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EBOM

Escola Brasileira de Osteopatia


e de terapia manual.

INTRODUÇÃO AO ESTUDO
DA OSTEOPATIA

Rua Palmira,26,serra
30220-110 - BELO HORIZONTE –MG
Tel (31) 3227 16 62
www.osteopatia.com.br
info@osteopatia.com.br
Apostila elaborada por:
Laís Cristina Almeida DO
Philippe Manuard DO

Em colaboração:

Carla Adriana de Freitas

Priscila Albuquerque de Araújo

Proibida a reprodução parcial ou total desta obra,


por qualquer processo, sem autorização por
escrito da autora.

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Índice
I - Introdução à Osteopatia
• Histórico

• Conceitos e Princípios Básicos

• Neurofisiologia Osteopática

• As Lesões Osteopáticas

• Hipomobilidade e Hipermobilidade

• As Leis de Fryette

• Lesões Primárias e Adaptações

• As Leis de Martindale e de Lovett

• As Técnicas Osteopáticas

• As Indicações e Contra-indicações

• Biomecânica vertebral

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Introdução à Osteopatia

Histórico:

A Osteopatia é uma área recente da Medicina, criada no século passado nos Estados
Unidos, pelo Dr. Andrew Taylor Still.
Para A. Still, a estrutura representa as diferentes partes do corpo (ossos, músculos,
fáscias, vísceras, glândulas, etc.) e a função é a atividade de cada uma dessas partes
(função cardíaca, função respiratória, etc.). Desta forma, a doença não pode se desenvolver
se a relação estrutura/função estão em harmonia.
A Osteopatia é uma concepção diagnóstica e terapêutica manual das disfunções de
mobilidade articular e tecidual em geral, que participam no aparecimento de doenças. A
Osteopatia abrange três campos terapêuticos:
1º – Parietal (sistema músculo-esquelético);
2º – Crânio-sacral;
3º – Visceral.
Still faz uma síntese dos princípios da Osteopatia:
1º – “A estrutura governa a função”.
Estrutura normal = função normal
2º – “A função governa o conforto”.
Se a função é normal, não há dor.
3º – “O corpo possui a capacidade de auto-cura”.
4º – “A lei da artéria é absoluta”.
Se há fluxo, não há problema.

A perturbação da artéria pode levar a:



deficiência da circulação arterial

diminuição do retorno venoso

paralisações venosas (acúmulo de toxinas)

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Conceitos e Princípios Básicos:

Definição Osteopática da Academia Belga de Osteopatia


A Osteopatia é uma abordagem diagnóstica e terapêutica manual das disfunções
de mobilidade articular e tissular em geral, no quadro de sua participação no aparecimento
das doenças.

Objetivos:
Os objetivos do tratamento osteopático são:
 restaurar a mobilidade normal;
 diminuir o tônus dos músculos espásticos;
 aumentar o tônus dos músculos flácidos.

Tipos de articulações
As articulações são classificadas em diversos tipos, segundo sua mobilidade, que se
diferencia nas diversas regiões.
Os tipos de articulações se dividem em três grupos:
a) Diartroses
 Mais móveis e complexas;
 Cavidade articular geralmente recoberta por cartilagem;
 Alguns subtipos apresentam outros elementos: sinovial, meniscos, ligamento, etc.
 Subdividem-se em seis gêneros, segundo a forma das suas superfícies:
Enartrose:
 Superfícies articulares: de um lado esférica, do outro cavidade glenóide;
 Unem-se por uma cápsula fibrosa, atapetada por membrana sinovial;
 Permitem movimentos em todos os sentidos;
 Ex.: articulação do ombro.
Condilianas:
 Superfícies articulares: de um lado, elipse, do outro, cavidade glenóide;
 Dotadas de ligamentos periféricos;
 Permitem todos os movimentos, exceto rotação;
 Ex.: articulação do jeolho.
Encaixe recíproco:
 Denominadas “em sela”

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 Duas superfícies articulares, que se adaptam perfeitamente;
 Convexas em um sentido, côncavas no outro;
 Unidas por cápsula fibrosa;
 Não permitem movimento rotatório;
 Ex.: articulação calcâneo-cubóide.
Trocleartroses:
 Forma de roldana;
 Unem-se por quatro ligamentos;
 Movimentos de flexão, extensão, ligeiros movimentos laterais;
 Ex.: Articulação umerocubital.
Trocoídeas:
 Superfícies articulares cilindro-ósseas e anel osteofibroso;
 Movimento de rotação;
 Ex.: Articulação rádio-cubital.
Artródias:
 Duas superfícies articulares lisas e aplanadas;
 Movimentos de deslocação;
 Ex.: Articulação acromioclavicular.

b) Sínfises ou Anfiartroses Diartroses


 Articulações semimóveis;
 Movimentos pouco extensos;
 Faces articulares pouco escavadas ou planas, atapetada por cartilagem hialina
 Subdividem-se em:
Anfiartroses verdadeiras:
 União das duas superfícies por ligamento interósseo;
 Ex.: Articulações intervertebrais.
Diartroanfiartroses:
 Tipo de transição entre diartroses e anfiartroses;
 Fibrocartilagem une os dois ossos e, na sua parte central, apresentam
cavidade articular rudimentar.
 Ex.: Sínfise púbica.
c) Sinartrose ou suturas
 Articulações completamente imóveis;
 Subdividem-se em:

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Suturas dentadas:
 Duas superfícies apresentam irregularidades em forma de dentes que se
encaixam reciprocamente.
Suturas escamosas:
 as superfícies são regularmente lisas.
Esquindilesis:
 uma das superfícies é uma ranhura e a outra é como uma crista que se
encaixa nela.

