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Volume 20, N. 1, pp.

68 – 85, Jan/Jun, 2016

TEORIA SUBJACENTE AO ACUMULADOR DE ORGÔNIO DE


WILHELM REICH

Sanyo Drummond Pires


(UFGD – Universidade Federal da Grande Dourados)
David Cesar Eliseu
(NASF – Núcleo de Apoio à Saúde da Família – Muriaé – MG)

Resumo

Com esse artigo pretendemos descrever, a partir dos referenciais da teoria reichiana, o
funcionamento e os efeitos do uso do acumulador de orgônio, com especial atenção para a
necessidade desse uso dentro de uma perspectiva mais ampla, proposta pelos modelos
terapêuticos da orgonoterapia.

Palavra-chaves: Wilhelm Reich; acumulador de orgônio; orgonoterapia

Abstract

Underlying theory of Orgone Accumulator of Wilhelm Reich

With this article we intend to describe, from the references of Reich's theory, functioning
and the effects of using the orgone accumulator, with special attention ot he necessity of
this use inside a larger perspective proposed by the orgone therapy therapeutic models.
Keywords: Wilhelm Reich; orgone accumulator, orgonetherapy

Introdução relacionados a esses estudos, no entanto,


vem ganhando maior atenção,
Com a vinda a tona dos escritos
principalmente por parte de grupos sem
de Reich em 2007, após um período de
formação técnica específica nas áreas de
cinquenta anos ocultados (à pedido do
saúde, que é o Acumulador de Orgônio,
próprio autor) viu-se aumentar o interesse
também conhecido como Caixa de
por suas teorias, e, principalmente, as
Orgônio.
desenvolvidas no período final de sua
O Acumulador de Orgônio é um
vida, que versavam majoritariamente
dispositivo criado por Reich com base em
sobre o Orgônio, energia que sustenta e
suas pesquisas sobre a energia vital. É
apoia os fenômenos vitais. Um dos temas
uma construção em formato aproximado
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de cubo com uma abertura para construir um Acumulador de Orgônio em


ventilação e espaço para uma pessoa sites na internet) se dá de maneira a não
adulta sentar-se numa banqueta em seu localizar seu uso dentro de um contexto
interior. A composição singular das terapêutico mais amplo, proposto por
paredes, do chão e do teto do acumulador Reich, o que pode vir a causar mais
promovem uma concentração maior de malefícios que benefícios ao sujeito. O
uma energia vital que existe em todos os presente artigo se propõe, além de indicar
lugares, na atmosfera, na terra, nos seres os pressupostos teóricos subjacentes ao
vivos, em toda matéria e também nos Orgônio, também indicar o contexto
espaços vazios. Posicionado no interior adequado da utilização do Acumulador
deste dispositivo, um ser vivo seria capaz de Orgônio, fazendo uma breve descrição
de absorver a energia ali presente em da proposta de tratamento desenvolvida
maior concentração do que no ambiente por Reich.
externo à caixa, e assim “recarregar” seus
tecidos e estruturas melhorando assim seu O Desenvolvimento da Noção de
metabolismo vital e, potencialmente, suas Orgônio
relações consigo mesmo e com o mundo.
O Acumulador surgiu no contexto Segundo Boadella (1985), a
do aprofundamento das concepções sobre preocupação com uma energia vital,
aparelho psíquico e foi usado por Reich surgem em Reich à partir de seus estudos
como ferramenta de pesquisa e como sobre a teoria da libido Freudiana, e à
tratamento adjuvante ao processo busca de um substrato físico e biológico
denominada orgonoterapia, terapia que demonstrasse sua existência para
baseada na energia orgone, por ele além de uma realidade meramente
estruturada que permitia tratar com psíquica. Esta concepção se ligava a
sucesso uma série de doenças orgânicas elementos do pensamento pré-
graves para as quais não há ainda uma psicanalítico de Freud, principalmente
cura, notadamente doenças autoimunes e aqueles relacionados à busca de uma base
degenerativas. física e química para criar uma psicologia
No entanto, a divulgação e alinhada ao paradigma científico da
apropriação que vem sendo feita desse época. Nesse sentido, além de Freud,
aparelho, principalmente por parte de outros autores também influenciaram o
grupos leigos sobre o assunto (com a desenvolvimento do pensamento de
disseminação de informações sobre como Reich, principalmente Henri Bergson,

