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®R… CAITANYA MANGALA

NOTA INTRODUTÓRIA

A tradução inglesa do clássico bengali do século dezesseis, ®r… Caitanya Ma‰gala, de


Locana d€sa µh€k™ra, é dedicada ao meu querido mestre espiritual, Sua Divina Graça
A.C. Bhaktivedanta Svami Prabhup€da, o Fundador-€c€rya da Sociedade Internacional
para a Consciência de KŠa.
®r…la Prabhup€da tinha enorme prazer em cantar maravilhosos bhajanas compostos por
Locana d€sa. Em 1969, depois cantar em estado de bem-aventurança Parama Karuna (de
Locana d€sa), ®r…la Prabhup€da disse:
"Locana d€sa µh€k™ra foi um grande devoto do Senhor Caitanya, quase que
contemporâneo. Ele foi um €c€rya da Gaud…ya-saˆpradaya e escreveu Caitanya Ma
‰gala, um livro muito famoso que descreve as atividades do Senhor Caitanya.”

PREFÁCIO

Locana d€sa nasceu em 1520 em Kograma dentro de Gaura-ma‰dala, Bengala


Ocidental. Ele foi discípulo de ®r… Narahari Sarakara µh€k™ra, um eterno associado
íntimo de ®r… Caitanya Mah€prabhu. Um dia, em 1537, seguindo as instruções de seu
guru, Locana d€sa sentou-se sobre uma laje de pedra debaixo de uma árvore badari e
começou a escrever o Caitanya Ma‰gala num pedaço de cortiça.
Uma vez que Vnd€vana d€sa µh€k™ra já havia escrito um livro entitulado Caitanya
Ma‰gala, os devotos líderes em Vnd€vana (®r… Raghunatha d€sa Gosv€m…, ®r…
Jiva Gosv€m…, Kasi vara Pandita, PaŠ ita Harid€sa Gosv€m… e Anant€c€rya) se
reuniram para resolver o problema. Decidiram que o livro de Vnd€vana d€sa passaria a
se chamar Caitanya Bh€gavata e o livro de Locana d€sa µh€k™ra continuaria a se
chamar Caitanya Ma‰gala.
Na "História e Literatura dos Gau…ya VaiŠavas", Dr. S. Das (um discípulo de ®r…
la Bhaktisiddhanta Sarasvat… µh€k™ra) diz: "Locana d€sa não pretendia ser um doutor
em teologia. Foi um músico como o seu preceptor (Narahari µh€k™ra). Fez música e
dedicou suas proeminentes habilidades musicais a serviço de sua missão. Locana d€sa
não compôs este maravilhoso poema narrativo, o Caitanya Ma‰gala, para pregar
filosofia abstrata e uma doutrina labiríntica para que as pessoas engolissem. Mais
propriamente, desejava marcar a mente das pessoas do povo com o caráter divino de
®r… Caitanya e por este meio despertar sua sensibilidade religiosa."
No "VaŠava Abhidana", Haridasa Das€ (um famoso historiador Gau…ya vaiŠava)
descreve o Caitanya Ma‰gala:
"Locana d€sa baseou o seu Caitanya Ma‰gala na biografia em sânscrito, autorizada, que
Mur€r… Gupta fez do Senhor Caitanya entitulada '®r…-kŠa-caitanya-carita'. O Caitanya
Ma‰gala foi escrito em linguagem simples, maravilhosa, e pode ser cantado em vários
ragas belíssimos. O Caitanya Mangala é rasatmaka-€stra (livro cheio de rasa) e o
Caitanya Bh€gavata é varnanatmaka-€stra (livro cheio de descrições). Em alguns casos,
as expressões poéticas de Locana d€sa ultrapassam as de Vind€vana Das€ µh€k™ra. Os
leitores não devem confundir o livro autêntico e autorizado de Locana d€sa µh€k™ra, o
Caitanya Ma‰gala, com outro livro de mesmo nome escrito por Jay€nanda. O livro de
Jay€nanda tem muitas descrições estranhas do Senhor Caitanya Mah€prabhu. Dentro da
sociedade vaiŠava, o livro de Jay€nanda não é amado, apreciado ou amplamente lido.
Na verdade, o Bhakti-ratnakara nem sequer menciona ou se refere a este livro. Jay€nanda
não mostrou nenhum talento em sua composição; sua escrita é incoerente e lodosa."
Para produzir esta tradução inglesa do ®r… Caitanya Ma‰gala, usamos uma edição
bengali de 1929 publicada por ®r…la Bhaktisiddhanta Sarasvat… µh€k™ra adquirida
no escritório da Gau …ya Math em Bagbazar, Calcutta. Entre 1920 e 1936 ®r…la
Bhaktisiddhanta Sarasvat… µh€k™ra imprimiu muitos livros importantes, inclusive o
®r…mad Bh€gavatam, Bhagavad-g…t€, Caitanya-carit€mta, Caitanya Bh€gavata,
Caitanya Ma‰gala, Brahma-samhita, Upadeamta, Prema-bhakti-candrik€ e Bhakti-
sandarbha.
®r…la Prabhup€da seguiu estritamente os exemplos e os ensinamentos do seu mestre
espiritual, ®r…la Bhaktisiddhanta Sarasvat… µh€k™ra. Através de sua Bhaktivendanta
Book Trust (BBT), ®r…la Prabhup€da publicou a maioria dos livros que seu Guru
Mah€r€ja também publicara. Recentemente, ®r…la Prabhup€da tem inspirado a BBT a
publicar uma tradução inglesa dos Sandarbhas de ®r… J…va Gosv€m….
Similarmente, ®r…la Prabhup€da nos inspirou a publicar esta edição inglesa do ®r…
Caitanya Ma‰gala. Esperamos que nosso Guru Mah€r€ja, ®r…la Prabhup€da, nosso
param-guru, ®r…la Bhaktisiddhanta Sarasvat… µh€k™ra e todos os devotos fiquem
satisfeitos com nosso esforço.

®r… Guru e Gaur€‰ga Jayat€ƒ!

Mah€nidhi Svami
KŠa-Balarama Mandir
Vnd€vana-dh€ma
Guru (Vy€sa) Punima
22 de julho de 1994.

S¶TRA-KHANDA

CAPITULO 1

PRECES DE INVOCAÇÃO
Todas as glórias a ®r… KŠa Caitanya Mah€prabhu, o melhor de todos os sanny€s…s.
Na Kali-yuga, Ele surge em Sua forma completa para dar a principesca jóia do amor ao
Supremo para as almas rendidas. O Senhor libera os devotos e os satisfaz com o raro
presente de prema-bhakti, amor puro por Deus. Mas, bramindo como um raio, Ele
esmaga os ateístas do mundo reduzindo-os a pó.
Oro a ®r… Vighnasana, o Senhor Ganea, que tem o corpo de um enorme elefante com
uma presa. Ele trás sucesso a todos os esforços. Todas as glórias ao Senhor Ganea, o
filho de Parvat… Dev….
De mãos postas, oro para o Senhor ®iva e Parvat…. Caiamos todos a seus pés,
oferecendo os nossos respeitos. O Senhor ViŠu é o único amo dos três mundos. O Senhor
®iva e Parvat… podem conferir a qualquer um a bênção de ViŠu-bhakti.
Oro para que a deusa Sarasvat… comande os meus lábios para que possam glorificar
Gaurahari, que ainda é desconhecido nestes três mundos. Possam os maravilhosos tópicos
sobre o Senhor de Sarasvat…, de compleição dourada, fluir de minha boca.
Humildemente peço aos semideuses e a todos os meus superiores para que nada obstrua
minha tentativa de glorificar o Senhor Gaurahari. Permitam que não peça a bênção de
riquezas; pois sou uma alma caida e pecaminosa. Mas, por favor, permitam que complete
este livro sem nenhuma dificuldade.
Deixem-me glorificar os devotos puros do Senhor ViŠu e os mais afortunados
mah€bh€gavatas. Estes devotos elevados purificam o mundo inteiro com suas qualidades
divinas. Eles são misericordiosos para com todos, e todos os amam. Tais devotos são as
personalidades mais auspiciosas neste mundo.
Sou uma pessoa completamente desqualificada, incapaz de distinguir a direita da
esquerda. Entretanto, estou tentando pegar o céu com minhas mãos, como um cego
tentando ver uma jóia cintamani no alto de uma montanha. Não sei qual será o resultado.
Mas, tenho uma esperança: Que o Senhor Caitanya será misericordioso, pois Ele não
considera se alguém é bom ou ruim. Não olhando as desqualificações, o Senhor distribui
livremente abrigo aos Seus pés de lótus a qualquer um.
Por favor, ouçam a descrição do comportamento de um devoto puro. Dedicando sua vida
aos outros, ele dá sua misericórdia sem causa para todas as entidades vivas. Ele fica feliz
e faz os outros felizes. Este Locana d€sa só tem uma esperança: Deseja alcançar os pés
de lótus de Narahari Sarakara µh€k™ra (seu mestre espiritual), que é o seu senhor e
dono de sua vida. Apesar de muito caido, desejo glorificar as indescritíveis qualidades do
Senhor Caitanya Mah€prabhu. Para alcançar esta perfeição, mantenho os pés de lótus de
Narahari µh€k™ra em meu coração eternamente.

ORAÇÕES AO SENHOR GAURANGA E SEUS ASSOCIADOS

Todas as glórias a ®r… KŠa Caitanya, ®ri Nity€nanda Prabhu, ®r… Advaita
Candra e a todos os Gaura-bhaktas.
Todas as glórias a Narahari e a Gad€dhara PaŠita, os senhores do meu coração. Por
favor, lancem sobre mim o olhar mais misericordioso e auspicioso.
A forma dourada transcendental de Gaur€‰ga é a encarnação de toda compaixão. Com
minhas seletas orações, glorificarei Seus róseos e brilhantes pés de lótus. Permita que os
devotos se sentem juntos e sejam abençoados pelo toque dos pés de lótus de Gaur€‰ga.
Ó Senhor, querido de ®acim€t€, deixe-nos oferecer nossas respeitosas reverencias a Ti.
Por favor, olhe favoravelmente para nós e nos conceda uma gota de Tua misericórdia.
Todas as glórias para Advaita šc€rya, o melhor de todos os Senhores. O mundo se tornou
afortunado pela misericórdia de Teus pés de lótus. Ó S…t€-pranan€tha! (o Senhor do
coração de sua esposa, S…t€) De mãos postas, eu o louvo e imploro por sua
misericórdia.
Adoro ®r… Nity€nanda Prabhu, o filho de Rohin… Dev…, o avadhuta, que é não-
diferente do Senhor Caitanya.
Antes de tudo, deixe-me glorificar os pés de lótus de Garg€c€rya, que se orgulhando do
seu neto Gaur€‰ga, fica louco em êxtase quando louva Suas qualidades.
Adoro Jagannath€ Misra, o pai de Vi vambhara, e ®ac… µh€k™ran…, Sua mãe.
Adoro Lakm… µh€k™ran…, que foi mordida pela serpente da separação do Senhor
Caitanya.
Adoro ViŠupr…ya Dev…, que aceita os róseos pés de lótus do Senhor Caitanya como
Seu ornamento.
Alegremente, glorifico PuŠarika Vidy€nidhi, por quem Mah€prabhu chorou em êxtase.
Glorifico os pés de lótus de M€dhavendra Pur…, Ÿavara Pur… e ®r… PaŠita
Gosv€m….
Adoro Govinda Gosai e Vakrevara PaŠita que são como abelhas enlouquecidas atrás do
doce néctar dos pés de lótus de Gauranga.
Adoro Param€nanda Pur…, ViŠu Pur… e Gad€dhara D€sa, mantendo os seus pés em
minha cabeça.
Com o coração cheio de alegria, oro a Mur€r… Gupta. Por favor, me abençoe para que
possa glorificar o ®i Gaur€‰ga Mah€prabhu adequadamente.
Glorifico ®r…vasa µh€k™ra e Harid€sa µh€k™ra. Só desejo alcançar os pés dos
irmãos Vasudeva Datta e Mukunda Datta.
Glorifico R€ya R€m€nanda que é uma morada do amor.
Deixe-me louvar constantemente Jagad€nanda PaŠ ita.
Adoro R™pa, San€tana e Damod€ra PaŠ ita. Também ofereço minhas reverências a
Raghava PaŠ  ita.
Adoro ®r… R€ma, Sandar€nanda, Gaur…d€sa e todos os seguidores do Senhor
Nity€nanda.
Glorifico meu senhor adorável, Narahari µh€k™ra, que me protege neste mundo e no
próximo. Além dele não tenho nenhum outro amigo nestes três mundos. Sendo assim,
deixe-me adorar Narahari µh€k™ra que é um oceano das qualidades de Gaur€‰ga.
De mãos postas, deixe-me cair ao solo e oferecer as minhas reverências a Govinda,
M€dhava e Vasu Ghosh.
De todo coração glorifico ®r… Vnd€vana d€sa µh€k™ra, que encantou o mundo
como as palavras do seu Caitanya Bh€gavata.
Meu caro irmão, devemos glorificar sempre a Deidade da família de Raghun €ndana.
Como um menino, Raghun€ndana µh€k™ra deu um laddu a sua Deidade de KŠa.
Quem pode considerar este menino como uma pessoa ordinária?
Adoro seu pai, ®r… Munkunda d€sa, que teve fé inabalável no caminho mostrado por
®r… Catanya Mah€prabhu.
Adoro todos os devotos do Senhor, conhecidos e desconhecidos. Mantenho seus pés
sobre a minha cabeça como a jóia de uma coroa.
Adoro os mah€ntas e os seus seguidores. Sempre canto as glórias de seus pés.
Não se importem se menciono o nome de alguém antes do nome de outrém. Não há
ordem alfabética precisa. Se, por engano, esqueço de glorificar o nome de alguém, peço
desculpas oferecendo a ele cem reverências.
Glorifico todos os devotos, tanto na Terra como nos céus. Ofereço minhas reverências a
todos eles, um por um.
Desejando alcançar amor pelo Supremo, deixe-nos alegremente glorificar as qualidades
transcendentais de ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu.
Eu, Locana d€sa, como o coração radiante de alegria, canto as glórias transcendentais de
®r… Caitanya Mah€prabhu.

A FONTE DO CAITANYA MANGALA

Primeiro, deixe-me pedir as bênçãos de todos os mah€bh€gavatas. E então, poderei


cantar as glórias do Senhor apropriadamente. Sou o mais baixo entre os caidos, assim,
como posso explicar a grandeza do caráter trancendental de ®r… Caitanya? Uma vez que
nada sei, qual a utilidade de minhas palavras incoerentes? Se, sem conhecer as verdades
reveladas sobre o Senhor Caitanya, tentar dizer algo, ficarei embaraçado diante das
grandes almas.
Apesar de não qualificado e cheio de faltas, acalento um desejo intenso de cantar as
doces qualidades de ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu.
Enquanto vivia em Navadv…pa, ®r… Mur€r… Gupta teve a oportunidade de estar
sempre em compania de Gauracandra. Quem pode descrever sua grandeza? Ele é
conhecido no mundo como Hanum€n. Depois de atravessar o oceano para Lanka,
Hanum€n queimou e arruinou o palácio de RavaŠa. E então, Hanum€n trouxe a R€ma as
novidades sobre Sua amada S…t€ Ele reviveu LakmaŠa trazendo-lhe visalya-karani
(uma herva medicinal). O mesmo Hanum€n agora reside em Nadia como Mur€r…
Gupta.
Sendo altamente realizado, Mur€r… Gupta conhece todas as verdades. Como um
associado eterno do Senhor, vive fixo aos pés de lótus de ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu.
Ele contou com maestria todos os passatempos infantis e juvenis do Senhor Caitanya em
seu grande épico sânscrito: "®r…-kŠa-caitanya-carita-mah€kavya. (também chamado
Kac€, diário)
Em confidência, Mur€r… Gupta explicou a ®r… D€modara PaŠita os passatempos
transcendentais de Gaur€‰ga do começo ao fim, e como o Senhor misericordiosamente
distribuiu amor ao Supremo. D€modara PaŠita registrou estas confidências como lokas
em seu Kac€ (diário).
Lendo este livro, me inspirei em escrever a biografia do Senhor Gaur€‰ga, usando a
forma de verso bengali chamada panchali.
Apesar de não ser qualificado para escrever esta biografia, por favor não a negligenciem
e nem fiquem irados comigo. Como uma criança ignorante que deseja tocar a lua ao vê-
la, quem não deseja provar o néctar quando este está diante de si? Da mesma maneira,
desejo glorificar o Senhor Gaurasundara e assim sendo, preciso da misericórdia dos
vaiŠavas.
Deixe-me oferecer reverências aos pés de lótus dos vaiŠavas. Meu coração deseja cantar
as maravilhosas qualidades de Gaur€‰ga. Meu senhor adorável é Narahari Sarakara
µh€kura. E com um coração humilde, peço a ele que por favor realize este meu desejo.

BREVE ESBOÇO DOS ASSUNTOS NO CAITANYA MA¥GALA

Primeiro, descreverei o maravilhoso passatempo de como Advaita šc€rya, o melhor dos


brâmanes, adorou o ventre de ®ac…mata. ®r… Caitanya Mah€prabhu, o Senhor dos três
mundos, apareceu na Terra junto com Seus associados eternos.
Narrarei os passatempos da Sua infância, Suas cerimônias de dar-o-nome e de comer-
grãos. Apesar dEle não usar sininhos nos tornoselos, ®ac… ouviu o som destes sininhos
enquanto Nimai engatinhava. Contra a vontade de Sua mãe, Nimai tocava objetos sujos.
E então Ele pregava elevada filosofia para justificar Sua ação.
Para testar Sua força, as senhoras do lugar pediam a Nimai que arrumasse um coco.
Surpreendentemente, em segundos Ele manifestava um. Descreverei como o Senhor
brincava com um cãozinho, alegrando Seus vizinhos. Mur€r… Gupta observou Nimai
brincando na rua com Seus amigos. O povo de Nadia apreciava muito a dança e o canto
do Senhor de Hari-nama junto com Seus amigos.
Seu pai ensinou Nimai a escrever numa lousa de pedra com giz. Todo aquele que ouvir
este passatempo sentirá alívio de todo sofrimento.
E ouçam atentamente enquanto conto sobres as brincadeiras de Vi vambhara com Seu
irmão mais velho, Vi var™pa. Estes dois irmãos eram como Indra e Upendra que
nasceram da mesma mãe. Descreverei a sanny€sa de Vi var™pa e como Vi vambhara
consolou Sua mãe e Seu pai.
Vi vambhara gostava de brincar o dia todo nas margens de areia do Ganges com os Seus
amigos. Vendo isso, Seu pai, Jagann€tha Mira, ficou irado e desapontado. Ele arrastou
Vivambhara até a casa e O censurou por perder tempo com atividades fúteis.
Por favor, ouçam atentamente enquanto descrevo como Nimai, em um sonho, concedeu
misericórdia ao Seu pai. A seguir, contarei sobre o furar da orelha, o cordão sagrado e
outras cerimônias. Depois de completar Seus passatempos da meninice, começarei os
Seus passatempos da juventude. Durante este período, Ele gradualmente manifestou amor
a Deus.
Vivambhara, junto com os Seus colegas, começou a estudar aos pés de Seu mestre. O
Senhor ria ao ouvir o dialeto bengali de alguns dos estudantes. Mais tarde, vou descrever
como Nim€i PaŠita pediu a Sua mãe que observasse ek€da…. Quando Jagann€tha Mira
deixou este mundo Nim€i chorou pela perda de Seu pai.
Falarei sobre a maravilhosa história da cerimônia de casamento do Senhor Gaura, que dá
ilimitada felicidade a todo mundo. Descreverei um incidente confidencial que ocorreu no
caminho do Senhor ao Ganges. A viagem de Gaura à Bengala Oriental (Bangaladesh) e
como Lakm…pr…y€ Dev…, Sua esposa, será contado como ela abandonou este mundo.
Ao retornar, o Senhor Se casou novamente, ensinou aos Seus alunos e viajou para Gay€.
Vocês sentirão um prazer imenso por ouvir atentamente a estas narrativas.
Quando o Senhor voltou de Gay€, exibia constantemente sintomas de êxtase amoroso por
Deus. Ó irmãos! Vocês sentirão imenso prazer ao ouvir os passatempos em Madhya-
khaŠa. Seus cabelos vão ficar em pé quando vocês saborearem estes temas
transcendentais, que são como néctar solidificado. Sinto grande êxtase em meu coração
antes mesmo de descrever como, por discutir KŠa-katha na associação com os devotos,
se manifestará o amor extático por Deus.
Madhya-khaŠa conta sobre os passatempos de Gaur€‰ga em Navadv…pa, pregando e
distribuindo amor pelo Supremo. Estes tópicos fluem como correntes de néctar. O Senhor
Caitanya manifestou passatempos inigualáveis, nunca antes vistos em nenhuma outra
yuga anterior. Contarei como os devotos encontraram o Senhor em Navadv…pa.
Voces ouvirão como ®ac…m€t€ recebeu o presente de prema, e como uma noite Gaura
ouviu o som da flauta de ®r… KŠa. Ouvindo esta flauta, o Senhor ficou tomado de amor
extático, quando de repente, uma mensagem divina vibrou no céu.
O Senhor Caitanya revelou Sua Var€ha-r™pa para dar misericórdia a Mur€r… Gupta. O
Senhor Brahm€ e os semideuses entraram em bem-aventurança ao verem isso. Narrarei
como Suklambhara Brahmacari alcançou amor pelo Supremo. Recebendo a misericórdia
de Gaur€‰ga, Gad€dhara PaŠita chorou o dia e a noite todos em amor extático.
Encobrindo Sua identidade espiritual, ®r… Caitanya manifestou amor extático por Deus.
Apesar de profundidade do amor do Senhor ser insondável, ainda assim Ele a revelou a
todo mundo. Contarei o maravilhoso passatempo do Senhor Gaur€‰ga se encontrando
com ®r… Nity€nanda Prabhu e também com Harid€sa µh€kura. O encontro de Advaita
šc€rya com o Senhor Nity€nanda é especialmente doce.
A salvação de J€gai e M€dh€i será narrada. Explicarei como Gaur€‰ga concedeu
misericórdia a um brâmane e seu filho. Os seguidores do Senhor ®iva receberam a
misericórdia de Gaura. O Senhor Caitanya uma vez Se jogou ao Jahnav… (Ganges)
imediatamente após ver o mau comportamento de um brâmane. Ouvindo este passatempo
os corações de todos nestes três mundo ficarão atônitos.
Ouçam o passatempo sem paralelos de Gaur€‰ga lavando o templo de GuŠic€. Ouçam o
milagre de como Ele curou um leproso. Voces sentirão bem aventurança ilimitada ao
ouvirem como Gaur€‰ga assumiu o humor do Senhor Balar€ma.
Uma vez, enquanto encenava um drama na casa de Candraekhara, Gaur€‰ga manifestou
tamanha prema que sua influência se espalhou pela terra e pelo céu.
Explicarei o tópico confidencial de Gaur€‰ga adotar o incrível humor de renunciante.
Ao ver ®r… Keava Bh€rat… em Navadv…pa, o Senhor sentiu deleite em Seu coração.
Neste momento, Ele decidiu tomar sanny€sa dele. Ouvindo sobre a sanny€sa de Gaur€
‰ga, ®ac…m€t€ e ViŠupr…y€ ficaram submersas em um oceano de aflição. O Senhor
deixou Navadv…pa e tomou a ordem renunciada de Keava Bh€rat… em Katva.
Na casa de Advaita šc€rya, o Senhor Se encontrou com os devotos, consolou a todos e
começou Suas viagens. No caminho para Puruottama Ketra (Jagann€tha Pur…), parou
em RemuŠ€ e compartilhou um passatempo íntimo. Todos sentirão alegria ao ouvir-me
contar cada um dos passatempos transcendentais do Senhor Caitanya.
No caminho para Jajipura, Gaur€‰ga exibiu um maravilhoso passatempo em Ekam-
nagar. Contarei o êxtase que Gaur€‰ga sentiu ao ver o Senhor Jagann€tha e como o
Senhor Caitanya exibiu Sua forma divina para S€rvabhauma Bha˜˜€c€rya.
Os tópicos de Madhya-khaŠa são a essência de todo néctar; mas vocês também vão ouvir
os passatempos em Sesh-khaŠa. Madhya-khaŠa termina com Gaur€‰ga manifestando
amor puro por KŠa. Alegremente, Locana d€sa explica estes temas.
Todas as glórias a ®r… KŠa Caitanya que desceu à Terra como uma encarnação. Mãe
Bhumi foi abençoada por ter sido ornamentada com os Seus divinos pés de lótus.
Para dar misericórdia, a luz do universo apareceu em Navadv…pa. Os devotos ansiosos,
que esperavam por longo tempo, agora correm para Caitanya Mah€prabhu para receber o
presente do Seu amor. Os devotos estavam como abelhas ansiosas voando direto até o
lótus cheio de mel, ou como os passaros cakora que sorvem os raios da lua cheia. Os
devotos estavam loucos como os pássaros cataki que cantam alegremente ao verem as
nuvens de chuva.
Imerso em bem-aventurança, Gaur€‰ga dança como louco e às vezes ruge como um
leão, enquanto distribui amor a Deus. Os devotos, sentindo-se como o homem que
recupera seu tesouro há muito perdido, começam a adorar o Senhor com os olhos cheios
de lágrimas de felicidade. Como os elefantes que se atiram num lago buscando alívio de
um incêndio florestal, os devotos esquecem-se de suas misérias mergulhando no oceano
de nectar de KŠa-prema.
Em êxtase alguém grita alto o nome: "µh€kura!" Num humor jocoso, alguém amarra o
dhoti bem apertado entre as penas, abre os braços como um lutador preparando o ataque.
Todo mundo esquece de si mesmo na bem aventurança de amor a Deus. O mesmo amor
que Lakm… Dev… anseia de mãos postas, ®r… Caitanya Mah€prabhu está agora
distribuindo gratuitamente e sem discriminação.
O que mais posso descrever além disso? O Senhor Ananta ®ea, que mantem o universo
sobre Sua cabeça, apareceu como Nitai para saborear a doce rasa de KŠa-prema. ®r…
Nity€nanda Prabhu, estando totalmente absorto em prema-rasa, não pode reconhecer
amigos ou inimigos. Assim, distribuiu amor a todo mundo. Andando com o porte de um
elefante enlouquecido, Nitai fez com que a Terra perdesse seu balanço.
Ouçam o caráter imaculado de Mahea (Senhor ®iva) que apareceu como Advaita šc€rya.
Suas glórias são ilimitadas. Advaita šc€rya esqueceu seu conhecimento de jñ€na por
discutir constantemente os tópicos de prema-rasa com o Senhor Caitanya.
Sem restrição, Advaita saboreou os passatempos transcendentais com outros rasika-
vaiŠavas. Após saborear as doçuras amorosas de KŠa-prema, Advaita šc€rya e seus
associados alegremente a distribuiram para todo mundo sem oposição. Sem estes dois
Senhores, ®r… Nity€nanda e ®r… Advaita Prabhu, nunca ninguem receber tamanha
misericórdia.
Gaur€‰ga apareceu na Terra com este propósito. Todas as glórias para o momento
auspicioso quando o mundo inteiro, desejando amor puro por KŠa, irá cantar o santo
nome de Hari. Até Brahm€ encontra dificuldade em alcançar KŠa-prema. Locana d€sa
descreve estes tópicos transcendentais.

CAPITULO 2

O COMEÇO DO CAITANYA MANGALA


A DECISÃO DE K¬±¦A EM DESCER COMO UM DEVOTO

Todas as glórias a ®r… KŠa Caitanya e ®r… Nity€nanda. Todas as glórias a ®r…
Advaita šc€rya, a morada de toda bem aventurança e felicidade. Todas as glórias a
Narahari Sarakara. Todas as glórias a ®r…vasa, a autoridade em devoção.
Com todo meu coração, adoro os pés dos devotos queridos do Senhor Caitanya. Por
favor, ouçam cuidadosamente os seguinte tópicos sobre a Suprema Personalidade de
Deus, ®r… KŠa Caitanya.
Previamente, D€modara PaŠita e Mur€r… Gupta, dois associados eternos muito íntimos
do Senhor Caitanya, discutiam a aparição do avatara dourado, ®r… Gaur€‰ga
Mah€prabhu. Para o benefício de todo mundo, esta discussão muito importante é
novamente relatada aqui.
D€modara PaŠita perguntou a Mur€r… Gupta:
- Por favor, explique por que o Senhor Gaur€‰ga apareceu. Ficarei em bem aventurança
por ouvir estes tópicos de você. Por que a Suprema Personalidade de Deus, ®r… KŠa,
deixou Sua syama-varna (cor de nuvem azulada) e assumiu uma forma dourada? Por que
tirou Sua vestimenta de amante galante e adotou trajes de sanny€s…? Por que viajou tão
constantemente para pregar? Por que chorava quando cantava "R€dh€-Govinda"?
Eu, Locana d€sa, contarei a voces este tópicos muito confidenciais. Por ouvi-los, as
pessoas ignorantes do mundo alcançarão a salvação.
Após ouvir a estas perguntas, Mur€r… Gupta respondeu:
- PaŠita D€modara, ouça-me. Vou explicar estas verdades para você. Na Satya-yuga, as
escrituras dizem que dharma tem quatro membros: misericórdia, limpeza, austeridade e
veracidade. Tetra-yuga tem três qualidades: misericórdia, limpeza e varacidade. Dvapara-
yuga tem duas: limpeza e veracidade. Kali-yuga tem uma: veracidade.
Na Kali-yuga, a irreligião substitui a religião. As pessoas rejeitam as regras de
varnarama-dharma. Sob a densa escuridão de Kali, todo mundo se torna pecaminoso e
adepto a atos irreligiosos.
N€rada Muni, o maior entre os sábios, sentindo compaixão pela humanidade, decidiu
expulsar Kali, a personalificação do pecado, da Terra. Vendo que a serpentiforme Kali
havia engolido todo mundo em pecado, N€rada apareceu para restabelecer a religião.
N€rada Muni pensou consigo mesmo: "De uma maneira ou de outra, devo trazer o
Senhor KŠa imediatamente para a Terra. Somente Ele pode restabelecer a religião nesta
pecaminosa era de Kali. Os Vedas e os Agama concluem que o desejo do Senhor
Govinda é o mesmo do de Seus devotos puros."
N€rada continou contemplando: "Se sou realmente um verdadeiro servo do Senhor KŠa,
serei então capaz de trazer o Senhor Yadu R€ya (KŠa), para esta Kali-yuga. Primeiro
deixe-me observar as atividades das pessoas em Kali-yuga. E então, irei intimar ®r…
KŠa, a corporificação da religião. Também trarei os semideuses, e os amigos e
seguidores íntimos de KŠa que agirão como Suas armas e associados."
Mur€r… Gupta disse para D€modara PaŠita:
- E assim, grandes semideuses como o Senhor Brahm€, grandes sábios como N€rada
Muni e até mesmo Katyayani Dev… nasceram sobre a Terra quando o Senhor desceu. De
Dv€raka, membros da família Yadu se expandiram e também apareceram na Terra.
Ouça atentamente. Agora vou explicar o aparecimento de ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu,
a essência de todas as encarnações. Ele exibiu mais compaixão do que qualquer outro
avatara. N€rada Muni, que sempre saboreia e canta os nomes e qualidades de KŠa, ficou
muito aflito com o sofrimento de todos. Ele vinha se esforçando para distribuir em suas
viagens por todo o universo os santos nomes de KŠa. Mas infelizmente, estando muito
apegadas à existência material, as pessoas de Kali-yuga recusavam-se a aceitar o santo
nome. Enquanto cantava os santos nomes de KŠa, às vezes N€rada chorava ou ria alto.
Às vezes ficava pasmado em êxtase. Glorificando KŠa com a sua vina, N€rada às vezes
permanecia imerso nas doçuras de KŠa-prema. Correntes de lágriamas rolavam de seus
olhos enquanto cantava Hare KŠa. Apesar do amor encher o corpo de N€rada de alegria e
êxtase, as pessoas do mundo não podiam apreciar isto.
Angustiado, N€rada sentiu tristeza pela condição caída das pessoas e imaginou como
salvá-las. A cobra venenosa de Kali havia mordido todo mundo, infectando a todos com
o veneno de m€y€. Totalmente esquecidas de KŠa, as pessoas viviam loucas atrás de
gratificação dos sentidos. Seus corações encontravam deleite em infindáveis ondas de
luxúria, ira, cobiça, inveja, ilusão e loucura. Vivendo na filosofia do "eu" e "meu",
desperdiçavam a sua valiosa forma humana de vida sem sequer indagar sobre o seu
verdadeiro amigo, o Senhor Supremo.

NšRADA MUNI VISITA DVšRAKA

Mur€r… Gupta continuou:


- Assim, o grande sábio N€rada, vendo a condição miserável das pessoas em Kali-yuga,
pensava a fundo como salvá-las. Sabendo que só a Suprema Personalidade de Deus, o
próprio Senhor KŠa, é que poderia retificar a situação, N€rada Muni foi para Dv€raka,
no mundo espiritual.
Nesta ocasião, o Senhor Dvarakadisa, tendo acabado de passar a noite com a rainha
Satyabham€, decidiu visitar o palácio da rainha Rukmin…. Assim que Rukmin… soube
que KŠa vinha vê-la, ficou em êxtase. Seu corpo tremia pela ansiedade.
Apesar do palácio já estar imaculadamente limpo, Rukmin…, no êxtase de receber KŠa
em seu palácio, vestiu-Se com esmero e limpou pessoalmente Seus aposentos íntimos.
Músicos encheram o ar com doces vibrações para a satisfação do Senhor. Colocando
vasos cheios d'agua perto da porta, Ela acendeu lamparinas de ghee e incenso muito
fragrante para providenciar uma auspiciosa recepção ao seu Senhor.

A LAMENTAÇÃO DE RUKMI¦Ÿ

- A afetuosa e mais elevada rainha, Rukmin…, junto com Mitravind€ e Nagnajit…,


receberam alegremente KŠa. Rukmin… lavou Seus pés de lótus com agua perfumada e
ofereceu arati. Tomando os pés de KŠa como Sua propriedade, Rukmin… os manteve
junto aos seus seios. Enquanto contemplava amorosamente o Senhor, Rukmin… chorava
descontroladamente.
Cakrapani (KŠa, o que porta o disco), ficou atônito, e perguntou a Rukmin…:
- Ó Dev…, não posso compreender porque estás chorando. Por favor, diga-Me por que
choras tão profusamente. Todo mundo sabe que és a Minha favorita. Quem é mais
querida para Mim do que Tu?
KŠa continuou:
- Desobedeci alguma das suas ordens, ou fiz alguma coisa errada, Minha querida? Ainda
estás perturbada desde quando brinquei conTigo? Sentindo-Me culpado sobre aquilo,
tentei Te apaziguar de tantas maneira, mas não consigo acalmar Teu coração.
- Lembrando-se da ocasião em que KŠa disse-lhe palavras cruéis, Rukmin… falou em
um tom de ira misturada com afeição:
- O Meu coração pode ser duro, mas ainda assim sou muito afortunada por seres minha
vida e alma.
- Rukmin… continuou:
- Meu Senhor, Teus pés de lótus Me são mais queridos do que Tu mesmo. Depois de
beber madhvika (uma bebida celestial intoxicante), o Senhor ®iva dança o tempo todo,
esperando alcançar os Teus pés de lótus. Prabhu, sabes tudo o que é conhecido, mas
como não consegues compreender o coração daqueles que amam os Teus pés de lótus?
Compreenderás a intensidade do amor que sinto se cultivares R€dh€-bhava, o humor do
amor desmotivado de ®r…mat… R€dh€r€Š…, bem dentro de Teu coração.
- Ficando atônito ao ouvir estar palavras de Sua mais querida rainha, o Senhor KŠa
pediu-lhe que Se explicasse novamente. O Senhor KŠa disse:
- Ó Dev…, não compreendi exatamente o que acabas de dizer. O que é isso, que
permanece desconhecido para Mim? Tuas palavras cativaram o Meu coração. Nunca ouvi
antes algo que desconhecesse. O que é esta substância rara que é a mais valiosa dentro
dos três mundos? Apesar de não compreender o significado de Tuas palavras, Minha
mente conheceu a bem aventurança só por ouvi-las. Ó Dev…, Eu Lhe imploro, diga
apenas: "Meu."
Com fé completa nos pés de lótus do Senhor, eu, Locana d€sa descrevo estes
passatempos transcendentais.

O PODER DOS PÉS DE LÓTUS DE K¬±¦A

Mur€r… Gupta continou:


- Rukmin… Dev…, a deusa da fortuna, respondeu para KŠa:
- Meu querido Senhor, és a joia suprema de todas as qualidades transcendentais. Em Teu
coração não podes saber porque estou chorando, apesar de tudo o mais Te ser conhecido.
Não sabes o poder de Teus pés de lótus. Meu coração chora porque em breve deixarás o
Meu palácio e irás embora. A fragrancia de Teus pés de lótus se espalha em todas as
direções. Simplesmente por sentir esta fragrância qualquer um se libera da velhice e da
morte. Aquele que sorve o nectar de Teus pés de lótus torna-se transcendental ao dia, à
noite e ao passar das estações. Os devotos puros que amorosamente acariciam Teus
rosados pés de lótus são adorados no mundo inteiro. E o mundo se torna auspicioso por
adorar os pés de tais devotos puros.

O PODER DO AMOR PURO DE RšDHšRš¦Ÿ


Rukmin… Dev… continuou:
- Meu Senhor querido, controlas tudo nestes três mundos. Ninguém pode controlar-Te.
Por favor escute. Vou Lhe dizer algo do fundo de Meu coração. Quem quer que tenha
intenso apego em servir aos Teus pés de lótus finalmente irá saborear o êxtase
transcendental. Como sou completamente devotada e rendida a Ti, posso experimentar o
êxtase se adorar os Teus pés de lótus.
Entretanto, és o Senhor Supremo, então como podes compreender este êxtase? Além de
Mim, somente ®r…mat… R€dh€r€Š… sabe como saborear a doçura do amor e desfrutar
o mais elevado prazer transcendental. Apesar dos devotos discutirem estes tópicos dia e
noite, vivem maravilhados pela qualidade única do puro amor de R€dh€r€Š… por Ti.
Lakm… Dev…, a deusa da fortuna: o Senhor Brahm€, os semideuses e as semideusas
estão todos ansiosos em servir Teus pés de lótus. Por receber o néctar de Teus pés de
lótus, todos alcançam o serviço devocional expontâneo. Kamal€, a deusa da fortuna, que
sempre repousa em Tua cama desfrutando Teus beijos e abraços amorosos, sempre deseja
alcançar os Teus pés de lótus. Quem pode estimar as ilimitadas glórias de Teus pés de
lótus?
Mesmo após desfrutar de tamanha felicidade, a deusa da fortuna anseia pela misericórdia
de poder servir Teus pés de lótus. Somente R€dh€r€Š… que desfruta conTigo em
Vnd€vana pode compreender isso completamente. Ninguém pode se comparar a
R€dh€r€Š….
Fico mistificada em ver como R€dh€r€Š… Te cega completamente com Suas qualidades
transcendentais. Até hoje, Teu coração palpita por Ela, e lágrimas rolam de teus olhos
sempre que cantas o nome de R€dh€. Veja só o poder do amor puro de R€dh€.
Agora estou em êxtase por ter os Teus pés de lótus em Minha casa. Temendo Nossa
inevitável separação, não posso deixar de chorar. O sabor de servir a Teus pés de lótus
sobrepuja Minha atração por Ti. Em amor transcendental, Teus devotos sempre anseiam
pelos Teus pés de lótus, meditam em Ti e ficam absortos em Teus passatempos. És o
único abrigo para os devotos puros.
Lakm… Dev… sempre serve os Teus pés de lótus com o desejo de amar-Te. Apesar de
seres Seu mestre e Senhor, falhas em reciprocar este desejo dEla e causa-Lhe dor. Quem
quer que deseje saborear um ilimitado suprimento de néctar o encontrará por servir a
Teus pés de lótus. Lakm… e Sarasvat… pensam que são muito afortunadas por terem se
rendido aos Teus pés, mesmo que Tu as negligencie.
Quem quer que saboreie o êxtase de Teu amor considera os quatro tipos de liberação, e
até mesmo viver em VaikuŠ˜ha, a coisa mais insignificante. É uma qualidade de Teus pés
de lótus que faz com que se manifeste amor a Deus naqueles que os servem. De mãos
postas, oro a Ti, Meu querido Senhor. Teus pés são mais doces do que o néctar do lótus.
Por favor, dê-Me esta bênção. Que possa Me tornar uma abelha atraida para sempre pelos
Teus pés de lótus. Temendo a separação de Ti, Meu coração palpita em lamentação.
Garanta-Me a bênção nunca deixares Minha casa.
Na verdade, esta não foi uma prece de Rukmin… Dev…, e sim uma declaração de amor,
brotada de Seu coração, cheio de pura devoção. Assim, eu, Locana d€sa, canto as
nectárias glórias do Senhor.
Mur€r… Gupta continuou narrando a história a Damodara Pandita:
- Depois de ouvir as maravilhosas palavras de Rukmin… Dev…, o coração de KŠa
dançou em êxtase. Seus olhos de lótus, rubros como o sol nascente, encheram-se de
lágrimas de compaixão. Sentando em Seu trono, o Senhor KŠa gentilmente colocou
Rukmin… em Seu colo e a consolou. Segurou o queixo de Rukmin… com Sua mão
direita e fitou-A amorosamente. Ondas de néctar transbordaram do oceano de néctar de
Seus corações.
O Senhor KŠa disse para Rukmini:
- Ó Minha amada, Nunca havia ouvido uma descrição tão surpreendente e maravilhosa.
Até hoje, ninguém jamais havia Me sugerido que Eu pudesse saborear pessoalmente o
amor que os Meus devotos puros sentem por Mim.

O SENHOR K¬±¦A REVELA A FORMA DE GAURš¥GA

- De repente, bem naquele instante, o grande sábio N€rada Muni chegou a Dv€raka. Seu
coração estava cheio de ansiedade e ele parecia perturbado. Rukmin… Dev… levantou-
Se respeitosamente e deu as boas vindas ao sábios com palavras doces. KŠa ofereceu
uma asana a N€rada, lavou seus pés e depois o abraçou afetuosamente. Num humor
alegre, o Senhor indagou sobre o bem estar de N€rada.
Os olhos de N€rada estavam avermelhados e corriam lágrimas de amor divino. Sua voz
estava entrecortada e seu corpo tremia. N€rada estava tão emocionado de ver KŠa que
tudo que podia fazer era chorar. Apesar de tentar, N€rada não conseguia falar pelo efeito
do êxtase transcendental.
O Senhor KŠa disse para N€rada Muni:
- Ó grande sábio, por favor nos diga porque estás tão infeliz e perturbado. Para Mim, és
mais querido do que a Minha propria vida. E sei que também sou tua vida e alma. Sinto-
Me arrasado por te ver nesta situação.
N€rada Muni respondeu:
- Meu querido Senhor, o que posso dizer? És o Senhor de tudo o que existe. És a
Superalma em todas as entidades vivas. Cantar Teus santos nomes e qualidades é meu
nectário sustento. Encantado por Tuas qualidades transcendentais, percorro ilimitados
universos, pregando Tuas glórias.
No entanto, quando não consigo ouvir Teus nomes sendo cantados, e quando vejo as
almas condicionadas intoxicadas por orgulho, absortas em atividades materialistas e
desprovidas de consciência de KŠa, isto me causa imensa dor. Não vejo nenhum meio de
liberar estas pessoas. Assim sendo, minha mente está sempre perturbada pensando sobre
isso. Acabei de Te revelar todo sofrimento que há em minha mente. Em Tua presença,
pela misericórdia de Teus pés de lótus, sinto-me bastante aliviado.
- Ouvindo estas palavras de N€rada, o Senhor KŠa sorriu compassivamente e disse:
- Ouça, grande sábio, de algum modo esquecestes um evento passado. N€rada, não te
lembras da ocasião em que destes os restos de Minha mah€-prasada ao Senhor ®iva?
Depois de P€rvat… Dev… comer um pouco, ela prometeu distribuir Minha mah€-
prasada a todas as entidades vivas.
O Senhor KŠa continuou:
- Ouça N€rada, acabo de ouvir uma maravilhosa descrição de Rukmin…. Como
resultado, desejo te prometer, N€rada, que na era de Kali, manifestarei uma forma cheia
de humildade. Devo Me tornar um dovoto de Mim mesmo para poder sentir a felicidade
que sentem os Meus devotos puros. Não somente Eu experimentarei a bem-aventurança
de prema-bhakti, mas vou dá-la a todos no mundo.
Apesar de ser o Senhor Supremo, aparecerei como Meu próprio devoto. Associado a
outros devotos, distribuirei gratuitamente Meu amor por realizar Hari-n€ma-sa‰k…
rtana, o canto congregacional de Meus santos nomes. Aparecerei na morada
transcendental de Navadvipa em ®r…dhama Mayapur, no lar de ®ac…m€t€.
- E então, KŠa explicou as qualidades desta Sua encarnação em Kali-yuga pela qual Ele
iria atrair as almas condicionadas. O Senhor KŠa disse:
- N€rada, Meu corpo transcendental vai ser alto, da cor de ouro derretido e Meus braços
serão longos e maravilhosos. A incomparável beleza de Minha forma dourada irá desafiar
a beleza do monte Sumeru.
- Enquanto estava absorto em êxtase, o Senhor KŠa de repente exibiu Sua forma como
®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu! N€rada Muni caiu numa síncope divina, logo ao ver esta
mais maravilhosa forma do Senhor KŠa que deveria aparecer na era vindoura.
Locana d€sa diz que esta foi a primeira vez que o Senhor KŠa revelou a forma
transcendental do Senhor Gaur€‰ga, o maravilhoso Senhor dourado, saturado de puro
amor a Deus.
Mur€r… Gupta continuou a história:
- Contemplando esta forma tão estupenda, o coração de N€rada Muni ardeu de amor e
lágrimas rolaram de seus olhos em milhares de torrentes. A compleição dourada brilhante
de Gaur€‰ga era mais radiante do que milhões de sóis. De beleza ofuscante como
milhões de luas e milhões de Cupidos ficariam envergonhados ao ver Sua face
inconcebivelmente bela. Cego pela refulgência estonteante de Gaur€‰ga, o sábio fechou
os seus olhos e tremeu de êxtase.
Vendo a condição aturdida de N€rada, o Senhor KŠa ofuscou sua refulgência e o chamou
com voz alta. Recuperando a consciência, N€rada viu o Senhor KŠa diante de si, mas
estava muito ansioso em ver novamente a maravilhosa forma de Gaur€‰ga.
O Senhor KŠa disse:
- Ó N€rada, sábio mais afortunado, serás amado onde quer que vás. Por favor, saia pelo
Universo e diga aos residentes de Brahmaloka e de ®ivaloka que logo encarnarei em
Kali-yuga como Gaur€‰ga. Nesta forma de misericórdia personalificada, estabelecerei a
yuga-dharma de sa‰k…rtana-yajña.
Revelando as glórias dos santos nomes de KŠa, irei pregar pessoalmente as glórias do
serviço devocional e dar gratuitamente para todos a bem-aventurança de kŠa-prema.
Apesar de durante as eras, muitos ramos de religião terem aparecido no mundo, pregarei
amor puro a Deus para unir todos os seguidores. Vou aparecer na Terra, juntamente com
Meus amigos e seguidores íntimos. Com eles satisfarei Meu acalentado desejo de
saborear o amor puro que Meus devotos sentem por servirem Meus pés de lótus.
- As misérias e ansiedades de N€rada desapareceram ao ouvir estas palavras divinas da
maravilhosa boca de KŠa. Tendo satisfeito completamente os desejos de seu coração,
N€rada pegando sua vina e cantando os nomes de KŠa, deixou Dv€raka.

NšRADA VISITA UDDHAVA EM NAIMISARANYA


- Enqunato viajava pelo ar, N€rada refletiu sobre este maravilhoso passatempo. N€rada
pensou:
- Oh, que beleza sem igual acabei de ver na forma do Senhor Gaur€‰ga, cujos olhos
compassivos parecem avermelhados como o sol nascente! Oh, que profunda expressão
nectária! Que doce sorriso na face de lótus de Gaura! Ele é superior a todas encarnações
que jamais vi. Antes de hoje, nunca havia visto tamanho reservatório de amor. Meus
olhos e minha vida alcançaram a perfeição simplesmente por ter visto a encarnação do
oceano de misericórdia. Meu coração nunca poderá esquece-lO. Meus olhos anseiam em
ver Gaura repetidas vezes.
- Enquanto meditava desta maneira, o sábio chegou a Naimisaranya onde se encontrou
com o grade devoto Uddhava. Vendo N€rada Muni, Uddhava imeditamente se levantou,
ofereceu dandavats ao grande sábio e então lavou os seus pés. A seguir, Uddhava disse a
N€rada:
- Este dia é muito auspicioso. Considero-me muito afortunado, pois viestes a
Naimisaranya num momento auspicioso.
- N€rada deu uma grande abraço em Uddhava, beijou sua testa e cheirou sua cabeça.
N€rada expressou um humor de afeição parternal para com o jovem Uddhava. Após
oferecer uma asana a N€rada, Uddhava revelou sua mente para o sábio. Uddhava disse
para N€rada:
- Hoje é um dia muito especial, pois hoje alcancei a perfeição. Havia algo que me
atormentava há muito tempo, que vou lhe dizer. Há algum tempo, Vy€sadeva viveu aqui
em Naimisaranya compilando os Vedas; mas ele não estava satisfeito. E então, por suas
instruções confidenciais, Vy€sadeva escreveu o ®r…mad Bh€gavatam com o intuito de
salvar as pessoas em geral.
N€rada, conheces a Verdade Absoluta e a ciência da consciência de KŠa. Uma vez que
podes compreender a mente do Senhor KŠa, por favor, conte-me a respeito do futuro. As
pessoas de Kali-yuga estão cegas pela absorção total em atividades pecaminosas. Nas
eras anteriores de Satya, Tetra e Dvapara, as pessoas eram religiosas. Na Kali-yuga, a
mais escura das eras, as pessoas só conhecem a impiedade. Por favor, dissipe minha
dúvida, pois ninguém te sobrepuja em bondade. Podes me dizer como as pessoas desta
era de Kali serão salvas?
- N€rada Muni sorriu compassivamente e como o coração deleitado disse para Uddhava:
- Ó Uddhava, és um devoto puro de KŠa e sua pergunta me enche de alegria. Agora vou
te revelar o assunto mais confidencial. Não há muito tempo, estava com a mesma
ansiedade.
Por misericórdia de KŠa, agora compreendendo a posição única da Kali-yuga. A despeito
de tudo em contrário, as pessoas desta era são as mais afortunadas. Nas eras anteriores
sempre havia uma dificuldade para se seguir a yuga-dharma do milênio (prática religiosa
para se alcançar a perfeição). Mas na Kali-yuga o processo de auto-realização é fácil: Na
era de Kali, simplesmente por cantar os santos nomes de KŠa, as pessoas podem alcançar
a liberação do ciclo de nascimento e morte. Apenas por cantar e dançar alegremente os
nomes e qualidades do Senhor!
Uddhava, ouça atentamente, irei lhe contar um maravilhoso passatempo que presenciei
em Dv€raka, no mundo espiritual. Quando cheguei em Dv€raka, o Senhor KŠa estava
sentado em Seu trono com a Rainha Rukmin…. O Senhor contava a Rukmin… sobre o
Seu desejo de distribuir Seu amor às pessoas em geral. Vendo que eu estava perturbado,
o Senhor perguntou a razão daquele meu estado. E então, revelei o meu coração ao
Senhor.
Com uma face sorridente, o Senhor KŠa disse:
- N€rada, agora mesmo, Rukmin… estava Me contando sobre as glórias do amor puro.
Fiquei tomado de êxtase simplesmente por ouvir sobre isso. Na Kali-yuga, manifestarei
um humor humilde para poder saborear o amor de Meu amado. Darei este amor às
pessoas.
É claro que na era de Kali, todos serão caídos, pecaminosos e irreligiosos. Assim, para
explicar os princípios da religião irei Me apresentar como uma personalidade meiga e
humilde. Esta forma humilde, a encarnação de amor divino, será de beleza inigualável.
Eu serei alto, com a cor de ouro fundido, de compleição rubusta, ombros largos, e com
longos e graciosos braços.
- Uddhava, enquanto fazia esta descrição, o Senhor manifestou subitamente a forma
dourada do Senhor Gaur€‰ga. E neste instante, prometeu distribuir Seu amor. Isso foi o
que aconteceu em Dv€raka. Agora, irei viajar pelo mundo para espalhar a maravilhosa
notícia sobre o aparecimento do Senhor Gaur€‰ga. Ansioso por saborear prema-bhakti
de Seus amados, o Senhor Supremo, na forma transcendental de misericórdia e beleza
ilimitadas, descerá à Terra na Kali-yuga.
- Ouvindo a descrição de N€rada, Uddhava ficou pasmado de felicidade, começou a
chorar e caiu aos pés de N€rada. Uddhava disse:
- N€rada, sinto-me completamente revigorado pelas suas noticias auspiciosas.
- E assim, N€rada Muni, tocando sua vina, foi avisar os devotos sobre a encarnação do
Senhor na era de Kali.
Por ler a conversa de N€rada Muni e Uddhava obtida de Jaiminiya Bharata (Aavamedha
Parva), eu, Locana d€sa me perdi em êxtase de bem aventurança transcendental. Se vocês
não compreenderem as minhas palavras, vocês mesmos podem ler o trigésimo segundo
capítulo de Jaiminiya Bharata, onde encontrarão esta história.

NšRADA MUNI VISITA O SENHOR ®IVA EM KAILšSA

Mur€r… Gupta continuou sua narração a D€modara PaŠita:


- Tocando sua vina e cantando continuamente as glórias de Gaur€Šga, N€rada Muni
viajou pelo mundo informando aos semideuses sobre a aparição do Senhor Caitanya.
Tomado de êxtase espiritual, N€rada vivia caindo ao solo. Num instante podia chorar, no
instante seguinte podia rir alto. Seu corpo tremia e ele falava com uma voz entrecortada.
Segurando o seu dhoti, N€rada às vezes pulava excitado, gritando alto: “Gaura! Gaura!
Gaura!” Era impossível N€rada esquecer o nectário amor de ®r… Gaur€‰ga
Mah€prabhu e a beleza do Seu corpo transcendental, mais ofuscante do que o sol, que ele
havia acabado de ver.
O coração de N€rda estava tão repleto de amor extático, que às vezes ele nem podia se
mover. Entretanto, num piscar de olhos, N€rada chegou à morada do Senhor ®iva no
monte Kail€sa. N€rada sentiu-se muito agitado ante o iminente encontro com Mahea
(Senhor ®iva). Estava ansioso para lhe contar sobre as recentes experiências com o
Senhor KŠa.
N€rada pensava consigo mesmo:
- KŠa-bhakti é o tema mais nectário nestes três mundos. Na Kali-yuga, o Senhor irá
revelar o tesouro de ®r… Vnd€vana-dh€ma. Ananta, ®iva e Brahm€ estão sempre
desejosos deste amor puro que o Senhor irá distribuir livremente aos caidos descrentes de
Kali-yuga. Mahea sentirá grande alegria quando ouvir esta boa notícia. Pela misericórdia
da deusa Katyayan…, vou tomar a poeira dos pés do Senhor ®iva. Por sua graça terei
forças para cantar o santo nome.
- Pensando desta maneira, N€rada Muni se aproximou da porta da casa do Senhor ®iva.
Nandi, o touro do Senhor ®iva estava guardando a porta do poderoso Senhor Mahea.
Depois de oferecer respeitos ao grande sábio, Nandi informou ®iva e P€rvat… sobre a
chegada de N€rada.
Num humor alegre, ®iva e P€rvat… sairam para receber o grande sábio. N€rada Muni, o
devoto mais inteligente, caiu aos pés do Senhor ®iva e de P€rvat…. Sentindo-se em
êxtase pela presença de tamanho vaiŠava, o Senhor ®iva imediatamente se aproximou de
N€rada e o abraçou.
N€rada Muni disse:
- Deusa Katyayan… e Mahea, por favor escutem minha maravilhosa história. Vocês são
como a mãe e o pai deste Universo. Sempre estão desejando a liberação das almas caídas.
Agora, tocando seus pés, vou-lhes lembrar um assunto confidencial que vocês se
esqueceram. Se ouvirem esta narrativa, tenho certeza que irei receber as suas bênçãos.
Há algum tempo, Uddhava indagou ao Senhor KŠa:
- Meu Senhor, o que acontecerá com a Terra após a Tua partida? Alguns devotos
permanecerão aqui? Como as almas condicionadas da era de Kali alcançarão a liberação?
- Respondendo a esta pergunta de Uddhava, o Senhor KŠa ensinou a ciência da auto-
realização. Ensinou a Uddhava a filosofia pela qual a pessoa pode alcançar a liberação
por ver o Senhor Supremo em todo lugar e em todas as coisas.
O Senhor KŠa disse:
- Uddhava, lembre-se sempre que Eu sou a água, a terra e a árvore. Eu sou o semideus, o
gandharva e o yaka. Eu sou o criador e o aniquilador. Eu sou a vida de todos os seres
vivos. Eu estou em tudo e ao mesmo tempo estou fora de tudo.
- Após ouvir o Senhor KŠa, Uddhava, angustiado, expressou seus sentimentos ao Senhor:
- KŠa, estou convencido que és todo-penetrante. Teus pés de lótus me são mais queridos
do que Tu mesmo. Não consigo encontrar palavras apropriadas para glorificar os devotos
que se abrigam nas unhas semelhante a lua dos Teus pés de lótus.
- Nesta ocasião, Uddhava falou um verso do ®r…mad Bh€gavatam (11.6.46):
"Simplesmente por nos decorarmos com as guirlandas, as fragrâncias oleosas, roupas e
ornamentos que Tu já desfrutastes, e por comer os restos de Tua comida, nós, os Teus
servos, realmente conquistaremos a Tua energia ilusória."
- Uddhava continuou:
- KŠa, a habilidade de Harid€sa em conquistar m€y€ veio por comer os restos de Tua
mah€-prasada; assim sendo, sempre desejo receber os restos de Tua comida.

NšRADA ESPERA DOZE ANOS POR MAHš-PRASADA

- N€rada continuou falando com P€rvat… e o Senhor ®iva:


- Ao ouvir esta conversa entre o Senhor KŠa e Uddhava, fiquei abismado. Apesar de
estar a longo tempo no caminho do serviço devocional, e de estar constantemente
cantando o santo nome do Senhor, ainda não tinha ideia da potência da mah€-prasada do
Senhor KŠa. Simplesmente pela força da mah€-prasada do Senhor, Harid€sa (Uddhava)
se tornou poderoso, um devoto puro e pregador do Senhor Supremo. Na presença do
Senhor, Uddhava louvou a mah€-prasada.
Entretanto, no fundo do meu coração, eu me sentia frustrado, pois nunca havia provado a
mah€-prasada do Senhor. E então, imaginei como satisfazer o Senhor com as minhas
ações, para que Ele me desse a oportunidade de saborear Sua mah€-prasada. Com esta
ideia, visitei VaikuŠ˜ha e prestei vários serviços a Lakm… Dev….
Ficando satisfeita comigo, Laksmi Devi afetuosamente disse:
- Diga-Me N€rada, o que desejas? Vou dar-lhe uma bênção.
- Ao ouvir Sua oferta, resolvi revelar o segredo do meu coração. De mãos postas, disse a
Lakm… Dev…:
- Por um longo tempo venho sentindo dor em meu coração. Todo mundo sabe que sou
Teu servo. Mas de alguma maneira, nunca tive a oportunidade de provar a mah€-prasada
do Senhor. Por favor, seja misericordiosa comigo e dê-me a bênção de receber uma bom
bocado da mah€-prasada do Senhor N€r€y€Ša. Este é o meu único desejo.
Lakm… Dev… ficou atônita e surpresa ao ouvir a minha solicitação. Submissamente Ela
disse:
- N€rada, o Senhor N€r€y€Ša Me ordenou para não distribuir a Sua mah€-prasada para
ninguém. Como posso violar uma ordem do Senhor, meu querido N€rada? Mas ouça,
vou desobedecer esta ordem e lhe dar um pouco. Entretanto, analisando esta situação,
você deve aguardar um pouco. Eu irei coletar esta mah€-prasada para você.
Compreendendo muito bem a minha situação, Lakm… µh€kuran…, assim respondeu
com voz doce e palavras compassivas. Algum tempo depois, o Senhor, num humor
jovial, tomou Lakm… Dev… pela mão e a sentou a Seu lado. Neste instante, Lakm…
Dev… desejou pedir ao Senhor a mah€-prasada, mas ficou com medo de Sua reação.
Com uma voz muito submissa, Lakm… Dev… disse:
- Meu Senhor, tenho algo a pedir-Lhe, mas tenho medo de falar. Tenho um problema e
preciso de Sua ajuda. Meu Senhor, por favor, salve esta Sua serva. Ouça por favor, ó
morada de todas as qualidades transcendentais, estou segurando Seus pés.
- Sorrindo com desprezo e com um olhar inquisitivo, o Senhor N€r€y€Ša lançou um
olhar para Sua sudarana-cakra. Começando a tremer, Sudarana falou humildemente ao
Senhor:
- Meu Senhor, não sei porque, mas parece que Lakm… Dev… tem um problema.
- Então, Lakm… Dev… disse:
- Não é uma falta de Sudarana. Mas um pedido de N€rada Muni que Me deixou ansiosa.
Apesar de ninguém saber, N€rada serviu-Me por doze anos. Ficando satisfeita, ofereci-
lhe uma bênção. N€rada repetidas vezes pedia-Me a mesma coisa. Ele não desejava nada
além de Seus restos de mah€-prasada, Meu Senhor. Apesar de não ter o poder de
desobedecer as Suas ordens, sem ter como Me esquivar, prometi isto para N€rada Muni.
Ó Meu Senhor, por favor, salve-Me e Me dedique a Seu serviço.
- Compreendendo o dilema de Lakm… Dev…, o Senhor N€r€y€Ša disse:
- Ouça, Minha querida Lakm…, Você cometeu um grande erro. Sem Meu
consentimento, não há com o dar secretamente Meus restos para N€rada.
- Depois de alguns dias, a mãe do universo, Lakm…, deu-me um pouco dos restos de
mah€-prasada. Honrei a mah€-prasada para minha plena satisfação. É claro que a
incomparável refulgência do Senhor N€r€y€Ša desafia o brilho combinado de milhões de
luas e de milhões de sóis. E Sua indescritível beleza envergonham milhões de
Kamadevas (Cupidos).
Ainda assim, pela graça da mah€-prasada do Senhor, minha própria refulgência e
potência espiritual aumentaram centenas de vezes. Sentindo intenso êxtase espiritual,
cantei Hare KŠa e toquei minha vina enquanto viajava para Kail€sa para te ver.
- O Senhor ®iva disse para N€rada Muni:
- Devo dizer N€rada, que você parece extraordinário. Foi assim, N€rada, que ficastes tão
espiritualmente carregado e tão refulgente?
Depois de ouvir N€rada descrever suas experiências, o Senhor ®iva reclamou:
- N€rada, depois de obter mah€-prasada do Senhor, que é tão dificilmente alcançada,
voce comeu-a toda, sem oferecer nada para mim? Você veio para cá cheio de afeição,
para ver-me, mas porque não trouxe um pouco deste raro tesouro?

O EFEITO DA MAHš-PRASADA SOBRE O SENHOR ®IVA

- Ao ouvir as palavras de insatisfação do Senhor ®iva, N€rada prostou sua cabeça de


vergonha. E então N€rada se lembrou que havia guardado uma migalha de mah€-
prasada. Com grande deleite, rapidamente deu-a a Mahea. Imediatamente, o Senhor
®iva comeu a mah€-prasada.
Para a surpresa de todos, Mahea µh€kura (®iva) começou a dançar incontrolavelmente,
num êxtase de amor a Deus. A Terra tremeu sob o peso de seus pulos. Todos ficaram
atônitos, ao ver o monte Sumeru balançar em êxtase, devido a poderosa dança do Senhor
®iva. Vasum€t… (mãe Terra) também balançava perigosamente.
Cheio da bem-aventurança de amor puro por KŠa, o Senhor ®iva esqueceu-se totalmente
de si mesmo. Sua dança devastadora ameaçava conduzir a Terra até Rasatala, no fundo
do Universo. O capelo de Ananta Deva se curvava para baixo a ponto de tocar o dorso de
K™rma. Alarmada com esta sensação estranha de prurido, K™rma tirou Sua cabeça para
fora da carapaça e olhou para Ananta.
O rugido forte e eufórico dos santos nomes proferidos pelo Senhor ®iva ressoavam para
fora da cobertura do Universo, reverberando em todas as dez direções. Vendo o Universo
inteiro balançando em êxtase, e incapaz de suportar o peso da dança de ®iva, Mãe
Bhum… (a Terra personalificada) correu para o monte Kail€sa.
De mãos postas, Mãe Bhum… apelou para a deusa Katyayan…:
- Ó P€rvat… Dev…, por favor, morrerei se seu esposo continuar dançando. Vejo que
também todo o mundo material está em grande perigo. Assim, é melhor que faça alguma
coisa se você deseja salvar a criação da destruição.
- Após ouvir a súplica de Mãe Bhum…, P€rvat… correu para o local onde Paupati (®iva,
o Senhor das entidades vivas) estava dançando em transe de êxtase divino. De mãos
postas, P€rvat… Dev… falou algumas palavras ásperas para quebrar a absorção do
Senhor ®iva.
Com seu êxtase interrompido pelas fortes palavras de P€rvat…, o Senhor ®iva recuperou
a consciência externa. Sentindo-se muito triste, ele disse:
- Dev…, o que você acaba de fazer não está certo. Por que você interrompeu o meu
êxtase? Fazendo isso, você praticamente me matou. Você está agindo como minha
inimiga. Nunca havia sentido tanta bem-aventurança em toda minha vida. Por que você a
interrompeu?
- Sentindo muita aflição, P€rvat… Dev… falou ansiosa:
- Meu Senhor, veja só a Terra diante de você. O peso da sua dança está empurrando-a
para o fundo do Universo. Como você estava ameaçando destruir o Universo, falei estas
palavras rudes. Por favor, desculpe esta minha ofença.
- Com um sorriso de satisfação, o Senhor ®iva perdoou sua esposa. Vendo seu esposo
num humor mais relaxado, P€rvat… humildemente perguntou:
- Prabhu, todo dia voce dança em êxtase em pura consciência de KŠa. Por que hoje voce
quase conduziu a Terra até Rasatala? Sua refulgência espiritual está tão brilhante quanto
dez milhões de sóis. Nunca havia visto você exibir esta forma tão magnífica. Por favor,
diga-me, por que hoje você manifestou este ilimitado êxtase em KŠa-prema?
- O Senhor ®iva respondeu:
- Dev…, ouça o alegre motivo de minha boa fortuna. Hoje, o grande sábio N€rada, deu-
me os restos da mah€-prasada do Senhor N€r€y€Ša. Apesar de glorificada nos Vedas, a
mah€-prasada de ViŠu é inconcebivelmente rara. Em todos os três mundos é muito
difícil obter os restos do Senhor, que estão misturados com o néctar dos lábios de KŠa.
Hoje minha vida é um sucesso. Pela misericórdia de N€rada Muni, recebi a mah€-
prasada do Senhor N€r€y€Ša. Este é o meu verdadeiro bem-estar e o motivo deste meu
êxtase.
- Visivelmente perturbada com a declaração de seu esposo, Mah€m€y€ (P€rvat…) disse:
- O tempo todo pensei que voce era sempre bondoso e misericordioso comigo. Como o
esposo e a esposa são unos, você me aceitou como a metade de seu corpo. Mas hoje, o
seu falso amor foi revelado. Tudo é apenas pretenção. Você me enganou! Após obter esta
tão rara mah€-prasada, você comeu tudo. Nem sequer me deu uma migalha!
- ®ulapani (®iva, o que porta um tridente) sentindo-se muito culpado, disse:
- Ó Bhavan… (P€rvat…, deusa da energia material) você não tem o direito de receber
esta riqueza transcendental.

O VI±¦U-KATYAYANŸ SA¤VšDA

- Estas palavras inflamaram šdya-akti (P€rvat…) com uma ira furiosa. P€rvat… disse:
- Um dos meus nomes é VaiŠav…; e eu também tenho devoção pelo Senhor ViŠu.
Agora, diante desta assembléia, vou fazer um voto solene. Se o Senhor N€r€y€Ša me
conceder Sua compaixão, estarei certa que a mah€-prasada do Senhor será distribuida a
todo mundo neste Universo, até mesmo aos cães e chacais.
- Neste momento, o Senhor de VaikuŠ˜ha, o próprio Senhor ViŠu, chegou a Kail€sa
para assegurar a promessa de P€rvat…. Respeitosamente, P€rvat… levantou-se e
ofereceu reverências ao Senhor. Com lágrimas nos olhos, ela se recompôs e contou o seu
problema ao Senhor.
Num humor alegre, eu, Locana d€sa narro esta história.
Mur€r… Gupta continuou falando com D€modara PaŠita:
- E então, o Senhor ViŠu falou numa voz doce:
- Katyayan…, não fique na ignorância. Você é minha €dya-akti, e através de você
manisfesto toda a criação material. Sei que você tem devoção por Mim.
Você é Minha prakti-svar™pin… (a forma da energia material de ViŠu), você está
sempre dedicada ao Meu serviço devocional. Sem você a criação material não pode
existir. Toda a criação a adora e ao seu esposo, o Senhor ®iva, como Hara e Gaur…
saibam que vocês dois são o Meu próprio Eu. Por favor, removam este equívoco de
pensar que você e o Senhor ®iva são diferentes de Mim. Pode estar certa de que
cumprirei sua promessa. Pessoalmente distribuirei Minha mah€-prasada para todo
mundo neste Universo.
- O Senhor ViŠu, o possuidor de todas as qualidades valiosas, continuou falando:
- Ouça, Katyayan… Dev…. Agora vou lhe contar um segredo sobre um episódio muito
antigo que irá aliviar as misérias do mundo material. Ninguém sabe o significado
intríceco de uma história concernente aos semideuses durante a batedura do oceano de
leite. Eles usaram a montanha Mandara como um bastão para a batedura, e Vasuki, o rei
das serpentes como uma corda. O primeiro objeto que produziram na batedura foi uma
kalpa-taru, uma árvore que dá riquezas ilimitadas e satisfaz todos os desejos de uma
pessoa.
Dentro desta árvore especial havia uma refulgência transcendental que emanava da
maravilhosa forma do Senhor Caitanya, a suprema encarnação de pura misericórdia.
Nunca havia existido uma forma ou encarnação igual à forma de ®r… KŠa Caitanya. Ele
é a origem de todas as encarnações. Ele aparecerá neste mundo, exibindo passatempos
transcendentais. Por pregar a consciência de KŠa, distribuirei Minha misericórdia para as
pessoas em geral.
Na era de Kali, manifestarei a forma dourada do Senhor Gaur€‰ga Mah€prabhu para
propagar o sa‰k…rtana-yajña, o canto congregacional de Meus santos nomes.
Assumindo a forma de um avatara dourado, satisfarei o seu voto, P€rvat…, e darei amor
a KŠa para todo mundo. Por favor, mantenha este tópico secreto em segredo. Na forma
do Senhor Gaur€‰ga, a essência de todas as encarnações e repleto de todas as qualidades
transcendentais, liberarei todas as pessoas da Kali-yuga.
- Esta conversa entre o Senhor ViŠu e P€rvat… Dev…, que é chamada ViŠu-Katyayani
Saˆvada, foi extraida do Padma Purana. O rei Prataparudra, que foi um oceano de
qualidades transcendentais, distribuiu estes ensinamentos por todo seu império.
- N€rada Muni continuou falando com o Senhor ®iva:
- Mahea, o Senhor me ordenou que anunciasse Seu aparecimento na Kali-yuga. Nesta
ocasião, o Senhor e Seus associados eternos descerão para a Terra para remover todas as
calamidades. O Senhor Supremo na forma do Senhor Gaur€‰ga aparecerá numa família
de brâmanes.
- O Senhor ®iva e P€rvat… Dev… ficaram felizes depois de ouvir estas boas notícias de
N€rada Muni. A bem-aventurança inundou o lar do Senhor ®iva assim que todos
começaram a cantar os santos nomes do Senhor. Sons de "Hari! Hari!" vibraram por todo
lugar. Tocando docemente sua vina, N€rada Muni deixou o monte Kail€sa.

NšRADA VISITA BRAHMALOKA


- Conforme viajava, uma corrente de melodias nectárias saia de sua vina, encantando os
ouvidos dos três mundos. Perdendo a consciência exterior, N€rada não podia andar
adequadamente, e sua face estava vermelha de amor. Apesar de não reparar a fadiga,
quando chegou a Brahmaloka sua face estava coberta de gotas de suor.
Vendo a condição de seu filho, o Senhor Brahm€ teve sentimentos mistos de pesar e
felicidade, assim que se aproximou para receber o grande sábio. N€rada ofereceu
respeitos ao seu pai e mestre espiritual. Num humor paternal, Brahm€ o levantou, o
abraçou e perguntou sobre o seu bem estar.
O Senhor Brahm€ disse:
- N€rada, tenho imensa satisfação em contemplar sua face maravilhosa. Por favor, encha
os meus ouvidos com o néctar de suas palavras. Ouvir você gratifica o meu coração. Por
onde você esteve? Quem você encontrou e o que tem experimentado?
- Antes que N€rada pudesse responder, seu corpo começou a tremer em êxtase
transcendental. Lágrimas rolavam de seus olhos e sua face estava vermelha de
sentimentos de alegria. Então N€rada disse:
- Brahm€, ouça esta maravilhosa história. Tu és o criador de tudo e o nome brahmanda
deriva do teu nome. De acordo com as características de cada era, as pessoas seguem um
tipo particular de dharma. Em Kali-yuga, as pessoas são extremamente pecaminosas. No
fim da Dvapara-yuga, as pessoas vivem cheias de pesar e lamentação. Elas ficam com
medo da chegada da era de Kali.
Esta situação causa-me muita dor, e fui ter direto com o Senhor. Perguntei-lhe
humildemente sobre a salvação das pessoas em Kali-yuga. Disse-Lhe que estava
preocupado porque os brâmanes não seguiam os Vedas. Como resultado, as pessoas
tinham muito pouca inclinação para as práticas religiosas.
Ao ouvir minhas palavras de ansiedade, o Senhor, que é pleno de todas as qualidades
transcendentais, disse:
- N€rada, para liberar as pessoas nesta era de Kali, Eu mesmo descerei e pregarei a
ciência do serviço devocional. Os benefícios que se podem obter da caridade, sacrifício,
austeridade e religiosidade virão automaticamente, simplesmente por fazer hari-n€ma-sa
‰k…rtana.
O Senhor continuou:
- N€rada, apesar da era de Kali ser cheia de defeitos, apenas por cantar Meus santos
nomes pode-se obter a liberação da existência material. Agora, por favor, vá até a morada
de Brahm€, ®iva e dos outros semideuses. Diga-lhes que nasçam na Terra na Kali-yuga,
e que na forma do Senhor Gaur€‰ga, a encarnação da compaixão, Eu também descerei.
- Ao ouvir a descrição de N€rada, uma semente de doce amor brotou no coração de
Brahm€. Ele ficou tomado por amor a Deus; lágrimas rolavam sobre sua face. Brahm€
pegou N€rada e o sentou em seu colo. Nesta ocasião Brahm€ disse:
- Ó meu querido sábio, sua misericórdia enche meu coração de prazer. As pessoas estão
cegas pela gratificação dos sentidos e são ignorantes sobre a verdade. Por sua
misericórdia elas se libertarão das garras de m€y€. Liberar as entidades vivas é a sua
única atividade. Por favor, ouça atentamente. Desejo lhe falar sobre uma experiência
recente.
Há algum tempo atrás, meus filhos como Sanaka e outros sábios vieram até aqui revelar
suas mentes. Eles disseram:
- Senhor Brahm€, és o mais querido filho do Senhor. Por favor, responda brevemente a
algumas de nossas indagações.
E então, aqueles sábios glorificaram as qualidades do Senhor ViŠu. Os sábios disseram:
- O Senhor é inconcebível, inexaurível e eternamente bem-aventurado. Ele é pleno de
energia espiritual, muito sutil e é o controlador dos controladores. Ele é todo-pervasivo e
é a própria forma da religião. O Senhor é ilimitado e desprovido de atributos materiais.
Ele está livre de toda contaminação e não tem forma material. Ele não tem começo, meio
ou fim. Isto só pode ser realizado através de consciência pura.
Os sábios continuaram:
- Apesar de não-nascido, o Senhor parece nascer na natureza material. O Senhor KŠa
saboreou rasa transcendental com as gop…s em Vnd€vana. Ele atuou exatamente como
um homem comum luxurioso, desfrutando de afazeres conjugais, apesar de todos
saberem que o Senhor é o €tm€ de todas as entidades vivas, sejam homens ou mulheres.
Assim, desejamos saber por que o Senhor perturba nossas mentes realizando tais
passatempos prazeirosos incomuns? Ó Brahm€, por favor dissipe nossas dúvidas e nos
conte a verdade.
- O Senhor Brahm€ disse para N€rada:
- Ó N€rada, por favor, ouça atentamente. Ao ouvir as dúvidas dos sábios meu coração se
encheu de ansiedade. Fiquei abismado, pois nem eu sabia explicar os mistérios dos
passatempos transcendentais do Senhor. Literalmente, existem centenas de Brahm€s
como eu que não podem compreender este assunto. Estas verdades estão muito além do
conhecimento do Ved€nta.
Enquanto expressava o meu coração desta maneira, o Senhor manifestou uma
maravilhosa forma diante de mim. Ele surgiu como o avatara Haˆsa. O Senhor Haˆsa
disse:
- Senhor Brahm€, a solução para a pergunta dos sábios aparece nos catuƒ-loki (os quatro
versos sementes) do ®r…mad Bh€gavatam. Vou revelar isso para você.
O Senhor Brahm€ continuou:
- N€rada, devo dizer-lhe que os catuƒ-loki são a própria causa de toda minha bem-
aventurança. Ninguém neste universo sabe a verdade sobre isto. Durante muitos dias,
®r…la Vy€sadeva esteve em Naimisaranya descrevendo o Mah€bh€rata e os Pur€Šas.
Depois de explicar estes assuntos, Vy€sadeva sentiu-se muito desanimado.
Muito confuso, ele não sabia que fazer. No meio da floresta, perdeu sua consciência
exterior. Compreendendo esta dificuldade, o Senhor teve muita compaixão por ele.
Aproximando-se de mim, o Senhor falou os nectários catuƒ-loki e então me ordenou que
desse este tesouro transcendental para Vy€sa. Nesta ocasião o Senhor disse:
- Brahmaji, Vy€sadeva não conhece o significado profundo dos Meus passatempos. Dê-
lhe estes quatro versos e deixe que ele escreva o ®r…mad Bh€gavatam baseado nestes
lokas. E então fale o Bh€gavata a N€rada Muni, em cuja língua a deusa Sarasvat…
sempre reside. Diga a N€rada que em cada yuga Ele é mais misericordioso com as
entidades vivas.
O Senhor Brahm€ continuou:
- N€rada, nenhma outra escritura se compara ao ®r…mad Bh€gavatam que é
completamente transcendental. N€rada voce deve ensinar o Bh€gavata, para liberar todas
as entidades vivas. Não há outro assunto no Bh€gavata, exceto a glorificação da suprema
e independente Suprema Personalidade de Deus, o Senhor ®r… KŠa. Qualquer um que
desconheça este ponto é um tolo.

