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Marta Leal

Universalidade e variabilidade da molécula de DNA


Existem diferenças relativas ao material genético dos procariontes e dos eucariontes ao nível
da quantidade de DNA que constitui a informação genética, da organização e da localização do
DNA na célula.

O DNA das células eucarióticas é linear enquanto que o das procarióticas é circular.

Nos procariontes o DNA encontra-se no hialoplasma, como uma molécula circular, sem outros
constituintes associados – nucleoide.

O núcleo das células eucarióticas é separado do citoplasma pelo invólucro nuclear (membrana
dupla). Em determinados locais as duas membranas fundem-se e formam poros nucleares –
regulam o movimento de macromoléculas entre o núcleo e o citoplasma.

No núcleo, podem existir nucléolos – regiões em cuja constituição entram ácidos nucleicos e
proteínas.

DNA – molécula pertencente à categoria dos ácidos nucleicos; na sua estrutura encontra-se,
em código, a informação que programa todas as atividades celulares e que é transmitida de
geração em geração.

O DNA é igual em todo o lado (46 cromossomas), menos nos gametas femininos e masculinos
(23 cromossomas) e nos glóbulos vermelhos (por serem células anucleadas, e por isso sem
núcleo, também não têm cromossomas)

A totalidade das 100 biliões de células resultou de uma célula inicial- o ovo ou zigoto. Esta
célula contém a informação necessária para o nosso desenvolvimento.

DNA e Síntese proteica


Experiências:

• Experiência de Griffith:

Após a descoberta de Friedrich Miescher em 1869 da existência do DNA, Griffith realizou uma
série de experiências em 1928 que vieram a desenvolver a importância do DNA para a célula.
A partir das bactérias que causam a pneumonia (Strepococcus Pneumoniae) que se podem
dividir em duas estirpes, S (lisas, capsuladas e virulentas) e R (rugosas, não capsuladas e não
patogénicas), Griffith procedeu da seguinte forma:

Lote 1: O rato foi infetado com a estirpe virulenta e morreu.

Lote 2:O rato foi infetado com a estirpe não virulenta e sobreviveu.

Lote 3:O rato foi infetado com a estirpe virulenta morta pelo calor e sobreviveu.

Lote 4:O rato foi infetado com a estirpe não virulenta juntamente com a virulenta morta pelo
calor e morreu. Surgiam bactérias tipo S vivas no rato.

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Griffith tirou conclusões acerca do sucedido no lote 4.


A experiência sugeria que as bactérias do tipo S conseguiam transmitir a sua virulência às do
tipo R. No entanto, o cientista não foi capaz de explicar como. Assim sugeriu a existência de
um princípio transformante (DNA), que permitiria que as S transmitissem informação às R, de
modo a que as últimas pudessem desenvolver cápsula. Isto foi desenvolvido na experiência de
Avery.

• Experiência de Avery:

Avery e os seus colaboradores suspeitavam que o DNA pudesse "princípio transformante". Ao


tratarem o DNA proveniente das bactérias tipo S com proteases e RNAases, não conseguiram
evitar a transformação das estirpes não virulentas em virulentas. Mas, ao fazerem o
tratamento com enzimas que degradam o DNA, a transformação foi impedida. Desta forma,
estes investigadores concluíram que o DNA era o princípio transformante, que passa das
bactérias do tipo S mortas para as bactérias do tipo R, dando-lhes a informação necessária
para que estas produzam cápsula e se tornem virulentas.

A-Tipo R (não virulentas) ------------------------------------------------------> tipo R vivas, ato vivo

B-Tipo R (não virulentas) + DNA tipo S (virulentas) ---------------------> tipo S vivas, o rato morre

C-Tipo R (não virulentas) + DNA degradado tipo S ---------------------->Tipo R, rato vivo (porque o
DNA está degradado)

D-Tipo R (não virulentas) + DNA tipo S + RNA degradado -------------> tipo S vivas, o rato vive (o
rato vive, pois o RNA está degradado, não virulentas)

E-Tipo R (não virulentas) + DNA tipo S + protease ----------------------> tipo S vivas, o rato vive (o
rato vive, pois a proteína está degradada, não virulentas)

Composição química dos ácidos nucleicos, DNA e RNA


Os ácidos nucleicos (DNA e RNA) são moléculas constituídas por unidades básicas designadas
nucleótidos (que no total podem ser de 8 tipo diferentes).

Base Azotada Cada nucleótido é formado por uma


base azotada (Adenina, Guanina,
Citosina, Timina, Uracilo), uma Pentose
Grupo (Desoxirribose ou Ribose) e por um
Fosfato Pentose grupo fosfato.

Do ponto de vista químico a pentose do ácido desoxirribonucleico (DNA) é a desoxirribose


enquanto que no ácido ribonucleico (RNA) é a ribose.

As bases azotadas podem dividir-se em:

• Bases púricas: Adenina e Guanina, que formam um anel duplo .

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• Bases Pirimídicas: Uracilo (RNA), Timina (DNA) e Citosina que formam um anel simples.

Os nucleótidos formam ligações entre si, formando cadeias polinucleotídicas.


Estas ligações estabelecem-se entre o grupo fosfato de um dos nucleótidos e o carbono 3’ da
pentose do nucleótido seguinte, chamam-se ligações fosfodiéster.

Estrutura do DNA:

Através da análise do DNA de vários organismos por Chargaff foi possível chegar-se à
conclusão de que a percentagem de Adenina é igual a de Timina e que a de Guanina é igual à
de Citosina (não perfeitamente pois existem sempre erros). Assim, a percentagem de Purinas é
igual à de Pirimidinas. A partir destas investigações e da descoberta de Rosalind Franklin,
Watson e Crick apresentaram na Universidade de Cambridge o Modelo de Dupla Hélice do
DNA.

Ex:
1 cadeia tem: A molécula a que pertence essa cadeia tem:
100 nucleótidos 200 nucleótidos
3 timinas 6 timinas
3 adeninas 6 adeninas
100-6=94 guaninas + citosinas 188 guaninas + citosinas
? guaninas 94 guaninas
? citosinas 94 citosinas

Modelo de Dupla Hélice do DNA:


Segundo este modelo, a molécula de DNA é composta por duas cadeias polinucleótidicas
(dupla), que se dispõem em sentidos inversos, designando-se por isso, antiparalelas.

Os nucleótidos que formam uma cadeia


polinucleotídica ligam-se entre si através de ligações
covalentes (do tipo fosfodiéster) que se
estabelecem entre o grupo fosfato e os carbonos 3’
e 5’ das pentoses.

Cada cadeia de nucleótidos apresenta nas


extremidades uma ponta livre uma designada 3’ e
ou 5’.

As cadeias designam-se por antiparalelas uma vez que a extremidade 5’ de uma cadeia
corresponde a extremidade 3’ da outra cadeia.

Entre as bases azotadas verifica-se uma ligação por pontes de hidrogénio. Ou seja, a Adenina
emparelha com a Timina (por duas pontes de hidrogénio) e a Guanina à Citosina (por três
pontes de hidrogénio). Por isso são bases complementares, o que justifica as proporções
encontradas por Chargaff.

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Estrutura do RNA:
A molécula de RNA é formada por uma cadeia simples de
nucleótidos e é muito mais pequena que a molécula de DNA.
Contudo, em determinadas regiões, a molécula de RNA pode
dobrar-se devido ao estabelecimento de pontes de hidrogénio
entre as bases complementares (A com U e G com C).
Esta pode apresentar formas estruturais diferentes de acordo
com a função que desempenha;
Esta molécula é sintetizada a partir do DNA (por isso é que é
mais curta que este) e pode ser de três tipos:

• RNA mensageiro ou mRNA – que transporta a


mensagem contida no DNA do núcleo para o citoplasma;
• RNA de transferência ou tRNA – que transporta os aminoácidos dispersos no
citoplasma para os locais de síntese de proteínas, os ribossomas;
• RNA ribossómico ou rRNA – que juntamente com algumas proteínas forma o
ribossoma.

O RNA encontra-se no nucléolo, no citoplasma, nas mitocôndrias e nos cloroplastos.

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Diferenças entre DNA e RNA

Replicação do DNA:
Foram propostos três modelos para a replicação do DNA:

• Hipótese semiconservativa (a qual foi apoiada por Watson e Crick)


• Hipótese conservativa
• Hipótese dispersiva

• Experiência de Meselson e Stahl

Experiência A
A1-Cultivaram bactérias (Escherichia coli) em meios de cultura diferentes. um contendo um
isótopo pesado de azoto (15N) e outro contendo azoto normal (14N)

A2-Extrairam o DNA das bactérias presentes em cada um dos meios de cultura e colocaram
essas amostras de DNA numa solução de cloreto de césio (CsCl), procedendo à sua
centrifugação.

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A3 - Verificaram que as cadeias de DNA das bactérias cultivadas no meio contendo 15N eram
mais densas do que as cadeias de DNA das bactérias que cresceram no meio com azoto normal
(1N).

Esta experiência é necessária para saber a posição onde estaria o DNA, informação importante
para a experiência seguinte.

Experiência B
Cultivaram E.Coli num meio de cultura com 15N durante várias gerações de bactérias,
transferindo posteriormente para um meio com azoto normal.
Extraiu-se DNA no momento em que foi colocado no azoto normal, 20 minutos depois e 40
minutos depois. Através da densidade do DNA recolhido foi possível chegar-se à conclusão que
o DNA se duplica de modo semiconservativo, sendo que se conserva sempre uma cadeia e se
gera uma nova.

• As bactérias cultivadas em 15N incorporam esse azoto nos seus nucleotídeos,


formando um DNA com maior densidade, que se deposita mais próximo do fundo do
tubo sujeito à centrifugação.
• Quando as bactérias são transferidas para um meio de cultura com 14N, use esse
azoto para produzir novas cadeias de DNA.

Assim, na primeira geração, cada molécula de DNA apresenta uma cadeia de nucléolos
com 15N (que provinha da geração parental) outra com 14N (formados com nucléolos
que incorporam o azoto presente no meio). Desta forma as moléculas de DNA
apresentam uma densidade intermediária entre DNA com 15N e DNA com 14N.
(50%/50%)

Na segunda geração, metade das moléculas é formada por duas cadeias leves e outra
metade é formada por uma cadeia leve e uma cadeia pesada (densidade
intermediária). (75%/25%)

Pode, portanto, verificar se os resultados são compatíveis com o modelo


semiconservativo.

Replicação semiconservativa do DNA:

• as duas cadeias da molécula de DNA, na presença da DNA polimerase, afastam-se por


rutura das pontes de hidrogénio que unem as bases azotadas;

• os nucleótidos de DNA que se encontram livres na célula encaixam nos filamentos que
se vão afastando, através de ligações que obedecem à regra da complementaridade
das bases – a citosina liga-se à guanina e a timina à adenina;

• quando os filamentos de DNA que serviram de molde estão inteiramente preenchidos


pelos novos nucleótidos, formam-se duas novas moléculas de DNA;

• as novas moléculas de DNA, idênticas entre si, são complementares das cadeias
originais e cada uma delas é antiparalela relativamente à cadeia que lhe serviu de
molde;

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• cada molécula de DNA formada é idêntica à molécula original e é portadora de uma


cadeia antiga (metade da molécula-mãe) e de uma cadeia recém-formada, daí a
designação de semiconservativa.

Síntese Proteica:

A molécula de DNA garante a preservação da informação genética, transmitindo-a sempre a


cada nova célula. A célula utiliza parte dessa informação para gerar proteínas, que tem várias
funções, quando a síntese proteica acaba nem todas estão aptas para funcionar e tem que
passar por mais transformações. As proteínas podem ser enzimas ou até hormonas,
importantes para o nosso metabolismo celular e sistema hormonal.

Para que a síntese proteica ocorra, são necessários dois processos: a transcrição e a tradução.
A transcrição é o processo que permite que a informação genética do DNA seja copiada para
uma molécula de mRNA.
A tradução é o processo de utilização da informação contida, agora, na molécula de RNA para
sintetizar proteínas.

O segmento de DNA que contem a informação necessária para sintetizar uma determinada
proteína é o gene.
Ao conjunto dos genes que existe num indivíduo chama-se genoma. O genoma constitui a
totalidade da informação genética presente num ser vivo.

Depois da síntese da proteína o mRNA desfazem-se em nucleótidos que depois serão


reutilizados para a formação de novo mRNA.

Código Genético:
As moléculas de DNA e as proteínas são constituídas por monómeros ou unidades básicas. Os
monómeros dos ácidos nucleicos são os nucleótidos, enquanto que os monómeros das
proteínas são os aminoácidos. No caso dos ácidos nucleicos, existem quatro monómeros
diferentes, enquanto que nas proteínas existem cerca de vinte unidades básicas diferentes.