Patologia Osteopática

Cápsulas/ligamentos: todo movimento intempestivo ou mal controlado pode estirar


anormalmente o sistema cápsulo-ligamentar e ser origem de:
 dor;
 distúrbios tróficos, de origem neurovascular, no mesmo metâmero, em relação com o
sistema ortossimpático;
 espasmos musculares, pois a excitação nociceptiva aumenta a descarga dos
motoneurônio gama no metâmero.

Sistema neuromuscular: num segmento lesado, a atividade gama é excessiva sobre um


músculo ou grupo muscular, porque os motoneurônios gama descarregam e mantêm as
fibras intrafusais num estado de encurtamento crônico.

Sistema neurovascular: outra conseqüência importante da disfunção somática é a lesão


circulatória, a lei da artéria de Still. A disfunção vertebral provoca uma disfunção
neurovascular, em parte, pelos filetes ortossimpáticos perivasculares e, por outra, pelos
centros medulares neurovegetativos. Esta disfunção provoca um angioespasmo e uma
estase circulatória. Haverá, então, perturbação dos elementos anatômicos situados no
território vascular (angiótomo), com dor do tipo isquêmico e, a longo prazo, modificações
tissulares.

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Angioespasmo

dor estase e edema

Anóxia tissular

Nervo Sinus Vertebral de Luschka: Na saída do forame intervertebral, o nervo espinhal


emite uma colateral que recebe um filete vegetativo, o nervo sinus vertebral de Luschka, que
é constituído de fibras sensitivas, motoras e ortossimpáticas. Emerge em cada nível
vertebral. O nervo sinus vertebral de Luschka inerva as cápsulas articulares e atravessa o
forame intervertebral para inervar: o canal vertebral, a dura-máter e os ligamentos
periarticulares.

As fibras sensitivas inervam os ligamentos interespinhosos, as cápsulas articulares, o


ligamento longitudinal posterior e a dura-máter (o ramo posterior do nervo vertebral participa
na inervação dos ligamentos interespinhosos, cápsulas e tegumentos).
As fibras simpáticas inervam os elementos vasculares locais.
Uma perturbação discal pode, inicialmente, permanecer silente, mas apresentar, mais
tarde, uma manifestação sintomática muscular, ligamentar ou capsular local, sobre os
elementos vásculo-nervosos que passam pelo forame de conjugação.

Barreira Motora
Toda posição e amplitude de movimentos, no seio de uma articulação ou de um
tecido (fáscias, músculos, vísceras, etc.), implica a noção de barreira do movimento.
Ela se define como uma obstrução, ou um limite, ligado a todo fator que tende a
diminuir ou a bloquear a liberdade de movimento.
Uma articulação ou tecido possui várias barreiras motoras (de movimentos) situados
no nível dos limites máximos de suas diferentes amplitudes de movimento.
Barreira Motora Anatômica
Ela se refere aos contornos ósseos e/ou aos tecidos moles, particularmente os
ligamentos, que servem de limite externo ao movimento de uma articulação ou de um tecido,
além do qual aparecem desgastes tissulares (lesões orgânicas).
Dito de outra forma, a barreira anatômica corresponde aos limites anatômicos de um
tecido qualquer, no interior dos quais nós podemos obter a amplitude total do movimento.
Barreira Motora Fisiológica

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Ela responde à acumulação de tensão dos tecidos moles que limitam o movimento
ativo voluntário de uma articulação, sendo entretanto possível obter, de forma passiva, um
movimento suplementar na direção da barreira anatômica.
Ou seja, a barreira fisiológica corresponde ao movimento ativo voluntário além do qual
se situa o movimento passivo involuntário ligado à elasticidade protetora dos tecidos moles
da articulação ou do órgão.
Barreira Motora Patológica – Barreira Restritiva
Todo fator ou obstáculo que diminui ou impede a liberdade do movimento (amplitude)
em uma articulação ou um tecido, nos seus limites fisiológicos do movimento ativo voluntário
(barreira fisiológica), deve ser considerada como uma barreira restritiva: restrição de
amplitude do movimento ativo voluntário.
A barreira motora patológica caracteriza a lesão osteopática, e em particular, a
disfunção somática.

Amplitude total do movimento articular

Barreiras Anatômicas: limites anatômicos

Movimento Passivo Movimento Ativo Voluntário Movimento passivo


involuntário involuntário

Barreiras Fisiológicas

Barreiras Anatômicas

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Neurofisiologia da Lesão Osteopática

A lesão osteopática manifesta-se essencialmente por:


– Hiperestesia dos músculos e das vértebras;

– Hiperinstabilidade: evidenciada pelas modificações da fisiologia muscular;

– Modificações da textura do tecido muscular, conjuntivo e da pele;

– Modificações das funções viscerais e outras funções vegetativas;

– Uma perda de mobilidade.

Como produzem-se esses fenômenos?


Quais são os fatores responsáveis por essas manifestações?
Quais são as perturbações funcionais e estruturais associadas?
A atividade e o estado dos tecidos são internamente influenciados pelos nervos
eferentes que seriam do sistema nervoso central e que conduzem os impulsos nervosos
para esses tecidos e esses órgãos.
• Essa atividade nervosa depende:

- do número das fibras envolvidas;

- da quantidade de impulsos nervosos transportados ao longo de cada fibra eferente.

• Se nenhum impulso é transmitido ao longo do nervo motor, o músculo está em estado de


repouso completo.

• O grau de contração muscular é proporcional ao número de neurônios motores e a


quantidade média de impulsos/segundo levados até o músculo.