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com o conceito de élan vital, que se repouso, de acordo com a percepção


refere à uma força criadora e subjetiva de prazer ou desprazer.
organizadora da vida, uma energia vital O potencial se elevava mais
primordial. Reich, no entanto, discordava intensamente nas situações consideradas
do viés espiritualista bergsoniano, prazerosas e nas regiões corporais mais
considerando-o coercitivo e inibidor da diretamente envolvidas com o prazer, e
liberdade do sujeito. (Rycroft, 1971). diminuía nas situações consideradas
Reich vai afastar-se então de desprazerosas. Estes resultados permitiam
Freud, em função de diversas divergência supor a existência de um movimento
teóricas e políticas, e a questionamentos energético no organismo que se estendia
ao modelo de tratamento proposto pela da periferia da pele para o centro do
psicanálise, principalmente no que diz corpo e vice versa e permitiram também
respeito à função da atuação sobre estabelecer uma equivalência funcional
aspectos corporais do sujeito(Aguiar, entre sensações subjetivas e observações
2001). Desenvolve um conceito próprio objetivas. Na medida em que apenas
de energia vital que vai posteriormente situações experimentais que produzissem
denominar Orgônio, principalmente a uma sensação subjetiva de prazer eram
partir de estudos laboratoriais, tendo acompanhadas pela elevação mensurável,
como foco doenças autoimunes e objetiva do potencial elétrico da pele. O
degenerativas, principalmente o câncer relaxamento da musculatura em resposta
(Boadella, 1985) a uma sensação percebida como
A princípio, desenvolve pesquisas agradável elevava o potencial da pele e o
com o propósito de medir o potencial inverso, contração da musculatura
elétrico da pele humana em diversas periférica numa situação percebida como
situações de prazer e desprazer ou desagradável, diminuía o potencial. Estas
angústia, e, relacionando esses dados às observações permitiram agrupar várias
observações das reações de seus ordens fenômenos num mesmo
pacientes no consultório, acredita ter movimento vital, energético de expansão-
identificado a natureza física da energia contração (uma pulsação) ao longo de um
libidinal Freudiana. Esta linha de eixo centro-periferia do organismo, o
pesquisa mostrou que a pele variava seu qual também provocava um aumento ou
potencial elétrico, em relação a um valor diminuição do potencial elétrico da pele.
médio aferido com o organismo em (Reich, 1948/2009)

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Reich (1938/1979) passa a vivas. Levando tudo isso em conta, Reich