Como é que, existindo quatro nucleótidos diferentes, era possível que estas codificassem cerca
de vinte aminoácidos distintos? Que código seria usado pelos genes?

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Assim, chegou-se à conclusão de que para codificar um aminoácido seriam necessários três
nucleótidos, um tripleto.
Após esta descoberta, realizaram-se duas experiências que a vieram desenvolver. Nirenberg
chegou à conclusão de que quando utilizava mRNA poli-U apenas obtinha um tipo de
aminoácido, e a mesma coisa com poli-A e poli-C.
Khorana sintetizou moléculas com nucleótidos alternados (ACACACA), e como esta cadeia
permitia duas combinações (ACA e CAC) formaram-se dois tipos de aminoácidos.

Estas experiências permitiram concluir que diferentes combinações de tripletos codificam


diferentes tipos de aminoácidos.

Codão- tripleto do mRNA.


Cada codão resulta, por complementaridade, de um tripleto de nucleótidos do DNA desigando
de codogene.

Assim uma informação do DNA é transcrita para o mRNA, sendo, posteriormente, traduzida
para linguagem proteica (com intervenção do tRNA e dos ribossomas)

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(ver melhor isto) Em relação aos erros neste código, na formação de proteínas, alguns podem
causar grandes consequências, como nenhuma. Pois mais que uma sequência de nucleótidos
está associada a uma proteína, por isso em certos erros a proteína é a mesma em outras não, e
por isso trazem consequências.

Características do código genético

As características do código genético são as seguintes:

• Cada aminoácido é codificado por um tripleto designado codão

• é universal – isto é um determinado codão tem o mesmo significado para a maioria


dos organismos, quer seja rato, humano ou bactéria.

• não é ambíguo – a um tripleto de nucleótidos corresponde um e só um aminoácido;

• é redundante – vários codões são sinónimos, ou seja, podem codificar o mesmo


aminoácido. A maioria dos sinónimos difere apenas no último nucleótido. Este
fenómeno é também designado por degenerescência do código genético, pelo que se
pode caracterizar como sendo degenerado;

• o terceiro nucleótido de cada codão não é tão específico como os dois primeiros – por
exemplo, os codões CGU, CGC, CGA e CGG são sinónimos na codificação da arginina;

• o tripleto AUG tem dupla função – este tripleto codifica a metionina e é um codão de
iniciação da síntese de proteínas;

• os tripletos UAA, UAG e UGA são codões STOP ou de finalização – estes codões, que
não codificam nenhum aminoácido, representam sinais de fim de síntese de proteínas.

Mecanismos envolvidos na síntese proteica


Como já foi referido, na passagem da linguagem dos genes para a linguagem das proteínas
estão envolvidos dois processos: a tradução e a transcrição da informação contida na molécula
do DNA. Entre a transcrição ea tradução, nos seres eucariontes, ocorre uma etapa importante-
o processamento do RNA.

Transcrição

Para que a transcrição ocorra é necessário que a RNA polimerase desenrole um segmento de
DNA, quebrando as ligações hidrogénio entre as bases azotadas e separando as cadeias.

Assim, uma das cadeias de DNA serve de molde para o mRNA (que se constitui através dos
nucleótidos existentes no nucleoplasma).

A formação do RNA ocorre no sentido 5’ para o 3’.

A transcrição termina quando a RNA polimerase encontra um codão de finalização.

Nessa altura a molécula de RNA sintetizada desprende-se da molécula de DNA, que volta à sua
estrutura inicial de dupla hélice.

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Processamento (apenas ocorre nas cel. eucarióticas)

Nos seres eucariontes o mRNA utilizado durante a transcrição é designado por RNA pré-
mensageiro, uma vez que ainda irá sofrer uma maturação ou processamento. Esta ocorre
quando diversas secções do mRNA, os intrões, são removidas.
Desta forma, os exões constituem o mRNA maturado, ou seja, a informação para a síntese
proteica dispõe-se de forma fragmentada.

Nos seres procariontes a fase de processamento do mRNA não ocorre, pois a transcrição e
tradução correm no citoplasma, e por isso a transcrição ainda não acabou e a tradução já
começou, não dando tempo para que ocorra o processamento.

No final deste processo, o mRNA migra do núcleo para o citoplasma, onde ocorrerá o processo
de tradução.

Tradução

Para o processo de tradução é necessária a presença do tRNA (RNA de transferência) e do


rRNA (RNA ribossómico).

Cada molécula de tRNA apresenta:

• uma região que lhe permite fixar um aminoácido específico, designado local aminoacil.
Esta região localiza-se na extremidade 3’ da molécula (de tRNA);

• uma sequencia de três nucleótidos, complementar ao do codão do mRNA designado


anticodão. O anticodão reconhece o codão, ligando-se a ele. Este é igual ao codogene
do DNA, menos quando o codogene apresenta timina, no anticodão será o uracilo;

• locais para ligação ao ribossoma;

• locais para a ligação às enzimas intervenientes na formação dos péptidos

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Iniciação

• O processo inicia-se quando a subunidade menor do ribossoma se liga ao mRNA, na


extremidade 5’
.
• Deslizando até encontrar o codão de iniciação (AUG).

• De seguida o tRNA, que transporta o aminoácido metionina liga-se por


complementaridade ao codão de iniciação.

• A subunidade maior do ribossoma liga-se à menor.

Alongamento

• Um segundo tRNA transporta outro aminoácido que se liga ao codão.

• Estabelece-se uma ligação peptídica entre o aminoácido recém-chegado e a


metionina.

• O ribossoma avança três bases (sentido 5’ para 3’)

• O processo repete-se ao longo da molécula de mRNA.

• Os tRNA vão se desprendendo sucessivamente, apenas depois do seu aminoácido de


ligar ao aminoácido anterior. (se ele se desprendesse e o aminoácido que este
transportava ainda não se tivesse ligado ao anterior então este soltar-se-ia,
interrompendo o processo)

Finalização

• Por último o ribossoma encontra um codão de finalização (UAA UAG ou UGA). Como a
estes codões não corresponde nenhum tRNA, o alongamento termina.

• O último tRNA abandona o ribossoma.

• As subunidades do ribossoma separam-se, podendo ser recicladas

• Finalmente, o péptido (o melhor é dizer sequencia de aminoácidos, pois pode não ser
péptido, tendo mais de 20 aminoácidos e pode não ser uma proteína funcional) é
libertada.

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Apesar de este ser um processo anabólico exige consumo de energia, a síntese proteica pode
ser considerada um processo económico pois a cada molécula de mRNA podem ligar-se vários
ribossomas, formando um polirribossoma ou polissoma. Assim que um ribossoma se desloca o
suficiente outro ribossoma se pode ligar ao mRNA, desta forma podem ser feitas várias copias
desta proteína.

Alterações do Material Genético

As mutações genéticas resultam da substituição, do desaparecimento ou da adição de um


nucleótido à sequência que constitui o gene.
Assim, constituem-se proteínas diferentes. Quando estas proteínas têm um papel importante
no organismo podem originar doenças. (Anemia Falciforme, Albinismo).
São exemplos de agentes mutagénicos, os raios X, gama, cósmicos, UV e as partículas emitidas
por substâncias radioativas ou químicas como o gás mostarda e as nitrosaminas.

Nota: É mais grave ocorrer mutações na replicação do DNA do que na transcrição, pois tudo o
que será formado a partir desta molécula terá um erro, enquanto que na transcrição afetará
apenas aquele mRNA. É ainda menos grave na formação da proteína.

Existem 3 tipos de mutação


• Génicas
• Cromossomática

Quando uma célula se divide é necessário que a


molécula de DNA se replique, permitindo que cada
célula-filha herde uma cópia de toda a informação
que a célula mãe possuía.

No caso das células procarióticas, apresenta uma só


molécula de DNA, que não está associada a
proteínas e se encontra dispersa no hialoplasma.
Neste caso, a divisão celular é um processo simples,
que pode ocorrer assim que a molécula de DNA se
tenha replicado.
Como são organismos unicelulares cada vez que
ocorre a divisão celular, verifica-se a produção de
dois novos indivíduos que, salvo algumas exceções,
são idênticos entre si e idênticos à célula-mãe.

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A divisão nuclear dos organismos celulares é mais complexa.


A informação genética nestes organismos encontra-se distribuída por várias moléculas de
DNA, as quais estão associadas a proteínas designadas histonas.

• DNA- moléculas responsáveis pelo armazenamento da informação genética

• Histonas proteínas que conferem estabilidade ao DNA e são responsáveis pelo


processo de condensação.

Quando uma célula entra em divisão para facilitar a mesma o DNA necessita de se condensar e
por isso o DNA sofre um processo progressivo de condensação, originando filamentos curtos e
espessos designados cromossomas, que antes desta condensação constituam um filamento de
cromatina.

Nucleossoma- O filamento de DNA, presente em cada cromatídeo, enrola-se em torno de um


conjunto de histonas, formando um nucleossoma. Os nucleossomas, por sua vez, podem
dispor-se de tal maneira que conduzem à formação do cromossoma no seu estado mais
condensado.
Na fase de condensação, cada cromossoma é constituído por dois cromatídeos, que
resultaram de uma duplicação do filamento inicial de cromatina, e que ocorreu anteriormente.
Assim, cada um dos cromatídeos é formado por uma molécula de DNA e por histonas que lhe
estão associadas. Os cromatídeos de um cromossoma encontram-se unidos por uma estrutura
resistente designada centrómero.

Quando uma célula se divide, cada célula-filha recebe uma de cada um dos seus cromossomas,
assegurando-se, desta forma, que recebe toda a informação genética que a célula-mãe
possuía.

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O processo que permite que um núcleo se divida, originando dois núcleos-filhos, cada
um contendo uma cópia de todos os cromossomas do núcleo original e,
consequentemente, de toda a informação genética, designa-se mitose.

Esta divisão nuclear é, geralmente, seguida de uma divisão do citoplasma, designada


citocinese. Assim, a partir de uma célula-mãe formam-se duas células-filhas, idênticas
entre si e idênticas à célula-mãe que lhes deu origem.

O conjunto destas divisões celulares permite:

• A partir de uma célula inicial, se origine um organismo constituído por vários


milhões de células. (crescimento do ser vivo);
• Reprodução assexuada;
• Renovação das células ou reparação das que foram lesadas.

Ciclo celular- corresponde à alternância de períodos de crescimento com períodos de divisão


celular, com o objetivo final de originar novas células.

Algumas células mantêm a capacidade de se dividirem continuamente; outras perdem essa


capacidade quando atingem a maturidade. Assim, a periodicidade com que ocorrem os ciclos
celulares depende de vários fatores, como, por exemplo, o tipo de célula.

Em qualquer caso, o ritmo de divisão permite responder às necessidades do organismo, pois


só assim se mantém a vida.

O ciclo celular compreende dois períodos ou fases, a interfase e a fase mitótica.

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Interfase

A interfase é um período relativamente longo quando comparado mitose, podendo demorar


horas, semanas, anos ou mesmo perpetuar-se com a até à morte da célula, sem que uma nova
divisão ocorra.
Durante este período, a célula procede à síntese de diversos constituintes, o que conduz ao
crescimento e à maturação.
Desta forma, a interfase permite que a célula se prepare para uma nova divisão celular.

A interfase compreende três períodos: G1, S e G2.

• Período G1

Após uma divisão celular, inicia-se a primeira etapa da interfase, o período G1. Durante este
período, ocorre uma intensa atividade de síntese. São produzidas moléculas de RNA, a partir
da informação do DNA nuclear, no sentido de sintetizar proteínas, lípidos e glícidos. Esta fase
tem uma duração muito variável, dependendo do tipo de célula (se a célula já estava em
repouso antes já foram, por isso, já foi formandas novas substancias se este período foi curto
ou mesmo 0). As células de divisão lenta, ou que não irão sofrer mais divisões, entram então
numa fase G0 onde permanecem longos períodos de tempo, até nova divisão ou até à sua
morte. Por sua vez, as células de divisão rápida entram no período S

• Período S

O período S é caracterizado pela replicação do DNA. Durante este período, cada molécula de
DNA origina, por replicação semiconservativa, duas moléculas-filhas idênticas. Às novas
moléculas de DNA associam-se histonas, formando-se, então, cromossomas constituídos por
dois cromatídeos ligados pelo centrómero.

• Período G2

O período G2 tem lugar após a replicação do DNA e antes de ter início a divisão nuclear. Neste
período, verifica-se a síntese de mais proteínas, bem como a produção de estruturas
membranares, a partir das moléculas sintetizadas em G2, que serão utilizadas nas células-filhas

No final do período G2, inicia-se a mitose, período durante o qual O núcleo da célula
experimenta um conjunto de transformações que termina com a sua divisão. Embora a mitose
seja um fenómeno contínuo, por uma questão de facilidade de estudo, é comum distinguir-se
quatro fases: profase, metafase, anafase e telofase.