Assim, uma hiper ou hipoatividade crônica dos nervos eferentes pode criar
perturbações funcionais nos tecidos ou nos órgãos supridos por eles.
Por exemplo, a hiperatividade prolongada de um músculo pode provocar o
desenvolvimento de uma fibrose, e assim, modificar o seu metabolismo. Ao contrário, uma
hipoatividade nervosa pode causar uma atrofia.
Quais são os fatores que controlam a atividade nervosa?
São dois fatores essenciais, dentro dos princípios fundamentais da neurofisiologia.
A – O Princípio de Reciprocidade:

No Sistema Nervoso Central (SNC) existem neurônios de associação (que não são
nem motores, nem sensitivos) que fazem a conexão entre os neurônios motores e
sensitivos, no mesmo nível metamérico, ou entre diferentes níveis medulares.
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Assim, cada neurônio pode influenciar e ser influenciado por quase todos os outros
neurônios do corpo.
B – O Princípio de Convergência:

Cada neurônio motor recebe numerosas fibras pré-sinápticas, que conduzem


impulsos oriundos de vários pontos. Assim, neurônios eferentes representam uma via
comum final de vários locais do SNC.
Se aplicarmos esses dois princípios nas células do corno anterior da medula:
Cada célula motora do corno anterior recebe impulsos advindos de numerosas
origens pelas fibras pré-sinápticas, convergindo e fazendo sinapse com a mesma – isso
significa que:
1. Todos os feixes descendentes ao longo da medula (provenientes do córtex, do bulbo, do
cerebelo, etc.) mandam fibras colaterais para as células do corno anterior.

2. Os proprioceptores, como por exemplo os receptores de Golgi ou fusos


neuromusculares, também mandam impulsos para o corno anterior.

3. Outras estruturas que enviam impulsos ao corno anterior são as fibras aferentes
provenientes das víscera.

Todos esses impulsos exercem uma efluência sobre a via comum final, os nervos
motores. Certas fibras exercem uma influência inibidora, outras, excitadora dos
motoneurônios.
Assim, a atividade dos neurônios eferentes, ou melhor, a descarga para o tecido
inervado, é a resultante de todos os impulsos excitadores ou inibidores.
Se a maioria dos impulsos é excitadora, ocorrerá uma hiperatividade.
Se a maioria dos impulsos é inibidora, vai ocorrer uma hipoatividade.
O que pode perturbar a atividade dos motoneurônios eferentes?
Quando há uma lesão osteopática, o corno anterior da medula é mantido num estado
de hiperexcitabilidade permanente. As células do corno anterior são submetidas a uma fonte
constante de impulsos sensitivos eferentes, o que faz diminuir o limiar de excitabilidade
dessas células. Assim, um estímulo nervoso leve, qualquer que seja a origem, é suficiente
para desencadear uma descarga dos neurônios motores.
Quais são as fontes mais importantes de impulsos sensitivos para os
motoneurônios?
São os proprioceptores, isso é, os receptores sensíveis às modificações de
comprimento, de tensões, de pressão, etc., situados nos músculos e no tecido conjuntivo
organizado (tendão, ligamento, fáscia). Na lesão osteopática, eles desenvolvem uma

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atividade excessiva. Esses proprioceptores não podem mandar impulsos pela raiz posterior
enquanto estão excitados e tencionados.
Esse fato pode explicar a cronicidade do estado de hiperexcitabilidade medular.

A grande quantidade de impulsos enviados constantemente para a medula mantém


as células do corno anterior, com as quais eles fazem sinapse, em estado chamado de
facilitação crônica, isso é, um nível de excitação próximo ao limiar da descarga, mesmo
durante os momentos de repouso.
As fibras musculares inervadas por esses segmentos facilitados vão se encontrar num
estado de tonicidade elevada; essa hiperatividade vai levar a longo prazo a modificações
morfológicas, clínicas e metabólicas.

Os Proprioceptores e seu papel


Os proprioceptores são receptores sensitivos que informam ao SNC sobre as
modificações mecânicas dos tecidos músculo-esqueléticos.
A – Os receptores intra-articulares:

São localizados dentro e ao redor das articulações (por exemplo na cápsula e nos
ligamentos), e informam ao SNC e à medula sobre os movimentos da articulação e a sua
posição.
As terminações de Ruffini, localizadas nas cápsulas, indicam muito precisamente a
direção e a velocidade do movimento, assim como a posição dos elementos da articulação.
O papel desses receptores é essencialmente ligado ao controle da postura e da
locomoção, sendo informadores articulares para os centros superiores, mas não possuem
influência direta sobre o controle muscular.
B – Os receptores tendinosos de Golgi:

Estão situados nos tendões (próximo à junção tendino-muscular), tecido relativamente


pouco extensível.
São sensíveis à variação de força e de tensão.
Quando o músculo se contrai contra uma carga, uma resistência ou contra a
contração dos músculos antagonistas, a freqüência da descarga de impulsos se torna
proporcional à tensão criada por esse músculo. Esses impulsos originados nos receptores

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tendinosos caminham até a medula, passando pelas fibras das raízes posteriores; essas
últimas fazem sinapse, por intermédio de um neurônio inibidor, com os motoneurônios do
mesmo músculo. Assim, a estimulação dos órgãos tendinosos de Golgi inibe o motoneurônio
do músculo, para evitar um tensão exagerada do mesmo.
C – Os fusos neuromusculares (FNM):

Situados no ventre dos músculos, eles são cercados de fibras musculares e se situam
paralelamente a essas fibras. Quando o músculo é estirado, o FNM é também estirado. O
encurtamento do músculo relaxa o FNM. Cada fuso contém fibras próprias em cada
extremidade, chamadas fibras intrafusais. Essas fibras intrafusais são inervadas por
motoneurônios gama, originados no corno anterior da medula.
No centro do FNM se situa a parte sensível formada de terminações primárias, ânulo-
espiraladas e secundárias, chamadas fibras em bouquet. Essas duas terminações
nervosas são sensíveis ao estiramento da parte central do fuso.
Os impulsos aferentes, vindos do fuso, excitam os motoneurônios alfa.