realizar novos experimentos com objetivo batizou estes corpúsculos de bions e
de provocar a desagregação estrutural das considerou-os a menor porção
substâncias até um nível que permitisse a individualizada de energia vital, uma
“liberação”de alguma energia que forma de transição entre o vivo e o não-
porventura existisse no seio da matéria vivo.
viva. Observa então que partículas cada A observação contínua destes
vez menores começam a se formar, como corpúsculos brilhantes ao microscópio
era de se esperar, porém algo mais ocasionou o surgimento de uma
acontece. Algumas destas partículas têm inflamação nos olhos de Reich e de
uma aparência incomum, arredondadas, membros de sua equipe. Um
dotadas de um movimento de atração oftalmologista recomendou alguns dias
mútua, um leve brilho azul-acinzentado, de afastamento do trabalho e a
sinal da presença de uma carga energética inflamação cedeu. No seu retorno, ela
de natureza distinta, e delimitada por uma também retornou. Reich percebeu que o
membrana fina claramente delineada. olho mais usado na observação
Com o passar do tempo estas microscópica era sempre o afetado.
partículas vão perdendo seu brilho até Supôs então que a energia dos bions
finalmente se degradarem. As maiores e tivesse uma ação biológica. Ele
mais brilhantes levam mais tempo para considerou que aquela energia estava
fazê-lo, porém o processo é o mesmo. relacionada a processos biofísicos de
Mais tarde Reich conseguiu reduzir o carga e descarga, contração e expansão
tempo que a matéria levava para atingir que eram observáveis no ser vivo desde o
este estágio. Passou também a nível unicelular. Esta pulsação vital foi
experimentar variações, usando matéria considerada fundamental para o
inorgânica, como areia da praia ou funcionamento saudável do organismo,
partículas metálicas. Aparentemente a tanto física quanto psiquicamente. E esta
degradação da matéria inorgânica dava pulsação aparentemente estendia-se para
origem a partículas mais estáveis, com além do movimento dos fluidos, dos
maior carga e de tamanho maior. Tanto tecidos e dos sistemas do corpo onde ela
umas quanto outras reagiam na verdade está bem aparente (coração,
positivamente a corantes biológicos, o pulmões, circulação, atividade-repouso,
que significa que apresentavam algumas etc.), visto que, desde o nível celular, está
características de substâncias orgânicas, presente um campo energético que não se

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limita à membrana, se expandindo azulado e seus movimentos


também para o ambiente. (Reich, semicirculares, que estimulam de forma
1948/2009). positiva a expressão da vida, o DOR tem
A diminuição do ritmo vital em o efeito exatamente oposto. É pesado,
Reich, em seus colaboradores e na retarda o ritmo das reações biológicas e
atmosfera circundante ao laboratório promove uma degradação mais aguda dos
onde aconteciam os experimentos com processos vitais. A transformação de um
bions encontrava correspondência nas em outro, de OR (orgônio) em DOR, foi
alterações que ocorriam na energia primeiro testemunhada por Reich nas
manipulada pela equipe. O laboratório preparações de bions, mas está presente
situava-se no porão da propriedade, em todos os processos vivos e acontece o
ficava fechado a maior parte do tempo, a tempo todo na natureza. Ao microscópio,
ventilação não era das melhores e, os bions oriundos da desagregação da
sobretudo, aconteciam ali operações que matéria flutuam livremente e se
aparentemente liberavam para o ar uma movimentam em trajetórias de formato
energia presente na matéria viva e não- arredondado, semicirculares. À medida
viva que tinha efeitos profundos sobre em que vão perdendo energia estas
tudo que a cercava. Reich julgou que, partículas vão também perdendo seu
com a degradação do movimento dos brilho característico e mudando de forma,
bions nas misturas algo se alterava na tornando-se mais alongadas até que não
energia que por sua vez repercutia no são mais do que bastões muito finos e
ambiente, como uma espécie de ação à escuros, como fragmentos de pelo ou
distância. Depois de muitas observações, limalhas de ferro. O aparecimento destas
ele concluiu que este “algo” era o próprio partículas (Que Reich chamou de
movimento da energia, o qual, alterado Bacilos-t -do alemão “tod” –
para além de um certo ponto, morte)marca o começo de um processo
transformava-se numa variedade no qual os bions desaparecem
patogênica do orgone, que foi completamente da preparação (Wilcox,
denominada de DOR (deadly orgone – 2005).
orgônio mortal) (Boadella, 1985) Bions e bacilos-t são dois pólos de
DOR é uma forma de orgônio uma mesma realidade, a pulsação
denso, de baixa energia e pouco energética presente na matéria e fora
movimento. Ao contrário dos bions, com dela, no todo que a envolve. Seu
suas membranas arredondadas, seu brilho surgimento e desaparecimento