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Fase Mitótica (Mitose + Citocinese)

Mitose

• Profase

o É a etapa mais longa da mitose;


o Os cromossomos começam a enrolar-se, tornando-se mais condensados,
curtos e grossos. (o que facilita sua separação mais tarde);
o Os centrossomas (dois pares de centríolos) afastam-se um do outro indo em
direção a polos opostos, (formando entre eles o fuso acromático).
o O fuso acromático (ou mitótico) começa a formar-se.
O fuso é uma estrutura feita de microtúbulos, fibras fortes que são parte do
"esqueleto" da célula. Sua função é organizar os cromossomos e movê-los
durante a mitose. O fuso cresce entre os centrossomos a medida que eles se
separam.
o O(s) nucléolo(s) desparece(m) e involucro nuclear desagrega-se.

• Metafase

o Os cromossomas continuam a sua condensação até ao seu máximo;


o Os cromossomas, dispõem-se no plano equatorial do fuso acromático,
formando a chamada placa equatorial.
o Os centrómeros encontram-se voltados para o centro do plano equatorial,
enquanto que os braços dos cromossomas voltam-se para fora deste plano.

• Anafase
o Verifica-se o rompimento do centrómero, separando-se os dois cromatídeos
que constituíam cada um dos cromossomas.
o Os cromossomas iniciam a ascensão polar ao longo das fibrilas dos
microtúbulos.
o No final da anafase, cada polo da célula possui um conjunto de cromossomas
(constituídos por um só cromatídeo) exatamente igual.

• Telofase
o Inicia-se a organização dos núcleos-filhos.
o Forma-se um invólucro nuclear em torno dos cromossomas de cada monte de
cromossomas
o Os cromossomas iniciam um processo descondensação, formando a
cromatina.
o As fibrilas do fuso acromático desorganizam-se.
o A mitose termina. A célula possui agora dois núcleos.

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Citocinese

Citocinese- a divisão do citoplasma que completa a divisão celular, pode ocorrer (ou não no
caso das células polinucleadas). Esta pode se iniciar na anafase ou na telófase.

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Células estaminais e suas características

Todos os fenómenos de multiplicação, reprodução assexuada e crescimento são justificados


pela mitose.
No entanto, as células dos organismos multicelulares são de diferentes tipos e apresentam
diferentes funções, organizando-se em tecidos que formam órgãos e sistemas, estas células
sofreram uma diferenciação.

Para que a partir de uma célula inicial se obtenha uma variedade tão grande de células têm
que existir um processo de diferenciação.

As células que, como o ovo ou zigoto, possuem a capacidade de originar todas as outras
células, designam-se, totipotentes. As primeiras divisões do ovo originam células
indiferenciadas que se vão continuar a dividir até que iniciam um processo de diferenciação,
tornando-se células especializadas.

Fatores citoplasmáticos envolvidos nos processos de tradução e transcrição, ou sinais de


células vizinhas conduzem à diferenciação celular.
Estes fatores ativam ou bloqueiam determinados genes que dão à célula informação para se
diferenciar, tornando-as células especializadas.
As células responsáveis pela construção do corpo das plantas e dos animais são as células
estaminais.

Como se forma um ser diferenciado a partir de uma única célula?

Ovo (Célula totipotente : a


partir da qual se formam
todas as outras células).
Factores Citoplasmáticos nos
processos de transcreição e
Processo de Diferenciação - tradução
Nas 1ª divisões dá origem a Origina células
células indiferenciadas - especializadas com funções
células estaminais. específicas por
activação/inibição de genes, Sinais provenientes de
devido a: células vizinhas

As células estaminais (células-mãe) são células capazes de se autorrenovarem e de se


diferenciarem em diferentes tipos de células ou tecidos.

Características:
• São células indiferenciadas - não especializadas;
• Têm a capacidade de expansão, isto é, são capazes de se dividirem e de se
diferenciarem em diferentes tipos de células
• Apresentam capacidade de autorrenovação – apresentam uma divisão assimétrica
originando, por mitose, uma célula especializada e outra estaminal.

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Os vários tipos de células estaminais

Embrionárias Totipotentes

Células
Fetais Pluripotentes
Estaminais

Adultas Multipotentes

• Embrionárias: Obtidas a partir do embrião pré-implantação (embrião com 3 dias com 6


a 12 células).
• Fetais: Obtidas do embrião pós-implantação e do feto (no embrião pré-implantado
com 6 dias de vida, o blastocisto, e no embrião pós-implantação).
• Adultas: Obtidas da placenta, cordão umbilical ou de um organismo adulto. (Dados
mais recentes indicam que os tecidos fetais, da placenta e dos adultos também
possuem uma população minoritária de células estaminais pluripotentes.)
• Totipotentes: Diferenciam-se em qualquer tipo de célula.
• Pluripotentes: Diferenciam-se em todos os tipos de tecidos com exceção da placenta.
Ex: Células Sanguíneas.
• Multipotentes: Originam células de tecidos específicos (reserva celular para renovação
e reparação de tecidos). Foram isoladas de tecidos como a medula óssea, pele, fígado,
etc. Mais recentemente, também no cérebro, coração e músculos.

Nos tecidos adultos apenas existem células multipotentes, que não são capazes de produzir
células de outro tipo.

No entanto, nos tecidos adultos vegetais existe um outro tipo de células indiferenciadas, os
meristemas, que são capazes de renovar zonas lesadas e levar ao crescimento de órgãos.

Conceito e processo de clonagem


Clonagem- é a produção de um ou mais indivíduos geneticamente iguais ao progenitor (os
clones).

Para clonar um organismo é necessária a reprogramação do núcleo de uma célula


diferenciada, tornando-a totipotente. Assim, funde-se uma célula diferenciada com um óvulo
anucleado, que se tornará um embrião.

19
Marta Leal

• Experiência de Robert Briggs e Thomas King- transplante nuclear em células


animais

Robert Briggs e Thomas King removeram o núcleo de


um ovo de rã.
Seguidamente, transplantaram, para esse ovo
anucleado, um núcleo de uma célula de um embrião de
rã.
Estes investigadores verificaram ainda que, se o núcleo
proviesse de células de embriões muito jovens, o
desenvolvimento de um novo embrião era possível
(embora dificilmente ultrapassas se o estado larvar).
Mas, quando usavam núcleos de células com uma certa diferenciação, nomeadamente de
células intestinais, só cerca de 2% dessas células desenvolveriam um novo embrião. Assim,
verificaram que a capacidade de o núcleo transplantado suportar um desenvolvimento normal
estava diretamente relacionada com a idade do dador.

• Clonagem de mamíferos (ovelha Dolly)

1º Foi transplantado uma célula das glândulas


mamárias de uma ovelha para um ovulo de
outra.
2º Após se ter cultivado estas células num
meio de cultura apropriado, este grupo parou
o ciclo celular em G0. Seguidamente, fundiu-
se estas células com óvulos de ovelha, aos
quais se tinha removido o núcleo.
3º As células resultantes desenvolveram
embriões e foram implantados noutra ovelha.
Desta forma tinha sido conseguido o primeiro
clone de mamífero manipulado pelo Homem.

O processo que conduziu à formação da


ovelha Dolly exigiu a desprogramação do
núcleo de uma célula indiferenciada.

O núcleo da célula mamária foi transplantado


para um óvulo, pois este é uma célula
totipotente e dessa forma as substâncias que estão no citoplasma que permitem a ativação ou
bloqueio dos genes são ainda de um grau de diferenciação baixo(nulo?), (apresentam a

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Marta Leal

informação para a diferenciação de qualquer célula) permitindo que ocorra a diferenciação das
células.

É óbvio que o clone é o clone do dador do núcleo, pois é lá que está a informação genética que
será usada.

Para ser geneticamente igual à mãe usa-se apenas o óvulo, se fosse usado um Ovo,e ntão o ser
vivo já não seria geneticamente igual.

Nota: a grande diferença entre a estas duas últimas experiências é o facto na experiencia de
Briggs e King é utilizado um embrião, podendo ainda ter células totipotentes tornando a
clonagem mais fácil do a da ovelha Dolly .

Vantagens da clonagem

• A preservação de animais em extinção;


• Desenvolvimento de animais imunes a algumas doenças que são contagiosas;
• Clonagem de células humanas para tratamento de doenças, como: pâncreas para
diabéticos e de células do sangue para indivíduos com leucemia.

Diferenciação celular e cancro


Durante os processos de divisão e diferenciação celulares, ocorrem, por vezes, erros que
conduzem à produção de células cancerosas.

Causas: alguns fatores externos, como radiações, certas substâncias tóxicas e vírus.
Determinados

Nota: Para que ocorra a formação de cancro são necessárias duas coisas: que o gene que
aumenta a divisão das células esteja ativo e que o gene responsável por diminuir a divisão das
células esteja desativado.

Uma das mais preocupantes alterações que ocorre nas células é a perda dos mecanismos de
regulação celular, resultantes da alteração na expressão dos genes. Estas alterações podem
traduzir-se por um aumento da proliferação celular ou por uma diminuição da apoptose
(morte celular programada).

Nestas situações, as células dividem-se de forma descontrolada, até que não existam
nutrientes disponíveis. O resultado desta divisão frenética é a produção de grandes
aglomerados celulares, com diferenciação deficiente (a massa de tecido cancerígena não tem a
função do tecido onde se encontra, o que impede o normal funcionamento de um ou mais
órgãos levando o indivíduo à morte), que constituem os tumores.

As células de alguns tumores - tumores malignos - podem espalhar-se pelo organismo,


invadindo outros tecidos e formando metástases. (o que não acontece no caso do tumor
benigno, pois este está limitado por um gênero de cápsula)

21
Marta Leal

Metastização - consiste na formação de tumores em novos locais e resulta da migração de


células cancerosas a partir de um foco inicial.

A migração das células e a sua fixação em novos locais está dependente do rompimento e do
estabelecimento de ligações entre as células ou entre as células e o meio envolvente (matriz
extracelular).

Estas ligações dependem de proteínas membranares, das quais se destacam as caderinas e as


integrinas. Alterações nos genes que codificam essas proteí- nas podem levar à produção de
formas anormais destas, o que pode resul- tar numa alteração da adesão célula-célula e da
adesão célula- matriz. Neste caso, as células de um tecido podem separar-se (desagregação do
tecido), degradarem a matriz extracelular e iniciar um processo de migração. Quando atingem
os vasos sanguíneos, as células cancerosas disseminam-se pelo organismo, podendo invadir e
fixar-se em novos locais. Esta migração anormal das células tumorais é um processo necessário
para que ocorra a metastização.

De uma forma geral podemos identificar as seguintes etapas no desenvolvimento de um


cancro (neoplasia):

Cancro invasivo
Proliferação celular não
(resultante da
controlada (aumento de Perda de diferenciação Cancro in situ
acumulação de vários
prooliferação e/ou (Displasia) (localizado, não invasivo)
alterações genéticas nas
diminuição da apoptose
células).

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Marta Leal

A reprodução é uma função características dos seres vivos, que permite o aparecimento de
novos indivíduos.

A grande variedade de processos reprodutivos que existe pode sistematizar-se em dois tipos
fundamentais: a reprodução assexuada e a reprodução sexuada.

• A reprodução assexuada ocorre quando um indivíduo dá origem a outros sem ocorrer


fecundação, isto é, sem a união de duas células especializadas, denominadas gâmetas.
• Na reprodução sexuada os novos indivíduos são originados através da união de duas
células especializadas – os gâmetas

Assim originam-se clones da célula-mãe, o que permite concluir que este tipo de reprodução
não contribui para a variabilidade genética, embora assegure o rápido crescimento em
colonização em ambientes favoráveis.

Muitos dos organismos que se reproduzem assexuadamente também o podem fazer


sexuadamente, sempre que as condições do meio se tornem desfavoráveis. Esta capacidade
permite-lhes diminuir o risco de extinção, uma vez que a reprodução sexuada conduz à
variabilidade genética, logo, a uma capacidade de ultrapassar a adversidade do meio
ambiente.

Reprodução Assexuada

Na reprodução assexuada:

• Apenas intervém um progenitor, que origina um conjunto de indivíduos;

• Não há participação de células reprodutoras ou gâmetas;

• Não há fecundação nem meiose;

• Ocorrem mitoses sucessivas (divisões que mantêm o número de cromossomas)


responsáveis pelo crescimento e pelo aumento do número de indivíduos;

• Se não se verificarem mutações, os descendentes são geneticamente iguais entre si e


aos progenitores, sendo um processo que não contribui para a variabilidade
genética das populações;

• A descendência é numerosa e o processo é rápido;

Apesar destes aspetos comuns, existe uma grande diversidade de processos reprodutivos
assexuados, sendo os fundamentais a bipartição, a gemulação, a divisão múltipla,
a esporulação, a fragmentação, a multiplicação vegetativa e a partenogénese.

