sem fadiga. As pessoas que viram o Senhor Caitanya pelo
caminho ficaram inundadas no banho nectário de puro amor a Deus.
O rei disse:
- Govinda, o que devo fazer para poder ver os pés de lótus do Senhor Caitanya?
Govinda respondeu:
- Ó rei, não fique triste. Mas não poderás vê-lO agora.
O rei indagou:
- Quando poderei?
Com sua afeição aumentando, o rei ficou na cidade o dia todo sem ir para lugar algum. O
rei Prataparudra apelou humildemente pela ajuda dos devotos do Senhor Caitanya. Pur…
Gosv€m… e alguns outros decidiram ajudar o rei a se encontrar com o Senhor Gaur€
‰ga.
Dali a pouco, os devotos reuniram-se na casa de Kai Mira e fizeram planos de informar
ao Senhor sobre o desejo do rei. Sentindo simpatia pelo rei, Pur… Gosv€m… se
aproximou do Senhor alguns dias mais tarde e disse polidamente:
- Meu Senhor, desejo fazer-Te um pedido, mas estou com medo. Mas se ordenares, Te
direi o que é.
O Senhor Caitanya disse:
- Ó Meu querido Pur… Gosv€m…. Sob os Meus pés, não precisas ter medo algum. Por
favor, revele o teu coração.
Pur… Gosv€m… então disse:
- Manterás a minha palavra? Depois de discutir com Kai Mira e os outros devotos, estou
Te dizendo que o rei Prataparudra de Nil€cala é um servo pessoal do Senhor Jagann€tha.
Ele vem repetidamente nos solicitando ajuda para alcançar os Teus pés de lótus. Se
permitires, então ele poderá satisfazer este seu desejo.
O Senhor Caitanya respondeu:
- Ouçam todos vocês. As escrituras proibem que um sanny€s… se encontrem com um rei.
Como vocês sabem, sou um sanny€s… e ele é um rei; assim sendo, não tenho nada a
tratar com ele.
Pur… Gosv€m… argumentou:
- Senhor Gaur€‰ga, por favor, ouça. Ao o rei ouvir isso, sucumbirá. Nós
testemunhamos o seu intenso amor por Ti. Nossas palavras vão lhe partir o coração. Hoje
é o décimo dia em que o rei jejua. Ele passa os seus dias desejando de todo coração
encontrar-se conTigo.
O Senhor Caitanya disse:
- Muito bem, por favor, tragam o rei até aqui.
Todos os devotos, muito contentes, trouxeram o rei Prataparudra para ver o Senhor
Caitanya Mah€prabhu. Prestando reverências ao Senhor Caitanya, o rei em êxtase
esqueceu-se de si mesmo. Seus olhos estavam úmidos de lágrimas e pequenas pápulas
surgiram em todo o seu corpo. O rei ficou tomado de emoções ao ver o explêndido corpo
de Gaurasundara. O Senhor retribuia sorrindo.
De repente, o Senhor Caitanya manifestou uma maravilhosa forma de seis braços para o
rei Prataparudra. Atônito, o rei ofereceu dandavats e então tentou se levantar. Tomado
pelo êxtase, o rei cambaleou; lágrimas rolavam de seus olhos e seu corpo ficou inteiro
tomado de arrepios. As quatro direções ressoaram com Hari-n€ma-sa‰k…rtana.
Flutuando num oceano de amor puro a Deus, o rei exclamou com uma voz embargada,
cheio de lágrimas:
- Prabhu! Prabhu!
Erguendo os braços, o rei cantava e dançava em êxtase:
- Hari bol! Hari bol! Ó meu Senhor, com Tua bênção agora a minha vida é perfeita.