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correspondem a momentos naturais e dos tubos de ensaio. A maior


pontuais de um processo que se estende concentração de energia parecia iniciar
para além das aparências. No corpo um processo desconhecido que excitava
humano, a formação de bions e de um quantum de energia que estava o
bacilos-t está ligada aos fenômenos tempo todo presente, não só no porão da
metabólicos diários e banais responsáveis propriedade, mas, potencialmente, em
pela própria continuidade da vida. A todo o ambiente. O ar dentro do
presença destes corpúsculos, quando laboratório, na penumbra, cintilava de
considerada de forma isolada, não pontos de energia que atravessavam o ar
significa quase nada. Uma gotícula de diante deles; os cabelos e as roupas de
sangue numa placa de vidro degrada-se todos emitiam o mesmo brilho azul-
em bions e a seguir em bacilos-t, como acinzentado; as luvas de látex que um
qualquer matéria. A taxa com que este assistente deixou próximo a uma mistura
fenômeno, ocorre, porém, pode ser um de bions também se tornaram
indicador do estado de saúde do sujeito. luminescentes. Este incidente chamou a
Ao observar células cancerosas ao atenção de Reich, ajudando-o a ver que
microscópio Reich identificou a presença materiais de origem orgânica
maciça de bacilos-t e a quase ausência de aparentemente atraiam e retinham a
bions. Quando presentes eles eram energia orgone, ao passo que materiais
pálidos e de poucos movimentos, à beira inorgânicos atraiam mas depois repeliam
de virarem novos bacilos-t. Este quadro a energia, numa ação que parecia
repetiu-se em todas as amostras de simplesmente aumentar o movimento das
células cancerosas que examinou, partículas. Este foi o ponto de partida
levando Reich a propor a ação dos para a construção de um aparato capaz de
bacilos-t como um dos fatores captar e reter em seus limites a energia
determinantes no aparecimento da doença orgone livre no ambiente (Boadella,
(Reich, 1948/2009). 1985).
Reich descobriu que aquela
energia não estava somente ali nas O Acumulador de Orgônio
misturas que preparava em seu
Uma série de equipamentos foram
laboratório e que liberavam a energia
elaborados, posteriormente a Reich, para
contida na matéria. Como ele e sua
acumular orgônio ou nele transformar o
equipe já haviam percebido que esta
DOR do ambiente, em um tipo de
energia orgone não ficava contida dentro

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processo de filtragem. Estes do seu armazenamento. O que ocorre é


equipamentos podem ser facilmente uma concentração de um fluxo contínuo
feitos pela própria pessoa, e existem preferencial para o seu interior
orientações para sua confecção na promovido por um arranjo peculiar de
internet. No entanto, os estudos de Reich materiais, e que perdura enquanto as
se concentraram principalmente em um condições ambientais e atmosféricas que
aparelho chamado Cloundbuster e no propiciem este fluxo se sustentem. Em
Acumulador de Orgônio (Ferguson, termos práticos, um acumulador de
2012). orgônio é uma caixa composta de
materiais orgânicos e não-orgânicos
Segundo DeMeo (1999) os
intercalados que criam no espaço de seu
estudos com o Acumulador de Orgônio,
centro um campo com concentrações
que possibilitam a fundamentação teórica
mais elevadas de energia vital. A pessoa
de sua contrução e seus efeitos são
fica sentada em uma cadeira ou banco
oriundos de diversas fontes, que vão dos
posicionado no centro da caixa e lá
estudos de propriedades térmicas,
permanece por algum tempo absorvendo
magnéticas e outras propriedades físicas,
a energia e portanto, “esvaziando” a
até a influência sobre o crescimento de
caixa, que deve ficar sem uso por um
plantas, e reações à doenças em animais,
certo período a fim de recarregar-se.
além da sua influência no comportamento
O aparato é composto
humano. Tal perspectiva já nos mostra,
externamente por uma estrutura de
em consonância com a proposta de Reich,
madeira revestindo outras camadas
da consideração desse equipamento em
sucessivas e alternadas de metal e
seus diferentes efeitos, e da não indicação
madeira (ou outra substância orgânica,
do seu uso, ou seu estudo a partir
como algodão), de tal forma que a face
somente de uma das suas diversas
interna seja de metal. Geralmente prefere-
influências.
se chapas de aço galvanizado por causa
Segundo Boadella (1985) O
de sua melhor sensibilidade à passagem
princípio geral do acumulador de orgônio
do orgônio para madeira. Os materiais
é sua capacidade de concentração do
metálicos atraem e em seguida repelem
orgônio da atmosfera dentro de sua
parcialmente a energia orgone. Parte do
estrutura.O termo “acumulador” não é
que é atraído atravessa o metal; e a parte
rigorosamente correto, uma vez que
repelida é refletida de volta para o
nenhuma energia é acumulada no sentido
ambiente. Os materiais orgânicos, no