AS YUGA-AVATšRAS

- N€rada, agora me lembro de alguns versos do Bh€gavata falados por Gargamuni na


ocasião da cerimônia de dar-o-nome de KŠa na Terra. Gargamuni descreveu que em
diferentes yugas, ou eras, o Senhor aparece sobre a Terra em várias encarnações.
Gargamuni disse no ®r…mad Bh€gavatam (10.8.13):
- Seu filho KŠa aparece como uma encarnação em cada milênio. No passado, Ele
assumiu três cores diferentes - branca, vermelha e amarela - agora Ele aparece com esta
cor escura. Em outra Dvapara-yuga, Ele apareceu com a cor de um uka (como o Senhor
R€macandra), um papagaio. Todas estas encarnações agora estão reunidas em KŠa.
O Senhor Brahm€ disse:
- Algumas pessoas perguntam o motivo do lapso na sequência usual das quatro yugas.
Elas imaginam que o Senhor aparece nas quatro yugas apenas em três cores. Na realidade
existem apenas quatro cores - branca, vermelha, amarela e negra - e quatro yugas - Satya,
Tetra, Dvapara e Kali. Por favor, considere a que era pertence o Senhor Caitanya. Para o
benefício das pessoas ignorantes, agora vou explicar isso, citando vários versos do ®r…
mad Bh€gavatam (11.5.19-31):
"O rei Nimi perguntou a Karabhajana Muni: - Em que que cores e formas a Suprema
Personalidade de Deus aparece e cada uma das diferentes eras, e quais são os nomes e por
qual tipos de princípios regulativos o Senhor é adorado na sociedade?
Sr… Karabhajana Muni respondeu: - Em cada uma das quatro yugas, ou eras - Satya,
Tetra, Dvapara e Kali - o Senhor Keava aparece em várias compleições, nomes e formas,
e é adorado por vários processos.
Na Satya-yuga, o Senhor é branco e possui quatro braços, cabelos encaracolados e usa
vestes de cascas de árvores. Ele carrega uma pele de veado negro, um cordão sagrado,
contas de oração, um bastão e um pote d'agua de brahmacari. As pessoas na Satya-yuga
são pacíficas, não são invejosas, são amistosas com todas as criaturas e firmes em
quaisquer situações. Elas adoram a Suprema Personalidade de Deus por austeras
meditações e pelo controle dos sentidos interna e externamente. Na Satya-yuga, o Senhor
é glorificado com os nomes de Haˆsa, Suparna, VaikuŠ˜ha, Dharma, Yogeavara, Amala,
Ÿvara, Purua, Avyakta e Param€tm€.
Na Tetra-yuga o Senhor aparece numa compleição vermelha. Ele possui quatro braços,
cabelos dourados e usa um cinto triplo representando a iniciação em cada um dos três
Vedas. Ele encarna o conhecimento da adoração pelas realizações sacrificiais, que estão
contidas no Rg, Sama e Yajur Vedas. Seus símbolos são o prato, a colher e outros
implementos para o sacrifício. Na Tetra-yuga, os membros da sociedade humana que
estão sinceramente interessados em em alcançar a Verdade Absoluta, estão sempre fixos
na religiosidade, adorando o Senhor Hari, que possui dentro de Si todos os semideuses. O
Senhor é adorado pelos rituais de sacrifícios descritos nos três Vedas. Na Tetra-yuga o
Senhor é glorificado pelos nomes de ViŠu, Yajña, Psnigarbha, S€rvadeva, Urukrama,
Vsakapi, Jaynata e Urugaya.
Na Dvapara-yuga a Suprema Personalidade de Deus aparece com uma compleição azul
escura, usando vestes amarelas. O corpo transcendental do Senhor está marcado nesta
encarnação com a ®r…vatsa e outros ornamentos distintivos, e Ele manifesta Suas armas
pessoais.
Meu querido rei, na Dvapara-yuga os homens que desejam conhecer a Suprema
Personalidade de Deus, que é o desfrutador supremo, O adoram no humor de honrar um
grande rei, seguindo tanto as prescrições védicas quanto as dos tantras.
Reverências a Ti, Ó Supremo Senhor V€sudeva e às Tuas formas de Sa‰karana,
Pradyumna e Aniruddha. Ó Suprema Personalidade de Deus, todas as reverências a Ti. Ó
Senhor N€r€y€Ša ¬i, ó criador do Universo, ó melhor de todas as personalidades, mestre
deste cosmos e forma original do Universo, ó Superalma de todas entidades criadas,
todas as homenagens a Ti.
Ó rei, desta maneira as pessoas em Dvapara-yuga glorificam o Senhor do Universo. Na
Kali-yuga, as pessoas também adoram a Suprema Personalidade de Deus seguindo várias
regulações das escrituras reveladas. Agora, tenha a bondade de ouvir isto de mim..." (fim
da citação do ®r…mad Bh€gavatam)
- O Senhor Brahm€ continuou falando com N€rada Muni:
- Ouça N€rada, as três yugas - Satya, Tetra e Dvapara - já passaram, e os avataras de cor
branca, vermelha e negra já apareceram. O grande sábio Karabhajana já explicou isso.
Agora ouça o que o sábio diz sobre a encarnação na Kali-yuga. ®r…mad Bh€gavatam
(11.5.32):

kŠa-varnaˆ tvisa-kŠam / sangopa‰g€tra-paradam


yajñaiƒ sa‰k…rtana-prayair / yajanti hi su-medhasaƒ

"Na era de Kali, as pessoas inteligentes realizam o canto congregacional para adorar a
encarnação do Supremo que canta constantemente os nomes de KŠa. Apesar de Sua
compleição não ser escura, Ele é o próprio KŠa. Ele está acompanhado de Seus
associados, servos, armas e companheiros confidenciais."

O BHšGAVATA PREDIZ O ADVENTO DE GAURš¥GA

- O Senhor Brahm€ disse:


- N€rada, ouça atentamente minha explicação. Sempre que o ®r…mad Bh€gavatam
menciona as sílabas "k" e "na", elas se referem ao Senhor ®r… KŠa, a Suprema
Personalidade de Deus. A palavra akŠa (mencionada no verso citado acima) significa que
Ele não possui compleição negra, mas dourada. Assim sendo, cantamos "Gaura!" e Suas
armas assumem a forma de devotos. Digo a palavra a‰ga, que significa Balar€ma, que
chamo sa‰ga.
A palavra upa‰ga se refere aos Seus ornamentos. Seu disco Sudarana e as outras armas
aparecem como Seus associados, junto com N€rada e Prahlada. Os associados eternos de
®r… KŠa que O serviram em encarnações anteriores, aparecem agora como os
associados e companheiros de ®r… KŠa Caitanya. Na época do Senhor Caitanya, alguém
irá identificar Seus associados e dar os seus nomes anteriores nos passatempos de KŠa.
As pessoas comuns terão dificuldade em entender isso, o que falar dos mais ignorantes.
Por esta razão, o sábio Karabhajana disse samedhasaƒ: só as pessoas inteligentes irão
compreender. Na era de Kali, a religião irá se manifestar na forma de sa‰k…rtana-
yajña. As pessoas inteligentes saborearão o êxtase por cantar os santos nomes do Senhor.

®RŸ K¬±¦A: TRÊS CORES, QUATRO YUGAS

- Agora vou explicar novamente como o Senhor KŠa veio em três diferentes cores em
quatro yugas. Na Satya e na Tetra-yugas o Senhor apareceu em duas cores: branca e
vermelha. Mas na Kali e na Dvapara-yugas o Senhor veio com uma cor: negra.
Entretanto, não há na realidade uma quebra na sequência das cores mencionadas por
Gargamuni no ®r…mad Bh€gavatam 10.8.13. Lá ele diz que o Senhor apareceu nas
cores branca, vermelha e amarela em três eras anteriores.
N€rada, agora ouça a uma bem-aventurada utilização de palavras sânscritas usadas por
Gargamuni. No ®r…mad Bh€gavatam verso 10.8.13, Gargamuni disse que as quatro
yugas aparecem com as três fases do tempo: passado, presente e futuro. Depois da Satya
e Tetra-yugas, o próprio KŠa aparece na Dvapara-yuga. Gargamuni utilizou a palavra
idanim, que significa recentemente. Mas este passatempo irá acontecer no futuro. A
palavra bhaviya significa futuro. Um erudito pode provar o significado do futuro por
conhecer o passado.
Isto é evidenciado pela palavra tatha (neste local) que se refere às encarnações vermelha
e branca do Senhor que já foram vistas. A cor amarela será vista na Kali-yuga, quando o
Senhor Hari aparece na cor amarela como ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu. Se alguém não
aceita minha explanação, então deve explicar porque Gargamuni usou a palavra tatha
neste verso.
Locana d€sa diz por favor, aceitem estas declarações como corretas e não as ignorem.
O Senhor Brahm€ continuou falando com N€rada:
- Esta explanação é a prova suprema que mostra porque KŠa é o avatara para a Kali-
yuga. Apesar de haver um debate sobre o aparecimento de KŠa como avatara fora do
tempo normal, se você ouvir com atenção, compreenderá a verdade. As outras yuga-
avataras são partes ou expanções das partes do Senhor ®r… KŠa. O próprio ®r… KŠa é
a Suprema Personalidade de Deus. Ele não é uma encarnação, como está provado no
®r…mad Bh€gavatam (1.3.28):

ete camsa-kala puˆsaƒ / kŠas tu bh€gavan svayaˆ


indrari-vyakulam lokam / mdayanti yuge yuge

"Todas as encarnações acima mencionadas são porções plenárias ou partes das porções
plenárias do Senhor, mas o Senhor ®r… KŠa é a Personalidade de Deus original. Todas
elas aparecem nos planetas sempre que haja um distúrbio causado pelos ateistas, O
Senhor encarna para proteger os teistas."
Usando a autoridade do ®r…mad Bh€gavatam, vou explicar porque KŠa é chamado de
yuga-avatara. As realizações de Gargamuni são difíceis de serem compreendidas por
pessoas ignorantes como nós. Só os devotos inteligentes podem compreendê-las.
Gargamuni disse que nas quatro yugas, o Senhor apareceu em quatro cores em três
ocasiões diferentes: passado, presente e futuro. Na Satya, Tetra, Dvapara e Kali-yugas o
Senhor aparece nas cores branca, vermelha e amarela respectivamente.
Quem é a fonte de todas as encarnações? ®r… KŠa, a Suprema Personalidade de Deus,
que aparece na dinastia de Yadu, Ele é a fonte e todas as outras são Suas expanções. O
Senhor vem para estabelecer religião e destruir ateistas. Na Dvapara-yuga, o Senhor
Supremo apareceu na Terra como o próprio KŠa e na Kali-yuga, KŠa vem como o
Senhor Gauracandra. Eles são o mesmo e são também diferentes. De acordo com
Vy€sadeva no ®r…mad Bh€gavatam, nas duas yugas, Dvapara e Kali, as duas
encarnações do Senhor tinham a mesma cor, KŠa - escura.
N€rada, está explicado no Bhat-sahasra-n€ma-stotra que o Senhor ®iva aparece no
começo da Kali-yuga. Ele toma a forma de Sa‰kar€c€rya e promove ateismo pregando
filosofia impersonalista. No Bhagavat-g…t€ (4.8-9), KŠa promete que sempre onde a
religião estiver reduzida, Ele vem à Terra para remover ateismo e restabelecer a religião.
Devido à ignorância das pessoas na Kali-yuga, elas se tornam absortas em atividades
pecaminosas e gratificação dos sentidos. Assim, elas permanecem presas à miserável
existência material.

GAURš¥GA, KALI-YUGA E SA¥KŸRTANA

- Em toda yuga, o Senhor Supremo vem à Terra para liberar os santos, destruir ateismo e
restabelecer os princípios religiosos. Na Kali-yuga, KŠa vem como o avatara Gaur€‰ga
para propagar o cantar dos santos nomes como yuga-dharma universal. Glorificação aos
santos nomes do Senhor é a única religião para a era de Kali.
Além do próprio Senhor Supremo, quem mais poderia estabelecer o yuga-dharma de
hari-n€ma-sa‰k…rtana, que remove rápida e efetivamente os pecados da era de Kali?
Caridade, sacrifício, austeridade, yajña, auto-controle, estudo das escrituras, renúncia aos
desejos materiais e outros princípios religiosos são alcançados automaticamente por se
cantar Hare KŠa com sinceridade. As ilimitadas glórias e qualidades dos santos nomes de
KŠa destroem a ignorância e liberam do horrível ciclo de nascimentos e mortes.
Não conhecendo esta qualidade essencial da era de Kali, as pessoas pensam que esta é
apenas uma era escura cheia de pecados. Na verdade, Kali é a era mais maravilhosa
devido a esta qualidade. De qualquer posição, as entidades vivas pecaminosas podem
obter a salvação simplesmente por realizar hari-n€ma-sa‰k…rtana.
- Depois de dizer isso, o Senhor Brahm€, cheio de êxtase abraçou N€rada Muni. Então
Brahm€ se levantou de repente e proclamou:
- Pode-se alcançar prazer sensorial ilimitado e a satisfação de todos os desejos
simplesmente por ver uma vez a radiante e magnífica forma do Senhor Gaur€‰ga!
- O Senhor Brahm€ continuou sua explanação, citando alguns versos dos €stras para
confirmar a aparição do Senhor KŠa como ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu e glorificar a
Kali-yuga e o processo de hari-n€ma-sa‰k…rtana. Ele citou o Mah€bh€rata (ViŠu-
sahasra-nama stotra):

suvarna-varna hema‰go / vara‰gas candan€‰gadi


sanny€sakc camaƒ santo / ni˜ha anti parayanaƒ
"Quando KŠa, a Suprema Personalidade de Deus, aparece como ®r… Gaur€‰ga, Sua
compleição é dourada (suvarna) em Seus passatempos iniciais. Seus membros são da cor
de ouro derretido (hema‰ga). Seu corpo é extremamente maravilhoso (vara‰gas) e Ele
é decorado com polpa de sândalo (candan€‰gadi). São estes os quatro sintomas da
gha˜ha-l…l€ do Senhor.
O Senhor irá tomar sanny€sa (sanny€sikc) e mostrará equanimidade (sama) de diferentes
maneiras descrevendo os mistérios da devoção por ®r… KŠa e por satisfazer a todos
com conhecimento e apego a KŠa. O Senhor é pacífico (anta) porque Ele renuncia a
todos os tópicos que não estão relacionados ao serviço a KŠa. Sua mente está sempre fixa
(ni˜ha) em realizar hari-n€ma-sa‰k…rtana. Ele silencia os que são opostos ao serviço
do Senhor ensinando serviço devocional puro. Ele é a morada da mais elevada paz
espiritual e da devoção (parayanaƒ)."
- O Senhor Brahm€ citou outro verso mostrando que a aparição do Senhor Caitanya
também estava predita no Bhaviya Pur€Ša:

ajayadhvamaja yadhvam na sansayaƒ


kalau sa‰k…rtana rambhe bhaviyami ac… sutaƒ

"O Senhor Supremo disse: - Na Kali-yuga, aparecerei como o filho de ®ac… e


inalgurarei o movimento de sa‰k…rtana. Não há nenhuma dúvida quanto a isto."
- O Senhor Brahm€ continuou falando:
- N€rada, ouça mais alguns tópicos maravilhosos. A era de Kali é cheia de escuridão,
impiedade e atividades pecaminosas. As poucas atividades piedosas que permanecem
diminuem dia após dia. A essência de todas as religiões está contida no hari-n€ma-sa
‰k…rtana.
O cantar dos santos nomes se espalhará por todo mundo. Se um materialista canta os
nomes de Hari, o Senhor lhe dará gratificação dos sentidos. No entanto, aquele que cantar
com fé abandonará todo desfrute sensorial e conquistará o Senhor pelo seu amor puro. Na
Kali-yuga, o cantar dos nomes e qualidades do Senhor é a religião suprema.
Hari-n€ma-sa‰k…rtana é o grande machado para cortar o nó das atividades
pecaminosas. A era de Kali é tão especial que as pessoas das outras eras desejam nascer
nesta era. Por que? Elas desejam a oportunidade de cantar Hare KŠa e pregar os santos
nomes. Este fato é confirmado no ®r…mad Bh€gavatam (11.5.38): "Os habitantes da
Satya-yuga e de outras eras anseiam nascer na era de Kali, uma vez que nesta era há
muitos devotos do Senhor Supremo."
Quando o Senhor KŠa veio, por que Ele não deu prema-bhakti aos pecadores? Que outro
avatara daria prema, mesmo sendo mal servido ou não sendo sequer servido? Este tipo
de compaixão nunca é visto em qualquer outra yuga. Esta forma do Senhor
supremamente misericordiosa não é outra senão ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu.
Um homem religioso acumula grandes benefícios e destroi seus atos impiedosos por
realizar trabalhos piedosos, sair em peregrinação e por seguir os rituais religiosos; mas
nada disso pode se comparar ao cantar de Hare KŠa. Em resumo, fica bem claro que
Kali-yuga é a melhor de todas as eras. Não há absolutamente nenhum outro dharma
(prática religiosa) salvo e exceto o canto congregacional dos santos nomes do Senhor
KŠa.
- Depois de uma completa deliberação, o Senhor Brahm€ chegou a esta conclusão.
N€rada estava extremamente deleitado ao ouvir estas coisas do Senhor Brahm€. Muito
satisfeito, o sábio tocou quatro doces melodias em sua vina.
- Então, N€rada disse:
- Brahm€, o que mais posso dizer? Tu já dissestes tudo o que havia em meu coração e
minha alma. Algumas pessoas passam muitos kalpas enredadas em atividades fruitivas.
De repente, pela graça do Senhor elas acabam prestando um pequeno serviço a um
vaiŠava. Ouvindo os tópicos a respeito de KŠa deste vaiŠava, elas se liberam desta prisão
material. Então, elas se tornam tão devotadas em servir a KŠa que não ligam mais
nenhum pouco para os cinco tipos de mukti (liberação).
Brahm€, quero dizer algo a respeito de prema-bhakti e quem é elegível para receber
gop…-bhava (o amor das gopis). O amor puro das gop…s conquista o Senhor dos três
mundos da mesma maneira que um amante conquista o amor expontâneo de sua amada.
Quem pode explicar o prema-bhakti das gop…s? Uddhava, o grande devoto do Senhor,
estava pronto para nascer como uma trepadeira em Vnd€vana, só para poder receber a
poeira dos pés das gopis. Uddhava descreveu isso no ®r…mad Bh€gavatam (10.47.61):
"As gopis de Vnd€vana abandonaram a associação com os seus esposos, filhos e outros
membros da família, que são muito difíceis de se abandonar e abandonaram o caminho
da castidade para se abrigarem aos pés de lótus de Mukunda, KŠa, aquele que se deve
procurar através do conhecimento védico. Ó, deixe-me ser afortunado o bastante para
poder ser um dos arbustos, ervas ou trepadeiras de Vnd€vana, porque as gopis pisam
sobre eles e os abençoam com a poeira de seus pés."
Os pés de lótus do Senhor em que meditam o Senhor Brahm€, ®iva, os munis e as mais
elevadas gopis são dificilmente alcançados por eles. Lakm… Dev… massageia estes pés
que têm uma refulgência doce e indescritível. Apesar dos quatro Vedas constantemente
recitarem as glórias dos pés de lótus do Senhor, eles alcançaram com muita dificuldade a
praia do oceano onde Ele se deita sobre a cama de Ananta ®ea.
Sendo controlado por seu amor puro e expontâneo, este mesmo Senhor adora os pés das
gop…s. Há tambem centenas de devotos que mantém o Senhor sob seu controle por
seguirem os passos das gopis. Não há comparação ao confidencial amor puro
compartilhado entre as Vraja gop…s e KŠa, a Superalma de todas as entidades vivas. O
amor delas é inigualável e supremo.
Apesar dele às vezes poder se parecer com a luxúria manifestada por amantes mundanos,
este amor é totalmente puro e transcendental. Esta qualidade de bhakti pura, que Ananta
e Lakm… jamais ouviram falar, será pregada pelo Senhor Caitanya na era de Kali.
- Então, N€rada a pedido do Senhor, pediu ao Senhor Brahm€ que mandasse todo mundo
em Brahmaloka se expandir e nascer sobre a Terra durante a Kali-yuga para poderem
assistir aos passatempos do Senhor Caitanya. Depois de dizer isso, N€rada, sentindo
grande êxtase partiu de Brahmaloka.
N€rada continuou visitando os semideuses. Ele ia tocando sua vina e cantando
docemente. Este som nectário inundou o mundo de bem aventurança e encantamento.
Absorto em êxtase, N€rada cantava "Hari bol! Hari bol!" informando aos três mundos
sobre a próxima aparição de ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu, o avatara da era de Kali. O
Senhor viria com Seus joviais associados.
Locana d€sa diz que a misericórdia do Senhor Gaur€‰ga inundará o mundo de néctar.
Todas as glórias! Todas as glórias ao Senhor do Universo! Na Kali-yuga o Senhor
aparecerá para propagar KŠa-bhakti. Na Kali-yuga as pessoas da terra de Nadia são todas
afortunadas. Todas as glórias a Jagann€tha Mira, em cuja casa aparecerá Gaur€‰ga!
Ó que maravilha! O glorioso Senhor Gaur€‰ga, juntamente com o som auspicioso de
búzios, mda‰gas e karatalas pregará as glórias transcendentais do Senhor e inundará os
quatorze mundos em doce amor a KŠa. ®r… KŠa Caitanya irá primeiro saborear a
doçura da rasa de Vraja-prema. Então, Ele distribuirá esta rasa para satisfazer os desejos
de todo mundo, desde os candalas até os semideuses.
Perdido em êxtase de consciência de KŠa, eu, Locana d€sa, proclamo que desta maneira,
o super-auspicioso e bem-aventurado tesouro de Vnd€vana aparecerá sobre a Terra.
Mur€r… Gupta continuou falando a D€modara PaŠita:
- Indra, Candra, os Yogindas e todos os semideuses ficaram felizes e dançaram em êxtase
ao ouvirem de N€rada sobre o avatara de Gaur€‰ga. Os residentes de todos os planetas
sentiram-se rejuvenescidos, como árvores velhas que novamente brotam.

O SENHOR JAGANNšTHA GLORIFICA GAURš¥GA

- Quando N€rada voltou ao planeta Terra, percebeu um declínio das atividades religiosas
das pessoas. Elas haviam abandonado as práticas de caridade, penitência e austeridades.
Negligenciando todas as atividades piedosas, os homens estavam usando seus corpos,
mentes e palavras apenas para glorificar as suas esposas. Os homens estavam totalmente
dedicados às mulheres e ao gozo dos sentidos. Ninguém tinha o menor interesse por yoga
ou auto-realização. Observando estes sintomas N€rada ficou convencido que durante sua
visita a Brahmaloka a Kali-yuga descera sobre a Terra. Sentindo-se perturbado, N€rada
sentou-se para meditar.
De repente ouviu uma voz divina no céu:
- Eu sou o Senhor Jagann€tha, o Senhor do Universo e apareci como darubrahman
(forma do Senhor em madeira). Estou residindo em Nilacala ao lado do mar para a
liberação de todas as almas caidas. Voce se esqueceu do passado? Para poder cumprir a
promessa a Katyayan… Dev…i, desci para distribuir Minha mah€-prasada para todo
mundo. Agora, ó melhor dos sábios, venha para Nilacala (Jagann€tha Puri) em
obediência à Minha ordem.
- Tomado de amor, N€rada gritou:
- Ó Jagann€tha!
- Tocando sua vina que encanta o mundo inteiro, seguiu para Nilacala. Entrando no
grande templo, ele viu a larga e redonda face do Senhor Jagann€tha. Sua face é mais
brilhante, suave e maravilhosa do que milhões de luas.
N€rada viu o Senhor Jagann€tha como a Suprema Personalidade de Deus, ®r… KŠa, a
fonte de todas as encarnações. O Senhor estava em êxtase e possuia um sorriso
refulgente. Agora Ele aparecera como a mais misericordiosa das Deidades adoráveis.
Caindo aos pés do Senhor Jagann€tha, N€rada disse:
- Por favor, Senhor Jagann€tha, a era de Kali já veio. Por favor dê Sua misericórdia. As
pessoas estão confusas, extremamente degradadas e cheias de lamentação. Controladas
pelos sentidos, estão se dedicando às mais grosseiras atividades pecaminosas.
- O Senhor Jagann€tha sorriu, tocou as mãos de N€rada e disse confidencialmente:
- N€rada, agora voce deve ir a Goloka, o mais elevado planeta espiritual. O Senhor
Gaur€‰ga reside lá. Lakm… e muitas outras damas amorosas servem ao Senhor Hari
que é o único desfrutador. Lá os residentes são felizes. R€dh€ e Rukmin… são as rainhas
principais. Juntamente com Suas muitas expanções, elas servem ao Senhor como Suas
consortes. Seguindo Seus passos, centenas e milhares de devotos servem ao Senhor.
Satyabham€ serve ao Senhor com a Sua incomparável beleza e qualidades inigualáveis.
Na verdade, Ela é a mulher mais maravilhosa nestes três mundos. Ela é possuidora de
toda a perícia e conhece os limites da rasa. Satyabham€ desfruta de encantadores
passatempos que compreendem as várias artes da rasa.
Depois de adorar Sr…mat… R€dh€a‰…, o Senhor Se expande em muitas formas para
desfrutar a dança da rasa em Vnd€vana com centenas de gopis amorosas. Com uma só
boca, como é possível descrever os limites das glórias destes doces passatempos?
Em Dv€raka, todas as damas obedecem Rukmin… Dev…. Suas mentes estão cheias de
devoção e elas sempre cantam as glórias do Senhor. Mesmo enquanto elas estão todas
juntas com KŠa, desfrutam dos sabores da rasa individualmente.
Os quatro tipos de salvação são dados pelo Senhor de VaikuŠ˜ha. Até mesmo as pessoas
caídas no mundo material podem obter a liberação por prestarem serviço devocional.
Entretanto, apenas bhakti pura pode controlar o Senhor Supremo. Sendo sempre
acompanhado por Lakm… Dev…, o Senhor é sempre rico; mas Ele sempre está carente
de saborear amor puro.
Assim como o açúcar não pode desfrutar de sua própria doçura, mas ajuda os outros a
desfrutá-la; da mesma maneira, coma a ajuda de bhakti, se alcança automaticamente a
salvação. A liberação impede o fluxo natural do serviço devocional puro. Vocês devem
saber que esta prema-bhakti-yoga supera muito os quatro tipos de liberação.
O Senhor Supremo de Goloka virá para Puri como ®r… Caitanya Mah€prabhu para
distribuir Sua misericórdia. Como Senhor dos senhores, Ele irá assumir uma forma alta e
dourada. Por distribuir livremente Sua misericórdia, irá mitigar o sofrimento de todos.
Ele irá pregar, dançar e glorificar os santos nomes. Ele distribuirá a bem aventurança de
puro KŠa-prema para liberar todas as pessoas na Kali-yuga. Agora, vão vê-lO e vocês
sentirão alívio de todas as misérias.
- Depois de ouvir o Senhor Jagann€tha, N€rada Muni deixou Puri e viajou para
VaikuŠ˜ha. Enquanto viajava, N€rada estava pensando:
- Ouvi muitas conversas confidenciais no ®r…mad Bh€gavatam sobre mukti e bhakti.
Também ouvi sobre este local que é desconhecido, imanifesto neste mundo e que está
além do conhecimento védico. Hoje vou ver este local manifesto diante dos meus olhos.

NšRADA VISITA VAIKU¦µHA

- Cheio de KŠa-prema e tocando sua vina, o grande sábio seguiu rapidamente para
VaikuŠ˜ha. Ele ficou num êxtase ainda maior quando ouviu a doce canção dos residentes
de VaikuŠ˜ha. Chegando ao portão, N€rada louvou o Senhor ViŠu com as orações mais
auspiciosas. O Senhor de VaikuŠ˜ha estava sentado numa asana repleta de jóias, rodeado
pelos Seus associados eternos. N€rada caiu aos pés do Senhor em submissão respeitosa.
Imediatamente o Senhor o levantou e o abraçou.
Rindo e sorridente, o Senhor disse:
- N€rada, por favor, revele sua mente para Mim. Diga-Me imediatamente os segredos de
seu coração. Estou ansioso em realizar os seus desejos. Vou lhe revelar tudo o que você
desejar compreender.
De mãos postas e com o coração humilde, N€rada respondeu:
- Meu Senhor, és a Superalma de todas as entidades vivas. Uma vez que já sabes de tudo,
que mais posso dizer? Em Tua forma darubrahma do Senhor Jagann€tha, falastes sobre
uma Tua forma maravilhosa. Agora desejo ver esta forma.
- Então, o Senhor N€r€y€Ša, o reservatório de todas as qualidades transcendentais, disse:
- Esta forma é a Minha forma original, repleta de muitas energias diferentes que se
portam como uma sombra. Elas servem a esta forma em Suas ilimitadas encarnações.
Eu sou todo-penetrante e estou dentro de tudo. Lakm… Dev… e as quatro muktis
(formas de salvação) sempre Me seguem. Sou a riqueza de Lakm… Dev…. N€rada, este
planeta VaikuŠ˜ha para o qual você veio é uma expanção do original, o planeta espiritual
mais elevado chamado Goloka Vrnd€vana. Os quatro tipo de mukti atuam aqui como
uma sombra que encobre a brilhante realidade de bhakti. Entretanto, em Goloka
Vnd€vana não há nada além de serviço devocional puro expontâneo.
®r…mat… R€dh€a‰… é a energia original, a própria encarnação de prema. Só Ela
controla KŠa, o desfrutador supremo. Sua morada é chamada Mah€ VaikuŠ˜ha, o mais
elevado planeta entre os VaikuŠ˜has. Três quartas partes das energias do Senhor estão no
mundo espiritual.
Posso dizer com certeza que Gaurahari está além do toque de m€y€. Ele é uma árvore dos
desejos de compaixão. Ó grande sábio N€rada, vá a Sua morada e busque abrigo em
®r… Caitanya Mah€prabhu, o iksa-guru do mundo inteiro!

NšRADA VÊ GAURš¥GA EM GOLOKA

- N€rada seguiu para Goloka tocando sua vina e cantando as glórias de Hari. Tomado de
êxtase, seu corpo mostrava vários sintomas de amor transcendental como arrepios. Num
momento ele corria, chamando "Gaur€‰ga!" No momento seguinte dava passos
cambaleantes, virando a cabeça sem nenhum motivo e então saia correndo.
De repente, uma suave brisa de VaikuŠ˜ha soprou sobre ele, e ao longe ele viu uma
maravilhosa refulgência, mais refrescante do que milhões de luas. Os sentidos de N€rada
se tornaram inertes quando ele sentiu a doce fragrância dos pés de lótus do Senhor.
N€rada viu que os residentes de Goloka estavam num humor jovial. Milhares de Cupidos
rodeavam o Senhor, esperando para servi-lO. Suas formas corpóreas eram muito
atrativas. Sua conversa era um canto nectáreo e seu andar era cheio de dança e de gestos
dramáticos. Eles pareciam completamente satisfeitos por uma bem-aventurança interior
criada pelo amor puro a Deus.
Árvores kalpa-vksa e kamadhenu (vacas surabhi) embelezavam a paisagem. Vendo
alguns carramanchões floridos, N€rada lembrou-se do desejo de Uddhava em nascer
como uma trepadeira em Vnd€vana. Logo N€rada chegou a um bosque, bem no centro
de Goloka. Ali, viu uma forma dourada de KŠa, ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu, sentado
sobre um trono dourado brilhante e magníficamente decorado. O trono estava sobre uma
plataforma de jóias debaixo de árvores dos desejos inacreditavelmente belas.
®r… KŠa Caitanya. Sua face gentil estava adornada com um sorriso extático, ali sentado
pacificamente. Sua forma era mais nectárea, maravilhosa e doce do que o mel. Um ramo
de mangueira cobria um pote d'agua ao lado do trono. O dedão do pé esquerdo de Gaur€
‰ga R€ya tocava o pote. O bosque era iluminado por lâmpadas de jóias, que brilhavam
como o sol.
R€dhik€ e Suas amigas gop…s (representando as energias de Vnd€vana), seguravam
potes d'agua feitos de jóias e permaneciam ao lado direito do Senhor. Ao Seu lado
esquerdo (representando as energias de Dv€raka) estavam Rukmin… e Suas
companheiras, segurando potes de ouro contendo agua em forma de jóias. Nagnajit… deu
um pote cheio d'agua a Sulakshan€. Esta o deu para Rukmin… que então usou a água do
Ganges celestial para banhar Gaur€‰ga Mah€prabhu.
Tilottam€ (uma das apsaras de Indra) encheu outro pote d'agua, passando para
Madhupr…y€, que o deu a Candramukh…. Esta o deu a R€dhik€ Ra… (R€dh€r€‰…)
que o despejou sobre a cabeça de Gaur€‰ga em abhieka. Satyabham€ deu aromas
celestiais, vestes, guirlandas e ornamentos a Lakman€, Subhadr€ e Bhadr€. Com potes de
ouro cheios d'agua do Ganges celestial misturada com jóias, todos banhavam a forma
transcendental do Senhor Caitanya.
Das quatro direções, damas celestiais vinham trazendo maravilhosas vestes, jóias e
ornamentos para o Senhor. Os melhores menestréis estavam próximos do Senhor Gaur€
‰ga R€ya, louvando-O com orações magníficas. De acordo com os Vedas, a melhor
forma de meditação é sempre se lembrar da abhieka do Senhor de Goloka.
O maravilhoso corpo de Mah€prabhu brilhava como ouro derretido. Seus dois braços
eram longos e graciosos. Ele estava sendo adorado por devotos que cantavam um mantra
de quatro sílabas. Esta mesma forma aparece em VaikuŠ˜ha com quatro braços. Lá Seus
corpo tem a cor de uma nuvem de chuva recém-formada, e Ele porta os quatro símbolos
de ViŠu em Suas quatro mãos: cakra, padma, sankha e gada.
Ao ver Gaur€‰ga, o grande sábio ficou cheio de amor a Deus. Ele caiu aos pés do
Senhor e os banhou com suas lágrimas. Sorrindo, o Senhor levantou N€rada e o colocou
em Seu colo.
Neste instante, N€rada disse:
- Ó meu Senhor, Tu és muito querido para mim. Destruistes todas as minhas misérias e
todas as minhas dores. Meu querido Mah€prabhu, jamais havia visto nada tão
maravilhoso. Agora minha vida está perfeita. Jamais havia visto tamanha beleza nectárea,
condensada em uma só forma. Até o meu pai, Brahm€, não pode compreender-Te. Tu és
completamente idescritível.
Alguns dizem que és a refulgência suprema. Outros dizem que Tua existência desafia
definição. Não há exemplo que possa descrever o Teus aspecto refulgente. Alguns dizem
que és a Personalidade Suprema. Nenhuma quantidade de especulação pode avaliar-Te.
Ninguém pode obter a liberação mesmo que conheça tudo sobre Tua energia todo
penetrante. Teus passatempos transcendentais desafiam toda a compreensão.
Ananta, com Suas milhares de bocas, não pode encontrar fim nas Tuas qualidades
transcendentais. Apesar de tentar, não pode glorificar-Te adequadamente. Por Tua
misericórdia acabei de ver-Te na forma do Senhor Gaur€‰ga e é impossivel que consiga
conceber-Te de forma mais maravilhosa. Yogis e sa‰karistas acreditam que bhakti é
uma forma grosseira para se aproximar do Supremo. Eles dizem que somente através do
misticismo e da meditação é que se pode realizar a transcendência. Entretanto, os devotos
são resolutos em sua consciência. Eles simplesmente fixam suas mentes nos pés de lótus
do Senhor e O adoram com atenção indivisa.
De acordo com os Vedas, alguns seguem o caminho do varn€rama-dharma. Alguns
munis, sem compreender os Vedas, tentam apresentar a conclusão do Ved€nta. Por que
diferentes filósofos apresentam pontos de vista conflitantes? Alguns sustentam que a
Verdade Absoluta possui unidade indiferenciada. Eu compreendo plenamente que estás
além do conhecimento científico, advinhação ou especulação filosófica.
Por favor, dê-me a misericórdia de Teus pés de lótus. Sinto grande angústia. Meu
Senhor, deixe-me morrer e renascer para que possa alcançar prema-bhakti levando uma
vida consciente de KŠa.
- Depois de ouvir o apelo de N€rada Muni, o Senhor Gaur€‰ga sorriu e disse:
- N€rada, rei dos sábios, venha coMigo. Vamos a Navadv…pa e vamos liberar as pessoas
de Kali-yuga pregando o serviço devocional puro. Eu resido em Svetadv…pa junto com
meu irmão mais velho Balar€ma, cuja expanção é Ananta. Ele e servido pelo Senhor
®iva e pelo onze Rudras. Balar€ma, em Sua forma expandida de Kirodakaayi ViŠu e sua
esposa Revat…, agora estão realizando passatempos no oceano de leite. Ele arranja as
encarnações que depois entram no mundo material. N€rada, vá depressa a Svetadv…pa e
pessa ao Senhor que tome o nome de Nity€nanda e apareça na Terra com Seus associados
eternos.
- N€rada Muni, sentindo bem aventurança e satisfeito por ter ouvido o Senhor Gaur€
‰ga, cantou: "Hari bol! Hari bol!"
Locana d€sa declara que se ficará embalado por ondas de êxtase todo aquele que ouvir
esta conversa transcendental.

GAURš¥GA DIZ PORQUE ELE DESCE

Mur€r… Gupta continua narrando a D€modara PaŠita:


- Depois da partida de N€rada, o Senhor pensou conSigo mesmo e então anunciou a Seus
associados:
- Ouçam atentamente conforme explico porque encarno sobre a Terra.
- O Senhor, o maior de todos os controladores, sempre pensa sobre o bem estar do
mundo. Ele estava acompanhado por R€h€r€Ši à Sua direita e por Rukmin… à Sua
esquerda. Todas as Suas graciosas rainhas, queridos associados e companheiros íntimos
também estavam presentes. Todos estavam ansiosos em ouvir as nectáreas palavras do
Senhor. Milhões de olhos não seriam suficientes para contemplar a beleza inigualável da
face do Senhor. Como muitas aves cakora anseiam pelos raios da lua, da mesma maneira
os seus olhos estavam sedentos para beberem o néctar da face de lua do Senhor Gaur€
‰ga.
Revelando o propósito de Sua encarnação para todos os Seus associados eternos, o
Senhor Caitanya disse:
- Em todas as eras apareço no mundo material para liberar os santos e para restabelecer a
religião. Sem compreender o propósito de Meu advento, as pessoas ignorantes continuam
a cometer atividades pecaminosas. É doloroso para Mim verificar que após a Satya-yuga
as atividades pecaminosas aumentam gradualmente com o progresso das eras. Vendo a
condição degradada da Kali-yuga, sinto muita compaixão e Me encarnarei pessoalmente
para manifestar o Meu amor.
Ensinarei pessoalmente às pessoas a diferença entre religião e irreligião. Devo lhes dar a
jóia mais difícil de ser conseguida, prema-bhakti. Em Navadv…pa, às margens do
Ganges, aparecerei como filho de Jagann€tha Mira e ®ac… M€t€. Nas Minhas
encarnações anteriores Eu matava demônios, mas como o Senhor Gaur€‰ga conquistarei
a todos com o Meu amor.
Em Minhas outras encarnações assumi formas bravias e utilizei armas poderosas para
aniquilar muitos demônios ferozes e invensíveis. Entretanto, na Kali-yuga usarei as
armas dos Meus santos nomes transcendentais, de Minhas qualidades e a potência de
Meus prema-bhaktas (devotos puros). Com eles conquistarei as pessoas de mentalidade
demoníaca e concederei a elas serviço devocional puro a R€dh€ e KŠa.
Agora, sem outras considerações, todos vocês venham coMigo e vamos destruir a
atividades pecaminosas da Kali-yuga. Com o poderoso fio de n€ma-sa‰k…rtana,
cortarei os fortes nós dos desejos demoníacos nos corações de todas as pessoas.
Mesmo que os pecadores rejeitem a religião ou fujam para países extrangeiros, ainda
assim conseguirão Minha misericórdia, enviarei mor senapati bhakta para ir lá liber€-los.
(mor significa Meu; senapati significa comandante militar e bhakta significa devoto.
Assim, o Senhor Caitanya empregaria O Seu devoto para difundir consciência de KŠa em
todo mundo, uma clara referência a ®r…la Prabhup€da)
Vou inundar o universo inteiro com o Meu amor. Nem uma gota de miséria ou
lamentação deverá permanecer. Vou distribuir gratuitamente Meu amor extático para os
semideuses e para todas entidades vivas móveis ou inertes.
Locana d€sa canta alegremente sobre o aparecimento do Senhor Caitanya. Deste modo. o
Senhor Gaur€‰ga revelou a razão de Seu aparecimento sobre a Terra.
- Enquanto isso, tocando sua vina, N€rada Muni viajava. Tomado por KŠa-prema, seus
olhos estavam úmidos de lágrimas, turvando sua visão. Ele caia e cambaleava como um
bêbado. Na verdade, ele estava intoxicado por Gaur€‰ga-prema. Após andar uns poucos
passos, caia para trás, de onde havia partido. Com voz entrecortada pelo êxtase, cantava
os nomes de KŠa e caia de volta ao solo. Pouco a pouco pôde se recompor com grande
dificuldade.

NšRADA VISITA O SENHOR BALARšMA

- Enquanto contemplava a forma bem-aventurada do Senhor Gaur€‰ga em seu coração,


N€rada rugia como um leão. Ele estava indiferente a todos e nem reconhecia os amigos.
Só podia ver Gaur€‰ga, cuja refulgência corpórea brilhava com milhões de sóis, dentro
de todo mundo. Lembrando-se desta maravilhosa forma, N€rada viajou até Svetadv…pa,
a morada do Senhor Balar€ma.
Brisas suaves carregavam a doce fragrância de flores celestiais, gratificando o grande
sábio. Cordões de pérolas estavam dependurados em todas as portas. Velhice, invalidez,
doença, lamentação e morte eram inexistentes nesta realidade sobrecarregada de bondade
pura. Todos os residentes compartilhavam de mútuos sentimentos de amizade.
A presença do Senhor Baladeva, a Deidade predominante no oceano de leite, era sentida
em todo lugar. Em função disso, todos tinham personalidade atrativa e mansa.
Considerando-se abençoado por testemunhar tudo isso, N€rada pensou consigo mesmo:
- Em breve meus olhos verão o Senhor dos três mundos e cairei em êxtase aos Seus pés.
O Senhor Balar€ma R€ya assiste ao Senhor KŠa em Seus ilimitados passatempos
prazeirosos sobre a Terra, Ele também mata muitos demônios. Balar€ma Se expande em
três formas para prestar serviço amoroso a KŠa. Ananta, uma das expansões de
Balar€ma, mantem um universo em cada um de Seus ilimitados capelos. Ele é o
controlador supremo que permanece no centro de Svetadv…pa realizando inúmeros
joviais passatempos transcendentais.
O Senhor Balar€ma serve ao Senhor KŠa como Sua cama, assento e guarda-sol. Na
ocasião de pralaya (inundação do universo), Ele Se transforma em uma folha de figueira-
de-bengala para carregar o bebê KŠa. Quando o Senhor luta, Balar€ma Se torna Suas
armas transcendentais. De muitas maneiras o Senhor Balar€ma serve o Senhor com
perícia. Em uma expansão Ele serve ao Senhor, em outra suporta o Universo.
Este é o meu querido Senhor Balar€ma. Ele é o mestre destes três mundos. Vou vê-lO no
meio do oceano de leite e vou comunicar-Lhe a ordem de ®r… Caitanya Mah€prabhu.
Estes dois Senhores têm uma só mente, como o rei e seu ministro. Expansões diretas e
parciais destes dois Senhores também descerão para a Terra.
- Estando absorto em tais pensamentos, N€rada Muni alegremente entrou no palácio. Ele
viu a maravilhosa face em forma de lua branca do Senhor Balar€ma, o Senhor dos três
mundos, cercado pelos Seus associados íntimos. Sentado em um trono de alvura
imaculada, o Senhor Balar€ma parecia magestático como uma montanha.
O Senhor exibia um sorriso gentil, nectário em lábios finamente desenhados. Seus olhos
de lótus, de tom avermelhado, brilhavam como se intoxicados. Ele falava com voz
balbuciante. Com olhos semi-cerrados, lançava olhares furtivos e indiferentes. Seu
pescoço era ornado com colares de jóias e pérolas, rubis e corais. Outros ricos adornos
permaneciam encobertos pelas Suas vestes.
Recostado em uma almofada, o Senhor Balar€ma segurava Sua cabeça com Sua mão
esquerda e a mão de Revat… com a mão direita. Revat… preparava tambula (refrescos
de noz de betel) e servia o Senhor. Ela contemplava Seu Senhor com olhar amoroso.
Muitas servas, usando pulseiras e cintos com sininhos que soavam melodiosamente,
abanavam alegremente o Divino Casal com belas camaras.
Neste instante, N€rada, com sua vina vibrando atrativamente, chegou diante do Senhor
Balar€ma. Cheio de amor extático, N€rada perdeu o equilíbrio e caiu no chão.
Rapidamente, o Senhor levantou N€rada e o colocou sobre o Seu colo, tranquilizando-o,
dirigindo-lhe palavras afetuosas. O Senhor disse:
- N€rada, de onde voce vem? Estou ansioso em saber as novidades.
Com muito respeito o sábio respondeu:
- Meu Senhor, o que posso dizer? Uma vez que és a Superalma, já sabes de tudo o que
levo em meu coração. Assim, diga-me o que desejas. A era de Kali está repleta das mais
hediondas atividades pecaminosas. As pessoas não sabem como se liberarem. Sentindo
muita compaixão por elas, meu Senhor decidiu aparecer sobre a Terra para restabelecer
os princípios religiosos e manter os Seus devotos.
O melhor dharma é destruir a irreligião. Cheguei a esta conclusão depois de estudo
profundo. O Senhor ordenou-me que anunciasse isso e após ouvir, as pessoas poderiam
se sentir felizes. Aceitando o humor de R€dh€r€Š… em Seu coração, e assumindo a
compleição externa de R€dh€ e completamente absorto no humor de R€dh€, o Senhor
aparecerá sobre a Terra.
Junto com Seus amigos, amigas e numerosos devotos Ele irá inundar a criação com o
humor de Vraja-bhava, os sentimentos amorosos dos residentes de Vnd€vana. Assumindo
o nome de Nity€nanda deves aparecer com Eles. É claro, Meu Senhor, Tu já deves saber
de todas estas coisas.
Ao ouvir a ordem de Mah€prabhu como transmitida por N€rada, Balar€ma R€ya olhou à
Sua volta e gargalhou alto. Perdido em êxtase, o Senhor fez um som tumultuoso.
Obedecendo à ordem de Mah€prabhu, o Senhor Balar€ma disse a Seus devotos para
descerem à Terra. O Senhor Balar€ma disse:
- N€rada, vamos para a Terra. Vou ensinar as glórias confidenciais de Gaur€‰ga
Mah€prabhu. Gaurahari, a essência de todas as encarnações, aparecerá na Kali-yuga.
Mantendo uma palha entre os dentes, façam que todos cantem as qualidades
transcendentais do Senhor Caitanya.
Abandonem todo apego material e desenvolvam atração por KŠa. Apego amoroso ao
Senhor agirá como um barco para atravess€-los o oceano da existência material. A
encarnação de Gaura é extremamente rara. Pela misericordia de Gaur€‰ga, os sem vida
recuperarão a vida e os cegos verão o caminho (fim da narração de Mur€r… Gupta a
D€modara PaŠita).
Assim, Locana d€sa canta as glórias de Gaur€‰ga, a encarnação suprema.

AS GLÓRIAS DOS ASSOCIADOS DE GAURš¥GA

Seguindo as ordens de Mah€prabhu, Seus vários associados apareceram na Terra com


novos nomes e identidades. Mahea µh€kura (Senhor ®iva) assumiu o nome de
Kamalakana e apareceu numa família de brâmanes. Ele recebeu o título de "Advaita
Acarya" após completar o estudo dos Vedas.
Esta grande personalidade anteriormente conhecida como Mah€-Mahevara estava
completamente situada no modo da bondade. Entretanto, as pessoas da Terra acreditaram
estar no modo da ignorância. Vendo apenas o comportamento externo, as pessoas
ignorantes, que não podem perceber a natureza interior, disseram que ele estava no modo
da ignorância.
Este modo da ignorância predomina nos devotos materialistas. Estes tolos, devotos
ignorantes não podem conhecer a posição verdadeira de Hari Hara. Como alguém pode
especular erroneamente que Hari Hara (ViŠu e ®iva) estão no modo da ignorância?
Agora vamos considerar como o Senhor Gaura é a melhor de todas as encarnações.
No trayoda… de m€gha, durante uma auspiciosa conjunção estrelar, o Senhor Balar€ma
apareceu na Terra numa família de brâmanes como filho de Hadai Pandita e Padmavati.
Na forma de Ananta ®ea, este Senhor mantém a criação sustentando os universos sobre
Seus capelos. Assumindo o nome de ®r… Nity€nanda Prabhu, Ele é a fonte de bem-
aventurança ilimitada. Seus pais O chamaram Kuvera PaŠita e como sanny€s… Ele foi
chamado Nity€nanda.
Com o nome de S…t€, a deusa Katyayan… apareceu na Terra em uma família de
brâmanes. Depois de desposar Advaita šc€rya ambos pregaram prema-bhakti.
Eu, Locana d€sa, confesso que sou pouco inteligente e que não compreendo as verdades
sobre o Senhor. Como posso professar que conheço a identidade destes avataras e
explicá-los? E também, não posso dizer o que ouvi dos grandes €c€ryas porque sou
muito tímido ao falar. Não tenho nenhum poder para identificá-los. Estou simplesmente
listando seus nomes em ordem alfabética sem considerar seu esplendor individual.
O próprio ®r… KŠa apareceu na casa de ®ac…dev… e Jagann€tha Mira. Gopin€tha e
K€… Mira µh€kura eram seguidores entusiasmados do Senhor Caitanya. Mur€r…, ®r…
Gad€dhara PaŠita, Gad€dhara d€sa, Mukunda Datta, ®r…vasa, Ram€nanda R€ya,
V€sudeva Datta, Harid€sa µh€kura, Govinda (e seus seguidores rendidos), Ÿvara Puri,
M€dhava Puri, ViŠu Puri, Vakrevara, Param€nanda Puri, Jagad€nanda PaŠita, ViŠupr…
y€, Raghava PaŠita e autor apareceram na Terra.
R€ma d€sa, Gaur… d€sa, Sundara, KŠa d€sa, Puru ottama, ®r… Kamal €kara,
Kala KŠa d€sa, Uddharana Datta são glorificados entre os dvadasa gopalas, os doze
vaqueirinhos de Vraja. Paramesvara d€sa, Vnd€vana d€sa, K€…vara, ®r… R™pa,
San€tana, Govinda, M€dhava e Vasu Ghosh vieram juntos para a Terra pregar a
consciência de KŠa. D€modadara PaŠita veio com os seus quatro irmãos.
Purandara PaŠ  ita e Param€nanda Vaidya vieram. Alguns associados se associaram ao
Senhor bem no início de Seus passatempos e outros vieram mais tarde.
®r… Narahari Sarakara Prabhu é meu senhor e mestre. Apesar de não ter força alguma,
tento descrever o seu caráter. Prestando respeito a meu Gurudeva, peço a ele que
desconsidere minha ousadia e não fique irado. Pela misericórdia de seus pés, uma alma
caída como eu pode contar a todo mundo as magníficas glórias do seu Senhor Gaur€
‰ga.
Meu senhor Narahari d€sa, tinha grande influência entre os vaidyas (uma classe de
doutores). Seu corpo era cheio de KŠa-prema e ele vivia pregando a consciência de KŠa
aos seus seguidores. Inúmeras entidades vivas receberam a mostra de sua misericórdia.
Ele era incansável devido ao grande apego por KŠa. Como seu corpo era feito de pura
R€dh€-KŠa rasa, ele costumava apresentar sintomas de bhava.
Absorto em amor puro por R€dh€-KŠa, às vezes ele manifestava algum passatempo
transcendental. Vivendo na vila de ®r… Kanda, ele ficou famoso como "Narahari
Caitanya". Seus pés de lótus são o único objeto de minha vida. Às vezes ele estava
imerso em KŠa-bhava, e às vezes imerso em R€dh€-bhava.
Ele seguia sempre os ensinamentos puros de ®r… Caitanya Mah€prabhu. Tratava sempre
os vaiŠavas com amor grande e respeito. Sua fama se espalhou pelo mundo. Na Vraja-
l…l€ ele era Madhum€t…, uma encarnação de néctar e muito querida de ®r… R€dh€.
Na era de Kali ele é Narahari Sarakara, um dos principais associados de ®r…man
Mah€prabhu. Ele era um reservatório de R€dh€-KŠa prema. Seu sobrinho foi o devoto
mundialmente famoso, Raghunandana µh€kura.
Quando era apenas um menino, a Deidade de Raghunandana comeu um laddu
diretamente de sua mão. Desta maneira, qual o tolo que poderia considerá-lo apenas uma
criança pouco inteligente? Quem pode descrever as qualidades de um vaiŠava tão raro e
elevado? Na verdade, ele costumava conversar pessoalmente com sua Deidade de KŠa.
De fato, o Senhor Caitanya disse certa vez:
- Raghunandana, você é a Minha vida e a Minha alma.
Abhir€ma Gosv€m… disse que Raghunandana era a encarnação de Cupido. Os devotos
viram Raghunandana como Cupido quando ele se sentou no colo do Senhor Caitanya.
Tendo a força de KŠa dentro de si, ele encantava as mentes do Universo inteiro enquanto
dançava. Ele mostrava sua afeição para com todos, sem qualquer distinção. Falava
sempre palavras belas e doces. Na verdade, nunca ninguém o ouviu dizer algo cruel.
Raghunandana era belo, inteligente e seu corpo era saturado com a bem-aventurança da
consciência de KŠa. Seus passatempos era muito doces e sua vida era uma bênção para o
mundo. O pai de Raghunandana, ®r… Mukunda d€sa, era um devoto puro que tinha fé
completa nos ensinamentos do Senhor Caitanya. Um dia ele desmaiou ao ver uma pena
de pavão numa assembléia real. Esta visão o fez lembrar do seu amado todo atrativo
Senhor KŠa.
Quem pode sondar o relacionamento íntimo que os associados eternos do Senhor
Caitanya têm com o Senhor? Somente as expanções confidenciais do Senhor, como
Ananta e outras podem conhecê-lO. Uma alma condicionada limitada nunca pode
conhecer o poder do Senhor Sri KŠa. Entretanto, aquele que tiver realizado KŠa pode ver
o Senhor.
Por que me preocupar em mencionar Suas armas eternas associadas? Todas elas vieram
para a Terra. Assim sendo, como poderia nomeá-las todas? Alguém pode tentar medir o
oceano com um pote. Outro pode tentar contar todas as partículas de poeira do mundo.
Posso contar as estrelas do céu. Pode-se fazer todas estas coisas, mas é impossivel
escrever tudo sobre os passatempos de ®r… Caitanya Mah€prabhu. O que mais posso
dizer?
Sou tolo e pouco inteligente, mas estou assumindo a tarefa de escrever uma biografia
sobre o Senhor Gaur€‰ga. Assim como um cego que deseja ver pedras preciosas, ou
anão que deseja alcançar a lua com as mãos ou um manco que deseje escalar os
Himalaias, da mesma maneira, dentro do meu coração desejo intensamente pregar a
mensagem do Senhor Gaur€‰ga.
De mãos postas, peço que vocês me abençoem. Pelo toque divino de Gaur€‰ga
Mah€prabhu, um mudo vira tagarela, um homem sem a língua pode transmitir de
maneira celestial tópicos transcendentais e até sem estudo, um analfabeto tolo pode
explicar a verdade sobre o Brahman.
Os vaiŠavas mais elevados apareceram sobre a Terra para explicar o conhecimento
confidencial sobre KŠa. Como a mãe alimenta seu filho sem qualquer motivação, da
mesma maneira, o Senhor Gaur€‰ga exibiu Sua misericórdia sem causa para todas as
entidades vivas. Vendo a extenção de Sua misericórdia, mesmo um tolo de nascimento
baixo como eu deseja saborear o néctar da consciência de KŠa.
Narahari Prabhu, uma encarnação de compaixão, bondosamente depositou sua afeição
sobre esta criatura caída e degradada. Apesar de estar sem ajuda e cego pelo apego às
mais baixas atividades pecaminosas, ele me salvou. Pela misericórdia do Senhor, de meu
Gurudeva e dos devotos, espero completar este manuscrito sem impedimentos.
De mãos postas e cheio de humildade, rendo-me aos pés dos vaiŠavas repetidas vezes.
Sou o mais baixo dos caídos. Só pela misericórdia dos vaiŠavas é que esta biografia será
completada com sucesso. Mantendo uma palha entre os dentes e oferecendo as minhas
mais humildes reverências, eu, Locana Dasa peço ao Senhor que realize meu desejo de
completar este livro.
Ouçam todos, o S™tra-khaŠ a de ®r… Caitanya Ma‰gala está terminado. Locana
d€sa sugere que agora discutamos os prema-vilasa, os passatempos extáticos de Sri
Gaur€‰ga Mah€prabhu no šdi-khaŠa.
šDI-KHA¦A

CAPITULO 1

PASSATEMPOS DO NASCIMENTO DE SRI CAITANYA

Todas as glórias a Gad€dhara e a ®r… Gaur€‰ga, o Supremo Senhor Hari apareceu


como um ser humano. Todas as glórias a Nity€nanda Prabhu, o Senhor todo poderoso.
Todas as glórias a Advaita šc€rya, que não é diferente de Sadaiva. Todas as glórias aos
exaltados devotos do Senhor Caitanya.
Tomando a poeira desta personalidades sobre a minha cabeça, agora irei descrever o šdi-
khaŠa.
Antes dos associados eternos do Senhor Caitanya nascerem, anunciou-se:
- A hora do aparecimento do Senhor no ventre de ®ac…dev… chegou.
Sons de "Jai! Jai!" encheram o Universo. Semideuses, Nagas e seres humanos
contemplaram em êxtase. Alguns disseram que Ele tinha uma refulgência divina. Outros
disseram que Ele era a forma sutil do Senhor N€r€yaŠa. Alguns disseram que Ele era o
Brahman eterno e supremo. Esta personalidade elevada agora estava buscando abrigo no
ventre de ®ac…m€t€.
Dia após dia, o ventre de ®ac… aumentava de tamanho e refulgência. Vendo isso, o
mundo inteiro ficou feliz. Depois de seis meses, o Senhor Supremo, a personalificação da
bem-aventurança derradeira, Se manifestou. As pessoas imaginavam que uma grande
personalidade logo apareceria na casa de ®ac…. Nesta hora, uma luz deslumbrante veio
do ventre de ®ac…m€t€ e iluminou todo o seu lar.
De repente, chegou Advaita šc€rya. Jagann€tha Mira, levantou-se respeitosamente para
recebê-lO. Advaita šc€rya, a morada de todas as qualidades transcendentais, não tinha
ninguém que se comparasse a Ele nestes três mundos. Purandara Mira (Jagann€tha Mira)
ofereceu-lhe um assento. Pôs a poeira dos pés de Advaita šc€rya sobre sua cabeça e O
louvou com palavras humildes. ®ac…dev… trouxe água para lavar os pés do šc€rya.
Assim que Advaita šc€rya viu ®ac…, que esperava a Suprema Personalidade de Deus em
seu ventre, levantou-se respeitosamente. Devido a intenso amor, os olhos de lótus de
®r… Advaita ficaram vermelhos e úmidos pelas lágrimas. Sua face ficou rubra como o
sol nascente. Tomado de grande êxtase, seus lábios tremiam, sua voz falhou e seu corpo
tremeu. Ele circunambulou ®ac…mata e ofereceu-lhe reverências.
Este estranho comportamento do idoso e respeitável šc€rya surprendeu ®ac…dev… e
encheu de dúvidas Jagann€tha Mira. Jagann€tha Mira exclamou:
- šc€rya Gosv€m…, o que voce está fazendo? Não posso compreender este Seu
comportamento incomum. Por favor, dissipe minhas dúvidas. De outra maneira, ficarei
queimando de ansiedade ante este incidente.
Advaita šc€rya respondeu:
- Jagann€tha, no futuro voce vai compreender tudo.
Realizando o sentido profundo das escrituras, ®r… Advaita Prabhu exibiu sintomas de
êxtase pelo corpo, como choro e arrepios. Então, adorou o ventre de ®ac… untando-o
com uma pasta de sândalo fragrante. Ele a circunambulou sete vezes, ofereceu-lhe
respeitos e saiu sem dizer nada. Jagann€tha Mira e ®ac… ponderaram sobre o incidente,
imaginando porque šc€rya adorou o ventre de ®ac….
O ventre de ®ac… agora exibia um brilho centenas de vezes maior. Esquecida de si
mesma, ®ac…dev… não via nada além de felicidade em todo canto. Os semideuses
vieram e se apresentaram diante dela. Brahma, ®iva, Saunaka e outros oraram:
- Todas as glórias ao Senhor que é eterno, ilimitado e que é o único sem um segundo.
Todas as glórias ao infalível Senhor que é a bem-aventurança eterna personalificada.
Todas as glórias ao Senhor que sempre protege os Seus devotos.
O Senhor Supremo é transcendental aos três modos da natureza. Todas as glórias ao
Maha-ViŠu que Se deita sobre o oceano causal. Todas as glórias ao Senhor do céu
espiritual que é a raiz suprema de todas as existências. Todas as glórias ao Senhor de
VaikuŠ˜ha, o amante de R€dh€. Todas as glórias ao Senhor dos inumeráveis planetas
VaikuŠ˜ha.
Todas as glórias ao Senhor que é conhecido como dhira lalita. Todas as glórias o querido
filho de Nanda Mah€r€ja que rouba os corações de todos. Na Kali-yuga Ele Se manifesta
no ventre de ®ac…dev… para desfrutar Seus passatempos transcendentais neste mundo.
Todas as glórias ao Senhor que concede a todos a divina bem-aventurança. Tal
compaixão sem paralelo nunca foi vista antes. Na Kali-yuga o Senhor desce para Se dar a
todo mundo sem discriminação. Depois de realizar este amor, nós nos vemos em apuros.
Agora, Ele o distribui livremente para todo mundo.
Depois de saborear a doçura de Teu amor divino, Tu o distribuis para todo mundo
saboreá-lo sem considerar os seus defeitos. Até mesmo os candalas irão desfrutá-lo. Por
favor, dê-nos uma partícula de prema para que possamos nos juntar a Ti e glorificar
R€dh€ e KŠa.
Então, os semideuses circunambularam o Senhor Gaur€‰ga cantando:
- Todas as glórias ao inalgurador do movimento de sankirtana.
Com as sua quatro bocas, o Senhor Brahm€ ofereceu várias orações ao Senhor Gaur€
‰ga. ®ac…dev… sentiu muita satisfação ao ouvi-las. ®ac…dev… tratou a todos com
muita amabilidade. Assim que ®ac… chegou ao décimo mês de gestação, sentiu um
aumento da felicidade em todas as direções. No auspicioso dia e instante do aparecimento
de Gaur€‰ga, Rahu engoliu a lua cheia do mes de phalguna.

A BELEZA DE NIMAI ENCANTA O UNIVERSO

As pessoas de Nadia estavam à beira do Ganges e enchiam a atmosfera cantado Hari-


n€ma. Uma brisa suave dissipava uma fragrância celestial em todas as direções. Todas as
dez direções sentiam-se muito felizes. Todas as seis estações se manifestaram
simultâneamente no momento do auspicioso aparecimento do Senhor. Trêmulos de
alegria, os semideuses desceram em seus aeroplanos celestiais para ver o bebê dourado
por um instante. Por arranjo do Senhor, o único som ouvido em Seu advento foi o canto
alto de "Hari bol! Hari bol!"
O tesouro de VaikuŠ˜ha apareceu no quintal de ®ac…dev…. Seu coração pulsava de
elegria, ®ac… agitou sua mão e gritou com uma voz emocionada a seu esposo
Jagann€tha Mira:
- Prabhu venha correndo! Venha ver a beleza da face do seu filho e fazer de sua vida um
sucesso!
As senhoras da vila correram excitadas para abençoar o menino. Quando O viram,
começaram a cantar:
- Jai! Jai!
Os semideuses, as nagakany€s (filhas do rei serpente) e os Vedas personalificados
tambem vieram glorificar Gaurahari.
Cada um dos Seus membros manifestava uma abundância em rasa. O menino Gaur€‰ga
era uma forma condensada de néctar delicioso. Ver esta forma aturdia os olhos de todos.
Parecia a todo mundo que Ele era o amante das gop…s.
As senhoras disseram:
- Nunca vimos ou ouvimos falar de um menino que só por vê-lO nossos corações
imediatamente palpitassem de desejo. Sentimos uma tração irresistível por Gaura Prabhu.
Não há um só dia que possamos passar sem vê-lO.
O Universo inteiro não poderia conter a imensa felicidade que Jagann€tha Mira sentia ao
ver a face de seu filho. A face de Gaura brilhava com o brilho de centenas de luas. Seu
sorriso se assemelhava a uma flor de lótus desabrochando. Seu nariz elegante, bem
formado, desafiava a beleza da flor de sésamo.
Os raios do corpo deslumbrante de Gaur€‰ga pareciam nectáreos. A afeição brotava no
coração de quem quer que visse Seus lábios vermelhos, Seu queixo finamente formado e
Suas faces radiantes. Seu pescoço parecia o de um leão e Seus ombros eram tão
poderosos quanto os de um elefante. Ele tinha um peito aberto e Seus braços eram longos
e iam até os joelhos. O corpo inteiro de Gaura era saturado de bem-aventurança.
Suas costelas eram fortes e curvadas atrativamente. Suas coxas poderosas pareciam
troncos de bananeiras. Seus pés eram como a flor de lótus vermelha. Suas solas eram
marcadas com uma bandeira, camara, carruagem, raio luminoso, aguilhada, guarda-sol,
swastika, fruta jambo e um triângulo rodeado por potes d'agua.
O efeito combinado de toda esta beleza era como um rio de néctar fluindo. Estas marcas
e sintomas auspiciosos indicavam a personalidade mais exaltada, o Rei dos reis. Indra,
Candra, os kinnaras e gandharvas, e outros semideuses vieram à Terra só para
satisfazerem seus olhos com a beleza indescritível de Gaur€‰ga. Ao verem a beleza do
Senhor, os olhos de todos se untavam de néctar, como se estivessem vendo o amante
mais querido. Logo após o Seu nascimento, todo mundo veio admirar a doce beleza do
menino. Todos se sentiam muito confortáveis diante de Sua presença. Todos sentiam
como se já tivessem uma relação muito antiga e íntima com Ele. Vendo a maravilhosa
forma dos membros dourados do menino, seus corações se enchiam de felicidade
ilimitada.
Milhões de Cupidos fugiriam de vergonha ao contemplar a beleza de Sua face de lótus. A
cidade inteira se encheu de cantos de "Jai! Jai!" O sempre novo Cupido transcendental
apareceu como filho de Jagann€tha Mira. Até mesmo o choro da criança soava como
néctar aos ouvidos. As senhoras O observando, acreditaram que Ele fosse uma
encarnação do Senhor de Goloka.
Sentido grande êxtase, eu, Locana d€sa, proclamo que o Senhor de toda a criação agora
apareceu sobre a Terra. Todas as glórias ao menino que saturou todas as direções com
bem-aventurança!
Centenas de donas de casa da vila trouxeram itens auspiciosos como doces, pasta de arroz
e kunkuma. ®ac…dev… colocou seu bebê no colo e disse com voz balbuciante:
- Todas vocês, por favor, abençoem-nO com a poeira de seus pés. Que Ele possa viver
para sempre. Ele não é o meu menino, mas ainda assim, penso nEle como se fosse meu.
Para proteger o corpo do menino, que desafiava o sabor do néctar, de perigos futuros, as
senhoras sugeriram o nome "Nimai."
No oitavo dia, ®ac…dev… realizou a cerimônia de a˜a-kalai para satisfazer as crianças
locais, distribuindo oito tipos de kalai (dahl). No dia seguinte, o nava-ratri, os aldeões
desfrutaram de um bem-aventurado festival de canções. O filho querido de ®ac… ia
crescendo dia após dia, como a lua crescente.
®ac…m€t€ decorava os olhos de Nimai com kajjal negro e marcava Sua maravilhosa
testa com tilaka amarela. Às vezes Nimai movia Suas pernas e braços em todas as
direções, como os bebês costumam fazer. E então, Ele sorria muito docemente, revelando
Sua paz interior. Com os olhos sem piscar, Jagann€tha Mira e ®ac…dev…
contemplavam o menino maravilhoso.
Todo dia ®ac…m€t€ massageava Nimai com turmerique e óleo aromático. Com afeição
materna, beijava seu queixo repetidas vezes. ®ac…m€t€ era a pessoa mais bem-
aventurada e afortunada do Universo.
Conforme Nimai crescia, a bem-aventurança dos habitantes de Nadia tambem aumentava
dia a dia. Eles se esqueceram completamente da passagem do tempo. Os lares estavam
cheios de alegria. Não só os homens e mulheres, mas até os jovens, os velhos e os cegos
ficaram intoxicados pela felicidade sem limites devido ao seu amor por Nimai.
A face de Nimai, mais maravilhosa do que a lua cheia do outono, parecia o Cupido
personalificado. Renunciando aos seus afazeres domésticos, todas as jovens de Nadia
corriam três vezes ao dia para verem o querido Nimai. Elas competiam umas com as
outras para pegar o menino, enquanto diziam:
- Deixe-me vê-lO! Deixe-me vê-lO!
Pegando Nimai no colo, elas se sentiam completamente satisfeitas. Pela a associação com
Nimai as meninas sentiam uma bem-aventurança idescritível, que aumentava a cada dia e
a cada instante.
Desejando alcançar os pés de lótus de ®r… Narahari Sarakara, eu, Locana d€sa, canto os
passatempos gloriosos do Senhor Gaur€‰ga.

CAPITULO 2
OS PASSATEMPOS INFANTIS DE NIMAI
Conforme o filho de ®ac… crescia, Seu corpo parecia uma corrente de nectar. Não
consigo encontrar nada que possa se comparar ao Seu corpo, apesar do meu coração bater
tentando. Até um homem cego correria como louco para ver a beleza sempre em
expansão da face de lua de Nimai. O gentil meio-sorriso em Seus lábios parecia com uma
onda que dança no oceano de néctar.
Mergulhados em rasa, Seus olhos avermelhados imergiam em alegria. O maravilhoso
kajjal negro a rodear Seus olhos parecia como uma represa que tentava conter o oceano
de prema extátito que corria de Seus olhos de lótus. A piedosa e afortunada ®ac…dev…
e Jagann€tha Mira simplesmente olhavam afetuosamente a beleza da face de seu filho.
Num instante Nimai chorava; noutro ria. Ocasionalmente, Ele Se sentava no colo de
®ac… e Se aninhava em seu seio, ou descansava Seus pés sobre ele. Às vezes ®ac…
segurava Nimai de cabeça para baixo, pelos Seus tornoselos e o balançava. Nestas
ocasiões Ele parecia um arbusto dourado sendo sacudido pelo vento.
Às vezes Nimai abria bem os olhos e sorria suavemente, produzindo um fluxo de néctar
muito doce. Seu nariz que era agudo como o bico de um papagaio encantava a todo
mundo. Um brilho fascinante irradiava de Suas faces suaves e atrativas.
Após terem se passado seis meses, Jagann€tha Mira realizou a n€ma-karana, a cerimônia
de dar-o-nome aos seu filho Nimai. Ele decorou o seu filho com braceletes de ouro,
tornoseleiras, cinturões e um colar de pérolas. A sola de Seus pés foram untadas com
kunkuma fresca. Seus lindos lábios pareciam a flor bandhuli e Seus olhos assemelhavam-
se ao lótus vermelho desabrochando.
Todas as partes do corpo transcendental de Gaura pareciam mais brilhantes do que um
relâmpago. Sua refulgência corpórea era tão intensa que não se podia olhar para Ele. O
Senhor recebeu o nome de Vivambhara, que significa aquele que mantém os mundos.
Às vezes o bebê segurava os dedos de Seus pais e tentava andar, mas caia ao solo após ter
dado alguns passinhos. Apesar de balbuciar apenas algumas palavras sem sentido, elas
eram como que ondas de néctar para quem quer que as ouvisse. Desta maneira, dia após
dia, Nimai brincava no quintal de ®ac…m€t€. Suas brincadeiras simples removiam todas
as misérias e pacificavam o mundo.
Os pés que anteriormente eram adorados por Lakm…dev… era agora abraçados por
Pthvi, a Mãe Terra, que se tornara cheia de amor extático. Só há uma lua no céu, mas
parecia que agora haviam dez luas sobre a terra e os seus raios refrescantes emanavam
das unhas dos dedos dos pés de Gaur€‰ga. Homens cegos e pecaminosos tornaram-se
afortunados por verem estes raios. A face de lua de Gaur€‰ga, como uma rainha,
reinava suprema sobre milhões de luas.
Com Suas sombrancelhas curvadas como o arco de Cupido, Ele satisfazia todos os
desejos. Como posso expresssar os limites dos raios brilhantes como o luar de Sua
compaixão, que dissipam as misérias e a escuridão dos corações de todos? Quem pode
descrever Seus maravilhosos passatempos infantis que purificam o mundo inteiro?
Vi var™pa, o irmão mais velho de Vi €vambhara, era um estudante precoce e aprendeu
rápidamente todos os Vedas. Quem pode explicar a grandeza do irmão de Nimai? A
compaixão de Vi vambhara aumentava conforme os dias se passavam.
Locana d€sa sente alegria em seu coração ao ouvir estes tópicos.
Uma noite ®ac…m€t€ disse:
- Ó lua, ó lua no céu. Por que não vens para a Terra? Nós vamos limpar os seus
pontinhos negros e colocar-te como ornamento na testa de Gaur€‰ga. Vamos, meu
querido Nimai, pare de chorar, meu menino dourado, vamos dormir! Mas na verdade,
Seu choro me satisfaz mais do que néctar. Veja! Seu pai trouxe bananas e leite
condensado para Você.
Ó meu menino levado, agora feche os olhos e durma. Sua face parece um lótus dourado e
os Seus olhos parecem um lótus vermelho. Agora Seus olhos semi-cerrados parecem
abelhas semi-submersas no oceano de mel que está contido em Sua face de lótus.
®ac…m€t€ fez uma cama de juta, e a cobriu com algodão macio, abraçou seu Nimai e O
deitou, aquela jóia preciosa, para dormir. Nimai começou a mamar o seio de ®ac€m€t€,
acariciando o outro com Seus dedinhos.
Locana d€sa diz que apesar de Gaur€‰ga ser a jóia entre todos os Senhores, Ele Se
comportava como um menino comum.

OS SEMIDEUSES VISITAM NIMAI

Ouçam com atenção o passatempo do dia em que o Senhor revelou Sua identidade.
Enquanto Jagann€tha Mira dormia em seu quarto, ®ac… estava pacificamente relaxada
com seu filho noutro quarto. De repente, muitos soldados entraram no quarto de ®ac…,
deixando-a com medo. Depois de banhar e adorar Nimai, eles O circunambularam e Lhe
ofereceram reverências.
O som de gongos, búzios e o cantar dos santos nomes encheram o quarto. Todos os
semideuses cantavam:
- Todas as glórias ao Senhor Jagann€tha, o Senhor do Universo. Todas as glórias ao
mantenedor supremo. Na Kali-yuga este menino irá nos manter. Ó Vivambhara, caimos
aos Teus pés de lótus e Te imploramos. Por favor, nos abençoe com o raro tesouro de
Vraja-rasa.
®ac…m€t€ estava chocada e apavorada com esta cena. Não estava com medo de que
alguma coisa acontecesse a ela; estava preocupada com a segurança do seu filho, que era
tudo para ela. ®ac…dev… levantou Nimai e disse que fosse para o quarto do seu pai,
para que pudesse dormir em paz. Assim que seu filho saiu do quarto, ®ac…m€t€ ouviu
os sininhos de tornoselo nos pés de Nimai. Ela achou isso estranho, pois Ele não tinha
nenhum sininho de tornoselo.
Os semideuses sairam atrás de Nimai de mãos postas, assim que Ele deixou o quarto de
®ac…m€t€. O Senhor dirigiu-Se a eles:
- Ó semideuses, não fiquem ansiosos atrás de Mim. Apenas passem o seu tempo cantando
sobre os passatempos gloriosos e plenos de amor de R€dh€-Gopin€tha.
E então, Nimai chorou e cantou:
- R€dh€! R€dh€! Govinda! Kalind…! Yamun€! Vnd€vana!
Ao ovirem isso, os semideuses começaram a cantar e a dançar acompanhando o Senhor
alegremente.
®ac…m€t€ desmaiou ao observar as atividades maravilhosas de seu filho. Jagann€tha
Mira se lembrou dos passatempos de KŠa ao ver os pés descalços de Nimai.
®ac…dev… explicou para seu esposo o que acabara de ver em seu quarto:
- Prabhu, lá estavam os semideuses com quatro mãos e alguns deles com cinco cabeças.
Eles vieram em aeroplanos celestiais para adorar o nosso filho. Quando Nimai os viu,
dançou no quintal e cantou "R€dh€ KŠa". Pensei que estivesse dormindo. Como estava
amedrontada, mandei que Ele viesse até seu quarto para Sua segurança.
Apesar do nosso filho ter a maravilhosa forma divina, tenho medo do que possa
acontecer com Ele no futuro. Depois de perder sete filhas, finalmente recebi um filho.
Vou morrer se algo acontecer com Ele. Como não tenho muitas crianças, Nimai é como
as meninas dos meus olhos, é como o bastão que é o maior tesouro para um cego. Nimai
é tão querido para mim como a alma é para o corpo. Não posso viver sem Ele. Por favor,
arranje algum ritual para pedir aos semideuses proteção para Ele.