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Marta Leal

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Marta Leal

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Marta Leal

Multiplicação vegetativa natural

Dependendo da espécie podem-se originar novas plantas a partir de várias partes da planta-
mãe. Os processos de multiplicação podem ser por folhas, estolhos, rizomas, tubérculos e
bolbos.

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Marta Leal

Multiplicação vegetativa artificial

Os métodos artificiais de multiplicação vegetativa são usados no sector agroflorestal com o


intuito de rapidamente produzir novas plantas. Estas técnicas têm elevado interesse
económico já que permitem preservar as características genéticas das plantas. Destaca-se o
método da estaca, a mergulhia e a enxertia.

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Marta Leal

Tipos de enxertia:
• Enxertia por garfo:

Junção de superfícies cortadas de duas plantas diferentes. Costumam ser


utilizados caules ou gomos, sendo as plantas de espécies iguais ou semelhantes.
A parte da planta que recebe o enxerto chama-se cavalo e a parte da planta
dadora chama-se garfo.

• Enxertia por encosto:

Junção de superfícies cortadas de duas plantas diferentes, em


que se amarram ramos de duas plantas. Após a cicatrização
corta-se a parte de baixo do garfo e a parte de cima do
cavalo.

• Enxertia por borbulha:

Corta-se uma parte do ramo em T e insere-se uma gema de outra


planta. A nova planta desenvolver-se-á juntando o DNA de ambas.

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Marta Leal

Nota: A micropropagação:

Através dos tecidos meristemáticos replicam-se várias vezes os fragmentos da planta mãe, o
que permite criar muito rapidamente uma série de novas plantas

Reprodução assexuada - vantagens e inconvenientes


Este tipo de reprodução apresenta vantagens económicas, ao permitir selecionar variedades
de plantas com as características pretendidas e reproduzi-las em grande quantidade, de um
modo bastante rápido, conservando nos descendentes as características selecionadas.

Contudo, a reprodução assexuada apresenta desvantagens, dado que os clones são


geneticamente idênticos ao progenitor (excetuando nos casos de ocorrência de mutações). Em
termos evolutivos, esta ausência de variabilidade genética pode tornar-se perigosa para a
sobrevivência da espécie. O aparecimento de mudanças ambientais desfavoráveis às
variedades existentes pode levar ao seu desaparecimento, ou mesmo à extinção da espécie.

Reprodução sexuada
A reprodução sexuada é o tipo de reprodução mais comum no mundo vivo; é o processo
reprodutivo quase exclusivo dos animais superiores e é usual nas plantas superiores. A maioria
dos seres com reprodução assexuada, em certas condições, também se reproduz
sexuadamente.

Na reprodução sexuada:

• intervêm dois progenitores (ou não existem muitas plantas que têm ambos os sexos,
por exemplo), que produzem células reprodutoras especializadas – os gâmetas, ou
seja, para ser considerada uma reprodução sexuada deve haver a intervenção de
gametas)

• ocorre fusão dos dois gâmetas, ou seja, ocorre fecundação. A reprodução sexuada
depende da fecundação;

• durante a fecundação ocorre cariogamia, a fusão dos núcleos dos gâmetas, que leva à
formação do ovo ou zigoto;

• o ovo é a primeira célula do futuro ser vivo. Por mitoses sucessivas, vai originar um
indivíduo com características resultantes da combinação genética dos gâmetas dos
progenitores;

• os indivíduos das sucessivas gerações que vão sendo originados, apesar de terem
algumas características comuns, apresentam diferenças mais ou menos acentuadas
entre eles e em relação aos progenitores – verifica-se, assim, variabilidade genética
nas populações;

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Marta Leal

• a descendência é, normalmente, reduzida e o processo é lento;

• como se verifica variabilidade genética, os indivíduos suportam as alterações do meio


com alguma facilidade, estando aptos a sobreviver em ambientes em mudança. A
seleção natural elimina os menos aptos e os mais aptos vão ser selecionados;

• para a formação dos gâmetas ocorre um processo de divisão celular – a meiose – que
permite a redução do número de cromossomas de uma célula. A reprodução sexuada
depende da meiose.

O ovo resulta da união dos gâmetas que ocorre durante a fecundação. Assim, os cromossomas
presentes no núcleo do ovo são pares de cromossomas do mesmo tipo que provieram metade
de cada gâmeta.

Designam-se cromossomas homólogos e possuem forma e estrutura idênticas, sendo


portadores de genes correspondentes (genes alelos).

Quanto ao número de cromossomas que possuem, as células podem classificar-se em


haploides e diploides:

• Haploides – são células que possuem um só cromossoma para cada par de homólogos,
representam-se simbolicamente por n. Exemplos destas células são os gâmetas que se
formaram por meiose; Os seres que são constituídos maioritariamente por células
haploides são seres haploides e têm um ciclo de vida haplonte.

• Diploides – são células que possuem dois pares de cromossomas homólogos e


representam-se simbolicamente por 2n. Exemplos destas células são o ovo que
resultou da fecundação e todas as células somáticas. Os seres que são constituídos
maioritariamente por células diploides são seres dploides e têm um ciclo de vida
diplonte.

A fecundação implica uma duplicação cromossómica mas o número de cromossomas


característico de cada espécie mantém-se constante, pois a meiose, por sua vez, garante a
passagem da diploidia para a haploidia, assim quando os gâmetas, com n cromossomas, se
unirem formando o ovo este irá ter 2n cromossomas.

Assim, pela existência alternada destes dois fenómenos indispensáveis para que ocorra
reprodução sexual, está garantida a constância do número de cromossomas de geração em
geração.

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Marta Leal

Meiose – redução cromossómica

A meiose é um processo de divisão celular que leva à formação de quatro células haploides
semelhantes entre si e com metade do número de cromossomas da célula que lhes deu
origem. Como este fenómeno implica a passagem de um estado Diplóide para um estado
haploide, pode ser designado por redução cromossómica.

A meiose inclui duas divisões sequenciais e inseparáveis, a divisão I e a divisão II.

Divisão I:

• é precedida pela interfase onde, no período S ocorre a replicação do DNA, constituinte


dos cromossomas;

• no início da meiose cada cromossoma é constituído por dois cromatídios;

• a separação dos cromossomas homólogos de cada par reduz para metade o número
de cromossomas da célula diploide;

• são originados dois núcleos haploides, ou seja, com metade do número de


cromossomas do núcleo da célula que lhes deu origem;

• porque reduz o número de cromossomas, é uma divisão reducional.

Divisão II:

• os dois núcleos haploides dividem-se e formam-se quatro núcleos, também haploides;

• porque os cromossomas são igualmente distribuídos pelos novos núcleos, é uma


divisão equacional;

• no final, formam-se quatro células haploides, contendo, cada uma, um cromossoma de


cada par de homólogos;

• é uma divisão idêntica à mitose.

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Marta Leal

As divisões I e II da meiose, embora tenham fenómenos exclusivos, incluem sequências de


estádios com características idênticas às que ocorrem na mitose. Por este facto, os estádios
têm o mesmo nome – prófase, metáfase, anáfase e telófase:

Divisão I

Profase I

• é a etapa mais longa e é a fase preparatória para a redução de


cromossomas;

• caracteriza-se pela desorganização nuclear;

• os cromossomas condensam-se, encurtam e engrossam

• Os cromossomas homólogos emparelham, num processo


denominado sinapse, assim formam-se bivelentes (ou dieda cromossómica ou tétradas
cromatídicas)

• Entre os cromatídios dos bivalentes ocorrem sobrecruzamentos em vários pontos. Os


pontos de cruzamento entre os dois cromatídios dos homólogos são designados
pontos de quiasma ou quiasmas.

• Nos pontos de quiasmas pode haver rutura de cromatídeos, podendo ocorrer trocas
recíprocas de segmentos de cromatídios entre dois cromossomas homólogos,
fenómeno designado por crossing-over – um dos responsáveis pela variabilidade
genética;

• O número de cromossomas e o teor de DNA não alteram.

Metafase I
• Nesta fase, os cromossomas homólogos de cada bivalente dispõem-se
aleatoriamente (ou seja os cromossomas paterno e materno dispõem-
se de forma completamente aleatória ou seja a maneira como se
dispõem não é igual e por isso quando as células se dividem
apresentam tanto cromossomas paternos como maternos, se não
fosse aleatória então as células iriam apresentar apenas cromossomas
paternos ou maternos, diminuindo a variabilidade genética) – um dos
responsáveis pela variabilidade genética - na placa equatorial,
equidistantes dos polos e presos pelos centrómeros às fibras do fuso acromático.

• Ao contrário da metáfase da mitose, não são os centrómeros que se localizam no


plano equatorial do fuso acromático, mas sim os pontos de quiasma.

• O número de cromossomas e o teor de DNA não alteram.

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Marta Leal

Anafase I

• Caracteriza-se pela ascensão polar dos cromossomas homólogos;

• Os dois cromossomas homólogos de cada bivalente separam-se e


ascendem aos polos (como dissemos anteriormente a disposição dos
cromossomas e o crossing-over irá fornecer à célula mais
variabilidade);

• Cada cromossoma, que nesta fase é constituído por dois cromatídeos,


migra para um dos polos da célula com a orientação definida na metáfase I;

• O número de cromossomas é reduzido para metade, bem como o teor de DNA - um


núcleo diploide origina dois núcleos haploides.

Telofase I

• Caracteriza-se pela organização nuclear;

• Os cromossomas atingem os polos da célula e tornam-se mais finos e mais


longos, descondensando;

• O fuso acromático desagrega-se;

• Os nucléolos reorganizam-se e forma-se o involucro nuclear em volta de


cada conjunto de cromossomas

• Cada núcleo formado tem metade do número de cromossomas do núcleo


diploide inicial;

• Nesta fase não ocorreu alteração do número de cromossomas, nem do teor de DNA.

• Algo muito importante a ter em conta é que como ocorrerá uma divisão logo a seguir a
telófase I, ocorrerá a prófase II, e por isso a maioria dos acontecimentos que ocorrem
nesta etapa não aconteceram realmente evitando gasto de energia e tempo pela
célula, já que os processos que ocorrem na telófase I são os contrários ao que
acontece na Profase II, mas mesmo assim o fuso acromático deve obrigatoriamente se
desagregar.

Divisão II

Profase I
• Na prófase II, os cromossomas com dois cromatídeos condensam-se. (caso
se tenham descondensado na telófase I), o núcleolo desorganiza-se (same),
os dois cromatídeos condensam (same) . O fuso acromático forma-se após a
divisão do centrossoma. Os cromossomas dirigem-se para a placa equatorial,
presos pelo centrómero às fibras do fuso acromático.

• Não ocorre alteração do número de cromossomas nem do teor de DNA;

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Marta Leal

Metafase II
• Caracteriza-se pela formação da placa equatorial;

• Os cromossomas constituídos por dois cromatídeos dispõem-


se na placa equatorial, equidistantes dos polos e sempre
presos pelo centrómero às fibras do fuso acromático;

• O número de cromossomas e o teor de DNA não alteram.

Anafase II

• Caracteriza-se pela ascensão polar dos cromossomas-filhos;

• Os centrómeros dividem-se;

• Os dois cromatídeos de cada cromossoma separam-se e


passam a construir cromossomas filhos independentes;

• Cada cromossoma-filho, com um só cromatídeo, migra para os polos opostos da


célula;

• Não existe alteração do número de cromossomas, mas há redução do ter de DNA.

Telofase II

• Ocorre a organização nuclear;

• Os cromossomas atingem os polos da célula;

• Em volta de cada conjunto de cromossomas-filhos organiza-se um


invólucro nuclear;

• Os núcleos reorganizam-se;

• Os cromossomas tornam-se mais finos e mais longos;

• A célula fica constituída por dois núcleos com os mesmo número de cromossomas;

• O número de cromossomas não se altera, nem o teor de DNA.

No final da Divisão II formam-se quatro células haploides, contendo, cada uma, um


cromossoma de cada para de homólogos.

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Marta Leal

Mitose e meiose – Aspetos comparativos

Nos processos de reprodução assexuada, a divisão celular é feita por mitose.

Na reprodução sexuada, para além da mitose ser fundamental para que se verifique o
crescimento dos novos indivíduos, a meiose é também necessária, como processo de divisão
que compensa a duplicação de cromossomas que se verifica na fecundação.