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caso a madeira, atraem e retém a energia. caixa, causando um ambiente nocivo


Assim, um arranjo de madeira-metal- (Wilcox, 2002).
madeira-metal cria um fluxo de energia Além disso, existem advertências
na direção da madeira para metal. A quanto ao uso indiscriminado do
energia que atravessa o metal depois de acumulador e de outros equipamentos por
ser atraída da madeira é novamente ele desenvolvidos baseado nos mesmos
atraída pela camada seguinte, de madeira, princípios. Ao lado da descrição de seus
e novamente atravessa o metal (em parte) benefícios no tratamento de diversas
e é repelida (também em parte) em patologias, ele reiteradamente alerta que
direção à madeira; A madeira retém a seu uso por si só não surte efeitos
energia e,novamente, a cede para o metal. consistentes, como se fosse uma
Com isto, o interior da caixa, metálico, ferramenta mágica. Para se obter os
terá uma carga maior de energia do que o melhores resultados, seu uso deve ser
ambiente circundante. Por isso a caixa associado a uma terapia consistente e
recebeu o nome de acumulador. Uma também baseada nos mesmos princípios
pessoa em seu interior, funcionando de economia energética do acumulador.
como uma nova camada de material Em termos reichianos, isto aponta para
orgânico absorverá a carga que vai se uma linha de tratamento que,
acumulando (DeMeo, 2010). hoje,combina a análise do caráter e a
No entanto, desde a descoberta vegetoterapia com o uso do acumulador,
das variantes negativas do orgônio, o além de outros tratamentos adicionais
DOR, que também pode ficar disperso como acupuntura, homeopatia, shiatsu,
pela atmosfera, principalmente em massagens orientais, dietas, exercícios
ambientes onde há forte incidência de respiratórios, tai chi chuan, entre outras,
cargas eletromagnéticas oriundas de no que hoje se denomina terapias
equipamentos eletrônicos, ou locais com energéticas convergentes. Todos estes
alto índice de poluição, ou mesmo tratamentos têm em comum o fato de se
durante tempestades com raios, é basearem numa concepção energética do
percebida a necessidade de cuidado com ser humano, daí serem convergentes à
o Acumulador de Orgônio. De fato, se o terapia Reichiana (Volpi, 2003)
ambiente está carregado de DOR, e não A descoberta da energia orgone
de orgônio, o DOR também fluirá em unificou e deu um norte ao trabalho de
maiores concentrações para dentro da Reich. Após sua descoberta, ele se dá
conta de que, mesmo quando ainda