AS TRAVESSURAS E PASSATEMPOS DE NIMAI

No dia seguinte, Nimai Se cobriu de poeira ao rolar no chão brincando com Seus amigos.
Vendo-O coberto de poeira, ®ac…dev… disse:
- Nimai, Você parece um boneco dourado cuja face é mais maravilhosa do que a lua. Por
que esta me causando tanta ansiedade rolando na poeira?
E então, ®ac… limpou a poeira de seu filho e beijou Sua face em êxtase.
Depois de alguns anos, o querido de ®ac…m€t€ começou a brincar com os amiguinhos
da mesma idade. Eles brincavam de muitas maneiras, sob as árvores ou nas margens do
Ganges. Às vezes brincavam de markata kela, uma brincadeira de imitar macacos
ficando de uma perna só.
Sabendo que Gaurahari estava brincando muito perto do Ganges, ®ac…dev… pegou
uma varinha e correu atrás dEle para pegá-lO. Enquanto brincava com uma perna só,
Nimai ouviu ®ac…m€t€ O chamar com voz ameaçadora. Temendo ser punido, Nimai
saiu correndo como um elefante louco, olhando sempre por trás de Seus ombros.
Gritando "Peguem-nO! Agarrem-nO!" S€c… corria atrás. O Senhor, a jóia entre os
brâmanes, corria fácil de Sua mãe.
Muito agitado, Nimai entrou em casa e começou a quebrar os potes de cozinha de Sua
mãe. Quando ®ac…dev… chegou lá, ficou parada, atônita. Nimai, de cabeça baixa de
vergonha, trêmulo, começou a chorar. As lágrimas de Nimai pareciam uma guirlanda de
pérolas caindo da lua. Vendo a face de Gaur€‰ga, ®ac…m€t€, se derretendo de afeição,
chamou seu queridinho para sentar-Se em seu colo. Deste modo os passatempos
transcendentais de seu filho travesso estavam além da compreensão de ®ac…dev….
®ac…m€t€ viu que Nimai tinha natureza irriquieta e agitada. Um dia, ®ac…dev…
revelou sua mente para as senhoras de Nadia:
- Gosv€m… satisfez o meu acalentado desejo de ter um filho, mas o comportamento do
meu filho é muito incomum. Nimai diz uma coisa e então faz outra coisa sem medir as
consequências. Não posso compreender Suas ações. Ele não liga se a atividade é pura ou
impura; Ele siplesmente age.
As senhoras choraram ao ouvir isso. Colocaram Gauracandra em seu colo e disseram:
- Ó meu querido, porque Você faz tanta coisa errada?
Vivambhara ficou descocertado com esta pergunta e ao ver isso as senhoras ficaram
descontentes. Agora elas podiam compreender porque ®ac…m€t€ se preocupava com
seu filho. As senhoras disseram:
- ®ac…, quando foi que seu filho começou a agir desta maneira?
®ac…m€t€ respondeu:
- Não posso dizer nada sobre Ele, mas vou contar-lhes algo que aconteceu. Uma noite
segurava Nimai em meu colo, quando meu quarto foi subitamente invadido por muitos
semideuses. Eles colocaram Nimai num trono de ouro, ofereceram dandavats e adoraram
meu filho. É verdade; vi esta maravilhosa cena com os meus próprios olhos.
As senhoras aconselharam ®ac…dev…:
- Olhe, isso parece algum tantra. Deve ser algum ser poderoso que está possuindo seu
filho. Peça aos nossos esposos que arrumem alguns brâmanes e realizem um yajña.
Chame os semideuses e realize alguns rituais auspiciosos para beneficiar o nosso filho
Nimai. Esperançosos, os semideuses depois de receberem sua oferendas, voltarão para o
céu. Não se preocupe ®ac…. Se os semideuses forem adorados adequadamente,
removerão todas os seus temores.
Pegando a poeira dos pés de ®ac…, as senhoras da vila partiram.
Quando ®ac… informou seu esposo, imediatamente e com grande preocupação,
Jagann€tha Mira coletou a parafernália e convidou os brâmanes para fazerem um yajña.
Levando Nimai consigo, ®ac…m€t€ O banhou no Ganges. ®ac… pensou que logo seu
filho se livraria de Sua natureza agitada.
Num humor brincalhão, Vivambhara R€ya correu na frente de ®ac… e pegou alguns
potes de barro usados, cheios de sujeira. Vendo Nimai brincando com tais coisas
contaminadas, ®ac… se agitou e disse com voz cheia de preocupação:
- Ora! Meu filho é muito imprudente e indisciplinado.
Repreendendo seu filho, disse:
- Nimai, que vergonha! Você não sabe o que é puro e o que é impuro?
Vivambhara respondeu em tom compassivo:
- Mãe, o mundo inteiro funciona sem conhecer estes princípios. Não há nada neste
mundo além de terra, agua, fogo, ar e céu. O serviço aos pés de lótus do Senhor KŠa é a
essência de todas as religiões, porque KŠa é o Senhor Supremo, acima de todos os
outros.
As palavras de Nimai aturdiram ®ac… que respondeu levando seu filho para o
Suranad… (Ganges) tomar banho. Ao voltar para casa, ®ac…dev… disse para
Jagann€tha Mira:
- Prabhu, por favor, ouça sobre o caráter de seu filho. Sem dúvida, Nimai é a encarnação
de todos os sacrifícios. Ele ficou parado no meio de potes sujos pregando para mim.
Infelizmente, você não estava lá para vê-lO ou ouvi-lO.
Sentido enorme alegria, Jagann€tha pegou Nimai no colo e disse:
- Ele é a luz que brilha em minha família, a estrela de meus olhos. Ele é a própria alma
de nossos corpos.
Perdido em amor paternal, Jagann€tha simplesmente contemplou a face encantadora de
Gaur€‰ga. Nimai mostrou sinais de êxtase transcendental. Chorou profusamente, falou
com voz balbuciante e Seu corpo todo se descontrolou.
Locana d€sa canta alegremente as glórias de Gaur€‰ga.
Conforme o corpo dourado de Nimai crescia, se rivalizava com o monte Sumeru em
beleza e estatura. ®ac…m€t€ sempre ansiava em ouvir as palavras nectáreas de Nimai.
Quando ®ac…m€t€ dizia alguma coisa para o Senhor, Nimai respondia:
- Mãe, não posso ouvir a sua voz.
E então, cheia de ansiedade, ®ac…m€t€ falava mais alto.
Mas só para agitar sua mãe, Gaura respondia:
- Não estou ouvindo direito.
Estas atitudes de Nimai encantavam ®ac…m€t€ e enchiam-na de amor maternal.
Entretanto, para encenar os passatempos do Senhor, ela castigou Nimai com uma vara.
Ao mesmo tempo ®ac…m€t€ gritava:
- Por que Você não ouve minha voz? Voce fala como um louco. Tenho certeza que Você
não vai cuidar de mim quando eu for velha.
Noutro dia, Nimai, agindo contra ordem de Saci, sujou o chão com os Seus pés. ®ac…
dev… ficou furiosa, e saiu correndo atrás dEle pelo quintal. Vivambhara correu para um
lugar sujo, cheio de potes de barro usados na cozinha e se sentou sobre eles. Muito
desgostosa, ®ac…m€t€, pôs a mão na testa e ralhou para seu filho:
- Nimai, o que Você está fazendo?
Nimai ficou com mais raiva. E então, desafiando Sua mãe, Nimai posou orgulhoso sobre
os potes.
Vendo seu filho reagir exatamente ao contrário de suas intenções, ®ac…dev… tentou
apaziguá-lO com palavras afetuosas. ®ac… disse:
- Venha meu doce menino divino. Pare de Se comportar mal. Voce é filho de um
brâmane e deve seguir a conduta de um brâmane. E também, Voce pertence a uma
família de brâmanes aristocráticos, e desta maneira as pessoas vão criticá-lO. Venha
querido, vamos tomar banho no Ganges.
Você está quebrando o coração de Sua mãe, agora venha Se sentar em meu colo. De
outro modo, vou me matar no Ganges. E então Você vai ficar em casa sozinho. Você vai
ficar como louco correndo de um quarto para o outro. Por que Você está espalhando as
cinzas destes potes sobre o Seu corpo dourado maravilhoso? Por favor, saia deste lugar
imundo agora. Ó meu querido, com estas linhas desenhadas pelo Seu corpo, Você está
parecendo a lua radiante coberta com suas manchas.
Vivambhara, a morada das qualidades transcendentais, disse:
- Por que você não compreende mãe? Tenho que lhe repetir o tempo todo a mesma coisa.
Primeiro ouça, depois decida o que é puro ou impuro. Irado, Nimai pegou um pequeno
caco de barro e jogou na testa de ®ac…m€t€.
Simulando estar ferida, ®ac… caiu, se jogando por sobre a terra.
Nimai chorando gritou:
- Mãe! Mãe!
Ao ouvirem o choro, as donas de casa das vizinhanças correram ao lugar. Elas
reanimaram ®ac…dev… jogando agua do Ganges em seu rosto. Depois de gritar
"Vivambhara!" ®ac…dev… abraçou Nimai e O sentou em seu colo. De repente, pela
segunda vez, ®ac…dev… caiu ao solo inconsciente. Novamente Nimai começou a
chorar.
Uma senhora divina tocou no queixo de Nimai e disse:
- Nimai vá buscar dois cocos para Sua mãe. E então, ela voltará a vida. Se não fizer isso,
estou Lhe dizendo, Você vai perder a Sua mãe.
Vivambhara ficou preocupado, e em um segundo produziu um par de cocos frescos. As
senhoras, abismadas disseram:
- Meu menino, como Você conseguiu estes cocos sem sair daí? Sendo apenas um
menininho, de onde Você os tirou? De qualquer modo, agora podemos entender mais
sobre o Seu caráter.
Vivambhara deu um rugido e passou os braços em volta do pescoço de Sua mãe.
Voltando à consciência, ®ac…dev… pôs Nimai no colo e beijou Sua face de lótus
repetidas vezes. Com a barra do sari, limpou a sujeira do corpo dourado de Nimai. E
então, banhou seu filho nas águas do Ganges.
®ac…m€t€ ficou cativada pela maravilhosa face de Nimai que parecia mais brilhante do
que milhões de sois. O Senhor parecia grave como o oceano. Suas unhas resplandesciam
como milhões de luas. A indescritível beleza do corpo de Nimai ofuscava a beleza de
milhões de Cupidos. Suas sombrancelhas dançavam joviais como o arco de K€madeva, o
deus do amor. ®ac…m€t€ ficou atônita ao ver o Senhor de todos os planetas manifesto
diante dela.
Neste instante, ®ac…dev… se lembrou de quando muitos semideuses apareceram em sua
casa na hora da concepção de Nimai. Refletindo sobre as atividades e passatempos
infantis de Nimai, ®ac… ficou convencida. O seu filho era o eterno, supremo e
refulgente Senhor N€r€yaŠa, que é transcendental à existencia material.
Depois de realizar este fato, ®ac…dev… disse:
- Ele é livre de toda a contaminação material. Ele não tem forma material. Ele é
omnisciente, todo-penetrante e auto-satisfeito. Os grandes yogis meditam nEle para
alcançarem Sua inigualável forma transcendental. O Senhor Brahm€, ®iva e outros
semideuses não podem calcular a extenção de minha fortuna. Meu filho é adorável a todo
mundo.
Imediatamente, ®ac…dev… colocou Nimai em seu colo. Assim que Nimai tocou o seu
colo, ®ac…m€t€ esqueceu-se de Suas opulências magestáticas. Ela pensou
simplesmente:
- Nimai é meu filho.
Ao voltar para casa, ®ac…dev…, no humor de uma mãe, ponderou:
- Fico imaginando - qual semideus ou ser celestial está se manifestando em meu filho?
E então, para protege-lO de calamidades, ela cantou os santos nomes do Senhor:
Govinda, Hsikea, Jan€rdana. E também amarrou um talismã carregado com um mantra
em volta do braço de Nimai.
Para a segurança de seu filho, ®ac… cantou:
- Que o disco Sudarana possa proteger Sua cabeça. Que N€r€yaŠa proteja Seus olhos,
nariz e face. Que Gad€dhara proteja Seu peito. Deixe Giridhara proteger Suas mãos. Que
D€modara proteja Sua cintura. Deixe que o Senhor Nsimha proteja a area ao redor de
Seu umbigo. Possa Trivikr€ma proteger os Seus joelhos e o Senhor Dharadhara proteger
os Seus pés.
Depois de dizer isso, ®ac… soprou alguns assopros de fôlego (ritual auspicioso) sobre
todo corpo de Gaur€‰ga.

PEGUE A LUA

Deste modo o dia bem aventurado se transformou numa noite de lua cheia. Depois de
engajar as criadas nos afazeres da tarde, ®ac…dev… levou Nim€i para o quintal para
tomar ar fresco. A lua cheia estava surgindo no céu. Agindo como uma criança inocente,
o esperto Nim€i choramingou:
- Mãe! Mãe!
®ac…dev… disse:
- Não chore. Vou lhe dar tudo aquilo o que você pedir.
O Senhor respondeu:
- Mãe, por favor me dê a lua.
®ac… disse:
- Quem pode pegar a lua no céu?
Nim€i respondeu:
- Então por que você disse que poderia Me dar tudo o que Eu quisesse? Foi por isso que
lhe pedi a lua.
Então, Nim€i começou a Se lamentar. Segurando uma extremidade do sari de ®ac…
dev…, começou a chorar enquanto esfregava os olhos com a mão que estava livre e a
chutar a poeira com os pés. Nim€i era insistente; Ele queria a lua. Gaura R€ya puxava o
sari de Sua mãe e o cabelo dela. No momento seguinte, bateu em sua cabeça com a mão.
Ainda sem sucesso, rolou pelo chão em prantos.
®€c…m€t€ disse:
- Ó Nim€i, Você é incorrigível e Seu comportamento é incomum. Como posso pegar a
lua no céu? Já existem muitas luas em Seu corpo. Veja como a lua está envergonhada
diante de Você. Cheia de vergonha, ela agora está se escondendo entre as nuvens. Ó meu
filho, por favor ouça.
Em seguida, ®€c…m€t€ colocou Nim€i em seu colo e o encheu de beijos. Obcecada
pelo amor maternal, ®ac…dev… esqueceu-se de si mesma em bem-aventurança
transcendental.
Locana Das€ canta alegremente as glórias do Senhor Gaur€‰ga.

A HISTÓRIA DO CÃOZINHO

Gaur€‰ga costuma passar o tempo todo brincando e desfrutando inúmeros passatempos


com Seus amigos. Um dia encontraram uma ninhada de cãozinhos. Nim€i pegou o mais
bonitinho.
Um amigo de Nim€i disse:
- Olhe Nim€i, Você escolheu o cãozinho mais bonito e deixou os feios para nós. Não é
justo. Se Você ficar com este, nós vamos embora para casa.
Vivambhara disse:
- Ora, vamos lá. Ouçam. Vou levar este cãozinho para Minha casa e vamos todos brincar
com ele lá.
Nim€i levou o animalzinho para casa e o amarrou numa cadeira. Acabando os seus
afazeres, ®ac…m€t€ foi se banhar no Ganges com suas amigas. Os amigos de
Vivambhara vieram até Sua casa para brincar com o cãozinho. Eles acariciavam o cão,
rolavam na terra com ele, riam e faziam pilheias.
De repente, uma discórdia surgiu entre os meninos. Nim€i tomou partido de um deles e
viu uma falta em outro. Gaurahari disse:
- Ouçam, todo dia vocês vêm aqui brincar e sempre começam a brigar. Por que vocês se
comportam assim?
Para se defender, o menino disse:
- Ora, Você roubou o cãozinho!
E a seguir o menino saiu correndo da casa. Vendo ®ac…m€t€ voltando do Ganges, o
menino disse com voz irada:
- Seu filho Vivambhara está em sua casa brincando com um cãozinho. Às vezes Ele
coloca o animalzinho no colo, ou o carrega sobre os ombros. Vá ver você mesma.
®ac…m€t€ correu para casa e viu Vivambhara brincando com o cãozinho. Atônita, pôs a
mão espalmada sobre a testa e disse:
- Vivambhara! O que Você está fazendo? Não consigo entender este Seu comportamento.
Você tem tantas coisas para brincar e insiste em brincar com um cão. Você é filho de um
pai muito religioso. O que as pessoas vão dizer se virem Você brincando com um
cachorro? Este comportamento não está correto para o filho de um brâmane. Fico com o
coração doido só de imaginar como as pessoas irão criticar Você se souberem disso.
Você tem uma forma tão pura e maravilhosa. Por que fica contente em sujar o corpo com
poeira? Ao ver Você assim, tenho que esconder minha cabeça de vergonha e tenho desejo
de morrer. Seu corpo brilha como um relâmpago e Sua face é mais maravilhosa do que
muitas luas. Entretanto, ao invés de usar bela roupas, Você cobre Seu corpo de poeira e
fica brincando com meninos de baixa classe.
Fumegando de ira, ®€c…m€t€ mordeu os lábios e disse para seu filho travesso:
- Muito bem, Nim€i. Se Você deseja tanto ter este cãozinho, então leve-o para o Seu
quarto. Esqueça Seu pai e Sua mãe e fique com Seu cão!
Mas a maravilhosa, inocente e angelical face de Gaur€‰ga rapidamente dissipou a ira de
®ac…m€t€. Adotando um humor jovial, ®ac…dev… disse:
- Venha, meu querido filho, sente-Se no meu colo. Quero segurá-lO e beijar Sua doce
face sorridente. Agora vamos, deixe este cãozinho por um instante e vá Se banhar no
Ganges.
Além do mais, Você deve estar com fome. Já está na hora do almoço. Por que Você me
deixa tão ansiosa. Agora amarre Seu cãozinho, tome banho e depois do almoço Você
pode brincar com ele de novo. Sua face parece um lótus dourado brilhando ao sol. Uma
gota de suor, como uma pérola, está pairando na ponta do Seu nariz.
Sorrindo, Vivambhara disse:
- Mãe, por favor, fique olhando Meu cãozinho enquanto vou tomar banho.
Depois de limpar a sujeira do corpo de Nim€i, ®ac…m€t€ passou-Lhe um óleo
perfumado. Gaurahari e Seus amigos foram tomar banho no Ganges. Eles riam, nadavam
e jogavam água uns nos outros como elefantes brincando no banho. O corpo dourado de
Gaur€‰ga parecia tão poderoso e imutável como o monte Sumeru.
Enquanto isso, ®ac…m€t€ desamarrou o cãozinho e o enxotou de casa. Um dos
amiguinhos de Gaur€‰ga viu isso e correu até o Ganges para avisar Nim€i:
- Olhe Nim€i! Sua mãe mandou Seu cachorrinho embora.
Nim€i imediatamente foi correndo para casa. Não vendo o cãozinho, o coração de Nim€i
queimou de ira. Sentido a separação, chorou e repreendeu Sua mãe:
- Ouça mãe, você não entende? Por que fez isso coMigo? Estou muito sentido. Ele era
um cãozinho tão bonito! Como você pode mandá-lo embora?
Fingindo ser inocente, ®€c…m€t€ disse:
- Não sei o que aconteceu com o Seu cãozinho. Ele estava aqui agorinha. Acho que
algum larápio o roubou. Agora pare com esta choradeira. Vamos procurar e trazer o
cãozinho de volta amanhã. Prometo que vamos encontrá-lo. Agora pare de chorar.
Depois de dizer isso, ®ac…m€t€ enxugou as lágrimas dos olhos de Nim€i, colocou-O
em seu colo e o encheu de beijos. E então, Sacimata acalmou Nimai com khira, sandea,
bananas e outros doces deliciosos.
®ac…m€t€ vestiu seu filhinho querido. Ela amarrou Seu cabelo com um coque e aplicou
kajjal negro em Seus olhos. Ela vestiu uma camisa vermelha viva no peito de Nim€i.
Colocou um colar de pérolas em Seu pescoço e adornou Sua face com tilaka e pasta de
sândalo. Pôs lindos braceletes dourados em Seus pulsos e tornoseleiras brilhantes em
Seus pés.
Pegando uma bolinha doce, Nim€i saiu correndo para brincar com Seus amigos. Seu
andar desafiava o orgulho do rei dos elefantes. Sua voz grave soava doce como néctar.
Nim€i, a jóia entre os Seus amigos brâmanes, parecia a lua cheia rodeada pelas estrelas
cintilantes. Os semideuses, sentiam grande alegria ao testemunharem os passatempos
transcendentais do Senhor Gaura.
Locana d€sa está abismado ao ver o Senhor Supremo tocar em cães e gatos.
Este cãozinho alcançou grande fortuna pelo toque transcendental do Senhor Gaur€‰ga.
O cão abandonou seu hábitos imundos e se tornou consciente de KŠa. Um dia este cão
começou a dançar em êxtase enquanto cantava os santos nomes:
- R€dh€-KŠa! Govinda!
Ao verem um cão tão degradado cantar Hare KŠa, as pessoas da vila de Navadv…pa
correram para ver o milagre. Diante dos olhos de todo mundo, o cão exibiu sintomas
corpóreos de êxtase amoroso por Deus. O cão chorava, seus pêlos ficavam arrepiados e o
seu corpo todo ficou coberto de pápulas. De repente, aquele cão afortunado abandonou o
seu corpo.
Neste momento, uma carruagem celestial dourada desceu do céu e levou o cão para
Goloka Vnd€vana. Coberta com muitos doseeis, a carruagem estava lindamente decorada
com pérolas e jóias ofuscantes. O som de sinos, gongos, búzios e karatalas
acompanhavam o coro divino de gandharvas e kinnaras, que cantavam as glórias de
R€dh€ e KŠa.
Bandeiras tremulavam no alto da carruagem que brilhava ofuscando a luz do sol. Em seu
corpo espiritual, o cão, adornado com ornamentos divinos, sentava-se num trono dentro
da carruagem, e parecia mais maravilhoso do que milhões de luas. O antigo cão estava
cantado as glórias de R€dh€, KŠa e Gaur€‰ga. Os siddhas o abanavam com camaras
enquanto o escoltavam de volta para Goloka.
O Senhor Brahm€, ®iva, Sanaka e outros semideuses rodeavam a carruagem e cantavam
louvores a Gaur€‰ga:
- Todas as glórias! Todas as glórias ao oceano de misericórdia, o querido de ®ac…m€t€.
Nunca jamais Ele concedeu tanta misericórdia. Ele liberou um cão e o mandou de volta
para Goloka!
Os semideuses continuaram:
- Todas as glórias a Gaurahari, o refúgio dos desesperados. Tu és a melhor de todas as
encarnações. Por Tua misericórdia, as pessoas de Kali-yuga alcançarão a salvação. Que
maravilhosos passatempos revelarás no futuro? Quando nós, os semideuses, nos
tornaremos afortunados por receber Tua misericórdia? Simplesmente pelo Teu toque, um
cão obteve a liberação. Nunca vimos tamanha misericórdia, nem mesmo nos passatempos
do Senhor Hsikea, KŠa. Ansiamos pela Tua misericórdia, para que possamos alcançar o
mesmo destino que alcançou este cão.
Ó Gaura R€ya, nos prostramos aos Teus maravilhosos e gloriosos pés de lótus. Tu nunca
consideras as faltas e ofensas de ninguém. Desta maneira, qualquer entidade viva
afortunada que se abrigue em Ti, Senhor Gaur€‰ga, alcançará Goloka.
Cantando continuamente estes gloriosos passatempos transcendentais, eu, Locana d€sa,
vivo maravilhado com a encarnação divina conhecida como o Senhor Gauracandra.

SASTHI-P¶Jš

Um dia, ®ac…m€t€ e as senhoras da vizinhança estavam realizando um Sasth…-p™j€


sob uma figueira-de-bengala (Sasth… é uma deidade feminina que proteje as crianças).
®ac…m€t€, cobria a comida a ser oferecida com a barra do seu sari, e caminhava por
uma trilha. Vi vambhara, que estava brincando ali perto, correu para ver o que sua mãe
carregava.
Estendo Seus braços para os lados, Nim€i bloqueou o caminho de Saci e ordenou:
- Mãe, o que você está levando? Deixe-Me ver.
®ac…m€t€ disse:
- Levamos com muito cuidado oferendas para adorar a deusa Sasth… sob uma figueira-
de-bengala. Fique aqui brincando. Na volta vou Lhe dar algumas sandeas e bananas.
Depois de adorar Sasth…, vou pedir uma benção para que Você Se libere de todo
sofrimento e inauspiciosidade.
Ao ouvir isso e conhecendo o coração de Sua mãe, Gaurahari, a personalificação da
beleza nectárea, disse amavelmente:
- Mãe, sempre estou lhe dizendo. Você não compreende, mas estou sentindo muito
sofrimento bem neste minuto. Minha barriga está queimando de fome.
Subitamente, rápido como um relâmpago, Gaurahari agarrou os doces que ®ac… estava
levando para Sasth…, e os colocou na boca. Meio assustada com aquilo, ®ac…m€t€
exclamou:
- Ora, o que Você fez! Seu menino irriquieto, como posso explicar a todos que Você
desrespeitou os semideuses? Por que Você é tão mal criado, mesmo sendo filho de um
brâmane? Vendo Você se comportar assim, sinto-me como se estivesse abandonado meu
corpo.
Surpreendentemente, Gaurahari ficou muito irado e disse bravo:
- Mãe, você não entende nada. Sei de tudo e sou tudo em todos estes três mundos. Sou
um sem um segundo e ninguém é igual a Mim. Assim como a água despejada sobre a raiz
satisfaz a árvore inteira, da mesma maneira, por Me adorar, a vida de todo mundo se
torna completa e perfeita. E então Nim€i PaŠita citou o ®r…mad Bh€gavatam (3.31.14):
"Assim como aguar a raiz de uma árvore energiza o tronco, galhos, ramos e tudo mais, e
suprir o estômago revigora os sentidos e os membros do corpo, simplesmente por adorar
a Suprema Personalidade de Deus através do serviço devocional satifaz os semideuses,
que são partes da Personalidade Suprema."
Depois de dizer isso, o esperto menino Gaura amorosamente abraçou a Sua mãe. Ficando
atônita, ®ac…m€t€ seguiu para adorar a deusa Sasth…. S€c…m€t€ orou para a deusa:
- Meu filho Nim€i é indomável e desobediente. Sasth… Dev…, por favor perdoe as Suas
ofensas. Nim€i é o meu único tesouro. Tu bondosamente O destes para mim. Por favor,
não deixe que nada de mal Lhe aconteça. Na verdade, este menino Te pertence, ó
Sasth… Dev….
Levando uma palha entre os dentes, e caindo aos pés das senhoras mais velhas, ®ac…
m€t€ disse humildemente:
- Por favor, abençoem Nim€i, este meu filho irriquieto. Que Sua mente possa ficar
pacífica e obediente. Por favor, todas vocês, abençoem meu filho para que Ele viva para
sempre.
Terminando o Sasth…-p™j€, ®ac…m€t€ pegou Nim€i pela mão e andou para casa.
®ac…dev… contou ao seu esposo, Jagann€tha Mi ra, que ela pensou que seu filho
fosse o supremo Deus dos deuses.
Locana d€sa diz que o Senhor Gaur€‰ga agora está brincando alegremente com Seus
amiguinhos.

CAPITULO 3

OS PASSATEMPOS DA MENINICE DE GAURš¥GA

NIMšI ESTRAGA O ALMOÇO DE MURšRŸ

Neste dia, o querido de ®ac… brincava na rua principal com Seus amigos. Mesmo
quando Nim€i estava coberto de poeira, Ele parecia mais belo do que o dourado monte
Sumeru. Quando brincava com Seus amigos, às vezes Nim€i brigava e rolava no chão
com eles.
Um dia, Gupta Vaidya (Mur€r… Gupta), um médico ayurvédico, visitou Navadv…pa
acompanhado de seus seguidores. Enquanto andavam pela estrada, estavam discutindo os
yoga-€stras. Vivambhara R€ya, andava bem atrás de Mur€r… Gupta, e começou a imitar
a maneira de Mur€r… falar. Mur€r… Gupta olhou com desprezo para o menino frívolo e
continuou falando com seus seguidores.
Gaurahari e Seus amigos aumentaram a pilheia com Mur€r… imitando com precisão seu
estilo de andar e seus gestos com as mãos. Notando isso, Mur€r… Vaidya ficou furioso e
repreendeu Nim€i:
- Quem disse que este menino é bem comportado? Sei que Ele é filho de um brâmane,
Jagann€tha Mira. Tenho ouvido por todo lado que as pessoas O admiram e O chamam de
Nim€i.
Irado com a crítica de Mur€r… Gupta, Gaurahari franziu as sobrancelhas e disse:
- Quando hoje você for almoçar, vou fazer você realizar algo maravilhoso.
Ao ouvir esta declaração estranha, Mur€r… voltou confuso a sua residência. Ficou
ocupado com seus afazeres domésticos e se esqueceu do incidente. Ao meio dia, sentou-
se tranquilamente para almoçar.
Enquanto isso, Vivambhara disfarçou-Se vestindo-Se com muita opulência. Ele usava
uma magnífica camisa atada ao Seu peito e amarrou Seu cabelo com um coque triplo.
Colares de tulasi adornavam Seu pescoço e dois de pérolas o Seu peito. Kajjal negro
acentuava os Seus maravilhosos olhos. Muitos ornamentos de ouro enfeitavam Seu corpo
atrativo e tornoseleiras tirintavam em Seus pés de lótus.
Segurando laddus feitos com leite condensado em Sua mão, Vivambhara chegou à casa
de Mur€r… Gupta. Entrando na casa, Gaur€‰ga disse com voz de rugido:
- Mur€r…!
Sentado almoçando, Mur€r… ouviu esta voz e se lembrou do que Nim€i lhe dissera antes
de aparecer em sua casa. Surpreso, Mur€r… disse:
- O que Você está fazendo?
Nim€i respondeu:
- Ó não se levante. Estou aqui, continue tomando sua prasada.
Assim que Mur€r… Gupta ficou absorto em tomar a prasada, Vivambhara foi Se
aproximando de vagarinho. De repente, Nim€i começou a urinar no prato de Mur€r….
- O que! O que Você está fazendo? Que vergonha!
Disse Mur€r… Gupta se levantando depressa, assustado.
Batendo palmas e dançando, Gaur€‰ga disse muito alegre:
- Abandonando o caminho do serviço devocional, agora você adotou o caminho de yoga.
Você deve esquecer karma e jñ€na e só adorar R€dh€ e KŠa com todo seu coração.
Torne-se um rasika-bhakta e você irá saborear a bem aventurança de amar a KŠa. Quem
está apegado a coisas materiais não pode fazer kŠa-bhajana e sua consciência permanece
baixa e impura. Você não compreende estas coisas? O Senhor Hari é omnipotente e cheio
de compaixão. Ele é o tesouro e a própria vida das gopis de Vnd€vana. Por que você fere
o Senhor por não servi-lO?
Depois de dizer isso, Gaurahari, a jóia dourada desapareceu. Mur€r… Gupta não pôde
encontra-lO em lugar nenhum. Mur€r… imaginou que aquele menino bem vestido fosse
o filho de ®ac…m€t€. Para se certificar disso, foi rapidamente até a casa de Jagann€tha
Mira. Por estar cheio de alegria, não conseguia andar direito.
Enquanto isso, Jagann€tha Mira e ®ac…dev… acariciavam, beijavam e falavam
afetuosamente com o seu filho Nim€i. Eles diziam:
- Nim€i, Você é o nosso grande tesouro. Você é tudo para nós. Assim que vemos Sua
face de lua, nos esquecemos de nossas misérias no mesmo instante.
Cheios de amor parenteral intenso, Jagann€tha e ®ac…dev… tentavam segurar Nim€i
em seus colos ao mesmo tempo.
Neste momento, chegou Mur€r… Gupta, mas como estava cheio de alegria, não pode
dizer nada para Jagann€tha e ®ac…dev… assim que eles vieram recebê-lo. Mur€r… se
esqueceu de tudo o que acontecera logo que viu a maravilhosa face de Gauracandra. Ele
ficou atônito, em êxtase. Ficou coberto da cabeça aos pés de pápulas de alegria. Lágrimas
rolavam profusamente, encharcando seu corpo. Sua voz falhava e seus olhos estavam
vermelhos como o sol nascente. Ele caiu aos pés de Gaur€‰ga, oferecendo reverências
repetidas vezes.
Vendo tudo isso, Vivambhara subiu para o colo de ®ac…m€t€. Ele agia como se não
entendesse o que estava acontecendo. ®ac…m€t€ então falou ao venerável e respeitável
Mur€r… Gupta:
- Mur€r…, meu filho precisa de suas bênçãos. Ele deve ter cometido alguma ofensa
contra você. Todo mundo sabe que você é um de nossos melhores médicos. Por favor
diga-nos qual foi a ofensa que nosso filho cometeu. Deixe que qualquer sofrimento venha
para nós, mas dê-nos a bênção de que nosso filho viva para sempre.
Depois de dizer isso, Jagann€tha e ®ac…dev… seguraram humildemente a mão de
Mur€r… e lhe ofereceram reverências.
Sorrindo, Mur€r… Gupta disse:
- Vivambhara é o Senhor Supremo de todos os senhores e é o mantenedor do Universo.
No futuro, este menino que vocês estão criando revelará Sua verdadeira identidade.
Vocês são os pais mais afortunados do mundo. Cuidem dEle e O protejam. Gravem
minhas palavras: Vivambhara é na verdade Deus.
Depois de dizer isso, Mur€r… saiu rapidamente da casa de Jagann€tha Mira. Com o
coração palpitando de bem-aventurança, Mur€r… foi visitar Advaita šc€rya, o
reservatório de todas as boas qualidades e o mestre universal. Caindo aos pés do šc€rya,
Mur€r… disse:
- Tu és o maior de todos os devotos. És como uma árvore dos desejos que pode satisfazer
os desejos de todo mundo. Acabei de ver o menino mais maravilhoso na casa de
Jagann€tha Mira. Seu nome é Nim€i PaŠita Vivambhara. Ele é completamente
transcendental a este mundo material. Entretanto, Ele brinca alegremente com Seus
amigos como um menino ordinário.
Ao ouvir isso, Advaita šc€rya, a jóia entre os brâmanes, deu uma espécie de rugido. Seu
corpo se encheu de pápulas de êxtase assim que ele disse:
- Mur€r…, ouça, isto é muito confidencial. Nim€i PaŠita é o reservatório de todas as
rasas e a corporificação da beleza transcendental. Ele é o Brahman Supremo.
Então, Advaita šc€rya e Mur€r… Gupta se abraçaram e se esqueceram de tudo.
Locana d€sa canta as glórias do Senhor, que cheio de compaixão desceu a este mundo.

O JOGO DE HARI-NšMA

Gaurahari, a jóia principal entre os brâmanes, batia palmas e dançava com Seus
amiguinhos. Eles, em bem aventurança cantavam os santos nomes do Senhor. Um dia
eles fizeram um jogo de hari-n€ma-sa‰k…rtana. Num humor de deleite, os meninos
cantavam:
- Hari bol! Hari bol!
Riam e formavam um círculo em volta de Vivambhara. Com uma voz de trovão, Gaura
dizia:
- Cantem, cantem, cantem.
E rolava no chão. E então, Ele sentava os meninos em Seu colo. Sentindo euforia pelo
toque do Senhor, os meninos choravam e exibiam pápulas por todo corpo. Batiam palmas
excitados e cantavam:
- Hari! Hari!
Os meninos em volta de Gaura que parecia um leão, eram como abelhas intoxicadas
voando em torno de uma flor de lótus cheia de mel.
Neste instante uns paŠitas (sacerdotes eruditos) chegaram e começaram a olhar a
brincadeira de Vivambhara. O Senhor Gaur€‰ga decorava Seus amigos com guirlandas
de flores do campo. Vendo os meninos brincarem alegres e cantarem "Hari! Hari!", os
paŠitas começaram a cantar e a dançar junto com eles. Quem quer que passasse pela
estrada também se juntava a eles e começava a dançar com desprendimento.
Ouvindo o canto entusiasmado, as senhoras da vila, com os seus potes d'agua na cabeça,
corriam para ver a folia. ®ac…m€t€ veio e viu Nim€i brincando com os paŠitas. Ela
chamou seu filho, sentou-O no colo e repreendeu os paŠitas, dizendo:
- Este é que é o comportamento de vocês paŠitas? Vocês fazem que as crianças fiquem
loucas e comecem a dançar selvagemente como malucas!
As palavras fortes de ®ac…m€t€ tiraram todo mundo da distração. Um dos presentes
disse:
- O que ®ac…dev… disse? O que ela quiz dizer?
E então, começaram a ponderar sobre as palavras dela. ®acim€t€ recolheu Nim€i e foi
para casa.
Assim, Locana d€sa canta alegremente as glórias do Senhor Gaur€‰ga.

VI®VAR¶PA TOMA SANNYšSA

Agora devo narrar uma conversa entre Mur€r… Gupta e D€modara PaŠ ita.
D€modara PaŠ  ita perguntou a Mur€r… Gupta:
- Quando o irmão mais velho de Nim€i, Vi var™pa, partiu?
Mur€r… respondeu:
- Ouça, grande PaŠ ita D€modara. Vou lhe contar tudo o que sei. Vi vambhara, a
morada de todas as boas qualidades, aprendeu rapidamente todas as escrituras. Ele era
perito em todos os deveres de um brâmane. Servia Seus pais com muita afeição. Era
completamente versado no Ved€nta, a essência de toda religião. Não fazia nada além de
serviço devocional ao Senhor ViŠu. Era querido por todos. Alcançou todas as perfeições,
e ainda assim Seu coração era completamente desapegado e fixo na Verdade Absoluta.
Vi var™pa, o filho de Jagann €tha Mi ra, segurava os €stras com a mão esquerda e
discutia kŠa-katah com seus colegas. Um dia, enquanto voltava para casa,
Jagann€tha Mi ra viu isso e pensou:
- Agora, meu filho jovem e maravilhoso está com dezoito anos de idade e pronto para se
casar. Devo providenciar os arranjos para o casamento de Vi var™pa.
- Vendo o humor meditativo de seu pai, Vi var™pa pensou:
- Parece que meu pai está pensando em meu casamento. É claro que isso deve estar
preocupando minha mãe.
- No dia seguinte, de madrugada, Vi var™pa pegou seus manuscritos e saiu de casa para
sempre. Ele atravessou o Ganges a nado e tomou sanny€sa. Ao meio dia, como não havia
sinal de Vi var™pa, Jagann€tha e ®ac…dev… começaram a procurar em todas as casas
de Navadv…pa, mas não puderam encontrar o seu filho. Os vizinhos murmuravam entre
si sobre a sanny€sa de Vi var™pa. Quando Jagann€tha e ®ac…dev… souberam disso,
cairam inconscientes no chão. Estas palavras pareciam criar escuridão. ®ac…dev…
chorou alto:
- Ó meu filho Vi var™pa! Volte para casa, desejo vê-lo. Por que você abandonou tudo?
Como seu corpo belo e delicado, seus pés macios poderão suportar a andança e a solidão?
Você não pode suportar a dor nem por um instante. A quem você solicitará para que faça
algum favor? Quando você estiver estudando não vai conseguir se concentrar na lição.
Não posso ir a nenhum lugar sem pensar em você. Quando estou tomando banho minha
mente fica perturbada pensando que você poderá voltar a qualquer instante. Quando ouço
você chamar "mãe" me esqueço de tudo; pois este som é o meu maior tesouro. Vendo sua
doce face, não consigo nem pensar em mim mesma. Não sei que tipo de sofrimento lhe
causei para que você parta e aceite sanny€sa.
Ó meu esposo, vá atrás de Vi var™pa e o traga de volta para mim. Deixe que as pessoas
digam o que quizerem, mas traga meu filho de volta. Quero fazer sua cerimônia do
cordão sagrado.
- Tentando apaziguar sua querida esposa, Jagann€tha Mi ra disse:
- Ouça, ®ac…dev…, não se lamente. Toda a existência material é falsa como um sonho.
Seu filho Vi var™pa é uma grande personalidade. Por ter aceito sanny €sa em idade tão
precoce, ele trará fortuna para toda nossa família. Por favor, o abençoe para que ele possa
se manter firme em seu voto de sanny€sa e faça constante progresso no caminho do
serviço devocional. Não lamente pelo seu bem estar. Se um membro da família toma
sanny€sa, ele beneficia muitas gerações desta família. Desta maneira, nosso filho fez uma
coisa maravilhosa.
- D€modara, desta maneira Jagann€tha e ®ac…dev… se consolaram um ao outro.
Assim, concluo a história da sanny€sa de Vi var™pa.
Locana d€sa diz que nesta ocasião Vi vambhara estava sentado no colo de ®ac…m€t€
e afagava a face de Seu pai. Vi vambhara disse:
- Pai, não importa para onde foi Meu irmão Vi var™pa. Não se preocupe, vou cuidar de
vocês.
Ao ouvir isso, Jagann€tha Mi ra e ®ac…dev… abraçaram Nim€i amorosamente e se
esqueceram de suas misérias.

NIMšI COMEÇA A ESCOLA

Conforme Nim€i crescia, Jagann€tha Mira começou a pensar seriamente em Sua


educação. Num dia e hora auspiciosos, Jagann€tha pôs um giz na mão de Vivambhara, o
ritual que iniciava a educação de seu filho. Jagann€tha Mira e ®ac…dev… ficaram
satisfeitos ao ver Vivambhara, o Guru do mundo inteiro, estudando entusiasmado.
Depois de algum tempo, os pais de Nim€i realizaram Sua cura-karana (cerimônia de
raspar o cabelo). Foram enviados convites aos parentes. Quando este dia auspicioso
chegou, toda vila de Nadia ficou muito feliz. Os paŠitas cantaram os mantras apropriados
e fizeram uma cerimônia de fogo. As donas de casa da vila cantavam "Jai! Jai!" enquanto
distribuiam perfumes, nozes de betel e pasta de sândalo aos convidados. Músicos
tocavam gongos, búzios, shenai, mdangas e karatalas. Desta maneira, Vivambhara
observou Sua cerimônia de raspar a cabeça e de furar as orelhas.
Toda vila de Navadv…pa ficou muito contente ao ver a maravilhosa face de
Vivambhara. Em todo canto, as pessoas cantavam alto as glórias de Gaur€‰ga. ®ac…
m€t€ e Jagann€tha Mira eram muito afortunados por ter um filho como aquele que podia
encher todo mundo de bem-aventurança. Ver o doce sorriso de Gaurahari é a maior visão
que os olhos podem ter.

NIMšI SE VÊ EM APUROS
Um dia Nim€i estava brincando com Seus amigos num balneário (ghata) ao lado do
Ganges. Eles inventaram uma brincadeira de contar as pegadas deixadas na areia pelos
pássaros. Quem contasse todas as pegadas e chegasse primeiro à beira do rio, vencia. Se
alguem esquecesse alguma pegada era desclassificado. O grupo que perdesse era
obrigado a carregar os vencedores sobre os ombros.
De pressa, os meninos corriam o mais que podiam. Vivambhara suava profusamente por
brincar tanto. As gotas de suor no corpo dourado de Vivambhara pareciam gotas de mel
brotando de uma flor de lótus. Ele ficou embaraçado quando Seu pai veio levá-lO para
casa. Os outros meninos também voltaram para suas casas.
Depois de Vivambhara terminar o banho, Seu pai O repreendeu. Jagann€tha Mira disse:
- Você deixa os Seus estudos para brincar com os meninos de baixa classe. Mesmo
sabendo que Você é filho de um brâmane, não sabe se comportar adequadamente. Agora
vou ensinar-Lhe uma lição.
Segurando-O pela mão, Jagann€tha PaŠita bateu em Nim€i com uma vara.
®ac…m€t€ interviu:
- Espere! Não bata no meu filho. Ele não vai brincar mais, mas vai ficar sentado com
você estudando os €stras.
Vivambhara correu até ®ac…m€t€ e pulou em seu colo. Disse meigamente:
- Não vou brincar mais! Não vou brincar mais!
Protegendo seu filho, ®ac…dev… disse ternamente:
- Prabhu, não bata no meu filho. Ele está morrendo de medo de você.
Então ®ac…m€t€, usando a barra de seu sari, enxugou afetuosamente as lágrimas da
face de seu filho. ®ac… disse para seu esposo:
- Deixe que Ele abandone Seus estudos e Se torne um tolo. Só quero que Ele viva cem
anos.
Ficando irado, Jagann€tha Mira respondeu:
- Se seu filho ficar analfabeto como Ele irá se sustentar? Qual será o brâmane que Lhe
dará sua filha em casamento?
Vivambhara olhou assustado para o Seu pai. O coração de Jagann€tha Mira estava
ardendo, mas com alguma dificuldade, ele pode manter a compostura. Assim que a
afeição paterna despertou em seu coração, lágrimas molharam os olhos de Jagann€tha
Mira.
Ele jogou fora a vara. Pegando Nimai e O sentando em seu colo, disse com uma voz bem
doce:
- Ouça, meu filho. Se Você estudar bastante, as pessoas vão louvar Você. E elas vão Lhe
dar bananas.

O SONHO DE JAGANNšTHA MI®RA

Gradualmente o dia foi virando noite. Nesta noite Jagann€tha Mira teve um sonho
surpreendente. No dia seguinte, perplexo com o sonho, falou sobre ele com os seus
amigos.
Jagann€tha disse:
- Esta noite, vi um brâmane muito belo que tinha uma refulgência brilhante como o sol.
Jóias magníficas e ornamentos decoravam seu corpo de tal forma que era impossível se
olhar para ele. Com uma voz trovejante, o brâmane disse:
- Por que você acha que Vivambhara é seu filho? Você não sabe que Eu sou a Suprema
Personalidade de Deus. Um animal não pode compreender a potência de uma pedra de
toque. Como você ousa em Me ver como seu filho? Eu conheço todas as escrituras e sou
o Guru dos semideuses. Por que você pegou uma vara em sua mão para Me bater?
- Assim, vocês podem ver que por ter tido este sonho estou perplexo. Vocês têm alguma
ideia de seu significado?
®ac…dev… e os demais, olharam para a face de Vivambhara e ficaram muito felizes.
Colocando Vivambhara em seu colo, Jagann€tha Mira e ®ac…m€t€ dirigiram-se aos
seus amigos:
- A grandeza de nosso filho Gaurahari está além do alcance dos Vedas. Ele está além do
poder de ®iva, Sanaka e de outros sábios. Nosso filho Gaur€‰ga é sem dúvida uma
personalidade gloriosa.
Enquanto diziam isso, um doce humor de amor fraternal encheu ®ac…dev… e
Jagann€tha. Isto removeu qualquer traço de aivarya-bh€va, o humor formal de temor e
reverência. Todos ficaram em êxtase ao ouvirem o sonho de Jagann€tha Mira.
Locana d€sa canta feliz as glórias de Gaur€‰ga.

A CERIMÔNIA DO CORDÃO SAGRADO DE VI®VAMBHARA

Os passatempos de Gaura sempre inundavam a vila de Nadia num oceano de bem-


aventurança. O Universo inteiro não podia conter a alegria e fortuna de Jagann€tha Mira
e ®ac…dev…. Nem alguém pode descrevê-las.
Um dia, quando seu querido filho fez nove anos, Jagann€tha Mira decidiu conceder-Lhe
o cordão sagrado. Chamando um astrólogo, ele e sua esposa escolheram um dia
auspicioso para a iniciação bramínica de Vivambhara. Jagann€tha convidou os parentes e
lhes pediu suas bênçãos. Convidou também Advaita šc€rya, o afamado erudito perito em
todos os rituais védicos.
Jagann€tha Mira distribuiu nozes de betel, pasta de sândalo e guirlandas de flores a todos
os brâmanes visitantes. As senhoras da vila trouxeram kunkuma e ®ac… lhes deu
catechu, bananas e óleo misturado com turmerique.
Ao crepúsculo, aos maravilhosos sons de búzios, ulular e cantos extáticos de "Jai! Jai!", a
cerimônia de adhi-vasa teve início. Os brâmanes recitaram versos auspiciosos e
menestréis cantaram lindas canções. Alguns brâmanes deram as bênçãos a Vivambhara
de acordo com as regras €stricas.
Na manhã seguinte bem cedo, Jagann€tha Mira realizou a nandimukha (uma cerimônia
de obséquios feita antes de um evento auspicioso como o casamento) e cerimônias de
raddha. Depois de lavar os pés dos brâmanes, começou o sacrifício na hora propícia.
Primeiro, ®ac…dev… juntamente com as senhoras locais untaram o corpo de Gaura com
óleo de turmerique. E então, passaram o óleo vermelho do amalaki em Seus cabelos e
banharam seu filho com a água do Ganges. Ao fazer isso, ®ac… ficou tomada e perdida
em bem-aventurança.
Gongos, mdangas, búzios, karatalas e outros instrumentos musicais acompanhavam a
cena com sons celestiais. A trovejante vibração do dhaka (um grande tambor de madeira)
podia ser ouvida a muitas milhas ao redor. Os corações dançavam ao som de shenai,
vinas, flautas e pakhowajas (tambores de madeira) que soavam harmoniosamente.
Dançarinos e cantores se apresentavam jovialmente enquanto a cabeça de Vivambhara
era raspada. Pasta de sândalo e guirlandas adornavam Seus membros dourados. Os
brâmanes cantavam hinos védicos enquanto Vivambhara sentava-Se na arena sacrificial.
Eles O vestiram com trajes vermelhos e Lhe deram o cordão sagrado. A indescritível
beleza de Vivambhara feriria o orgulho de Cupido.
Jagann€tha Mira sussurrou o mantra Gayatri no ouvido de seu filho. Quando Nim€i
pegou uma vara em Sua mão, o próprio pecado personalificado ficou amedrontado.
Depois da cerimônia, Vivambhara pediu esmolas, um costume de quem está no
sanny€sa-arama, o mais elevado dos quatro arams.

GAURš¥GA E OS YUGA-AVATšRAS

Enquanto a cabeça de Vivambhara era raspada durante a Sua iniciação bramínica, Ele
refletiu sobre o yuga-dharma desta era de Kali. Ele pensava como em breve deveria
tomar sanny€sa e pregar hari-n€ma-sa‰k…rtana para aliviar o sofrimento da
humanidade na Kali-yuga.
De repente, o corpo de Vivambhara apresentou erupções de êxtase. Arrepios deixaram
todos os pelos de Seu corpo eriçados, fazendo com que se parecessem as pontudas pétalas
da flor kadaˆba. Seus olhos arregalados, brilhando de compaixão, pareciam flores de
lótus desabrochando. Seu corpo brilhava como o sol nascendo. Mergulhado num oceano
de prema, Gaurahari deixou escapar uma rugido bem alto.
Os sacerdotes brâmanes ficaram surpresos. Depois de deliberarem por algum tempo,
Sudarana e outros paŠitas concluiram que Gaurahari não era um ser mortal. Talvez fosse
um semideus. Contudo, Sua estonteante refulgência brilhante indicava que Ele não era
outro senão o próprio Senhor Govinda.
Um paŠita postulou:
- O que realizamos sobre as qualidades e o comportamento do Senhor Supremo? Nós só
podemos ter uma aproximação com as nossas inteligências diminutas.
Um segundo brâmane disse:
- Ouçam, posso não compreender as atividades de Gaur€‰ga, mas sei que Ele aparece
em cada yuga para liberar as almas condicionadas. Ele restabelece os princípios
religiosos, destrói os descrentes e libera os devotos aparecendo em cada uma das quatro
yugas.
O brâmane continuou:
- Encarnações como o Senhor R€ma e outras que vêm destruir demônios são chamadas
karya-avat€ras. Na Tetra-yuga o Senhor toma uma forma vermelha e ensina a religião de
yajña, sacrifício. Entretanto, em algumas Tetra-yugas o Senhor aparece como o Senhor
R€macandra. Seu corpo transcendental tem a cor da grama fresca. O Senhor R€ma faz
aliança com os macacos da floresta para conquistar o demônio R€vaŠa.
Muitas Tetra-yugas se passaram, mas elas não são todas as mesmas. Na Satya-yuga o
avat€ra Haˆsa do Senhor era branco, e a austeridade era o yuga-dharma. De acordo com
a yuga, o Senhor aparece com uma cor particular. As encarnações que vêm restabelecer a
religião são chamadas yuga-avat€ras.
Por favor ouçam atentamente enquanto descrevo o Senhor ®r… KŠa que apareceu na
Dvapara-yuga. Apesar de ®r… KŠa, o querido filho de Nanda Mah€r€ja, vir só, todas as
outras encarnações e expansões do Supremo estavam contidas nEle. Por esta razão, KŠa é
conhecido como p™rŠa-brahman, a forma mais perfeita, a Suprema Personalidade de
Deus. ®r… KŠa é também o amante transcendental das gop…s de Vraja.
Quando o avat€ra KŠa, a melhor de todas as jóias e a essência de todas as
encarnações, aparece numa Dvapara-yuga em particular, esta Dvapara é a melhor de
todas as Dvapara-yugas. Em outras Dvapara-yugas, duas encarnações aparecem
chamadas karya e yuga-avat€ras. O Senhor KŠa não aparece em toda Dvapara-yuga.
O Senhor Gaur€‰ga Mah€prabhu aparece para pregar a consciência de KŠa numa Kali-
yuga em particular, que segue imediatamente a Dvapara-yuga em que aparece a Suprema
Personalidade de Deus, o Senhor ®r… KŠa. Estas duas yugas especiais em que aparecem
o Senhor KŠa e o Senhor Caitanya são chamadas sv€tantra. O Senhor KŠa e o Senhor
Caitanya não parecem em toda Dvapara e Kali-yugas.
Em outras Dvapara-yugas, KŠa aparece em formas expandidas, mas não em Sua forma
original. As pessoas recebem uma grande fortuna na Dvapara e Kali-yugas em que KŠa e
Gaur€‰ga aparecem. KŠa e Gaur€‰ga realizam passatempos transcendentais apenas
uma vez em um dia de Brahm€. Durante o reinado de Vaivavata (manvantara), o Senhor
®yamasundara veio como o Senhor Gaur€‰ga. O Senhor Gaur€‰ga adora o Senhor
KŠa, o Senhor de Dvapara, fazendo hari-n€ma-sa‰k…rtana.
Kali-yuga é gloriosa, a melhor de todas as eras, porque todo mundo pode realizar muito
facilmente o yuga-dharma cantando os santos nomes em saŠk…rtana. O Senhor Caitanya
libera os aleijados, cegos e inválidos por induzi-los a cantar Hare KŠa. Por favor,
acreditem em minhas palavras. Quando o Senhor aparece como yuga-avat€ra Ele atende
a um propósito em particular de acordo com as necessidades da yuga específica.
Na Dvapara-yuga o Senhor ®r… KŠa vem como o yuga-avat€ra. Através de que
atividades Ele estabelece o yuga-dharma? As escrituras dizem que a adoração no templo
é a atividade religiosa preconizada na Dvapara-yuga. Quando e onde o Senhor KŠa
estabeleceu a adoração no templo? Prestem atenção que vou esclarecer este assunto.
O próprio Senhor, o ser supremo completamente independente o que estabelecerá como
yuga-dharma ou simplesmente desfruta de passatempos. O mais maravilhoso é que Ele
fez tudo isso de uma só vez. Para realizar passatempos na forma de R€dh€ e KŠa, o
Senhor manifestou Sua forma de Gaur€‰ga.
R€dh€r€Š… é a forma da divina hl€din…-akti de KŠa. Ela é individual, independente e
separada de KŠa. R€dh€ e KŠa só têm um corpo, mas Eles Se separam como duas
pessoas para realizarem passatempos. O Senhor Gaur€‰ga toma o nome de R€dh€ e Se
junta às gop…s para servir a KŠa. R€dh€r€Š… e as gop…s que são Suas expansões
pessoais, servem ®r… KŠa com amor puro transcendental.
Entretanto, ®r…mati R€dh€r€Š… sozinha é a personalificação da svar™pa-akti de
KŠa. R€dh€ sente que Seu amor é sempre renovado, fresco e sempre crescente. O
®r…mad Bh€gavatam declara que este humor de serviço amoroso é dificil de ser
compreendido.
Em outras Dvapara-yugas o Senhor estabelece a religião encorajando votos, caridade e
meditação. As pessoas, no entanto, falham em perceber a essência da religião, que é amor
puro a Deus. Na era de Kali, o Senhor KŠa vem como o Senhor Gaur€‰ga
especialmente para dar amor puro a Deus para todo mundo. Assumindo a cor de ouro
derretido de ®r…mat… R€dh€r€Š… e o humor de amor puro de Seu coração, o próprio
KŠa aparece como ®r… Caitanya Mah€prabhu nesta Kali-yuga.
Coberto pelo humor de R€dh€, o Senhor Caitanya chora de amor. Seu corpo exibe
constantemente os sintomas de êxtase como arrepios e mudanças na cor do corpo de
dourado para rosa.
Às vezes Gaura ruge para acordar as almas adormecidas da Kali-yuga. As pessoas sentem
uma satisfação verdadeira ao participarem de um sa‰k…rtana do movimento de
Mah€prabhu. Depois de aceitarem os nomes transcendentais de R€dh€ e KŠa, elas
começam a dançar, cantar, chorar e rir em êxtase. Logo elas emergem da escuridão da
ignorância e vêem a realidade transcendental da bem-aventurança da vida espiritual.
O Senhor Supremo vem na forma de Gaur€‰ga para fazer o mundo consciente de Deus.
Adotando um humor humilde, Ele ensina a ciência de amar a KŠa. O Senhor Gaur€‰ga
tem prazer em Se dar aos outros. Mesmo sem que se Lhe peça, Ele dá KŠa-prema para
todo mundo sem discriminação. Por esta razão esta yuga-avat€ra é chamada de
encarnação completa da Suprema Personalidade de Deus. Em outras Kali- yugas
anteriores o Senhor Supremo veio na forma do Senhor N€r€yaŠa.
As duas sílabas da palavra KŠa é o nome do avat€ra que apareceu com a cor das penas
da asa do papagaio (amarelo brilhante). Comentaristas dizem que esta pessoa também é
da cor de safiras azuis. O avat€ra Gaur€‰ga contém todas as ilimitadas expansões do
Senhor em Si. Nenhuma outra encarnação se iguala a Gaura. Os €stras dizem que na
Kali-yuga o Senhor assume uma forma dourada e dissipa o movimento de sa‰k…rtana.
Este Senhor não tem outro nome senão Vivambhara.
PaŠitas eruditos concluiram que o Senhor revela Seus aspectos em particular de acordo
com o tempo e circunstâncias. As pessoas suspeitam que Gaur€‰ga seja o Senhor
Supremo, e agora esta idéia está se espalhando por todo lugar. Algumas pessoas
permanecem duvidosas, mas a maioria delas está atônita com os passatempos incríveis de
Gaurahari. Enquanto outras que ouviram falar dEle, dizem que vêem Vivambhara como
o Senhor do Universo. Em regojiso com as atividades de Gaurahari, toda a vila de Nadia
exclamou "Jai! Jai!"
Locana d€sa canta alegremente as glórias do Senhor Gaur€‰ga.

"ESTOU INDO PARA CASA"

Um dia Nim€i, com Seu corpo exibindo uma brilhante refulgência, disse com uma voz
trovejante:
- Ó mãe, por favor ouça-Me. Você está cometendo uma ofensa. De hoje em diante não
coma grãos em ekad€…. Siga Minha ordem com atenção.
®ac…m€t€ ficou surpresa e hesitante, seu corpo tremia por afeição materna. ®ac…
disse:
- Está certo, vou obedecer a Sua ordem.
Nim€i ficou satisfeito. Desta maneira, Nim€i ensinava Sua mãe as injunções das
escrituras.
Uma vez Nim€i comeu alegremente algum pan e nozes de betel dados a Ele por um
brâmane de coração puro. Depois de algum tempo Nim€i chamou ®ac…m€t€ e disse:
- Estou indo para casa. Agora cuide deste brâmane como se fosse seu filho.
Nim€i permaneceu em silêncio por alguns segundos, e de repente, caiu ao solo inerte.
Com muito medo, ®ac…m€t€ despejou água do Ganges em Sua boca. Num instante
Nim€i despertou, iluminando a sala inteira com Sua refulgência.
Locana d€sa diz que Nim€i dizendo "estou indo para casa" precisa de explicação, mas
quem pode dá-la? Mur€r… Gupta, um íntimo associado eterno do Senhor Caitanya,
conhece todas as verdades €stricas.
D€modara PaŠita perguntou a Mur€r… Gupta:
- Ó grande alma, por favor explique o significado interior da declaração de Nim€i "estou
indo para casa". Que tipo de m€y€ ou akti está por trás das ações do Senhor? Por favor,
faça referências €stricas e explique isso para mim.
Mur€r… Gupta disse:
- Ouça, você pensa que eu sei tudo sobre o Senhor? Vou dizer o que compreendo. Se
parecer razoável para você, então aceite com fé.
O Senhor entra no coração de Seu devoto puro que ouve sobre Suas atividades, O vê,
medita sobre Ele e canta os Seus santos nomes. O corpo do Senhor é transcendental aos
três modos da natureza material. O corpo do devoto puro é a casa do Senhor. Dentro do
coração de Seu devoto o Senhor pode facilmente realizar Seus passatempos.
Ele considera que adoração ao Seu devoto é superior à Sua própria adoração. O Senhor
deseja ser servil a Seu devoto. Algumas pessoas pensam que esta atividade é produto de
m€y€. Os materialistas não podem compreender porque o Senhor dá mais importância a
Seus devotos puros do que a Si próprio.
O Senhor é a corporificação da bem-aventurança. Ele é muito belo, completamente puro
e o objeto mais valioso. O Senhor não faz nada além de desfrutar de passatempos
transcendentais. Assim sendo, por que os patifes desejam que Ele não tenha qualidades?
O Senhor nunca Se manifesta para aqueles que estão encobertos por m€y€. Mas Ele
sempre Se dedica a passatempos no coração de Seus devotos puros.
O Senhor sente prazer ao ver Seus devotos comerem, dormirem e desfrutando de
diferentes atividades. KŠa trata todo mundo igual, mas Ele reciproca de forma diferente
com Seus devotos devido à atitude de rendição e amor dos devotos. Depois de ver as
atividades do Senhor, um não-devoto pensa:
- O que é este KŠa? Ele nada mais é do que um ser humano comum.
KŠa faz o papel de um mortal ordinário. Na realidade, KŠa tem um corpo completamente
transcendental. Ele é o todo poderoso Senhor dos senhores. Qualquer um que não aceite
o fato do Senhor residir no corpo de Seu devoto puro é o mais baixo entre os homens.
Os Vedas, Pur€Šas e os grandes devotos proclamam que o corpo de um devoto puro é
totalmente puro porque o Senhor KŠa vive dentro do seu coração. Assim como o Ganges
ou qualquer lugar de peregrinação pode purificar ou liberar alguem, da mesma maneira
este é o poder da poeira dos pés de um devoto puro. Se um patife que não compreende ou
critica um devoto puro, com certeza comete uma grave ofensa.
Assim, Mur€r… Gupta e D€modara PaŠita conversaram alegremente sobre este tópico
íntimo.
Locana d€sa sente muita alegria ao ouvir estas conversas.
O DESAPARECIMENTO DE JAGANNšTHA MI®RA

Por favor, ouçam a maravilhosa história que irá mitigar as misérias de seus corações.
Um dia, Jagann€tha Mira, a jóia entre os brâmanes, retornava para casa depois de estudar
os €stras no arama de seu Guru. Por arranjo da providência, Jagann€tha caiu prostrado
com uma febre muito alta. ®ac…dev… ficou preocupada e chorou.
Nim€i a consolou com alguma filosofia:
- Mãe, todo mundo deve morrer um dia. No devido curso de tempo até mesmo Brahm€,
Rudra, o vasto oceano e os Himalaias serão destruidos. Por que você se preocupa com a
morte? Reuna seus amigos e cantem os santos nomes de KŠa. Na hora crítica da morte, é
um dever dos amigos lembrarem o outro amigo do Supremo Senhor KŠa.
Ao ouvir esta notícia desafortunada, os amigos e parentes correram até a casa de ®ac…
dev… e ficaram ao redor de Jagann€tha Mira. Vendo sua morte iminente, os membros
mais velhos da família tiveram uma discussão.
Vivambhara disse:
- Mango (mãe), o que você está esperando? Vá chamar os parentes.
Então, Vivambhara, ®ac…m€t€ e alguns amigos levaram o corpo de Jagann€tha Mira
até o Ganges. Enquanto lavava os pés de Seu pai, Vivambhara chorava
inconsolavelmente e falava com voz chocada:
- Você vai Me deixar sozinho. Não vou ser capaz de te chamar de pai novamente. Apartir
de hoje nossa casa está vazia. Não verei seus pés novamente. Agora todas as dez direções
para Mim estão cobertas pela escuridão. Você não irá mais segurar a Minha mão e Me
ensinar.
Ao ouvir estas suaves palavras de seu filho, Jagann€tha Mira tentou responder mas não
pôde. Com uma voz chocada e febril ele disse:
- Ouça Vivambhara, nada posso fazer, mas vou Lhe revelar o que tenho em meu coração.
No futuro Você poderá me esquecer. Agora estou Lhe entregando ao abrigo dos pés de
lótus de Raghun€tha (a Deidade alagrama da família). E então, Jagann€tha Mira
permaneceu absorto se lembrando de Hari.
Os brâmanes colocaram folhas de tulasi em seu pescoço e banharam Jagann€tha Mira no
Ganges. Rodeado pelos amigos e pela família, Jagann€tha Mira cantou os santos nomes
de KŠa e retornou para VaikuŠ˜ha numa carruagem celestial.
Sentindo grande tristeza, ®ac…dev… chorava copiosamente. Tocando os pés de seu
esposo, ®ac…dev… lamentava:
- Ó meu senhor, leve-me contigo. Eu lhe servi por tantos anos e agora você está indo para
VaikuŠ˜ha sem mim. Sente lhe servi quando você repousava ou enquanto você comia.
Agora não vejo mais nada além de escuridão nas dez direções. O mundo inteiro parece
vazio sem você.
De agora em diante não tenho outro abrigo senão meu filho pequeno. Como que Nim€i
irá ficar e quem será seu guia? Um filho como este seu Nim€i é dificil de se encontrar
nestes três mundos. Esquecendo-se dEle, você está deixando este mundo para trás.
Nim€i, o querido filho de ®ac…, chorava profusamente ao ver a morte de Seu pai e
ouvir as palavras doídas de ®ac…m€t€. As lágrimas que caiam no peito de Nim€i
pareciam valiosas pérolas em um colar. O choro do Senhor induziu Seus amigos, devotos
e o mundo inteiro ao pranto.
Os amigos de Nim€i tentaram consolá-lO com palavras doces:
- Vivambhara, se você continuar chorando a criação inteira irá sofrer.
As donas de casa apaziguavam ®ac…dev…:
- Olhe o seu filho querido, Vivambhara, e esqueça tudo isso.
O Senhor Gaur€‰ga controlou Suas emoções e agiu soberbamente para realizar os ritos
necessários para o funeral de Seu pai. Vivambhara, juntamente como os membros de Sua
família, executaram os detalhes de acordo como o prescrito pelas regras védicas. Com
grande devoção Ele adorou Seus ancestrais. Alimentou os brâmanes e lhes deu presentes.
Jagann€tha Mira, o pai do Senhor Vivambhara foi o maior de todos os brâmanes.
Qualquer pessoa que ouça com fé e devoção sobre o desaparecimento de Jagann€tha
Mira retornará a VaikuŠ˜ha, também alcançará VaikuŠ˜ha se morrer às margens do
Ganges.
Contemplando a face de Gauracandra, ®ac…m€t€ cantava enquanto pensava:
- Se eu mantiver Vivambhara absorto nos estudos, Ele então passará os Seus dias
alegremente.
Locana d€sa solicita a todo mundo que ouça atentamente sobre o caráter maravilhoso do
Senhor Caitanya.

VANAMALI, O PROMOTOR DE ENCONTROS

Um dia ®ac…m€t€ pegou Gaur€‰ga pela mão para se incumbir de Sua educação.
Levando-O aos paŠitas, ®ac… solicitou humildemente:
- Ó grandes sábios, por favor, instruam o meu filho. Mantenham-nO perto de vocês. Por
favor tratem-nO com afeição como trariam o seu próprio filho.
Ouvindo isso, os brâmanes, sentiram-se um pouco hesitantes, e responderam
humildemente:
- Hoje obtivemos uma rara fortuna. ®ac…m€t€, você deixou ao nosso encargo aquele
que é adorado por milhões de Sarasvat…s, deusas do conhecimento. Ele ensinará a todo
mundo a cantar o santo nome, e dará o Seu amor a todos. ®ac…m€t€, você deve saber
que nós é quem devemos aprender com Ele.
Depois de deixar seu filho com os paŠitas, ®ac…dev… voltou para casa.
Algum tempo depois, Vivambhara estudava com ViŠu PaŠita. Vivambhara, o Guru do
Universo, abençoou Sudarana e Gangad€sa, por também estudar com eles. Aceitando
uma forma humana, o Senhor Supremo como Vivambhara estudava e agia como um
homem comum. Ele fez isso para abençoar as pessoas do mundo.
Um dia, na tol (escola) de PaŠita Sudarana, o Senhor fez uma pilheia com Seus colegas.
Sorrindo muito docemente, Ele com muito humor imitou a fala estranha dos residentes da
Bengala Oriental. As pilheias de Vivambhara compraziam e encantavam a todos.
Noutra ocasião, Vivambhara visitou o arama de Vanamali šc€rya. O Senhor ofereceu
respeitos ao venerável €c€rya. Levantando-se para receber o Senhor, Vanamali tomou
Vivambhara pela mão e foi até o outro lado da estrada. Eles conversavam animadamente.
Neste instante a filha de Vallabh€c€rya estava indo para o Ganges com suas amigas. A
beleza, as qualidades e o comportamento da menina era famosos nos três mundos.
Acidentalmente, Vivambhara Hari olhou para ela, e neste instante Ele realizou porque
havia vindo para esta Terra. Lakm… µh€kuraŠ…, a filha de Vallabh€c€rya,
compreendeu a mesma coisa. Em sua mente ela colocou os pés de lótus de Vivambhara
em sua cabeça.
Vanamali šc€rya, compreendeu plenamente suas mentes, e fez uma visita a ®ac…m€t€
alguns dias depois. Vanamali ofereceu respeitos a ®ac…m€t€ e sorridente disse com
uma doce voz:
- Há uma menina muito jeitosa para se casar com o seu filho. Sua beleza, qualidades e
comportamento são inigualáveis nestes três mundos. Ela é filha do ilustre Vallabh€c€rya.
Se você a desejar, por favor, dê-me sua permissão.
®ac…dev… respondeu:
- Meu filho ainda é um menino. Por enquanto deixe que continue estudando. Ele não tem
pai, assim, deixe que cresça e amadureça um pouco mais.
Decepcionado, Vanamali šc€rya saiu abruptamente. Do outro lado da estrada ele gritou:
- Ó Gaur€‰ga!
Vanamali se lamentava:
- Ó purificador das almas caídas. És conhecido como uma kalpa-taru, a árvore que
satisfaz todos os desejos. Mas por que não satisfazes o meu desejo? Todas as glórias para
aquele que livrou Draupad… do medo e do vexame. Todas as glórias para aquele que
salvou Gajendra das mandíbulas do crocodilo.Todas as glórias para Tu, que livrastes
Ajamila de uma prostituta. Ó pai do universo, por favor, conceda-me Tua misericórdia e
salve-me!
Estando na escola, Vivambhara ficou preocupado com a aflição de Vanamali.
Vivambhara pegou os Seus livros, despediu-Se de Seu guru e deixou a tol. Ele andava
magnânimo como um elefante louco.
Os ornamentos no corpo de Gaur€‰ga resplandesciam. O Universo ficou encantado ao
ver Seus cabelos livres ondulando. Os lábios explêndidos e coloridos de Gaura
desafiavam a beleza da flor vermelha do bandhuli. Seus dentes alvos pareciam fileiras de
pérolas. A pasta de sândalo fragrante encantava Sua forma que atrai a mente. Suas veste
brancas e finas estavam atadas de forma atrativa e com perícia em torno de Sua silueta
graciosa.
A beleza transcendental do Senhor superava o poder cativante de milhões de Cupidos.
Realmente, a forma deslumbrante de Gaur€‰ga é como a rede de Cupido usada para
capturar corças inocentes que são os corações das castas meninas de Nadia.
Vivambhara andava depressa pela estrada para encontrar Vanamali šc€rya. Vivambhara,
na verdade, é a árvore dos desejos que satisfaz os desejos de Seus devotos. Vendo
Vivambhara a distância, Vanamali ergueu as mãos e correu ao encontro do Senhor,
gritando:
- Oi! Quem bom!
Vanamali caiu aos pés de lótus de Mah€prabhu. O Senhor sorriu, levantou-o depressa e o
abraçou. Vivambhara perguntou como uma voz doce:
- šc€rya, onde você esteve?
Vanamali respondeu:
- Ouça Vivambhara, Sua mãe é muito bondosa, assim, revele Sua mente para ela. Eu lhe
falei sobre a menina que é muito adequada para se tornar Sua esposa. Ela é cheia de boas
qualidades e é filha de Vallabhacarya. Ela é a parceira ideal para Você. Mas quando fiz a
proposta para Sua mãe, ela não a considerou importante. Assim, agora estou voltando
para casa.
O Senhor ouviu em silêncio, sorriu, e foi para casa. Vendo o doce sorriso de
Visvambhara, Vanamali ficou esperançoso de que o Senhor em breve iria Se casar.
Sentindo-se feliz, seguiu para casa.
Chegando em casa, Visvambhara perguntou a Sua mãe:
- O que você disse para Vanamali Acarya? Ele parecia muito triste ao vê-lo agora na
estrada. Fiquei triste ao ver sua face. O que você disse para ele ficar assim?
®ac…m€t€ entendeu imediatamente o que o Senhor queria dizer com Suas palavras. Ela
mandou alguém ir buscar Vanamali šc€rya. Cheio de bem aventurança, Vanamali correu
para a casa de ®ac…dev…. Caiu a seus pés e com uma voz balbuciante disse:
- Por que você me chamou?
®ac…dev… disse:
- Mantenha aquela sua proposta anterior. Para satisfazer a todos dou minha sanção para o
casamento de Vivambhara. Sua afeição por Vivambhara é maior do que a minha. Agora,
faça os arranjos necessários para Seu casamento.
Feliz em aceitar a solicitação de ®ac…dev…, Vanamali šc€rya correu até a casa de
Vallabh€c€rya com a proposta. Vallabh€c€rya recebeu o šc€rya cordialmente e disse:
- Sou muito afortunado em te encontrar. Por favor diga-me com que propósito viestes.
Vanamali disse:
- Vim à tua casa devido a mútua afeição. ®r… Vivambhara, o filho de Jagann€tha Mira,
vem de uma família de brâmanes elevados e possui todas as boas qualidades e o melhor
caráter. A própria providência decorou Vivambhara com todos atributos maravilhosos.
Ele é glorificado nos três mundos. Desta maneira, como é possível para mim descrevê-lO
adequadamente? Vivambhara é definitivamente a pessoa perfeita para ser o seu genro.
Agora decidas.
Vallabh€c€rya disse:
- Sinto-me muito gratificado ao ouvir a tua proposta. Entretanto, como sou pobre, nada
tenho para dar em caridade além da minha filha. Se for aceitável para você, então estou
pronto para oferecer minha filha em casamento para Vivambhara. Os …s, sábios,
ancestrais e semideuses irão se satisfazer com este casamento. Este arranjo de casamento
deve ser o resultado de minhas muitas austeridades. Tu és o meu maior amigo. Apesar de
nunca ter te contado, estas realizando meu desejo mais profundo.
Vanamali foi até a casa de ®ac…dev… informá-la sobre a conversa. Ao ouvir e ficar
satisfeita, ®ac…dev… deu suas bênçãos a Vanamali. Os amigos e parentes de ®ac…
receberam a noticia com alegria, aprovando unanimemente, cantaram:
- Muito bem! Muito bem!

CAPITULO 4

OS PASSATEMPOS DA JUVENTUDE DE GAURš¥GA

O CASAMENTO DE VI®VAMBHARA E LAK±MŸPRŸYš


Com uma face sorridente, ®ac…m€t€ disse docemente:
- Ó meu filho querido, Vivambhara, a filha de Vallabh€c€rya é uma menina maravilhosa,
muito adequada para Você. Serei muito afortunada se a tiver como nora. Se Você aceitar
esta proposta, faça os arranjos necessários para a cerimônia de casamento.
Seguindo a ordem de Sua mãe, Vivambhara coletou a parafernália, chamou um astrólogo
qualificado e fixou uma data apropriada. Num dia auspicioso, brâmanes, amigos e
parentes compareceram ao casamento de Nim€i. Toda a vila de Nadia inundou-se num
oceano de amor, todos estavam imersos em bem-aventurança. ®ac…m€t€ e as outras
senhoras fizeram as preparações.
Os €c€ryas realizara a cerimônia de adhi-v€sa enquanto os brâmanes encheram todas as
quatro direções com mantras védicos. Mda‰gas e búzios carregavam o ar com sons
auspiciosos. A casa inteira estava embelezada com lamparinas, bandeiras, guirlandas de
flores e fragrante madeira de sândalo. O corpo de Gaur€‰ga brilhava como a beleza de
milhões de Cupidos. Os brâmanes ficaram aturdidos a contemplar a refulgência
estonteante de Vivambhara. Vivambhara adorou os brâmanes com presentes, nozes de
betel, guirlandas e madeira de sândalo.
Engajando os melhores brâmanes, Vallabh€c€rya realizou a cerimônia de adhi-v€sa para
o bem estar de sua filha Lakmipr…ya. Ele mandou magníficas guirlandas e madeira de
sândalo para Vivambhara. Quando a adhi-v€sa terminou a noitinha, as mulheres
trouxeram potes cheios d'agua do Ganges. As jovens meninas solteiras de Nadia ficaram
cobertas de ondas nectáreas do oceano de rasa que foi batido no casamento de Gaur€
‰ga.

COLETANDO ÁGUA DO GANGES

Decorando-se com vários ornamentos atrativos, as virgens e as esposas dos brâmanes


foram para a casa de ®ac…m€t€. Com os seus olhos de gazelas e caminhando com o
jeito de elefantes, aquelas meninas poderiam encantar o próprio Cupido. Com braceletes
tinindo suavemente e com maravilhosos vestidos, elas poderiam capturar a mente do
sábio mais compenetrado. Seu palavreado parecia nectáreo e a terra balançava com suas
risadas.
Faziam pilhéias entre si enquanto cantavam as glórias de Gaurasundara. Uma pérola
maravilhosa adornava a aba de seus narizes. Cupido ficou agitado ao ouvir suas doces e
delicadas vozes.
Quando as meninas e as senhoras chegaram, ®ac…dev… as recepcionou com perfumes,
nozes de betel e pasta de sândalo. Colocando ®ac…m€t€ à frente, elas caminharam em
procissão até o Ganges enquanto cantavam doces canções. Usavam saris de algodão e de
seda novos, e balançavam suavemente suas cabeças de um lado para o outro enquanto
caminhavam.
Às vezes seguiam atrás de ®ac…m€t€, e outras vezes andavam junto de Gauracandra.
Elas pegavam betel, cânfora, guirlandas e pasta de sândalo e gentilmente ofereciam a
Gaur€‰ga, só para serem tocadas por Ele. Realizando a cerimônia de carregar a água, as
senhoras de Nadia ficaram loucas de alegre bem aventurança.
Assim, Locana d€sa narra os preparativos para o casamento e a coleta d'água do Ganges.
Desta maneira, a noite se passou em bem-aventurança. No dia seguinte, Vivambhara
conduziu os rituais de casamento costumeiros. Ele tomou banho, deu caridade e adorou
os semideuses e parentes. Seguindo as injunções védicas, observou as cerimônias de
nandimukha e raddha (adorando os ancestrais para pedir suas bênçãos para o casamento).
Os brâmanes, cantores e dançarinos estavam todos satisfeitos com os presentes e a
comida. Entretanto, o Senhor Gauranga proferindo doces palavras de apreciação, os
satisfazia mais do que a caridade. Depois de Vivambhara Se banhar, os barbeiros
cortaram Seus cabelos. Nesta hora, pela tradição, as donas de casa limpam o corpo do
Senhor.
Vários instrumentos musicais enchiam a atmosfera de doces e auspiciosas músicas.
®ac…dev… tratava todos os convidados com muito amor e afeição. Revelando seu
coração para eles, ®ac…dev… disse:
- Estou sem meu esposo e meu filho perdeu Seu pai. Sou pobre, como posso servi-los
adequadamente?
Com a voz falhando, ®ac…dev… caiu ao solo, chorando profuzamente.
Ao ouvir estas palavras piedosas de Sua mãe, Vivambhara abaixou Sua cabeça. Seu
coração queimava em separação ao Se lembrar de Seu pai. Com palavras afetuosas,
®ac… apaziguou seu filho. Então, seguiu Suas ordens para satisfazer os brâmanes com
caridade.

A EXTÁTICA PROCISSÃO DE CASAMENTO

Enquanto isso, na casa de Vallabh€c€rya, os brâmanes estavam adorando os semideuses e


os ancestrais de Vallabha. Vallabh€c€rya deu inúmeros ornamentos dourados para sua
filha Lakmipr…y€. Ele decorou-a com perfumes, guirlandas de flores e pasta de sândalo.
Bem na hora certa, o maior dos brâmanes, Vallabh€c€rya, enviou um brâmanes para ir
buscar o noivo.
Os amigos do Senhor Vivambhara ajudaram-nO a vesti-lO com vestes atrativas. Untaram
o Seu corpo com pasta de sândalo. Penduraram makara-kuŠala (brincos com a forma de
tubarões) em Suas lindas orelhas e um colar de pérolas em torno de Seu suave e poderoso
pescoço. As sombrancelhas escuras e suavemente curvas de Gaura pareciam o arco de
Cupido.
Os ornamentos de Vivambhara, anéis de jóias e pulseiras douradas criavam tamanha
refulgência que ninguém conseguia olhar para Ele. Ele usava uma guirlanda de flores
celestiais e amarrara com perícia um dhoti com a barra vermelha. A doce fragrância de
Seu corpo saturava o ar. Gauracandra pegou um espelho em Sua mão; Ele parecia a lua
cheia.
Vivambhara prestou reverência para Sua mãe e saiu de casa num momento auspicioso.
Tomou uma carruagem celestial junto com Seus amigos. Brâmanes, cantores e
dançarinos o rodeavam em procissão. Eles faziam uma atmosfera festiva com músicas e
mantras.
Cornetas, trombones, mda‰gas e tambores soavam em êxtase. Com grande entusiasmo,
todo mundo cantava:
- Hari bol! Hari bol! Jai! Jai!
As pessoas de Nadia sentiam-se eufóricas e pareciam enlouquecidas pela bem-
aventurança transcendental. Uma multidão agitada veio ver o Senhor. Apesar das pessoas
estarem empurrando, ninguém se movia para frente. Todo mundo estava surpreso com a
cena.
Algumas mulheres não podiam arrumar o seu cabelo e sua roupa devido à excitação. Elas
respiravam ofegantemente por terem corrido para dar uma olhada em Vivambhara.
Abandonando sua timidez, as mulheres corriam para ver a maravilhosa forma de
Gaurasundara. Elas exclamavam e chamavam umas às outras para virem ver. Até as
senhoras orgulhosas abandonaram sua arrogância e sairam correndo para verem o
Senhor. Na verdade, todo mundo de Navadv…pa estava correndo pela rua.
Os semideuses pararam seus aeroplanos celestiais para saborearem a forma todo-atrativa
de Gaur€‰ga. Suas esposas não podiam tirar os olhos da face maravilhosa de Gaura.
Gandharvas, kinnaras e mulheres celestiais enchiam todas as direções com canções
auspiciosas.
Na auspiciosa ocasião do casamento de Gauracandra, as senhoras da vila de Nadia
cantavam:
- Agora penteiem seus cabelos, coloquem um sari novo colorido e decorem seus olhos
com kajjal. Vamos nos vestir de maneira maravilhosa para ver o casamento de ®r…
Vivambhara. Depressa, ponham suas pulseiras douradas, sinos na cintura, tornoseleiras e
outros ornamentos deslumbrantes.
Espalhem sindhur na repartição do cabelo e ponham um pouco de pasta de sândalo na
testa. Masquem nozes de betel para colorir os lábios lindamente e levem uma folha de
betel em sua mão esquerda. A visão de Vivambhara despedaça nossos corações como as
cinco flechas de Cupido; não podemos nos controlar.
Flautas, vinas, búzios, tamborins, karatalas, mda‰gas, grande tambores de madeira e
pequenos atabaques em forma de soavam juntos, produzindo uma doce e maravilhosa
rasa sonora. Os residentes de Navadv…pa estavam intoxicados de alegria.
Sem acanhamento admiravam continuamente a face de Gaurasundara que desafia o
orgulho de Cupido. Para poderem ver a beleza de Gauracandra, as donas de casa
ignoravam completamente os reclamos de seus familiares. Com as flores despencando de
seus cabelos despenteados e com sua roupas desajustadas, elas negligenciavam seus
esposos e filhos e corriam como loucas para fora de suas casas. Todos os residentes de
Nadia corriam para verem o Senhor.
Locana d€sa diz que todas as direções ressoavam de júbilo.
Desta maneira, a procissão de casamento de ®r… Visvambhara seguiu para a casa de
Vallabh€c€rya. Sons de "Jai! Jai!" vibravam no céu. A refulgência dourada natural de
Gaura combinada com centenas de lâmpadas iluminavam a casa inteira. Depois de lavar
os pés do Senhor, Vallabh€c€rya escoltou o noivo para dentro de casa. Mah€prabhu
então sentou-Se num assento de madeira sob uma canóplia rodeada por quatro folhas de
bananeira.
Gaur€‰ga sentado ali com um sorriso nectáreo em Seus lábios, parecia a lua cheia. Os
ornamentos luzivos em Seu corpo pareciam ouro derretido. Sua imponente forma
dourada desafiava o monte Sumeru. A divina fragrância das guirlandas era como o
Ganges ondulante descendo dos Himalaias, emanando do corpo de Gaura.
Vendo Sua testa maravilhosa sob a deslumbrante coroa, milhões de Cupidos se sentiram
desajeitados e baixaram suas cabeças de vergonha. O fascinante movimento de Seus
brincos removia o orgulho das mulheres. Usando seus melhores saris e com seus
corações cheios de alegria, as senhoras de Nadia iluminavam o recinto com lâmpadas
brilhantes. Uma procissão de senhoras começando com as mais velhas e terminando com
a mãe de Lakmipr…ya circunambulou o noivo sete vezes. E então puseram alegremente
iogurte nos pés do Senhor.
Após o término desta parte da cerimônia de casamento, Vallabh€c€rya pediu para as
mulheres trazerem a noiva. Sentada em um trono, a noiva iluminou a Terra com sua
beleza radiante. Lakm…dev… estava coberta por ornamentos resplandescentes e rodeada
por muitas lâmpadas luminosas. Brilhando como a lua cheia, ela removia a escuridão da
noite.
Lakm…dev… circunambulou seu Senhor sete vezes de prostrou-se aos Seus pés em
submissão. Seguindo a tradição, uma cortina foi posta para que os noivos pudessem
trocar em privacidade os seus primeiros olhares amorosos. Eles Se olharam longa e
profundamente, assim como Candra e Rohin… ou Hara e P€rvat…. Os convidados
arremessaram pétalas de flores nos recem-casados e uns nos outros. Todos dançavam
como loucos e cantavam felizes, "Hari! Hari!"
Vivambhara, o esposo de K€mal€ (Lakm…dev…) sentou Sua noiva ao Seu lado
esquerdo. Lakm…, com a face vermelha de vergonha, sentou-se ao lado do Senhor.
Então, Vallabh€c€rya adorou o seu genro. O Senhor Brahm€ adorou aqueles mesmos pés
para receber o poder para criar o Universo. Destes pés, o Ganges desce para purificar
todas as pessoas do mundo. Bali Mah€r€ja doou três passos de terra para estes pés. Mais
tarde recebeu o divino toque destes pés sobre sua cabeça. Uma gop… recebeu o posto do
Senhor ®iva por meditar nestes pés. Lakm… os adora alegremente.
Os dezoito Pur€Šas descrevem as encarnações parciais do Senhor Vivambhara incluindo
ViŠu, Var€ha, Matsya, Kurma, Nsimha, V€mana, Paraur€ma, Bgugama, Buddha e
Vy€sa. O mesmo Senhor Se tornou filho de Vallabh€c€rya, que agora era a pessoa mais
afortunada do mundo.
As glórias de Gaur€‰ga são tão nectáreas que até mesmo um homem com o coração de
pedra abandona sua atitude ateista após ouvi-las. A escuridão é dissipada por adorar os
pés que Vallabha banhou com água. A este Senhor a quem Indra, o senhor do céu, deu
um trono real, Vallabh€c€rya ofereceu um assento simples. Este Senhor que era
adornado pela opulência de trajes divinos, recebeu de Vallabh€c€rya roupas comuns.
Pensando nestas coisas, Vallabh€c€rya fazia sistematicamente as atividades de sacrificio.
A fortuna de ninguem poderia superar a de Vallabh€c€rya, cuja filha fora aceita pelo
Senhor Supremo de VaikuŠ˜ha. O Senhor e Sua Senhora sentaram-Se num aposento
privado para tomarem prasada depois de completados os rituais de casamento.
Centenas de donas de casa e jovens meninas sentara-se em volta de Lakm…dev… e
Vivambhara e brincavam com Eles. O sorriso doce do Senhor encantava todo mundo.
Uma menina casta disse:
- Vivambhara, ouça-me. Pegue estas nozes de betel e dê para Lakm… antes que ela
durma. Ponha-as em sua boca pessoalmente para que todas nós possamos desfrutar da
cena.
Uma senhora disse:
- Quem pode ter a fortuna comparável à de Lakm…, que se tornou esposa do Senhor
Vivambhara.
Outra disse:
- Que caridades, austeridades e meditações ela fez para conseguir Vivambhara como seu
esposo? Pode haver alguma mulher casta cuja mente consiga ficar tranquila ao ver a
esplêndida face de Gaurasundara?
Uma jovem disse:
- Sua beleza rouba o coração até mesmo da senhora mais recatada. A face de Gaur€‰ga
é tão maravilhosa que todas se atraem por Ele. Qualquer mulher bonita deseja ser
abraçada por Seus braços longos e poderosos. Lakm…dev… desfrutará destas feições de
Gauracandra. Mas quando nós teremos esta oportunidade? Nosso único desejo é sermos
criadas e servir ®r… Gaur€‰ga-asi.
Desta maneira, as senhoras de Nadia expressaram seu amor por Vivambhara e Sua
querida Lakm…dev… durante Sua alegre cerimônia de casamento.
A noite passou em risos e brincadeiras. Ao alvorecer Vivambhara realizou Seus deveres
matinais, incluindo a tradicional cerimônia de kusandika (yajña de fogo realizado pelo
recem-casado). Ele realizou os deveres bramínicos apropriados e distribuiu prasada para
os brâmanes reunidos. No dia seguinte, enquanto as senhoras estavam em trono do Casal
Divino, os parentes mais velhos adoraram Lakm…dev… e Vivambhara.
Sentindo-se simultâneamente alegre e triste, Vallabh€c€rya presenteou os noivos com
perfumes, grama durva, arroz, nozes de betel e madeira de sândalo. Ele disse:
- Sou pobre, um homem sem valia. Como posso Lhe dar a caridade adequada? Estou
extremamente grato que tenhas aceitado minha filha como esposa. Ficarei livre de todas
as misérias da existência material por me abrigar em Teus pés de lótus. Satisfiz
plenamente os semideuses e os ancestrais por oferecer-Te minha filha. Teus pés de lótus
são adorados continuamente pelo Senhor Brahm€, ®iva e pelos outros semideuses. Meu
Senhor, tenho outro pedido. Por favor, Vivambhara, ouça.
De repente, a voz de Vallabh€c€rya ficou entrecortada e lágrimas rolaram de seus olhos.
Colocando a mão de Lakm… na de Vivambhara, Vallabha disse:
- De hoje em diante, estou Lhe dando minha filha. Agora ela pertence a Ti. Por favor,
proteja-a e a mantenha. Em minha casa ela era como uma rainha. Agora ela será Tua
criada e nora de Tua mãe. Comportando-se como uma rainha em minha casa, Lakm…
desfrutava de muita liberdade. Ela às vezes agia caprichosamente enquanto comia com
sua mãe. Costuma se sentar em nossos colos. Ela é a nossa única criança, nossa filhinha
querida.
O que mais posso dizer? Agora ela é Tua. Tomado pela ilusão, eu disse todas estas
coisas. Na verdade, isso se deve à minha forte afeição por Lakm…dev…, que é a menina
mais afortunada do Universo, isso me fez falar assim.
Depois de dizer isso, Vallabh€c€rya controlou suas emoções. Entretanto, ainda
derramava lágrimas de amor e seus olhos estavam vermelhos como o sol nascente.
Com Sua querida Lakm… ao Seu lado, Vivambhara saiu da casa num palanquim. Uma
ruidosa procissão de músicos, dançarinos e cantores acompanhavam o Senhor. A
atmosfera estava animada com ondas de alegria. Semideuses nos céus os seguiam em
seus aeroplanos de flores.
Enquanto isso, na casa de Vivambhara, ®ac…m€t€ e as outras senhoras alegremente
preparavam as boas vindas para Lakm…dev… e o Senhor. Potes d'água cobertos por
brotos de manga e cocos foram colocados ao lado da porta de entrada. As senhoras
ofereceram incenso, lamparinas de ghee e outros artigos auspiciosos ao Senhor assim que
Ele entrou em casa. Todo mundo estava com um humor festivo. Músicos, dançarinos e
cantores se apresentavam expontaneamente. Muitas senhoras ululavam e cantavam "Jai!
Jai!"
®ac…dev… sentiu deleite ilimitado ao ver seu filho e sua nora em seu aconchego.
Levando o Casal Divino para seu quarto, ela Lhes deu grama durva e arroz. Então, ela Os
abençoou para que vivessem para sempre. ®ac…m€t€ afetuosamente beijou a face de
Vivambhara, contremplou-O, e depois beijou Lakm…dev…. Muita bem aventurança
permeava cada aposento da casa de ®ac…dev….
Locana d€sa sente imensa alegria em cantar as glórias de Gaur€‰ga.