➢ Assim, existem algumas diferenças bem significativas entre estes dois processos:

Mitose Divisão I da meiose


Profase Profase I
Não ocorre emparelhamento dos cromossomas Ocorre emparelhamento dos cromossomas
homólogos e crossing-over homólogos e crossing-over

Metafase Metafase I
Cromossomas alinham-se no plano equatorial Cromossomas homólogos de cada bivalente
alinham-se aleatoriamente no plano equatorial

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Marta Leal

Anafase Anafase I
Separação dos comossomas.e ascenção dos Separação dos comossomas homólogos.e ascenção
cromatídeos dos cromossomas (2 cromatídeos)

Telofase Telofase I
Formam-se células-filhas idênticas à célula-mãe Formam-se duas células-filhas com metade do
(diploides) número de cromossomas da célula-mãe (haploides)

Mitose Divisão II da meiose


Profase Profase II
Não ocorre emparelhamento dos cromossomas Não ocorre emparelhamento dos cromossomas
homólogos e crossing-over homólogos e crossing-over

Metafase Metafase II
Cromossomas alinham-se no plano equatorial Cromossomas alinham-se no plano equatorial

Anafase Anafase II
Separação dos comossomas.e ascenção dos Separação dos comossomas.e ascenção dos
cromatídeos cromatídeos

Telofase Telofase II
Formam-se células-filhas idênticas à célula-mãe Formam-se 4 células-filhas com metade do número
(diploides) de cromossomas da célula-mãe (haploides)

Nem sempre são formadas 4 células na fim da meiose, por exemplo :

Quando o ovócito primário completa a primeira divisão da meiose,


interrompida na prófase I, origina duas células. Uma delas não recebe
citoplasma e desintegra-se a seguir, na maioria das vezes sem iniciar a
segunda divisão da meiose. É o primeiro corpúsculo (ou glóbulo)
polar.

A outra célula, grande e rica em vitelo, é o ovócito secundário (ovócito


de segunda ordem ou ovócito II). Ao sofrer, a segunda divisão da
meiose, origina o segundo corpúsculo polar, que também morre em
pouco tempo, e o óvulo, gameta feminino, célula volumosa e cheia de
vitelo.

Na gametogênese feminina, a divisão meiótica é desigual porque não reparte igualmente o


citoplasma entre as células-filhas. Isso permite que o óvulo formado seja bastante rico em
substâncias nutritivas.

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Marta Leal

Mutação Cromossómica

A mutação cromossômica refere-se a qualquer alteração no número ou estrutura dos


cromossomos. A mutação cromossômica pode ser de dois tipos:

➢ Mutações numéricas: podem ser classificadas em aneuploidias e euploidias. Também


chamadas de aberrações numéricas.

o Aneuploidia ocorre quando há perda ou acréscimo de um ou mais cromossomos,


devido a erros na distribuição dos cromossomos durante a mitose ou meiose.
Ex: Síndrome de Down, Síndrome de Turner e Síndrome de Klinefelter.

o Euploidia ocorre quando há perda ou acréscimo de genomas completos. Surge


quando os cromossomos se duplicam e a célula não se divide. Neste tipo de
mutação podem ser formados indivíduos triplóides (3n), tetraplóides (4n), entre
outros casos de poliploidia.

➢ Mutações estruturais: são alterações que afetam a estrutura dos cromossomos, ou seja,
o número ou o arranjo dos genes nos cromossomos.

Podem ser classificadas em alguns tipos:

• Deficiência ou deleção: quando falta um pedaço de cromossoma;


• Duplicação: quando o cromossoma tem um pedaço repetido;
• Inversão: quando o cromossoma tem um pedaço invertido;
• Translocação: quando um cromossoma tem um pedaço proveniente de um outro
cromossoma.

Exemplos de Mutações:

- Quando na anáfase I, em vez de cada cromossoma de um dado par de cromossomas


homólogos ir para polos opostos, vão os dois cromossomas para o mesmo polo. (e durante a
anafase II)

- Quando no processo de Crossing-Over, um cromossoma “dá”, mas não “recebe”, fazendo


com que um dado cromossoma possua um tamanho maior.

➢ Efeitos das mutações cromossómicas:

• a maior parte é prejudicial para o indivíduo portador ou para os seus descendentes;

• algumas podem ser benéficas e melhorar a capacidade de sobrevivência dos indivíduos


das novas gerações;

• são as fontes primárias da variabilidade genética que permitem a diversidade de


organismos e a evolução das espécies.

As mutações podem ser provocadas por vários fatores físicos e químicos, mas também podem
ser propositadamente causadas pelo homem, como, por exemplo, a duplicação do número de
cromossomas – poliploidia – para a obtenção de alguns alimentos.

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Marta Leal

Reprodução sexuada e variabilidade

Na reprodução sexuada, a meiose e a fecundação, que são dois mecanismos compensatórios,


asseguram a manutenção do número de cromossomas característico de cada espécie, de
geração em geração. Estes dois fenómenos são igualmente responsáveis pela variabilidade
genética que se verifica entre indivíduos da mesma espécie.

Ao contrário do que se sucede nos animais, em que os gâmetas se formam por meiose a partir
das células das Gónadas (órgão especializados para a produção de gâmetas), nas plantas, os
gâmetas raramente resultam diretamente da meiose. Geralmente, a meiose origina esporos.

Os ovários são as gónadas femininas, onde se produzem os óvulos (gâmetas femininos), e os


testículos são as gónadas masculinas, onde se produzem os espermatozoides (gâmetas
masculinos).

Gametângio- estruturas que dão origem a gâmetas, ainda que estes não sejam formados por
mitose.

Esporângio- estruturas que dão origem a esporos, sejam eles originados ou não por meiose.

Musgos e dos fetos

Os musgos e os fetos, por exemplo, produzem os Anterozoides (gâmetas


masculinos) no Anterídio (gametângio masculino). Os anterozoides
dependem da água par alcançar a Oosfera (gâmeta feminino) que se
encontra dento do Arquegónio (gametângio feminino).

Pinheiro

Os pinheiros fazem parte de um grupo de plantas, as


Gimnospérmicas, mais complexos que os musgos ou
os fetos. Nestas árvores, os gametângios masculinos
(as escamas dos cones masculinos) denominam-se
Microsporofilos e produzem os grãos de pólen e os
gametângios femininos (as escamas dos cones
femininos- as pinhas) chamam-se Megasporofilos e
contêm óvulos.

Notas:

- O musgo é uma Briófita.

- Os pinheiros fazem parte das Gimnospérmicas, que, posteriormente, pertencem ao grupo das
Espermatófitas que se dividem Gimnospérmicas e Angiospérmicas.

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Marta Leal

Angiospérmicas

As Angiospérmicas são o grupo mais complexo de plantas e caracterizem-se por possuírem


flor. A flor assume a função reprodutora nestas plantas. É nas anteras dos estames que se
produzem os grãos de pólen e nos ovários que estão contidos os óvulos.

Tantos nas Angiospérmicas como nas Gimnospérmicas, a fecundação é independente da água,


o que permite uma melhor adaptação ao ambiente terrestre.

ATENÇÃO: ver o que está a partir da página 80 sobre as Plantas.

Fecundação nos animais


Nos animais há duas estratégias de reprodução, o hermafroditismo e o unissexualismo:

➢ Hermafroditismo:
Um indivíduo possui simultaneamente o sexo masculino e o sexo feminino;
Ocorre principalmente em espécies que têm dificuldades de dispersão geográfica, ou
vivem mesmo isolados;
É comum nos seres invertebrados;

Podem verificar-se dois tipos de comportamento distinto – o hermafroditismo suficiente e


o hermafroditismo insuficiente.

o Hermafroditismo Suficiente – ocorre por autofecundação, um só indivíduo pode


originar descendentes. Verifica-se, por exemplo, na ténia.

o Hermafroditismo Insuficiente – não se verifica a autofecundação, como nos


unissexuais tem de haver fecundação cruzada. Ocorre na minhoca e no caracol, por
exemplo.

➢ Unissexualismo:
Há um indivíduo do sexo masculino – macho – e um do sexo feminino – fêmea;
A reprodução, neste caso, exige a contribuição de dois indivíduos, um de cada sexo, sendo
estas espécies dioicas;
Ocorre na maioria das espécies;

De acordo com o local onde ocorre, a fecundação pode ser externa ou interna:

39
Marta Leal

Fecundação nas plantas

Nas plantas, as estratégias reprodutivas são bastante diversas. Também os gametângios são
muito variados e característicos dos diferentes tipos de plantas e, como tal, também os
processos de fecundação são diferentes:

• Nos musgos e nos fetos a fecundação é dependente da água, só assim é que os


anterozoides podem alcançar as oosferas que se encontram dentro dos arquegónios;

• Nas Gimnospérmicas, como os pinheiros, os gametângios são estruturas especializadas


– os cones masculinos, onde se produzem os grãos de pólen, e os cones femininos (as
pinhas), onde se produzem os óvulos. A fecundação não depende da água, revelando
melhor adaptação ao ambiente terrestre;

• As Angiospérmicas caracterizam-se por possuírem flor, que é o órgão reprodutor nestas


plantas e, portanto, onde se formam os gâmetas. A fecundação é independente da
água.

40
Marta Leal

Quanto às angiospérmicas:

o Produzem:
- Os grãos de pólen, gametas masculinos,
produzidos nos sacos polínicos que se
localizam nas anteras;
- Os óvulos, gâmetas femininos existentes no
interior dos ovários.

• Podem ser:

o hermafroditas – os estames e os carpelos estão na mesma flor;

o unissexuais – há flores só com estames – flores unissexuais masculinas; e há


flores só com carpelos – flores unissexuais femininas.

• Para que haja fecundação tem de ocorrer a polinização que é o transporte de grãos de
pólen para os órgãos femininos da flor esta pode ser direta ou indireta:

o direta – quando há polinização na mesma flor. Nesta situação a variabilidade


genética é reduzida;

o cruzada – quando a polinização se efetua entre flores de plantas distintas, mas


da mesma espécie. Esta estratégia propicia grande variabilidade genética;

A polinização ocorre devido a atuação de agentes polinizadores, como o vento, a


chuva e alguns animais como o Homem e a abelha;

Vantagens e desvantagens dos tipos de reprodução

Alguns seres vivos podem apresentar os dois tipos de reprodução, conseguindo mudar de
estratégia reprodutiva de acordo com as condições do meio, de modo a maximizar as
vantagens oferecidas por cada processo. Esta situação é vulgar em espécies como os afídios,
vulgarmente designados por pulgões.As principais vantagens e desvantagens destes dois tipos
de reprodução são:

41
Marta Leal

O ciclo de vida de um ser vivo corresponde à sequência de acontecimentos que ocorrem na


vida de um organismo desde que foi concebido até que produz a sua própria descendência. O
ciclo de vida de uma espécie repete-se de geração em geração.

Quando a reprodução é assexuada existe estabilidade genética e, como tal, não há alteração
do número de cromossomas de cada espécie.

Quando a reprodução é sexuada, a duplicação do número de cromossomas que resulta da


fecundação é compensada pela redução de cromossomas que
ocorre na meiose, possibilitando a manutenção de um número de
cromossomas constante em cada espécie.Da alternância entre estes
dois fenómenos resulta sempre uma alternância de fases nucleares
características:

• a haplofase ou fase haploide – está compreendida entre a


meiose e a fecundação, inicia-se na célula que resultou da
meiose e que possui n cromossomas;

• a diplofase ou fase diploide – está compreendida entre a fecundação e a meiose, inicia-


se no ovo, célula que resultou da fecundação e que possui 2n cromossomas.

A ocorrência da fecundação e da meiose, embora comum a todos os seres vivos com


reprodução sexuada, pode dar-se em momentos diferentes do ciclo de vida do organismo.
Tendo em conta esse momento, estabeleceram-se, então, diferentes tipos de meiose – a
meiose pós-zigótica, a meiose pré-gamética e a meiose pré-espórica:

➢ Meiose pré-gamética – a meiose ocorre durante a produção dos gâmetas, que são as
únicas células haplóides. O ciclo correspondente diz-se diplonte.

➢ Meiose pós-zigótica – a meiose ocorre logo após a formação do zigoto, sendo o zigoto a
única estrutura diplóide do ciclo, que se designa por haplonte.

➢ Meiose pré-espórica – a meiose ocorre para a formação dos esporos, e só acontece em


indivíduos com dois tipos de células sexuais (gâmetas e esporos). O ciclo de vida
correspondente denomina-se haplodiplonte.

42
Marta Leal

Atendendo ao desenvolvimento relativo das duas fases nucleares, determinadas pelo


momento em que ocorre a meiose, gera-se alguma diversidade nos ciclos de vida dos seres
vivos que se podem classificar em:

Ciclo de vida haplonte:

➢ Característico da maioria dos fungos e de alguns protistas, incluindo algumas algas

➢ A meiose ocorre após formação do zigoto diploide – meiose pós-


zigótica – sendo este a única estrutura diplóide do ciclo de vida do
organismo;

➢ A meiose não produz gâmetas mas sim células haplóides que se


dividem por mitose formando um organismo adulto haplonte;

➢ O ser representativo da fase haploide é o organismo multicelular


haplonte (formado pelas mitoses)

➢ os gâmetas são produzidos por mitose e não meiose.