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trabalhava com a análise do caráter ao adicionar a análise dos


inteiramente verbal, tentando decifrar os comportamentos típicos à formas
“casos difíceis” que lhe eram enviados, tradicionais de manifestação do
seu objetivo era o mesmo: desbloquear no inconsciente propostas pela psicanálise,
organismo e no psiquismo dos pacientes buscando assim observar o
o caminho para a circulação tão plena comportamento total do paciente. O
quanto possível da energia vital, termo é definido como a totalidade das
removendo os bloqueios musculares, atitudes individuais características de
caracteriais e energéticos que travam a como o sujeito se porta no mundo, e
vida. A vegetoterapia, que incluiu o inclui sua respiração, sua postura, sua
trabalho direto sobre os bloqueios forma de falar, de calar, de gesticular,
corporais responsáveis pelas atitudes suas tensões musculares e tudo mais que
caracteriais tratadas pela análise do puder ser incluído sob o termo
caráter, não tardou a incorporar os dois “comportamento”.A função do caráter é a
termos: vegetoterapia caracteroanalítica. proteção do ego de exigências advindas
Foi a observação de vários fenômenos tanto do exterior quanto do interior do
biofísicos que aconteciam no organismo sujeito, evitando que perturbações saiam
no transcurso da vegetoterapia, mais a da ordem inconsciente e ganhe acesso“a
intuição de que deveria haver mais consciência”.É o modo como o sujeito se
energia presente do que a que estava organizou ao longo da vida para lidar
visível, que levaram Reich à pesquisa com seu mundo interno e com as pressões
com os bions e à descoberta da energia do ambiente. O caráter se forma pela
orgone. Por isso, não hesitou em incorporação dos traços carateriais dos
denominar sua terapia de orgonoterapia e adultos responsáveis pelos cuidados e
situou o uso do acumulador como parte pela educação infantil.
dela (Boadella, 1985) Reich (1933/1998) ainda nos
mostra que nesse processo a educação
A Teoria Reichiana sobre o possui um papel fundamental. A
Tratamento educação deve propiciar a satisfação
parcial de certos impulsos, ao mesmo
Análise do Caracter
tempo em que fornece à criança formas
Reich (1933/1998) a analisar o de desenvolver uma tolerância aceitável
sujeito e suas resistências criou uma da frustração e incorporar esta
definição específica sobre o termo caráter “tolerância” ao ego, fornecendo assim a

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base de um funcionamento psíquico caráter anal, de um caráter fálico, de um


ponderado e orientado para a realidade. caráter masoquista, de um caráter
O problema todo está no grau com que se impulsivo, etc. Para o caráter
reprime ou se permite a satisfação dos completamente desenvolvido e que
impulsos infantis. Quanto mais severa a atingiu a maturidade biopsíquica,
repressão, maior o esforço que o reservou o termo caráter genital. Segundo
organismo terá que desenvolver para lidar Reich, é raríssimo encontrar um caráter
com as pressões do ambiente (a genital nas condições atuais em que se dá
educação) e com seus próprios impulsos a socialização na espécie humana. Um
reprimidos, que devem ser mantidos caráter genital implica uma ótima
inconscientes. O caráter se forma como gestação, um parto funcional, um bom
um calo (o ego) sobre uma pele (o contato com a mãe, uma amamentação
psiquismo) que nunca conheceu um conduzida segundo as necessidades do
calçado: é inevitável o endurecimento de bebê, um desmame fisiológico, uma
parte dos pés para que a criança alcance relação de respeito e companheirismo
autonomia em seu caminhar. Deve ser com o pai, um aprendizado do controle
formado aos poucos e com suavidade, esfinceteriano amoroso e paciente, uma
para que o organismo incorpore escolarização que enxergasse a
lentamente as alterações impostas pelo singularidade da criança entre
ambiente ao seu funcionamento natural. outros.Entra em destaque a ênfase de
Estas exigências devem ser razoáveis e Reich na prevenção das patologias
respeitarem o temperamento e a através dos cuidados com as crianças e
individualidade de cada ser. Na nossa com quem cuida delas. Por isso o caráter
cultura, isto raramente acontece. genital é a referência do paradigma
Baseado nas formas específicas reichiano. Por trás de cada classificação
que a repressão se dá, relacionada a diagnóstica existe uma criança
períodos do desenvolvimento infantil, nas contrariada lutando para crescer. O
figuras associadas à repressão, na diagnóstico de cada um de nós é a medida
intensidade da repressão, e outros fatores, de quanto nos afastamos de nós mesmos
vão se estruturar alguns tipos básicos de (Oliveira & Albertini, 2009).
caráter. Procurou enquadrar os tipos de A análise do caráter vai exigir
carater segundo a etapa do então um terapeuta muito mais ativo e
amadurecimento psicológico e orgânico atento às comunicações por parte do
predominante. Assim, ele falava de um paciente, pois ele se expressa o tempo