CAPITULO 5

MAIS PASSATEMPOS DA JUVENTUDE

O AMOR DE GA¥GADEVŸ POR GAURš¥GA

Agora, ouçam todos um outro dia dos passatempos do Senhor. Durante a encantadora
atmosfera do anoitecer, Vivambhara e Seus amigos foram ter um darana com o rio
Ganges. De ambas as margens do rio muitos brâmanes e pessoas santas ofereciam
respeitos e orações a Ga‰gadev…. Senhoras levavam potes d'água do Ganges. Muitos
diferentes paŠitas com nomes como Mira, šc€rya e Bhatta, estavam ali admirando a
pureza e beleza do rio Ganges. Tanto os jovens quanto os velhos estavam adorando o
Ganges com frutas, flores e polpa de sândalo.
Devido ao incontrolável amor por Vivambhara, o Ganges corria rápido, se espalhando
pelas margens para poder tocar gentilmente o corpo do Senhor. Pessoas se indagavam
porque o Ganges parecia muito mais bonito naquele dia. Apesar dela ser usualmente
calma e tranquila, por que agora estava rugindo alto e toda cheia de ondas? Não havia
nenhuma tormenta em vista, entretanto por que estaria ela inundando suas margens?
Em suas margens havia um brâmane que era muito devotado a ela. Pela misericórdia de
Ga‰gadev…, seu coração era puro, e assim, ele podia ver o presente, passado e futuro.
Vendo o Ganges em tão grande êxtase, ele ficou excitado e imaginando o que estaria
acontecendo.
Ali perto, Vivambhara permanecia às margens de Ga‰gadev… e a contemplava com
amor e devoção. Devido ao arrepio, Seu corpo expandiu em tamanho e Seus olhos
avermelhados se encheram de lágrimas de compaixão. Os brâmanes compreenderam que
Ele era a Suprema Personalidade de Deus.
Eles podiam ver que Gaur€‰ga estava cheio de amor por Ga‰gadev…. Conhecendo o
coração de Ga‰g€, o Senhor avançou para tocá-la. Mas, o desejo de Ga‰g€ não fora
satisfeito, e assim, ela esparramava suas ondas pelos pés de lótus do Senhor. Em extremo
êxtase, Gaur€‰ga cantou "Hari bol!" e então ofereceu Seu colo para Sua favorita.
Cheio de amor, Gaur€‰ga mantinha Ga‰gadev… em Seu coração. Na forma de
centenas de correntes, as lágrimas de amor de Ga‰g€ fluiam para o oceano. Suas águas
puras escorriam em cada poro do corpo de Gaur€‰ga, mas as pessoas chamavam aquilo
de transpiração. É assim que flui o oceano de amor.
Em todas as direções, as pessoas estavam em bem-aventurança cantado "Hari! Hari!" A
vila inteira de Nadia ficou atônita ao ver este passatempo. Eles ficaram convencidos que
Vivambhara era a Suprema Personalidade de Deus. O devoto brâmane que contemplou o
passatempo de Vivambhara com Ga‰gadev… caiu aos pés do Senhor.
Chorando, o brâmane disse:
- Finalmente, após um longo tempo, o Ganges me concedeu sua misericórdia. Ga
‰gadev… me permitiu identificar a pessoa de Mah€prabhu, que está além do alcance
dos sábios e yogis.
Cheio de amor, o brâmane chorava e rolava no chão. Ao vê-lo assim absorto em amor, o
Senhor Gaur€‰ga retornou para casa.
Então o brâmane explicou porque o rio Ganges inundou suas margens naquele dia. Ele
disse:
- Uma ocasião o Senhor ®iva estava em êxtase cantando as glórias do Senhor KŠa.
N€rada Muni e Ganea o acompanhavam, tocando vina e mda‰ga respectivamente.
Devido à euforia espiritual, seus corpos apresentaram pápulas eruptivas da cabeça aos
pés. A harmoniosa vibração espiritual do seu concerto rompeu as coberturas do universo.
Ficando atraido, o Senhor foi vê-los.
O Senhor disse:
- Ó Mahea (®iva), não cante Minhas glórias desta maneira. Você não calcula o efeito.
Suas músicas e canções fazem o Meu corpo derreter.
Sorrindo, Mahea disse:
- Deixe-me ver o efeito místico de minhas canções.
Então o Senhor ®iva cantou com maior vigor, enchendo o Universo com sua canção. De
repente, o corpo do Senhor começou a derreter gradualmente. Ao ver isso, Mahea ficou
horrorizado. Ele parou de cantar e o Senhor parou de derreter. A água que surgiu do
derretimento do corpo do Senhor é atualmente o Brahman líquido e é cheio de
compaixão. Todo mundo diz que esta água, que é a corporificação de Jan€rdana, é um
local de peregrinação. O Senhor Brahm€ preservou esta água preciosa, a coisa mais rara
no Universo material em seu kamandalu (pote d'água).
Para favorecer Seu devoto Bali Mah€r€ja, o Senhor novamente Se manifestou.
Aparecendo diante do rei Bali em Sua forma de anão, V€manadeva, o Senhor pediu-lhe
três passos de terra. O primeiro passo de V€manadeva cobriu todo o planeta Terra. Seu
segundo passo atravessou o Universo. O passo final Ele pôs na cabeça de Bali.
Ouçam as ilimitadas glórias de Tripada (V€manadeva) cuja misericórdia abençoou os três
mundos. A água que fluia das unhas dos pés de lótus do Senhor inundaram todo o
Universo. O Senhor Brahm€ adorou com amor os pés do Senhor. Ele honrou aquela água
colocando-a sobre sua cabeça. As pessoas chamam o Ganges "Tipada Saˆbhava" vendo
que ele vem dos pés de lótus de Tripada, o Senhor V€manadeva.
Agora este mesmo Senhor maravilhoso apareceu diante de nós como Mah€prabhu
Vivambhara. Deixem-nos saborear o Seu darana. Ao ver Mah€prabhu, Ga‰gadev…
lembrou-se deste passatempo e cheia de amor, inundou suas margens. Conforme
Vivambhara a contemplava amorosamente, Ga‰gadev… sentiu que o corpo do Senhor
era mais doce do que néctar. Então sob o pretexto de fazer ondas, acariciou suavemente
os pés de lótus do Senhor. Uma vez que Ga‰gadev… expressou seus sentimentos para
mim, pude explicar isso.
Todo mundo se regojisa ao ouvir esta história maravilhosa. Assim, Locana d€sa canta
alegremente as glórias de Gaur€‰ga.

VI®VAMBHARA CONQUISTA A BENGALA ORIENTAL

Desta maneira Vivambhara passava Seu tempo em pilheias e brincadeiras com Seus
amigos. De repente, um dia Ele pensou:
- Devo visitar a Bengala Oriental para o benefício das pessoas de lá. As pessoas dizem
que aquele país é um país rejeitado desde que os Pandavas não ficaram ali. O rio Ganges
que corre pela Bengala Oriental é chamado de Padmaval…. Pelo Meu toque, vou
abençoar aquele rio e fazer o Padmaval… ser conhecido por todo mundo.
Pensando desta maneira, o Senhor disse para ®ac…m€t€:
- Mãe, devo viajar para o exterior para conseguir alguma riqueza.
Gaur€‰ga coletou alguns de Seus associados eternos e começou Sua jornada. ®ac…
m€t€ sentiu-se perturbada a imaginar a separação de seu filho querido. ®ac…m€t€ disse:
- Querido filho, tenho uma solicitação. Você deseja partir para um país distante atrás de
dinheiro. Mas sem Você, como irei viver? Um peixe não pode viver fora d'agua; da
mesma forma, não posso viver sem Você. Se não puder ver Sua maravilhosa face de lua,
sei que irei morrer.
Gaur€‰ga falou algumas palavras reconfortantes:
- Mãe, não fique apreensiva. Logo estarei de volta.
Ele disse para Lakm…dev…:
- Por favor, cuide de mamãe e sirva-a amorosamente.
Ignorando a lamentação de ®ac…m€t€, o Senhor partiu de casa. Quem quer que visse
Vivambhara durante Sua jornada ficaria alucinado com Sua beleza transcendental. Uma
pessoa disse:
- Quero ficar olhando para Ele o dia e a noite inteiros.
As senhoras das aldeias sentiam-se abençoadas em terem o Seu darana. Elas imaginavam
quem seria a a senhora afortunada que O tinha como filho. Elas jamais haviam visto uma
pessoa tão atrativa.
Quem seria a menina afortunada que por adorar Hara e Gaur… (®iva e P€rvat…) O
obtivera como esposo? Sua aura brilhava como o ouro polido e Sua vigorosa compleição
física desafiava o monte Sumeru. Um cordão bramínico de brancura imaculada estava
pendurado em Seus ombros leoninos. Sua estonteante beleza conquistava o coração de
todas as senhoras.
Um dia, um erudito em kŠa-rasa-tattva, analisou o aparecimento de Gaur€‰ga e disse:
- Seus olhos grandes e maravilhosos desafiam a beleza da flor de lótus. Seu olhar é ainda
mais bonito. As feições de Gaura fazem me lembrar de ®r… R€dh€vallabha (KŠa, o
amado de R€dh€), Sua cor dourada iguala à de ®r… R€dh€.
Quando os pés de Gaur€‰ga o tocaram, o rio Padmavat… tremeu de êxtase, assim como
o Ganges. Luxuriantes árvores bem verdes se alinhavam em ambas as margens do
maravilhoso Padmavat…, que abrigava muitos peixes, tartarugas e crocodilos. Sábios e
brâmanes sentavam-se serenamente em suas margens. Muitas pessoas gostavam de se
banhar em suas águas.
Pelo toque divino de Vivambhara, o Padmavat… ficou puro. Qualquer pessoa que se
banhe nele sem ofender os vaiŠavas se livrará de todos os pecados e alcançará prema-
bhakti. Os residentes das margens do Padmavat… se tornaram grandiosos por terem tido
um darana de Gauracandra.
Todas as pessoas naquele país se tornaram devotas do Senhor Gaur€‰ga. O toque de
Seus pés refrescou a terra e encheu Mãe Bhumi de alegria. Todas as desgraças daquela
terra foram removidas. A Bengala Ocidental ficou famosa como o país que foi liberado
pelo Senhor Hari. A infâmia causada pelos Pandavas nunca terem visitado este lugar foi
destruida para sempre.
Na forma de hari-n€ma-sa‰k…rtana, Gaur€‰ga misericordiosamente ofereceu um
barco para atravessar as pessoas no oceano da existência material. Gaur€‰ga, o capitão
do barco, as pega com Suas próprias mãos. Ele as coloca sem Seu colo e as atravessa
para o outro lado do rio de nascimentos e mortes. Qual outra encarnação do Senhor que
perguntou pessoalmente sobre os pecadores e caídos? Onde você poderá encontrar tanta
misericórdia? O Senhor Gaur€‰ga deu a todo mundo a oportunidade de alcançar
facilmente amor de R€dh€ e KŠa.

A PICADA DA SERPENTE DA SEPARAÇÃO

Voltando a Navadv…pa, Lakm…dev… servia fiel e alegremente a ®ac…m€t€, com o


coração completamente dedicado ao Senhor Vivambhara. Ela regularmente limpava a
casa e adorava às Deidades da família com perfumes, incenso, lamparinas de ghee,
guirlandas de flores e polpa de sândalo. ®ac…dev… esqueceu-se de sua aflição e ficou
feliz devido ao comportamento doce de sua nora. Lakm… também sentia grande prazer
na companhia de ®ac…m€t€.
Lakm… e ®ac…dev… viviam pacificamente juntas, mas quem pode impedir os
designíos da providência? O coração de Lakm…dev… ardia contínuamente pela dor de
separação de seu amado Senhor Gaura. Um dia esta separação tomou a forma de uma
serpente e picou Lakm…pr…ya. ®ac…dev… em pânico chamou por um doutor
mântrico para neutralizar o veneno. Nenhuma de suas curas pôde ajudar Lakm…. ®ac…
dev… ficou amedrontada e desesperada.
Assim que Lakm…dev… chegava ao fim de sua vida, foi levada para a beira do Ganges.
Contas de tulasi foram atadas ao redor de seu pescoço e todos, em todas as quatro
direções cantavam os santos nomes do Senhor. Ninguém podia entender que agora
Lakm…dev… iria partir para a morada eterna do Senhor. Então, de repente, uma
carruagem celestial escoltada por gandharvas desceu o céu e a levou. Lakm…dev…
cantou o nome de Hari e foi para VaikuŠ˜ha. O povo ficou abismado ao ver aquilo.
®ac… e as mulheres de Nadia choravam de dar pena ao se lembrarem das qualidades de
Lakm…dev…. Lágrimas encharcaram seus saris, rolando pelos seus seios. Elas
exalavam fôlego quente e o colocavam sobre suas testas com as palmas das mãos, para
manifestar sua profunda lamentação. Lakm…dev…, cuja natureza e qualidades se
igualavam às da deusa da fortuna, era inigualável para todas as pessoas de Nadia.
®ac…dev… chorava enquanto dizia:
- Como posso voltar sozinha para minha casa? Quem irá adorar as Deidades de minha
família e cuidar de mim? De hoje em diante minha casa está vazia e triste. Vivambhara,
por que Você partiu? Ó serpente pecaminosa, o que você fez? Por que não me picou ao
invez da minha maravilhosa nora? Meu filho deixou sua esposa para viajar para um país
distante só para me servir. Como poderei suportar olhar a face de meu filho, com meu
coração queimando pela separação de minha nora?
Vendo o desconsolo de ®ac…dev…, suas amigas tentaram reconfortá-la com palavras
filosóficas:
- Ninguém pode mudar o destino. Este corpo e toda a existência material é apenas uma
realidade ilusória. Como uma mulher sábia, você deve saber estas coisas. Por que não
ouve nossas palavras de consolo?
Todo mundo deve morrer um dia. Até mesmo os grandes semideuses como o Senhor
Brahm€, um dia ver-se-ão diante do fim. Para quem nasce a morte é certa, quer ela venha
na juventude ou na velhice. Através dos Vedas sabemos que KŠa é a única verdade.
Aquele que não serve o Senhor Supremo com certeza é um tolo.
Depois de consolar ®ac…dev…, todos cantaram o santo nome para aplacar suas
lágrimas.
Depois de permanecer na Bengala Oriental por algum tempo, Vivambhara voltou para
casa alegremente. Antes de partir, Vivambhara adorou um número ilimitado de vaiŠavas
com muitas variedades de bens. Vivambhara trouxe roupas, ouro, pérolas, coral e prata
para ®ac…m€t€.
Quando chegou em casa, Vivambhara prestou respeitos à Sua mãe e contemplou sua face
afetuosamente. Com uma expressão triste, ®ac…dev… permanecia sem falar.
Novamente Gaura tocou sua face, mas ainda não obteve resposta. Confuso, Vivambhara
perguntou:
- Mãe, por que sua face está tão abatida? Meu coração queima ao ver você assim tão
triste.
Lágrimas caiam molhando o sari que cobria seus seios, e sua com voz chocada ®ac…
m€t€ falou:
- Minha nora foi embora para VaikuŠ˜ha.
O coração de Gaura naufragou nas profundezas das misérias e com os olhos cheios de
lágrimas de compaixão, disse:
- Ouça mãe, vou lhe contar o motivo de Lakm…dev… ter nascido. Uma vez, uma
apsara dançava no palácio celestial de Indra. Por um arranjo da providência, ela cometeu
um erro ao dançar e saiu do ritmo. Como resultado Indra a amaldiçoou a nascer numa
forma humana.
Sentindo remorso, Indra disse:
- Não fique triste. Você vai ter a oportunidade de servir ao Senhor em Seus passatempos
na Terra. Eu lhe dou a bênção de se tornar Sua esposa nesta ocasião. E então, voltarás
para minha morada. Mãe, Minha esposa Lakm…dev… já havia Me contado isso. Não se
lamente, pois ninguém pode mudar a vontade da providência.
®ac…m€t€ ouviu as palavras do filho com grande atenção. Parou de pensar naquele
assunto e abandonou toda a lamentação. Então Gaur€‰ga reuniu Seus amigos e discutiu
outros tópicos.
Locana d€sa diz para que todos ouçam a maravilhosa história da ascenção de Lakm…
dev… para VaikuŠ˜ha.
CAPITULO 6

O CASAMENTO DE VI®VAMBHARA COM VI±¦UPRŸYA

A NEGOCIAÇÃO

Prabhu Vivambhara, o querido de ®ac…m€t€, Se associava alegremente aos Seus


amigos. ®ac…m€t€, entretanto, sentia-se triste e solitária sem uma nora. Ela encontrou-
se de forma privada com o brâmane Ka…n€tha para arrumar um segundo casamento para
o seu filho. Para atendê-la, Ka…n€tha sugeriu ir à casa de San€tana PaŠita propor
casamento.
®ac…dev… disse a Ka…n€tha:
- Diga-lhe que meu filho possui todas as boas qualidades necessárias para ser um bom
noivo para filha dele. Se ele concordar, então poderemos dar prosseguimento às
negociações.
Rapidamente, Ka…n€tha foi para a casa de San€tana PaŠita. Oferecendo-lhe um assento,
San€tana perguntou-lhe o propósito da visita. Ka…n€tha disse:
- Ouça Panditji, deixe-me revelar meu coração. Você é muito afortunado e conhece a
conclusão das escrituras. Você é um homem piedoso, dedicado ao serviço do Senhor
ViŠu. Sabendo disso, ®ac…dev…, a mãe de Vivambhara. enviou-me aqui com uma
proposta. Ela deseja sua filha para o filho dela. Vivambhara é um parceiro ideal para sua
filha. Considere minha proposta e tome sua decisão.
San€tana Mira disse:
- Ka…n€tha, por favor, ouça enquanto revelo meu coração para você. Dia e noite
aguardava por este encontro, mas não era capaz de expressar isso. Hoje é um dia
auspicioso, pois a providência me favoreceu. Como resultado, Vivambhara, o oceano de
qualidades transcendentais, será o meu genro.
Estou muito grato a ®ac…dev…. Pela sua ordem, recebi a rara fortuna de oferecer minha
filha a ®r… Govinda, o Brahman Supremo. Assim como o Senhor Brahm€ e o Senhor
®iva, que sempre adoram os pés de lótus de Govinda, farei o mesmo. Diga a ®ac…
dev… que marque um dia auspicioso, mandarei um brâmane com a resposta.
Ka…n€tha correu de volta a ®ac…dev…, ofereceu respeitos e deu-lhe as boas novas. Ao
ouvir isso, ®ac…m€t€ ficou contente e começou a fazer os arranjos para o casamento de
Vivambhara. Sob algum pretexto, ®ac…m€t€ visitou sua futura nora. Depois de alguns
dias, um brâmane chegou à casa de ®ac…dev… com a proposta do paŠita:
- Vou me considerar a pessoa mais afortunada se você aceitar minha filha como noiva de
seu filho Vivambhara.
®ac…m€t€, muito contente, disse:
- Muito bem, vamos marcar logo o casamento.
O mensageiro acrescentou:
- Ao obter Vivambhara como seu esposo, seu nome ViŠupr…y€ terá alcançado o
verdadeiro significado. O futuro de ViŠupr…y€ será igual ao de Rukmin… que obteve o
Senhor KŠa como esposo.
Depois de satisfazer ®ac…dev… com estas palavras, o brâmane foi contar tudo a
San€tana PaŠita, que também ficou muito satisfeito. O paŠita coletou a parafernália
necessária para a cerimônia de casamento. Este brâmane muito inteligente fez
ornamentos dispendiosos para ViŠupr…y€. Consultando um astrólogo, fixou um dia
auspicioso para a cerimônia de adhi-vea.
O astrólogo disse:
- Ouça San€tana. É uma boa coincidência que acabei de ver Vivambhara quando vinha
para cá. Ao vê-lO fiquei imensamente feliz. Num humor de piada, comentei com
Vivambhara:
- Amanhã Você vai Se casar.
Olhando atônito, Vivambhara disse:
- Casamento? Casamento de quem? Quem são os noivos?
- Assim sendo, Panditji, pense bem sobre o assunto e decida o que fazer.
Ao ouvir isso, San€tana PaŠita sentiu-se com o coração despedaçado. Sentou-se para
reorganizar seus pensamentos. Foi falar com os seus amigos. San€tana PaŠita disse:
- Já comprei toda a parafernália para o casamento. É tudo minha falta de sorte; não posso
culpar a mais ninguém. Apesar de não ter cometido nenhuma ofensa, o Senhor Gaurahari
ainda assim não aceita minha filha em casamento.
A esposa de San€tana PaŠita era casta, bem qualificada e cheia de devoção ao Senhor
ViŠu. Vendo a aflição de seu esposo, ficou muito triste. Abandonado sua timidez natural,
lhe disse:
- O próprio Vivambhara rejeitou a proposta. Como as pessoas de Nadia podem lhe
culpar? Você não pode forçar Vivambhara Hari. Ele é todo poderoso, o Senhor
completamente independente. Ele controla todo mundo, inclusive o Senhor Brahm€, o
Senhor ®iva, Indra e os outros semideuses que são todos Seus servos humildes. Como
pode tal pessoa se tornar seu genro? Tranquilise-se e ore para KŠa. Apesar de estar
relutante em lhe dizer isso, não há nada que possa fazer para mitigar sua miséria.
San€tana PaŠita consolou-se com o sábio conselho de sua esposa e disse:
- Não foi por falta minha que Vivambhara não aceitou esta proposta.
Caindo em silêncio pela dor que sentia no coração, San€tana apenas se lamentava com
sua esposa. San€tana pensou:
- Por que Vivambhara quer a minha vergonha? Todas as glórias ao Senhor que livrou
Draupad… da vergonha. Todas as glórias ao salvador de Gajendra, o elefante. Ele liberou
os Pandavas e é a vida e a alma de Rukmin…. Todas as glórias ao Senhor que removeu o
infortúnio de Ahalya. (Ahalya foi salva pelo Senhor depois de ter sido amaldiçoada pelo
esposo a se tornar uma pedra)
Pôs-se a pensar assim e proferiu muitas preces. O Senhor Gaur€‰ga pôde compreender
suas súplicas e pensou:
- Eles são Meus devotos, por que estão se sentindo tão desamparados?
Então o Senhor, bem humorado, pediu a um brâmane que levasse a mensagem a
San€tana PaŠita. Vivambhara disse:
- Diga a San€tana que o que o astrólogo disse sobre Vivambhara ter rejeitado a proposta
de casamento não é correto. O astrólogo não entendeu que Vivambhara estava só
brincando com ele. ®ac…m€t€ já deu seu consentimento para este casamento. Assim
sendo, Vivambhara concorda casar-Se com sua filha ViŠupriy€. Agora, faça os arranjos
com rapidez.

A CERIMÔNIA DE CASAMENTO.

Depois dos astrólogos de ambas as famílias determinarem um dia e hora auspiciosos, os


brâmanes e parentes prepararam a cerimônia de adhi-vaa de Gaur€‰ga. ®ac…dev…
distribuiu óleo, turmerique, kunkuma, doces, bananas e nozes de betel entre as mulheres.
As senhoras cantaram muitas canções e muitos instrumentos como mda‰gas e karatalas.
Durante a adhi-vaa, Gaur€‰ga adorou os brâmanes com cânfora, perfumes, guirlandas
de flores e pasta de sândalo. Também deu-lhes de presente roupas e ornamentos
dourados. San€tana PaŠita enviou presentes e alguns brâmanes, juntamente com as suas
esposas para a cerimônia de adhi-vaa de seu genro. E então, realizou a adhi-vaa para sua
filha. O corpo de ViŠupr…y€ foi ricamente adornado com jóias caras e maravilhosos
ornamentos de ouro cintilantes.
No dia seguinte, Gaur€‰ga realizou Seus deveres matinais e Se banhou no Ganges.
Então Vivambhara adorou a Deidade da família e os Seus ancestrais. Observando as
tradições para o casamento, o Senhor Se banhou novamente. Os barbeiros cortaram Seu
cabelo e Suas unhas. As donas de casa O untaram com essências oleosas, esfregaram pó
de turmerique em Seus membros e despejaram água sobre Ele.
Cada canto de Nadia estava cheio de júbilo. Os amigos de Mah€prabhu O decoraram com
ornamentos celestiais e um magnífico dhoti de seda com a barra vermelha. Toda a
atmosfera era pervadida pela fragrância do corpo transcendental de Gaur€‰ga. Sua face
atrativa estava decorada com tilaka brilhante e pasta de sândalo.
Os lábios vermelhos do Senhor Vivambhara brilhavam como frutas bimba. Cativantes
brincos com formato de tubarões balançavam alegremente em Suas orelhas de formato
perfeito. O som de Suas tornoseleiras com sininhos balançava o coração das jovens.
Enquanto isso, San€tana PaŠita vestia sua filha ViŠupr…y€ com roupas e jóias atrativas.
Mesmo sem nenhum adorno, o corpo de ViŠupr…y€ possuia grande beleza natural. Sua
compleição corpórea embaraçava o brilho da luz. Um lindo rabo de cavalo, mais escuro
do que o capelo de uma cobra, se pendurava sobre suas costas. Os mais sóbrios sábios
ficariam encantados com sua beleza. A kunkuma em sua repartição do cabelo desafiava
qualquer descrição.
A perfeição tomou a forma do nariz e das sobrancelhas de ViŠupr…y€. Os olhos gentis,
expandidos de ViŠupr…ya se assemelhavam aos de uma gazela. Seus lábios vermelhos
se rivalizavam com as flores de bandhuli. Um colar radiante de pérolas se tornara seus
dentes de alvura pura. Seu pescoço maravilhoso como a lisura de uma concha era
marcado com linhas auspiciosas. A graça de seus ombros era angelical.
Flores de lótus vermelhas se manifestavam como as palmas de suas mãos. Os símbolos e
linhas auspiciosas de suas palmas proclamavam o caráter exaltado da casta ViŠupr…ya.
Seus dedos delicados pareciam flores campaka e suas unhas atrativas brilhavam como
milhões de luas. Desafiava a lógica como sua cintura fina podia suportar-lhe o corpo e
seus grandes e maravilhosos seios com o formato do monte Sumeru.
Os vastos quadris de ViŠupr…y€ pareciam as rodas da carruagem de Cupido. Suas
pernas eram tão graciosas quanto troncos de bananeiras. Realmente, a providência fez
ViŠupr…y€ perfeita da cabeça aos pés. Perfumes, guirlandas de flores e pasta de sândalo
acentuavam sua indescritível beleza. Com suas vestes e ornamentos radiantes, ViŠupr…
y€ parecia a deusa P€rvat….
San€tana PaŠita mandou um brâmane ir buscar o noivo. O brâmane considerou sua vida
bem sucedida quando viu a efusiva beleza do Senhor Gaur€‰ga. Tomando as bênçãos de
®ac…m€t€ e das senhoras da vila, Vivambhara tocou os pés de sua mãe e subiu em um
palanquim especial. Em tumultuosa harmonia, flautas, mda‰gas, vinas, búzios e
tambores acompanhavam a procissão de casamento até a casa da noiva. Cantores e
dançarinos se exibiam exuberantemente para o prazer de Gaur€‰ga. Todos em Tadia
sairam às ruas para ver a procissão de Gaur€‰ga.
As mulheres de Nadia usavam seus saris mais opulentos e coloridos. Assentavam os seus
maravilhosos cabelos escuros com ornamentos de pérolas e ouro. Uma senhora colocou
flores atrás da orelha. Outra andava rápido com o jeito de elefante louco. Elas aplicavam
batom vermelho, acentuavam os olhos com kajjal e lançavam olhares furtivos como
pássaros assustados.
Deixando seus esposos para trás, todas as jovens esposas de Nadia correram de suas
casas. Quando viram o incomparável Vivambhara, sucumbiram ante o oceano de Sua
beleza. Correndo num frenezi maluco, as senhoras se esqueceram de seus enfeites e jóias.
Em seu êxtase de alcançar Gauranga, suas roupas começavam a cair de seus corpos. Com
as mãos erguidas para o alto, elas pareciam um bando de gansos desfilando num lago, ou
os raios da lua cheia no outono.
Homens, mulheres, crianças, os jovens, os velhos, os doentes, os aleijados e os cegos
corriam pelas ruas como pessoas loucas. Se empurrando e se acotovelando, eles
competiam por uma rápida olhada no angelical Senhor Gaur€‰ga. Vendo a face de
Cupido de Gaura, as mulheres ficavam impacientes; os pássaros e as bestas ficavam
inertes. Vivambhara estava rodeado pelos Seus amigos. Uma maravilhosa coroa adornava
Sua cabeça.
Locana d€sa diz que para remover as misérias das senhoras de Nadia, Hari entrou pelas
portas de seus corações.
San€tana PaŠita flutuava num oceano de bem aventurança quando a procissão de
Vivambhara chegou à sua casa. Ele lavou os pés de Gaura e O sentou em uma asana. A
compleição brilhante de Gaur€‰ga ofuscava a luz de centenas de lâmpadas que
queimavam dentro da cassa. O ulular das mulheres excitadas criavam auspiciosidade na
recepção do Senhor. Búzios, duŠubhi e outros instrumentos musicais faziam-se ouvir.
As senhoras mais velhas vestidas em seda pura circunambularam o Senhor Vivambhara.
Primeiro a mãe de Vivambhara, e depois as outras senhoras ondularam uma lamparina de
ghee diante do Senhor Gaur€‰ga. Todos pulavam em êxtase ao ver a corporificação de
todas as qualidades transcendentais diante deles.
A mãe de ViŠupr…y€ estava pensando:
- Minha filha logo irá servir ao Senhor Gaurahari.
A luz das lamparinas ondulando se confundiam com os raios que emanavam da forma
divina de Gaur€‰ga. Ao sentirem a fragrância intoxicante do corpo do Senhor, as
senhoras se controlavam para não enlouquecerem. As senhoras andaram em volta de
Vivambhara sete vezes e despejaram iogurte sobre Seus pés de lótus.
San€tana PaŠita recepcionou o noivo com ornamentos, roupas opulentas e uma guirlanda
de malati. Ele espalhou pasta de sândalo sobre o corpo dourado de Gaura. O corpo do
Senhor parecia o monte Sumeru e suas coxas se assemelhavam ao rio Ganges. Em êxtase,
o corpo de San€tana ficou cheio de pápulas eruptivas.
Conduzida pela mão de seu pai, ViŠupr…y€ sentou-se num trono dourado em frente de
Vivambhara. Sua cabeça estava baixa pela timidez e ela sorria gentilmente. Seus olhos,
úmidos de lágrimas exibiam o amor com que ViŠupr…y€ contemplava o seu Senhor.
Então, ela circunambulou Vivambhara sete vezes e Lhe ofereceu respeitos de mãos
postas.
O Divino Casal trocou as guirlandas de flores no meio de um tumultuoso júbilo de "Jai!
Jai! Hari bol! Hari bol!" Todos diziam:
- Ó que casal abençoado! Eles se parecem Candra e Rohin… ou ®aˆbhu e P€rvat….
Então Vivambhara sorriu doce e descontraidamente no trono, assim que San€tana PaŠita
ofereceu-Lhe a mão de sua filha. Depois de receberem muitos presentes dos convidados,
Eles sentaram-se juntos e tomaram prasada. As senhoras idosas ofereceram-Lhes cânfora
e nozes de betel e depois os escoltaram a um dormitório especial.
ViŠupr…y€ e Vivambhara olhavam para as senhoras ali reunidas como se fossem a
manifestação de Lakm… e ViŠu nesta Terra. Só para conseguirem um toque do Senhor,
algumas senhoras Lhe ofereciam guirlandas de flores ou pasta de sândalo. De mãos
postas, outras ofereciam folhas de betel ao Senhor enquanto oravam mentalmente:
- Ó Senhor, desejo servir-Te vida após vida.
Assim, o Senhor Gaur€‰ga, a mais preciosa jóia de todas as qualidades transcendentais
passou a noite.
Vivambhara acordou cedo na manhã seguinte e realizou o ritual de casamento chamado
kusaŠika. No dia seguinte, Gaura e ViŠupr…y€ foram para Sua casa. Os parentes
cantavam "Jai! Jai!" e sopravam búzios. San€tana PaŠita e sua esposa ofereceram nozes
de betel, pasta de sândalo e guirlandas de flores. Eles colocaram a auspiciosa grama
durva e arroz sobre a cabeça de Mah€prabhu enquanto abençoavam ViŠupr…y€ a viver
uma longa vida. ViŠupr…y€, se derretendo de afeição, lançava uma olhar amoroso para
seu pai e sua mãe.
Seu coração palpitava de emoção, enquanto San€tana dizia:
- O que mais posso dizer? Vivambhara, és a pessoa mais qualificada. Tão bondosamente
aceitastes minha filha como um presente. Além de minha filha, que outro presente
poderia Te oferecer? Por Te tornares meu genro, abençoastes tanto a mim quanto ao meu
lar. Minha filha também tornou-se abençoada por receber os Teus pés de lótus.
E então, San€tana PaŠita que chorava copiosamente, juntou as mãos de ViŠupr…y€ e de
Vivambhara e Lhes disse adeus.
O Casal Divino subiu em um palanquim e retornou para a casa de Vivambhara. Foram
seguidos por uma multidão entusiasmada de cantores, bailarinos e músicos. Com o
coração deleitado, ®ac…m€t€ recepcionou seu filho e sua nora com incenso e o ondular
de uma lamparina de ghee. Os vizinhos cantavam "Jai! Jai!"
De mãos dadas, ViŠupr…y€ e Vivambhara entraram em casa. ®ac…m€t€, com a voz
faltando devido o amor, pôs seu filho no colo e beijou Sua face de lua. Sentindo enorme
bem-aventurança, também colocou ViŠupr…y€ em seu colo. Todas as pessoas da vila
vieram então trazer-Lhes presentes.
Assim Locana d€sa canta alegremente as glórias transcendentais do Senhor Gaur€‰ga.
CAPITILO 7

O SENHOR GAURš¥GA VIAJA PARA GAYš

Em Navadv…pa, Vivambhara passava alegremente Seu tempo com Seus amigos e Sua
família. O Senhor zelosamente executava vários rituais e ensinava devotadamente os
Vedas a um grupo de estudantes. Os brâmanes eruditos de Nadia louvavam Prabhu pelas
Suas ações exemplares.
O Senhor Gaur€‰ga desafiava facilmente o genial Bhaspati que conhece a essência de
todos os Vedas. Quem pode estimar as glórias de discípulos que aprendiam com o Guru
de todo Universo?
Prabhu Vivambhara, o esposo de milhões de Sarasvat…s, também mostrava Sua
misericórdia com os paŠitas locais por lhes dar a essência do conhecimento. Desta
maneira Gaurasundara instruiu os residentes de Navadv…pa.
Um dia, Prabhu decidiu visitar Gay€ onde poderia adorar os pés de G€dadhara ViŠu.
Também poderia distribuir prasada de ViŠu para ajudar os Seus ancestrais. Muitos
brâmanes se juntaram ao grupo do Senhor, ®ac…m€t€ estava queimando de ansiedade.
Com semblante grave, ela disse com a voz entrecortada pelas lágrimas:
- Ouça Vivambhara, novamente Você vai para um país distante. Em Sua ausência, minha
casa ficará envolta pela escuridão. Você é meu único guia, como a bengala de um cego.
Você é a estrela de meus olhos. Você é a alma deste corpo. Além de Você, não tenho
ninguém. Você vai a Gay€ para liberar os Seus ancestrais; assim, o que posso dizer?
O Senhor Gaur€‰ga consolou ®ac…m€t€ com palavras doces:
- Mãe, pense sempre que estou com você. Não se lamente. Por favor, deixe-Me ser um
filho cumpridor de Seus deveres e oferecer prasada de ViŠu para os Meus ancestrais.
Mulheres, crianças, velhos, aleijados e até mesmo as aves e as bestas correram para ver o
Senhor enquanto viajava para Gay€. Os residentes de todas as ruas por que passava
Vivambhara ficaram encantados com o maravilhoso aspecto do Senhor. Sem dizer nada a
seus esposos, as donas de casa deixavam suas famílias e corriam excitadas para abraçar
Gaur€‰ga com os olhos. Elas exclamavam:
- Vejam, aí vem ®r… Hari de Vraja!
Desta maneira, onde quer que o Senhor Gaur€‰ga viajasse, as pessoas corriam atrás
dEle. Simplesmente pela Sua presença, Gaur€‰ga inundava a todos num oceano de
amor.
Enquanto andava, certa vez Gaur€‰ga viu um par de veados amorosamente brincando
juntos. Ao ver isso, o Senhor riu como um homem mundano. Então, Vivambhara disse
para Seus associados que sem adorar KŠa, as pessoas agem como se fossem animais. Elas
ficam loucas pela luxúria, ira, inveja e ilusão.
A mesma consciência que é encontrada nos animais também é encontrada nos seres
humanos. A única diferença é que os animais são destituidos de consciência de KŠa. Um
homem que não serve a KŠa é chamado animal. Depois de dizer isso o Senhor, o mestre
espiritual de todos os mundos, aquele que satisfaz os desejos de todo mundo, continuou
Sua jornada para Gay€.

GAURš¥GA BEBE A AGUA QUE LAVOU OS PÉS DE UM BRÂMANE

O Senhor Gaur€‰ga Se banhou no rio Cira. Depois, adorou alegremente a Deidade e os


Seus ancestrais de acordo com as regras védicas. Descançou na casa de um brâmane
perto de uma colina. Um brâmane que viajava com Vivambhara viu uma falta num dos
brâmanes locais, mesmo sabendo que ele vinha agindo de acordo com as tradições da
região.
Detectando esta mentalidade desrespeitosa, Vivambhara decidiu ensinar o brâmane como
se comportar adequadamente diante de outro brâmane. Pelo Seu próprio arranjo, o
Senhor Vivambhara de repente começou a arder de febre alta. Todos os Seus associados
ficaram apreensivos ao verem a condição de Mah€prabhu.
O Senhor disse:
- Ouçam por favor. Devo ter cometido algum erro enquanto adorava os Meus ancestrais.
Sempre há algum obstáculo na realização de uma atividade auspiciosa. Por causa disso
agora estou sofrendo. Por favor, dêm-Me a água usada para lavar os pés de um brâmane.
Beber esta água removerá os pecados e sofrimentos como esta Minha febre.
Ao ouvir esta solicitação do Senhor, um brâmane local se adiantou rapidamente
oferencendo seus pés a serviço do Senhor. Vivambhara prontamente bebeu aquela água e
a febre desapareceu de uma vez. O Senhor agradeceu o brâmane.
O brâmane ofensivo que viajava com o grupo do Senhor disse:
- Meu Senhor, Teu sofrimento foi causado pela minha mentalidade ofensiva. Ao ver os
costumes dos brâmanes locais, comecei a criticar. Entretanto, mostrastes devoção para
com eles. Por favor, perdoe esta minha ofensa. A marca do pé de Bhgu em Teu peito
prova o quanto és dovotado aos brâmanes. Por Teus lábios, ensinas devoção a Tu mesmo
e isso libera o mundo.
E então, se dirigindo ao brâmane local que havia ofendido, este brâmane arrependido
disse:
- Todas as glórias a ti, ó rei dos brâmanes! Por te servir, todos podem alcançar toda a
perfeição. Prostro-me diante de ti. És o brâmane mais amado pelo compassivo Gaurahari.
Após ter ouvido esta confissão do brâmane, Vivambhara o perdoou e a todos os outros
brâmanes de Seu grupo. O Senhor instruiu:
- Não critiquem os brâmanes deste país, pois eles são adoradores de Madhusudana (KŠa).
Ninguém pode ser um brâmane a menos que adore o Senhor Supremo, KŠa, como está
declarado nos Pur€Šas:
"Mesmo uma pessoa nascida como candala (comedor de cão), se tem devoção pelo
Senhor ViŠu é superior a um smarta-br€hmaŠa (um brâmane que segue estritamente os
rituais das escrituras). Mas um brâmane desprovido de ViŠu-bhakti é inferior a um
candala."

GAURš¥GA EXIBE VRAJA-BHAKTI EM GAYš


Desta maneira Gaurahari perdoou o brâmane. Continuando Sua peregrinação, o Senhor
chegou a Rajagiri, um importante local sagrado. Vivambhara Se banhou no Brahma-
kuŠa, adorou a Deidade e deu caridade. Ansioso por ver os pés do Senhor ViŠu, o
Senhor Se apressou para Gay€. No caminho Se encontrou com Ÿvara Pur…, um
mah€bh€gavata e um renomado sanny€s….
Caindo aos pés de Ÿvara Pur…, com os olhos cheios de lágrimas, o Senhor Garacandra
disse:
- Sou afortunado por ter um darana de teus pés. Por favor diga-Me como posso
atravessar o oceano da existência material. Por favor, dê-Me devoção aos pés de lótus de
KŠa. Este corpo é inútil sem receber a iniciação em KŠa-mantra. Os Pur€Šas proclamam
isso e os santos corroboram.
Privadamente, Ÿvara Pur… sussurrou o mantra Hare KŠa a Vivambhara. Imediatamente,
o Senhor não pode Se controlar. Ele gritava excitado:
- R€dh€! R€dh€! R€dh€!
Ondas de alegria inundavam o Senhor. Lembrando-Se dos passatempos de Vraja,
Visvambhara ficou absorto saboreando o doce sabor de m€dhurya-rasa. Tomado com os
sentimentos de R€dh€r€Š…, Ele exclamava:
- KŠa! KŠa! KŠa!
Rindo alto, Gaura gritava:
- Vnd€vana! Govardhana! Kalind…! Yamun€!
Depois de uma breve pausa o Senhor chamava:
- Balar€ma! ®r…dama! Sudama! Nanda! Yaoda!
E lembrando-Se de Suas vacas chamava:
- Dhaval… Saonl…!
Noutro instante, ficava irriquieto e rugia:
- ®akhi!
Entrando no humor de dasya-bh€va (sabor de servidão), Vivambhara, com um pedaço de
palha na boca, declarou:
- Matei Agasura, P™tan€ e outros asuras. E levantei Giri-Govardhana.
Noutro momento, permanecia em Sua tradicional forma curvada em três pontos, tocando
flauta docemente. E então, com um olhar atônito, Gaurahari contemplava todas as
direções. Com as lágrimas rolando sobre Suas faces e com a voz entrecortada,
Vivambhara falou para Seu Guru:
- Pela tua misericórdia, Minha vida se tornou bem sucedida. Minha existência material
terminou.
Assim, Vivambhara deu o exemplo perfeito de guru-bhakti (devoção ao mestre
espiritual).
Seguindo a viajem, o Senhor chegou ao rio Phalgu. Ele ria ao Se recordar de alguns
passatempos anteriores que o enchiam de sentimentos mistos de alegria e tristeza.
Enquanto Se lembrava de S…t€dev…, parecia entrar num estado confusional. Na Tetra-
yuga, o Senhor R€ma havia estado aqui com Sua consorte, S…t€.
Vivambhara Se banhou, ofereceu pinda (prasada para Seus ancestrais) e adorou os
semideuses. Em nome de Jagann€tha Mira, Seu pai, o Senhor deu caridade aos brâmanes.
Para poder adorar os semideuses e os ancestrais, o Senhor visitou inúmeros locais
sagrados. No sul, Ele viu Udici e no norte visitou Jihva-lola. Nestes locais, o Senhor
distribuiu caridade aos brâmanes em nome de Seus ancestrais.
Num humor alegre, o Senhor Gaur€‰ga finalmente chegou em Gay€. Lá ofereceu pinda
em dezesseis altares diferentes. Com grande entusiasmo, o Senhor Se aproximou da
pedra sagrada que tem a impressão dos pés de lótus do Senhor ViŠu.
Depois de oferecer com muita alegria Seus dandavats, Vivambhara sentou-Se e disse:
- Ouçam todos por favor. Apesar de estar vendo agora as pegadas do Senhor ViŠu, por
que é que não estou tomado por êxtase amoroso?
Então Gaur€‰ga banhou os pés de lótus de ViŠu e os acariciou com amor. Por tocar os
pés de lótus de ViŠu, Vivambhara imediatamente manifestou os sintomas de bhakti puro.
Gaur€‰ga chorava, Se arrepiava e ficou pasmado em êxtase. Depois de completar os
rituais, o Senhor dançou jubilante com todos os brâmanes de Sua comitiva.
Poucos dias depois, Gaur€‰ga pensou em ir visitar Mathur€, e disse aos brâmanes:
- Vamos ver Vnd€vana.
Os brâmanes sentiram-se hesitantes ante a proprosta do Senhor, uma vez que não tinham
dinheiro suficiente para a viagem. Gaurasundara disse:
- Quando um homem nasce, seus hábitos de comer nascem com ele. Sem compreender
isso, ele se dedica a vários tipos de trabalhos. Entretanto, se não serve a KŠa, submerge
no oceano de misérias.
Depois de dizer isso, Gauracandra e Seus companheiros seguiram para Vnd€vana. De
repente, uma voz retumbante se ouviu e proclamou:
- Ó Mah€prabhu Vivambhara, ouça por favor. Não vá a Vnd€vana. Volte para casa. Mais
tarde, quando tomares sanny€sa, irá em peregrinação visitar Vnd€vana.
Considerando este oráculo, o Senhor Gaur€‰ga mudou de ideia e voltou para Navadv…
pa. Chegando a Navadv…pa, Vivambhara prestou reverências a ®ac…m€t€ e se
despediu de Seus companheiros brâmanes. ®ac…m€t€ sentou-se emocionada e
colocando seu filho no colo chorou de amor. Ela exibiu sintomas corpóreos de êxtase
divino como arrepios e tremores. Os residentes de Nadia, extremamente alegres,
correram o mais rápido possível para ver o Senhor. Apesar de sentir imensa bem-
aventurança em seu coração, ViŠupr…y€ se restringiu diante do Senhor.
Locana das€ descreve alegremente os passatempos transcendentais do Senhor Gaur€
‰ga.
As glórias de Navadv…pa não têm paralelos. Navadv…pa vive em constates discussões
sobre as nectáreas qualidades e passatempos do Senhor Gaur€‰ga. Estes tópicos
ultrapassam os limites do conhecimento védico. Ouvir estes temas cria auspiciosidade e
desperta amor a Deus. Até mesmo o Senhor ®iva, ®ukadeva, Lakm… e Ananta ®ea
pensam ser afortunados por poderem ouvir estes temas.
Como posso eu, Locana d€sa, um baixo, tolo, uma pessoa sem valor, desprovido de toda
discriminação moral descrever estas coisas? Eu me considero o mais baixo de todos, pois
o meu comportamento se assemelha ao dos animais. O Senhor Gaur€‰ga, a essência de
todas as encarnações, fez de Nadia um centro de onde pregou amor a Deus. Prostando-me
aos pés dos vaiŠavas, peço-lhes que me abençoem com a habilidade de glorificar o
Senhor Gaur€‰ga adequadamente.
Mesmo sabendo que sou baixo e caido, por favor, não me negligenciem. Por favor dêm-
me sua misericórdia. Caindo aos pés de lótus do Senhor Gaur€‰ga, peço um pouco de
Sua misericórdia. Meu senhor e mestre, Narahari d€sa µh€kura, é a minha única
esperança. Na verdade, não tenho o direito ou qualificação de cantar as glórias de meu
mestre espiritual. Contudo, este é o meu único desejo.
De uma maneira ou de outra, será possível para mim glorificá-lo adequadamente. Por sua
misericórdia tentarei desvendar cuidadosamente as glórias confidenciais de Nadia. Tanto
os conhecidos, quanto os desconhecidos, eu, Locana d€sa, terminei os tópicos do šdi-
khaŠa.

MADHYA-KHANDA

CAPITULO 1

ENSINADO E DANDO K¬±¦A-PREMA

Todas as glórias a Narahari e Gadadhara que são os dois senhores do meu coração. Por
favor sejam misericordiosos e lancem seus olhares auspiciosos sobre mim.
Agora, ouçam todos o Madhya-khaŠa. Por fazer isso, alcançarão amor ao Supremo. Estes
tópicos são a essência de todo néctar. Esta seção inclui os passatempos do Senhor
distribuindo KŠa-prema por Nadia.
Mostrando a mais elevada tolerância e compaixão, Gaur€‰ga liberou os patifes e
pecadores J€gai e M€dh€i. O Senhor deu a todo mundo este amor que o Senhor Brahm€
raramente obtem. ®r…man Mah€prabhu inalgurou o movimento de hari-n€ma-sa‰k…
rtana. Tomou sanny€sa para liberar os mais caídos. Estes tópicos, que são como pedaços
de néctar solidificado, irão purificar o coração do ateista mais ferrenho.
Ao retornar para Navadv…pa, Vivambhara sentia-Se muito feliz, desfrutando com Seus
parentes e amigos. Nesta ocasião o Senhor começou a ensinar os jovens meninos
brâmanes de Nadia. Todos estes meninos eram piedosos, estritos e puros em
comportamento. Eles eram os mais afortunados estudantes destes três mundos.
Um dia, Gaurahari compassivamente instruia Seus estudantes:
- Os pés de lótus do Senhor KŠa são a única e exclusiva verdade. O propósito de todo
conhecimento é alcançar KŠa-bhakti. De acordo com os €stras, tudo mais é ignorância. O
conhecimento é passageiro. Entretanto, devoção por R€dh€ e KŠa irá se manter com
vocês eternamente. Aquele que é orgulhoso de sua riqueza, nascimento elevado e
educação não pode alcançar KŠa. Entretanto, aquele que possui devoção pura pode
alcançar Yadu R€ya (KŠa) facilmente. Considerem por favor que o Supremo Senhor KŠa
torna-Se controlado pelas doçuras de bhakti.
então o Senhor leu dois versos sânscristos dos €stras:
- Quem era o caçador que estava cheio de maus hábitos e que idade tinha Dhruva? Qual
era a origem familiar de Vidura e qual era o valor de Ugrasena? Quão bela era Kubja?
Sudama era um brâmane rico? Por estes exemplos podemos compreender que o Senhor
M€dhava considera mais a devoção do que qualquer outra das inúmeras qualidades
pessoais.
Assim, o Senhor ensinava amor a KŠa para os Seus alunos e saturava seus corações de
alegria.
Uma vez, enquanto o Senhor Gaur€‰ga estava relaxado em Sua cama, começou a chorar
incessantemente. Estava imerso em êxtase de KŠa-prema e saboreava o humor dos
sentimentos de separação de R€dh€r€Š… por KŠa estar em Mathur€. Batendo em Seu
peito, o Senhor disse:
- Ó Akrura, você levou Meu KŠa!
Aflito em separação e chorando copiosamente, Gaura continuou:
- Aquela mulher estúpida, Kubja, levou KŠa de Mim. KŠa sempre surrupia a mente das
mulheres jovens.
Dizendo isso, o Senhor emitiu um grito ruidoso e exibiu muitos sinais de êxtase em Seu
corpo.
®ac…m€t€, atônita com o comportamento de seu filho, perguntou:
- Vivambhara, por que Você está chorando? O que Lhe causa esta miséria?
Perdido em êxtase, Gaur€‰ga não pôde responder, em resposta chorava. ®ac…m€t€
pensou:
- Pelos sintomas, parece que meu filho obteve prema pela misericórdia de KŠa.
Ciente de toda verdade, ®ac…m€t€, com uma voz doce e afetuosa disse:
- Ouça, meu filho querido. Sua aparência é a coisa mais rara e maravilhosa neste mundo.
Você tem o hábito de me dar todas as coisas valiosas que coleta em Suas várias viagens.
Agora Você voltou de Gay€ com o mais raro, o mais valioso tesouro de KŠa-prema, que
está além do alcance até mesmo dos semideuses. Apesar de ter medo de pedir, por favor,
me dê este KŠa-prema.
Com o coração derretido por esta solicitação sincera e humilde, Gaurahari disse:
- Mãe, pela misericórdia dos vaiŠavas, você definitivamente vai alcançar amor a Deus.
Imediatamente, após ouvir isso, ®ac…m€t€ recebeu prema-bhakti, amor puro a Deus.
Seu corpo apresentou erupções de alegria e lágrimas rolaram de seus olhos. Em êxtase
®ac…m€t€ cantava:
- KŠa! KŠa! KŠa!
Locana d€sa diz que esta foi a primeira vez que o Senhor Gaur€‰ga manifestou a
distribuição de prema.

O ÊXTASE DO SENHOR NA CASA DE SUKLAMBHARA

Às vezes, o Senhor Vivambhara desfrutava passatempos na casa de um brâmane


chamado Suklambhara Brahmacari. Lá o Senhor ficava tomado em êxtase transcendental.
Rios de lágrimas jorravam por Seus olhos e uma corrente de muco escorria de Seu nariz.
Suklambhara não sentia nenhum asco ao servir limpando o nariz do Senhor.
Gaurahari chorava sem cessar. Dia e noite, só chorava e caia no chão. Às vezes o Senhor
perguntava:
- Que horas são?
Alguém respondia:
- É dia, ou é noite.
Totalmente absorto em amor a Deus, Gaur€‰ga chorava e chorava. Ele não distinguia
entre o dia e a noite.
Se por ventura ouvisse alguém cantando as glórias de KŠa, Ele rolava no chão de tanto
chorar. Outras vezes, Gaur€‰ga cantava alto os nomes de KŠa. Seu corpo tremia de
deleite, erupções surgiam em todo lado e Ele caia prostrado no chão. Seus cabelos
ficaram eretos, assim como todos os pelos do corpo de Gaura, que ficavam parecendo
flores de kadamba. Vivambhara tentava manter o controle sobre o corpo para poder falar,
dar caridade, adorar Sua Deidade ou honrar prasada. Desta maneira, passava Seus dias e
noites alegremente perdido em transcendental amor a Deus.
O Senhor saboreava continuamente a bem-aventurança de KŠa-prema e a compartilhava
com os outros. ®r… Gaura veio para a Terra primordialmente para saborear o sabor de
Seu próprio amor. Por isso, Ele é conhecido como a jóia mais valiosa entre todas as
encarnações. Liberar as almas caídas da Kali-yuga foi o propósito secundário de Seus
advento.
Mantendo as encarnações anteriores em Si mesmo, O Senhor Vivambhara apareceu com
os Seus eternos associados. Eles O ajudaram a propagar o movimento de sa‰k…rtana.
Manifestando-Se em Navadv…pa Gaurasundara dissipava a escuridão da ignorância de
todo o mundo. Os brilhantes raios da Sua compaixão iluminavam a era de Kali e
destruiam as misérias de todo mundo.
Os devotos se reuniam em torno de Gauracandra e se esqueciam de si mesmos por
beberem o néctar de prema. Este néctar era sua própria vida, assim como os pássaros
cakora só podem existir com os raios da lua. Os associados eternos do Senhor eram
Gadadhara, Narahari, ®r…vasa, Mukunda, Mur€r…, Vakrevara, ®r…dhara, ®r…
Sanjaya, PaŠita Dhananjaya, Suklambhara, Nilambhara, ®r… R€ma PaŠita, Harid€sa,
Nandana šc€rya, Rudra PaŠita e PaŠita D€modara que sempre O acompanhavam.
Se tentar mencionar os nomes de todos os associados do Senhor, este livro ficará muito
grande. Devotos de muitos países se juntaram ao Senhor. Eles também ficaram
transcendentalmente intoxicados com amor a Deus. O Senhor Gaur€‰ga saboreou o
deleite espiritual em associação com os devotos. Ele deu Sua misericórdia igualmente a
todos.
Um dia, enquanto andava pela estrada, Prabhu Vivambhara, junto com ®r…vasa PaŠita e
seus irmãos, ouviram o som encantador de uma flauta. Entretanto, não puderam ver o
flautista. Este som fez com que o Senhor entrasse em êxtase. Ele chorou e rolou pelo
chão, ficou entorpecido e ria incontrolavelmente. Às vezes Gaura agia como um louco e
outras Se mantinha silencioso.
®r…vasa PaŠita, R€ma N€r€yaŠa e Mukunda entraram na casa de ®r…vasa com o
Senhor. Os devotos rodearam Gaur€‰ga e novamente Ele exibiu um transe de êxtase.
Por um instante Ele permaneceu parado. Noutro instante começou a chorar, cantar e rolar
pelo chão. Completamente imerso em prem€nanda (bem-aventurança de amor divino),
Gaurahari passava os dias e as noites. Nada além de KŠa-k€tha saia de Sua boca.

COMEÇA O MOVIMENTO DE SA¥KŸRTANA

Um dia, sentado em Sua casa, Vivambhara tornou-Se imerso em KŠa-prema e chorava


profusamente. Dizia:
- O que devo fazer? Para onde devo ir? Como fixarei minha mente em KŠa?
Lamentando-Se desta maneira, Mah€prabhu gritava. Ao ouvi-lO, os outros também
começaram a chorar.
De repente, uma voz divina anunciou do céu:
- Ouça Vivambhara, Tu és o próprio Deus. Viestes para este mundo para dar Tua
misericórdia ensinando amor ao Supremo. Por fazer hari-n€ma-sa‰k…rtana,
estabelecerás a religião neste mundo. Não lamentes. As pessoas de Kali-yuga serão
liberadas por receberem Tua misericórdia. Teu amor removerá os sofrimentos de todo
mundo. Agora pare a lamentação e comece Teu movimento de sa‰k…rtana!
Mah€prabhu ficou feliz em ouvir isso, mas permaneceu quieto.

GAURš¥GA MOSTRA SUA FORMA DE VAHARA A MURšRŸ

Um dia Vivambhara visitou a casa de Seu amado devoto Mur€ri Gupta. O Senhor
mostrou sintomas de êxtase amoroso como inconsciência, arrepios e vermelhidão em
Suas faces. Ele entrou no quarto da Deidade e começou a conversar conSigo mesmo.
Lágrimas rolavam de Seus olhos com tamanha abundância que pareciam o rio Ganges
descendo do monte Sumeru.
As pessoas disseram:
- Vejam a beleza inigualável do Senhor. Ele agora virou um javali enorme, grande como
uma montanha e com os Seus dentes afiados vem correndo para nos matar.
O Senhor Gaur€‰ga assumiu a forma de um javali e correu com as mãos e os pés no
solo. Com os olhos vermelhos, formato roliço e rugindo agudamente, Ele tinha realmente
Se tornado um javali poderoso. Usando Seus dentes, Mah€prabhu alcançou um pote de
latão no céu. Derrubando-o no chão, o Senhor abriu Sua boca selvagemente e disse:
- Mur€r…, você Me reconhece?
Mur€r… Gupta caiu aos pés do Senhor e disse:
- Prabhu, não tenho qualificações para descrever Tua real identidade que é desconhecida
até de Svayambhu.
Então Mur€r… falou um verso do Bhagavad-g…t€ (10.15):
"Na verdade, só Tu te conheces através de Tuas potências, ó origem de tudo, Senhor de
todos os seres, Deus dos deuses, ó Pessoa Suprema, Senhor do universo!"
Mur€r… continuou:
- Ó Mah€prabhu, Tu podes te conhecer a ti próprio; outros não.
Gaurahari perguntou:
- Os Vedas podem descrever-Me?
Mur€r… respondeu humildemente:
- Até mesmo Sahasravadana (Ananta ®ea) não pode compreender Tuas tattvas, verdades.
Como podem os Vedas explicar o conhecimento relativo a Ti? Ninguém pode conhecer-
Te.
Gaurahari disse:
- Ouça o que os Vedas dizem sobre Mim no Svetasvatara Up. (3.19):
"A onipotente Suprema Personalidade de Deus não possui mãos ou pernas materiais.
Entretanto, Ele corre rápido para receber oferendas. Ele não tem olhos materiais, mas
ainda assim tudo vê. Não tem ouvidos materiais, e entretanto Ele ouve tudo. Ele conhece
tudo, mas ninguém O conhece. Brâmanes realizados dizem que Ele é a Personalidade
Suprema."
- Os Vedas podem dizer que Eu não tenho mãos nem pés, continuou Gaur€‰ga. As
descrições védicas sobre Mim criaram confusão sobre a Minha identidade.
O Senhor deu uma pausa, sorriu ligeiramente e continuou:
- É como se os Vedas não houvessem Me descrevido.
Então Mur€r… Gupta implorou ao Senhor Gaur€‰ga:
- Meu Senhor, por favor, seja misericordioso comigo. Por favor dê-me amor extático por
Deus.

GAURš¥GA DÁ PREMA A MURšRŸ

O Senhor Gaur€‰ga disse:


- Ouça Mur€r…, você tem amor por Mim. Apenas sirva o Parabrahman que aparece com
uma forma humana, com a cor da gema indranila (safira azul). Ele é mais atrativo na
forma tri-partida, que segura uma flauta em Suas mãos. Adore ®r…m€t… R€dh€€Š…, a
filha de tês dourada de Mah€r€ja Vsabhanu. Ela é a energia original do Senhor e Sua
refulgência desafia a cor de goracana (brilhante amarelo).
Dedique-se em serviço às gopis e você alcançará o filho de Nanda. Em Cintamani-bhumi,
Vnd€vana-dh€ma, Ele senta-Se num trono de jóias que repousa sobre uma plataforma
feita de pedras preciosas rodeada por kalpa-vksa (árvores dos desejos). Por Sua
inconcebível potência, as k€ma-dhenu (vacas surabhi) andam por todo lado satisfazendo
todos os desejos. Sua ofuscante refulgência corpórea é conhecida como o Brahman
informe. Você deve saber que esta é a doce verdade sobre KŠa.
Os devotos sentiram alegria transcendental ao ouvirem estas conversas do Senhor com
Gaur€Šga. Num humor submisso, Mur€r… Gupta pediu:
- Meu Senhor, desejo ver Tua forma como Raghun€tha (Senhor R€ma).
Num segundo, Mur€r… viu o Senhor R€macandra em Seu corpo com a cor de grama
bem verde. S…t€dev…, Lakmana, Bharata e ®atrughna estavam em volta do Senhor.
Mur€r… rolava no chão em estupefação. Gaurasundara o apaziguou com o toque de Seus
pés de lótus, abençoando-o:
- Que você possa ficar saturado de amor a Deus. Na verdade, Mur€r…, você não é
ninguém mais do que H€numan, e Eu sou o mesmo Senhor R€ma.
Depois de dizer isso, o Senhor entrou no templo.

HARI-NšMA - O ÚNICO MEIO

Um dia, na casa de ®r…vasa µh€kura, o Senhor Vivambhara chamou os Seus associados


e disse:
- Ouçam esta maravilhosa história sobre como alcançar amor por R€dh€ e KŠa na era de
Kali.
Então o Senhor citou o N€radiya Pur€Ša:
"Na Kali-yuga o cantar dos santos nomes do Senhor é o único meio para a liberação. Não
outro meio; não há outro meio; não há outro meio."
O Senhor Gaur€‰ga disse:
- Os tolos na era de Kali não compreendem que o nome do Senhor é igual à forma
original transcendental do Senhor. Vy€sadeva repetiu este fato três vezes para dissipar as
dúvidas destas almas tolas e pecaminosas. Além do mais, Vy€sa usou a palavra kevalaˆ
para indicar que por se cantar sem ofensas se obtém a liberação.
Vy€sadeva também desencorajou a adoração de semideuses por repetir o nome de Hari
três vezes. Os Vedas provam definitivamente que se deve fazer Hari-n€ma junto com a
meditação em Gop€la, nas gop…s e nas vacas.
Gaur€‰ga disse estas coisas, absorto em um sentimento de Vahara. Em amor extático, o
Senhor cantou os santos nomes e dançou enlouquecido com o néctar de saŠk…rtana.
Aquele que ouvir os gloriosos passatempos do Senhor Gaurahari imediatamente
despertará KŠa-prema em seu coração. Mantendo uma palha entre os dentes, eu, Locana
d€sa, humildemente admito que não possuo nenhum outro tesouro além dos pés de lótus
de Gaur€‰ga.
®r… Gauracandra, a lua cheia que paira sobre Navadv…pa, distribuiu a corrente
nectárea de Seu amor. Os devotos como pássaros cakora existem simplesmente para
beberem este néctar. Cheio de compaixão intensa, o Senhor manifestou continuamente
este amor. Agora ouçam outro passatempo maravilhoso.

OS SEMIDEUSES OBTÉM PREMA

A beleza de Gaur€‰ga desafia milhões de Cupidos. Seus ombros são amplos e fortes
como os de um leão. Ele tem os olhos e a face de lótus, Seu pescoço é liso e possui três
linhas auspiciosas como uma concha. Uma vez, enquanto estava sentado em Sua casa, o
Senhor falou com uma voz profunda e ressonante:
- Estou vendo figuras que têm quatro, cinco e seis faces respectivamente. Isto aumenta
Minha curiosidade.
®r…vasa PaŠita, que estava sentado ao lado do Senhor, deu sua opinião:
- Os semideuses como Brahm€ com quatro face, e outros com cinco faces vêm visitá-lO,
meu Senhor. Eles vêm Te pedir o tesouro de prema, uma vez que és o oceano de amor.
Então Mah€prabhu sentou-Se numa asana divina. Ele descansou uma perna sobre um
devoto e um braço sobre outro. ®r…vasa e os semideuses se aproximaram dos pés de
lótus do Senhor chorando:
- És o mais compassivo. Por favor, conceda-nos este doce néctar de Teu amor.
Com uma voz trovejante, Gaur€‰ga disse:
- Quer vocês recebam o presente de amor a Deus.
Imediatamente, os semideuses desenvolveram KŠa-prema e exibiram os sintomas
corpóreos de bem-aventurança transcendental. Os viŠavas apreciaram muito ao verem os
semideuses dançarem felizes e cantarem:
- Ó R€dh€-Govinda!
Conforme os semideuses e semideusas dançavam, mudanças maravilhosas ocorriam em
seus corpos. Seus cabelos permaneciam eriçados, suavam copiosamente e rolavam no
chão em desvairio. Então, súbitamente, se levantaram e gritaram:
- Hari bol! Hari bol! Gaura-Govinda! Gaura-Govinda!
No instante seguinte puseram suas cabeças aos pés de de Gaur€‰ga e imploraram:
- Que nossas mentes possam estar sempre fixas em Teus pés de lótus.
Com um amplo sorriso, o Senhor respondeu:
- Que assim seja. Que assim seja. Que vocês possam ficar plenos de amor por KŠa.
Então os semideuses se elevaram ao céu, retornando às suas moradas celestiais. Ao
observarem isso os vaiŠavas ali reunidos ficaram muito emocionados.
O coração e o corpo de Suklambhara Brahmacari eram puros e seu caráter magnífico. Ele
era um local de peregrinação encarnado. Após testemunhar a incrível misericórdia do
Senhor para com os semideuses, desejou a mesma coisa. Estando ansioso por obter amor
a Deus, Suklambhara amedrontado revelou sua mente a Gaur€‰ga.
Ele disse:
- Por favor, ouça, ó Senhor Gaur€‰ga. És a Suprema Personalidade de Deus. Depois de
muito tempo meus olhos encontraram a satisfação. Visitei muitos locais sagrados de
peregrinação como Mathur€ e Dv€rak€; mas não pude encontrar ali nenhuma felecidade.
Eu Te imploro, por favor me dê o tesouro de KŠa-prema.
O Senhor respondeu:
- Ó Suklambhara, existem tantos homens como cães e raposas que frequentam estes
locais sagrados, mas o que importa para Mim? A menos que KŠa surja no coração, não
há nenhum benefício em visitar os locais de peregrinação. Amor a KŠa é a única religião.
Isto é confirmado no N€radiya Pur€Ša:
"Peixes gostam de tomar banho, serpente vivem do ar, ovelhas vivem das folhas, os
touros do oleiro estão sempre se movendo, o grou vive meditando, camundongo vive
num buraco e o leão vive na floresta. Da mesma maneira, o comportamento dos assim
chamados renunciados se assemelha ao destes animais. Sem purificar a consciência,
nenhuma austeridade ou meditação dará resultado."
E em seguida citou o N€rada Pañcaratra (2.6):
“Aquele que adora o Senhor Hari não precisa realizar nenhuma austeridade. Quem
negligencia a adoração de Hari, também não precisa realizar nenhuma austeridade. Para
quem o Senhor reside dentro e fora, austeridade não é necessária. E para quem Hari não
Se manifestou dentro ou fora, fazer austeridades é inútil."
Ouvindo esta explicação do Senhor, Suklambhara caiu ao solo chorando. Incapaz de
tolerar a aflição de Seu devoto, Gaurasundara concedeu-lhe amor a Deus. O corpo todo
de Suklambhara apresentou erupções de deleite. Ele chorava e tremia no êxtase de KŠa-
prema. Isso deu enorme prazer aos devotos reunidos.

GADšDHARA RECEBE AMOR A DEUS

®r… Gad€dhara PaŠita, a corporificação de todas as qualidades transcendentais, sempre


permanecia próximo de Gaur€‰ga e cantava os santos nomes. Uma noite, Gad€dhara
ficou ao lado do Senhor. Estando satisfeito com ele, o Senhor Gaur€‰ga deu Sua flor a
Gad€dhara e disse:
- Amanhã de manhã, pela graça dos vaiŠavas, você receberá o raro presente de amor a
Deus.
No dia seguinte quando Se encontrou com os devotos, o Senhor lhes contou a conversa
que tivera na noite anterior com Gad€dhara que ele receberia amor a Deus. Num humor
alegre Gad€dhara tomou banho no Ganges. Devido ao aparecimento de amor extático,
Gad€dhara começou a tremer. Ele adorou ®r… Jagann€tha Deva e depois adorou o
Senhor Gaur€‰ga. Gad€dhara passou pasta de sândalo no corpo de Gaura, pendurou
uma guirlanda de flores celestiais em Seu pescoço e louvou o Senhor com palavras
seletas. Todos os dias Gad€dhara prestava este serviço ao Senhor.
A noitinha, depois de fazer a cama do Senhor, Gad€dhara deitava-se aos pés do Senhor.
Com sua mente sempre pensava em como servir ao Senhor com amor e devoção. Ele
satisfez o Senhor com suas palavras doces. Gaurahari saboreava imensamente as palavras
nectáreas de Gad€dhara. Segurando suas mãos, costumavam dançar juntos em sa‰k…
rtana.
Segurando a mão de Narahari com Sua outra mão, Mah€prabhu reencenava a dança da
rasa no quintal de ®r…vasa PaŠita. Os devotos reunidos viram a feição de
Sy€masundara no corpo de Gaur€‰ga. Gad€dhara manifestou a forma de R€dh€€Š… e
Narahari a de Madhum€t…-akhi. Todos cantavam "Hari bol! Hari bol!" ao verem ®r…
Vnd€vana-dh€ma aparecer diante deles. O filho de ®ac… manifestou a morada suprema
de Vnd€vana, completa com Gop€la, gop…s e vacas. Os vaqueirinhos e vaqueirinhas de
Vraja tornaram os brâmanes companheiros do Senhor Gaurahari na era de Kali.
Em um nascimento anterior, ®r… Raghun€ndana fora o sempre jovial Cupido. Os
devotos dançaram em círculo em volta de Gaur€‰ga. Vendo o movimento da lua de
Vnd€vana sobre Navadv…pa, todos começaram a chorar. Num instante, Prabhu realizou
Gaura-l…l€ com Gad€dhara. No instante seguinte, Gaur€‰ga saboreou o humor de
®y€masundara dançando com R€dh€€Š… na rasa-l…l€. Contemplando estes
encantadores passatempos, os devotos cantavam repetidamente:
- Hari! Hari! Jai! Jai!
De repente, surgiram nuvens densas e negras, trovejando ferozmente e encobrindo todo
céu. Temendo um perigo iminente, os devotos sentiram-se apreensivos. Pensavam como
escapar da calamidade. Para obterem a misericórdia de Gaur€‰ga, as nuvens rolavam e
se agitavam em êxtase para assistirem os passatempos de Gaura.
Pegando um par de pequenas karatalas com forma de pires, Mah€prabhu começou um
n€ma-sa‰k…rtana. O Senhor Gaur€‰ga olhou para o céu e abençoou os semideuses.
Neste instante, as nuvens se dispersaram, exibindo um céu claro e amistoso. Sentindo-se
aliviados, os devotos choraram de alegria.
O Senhor então dançou e cantou com Seus companheiros numa noite clara, iluminada
pela lua e pelas estrelas. As nuvens desceram para a Terra na forma de devotos e
cantaram e dançaram com o Senhor e Seu grupo. Sem contar as nuvens, o Senhor dava
Seu amor a todos sem discriminação nestes três mundos.
Enquanto dançava com Seus devotos, o querido de ®ac…m€t€ nadava num oceano de
amor extático. Seus sininhos das tornoseleiras tiniam docemente com o movimento de
Seus pés de lótus. As castas esposas dos brâmanes cantavam alegremente "Jai! Jai!" Esta
cena satisfazia os semideuses que observavam dos céus. Tomados por KŠa-prema, os
devotos dançavam alegremente com o Senhor Gaur€‰ga.
Quem pode estimar quantas austeridades eles realizaram em vidas anteriores para
poderem saborear o raro tesouro de prema-bhakti? O Senhor Vivambhara distribuiu Sua
misericórdia tanto na terra quanto no céu.
Sentindo deleite em meu coração, eu, Locana d€sa, descrevo estes passatempos.
MUKUNDA OBTÉM A MISERICÓRDIA

®r…vasa µh€kura e seus três irmãos cantavam canções auspiciosas. Harid€sa cantava
"Hari! Hari!" e rolava em êxtase, glorificando as qualidades transcendentais de Gaur€
‰ga, comparando-O a Kior€-Kiori (R€dh€-KŠa). Mur€r… Gupta e Mukunda também
louvavam Prabhu. Eles eram como abelhas enlouquecidas enxameando sobre os pés de
lótus do Senhor, tentando saborear o néctar do amor.
Mantendo Gaur€‰ga no centro, os devotos rodeavam o Senhor e em bem-aventurança
cantavam "Jai!, Jai!" e em todas as direções todos choravam alucinados de amor por KŠa.
Alguns se abraçavam afetuosamente, outros cantavam as glórias de Gaurahari.
Gad€dhara PaŠita caiu aos pés de Prabhu e disse:
- Que beleza incomparável que aqui está!
A face de lótus de Gaur€‰ga ficou rosada de êxtase. Pequenas pápulas de deleite
apareceram como pérolas douradas, em uma erupção por todo Seu corpo transcendental.
Expressando o tesouro de Seu coração, Gaurahari, sorrindo satisfeito, disse:
- Eu sou Deus!
Neste exato momento, o Senhor prestou reverências e pediu as bênçãos dos vaiŠavas. E
então, logo em seguida, o Senhor abençoou os Seus associados eternos.
O prema exibido por Gaur€‰ga nunca fora visto antes. Todos os homens e mulheres do
mundo ficaram loucos para experimentar este estonteante amor a Deus.
Locana d€sa também fica perdido pela influência deste KŠa-prema.