Assim, quando um músculo é estirado, o fuso é estirado por via reflexa; o músculo se
contrai e resiste a esse alongamento.
Ao contrário, o encurtamento do músculo diminui a descarga aferente, reduz a
excitação dos motoneurônios alfa, favorecendo assim o relaxamento do músculo.

Podemos concluir que a função do FNM é fazer o músculo resistir a toda variação de
comprimento, nas diversas direções.
O FNM é o elemento sensitivo dos reflexos de estiramento ou reflexo miotático. É um
mecanismo importante para manter a postura. Os músculos espinhais por exemplo, são
sempre solicitados contra a gravidade, e adaptam-se pelo reflexo miotático.

O equilíbrio estático é mantido por oscilações de contração/relaxamento dos


músculos extensores da coluna.

A contração das fibras intrafusais provoca o alongamento da parte central do FNM,


excitando as terminações sensitivas.
O sistema gama permite controlar o grau de contração/relaxamento das fibras
intrafusais.

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Quando um músculo encurta em resposta a um impulso alfa, os motoneurônios gama
excitam as fibras intrafusais para manter a mesma tensão do fuso – isso permite mandar
informações de tensão global do músculo ao SNC, qualquer que seja o comprimento do
músculo, decorrente das contrações ou dos movimentos.

Explicação Neurofisiológica da Lesão Osteopática

Admite-se hoje que a lesão osteopática está associada a um segmento facilitado da


medula, mantido neste estado pelos impulsos endógenos que chegam à medula pela raiz
dorsal correspondente.
Todas as estruturas que recebem fibras eferentes oriundas deste nível facilitado são,
por conseqüência, submetidas a uma inibição ou a uma excitação excessiva.
Os FNM são elementos chave da lesão: eles são sensíveis ao alongamento muscular,
não adaptativos, e continuam descarregando durante todo o tempo em que são estimulados
mecanicamente.
Por exemplo, em caso de aproximação brusca e imprevista das inserções musculares
de uma vértebra (um movimento em falso), os FNM vão se tornar repentinamente
silenciosos – o SNC vai adaptar mandando impulsos excitatórios para as fibras intrafusais
através dos motoneurônios gama, até que os fusos se tornem novamente emissores de
sinais. Isso vai manter o encurtamento muscular, impedindo a volta da vértebra à posição
inicial.
Secundariamente, a necessidade de equilíbrio antigravitário, de simetria, tenderá a
restaurar o comprimento inicial do músculo espasmado. Isso será impossível devido à
descarga contínua dos fusos.

Assim, cria-se um espasmo que fixa a lesão. Quanto mais tentarmos estirar o músculo, mais
ele resistirá, pelo aumento da atividade alfa.

Conclusão
Certamente por causa da sua incompleta adaptação à posição ereta, o organismo
humano é particularmente predisposto a problemas articulares e periarticulares, em
particular nas articulações vertebrais e pélvicas.
Esses problemas articulares constituem as lesões osteopáticas, que associam:
1. Sensibilidade ou hiperestesia dos tecidos paravertebrais e dos tecidos infrajacentes
(pele, músculo, tecidos conjuntivos);
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2. Modificações do comportamento muscular – rigidez, contrações prolongadas, limiares
reflexos mais baixos.

3. Perturbações neurovegetativas, com modificações da textura dos tecidos


supraespinhosos, perturbações da vasomotricidade, alteração das funções viscerais.

4. Dor local ou projetada, em função do dermátomo e do miótomo correspondente.

5. Perda de mobilidade articular.

Lesões Osteopáticas e Facilitação Medular


Na lesão osteopática, haverá comprometimento dos elementos que compõem o
metâmero:
a) dermátomo - dermalgias reflexas: locais ou a distância.

Para diagnóstico, utilizamos a técnica de “rolamento”.

b) esclerótomo (articulação) – dor em periósteo: local ou a distância.

Palpação das facetas e processos espinhosos.

c) miótomo: alteração da tonicidade - sistema agonista/antagonista desequilibrado.

Músculos hipertônicos → encontramos ponto gatilho e cordões fibrosos.

Músculos hipotônicos →fraqueza.

Atenção: Três parâmetros do metâmero acusam urgência osteopática:

1º – dor na espinhosa (esclerótomo);

2º - dermalgia reflexa no território (dermátomo);

3º – alteração no tônus muscular (miótomo).

d) angiótomo (ortossimpática) - congestão local.

Edema reacional = edema do forame de conjugação.

Disfunção somática.

Hérnia discal.

Os angiótomos também possuem representações em faixas.

Não é a hérnia de disco que comprime a raiz nervosa. O edema é que cria os sintomas.

e) Viscerótomo – alterações viscerais.

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A lesão osteopática pode ser definida como uma disfunção tridimensional de mobilidade.

Uma lesão osteopática da coluna está associada à:

- sensibilidade dos tecidos vertebrais;

- perturbação do SN vegetativo (função visceral): aumento de adrenalina;

- perturbação neurovascular: dores difusas, irradiantes ou à distância.

A Lesão osteopática
As lesões osteopáticas só são palpáveis com o movimento. É essa noção de
movimento que distingue o diagnóstico osteopático de outros diagnósticos e tratamentos.
A lesão osteopática afeta sempre o movimento antes de provocar dor, antes de
perturbar os órgãos, antes de atingir uma região, antes de multiplica-se e expandir-se.
Inclui toda modificação anormal das posições e dos movimentos das estruturas.
Está presente desde quando os elementos estruturais começam a mover-se de uma
forma ligeiramente anormal, sem que haja inicialmente alteração dos tecidos. Os ossos não
estão deslocados, os músculos não estão rompidos, e no entanto, a lesão osteopática está
presente, e na maior parte do tempo, secretamente presente.