EXEMPLO: Ciclo de vida de uma alga – espirogira (Spirogyra sp.)

A espirogira:

• É uma alga que vive em água doce. Forma agregados filamentosos, constituídos por
células cilíndricas dispostas topo a topo, que fazem parte daquilo que vulgarmente se
chama limo.

• Apresenta reprodução assexuada por fragmentação – quando as condições são


favoráveis, podem destacar-se dos filamentos fragmentos que crescem e originam
novos indivíduos;
• Tem reprodução sexuada quando as condições do meio são desfavoráveis, garantindo
a possibilidade de se formarem indivíduos com características que podem ser
vantajosas nesses ambientes.

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Marta Leal

Importante: Não ocorro citocinese e 3 dos 4 núcleos formados degeneram; a espirogira é um


falso ser vivo multicelular, todas as células têm as mesmas funções

Ciclo de vida diplonte:

• Característico da maioria dos animais e de algumas algas;

• Os gâmetas são as únicas células haplóides;

• A meiose ocorre antes da formação dos gâmetas – pré-


gamética;

• O zigoto diplóide (2n) sofre mitoses consecutiva dando origem


a um organismo pluricelular diplonte (o ser representativo da
fase diploide é o organismo multicelular diplonte).

Nota: se eu der o exemplo do homem, devo explicitar… por exemplo no caso do homem
(cuidado)

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Marta Leal

EXEMPLO: Ciclo de vida do ser humano

O ser humano produz-se exclusivamente de forma sexuada e


apresenta dimorfismo sexual (homem e mulher). A
reprodução humana envolve uma anatomia intrincada e um
comportamento complexo (Ah, vamos admitir, o ciclo
haplodiplonte é mais complexa, nós somos mesmo
egocêntricos)

• A fecundação é interna e o desenvolvimento


embrionário, ocorre no útero da fêmea.

• Para se formarem gâmetas tem que se verificar


meiose.

Etapas da reprodução no homem:

• A meiose ocorre durante a formação dos gâmetas, em


células presentes nas gónadas masculinas-testículos- e
nas gónadas femininas-ovários.
o No homem é nas células-mãe dos
espermatozoides;
o Na mulher é nas células-mãe dos óvulos;

• Os gâmetas – espermatozoides e óvulos – são células unicelulares haploides que se


unem durante a fecundação.

• Desta fecundação resulta um ovo ou zigoto diploide que sofre divisões mitóticas
sucessivas originando um novo indivíduo pluricelular.

Ciclo de vida haplodiplonte:

• Característico das plantas e algumas algas;

• Inclui ao contrário dos outros dois ciclos estados pluricelulares diplóides e haplóides;

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Marta Leal

• A meiose ocorre para a formação de esporos – meiose pré-espórica (n);


• Os organismos têm uma geração produtora de esporos – geração
esporófita constituída pelo esporófito – e uma outra geração
produtora de gâmetas – geração gametófita constituída pelo
gametófito;

• A haplofase inicia-se com os esporos que sofrem mitoses


originando um organismo multicelular haplonte – gametófito, que
diferencia gametângios onde se formam gâmetas e termina no
momento da fecundação em que se forma uma célula diplóide;
todas as células desta fase são haplóides à excepção do zigoto
resultante da fecundação.

• A diplofase tem início no ovo ou zigoto (2n) que sofre mitoses consecutivas formando um
organismo multicelular diplóide – esporófito, que diferencia esporângios onde, as células
mãe dos esporos sofrem meiose formando os esporos (n) no momento em que ocorre
meiose, esta fase acaba; todas as células desta fase são diplóides à excepção dos
esporos;

Cuidado: o gametófito é obrigatoriamente fotossintético, o esporófito depende o que


consideramos como esporófito. (se nos dirigimos ao feto em si ou aos sorosCiclo de vida de
uma planta – polipódio (Polypodium sp.)

EXEMPLO: Cilco de vida do polipódio (feto)

• É uma planta vascular que não produz sementes;

• Habita locais húmidos, tais como zonas arborizadas, troncos de árvores e muros
velhos;

• Tem o corpo constituído por um caule subterrâneo – o rizoma, de onde emergem


raízes e folhas;

• Apresenta reprodução sexuada e assexuada por fragmentação vegetativa do rizoma e


por esporulação.

Etapas da reprodução no polipódio:

• na época reprodutiva, na página inferior das folhas, formam-se soros que são grupos
de esporângios que contêm as células-mãe dos esporos;

• as células-mãe dos esporos sofrem meiose, originando esporos haploides que, quando
estão maduros, são libertados;

• se caírem em solo favorável, cada esporo germina e origina uma estrutura laminar,
fotossintética de vida independente – o protalo;

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Marta Leal

• na face inferior do protalo, que é um gametófito pluricelular, formam-se


os gametângios:

o Arquegónios – gametângios femininos que produzem a oosfera;


o Anterídios – gametângios masculinos que produzem os anterozoides.

• os anterozoides, quando a água no solo é suficiente, nadam até aos arquegónios onde
se fundem com a oosfera;

• desta fecundação, dependente da água, resulta um zigoto diploide que vai iniciar o seu
desenvolvimento sobre o protalo, originando uma nova planta adulta –
novo esporófito de vida independente.

• Há alternância de gerações (que também existe nos outros ciclos de vida, mas como
nesses casos um dos ciclos é muito maior que o outro, então a fase mais pequena não
é considerada, como neste ciclo ambas as fases são iguais ambas são consideradas)

• A fase diploide é mais desenvolvida do que a fase haploide, isto apenas acontece pois
a planta adulta encontra-se na fase diploide.

• Existem dois seres representativos, o esporófito (que pode ou não ser fotossintético,
dependendo se consideramos os soros ou próprio feto como esporófito), que é o ser
pluricelular diploide, assim representante da fase diploide; e o gametófito, que é
fotossintético, é um ser pluricelular haploide, assim representante da fase haploide.

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Marta Leal

EXEMPLO: Ciclo de do vida musgo

• Os musgos apresentam plantas masculinas ou femininas, são dióicos.

• O musgo masculino produz os anterozóides (gameta masculino) que através da água


alcançam o arquegônio. Dentro do arquegônio, um anterozóide fecunda a oosfera
(gameta feminino), formando um zigoto (2n).

• O zigoto se desenvolve em um embrião. O embrião também se desenvolve e origina o


esporófito, uma estrutura temporária do musgo, localizada no final dos filoides.

• O esporófito abriga os esporângios, local os esporos são produzidos por meiose.


Quando os esporos são liberados no ambiente, reiniciam o ciclo de vida.

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Marta Leal

A vida na Terra foi evoluindo, de forma lenta e gradual, sofrendo diversas modificações que
deram origem à grande diversidade de seres vivos que podemos observar atualmente no
nosso planeta.

Dos procariontes aos eucariontes

Para compreendermos a evolução da vida temos de compreender, em primeiro lugar, a


história evolutiva da célula.

Os seres vivos podem agrupar-se em dois grandes grupos, os seres procariontes e os seres
eucariontes:

• São classificados com base na organização celular, ou seja, no tipo de células que os
constituem:

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Marta Leal

Pensa-se que foram os procariontes que estiveram na origem da diversidade de formas de vida
existentes atualmente, devido:

• À sua simplicidade estrutural (a evolução processar-se-ia de seres mais simples para


mais complexos);

• Ao registo fóssil existente: os dados fósseis sugerem que os seres eucariontes surgiram
2000 milhões de anos depois dos organismos procariontes.

Alguns grupos de procariontes terão evoluído e aumentado a sua complexidade e terão


estado, provavelmente, na origem dos organismos eucariontes.

Para explicar o aparecimento de células eucarióticas a partir da evolução de células


procarióticas, existem duas hipóteses: a hipótese autogénica e a hipótese endossimbiótica.

Nota: nenhuma das hipóteses explica esta evolução de forma completa, mas podemos afirmar
que a mais aceitável é a hipótese endossimbiótica.

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Marta Leal

Hipótese Autogénica

Segundo a Hipótese Autogénica, os seres


eucariontes são o resultado de uma evolução
gradual dos seres procariontes. Numa fase inicial,
as células desenvolveram sistemas
endomembranares resultantes de invaginações
da membrana plasmática. Algumas dessas
invaginações armazenavam o DNA, formando um
núcleo. Outras membranas evoluíram no sentido
de produzir organelos semelhantes ao retículo
endoplasmático.

Posteriormente, algumas porções do material


genético abandonaram o núcleo e evoluíram
sozinhas no interior de estruturas membranares.
Desta forma, formaram-se organelos como as
mitocôndrias e os cloroplastos.

Esta hipótese pressupõe que o material genético do núcleo e dos organelos (sobretudo das
mitocôndrias e dos cloroplastos) tenha uma estrutura idêntica. Contudo, tal não se verifica. O
material genético destes organelos apresenta, geralmente, uma maior semelhança com o das
bactérias autónomas, do que com o material genético presente no núcleo.

Esta e outras observações levaram ao desenvolvimento de um outro modelo ou hipótese –


a Hipótese Endossimbiótica

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Marta Leal

Hipótese Endossimbiótica

Algumas células procarióticas de grandes dimensões (célula


hospedeira) capturaram células mais pequenas, como os
ancestrais das mitocôndrias e cloroplastos.

Alguns destes ancestrais conseguiam sobreviver no interior da


célula procarióticas de maiores dimensões, resistindo à
ingestão, estabelecendo-se relações de simbiose.

A íntima cooperação entre estas células conduziu ao


estabelecimento de uma relação simbiótica estável e
permanente. A evolução conjunta destes organismos terá
levado ao surgimento das células eucarióticas constituídas por
vários organelos, alguns dos quais foram, em tempos,
organismos autónomos.

Assim, as primeiras relações endossimbióticas terão sido


estabelecidas com os ancestrais das mitocôndrias. Os
ancestrais das mitocôndrias seriam organismos que tinham
desenvolvido a capacidade de produzir energia, de forma
muito rentável, utilizando o oxigénio no processo de
degradação de compostos orgânicos.

Por outro lado, outro grupo de procariontes, semelhante às atuais ciano- bactérias, tinha
desenvolvido a capacidade de produzir compostos orgânicos, utilizando a energia luminosa. A
associação das células procarióticas de maiores dimensões com estes seres, ancestrais dos
cloroplastos, conferia-lhe vantagens evidentes.

Mas, nem todas as células eucarióticas possuem cloroplastos. Este facto é explicado, segundo
a Hipótese Endossimbiótica, pelo estabelecimento de relações simbióticas de forma
sequencial. Isto é, as primeiras relações endossimbióticas terão sido estabelecidas com os
ancestrais das mitocôndrias e, só posteriormente, algumas dessas células terão estabelecido
relações de simbiose com os ancestrais dos cloroplastos.

52
Marta Leal

53
Marta Leal

Argumentos a favor da hipótese autogénica:

• Todas as membranas que constituem os organelos celulares possuem a mesma


composição bioquímica;

• Alguns genes necessários ao funcionamento das mitocôndrias e dos cloroplastos estão


atualmente no núcleo;

Argumentos contra a hipótese autogénica:

• Não explica o que desencadeou a invaginação da membrana celular;

• Se o núcleo fosse formado por invaginações de membrana procariótica, então o DNA


do núcleo seria circular, o que não corresponde a realidade.

Argumentos a favor da hipótese endossimbiótica:

• As mitocôndrias e os cloroplastos são muito semelhantes a bactérias (seres


procariontes), na forma, no tamanho e nas estruturas membranares;

• Estes organelos produzem as suas próprias membranas, as suas divisões são


independentes das da célula e são semelhantes à divisão binária das bactérias;

• Contêm um DNA próprio semelhante ao das bactérias – uma molécula circular,


geralmente, não associada a histonas;

• Os ribossomas das mitocôndrias e dos cloroplastos são semelhantes aos dos


procariontes, quer no tamanho, quer nas suas características bioquímicas;

• Na membrana interna destes organelos, existem enzimas e sistemas de transporte que


se assemelham aos que estão presentes nos atuais procariontes. Assim, admite-se que
as membranas internas derivem das membranas dos procariontes endossimbióticos;

• Atualmente, podem encontrar-se associações simbióticas entre bactérias e alguns


eucariontes.

Pontos fracos da hipótese endossimbiótica:

• Esta hipótese não explica a origem do núcleo das células procarióticas;

• Não esclarece como é que o DNA nuclear comanda o funcionamento dos cloroplastos
e das mitocôndrias;

• Não explica como é que tendo os seres procariontes as mesmas dimensões um foi
englobado por outro (stor).