CAPITULO 2

A MARAVILHOSA FORMA DO SENHOR GAURš¥GA

Como a providência criou o maravilhoso corpo do Senhor Gaur€‰ga? Só quem tem um


coração de pedra não se derrete ao contemplar a beleza angelical de Gaurahari. Quem
bateu o néctar para fazer a manteiga que foi usada para fazer o corpo de Gaur€‰ga?
Quem comprimiu o Universo para produzir a rasa que formou a face de Gauracandra?
Quem fez aqueles olhos atrativos adicionando um pouco do yogurth ao leite de amor e
produzindo assim um denso iogurte de apego a KŠa? Quem adicionou mel às Suas
palavras e ao Seu doce sorriso? Quem espalhou a luz sobre Seu corpo e a lua em Sua
face? Quem criou a pitoresca beleza do Senhor Gaurasundara?
Todas as luas cheias têem a esperança de sentirem a fragrância dos pés e mãos de lótus de
Gaura. Suas unhas resplandescentes iluminam o Universo inteiro. As mulheres perdem o
controle de si mesmas e choram desperadas em Sua presença. Quem criou Sua face
cativante que me faz chorar afetuosamente?
Quem pintou as brilhantes linhas de tilaka, parecendo flechas de Indra, na testa de Gaur€
‰ga? Instantaneamente ao vê-lO, as mulheres desejam tocá-lO. As várias jóias que
decoram o templo do corpo de Gaur€‰ga aumentam a atração que todos sentem por Ele.
Ao verem a beleza de Gaura, as castas senhoras de Nadia saiam de seus lares: aleijados
começavam a andar de novo; ateístas e pecadores começavam a cantar Suas glórias. Os
atributos nectáreos de Gaur€‰ga enchiam todos de deleite.
Perdendo o auto-controle, as pessoas rolavam no chão, molhando-se com suas lágrimas.
Alguns dançavam enlouquecidos, outros se abraçavam e alguns riam alto. Decido ao seu
intenso apego por Gaurahari, as mulheres de Nadia sempre O mantinham no âmago de
seus corações.
Até mesmo os is e yogis não podiam derimir suas dúvidas ao verem o Senhor do
Universo chorando constantemente e cantando "R€dh€! R€dh€! R€dh€!", pois Gaur€
‰ga sempre pensava em R€dh€r€Š…. Deixando para trás Seu amor por Lakm…, Sua
forma dourada se tornou delgada. Vejam só, o Senhor do Universo está dançando com
Seus associados. Que tipo de riqueza ou felicidade Ele espera alcançar?
Locana d€sa diz que por receber o amor que Gaura R€ya está distribuindo livremente,
um moribundo pode recuperar sua vida e um cego pode escalar uma montanha.

MANGA, MšYš E BHAKTI

Ouçam outro maravilhoso passatempo em que o querido filho de ®ac…m€t€, o Senhor


Gaur€‰ga revela Sua posição confidencial para os Seus associados eternos, mas não
para os desqualificados. Gaura disse:
- Este mundo material é temporário e todos os propósitos materiais são fúteis.
Os devotos se perdiam em bem-aventurança por cantarem os santos nomes. Cantando
Seus próprios nomes, Mah€prabhu ficou louco de prema, chorava em êxtase e caia no
chão. Nesta época Ele revelou a Seus associados íntimos que Ele era a Suprema
Personalidade de Deus.
Segurando uma semente de manga, ®r… Gaurasundara disse:
- Olhem, vou plantar esta semente de manga e produzir uma árvore.
Imediatamente ao cair no solo, a semente começou a se desenvolver e a virar uma árvore.
Gaura disse:
- Vejam só que maravilhoso. Minha mangueira já tem até flores.
Dali alguns minutos, surgiram frutos maduros. Alguém colheu uma manga suculenta,
fragrante e a ofereceu ao Senhor. Tão rapidamente quanto a mangueira apareceu, logo
desapareceu.
Por manifestar esta monumental mangueira, o Senhor Gaur€‰ga mostrou a potência de
m€y€, a energia ilusória de Deus. Através deste episódio, o Senhor ensinou a natureza do
apego e que ninguém deve se lamentar pelo mundo material. Gaur€‰ga disse:
- Através de Minha energia todo este mundo material é criado. Devido à ignorância, a
massa das pessoas em geral consideram-no seu. Quem pode cortar esta cadeia de apego
criada por Mim? Só há uma maneira de conquistar este apego. As pessoas devem
oferecer os resultados de seu trabalho para Mim. Então podem dedicar seus corpos ao
Meu serviço e se livrarem de todo apego material.
Se alguém oferece tudo a KŠa, certamente alcançará KŠa em todos os aspectos. O G…t€,
os Pur€Šas e o Bh€gavata declaram que por devoção pura a KŠa, pode-se alcançar o
próprio KŠa. A vida se torna cheia de sucesso quando dedicada a Deus.
Com o coração cheio de bem-aventurança, Locana d€sa descreve este maravilhoso
passatempo do Senhor Gaur€‰ga.
Um dia o Senhor Gaura sorriu e perguntou a Mukunda Datta:
- Diga-Me Mukunda, é verdade que você tem o conhecimento do Brahman? Bem,
deixem-Me citar um verso.
Os devotos ficaram apreensivos. O Senhor disse:
- Ramante yogino hanante...os yogis sempre sentem deleite no Senhor que é ilimitado e
eterno, cheio de bem-aventurança e conhecimento. Por esta razão, o Supremo Brahman
(Parabrahman), a Suprema Verdade Absoluta também é chamado R€ma. Mukunda, você
considera a adoração da forma de quatro braços do Senhor como sendo superior.
Entretanto, você tem pouco conhecimento sobre a forma de duas mãos de Deus. Se você
deseja desfrutar de verdadeiro bem-estar, deve adorar a maravilhosa forma de duas mãos
de ®r… KŠa com todo seu coração.
Os €stras dizem que N€r€yaŠa é uma manifestação de KŠa; não que KŠa vem de
N€r€yaŠa. Mukunda, você deve se banhar no Ganges. Tome a poeira dos pés dos
VaiŠavas e reinicie sua execução de serviço devocional. A misericórdia dos devotos é
tremendamente importante.
Sentindo-se muito grato com as bondosas palavras de Vivambhara, Mukunda respondeu:
- Meu Senhor, deixe que Seus pés de lótus sejam um guarda-sol sobre a minha cabeça.
Por favor, despeje sobre mim o jorro nectáreo de Seu serviço devocional. Tenho alguma
maneira de dizer o que é bom ou ruim para mim? Coberto pela ignorância, nada posso
ver tanto interna quanto externamente. Tu és o Senhor, a personalificação de toda a bem-
aventurança. Não és diferente do filho de Nanda Mah€r€ja. És a causa de todas as
encarnações.
Satisfeito com Mukunda, o Senhor Gaurahari pôs os Seus pés de lótus sobre sua cabeça.
Imediatamente, Mukunda exibiu sinais de êxtase por amor a Deus. Seu corpo manifestou
intensa euforia com torrentes de lágrimas e tremores em seus membros. Com a voz
falhando Mukunda orou para Gaur€‰ga:
- Todas as glórias ao controlador supremo, a causa de todas as causas.
Interrompedo-o, Vivambhara disse:
- Ouça, ó doutor. Pare de especular com a sabedoria transcendental do Bhagavad-g…t€.
Se você deseja viver e desfrutar do amor de KŠa, pare de desejar jñana, conhecimento
especulativo estéril. Com o seu coração cheio de amor, cante sempre os nomes de KŠa.
Você está negligenciando a adoração ao Senhor que é conhecido como Natava Sekhara, o
melhor dos dançarinos dramáticos. Ele tem uma compleição y€ma que resplandece como
uma magnífica safira azul e segura uma flauta em Suas mãos.
Prostrando-se ao solo, agarrando os pés de Gaura e chorando, Mukunda disse:
- Ó meu Senhor Vivambhara, sem Tua misericórdia quem pode atravessar o oceano da
existência material? Até mesmo Brahm€, ®iva e outros semideuses não podem
conquistar Tua m€y€. Não tenho poder algum, sou o mais caido de todos. Como posso
me despegar do materialismo e me render aos Teus pés?
Veja minha condição aflita, ó corporificação da misericórdia, por favor sejas bondoso e e
permita-me servir-Te. Até hoje, o tesouro do amor divino tem permanecido oculto para
mim. Tu tão compassivamente me revelaste isso. Desejo me tornar uma abelha para
poder sorver o nectáreo mel de Teus pés de lótus. Ó oceano de misericórdia, apesar de eu
ser um vilão, por favor, dê-me esta bênção.
Ouvindo estas piedosas palavras de Mukunda, o Senhor Gaur€‰ga concedeu-lhe Sua
compaixão. Com o coração radiante de alegria, disse:
- Meu caro Mukunda, o seu desejo em breve será realizado.
®r…vasa PaŠita, um devoto puro e um acadêmico inteligente, sempre adorava o Senhor
KŠa. Ele e seus irmãos também serviam devotadamente os pés dos vaiŠavas e de
Vivambhara. Todos os dias cantava n€ma-sa‰k…rtana e descrevia as qualidades
transcendentais do Senhor. ®r… R€ma era muito devotado ao seu irmão ®r…vasa.
Juntos sempre cantavam as glórias de Hari.
Uma vez que eram os devotos favoritos de Gaur€‰ga, o Senhor desfrutava dançar e
realizar passatempos em sua casa. Quando Prabhu ali dançava, parecia o Senhor Kapila
rodeado de Seu grupo de sábios, dedicando-Se a passatempos transcendentais. Desta
maneira, o Senhor Gaurahari alegremente passava os dias ensinando os Seus muitos
estudantes.
Um dia, um jovem brâmane disse tolamente:
- O que chamas ®r… KŠa não passa de m€ya.
Ao ouvir esta blasfêmia, Gaur€‰ga imediatamente tapou os Seus ouvidos e
imediatamente Se atirou ao Ganges com todas Suas roupas. Os devotos O seguiram.
Depois, cantaram bem alto:
- Hari! Hari!
O Senhor Gaur€‰ga disse:
- Este crápula contaminou Meus ouvidos.
Depois de dizer isso, todos cantaram os santos nomes de KŠa repetidas vezes.
Locana d€sa diz que o Senhor Gaur€‰ga é a personalificação de todas as qualidades
transcendentais.

CAPITULO 3

AS GLÓRIAS DE ADVAITA šCšRYA

Sentimentos de bem-aventurança despontam em meu ser assim que começo a descrever


os maravilhosos passatempos do Senhor Gaur€‰ga. Um dia Gaurahari, ®r…vasa e
outros associados visitaram Advaita šc€rya. Alguns devotos cantavam melodiosamente,
alguns dançavam e outros cantavam hari-n€ma.
De repente, Gaurahari começou a dançar, fazendo com que todos entrassem em êxtase.
Inundados em ondas de prema, os corpos dos devotos começaram a se cobrir de arrepios.
Lágrimas caiam abundantes e eles perderam o seu equilíbrio. Levantando Seu dhoti,
Gaur€‰anga rugia como um leão. Indiferentes ao mundo, Seus seguidores rolavam no
chão. Desta maneira, o Senhor Gaurahari e Seu grupo de sa‰k…rtana seguiam
festivamente para a casa de Advaita šc€rya.
Ao Se encontrar com Advaita šc€rya, Gaur€‰ga e Seus companheiros ofereceram
dandavats. ®r… Advaita retribuiu os respeitos e disse humildemente:
- Ó Prabhu, és a jóia mais valiosa de milhões de Advaitas.
Eles se abraçaram e se banharam com mútuas lágrimas de amor.
Estando confortavelmente sentados, Advaita disse:
- Prabhu, os ateistas dizem que a Kali-yuga é desprovida de devoção. Agora, deixe que
venham ver o meu Senhor Gaur€‰ga Mah€prabhu.
Trovejante como uma nuvem carregada, Gaurahari disse com uma voz grave:
- Além de bhakti, o que mais existe em Kali-yuga? Ou melhor, bhakti é a única coisa
disponível neste mundo material. Quem diz que bhakti inexiste na era de Kali é
despresível. Em nenhuma outra era o Senhor dá tanta misericórdia.
Neste momento, ®r…vasa PaŠita, sentindo uma trepidação disse para Gaur€‰ga:
- Meu Senhor, um deste brâmanes ateistas está aqui diante de nós. Deseja interromper
este festival de k…rtana. É uma pessoa ateista, muito orgulhosa de seu conhecimento.
Mah€prabhu disse para aquele brâmane:
- Seu descrente miserável, não venha aqui.
O brâmane se retirou contrariado.
O Senhor Gaur€‰ga então encenou um passatempo bem-aventurado. Segurando a mão
de ®r…v€sa e a de Gad€dhara, Gaur€‰ga olhou para a face de Seu devoto ®r…
Raghun€ndana e chorou. O Senhor tocou os pés de lótus de ®r… R€ma PaŠita. Junto
com os devotos, Gaur€‰ga cantou e dançou em bem-aventurança diante de Advaita
šc€rya. Gaurahari dançava no centro enquanto que os devotos em círculo cantavam e
dançavam alegremente diante do Senhor. O maravilhoso Senhor parecia exatamente
como o Senhor de Vraja rodado por Suas queridas gop…s.
Depois de um grande sa‰k…rtana, o Senhor Gaur€‰ga tomou a pras€da que fora feita
com muito amor por Advaita šc€rya e sua esposa, ®…t€dev…. ®r… Advaita ofereceu
ao Senhor uma guirlanda muito fragrante e passou polpa de sândalo aromatizada com
cânfora no corpo do Senhor. Advaita pensou:
- Como recebi tamanha misericórdia do próprio Senhor?
Os seguidores de Advaita šc€rya choraram aos pés de Gaur€‰ga. Vivambhara os
levantou e os abraçou ternamente. O Senhor e Seus associados ficaram cantando e
dançando por lá alguns dias antes de voltarem para casa.
Locana d€sa fica extremamente feliz ao ouvir estes maravilhosos passatempos do Senhor
Gaura.
Em casa Mah€prabhu adorava discutir consciência de KŠa com Seus devotos. ®r…
Vivambhara disse:
- KŠa é o único Senhor da criação, Ele e a alma de todos.
Para demonstrar o processo de criação, o Senhor estendeu o Seu braço e repetidas vezes
abria e fechava Sua mão. O Senhor continuou:
- Ouçam. A verdade sobre o Senhor da criação só pode ser compreendida por quem está
absorto em devoção. Apesar de dificil compreensão, tento descrevê-la para que as almas
condicionadas possam se liberar da existência material. Sem ser liberado não se pode
compreender KŠa.
Vejam os Meus cinco dedos. Um está coberto de mel e os outros quatro cheiram mal.
Vocês gostariam muito de chupar este dedo cheio de mel e rejeitariam os outros quatro.
Da mesma maneira, uma alma liberada aceitará o Senhor e reijeitará todo o restante.
Após uma breve pausa, Gaur€‰ga novamente concedeu Sua misericórdia:
- Não existe nada além de KŠa-bhakti. Através de bhakti é que se pode conhecer o
Senhor KŠa, a essência de todas as coisas. Quando se realiza isso, a devoção permanece
firme; e se alcança rapidamente devoção imotivada pelo Senhor KŠa.
Então Prabhu meditava nos pés de lótus de KŠa e cantava continuamente:
- Hari! Hari! Hari!
E Prabhu Vivambhara descrevia a bem-aventurança da l…l€ de Vnd€vana de R€dh€-
®y€masundara:
- No meio da floresta de Vnd€vana, R€dh€ e ®y€ma sentam-Se num trono no centro de
um templo cravejado de jóias. Eles estão rodeados pelas gopis. Pavões, cucos, papagaios,
pombos e abelhas cantam docemente. ®r… Vnd€vana é repleta de fragrantes flores e é
margeada pelo rio Yamun€. Isso é tão atrativo e cativante que mesmo Lakm…dev… fica
ansiosa em visitar. Quando Lakm… viu Vnd€vana, ficou arrepiada de êxtase. Seus olhos
ficaram vermelhos como se intoxicados. Ela chorou correntes de lágrimas e seu corpo
tremia. Devido ao amor, Ela chorou, riu, cantou e dançou.
Enquanto dizia isso, a garganta de Vivambhara ficou sufocada. Ele terminou dizendo:
- Com suas qualidades transcendentais os devotos purificam os três mundos.
O Senhor então dançou alegremente, inspirando os Seus associados a se juntarem ao
hari-n€ma sa‰k…rtana. Desta maneira, o Senhor Gaur€‰ga vivia feliz entre Seus
devotos às margens do Ganges em Navadv…pa.
Um dia Advaita šc€rya veio a Nadia para visitar Vivambhara. Mah€prabhu no entanto,
havia ido para a casa de ®r…vasa PaŠita. Prevendo Seu breve retorno, Advaita fez
preparos para o banho e adoração. Na casa de ®r…vasa, o Senhor Gaur€‰ga oferecia
flores para adorar uma vara com a forma de bastão.
Nesta ocasião, o Senhor falou para todos com uma voz de deleite:
- Estou adorando esta gada (bastão, massa) para destruir os descrentes que ofendem aos
Meus devotos. Usando este bastão, vou punir os ateistas. Quem ofende Meus devotos é
um velhaco e por esta ofensa deve sofrer de lepra por muitas vidas. E então deve ir para
um inferno e comer escremento como um porco. Com este bastão, matarei esta pessoa e
os seus seguidores. Desejava ir para a floresta, mas tudo aqui virou uma enorme floresta.
Cá está um homem que parece um tigre. Outro é como uma pedra. Outro é como uma
folha de grama ou uma árvore. Algumas pessoas agem exatamente como bestas da
floresta. Por esta razão, chamo este lugar de mah€vana (grande floresta).
Sabendo que Advaita šc€rya chegara a Sua casa, Gaurahari decidiu retornar. Advaita se
aproximou de Vivambhara, deu presentes e ofereceu-Lhe respeitos, caindo prostrado aos
Seus pés.
O Senhor Gaurahari, tomou šc€rya pela mão e disse:
- Só por você é que desci para este mundo. Você manteve os Meus pés de lótus sobre a
sua cabeça, chorou e Me ofereceu manjar…s de tulas…. Sendo um devoto puro, você Me
conquistou com seus altos brados. Por causa do seu amor por Mim, todo mundo agora
recebeu a Minha misericórdia.
Sentado numa plataforma, Gaur€‰ga ordenou que Advaita šc€rya dançasse. Advaita
šc€rya, o mais elevado de todos os brâmanes começou imediatamente, enquanto cantava
o daa avat€ra stotra (orações glorificando as dez encarnações de KŠa). ®r…vasa PaŠita
e os outros devotos, cheios de prema, se juntaram ao sa‰k…rtana de Advaita šc€rya.
®r… Gaura, sentido-Se satisfeito, sorriu gentilmente e disse:
- Todos estes meninos estão pedindo amor ao Supremo: então vou lhes dar prema-bhakti.
Advaita šc€rya ouviu isso com enorme satisfação. Agora sua missão havia tido sucesso.
Ele disse:
- Ouça meu Senhor. Estes devotos são dedicados aos Teus pés de lótus. És um afetuoso
oceano de misericórdia. Por favor, conceda-lhes Tua misericórdia dando-lhes o tesouro
de KŠa-prema.
Então os devotos sentaram em volta de Gaurasundara. Pareciam o horizonte com a lua
cheia subindo ao céu no início da noite. Olhando para Advaita šc€rya, Prabhu disse:
- Muito bem, K€malaka (Advaita), você é o Meu devoto mais querido. Estou aqui por
sua causa. Meu canto transcendental, a dança e as qualidades lhe dão felicidade. Deixe
que os outros também vejam e se tornem devotos de KŠa.

NÃO SE ABRIGUE EM KARMA OU JÑANA

®r…v€sa disse:
- Meu Senhor, tenho uma pergunta, mas hesito em indagar-Lhe. Entretanto, estou ansioso
por saber a resposta. Advaita šc€rya é Teu devoto?
A face do Senhor Gaurahari ficou vermelha de ira e Ele quiz xingar ®r…v€sa:
- Tanto Uddhava quanto Akrura são muito queridos para Mim, mas você acha que
Advaita šc€rya é menos do que eles. Em toda Bharatavarsa, você não encontrará devoto
Meu como Advaita šc€rya, seu brâmane ignorante. Agora ouça. Advaita šc€rya, o rei dos
vaiŠavas, é Meu devoto e a Minha própria alma. Ele é o mestre de toda a criação que
desceu só para liberar as pessoas de Kali-yuga. Os €stras dizem que ele é o Mah€-ViŠu.
Ó bhakta-avat€ra (®r…v€sa), agora você deve entender a elevada posição de Advaita
šc€rya. Com um coração sincero, você deve sempre servi-lo e adorá-lo.
®r…v€sa ouviu atentamente as soberbas instruções de Mah€prabhu.
Gaurahari continuou:
- ®r…v€sa, não cultive jñ€na. Se alguma vez Eu vir você fazer isso, não lhe darei amor
a KŠa. Ignorando karma e jñ€na, você obterá KŠa-prema. Sabendo disso, não busque
abrigo em karma e jñ€na.
®r…v€sa respondeu:
- Ó Senhor, por favor, abençoe-me para que possa abandonar o interesse mundano por
karma e jñ€na.
Mur€r… Gupta disse:
- Vivambhara, nada sei sobre conhecimento especulativo.
Gaur€‰ga respondeu:
- Se você quizer aprender alguma coisa sobre isso, então indague a Advaita šc€rya. Mas
acho que você apenas deve ser sincero na adoração a KŠacandra, com um coração puro.
Comparado a bhakti, mukti, a meta de jñ€na é insignificante.
Ao ouvir isso, os devotos reunidos entraram em bem-aventurança. Eles fizeram votos em
seus corações de executarem a ordem do Senhor. Os devotos dançaram e cantaram com
tamanha loucura divina que os semideuses ficaram atônitos com o desempenho.
Estes são os maravilhosos passatempos do Senhor Gaur€‰ga pregando amor a Deus na
terra de Nadia.
Seus olhos, como flores de lótus vermelhas desabrochando, focavam todo mundo como
abelhas malucas. Seu olhar era cheio de compaixão nectárea. Sua face, uma brilhante lua
cheia, que causava choro de amor em todos. Todo mundo em Nadia tinha prazer em ver o
dançante filho de ®ac…m€t€. Gaur€‰ga parecia extamente como o todo atrativo
Madana-mohana.
Enquanto dançava absorto em prema, o corpo de Gaura apresentava erupções de arrepios
transcendentais. Estando eretos, os pelos de Seu corpo pareciam flores da kadamba
dourada. Intensa transpiração caia de Seu corpo. Estas manifestações de amor divino
faziam Seus corpo parecer o sol nascente. Palavras entrecortadas saiam de Sua garganta
que se parecia com a superfície de uma concha. Uma doce fragrância emanava de Seus
pés de lótus, que eram decorados com unhas que brilhavam como dez luas. Conforme
andava, todas as direções se iluminavam com Sua explêndida refulgência.
Em Navadv…pa, a Suprema Personalidade de Deus manifestou uma forma única de
amor divino. Aqui, Gaurahari realizou Seu prema-n€ma-saŠk…rtana. Rugindo como um
leão, Ele cobriu o globo com o som dos santos nomes de KŠa.
Radiante como o sol, o belo corpo e os ornamentos de Gaur€‰ga encantavam o
Universo inteiro. Porções de pasta de sândalo decoravam Sua face de lua. O mundo se
encantava com as correntes de lágrimas que vinham da nectárea fonte de Seus olhos. Seu
andar parecia o do elefante.
Como é possível que eu descreva a misericórdia de Gaur€‰ga? Ele é a essência da
própria compaixão. Locana d€sa diz que em Navadv…pa, devido ao êxtase por Gaur€
‰ga-prema, as pessoas não podiam dizer se era dia ou se era noite.

CAPITULO 4

ENCONTRANDO O SENHOR NITYšNANDA

MURšRŸ GUPTA RECEBE O NOME DE "RšMA DšSA"

Um dia, Gaur€‰ga estava sentado num assento divino, flanqueado pelos Seus associados
íntimos. Ele perguntou a ®r…vasa:
- Você sabe o significado do seu nome? Você é a morada de bhakti, por isso é ®r…vasa.
Então Prabhu disse para Gopin€tha:
- Você é Meu devoto querido.
Para Mur€r… Gupta, o Senhor disse:
- Para o Meu prazer, por favor, recite este verso que você compôs.
Mur€r… Gupta citou seu livro ®r… KŠa Caitanya-carita:
- Adoro o Senhor bem-aventurado e amo dos três mundos, ®r… R€macandra. Ele usa
uma coroa brilhante coberta com uma fileira de jóias cujo brilho ilumina todas as
direções. Seus brincos encantadores desafiam o brilho de ®ukra e Bhaspati. Sua face
maravilhosa parece a lua sem suas manchas. Adoro os pés de lótus do amo destes três
mundos, ®r… R€macandra, cujos lindos olhos parecem flores de lótus desbrochando.
Seus lábios vermelhos parecem as frutas bimba e Seu nariz bem talhado a todos atrai.
Seu sorriso maravilhoso embaraça o luar.
Depois de ouvir estes versos, Gaura pôs os pés sobre a cabeça de Mur€r…. E então,
escreveu o nome "R€mad€sa" em sua testa. Prabhu disse:
- Mur€r…, de hoje em diante, por Minha misericórdia, você será conhecido como
R€mad€sa. Sem Raghun€tha, você não pode viver nem um instante. Saiba com certeza
que Eu sou o mesmo Senhor Raghun€tha (R€ma).
Para a surpresa de todos os presentes, o Senhor Gaur€‰ga exibiu Sua forma
transcendental como o Senhor R€macandra, juntamente com Janak… (S…t€), Lakmana,
H€numan e outros associados. Instantaneamente, Mur€r… caiu aos pés de lótus do
Senhor e louvou Gaur€‰ga:
- Todas as glórias a Raghuvira. Ele é o mesmo querido de ®ac…m€t€.
Então Mur€r… rolou no chão. Chorando de felicidade, ofereceu mais orações.
Mostrando misericórdia, Mah€prabhu disse:
- Mur€r…, você deve Me adorar e esquecer todo além de bhakti. Apesar de Eu ser o seu
adorável Senhor Raghun€tha, ainda assim você deve adorar o Senhor de R€dh€. Faça sa
‰k…rtana, ouça atentamente as glórias de R€dh€ e KŠa e seja devotado a Mim. Então o
Senhor Gaurahari recitou um verso do ®r…mad Bh€gavatam (11.14.20) para ®r…vasa
PaŠita:
"Meu querido Uddhava, o serviço devocional imotivado prestado a Mim pelos Meus
devotos deixa-Me sobre o seu controle. Não posso ser controlado por aqueles que se
dedicam a yoga mística, filosofia Sa‰khya, trabalhos piedosos, estudo dos Vedas,
austeridades ou renúncia."
Prabhu disse para os Seus associados que eles deveriam agir de acordo com este verso e
seguirem os ensinamentos de ®r…vasa. Desta maneira encontrariam a felicidade última.
Gaur€‰ga disse para ®r… R€ma Pa‰ita:
- Por adorar o seu irmão ®r…vasa, você está adorando a Mim. Assim sendo, sirva-o
muito bem, e você receberá a Minha misericórdia.
Lágrimas umedeceram os olhos do Senhor. ®r…vasa ofereceu um pouco de leite a
Prabhu, que Ele aceitou com alegria.
O Senhor recebeu artigos em adoração, como incenso, perfume, pasta de sândalo e
guirlanda de flores. Então Gaurahari os devolveu como prasada aos Seus devotos. Após
passar uma noite bem-aventurada na casa de ®r…vasa PaŠita, o Senhor Gaur€‰ga
seguiu para Sua casa.
Depois de tomar o banho matinal, os associados eternos do Senhor Gaurahari
imediatamente correram para ver os pés de lótus do Senhor. Sorridente, o Senhor disse:
- Ouçam as boas notícias. O Senhor Nity€nanda, o avadhuta maravilhoso, está chegando
a Navadv…pa. Suas glórias estão além de toda descrição. Hoje somos os mais
afortunados, pois devemos ver os Seus pés de lótus. Nity€nanda não é diferente de
Balar€ma e N€r€yaŠa. Vocês, Mur€r… e Mukunda, vão localizar o Senhor Nity€nanda.
Rapidamente, eles averiguaram na parte sul da vila, mas não puderam encontrá-lO. De
mãos postas, contaram a Gaur€‰ga que apesar de rigorosa busca, não puderam localizar
Nity€nanda. Seguindo a ordem de Prabhu, Mur€r… e Mukunda procuraram sem sucesso
até mesmo em suas casas.
Ao Se encontrar com eles naquela tarde, o Senhor disse:
- Mur€r…, você não encontrou o avadhuta?
Sorrindo curiosamente, Gaur€‰ga continuou:
- Ele está ficando na casa de Nandan€c€rya. Vamos até lá juntos.
Os devotos, exclamando "Jai! Jai!" seguiram o Senhor Gaur€‰ga pela estrada. Sons
eufóricos de "Hari bol! Hari bol!" permeavam a atmosfera. Os devotos exibiam sintomas
de êxtase divino como arrepios, voz falhando e choro profuso. Estando imerso em amor
extático a Deus, Gaur€‰ga às vezes andava vagarosamente como um formidável leão;
em seguida, corria como um elefante enlouquecido, determinado, sem olhar para trás.
Lágrimas lavavam Seu rosto e Ele rugia como uma nuvem trovejante.

O MARAVILHOSO NITAI

O Senhor Gaur€‰ga encontrou Nity€nanda R€ya na casa de Nandan€c€rya. O corpo de


coloração dourada maravilhoso de Nity€nanda tinha um matiz levemente avermelhado.
Ornamentos ofuscantes adornavam Sua forma encantadora. Brilhantes vestes amarelas
cobriam Seu peito. Um turbante da cor de uma flor campaka decorava Sua cabeça.
Conforme andava, Suas tornoseleiras tilintavam docemente.
Seus olhos eram matreiros grandes como os de uma gazela. Ele desfazia a timidez das
jovens com Seu sorriso brilhante e radiante. Rugia como um leão, mais alto do que a
trovoada da monsão, subjulgando os elefantes loucos da Kali-yuga. O Senhor Nity€nanda
andava como um elefante enlouquecido. Sua pacífica face de lótus era maravilhosa de se
contemplar enquanto Ele chorava de amor. Absorto em profundo amor a KŠa, Seu corpo
tremia, transpirava e apresentava erupções como sinais de êxtase.
Segurando um bastão dourado em Suas mãos, esmagava o orgulho de Kali. Colares
dourados pendiam em Seu pescoço. Magníficos brincos de gemas preciosas enfeitavam
Suas orelhas. Suas mãos eram vermelhas como o lótus que flori a noite. Braceletes muito
atrativos intensificavam a beleza de Seus braços fortes de dourados.
Em êxtase, Nity€nanda Prabhu, quase que caindo ao solo, gritou:
- Onde está o Meu K€nai Gop€la (KŠa)?
Adotando um sentimento de vaqueirinho, Nity€nanda chorava, ria e pedia a Revat… um
pouco de mel. Num momento, Ele pulou como uma rã; noutro agia como surdo mudo, ou
dizia coisas ininteligíveis. Quem pode comprender os sentimentos transcendentais do
Senhor? O doce aroma do corpo de Nity€nanda capturava as donas de casa em suas casas
e enchia de poeira o orgulho das castas meninas.
O Senhor Gar€‰ga prestou reverências e proferiu algumas palavras auspiciosas em
oração a ®r… Nity€nanda Prabhu. Ambos tentaram sem sucesso tirar a poeira dos pés
um do outro. Abraçaram-Se afetuosamente, choraram e falaram sobre Suas recentes
viagens.
®ri Nityn€nda Prabhu disse:
- Saí em pegrinação por todo mundo procurando Você. Não O encontrando, Eu voltei.
Ouvi dizer que o filho de Nanda Mah€r€ja estava escondido em Navadv…pa na Bengala
Ocidental. Chegando aqui, apanhei o larápio. Agora para onde Você vai fugir?
Então Gaur€‰ga e Nity€nanda riram a valer, derramaram lágrimas de alegria e
dançaram em bem-aventurança. O Senhor Gaur€‰ga disse:
- Nity€nanda veio esmagar o orgulho de Kali e liberar os cegos, inválidos, velhos e
caídos. ®r… Nity€nanda purifica os três mundos, mas os tolos ateistas não
compreendem. Todo mundo vai cair na armadilha de amor divino armada por
Nity€nanda Prabhu.
Com imenso deleite, Gaura-Nit€i glorificaram os atributos espirituais do Senhor Hari.
Assim que o oceano de Seu êxtase se acalmou Eles Se sentaram entre Seus devotos.
Todos ficaram extremamente satisfeitos com o Seu darana. Surrupiando um pouco da
poeira dos pés de lótus de Nity€nanda, Gaurahari a derramou sobre a cabeça de Seus
associados. Ao voltar para casa, Mah€prabhu exclamou:
- Em todos estes três mundos nada se compara às glórias de Nity€nanda Prabhu. Seu
amor e devoção por KŠa são extraordinários. É muito dificil se alcançar KŠa-prema-
bhakti. Na plataforma de realização deve-se render devocionalmente a KŠa. Saboreando
um gosto superior automaticamente se rejeita a gratificação dos sentidos. A cada dia o
apego a KŠa aumenta. Eventualmente, se alcança o estado maduro de amor puro extático
por Deus. Mas, pela misericórdia sem causa de Nity€nanda Prabhu, todo mundo pode
facilmente obter KŠa-prema.
No outro dia, Sriman Mah€prabhu recebeu Nity€nanda Prabhu em Sua casa. Gaur€‰ga
passou pasta de sândalo no corpo de Nity€nanda, deu-Lhe uma guirlanda de flores e
ofereceu-Lhe outros artigos com se adora uma grande personalidade. Louca de afeição,
®ac…m€t€ não podia tirar os olhos da face de lótus de Nit€i. Gaurahari disse:
- ®ac…m€t€, parece que você gosta mais de Nit€i do que de Mim.
Contemplando-O ternamente, com amor materno, ®ac…m€t€ disse:
- De hoje em diante, ambos são meus filhos. Nit€i, por favor, dê Sua misericórdia para
Vivambhara.
Chorando, ®ac…m€t€ sentou Nit€i em seu colo. Aceitando ®ac… como Sua mãe, ®r…
Nity€nanda Prabhu tocou seus pés e disse docemente:
- Tudo o que você diz é verdade. Você deve saber a verdade; sou seu filho. Assim, como
Minha mãe, por favor, não leve em conta as Minhas faltas. Agora está bem claro que sob
todos os aspectos, sou seu filho.
Cheia de intensa afeição materna por Nity€nanda, ®ac…m€t€ chorou tanto que se
engasgou. Os devotos ficaram atônitos diante sua expressão de amor materno.
Uma vez, Nity€nanda aceitou o convite para prasada de ®r…vasa PaŠita. Depois da
refeição, Nity€nanda relaxou tranquilo. Neste momento Mah€prabhu veio e Se sentou no
trono da Deidade na sala do templo da casa de ®r…vasa PaŠita. Nity€nanda olhou para o
belo corpo de Vivambhara, mas não podia entender as intenções de Prabhu.
Mah€prabhu ordenou aos devotos que saissem do templo. Então conversou
confidencialmente com Nity€nanda. Mas quem pode compreender o significado
profundo desta conversa? Gaur€‰ga disse:
- Nit€i, agora olhe para Mim. Você teve tantos problemas para Me encontrar.
O Senhor Vivambhara primeiro mostrou a Nit€i Sua forma de seis braços, e depois Sua
forma de quatro braços e finalmente a Sua forma de dois braços. Observando estas
maravilhosas formas transcendentais, ®r… Nity€nanda, o avadhuta, lembrou-Se de Seus
relacionamentos anteriores com o Senhor.
Numa forma espiritual, ®r…man Mah€prabhu exibiu três encarnações divinas; R€ma,
KŠa e Gaur€‰ga. Então Nity€nanda viu a forma sempre nova do Casal Divino, R€dh€-
K€nu (R€dh€-KŠa). Exultante, o Senhor Nity€nanda submergiu em um oceano de êxtase
e perdeu todo o sentido de direção.
Locana d€sa canta os passatempos transcendentais do Senhor Gaur€‰ga.
CAPITULO 5

PASSATEMPOS COM NITYšNANDA E ADVAITA

O SONHO DE GAURA E MUITAS FORMAS

Tarde da noite Vivambhara começou a chorar. Com o coração partido, ®ac…m€t€


perguntou-Lhe a causa de tanta aflição:
- Seu choro me causa muita dor. Sinto como se uma flecha atingisse o meu coração.
O Senhor manteve-Se silencioso por algum tempo antes de contar a ®acim€t€ sobre o
Seu sonho. Gaur€‰ga disse:
- Em Meu sonho, vi uma pessoa com um corpo maravilhoso da cor de uma nuvem de
monsão. Uma pena de pavão se alojava como um arco-íris sobre Sua cabeça. Braceletes
de ouro, pulseiras e tornoseleiras adornavam os Seus membros graciosos. Guirlandas de
flores aromáticas acentuavam o Seu dhoti amarelo brilhante. Porções de pasta de sândalo
decoravam Sua face e Ele segurava uma flauta em Sua mão esquerda.
Vivambhara ordenou a ®ac…m€t€ para que não revelasse este sonho para ninguém. Ao
ouvir as nectáreas palavras de seu filho o coração de ®ac…m€t€ ficou cheio da maior
bem-aventurança. Vivambhara manifestou muitos sinais de êxtase como uma refulgência
luminosa que enchia a casa inteira.
Bem neste instante, Nity€nanda Avadhuta chegou e viu o Senhor Vivambhra exibindo
uma forma mais alucinante. Gaurahari segurava um bastão em Sua mão direita e uma
flauta com a esquerda. Uma segunda mão direita portava uma flor de lótus e um arco
estava na segunda mão esquerda. Uma jóia Kaustubha estava pendendo sobre Seu peito
dourado. Makara-kuŠala (brincos em forma de tubarão) ornavam Suas orelhas. Um colar
com uma brilhante esmeralda enfeitava Seu pescoço.
Nity€nanda Avadhuta olhou de novo para ver a forma de quatro braços de Gaura, mas
agora a flauta estava ausente. Num instante, Prabhu exibiu a forma de dois braços. O
Senhor Gaurahari revelava diferentes formas para favorecer os Seus devotos.
Avadhuta R€ya, o rei dos avadhutas, deu um extático abraço em Gaur€‰ga, e então
dançou em deleite. Gaur€‰ga disse:
- Ó Nit€i, leve ®r€vasa, ®r… R€ma, Mur€r… e N€r€yaŠa com Você e vá para a casa de
Advaita šc€rya. Diga-lhe que em breve estarei lá.
Esta ordem de Gaur€‰ga fez com que todos ficassem muito felizes. Com o coração
cheio de bem-aventurança, os devotos foram para a casa de Advaita šc€rya.
Depois de recebê-los com respeitosas reverências, Advaita šc€rya dançou de alegria.
Ficando enlouquecidos de amor a Deus, os devotos começaram a dançar junto,
selvagemente, rugindo de entusiasmo. Todo mundo se dedicava a glorificar as
esplêndidas qualidades de Gaur€‰ga. Afundando no oceano de KŠa-prema, todos
estavam transcendentalmente alucinados. Assim, passaram dois dias prazeirosos na casa
de Advaita šc€rya.
Depois de oferecerem reverências, os devotos deixaram a casa de ®r… Advaita e
voltaram para ver Gaur€‰ga. Mur€r… Gupta fez respeitosamente, o relato de toda a
estadia ao Senhor. Gaurahari riu para valer ao ouvir sobre o jubilante saŠk…rtana na casa
de Advaita šc€rya. No dia seguinte Advaita veio ver os pés de lótus do Senhor Gaur€
‰ga.
O Senhor estava sentado no trono da Deidade na casa de ®r…vasa PaŠita. A casa inteira
estava iluminada pela refulgência transcendental de Gaura. A compleição de Seu corpo
parecia ouro derretido. Devido à influência de KŠa-prema, a face dourada do Senhor
tinha um matiz avermelhado, que parecia o sol da manhã. Gaur€‰ga estava decorado
com guirlandas perfumadas e polpa de sândalo. Sua face brilhava como os raios da lua
cheia.
Gad€dhara e Narahari estava ao lado do Senhor. ®r… Raghunandana contemplava a face
de Gaura e os outros devotos estavam em volta do Senhor. Os devotos rodeavam Gaur€
‰ga como uma constelação de estrelas rodeia a lua cheia. Imerso em êxtase divino, ®r…
Nity€nanda Prabhu sentava-Se diante do Senhor, admirando Sua face. Às vezes
Nity€nanda ria, outras chorava.
Advaita šc€rya caiu em êxtase e se tornou refulgente e urrava como um leão. Pequenas
bolhas de felicidade cobriram o seu corpo inteiro, da cabeça aos pés. Até mesmo o
universo não podia conter a sua alegria. šc€rya ofereceu de presente roupas novas para o
Senhor Gaurahari. Ele adorou Gaur€‰ga com manjar…s de tulas…, pasta de sândalo e
uma aromática guirlanda de flores malat…. Advaita caiu ao solo diante dos pés de
Gaurahari. Aceitando sua adoração, o Senhor Gauracandra logo o abraçou.
Gaur€‰ga, muito feliz, distribuia pras€da para os Seus associados íntimos. Advaita,
Nity€nanda, ®r…v€sa, Mur€r… e Mukunda cantavam louvores ao Senhor e dançavam
desprendidos. Eles estavam saboreando o néctar de KŠa-prema. Os devotos se louvavam
mutuamente e trocavam bênçãos.
Eles consideravam a felicidade derivada da realização impessoal como insignificante.
Tomados de júbilo divino, esqueceram-se se era dia ou se era noite. Tudo o sabiam era
dançar e cantar Hare KŠa. Começaram ao raiar do sol e continuaram dançado como
loucos até o fim da noite.
Quando terminaram de dançar, Gaur€‰ga ordenou que os devotos retornassem para suas
casas. Mah€prabhu disse:
- Tomem seus banhos, adorem suas Deidades, honrem a prasada e voltem para
cantarmos e dançarmos mais.
Depois de completarem seus deveres matinais, os devotos se encontraram novamente
com ®r… Gaura. Neste dia, Harid€sa chegava a Navadv…pa para ver o Senhor. Ele
estava louco com KŠa-prema. Estava como uma abelha que ansiava em beber o néctar
dos pés de lótus do Senhor. Devido ao efeito de prema, agia como um jovem leão.
Gaur€‰ga recebeu Harid€sa cordialmente com um abraço amoroso. Quando Harid€sa
ofereceu reverências ao Senhor, Gaurahari pegou sua mão e o puxou para junto de Si.
Gaur€‰ga passou uma pasta de sândalo aromática no corpo de Harid€sa; deu-lhe Sua
própria guirlanda de flores e o mandou tomar prasada. Harid€sa honrou a mah€-prasada
cheio de satisfação. Desta maneira, Gaur€‰ga Mah€prabhu passava Seus dias
saboreando a bem-aventurança de sa‰k…rtana com os Seus associados íntimos como
Nity€nanda, Advaita šc€rya, ®r…v€sa, Harid€sa e outros.
Recebendo ordem de Gaura, Advaita šc€rya retornou para casa. Quem quer que visse ou
ouvisse sobre este passatempo de sa‰k…rtana ficava absorto em amor extático. O
Senhor também Se despediu de Nity€nanda Avadhuta. Entretanto, depois de caminharem
juntos alguns passos, Eles pararam. Devido ao intenso amor que sentiam um pelo outro,
não podiam suportar Se separarem. Finalmente, Gaur€‰ga pediu a Nity€nanda um par
de Suas kaupinas (roupas de baixo). E então, Gaur€‰ga deu um pedaço delas a cada um
de Seus devotos. Felizes ao receberem esta prasada, os devotos a ataram em volta de
suas testas.
Depois de se despedirem de Nity€nanda, todos voltaram para suas casas. Em separação
de Gauracandra, os devotos simplesmente sentavam-se em suas casas e choravam. Depois
de tomarem os seus banhos vespertinos, eles voltaram contentes para verem o Senhor.
Enquanto isso, visitava Advaita šc€rya. Por muitos dias e noites Eles sentaram-se juntos
desfrutando grande felicidade, discutindo os passatempos de Gaur€‰ga.

CAPITULO 6

A LIBERAÇÃO DE JšGAI E MšDHšI

GAURš¥GA E O DESAPARECIMENTO DE ®RŸVASA

Simplesmente por ouvir este passatempo, se obterá prema-bhakti aos pés de lótus de
KŠa. As glórias de Gaurahari são a sublime essência do néctar, muito além do alcance
dos Vedas.
Um dia o Senhor Gaura abraçou os Seus devotos e cantou e dançou jubilante com eles.
Tomando a mão de ®r…vasa PaŠita, Gaurahari subitamente desapareceu daquela
assembléia. Não sabendo por onde o Senhor andava, os devotos ficaram apreensivos.
Perdendo a gravidade, choravam em desespero e rolavam no chão. Procuraram em todas
as casas atrás de Gaur€‰ga.
Os devotos ficaram tomados pela dor da separação. Lágrimas de aflição caiam de seus
olhos, impedindo os cílios de se abrir. Eles se lamentavam perdidamente:
- Por que Ele nos abandonou? Para onde Ele foi?
Alguns devotos pensaram em suicídio como seu único recurso. ®ac…m€t€, com seus
cabelos e roupas em desalinho, batia no peito como louca e sucumbia no chão. ®ac…
dev… vivia chorando:
- Querido! Querido! Por favor, volte para casa. Já se passaram dias e noites, por favor,
volte. Você é luz que guia nossa família, a própria lua de Nadia. Você é a estrela de meus
olhos, sem Você tudo é escuro e amedrontador.
Num local retirado, Vivambhara observava a dolorosa condição de Seus devotos. De
repente, Ele surgiu no meio deles, como o sol brilhante surge ao romper da aurora. Por
este episódio, o Senhor mostrou o profundo amor que se escondia no coração de Seus
devotos puros. Chorando lágrimas doces e amargas, alguns devotos cairam aos pés de
lótus de Gaura. Outros dançavam em frenesi logo ao verem Sua face sorridente. Um
devoto confessou:
- Ó Prabhu, em separação de Seus pés de lótus, não vejo nada além de escuridão em
todas as direções.
Imersa em afeição materna, ®ac…m€t€ colocou Vivambhara no colo e o afagou com
milhões de beijos. Ela dizia:
- Para mim Você é como a bengala de um cego. Você é a luz dos meus olhos e a alma do
meu corpo. Não tenho nada além de Você. Sem Você o mundo é completamente vazio.
Aparecendo em minha vida Você destruiu todas as minhas misérias, assim como a lua
cheia dissipa a escuridão da noite.
Mur€r…, Mukunda e Harid€sa disseram:
- Ó ®r…v€sa, você é o servo mais íntimo de Gaurahari. Assim, por sua misericórdia o
Senhor voltou. Não sabemos como agradecer a você. Por favor, seja bondoso e aceite-nos
como sua propriedade.
Então os devotos cantaram as glórias de Gaurahari dançando em volta do Senhor.
Estas eram as maravilhosas maneiras como o Senhor Gaurahari distribuia o tesouro de
amor a Deus em Navadv…pa. Nestes três mundos, é extremamente difícil receber o
presente de prema-bhakti.
Locana d€sa diz que Ananta Deva e Lakm…, e o que dizer de ®iva e dos quatro
Kumaras, não podem compreender o significado profundo do prema que Gaur€‰ga
distribuiu.

O ÊXTASE DE NITšI E HARIDšSA COMO O SENHOR BRAHMš

Desta maneira, Gaur€‰ga manifestava Seus passatempos e distribuia amor a KŠa em


Navadv…pa. Apesar dEle ser completamente independente, Ele concorda em ser
controlado pelos amor puro de Seus devotos. Sentindo a mais elevada humildade, o
Senhor implora pelo amor de Seus devotos. Os devotos íntimos de Gaur€‰ga podem
compreender os Seus passatempos íntimos, mas as massas ignorantes não.
®r…v€sa, Harid€sa, Mur€r… e Mukunda estavam cantando em bem-aventurança. O
Senhor Guar€‰ga juntou-Se aos Seus associados a cantar e a dançar. Neste momento
Nity€nanda Avadhuta chegou de repente. Ele foi recebido com canções auspiciosas e
gritos de alegria. Nity€nanda andava devagar, movendo-Se como um elefante intoxicado.
Mas quando Ele ouviu o Hari-k…rtana, ficou aturdido em êxtase. Deu uns poucos passos
para frente, parou e contemplou tudo. Tomado pelo divino amor por KŠa, Seu corpo
explodiu em erupções de bem-aventurança. Os pelos de Seu corpo ficaram eriçados como
os pequenos filamentos de uma flor kadamba. Ele virava o pescoço em todas as posições
e olhava em volta com os olhos vermelhos como se intoxicados. De repente, saiu
correndo, rugindo como um louco.
Centenas de pessoas correram atrás de ®r… Nity€nanda Prabhu. O Senhor correu direto
até Gaur€‰ga e deu-Lhe um forte abraço. Lágrimas de êxtase amoroso rolaram de Seus
olhos. Ficando irriquietos, os dois Senhores dançaram exuberantemente com os Seus
devotos. Eles pareciam como KŠa e Balar€ma rodeados por Seus vaqueirinhos.
Depois que a dança terminou, Gaurahari ordenou a todos que lavassem os pés de Nit€i e
aspergissem aquela água pura sobre suas cabeças. Avadhuta Prabhu segurou os devotos
em Seu colo e todos imergiram num oceano de prema. Então os devotos colocaram os
pés de lótus do Senhor Nity€nanda no âmago de seus corações. Todos ficaram satisfeitos
com o festival de amor divino em associação com Nity€nanda Prabhu. O Senhor
Gauracandra sorriu benevolamente para todos. Os devotos louvaram os dois Senhores e
dançaram alegremente em volta dEles.
De repente chegou Harid€sa, mas devido a intoxicação por KŠa-prema, cambaleava e
tropeçava ao caminhar. Exibindo êxtase divino, seu corpo ficou coberto por arrepios,
lágrimas corriam em correntes e ele rugia como um leão. Começou a dançar como um
louco diante de Mah€prabhu. Era impossível o universo conter a bem-aventurança que
Harid€sa sentia naquele momento. Depois de Harid€sa banhar os pés de ®r… Gaurahari
com diferentes ítens, o Senhor o mandou tomar prasada.
Quando Advaita šc€rya apareceu, o Senhor e os devotos o saudaram respeitosamente.
Enquanto Harid€sa estava dançando, manifestou a forma do Senhor Brahm€. Ele caiu
aos pés de Vivambhara oferecendo respeitos. E então, usando as quatro cabeças, Brahm€
louvou o Senhor com hinos védicos. Gaur€‰ga abraçou Brahm€ e disse-lhe que
retornasse a forma de Harid€sa. Cheio de amor extático a Deus, Harid€sa sentou-se
pacificamente e honrou a prasada.
O Senhor Gaur€‰ga sentou-Se entre Seus devotos e explicou-lhes a razão confidencial
de Seu aparecimento na Terra. Ele vinha restabelecer a religião e difundir hari-n€ma sa
‰k…rtana por todo planeta. Gaurahari disse:
- Devo dar Vraja-bh€va na forma de dasya, sakhya, vatsalya e s‰gara rasas. Vou
saborear o néctar de R€dh€-KŠa-prema. Distribuirei este prema para todo mundo,
incluindo meninos, tolos, mulheres, demônios, comedores de cães, yavanas e semideuses.
Darei o bem-aventurado sabor de Vnd€vana a todo mundo em Nadia.
Gad€dhara e Narahari sentaram-se ao lado do Senhor e ®r… Raghunandana sentou-se
aos Seus pés. Advaita šc€rya, Nity€nanda e Gaurahari juntos cantavam Suas próprias
glórias. Mur€r…, Mukunda d€sa, ®r…v€sa, Harid€sa e outros eram a corporificação do
amor. Suklambhara, Vakrevara, Sañjaya e ®r…dhara PaŠita cantavam doces e
melodiosas canções louvando o Senhor Gaurasundara.
®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu havia descido para purificar todas as contaminações do
mundo material. Locana d€sa proclama contente que nada pode ser comparado aos
passatempos e à misericórdia de Mah€prabhu manifestada em Nadia.

O TERROR DE JšGAI E MšDHšI

Agora ouçam outro passatempo sublime que irá remover todos os seus pecados. Em
Navadv…pa, o Senhor e Seus amáveis associados desfrutaram de vários passatempos
transcendentais. O Senhor Gaur€‰ga podia esquecer-Se de tudo quando imergia no
êxtase de sa‰k…rtana.
Um dia Mah€prabhu ordenou:
- Levem este santo nome de Hari de casa em casa em Navadv…pa. Ensinem a todos -
velhos, mulheres, crianças, comedores de cães, santos e pecadores - a cantarem os santos
nomes. Com isso eles atravessarão o oceano da existência material com facilidade.
Os seguidores de Gaura disseram:
- Prabhu, não podemos dar os santos nomes assim devido aos irmãos, J€gai e M€dh€i.
Estes dois brâmanes degradados são completamente patifes de descarados. Eles realizam
regularmente um número ilimitado das mais viciosas e pecaminosas atividades. Estes
desclassificados e irresponsáveis brâmanes estão aterrorizando Navadv…pa. São viciados
em vinho e desrespeitam todas as mulheres que encontram. Mataram inúmeras vacas,
brâmanes e mulheres. Todos os dias perambulam por aí em estupor alcoólico. Apesar de
viverem às margens do Ganges, nunca tomam banho. Nunca fazem adoração a nenhuma
Deidade. J€gai e M€dh€i oprimem e punem até mesmo seus próprios amigos e
familiares. E para terminar, eles odeiam o som de hari-n€ma-sa‰k…rtana.
Depois de ouvir este relato horrível, Gaur€‰ga ficou com os olhos vermelhos de ira,
rubros como o sol nascendo. Passou pela Sua mente:
- No passado, havia um brâmane pecaminoso chamado Aj€mila. Cheio de apego paterno,
ele cantou "N€r€yaŠa" na hora da morte. Por isto recebeu um corpo espiritual e foi para
VaikuŠ˜ha. Estou preocupado. Como J€gai e M€dh€i, que são infinitamente mais
pecaminosos do que Aj€mila, poderão ser liberados? Vim aqui para dar hari-n€ma-sa
‰k…rtana e purificar e liberar as pessoas de Kali-yuga. Agora vou chamar a todos, para
que juntos realizarem sa‰k…rtana com khola e karatalas. Cantando alto e docemente,
liderarei o sa‰k…rtana pelas ruas de Nadia.
Neste momento, Advaita šc€rya, Nity€nanda, Harid€sa, ®r…vasa e os seus quatro
irmãos, Mur€r…, Mukunda Datta, Gadadhara PaŠita, Candrasekhara šc€rya,
Suklambhara e muitos outros devotos vieram até a casa de Gaur€‰ga. Com a ordem de
Prabhu, todos cantaram os santos nomes de KŠa.
A cidade inteira de Nadia foi inundada com ondas de felicidade e o céu reverberava com
o som de "Hari bol! Hari bol!" Naufragados num estupor alcoólico, J€gai e M€dh€i
roncavam em casa. Uma multidão corria para ver e acompanhar a procissão de sa‰k…
rtana do Senhor Gaur€‰ga. A atmosfera estava cheia com a doce música de khola,
karatala e mdanga, temperada com o canto de Hari-k…rtana.
Tendo o sono interrompido pelo k…rtana, Jag€i e M€dh€i acordaram e gritaram furiosos:
- Pegue-os, pegue-os.
J€gai e M€dh€i, com os olhos vermelhos de ira, agarraram dois bastões e mandaram que
seus servos fossem dizer para os devotos que se quizessem continuar vivendo, era melhor
que parassem de cantar. Os servos voltaram para dizer:
- Nim€i PaŠita, o filho de Jagan€tha Mira e muitos outros brâmanes estão fazendo
kirtana. Vocês devem dizer para eles irem embora.
Furiosos os dois irmãos bêbados gritaram:
- Quem deu permissão para eles passarem por aqui? Vão dizer a eles que caiam fora
daqui imediatamente, antes que percam sua casta, credo e vidas.
Ignorando as ordens, Nim€i aumentou a intensidade do k…rtana, extendeu Seus braços
por cima da cabeça e saturou o céu com o canto bem alto de "Hari! Hari! Hari!"
Perdendo a tolerância, os pecaminosos irmãos sairam de sua casa como loucos. Com os
olhos e faces vermelhos de ira e a mente inflada de raiva, gritaram para Gaur€‰ga:
- Ei brâmane! Você não tem medo de nada?
Eles amaldiçoaram o Senhor com palavrões. Ao verem a fúria da dupla demoníaca, os
residentes de Nadia ficaram assustados.
Sem se afetarem, Prabhu Vizvambhara R€ya, Nity€nanda, Advaira šc€rya, Harid€sa,
®r…vasa, Mur€r… e Mukunda continuaram o k…rtana. J€gai e M€dh€i, tomados pela
ignorância, furiosos, agarrando os bastões investiram contra o grupo de sa‰k…rtana.
Eles golpearam a cabeça de Nity€nanda Prabhu com um caco de pote quebrado. Vendo o
Senhor sangrar profusamente, os devotos gritaram:
- Vejam! Vejam!
®r… Gaurahari, sentindo muita tristeza disse:
- Vocês dois são os maiores patifes e seus pecados cobriram a Terra.
O Senhor Gaur€‰ga, muito preocupado com a calamidade que poderia ocorrer caso o
sangue de Nit€i tocasse o chão, cobriu a ferida de Nity€nanda com as Suas próprias
vestes.
Então o Senhor Gaurahari convocou a Sua Sudarana cakra. Sudarana personalificada,
diante do Senhor, de mãos postas perguntou:
- Meu Senhor, por que me chamastes?
®ac…nandana respondeu:
- Sudarana, você deve matar J€gai e M€dh€i, porque eles Me feriram ao ferirem
Nity€nanda.
Imediatamente, a Sudarana cakra partiu para cima de J€gai e M€dh€i que ficaram
tremendo de medo. A ver isso o compassivo Nity€nanda sorriu e disse:
- O que faz Bhagav€n mostrando Seu poder? Na verdade, Nós viemos liberar os
descrentes e pecadores do mundo pela Nossa misericórdia. Assim, manteremos o Nosso
título de "patita p€vana", os liberadores dos caídos. Salvando J€gai e M€dh€i, seremos
conhecidos como “dina bandhu", amigos dos pobres. Desta maneira, realizaremos
completamente o significado de "salvadores dos caídos".
Nity€nanda caiu aos pés de Gaur€‰ga e disse:
- Por favor, conceda-Me estes dois pecadores? Meu Senhor, em eras anteriores matavas
demônios, mas agora deves conceder Tua misericórdia para J€gai e M€dh€i.
Gaurahari disse:
- Todas as glórias para Você, ó filho de Rohin…! Sou controlado por Você. Se alguém
apenas uma vez cantar o nome "Nity€nanda" se purificará imediatamente e Eu aceitarei
esta pessoa como sendo Eu mesmo.

O ARREPENDIMENTO DOS PECADORES

J€gai e M€dh€i ficaram atônitos ao verem o Senhor Gaur€‰ga e Seus associados


voltarem para casa. Os irmãos pensaram:
- Cometemos muitos pecados imperdoáveis. A poucos minutos atrás ferimos a cabeça de
um sanny€s…, mas veja só o poder da misericórdia de Mah€prabhu.
Absortos num humor de arrependimento, J€gai e M€dh€i correram para a casa do Senhor
Gaur€‰ga. Os moradores de Nadia ficaram surpreesos com sua transformação. Do lado
de fora da porta do Senhor Gaur€‰ga, J€gai e M€dh€i começaram a chamar:
- Senhor! Senhor!
Ninguém podia acreditar que estas palavras vinham daqueles velhacos pecadores.
Enquanto isso, Mah€prabhu estava sentado com os Seus associados, dentro de Sua casa.
Ele ordenou a Mur€r…:
- Vá buscar aqueles dois para Mim.
Quando viram o Senhor Gaur€‰ga, J€gai e M€dh€i cairam aos pés do Senhor e
choraram copiosamente. J€gai e M€dh€i disseram:
- Ó Senhor, és o amigo dos caídos e o salvador dos pecadores. És o Senhor dos três
mundos. Teu coração derrete de compaixão ao ver a aflição dos outros.
O Senhor Gaurahari levantou os dois irmãos e disse:
- Ouçam J€gai e M€dh€i, por que vocês vieram até aqui e por que estão chorando? Vocês
dois são brâmanes eméritos, vindos de família ilustre. Por que estão chorando?
J€gai e M€dh€i responderam:
- Nós nos rendemos a Ti para obtermos a Tua misericórdia. Cometemos um número
ilimitado de atividades pecaminosas. Assassinamos muitos homens, matamos mulheres e
vacas. Que a nossa descendência de uma família de brâmanes ilustres vá para o inferno!
Matamos brâmanes, gurus e suas esposas. Também matamos mlecchas, yavanas, c€Šalas
e suas esposas. Ninguém escapou de nossos atos criminosos. Nada fizemos além de
cometer violência contra as pessoas deste mundo. Nunca realizamos nenhuma atividade
piedosa ou nenhum ritual para satisfazer os semideuses ou nossos ancestrais. O número
de nossas atividades pecaminosas excede o número de fios de cabelos em nossas cabeças.
O que mais podemos Te dizer sobre nossos pecados?
Todo mundo diz que Aj€mila era um grande pecador, mas sem dúvida, somos muito
piores. Aj€mila cantou o nome de "N€r€yaŠa" e obteve a liberação. No nosso caso,
entretanto, N€r€yaŠa não veio nos salvar. Não temos absolutamente nenhuma esperança
de liberação. Que qualificação nós temos para receber a Tua misericórdia?
Depois de ouvir J€gai e M€dh€i, sua confissão e pedidos, o Senhor Gaurahari sentiu-Se
muito compassivo com eles. Ele apreciou sua sinceridade. Manifestando um oceano de
misericórdia e compaixão, ®r… Gaur€‰ga segurou as mãos de J€gai e M€dh€i e os
levou até o Ganges. As pessoas de Nadia se aglomeravam para ver.
Na presença de muitos brâmanes e pessoas santas, o Senhor Gaur€‰ga, num humor
extático, disse:
- J€gai e M€dh€i, vou assumir todas as suas reações pecaminosas. Dêm-nas para Mim.
Então o Senhor extendeu Sua mão para receber deles uma folha de tulas…. Tremendo de
medo, os irmãos recusaram dar-Lhe a folha de tulas…. Novamente o Senhor disse:
- J€gai e M€dh€i, dêm-Me todos os seus pecados.
J€gai e M€dh€i disseram:
- Ó Senhor Gaur€‰ga, ouça por favor. Não podemos sequer enumerar nossos pecados.
Somos os mais caídos dos caídos, os pecados corporificados. Temos muito medo em dar-
Te nossos pecados.
Gaurahari, com os olhos cheios de lágrimas, com voz trovoante disse:
- Hari bol!
E novamente extendeu a mão para aceitar-lhes os pecados. Timidamente, J€gai e M€dh€i
colocaram a folha de tulas… na palma da mão do Senhor. A multidão exclamou "Hari
bol! Hari bol!" enquanto o Senhor abraçava J€gai e M€dh€i. Apesar deles serem os
homens mais pecaminosos, acabaram sendo os mais afortunados. J€gai e M€dh€i foram
liberados pessoalmente pelo abraço do Senhor Gaur€‰ga.
Então J€gai e M€dh€i molharam as roupas de tanto chorarem. Os seus corpos exibiram
sintomas de êxtase, como tremores, arrepios e voz entrecortada. Neste êxtase, cairam aos
pés de Gaur€‰ga. Alguém já exibira tanta misericórdia quanto Mah€prabhu?
O Senhor Gaurahari é um oceano de compaixão. Ele é o maior libertador das almas
caídas. Pelo toque de Seu corpo, liberou J€gai e M€dh€i e os fez dançar em êxtase.
Depois de aceitar todos os pecados de J€gai e M€dh€i, Vivambhara dançou eufórico.
Quem pode ser comparado a este Senhor que desconsidera os pecados e as faltas e
concede livremente Sua misericórdia?
Este passatempo dá esperança a Locana d€sa que permanece confinado sem receber a
misericórdia do Senhor Gaur€‰ga.

CAPITULO 7

PASSATEMPOS NO HUMOR DE K¬±¦A

O BRÂMANE VANAMšLA OBTEM MISERICÓRDIA

Todas as glórias a Gadadhara, Gauranga e Narahari. Aquele que ouvir os passatempos


transcendentais do Senhor Vivambhara obterá facilmente amor por KŠa. Agora escutem
o maravilhoso passatempo que aconteceu em Navadv…pa.
Um dia Mah€prabhu sentou-Se em Sua casa com Seus associados íntimos. Sua face
emanava bem-aventurança conforme falava palavras nectáreas. De repente, um brâmane
chamado Vanam€li, chegou da Bengala Oriental com o seu filho. Ele estava muito feliz
em ter encontrado o Senhor e Seus devotos.
Com uma voz chocada, Vanam€li disse para si mesmo:
- Fiquei pobre e perdi a minha pureza, assim, vim até aqui buscar o auxilio do Senhor.
Estou certo de que Vivambhara não é outro senão Deus. Por vê-lO, a morada de todo o
conhecimento transcendental, meu coração se apaziguará e alcançarei a perfeição. Da
mesma maneira que se fica curado por se beber néctar, meus sofrimentos acabarão
simplesmente por ver o Senhor Gaur€‰ga.
O Senhor olhou compassivamente para o brâmane e seu filho. Ele cantou as glórias de
Hari e lhes deu o tesouro de KŠa-prema. Vanam€li e seu filho dançaram em êxtase. Num
instante, todo seu sofrimento desapareceu. O Senhor Gaur€‰ga apareceu como um
maravilhoso menino com o corpo da cor de uma nuvem de monção. O Senhor usava
veste de um amarelo brilhante, segurava uma flauta e tinha uma pena de pavão em Seu
cabelo.
Todos o seguidores de Gaur€‰ga assumiram a forma de vaqueirinhos de Vraja.
Vanam€li também viu R€dh€€Š… e ®y€masundara no mais prazeiroso bosque de
Vnd€vana. ELe viu Giri…€ja-Govardhana, o rio Yamun€, Bahul€vana, Bhandir€vana,
Madhuvana e outros locais de Vnd€vana. Viu as vacas, gopas, gop…s, Gop€la e árvores
dos desejos. Ao ver que Madana Gop€la agora aparecia em Navadv…pa, Vanam€li e seu
filho logo sucumbiram em êxtase e cairam ao chão.
Então Vanam€li ergueu o seu dhoti e começou a pular urrando:
- KŠa! KŠa! KŠa!
Mah€prabhu parou Sua cativante dança e alguém teve que conter o brâmane.
Desta maneira, o Senhor Gaur€‰ga libera todo mundo de suas reações karmicas e o leva
a amar a Deus. Gaurasundara é decorado com uma guirlanda celestial e pasta de sândalo.
Ele não tem apegos materiais. Gaurahari é conhecido como nava-vidhata-ratna, o sempre
jovial como uma jóia, o controlador supremo. O Senhor nada tem a fazer, no entanto Ele
age neste mundo material para beneficiar os outros. Gaur€‰ga distribui livremente KŠa-
prema a todo mundo.
Locana d€sa diz: Possamos sempre servir o sempre jovial, o Supremo Senhor Gaur€
‰ga.
Por favor, ouçam outro sublime passatempo transcendental. Um dia ®r…vasa PaŠita
estava adorando os seus ancestrais em sua casa. Gaur€‰ga chegou bem no instante em
que ®r…vasa estava ouvindo o canto dos mil nomes do Senhor ViŠu. Vivambhara
acomodou-Se calmamente para ouvir o KŠa-katha.
De repente, quando Gaur€‰ga ouviu o nome de Nsimha, Ele ficou tomado pelo humor
do Senhor Nsimha. Os olhos de Gaura se tornaram flamejantes, Seus pelos ficaram
eriçados e Seu corpo adquiriu uma coloração vermelha. Ficou coberto de pequenas
pápulas de êxtase, e começou a rugir como um leão e agarrou um bastão, indo atrás os
devotos como se estivesse louco para pegá-los. Todos ficaram apavorados e correram
para salvar suas vidas. Ninguém podia tolerar o humor irado do Senhor.
Percebendo que todos fugiam aterrorizados, Gaur€‰ga desfez-Se de Seu aspecto de
Narahari e deixou cair o bastão. O filho de ®ac…m€t€ é a fonte de todas as encarnações.
Ele exibe uma forma transcendental em particular de acordo com a Sua vontade. O
Senhor Gaur€‰ga então sentou-Se confortavelmente em Sua €sana e perguntou
surpreso:
- Ó, por acaso provoquei algum tumulto? Cometi alguma ofensa?
Os devotos responderam:
- Meu Senhor, o que estás dizendo? Que ofensa podes ter cometido?
®r…v€sa PaŠita disse:
- Vivambhara, quem quer que testemunhe Teus passatempos transcendentais logo se
libera do cativeiro material.

GAURA COMO O SENHOR ®IVA

Certa vez um ivaista (seguidor do Senhor ®iva) veio ver o Senhor Gaur€‰ga. Ele
ofereceu respeitos ao Senhor e alegremente louvou o Senhor Mahea. Em seu corpo
exibiu sinais de amor pelo Senhor ®iva. Vivambhara ficou satisfeito ao ouvir as glórias
de Mah€deva. De repente, adotando o humor de Mahea, Gaur€‰ga dançou em êxtase.
Ao ver isso, o ivaista ficou cheio de alegria.
Aquele ivaista afortunado pôs Gaur€‰ga em seus ombros e começou a dançar feito
louco. Os olhos de Gaur€‰ga ficaram vermelhos e Ele começou a falar como ®iva.
Vivambhara portava um tridente e um damaru ( o pequeno tambor em forma de "x" de
®iva), e soprava o som de uma buzina. Gaur€‰ga chorava e ria conforme cantava os
nomes de KŠa e R€ma.
®r…v€sa PaŠita conhece todas as tattvas (kŠa, j…va, akti, n€ma, etc.). Para apaziguar o
Senhor, ele recitou cuidadosamente as orações ao Senhor ®iva. Mukunda Datta também
cantou hinos a ®iva. Os associados de Gaur€‰ga começaram a dançar junto com o
Senhor. O Senhor Gaur€‰ga entrou num profundo êxtase ao glorificar e servir o Senhor
Hari. Depois de algum tempo, Gaur€‰ga desceu dos ombros do ivaista.
®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu, o oceano de misericórdia personalificado, assim
manisfestou Sua compaixão. Locana d€sa encontra grande felicidade descrevendo estes
alegres eventos.

OFENDIDO, GAURš¥GA DESPAPARECE NO GANGES

Um dia depois de dançar com os Seus devotos, Gaur€‰ga caiu prostrado no chão para
oferecer Suas reverências. Os devotos cantaram alegres "Hari! Hari!" Neste momento,
um brâmane jovial veio e tomou a poeira dos pés de lótus do Senhor Gaur€‰ga.
Insatisfeito com isto, Gaur€‰ga Se levantou, respirando ofegante pela ira. Correu até o
Ganges e Se atirou nele. O Senhor desapareceu sob as águas de Jahnav… (Ganges).
Freneticamente os devotos mergulharam no Ganges para encontrar o Senhor
Vivambhara. As pessoas de Nadia ficaram com medo; choravam em aflição. ®ac…m€t€
chorava como louca pelo seu filho e pretendia se atirar na rápida corredeira do Ganges.
Em desespero, ela rolava no chão se lamentando.
Para aliviar o sofrimento de ®ac…m€t€, Nity€nanda Prabhu mergulhou no Ganges para
resgatar Vivambhara. Ele puxou o Senhor debaixo d'água e O trouxe até a margem do
Ganges. ®r…v€sa, Suklambhara, Mukunda, Mur€r…, Harid€sa e outros associados
íntimos recuperaram suas vidas. Começaram a derramar lágrimas de alegria ao ver
novamente a face de Gaur€‰ga. ®ac…m€t€ amorosamente sentou Gaurahari, a vida de
sua vida, em seu colo. As pessoas de Navadv…pa esqueceram-se de suas misérias e
retornaram para suas casas.
Gaur€‰ga foi até a casa de Mur€r… Gupta com os devotos. Ficaram só por um instante
e foram até a casa de Vijaya Mira. Logo cedo na manhã seguinte, Gaur€‰ga andou até a
margem norte do Ganges, ninguém podia compreender o que o Senhor divagava.
Humildemente perguntaram a Gaur€‰ga:
- Vivambhara, por favor, seja bondoso conosco e pare com a Sua ira. Tu tens inúmeros
servos e ocasionalmente um deles comete alguma ofensa. Por favor, desconsidere a
ofensa que aquele brâmane cometeu ao tocar os Teus pés. És a compaixão corporificada,
assim, seja misericordioso conosco. Por que estás agindo assim? Como podemos
compreender o Teu coração? Senhor Gaur€‰ga, por favor, volte para Tua casa. Por
favor, dissipe nossa confusão e seja bondoso para os Teus servos.
Ao ouvir estas humildes súplicas, o coração de Gaur€‰ga se derreteu de afeição. Num
humor alegre, voltou para casa e glorificou o Senhor KŠa.
Locana d€sa canta as glórias de Gaur€‰ga e vila de Nadia, ao saber da notícia da volta
do Senhor, se encheu de alegria.
O Senhor esqueceu o incidente e foi para a casa de ®r…vasa PaŠita. Novamente Ele
distribuiu o raro tesouro de amor a Deus. ®r…vasa, Harid€sa e os devotos sentaram-se
perto do Senhor contemplando Sua explêndida face.
Mahaprabhu disse:
- Ouçam todos. Vou lhes contar algo do fundo do Meu coração. Juventude, pai, mãe,
esposa, filhos, casas, riquezas e seguidores são todos falsos e inúteis a menos que estejam
engajados ao serviço da Verdade Absoluta, o Senhor ®r… KŠa. A existência material
está sempre queimando o Meu coração. Apesar de ter alcançado este raro e maravilhoso
corpo humano, nunca servi a KŠa. Todo homem e mulher deve servir a KŠa. Logo
deixarei a Minha mãe e viajarei para bem longe. Todo mundo está dizendo que ajo contra
suas vontades.
Mur€r… Gupta disse:
- Vivambhara, ouvir Tu dizeres que irás nos deixar e viajar para longe, causa muita dor
em meu coração. Sinto-me como se fosse morrer. Ouça Mah€prabhu, ninguém está
dizendo nada disso sobre Ti.
Então Mah€prabhu deu a Mur€r… um caloroso abraço. Mur€r… demonstrou êxtase.
Surgiram arrepios em seu corpo da cabeça aos pés. Ele recitou um verso do ®r…mad
Bh€gavatam (10.81.16) [Sudama falando para KŠa]:
"Quem sou eu? Um pecador, pobre amigo de um brâmane. E quem é KŠa? A Suprema
Personalidade de Deus, pleno das seis potências. No entanto, Ele me abraçou com os
Seus dois braços."
Depois de ouvir isso, Gaur€‰ga manifestou-Se como o Senhor Supremo, brilhante como
milhões de sóis. Ele sentou-Se numa €sana e disse com uma voz doce:
- Sou o todo bem-aventurado Senhor. Não pensem que sou outra coisa.
Todos ficaram aturdidos e tomados de êxtase ao verem a forma do Senhor Gaur€‰ga.
®r…v€sa PaŠita, que era um perfeito cavalheiro, então banhou o Senhor com água do
Ganges e O adorou. O Senhor ficou imensamente satisfeito com sua devoção.
Todos cantaram emocionados as glórias do Senhor Hari. O Senhor Gaur€‰ga dançou
feliz ao ver as faces bem-aventuradas de Seus devotos.
Segurando os pés de lótus de Narahari em minha cabeça, eu, Locana d€sa, descrevo os
nectáreos passatempos do Senhor Gaurahari.
Agora, todos por favor ouçam outro doce passatempo que certo dia aconteceu em Nadia.
O Senhor Vivambhara, o oceano de compaixão, era o mestre espiritual instrutor ideal.
Ele inundava a todos de prema-bhakti. O Senhor Gaur€‰ga ensinava Seus seguidores
pelo Seu exemplo pessoal.
Um dia Mah€prabhu reuniu Seus devotos como Advaita šc€rya, ®r…vasa, Harid€sa,
Mukunda, Mur€r…, Gadadhara, Suklambhara, R€ma, Narahari, Raghunandana, ®r…
Mukunda d€sa, Vasu Ghosh, Jagad€nanda e outros para limpar o templo. Erguendo o
dhoti e amarrando Seu cabelo, o Senhor pegou uma vassoura e uma pá. Convidou os
devotos a ajudá-lO a varrer o templo inteiro. Nunca ouvimos um episódio tão
maravilhoso. Gaur€‰ga ordenou as pessoas a se juntarem a eles na varredura do templo
de KŠa. Assim, o Senhor Gaur€‰ga ensinava as pessoas em geral a como servir o
Senhor.
Ninguém além de Gaur€‰ga pode dar KŠa-prema-bhakti. Assim, todos devem se render
a Ele e servir a Seus pés de lótus. Muitas encarnações apareceram em diferentes eras, mas
nenhuma delas pode ser comparada com Vivambhara. É surpreendente considerar que o
próprio Senhor Supremo pegou uma pá e a pôs em Seu ombro e foi de porta em porta
para ensinar a todos a como prestar serviço devocional.
Sem discriminação, Ele deu a todo mundo a riqueza de Vnd€vana. Vivambhara, o filho
de ®ac…m€t€, liberou as pessoas dando-lhes amor transcendental. Isto está além da
religião e da irreligião. Até mesmo Brahm€, ®iva, Lakm… e Ananta desejam obter este
prema. Querido irmão, absorva-se em glorificar Gaur€‰ga. Não O negligencie. Este é o
único barco para atravessar o oceano da existência material.
Locana d€sa diz que nunca haverá novamente uma encarnação como a do Senhor Gaur€
‰ga.

CAPITULO 8

A LIBERAÇÃO DE UM LEPROSO APARADHI

Um dia enquanto o Senhor Gaur€‰ga estava falando com os Seus associados, conheceu
um leproso na rua. Depois de oferecer reverências ao Senhor, o leproso disse:
- Todo mundo diz que Tu és Jan€rdana, a eterna Suprema Personalidade de Deus. Tu és o
Deus dos deuses e o amigo dos três mundos. Ó oceano de misericórdia e compaixão, por
favor, salve-me! Ouvindo que és o salvador dos caídos, vim buscar Teu abrigo e implorar
salvação. Tu és o Senhor Govinda. És Gop€la e és o Senhor das almas rendidas. Nestes
três mundos não existe maior pecador do que eu. Por favor, livre-me desta intolerável
doença da lepra.
Ficando furioso, muito irado, o Senhor Vivambhara disse:
- Seu patife pecaminoso! Por que você blasfemou os vaiŠavas? Todas as entidades vivas
no mundo material são Minhas amigas. Entretanto, sou grande inimigo de quem inveja
um vaiŠava. Não Me importo quando alguém Me ofende, mas se alguém blasfema ®r…
vasa PaŠita, como posso ficar satisfeito? Você falou algumas palavras imencionáveis a
®r…vasa. Assim, mesmo após sofrer por cem vidas, ainda assim você não estará livre da
ofensa contra um vaiŠava. Externamente, você vê o Meu corpo, mas na verdade a Minha
vida são os vaiŠavas que moram em Meu coração.
Se alguém serve a um vaiŠava, mesmo tendo inveja de Mim, posso aliviá-lo de suas
misérias e liberá-lo se ele compreender sua falta. Entretanto, um tolo que comete
violência contra um vaiŠava não encontra nenhum abrigo. Na verdade, ele vai para o
inferno. Não posso lhe dizer por quanto tempo você irá sofrer no inferno. Você é o maior
patife e o homem mais pecaminoso. Você nunca vai ver terminar o seu sofrimento.
O leproso argumentou, chorando em desespero:
- Em outras encarnações o Senhor dava Sua misericórdia de acordo com as qualificações
e a devoção de alguém. Mas na Kali-yuga, toda a casa está cheia de pecadores. Se Tu
matares alguém que não é Teu devoto, então como Tu podes manter o título de patita-
pavana, o salvador dos caídos? Todas as glórias a Vivambhara, o mais poderoso. Tu és a
ponte da religião. As pessoas usarão esta ponte para atravessar a existência material. Ó
querido de ®ac…m€t€! Por favor, não me rejeites. Apesar de seres independente, se
sentires alguma compaixão por mim, mostre-me Tua misericórdia.
Então Gaur€‰ga foi à casa de ®r…vasa PaŠita e falou à assembléia de devotos reunidos
sobre o leproso que havia encontrado na estrada. Vivambhara disse:
- ®r…v€sa, aquele leproso sofrerá por muitas vidas pela sua vaiŠava-aparadha contra
você. Vi que seu corpo está derretendo, mas ainda assim não senti compaixão por ele.
Quando ele Me viu, aquele desgraçado implorou, "por favor, salve-me". Eu lhe disse que
ninguém poderia salvar um ofensor como ele. ®r…vasa, se você desejar conceder-lhe a
sua misericórdia, então aquele leproso será liberado.
Rindo, ®r…v€sa PaŠita respondeu a Gaur€‰ga:
- Meu Senhor, sou o mais baixo de todos. Apesar de seres o verdadeiro salvador, estás
me glorificando. Eu perdoo o leproso pecaminoso; que ele possa se ver livre da lepra.
Assim, vendo o amor pelo Senhor, Gaur€‰ga deu um alto urro. Neste momento o
leproso, que estava deitado perto do Ganges, ficou curado da lepra e conseguiu um corpo
maravilhoso. Ele foi correndo até a casa de ®r…vasa gritando:
- Onde está Gaur€‰ga, a lua do meu coração? Quem mais pode liberar alguém que é
cego pela doença da existência material?
O Senhor Gaurahari deixou a casa de ®r…vasa e foi Se encontrar com o ex-leproso. O
homem caiu ao solo se submetendo ao Senhor. ®r… Gaur€‰ga o levantou e o abraçou.
O Senhor o carregou de KŠa-prema que está além do alcance do Senhor Brahm€.
Cheio de amor por KŠa, o homem às vezes ria ou chorava fora de controle. Num
momento cantava, dançava como louco ou rolava no chão. Gritava:
- O Senhor Gaur€‰ga é amigo de todo mundo!
Vendo este milagre, os associados do Senhor ficaram felizes e as pessoas de Nadia
ficaram atônitas.
Locana d€sa diz por favor, ouçam os passatempos maravilhosos de Vivambhara em
Nadia. Simplesmente por ouvi-los vocês facilmente receberão prema-bhakti.

