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Marcos (gnóstico)

Marcus foi o fundador da seita gnóstica


marcosiana no século II dC. Ele era um
discípulo de Valentim, cujas idéias eram
na maior parte similares. Suas doutrinas
são quase que exclusivamente
conhecidas por nós através de uma
longa polêmica (livro I, capítulos 13-21)
de Contra Heresias[1] (ou Adversus
Haereses), no qual Ireneu relata seus
ensinamentos e os de sua escola.
Clemente de Alexandria claramente
conhecia os ensinamentos de Marcus e
de fato utilizou seu sistema numérico
(Stromata, VI, 16), embora sem dar o
devido crédito[2].

Ensinamentos
Seu sistema fala sobre trinta Aeons
divididos em uma Ogdóade, uma Décade
e uma Dodécade; sobre o mito de
Sophia, ou seja, sua queda e redenção e
da futura união das sementes
selecionadas com anjos como noivos
celestes. O que Marcus adicionou aos
ensinamentos de seus predecessores foi
um sistema de Isopsefia similar ao dos
posteriores pitagóricos, sobre os
mistérios nos números e nomes. Marcus
encontrou então nas Escrituras e na
natureza diversos exemplos da
ocorrência dos seus números místicos:
quatro, seis, oito, dez, doze e trinta[3][1].

Vida
Marcus parece ter sido contemporâneo
de Ireneu, embora mais velho, pois este
fala dele como se ainda estivesse vivo e
ensinando. Embora saibamos de Ireneu
que o distrito do Ródano seria o centro
dos seguidores de Marcus, não parece
ele tenha estado lá pessoalmente. A
impressão deixada por Ireneu é que ele
conhecia os seguidores de Marcus
pessoalmente e este, apenas pelos seus
escritos[4]. Ele também nos conta que
Marcus seduziu a esposa de um diácono
na Ásia (διάκονον τινα τῶν ἐν τῇ Ἀσίᾳ),
o que nos permite concluir que: a Ásia
Menor era o local Marcus era professor,
provavelmente antes de Ireneu ter
deixado aquele distrito; que Ireneu era
um dos principais bispos da região a
resistir aos ensinamentos de Marcus e
que suas doutrinas passaram para a
Gália através da intensa relação que
sabemos ter existido entre as duas
regiões[1].

O uso de nomes hebreus ou siríacos na


escola marcosiana pode nos levar a
atribuir a Marcus uma origem oriental.
As únicas evidências para acreditarmos
que ele seja de origem egípcia são:

1. Sulpício Severo (em sua obra


Historia Sacra) e outros que nos
transmitiram a origem do
priscilianismo, contam que um tal
"Marcus de Mênfis" trouxe as
doutrinas gnósticas para a
Hispânia, de quem Agape e Elpidius
aprenderam[5].
2. Jerônimo de Estridão certamente
identificou este Marcus de Mênfis
com o Marcus deste artigo, ao
chamá-lo de discípulo de Basilides
na sua Carta 75 (A Teodora - escrita
no final do século IV dC)[6] e em De
Viris Illustribus (cap. 121)[7], o que
faria com que a doutrina
marcosiana, que sabemos por
Ireneu ter sido prevalente no sul da
Gália, naturalmente tenha passado
para a província adjacente da
Hispânia. Não é claro se Jerônimo
percebeu as dificuldades
cronológicas desta teoria, que,
porém, pode ser facilmente
superada se acreditarmos que os
primeiros priscilianos aprenderam
suas doutrinas de Marcus, não
diretamente, mas através de
pessoas que o reverenciavam como
fundador de sua seita.
Porém, como o priscilianismo não
contém nenhum dos pontos que
distinguem Marcus dos demais
gnósticos, é seguro crer que Marcus de
Mênfis é uma figura distinta[4].

Acusações
Ireneu alega que Marcus abusou da
influência que ele adquiriu sobre
"mulheres tolas" para tirar-lhes dinheiro
e, diz ele, obter favores sexuais. Ele é
acusado ainda de ter usado amuletos e
talismãs do amor, de ao menos uma vez
- se não mais - ter denegrido o corpo e a
mente de uma de suas discípulas[1].
Ver também
Marcosianos
Colarbasianos
Valentim
Valentianismo

Referências
1. «13». Adversus Haereses . The
deceitful arts and nefarious
practices of Marcus. (em inglês). I.
[S.l.: s.n.] |nome1= sem
|sobrenome1= em Authors list
(ajuda)
2. «16». Stromata . Gnostic Exposition
of the Decalogue (em inglês). VI.
[S.l.: s.n.] |nome1= sem
|sobrenome1= em Authors list
(ajuda) e capítulos seguintes até o
21.
3. "Marcosians" na edição de 1913 da
Enciclopédia Católica (em inglês).
Em domínio público.
4. "Marcus" na edição de 1913 da
Enciclopédia Católica (em inglês).
Em domínio público.
5. «46». Historia Sacra (em inglês). II.
[S.l.: s.n.] |nome1= sem
|sobrenome1= em Authors list
(ajuda)
6. Carta 75 (em inglês). [S.l.: s.n.]
|nome1= sem |sobrenome1= em
Authors list (ajuda), onde ele é
chamado de Lucínio.
7. «121». De Viris Illustribus (On
Illustrious Men) (em inglês). [S.l.:
s.n.] |nome1= sem |sobrenome1=
em Authors list (ajuda)

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