Os devotos sentiram bem-aventurança ao verem que o rei alcançara KŠa-prema. O
Senhor Caitanya disse:
- Ouça, és o rei. Teu dever principal é zelar pelos teus súditos. Os súditos são como filhos
e o rei é como um pai. Esta é a essência. O Senhor KŠa concede Sua misericórdia para
todas as entidades vivas igualmente. De acordo com a sua natureza, ela recebe um tipo
particular de corpo. Quer alguém seja rei ou súdito, deve sofrer e desfrutar. É pelo karma
que alguém se torna rei ou súdito. Lembre-se que quem trata todos os demais como se
tratasse a si próprio é o verdadeiro servo do Senhor ®r… KŠa.
Desta maneira, o Senhor Caitanya instruiu o rei Prataparudra, que muito feliz, prestou
reverências ao Senhor.
Locana d€sa canta alegremente os passatempos gloriosos de Gauracandra.
Agora vou contar outro maravilhoso episódio dos sempre recentes passatempos
transcendentais do Senhor Caitanya. Por favor, ouçam atentamente a estes tópicos
confidenciais. Os vaiŠavas desfrutavam ilimitado prazer na associação diária com
Gaurahari.
Havia um brâmane dravidiano ( do sul da Índia) chamado R€ma. Ele era pobre e
miserável devido a privações. Seu corpo era como um saco de pele e ossos. Seu
estômago queimava de fome e ele não podia tolerar sua extrema pobreza. Um dia ele
pensou:
- Como poderei me libertar desta miséria? Em minha vida passada, devo ter cometido
muitos pecados horríveis, e agora estou sofrendo por eles. Sei que devo sofrer muito, mas
de alguma maneira quero que aliviar desta miséria.
O brâmane sabia que só Deus é quem pode mudar o karma e dar alívio. Ouviu dizer que
o Senhor Jagann€tha, o Senhor do Universo, estava residindo em Nil€cala. Assim, ele foi
vê-lO e pedir-Lhe Sua misericórdia. O brâmane continuou pensando:
- Sou um pobre brâmane sofrendo privações. Todo mundo diz que KŠa é o bem-querente
dos brâmanes, mas devido às minhas ofensas, o Senhor vem me ignorando. Assim sendo,
deixe-me abandonar esta vida inútil.
No devido curso, o brâmane chegou a Nil€cala e teve um darana do Senhor Jagann€tha.
O brâmane orou:
- Meu Senhor, sou um pobre brâmane que está sofrendo terrivelmente e está a ponto de
morrer. Por favor, remova esta minha pobreza e dê-me abundantes riquezas. De outra
maneira, vou me matar bem diante de Teus olhos.
E o brâmane começou a jejuar.
Enquanto isso, o Senhor Caitanya estava sentado pacificamente, rodeado pelos Seus
devotos íntimos, cantando feliz as glórias de Vnd€vana. De repente, o Senhor, sentindo
aflição em Seu coração, ficou em silêncio. Os devotos imaginaram porque o Senhor tão
abruptamente mudou de ânimo e ficou tão silencioso.
Apesar do brâmane estar jejuando a sete dias, o Senhor Jagann€tha não lhe deu resposta.
Muito enfraquecido pelo jejum, o brâmane decidiu se afogar no oceano. De pé na praia,
pediu ao mar que lhe desse um lugar. Neste momento, uma pessoa forte, alta como uma
montanha, emergiu de repente do oceano. O brâmane imaginando quem poderia ser
aquela pessoa que saia do oceano, percebeu que a medida que que ela se aproximava da
praia ia adquirindo a estatura de uma pessoa normal e divagou:
- Este homem deve ser o Senhor Jagann€tha, pois quem mais poderia surgir deste modo
do meio do oceano?
Então o brâmane seguiu aquele homem pela praia por uma certa distância. O homem
parou, virou-se para trás e perguntou:
- Quem é você e para onde está indo? Diga-me ao certo.
O brâmane respondeu:
- Estou muito fraco por ter jejuado por sete dias. Depois de ver-te minha vida passou a
ser um sucesso. Diga-me francamente que és, não me decepciones, ou serás o culpado
pela morte de um brâmane.