UM "BRÂMANE" AMALDIÇOA O SENHOR GAURš¥GA

Um brâmane veio certa vez à casa de ®r…vasa PaŠita enquanto Gaur€‰ga e Seus
devotos lá dançavam alegremente. Apesar do brâmane desejar, não lhe foi permitido o
ingresso para ver o Senhor dançar. Sentindo-se deprimido, voltou para casa. Estando
completamente absorto em compania de Seus devotos, o Senhor Gaur€‰ga não notou a
visita do brâmane.
No dia seguinte quando Gaur€‰ga estava Se banhando no Ganges, aquele brâmane veio
ver o Senhor e disse com um tom irado:
- Ontem, desejei ver-Te dançando, e fui até Tua casa. Mas, algum brâmane pecaminoso
recebeu-me na porta e não pude entrar.
Então o brâmane, quase sucumbindo de tanta ira, pegando o seu cordão sagrado
amaldiçoou o Senhor Gaur€‰ga:
- Tu também serás mantido fora de Tua casa, e nunca serás capaz de viver a vida
familiar.
Sem Se perturbar, o Senhor disse:
- A maldição deste brâmane é uma grande bênção para Mim.
Ouvindo isso, o brâmane ficou com medo e disse:
- O que posso fazer? Tu me fizestes falar desta maneira. És completamente independente,
o todo completo, a Superalma no coração de todo mundo. Tu liberas os falsos lógicos e
os especuladores mentais. Tomarás sanny€sa e distribuirás amor a Deus. As pessoas irão
se dirigir a Ti como "Guru". Gaurahari, é a jóia mais valiosa entre todos os brâmanes.
Quebrarás o fecho do tesouro de KŠa-prema e o darás a todo mundo. Prometestes
inundar o Universo inteiro com prema. Sem discriminação darás Tua misericórdia a todo
mundo, sejam descrentes ou piedosos. Somente eu é que estou sendo de Teu amor. Ó
salvador das almas caídas, sem a Tua misericórdia, qual será o meu destino?
O Senhor Gaur€‰ga disse:
- Sua maldição é uma grande bênção para Mim. Se você realizar o Meu desejo, não
precisa ter mais medo de nada.
Então o brâmane caiu aos pés de lótus do Senhor. Gaur€‰ga o levantou e o abraçou.
Recebendo a misericórdia do Senhor, o brâmane se derreteu em êxtase de KŠa-prema. O
Senhor Gaurahari satisfez o desejo do brâmane concedendo-lhe o Seu próprio amor, que
mesmo o Senhor Brahm€ não pode obter.
Os pecaminosos e de mentalidade malígna não podem compreender os passatempos
maravilhosos do Senhor Gaurahari. Locana d€sa canta alegremente sobre as sublimes
atividades de ®r…man Mah€prabhu.

GAURš¥GA SE TORNA O SENHOR BALARšMA E BEBE MEL

Agora por favor ouçam outro magnífico e bem-aventurado passatempo do Senhor Gaur€
‰ga em Nadia. Um dia enquanto o Senhor estava sentado entre os Seus devotos, uma
voz ressonando das nuvens ordenou:
- Dêm-me mel!
Neste momento o Senhor assumiu a forma de Halayudha (Senhor Balar€ma). Ele usava
uma vestimenta de uma azul brilhante, e parecia uma montanha branca. Possuia grandes
e maravilhosos olhos de lótus e maravilhosos pés. Todo mundo ficou surpreso e
arrepiado ao ver a forma transcendental do Senhor Balar€ma.
O fornecedor do amor agora dava livremente Seu amor. Dançando em êxtase, o Senhor
foi para a casa de Advaita e Mur€r…. Desejava dar os santos nomes de Hari.
Ao entrar em suas casas, Gaurahari disse com uma voz entrecortada:
- Dêm-Me mel!
E então ria muito. O Senhor parecia uma criancinha quando estendeu Suas mãos em
concha e disse:
- Quero mel! Quero mel!
Depois de beber um pouco de mel o Senhor deu um soluço de satisfação. Intoxicado de
amor, o Senhor dançou como louco com passos cambaleantes enquanto soluçava. Num
momento, Ele caiu no chão, noutro chorou. Um sorriso de embriaguês permanecia em
Seus lábios. Admirados, os devotos ofereciam stutis (orações) ao Senhor. Um devoto
disse "Hsikesa" ao tocar os pés do Senhor.
Mah€prabhu, no humor de Balar€ma, disse:
- Eu não sou ®r… KŠa, assim, tragam-Me mais mel.
Com Seu dedo, empurrou um brâmane que estava por ali. O Senhor disse:
- Este é um homem mau.
Sentindo-se embaraçado, este brâmane saiu. Desde a manhã até a tarde, Gaur€‰ga
desfrutou passatempos no humor do Senhor Balar€ma.
Segurando os pés de lótus de Narahari Sarakara, meu mestre espiritual, eu, Locana d€sa
vou descrever mais um sublime passatempo do Senhor Gaur€‰ga.
No dia seguinte Gaurahari continuou dançando no humor do Senhor Balar€ma. Com os
Seus cabelos esparramados sobre os ombros, mandou chamar Advaita e outros devotos.
Com uma voz doce e gentil Advaita šc€rya perguntou porque Ele os havia chamado.
Com voz entrecortada, Gaura disse:
- Vi Halayudha (Senhor Balar€ma) que Se parece como uma montanha branca, brilhante
como a luz do sol e decorado com ofuscantes ornamentos de ouro.
Enquanto dizia isso, Gaur€‰ga viu novamente a montanha branca. Novamente entrou no
humor de Balar€ma e dançou como louco. Os devotos, saboreando Balar€ma-prema,
começaram a se mover cambaleantes. As quatro direções se encheram de bem-
aventurança. Este êxtase continuou por dois dias.
No terceiro dia os devotos rodearam o Senhor que estava dançando continuamente no
centro. Num momento a Terra parecia dançar devido aos Seus passos vigorosos. Com os
olhos semi-cerrados com coloração avermelhada e falando com a voz entrecortada, o
Senhor parecia em elefante embriagado. Devido ao extático amor a Deus, o Senhor se
movia com passos cambaleantes. Saboreando a bem-aventurança de Balar€ma, o Senhor
dançou na roda a noite inteira.
De repente, uma doce fragrância de varun… (vinho de mel) veio da boca do Senhor,
saturando as imediações. Sentindo este aroma, os devotos ficaram intoxicados de amor a
Deus. Neste momento ®r…vasa PaŠita percebeu a chegada de muitas pessoas divinas
com vestimentas e ornamentos celestiais. Uma destas pessoas usava vestes azuis, um
brinco e tinha olhos alongados e atrativos. Outra usava vestes amarelas e um turbante
amarrado na cabeça. A beleza de suas roupas desafiava qualquer descrição.
O brâmane Vanam€li viu uma pessoa de compleição dourada que rivalizava com o monte
Sumeru, adornada com explêndidas gemas preciosas. Vanam€li se encheu de alegria ao
ver isso e seu corpo se arrepiou inteiro. Todo mundo ficou espantado. Usando as vestes
do Senhor Balar€ma, o Senhor dos três mundos dançava com os Seus devotos.
Depois de verem esta cena maravilhosa, os semideuses voltaram para suas residências
celestiais. Gaur€‰ga e os devotos dançaram o dia todo e por toda a noite. Eles brincaram
e se divertiram no Ganges e depois voltaram para suas casas.
Na manhã seguinte os devotos encontraram-se com o Senhor em Sua casa. Gaur€‰ga
disse:
- O Senhor Vah€ra Me abraçou e o Senhor Balar€ma entrou no Meu coração. Mural…
vaddana Se tornou o colírio para os Meus olhos.
Olhando para ®r…vasa, Ele disse:
- Dê-Me minha flauta!
®r…v€sa PaŠita respondeu bem humorado:
- Ouça Mah€prabhu, a filha de Bhismaka está em Tua casa. Hoje a noite, quando
trancares a porta, ela Te devolverá a flauta.
Em Navadv…pa, repetidamente, Gaur€‰ga e Seus associados íntimos desfrutavam de
tais passatempos extáticos transcendentais. Aqueles que conhecem a doçura da devoção
pura irão apreciar os explêndidos passatempos do Senhor em Nadia. Humildemente,
solicito que ninguém negligencie estes tópicos. Por favor dediquem suas mentes em
glorificar as maravilhosas atividades do Senhor Gaur€‰ga. Tentem entendê-los com o
coração e muito facilmente alcançarão ®r… KŠa, o controlador supremo. Locana d€sa
repetidamente diz que se vocês não servirem ao Senhor Gaurahari, não serão liberados.

GAURš¥GA GLORIFICA O SA¥KŸRTANA-YAJÑA


No dia seguinte Gaur€‰ga sentou-Se num assento divino e disse:
- As glórias do sa‰k…rtna-yajña estão mencionadas em todas as escrituras. Ele é a
essência de dharma, especialmente na era de Kali. Esta verdade é revelada no quinto
Veda (Mah€bharata, Pur€Šas) e glorificada pelas cinco bocas do Senhor ®iva. N€rada,
tocando sua vina e dançando, junto com ®ukadeva e Sanat Kumara, louvam
continuamente o sa‰k…rtana-yajña. Em Vnd€vana, R€dh€ e KŠa dançam em êxtase
com as gop…s em prema-sa‰k…rtana. Sa‰k…rtana-yajña também existe em Goloka.
O Senhor ®iva glorifica este mah€bhava-prema, mas não pode alcançar este grau de
amor puro. Este mesmo amor Eu manifesto em Kali-yuga.
As pessoas se tornam iluminadas por cantarem os nomes do Senhor. Na forma de
vibração sonora, o Senhor manifesta Sua misericórdia na Kali-yuga. O som dos nomes de
Hari satisfazem o universo inteiro. O sabor deste som é como o ghee. Ele penetra nos
ouvidos e cai no fogo do coração, acendendo o abrasante fogo de bh€va (amor a KŠa).
Então o corpo apresenta erupções e sintomas de êxtase como o choro, tremores e
arrepios. Livres de todos os pecados, as pessoas saboreiam o néctar de pura consciência
de KŠa e cantam e dançam com alegria ilimitada. Nesta ocasião, já não sentem nenhuma
atração pelos quatro tipos de liberação, mesmo que elas venham correndo atrás delas.
Todos os €c€ryas vaiŠavas estão sentados em volta do fogo de sa‰k…rtana-yajña para
garantirem todo sucesso. Saibam que certamente este sa‰k…rtana-yajña é a melhor
forma de adoração. Por realizar sa‰k…rtana-yajña obtem-se o tesouro de KŠa-prema.
Nity€nanda Avadhuta é o dono do armazem de prema e Gadadhara é a esposa dEle.
Advaita šc€rya estabeleceu firmemente o sa‰k…rtana-yajña ao Me chamar para este
mundo material. Levando todos os Meus devotos, como ®r…vasa, Narahari e outros,
difundi este movimento de sa‰k…rtana. Agora levem este sa‰k…rtana de porta em
porta. Deixem que todos os caídos, os pecadores sejam liberados.
Depois de ouvirem o Senhor Gaur€‰ga, os devotos começaram a chorar e cairam aos
Seus pés. Então Gaurahari os abraçou amorosamente. Por favor, todos vocês, desfrutem
destes tópicos transcendentais cantados pelo poeta Locana d€sa.

CAPITULO 9

PASSATEMPOS NA CASA DE CANDRASEKHARA

Por favor, ouçam atentamente a outro maravilhoso passatempo do Senhor Gaur€‰ga e


Seus eternos associados. Vivambhara é a jóia mais preciosa de todas as qualidades
transcendentais e é a compaixão corporificada. Um dia enquanto imerso em amor
extático, Gaur€‰ga e Seus associados foram para a casa de Candrasekhara šc€rya e
começaram a pregar.
O Senhor começou glorificando as gop…s de Vraja, mas Sua voz ficou entrecortada pela
emoção. Seus olhos ficaram vermelhos e lágrimas rolaram de Suas maravilhosas faces. O
Senhor, cujos pés são adorados por Kamal€ (Lakm…), então Se vestiu como uma gop…
e dançou jubilante. Srivasa, no humor de Narada Muni, ofereceu reverências a Gaur€
‰ga, perguntando-Lhe se o aceitava como Seu servo. Então ®r…vasa disse:
- Gad€dhara, ouça-me. Sei tudo sobre o seu passado. Você também é uma gop….
Anteriormente, você e todos os outros devotos estiveram em Vraja Gokula. Rejeitando o
apego pelos seus esposos, todos vocês prestaram serviço amoroso ao Senhor KŠa.
Gadadhara, como R€dh€€Š…, você é a principal energia de ®r… KŠa. Você é a gop…
principal e a mais querida amante de ®r… KŠa.
Como posso explicar a extensão das suas glórias apropriadamente? Este é o maior
segredo nestes três mundos. Brahm€, ®iva, Lakm…, Ananta, ®ukadeva, Prahl€da,
N€rada Muni ou qualquer outra autoridade não pode sondar a profudeza de seu serviço
devocional puro. Eles não podem alcançara a misericórdia que Você possui. Eles nem
mesmo têm uma gota do oceano do seu amor. Ignorando o amor de Lakm…, o Senhor do
Universo, Se encanta com este amor. Seu abençoado e prazeiroso amor encanta a todo
mundo. Somente Você e as gop…s compreendem a essência das glórias do Senhor.
Somente Você é quem controla o Senhor Supremo pelo seu amor. Uddhava e Akrura
sempre desejam servir a Seus pés para alcançarem Sua misericórdia.
Os devotos reunidos sentiram grande satisfação ao ouvirem as descrições de ®r…vasa
PaŠita. Eles abraçaram-se uns aos outros e dançaram felizes em prema-sa‰k…rtana.
Neste instante chegou Harid€sa segurando um bastão. Ele ria muito e foi dizendo:
- Ouçam por favor, meus amigos. Cantem sempre as glórias de Hari realizando sa‰k…
rtana.
Lágrimas rolaram abundantes de Harid€sa enquanto ele olhava o seu redor. Acatando
este conselho, os valorosos vaiŠavas imergiram no oceano de néctar dançando e cantando
um alegre sa‰k…rtana. Gaura R€ya também dançou em êxtase. Os devotos choravam
de amor e agarravam-se aos pés de Gaur€‰ga.
De repente Advaita šc€rya se juntou aos devotos reunidos. Ele é o rei dos vaiŠavas e a
morada de todas as qualidades espirituais. Sua beleza ilumina o mundo inteiro. Diante de
Vivambhara, Advaita šc€rya parecia uma poderosa expanção do Senhor. Ele cantava
"Hari! Hari!" e dançava entusiasmado para o espanto de todos os presentes. Da cabeça
aos pés todo o seu corpo estava arrepiado e lágrimas brotavam de seus olhos.
Contemplando os pés de lótus de Gaur€‰ga, ele rugia como um leão. Suspendendo seu
dhoti, pulava como louco. A assembléia de vaiŠavas parecia um inigualável mercado de
amor ao Supremo. Eles estavam felizes e mergulhados num oceano de néctar de KŠa-
prema extático.

GAURš¥GA SE MANIFESTA COMO DURGš Mš

Um dia o Senhor Gaur€Šga entrando no humor de uma gop…, vestiu-Se como gop….
Usava camiseta, sari, braceletes dourados e pulseiras de conchas. Seus olhos nadavam em
rasa. Sua cintura era muito atrativa e fina como um pulso. A beleza sem igual da
"gop…" encantava os três mundos.
A Sua refulgência corpórea era transcendental. A guirlanda de flores malati que adornava
Seu pescoço parecia o Suranad… (Ganges celestial) descendo do monte Sumeru. Gaura
Natar€ja (o rei de todos os dançarinos) saboreava vários humores extáticos de prema
conforme dançava.
Então de repente Ele Se lembrou de Lakm…devi, a deusa da fortuna. Gaur€‰ga Se
transformou no ViŠu de quatro braços e posou diante de Lakm…devi. Deu um passo
para trás e cobriu Seu rosto com as vestes. Os devotos cairam aos pés do Senhor,
oferecendo prazeirosas orações. Num humor extático alguém recitou orações glorificando
Lakm…dev…. Ele pediu a Ela a benção de prema-bhakti.
Neste instante o Senhor Se lembrou de Sua Adya ®akti (a deusa Durg€). Assumindo o
humor de Sua energia original, o Senhor Gaur€‰ga cativou a todos. Imediatamente, os
semideuses vieram e cantaram hinos védicos elogiando o Senhor Gaur€‰ga disfarçado
como Durg€. Sentado numa €sana divina, Adya ®akti sorriu gentilmente, mostrando
satisfação. Adya ®akti disse:
- Ó semideuses, vim ver o seu amor e devoção e especialmente o seu canto e sua dança.
Os semideuses disseram:
- Por favor, mostre-nos novamente a Tua devoção.
Adya ®akti disse:
- Ouçam todos. Sou a suprema e formidável CaŠi (deusa Durg€). Vou realizar os desejos
de todas as entidades vivas.
Os semideuses cairam aos Seus pés.
O Senhor Gaur€‰ga, ainda no humor de Adya ®akti, levantou Harid€sa e o colocou em
Seu colo, e o embalava como se ele fosse uma criança de cinco anos de idade. Os
devotos, pássaros, animais e todas as entidades vivas ficaram felizes e atônitas ao verem
isso. Um brâmane pediu:
- Gaur€‰ga, por favor, olhe com benevolência para o Teu querido servo Mur€r….
A face do Senhor, brilhante como o luar, sorridente e com lágrimas de compaixão que
molhavam os olhos avermelhados, contemplou aquele devoto.
Mãe ®ac…, em grande êxtase, submissamente adorou os pés do Senhor. Gaur€‰ga no
humor de K€ty€yan…, trouxe os devotos para mais perto de Si e os tratou com intenso
afeto maternal. Vendo-O como às suas mães, os olhos de todos encheram-se de lágrimas
de amor extático.
Um brâmane chegou e gritou:
- Prabhu!
Vendo sua aflição, o Senhor chorou e abandonou o Seu humor de aivarya (respeito e
reverência). Desta maneira, o controlador supremo, o Senhor Gaur€‰ga, manifestou Seu
amor. Os devotos cairam ao solo para prestar-Lhe reverências prostrados. Depois de
passar a noite inteira em êxtase, os devotos retornaram para suas casas.
Enquanto os devotos acompanhavam Gaur€‰ga, viram-nO segurando um bastão em Sua
mão. Assim, Gaurahari, o mestre supremo, mostrou Sua compaixão para com todas as
entidades vivas. Cheio de humildade, Ele removeu a agonia deste mundo.
Todo mundo que ouvir estes tópicos nectáreos se aliviará da aflição e sofrimento.
Envergonhe-se o patife pecaminoso que duvidar do poder purificador dos passatempos
transcendentais de Gaur€‰ga! Pelos argumentos, realizações ou estudo espiritual, não se
pode obter a liberação sem que se aceite Gaur€‰ga como o Senhor Supremo. Aquele
que pensa que Gaur€‰ga não pode manifestar todas estas formas transcendentais,
também nunca poderá ser liberado.
Deixem que as pessoas digam o que quizerem, mas devo declarar minha experiência com
o Senhor Gaur€‰ga. Deixem que elas concederem a verdadeira posição de ®r… Gaur€
‰ga Mah€prabhu. Infelizmente, mesmo quando a encarnação mais compassiva aparece,
algumas pessoas não O reconhecem. Por esta razão, meu coração chora ferido. Para quem
posso expressar esta minha angústia? Assim, Locana d€sa canta as glórias do Senhor
Gaur€‰ga.

CAPITULO 10

PASSATEMPOS ANTES DE TOMAR SANNYšSA

Agora vou contar algo maravilhoso que as pessoas comuns não podem compreender.
Para o bem estar de todos, o Senhor Gaur€‰ga dançou em êxtase de amor divino na casa
de Candrasekhara šc€rya. E então foi para casa. O brilho da dança do Senhor e de Seus
associados parecia o raiar de milhões de luas. Uma maravilhosa atmosfera acolhedora
pervadia toda a casa. Devido à brilhante refulgência, ninguém podia olhar para ela.
Supreesos com este maravilhoso passatempo, os residentes de Nadia pediram aos
vaiŠavas para explicarem o significado.
Os devotos disseram:
- Como podemos comprrender Gaur€‰ga? Só sabemos que na casa de Candrasekhara, a
jóia mais preciosa dentre todas as qualidades transcendentais dançou durante sete dias
sem interrupção, sem Se importar se era dia ou se era noite. Por sete dias Gaur€‰ga
dissipou Sua refulgência radiante em todas as direções. Nós nos banhavamos em Seus
refrescantes e bem-aventurados passatempos. Assim o filho de ®ac…m€t€ exibiu a
religião da compaixão.

SA¥KŸRTANA É A MELHOR RELIGIÃO

Tendo algumas dúvidas em sua mente, ®r…vasa PaŠita perguntou certa vez ao Senhor
Gaur€‰ga:
- Prabhu, por que se diz que por se realizar hari-n€ma-sa‰k…rtana na Kali-yuga obtem-
se o resultado supremo?
Mah€prabhu respondeu:
- Na Satya-yuga o dharma era a meditação; na Tetra-yuga era o sacrifício e na Dvapara-
yuga era a adoração a KŠa. Na Kali-yuga ninguém pode fazer estas coisas. Assim, o
Senhor Supremo veio como o Seu nome. Desta maneira, em Kali-yuga, hari-n€ma-sa
‰k…rtana é a forma mais poderosa de religião. Nas yugas anteriores os mah€janas
serviam o Senhor N€r€yaŠa com dhy€na, yajña ou arcana (meditação, sacrifício e
adoração). Em Kali-yuga, as pessoas são descrentes e pecaminosas. Assim, o compassivo
Senhor lhes deu um método fácil para alcançar a perfeição espiritual. Simplesmente por
realizar o yajña de hari-n€ma pode-se obter a perfeição com facilidade. O que se obtinha
nas eras anteriores com grandes austeridades, pode-se obter na Kali-yuga sem muito
esforço.
Colocando os pés de lótus de Narahari em meu coração, eu, Locana d€sa, descrevo feliz
os passatempos nectáreos de ®r…m€n Mah€prabhu.
Por alguma razão, um dia o Senhor Gaur€‰ga começou a pensar:
- Não posso mais continuar aqui. Devo ir para Vnd€vana. Onde está Minha Kalind…?
Onde está o Meu Yamun€ e as florestas de Vraja? Onde está Minha Govardhana,
Bahulavana e Bhandiravana? Onde está Lalit€, R€dh€, para onde foram? Onde estão
Nanda e Yaodam€y…? Onde estão Meus ®r…d€ma e Sud€nda?
Gaur€‰ga começou a correr e a chorar em êxtase pelas Suas vacas favoritas:
- Dhaval…! Samal…!
Num momento, colocou um punhado de grama entre Seus dentes e olhava ao redor
compassivo. Dizia:
- Quando largarei esta vida familiar? Quando alcançarei os pés do filho de Nanda
Mah€r€ja?
Suspirando profundamente, Gaur€‰ga arrebentou o Seu cordão bramínico. Naufragando
no miserável oceano de separação de KŠa, chorava:
- Hari! Hari!
Seu corpo apresentava pequenas pápulas de êxtase e os Seus olhos ficaram vermelhos por
estas emoções que despertavam. Vendo a condição de Gaur€‰ga, Mur€r… Gupta disse:
- Ó Senhor, podes fazer tudo aquilo que desejas. Mas, por favor, não vá embora sem
antes me avisar. Se fores de repente para um país distante, todos os devotos irão se
separar. Sentindo-se sem esperança, perderemos nossos corações e novamente cairemos
submersos na existência material. Posso dizer com certeza que se partires agora, tudo o
que já fizestes terá sido em vão.
O Senhor Gaur€‰ga permaneceu silencioso, incapaz de refutar os argumentos de
Mur€r…. Abandonou a idéia de sair de Navadv…pa. As pessoas de Nadia saboreavam o
Seu darana. Vivambhara satisfazia o coração e a mente de ®ac…m€t€ com a Sua
associação. Gaur€‰ga continuava vivendo com ViŠupr…y€ e desfrutando do seu amor.
Gaurahari passava os dias alegremente com os Seus amigos e parentes.
Dia após dia, Gaur€‰ga e Seus associados realizavam sa‰k…rtanas extáticos. As
senhoras de Navadv…pa contemplavam encantadas. A beleza de Gaura excedia os
limites da formosura. Decorava-Se com lindos ornamentos e pequenas flores malat…
decoravam os Seus cabelos. Sua precisa marca de tilaka encantava as mentes de todos.
Seu dhoti, muito brilhante, tinha uma barra vermelha. A encantadora beleza de Gaur€
‰ga superava tudo nestes três mundos. Conforme os seus humores de afeto amoroso, os
residentes de Nadia viam o Senhor de forma diferente.

VI®VAMBHARA SE ENCONTRA COM KE®AVA BHARATŸ

Sorrindo gentilmente, Gaur€‰ga disse:


- Esta noite tive um sonho. A melhor jóia entre os brâmanes veio até Mim e proferiu o
mantra de sanny€sa em Meu ouvido. Uma vez que este mantra entrou em Meu coração,
posso lembra-Me de cada detalhe dele. Desde este momento, Meu coração ficou absorto
em uma coisa. Como posso fazer qualquer trabalho, abandonando o Senhor de Minha
vida? Aquele cuja compleição desafia a luxúria da safira azul está constantemente
sorrindo e reside no âmago de Meu coração.
Mur€r… Gupta disse:
- Por favor meu Senhor. Tu és o criador deste mantra.
Gaur€‰ga disse:
- Suas palavras não Me satisfazem. Quanto mais tento controlar Minha mente, mais ela
grita em desafio. Ouça-Me, não Me diga mais nada. O que posso fazer? É a potência do
mantra que Me faz agir desta maneira. Apesar das suas palavras não posso Me controlar
mais.
Após ouvirem isso, os devotos ficaram preocupados. Com muita dor no coração, Locana
d€sa descreve isso.
Depois de pouco tempo Ke€va Bharat… veio a Navadv…pa. Ele tinha uma consciência
pura e era o mais poderoso dos sanny€s…s. Em sua vida anterior Keava Bharat… havia
feito inúmeras atividades piedosas para alcançar a suprema posição de um
mah€bhagavata. Ele ficou muito satisfeito quando viu Vivambhara pela primeira vez.
Ao ver aquele ilustre sanny€s…, Gaur€‰ga foi recebê-lo e lhe ofereceu respeitos.
Lágrimas caíram dos olhos do Senhor quando viu aquele sanny€s… puro e refulgente.
Vendo as transformações do corpo do Senhor, aquele inteligente sanny€s… soube o que
deveria ser feito. Keava Bharat… Gosv€m… disse:
- Parece que Tu és ®ukadeva ou Prahl€da.
Gaur€‰ga respondeu chorando alto. Surpreso, Keava Bharat… continuou falando:
- És a própria Suprema Personalidade de Deus. Não há dúvidas quanto a isso. És a vida
do Universo.
Chorando, Gaur€‰ga disse:
- Quando alcançarei os pés de lótus de KŠa? Tens um grande apego por KŠa. Desta
maneira, vês KŠa em todo lugar. Quando serei capaz de ver KŠa? Quando usarei os trajes
de sanny€s… e verei KŠa? Viajarei por todos os cantos da Terra procurando o Senhor de
Minha vida, ®r… KŠa.
Depois de oferecer respeitos a Keava Bharat…, o Senhor Guar€‰ga foi para Sua casa.
Encontrando-o na estrada, Gaur€‰ga disse a ®r…vasa para que levasse o sanny€s…
para sua casa. ®r…v€sa entreteve Keava Bharat… com uma magnífica pras€da. No dia
seguinte, Keava Bharat…, o melhor entre os sanny€s…s, deixou Navadv…pa. O Senhor
Gaur€‰ga sentiu-Se triste ao ouvir sobre a partida do sanny€s…. Naquele momento, o
Senhor desejou, no fundo de Seu coração tomar sanny€sa. Compreendendo Suas
intenções, Mukunda tentou dissuadi-lO de diversas maneiras de tomar a ordem
renunciada da vida.

OS DEVOTOS NÃO PODEM SUPORTAR A SEPARAÇÃO DE GAURš¥GA

Todos os associados íntimos do Senhor se encontraram na casa de ®r…vasa PaŠita. Com


uma voz muito emocionada, Mukunda se dirigiu a eles:
- O Senhor Vivambhara deseja deixar Navadv…pa em breve para tomar sanny€sa.
Enquanto Ele permanecer entre nós, saboreiem Sua beleza com olhos deleitados e ouçam
atentamente às Suas palavras. Em breve o Senhor irá deixar Sua casa, mulher, mãe e
Seus servos.
Ao ouvirem estas tristes noticias, o coração de todos queimou de dor. Eles começaram a
imaginar uma maneira de impedir Gaur€‰ga de partir e tomar sanny€sa. Entretanto,
ninguém pode controlar o independente Senhor Supremo. Sentindo-se extremamente
apreensivos, os devotos choravam e rolavam no chão. Eles exclamavam:
- Ó Senhor Vivambhara, ó Senhor de nossos corações! Para onde vais, nos deixando a
sós para sermos devorados pela serpente de Kali-yuga? Com medo de Kali nos abrigamos
em Ti. Na Tua presença a serpente de Kali não pode nos afetar.
Naquele instante o Senhor Vivambhara chegou à casa de ®r…v€sa e disse:
- Não tenham medo. Para alcançar KŠa-prema devo viajar a um país distante. Vou trazê-
lo de volta e dá-lo a todos vocês. Ouça ®r…vasa, ó melhor entre os brâmanes. Assim
como um negociante tem grande trabalho para conseguir riqueza e manter os seus amigos
e familiares, da mesma maneira, Eu coletarei o tesouro de KŠa-prema e o trarei para
todos.
®r…v€sa disse:
- Gaur€‰ga, meu coração está queimando, entretanto continuo vivendo. Somos como
patifes pecaminosos, mas Tu és o maior dos trapaceiros. Não podemos compreender o
Teu comportamento. Somos tolos e rejeitamos as nossas famílias, deveres e tudo mais
para nos abrigarmos a Teus pés de lótus. Vendo-nos tão caídos como podes deixar-nos?
Sabemos pelas escrituras que és o salvador dos caídos. Assim sendo, abandonamos os
nossos deveres religiosos e nos rendemos completamente a Ti. Senhor, nós imploramos,
por favor, não nos deixe desta maneira.
Por dentro Teu coração é mais duro do que um raio, entretanto externamente Teu corpo é
suave e fragrante como um lótus. De início pensamos que Teu coração também seria
macio, mas agora percebemos que ele é muito duro. Teu coração é como um pote de
veneno coberto com uma fina camada de leite. Teu coração é como uma guloseima feita
de madeira e coberta por cânfora muito aromática. Apesar de atrativa, ninguém pode
desfrutar dela. Como podes ser tão cruel conosco? Qual a finalidade de nossas vidas se
Tu nos deixar e partir para um país estranho? Como poderemos viver um segundo sem
Te ver?
Chorando copiosamente e com a voz entrecortada, Mur€r… Gupta disse:
- Ó meu Senhor Vivambhara, Gaur€‰ga. Este baixo Mur€r… diz que com Tuas próprias
mãos plantastes uma maravilhosa árvore. Regando-a dia e noite, fizestes com que ela
crescesse. Com muito cuidado a protegestes e a mantivestes. Atastes muitas jóias em suas
raizes.Mas antes que ela pudesse produzir flores e frutos, Tu a cortastes. Da mesma
maneira, se nos deixares, todos morreremos com o coração partido. Dia e noite só
ansiamos em saber de Ti. Até em sonhos vemos constantemente Tua face de lua. Agora
vais nos deixar para sermos engolidos pelo tigre da existência material. Por que Te
tornastes tão cruel?
Então todos os devotos cairam aos pés de Gaur€‰ga dizendo:
- Ó amigo dos pobres! Ó Senhor daqueles que nada têm! Ó salvador dos caídos! Ó
Senhor do Universo!
Alguns tinham pedaços de grama entre os dentes e imploravam ao Senhor. Outros
levantavam suas mãos sobre a cabeça e chamavam repetidamente pelo Senhor Gaur€
‰ga.

GAURš¥GA NÃO PODE SUPORTAR A SEPARAÇÃO DE K¬±¦A


Tentando acalmar Seus devotos, Gaur€‰ga disse:
- Vocês são Meus servos pessoais. Ouçam-Me, por favor.
O Senhor tentou falar, mas Sua voz estava entrecortada de emoção. Lágrimas caiam de
Seus olhos, que estavam vermelhos como o sol nascente. Tomado pelo amor, o Senhor
manteve-Se em silêncio. E conseguiu dizer:
- Temendo a separação de Mim, vocês se tornaram tristes e miseráveis. Mas, Eu mesmo,
estou tomado pela separação de KŠa. Para Me proporcionarem prazer, vocês apareceram.
Como vocês dizem Me amar? Separado de KŠa Meu coração e os Meus sentidos estão
queimando. Meus membros pegam fogo e a febre consome todo o Meu corpo. Até Minha
mãe parece o fogo e suas palavras são como um veneno para Mim. A vida sem KŠa não é
vida de maneira alguma. É como a vida dos pássaros e dos animais. Um corpo morto tem
forma mas não tem vida, no entanto muitas entidades vivas vivem neste corpo. Sem KŠa
todas as atividades religiosas são inúteis. É como um brâmane sem conhecimento védico,
uma jovem esposa sem esposo ou um peixe sem a água. Sem o bem estar qual é o sentido
de uma vida doméstica? Qual a utilidade de iniciar uma sociedade erudita entre
analfabetos? Meu coração palpita pela separação de KŠa. Neste estado não posso ouvir
seus apelos. Tomarei a veste de sanny€s… e viajarei por todos os países em busca do
Senhor de Meu coração.
Então o Senhor Gaur€‰ga chorou, caiu no chão e arrebentou Seu cordão de brâmane.
Com uma voz piedosa, implorou:
- Ó Pranan€tha! (Senhor do Meu coração)
O Senhor Gaur€‰ga continuou:
- Ouçam todos vocês. A existência material é duvidosa, perigosa e cheia de veneno. Sem
que os outros vejam, este veneno está sempre queimando o Meu coração. Meus sentidos
insassiáveis sempre desejam prazeres. Os desejos de prazer material aumentam dia a dia
sempre em novas formas. Desejos como cobiça, luxúria, inveja, ira e falso prestígio
nunca se separam do ser humano. Eles roubam a mente e ficam grudados no coração.
Nunca se obtem o controle de tais desejos. Extremamente atados por m€y€ na forma de
pecados e desejos materiais, nos esquecemos de KŠa e vagamos nesta falsa concepção
corpórea, de casta e de credo. Todas estas coisas maravilhosas do mundo nos fazem
esquecer de KŠa. Quando se começa a servir a KŠa, então a verdadeira vida se inicia.
Sabendo que esta forma de vida humana é muito rara, ainda assim abandonei o serviço a
KŠa e agora vou morrer.
Ouçam todos, falo a essência da verdade. Todos vocês, por favor, Me abençoem, para
que o amor a KŠa possa se desenvolver em Meu coração. Por favor, cantem sempre as
glórias de KŠa. Que vocês sempre possam ver a face maravilhosa de KŠa e Seus olhos de
lótus. Que seus corações possam se manter atados a Seus pés de lótus. O que mais posso
dizer? Sem ver KŠa em Meu coração, estou queimando vivo. Estou Me afogando no
oceano da existência material sem nenhuma esperança. Aquele que vê KŠa como pai,
mãe, guru, amigo e o único Senhor, pode adorar o Senhor com facilidade. Vocês são
todos os Meus mais queridos amigos, e são devotos elevados. Não deixem de Me dar sua
misericórdia. Logo tomarei sanny€sa e distribuirei amor ao Supremo para o bem-estar de
todo mundo.
Então Vivambhara rolou no chão, espalhando poeira pelo Seu corpo dourado. Respirava
ofegante e cantava tumultuosamente:
- Hari! Hari!
Seu corpo inteiro inrompeu em arrepios e calafrios. Às vezes falava com voz
entrecortada. E então chorava, ria e pulava devido ao êxtase de separação de KŠa. Noutro
instante rugia:
- R€dh€!
E noutro erguia o dhoti e batia com os punhos no peito gritando:
- Hari! Hari!
Seus amigos sentiram-se tristes e desesperançosos, imaginando o que poderiam dizer para
confortar o Senhor nesta angústia de separação. Mur€r… Gupta disse:
- Gaurahari, por favor, ouça. Tu és completamente independente em todos os aspectos.
Para ensinar aos outros e para mostrar-lhes compaixão, exibes estas dores de separação.
De acordo com a Tua própria vontade, fazes o que bem desejas. Quem pode explicar o
Teu comportamento? Conheces tudo, e nós somos apenas entidades vivas insignificantes.
Não sabemos como será a nossa próxima vida; pode ser de mosca ou inseto. Tu és amigo
de todos e um oceano de misericórdia. Depois de resolveres, fazes o que tens de melhor a
fazer.
Gaur€‰ga sorriu e abraçou os devotos. Manifestando Seu amor, o Senhor disse:
- Ouçam todos. Não duvidem de Minhas palavras. Onde quer que vá, sempre estarei com
vocês como o seu abrigo.
Então Vivambhara Se despediu dos devotos e foi para Sua casa.

CAPITULO 11

A LAMENTAÇÃO DE ®ACŸMšTš

Apesar de ®ac…m€t€ nada saber sobre o plano de seu filho de tomar sanny€sa, sentiu
palpitação em seu coração devido ao comportamento anormal de Gaur€‰ga. Locana
d€sa imagina como alguém pode abandonar a associação de Gaur€‰ga que se assemelha
a um oceano de amor.

®ACŸMšTš IMPLORA QUE GAURš¦GA PERMANEÇA COMO G¬HASTHA

De algum modo ®ac…dev… soube do plano de Gaur€‰ga de abandonar o lar e tomar


sanny€sa. Ouvindo as novidades, caiu inconsciente ao solo. ®ac…dev… corria como
louca por toda Navadv…pa. Perguntava a todos se aquela noticia era verdadeira.
Aproximando-se de Vivambhara, ela suspirou fundo e disse:
- Você é o meu único filho, o único olho em meu corpo. Se perder Você, ficarei na
escuridão. Querido, ouvi dizer que Você planeja tomar sanny€sa. Isto me faz sentir como
se o céu desabasse sobre a minha cabeça. Ficarei só, sem ninguém. Esqueci-me de tudo
além de Você. Você é a jóia em meus olhos, a lâmpada em nossa família. Todo mundo
em Nadia diz que sou muito afortunada e ter Você como filho. Não acabe com este meu
orgulho. Tudo estará destruido se Você partir. Aqueles que antes me olhavam como
afortunada voltarão suas faces ao me verem para evitar inauspiciosidade.
Um filho como Você trás a maior glória para a família. Sem Você minha vida ficará
vazia e solitária como uma floresta. Se Você me trouxer este infortúnio, me deixando tão
aflita, vou me afogar no Ganges. Como os Seus pés macios irão suportar as pedras da
estrada? Quem lhe dará alimento quando estiver faminto e com sede? O Seu corpo macio
como manteiga se derreterá sob o sol escaldante. Como Sua mãe, como suportarei tanta
aflição? Ó, meu Nimai dourado! A me deixar, onde Você encontrará refúgio?
Enquanto Você ainda estiver aqui vou beber veneno, assim não terei de ouvir que Você
tomou sanny€sa. Se Você tomar sanny€sa e sair por aí, vou me atirar no fogo da morte.
Você e tão bondoso com todas as entidades vivas, exceto comigo, com quem não tem
compaixão alguma. Não posso compreender porque a Providência me trata tão
severamente. Meu filho, Sua beleza, qualidades e comportamento são glorificados em
todos os três mundos. A esplendorosa beleza de Seus cabelos e vestes encantam todas as
mulheres. Meu coração sente-se satisfeito ao ver flores malat… decorando os Seus longos
e maravilhosos cabelos espalhados sobre os Seus ombros. Ver Você segurar os €stras em
Sua mão e andar pela estrada com os Seus amigos dá imenso prazer à minha mente. Meu
querido, como Você pode abandonar a associação de Seus associados e deixar de fazer sa
‰k…rtana?
Tomando sanny€sa, Você vai matar todo mundo. Primeiro, eu vou morrer, depois
ViŠupr…y€ morrerá e depois os devotos que perecerão com os seus corações
despedaçados. Todos os devotos como Mur€r…, Mukunda Datta, ®r…v€sa, Advaita
šc€rya, Harid€sa, Gad€dhara, Narahari, ®r… Raghunandana, Vasudeva Gosh,
Vakresvara PaŠita e ®r… R€ma vão morrer sem ver Você. Meu filho querido, por favor
considere tudo isso e não nos deixe para tomar sanny€sa. Filho, agora Você não tem pai.
Apesar disso eu consegui que Você se casasse duas vezes. Você não tem filhos. Ainda é
muito jovem e sanny€sa não foi feita para os jovens. Fique na vida familiar e realize os
deveres necessários. Na juventude a influência da luxúria, ira, cobiça e ilusão são muito
fortes. Desta maneira, tomar sanny€sa nesta idade pode fazer com que Você não consiga
manter o voto de renúncia. Se Sua mente não for tranquila, como poderá manter-Se na
ordem de sanny€sa? Chefes de família não são responsáveis por seus pensamentos
pecaminosos, mas um sanny€si cairá se não puder controlar sua mente e mantê-la pura.

VI®VAMBHARA ACALMA ®ACŸMšTš

Depois de ouvir a Sua mãe, Vivambhara falou-lhe palavras de conforto. Ele disse:
- Mãe, por favor, ouça a história nectárea sobre Dhruva Mah€r€ja, e como ele se tornou
um devoto famoso pela misericórdia de sua mãe.
Gaur€‰ga citou um verso:
"Que boas qualidades tem um caçador? Que idade Dhruva tinha? Gajendra tinha algum
conhecimento? O corpo de Kubja tinha alguma beleza? Sud€ma era muito rico? Vidura
tinha um nascimento elevado? Que valor tinha o rei dos Yadus, Ugrasena? O Senhor
Supremo, M€dhava, é conquistado somente através da devoção amorosa, não pelas
qualidades materiais.”
GAURš¥GA CONTA A HISTÓRIA DE DHRUVA MAHšRšJA

- Ouça mãe, agora vou lhe contar como um menininho de cinco anos chamado Dhruva
alcançou a posição mais exaltada. Svayambhuva Manu, o filho mental de Brahm€, era
poderoso e formidável Seu corpo era praticamente espiritual. Ele tinha dois filhos, Pr…
yavrata e Uttan€pada, que se tornaram grandes reis por misericórida do Senhor Brahm€.
O rei Uttan€pada tinha duas esposas, Suruc… e Sunit…. Suruc… tinha sete filhos; um
era chamado Uttama. Sunit…, entretanto, tinha só um filho, chamado Dhruva.
Suruc… se tornou a rainha favorita do rei Uttan€pada. Negligenciada pelo esposo,
Sunit… tinha que atuar como criada de Suruc…. Sunit… sofria tanto que sua lamentação
poderia fazer pedras flutuarem e os oceanos secarem. Apesar de rainha, Sunit… era
forçada a comer arroz quebrado e vegetais sem sal. Ela e seu filho de cinco anos de
idade, Dhruva passavam muitas misérias.
Um dia o rei sentou-se em seu trono cravejado de jóias, desfrutando com Suruc…,
Uttama e os outros seus seis irmãos. Dhruva, que estava sujo de poeira por ter brincado
com os seus amigos, também tentou subir ao trono de seu pai. Mas seus sete primos o
empurraram para o chão. Com o orgulho ferido, Dhruva começou a chorar. Seu pai,
entretanto, sendo controlado pela sua rainha Suruc…, manteve-se em silêncio. Dhruva
não compreendia que sua mãe Sunit… não era a favorita do seu pai.
Suruc… admoestou Dhruva:
- Você está chorando sem motivo. Sendo filho de uma criada, você pensa tolamente que
pode se sentar em um trono. Vida após vida, sua mãe nunca serviu ao Senhor KŠa. Você
não tem vergonha em tentar subir no trono do rei? Você é filho de uma não devota
desafortunada. Como é possível que você venha a sentar no trono?
depois de ouvir sua madrasta, Dhruva chorou e foi ter com sua mãe Sunit…. Dhruva
disse:
- Mãe, a minha mãe madrasta me bateu e me empurrou do trono. Ela disse que você não
serviu a KŠa. Disse que eu devia ter vergonha de tentar sentar no trono de jóias. Até
agora não sabia que você era só uma criada. Isso parece estranho para mim.
A mãe de Dhruva chorando disse:
- Querido, sou muito desafortunada. Vida após vida jamais servi a KŠa, de quem na
realidade todos são servos. Não chore se alguém o magoa ou critica por ser filho de uma
criada.
Mãe Sunit… continuou falando palavras de conforto para seu filho. Disse:
- Dhruva, você não é o predileto de seu pai; assim, você teve problemas ao subir no
trono. Não chore Dhruva, ouça bem. Sua madrasta é muito afortunada porque em sua
vida anterior adorou o Senhor KŠa. Quem serve aos pés de lótus de KŠa pode obter tudo
o que deseja, o que dizer de um trono insignificante. Agora abandone este seu falso
prestígio, adore KŠa e tudo o que desejar alcançará com facilidade. Dhruva, por que você
é meu filho, sempre ouvirá palavras sarcásticas das pessoas. Assim, como pode desejar
ter o previlégio de se sentar no colo de seu pai? Sou muito desafortunada desde o meu
nascimento.
Depois de dizer isso, lágrimas rolaram dos olhos de Sunit…. Ela continuou:
- Ouça filhinho, só o Senhor KŠa pode remover esta sua miséria. Por servir a KŠa,
semideuses como Brahm€ e outros, receberam postos elevados em planetas celestiais. Se
você adorar KŠa, será adorado nos três mundos, o que dizer de sentar-se num trono?
Dhruva, você pode alcançar KŠa em Madhuvana, uma das doze florestas de Vnd€vana.
Se você conseguir o trono, então o seu nome estará justificado, pois ele quer dizer "firme
determinação".
Tomando a poeira dos pés de sua mãe sobre a cabeça, Dhruva decidiu deixar o lar num
momento auspicioso. Vendo Dhruva absorvendo sua mente nos pés de lótus de KŠa, os
semideuses faziam uma grande torcida. Depois de fixar a meta de alcançar o amor de
KŠa em seu coração, Dhruva partiu para a floresta de Madhuvana.
Apesar de encontrar frutas doces e água fresca pelo caminho, Dhruva não comeu ou
bebeu nada pelo caminho. Ele não prestou atenção na fome e na sede. Estava com uma
determinação canina. Ao verem isso, os semideuses ficaram preocupados, temendo que
seus postos elevados pudessem ser capturados pelas austeridades daquele menino. N€rada
encontrou Dhruva na estrada e disse:
- Você é filho de um rei. Na sua idade deveria estar brincando e desfrutando de várias
jogos infantis. Por que mantem tanta ira em sua mente? De acordo com a tradição, um
menininho não se isola na floresta. Quando você ficar velho, daí então você poderá servir
a KŠa.
Dhruva disse:
- N€rada, o que acontece se eu morrer jovem?
N€rada Muni estava contente em ver a introspecção de Dhruva. Então deu a ele o mantra
de doze sílabas: Om mano bhagavate vasudevaya.
Dhruva disse:
- N€rada, por não servir a KŠa tenho sofrido muito. As palavras de minha madrasta me
feriram profundamente. Você é muito bondoso. Vendo a minha posição desafortunada,
por favor, remova minhas misérias e me instrua sobre KŠa. Ouvi dizer que por servir a
KŠa poderei obter um cargo elevado, inimaginável até pelo meu pai e pelos meus
ancestrais.
N€rada disse:
- Dhruva vá para a floresta de Madhuvana, às margens do Yamun€ em Vnd€vana. Sente-
se em meditação constante e cante suavemente: Om namo bhagavate vasudevaya. Dentro
de sete dias você alcançará a realização.
Dhruva ficou muito feliz de receber a iniciação de N€rada. Prestou reverências ao grande
sábio N€rada e foi para Vnd€vana. Sete dias depois, Dhruva chegou em Madhuvana. Ao
ver as árvores dos desejos de Vraja-dh€ma, Dhruva se liberou da ignorância.
Dhruva sentiu uma bem-aventurança sempre crescente por viver naquela bela floresta de
Madhuvana. Ele jejuou no primeiro dia. No dia seguinte, acordou cedo, tomou banho no
Yamun€ e começou a cantar o mantra. Não sentindo fome nem sede, Dhruva derramava
lágrimas de alegria. A cada cinco ou sete dias ele comia um badari (uma fruta selvagem
insípida). O resto do tempo tomava algumas gotas de água misturada com folhas de
turmerique.

OS SEMIDEUSES TESTAM DHRUVA

Dhruva quebrou o seu jejum após um mes. Ele permaneceu sobre uma perna só e de
mãos postas enquanto cantava o mantra de doze sílabas: Om namo bhagavate
vasudevaya. Mesmo no escaldante calor do verão, ele não parava com a sua meditação.
No inverno, Dhruva permanecia dentro do Yamun€. Tolerou muito sofrimento durante a
estação das chuvas. Meditando continuamente no Senhor, Dhruva entrou em sam€dhi.
Os semideuses, temerosos de perderem os seus postos, estavam surpresos ao verem a
severidade das austeridades de Dhruva. Brahm€, Indra, Kuvera e Varuna discutiram
como ®r… KŠa poderia ajudar Dhruva a retirar-lhes o poder. Eles planejaram distrair
Dhruva em suas rigorosas penitências. Brahm€, ®iva e outros semideuses, foram testar
Dhruva.
Um dos semideuses gritou para Dhruva:
- Dhruva, você veio até aqui para morrer?
Outro disse:
- Dhruva, o seu pai morreu.
Outro semideus disse:
- Dhruva, olhe uma cobra venenosa que está vindo te picar e te matar.
E continuaram dizendo:
- Dhruva sua mãe morreu.
- Dhruva, corra depressa daqui. Um grande incêndio da floresta está se aproximando
rapidamente, em breve você vai morrer queimado.
Vendo que Dhruva permanecia resoluto e desapegado, Indra montou em Airavata (seu
elefante carregador) e o atacou. Não conseguindo destroçar o menino com suas presas.
Airavata aterrorizou Dhruva envolvendo-o em sua tromba. Dhruva permanecia impávido.
O semideus V€yu tentou engolir Dhruva assumindo a forma de um pítom. Surya, (o deus
do sol) transformou-se num tigre para beber o sangue de Dhruva. Atando-o com
serpentes, tentou arremessar Dhruva ao fogo. Candra (o deus da lua) tentou afogar
Dhruva no Yamun€.
Para quem cantou os nomes de KŠa, que mal podem fazer as picadas de milhões de
serpentes? Falhando em quebrar a determinação da meditação de Dhruva, Brahm€,
Surya, Indra e os outros semideuses foram embora desgostosos. Completamente
imperturbável, Dhruva continuou em sua meditação, fixando sua mente nos pés de lótus
do Senhor V€sudeva.
Locana d€sa canta alegremente os gloriosos passatempos de ®r… Gaur€‰ga
Mah€prabhu. Ó Gaur€‰ga, és o salvador dos caídos. Todas as glórias para Ti, que
liberas misericordiosamente os mais baixos dos caídos. O Senhor Gaur€‰ga continuou
contando a ®ac…m€t€ os passatempos de Dhruva Mah€r€ja:
- ®ac…m€t€, enquanto Dhruva mantinha sua meditação, N€rada Muni foi visitar
VaikuŠ˜ha. Com uma doce música de sua vina, N€rada Muni entretia ViŠu, que estava
sentado no trono junto com Lakm…dev…. Sorrindo gentilmente, ViŠu inclinou-Se e
disse:
- N€rada, por que hoje não estou desfrutando a sua vina?
N€rada respondeu:
- Ouça, meu querido Senhor de olhos de lótus. Hoje Tua mente não encontra prazer em
minha música, porque estás pensando em um de Teus devotos. És o Senhor dos pobres.
O Senhor ViŠu disse:
- Quem é este devoto que está se lembrando de Mim?
N€rada Muni respondeu:
- Dhruva, o filho do rei Uttan€pada. Ele é um menino santo, mas infelizmente, sua mãe
Sunit… não é querida pelo seu esposo. A madrasta de Dhruva, Suric…, uma vez estava
sentada no trono com o rei Uttan€pada e brincando com os seus sete filhos. Vendo a
diversão, Dhruva tentou subir no trono do rei, mas Suric… o empurrou para baixo. O
pobre Dhurva caiu ao solo chorando. Sendo controlado pela sua esposa, o rei se manteve
em silêncio. As ações e palavras queimaram o coração de Dhruva. Apesar de ser ainda
um menininho, saiu de casa e foi para a floresta de Madhuvana realizar intensa tapasya
(penitência).

O SENHOR VI±¦U ABENÇOA DHRUVA

O Senhor ViŠu de olhos de lótus, sorrindo suavemente, disse com voz doce:
- N€rada, Eu não dou misericórdia para quem não é iniciado. Também não tomo as
ofensas de quem não é iniciado. Certamente que concedo Minha misericórdia para
qualquer um que abandone os seus pais, vá para Madhuvana e medite em Mim enquanto
realiza severas austeridades. N€rada, um não-devoto não pode nascer do ventre de uma
devota. Por Meu interesse, um vaiŠava pode tolerar qualquer dificuldade. Sempre darei
Minha misericórdia a um devoto. Assim, darei a Dhruva o que ele desejar. Nunca posso
negligenciar um devoto que pensa em Mim.
N€rada disse:
- Meu Senhor, Dhruva é iniciado por mim. Por favor seja misericordioso com ele. Vá vê-
lo e o libere do fogo da existência material.
O Senhor ViŠu subiu em Garua e voou bem depressa para a floresta de Madhuvana para
ver Dhruva. Sorrindo gentilmente, o Senhor disse:
- Dhruva, Meu menino, vim de VaikuŠ˜ha para lhe dar uma bênção.
Interrompendo sua meditação, Dhruva levantou-se e de mãos postas disse:
- Ó Senhor, que bênção devo pedir-lhe? Por favor, dê-me Tua misericórdia. Isto
aumentará Tua fama e Tua glória.
O Senhor ViŠu disse:
- Vou realizar-lhe todos os desejos e dar-lhe a posição que deseja. Por que você veio a
Madhuvana? Foi devido a sua madrasta ter o expulsado do trono? Se Eu não lhe garantir
uma posição elevada, como poderei manter o título de "realizador de todos os desejos?
Dhruva disse:
- Considero uma posição elevada tão insignificante quanto uma folha de grama. A menos
que alguém se torne Teu devoto, todas as outras conquistas são tão insignificantes quanto
um punhado de cinzas.
O Senhor ViŠu proclamou:
- Vou dar-lhe todos os tronos de jóias. Você alcançará o posto mais elevado nestes três
mundos. Você, o filho de Uttan€pada, se tornará rei e todos os seus súditos serão Meus
favoritos. Sua morada vai ser chamada Dhruvaloka, que estará situada acima dos planetas
dos sábios.
Depois de dizer isso, ViŠu desapareceu. Por ordem do Senhor Vivakarma construiu
Dhruvaloka. Depois de receber esta bênção, Dhruva partiu para casa. O rei Uttan€pada
estava muito aflito com a ausência de Dhruva. Até mesmo sua madrasta chorava e estava
preocupada quanto ao seu bem-estar.
O rei disse:
- Estou causando aflição e infortúnio para meu próprio filho. Ó, quando o verei de novo?
E disse para a mãe de Dhruva:
- Sunit…, de hoje em diante você será a minha rainha chefe. E todas as outras rainhas
servirão você.
Desconsolado em não ver mais o seu filho Dhruva, o rei caiu ao solo desmaiado. Neste
instante, o grande sábio N€rada Muni chegou ao palácio. O rei recebeu-o com adoração e
rituais apropriados. Depois de lavar os pés de N€rada, o rei revelou sua mente ao sábio.
O rei disse:
- Tinha um filho de cinco anos de idade, mas ele saiu de casa sem me dizer nada.
N€rada respondeu:
- Seu filho Dhruva enfrentou muitas dificuldades na floresta. Ele se tornou devoto do
Senhor KŠa e logo voltará para casa.
N€rada citou um verso sânscrito:
"Bem abençoados aqueles ancestrais cujo membro da família se torna um devoto puro.
Um devoto puro purifica a família inteira e o mundo inteiro. Sua casa fica famosa em
todo mundo. Os semideuses e os ancestrais nos planetas elevados também são
abençoados. A mãe que gera cem filhos que não são devotos não é melhor do que uma
porca."
N€rada continuou:
- Quando alguém se torna um vaiŠava, ele libera os seus pais, membros familiares e
todos os parentes. Seu filho adorou ®r… KŠa. Agora com certeza, o seu filho Dhruva é a
mais preciosa jóia de sua dinastia.
O rei ficou muito satisfeito com a fala de N€rada. Ordenou que seus servos preparassem
uma auspiciosa recepção para Dhruva. Borrifaram agua perfumada com sândalo as ruas e
coletaram guirlandas de flores fragrantes, almíscar, kunkuma, iogurte e grama durva. O
rei e sua comitiva correram recepcionar o seu filho. Ele deu a Dhruva um afetuoso abraço
e o sentou em seu colo, beijando-o repetidas vezes.
O rei Uttan€pada entronou Dhruva imediatamente, dando seu reino para o filho. Então, o
rei dirigiu-se para a floresta. Num humor alegre, Dhruva reinou por algum tempo. Com
poder e valor, Dhruva manteve seus súditos pacíficos por quarenta anos. E então, pegou
sua mãe e foi para Dhruvaloka, a estrela polar, bem longe da morada da maioria dos
semideuses.

VI®VAMBHARA PREGA E MOSTRA K¬±¦A PARA ®ACŸMšTš

Depois de ouvir Vivambhara contar a história de Dhruva Mah€r€ja, ®ac…m€t€ disse:


- Ó maravilhoso menino dourado. Vou junto com Você, e passarei os meus dias contando
KŠa-katha. Vou abandonar a minha casa e raspar a Sua cabeça; e também rasparei os
meus cabelos, colocarei brincos e usarei a roupa avermelhada dos renunciados. Desta
maneira, como uma yogin…, irei com Você.
Gaur€‰ga ficou perturbado ao ouvir Sua mãe falar daquela maneira. O onisciente Gaur€
‰ga, o querido de ®ac…m€t€, pensou como acalmar Sua mãe. Gaur€‰ga disse a ela:
- Mãe, por favor, ouça-Me. Não se preocupe diante de misérias sem sentido. Tenho lhe
pedido repetidamente que não dê atenção ao orgulho, avidez, falso prestígio e ilusão. Na
realidade, quem é você? Quem é seu filho? Quem é o seu pai? Como você se lamenta
pelas falsas designações de "teu e meu"? Quem é mulher? Quem é esposo?
O único abrigo verdadeiro são os pés de lótus de KŠa. KŠa é o único pai e o único
amigo. KŠa é o Senhor Absoluto. Ele é o tesouro supremo. Estou lhe dizendo a verdade.
Sem KŠa, tudo é inútil.
Estando atado à energia ilusória do Senhor, o mundo inteiro é controlado como uma
máquina. Devido ao orgulho e falso ego, todos estão sofrendo. Quem considera suas
ações age de maneira adequada. Ainda assim é atado pelas suas reações karmicas na
próxima vida. Esquecendo-se de KŠa, este tolo vaga pelo mundo material. Depois de
viajar pelos quatorze sistemas planetários, finalmente compreende a raridade da forma
humana de vida.
Num instante, esta existência material temporária, que é cheia de perigos, pode ser
extinta. Apreciando a raridade do nascimento humano, deve-se servir a KŠa e se liberar
de m€y€. Estes corpos servem apenas para servirem a KŠa, e por agir assim, obter-se a
salvação. Simplesmente por amar a KŠa, você se livrará do ciclo de nascimentos e
mortes. Mãe, se você oferecer sua afeição a KŠa, ao invés de Mim, você será muito mais
beneficiada.
Ele é o verdadeiro amigo e bem-querente, e é o verdadeiro pai e mãe que concede amor
puro aos pés de lótus de KŠa. Meu coração chora pela separação de KŠa. Caindo a seus
pés, mãe, lhe imploro. Você tem demonstrado muito amor e afeição por Mim por toda
Minha vida. Minha liberação garantirá a sua liberação também. Por favor abandone sua
afeição por Mim e sirva aos pés de lótus de KŠa.
Devo tomar sanny€sa para alcançar amor por KŠa. Então levarei o tesouro de KŠa-prema
para diferentes países. Outros filhos trazem somente os tesouros materiais de ouro e prata
que são apenas causa de miséria e morte. Desfrutar de riquezas e opulência não é a meta
desta vida.
Vou trazer o tesouro mais valioso que é KŠa-prema. Amor por KŠa é eterno e
imperecível neste mundo e no próximo. Em cada vida se obtem um pai e uma mãe.
Entretanto, raramente se obtem um Guru e KŠa. Quem não aceita um Guru não é melhor
do que um pássaro ou um animal.
Sentindo-se surpresa e chocada, ®ac…m€t€ apenas contemplou a face de Gaur€‰ga. O
Senhor dos quatorze mundos removeu sua m€y€. De repente, ®ac…dev… viu todas
entidades vivas com igualdade. Imediatamente, sua mentalidade ilusória de pensar em
Vivambhara como "seu filho" desapareceu. Ela realizou que Ele era KŠa.
Ele tinha uma compleição y€ma, semelhante a uma nuvem carregada. Usava vestes
amarelo brilhantes e segurava uma flauta. Em Sua forma curvada em três pontos,
permanecia em Vnd€vana rodeado pelas gopas, gop…s e vacas. ®ac…m€t€ ficou atônita
ao ver seu filho assim. Seu corpo tremia e apresentava arrepios e erupções. A despeito
disso, ela não podia abandonar sua afeição pelo seu filho querido.
®ac…m€t€ pensou:
- Sou muito afortunada por ter KŠa como meu filho. Meu filho, KŠa, é a pessoa mais
rara no universo. Ninguém O controla.
Então ®ac…m€t€ disse:
- Ó meu filho, és o Senhor supremamente independente, a melhor jóia entre os homens.
Foi minha fortuna que Você tenha crescido sob meus cuidados. Agora, por Sua própria
vontade, Você deseja tomar sanny€sa. Mas tenho uma pergunta: Por que estou perdendo
um grande tesouro como Você?
Depois de dizer isso a voz de ®ac…m€t€ se encheu de piedade e lágrimas cairam como
correntes de seus olhos. Apesar de tentar, ®ac…dev… não podia falar devido à sua
grande emoção.
Gaur€‰ga prostrou Sua cabeça em compaixão por Sua mãe. Ao levantá-la novamente
disse:
- Querida mãe, ouça por favor. Devido ao seu puro amor por Mim, você será capaz de
ver-Me sempre que desejar.
®ac…m€t€ soluçava de tristeza.
Com um peso no coração, Locana d€sa descreve isso.

CAPITULO 12

A LAMENTAÇÃO DE VI±¦UPRŸYš

®ac…m€t€ estava tão aflita que não podia sequer falar. Vendo ®ac… soluçar, ViŠupr…
y€ desfaleceu ao imaginar um desastre iminente. Depois de almoçar, Gaur€‰ga foi
descançar em Seu quarto. ViŠupr…y€ correu para o Senhor e sentou-se aos Seus pés de
lótus.
Sua face era triste. Ela suspirou profundamente ao olhar para Gaur€‰ga. Com suas mãos
suaves agarrou os pés de Gaur€‰ga e os manteve em seu coração. Lágrimas fluiam
incessantes de seus olhos, molhando o sari que cobria seus seios e caiam sobre os pés de
Gaur€‰ga.
De repente, Gaur€‰ga despertou. Sentando-Se na cama, o Senhor disse:
- Minha querida, por que você está chorando? Você é muito querida para Mim. Não
compreendo porque estás chorando.
Sentando ViŠupr…y€ em Seu colo, Gaur€‰ga afetuosamente tocou sua face e disse
palavras reconfortantes. Chorando e sentindo-se desamparada, ViŠupr…y€ não
respondeu. Apesar de Gaur€‰ga perguntar-lhe repetidas vezes, ViŠupr…y€ mantinha-se
silenciosa, simplesmente acariciando os pés de lótus do Senhor. Conhecendo todas a
nuâncias do amor, o Senhor enxugou as lágrimas de sua face com suas vestes. Perguntou-
lhe novamente a causa de sua aflição. Com uma voz entrecortada, ViŠupr…y€ disse:
- Ó Senhor de minha vida e do meu coração. Ouvi dizer que Você vai tomar sanny€sa.
Isso destroçou meu coração. Sinto-me como se tivesse entrado no fogo. Minha vida,
riqueza, beleza, vestidos, ornamentos, olhares e gestos são todos dirigidos somente a
Você. Se Você me deixar, qual o valor da minha vida? Meu coração está queimando com
o fogo deste veneno.
Que minha vida vá se acabando. Mas quero saber como Você poderá andar até os países
distantes. Seus pés são mais delicados do que as flores sirisha. Eles são tão macios que eu
nem mesmo os toco com medo que Você sinta dor. Com os Seus pés rosados, como vai
poder viajar pelas florestas cheias de espinhos?
Sua face de lua é um reservatório de néctar. Com um mínimo esforço, gotas de
transpiração, como pérolas aparecem de Sua face de lótus. Durante a estação das
monsões estará chovendo constantemente. Em outras ocasiões, o sol escaldante ressecará
tudo. Um sanny€si deve enfrentar uma vida cheia de sofrimentos.
Não conheço nada além de Seus pés de lótus. Em troca de qual abrigo Você está me
deixando? Sua mãe Saci está velha e fraca. Como Você pode deixá-la? Como pode
concordar em deixar amigos como Seus devotos queridos; Advaita, ®r…v€sa, Mur€r…,
Mukunda e outros? Como pode simplesmente abandoná-los e tomar sanny€sa?
Você é a personalificação do amor, e tem amor a tudo o que há neste mundo. Mas a
maneira como está agindo parece ser contraditória. Quando viajar para locais distantes,
todos os Seus devotos morrerão pela separação.
Será que é só por minha causa, a coisa mais inútil, que O está mantendo na existência
material, que Você pretende tomar sanny€sa? Se é só por isso, deixe-me contemplar um
pouco Sua face e me matarei bebendo veneno. E então, Você poderá ficar feliz aqui em
Sua casa. Ó meu Senhor, por favor, não vá para países distantes. Não há mais ninguém
em minha vida. Quando contemplo Sua face, sinto meu coração queimar, prevendo nossa
separação iminente.
ViŠupr…y€ ficou em silêncio, incapaz de expressar a profunda dor em seu coração.
Permaneceu chorando e acariciando os pés do Senhor Gaur€‰ga. Sorrindo gentilmente,
o Senhor levantou ViŠupr…y€ e a sentou em Seu colo. Para aliviar a aflição de
ViŠupr…y€, o Senhor brincou com ela. Gaur€‰ga disse:
- Quem lhe disse que vou partir e tomar sanny€sa? Sempre lhe contarei todos os Meus
planos. Não fique preocupada e se lamentando sem nenhuma causa.
Então, o Senhor beijou ViŠupr…y€ afetuosamente e a tranquilizou de várias maneiras.
Eles passaram a noite desfrutando ilimitados prazeres amorosos. No fim da noite,
ViŠupr…y€ sentiu uma dor aguda em seu coração. Enquanto contemplava o mais amado
Senhor de sua vida, ela colocou a mão de Gaura sobre seu peito e disse:
- Prabhu, não minta apenas com medo de me magoar. Imagino que Você está tentando
me enganar. Sem que eu saiba, Você simplesmente vai embora daqui de repente. Você é
o Seu próprio controlador; ninguém mais pode controlá-lO. Agora faça o que quizer, e
tome sanny€sa se assim o desejar. Mas por favor, diga-me definitivamente. Você vai
tomar sanny€sa?

GAURš¥GA CONTA A VERDADE

Gaur€‰ga sorriu docemente e disse:


- Ouça, ó minha querida. Por favor, ouça muito atentamente, pois estou lhe falando para
o seu benefício. Tudo o que você vê nesta criação é temporário e está sempre mudando.
Deus e os vaiŠavas são as únicas verdades permanentes. Além destes dois, tudo mais é
temporário e ilusório.
Filhos, esposos, mãe, pai, homem e mulher, tudo é falso, designações temporárias. Na
verdade, quem pertence a quem? Exceto os pés de lótus de KŠa, nada mais pode ser
chamado de nosso próximo ou nosso querido. Tudo o que é visto neste mundo é a
impermanente energia externa do Senhor. KŠa é a alma de todas as entidades vivas,
sejam homens ou mulheres. Devido ao condicionamento de m€y€, eles parecem ser
diferentes. KŠa é o purua, o desfrutador supremo. KŠa é o esposo verdadeiro de todo
mundo. Tudo mais é prakti, a energia desfrutável de KŠa. Ninguém compreende isso.
Pela união do semem e o óvulo uma entidade viva é criada no ventre. Ela nasce em total
ignorância. Depois de passar pela infância e juventude, sofre muitas misérias na velhice.
Torna-se completamente apegada ao corpo e ao lar. O velho fica sempre se lamentando
consigo mesmo:
- Passei minha vida toda trabalhando duro para manter e proteger minha esposa e minha
família. E agora eles me criticam e me rejeitam na velhice. E no fim sinto a ira e a
enganação daqueles que eu amei.
Apesar dele estar praticamente surdo e cego, tristemente se lamenta, chora pelas dores da
velhice; ainda assim, se recusa a adorar Govinda. Ao invés de servir a KŠa, aceita um
outro corpo material, e continua apegado à existência material. Inflado pelo falso ego,
esquece-se do Senhor KŠa, o verdadeiro mestre, e sofre severamente.
O seu nome é ViŠupr…y€, então torne-se digna deste nome. Não se lamente
desnecessáriamente por nada. Apenas renova todas estas concepções de sua mente e
absorva-se em consciência de KŠa.
Desta maneira, Gaur€‰ga consolou ViŠupr…y€, removendo toda sua miséria e
lamentação. De repente, Gaur€‰ga exibiu Sua forma de ViŠu de quatro braços para Sua
esposa. Mas ViŠupr…y€ ainda pensava em seu esposo como Gaur€‰ga, mesmo após ter
visto esta forma de quatro braços. ViŠupr…y€ caiu aos pés de lótus de Gaur€‰ga e
disse:
- Prabhu, por favor ouça o meu pedido. Sei que assumi um baixo nascimento neste
mundo miserável de nascimento e morte. Entretanto, Você é o meu esposo e o Senhor de
minha vida. Sou muito afortunada de ser Sua criada. Então por que estou sofrendo?
Ao dizer isso, ViŠupr…y€ chorou inconsolável, parecendo ter ficado louca. Sentindo
tristeza ao ver Sua amada, Gaur€‰ga também chorou. O Senhor sentou ViŠupr…y€ em
Seu colo e tentou confortá-la. Gaur€‰ga disse:
- Ouça, ViŠupr…y€ Dev…, não importa para onde Eu vá, se simplesmente você pensar
em Mim dentro do seu coração, estarei logo aqui para lhe dar abrigo. Prometo
solenemente isso a você.
ViŠupr…y€ pensou um pouco e disse:
- Prabhu, Você é o Senhor Supremo, completamente independente. De acordo com a Sua
própria vontade, Você pode fazer o que bem desejar. Quem pode obstruir as Suas ações?
O Senhor Gaur€‰ga não respondeu. Então ViŠupr…y€ abaixou sua cabeça para que o
Senhor não visse suas lágrimas. Cheio de compaixão, Gaura‰ga falou algumas palavras
afetuosas.
Assim Locana d€sa canta as glórias de cativar o coração de ®r… Gaur€‰ga
Mah€prabhu.

GAURš¥GA CONTA UM SEGREDO A MURšRŸ

Dias e noites passaram devagar, queimando o coração de todos no fogo da ansiedade. Os


devotos encontravam algum alívio sentando-se juntos e discutindo as glórias de Gaur€
‰ga. ®ac…m€t€ e ViŠupr…y€ sentavam-se juntas e choravam dia e noite. Para elas as
dez direções pareciam vazias e cheias de escuridão. Sentindo-se perturbados e sem
sossego, amigos e parentes vagavam sem esperança de um canto para o outro.
Nesta ocasião, ®r…v€sa, o melhor entre os brâmanes, com o seu coração queimando de
angústia, perguntou a Gaur€‰ga:
- Prabhu, estou com medo de perguntar-Te. Mas se permitires, gostaria de ir ir comTigo.
Deixe também que os outros venham, pois eles morrerão se não puderem ver-Te. Ouça
Vivambhara, serei o primeiro a morrer. Assim, estou Te revelando meu coração.
Sorrindo, Gaurahari disse:
- Ouça ®r…v€sa, não fique apreensivo diante de nossa separação iminente. Nunca
deixarei a associação de você e dos devotos. Lembre-se apenas que estarei residindo no
templo de KŠa dentro do seu lar.
Naquela tarde, depois de consolar ®r…v€sa, o Senhor e Harid€sa visitaram Mur€r…
Gupta. Gaur€‰ga disse confidencialmente:
- Mur€r…, uma vez que você Me é tão querido quanto a Minha própria vida, vou lhe
contar uma coisa. Por favor, ouça com atenção o meu conselho. Advaita šc€rya é
adorável nestes três mundos. Ele é o Meu melhor amigo. Advaita é uma expanção do
Senhor Supremo e age como o Guru de toda a criação. Qualquer pessoa deve em
interesse próprio servir Advaita šc€rya. Ele é o rei dos vaiŠavas. Ele apareceu para o
benefício de todo mundo. Assim, deve-se adorá-lo com grande devoção. Adorando
Advaita šc€rya, KŠa é adorado.
Agora ouça, vou lhe dizer algo confidencial. Por favor, guarde este segredo em seu
coração. Você deve saber que Eu existo no interior dos corpos de Gad€dhara PaŠita,
Nityan€nda, Advaita e R€mai (irmão de ®r…v€sa PaŠita)
Mur€r… Gupta, o melhor dos doutores, compreendeu inteiramente as intenções íntimas
do Senhor. Sabendo perfeitamente que Gaur€‰ga estava os deixando para tomar
sanny€sa, Mur€r… caiu prostrado ao solo chorando perdidamente. Ofereceu seus
respeitos a Harid€sa e se rendeu na maior humildade. Para apaziguar Mur€r… Gaur€
‰ga disse:
- Estarei sempre com você. E ainda haverá mais algum tempo antes que tome sanny€sa.
Você encontrará consolo se abrigando em Minhas instruções.
Com o coração partido pela tristeza, Locana d€sa canta os sublimes passatempos de
Gaur€‰ga.

CAPITULO 13

VI®VAMBHARA TOMA SANNYšSA

O EFEITO MASSACRANTE DE SUA PARTIDA


Gaur€‰ga acordou cedo pela manhã para realizar os Seus deveres bramínicos. Sua
mente estava fixa: Ele iria tomar sanny€sa. Nim€i PaŠita deveria ir para Kantaka-nagara
(Katwa) e tomar sanny€sa do ilustre Keava Bharat… Gosv€m…. O Senhor começou Sua
jornada atravessando o Ganges a nado. Ouvindo sobre a Sua partida repentina, as pessoas
de Navadv…pa sentiam-se como se seus corações tivessem sido atingidos por um raio.
Parecia que o sol já não brilhava de dia, e que os pacíficos cisnes abandoram seus lagos.
O ar vital parecia ter se esvaído dos corpos dos devotos. As abelhas renunciaram o seu
habitual apego pelas flores de lótus. Todas as entidades vivas estavam sendo massacradas
por uma montanha de misérias. Todos se lamentavam imensamente da separação do
Senhor Gaur€Šga.
®ac…dev…, ViŠupr…y€ e os familiares íntimos do Senhor cairam ao solo
inconscientes, com os membros pendendo flácidos. Colocando ViŠupr…y€ em Seu colo,
®ac…dev… chorava amargamente. Seus corpos existiam, mas suas vidas haviam ido
embora. Elas simplesmente cairam ao solo e choraram.
- Nim€i! Nim€i!
Gritava ®ac…dev…, vendo a escuridão em todas as direções. Ela dizia:
- Como posso existir nesta escuridão? Minha casa parece que vai me engolir e o conselho
de meus parentes parece veneno. Agora ninguém mais me chamará "mãe!" Até mesmo
Yamar€ja, o senhor da morte, se esqueceu de mim. Meu filho me abandonou num estado
miserável. Ó, onde foi meu Nim€i, deixando-me só sem um filho? Relembrar Seus
passatempos faz o meu coração queimar. Para onde Você foi, deixando-me sem
proteção? Você pode imaginar como estou sofrendo? Ó meu filho, mesmo depois de
estudar tanto, Você partiu me deixando só, numa condição desesperada. Por que Você
fugiu, deixando ViŠupr…y€ tão só? Você não liga a mínima para o amor de Seus
seguidores.
ViŠupr…y€ vivia se lamentando, vivendo num estado de semi-consciência. Ela se
comportava como uma louca, esquecendo-se de vestir-se ou de se pentear. Às vezes
sentava-se um pouco. E depois se levantava e começava a andar sem razão aparente. Às
vezes gritava como louca, dizendo:
- Com a guirlanda do corpo do Senhor em meu coração, vou acender um fogo e nele
entrar e queimar até a morte.
Devido à natural timidez feminina, ViŠupr…y€ não falava muito sobre o Senhor
Vivambhara. Todos diziam que elas sofriam as reações do seu karma. Apesar de ninguém
falar, todos se lembravam das qualidades encantadoras e transcendentais de Guar€‰ga,
marcadas em seus corações. Simplesmente por se lembrarem do Senhor, todos sentiam o
doce gosto do néctar.
Os devotos sentiam uma dor aguda em seus corações. Perderam todo o autocontrole
devido ao seu estado confusional. Cada devoto tentava se consolar lembrando-se dos
passatempos que haviam tido com o Senhor. Quem pode dizer algo conclusivo a respeito
dEle? Seu caráter é desconhecido dos Vedas e de todo mundo mais no universo. Se
alguém afortunadamente cantar o Seu nome, despertará o seu relacionamento conTigo.
Os seguidores de Guar€‰ga resolveram levar Suas ordens muito a sério. Assim, os
devotos de alguma maneira controlavam seus sentimentos de separação do Senhor.
Nity€nanda Prabhu e os devotos comentavam onde encontrar o Senhor. Um devoto
sugeriu procurá-lO em todos os lugares sagrados. Outro sugeriu que visitassem
Vnd€vana, Varanas… ou Nil€cala onde costumam viver os sanny€sis. Um devoto disse:
- Ouvimos dizer que Mah€prabhu foi para Katwa para tomar sannyasa de Keava
Bharat…, mas não é certo. Se for verdade, então todos vão correr atrás de Gaur€‰ga.
Primeiro deixe-me ir verificar, e então virei contar para todo mundo. Levarei alguns
devotos comigo, vamos capturar Mah€prabhu e trazê-lO de volta para casa em Navadv…
pa.
®r… Nity€nanda Prabhu confortou ®ac…m€t€ e ViŠupr…y€ antes de partir para Katwa
junto com Candrasekhara, Damodara PaŠita, Vakrevara e outros devotos proeminentes.
Enquanto isso, movendo-Se como um elefante louco, o maravilhoso Gaur€‰ga corria
depressa para alcançar o Seu destino. Lágrimas rolavam de Seus olhos como uma fonte.
Estando tomado de amor por KŠa, o corpo atrativo de Gaurahari apresentava erupções e
arrepios. Ele amarrou Seu cabelo para trás como se fosse um lutador de Mathur€.
Cantando "Radhe! Radhe!" num humor de separação, Gaur€‰ga corria pela estrada. Às
vezes movia-Se devagar, ou levantava o Seu dhoti e olhava tudo ao redor. O Senhor do
universo estava saboreando o êxtase de prema enquanto ia para Katwa.

A RECUSA DE KE®AVA BHARATŸ

Chegando em Katwa, o Senhor encontrou Keava Bharat… e caiu aos seus pés para
oferecer-lhe respeitos. Keava Bharat… lembrou-se do nome de N€r€yaŠa. Vivambhara
considerou-Se muito afortunado em encontrar um preceptor tão eminente. Eles se
comprimentaram com palavras joviais. Vivambhara pediu a Keava Bharat… que Lhe
desse sanny€sa.
Enquanto falavam, o Senhor Nity€nanda e Seu grupo de Navadv…pa chegaram. Gaur€
‰ga sorriu e os saudou:
- Foi bom vocês terem vindo até aqui.
Imaginando que tomando sanny€sa iria ajudar a todo mundo, o Senhor insistiu em Seu
pedido a Keava Bharat…. O respeitado Keava Bharat… disse:
- Ouça Vivambhara, meu coração treme com a idéia de conceder-Te sanny€sa. És um
belo rapaz, com um corpo maravilhoso que nunca conheceu qualquer sofrimento desde o
Teu nascimento. Além disso, tens uma jovem esposa e ainda não tens um filho ou filha
para com quem ela se preocupe. Não desejo dar-Te sanny€sa. Quando alguém já tem
mais de cincoenta anos de idade, torna-se naturalmente desapegado do desfrute material,
e então, torna-se elegível para tomar sanny€sa.
O Senhor Gaur€‰ga disse:
- Ó grande sábio e venerável sanny€s…, o que posso dizer-lhe? Mas não Me confundas.
Além de ti, quem mais pode saber as verdades da auto-realização? Um nascimento
humano é raro neste mundo. Praticar serviço devocional é ainda mais raro. Mais a coisa
mais rara, e mais valiosa de tudo, é obter a associação com um devoto puro do Senhor
®r… KŠa. Num segundo este raro corpo humano pode perecer. Se tu hesitares, este
corpo pode desaparecer. E então, como obterei a associação com um devoto puro? Por
favor, não Me confunda. Dê-Me sannyasa, e pela tua misericórdia serei capaz de servir
KŠa.
Guar€‰ga olhou com tristeza e Seus olhos vermelhos estavam cheios de lágrimas.
Exibiu todos os sintomas de amor extático a KŠa em Seu corpo. Com uma voz trovejante
como a das nuvens, Vivambhara disse:
- Hari! Hari!
Às vezes assumia a forma curvada em três pontos e exclamava:
- Vam…! Vam…!
Noutro momento, tremendo de felicidade, Seu corpo se arrepiava e Ele chorava e ria,
dizendo:
- R€sa-maŠala! Govardhana!
Preocupado e apreensivo, Keava Bharat… contemplava a situação. Compreendeu que
havia se equivocado ao não conceder sanny€sa a Gaur€‰ga; e pensou:
- Esta pessoa deve ser o Guru do universo inteiro. Se eu O iniciar, Ele de mãos postas vai
me chamar de "Guru".
Keava Bharat… disse a Mah€prabhu:
- Primeiro vá para casa, encontre-Se com Tua mãe e peça-lhe para tomar sanny€sa.
Aproxime-Se de Tua bondosa esposa e dos outros Teus associados e diga-lhes claramente
sobre os Teus planos de tomar sannyasa. Deixando-os tranquilos, volte até aqui.
Keava Bharat… pretendia sair de Katwa logo que Gaur€‰ga partisse. O onisciente
Senhor Vivambhara leu a mente de Keava Bharat…. Sorrindo docemente disse:
- Vou obedecer à tua ordem.
Gaur€‰ga partiu para Nadia. Enquanto isso Keava Bharat… pensou consigo mesmo:
- Não posso escapar do Senhor cujos poros do corpo são o lugar de repouso de ilimitados
universos. Sou um tolo por não estar vendo estas coisas. Gaur€‰ga é a vida e a
Superalma de todas as entidades vivas.
Pensando desta maneira, Keava Bharat… chamou Gaur€‰ga de volta, dizendo-Lhe:
- Ouça Gaur€‰ga. Temo em Te dar sanny€sa. És o mestre espiritual do mundo inteiro,
assim, quem pode atuar como Teu Guru? Por que estás me afligindo por nada?