A Lesão osteopática vertebral


A coluna vertebral está em estado de stress permanente, a partir do momento em que
o homem adquiriu a postura ereta.
A atitude postural está submetida a toda sorte de agressões que levam às lesões
osteopáticas vertebrais.
A lesão vertebral engloba o estrutural, o nervoso, o circulatório e o visceral.
As vértebras formam o conduto protetor da medula espinhal, que é o prolongamento
do cérebro e de onde partem todos os nervos motores, sensitivos, simpáticos.
A importância dessas estruturas nervosas (medula, gânglios simpáticos, raízes
nervosas, etc.) protegidas pelas vértebras faz supor a importância de um desajuste articular
vertebral.
É suficiente saber que uma falta de paralelismo no movimento de duas facetas
vertebrais provoca, como em qualquer articulação, uma reação de proteção de pequenos
músculos paravertebrais.

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Os tendões, os ligamentos, os tecidos moles, contraem e se espasmam, a vértebra
perde a sua mobilidade, e os tecidos em volta da vértebra seguem o esquema da lesão:
infiltração, inflamação e fibrose.
É, finalmente, o conjunto dos desajustes ósseos e dos tecidos infiltrados ou
fibrosados que atinge os nervos e os gânglios, e perturba sua nutrição, provocando inibição
ou, ao contrário, hiperexcitação dos nervos e dos gânglios, causando:
 dores;
 perturbações motoras;
 distúrbios viscerais.
Com o passar do tempo, a lesão vertebral comprime um nervo, um gânglio simpático,
um capilar venoso e linfático, provocando diminuição da drenagem, diminuição de nutrição
para as células nervosas, estases e edemas, tendo como efeito a compressão ainda maior
do nervo:
 dor;
 disfunção visceral;
 fibrose.

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ESQUEMATIZAÇÃO DA LESÃO OSTEOPÁTICA

Lesão Vertebral

Lesão visceral → estimulação ortossimpática ← fenômenos externos:
↓ Stress
Angioespasmo Temperatura

Baixa pressão venosa

Dilatação capilar

Aumento da permeabilidade copilar

Edema

Compressão do forame de conjugação

Alteração do ph do nervo – modificação da condutibilidade nervosa – reação do nervo
↓ ↓
Alterações motoras Alterações sensitivas

Alterações Motoras: Alterações Sensitivas:


Estágio 1: hipertonia muscular Estágio 1: hiperalgia
Estágio 2: hipotonia muscular Estágio 2: hipoestesia
Estágio 3: déficit motor – paralisia Estágio 3: anestesia

Hipomobilidade e Hipermobilidade
No corpo, toda perda de mobilidade articular (hipomobilidade) de um elemento se faz
em prejuízo de outra zona, que deverá compensar esta falta de mobilidade com um
hiperfuncionamento (hipermobilidade). Esta zona de hipermobilidade pode ser supra ou
subjacente à fixação articular.

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Características da zona de hipomobilidade:

– espasmo muscular e aderências – fixação articular;

– espontaneamente assintomática, porém apresenta dor à palpação;

– detectada por testes de mobilidade comparativos.

Características da zona de hipermobilidade:

Inflamação dos tecidos periarticulares (músculos, ligamentos, cápsulas articulares)



Edema e anóxia

Irritação das raízes nervosas

Dores espontâneas

A zona de hipermobilidade é caracterizada também por hipotonia muscular.


A hipermobilidade e a fixação podem existir no mesmo complexo articular. Neste
caso, apresentam-se no nível vertebral, onde pode-se observar uma faceta articular fixa de
um lado, com localização da dor do lado oposto, pela hiperfunção reacional de outra faceta
articular (hipermóvel).
O tratamento manual visa interromper o arco reflexo alterado e vai favorecer a cura
total ou parcial deste processo patológico.

“FIND IT, FIX IT AND LEAVE IT”


Still
(Encontre-a, trate-a e deixe-a.)

Portanto, deixe a natureza agir. Não devemos insistir demais no tratamento, pois
podemos causar maiores problemas e dores.

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As Leis de Fryette
1ª Lei de Fryette - NSR
Quando uma ou um grupo de vértebras está em posição neutra de flexo-extensão, as
facetas articulares estão paralelas (não estão imbricadas, nem desimbricadas). O peso
corporal repousa sobre o corpo vertebral num estado de equilíbrio. Neste caso, para fazer
uma rotação para um lado, esta vértebra (ou grupo de vértebras) é obrigada a realizar
primeiro uma inclinação lateral (látero-flexão) para o lado oposto.
BIOMECÂNICA DA NSR DIREITA
1º TEMPO: Estando a vértebra em posição neutra de flexo-extensão, realizará uma
látero-flexão para a ESQUERDA.
2º TEMPO: Esta látero-flexão provoca um deslizamento do corpo vertebral para a
DIREITA, ou seja para a convexidade.
3º TEMPO: Se desencadeia, então, a rotação para a DIREITA da vértebra, ou grupo
vertebral.
Estes três tempos se realizam de forma simultânea e automática, provocando o
deslizamento do núcleo pulposo para a convexidade.

2ª Lei de Fryette – ERS ou FRS


Quando uma ou um grupo de vértebras está em posição de flexão, as facetas
articulares estão desimbricadas. O peso corporal se desloca anteriormente, em relação ao
corpo vertebral. Há o deslocamento posterior do núcleo pulposo. No caso da extensão
ocorre o contrário. As facetas estão imbricadas. O peso corporal se desloca posteriormente,
em relação ao corpo vertebral. Há o deslocamento anterior do núcleo pulposo.
BIOMECÂNICA DA ERS DIREITA ou FRS direita
1º TEMPO: Estando a vértebra em posição de flexão ou de extensão, realizará uma
rotação para a DIREITA.
2º TEMPO: Esta rotação provoca um deslizamento do corpo vertebral para a
ESQUERDA, ou seja para a convexidade.
3º TEMPO: Se desencadeia, então, a látero-flexão para a DIREITA da vértebra, ou
grupo vertebral.
Estes três tempos se realizam de forma simultânea e automática, provocando o
deslizamento do núcleo pulposo para a convexidade.