• Não explica o porque dos ribossomas das células eucarióticas serem maiores (stor).

• Não explica o porque do DNA nas células eucarióticas no núcleo é linear (stor).

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Marta Leal

Da unicelularidade à multicelularidade

Depois do aparecimento das células eucarióticas, a vida na Terra apresentava já grande


diversidade.

Os organismos eucariontes, que desenvolveram capacidade de predação, começaram


a aumentar de tamanho, o que favoreceu:

• A captura mais eficiente de outras células;

• A deslocação que, sendo mais rápida, facilita a fuga e a alimentação;

• O aumento do metabolismo.

À medida que as dimensões da célula aumentam, a razão entre a área da célula e o seu volume
diminui porque o crescimento celular não pode ser indefinido. Então, como o metabolismo se
torna mais ativo, mas a superfície membranar que contacta com o exterior não tem um
aumento proporcional, as trocas com o meio tornam-se menos eficientes e não são capazes de
dar resposta às necessidades das células.

Assim, para indivíduos com dimensões superiores a 1mm sobreviverem só têm duas
possibilidades: ou são unicelulares, mas com um metabolismo muito baixo ou, para darem
resposta às necessidades metabólicas, têm de ser multicelulares.

Embora ainda não esteja bem esclarecida, pois o registo fóssil não é suficiente, pensa-se que a
multicelularidade tenha resultado de associações vantajosas entre eucariontes unicelulares
que foram evoluindo:

• Inicialmente, todas as células desempenhariam a mesma função;

• Posteriormente, algumas células ter-se-iam especializado em determinadas funções,


ocorrendo diferenciação celular;

• A diferenciação celular, em que se verifica interdependência estrutural e funcional das


células, ter-se-á acentuado, originando verdadeiros seres multicelulares.

Atualmente, verifica-se a existência de agregados de seres eucariontes unicelulares da mesma


espécie que estabelecem ligações estruturais entre si, formando colónias ou agregados
coloniais.

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Marta Leal

Volvox não é considerado um ser pluricelular, pois, embora seja constituído por células
estruturalmente independentes, sob o ponto de vista funcional, a sua diferenciação é ainda
muito incipiente, confinando-se exclusivamente às células reprodutoras. Contudo, este
exemplo é bastante útil para se compreender que organismos coloniais semelhantes tenham
evoluído no sentido de maior organização e diferenciação estrutural e funcional e, como tal, da
verdadeira multicelularidade.

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Marta Leal

Pensa-se que:

• Os seres coloniais possam ter estado na origem de algas verdes pluricelulares, algumas
das quais evoluíram mais tarde para plantas;

• Este dado é apoiado pela existência de clorofila a e b nas algas verdes e nas plantas e,
também, pela presença de amido como substância de reserva em ambas;

• Os diferentes tipos de células, já com especialização, originaram tecidos que levaram


ao aparecimento de órgãos e de sistemas de órgãos, havendo uma crescente
especialização e diferenciação celulares.

Vantagens evolutivas da multicelularidade para os organismos:

• Permite que os organismos tenham maiores dimensões, mantendo a relação


área/volume ideal para a realização de trocas com o meio;

• Possibilita maior diversidade, proporcionando uma melhor adaptação a diferentes


ambientes (Um ser vivo multicelular tem células com funções diferentes e por isso a
adaptação a meios diferentes torna-se mais fácil);

• Diminuição da taxa metabólica, como resultado da especialização celular que permitiu


uma utilização de energia de forma mais eficaz (Quando uma célula é especializada,
apresenta mecanismos especializados para a função que esta tem, assim esta função é
feita de forma mais rápido, gastando menos energia);

• Maior independência relativamente ao meio ambiente, devido a uma eficaz


homeostasia (equilíbrio dinâmico do meio interno) que resulta da interdependência
entre os vários sistemas de órgãos (permite uma melhor adaptação aos ambientes
com características mais extremas).

Em suma, pode dizer-se de forma muito simples que a evolução das formas de vida se
processou dos procariontes para os eucariontes unicelulares e dos seres coloniais para os
pluricelulares.

Evolucionismo vs. Fixismo

Desde tempos remotos que o Homem tenta explicar a origem e a diversidade das espécies.
Várias teorias surgiram, enquadradas em dois grandes grupos: teorias fixistas e teorias
evolucionistas.

Fixismo:

• Foi a primeira tentativa de explicação da grande diversidade de seres vivos existentes


na Terra;

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Marta Leal

• Foi aceite durante muitos séculos, principalmente porque era apoiada pela observação
de gerações sucessivas de seres vivos que eram sempre semelhantes;

• Admite que as espécies surgiram tal como se conhecem atualmente e, que se


mantiveram fixas e imutáveis ao longo do tempo;

• As espécies foram criadas independentemente umas das outras;

• As principais teorias fixistas são o criacionismo, o espontaneísmo e o catastrofismo:

Evolucionismo:

• Admite que as espécies se alteram de forma lenta e progressiva ao longo do tempo,


dando origem a novas espécies;

• A espécies são originadas a partir de ancestrais comuns;

• O ambiente intelectual em que o evolucionismo se estabeleceu foi influenciado pelas


ideias de mudança que surgiram, ao mesmo tempo, em todas as áreas do
conhecimento;

• Construiu-se com o contributo e a colaboração de várias ciências e, em particular, da


Geologia.

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Marta Leal

As principais evidências geológicas que abalaram o modelo fixista foram:

• A idade da Terra ser muito superior à admitida até então;

• O aparecimento de fósseis de espécies muito diferentes das que se conheciam.

• Foi dificilmente aceite pela comunidade científica e a sua implantação definitiva


decorreu do aparecimento de mecanismos explicativos muito bem fundamentados e
apoiados por argumentos válidos;

As duas teorias evolucionistas mais marcantes são o Lamarckismo e o Darwinismo.

Lamarckismo:

• Foi a primeira teoria explicativa sobre o mecanismo de evolução dos seres vivos,
formulada e defendida por um naturalista francês, o cavaleiro de Lamarck;

• Esta teoria assentava em duas leis fundamentais – a Lei do uso e do desuso e a Lei da
herança dos caracteres adquiridos;

• Nesta teoria, a adaptação é definida como sendo a capacidade dos seres vivos
desenvolverem características que lhes permitam sobreviver e reproduzir-se num
determinado ambiente (as características são adquiridas o que é errado, elas já
existem devido à variabilidade, mas prontos)

• O ambiente é considerado o principal agente responsável pela evolução;

• Admite, ainda, uma progressão lenta e gradual dos organismos mais simples para os
mais complexos.

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Marta Leal

O lamarckismo sofreu grande contestação porque:

• Atribui à evolução uma intenção ou objetivo, ao afirmar que as alterações ocorrem


devido à necessidade de as espécies procurarem a perfeição, o que não se conseguiu
provar cientificamente;

• A herança dos caracteres adquiridos não se verifica experimentalmente.

Esta teoria não vingou e o evolucionismo foi, temporariamente, posto de parte.

Importante: Até chegar à teoria evolucionista

Teoria Transformista
A conceção de Buffon relativamente à origem da diversidade de espécies é uma conceção
transformista.

Buffon admitia que as espécies derivavam umas das outras por degeneração e que esta
transformação era lenta e progressiva, existindo espécies intermédias até às formas atuais.
Esta visão de transformações progressivas encerra uma conceção evolucionista, na qual o
tempo geológico é fundamental para que estes fenómenos tenham lugar.
Buffon admitia que circunstâncias ambientais, como o clima e o alimento, eram a razão desta
transformação por degeneração.

Assim, enquanto que algumas formas originais persistiam, outras degeneravam, conduzindo à
formação de espécies próximas. Segundo ele: “as espécies menos perfeitas, mais delicadas,
menos ativas, menos armadas, já desapareceram ou vão desaparecer".

Uniformitarismo e idade da Terra


Em 1778, o geólogo James Hutton publicou uma obra - Theory of the Earth – que abalou
violentamente a Hipótese Catastrofista.

Hutton estabeleceu uma idade para a Terra muito superior àquela que era admitida até então
e defendia que o planeta era, e tinha sido sempre, dominado por forças terrestres, como os
ventos, a chuva, a geada, responsáveis por fenómenos de erosão, subsidência e sedimentação,
bem como por fenómenos de fusão magmática.

Em suma, este geólogo escocês defendeu que os fenómenos geológicos existentes na


atualidade são idênticos aos que ocorreram no passado. Esta teoria ficou conhecida como
Teoria do Uniformitarismo (ou Princípio das Causas Atuais).

Lyell confirma a Teoria do Uniformitarismo e conclui que:

• As leis naturais são constantes no espaço e no tempo;

• Os acontecimentos do passado devem ser explicados a partir dos mesmos processos


naturais que se observam na atualidade, dado que as causas que provocaram
determinados fenómenos no passado são idênticas às que provocam os mesmos
fenómenos atualmente;

• A maioria das alterações geológicas ocorre de forma lenta e gradual.

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Marta Leal

As conceções gradualistas de Lyell conduzem ao desenvolvimento de ideias evolucionistas no


campo da Biologia. Contudo, faltavam modelos que explicassem o processo evolutivo.

Darwinismo

• Charles Darwin, naturalista inglês, apresentou a teoria evolucionista como explicação


para a biodiversidade;

• Darwin baseou-se num conjunto de dados e informações recolhidos ao longo de mais


de 20 anos, destacando-se os recolhidos na viagem à volta do Mundo no Beagle;

• Os fundamentos desta teoria são os dados geológicos, os dados biogeográficos, o


Malthusianismo, a seleção artificial e a variabilidade intraespecífica:

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Marta Leal

• O mecanismo essencial que dirige a evolução é a seleção natural: só os mais aptos


sobrevivem e transmitem as características mais favoráveis porque o ambiente não
possui os recursos essenciais para a sobrevivência de todos os que nascem;

Esta teoria pode enunciar-se da seguinte forma:

• Todas as espécies apresentam indivíduos com pequenas variações nas suas


características;

• As populações tendem a crescer em progressão geométrica, originando mais


descendentes do que aqueles que podem sobreviver;

• O número de indivíduos de uma espécie não se altera significativamente de geração


em geração;

• Em cada geração, uma parte dos indivíduos é naturalmente eliminada na luta pela
sobrevivência;

• Sobrevivem os indivíduos que estiverem mais bem adaptados a um determinado meio,


por possuírem características mais vantajosas relativamente aos restantes;

• A seleção natural, feita pela Natureza, privilegia os indivíduos mais bem dotados e
elimina os menos aptos relativamente a determinadas condições do ambiente –
sobrevivência do mais apto;

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Marta Leal

• Os mais aptos, portadores das variações favoráveis, vivem durante mais tempo e
reproduzem-se mais e, como tal, transmitem as suas características aos descendentes
por reprodução diferencial;

• A acumulação de pequenas variações ao longo das gerações determina, a longo prazo,


a transformação e o aparecimento de novas espécies.

A principal crítica a esta teoria é o facto de não conseguir explicar as causas das variações
existentes nas populações. (coitado sabia ele lá da existência dos genes)

Confronto entre Lamarckismo e Darwinismo --> K.O.(Lamarck apanhou bastante tadito)

O Lamarkismo e o Darwinismo explicam a diversidade de espécies existente através de


processos evolutivos. Contudo, embora ambos valorizem o papel do meio e da adaptação, os
mecanismos de explicação que apresentam são diferentes:

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Marta Leal

Argumentos a favor do evolucionismo

Apesar de haver lacunas nas explicações lamarckistas e darwinistas, a perspectiva


evolucionista foi tendo cada vez maior aceitação. Para apoiar o evolucionismo foram utilizados
diversos argumentos, sendo os mais importantes os argumentos de anatomia comparada, os
argumentos da paleontologia e os argumentos da citologia:

Argumentos de anatomia comparada

• A anatomia comparada baseia-se no estudo comparativo das formas e das estruturas


dos organismos, ou seja, no estabelecimento de semelhanças e diferenças entre os
caracteres morfológicos;

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Marta Leal

• Tem como objectivo estabelecer possíveis relações de parentesco entre seres vivos de
diferentes grupos taxonómicos;

• A existência de relações filogenéticas entre diferentes espécies é apoiada pela


presença de estruturas homólogas, análogas e vestigiais.

Estruturas homólogas

• São órgãos com um plano estrutural semelhante e com origem embrionária


semelhante;

• Por evolução divergente podem desempenhar diferentes funções;

• São o resultado da atuação da seleção natural sobre os mesmos indivíduos em


diferentes meios; os indivíduos que possuem estruturas que lhes conferem vantagem
num determinado habitat são selecionados em detrimento de outros;

• Exemplos: os bicos dos tentilhões das Galápagos ou os órgãos anteriores dos


Vertebrados:

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Marta Leal

• Permitem construir séries filogenéticas

• São séries que traduzem a evolução de estruturas homólogas em diferentes


organismos, estas podem ser progressivas ou regressivas:

Séries filogenéticas progressivas:

• A evolução verifica-se a partir de um órgão simples que se vai tornando gradualmente


mais complexo.