GAURš¥GA INICIA KE®AVA BHARATŸ

Chorando, Vivambhara acariciou amorosamente os pés do renomado santo. Guar€‰ga


disse:
- Por que falas palavras tão rudes com uma pessoa que vem se render a ti? Mesmo se Eu
morrer, não deixarei o teu abrigo. Diga o que quizer, mas por favor Me escute. Uma
noite sonhei que um brâmane havia Me dado o mantra de sanny€sa. Agora vou lhe dizer
este mantra e tu podes confirmar se ele está correto.
E então Gaur€‰ga recitou o mantra no ouvido de Keava Bharat…. Desta forma, o
completamente independente Senhor Vivambhara iniciou Keava Bharat… e assim se
tornou o seu Guru.
Realizando o que havia acontecido, Keava Bharat… Gosv€m… disse:
- Ouça Nim€i, eu Lhe darei sanny€sa.
Nim€i dançou em êxtase e cantou alto como nuvens trovejantes:
- Hari! Hari! Hari!
Seu corpo parecia como o néctar líquido. Em Sua pele explodiram milhões de pequenas
pápulas de êxtase. Lágrimas rolaram se Seus olhos como correntes. Atônitos, todos
deram vivas.
KATWA FICA LOUCA COM A INICIAÇÃO DE SANNYšSA DE GAURš¥GA

Todo mundo em Katwa, velhos, mulheres, crianças, cegos e inválidos, eruditos e tolos,
correram para verem a forma todo atrativa do Senhor Gaurahari. Algumas mulheres
levavam potes d'água em suas cabeças. Outras permaneciam imóveis, cativadas pela
beleza mística do Senhor. As pessoas ridicularizavam Keava Bharat… por der dado
sanny€sa a um jovem tão belo.
Todos louvavam a mãe que dera a luz a um filho de beleza tão deslumbrante. Eles
pensavam consigo mesmos:
- ®ac…dev…, a afortunada mãe de Gaurasundara, é tão gloriosa quanto Devak…, a
famosa mãe do Senhor KŠa. Quem quer que tenha desposado Gaur€‰ga é a mulher mais
afortunada destes três mundos. Ninguém pode tirar os olhos da forma indescritivelmente
atrativa de Gaurasundara. Qualquer mulher simplesmente morreria ao ouvir que Ele está
tomando sanny€sa. Como podemos tolerar que Ele tome sanny€sa?
As pessoas, pensando assim começaram a chorar em altos brados. Sentido compaixão por
elas, o Senhor Guar€‰ga as chamou e disse:
- Por favor, abençoem-Me para que consiga satisfazer Meu desejo de dedicar Minha vida
aos pés de lótus de KŠa. Todos desejam ter um mestre apropriado. A beleza e juventude
devem ser utilizadas a serviço do mestre certo. Sem um mestre ou esposo todos os
talentos e qualidades são inúteis. O serviço aos pés de lótus de KŠa é o Meu único
abrigo. Vou servir o amado mestre e senhor de Minha vida oferecendo-lhe tudo o que
tenho.
E então, Gaur€‰ga prestou reverências a Keava Bharat…, sorriu e pediu-lhe novamente
que lhe desse sanny€sa. No dia seguinte, seguindo as ordens de Seu Guru realizou todos
os rituais para tomar sanny€sa. Os vaiŠavas tremiam de medo e mordiam a barra de suas
vestes durante a cerimônia de raspar a cabeça de ®r… Gaurasundara.
Seus cabelos longos, ondulados, atados em um coque e decorados de fragrantes flores
malat…, já haviam encantado os três mundos. Os devotos mantinham-se vivos
exatamente por meditarem nos cabelos de Gaurasundara. Em yugas anteriores, estes
cabelos levaram as gop…s a abandonarem sua timidez, suas casas, famílias e tudo mais.
Estes cabelos que o Senhor Brahm€, ®iva, N€rada e outros semideuses haviam
glorificado formalmente, agora estavam sendo cortados. Todos os homens e mulheres de
Kantaka-nagara choravam profusamente. Com as mãos tremendo de medo, o barbeiro
recusava-se até mesmo em tocar a cabeça do Senhor Gaur€‰ga. Ele disse:
- Ó meu Senhor, peço-lhe humildemente. Não tenho poder para raspar-Te os cabelos.
Nunca jamais havia visto cabelos ondulados de beleza tão fascinante, que cativam os três
mundos. Por favor, não corte Teus cabelos que são o prazer para o coração de todo
mundo. Não há ninguém como Tu nestes três mundos. Agora compreendo que és o
Senhor de toda a criação.
Ao ouvir isso, o Senhor Gaur€‰ga ficou insatisfeito. O barbeiro ficou preocupado ao ver
a insatisfação do Senhor. O barbeiro percebeu que seria inevitável, no entanto insistiu:
- Meu Senhor, como posso Te cortar os cabelos? Estou tremendo de medo de cometer
alguma ofensa contra Ti. E se eu fizer isso, os pés de quem deverei tocar para anular esta
aparadha? Sou simplesmente um barbeiro, vindo de uma família de classe muito baixa.
O Senhor Vivambhara disse:
- De hoje em diante você pode abandonar este negócio de cortar cabelos. Pela
misericórdia de KŠa viverá uma vida feliz e muito próspera. E finalmente voltará para
Minha morada no mundo espiritual.
E assim, por raspar a cabeça do Senhor, o barbeiro recebeu esta bênção.
Com tristeza no coração, Locana d€sa narra este passatempo.
A raspagem da cabeça e a cerimônia de sanny€sa de Gaur€‰ga ocorreram na auspiciosa
constelação de Makara-sankranti no mês de magha. O Senhor ouviu o mantra de
sanny€sa de Keava Bharat… enquanto os vaiŠavas enchiam a atmosfera com os santos
nomes de Hari.
Vivambhara estava imerso em ondas de amor a KŠa que se ampliaram centenas de vezes.
Seu corpo irrompeu em pápulas de êxtase. Lágrimas de prema fluiam sem cessar de Seus
olhos vermelhos. Suspendendo Seu dhoti, Gaur€‰ga emitia sons em rugido. Rindo a
gargalhadas, Ele gritava em êxtase:
- Tomei sanny€sa!

UMA VOZ DIVINA PROCLAMA: "®RŸ K¬±¦A CAITANYA”

Assim que Keava Bharat… estava dando o nome de sanny€sa, uma voz divina
proclamou do céu:
- Chame-O ®r… KŠa Caitanya! Pela influência de Bhavat… (Mah€m€y€ na forma de
sono) a consciência de todos ficou encoberta. Gaur€‰ga reviveu a consciência de todos
os vaiŠavas fazendo-os compreender que Ele era o próprio KŠa. É por isso que Gaur€
‰ga é chamado ®r… KŠa Caitanya.
Os vaiŠavas ficaram atônitos ao ouvirem isso. Sentindo-se felizes ao ouvirem esta
mensagem divina, cantaram:
- Hari! Hari!
Seguindo a ordem de Keava Bharat…, ®r… KŠa Caitanya passou o dia em serviço
amoroso ao Seu Guru. A noitinha, Keava Bharat… e os devotos cantaram e dançaram em
euforia de prema. ®r… KŠa Caitanya dançava esplendorosamente, mistificando o
universo inteiro. Todos esqueceram-se de si em bem-aventurança transcendental. Viram
que a felicidade da realização de Brahman é insignificante. Depois de dançarem a noite
inteira, o Senhor partiu logo de manhã cedo. ®r… KŠa Caitanya circunambulou Seu
Guru, prestou-lhe reverêncais e pediu a ele:
- Por favor, permita que Eu vá para Nil€cala.
O coração de Keava Bharat… começou a palpitar de ansiedade ao ouvir isso. Ele sentou
o Senhor em seu colo dizendo:
- És a completamente independente Suprema Personalidade de Deus. Andas descalço só
para mostrar compaixão para com as pessoas em geral; para ensinar guru-bhakti
(rendição ao mestre espiritual), Tu pessoalmente segues as escrituras. Tu sempre cantas
os santos nomes do Senhor para estabelecer a prática religiosa de sa‰k…rtana-yajña na
Kali-yuga. Para liberar o mundo, manifestas um oceano de misericórdia. Tu me
confundistes ao me pedir sanny€sa. Meu querido Vivambhara, por favor, me libere
também.
NITYšNANDA IMPEDE QUE GAURš¥GA SE AFOGUE

Gaur€‰ga humildemente tocou os pés do Seu Guru e saiu dali. Cheio de êxtase, ®r…
Caitanya andava pela estrada exclamando:
- KŠa! KŠa! KŠa!
Num momento o Senhor Caitanya chorava, no outro ria e gargalhava. Prema fazia com
que lágrimas caissem em Seu peito como o Ganges celestial caindo do topo do monte
Sumeru.
Em êxtase Sua pele apresentava milhares de pápulas, e os pelos de Seu corpo ficavam
todos arrepiados, assemelhando-se aos filamentos dourados da flor de kadamba. Da
cabeça aos pés, Seu corpo parecia coberto de milhares de pequenos espinhos.
Andava com o jeito do rei dos elefantes. Num momento cantava os nomes de KŠa, logo a
seguir, caia colapsado no chão como se massacrado. Ficava contemplando. E depois, sem
razão, pulava excitado cantando "Hari bol! Hari bol!" Às vezes saboreava sentimentos de
servidão; em seguida, saboreava a doçura de gop…-bh€va. Andava um pouco devagar,
num passo casual, e de repente começava a correr pela estrada como um raio. Vivendo a
realidade de KŠa-prema, ®r… Caitanya era indiferente à passagem do dia e da noite.
Quando ®r… Caitanya entrou em R€dh€-desh, não ouviu ninguém cantando os nomes de
KŠa. Ficou tão magoado com isso que resolveu Se atirar na água. Os devotos encheram-
se de ansiedade e pensaram:
- O que acontecerá se o Senhor Caitanya voltar para Goloka?
Nityn€nda então exclamou:
- Pelo Meu poder farei com que ®r… Caitanya permaneça aqui!
Enquanto isso, alguns meninos do local estavam pastoreando suas vacas por ali. Para
satisfazer secretamente Seu Senhor Caitanya, Nity€nanda Avadhuta entrou nos corações
daqueles vaqueirinhos inspirando-os a cantar os santos nomes de Hari. Quando este doce
som entrou nos ouvidos de Gaurahari, Ele pulou e correu até os vaqueirinhos. ®r…
Caitanya levantou Suas mãos e encorajou-os:
- Cantem! Cantem! Cantem! Que o Senhor os abençoe, por terem Me capacitado a ouvir
estes doces santos nomes!
O Senhor Caitanya flutuava no oceano de bem-aventurança de KŠa-prema. Ele tomou
madhukari (esmolar comida) de uma casa. Não percebeu a passagem dos dias e das
noites. Três dias depois, bebeu um pouco d'água e comeu um pouco de pras€da. Ao
deixar R€dh€-desh o Senhor Gaur€‰ga disse a Candrasekhara šc€rya:
- Não fiques triste; logo Me verás de novo.

CAPITULO 14

OS NAVADVIPA-VASIS SE ENCONTRAM COM O SENHOR CAITANYA

AS NOTICIAS DEVASTADORAS
Chorando ao se lembrar do Senhor Caitanya, Candrasekhara seguiu para Navadv…pa. As
pessoas de Nadia estavam ansiosas para ouvirem notícias de ®r… Gaur€‰ga de
Candrasekhara.
Locana d€sa diz: é impossível para mim descrever a cena de partir o coração que
aconteceu em Navadv…pa após o retorno de Candrasekhara šc€rya.
Com correntes de lágrimas correndo de sua face, Candrasekhara andou até Navadv…pa.
Todos os vaiŠavas correram para vê-lo. Apesar deles desejarem recepcioná-lo, não
podiam falar. Imediatamente prestaram reverências chorando ao verem a tristeza de
Candrasekhara. Ouvindo que Candrasekhara havia chegado, ®ac…dev… ficou louca.
Com o cabelo em desalinho, correu pela estrada gritando seu nome. Não vendo Nim€i,
®ac…m€t€ sentiu-se ansiosa e perturbada. ®ac…m€t€ disse:
- Onde está o meu querido Nim€i? Onde você o deixou? Como e onde Ele teve Sua
cabeça raspada? Quem foi o sanny€si patife que Lhe deu iniciação? Onde está a
compaixão que o sanny€si deve sentir pelos outros? Quem foi este desalmado que cortou
os lindos cabelos de meu filho? Quão pecaminoso é este homem que tocou nos cabelos
de meu filho com uma navalha. Como pode continuar vivendo depois de tocar a cabeça
de Nim€i com uma navalha? Em quantas casas Nim€i pede esmola? Como Ele ficou de
cabeça raspada? Ó meu filho, creio que nunca mais irei vê-lO. Minha vida está coberta
pela escuridão. Não posso mais cozinhar e oferecer comida a Você. Não posso mais
beijar Sua doce face e acariciar Seu corpo maravilhoso. Quem poderá ler Sua mente e
saber quando Você tem fome?
Enquanto mãe ®ac… se lamentava desta maneira, alguns devotos foram consolar
ViŠupr…y€. O intenso choro e lamentação de ViŠupr…y€ despedaçavam a Terra. Até
mesmo aqueles que têm o coração de pedra, os pássaros, as bestas, as árvores e os
arbustos começaram a se derreter em lamentação. ViŠupr…y€ disse:
- Ó, por que a Providência agora se tornou tão cruel? Minha vida agora está vazia e sem
significado. Nunca mais irei ver aquele sorriso maravilhoso, o corpo elegante, ou ouvir o
Nectáreo jeito dEle falar. Prabhu, para onde Você foi, me deixando na escuridão? Pelo
resto de minha vida, sempre continuarei pensando em Você. Uma vez que não tenho
filhos, acabei de morrer. Adorei Sua face com os olhos de Cupido. Como posso viver
sem vê-lo? Separada de Você muitas mulheres morreram antes. Como esta infeliz poderá
continuar vivendo? Ó meu Gaurasundara! Onde Você foi? Estou só desprovida de meu
Senhor. Uma mulher tem que ter um protetor. Onde buscarei abrigo? Uma vez que não
posso partir, desejo apenas morrer aqui. Você deixou Sua mãe só e destituida. Para onde
Você foi? Como ela poderá viver sem vê-lO? Por que este meu corpo pecaminoso não
perece imediatamente?
Ouvindo isso, ViŠupr…y€ chorava e rolava no chão. Exalava uma respiração quente pelo
nariz, seus lábios estavam secos e seu corpo tremia. Seu cabelo e roupa estavam em
dasalinho, ViŠupr…y€ estava caida ao solo desesperada. Num momento, desfaleceu ao
meditar nos olhos de lótus de Vivambhara. Ao recuperar a consciência, lembrou-se de
seu Senhor e exclamou:
- Senhor! Senhor! Senhor!
ViŠupr…y€ chorando fazia todos chorarem. Todos que tentavam consolá-la, também
caiam em prantos. Um devoto disse:
- Ouça ViŠupr…y€, tente controlar-se. Você conhece as atividades do Senhor. Assim,
tente ficar tranquila e apenas tente se lembras delas em seu coração.
Os devotos sentaram-se juntos e falaram:
- O fato do Senhor Gaur€‰ga ter tomado sanny€sa nos colocou num estado terrível.
Sendo tão cruel, Ele simplesmente nos abandonou. Como poderemos viver sem a Sua
associação? Ele é famoso por Sua bondade. Vamos nos lembrar dEle cantando KŠa-nama
e assim, alcançá-lO, conforme Ele nos prometeu.
®ac…m€t€, ViŠupr…y€, os velhos, mulheres, crianças e todos os devotos sentaram-se
para cantar os santos nomes e aumentar sua lembrança do Senhor. Apesar de ter viajado
para longe em R€dh€-desh, o Senhor Gaur€‰ga, o leão maluco, ficou atado pelo cantar
puro de KŠa-nama. Ficando junto com o Senhor Nity€nanda, Gaur€‰ga se recostava
sobre Ele e chorava constantemente. O Senhor disse um dia:
- Meu querido Nity€nanda, por favor vá a Navadv…pa e peça a todo mundo ir ver-Me
em ®antipura na casa de Advaita šc€rya. Diga aos Meus amigos tudo sobre Mim e que
logo chegarei em ®antipura. Traga pessoalmente todos os devotos de Navadv…pa para a
casa de Advaita šc€rya em ®antipura.
Gaur€‰ga então sorriu e Se despediu de Nity€nanda Prabhu.

NITYšNANDA REANIMA OS RESIDENTES DE NADIA

Chegando em Navadv…pa, o Senhor Nity€nanda viu que as pessoas mal conseguiam


sobreviver. Seus corpos estavam emaciados, tremiam devido à fraqueza e elas mal
podiam andar. Sem a iluminante associação do Senhor Gaur€‰ga, o a vila toda caiu na
escuridão. Vendo a forma refulgente de ®r… Nity€nanda Prabhu, todos recuperaram a
vida e correram para vê-lO.
Chorando copiosamente, não conseguiam enxergar direito, e andavam aos tropeções.
Caindo aos pés do Senhor Nity€nanda, os devotos permaneceram silenciosos e taciturnos.
Nada podiam fazer além de sorverem a nectárea beleza de ®r… Nity€nanda, de Sua face
de lua, com os seus olhos sedentos. Sentindo muita aflição, ®ac…m€t€ gritou:
- Onde está o meu filho? Onde Você O deixou?
Batendo em seu peito e chorando, estava incrivelmente agitada enquanto caminhava para
mais perto de Nity€nanda indagando:
- Ouvi dizer que meu filho está voltando para casa. Ele está muito longe?
O Senhor Nity€nanda disse:
- ®ac…m€ta, não fique infeliz. Gaur€‰ga Me enviou para avisar a todos vocês que Ele
estará na casa de Advaita šc€rya em ®antipura. Não se preocupem. Logo todo mundo de
Nadia irá ver o Senhor.
®r… Nity€nanda levou todos para irem ver o Senhor Gaur€‰ga, incluindo os
menininhos, velhos, ascetas, moças e velhas, os fracos e aleijados, tolos e eruditos, os
surdos, mudos e cegos.

ENCONTRANDO GAURš¥GA EM ®ANTIPURA


Com novas forças, ®ac…dev… liderava a procissão de viŠavas, todos muito felizes. Mas
o Senhor Caitanya não estava lá quando eles chegaram à casa de Advaita šc€rya. Eles
ficaram devastados. Sentiram-se como se uma montanha de desespero houvesse caído
sobre eles, trucidando, massacrando seus corpos. O Senhor Nity€nanda disse:
- Advaita šc€rya Prabhu, Gaur€‰ga disse-Me que visitaria ®antipura e que ficaria em
sua casa. Quando O vi pela última vez em R€dh€-desh, Ele disse-Me para ir a Navadv…
pa e trazer todos os Seus amigos e familiares para encontrá-lO. Mas quem pode
compreender a mente de Mah€prabhu?
Advaita šc€rya e o Senhor Nity€nanda Prabhu se abraçaram. Atônito ao ouvir sobre a
novidade da sanny€sa de Gaur€‰ga, Advaita šc€rya disse:
- Sou desafortunado por não poder receber a associação do Senhor. Quando verei
novamente Sua face de lua?
®ac…m€t€ chorava de ansiedade. Sempre perguntava sobre seu filho. Para dar-lhe
alívio, os devotos disseram que Gaur€‰ga logo chegaria. Todos estavam muito ansiosos
para ver Gaur€‰ga.
De repente, o Senhor Caitanya chegou. Sua beleza irradiava muito brilho. Uma
explêndida tilaka de sândalo adornava Sua testa. Usando uma roupa avermelhada,
radiante como o sol nascente, e segurando uma danda de sanny€si, o Senhor Gaur€‰ga
Se movia como um leão enquanto caminhava pela assembléia de devotos. Os devotos
expontaneamente ofereceram reverências ao Senhor Gaur€‰ga.
Todos estavam satisfeitos ao contemplarem a forma dourada e magnífica do Senhor. As
aflições e ansiedades em seus corações imergiram num oceano de amor. ®ac…m€t€,
imóvel sem nem piscar, contemplava a beleza da face de seu filho querido. A chuva de
néctar que caia da face de lótus de Gaura rapidamente extinguiu a agonia em seu coração.
Com a mente cheia de bem-aventurança, Advaita šc€rya sentou Gaur€‰ga numa rica
asana. Lavou os pés do Senhor e satisfez os devotos com a caranamta de Gaur€‰ga.
Sons de "Jai! Jai! Hari bol! Hari bol!" enchiam o ar e agitavam ondas de alegria no
oceano dos corações dos devotos.
Quando Harid€sa, Mur€r…, Mukunda e ®r…v€sa viram Gaur€‰ga, suspiraram de
felicidade. Ofereceram-Lhe reverências prostrados diante do Senhor. Amor extático
conquistou o reino de seus corações. Choraram profusamente, suas vozes falhavam e suas
peles encheram-se de erupções. Apesar de antes parecerem mortos vivos, agora estavam
elétricos, totalmente rejuvenescidos pela bem-aventurança.
O Senhor Caitanya olhou compassivamente para todos os Seus queridos devotos.
Expressando Seu amor divino, tocou um devoto e afetuosamente abraçou outro. Falava
bondosamente com mais alguém. Ele satisfez os desejos de todos os devotos. As nuvens
de lamentação se dissiparam. Saboreando a bem-aventurada associação do Senhor Gaur€
‰ga, todos cantavam "Hari! Hari!" Então, o Senhor Caitanya e todos os Seus
companheiros honraram a pras€dam na casa de Advaita šc€rya, o veterano entre os
devotos.
Naquele instante, os devotos se esqueceram que Gaur€‰ga agora era um sanny€s….
Assim, cantaram Hari-n€ma e dançaram alegres, todos juntos, até as altas horas da noite.
Absorto em bem-aventurança, o Senhor Caitanya cantava Suas próprias glórias. Advaita
šc€rya e seu filho se juntaram aos devotos para saborearem o néctar da associação de
Gaurahari.
Todos era lavados pelas ondas de amor divino. Seus corpos mostravam sinais de bh€va,
como lágrimas, tremores, fala embargada e arrepios. Locana d€sa fica feliz ao ouvir isso.

CAPITULO 15

PASSATEMPOS: DE ®ANTIPURA A NILšCALA

A ÚLTIMA TENTATIVA DE MANTER O SENHOR

Depois que aquela auspiciosa noite passou, o Senhor Caitanya sentou numa €sana. Com
Suas brilhantes vestes assafroadas e danda de sanny€sa, ®r… KŠa Caitanya parecia o
mestre do universo. Sorrindo, falou com todos os Seus associados, que sentavam-se aos
Seus pés. Mah€prabhu disse:
- ®r…v€sa, você e os outros agora podem voltar para suas casas. Se o Senhor estiver
satisfeito coMigo, então irei para Nil€cala (Jagann€tha Pur…) e verei o Senhor
Jagann€tha. Fique em Navadv…pa e obedeça Minha ordem: cante os santos nomes do
Senhor dia e noite. Estabeleça a prática de cantar os santos nomes e servir os vaiŠavas.
Fazendo isso, todo mundo alcançará a liberação. Livre de inveja, sirva e tente satisfazer a
todos.
O Senhor Gaurahari, Se levantou, extendeu Seus longos braços dourados e abraçou
amorosamente a todos. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e Sua voz entrecortada de
amor. E então, Harid€sa, com um pedaço de palha entre os dentes, ofereceu dandavats ao
Senhor Caitanya. Seu choro genuíno sensibilizou o coração dos devotos. Gaur€‰ga
chorou de compaixão e disse:
- Quando chegará o dia afortunado em que chorarei assim ao cair aos pés do Senhor
Jagann€tha? E quando serei capaz de falar humildemente com Ele? Quando os Meus
olhos alcançarão a perfeição por verem a Sua encantadora e atrativa face de lótus?
Os devotos não podiam se conter. Choravam e caiam ao solo. ®ac…m€t€ caiu
inconsiente. Um devoto segurou os pés de lótus de Gaur€‰ga e chorou. Gaur€‰ga
controlava cuidadosamente Seus sentimentos. ®r…v€sa, Harid€sa, Mur€r… e Mukunda
disseram:
- Gaur€‰ga, és o Senhor independente e nós somos Teus servos. Somos caídos,
pecaminosos, mal comportados e totalmente desprovidos de KŠa-bhakti. O que podemos
dizer sobre tomares sanny€sa? Mas, Gaur€‰ga, como andarás para tão longe com estes
Teus pés tão delicados? De quem esmolarás comida e água? Ó querido de ®ac…m€˜€,
Teus passatempos nos confundem. Teus pés de lótus são o único objeto adorável para
ViŠupr…y€.
Por recebermos Teus olhares de néctar, as árvores do amor estão viscejando. Muitos
desejam saborear os frutos de KŠa-prema. Mas por tomares sanny€sa, seus desejos foram
frustrados. Nosso ar vital se recusa a abandonar estes corpos pecaminosos. Nós, os mais
degradados, retornaremos tristes para nossas casas depois de Tua partida. És o amigo dos
caídos.
A Providência fez Teu corpo cheio de compaixão. És a casa do tesouro de todos os
passatempos transcendentais que desfrutamos. Em Tua forma maravilhosa apareces neste
mundo para dar abrigo a todas as entidades vivas e dar-lhe o Teu amor. Tuas cruéis
palavras para nos deixar nos enche de tristeza. Depois de plantares a árvore de bhakti, por
que agora estás querendo cortar suas raízes?
Se alguém deseja acompanhar-Te, por favor, leve-o conSigo como associado íntimo. De
outra maneira, entraremos no fogo. Veja como Tua pobre mãe ®ac… agora está só e sem
amparo. Não podemos tolerar o sofrimento de ®ac…dev…. ViŠupr…y€ chora a ponto
de despedaçar a Terra. A cidade e os mercados de Nadia estão vazios e sem vida. Os lares
dos vaiŠavas parecem muito longe uns dos outros.
De agora em diante, nunca visitaremos os locais onde sentastes e falastes da consciência
de KŠa. Se fizermos isso, morreremos. Nem ouviremos discussões sobre os passatempos
confidenciais do Senhor, nem mais O veremos dançar e pregar KŠa-bhakti. Não mais O
abraçaremos quando Ele dançar, nem nos sentaremos em Seu colo. Não mais veremos
lágrimas de amor banharem Seus olhos de lótus. Não mais ouviremos Teus nectários
urros de êxtase durante o k…rtana. O que é isso que está Te fechando os olhos e os
ouvidos?
Como alguém pode viver sem ver Tua face de lua? Apesar de termos olhos, quem nos fez
cegos? Ó Gaur€‰ga, por favor, não nos diga para voltarmos sem Ti; desejamos viajar
conTigo. Tuas palavras cruéis estão queimando os nossos corpos. Teu amor é como a
música do caçador que ilude o veado e o leva à morte. Primeiro, atrai-nos com a Tua
afeição, depois nos mata ao ires embora. Os devotos morrerão em separação de Ti.
Nestas condições, como podes manter o nome de bhakta vatsala (afeiçoado ao devoto)?
Como poderás justificar o Teu ato de dizeres adeus à Tua mãe? Quem poderá dar esta
notícia a ela? Quando ViŠupr…y€ ouvir isso, morrerá imediatamente. Por favor
considere todas estas coisas e tome Tua decisão final.
O compassivo Senhor Gauranga riu e disse:
- Ouçam, por favor. Nunca serei cruel com vocês. Certamente residirei em Nil€cala, mas
regularmente, vocês poderão ir para lá Me ver. Nosso êxtase aumentará ilimitadamente e
inundará o mundo inteiro com oceano de bem aventurança de Hari-n€ma sa‰k…rtana.
Isso irá remover as misérias e a lamentação do coração de todas as pessoas. Sempre
estarei com estes devotos, sejam eles ®ac…m€t€, ViŠupr…y€ ou qualquer um que Me
sirva com amor.
Os devotos caíram aos pés de Gaur€‰ga. Pediram ao Senhor que mantivesse a promessa
considerando todas estas declarações. O Senhor Caitanya dizia repetidamente:
- Definitivamente, irei ficar em Nil€cala.
®ac…m€t€ estava tão desgostosa que não podia sequer manter-se em pé sem a ajuda de
outros. Ela disse:
- Por que Você está sendo tão cruel conosco indo embora? Meu querido filho, vou morrer
em Sua ausência. Os devotos irão sempre visitá-lO, mas infelizmente eu jamais irei vê-lO
de novo. Você pacifica todo mundo, mas e eu? Não tenho ninguém mais na família além
de ViŠupr…y€. Só de ver sua angústia, a dor em Meu coração aumenta ainda mais.
Sorrindo, com Seu coração ardendo de compaixão, o Senhor Caitanya disse:
- Esquecendo-se do conhecimento transcendental, estão se lamentando falsamente e
sofrendo. Por favor, não se lamentem mais. Vão para casa e vivam pacificamente com os
outros, livres de lamentação.
Então o Senhor ofereceu dandavats para Sua mãe e disse-lhe algumas palavras
reconfortantes. Sem um momento de hesitação, o Senhor Gauranga foi rapidamente para
Nil€cala. Os devotos urravam de lamentação.
Advaita šc€rya seguiu o Senhor. Mas devido à sua idade avançada, não podia
acompanhar o passo do jovem Senhor Gaur€‰ga. Quando Advaita šc€rya alcançou o
Senhor, ficou parado em silêncio, com a cabeça cheia de suor. Advaita šc€rya disse:
- Meu coração está queimando ao vê-lO caminhando para um país estrangeiro. Estou
revelando meu coração. Espero que Tu respondas. Em separação de Ti, todos os Teus
associados eternos chorarão piedosamente. Mas, por alguma razão meu coração
pecaminoso é duro como pedra e não derramei sequer uma lágrima. Uma vez que não
sinto nada em meu coração, não pode haver maior patife do que eu.
Gaur€‰ga sorriu e abraçou Advaita šc€rya, dizendo:
- Ouça šc€rya, vou explicar tudo para você. Como você tem amor puro por Mim, Eu
nunca vou abandona-lo. Você deve compreender que sempre terei o seu amor coMigo,
onde quer que Eu vá.
E então, para representar o nó de amor que havia atado em Seu coração por Advaita
šc€rya, Gaurahari amarrou um nó em Sua roupa. Apreciando este gesto de amor, Advaita
šc€rya pensou profundamente sobre Gaur€‰ga. Lágrimas fluiam em correntes de seus
olhos. Ambos ficaram em silêncio, comunicando seu amor através de seus sentimentos. O
Senhor Caitanya disse:
- Ouça šc€rya, sou controlado pelo seu amor. Lembre-se sempre de nossos passatempos
juntos.
Dando meia volta, o Senhor seguiu caminhando célere para Nil€cala. Os devotos
retornaram tristes para suas casas.
Locana d€sa diz que a sanny€sa de Gaur€‰ga não é nada mais do que uma farpa aguda
espetando o coração dos devotos.
A partida do Senhor Caitanya tornou Navadv…pa um lugar vazio, desprovido de vida.
Gad€dhara PaŠita, Nity€nanda Avadhuta, Narahari, ®r…v€sa, Mukunda, D€modara e
uns poucos outros devotos foram para Pur… com o Senhor. Gaur€‰ga desejava chegar
em Nilac€la em tempo para ver o festival de Dola Purnima do Senhor Jagann€tha.
Pelo caminho até Nil€cala, o Senhor Caitanya cantava os santos nomes, "Hari! Hari!" Ele
estava cheio de KŠa-prema. Às vezes andava bem devagar, parecendo estar intoxicado.
Outras vezes corria pela estrada como um leão atacando. Às vezes cantava os santos
nomes numa voz urrante enquanto dançava alegremente.
Entretanto, no momento seguinte, chorava. Numa loucura transcendental, Gaur€‰ga
ocasionalmente levantava Seu dhoti e pulava excitado. Da cabeça aos pés, Seu corpo
estava coberto de pápulas eruptivas devido ao êxtase. O Senhor Caitanya Se movia
rapidamente, ou Se movia devagar. Chorava, ou ria a gargalhadas. Lágrimas caiam
constantemente de Seus olhos de lótus. Quando os devotos ofereciam comida ao Senhor
Caitanya, Ele rejeitava dizendo:
- Só vou comer KŠa-pras€da (alimento oferecido ao Senhor KŠa) e nada mais.
Com exceção do pouco de pras€da que o Senhor Caitanya esmolou de algumas casas,
Ele praticamente jejuou por três dias. Pelo Seu comportamento o Senhor ensinava às
pessoas em geral. ®r… Cairanya não dormia a noite. Absorto em amor puro por KŠa, o
Senhor caminhava cantando os santos nomes:

"R€ma raghava, r€ma raghava, r€ma raghava raksa mam


KŠa keava, kŠa keava, kŠa keava pahi mam"

Gaur€‰ga cantava numa doce voz, mas às vezes Sua voz era embargada devido ao amor
divino. Desta maneira, o Senhor Caitanya e Seus associados íntimos viajaram felizes para
Nil€cala.

A CONVERSÃO DE UM COBRADOR DE PEDÁGIO

Um dia eles encontraram um pecaminoso cobrador de pedágio. Ele gostava de perturbar


os peregrinos que atravessavam o rio a caminho de Pur…. Sem motivo aparente, Gaur€
‰ga investiu de repente para cima dele, como um leão enlouquecido, detrás de uma fila
de peregrinos. Nity€nanda e os outros devotos seguiram o Senhor, e viram que o patife
do cobrador havia prendido e acorrentado alguns peregrinos. Gaur€‰ga sentiu-Se
insatisfeito ao ver o choro e o sofrimento daquelas pessoas.
Os sentiram alívio ao verem o compassivo Senhor. Sentiram-se pacíficos como uma
criança amedrontada que vai se sentar no colo da mãe, ou os animais da floresta que
encontram o Ganges durante um incêndio da floresta. Caindo aos pés do Senhor
Caitanya, choraram de alegria. Ao ver o Senhor Gaur€‰ga, o cobrador de pedágio
pensou:
- Nunca vi um sanny€s… tão esplêndido. Ele não deve ser outro além de Nil€calacandra
(o Senhor Jagann€tha). O que vai acontecer comigo, depois de todos estes problemas que
causei aos peregrinos?
O cobrador de impostos ofereceu reverências prostrando-se diante do Senhor Caitanya e
disse com uma voz entrecortada:
- Por favor, não me odeies por eu ser um materialista. Prometo que nunca mais irei
cobrar dos peregrinos. Estou convencido que não és ninguém mais do que o próprio
Senhor Supremo.
O Senhor Caitanya aceitou sua promessa e sorriu satisfeito. Então correu para diante,
passando outros peregrinos. De repente, o cobrador de pedágio, com mãos sobre a
cabeça, veio correndo atrás do Senhor Gaur€‰ga. O Senhor, entretanto, ordenou-lhe que
não se aproximasse mais, e o cobrador parou.
Mantendo as mãos sobre a cabeça, começou a cantar, "Hare KŠa, Hare KŠa". O cobrador
de pedágio se tornou cheio de bem-aventurança pela consciência de KŠa. Sintomas de
êxtase espiritual, como copiosas lágrimas e arrepios apareceram em seu corpo. ®r…
Nity€nanda Prabhu e Gad€dhara ficaram jubilantes ao testemunharem isso.
Assim Locana d€sa canta alegremente as glórias de ®r… Caitanya Mah€prabhu.

A DANDA QUE PARTE CORAÇÕES


No caminho para Nil€cala, o Senhor Caitanya visitou muitos templos e locais sagrados.
Quando via as várias Deidades do Senhor, Gaurahari dançava em êxtase de bem-
aventurança. Um dia, o Senhor deixou sua danda de sanny€s… aos cuidados de
Nity€nanda Avadhuta. Depois correu rapidamente pela estrada. Gaur€‰ga esqueceu-Se
de Sim mesmo em intenso êxtase de KŠa-prema. Gad€dhara e os outros correram atrás
dEle. Intencionalmente, ficando para trás, Nity€nanda pensou:
- Como o Senhor pode tomar sanny€sa em Minha presença? Como posso tolerar que Ele
rejeite sua flauta que encanta o mundo inteiro e a troque por uma vara de sanny€s…? O
fato de Gaur€‰ga ter raspado Sua cabeça e tomado sanny€sa está Me causando dores
incessantes.
Quando a ansiedade de Nity€nanda Prabhu chegou ao clímax, Ele agarrou a danda do
Senhor Caitanya, quebrou-a sobre seu joelho e atirou-a no rio. Então, ficando com medo
da resposta de Gaur€‰ga, o Senhor Nity€nanda, seguiu atrás dos outros, andando pela
estrada devagar. Quando Se encontraram, o Senhor Caitanya perguntou a Nity€nanda:
- Onde está a Minha danda?
Nityn€nda ficou hesitante para responder. Gaur€‰ga ficou pensativo e repetiu a
pergunta:
- Onde Você pôs a Minha danda? Fico sentido por não vê-la.
Nityan€nda Prabhu disse:
- Ver Você com uma danda queima o Meu coração. Você raspou Sua cabeça e tomou
sanny€sa. Com se isso não fosse suficiente, ainda carrega uma danda. Não consigo
suportar esta dor. Assim, quebrei a danda e a atirei no rio.
Nity€nanda interrompeu a fala por um instante, como se o Seu coração estivesse
digerindo as emoções e com uma voz embargada disse:
- Faça o que Você quizer fazer.
Num humor irado, Mah€prabhu disse:
- Você sempre faz a coisa oposta. Minha danda é o assento de todos os semideuses. Qual
o Seu propósito em quebrá-la? Você é desassossegado, instável e descontrolado. Sempre
age como um louco ou como um menininho. Você nunca segue as regras de dharma.
Você está além do sistema de varnarama. Seu comportamento é completamente
independente de qualquer posição designada. Se tento Lhe dizer algo, Você fica furioso.
O Senhor Nity€nanda riu e disse com uma voz entrecortada:
- Eu não sigo as regras e regulações das escrituras. Você sabe de tudo o que faço, seja
bom ou ruim: Você sabe de tudo. Você está dizendo que os semideuses residem na Sua
danda. Mas como posso tolerar que Você os carregue a todos em Seus ombros? Você
pensa sobre o bem-estar dos outros, mas Eu penso sobre o seu mal-estar. Por que devo
brigar com Você? Cometi uma ofensa, por favor desculpe-Me. O mundo inteiro vai ser
liberado por cantar uma vez o Seu nome. Você é conhecido como o libertador dos caídos,
assim, espero que Me desculpe.
Sua sanny€sa chocou os devotos. Eles não podem acreditar que Você raspou os Seus
cabelos maravilhosos. Aquele cabelo, que era como uma encantadora coroa em Sua
cabeça, dava prazer a todos. Vendo o estado de Seus devotos, Meu coração vive
queimando. Se Você não acredita em Mim, pergunte aos devotos. Para o benefício dos
devotos, quebrei aquela danda, que não era uma mera vara, mas sim um estilete de aço
que feria os nossos corações.
Apesar do Senhor Caitanya manter silêncio e paracer estar desgostoso externamente, no
fundo de Seu coração estava feliz. Locana d€sa diz que ®r… Nity€nanda Prabhu
quebrou a danda de Gaur€‰ga porque Ele conhece todos os mistérios de Mah€prabhu.

CAPITULO 16

VIAJANDO E OS PASSATEMPOS EM NILšCALA

GOPšLA DÁ UMA FLOR A GAURA

Depois de algum tempo Mah€prabhu chegou a Tamaluka, um famoso local de


peregrinação. O Senhor Caitanya banhou-Se no Brahma-kunda e viu a Deidade de ®r…
Madhusudana. Cheio de êxtase de puro amor a Deus, o Senhor viajou muitos dias até que
chegou à vila de Remun€.
Com grande excitação, Gaur€‰ga correu para ver a Deidade de ®r… Gop€la, que foi
instalada por Uddhava em Varanas…. O Senhor ofereceu-Lhe reverências repetidas
vezes. A Deidade de Gop€la veio a Remun€ para dar misericórdia a um brâmane.
O Senhor Caitanya gritava, "Ó Uddhava", chorava e rolava no chão. Seus olhos estavam
vermelhos e cheios de lágrimas. Gaur€‰ga circum-ambulava a Deidade de Gop€la
dizendo:
- O Senhor de Uddhava.
O Senhor e os Seus devotos começaram a dançar alegremente em k…rtana, enchendo o
céu e a terra com amor a Deus. Com os olhos vidrados, os semideuses se amontoaram nas
nuvens para contemplarem a festa de sa‰k…rtana de Gaur€‰ga. Com os seus mil
olhos, Indra contemplava o corpo nectáreo do Senhor. De repente, uma flor caiu do topo
da coroa de flores de Gop€laj…. Instantaneamente, Gaur€‰ga a pegou e cantou:
- "Hari bol! Hari bol"
Observando o surpreendente brilho do abençoado grupo de ®r… Caitanya, o rei do céu
prostrou sua cabeça em reverência. O Senhor dançou o tempo todo até a noitinha. Muitas
preparações eram oferecidas a ®r… Gop€laj…. Então o Senhor Gaur€‰ga e Seus
associados honraram a mah€-pras€da de Gop€la. Gaurahari passou a noite saboreando
KŠa-k€tha e no dia seguinte partiu pela manhã com os Seus devotos.
Logo ®r… Gaur€‰ga chegou ao rio Vaitaran… onde tomou banho e bebeu água. O
Senhor desejou ter um darana com o Senhor Varaha, que garante a liberação a todos
aqueles que O verem. Então Gaur€‰ga foi para Yajapur. Certa vez, Brahm€ e os
semideuses vieram até este local e fizeram um sacrifício. Após completar o yajña, eles
deram a vila a um brâmane. Até mesmo a pessoa mais pecaminosa se livra de todos os
seus pecados e alcança uma forma como a do Senhor ®iva se morre nesta vila. Existem
literalmente centenas de ®iva-li‰gas em Yajapur. Gaura-Govinda (nome do Senhor
Caitanya) ofereceu respeitos a elas.
Em seguida, o Senhor Caitanya visitou Viraja, cujas glórias estão acima da possibilidade
de descrição. Por ver este local a pessoa se libera das reações de milhões de atividades
pecaminosas. O Senhor alegremente prestou reverências a Viraja e orou:
- Por favor, dê-Me prema-bhakti aos pés de lótus do Senhor KŠa.
Continuando a viagem, o Senhor chegou a Navigay€. Ofereceu piŠa, ViŠu-pras€da, aos
Seus ancestrais e Se banhou no Brahm€-kunda. Depois de realizar os rituais apropriados,
Gaurahari e Seus associados deixaram rapidamente Navigay€, que é famosa como o local
do Senhor ®iva. Nesta cidade há milhões de ®iva lingas como "Trilocana" (aquele de
três olhos) e outras formas de ®iva.

MAIS PASSATEMPOS COM COBRADORES DE PEDÁGIO

Uma hora Mukunda Datta disse:


- Sei que de agora em diante não temos mais que ter medo de cobradores de pedágio.
Sorrindo de viés, o Senhor Caitanya disse:
- O que posso dizer Mukunda? Tomei abrigo na ordem de sanny€sa. O que tenho a ver
com um cobrador de pedágio?
Mukunda respondeu:
- Contudo, este último cobrador deu-lhe algum trabalho.
O Senhor Caitanya disse:
- Ouça Mukunda, todos os Meus parentes irão Me proteger.
O Senhor citou um verso do Santi-sataka: "Paciência é nosso pai. Perdão é nossa mãe. A
paz eterna é a nossa esposa. A veracidade é o nosso filho. Bondade é nossa irmã.
Controle da mente é nosso irmão. A terra e nossa cama. As dez direções são nossas
roupas. O conhecimento nectáreo é nosso alimento."
Com um sorriso de bem-aventurança, Gaurahari disse:
- Se estes são nossos parentes, diga-Me por favor, Meu amigo, como podemos ter medo
de alguma coisa? Estes parentes Me trouxeram até tão longe e cuidaram muito bem de
Mim.
Então Gaura, Gad€dhara e uns poucos outros devotos foram de porta em porta coletar
algum alimento.
Enquanto isso, um cobrador de pedágios patife aprisionou Mukunda e o restante do
grupo que viajava com o Senhor. Ele atou Mukunda a correntes e manteve todo mundo
cativo o dia todo. Uma vez que eles não tinham dinheiro, este desapiedado e pecaminoso
cobrador surrupio-lhes os cobertores e os vendeu. Depois da coleta, o Senhor Caitanya
encontrou Mukunda e o resto do grupo. Caindo aos pés de Gaur€‰ga, Mukunda Datta
disse:
- Senhor, Tuas glórias são incalculáveis. Recentemente disse que não tinha medo de
cobradores de pedágio, mas acabamos de sofrer nas mãos de um deles. Compreendemos
que és Deus, mas agimos como se não soubéssemos. Para aprender a lição fui mal tratado
por aquele homem.
Gad€dhara falou para Gaurasundara sobre o infortúnio de Mukunda. O Senhor fez um
breve comentário:
- Mukunda, não se preocupe, tudo correrá da melhor forma possível.
Na noite seguinte, o filho de ®ac… apareceu em um sonho para o cobrador chefe. O
Senhor estava deitado na cama de Ananta no meio do oceano de leite. Lakm… e
Sarasvat… estavam massageando os Seus pés. Os quatro Kumaras, o Senhor Brahm€ e
outros semideuses estavam a alguma distância oferecendo orações. Então, o Senhor ViŠu
vestido como um sanny€s…, falou para o cobrador chefe:
- Um de seus homens colocou Meu devoto em ansiedade.
Após este sonho magnífico, o cobrador chefe, perplexo e assustado, acordou
abruptamente, correndo para se encontrar com ®r… Gaura Gop€la (Senhor Caitanya).
Depois de oferecer dandavats, ele disse:
- És o Senhor que executa passatempos no oceano de leite. Para poder liberar as
entidades vivas, aparecestes neste mundo e tomastes sanny€sa. És a lua que ilumina a
densa escuridão da existência material. És a meta última de todo o conhecimento védico.
®r… Caitanya Mah€prabhu sorriu e disse:
- Muito em breve o Senhor KŠa lhe mostrará Sua misericórdia.
Então, Ele pôs os Seus sobre a cabeça do coletor chefe. Imediatamente, aquele homem
ficou infundido com amor extático a Deus. Ele corria e pulava, dançava exuberantemente
com os braços erguidos para o céu. O Senhor Gaur€‰ga então o emponderou para
pregar a consciência de KŠa naquela província. Neste instante os devotos se dirigiram ao
cobrador chefe:
- Um dos teus homens roubou nossos cobertores e nos pôs em miséria.
Envergonhado por ouvir isso, o cobrador chefe satisfez os devotos dando-lhes novos
cobertores. Depois, prestou reverências a todos e foi para casa. Passou o resto de sua vida
adorando o Senhor em sua casa e fazendo sa‰k…rtana dia e noite.

POR QUE O SENHOR CAITANYA ACEITOU PRASšDA DO SENHOR ®IVA?

Na manhã seguinte, Mah€prabhu visitou novamente a Deidade de Viraja, que garante a


liberação para todo mundo que A vê. Depois de prestar reverências e deixar o templo, o
Senhor Caitanya apresentou sintomas de êxtase transcendental. Andando com o jeito de
um poderoso leão, o Senhor chegou à vila de Ekamraka, onde residem o Senhor ®iva e
P€rvat….
Depois de ver a cúpula do templo, Gaur€‰ga começou a correr devido à intensa
ansiedade de ver o templo. Uma maravilhosa bandeira tremulava no topo do templo.
Mah€prabhu ofereceu reverências à bandeira do templo antes de entrar em Ekamraka,
uma morada do Senhor ®iva onde abundam templos de ®iva. Além da principal ®iva-li
‰ga da cidade, chamada "Visvevara", existem dez milhões de ®iva-li‰gas. Deve-se
ficar apreensivo em se cometer uma ofensa quando se anda por Ekamraka.
A terra de Ekamraka parece um sandesh (um doce de leite branco semi-sólido). As águas
de todos os locais sagrados se encontram no Bindu Sarovara, um lago sagrado local.
Neste local também existem muitos locais sagrados (Ekamraka atualmente é
Bhubanevara).
O Senhor Gaurahari ofereceu respeitos às Deidades de ®iva e P€rvat…. Ao vê-las todos
os devotos esqueceram-se dos aborrecimentos da viagem. Gaur€‰ga ficou inerte, em
êxtase assim que olhou para Mahea (®iva). Seus lábios ficaram vermelhos e lágrimas
cairam de Seus olhos, pápulas se formaram em Seu corpo, conforme o Senhor Caitanya
cantava orações ao Senhor ®iva.
Os devotos também recitaram doces orações. Em apreciação, o sacerdote do templo
ofereceu artigos de ®iva-pras€da: polpa de sândalo, perfumes e uma guirlanda de flores a
®r… KŠa Caitanya.
Em seguida o Senhor Se recolheu na casa de um devoto das visinhanças. Tomou pras€da
de arroz do devoto e foi repousar. Na manhã seguinte Gaur€‰ga Se banhou no Bindu
Sarovara, ofereceu reverências para Mahadeva (®iva) e continuou Sua jornada para
Nil€cala.
Agora ouçam atentamente uma história relacionada com esta. Uma vez D€modara PaŠita
perguntou a Mur€r… Gupta:
- Mur€r…, por que o Senhor Caitanya aceitou a nirmalya (pras€da) do Senhor ®iva?
Segundo uma maldição de Bhgu Muni, a pras€da de ®iva não é aceitável. Entretanto,
por que Gaur€‰ga a aceitou? O próprio Mah€prabhu é o Senhor dos brâmanes. Então,
por que Ele violou as injunções védicas?
Mur€r… Gupta respondeu:
- Ouça D€modara. Como posso conhecer o passa na mente do Senhor? Vou responder-
lhe segundo o meu entendimento. Se você julgá-lo aceitável, guarde-o em seu coração.
Se alguém faz diferença entre Hari (KŠa) e Hara (®iva) enquanto adora o Senhor ®iva, e
assim se recusa a aceitar a pras€da de ®iva, comete uma ofensa e sofre a maldição de
Bhgu Muni.
Por que? Porque sua consciência é contaminada. Ele não compreende as glórias do
Senhor ®iva. Mas quem aceita tanto Hari quanto Hara como unos, e aceita com fé a
pras€da de ®iva, torna-se querido tanto do Senhor KŠa quanto do Senhor ®iva.
Certamente satisfazemos o Senhor ®iva com oferendas de comida, se nos lembrarmos
que o Senhor ®iva é o vaiŠava mais elevado. Nos libertamos do apego material se
aceitarmos tais restos. Na verdade, quando o Senhor ®iva viu o Senhor Caitanya
recebendo seu darana, ele aceitou alegremente o Senhor Gaur€‰ga como seu
convidado.
A maldição de Bhgu é dirigida aos materialistas desprovidos de consciência de KŠa. Se
alguém adora o Senhor ®iva num humor amistoso, certamente desenvolve amor por
®r… KŠa. ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu veio para ensinar as pessoas o caminho da
perfeição.
D€modara PaŠita disse:
- Mur€r…, você bondosamente acaba de dissipar minhas dúvidas e fez todo mundo
também ficar feliz.
Assim Locana d€sa descreve os passatempos transcendentais de ®r… Caitanya
Mah€prabhu.
Por favor, ouçam os passatempos transcendentais de Gaurahari, que emitem um néctar
sempre novo a cada passo. Viajando com os Seus associados, o Senhor Caitanya logo
chegou ao templo de Kapotevara (®iva), ofereceu reverências e banhou-Se nas águas
puras do rio Bhargav…. Então seguiu para Jagann€tha Pur….

O ÊXTASE DE GAURš¥GA AO VER O TEMPLO DE JAGANNšTHA


A distância, o Senhor Caitanya viu o maravilhoso templo do Senhor Jagann€tha
brilhando como a lua cheia. Uma grande bandeira de seda vermelha tremulava
magestosamente sobre o topo das kailas. Repousando no alto da colina de Nil€gir…, o
maravilhoso templo do Senhor do Universo parecia o refulgente cume do monte Kail€sa.
Gaur€‰ga viu um menino atraente de pé sobre o templo. Movendo seus dedos para cima
e para baixo, o menino chamava o Senhor para o templo. Cheio de prema, o Senhor
Caitanya prestou reverências para o menino e caiu no chão, inconsciente. Vendo o
Senhor Caitanya prostrado sem Se mover e sem respirar, os devotos ficaram chocados e
chamavam o Senhor frenéticos. Ele não respondia. Apesar de estar vivo, Gaur€‰ga
parecia não estar lá. De repente, deu um pulo e começou a apresentar sintomas de êxtase
em Seu corpo. Os devotos sentiram-se revividos ao verem isso, mas ficaram imaginando
o que acontecera.
Mah€prabhu indagou:
- Alguém de vocês viu um menino sobre o topo do templo de Jagann€tha? Eu vi um
lindo menino cuja compleição era brilhante como uma safira azul, encantando os três
mundos.
Apesar de não terem visto ninguém, os devotos disseram que sim. Mah€prabhu disse:
- Olhem! Lá está ele! Aquele menino maravilhoso ainda se encontra no topo do templo.
Ele tem uma face sorridente e um incomparável corpo angelical feito de néctar. Está
segurando uma flauta em sua mão esquerda. Move os lindos dedos de sua mão direita e
está Me chamando.
Então o Senhor saiu correndo pela estrada do templo do Senhor Jagann€tha. Os devotos
seguiram o Senhor Caitanya. A refulgência de Gaur€‰ga assemelhava a de milhões de
luas. A tilaka de polpa de sândalo em Sua testa deslumbrava. Suas vestes avermelhadas
pareciam o sol nascente.
O Senhor Caitanya ofereceu reverências repetidas vezes conforme ia andando pela
estrada do templo. Uma incessante corrente de lágrimas corria de Seus olhos. Grandes
pápulas de êxtase surgiram sobre Seu corpo. Absorto em KŠa-prema, Gaurahari logo
chegou ao logo sagrado conhecido como Markandeya Sarovara. Lá Ele Se banhou,
prestou reverências a Yajñevara, deu caridade e continuou andando.
Vendo o templo do Senhor Jagann€tha refulgir a distância, Gaur€‰ga caiu prostrado ao
solo e prestou reverências. Imerso em amor a Deus, o Senhor chorava sem cessar.
Atraido pelo intenso amor de Gaura Raya, o Senhor Jagann€tha estendeu Seus longos
braços e apareceu diante do Senhor Caitanya, chamando:
- Venha, venha para Mim!
O Senhor Caitanya ficou estupefato ao ver o Senhor e rolou no chão. Com uma voz de
bem-aventurança Gaur€‰ga disse:
- Ó Senhor Jagann€tha, Tu és tão misericordioso! Conceda-Me Tua misericórdia!
Gaura chorava alto quando o Senhor Jagann€tha desapareceu subitamente. De repente,
Nil€calacandra reapareceu e o Senhor Caitanya ardia de alegria. Ondas de néctar do
oceano de amor divino lavavam o corpo de Gaura. Lágrimas, urros e arrepios surgiram
por todo Seu corpo. Neste louco estado de êxtase, Gaur€‰ga foi rapidamente à casa de
Sarvabhauma Bhatt€c€rya, que recepcionou o Senhor cordialmente e ofereceu-Lhe uma
€sana.
O SENHOR CAITANYA TEM UM DAR®ANA DO SENHOR JAGANNšTHA

O Senhor Caitanya disse:


- Estou muito ansioso em ver o Senhor Jagann€tha. Como isso será possível, quando Meu
coração se enche de apreensão ante esta perspectiva?
Sarvabhauma Bhatt€c€rya estava atônito de ver a explêndida beleza de Gaur€‰ga. O
corpo do Senhor era ouro derretido, imponente como o mente Sumeru. Sua face angelical
brilhava como os raios da lua. Seu ombros eram mais poderosos do que os de um leão.
Ele possuia amplos olhos, alongados como pétalas da flor de lótus. Seu pescoço era bem
modelado como uma concha e Seus longos braços estendiam-se até os joelhos. Tinha
todos os auspiciosos sinais de um mah€purusa (grande personalidade). Contemplar a
forma incomum, deveras atrativa de ®r… Caitanya surpreendia e aturdia Sarvabhauma.
Ele imaginou:
- Nunca jamais vi pessoa de tão indescritível beleza. Não há semideus que possa ser
comparado com Ele. Ele Se parece com VaikuŠ˜han€tha ( o Senhor de Vaikuntha) aqui
diante de mim.
Sarvabhauma mandou seu filho levar Gaurahari para ver o Senhor Jagann€tha e ouvir
com atenção o que for que Ele dissesse. Quando o Senhor Caitanya chegou à Simha-
dvara (porta principal do templo), perdeu o controle de Seu corpo e começou a cambalear
devido amor extático a Deus. Com cuidadosa assistência de Seus associados, o Senhor
entrou pela porta e foi até o Nat Mandir (a área de darana em frente à Deidade).
Ficando detrás da Garua stambha, o Senhor Caitanya contemplou a maravilhosa face de
lua do Senhor Jagann€tha sem conseguir piscar os olhos. Intensos sentimentos de êxtase
espiritual surgiram no corpo de Gaur€‰ga. Como resultado, os pelos de Seu corpo
ficaram eretos, parecendo os delicados filamentos de uma flor kadamba dourada.
Lágrimas rolaram de cinco ou sete correntes de Seus olhos de lótus.
Perdido na bem-aventurança de pura consciência de KŠa, ®r… Gaura R€ya ficou
completamente aturdido e caiu ao solo desfalecido. Parecia que um pico de montanha
havia caído pelo vento forte. Seus olhos estavam fechados e Seus punhos fortemente
cerrados.
Logo o Senhor Caitanya recuperou a consciência. Dançando e cantando "Hari! Hari!"
Entrou no templo com os outros devotos: ®r…v€sa, D€modara, Mur€r… e Mukunda.
Eles cantaram as glórias de R€dh€ e KŠa e dançaram exuberantemente.

OS PASSATEMPOS DE GAURš¥GA COM SARVABHAUMA

Então Gaurasundara e Seus amados associados voltaram para casa de Sarvabhauma


Bhatt€c€rya. Novamente o Senhor entrou em transe de euforia divina e fez sa‰k…rtana.
Observando as bem-aventuradas atividades do Senhor o coração de Sarvabhauma se
encheu de contemplação e prazer. Quando Gaura-natar€ja parou de dançar, Sarvabhauma
enviou um homem ir buscar mah€pras€da do Senhor Jagann€tha. Enquanto isso,
discutiram filosofia. V€sudeva Sarvabhauma disse:
- Mah€prabhu, por favor, diga-me onde nascestes.
Gaur€‰ga respondeu:
- O que quer que digas é verdade.
Sarvabhauma:
- Podes me dizer como foi que te tornastes sanny€s…?
Sarvabhauma Bhatt€c€rya estava totalmente confuso com as declarações equívocas de
Mah€prabhu. Não podia compreender nada a respeito do Senhor Caitanya, que é o
amado Senhor de milhões de Sarasvat…s (deusas do conhecimento). Não sabendo se
Gaur€‰ga era o próprio Deus, ou só um homem louco, Sarvabhauma manteve-se
cauteloso.

GAURš¥GA GLORIFICA A MAHšPRASšDA DE JAGANNšTHA

Neste momento chegou uma grande quantidade de mah€pr€sada de Jagann€tha.


Arrepiado ao vê-la, Mah€prabhu prostrou Sua cabeça para oferecer-lhe respeitos e rugiu
como um leão, enchendo o universo com aquele som. Os semideuses, gandharvas, seres
humanos, cães e serpentes vieram receber a pras€da das mãos de Gaur€‰ga.
Todo mundo sentiu êxtase ao tomar a mah€pras€da do Senhor Jagann€tha. Apesar de
Gad€dhara, Nity€nanda e os outros devotos virem isso, ficaram quietos, pois estavam ao
par de tudo. Então Mah€prabhu honrou os restos do Senhor Jagann€tha. ®r…v€sa disse:
- Mah€prabhu, estou um pouco receoso de perguntar, mas se Tu permitires, então farei a
pergunta. Depois de tomares mah€pras€da eu Te vi sorrindo em bem-aventurança. Podes
nos dizer por que estavas sorrindo?
Ao ouvir isso, o Senhor ficou contente e revelou Seu coração:
- Devido à promessa de K€ty€yan…, até mesmo os animais estão recebendo
mah€pras€da. Mas mesmo depois de grande esforço, semideuses como Indra, Candra e
os gandharvas não podem obtê-la. Devotos como N€rada, ®ukadeva, Prahl€da e outros
raramente chegam a provar esta mah€pras€da. Agora todo mundo está saboreando esta
mah€pras€da. Qualquer um que rejeite mah€pras€da, considerando-a comida ordinária,
perderá toda sua piedade e nascerá como porco. Nunca há nenhum defeito em
mah€pras€da.
Em seguida, Mah€prabhu honrou um pouco de mah€pras€da. A noitinha, tomou um
darana do Senhor Jagann€tha. Com os Seus olhos que pareciam a flor de lótus toda
aberta e a compleição da cor de uma nuvem de monsão, a face do Senhor Jagann€tha era
maravilhosa de ser contemplada. Todo o universo não podia conter o êxtase que o Senhor
Caitanya sentia ao ver o Senhor Jagann€tha.
O intenso KŠa-prema fez Gaur€‰ga cair ao solo. Parecia o monte Sumeru rolando ao
solo. A deslumbrante refulgência do corpo de Gaur€‰ga fez o Senhor Jagann€tha
também parecer dourado. O Senhor Balar€ma e os sacerdotes do templo também ficaram
absortos no humor extático de Gaur€‰ga. Ao verem isso, os devotos imergiram num
oceano de bem-aventurança.
O sercedote do templo adorou o Senhor Caitanya, a quem ele via como o Senhor
Jagann€tha móvel na forma de um sanny€s…. Nunca ninguém vira tão surpreendente
cena. Aflorando das profundezas do imenso oceano de prema, o Senhor Caitanya
retornou à casa de Sarvabhauma Bhatt€c€rya. Desta maneira o Senhor Caitanya saboreou
a indescritível alegria de tomar o darana do Senhor Jagann€tha três vezes ao dia. Ele
também passava os dias e noites discutindo R€dh€-KŠa prema-tattva com Seus
seguidores íntimos.
ENSINANDO O VEDšNTA E A REVELAÇÃO DA SAD-BHUJA

Agora ouçam com atenção a um passatempo que foi primeiramente revelado em


Puruottama-ketra (Jagann€tha Pur…). O Senhor Caitanya vivia humildemente, sem
nenhuma posse material e ensinava a renúncia para as pessoas em geral. Pessoas tolas
pensavam que o Senhor Caitanya era um homem comum. Gaur€‰ga costumava a cantar
Suas próprias glórias em associação com os Seus devotos mais queridos.
Sarvabhauma, que era orgulhoso de sua escolaridade mundana, uma vez disse algo
incorreto sobre o Senhor Caitanya numa assembléia de brâmanes e de pessoas santas. Ele
disse:
- Apesar do Senhor Caitanya ser um erudito vindo de uma boa família, tomou sanny€sa
numa idade muito precoce. Sem o conhecimento completo, este brâmane tomou um
caminho muito sério. Agora Ele deve Se retificar e estudar o Ved€nta com profundidade.
Não é o dharma de um sanny€s… cantar e dançar selvagemente pelas ruas. É melhor que
estude o Ved€nta comigo e que volte para a vida familiar.
De repente, Gaur€‰ga apareceu naquela assembléia. Sua face estava adornada com um
doce sorriso que parecia um constante fluxo de mel. Inibido, Sarvabhauma levantou-se
imediatamente para receber o Senhor Caitanya. Ele louvou o Senhor e ofereceu-Lhe um
assento. ®r… Gaur€‰ga Mah€prabhu disse:
- Não conheço todas as regras. Mas Tu, Sarvabhauma, sendo um grande erudito, sabes de
tudo. Por favor, diga-Me as regras e regulações. Apesar de não compreender os deveres
de um sanny€s…, a Providência fez arranjos e agora sou um sanny€s…. Agora, por favor,
explique as regras próprias e a conduta de um sanny€s…. Sabes e ensinas o Ved€nta,
agora por favor, instrua-Me. É dito que não se deve tomar sanny€s… no início da vida.
Qual é a regra das escrituras sobre tomar dika?
Sarvabhauma, ficando surpreeso com a franqueza do Senhor Caitanya, sentiu-se
envergonhado e hesitante para responder. Pensou:
- Como este sanny€s… pode saber que estava falando sobre Ele com os meus seguidores?
No dia seguinte, Gaur€‰ga e Seus associados retornaram à casa de Sarvabhauma. O
Senhor Caitanya desejava aprender a conclusão confidencial do Ved€nta de se abrigar
nos nectáreos pés de lótus do Senhor KŠa. Ao ouvir isso Sarvabhauma ficou chocado,
que então pode compreender o que o querido de ®ac…m€t€ não era um homem comum.
Sarvabhauma pensou:
- Nunca ouvi esta explanação do Ved€nta. Fiquei muito orgulhoso por ter passado minha
vida toda estudando e ensinando o Ved€nta. Mas ao ouvir a apresentação de ®r…
Caitanya sobre o Ved€nta, compreendi que Ele é favorecido por Sarasvat…, a deusa do
conhecimento.
Então Sarvabhauma, o melhor dos brâmanes, de mãos postas ofereceu orações a Gaur€
‰ga. Aturdindo a todos, o Senhor Gaur€‰ga manifestou Sua forma de seis braços (sad-
bhuja). Sarvabhauma ficou tomado de êxtase quando viu esta forma transcendental do
Senhor. Num local, num tempo e num só corpo, o Senhor Caitanya exibia uma forma de
seis braços.
Em dois braços levantados o Senhor segurava um arco e flechas. Com outras duas mãos
segurava uma flauta próxima aos Seus lábios. E com os dois braços junto ao corpo,
segurava uma danda de sanny€s… e um pote d'água. Entrando em êxtase pela
consciência de KŠa, Sarvabhauma caiu aos pés de Gaur€‰ga, chorando. Então, antes de
desfalecer, Sarvabhauma, com voz embargada, ofereceu ao Senhor Gaur€‰ga uma
oração chamada Caitanya-sahasran€ma: os mil nomes de ®r… Caitanya Mah€prabhu.
Assim Locana d€sa descreve a manifestação de sad-bhuja para Sarvabhauma
Bhatt€c€rya em Jagann€tha Pur….
Desta maneira, ®r… KŠa Caitanya viveu feliz em Nil€cala. Todo dia os devotos vinham
visitar o Senhor Gaur€‰ga. O darana diário do Senhor Jagann€tha enchia o coração de
todos com a alegria da consciência de KŠa. Quem pode descrever os ilimitados
passatempos do Senhor Caitanya? Uma vez que não posso me controlar, apenas tento
dizer alguma coisa sobre eles.
Este livro é baseado nas perguntas de D€modara PaŠita e as respostas dadas por Mur€r…
Gupta, um dos eruditos mais famosos do mundo. Mur€r… Gupta citou muitos lokas a
D€modara PaŠita para explicar os ensinamentos e passatempos transcendentais de ®r…
Caitanya Mah€prabhu. Pela misericórdia destes dois associados eternos do Senhor, sinto
imenso êxtase em meu coração conforme ansiosamente ouço os nectátrios tópicos sobre
Gaur€‰ga.
Sem considerar os meus defeitos, minha mente se torna absorta e eu falo de acordo com
as realizações de minha consciência. Assim sendo, tal como um patife tolo, tentei
recontar todos estes passatempos no šdi-khaŠa e Madhya-khaŠa. As descrições dos
passatempos transcendentais do Senhor Caitanya são manifestações de minha consciência
de KŠa.
Assim termina o Madhya-khaŠa, diz Locana d€sa.

SESA - KHANDA

CAPITULO 1

O SENHOR CAITANYA VISITA O SUL DA ÍNDIA

Todas as glórias a Narahari, cujo senhor e a vida é Gad€dhara PaŠita. Por favor, mostre
sua misericórdia e contemple-me favoravelmente. Agora vou descrever os passatempos
finais do Senhor Caitanya. Este oceano de néctar irá inundar o ouvinte de bem-
aventurança transcendental. Sarvabhauma Bhatt€c€rya passou seus dias e sua noites feliz
cantando os santos nomes do Senhor. Depois de deixar Jagann€tha Pur…, Gaurahari
viajou para o sul até K™rmaketra. Nesta vila Ele conheceu dois brâmanes, chamados
K™rma e V€sudeva. Vendo a forma estonteantemente atrativa de Gaur€‰ga, eles se
purificaram e entraram em êxtase espiritual. O dourado monte Sumeru estava diante
deles com Suas mãos auspiciosas e longos braços que chegavam aos joelhos.
Os ombros de Gaurahari eram fortes e se assemelhavam aos de um leão poderoso. Seus
olhos eram grandes, amplos e expansivos. Os brâmanes estavam convencidos de que
Gauracandra era na verdade o próprio Senhor KŠa. Chorando, cairam prostrados diante
dos pés de lótus do Senhor Caitanya. O mundo inteiro chorou com eles.
O Senhor Caitanya os levantou e os abraçou. Com uma doce voz, Gaur€‰ga disse:
- Ó brâmanes, por favor, ouçam com atenção. Com que propósito vocês vieram a este
mundo? Na era de Kali, a única religião é o canto congregacional dos santos nomes do
Senhor Hari. Quem faz Hari-n€ma-sa‰k…rtana possui um raro e valioso tesouro. Por
favor, sempre façam sa‰k…rtana, dancem felizes e deixem que os outros tomem parte.
Assim vocês serão liberados do apego material.
Terminando Sua pregação, Gaur€‰ga saiu de lá e viajou célere para Jiyada-Nsimha-
ketra. Ele ia saboreando o doce humor de KŠa-prema.

O APARECIMENTO DE JIYADA-N¬SIMHA

Ouçam atentamente a descrição do aparecimento de Jiyada-Nsimha. Um fazendeiro de


nome Punruya Goyala viveu por aqui. Ele plantou uma grande horta de pepinos e passava
a noite inteira tomando conta dela. Numa noite em que ele não estava de guarda, um
javali devorou uma touceira de pepinos. Na noite seguinte, manteve-se de tocaia com
arco e flechas para matar o javali. O javali selvagem cantou "R€ma!" quando foi atingido
por uma das flechas do fazendeiro e foi se esconder numa gruta das montanhas próximas
dali.
Perplexo, o fazendeiro ficou imaginando como um animal chucro como um porco pode
cantar o nome do Senhor R€ma. Ficou pensando se não seria o próprio Senhor que
aparecera disfarçado como um javali. Indo até o lado de fora da caverna o fazendeiro
pergunto para aquele porco:
- Quem é você? Quem é você?
Não houve resposta. Com medo e triste, o fazendeiro jejuou por dois dias. Ele ficou
pensando:
- O eu fiz? Sou o mais baixo entre os homens, pecador e descrente. Não há patife maior
do que eu.
Sentindo compaixão daquele fazendeiro, o misericordioso Senhor falou-lhe do céu:
- Sou o próprio Deus. Você Me feriu com a sua flecha porque comi os seus pepinos.
Agora não se preocupe, vá para sua casa.
O fazendeiro se tornou um sem casta e continuou jejuando. Novamente o Senhor falou do
céu:
- Seu fazendeiro tolo. Por que você está sofrendo tanto a toa? Você não cometeu
nenhuma ofensa. Desta maneira, pare de jejuar e vá para sua casa.
O fazendeiro respondeu:
- Mas eu O feri com as minhas flechas. Assim, para serve a minha vida? Mesmo se
morrer, não posso escapar da minha ofensa. Yamar€ja, o deus da morte, irá me punir me
surrando. Como posso me purificar?
O Senhor respondeu:
- Você não cometeu nenhuma ofensa. Não se preocupe, estou imensamente satisfeito com
você.
O fazendeiro argumentou:
- Então está bem. Já que Tu asseguras, abandonarei o meu medo. Mas como seberei que
estou livre da ofensa de ter atirado uma flecha naquele javali? Se puder ver com os meus
próprios olhos, então ficarei satisfeito. Então irei informar ao rei e Tu serás minha
testemunha. Se Te tornares minha testemunha, ficarei muito satisfeito.
O Senhor disse:
- Está bem, satisfarei o seu desejo e lhe darei esta bênção.
Ao ouvir isso, o fazendeiro correu feliz até o palácio real. Quando chegou à porta do
palácio foi dizendo:
- Ouça ó porteiro, por favor informe ao rei esta minha história inigualável e maravilhosa.
O rei irá gostar dela.
Em seguida o fazendeiro recebeu permissão para entrar no palácio e contar sua história
ao rei. O rei ficou atônito ao ouvir que Deus havia assumido a forma de um javali e
indagou ao fazendeiro:
- Isso é realmente verdade?
- Sim, meu senhor. Vamos juntos até lá. Então tuas dúvidas serão dissipadas. Deus
manterá Sua promessa e irá te contar tudo.
O rei continuou:
- Se ouvir Deus dar esta ordem, serei seu servo por toda minha vida.
O rei e o fazendeiro foram até a caverna na montanha onde estava o javali. O rei caiu
prostrado diante da entrada da caverna e ofereceu orações a Deus. O coração do Senhor
ficou derretido ao ver a humildade e sinceridade do rei. O Senhor disse:
- Ó rei, acredite nas palavras do fazendeiro. Agora, despeje leite nesta caverna que você
Me alcançará.
Deleitado ao ouvir o Senhor falar, o rei despejou leite na entrada da caverna. De repente,
debaixo do chão, um coque de cabelo pareceu. Realizando que uma Deidade do Senhor
estava Se manifestando, todo mundo entrou em bem aventurança e começou a cantar os
santos nomes de Hari, tocando instrumentos musicais.
Quanto mais leite era despejado, mas ia surgindo a forma transcendental do Senhor: a
cabeça e a face, peito, braços, barriga e pernas. Apesar de continuarem despejando leite,
o Senhor preferiu não revelar os Seus pés de lótus. Do céu o Senhor disse:
- Você não verão os Meus pés, não despejem mais leite.
O rei senti-se em êxtase por testemunhar a aparição do Senhor. Entretanto, também se
lamentou por não poder ver os pés de lótus do Senhor. Fez arranjos para um solene
mahotsava (festival) em honra à Deidade oferecendo comida opulenta, vestes e arati.
Enquanto contemplava o Senhor com devoção, o coração do rei se encheu de satisfação.
Um dia um mercador e duas mulheres foram até ali para terem um darana da Deidade.
Depois de verem a Deidade, o mercador prestou reverências e saiu do templo.
Abruptamente, a porta fechou-se atrás do mercador, deixando as duas mulheres presas ali
dentro. Através da porta ele pode ouvir o Senhor falando com as mulheres. Em grande
ansiedade, o mercador começou a orar para o Senhor em voz alta.
O misericordioso Senhor respondeu destravando a porta do templo. O mercador viu a
coisa mais espantosa quando reingressou ao templo. As duas mulheres haviam se
transformado em estátuas de pedra e estavam diante do Senhor. Considerando-se muito
afortunado, o mercador caiu aos pés do Senhor orando:
- Ó Senhor, por favor dê-me a benção que Tu terás o Teu nome posto atrás do meu. Meus
pais deram-me o nome de Jiyada. Assim, meu Senhor, desejo que tenhas este nome.
Esta é a história da Deidade chamada Jiyada-Nsimha. Locana d€sa canta contente as
glórias de ®r… Caitanya Mah€prabhu.

O SENHOR CAITANYA ENCONTRA RšMšNANDA RAYA

No dia seguinte, Gaur€‰ga e Seu grupo partiram de Jiyada-Nsimha. continuando para o


sul. Absorto no êxtase de KŠa-prema, o Senhor chegou a Kanchi, a jóia mais valiosa
entre as cidades que dão prazer aos olhos. Apesar do Senhor Caitanya nunca olhar para a
face de um desfrutador dos sentidos, foi fazer uma visita ao rei. O Senhor disse ao
porteiro do palácio que deseja Se encontrar com o rei.
Enquanto isso, o rei se ocupava em adorar sua Deidade pessoal em seus aposentos
privados. Quando o porteiro informou-lhe que um grande sanny€s… desejava vê-lo, o rei
se manteve em silêncio, continuando sua adoração. O porteiro ficou com medo que
tivesse ofendido ao rei, uma vez que seu amo se mantivera em silêncio. Correu de volta
até o Senhor Gaur€‰ga e disse:
- Não pude anunciar-Te ao rei porque ele está fazendo p™ja em seus aposentos privados.
Ninguém ousa incomodá-lo nesta ocasião.
Sorrindo por dentro, o Senhor ignorou o aviso do porteiro e adentrou ao palácio para
encontrar-Se pessoalmente com o rei. Gur€‰ga ficou na entrada do aposento onde o rei
fazia o p™ja, onde o rei R€m€nanda R€ya, estava adorando sua Deidade.
Enquanto o rei meditava em KŠa, sua mente exibiu-lhe a forma do Senhor Gaur€‰ga.
Confuso, cantou Hare KŠa e começou a meditar novamente. Novamente viu o Senhor
Gaur€‰ga ao invés de KŠa. Ele pensou:
- O que está acontecendo, quem estou vendo?
Com firme determinação, o rei começou a meditar novamente. Novamente, Gaur€‰ga
apareceu em seu coração. Confuso, o rei parou de meditar e abriu os olhos. De repente,
viu Gaur€‰ga, o melhor entre os sanny€s…s, bem diante dele.
O rei se levantou respeitosamente e adorou os pés de lótus do Senhor. Estava
maravilhado com a esplêndida beleza da forma dourada de Gaur€‰ga. Seu coração se
encheu de alegria. Estava surpreeso como o Senhor havia aparecido subitamente em seus
aposentos privados. Sorrindo, R€m€nanda R€ya disse:
- Como entrastes em minha mente durante minha meditação? Sou extremamente
afortunado por pode contemplar os Teus pés de lótus.
O Senhor Caitanya disse:
- Por que não estavas atento? Podes Me reconhecer, mas vim para levar-te coMigo.
Gaurahari riu alto, e em seguida manifestou Sua forma dourada na Deidade branca do
Senhor que estava sendo adorada por R€m€nanda R€ya. Abandonado a Sua forma
dourada, Gaur€‰ga assumiu a forma de KŠa de compleição azul escura. Ele tinha uma
flauta, usava um dhoti e uma pena de pavão em Sua cabeça. Estava adornado com
ornamentos divinos e uma maravilhosa guirlanda de flores da floresta. O rei se encheu de
alegria ao ver esta forma. Então, num instante, o Senhor reassumiu Sua forma dourada
como o Senhor Gaur€‰ga.
Os pássaros, animais, árvores, folhas, trepadeiras e tudo mais refletia a esplendorosa aura
de ouro derretido do Senhor Gaur€‰ga. Embrevecido, R€m€nanda R€ya caiu aos pés de
Caitanya. Agarrou os pés de lótus do Senhor e ficou inconsciente. O Senhor Caitanya o
levantou, tomo-o pela mão e andaram para fora.
Locana d€sa assim descreve o maravilhoso passatempo do Senhor Caitanya encontrando
R€m€nanda R€ya.