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1ª Lei de Fryette – NSR
Quando uma vértebra, ou grupo de vértebras está em posição neutra de flexo-
extensão, a rotação para um lado provoca uma látero-flexão para o lado oposto.
2ª Lei de Fryette – ERS ou FRS
Quando uma vértebra, ou grupo de vértebras está em posição de flexão ou de
extensão, a látero-flexão para um lado provoca uma rotação para o mesmo lado.

Lesões Primárias e adaptações


A Lesão primária é uma lesão:
– traumática (quedas, choques);

– não neutra, em flexão ou extensão (ERS/FRS) – 2a lei de Fryette;

– monossegmentar (esão em uma só vértebra);

– assintomática;

– que necessita de uma adaptação.

A Lesão secundária é a adaptação à lesão primária. Esta adaptação pode ser supra
ou subjacente à lesão primária e é sempre em posição neutra de flexo-extensão das facetas
articulares (em NSR – mecanismo da escoliose).
A Lesão secundária é uma lesão:
– que afeta um grupo de vértebras – lei de Martindale;

– que diminui a capacidade do corpo de se defender;

– dinâmica irreversível – a correção é obtida através da correção da lesão primária;

– sintomática;

A compensação:
– é uma lesão secundária;

– é uma adaptação fixa;

– necessita de tratamento específico.

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As Leis de Martindale e de Lovett
Lei de Martindale
Estas leis regem os grupos vertebrais adaptativos de uma lesão não neutra: a
vértebra starter, em lesão não neutra, permite a correção do grupo adaptativo.
Em caso de lesão em flexão (FRS), a starter é a vértebra superior do grupo que está
fixo sobre suas facetas articulares inferiores: recoloca-se a vértebra starter em relação à
vertebra subjacente.
Em caso de uma lesão em extensão (ERS), a starter é a vértebra inferior do grupo
que está fixo sobre suas facetas superiores: recoloca-se a vértebra em relação à vértebra
suprajacente.
O resto do grupo está em relação do tipo NSR: a rotação de todo o grupo se faz para
a convexidade.
Ex: Lesão em L5 → haverá adaptação de L2 L3 L4;
Lesão em T3 → haverá adaptação de T4 e T5.

Em uma lesão em ERS, a adaptação ocorre acima:

ERS
Em uma lesão FRS a adaptação ocorre embaixo:
FRS

Grupos adaptativos:
C1 – C2 – C3
C4 – C5 – C6
C7 – T1 – T2
T3 – T4 – T5
T6 – T7 – T8 – T9
T10 – T11 – T12 – L1
L2 – L3 – L4 – L5

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Lei de Lovett
Esta lei estabelece uma relação entre as vértebras superiores e inferiores através da
dura-máter, agrupando-as de duas a duas. A biomecânica cervical e dorsal alta atua de
forma sincrônica com a biomecânica lombar e dorsal baixa:
C0 – sacro C7 – T11
C1 – L5 T1 – T10
C2 – L4 T2 – T9
C3 – L3 T3 – T8
C4 – L2 T4 – T7
C5 – L1 T5 – T6
C6 – T12

23
As Técnicas Osteopáticas
Podemos classificar as técnicas osteopáticas em:

Técnicas Estruturais Técnicas Funcionais


Técnicas Rítmicas: Técnica funcional de Hoover
Stretching Técnica dos pontos gatilho de Jones
Articulação, técnicas fisiológicas Técnica Funcional Indireta
(cápsulas, ligamentos) Técnica de Johnston
Pompage (fáscias, ligamentos)
Tensão contínua (músculos)
Inibição (músculos)
Músculo-energia
O thrust:
Técnicas diretas (quiropraxia – não utilizam
alavancas)

Técnicas semi-diretas
Técnicas indiretas (tradicionalmente, se faz
mover o corpo através de alavancas, sem apoio na

estrutura. Não se deve jamais ultrapassar a barreira

articular. A técnica é feita através de um “diálogo”

com o tecido [autorização dos tecidos]. Quanto maior

a velocidade, maior a resposta e menor a dor).

As Técnicas Estruturais

Stretching
Esta técnica se destina ao alongamento de tecidos moles:
 músculos;
 tendões;
 ligamentos.
Tem por objetivo:
 ↑ vascularização local;
 ↓ hiperatividade do sistema gama;
 ↓ fibrose dos tecidos.

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Seus princípios são:
 construir alavancas que permitam alongar longitudinalmente os tecidos, realizando
um alongamento transversal dos músculos.
Técnicas articulatórias
Esta técnica atinge:
 músculos monoarticulares (músculos mais profundos, que fixam a lesão
osteopática);
 ligamentos;
 cápsulas.
Tem por objetivo:
 eliminar aderências capsuloligamentares;
 relaxar músculos espásticos;
 ↑ ADM.
Seus princípios são:
 construir alavancas específicas, com diferentes contatos e tomadas de mão do
operador.
Técnicas inibitórias
Esta técnica é sedativa. Age diminuindo o espasmo muscular.
Tem por objetivo:
 ↓ espasmo muscular;
 ↑ vascularização local;
 ↓ fibrose dos tecidos.
Seus princípios são:
 tomada de mão.
Tensão contínua
Esta técnica age nos músculos.
Tem por objetivo diminuir a hiperatividade do sistema gama.
Seus princípios são:
 construir alavancas combinando diferentes parâmetros espaciais (R, F, E, S).
 utilizar posição parecida com a pré-manipulativa;
 construir alavancas que permitam alongar músculos;
 manter o alongamento até reduzir o slack, mas não manipular;
 trabalhar com movimentos respiratórios, ganhando cada vez mais alongamento.
Pompage
Esta técnica se destina a:

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 aponeuroses;
 ligamentos.
Tem por objetivo:
 ação arteriovenosa local;
 descarregar receptores locais que transmitem dor.
Seus princípios são:
 tomar contato com o maior tempo possível de alongamento, para se obter o efeito.
Músculo energia (Técnica de Mitchell)
Esta técnica utiliza a força muscular do paciente, Atinge:
 músculos monoarticulares e poliarticulares.
Tem por objetivo:
 ↓ hiperatividade do sistema gama;
 ↑ ADM.
Seus princípios são:
 coloca-se o músculo em sua barreira motriz e pede-se ao paciente para fazer uma
contração muscular contra-resistência (do operador). Faz-se três ciclos de três
repetições de aproximadamente três segundos. Ao final de cada ciclo, busca-se
nova barreira motriz, aumentando-se assim a amplitude de movimento.
Thrust
Regra universal para manipular a coluna utilizando alavancas:
 parâmetros maiores:
1. flexão e extensão – alavanca primária:
2. lateroflexão
alavancas secundárias
3. rotação contralateral

O thrust é realizado na direção do parâmetro mais fixo.

 parâmetros menores:
1. tração e compressão – sem tensão → tração. Ex: bailarina.
muita tensão → compressão. Ex: halterofilista.
2. deslocamento anterior/posterior
3. deslizamento lateral
Utiliza-se, por exemplo:
 25% flexão/extensão;
 25% rotação;

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 25% lateroflexão;
 15% parâmetros menores;
 10% jogo articular livre.
Utilizando os parâmetros menores, diminui-se a amplitude dos grandes parâmetros,
tornando a manipulação mais agradável e pouco traumatizante. Além disso, a articulação se
abre com um esforço muito menor.

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As Indicações e Contra-indicações em Osteopatia

Indicações
1 – Coluna Cervical

 Cefaléia;
 Torcicolos;
 Cervicalgias;
 Wisplash (acidente de carro);
 Neuralgia cervicobraquial;
 Hérnias discais;
 Certos pós-cirúrgicos.
2 – Coluna Torácica

 Dorsalgias;
 Dorsalgia aguda;
 Nevralgias intercostais;
 Dores costais posteriores, laterais, anteriores.
3 – Coluna Lombar / Pelve

 Lombalgias;
 Lombalgias agudas;
 Cruralgias;
 Ciáticas;
 Hérnias discais;
 Dores no cóccix;
 Certos pós-cirúrgicos.
4- Crânio

 Nevralgia de Arnold;
 Nevralgias faciais e do trigêmio;
 Zumbidos no ouvido;
 Vertigens circulatórias;
 Certos problemas visuais;
 Cefaléias;
 Enxaquecas;
 Sinusites;
 Paralisia facial;
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 Dores da mandíbula e da face;
 Problemas de ATM.
5 – Ombro

 Periartrite Escápulo-Umeral (exceto capsulite retrátil e ruptura do Manguito


rotador);
 Entorses e luxações acromioclaviculares;
 Nevralgia cervicobraquial;
 Síndrome do desfiladeiro escápulo-torácico;
 Outras dores do ombro.
6 – Cotovelo

 Tendinite;
 Dores do cotovelo;
 Síndrome do pronador redondo.
7 – Punho, Mão

 Entorses;
 Tendinites;
 Sïndrome do canal carpiano;
 Outras dores.
8 – Quadril

 Coxartrose (sem prótese);


 Tendinite dos abdutores e dos adutores;
 Neuralgias obturatórias;
 Outras dores do quadril.
9 – Joelho

 Entorses;
 Tendinites;
 Problemas de meniscos;
 Gonalgias;
 Certos pós-cirúrgicos.
10 – Tornozelos e Pé

 Entorses;
 Dores do pé plano;
 Metatarsalgias;

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 Tendinite do Tendão de Aquiles;
 Dores do hálux valgo.

11 – Sistema Visceral Digestivo

 Gastrite;
 Reflexo gastroesôfago e hérnia de hiato;
 Problemas de fígado e de vesícula biliar;
 Colites;
 Estreitamentos;
12 – Sistema Visceral Gênito-Urinário

 Cistites repetitivas;
 Dismenorréias (regras dolorosas e irregulares) – necessita de um tratamento
osteopático intra-vaginal.
13 – Pediatria

 Dores do sistema locomotor;


 Escolioses discretas;
 Asmas discretas;
 Otites;
 Reflexo gastroesofágico do recém-nascido;
 Certos transtornos escolares (falta de atenção, fadiga, dislexia, problema de
memória).
14 – Geral

 Espasmofilia;
 Depressão ligeira;
 Fadiga, stress;
 Enfermidade de Crohn.

As contra-indicações do tratamento osteopático


 Fraturas, luxações;
 Cânceres;
 Osteoporose;
 Poliartrite reumática;
 Pelviespondilite anquilosante;
 Enfermidades reumáticas (Feissinger – Leroy – Reither, psoríase, etc.);
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 Infecções ósseas;
 Prótese do quadril e joelho;
 Malformações congênitas;
 Transtornos neurológicos (hemiplegia, paraplegia e outras paralisias);
 Transtornos cardíacos graves, aneurismas;
 Insuficiência vertebrobasilar;
 Transtornos do comportamento;
 Psicopatologias (neuroses, psicoses, demência).

Orientações gerais para o tratamento osteopático


Eliminar grandes contra-indicações:
 Tumores;
 Reumatismo inflamatório;
 Fratura / entorse;
 Infecções.