• Por exemplo, o estudo do coração dos vertebrados é um exemplo de evolução


progressiva.

Séries filogenéticas regressivas:

• Um órgão que era mais complexo vai evoluindo no sentido de se tornar mais simples,
regredindo.

• Por exemplo, a redução dos membros dos répteis.

• No caso particular dos mamíferos ocorreu um tipo particular de evolução divergente,


designada radiação adaptativa.

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Marta Leal

Estruturas análogas

• São órgãos com estrutura e origem embrionária diferentes;

• Por evolução convergente, estes órgãos desempenham a mesma função, resultado de


adaptação ao mesmo ambiente.

• Resultam da atuação da seleção natural sobre indivíduos com origens distintas que
conquistaram meios semelhantes; os que possuem estruturas que desempenham
funções semelhantes são selecionados em detrimento de outros;

• Exemplos: a cauda da baleia e a barbatana caudal dos peixes ou as asas de insectos e


as das aves.

Estruturas vestigiais

• São estruturas atrofiadas que não possuem significado fisiológico em determinados


grupos de seres vivos mas que, noutros grupos são desenvolvidas e funcionais;

• Uma vez que eram órgãos desenvolvidos e funcionais em espécies ancestrais,


constituem importantes evidências anatómicas a favor do evolucionismo;

• A seleção natural pode exercer pressões seletivas que favoreçam indivíduos com
determinado órgão desenvolvido mas, noutro meio, esse órgão pode ser
desnecessário;

• São evidentes em séries filogenéticas regressivas;

• Existem vários exemplos: é o caso da membrana nictitante, dos músculos das orelhas,
das vértebras do cóccix.

Argumentos paleontológicos

• O estudo do registo fóssil fornece dados que apoiam o evolucionismo;

• Os fósseis de animais já extintos puseram em causa a ideia de imutabilidade defendida


nas teorias fixistas, permitindo concluir que na Terra já existiram seres vivos muito
diferentes daqueles que conhecemos atualmente;

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Marta Leal

• Quando o registo fóssil é mais completo, permite definir percursos evolutivos de


determinados grupos, partindo de um ancestral até às formas atuais – as séries
ortogenéticas – através do levantamento das modificações que se foram registando ao
longo do tempo. Uma série que se encontra definida é a da evolução dos cavalos:

• Existem fósseis que permitem documentar relações de parentesco (filogenéticas)


entre espécies atualmente muito afastadas e que não foram independentes quanto à
sua origem – estes fósseis designam-se de formas sintéticas ou fósseis de transição:

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Marta Leal

Argumentos citológicos

• Referem-se ao estudo das células, objeto de estudo da Citologia.

• Baseiam-se na Teoria Celular, que enuncia que:

• Todos os seres vivos, apesar da grande diversidade que apresentam, são constituídos
por células;

• A célula é a unidade básica estrutural e funcional comum a todos os seres vivos;

• Apoiam fortemente o evolucionismo porque:

o Se há uniformidade na constituição dos seres vivos, então, a sua origem deve


ter sido comum;

o Os processos e mecanismos celulares são também semelhantes, constituindo


um forte argumento a favor da origem comum.
Por exemplo, a mitose e a meiose são idênticas nas células animais e vegetais.

Para reconstituir o processo evolutivo é necessário recorrer a vários tipos de argumentos que
são analisados em conjunto. Para além da Anatomia comparada, da Paleontologia e da
Citologia, os cientistas recorrem à Embriologia, à Bioquímica e à Biogeografia para recolherem
o maior número possível de dados das diferentes áreas do conhecimento e, assim, tentarem
esclarecer melhor o processo evolutivo.

Neodarwinismo – Teoria Sintética da Evolução

Tal como foi enunciada por Darwin, a teoria da evolução apresentava alguns pontos que não
foram totalmente esclarecidos, como:

• os mecanismos responsáveis pelas variações existentes nos indivíduos de uma espécie;

• a forma como as variações são transmitidas de geração em geração.

O desenvolvimento da tecnologia e da ciência, principalmente no âmbito da Genética,


forneceu os conhecimentos necessários para colmatar estas lacunas.

Surgiram, então, duas novas ideias fundamentais:

• Mutações – são uma evidência que permite explicar as variações dos seres vivos;

• a Teoria da Hereditariedade de Mendel – que explica a transmissão das características


de geração em geração.

Com estes novos dados, a Teoria de Darwin é revista e surge uma nova teoria –
o Neodarwinismo ou Teoria Sintética da Evolução. Para explicar os mecanismos evolutivos,
esta teoria apresenta duas ideias fundamentais, a variabilidade genética e a seleção natural:

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Marta Leal

• A existência de variabilidade genética nas populações consideradas como unidades


evolutivas;

• A seleção natural como mecanismo principal da evolução;

• A conceção gradualista que permite explicar que as grandes alterações resultam da


acumulação de pequenas modificações, que vão ocorrendo ao longo do tempo.

De acordo com o Neodarwinismo:

• As populações são as unidades evolutivas, pois apresentam a variabilidade sobre a


qual a seleção natural vai

• Cada conjunto génico confere potencialidades adaptativas aos indivíduos, num


determinado meio e num determinado tempo.

• As populações são conjuntos de indivíduos da mesma espécie que, num dado


momento, ocupam uma determinada área.

• Quanto maior for a diversidade maior é a probabilidade de uma população se adaptar


às mudanças que ocorram no ambiente.
Atualmente define-se evolução como uma mudança no fundo genético das populações, como
resultado da seleção natural.

Seleção natural, seleção artificial e variabilidade

Mutações

• São alterações bruscas do património genético de um indivíduo;

• Podem ocorrer ao nível dos genes – mutações genéticas – ou envolver porções


significativas de cromossomas – mutações cromossómicas;

• São a fonte primária da variabilidade porque introduzem novos genes nas populações;

• Podem ser letais para os seus portadores e levarem ao seu desaparecimento, ou


podem ser favoráveis, conferindo vantagens aos indivíduos que as possuem.

Neste caso, os indivíduos sobrevivem e reproduzem-se mais e transmitem esta


mutação aos seus descendentes, modificando os genes da população.

Recombinação genética

• É a fonte mais próxima da variabilidade genética;

• Ocorre através da reprodução sexuada e da meiose, no crossing-over e na separação


independente dos cromossomas homólogos;

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Marta Leal

• Introduz variabilidade genética porque favorece o aparecimento de uma


multiplicidade de diferentes combinações de genes.

As populações como unidades evolutivas

As populações são formadas por indivíduos que podem ser, mais ou menos,
semelhantes entre si (variabilidade genética).
Quanto maior for a diversidade de indivíduos de uma determinada população, maior
será a probabilidade de essa população sobreviver se ocorrerem alterações
ambientais. Isto porque maior será a probabilidade de existirem indivíduos com
características que os tornem mais aptos para esse novo ambiente. Em oposição, as
populações com uma baixa diversidade, embora possam estar muito bem adaptadas a
um determinado ambiente, podem ser rapidamente eliminadas se ocorrerem
modificações ambientais.

As populações estão sujeitas a alterações genéticas, funcionando como unidades evolutivas.


Ao nível populacional a evolução pode ser definida como uma variação na frequência génica
de geração em geração. Pelo facto de esta variação da frequência dos genes ocorrer numa
pequena escala, isto é, apenas na considerada, estas alterações são designadas microevolução.

Do ponto de vista ecológico, as populações são conjuntos de indivíduos de uma espécie que
vivem numa determinada área, num dado intervalo de tempo. Do ponto de vista genético,
considera-se uma população um conjunto de indivíduos que se reproduz sexuadamente e
partilha um determinado conjunto de genes.

Quando estas condições se verificam, a população é designada população mendeliana.

O conjunto de genes de uma população mendeliana constitui o fundo genético (ou gene pool).

Diversos fatores podem atuar sobre o fundo genético de uma população, modificando-o.
Contudo, geralmente, considera-se que apenas as mutações, as migrações, a deriva genética,
os cruzamentos ao acaso e a seleção natural são capazes de produzir alterações significativas
do fundo genético, de forma a promover fenómenos evolutivos.

O fundo genético de uma população:

• é o conjunto de todos os genes presentes nos indivíduos da população, num dado


momento;

• pode ter genes mais frequentes do que outros;

• num ambiente em mudança, pode alterar-se porque o conjunto de genes mais


favorável pode deixar de o ser:

– alguns genes tornam-se mais frequentes, outros vão sendo progressivamente eliminados;

– as populações vão ficando cada vez mais adaptadas ao meio;

– os indivíduos com o conjunto génico que os torna mais aptos reproduzem-se mais e estes
genes tornam-se mais frequentes na população;

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Marta Leal

– o fundo genético da população alterou-se, determinadas características foram eliminadas da


população, ocorreu evolução.

Mutações

A ocorrência de mutações nos seres pode alterar o genoma do organismo e introduzir novas
combinações de genes no fundo genético das populações.
Ou seja, as mutações permitem o aparecimento de novos genes nas populações.

Migrações

As migrações correspondem a deslocações de indivíduos de uma população para outra.


Estes movimentos podem ser de entrada de indivíduos (migração) ou de saída de indivíduos da
população (emigração).

Os movimentos migratórios conduzem a alterações do fundo genético porque são responsáveis


por um fluxo de genes entre populações.

Deriva genética

Ocorre em populações reduzidas e corresponde à variação do fundo genético, devido


exclusivamente, ao acaso.
Existem duas situações em que ocorre uma diminuição drástica do tamanho de uma população:
o efeito fundador e o efeito de gargalo.

O efeito fundador ocorre quando um reduzido número de indivíduos se desloca para uma nova
área transportando uma parte restrita do fundo genético.

O efeito gargalo quando uma determinada população sofre uma diminuição brusca devido a
alterações climatéricas, epidemias, incêndios, inundações, terramotos, etc. Assim apenas os
genes dos sobreviventes se mantêm, sendo os outros eliminados por deriva genética, e não por
seleção natural.

Cruzamentos ao acaso

Quando os cruzamentos ocorrem ao acaso, diz- se que existe panmixia, o que permite a
manutenção do fundo genético.
Se se privilegiar determinado tipo de características para o cruzamento, ou seja, na escolha do
parceiro sexual houver tendência para privilegiar determinadas características, a frequência do
conjunto de genes que os indivíduos escolhidos possuem tenderá a aumentar.

Seleção Natural

A seleção natural atua sobre fenótipos, isto é, são selecionados os indivíduos que possuem
fenótipos que os tornam mais aptos para o ambiente em que vivem, permitindo-lhes deixar
mais descendentes do que os indivíduos com outros fenótipos.
Considera-se fenótipo (“tipo de aspeto") como o conjunto de características anatómicas,
fisiológicas e bioquímicas observáveis nos indivíduos que resultam da expressão de
determinados genes (genótipo).
Desta forma, a seleção natural pode promover a manutenção de um determinado fundo
genético ou conduzir à sua alteração.

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Marta Leal

Seleção artificial

Tal como Darwin observou, o Homem pode ser responsável pela modificação de determinadas
espécies.
Ao escolher as plantas e os animais que reúnem as “melhores" características, promovendo a
sua reprodução, o Homem realiza um processo de seleção artificial.
Ao encorajar a reprodução de uns e impedir a reprodução de outros de forma sistemática, o
Homem realiza um processo de seleção idêntico ao realizado pela Natureza, mas mais rápido.
Nem sempre as variedades que têm interesse para o Homem são favorecidas pela seleção
natural. A intervenção do Homem pode, assim, alterar o sentido da evolução natural de
algumas variedades. As espécies de plantas cultivadas pelo Homem e os animais domesticados
foram alvo de uma reprodução diferencial imposta artificialmente. Desta forma, foi possível
preservar e desenvolver indivíduos que reúnem as características desejadas.

Sistemas de classificação

Práticos - distinguem os seres consoante as necessidades humanas (defesa, alimentação)

Artificiais – baseiam-se num número


Racionais - baseiam-se
relativamente pequeno de
em carateres
características.
evidenciados pelos seres
vivos
Naturais – baseiam-se num
Sistemas de número elevado de características
classificação

Verticais ou filogenéticas – têm em conta o fator tempo e permitem constituir


árvores filogenéticas (ou filética, cladística, evolutiva), que agrupam os seres de
acordo com o seu grau de parentesco.

Horizontais ou fenéticas - não têm em conta o fator tempo e permitem


construir árvores fenéticas, que têm como objetivo a identificação rápida de
um organismo, sem ter em conta a sua evolução, mas sim o seu fenótipo
(características externas)

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