O homem disse:
- Por que você deseja saber a minha identidade? Sou o que sou. O que importa saber
quem eu sou? A propósito, por que você está jejuando até a morte?
Disse o brâmane:
- Estou sofrendo devido à minha extrema pobreza. Não posso manter o meu estado
bramínico. Tenho passado meus dias e minhas noites sem comer nada. Minha família não
liga para mim. Não tenho nenhum abrigo. Prefiro morrer do que viver, assim estou
cometendo suicídio por inanição.
Ao ouvir a lamentação do brâmane, o coração daquela grande personalidade ficou
derretido. O homem então disse:
- Ó brâmane. Ouça, meu nome é Vibhisana e estou indo ver os pés de lótus do Senhor
Jagann€tha. Você está sofrendo por causa dos pecados anteriores. Atadas pelo resultado
de seu karma, as pessoas neste mundo sofrem ou desfrutam. Elas só ficam livres do
karma depois de experimentar os resultados. Com devoção amorosa vá ver a sorridente
face do Senhor Jagann€tha. Então você deverá superar todas as misérias, e não deverá
sofrer tanto nas próximas vidas.
Depois de dizer isso, Vibhisana começou a andar para o templo. O pobre brâmane andou
atrás dele. Enquanto isso, Gaurahari, que estava sentado com os Seus associados, pediu a
Govinda para ver quem estava parado na porta. Vibhisana estava ali com o brâmane.
Govinda voltou e disse ao Senhor Gaur€‰ga que dois brâmanes estavam esperando na
porta do templo de To˜a-Gopin€tha. Por ordem de Gaur€‰ga, Govinda cordialmente os
recebeu e conduziu-os para se encontrarem com o Senhor Caitanya.
O brâmane foi convidado a sentar-se ao lado do Senhor e o pobre brâmane que jejuava
teve que ficar a distância. Para a surpresa de todos, Gaur€‰ga Se dirigiu afetuosamente
para o brâmane sentado ao Seu lado:
- Depois de tanto tempo, agora voltamos a nos encontrar.
Mah€prabhu e o brâmane choraram profusamente. Então o Senhor acariciou o brâmane
com Suas mãos maravilhosas e perguntou-lhe sobre o seu bem-estar. Nenhum dos
associados do Senhor Caitanya conhecia aquele brâmane; nem entenderam a conversa. O
Senhor Caitanya disse ao brâmane sentado ao Seu lado:
- Você sabe que aquele brâmane que está ali atrás está sofrendo miseravelmente, Ele
perdeu todo o seu conhecimento devido à pobreza. Como resultado veio para cá irado e
culpando o Senhor Jagann€tha pelas suas dificuldades. É da natureza das pessoas nunca
encontrarem faltas em si mesmas. Depois de fazerem algo errado vêm culpar o Senhor.
Quando sofrem pelos seus erros elas acusam o Senhor, mas quando desfrutam dos
resultados, dizem que é devido às suas próprias qualidades meritórias. Aquele brâmane
pretendia morrer jejuando nestes últimos sete dias. O que o Senhor Jagann€tha, que é o
bem-querente dos brâmanes, pode fazer por ele? Entretanto, parece que ao vê-lo suas
misérias foram-se embora. Agora, dê-lhe um oceano de riquezas e faça-o feliz.
O brâmane amistoso disse:
- Sim, meu Senhor. Farei como dizes.
Depois de prestar reverências ao Senhor, os dois brâmanes sairam. Os associados do
Senhor Caitanya estavam completamente perplexos com estes relacionamentos entre o
Senhor e os brâmanes.
Enquanto isso, lá fora, o brâmane pobre perguntou a Vibhisana:
- Dissestes àquele sanny€s… que eras o rei Vibhisana. Depois de prestar reverências ao
sannya€s… por que vais embora sem visitar o templo do Senhor Jagann€tha?
Prometestes cumprir a ordem do sanny€s…. Quem é afinal aquele sanny€s…? Por favor,
conte-me. Sou um pobre e miserável brâmane; não me pregues uma peça.