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todo de todas as formas. Mesmo seu corporais para expressar conteúdos


silêncio é significativo e singular, psíquicos similares. Alguns choravam
considerando que não se trata mais da com os dentes trincados, outros
mera análise da verbalização. Tudo o que desesperados, outros ainda em silêncio,
o paciente produz na sessão passou a ser outros a seco.A raiva podia ser
material analítico e tem de ser mencionada de forma fria e distante ou
cuidadosamente selecionado, dar ensejo a explosões de emoção furiosa.
interpretado, analisado e devolvido ou A tristeza podia ser uma palavra como
reservado par ser usado num momento outra qualquer ou evocar sentimentos
mais adequado do tratamento. O profundamente dolorosos. Reich
principal objetivo da análise do caráter é observou que o organismo como um todo
tornar o paciente consciente das acompanhava cada uma destas expressões
limitações que seu caráter impõe à com uma adaptação característica;
expressão de sua personalidade e à entortava-se para um lado, para outro,
satisfação de seus desejos, criando assim retinha a respiração, tencionava certos
condições de restaurar sua funcionalidade grupos musculares, arregalava ou
natural. Ao trazer à consciência o medo e apertava os olhos. A pele também
a angústia inconscientes formada em mostrava alterações, ficando vermelha ou
situações infantis de frustração e pálida, quente ou fira, suando de modos
sofrimento, o sujeito aprofunda sua distintos etc. Aparentemente o caráter se
compreensão de si mesmo e se vê mais expressava e era mantido por alterações
capaz e confiante para gerir as forças de específicas no funcionamento corporal,
sua vida de forma mais criativa e que variavam segundo a especificidade
afirmativa. Ele recupera sua real do indivíduo.
potência, que é a força de seus desejos O controle emocional era
(Freitas, 2011). conseguido a partir do endurecimento
crônico das regiões do corpo envolvidas
Vegetoterapia na expressão das emoções. O
endurecimento se dá com a contração de
A vegetoterapia é uma grupos musculares definidos, e toma a
decorrência da aplicação consistente da forma de anéis circulares de tensão que
análise do caráter. Reich (1948/2009) não cedem nunca e que tem como
observou que seus pacientes principal função reter e dissipar parte da
apresentavam as mais diferentes atitudes energia dos impulsos suprimidos da

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consciência e impedidos de se expressar. angústia e a descarga ou reabsorção da