Eliminar possibilidade de problema inflamatório:


 Dor noturna?
 Dor em qual posição?
 Alguma posição que não suporta dormir?
 Melhora da dor em qual posição?
 Funcionamento de órgãos, etc.
 Uma dor mais noturna que diurna, sem posição para dormir: pensar em inflamação
ou tumor.
 Necessidade de exames complementares: hemograma, estudo radiológico,
cintilografia, etc.
Se há problema postural:
 Analisar questões ergonômicas: casa, trabalho, colchão;
 Se há problema dessa ordem, é provável que haja problema biomecânico.

Avaliar o tecido comprometido:


 Disco: tudo que aumenta a pressão discal causa dor (dor ao espirro, tosse,
defecação);
 Ligamentos: dor típica de má postura, ao final do movimento.

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 Diafragma: problemas digestivos, disfunções intestinais, refluxo, má digestão,
distúrbios ao deitar, etc.
Realizar uma análise postural.
Realizar uma análise dos movimentos (procurando restrição e dor):
 flexão (F);
 extensão (E);
 látero-flexão (S);
 rotação (R).

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Elementos de orientação para diagnóstico osteopático:

Tecido Importância
Topografia Características Alívio com repouso
comprometido da dor

Osso + Local Constante Raramente


Periósteo +++ Local Constante Raramente
Disco + Local Varia segundo a Freqüentemente
atividade, segue
dermátomo
Ligamentos ++ Local e segmentar - Geralmente
vertebrais
Articulações e ++ Local e segmentar - Geralmente
sensórias
Raízes ++++ Radicular Varia segundo Geralmente
nervosas dermátomos
Músculos ++ Isquêmica Aumenta com Sempre
atividade

Introdução à Visão Global Osteopática

Seqüência Mecânica
A partir de uma entorse medial do tornozelo:
• o antepé desloca-se medialmente, em eqüino varo na maioria dos casos, solicitando,
essencialmente no primeiro tempo, a relação tibio-fibular-talar.
• o músculo fibular longo é estirado rápida e violentamente, tracionando também a
extremidade inferior da fíbula para baixo.
• esse movimento para baixo vai repercutir no músculo bíceps femoral: em seu tendão
fibular, provocará uma rotação externa do membro inferior, e pela sua inserção isquiática
tenderá a posteriorizar o ílio.
• a instalação de uma posterioridade ilíaca vai solicitar, na sua dinâmica, o músculo
sartório, que é biarticular e possui uma fisiologia de flexão do joelho e quadril, e de
rotação externa da tíbia.

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• o membro inferior de apoio estará em rotação externa; o grupo pelvitrocanteriano
(sobretudo o piriforme) vai ser encurtado, levando assim a uma lesão em rotação externa
do membro inferior.
Conclusão:
Pode-se encontrar na região da pelve:
• Dor sacroilíaca;
• Encurtamento do piriforme;
• Perturbação do apoio coxofemoral.
Na região do joelho:
• Inflamação da pata de ganso;
• Inflamação do trato iliotibial, etc.
As modificações na região da pelve vão provocar compensações na região da coluna
vertebral.
Caso essas compensações perdurem, vão instalar-se disfunções orgânicas,
craniossacrais e diafragmáticas.
Do ponto de vista visceral, podemos encontrar o seguinte exemplo:
A hipertrofia do fígado pode provocar um fechamento do ângulo cólico D, e uma
dilatação do cecum. Haverá a compressão do n. crural, levando a uma lesão do psoas, que
levará a uma lesão vertebral de L2 – L3 – L4.

Biomecânica Vertebral
Quando as vértebras estão em posição neutra (N) de flexão/extensão, os processos
articulares podem se mover em todas as direções. As facetas articulares estão em posição
neutra e paralelas entre si.
Quando a coluna vertebral se move em flexão, ocorre o que se segue:
– Separação dos processos espinhosos.

– Durante o movimento a vértebra superior desliza para frente.

– Desimbricação das facetas articulares.

– Deslizamento posterior do disco intervertebral.

– O movimento é limitado pela tensão capsuloligamentar e pelo ligamento


longitudinal posterior e, sobretudo, pelos ligamentos interespinhoso e
supraespinhal.

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Quando a coluna vertebral se move em extensão, observa-se:
– Deslizamento posterior da vértebra superior.

– Aproximação dos processos espinhosos.

– Imbricação das facetas articulares.

– O núcleo pulposo se movimenta anteriormente.

– O movimento é limitado pelas tensões capsulares, pelo ligamento longitudinal


anterior e, sobretudo, pelo encontro dos processos espinhosos.

Quando a coluna vertebral se move em rotação, ocorrem os seguintes movimentos na


vértebra superior:
– O corpo vertebral orienta-se para o lado da rotação.

– O processo espinhoso de desloca para o lado oposto da rotação.

– O processo transverso do lado da rotação é posteriorizado.

– Há um deslizamento diferenciado sobre as facetas – uma faceta desliza para


frente, enquanto a outra desliza para trás.

– O movimento é limitado pelas fibras do disco, pelos processos articulares


posteriores e pelo ligamento intertransversal.

Quando a coluna vertebral se move em lateroflexão, observa-se:


– O processo transverso se aproxima do processo transverso da vértebra
subjacente do lado da lateroflexão e se afasta do transverso subjacente do lado
oposto ao da lateroflexão.

– A faceta articular do lado da lateroflexão é imbricada e a do lado oposto é


desembricada.

– O movimento é limitado pela tensão do ligamento intertransversal.

As Vértebras e sua Mobilidade


O movimento de uma vértebra é muito pequeno, mas os movimentos de cada uma
delas se adicionam e o conjunto desses movimentos possui uma mobilidade nos três planos
do espaço.
Entretanto, cada região da coluna possui formas vertebrais específicas. Em virtude
das diferentes formas, as mobilidades serão peculiares a cada região.

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Entre duas vértebras considera-se a vértebra superior móvel, em relação a vértebra
inferior que é considerada fixa.

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