O rei Vibhisana disse:
- Ouça, seu tolo brâmane de cabeça dura! Você acabou de ver o Senhor Jagann€tha em
pessoa, diretamente com os seus próprios olhos. O seu desejo de possuir grande riqueza
foi agora satisfeito. Agora, pode ir para sua casa em Dravida-desh (sul da Índia), que irei
até lá contigo e lhe darei a riqueza toda que almeja.
Ao ouvir isso, o brâmane batia a cabeça de angústia. Caiu colapsado ao solo, agarrando
os pés de Vibhisana. o brâmane disse:
- Por favor, leve-me de volta para ver o Senhor Caitanya. Agora sei que sou um brâmane
ignorante, mas vamos voltar e ver o Senhor.
Concordando, Vibhisana levou-o de volta para ver o Senhor Caitanya. Ao ver o par de
brâmanes novamente, o Senhor Gaur€‰ga disse:
- Ó por que vocês voltaram?
Vibhisana respondeu:
- Meu Senhor, pergunte a este brâmane a razão.
O brâmane disse:
- Ó venerável Gosv€m…, sou um ignorante. Senhor, és a vida e a alma de incontáveis
entidades vivas. Na verdade, és o próprio Senhor Jagann€tha. Sou o mais baixo e o pior
ofensor. Devido ao meu mau karma, sofro pela pobreza, doenças e outras misérias.
Devido a minha condição de pobreza, vim até Ti procurar o remédio errado. Mas, Tu és o
melhor dos doutores; assim por favor, dê o remédio correto. Estou morrendo pelos
malefícios de minha vida passada.
Ao ouvir esta confissão, o Senhor Caitanya riu e disse:
- O Senhor Jagann€tha te prestou um favor. Vá embora, agora sofra o que desejar, seja
felicidade ou aflição. No final, alcançarás os pés de lótus do Senhor Jagann€tha.
Depois de ouvir isso o brâmane prestou dandavats ao Senhor Gaur€‰ga. Os devotos
exclamaram "Hari bol! Hari bol!" Depois de receber esta bênção, Vibhisana e o brâmane
pobre deixaram a casa num humor alegre.
Pur… Gosv€m… disse:
- Prabhu, para nossa purificação, tenha bondade de explicar, o que aconteceu? Todos nós
estamos curiosos mas temos medo de Te perguntar. Assim, tomando coragem, indaguei
para o benefício de todos os Teus devotos.
Mah€prabhu respondeu:
- Ouça Pur… Gosv€m…, sei que nenhum de vocês entendeu o que aconteceu. Aquele
pobre brâmane estava sofrendo tremendamente enquanto vivia no sul da Índia, Oprimido
pela pobreza, veio para cá se lamentar com o Senhor Jagann€tha. Vendo sua condição
miserável, o Senhor Jagann€tha sentiu pena dele. Por arranjo do Senhor, ele conheceu o
rei Vibhisana, que era aquele brâmane que se sentou ao Meu lado. O rei Vibhisana
satisfez aquele brâmane dando-lhe abundante riqueza.
Os devotos explodiram de êxtase ao ouvirem esta história. A terra e o céu se encheram de
KŠa-prema. Todos dançaram jubilantes, cantando: "Hari bol! Hari bol! Hari bol!"
Felizes, todos os devotos se abraçaram uns aos outros.
Ouçam todos, os maravilhosos. bem-aventurados, transcendentais passatempos de ®r…
Caitanya Mah€prabhu. Assim Locana d€sa conclue o capítulo final do ®ea-khaŠa, e
completa este trabalho, o ®r… Caitanya Ma‰gala.
Todas as glórias para Ivara Svami, que é muito querido de R€dh€r€Š… por ter abrigado
aos pés de ®r…la Prabhup€da. Quando uma pessoa tão caída como eu será digna de sua
misericórdia? Oro a Locana d€sa e ao Senhor Caitanya Mah€prabhu que me concedam
esta bênção.