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Fichamento do texto “ O sexo dos anjos: um olhar sobre a anatomia e a produção do sexo
(como se fosse) natural”, de Paula Sandrine Machado.
O texto em sua natureza, parte da análise de jovens intersex sob uma perspectiva médica e
social, levantando questionamentos sobre fatores culturais e anatômicos acerca do sexo, suas
respectivas construções sociais e determinações normativas.
John Money, foi um sexologista conhecido no que tange à questão da cirurgia precoce em
crianças nascidas em estado intersex, principalmente no caso de David Reimer, que num
processo de circuncisão teria tido seu pênis severamente queimado. Money, sugeriu a
reconstrução e “reformulação” do sexo da criança para se transformar em uma menina.
Porém, a medicina se demonstrava incapaz de fazer “genitais perfeitos”, deixando insatisfação
nos operados, tanto que David, com 38 anos de idade, cometeu suicídio, depois de várias
cirurgias de “correção”. John Money, dividia o sexo em “sexo biológico e sexo psíquico”, e
para ele a “socialização inequívoca” é o processo que direciona o sexo, que o sexo biológico
deveria estar em conformidade com o sexo psíquico e que a “identidade sexual adequada”
estaria ancorada na anatomia.
Do ponto de vista médico, o sexo é definido pelos genitais, aspectos genéticos, gonadais e
hormonais (invisibilidade). Porém sob uma perspectiva social é expressa pela visibilidade:
traços físicos e anatomia, não somente genitais. E aqui está a questão do olhar dos médicos e
da família, pois além de desempenhar um papel, os genitais também servem à funcionalidade
(relação com o sexo oposto).
Portanto, o objetivo das cirurgias são basicamente, construir um corpo onde estereótipos,
femininos ou masculinos, se desenvolvam mais harmonicamente. Estereótipos estes, é claro,
sócio-culturalmente são desenvolvidos, envoltos de dicotomias, binariedades e diversas
cobranças, tanto no que tange à funcionalidade de um corpo quanto ao papel social que este
exerce. Trazendo o definir do que é sexo, pesado na mão da medicina e família (ciência e
cultura), com suas concepções duais, binárias, estereotipadas, socialmente determinadas.
Pensando em tal movimento, se torna importante a desconstrução de tais lógicas, com fim a
compreender o ser humano em todas as suas subjetividades e diversidades, não limitados à
corpos, sexos ou aparências, mas considerados em suas totalidades.
Referências
MACHADO, Paula Sandrine – O Sexo dos Anjos: um olhar sobre a anatomia e a produção
do sexo (como se fosse ) normal. In: Cadernos Pagu. Porto Alegre – RS, Edição 24, 2005, pp.
249 – 251