RšMA-BHšVA E A VISITA AO TEMPLO DE RA¥GANšTHA

Conforme viajava para o sul da Índia, ®r… Caitanya estava continuamente absorto no
êxtase de consciência de KŠa pura. Atravessando o rio Godavar…, o Senhor chegou a
Pañcavat… onde S…t€, R€ma e Lakmana viveram. Observando a beleza de Pañcavat…,
o Senhor Gaur€‰ga ficou entrevado de amor e chamava repetidas vezes:
- ®r… R€ma! Lakmana!
Pañcavat… é o lugar onde Lakmana ficou numa cabana tosca protegendo S…t€dev…,
enquanto R€ma perseguia o veado dourado. No momento em que Lakmana saiu para
procurar R€ma, o malvado demônio R€vaŠa sequestrou S…t€dev…. Vendo este lugar, o
Senhor Caitanya ficou tomado de lembranças de Seus antigos passatempos aqui. Num
momento Gaur€‰ga exclamou:
- Mate! Mate! Mate!
Noutro momento, disse:
- Pegue-o, pegue-o!
E então gritava alto o nome de Lakmana. Lembrando-Se de S…t€, Gaur€‰ga chorou
tanto que Seus associados nada podiam fazer para consolá-lO. Finalmente, Mah€prabhu
Se controlou e Se manteve pacífico.
O Senhor Caitanya prosseguiu até que chegou ao rio Kaver… e ao templo de Ra
‰gan€tha (Senhor R€macandra). Vendo o Senhor Ra‰gan€tha, Gaurahari dançou em
êxtase junto com Seus associados íntimos. Um brâmane chamado Tirumalla Bhatta, que
apreciava o extático sa‰k…rtana, imaginou qual seria a identidade de Gaur€‰ga.
Cativado pela força do amor divino, o corpo de Gaur€‰ga mostrou incríveis sintomas de
êxtase espiritual. Arrepios fizeram os pelos de Seu corpo ficarem eretos, como os
filamentos da flor de kadamba. Seu corpo dourado, alto como o monte Sumeru, era uma
árvore dos desejos adornada com frutos e flores de KŠa-prema.
Quando Gaurahari cantava alto os nomes de Hari, todos choravam. Vendo esta
atordoante exibição de emoções transcendentais, Tirumalla Bhatta ficou convencido de
que o Senhor Caitanya era certamente o Senhor Supremo: a vida e a alma de todo
mundo. Ele convidou o Senhor Caitanya para ter a bondade de visitar seu asrama.
Satisfeito com o serviço amoroso daquele brâmane, o Senhor ficou em sua casa para
observar a caturmasya, o período de quatro meses de austeridades devocionais.
Logo após deixar Ra‰gaj…, o Senhor Caitanya foi conhecer Param€nanda Pur….
Trocas de sentimentos amorosos ocorreram enquanto olhavam um para o outro, eles
imergiram nas correntes de lágrimas um do outro. Param€nanda Pur… lembrou-se dos
ensinamentos de seu Gurudeva, M€dhavendra Pur…, que havia citado um verso do V€yu
Pur€Ša:
"No começo da Kali-yuga, o Senhor N€r€yaŠa aparecerá na Terra numa forma dourada.
Tomando sanny€sa, Ele irá residir em Puottama-ketra perto do Senhor Jagann€tha."
M€dhavendra Pur… também falou ao seu discípulo, Param€nanda Pur…:
- Na Kali-yuga, para ensinar a religião de sa‰k…rtana, o Senhor KŠa aparecerá num
final de tarde. Ele terá um corpo transcendental alto, dourado com longos braços até os
joelhos. Seus ombros largos Lhe darão a semelhança de um leão e Seu pescoço parecerá
tão poderoso quanto o de um elefante. Flores de lótus desabrochadas formarão os Seus
olhos. Sendo um oceano de compaixão e um reservatório de prema, Ele irá distribuir Sua
misericórdia para todo mundo. Infelizmente, não serei capaz de vê-lo com os meus
próprios olhos. Você será afortunado o bastante para ver Gaur€‰ga, então por favor,
lembre-se de mim.
Param€nanda Pur… compreendeu que o Senhor Caitanya era o mesmo Senhor que seu
mestre espiritual havia anteriormente descrito. Instantaneamente, prestou reverências ao
Senhor. Gaur€‰ga o levantou e disse:
- O que estás fazendo?
Então Gaur€‰ga abraçou-o afetuosamente e começou a viajar novamente.

CAPITULO 2

SUL DA ÍNDIA E PASSATEMPOS DE VRAJA MA¦ALA

Por favor ouçam ao passatempo de ®r… Gaurahari visitando Sapta-tala. Vendo as


serenas árvores tala (palmeiras), o Senhor Caitanya sorriu e correu para tocá-las. O céu
se encheu de jubilantes aclamações de "Jai! Jai! Todas as glórias! Todas as glórias!" As
sete árvores tala anteriormente haviam sido gandharvas celestiais que foram
amaldiçoados a se tornarem árvores na Terra. O Senhor os liberou com o Seu toque
transcendental.
Cheio de êxtase de amor a Deus, Gaur€‰ga não sentia nenhum inconveniente em viajar.
Nem estava atento à passagem do dia ou da noite. Em seguida o Senhor chegou a
Setubandha. Gaur€‰ga dançou em bem-aventurança como um leão enlouquecido em
quanto dava voltas em torno da ®iva-li‰ga conhecida como R€mevara. Oferecendo
reverências Ele gritava afetuosamente:
- ®r… R€ma! Lakm€na!
Às vezes dizia:
- H€numan! A‰gada! Sugriva, Meu amigo! Vibhisana!
Mergulhado em divino amor a Deus, Gaurahari perdia todo senso de direção. Totalmente
esquecido de Si mesmo, Mah€prabhu dançava como louco junto com os devotos.
Em seguida, Gaur€‰ga passou o caturmasya às margens do rio Godavar…. De lá o
Senhor Caitanya voltou para Orissa. Absorto em lembrar-Se do Senhor Jagann€tha,
Gaur€‰ga visitou Alan€tha. ViŠu d€sa, um oriense vaiŠava, juntou-se ao grupo de
Mah€prabhu. O Senhor Caitanya ficou muito feliz em ver novamente a forma todo
atrativa do Senhor Jagann€tha. Erguendo Seus braços sobre a cabeça, constantemente
cantava "Hari bol! Hari bol!"
Locana d€sa diz que ®r… Caitanya Mah€prabhu estava saboreando ilimitada bem-
aventurança em Seu retorno a Puruottama-ketra.

A ESTRADA MENTAL PARA KANAI NATASALA

Ouçam os passatempos transcendentais do Senhor Gaurahari que não têm paralelos nestes
três mundos. Um dia Nsimh€nanda meditou em uma estrada elevada, feita de coral,
pérolas, ouro, jóias e gemas variadas. Para o prazer de KŠa, ele havia concebido esta
estrada que ia até Mathur€. Antes que Nsimh€nanda pudesse concluir a estrada, o Senhor
Supremo veio levá-lo de volta para casa, de volta ao Supremo. Nsimh€nanda estava triste
porque só havia completado a estrada até Kanai Natasala.
Atento para esta estrada, o Senhor Caitanya subitamente mudou de rumo e começou a
caminhar por ela. Nenhum dos Seus associados sabia para onde Gaur€‰ga estava indo.
Logo Gaur€‰ga chegou a Kamai Natasala e voltou ao Seu caminho anterior. Os
movimentos misteriosos fizeram com que Param€nanda Pur… indagasse o que ocorrera.
Explicando tudo, o Senhor Caitanya disse:
- Nsimh€nanda criou uma opulenta estrada, bem decorada e elevada em sua mente para
facilitar Minha jornada de Puruottama-ketra até Mathur€. Para satisfazer seu desejo
devocional, viajei por esta estrada.
Locana d€sa saboreia relatar este inconcebível e bem-aventurado passatempo de ®r…
Gaur€‰ga Mah€prabhu.
Em Nil€cala, o Senhor Caitanya e Seus seguidores saborearam o êxtase de Hari-n€ma sa
‰k…rtana dia após dia. Gradualmente, devotos de diferentes países vinham ficar com o
Senhor Gaur€‰ga. Um dia, de repente, Gaur€‰ga decidiu visitar Mathur€. Sua
ansiedade chegou ao ponto de loucura. Quando o Senhor Gaur€‰ga começou a jornada,
Seu êxtase intensificou e Ele começou a correr como um leão. Seus associados não
podiam estar tranquilos.
Quando Gaurahari entrou na floresta de Jharikhanda, fez com que os pássaros, animais,
árvores e pedras chorassem com Ele. Esquecendo-se de sua inimizade natural, os veados
e os tigres dançavam juntos muito felizes. Todos os animais da floresta alcançaram a
perfeição da vida por receberem o raro presente de KŠa-prema diretamente do Senhor
Caitanya.
Gradativamente, Gaur€‰ga chegou à cidade santa de Varanas…, o lar dos sanny€s…s
mais elevados. Prestou respeitos a Vivevara ®iva e caminhou até Pray€ga, onde tomou
darana de Aksaya-vata e Se banhou no Triveni (confluência do Ganges, Yamun€ e
Sarasvat…).
Determinado e movendo-Se como um elefante louco, Mah€prabhu seguiu para
Vnd€vana. De Pray€ga Ele foi para Agravana (Agra). Visitou o ar€ma de Jamadagni
Muni. Viu também Renuk€-grama que foi assim chamada em homenagem a esposa de
Jamadagni, Renuk€. Este foi o local de nascimento de Paraur€ma, o grande guerreiro
entre os Daa Avat€ras.
Depois de ter um darana do rio Yamuna, que sempre flui através de Vnd€vana,
Mah€prabhu chegou a R€ja-grama. Por fim Mah€prabhu entrou em Gokula (Vnd€vana).
Agora Ele estava completamente louco de amor por Deus. O coração de Gaur€‰ga
estava inundado de KŠa-prema. Com grande esforço, pode controlar Seus sentimentos.

O SENHOR CAITANYA PASSEIA POR VRAJA MA¦ALA

Em êxtase, o Senhor Caitanya viu a floresta de Madhavana. À distancia viu o perfil da


cidade celestial de Mathur€ Pur…. Neste ponto o Senhor Caitanya quase que caiu
inconsciente, devido à intensidade de Seu êxtase.
Andando pela estrada, Gaurahari gritava "škrura! škrura!" Sentindo êxtase de separação
de Mathur€, o Senhor Caitanya perdeu a consciência exterior. Por três dias ficou deitado
na poeira de Vnd€vana imerso em Vraja-bh€va. Os transeuntes ficavam imaginado a Sua
identidade. KŠad€sa, um elevado brâmane de Mathur€, pensou:
- De onde veio esta personalidade? Sou muito afortunado em ver Seus pés. Parece ser
®ukadeva ou Prahl€da.
Voltando à consciência exterior, o Senhor Caitanya perguntou:
- Ó brâmane, quem é você? Qual é o seu nome?
O brâmane respondeu:
- Meu nome é KŠad€sa.
Ao ouvir isso, Gaur€‰ga riu bastante, e então disse:
- Você sabe tudo sobre KŠa. Seu nome Me dá grande satisfação, assim, desejo que seja o
Meu guia no dh€ma. Mathur€-maŠala é o local favorito dos passatempos de KŠa. Uma
vez que você nasceu aqui e é um grande devoto, com certeza deve conhecer os diferentes
locais dos passatempos de KŠa. Agora, por favor, mostre-Me estes locais.
KŠad€sa disse:
- Eu não conheço todos os locais, mas conheço as doze florestas.
Gaur€‰ga sorriu e o emponderou com pleno conhecimento do dh€ma.
No mesmo instante o brâmane disse:
- Meu Senhor, vou Te mostrar todas as l…l€-sthanas (locais dos passatempos) aqui. Vou
Te contar os passatempos desde o nascimento de KŠa até a morte de Kaˆsa. Compreendo
que és na verdade o próprio filho de Nanda Mah€r€ja. De alguma maneira Tu me destes
o conhecimento de todos os locais e passatempos de ®r… KŠa em Mathur€-maŠala.
Contente com o brâmane, o Senhor Caitanya o colocou em Seu colo e começou a cantar
as glórias do Senhor KŠa. A noite toda Gaur€‰ga ficou na casa de KŠad€sa falando
sobre Mathur€. KŠad€sa disse:
- Em Mathur€-maŠala, o rio Yamun€ é mais afortunado porque KŠa realizou muitos
passatempos em ambas as margens. Existem cinco florestas na parte oriental do Yamun€
e sete na margem ocidental KŠa realizou passatempos em ambas as margens, entretanto
somente os devotos compreendem seu significado.
O palácio de Kaˆsa em Mathur€ situava-se perto do Yamun€. Oito milhas ao norte está a
floresta de Vnd€vana, onde ®r… KŠa realizou muitos passatempos repletos de rasa.
Kumudvana fica a sudoeste, margeando o Mathur€. Khadira-vana é ao norte. Talavana e
Madhuvana estão situadas quatro milhas ao sul de Mathur€.
Kamyavana não é longe de Mathur€. K€lya-daha fica na margem oeste do Yamun€. A
colina de Govardhana ergue-se magestática a quatro milhas a oeste de Mathur€. A
floresta de Bahulavana existe a noroeste de Mathur€. Estas são as sete florestas
localizadas na margem ocidental do Yamun€.
Agora vou descrever as cinco florestas na margem oriental do Yamun€. Mah€vana é
próxima ao Yamun€, a oito milhas de Mathur€. A oeste de Mah€vana há uma floresta
chamada Visva. A duas milhas ao norte de Mah€vana está a floresta de Loh€vana.
A floresta de Bhandiravana fica mais ao norte, na margem oriental do Yamun€.
Bilvavana e Bhadravana estão localizadas junto ao Yamun€. ®r… KŠa desfrutou muitos
passatempos bem-aventurados nestas doze florestas. Agora vou mostrá-las a Ti.
No dia seguinte o Senhor Caitanya fez os Seus deveres matinais de acordo com as
regulações védicas para um sanny€s…. Ele estava ansioso para começar. Chamou
KŠad€sa e começaram o parikr€ma. KŠad€sa ia narrando:
- Senhor Caitanya, veja esta floresta que margeia Mathur€ nas três direções. O Yamun€
flui do este para o sul. Veja os dois gaths ao norte e ao sul do forte. Veja o palácio de
Kaˆsa onde se situava no canto sudoeste da cidade de Mathur€. Existiam duas portas, ao
norte e ao leste do palácio de Kaˆsa e um lugar para sentar ao norte. Veja onde havia a
prisão, no canto noroeste do palácio e a latrina na parte sul.
Ouça atentamente a esta história. Com medo de Kaˆsa, Vasudeva levou embora o seu
filho KŠa. De repente, enquanto Vasudeva estava levando seu filho, KŠa urinou em seu
colo. Aqui Vasudeva sentou-se depressa, e KŠa acabou de urinar nesta pedra, que é
chamada Mutra-sthana. (Vasudeva diz que Devak… lavou as roupas com a urina de KŠa
em Potra Kunda, no pracina (velha) janmasthana, que é atrás da atual Janmasthana).
Veja a casa de Uddhava ao norte.
Ao ouvir isso o Senhor Caitanya começou a chorar. Seu corpo se cobriu de arrepios da
cabeça aos pés, fazendo com que os pelos ficassem eretos como os filamentos de uma
flor de kadamba. O Senhor Caitanya disse:
- Agora leve-Me para a casa de Uddhava. De acordo com as suas realizações, conte-Me
sobre os passatempos de KŠa lá, onde KŠa falou certa vez com este Seu devoto íntimo.
Sinto enorme dor ao Me lembrar disso.
KŠad€sa disse:
- A leste da casa de Uddhava está a casa do lavador de roupas de Kaˆsa. Mais a leste a
residência do florista. A casa de Kubja fica ao sul. Perto dela estava a arena de luta de
Kaˆsa. A casa de Vasudeva fica a sudeste.
Gaur€‰ga sentia grande felicidade ao ouvir estas coisas. Sua voz faltava e Sua face se
iluminava com um matiz avermelhado. KŠad€sa continuou:
- Veja a casa de Ugrasena bem a nordeste da casa de Vasudeva. O Viranti-ghata
(Vir€ma) fica bem ao sul de lá. Uma Deidade de Gatasr€ma está em Viranti-ghata.
Quando KŠa matou Kaˆsa, arrastou o corpo do demônio criando um canal chamado
Kaˆsa-khali, ao sul do templo de Gatasr€ma. O Pray€ga-ghata, Tinduka-ghata, Saptat…
rtha-ghata, ¬i-ghata, Mahea-t…rtha, Koti-t…rtha, Bodhi-t…rtha e Ganea-t…rtha ficam
ao sul. Estes são os doze ghatas, supremos entre os t…rthas.
Veja só o local conhecido como Rangabhumi, ao sul do palácio. Mais ao sul fica Kaˆsa-
kupa, um poço escavado por Kaˆsa para afogar KŠa. O poço a sudoeste é chamado
Ag€stya-kuŠa. Setubandha-sarovara fica ao norte dali.
O Senhor Gaur€‰ga chorava alto em êxtase, e os pelos de Seus corpo estavam eriçados.
KŠad€sa continuou narrando as glórias de Mathur€-maŠala:
- Ó meu Senhor, por favor ouça atentamente os passatempos que KŠa certa vez realizou
nas margens deste lago conhecido como Setubandha-sarovara. Uma vez KŠa veio aqui
com R€dh€ e disse:
- Sou o mesmo Rangan€tha (R€ma) que matou R€vaŠa com a ajuda dos macacos.
Ouvindo isso de KŠa, R€dh€ sorriu, achando que KŠa estava mentindo. Quando KŠa
perguntou curioso do que Ela estava rindo, R€dh€ respondeu:
- Não conte mentiras. Como que Você apareceu como o Senhor R€ma? Esta forma da
Suprema Personalidade de Deus era completamente controladora dos Seus sentidos. Não
é possível que Você Se comporte como Ele. R€ma construiu uma ponte através do
imenso oceano com árvores e pedras. Você pode fazer isso agora?
KŠa, rindo sorrateiramente do desafio de R€dh€, disse:
- Se Eu jogar árvores e pedras no oceano elas na certa deverão flutuar.
As gop…s disseram:
- Muito bem, nós vamos trazer as pedras. E Você vai nos mostrar como fazer a ponte. Ó
Kanai, não tenha tanto falso prestígio. Nunca ouvimos dizer que pedras flutuassem na
água.
KŠa disse:
- Tragam as árvores e as pedras, e Eu construirei a ponte sobre este lago.
As gopis trouxeram pedras e árvores e KŠa as atirou na água para fazer a ponte, fazendo-
as flutuar. Congratulando-se com KŠa, as gopis disseram:
- Muito bem! Muito bem!
Entretanto R€dh€€Š… exibiu um sorriso de satisfação porque KŠa havia feito a ponte
apenas para Seu prazer. Assim, este local é conhecido como Setubandha-sarovara.
O Senhor Caitanya ficou feliz ao ouvir este passatempo de R€dh€ e KŠa.
Locana d€sa também sente enorme prazer em descrever as glórias do Senhor Gaur€‰ga.
KŠad€sa prosseguiu:
- Ao norte de Setubandha-sarovara fica o Saptasamudra-kunda, onde os seis filhos de
Devak… foram arremessados contra uma pedra e morreram. O Sarasvat…-kunda fica ao
norte do palácio. Aqui está o Daavamedha-ghata com o Soma-t…rtha ao sul. O colar do
Senhor uma vez caiu num lago ao sul do Soma-t…rtha, que possui uma corrente
subterranea chada Naga-t…rtha.
Eles visitaram o Samyamana-t…rtha, alguns outros kundas e então circum-ambularam o
palácio. Depois de viajar pelos locais sagrados de Mathur€, o Senhor Caitanya foi
esmolar e descançar. A noite parecia terrivelmente longa, devido à intensa ansiedade do
Senhor em ver Vnd€vana. No dia seguinte o Senhor Se banhou e continuou o seu
extático parikr€ma. KŠad€sa continuou:
- Ó meu Senhor, Mathur€-maŠala tem uma área de vinte yojanas (160 milhas). As doze
florestas ocupam quarenta e oito milhas. Vamos ver os locais dos passatempos do Senhor
KŠa. Aqui, N€rada Muni falou a Kaˆsa sobre o nascimento de KŠa.
Lá está o local onde Kaˆsa aprisionou Vasudeva e Devak…. KŠa exibiu Sua forma de
ViŠu de quatro braços para Vasudeva e Devak… neste local. Este é o ponto de onde
Vasudeva carregou o bebê KŠa e os guardas de Kaˆsa estavam dormindo. Neste local
Vasuk… protegeu KŠa com os seus capelos, enquanto que Vasudeva usando uma
jumentinha como guia, atravessou o Yamun€.
Esta floresta é chamada Mah€vana, o local onde havia o palácio de Nanda Mah€r€ja,
onde Yaoda dava a luz a uma filha. Vasudeva chegou até aqui com o seu bebê e O trocou
pela filha recem-nascida de Yaoda. Pensando que a menina era filha de Devak…, o
pecaminoso Kaˆsa a atirou contra uma pedra para matá-la. Mas a criança escorregou de
suas mãos e ascendeu aos céus rápido como um raio. Nervoso e com medo, Kaˆsa
imediatamente começou a orar para ela. Neste momento, Kaˆsa ouviu uma mensagem do
céu predizendo sua desgraça. Daquele dia em diante, Kaˆsa começou a perseguir todas as
pessoas religiosas.
Depois de fazer um festival em honra ao seu filho, Nanda Mah€r€ja foi até Mathur€ se
encontrar com Vasudeva. Vasudeva estava alarmado, aconselhando-o a proteger o seu
bebê KŠa contra as atrocidades do tirano Kaˆsa. Quando KŠa tinha uma semana de vida,
Ele matou a demônia P™tan€. Ele matou o demônio em forma de carro quando tinha um
mês. Vivambhara, KŠa também matou o demônio em forma de turbilhão de vento,
Tnav€rta. Aos seis meses, foi realizada a cerimônia de dar o nome de KŠa. Enquanto
pretendia comer argila, KŠa mostrou a Sua forma Universal para mãe Yaoda.
Segurando a manthana-danda, KŠa dançou aqui. Neste local KŠa subiu num ulukhala
(grande pilão). Quebrando o pote que estava dependurado para evitar saqueadores, Ele
lambuzou Sua boca de manteiga. Deixando o leite derramar na fervura, Yaoda veio
correndo. Mãe Yaoda amarrou KŠa ao pilão para punir seu filho por roubar manteiga.
Aqui KŠa misericordiosamente liberou Yamal€rjuna.
Neste ponto, KŠa trocou um punhado de grãos por uma cesta de frutas. Veja a vila de
Gokula, situada ao sul de Mah€vana. D€modara e Seus amigos gopas costumavam
pastorear os bezerros aqui. Veja a encantadora Deidade de Gopivara, o Senhor ®iva.
Aqui é o Sapta-samudra-kunda e a casa de Ayana está situada na parte ocidental da vila.
A casa de Sundara Gopa fica ao sul daqui e a casa de Upananda fica no meio da vila. A
floresta onde R€vaŠa fez austeridades fica a oeste. Ao norte fica o arama de Durv€sa
Muni. Diante de Ti está a encantadora floresta de Loh€vana. Lá está a incomparável
floresta de Bhandiravana. Neste local Nanda Mah€r€ja uma vez pediu a R€dh€ que
tirasse KŠa de seu colo e O levasse para casa. Seguindo a ordem de Nanda, R€dh€€Š…
abraçou KŠa e O beijou afetuosamente. KŠa arranhou o peito de R€dh€ com Suas unhas.
R€dh€ estava surpreesa com o Seu comportamento. Apesar dEla não expressar, R€dh€
€Š… sentia intenso amor por KŠa. Aqui KŠa escavou um poço (Venu-kupa) para matar a
sede de Seus amigos.
Gaur€‰ga, ouvindo todos estes passatempos maravilhosos, ficou cheio de amor extático
por KŠa e caiu inconsciente. Depois de algum tempo o Senhor voltou à consciência
exterior e pediu a KŠad€sa que continuasse. KŠad€sa:
- Um dia Upananda, Nanda Mah€r€ja e outros vaqueiros decidiram deixar Gokula devido
às atrocidades de Kaˆsa. Na manhã seguinte, puseram todos os seus pertences em carros
de boi e partiram para Vnd€vana junto com as gop…s, vacas e crianças. Nesta ocasião,
usando um turbante na cabeça e uma vara na mão, KŠa começou a comandar as vacas.
Locana d€sa diz que o Senhor Caitanya ficou em Bhadravana e Bhandiravana por dois
meses enquanto sentia imensa alegria em Seu coração.
KŠad€sa prosseguiu:
- Depois de deixar Gokula os vaqueiros atravessaram o Yamun€ e foram para Chattikara
(em Vnd€vana). Aqui eles arrumaram seus carros de boi em semi-círculo. Amarraram os
bezerros na raizes de uma árvore kapitha. Nesta árvore kapitha, KŠa matou o demônio
Vatsaka (Vats€sura), segurando-o pela cauda e pelas pernas traseiras e esmagando-o
contra o chão.
Aqui Bak€sura tentou pegar KŠa com seu bico e engoli-lO. Imediatamente, KŠa saiu de
sua boca e o matou bifurcando o seu bico. KŠa gostava de entreter Seus amigos imitando
perfeitamente vários animais da floresta. Quando KŠa brincava com os gopas, levava
uma flauta, um bastão e um chifre de búfalo. Às vezes KŠa corria pelo chão tentando
agarrar a sobra dos pássaros que voavam no céu.
Ao ouvir isso, o Senhor Caitanya ficou absorto em Vraja-bh€va, esquecendo-Se de tudo.
Chorando e fazendo sons como um pavão, começou a correr por ali como um menininho.
O corpo de Gaur€‰ga se encheu de arrepios, Seus olhos ficaram rubros devido às
emoções extáticas. Ele gritava:
- Ó irmão! Irmão! ®r…dama! ®r…dama!
Cheio de sakhya-bh€va, Gaurahari abraçava uma árvore, e depois corria, brincando de
esconde-esconde, no humor de um vaqueirinho. Lembrando-Se de Suas vacas queridas, o
Senhor repetidamente chamava:
- ®yamal… Dhaval…!
E dizia irado:
- Vou matar aquele patife Dhenuk€sura!
Completamente alheio do que estava à Sua volta, o Senhor Caitanya às vezes chorava e
perdia o controle sobre o Seu corpo. KŠad€sa pensou que Gaurahari fosse Yaduvira (o
herói da dinastia Yadu). Depois de algum tempo, Gauracandra voltou à consciência
exterior. Pegou KŠad€sa e continuaram o parikr€ma de Vraja. KŠad€sa ia dizendo:
- Neste local KŠa matou Agh€sura, o irmão mais novo de P™tan€ e Bak€sura.
Apesar de não ser agora visível, o rio Yamun€ costumava correr por aqui. Aqui o Senhor
Brahm€ sequestrou os meninos e os bezerros. KŠa ficou aqui em Govardhana por
um ano. Brahm€ confuso, ofereceu orações maravilhosas ao Senhor nesta ocasião.
Balar€ma matou Dhenuka e comeu as frutas de tala bem aqui.
Ao lado do Yamun€, em K€liya-daha, KŠa pulou desta árvore kadamba para os capelos
de K€liyanaga. Ele subjulgou aquela terrivel víbora e a expulsou de Vnd€vana. Mas KŠa
sentiu frio por ter ficado n'água; assim, aqui perto, em Dvadaaditya-ghata, doze sóis
vieram aquecê-lO. Veja só a Deidade de K€liya-d€mana.
Neste local KŠa engoliu o fogo da floresta para salvar as vacas e os Seus amigos. Logo
ali, KŠa uma vez subiu nos ombros de ®r…dama no humor do Senhor N€r€yaŠa
cavalgando o dorso de Garua. Neste ponto, o demônio Pralambha raptou Balar€ma e O
carregou para longe em seus ombros. Sem esforço, Baladeva o matou batendo na cabeça
do demônio com o punho.
Bem diante de Ti está Vnd€vana que é repleta das mais encantadoras árvores munjavat…
e isika. Nesta área, as vacas uma vez se perderam e KŠa as chamou de volta com a Sua
flauta. Ouvindo a doçura deste som, as vacas correram céleres até KŠa. Alguns bezerros
pararam de mamar em suas mães e algumas vacas pararam de pastar a grama tenra.
Não só as vacas, mas todos os pássaros, bestas e animais de Vnd€vana ficavam
encantados pelo doce e cativante som da mural… (flauta) de KŠa. Neste local KŠa salvou
os meninos e as vacas de serem devorados por outro incêndio florestal. Estes são apenas
alguns dos muitos locais onde KŠa desfrutou de Seus passatempos transcendentais.
Locana d€sa diz que ®r… Caitanya Mah€prabhu sentiu grande alegria em Seu passeio
por Vraja-maŠala.
KŠad€sa continuou:
- Este local é conhecido como Cira-ghata, onde as gopis solteiras executaram votos e
adoraram K€ty€yaŠ…-dev… para poderem se tornar servas de KŠa. Deixando as suas
roupas e ornamentos na margem, elas iam se banhar nuas no Yamun€. Um dia, Hari
apareceu de repente e roubou-lhes as roupas. Ele subiu numa árvore kadamba, sentou-Se
num galho e sorriu maroto. Depois das gopis satisfazerem KŠa, Ele devolveu-lhes as
roupas e ornamentos.
Perto daqui, para o prazer de KŠa, os vaqueirinhos foram esmolar comida para as esposas
dos brâmanes yajñicos. Esta é Nandivara, a colina onde os vaqueiros foram se abrigar
depois de terem deixado Gokula com medo de Kaˆsa. Eles construiram suas casas aqui.
Com a idade de sete anos KŠa levantou a colina de Govardhana para proteger os
vrajabasis da ira de Indra. Este é o Man€sa Ga‰g€ que fica no lado nordeste da colina
de Govardhana. KŠa costumava cobrar taxas das gop…s quando Ele as atravessava de
barco.
Este caminho estreito pela colina era antigamente usado pelas pessoas de Gokula e
Mathur€. No topo desta colina está Dan-ghati onde KŠa desfrutava Sua l…l€ de cobrar
taxas das gop…k€s.
Vendo as pedras manchadas de leite, o Senhor Caitanya ficou cheio de Vraja-bh€va. Seu
corpo dourado ficou inteiro coberto de um brilho avermelhado. Ele caiu ao solo e tingiu
de vermelho as pedras com o toque de Suas mãos de lótus. Contemplando sem piscar os
olhos, o Senhor Caitanya às vezes abraçava as pedras. Às vezes prestava reverências.
Outras vezes chorava alto "R€dh€! R€dh€! Pague-Me uma taxa!" E caia desmaiado no
solo de Vraja. Um pouco mais tarde despertava e colocava uma pedra no colo. KŠad€sa
alertou:
- Meu Senhor, nós ainda devemos ver mais locais. Por favor, tente Te conter e não fiques
tão excitado. Olhe! Bem a leste de Govardhana está a floresta de Kusuma. Ao sul da
colina, KŠa e as gopis realizaram a rasa-l…l€ na rasa-maŠala de lá.
Neste ponto, Gaur€‰ga interrompeu KŠad€sa, pedindo-lhe que descrevesse a ®r…
Rasa-maŠala.
KŠadasa disse:
- Aqui R€dh€ e KŠa desfrutaram a dança da r€sa.
Gaur€‰ga ficou impaciente e entrou num humor de lamentação. Com a voz embargada
e lágrimas, cantou os nomes de R€dh€ e KŠa. Com os olhos vermelhos e úmidos,
exclamou "®r… Rasa-maŠala!" e caiu no chão. Um segundo depois, Gaur€‰ga Se
levantou, levantou os braços sobre a cabeça e fez sons de rugido. Rindo a gargalhadas,
pulava dizendo repetidas vezes:
- R€dh€ e KŠa desfrutaram a rasa-l…l€ aqui!
KŠad€sa ficou atônito ao ver a extraordinária exibição de amor extático a Deus do
Senhor Caitanya. E continuou narrando:
- No topo desta colina, R€dh€ uma vez realizou a Kadamba-vil€sa. Veja só Indra-
aradhana (Aniyora) e o local do festival de Annakuta. Como KŠa interrompeu sua
adoração, Indra muito orgulhoso esqueceu-se de sua posição. Humilhado por "um mero
vaqueirinho", Indra tentou punir os vrajabasis pela sua insubordinação. Ele os atacou e os
atormentou com suas nuvens de chuva, ventos fortes e raios.
A Deidade chamada Hari R€ya vive no topo da colina. Gop€la R€ya reside na parte sul
da colina de Govardhana. Neste local ®ri KŠa uma vez realizou alguns passatempos.
Destruindo o orgulho de Indra, Hari subiu a colina. Indra adorou KŠa como o Senhor
Supremo entre todos os semideuses.
Sarvapapaharana-kunda fica ao lado sul da colina. Na colina de Govarnadha também
estão o Brahm€-kunda, Rudra-kunda, Indra-kunda, Surya-kunda e Moka-kunda. Banhar-
se neste cinco kundas oferece os mesmos resultados de se banhar em todos os outros
kundas. Uma vez durante dvadas…, Nanda Baba foi se banhar logo cedo no Yamun€.
Para obter um darana de ®r… KŠa, Varuna Deva raptou Nanda. Veja o Brahm€-kunda
onde o bebê KŠa era banhado. Ao norte está a floresta de Aoka. Uma vez, na lua cheia
do mês de kartika, estas árvores aoka, apesar de fora da estação, encheram-se de flores.
Ao ouvir isso, o Senhor Caitanya contemplou a floresta de Aoka. Instantaneamente, todas
as árvores se encheram de flores e frutos, apesar de não ser a estação adequada. KŠad€sa
sorriu e ficou confuso ao testemunhar esta cena surpreendente e ao sentir o maravilhoso
aroma. KŠad€sa disse:
- Mah€prabhu, Tua sanny€sa é falsa.
Então KŠad€sa, pasmado, caiu aos pés de Gaur€‰ga em silêncio. Sendo solicitado pelo
Senhor Caitanya, KŠad€sa começou a falar novamente.

A DANÇA DA RšSA

KŠad€sa disse:
- Aqui KŠa realizou a dança da rasa. Sob esta kalpa-taru, Ele tocou Sua flauta tão
ecantadoramente que as gop…s ficaram irremediavelmente atraídas, apesar de estarem a
trinta e duas milhas de distância. Ao ouvirem Sua flauta, elas se derreteram pelo Senhor.
Ficaram tão loucamente atraídas que praticamente perderam a consciência.
Descartando sua timidez feminina, medo e prestígio familiar, elas correram loucas atrás
de KŠa. Seus cabelos, vestes e ornamentos estavam completamente desarrumados. A
poderosa agitação de Cupido forçou-as a correr para KŠa. Elas não podiam evitar isso.
KŠa cativara todas as vaqueirinhas de Vraja. Veja só Govinda R€ya a Teus pés.
O coração de Gaur€‰ga ficou inundado de amor extático por Deus ao ouvir estes tópicos
de KŠad€sa. Assim que Ele mergulhou no oceano de Vraja-bh€va, as ondas de prema
encheram a terra e o céu. Rugindo alto, Gaur€‰ga encheu a atmosfera com um banho de
néctar. Os pássaros e os animais ficaram loucos de amor extático por KŠa. Mesmo fora
da estação, flores desabrocharam das árvores, cucos cantavam melodiosamente e abelhas
zumbiam por todo lado.
Louvando a r€sa-l…l€, Gaurahari sorriu gentilmente e exclamou:
- Vaˆi! Maravilhoso! Maravilhoso!
Às vezes o Senhor Caitanya falava com as gop…s, com se estivesse falando num sonho.
De repente, num humor de menino, dançava enquanto gargalhava. Vendo tudo isso,
KŠad€sa ficou tomado de amor a Deus e caiu aos pés de Gaur€‰ga, chorando. KŠad€sa
disse:
- Nunca vi uma pessoa assim nestes três mundos. Sou muito afortunado por conhecê-lO,
mas estou a ponto de perdê-lO.
Assim que KŠad€sa disse isso, Gaur€‰ga voltou à consciência e disse:
- KŠad€sa, diga-Me o que aconteceu.
KŠad€sa respondeu:
- Aqui KŠa falou para as gop…s os deveres de uma mulher. Para testá-las e intensificar o
seu amor por Ele, KŠa falou desta maneira:
- Por que vocês, as mais belas jovens de cinturas finas, vieram a esta floresta solitária
nesta hora da noite? Como foram tão destemidas de virem até aqui? Vocês desejam
desfrutar a companhia do esposo de outra? Meu negócio não é ver ou tocar a esposa de
outro homem. Assim sendo, voltem para suas casas e sirvam aos seus esposos. A essência
do dever da mulher é servir o seu esposo. O supremo dever ocupacional de uma mulher é
servir o seu esposo, mesmo que ele seja doente, velho, pobre ou feio. Ó meninas de
Vraja! Voltem para os seus lares. Uma mulher casta nunca negligencia a realização de
seus deveres religiosos apropriados. Sou a religião personalificada, nunca faço nada
contra os princípios religiosos. Sem compreenderem a Minha mente, como vocês podem
agir desta maneira?
KŠad€sa continuou:
- Ao ouvirem isso, todas as gop…s desfaleceram. Ficaram pasmadas como pinturas num
quadro. Ficaram sem fala e respiravam com dificuldade; seus corpos estavam em brasa
pela agitação provocada pelo fogo de Cupido. Às vezes respiravam fundo devido ao fogo
da separação. Seus corpos tremiam, derramavam copiosas lágrimas. Abaladas pela
luxúria, não podiam deixar de contemplar KŠa. Cheias de sentimentos amorosos, não
podiam expressar seus desejos. Uma gop… resolveu falar pelas demais; quase louca
disse:
- Como podemos nós, mulheres desesperadas, nos controlarmos depois de ter
contemplado aquele que encanta o mundo inteiro com Sua beleza inigualável? Somos
donas de casa castas, mas ao ouvirmos a flauta de KŠa, que encanta todas as mentes,
tivemos que quebrar os nossos votos. Tu não sabes de nada, e nós não sabemos de nada,
entretanto, Teu aspecto cativante nos atraiu até Ti. És o esposo supremo entre todos os
esposos. És auto-satisfeito. Qual será o nosso destino se Te deixarmos agora? És o nosso
único desfrutador e nosso único esposo. Como podes imaginar-nos servindo a outro
esposo? Ó Senhor de nossas vidas, és o nosso único abrigo. És a bem-aventurança
suprema; a corporificação de toda a felicidade para nós.
KŠad€sa continuou:
- Devido a seu êxtase amoroso, as gop…s falaram a verdade. Ao ouvi-las, KŠa também
Se encheu de amor extático. Contemplou-as amorosamente e elas agora sentiam
felicidade indescritível. Então as gop…s rodearam KŠa, a jóia dos Yadus. As gop…s
douradas pareciam o brilho do relâmpagos num nuvem de monsão. Aqui nesta rasa-
maŠala, KŠa e as gop…s desfrutaram da incomparável dança da rasa. Eles formaram um
círculo com um KŠa para cada gop…. Juntos pareciam uma maravilhosa guirlanda, onde
esmeraldas se alternavam com flores campaka.
R€dh€ e KŠa permaneceram sob as árvores dos desejos de Vnd€vana. ®r…mat… R€dh€
€Š… é a fonte que origina todas as gop…s e a fonte de todos os êxtases amorosos.
Gradulmente, R€dh€€Š… expandiu-Se em muitas formas e KŠa também Se expandiu
para dançar com todas as R€dh€s. A lua parecia uma bandeira sobre o mercado de gop…
s na rasa-maŠala. O cuco parecia o sempre ativo Kamadeva (Cupido). As abelhas
zumbiam como os instrumentos musicais no mercado e a juventude era a mercadoria.
Madana Mohana, o desfrutador supremo, adquiria o amor puro das gop…k€s.
YadumaŠi (KŠa, a jóia entre os Yadus) dançou com perícia, como um ator dramático
com cada uma das gopis. Um brilhante concerto era feito pela doce flauta de KŠa e pelos
encantadores sons das pulseiras, tornoseleiras e cintos das gopis. Vários instrumentos
musicais como a mda‰ga e pakhowaja ( um tambor) temperavam e acrescentavam mais
doçura às melodias.
KŠa fez de R€dh€€Š… a "R€i r€j€", rainha de Vnd€vana. Depois de passar perfume e
pasta de sândalo no corpo de R€dh€€Š…, KŠa A adornou com uma fragrante guirlanda
de flores. Junto com as gopis, KŠa ofereceu várias orações a ®r… R€dh€. Depois de
banhar R€dh€€Š…, KŠa anunciou:
- De hoje em diante, R€dh€€Š… é R€i R€j€, a rainha de Vnd€vana.
KŠad€sa continuou sua narrativa:
- Uma vez quando as gopis desfrutavam a dança da rasa com KŠa, Ele desapareceu de
repente. Com exceção de uma gop…, KŠa deixou todas as outras para trás. Chorando
copiosamente, as gop…s cairam ao solo. A gop… que roubara a afeição de KŠa disse:
- Não consigo mais andar. Carregue-Me de alguma maneira.
KŠa respondeu:
- Suba em Meus ombros e Eu Te levarei.
- Depois de uma curta distância, KŠa, o sem coração, desapareceu. Aquela gop… caiu
prostrada chorando desesperada, cheia de aflição. Ao perderem KŠa, todas as gop…s
choraram descontroladas, como loucas. Ficaram absortas pensando nos prazeirosos
passatempos que haviam tido com KŠa. Quando elas estavam sucumbindo de desespero,
KŠa reapareceu diante delas de novo. Novamente KŠa e as gop…s desfrutaram de alegria
indescritível, dançando juntos a noite inteira.
Depois de desfrutarem muita alegria e bem-aventurados passatempos, KŠa e as gop…s,
sentindo-se fadigados, foram até as refrescantes margens do Yamun€. Relaxando no colo
das gop…s, KŠa caiu no sono. O doce, refrescante Yamun€, corria tranquilo. Assim, esta
auspiciosa noite terminou, e as gop…s voltaram aos seus lares.
Desta maneira, Gaur€Šga viu os diferentes locais dos passatempos de KŠa em Vraja.
Locana d€sa canta feliz as glórias de Gaur€‰ga.

MAIS FLORESTAS, MAIS PASSATEMPOS

KŠad€sa continuou:
- Aqui está Khadira, a floresta onde R€dh€€Š… passava todo dia para vender leite,
manteiga e iogurte. Aqui KŠa e Seus amigos se escondiam na floresta com planos de
arreliar e assustar ®r… R€dh€. Escondidos, os vaqueirinhos faziam sons assustadores
que amedrontavam R€dh€. Abrigando-Se em KŠa, R€dh€ O abraçava bem forte. KŠa
sentava R€dh€ em Seu colo, A acalmava e A beijava. Ao receber o amor de KŠa, R€dh€
entrava em êxtase e esquecia Seus temores.
Neste nikunja (bosque privado) R€dh€ e KŠa tiveram muitos passatempos prazeirosos.
Cativados um pelo ouro, realizaram aqui mah€-r€sa-l…l€. Neste local KŠa é chamado
Madana Gop€la.
Gaur€‰ga apreciou muito este l…l€-sthana.
KŠad€sa ia contando:
- Esta é a floresta Kumuda, onde KŠa trazia Suas vacas e brincava com os Seus amigos
íntimos como Subala e ®r…dama. Como os meninos viviam brigando por aqui, o lugar é
chamado de Kondaliya. Agora, de uma olhada em Ambika-vana ao lado do rio
Sarasvat…. Aqui as gop…s e gopas mais velhos adoravam Hari e Gaur… (®iva e
P€rvat…). Vidyadhara, um maravilhoso semideus, foi amaldiçoado de se tornar uma
serpente por ter rido do filho de Angira ¬i. Para remover esta maldição, ele tentou
engolir Nanda Mah€r€ja. Mas KŠa veio até aqui, libertou Seu pai e liberou o semideus
pelo toque de Seu pé.
Aqui KŠa matou Sankhacuda, o espião de Kuvera, batendo em sua cabeça. O Senhor
pegou a valiosa jóia que decorava a cabeça do demônio. Neste local, KŠa matou
Arist€sura, segurando-o pelos chifres, derrubando-o e sacudindo-o no chão.
Depois de ouvir N€rada, Kaˆsa aprisionou Vasudeva e Devak…. Um dos seguidores
demoníacos de Kaˆsa tomou a forma de um horrível cavalo chamado Kei. Este poderoso
demônio molestou e assustou os vrajabasis. Enfiando Sua mão na boca de Kei, KŠa
matou facilmente o demônio sufocando-o.
Aqui um demônio disfarçado de ovelha, roubou os vaqueirinhos e os escondeu numa
caverna nas montanhas. KŠa matou este demônio e recuperou os Seus amigos. Depois de
jogar Bhaum€sura no chão, KŠa continuou brincando.
O palácio de Nanda Mah€r€ja erguia-se majestoso no alto de Nandivara. A floresta de
Kamyavana fica a oeste. Veja só aquela pedra escarpada, onde os vaqueirinhos gostava
de ir a tarde para escorregar. Logo ao norte de Nandivara está Pavana-sarovara. KŠa
costumava amarrar Seus bezerros nesta moita de bambu.

K¬±¦A VAI PARA MATHURš E MATA KA¤SA

Kaˆsa enviou Akrura para Vnd€vana para buscar KŠa. Em seu caminho para Vnd€vana,
Akrura ficou absorto pensando em KŠa. Todos os seus desejos foram satisfeitos quando
ele viu as pegadas de KŠa. Ao encontrar KŠa e Balar€ma, Akrura caiu prostrado ao solo,
oferecendo reverências. Levando Akrura para casa, Eles o recepcionaram com amor e
afeição.
Akrura contou aos meninos todas as atrocidades de Kaˆsa. Pela manhã, Nanda Baba
anunciou que Eles iriam a Mathur€ se encontrar com Kaˆsa. Este é o local onde KŠa e
Balar€ma subiram na carruagem de Akrura para irem a Mathur€.
Aqui, as gop…s se lamentaram quase até a morte quando ouviram a notícia. Devastadas
por intensos sentimentos de separação, elas se arremessaram ao chão. Suas faces estavam
cheias de lágrimas. Seus cabelos, vestes e ornamentos estavam em desalinho. Quem pode
descrever a aflição das gop…s nesta hora? Elas pareciam corpos mortos prostrados no
chão.
KŠa enviou uma mensagem de Mathur€ para tranquilizar as gop…s. Ele dizia:
- Dentro de poucos dias retornarei a Vnd€vana. Todas vocês são a Minha própria vida.
Sem vida o corpo não pode existir. Depois de matar o patife do Kaˆsa Eu voltarei. Não
fiquem preocupadas.
KŠad€sa prosseguiu:
- Aqui às margens do Manasa-ga‰g€, os vaqueiros pararam os seu carros de boi para
descançar. Depois, eles se banharam no Yamun€, descançaram, comeram algumas frutas
antes de chegar no palácio de Kaˆsa a tarde. KŠa chegou um pouco mais tarde. Neste
local os súditos de Kaˆsa gritaram:
- Ora! Ora! Eles são apenas meninos; não são páreo para os dois lutadores. Kaˆsa está
fazendo uma grande injustiça.
De acordo com a sua consciência individual, as diferentes pessoas viam ®r… KŠa de
modo diferente assim que Eles entraram na arena de luta. Temeroso, Kaˆsa viu KŠa
como a morte personalificada. Os lutadores viam KŠa como um poderoso raio, os yogis
O viam como a Verdade Absoluta, os Yadus como a sua suprema Deidade adorável, os
pouco inteligentes como a forma universal do Senhor Supremo, os vaqueiros como seu
parente e as mulheres como o Cupido em pessoa. Os espectadores viam KŠa conforme
seus desejos individuais.
Canura e Mustika, dois lutadores instigados por Kaˆsa, lutaram contra KŠa e Balar€ma.
KŠa matou Canura e Balar€ma matou Mustika. Usando os Seus punhos, Eles mataram
muitos outros lutadores. KŠa derrubou Salva ao solo para matá-lo. Fazendo um som
violento, Balar€ma quebrou o ringue com a Sua perna. Os outros lutadores fugiram de
medo imaginando terem de enfrentar os dois vaqueirinhos. Desgostoso e irado, Kaˆsa
ordenou a seus homens que expulsassem KŠa e Balar€ma do palácio. Ele ordenou que
prendessem Nanda Mah€r€ja e os vaqueiros e que matassem Vasudeva, Devak… e
Ugrasena.
Numa fração de segundo, KŠa pulou para o dossel real, desafiando o patife do Kaˆsa.
Kaˆsa levantou sua espada, mas KŠa, rugindo como um leão, agarrou-o pelos cabelos e o
atirou ao solo. Visvarupa (KŠa) esmurrou o peito de Kaˆsa e o matou com Sua força
ilimitada. Kaˆsa teve boa fortuna por KŠa ter Se sentado em seu peito. As pessoas
louvavam KŠa:
- Todas as glórias! Todas as glórias ao Senhor!
Os semideuses jogaram flores em grande alegria. KŠa arrastou o corpo morto de Kaˆsa,
girou-o no ar e o arremessou longe. Os oito irmãos de Kaˆsa, agitados ao verem sua
morte e desejosos de vingança, atacaram KŠa e Balar€ma furiosamente. Num piscar de
olhos Balar€ma os matou. Este local é chamado Kaˆsa-khali, porque KŠa arrastou o
corpo de Kaˆsa pela vila. Aqui em Viranti-ghata KŠa e Balar€ma descansaram. Balar€ma
consolou as esposas de Kaˆsa que estavam se lamentando.
KŠa e Balar€ma libertaram Vasudeva e Devak… da prisão. Saturados de alegria, eles
afetuosamente beijaram seus filhos. Eles entronaram Ugrasena e Se despediram de Nanda
Mah€r€ja.
Locana d€sa diz que ouvir sobre a falta de coração de KŠa em deixar Nanda Mah€r€ja
enche todo mundo de medo.
KŠad€sa prosseguiu:
- Akrura tentou levar KŠa e Balar€ma para sua casa. Recusando a oferta, Eles disseram:
- Quando voltarmos para Vnd€vana pararemos em sua casa.
Vendo que KŠa permanecera na cidade, os vaqueiros esperaram por Eles com os seus
carros de boi bem na saída de Mathur€, às margens do rio Sarasvat…. (Nota da tradução
inglesa: neste ponto, por alguma razão, Locana d€sa Thakura inverte a temporalidade dos
passatempos. Nos próximos parágrafos, ele conta passatempos que ocorreram antes da
morte de Kaˆsa, que já foram descritos) (nota da trad. portuguesa: segundo San€ntana
Gosv€m…, em seu Bhad Bh€gavatamta, em Goloka no mundo espiritual, os passatempos
não têm ordem certa para aparecerem, pois lá não existe temporalidade. Portanto Locana
d€sa deve estar se referindo a uma descrição que KŠad€sa faz dos passatempos do mundo
espiritual, que são um pouco diferentes dos realizados em Bhauma Vnd€vana).
KŠad€sa ia dizendo:
- Para poderem visitar vários locais, KŠa e Balar€ma ficaram algum tempo em Mathur€.
Uma vez Eles pediram algumas roupas para um tintureiro chamado Durmukha. O
pecaminoso Durmukha recusou e falou alguns palavrões para KŠa. KŠa retribuiu batendo
no demônio com a ponta de Seus dedos. Escolhendo as melhores roupas, os meninos Se
vestiram suntuosamente e visitaram Sudama-malli (guirlandeiro). Sudama recepcionou o
Senhor cheio de alegria e lavou os Seus pés de lótus. Depois de oferecer uma doce e
fragrante guirlanda, Sudama recitou lindas orações para glorificar o Senhor KŠa.
Um dia, na estrada, KŠa conheceu uma mulher corcunda chamada Kubja. Ele Se divertiu
gracejando com ela. Kubja afetuosamente recebeu KŠa e Balar€ma em sua casa,
massageando Seus corpos com uma pasta de aguru aromática. Estando satisfeitos com
seu serviço, KŠa imediatamente transformou-a numa atraente jovem com o Seu toque
transcendental. Cheia de luxúria, Kubja abandonou sua casta timidez e expressou seu
desejo de desfrutar com KŠa. Hari tranquilizou Kubja com doces palavras e depois
partiu.
Este local é chamado Dhanur-yajña, onde KŠa quebrou o arco de sacrifício, e usou seus
pedaços para matar os seguidores demoníacos de Kaˆsa. A noitinha KŠa, Balar€ma,
Nanda Mah€r€ja e os vaqueiros foram ao palácio de Kaˆsa a convite de Kaˆsa. A noite
Kaˆsa teve um pesadelo.
No dia seguinte, ele ordenou a seus homens que construissem três plataformas elevadas;
uma para si próprio e as outras duas para Vasudeva e Devak…. Kaˆsa fez estas outras
duas plataformas para que Vasudeva e Devak… pudessem apreciar a morte de seus
filhos. Muitos outros assentos elevados foram construidos em volta da arena de luta para
os cortesãos de Kaˆsa. Aquele pecaminoso Kaˆsa também mandou escavar um poço
especial para atirar KŠa e Balar€ma depois de Os matar.
Sentado sob um dossel real, Kaˆsa ordenou a seus servos para trazerem KŠa, Balar€ma e
os vaqueiros para a arena de luta. Ele desejava avaliar sua destreza. Ouvindo os gritos de
guerra dos lutadores, KŠa e Balar€ma correram para a arena excitados.
No portão principal Kaˆsa colocou um elefante, grande como uma montanha, para matar
os meninos. Excitado até a loucura pelo seu invejoso tratador, a besta furiosa atacou KŠa.
Rapidamente, KŠa quebrou uma de sua presas, subiu às suas costas e matou o tratador.
Então KŠa arrancou as presas do elefante, foi até a sua traseira, agarrou sua cauda e o
lançou a trinta milhas de distância. Kaˆsa tremeu de medo ao ouvir que KŠa havia
matado seu elefante como que brincando.
Os vaqueiros estavam com medo da sorte dos meninos quando Eles encontraram o rei
Kaˆsa. Kaˆsa disse para os seus lutadores Canura e Mustika:
- Agora quero ver a sua luta.
KŠa e Balar€ma lutaram e mataram Canura e Mustika respectivamente.
Na Kali-yuga, o Senhor Caitanya passeou por Mathur€-maŠala e ouviu sobre as glórias
do Supremo Senhor KŠa de KŠad€sa. Caindo aos pés de ®r… Gaur€‰ga, KŠad€sa
disse:
- Estou muito aflito. Por favor, não me engane. Agora sei definitivamente que és o
mesmo KŠa. Ó Gaur€‰ga! Por favor seja benévolo comigo!
O Senhor Gaur€‰ga disse:
- Pela sua misericórdia Minha mente está purificada. Desejava ver Mathur€ e pela sua
misericórdia pude ver esta terra cheia de rasa. Que ®r… KŠa conceda-lhe Sua
misericórdia.

K¬±¦A RETORNA PARA VRAJA COMO GAURš¥GA

Todos os vaiŠavas ansiavam em ver Gaur€‰ga. Apesar de terem visto Gaur€‰ga


apenas uma vez, não puderam esquecer-se dEle. Devido à afeição transcendental, eles
não puderam se controlar. Velhos, meninos, mulheres, homens e até mesmo os tolos
concordavam todos que ®r… Caitanya era o próprio Senhor ®r… KŠa. Um vrajabasi
disse:
- KŠa voltou para Mathur€ para ver os locais de Seus passatempos.
Outro disse:
- Se Ele não é KŠa, então por que posa na posição curvada em três pontos e vive
chamando por R€dh€?
Os vrajabasis ficavam com Gaur€‰ga o dia e a noite inteiros. Não queriam deixá-lO por
um segundo. O Senhor Caitanya viu cada uma das árvores e l…l€-sthanas (locais de
passatempos), um depois do outro. Tudo na floresta de Vnd€vana estava completamente
cheio de amor.
O Senhor Caitanya manifestou-Se em cada uma das casas de Mathur€-maŠala. Alguns O
viram como uma criança, outros O viram desfrutar Seus passatempos juvenis. Alguns
ouviram-nO tocar Sua flauta encantadora. Outros, loucos de prema, abraçaram Gaur€
‰ga como seu esposo. Todo mundo considerava-O como sendo seu.
Quando Gaurahari vagava pela floresta, as árvores, as trepadeiras e as flores se derretiam
de êxtase. As abelhas, os cucos e pavões chegavam rapidamente para junto do Senhor.
Eles levantavam suas cabeças para saborearem a doçura da face de Gauracandra. O
Senhor reciprocava com todas as criaturas pelo olhar amoroso que dirigia a elas.
Todo mundo soube que Gaur€‰ga era na realidade KŠa disfarçado como sanny€s….
Assim, Mah€prabhu terminou Seu passeio por Mathur€ e voltou para Nil€cala. Locana
d€sa sente grande deleite em descrever os bem-aventurados passatempos de Gaur€‰ga
em Mathur€-maŠala.

CAPITULO 3

O SENHOR CAITANYA RETORNA A NILšCALA

GAURš¥GA DÁ JÓIAS POR CREME DE LEITE

Num humor alegre o Senhor Caitanya voltou rapidamente para Nil€cala. Em amor
extático Ele exclamava:
- Ha Jagann€tha!
Absorto em KŠa-prema, Gaur€‰ga seguia com a determinação de um leão. Andava tão
depressa que Seus associados não podiam alcançá-lO. O Senhor chegou a uma pequena
vila na floresta e conheceu um vaqueirinho que estava carregando um pote cheio de
creme de leite para vender no mercado. Gaur€‰ga disse:
- Ó querido vaqueirinho. Estou com sede, você pode Me dar um pouco de creme de leite?
Caindo aos pés do Senhor, o menino disse:
- Por favor, leve este creme de leite, e beba quanto desejar.
O Senhor Caitanya bebeu todo o pote de creme de leite. Então aquele dito sanny€s… saiu
andando dizendo:
- Você fique aqui e colete o dinheiro dos meus colegas que estão Me seguindo.
O Senhor foi embora rápido e o menino sentou-se, pensando em si mesmo. Depois de
algum tempo, os seguidores do Senhor chegaram e indagaram ao menino:
- Você viu um sanny€s…?
O vaqueirinho respondeu:
- Sim, Ele bebeu todo o meu creme de leite. Disse que vocês iriam pagar por ele. Se
vocês tiverem algum dinheiro, paguem-me, para que possa ir para cassa.
Surpreesos, os associados de Gaur€‰ga entreolharam-se e disseram:
- Onde vamos arrumar dinheiro? Não temos dinheiro algum.
O vaqueirinho disse:
- Está bem, esqueçam. Digam àquele sanny€s… que é a minha humilde oferta aos Seus
pés de lótus.
Então o menino tentou levantar o pote vazio e seguir para casa. Por alguma razão, ele não
conseguia erguer o pote. A remover a tampa, viu que ele estava cheio de jóias e ouro.
O vaqueirinho correu pela estrada em direção ao Senhor Caitanya. Encontrou o Senhor
esperando pelos Seus associados a curta distância dali. Gaur€‰ga sorria benevolamente
para o menino. Quando os associados do Senhor Caitanya chegaram, ficaram felizes ao
verem que aquele vaqueirinho havia alcançado os pés de lótus do Senhor. Gaur€‰ga
disse:
- Ei, vaqueirinho, volte para casa. Você alcançou uma bênção e KŠa deu-lhe Sua
misericórdia.
Enquanto andava para casa o menino foi investido de amor a Deus. Dançava e cantava
como louco no êxtase de KŠa-prema. Todos os aldeões se encheram de alegria ao verem
que aquele vaqueirinho havia recebido a misericórdia do Senhor.
Feliz, Locana d€sa canta as glórias de Gaur€‰ga.
Gradualmente, Gaur€‰ga e Seu grupo foram chegando a Gauda-desh. Depois de se
banharem no Ganges, Gaurahari seguiu para R€dh€-desh e parou na vila de Kulia. O
Senhor Caitanya pensou:
- Como um sanny€s…, é Meu dever ver o local da Minha vida anterior.

GAURš¥GA VISITA NAVADVŸPA E ®ACŸMšTš

Assim que o Senhor Caitanya parou em Navadv…pa, todos na vila correram para vê-lO.
Esquecendo-se de suas misérias, disseram felizes:
- Ó Gaurasundara voltou!
As donas de casa de Nadia abandonaram os seus parentes e correram para ver o Senhor.
®ac…m€t€, com o cabelo e as vestes em desalinho, correu para ver o seu filho querido:
- Onde está o meu Vivambhara? Quero vê-lO e beijar Sua face maravilhosa. Ó meu
Nim€i voltou para Nadia! Pessoal, por favor, segurem-nO; não está errado se vocês
fizerem isso. Ele é a vida e a alma de todo mundo. Se Ele não ficar em Nadia, como
manteremos nossas vidas? E sem vida como os nossos deveres religiosos poderão ser
mantidos?
Então ®ac…m€t€ foi se encontrar com Gauracandra que estava sentado numa €sana.
®ac…m€t€ disse:
- Ó meu Nim€i! Volte para casa. Não quero que Você seja um sanny€s…. Tomando
sanny€sa Você negligenciou os Seus deveres, É melhor que eu morra primeiro; depois
Você toma sanny€sa e fique fazendo todas estas coisas.
Confusa e chorando, ®ac…m€t€ simplesmente contemplava o corpo de Gaur€‰ga. Ela
desejava tocar o seu filho e limpar o seu corpo que estava coberto pelo pó da estrada.
®ac… disse:
- Ó meu filho querido. Quero que sentes em meu colo.
Até mesmo a terra se abriria ao receber o toque das piedosas lágrimas de ®ac…dev….
Não só os seres humanos, mas até as pedras se derretiam pelo seu choro. Emocionados,
todos ficaram imóveis em torno de Mah€prabhu e choraram como loucos. Vendo a
infelicidade de ®ac…m€t€ e todo mundo chorando, o Senhor Gaur€‰ga pensou:
- O que devo fazer para acalmar Minha mãe?
Então Gaur€‰ga disse:
- Não chore mãe, ouça-Me. Antes você disse que Eu poderia tomar sanny€sa, e agora
está chorando por causa dela. Estando sob a influência de m€y€, você ainda Me considera
seu filho. No mundo material ninguém pode escapar de m€y€.
®ac…m€t€ disse:
- Ó sem coração, ouça-me. Você nasceu nesta Terra como meu filho. Por isso as pessoas
aqui têm-me adorado. Você é o mais querido por todos; assim sendo, Você é adorado
nestes três mundos. Através das escrituras posso compreender o Seu caminho de amor e
afeto. Você pode ser o que for, mas é meu filho, vida após vida. E que Você sempre seja
meu filho.
O Senhor Caitanya ficou perturbado com as palavras de Sua mãe. Ele realizou que ela
não poderia se livrar da ilusão e disse:
- Faça o que quizer fazer, mas tenho um último pedido.
®ac…m€t€ disse:
- Você deseja deixar Navadv…pa porque ViŠupr…y€ e sua infeliz mãe moram aqui.
Para satisfazer ®ac…m€t€, Gaur€‰ga entrou em Navadv…pa e ficou no Burakona-
ghata, perto de Sua casa anterior. Ele esmolou pras€da na casa de Suklambhara
Brahmacari. Antes de partir, na manhã seguinte, Mah€prabhu ofereceu respeitos à Sua
mãe:
- Estou preso à sua afeição materna. Mas por que você se esqueceu de nosso acordo
anterior? Sempre estarei com qualquer um que sirva o Senhor ®r… KŠa, seja ele um
devoto, ViŠupr…y€ ou você.
Então, oferencendo respeitos à Sua mãe, repetiu:
- Sempre sirva KŠa e não se apegue à existência material.
Sabendo que Gaur€‰ga estava prestes a deixar Navadv…pa, o coração de ®ac…m€t€
batia com dor. Todos os devotos seguiram o Senhor conforme Ele caminhava para fora
da vila. O Senhor Caitanya parou em ®antipura e passou o dia todo em k…rtana-vil€sa
(saboreando o néctar de cantar Hare KŠa).
Estando extremamente ansioso por ver o Senhor Jagann€tha, no dia seguinte Gaur€‰ga
partiu para Nil€cala. O Senhor Caitanya disse para todos os devotos de Nadia:
- Por favor, voltem para suas casas. Agora vou ficar em Nil€cala. Quando vocês forem
ver o Senhor Jagann€tha, poderão me visitar.
Todos os devotos cairam chorando quando o Senhor partiu. Seguindo o mesmo caminho
de antes, o Senhor Caitanya logo chegou a Tamaluka. Gaur€‰ga, absorto na felicidade
de KŠa-prema, fez Sua jornada sem fadiga. As pessoas que viram o Senhor Caitanya pelo
caminho ficaram inundadas no banho nectário de puro amor a Deus.

O REI VÊ JAGANNšTHA COMO O SENHOR CAITANYA

Chegando a Nil€cala, o Senhor Caitanya pensou:


- Logo irei ver o Senhor Jagann€tha.
Sentindo uma atração intensa, o Senhor cantava enquanto corrria para o templo:
- Ha Jagann€tha!
Gaur€‰ga soltou um rugido na Porta do Leão ( a entrada principal do templo na Grande
Estrada). As pessoa locais sentiram ilimitada alegria ao correrem para ver o Senhor
Caitanya.
O Senhor Gaura R€ya estava muito satisfeito com o darana de Jagann€tha. ®r…
Caitanya Mah€prabhu passou o dia e noite toda fazendo k…rtana e glorificando as
qualidades transcendentais do Senhor Hari.
Locana d€sa canta louvores a Gaurahari.
Em Nil€cala, dia após dia, Mah€prabhu desfrutava fazer sa‰k…rtana junto com os Seus
associados íntimos. Todo dia diferentes devotos vinham ver o Senhor Gaur€‰ga, que
regularmente manifestava novos passatempos. Agora descreverei o passatempo em que o
Senhor Caitanya deu Sua misericórdia para o rei Prataparudra.
Apesar de atônito por ouvir as maravilhosas glórias de Gaur€Šga, o rei Prataparudra
manteve o silêncio. Um dia quando o rei estava olhando para o Senhor Jagann€tha, ele
viu que o Senhor se transformara no Senhor Caitanya, o maior entre os sanny€s…s. O rei
pensou:
- "O que vejo?"
Para confirmar sua visão foi perguntar ao p™jar…:
- O que você está vendo?
O p™jar… respondeu:
- Estou vendo o Senhor Jagann€tha.
O rei replicou:
- Não quero desapontar você, mas estou vendo um sanny€s… sentado na €sana do
Senhor Jagann€tha. Diga-me a verdade, o que você está vendo?
O p™jar… respondeu:
- Sinto muito, mas não vejo nada além do Senhor Jagann€tha.
O rei Prataparudra imaginou:
- Então por que só eu estou vendo um sanny€s…? Ouvi ilimitadas glórias deste
sanny€s…. Agora deixe-me verificar eu mesmo.
E então, foi visitar o Senhor Caitanya, o maior dos sanny€s…s. Encontrou ®r… Caitanya
Mah€prabhu e Seus seguidores sentados no templo de To˜a-Gopin€tha cantando os
nomes de Hari e falando sobre Vnd€vana.
Na outra vez em que o rei foi ter um darana do Senhor Jagann€tha, novamente viu o
Senhor Caitanya ao invés do Senhor Jagann€tha. Gaurahari parecia o refulgente e
dourado monte Sumeru. Atônito, o rei ficou convencido que o Senhor Jagann€tha agora
encarnara como um sanny€s…. Cheio de grande afeição pelo Senhor Caitanya, o rei foi
para o templo de To˜a-Gopin€tha para se encontrar com o Senhor. Lá não havia ninguém
além do servo do Senhor, Govinda.

O REI OBTEM A MISERICÓRDIA DO SENHOR GAURš¥GA

O rei disse:
- Govinda, o que devo fazer para poder ver os pés de lótus do Senhor Caitanya?
Govinda respondeu:
- Ó rei, não fique triste. Mas não poderás vê-lO agora.
O rei indagou:
- Quando poderei?
Com sua afeição aumentando, o rei ficou na cidade o dia todo sem ir para lugar algum. O
rei Prataparudra apelou humildemente pela ajuda dos devotos do Senhor Caitanya. Pur…
Gosv€m… e alguns outros decidiram ajudar o rei a se encontrar com o Senhor Gaur€
‰ga.
Dali a pouco, os devotos reuniram-se na casa de Kai Mira e fizeram planos de informar
ao Senhor sobre o desejo do rei. Sentindo simpatia pelo rei, Pur… Gosv€m… se
aproximou do Senhor alguns dias mais tarde e disse polidamente:
- Meu Senhor, desejo fazer-Te um pedido, mas estou com medo. Mas se ordenares, Te
direi o que é.
O Senhor Caitanya disse:
- Ó Meu querido Pur… Gosv€m…. Sob os Meus pés, não precisas ter medo algum. Por
favor, revele o teu coração.
Pur… Gosv€m… então disse:
- Manterás a minha palavra? Depois de discutir com Kai Mira e os outros devotos, estou
Te dizendo que o rei Prataparudra de Nil€cala é um servo pessoal do Senhor Jagann€tha.
Ele vem repetidamente nos solicitando ajuda para alcançar os Teus pés de lótus. Se
permitires, então ele poderá satisfazer este seu desejo.
O Senhor Caitanya respondeu:
- Ouçam todos vocês. As escrituras proibem que um sanny€s… se encontrem com um rei.
Como vocês sabem, sou um sanny€s… e ele é um rei; assim sendo, não tenho nada a
tratar com ele.
Pur… Gosv€m… argumentou:
- Senhor Gaur€‰ga, por favor, ouça. Ao o rei ouvir isso, sucumbirá. Nós
testemunhamos o seu intenso amor por Ti. Nossas palavras vão lhe partir o coração. Hoje
é o décimo dia em que o rei jejua. Ele passa os seus dias desejando de todo coração
encontrar-se conTigo.
O Senhor Caitanya disse:
- Muito bem, por favor, tragam o rei até aqui.
Todos os devotos, muito contentes, trouxeram o rei Prataparudra para ver o Senhor
Caitanya Mah€prabhu. Prestando reverências ao Senhor Caitanya, o rei em êxtase
esqueceu-se de si mesmo. Seus olhos estavam úmidos de lágrimas e pequenas pápulas
surgiram em todo o seu corpo. O rei ficou tomado de emoções ao ver o explêndido corpo
de Gaurasundara. O Senhor retribuia sorrindo.
De repente, o Senhor Caitanya manifestou uma maravilhosa forma de seis braços para o
rei Prataparudra. Atônito, o rei ofereceu dandavats e então tentou se levantar. Tomado
pelo êxtase, o rei cambaleou; lágrimas rolavam de seus olhos e seu corpo ficou inteiro
tomado de arrepios. As quatro direções ressoaram com Hari-n€ma-sa‰k…rtana.
Flutuando num oceano de amor puro a Deus, o rei exclamou com uma voz embargada,
cheio de lágrimas:
- Prabhu! Prabhu!
Erguendo os braços, o rei cantava e dançava em êxtase:
- Hari bol! Hari bol! Ó meu Senhor, com Tua bênção agora a minha vida é perfeita.
Os devotos sentiram bem-aventurança ao verem que o rei alcançara KŠa-prema. O
Senhor Caitanya disse:
- Ouça, és o rei. Teu dever principal é zelar pelos teus súditos. Os súditos são como filhos
e o rei é como um pai. Esta é a essência. O Senhor KŠa concede Sua misericórdia para
todas as entidades vivas igualmente. De acordo com a sua natureza, ela recebe um tipo
particular de corpo. Quer alguém seja rei ou súdito, deve sofrer e desfrutar. É pelo karma
que alguém se torna rei ou súdito. Lembre-se que quem trata todos os demais como se
tratasse a si próprio é o verdadeiro servo do Senhor ®r… KŠa.
Desta maneira, o Senhor Caitanya instruiu o rei Prataparudra, que muito feliz, prestou
reverências ao Senhor.
Locana d€sa canta alegremente os passatempos gloriosos de Gauracandra.

O PASSATEMPO FINAL: O REI VIBHISANA E O BRÂMANE POBRE

Agora vou contar outro maravilhoso episódio dos sempre recentes passatempos
transcendentais do Senhor Caitanya. Por favor, ouçam atentamente a estes tópicos
confidenciais. Os vaiŠavas desfrutavam ilimitado prazer na associação diária com
Gaurahari.
Havia um brâmane dravidiano ( do sul da Índia) chamado R€ma. Ele era pobre e
miserável devido a privações. Seu corpo era como um saco de pele e ossos. Seu
estômago queimava de fome e ele não podia tolerar sua extrema pobreza. Um dia ele
pensou:
- Como poderei me libertar desta miséria? Em minha vida passada, devo ter cometido
muitos pecados horríveis, e agora estou sofrendo por eles. Sei que devo sofrer muito, mas
de alguma maneira quero que aliviar desta miséria.
O brâmane sabia que só Deus é quem pode mudar o karma e dar alívio. Ouviu dizer que
o Senhor Jagann€tha, o Senhor do Universo, estava residindo em Nil€cala. Assim, ele foi
vê-lO e pedir-Lhe Sua misericórdia. O brâmane continuou pensando:
- Sou um pobre brâmane sofrendo privações. Todo mundo diz que KŠa é o bem-querente
dos brâmanes, mas devido às minhas ofensas, o Senhor vem me ignorando. Assim sendo,
deixe-me abandonar esta vida inútil.
No devido curso, o brâmane chegou a Nil€cala e teve um darana do Senhor Jagann€tha.
O brâmane orou:
- Meu Senhor, sou um pobre brâmane que está sofrendo terrivelmente e está a ponto de
morrer. Por favor, remova esta minha pobreza e dê-me abundantes riquezas. De outra
maneira, vou me matar bem diante de Teus olhos.
E o brâmane começou a jejuar.
Enquanto isso, o Senhor Caitanya estava sentado pacificamente, rodeado pelos Seus
devotos íntimos, cantando feliz as glórias de Vnd€vana. De repente, o Senhor, sentindo
aflição em Seu coração, ficou em silêncio. Os devotos imaginaram porque o Senhor tão
abruptamente mudou de ânimo e ficou tão silencioso.
Apesar do brâmane estar jejuando a sete dias, o Senhor Jagann€tha não lhe deu resposta.
Muito enfraquecido pelo jejum, o brâmane decidiu se afogar no oceano. De pé na praia,
pediu ao mar que lhe desse um lugar. Neste momento, uma pessoa forte, alta como uma
montanha, emergiu de repente do oceano. O brâmane imaginando quem poderia ser
aquela pessoa que saia do oceano, percebeu que a medida que que ela se aproximava da
praia ia adquirindo a estatura de uma pessoa normal e divagou:
- Este homem deve ser o Senhor Jagann€tha, pois quem mais poderia surgir deste modo
do meio do oceano?
Então o brâmane seguiu aquele homem pela praia por uma certa distância. O homem
parou, virou-se para trás e perguntou:
- Quem é você e para onde está indo? Diga-me ao certo.
O brâmane respondeu:
- Estou muito fraco por ter jejuado por sete dias. Depois de ver-te minha vida passou a
ser um sucesso. Diga-me francamente que és, não me decepciones, ou serás o culpado
pela morte de um brâmane.
O homem disse:
- Por que você deseja saber a minha identidade? Sou o que sou. O que importa saber
quem eu sou? A propósito, por que você está jejuando até a morte?
Disse o brâmane:
- Estou sofrendo devido à minha extrema pobreza. Não posso manter o meu estado
bramínico. Tenho passado meus dias e minhas noites sem comer nada. Minha família não
liga para mim. Não tenho nenhum abrigo. Prefiro morrer do que viver, assim estou
cometendo suicídio por inanição.
Ao ouvir a lamentação do brâmane, o coração daquela grande personalidade ficou
derretido. O homem então disse:
- Ó brâmane. Ouça, meu nome é Vibhisana e estou indo ver os pés de lótus do Senhor
Jagann€tha. Você está sofrendo por causa dos pecados anteriores. Atadas pelo resultado
de seu karma, as pessoas neste mundo sofrem ou desfrutam. Elas só ficam livres do
karma depois de experimentar os resultados. Com devoção amorosa vá ver a sorridente
face do Senhor Jagann€tha. Então você deverá superar todas as misérias, e não deverá
sofrer tanto nas próximas vidas.
Depois de dizer isso, Vibhisana começou a andar para o templo. O pobre brâmane andou
atrás dele. Enquanto isso, Gaurahari, que estava sentado com os Seus associados, pediu a
Govinda para ver quem estava parado na porta. Vibhisana estava ali com o brâmane.
Govinda voltou e disse ao Senhor Gaur€‰ga que dois brâmanes estavam esperando na
porta do templo de To˜a-Gopin€tha. Por ordem de Gaur€‰ga, Govinda cordialmente os
recebeu e conduziu-os para se encontrarem com o Senhor Caitanya.
O brâmane foi convidado a sentar-se ao lado do Senhor e o pobre brâmane que jejuava
teve que ficar a distância. Para a surpresa de todos, Gaur€‰ga Se dirigiu afetuosamente
para o brâmane sentado ao Seu lado:
- Depois de tanto tempo, agora voltamos a nos encontrar.
Mah€prabhu e o brâmane choraram profusamente. Então o Senhor acariciou o brâmane
com Suas mãos maravilhosas e perguntou-lhe sobre o seu bem-estar. Nenhum dos
associados do Senhor Caitanya conhecia aquele brâmane; nem entenderam a conversa. O
Senhor Caitanya disse ao brâmane sentado ao Seu lado:
- Você sabe que aquele brâmane que está ali atrás está sofrendo miseravelmente, Ele
perdeu todo o seu conhecimento devido à pobreza. Como resultado veio para cá irado e
culpando o Senhor Jagann€tha pelas suas dificuldades. É da natureza das pessoas nunca
encontrarem faltas em si mesmas. Depois de fazerem algo errado vêm culpar o Senhor.
Quando sofrem pelos seus erros elas acusam o Senhor, mas quando desfrutam dos
resultados, dizem que é devido às suas próprias qualidades meritórias. Aquele brâmane
pretendia morrer jejuando nestes últimos sete dias. O que o Senhor Jagann€tha, que é o
bem-querente dos brâmanes, pode fazer por ele? Entretanto, parece que ao vê-lo suas
misérias foram-se embora. Agora, dê-lhe um oceano de riquezas e faça-o feliz.
O brâmane amistoso disse:
- Sim, meu Senhor. Farei como dizes.
Depois de prestar reverências ao Senhor, os dois brâmanes sairam. Os associados do
Senhor Caitanya estavam completamente perplexos com estes relacionamentos entre o
Senhor e os brâmanes.
Enquanto isso, lá fora, o brâmane pobre perguntou a Vibhisana:
- Dissestes àquele sanny€s… que eras o rei Vibhisana. Depois de prestar reverências ao
sannya€s… por que vais embora sem visitar o templo do Senhor Jagann€tha?
Prometestes cumprir a ordem do sanny€s…. Quem é afinal aquele sanny€s…? Por favor,
conte-me. Sou um pobre e miserável brâmane; não me pregues uma peça.
O rei Vibhisana disse:
- Ouça, seu tolo brâmane de cabeça dura! Você acabou de ver o Senhor Jagann€tha em
pessoa, diretamente com os seus próprios olhos. O seu desejo de possuir grande riqueza
foi agora satisfeito. Agora, pode ir para sua casa em Dravida-desh (sul da Índia), que irei
até lá contigo e lhe darei a riqueza toda que almeja.
Ao ouvir isso, o brâmane batia a cabeça de angústia. Caiu colapsado ao solo, agarrando
os pés de Vibhisana. o brâmane disse:
- Por favor, leve-me de volta para ver o Senhor Caitanya. Agora sei que sou um brâmane
ignorante, mas vamos voltar e ver o Senhor.
Concordando, Vibhisana levou-o de volta para ver o Senhor Caitanya. Ao ver o par de
brâmanes novamente, o Senhor Gaur€‰ga disse:
- Ó por que vocês voltaram?
Vibhisana respondeu:
- Meu Senhor, pergunte a este brâmane a razão.
O brâmane disse:
- Ó venerável Gosv€m…, sou um ignorante. Senhor, és a vida e a alma de incontáveis
entidades vivas. Na verdade, és o próprio Senhor Jagann€tha. Sou o mais baixo e o pior
ofensor. Devido ao meu mau karma, sofro pela pobreza, doenças e outras misérias.
Devido a minha condição de pobreza, vim até Ti procurar o remédio errado. Mas, Tu és o
melhor dos doutores; assim por favor, dê o remédio correto. Estou morrendo pelos
malefícios de minha vida passada.
Ao ouvir esta confissão, o Senhor Caitanya riu e disse:
- O Senhor Jagann€tha te prestou um favor. Vá embora, agora sofra o que desejar, seja
felicidade ou aflição. No final, alcançarás os pés de lótus do Senhor Jagann€tha.
Depois de ouvir isso o brâmane prestou dandavats ao Senhor Gaur€‰ga. Os devotos
exclamaram "Hari bol! Hari bol!" Depois de receber esta bênção, Vibhisana e o brâmane
pobre deixaram a casa num humor alegre.
Pur… Gosv€m… disse:
- Prabhu, para nossa purificação, tenha bondade de explicar, o que aconteceu? Todos nós
estamos curiosos mas temos medo de Te perguntar. Assim, tomando coragem, indaguei
para o benefício de todos os Teus devotos.
Mah€prabhu respondeu:
- Ouça Pur… Gosv€m…, sei que nenhum de vocês entendeu o que aconteceu. Aquele
pobre brâmane estava sofrendo tremendamente enquanto vivia no sul da Índia, Oprimido
pela pobreza, veio para cá se lamentar com o Senhor Jagann€tha. Vendo sua condição
miserável, o Senhor Jagann€tha sentiu pena dele. Por arranjo do Senhor, ele conheceu o
rei Vibhisana, que era aquele brâmane que se sentou ao Meu lado. O rei Vibhisana
satisfez aquele brâmane dando-lhe abundante riqueza.
Os devotos explodiram de êxtase ao ouvirem esta história. A terra e o céu se encheram de
KŠa-prema. Todos dançaram jubilantes, cantando: "Hari bol! Hari bol! Hari bol!"
Felizes, todos os devotos se abraçaram uns aos outros.
Ouçam todos, os maravilhosos. bem-aventurados, transcendentais passatempos de ®r…
Caitanya Mah€prabhu. Assim Locana d€sa conclue o capítulo final do ®ea-khaŠa, e
completa este trabalho, o ®r… Caitanya Ma‰gala.

Todas as glórias para Ivara Svami, que é muito querido de R€dh€r€Š… por ter abrigado
aos pés de ®r…la Prabhup€da. Quando uma pessoa tão caída como eu será digna de sua
misericórdia? Oro a Locana d€sa e ao Senhor Caitanya Mah€prabhu que me concedam
esta bênção.

Guarujá, 21 de setembro de 1.995.


Bhakta Sergio Barros De Vecchi.

REVISÃO EM 8 DE DEZEMBRO DE 1997


Satyar€ja d€sa.

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