Existem sete grupos principais desses energia dos afetos reprimidos. Na
anéis; o ocular, na altura dos olhos e concepção reichiana, a memória afetiva
englobando o ouvido; o oral, na altura da inconsciente se estrutura na
boca. O nariz desempenha o papel de muscularidade. Combinados entre si, os
ponte entre estes dois níveis. A seguir sete níveis formam o que Reich
temos o cervical, que abrange a área do (1933/1998) denominou Couraça
pescoço e o tórax superior; o torácico, Muscular de Caráter. O termo alude à
que se estende até a linha dos mamilos; o unidade funcional somatopsíquica que
diafragmático vai do externo ao umbigo, forma o ser humano. Cada forma distinta
na região de influência do diafragma; o de caráter tem uma couraça peculiar. Ele
abdominal compreende a região do baixo também propôs uma sistematização para
ventre e, por último, o pélvico que a vegetoterapia caracteroanalítica e
engloba a região genital. Os braços são parâmetros clarospara a formulação de
considerados extensões do quarto nível e hipóteses diagnósticas mais precisas, o
as pernas do sétimo. Todos estes níveis que por sua vez torna mais segura a
consistem de anéis circulares de tensão condução da terapia, tanto para o paciente
muscular crônica cuja influência estende- quanto para o terapeuta. O diagnóstico
se ao interior do organismo, na medida energético estabelece referencias, permite
em que o endurecimento crônico da ao terapeuta saber exatamente onde está
musculatura prejudica a pulsação vital e a no processo, para onde deve se
adequada nutrição energética dos órgãos, encaminhar, onde esperar maiores
tecidos, células e estruturas do dificuldades.
organismo. A esta altura, não deixa de ser Navarro (1996) agrega às
interessante recordar a observação de indicações iniciais de Reich para a
Reich, de que os tumores cancerosos condução geral da vegetoterapia, que
tendem a surgir nas regiões funcionais do deve seguir a direção centrífuga e céfalo-
corpo onde as contrações musculares de caudal (de dentro para fora, de cima para
longo prazo são mais severas (Volpi & baixo) um conjunto de ferramentas que
Paula, 2004). enriquecem sobremaneira o processo. A
Os anéis de tensão funcionam de massagem diagnóstica, a anamnese e uma
modo articulado e organizado segundo leitura aprimorada do estado clínico e
um princípio que privilegia a existencial do paciente são partes deste
minimização da tensão psíquica e da conjunto, assim como um pacote de

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exercícios corporais muito simples fazer frente às demandas da própria


(actings) e integrados, alguns sobrevivência devem ser abordados a
desenvolvidos por Reich, outros partir de duas direções convergentes. Por
propostos pelo próprio Navarro. Cada um um lado, como qualquer outro paciente,
dos sete segmentos da couraça corporal tem que ser adequado a si mesmo
tem um conjunto específico de actings (vegetoterapia caracteroanalítica);
para o trabalho com ele. O objetivo deste considerada sua condição energética, este
trabalho é conduzir a pessoa, de modo processo tem que ser conduzido com
suave e delicado, a repercorrer, no muita delicadeza para não se romper a
processo terapêutico, o caminho de sua tênue barreira que o protege. Se isto
história psicoafetiva. O repercorrer acontecer, pode sobrevir um surto
(verbal, afetivo, corporal, energético) psicótico ou uma crise depressiva grave.
propicia o afrouxamento da couraça Por outro, este ser singularnecessita
caracterial e muscular, a descarga de cuidar sempre da própria energia, por ser
afetos reprimidos, a eclosão de memórias especialmente sensível às suas flutuações.
esquecidas e finalmente a reorganização É neste caso que o uso do acumulador de
orgânica e psicológica que conduzem ao orgônio e das terapias convergentes pode
amadurecimento caracterial. O objetivo ser necessário e adequado.
da vegetoterapia é redistribuir a energia
vital da pessoa segundo um padrão que Orgonoterapia
favoreça sua homeostase.
Ainda segundo o autor,a Segundo Reich (1948/2009) o
vegetoterapia é a pedra angular para se acumulador carrega as estruturas
trabalhar com o sujeito na concepção biológicas com energia orgone. Este
reichiana, já que articula a análise do processo de carga reforça os impulsos
caráter com o trabalho corporal. Uma vitais e coloca mais energia à disposição
vez que o objetivo declarado da da pessoa. No entanto, para que surta
vegetoterapia é o de “redistribuir a efeitos positivos esta energia extra deve
energia vital da pessoa segundo um poder circular livremente por todo o
padrão que favoreça sua homeostase” ela organismo, vivificando-o. Mas, sem a
lida com uma questão energética que lhe vegetoterapia não o faz, devido à
impõe um limite. Não se pode redistribuir existência de bloqueios musculares
o que não se tem. Pacientes com um crônicos decorrentes do processo de
patrimônio energético insuficiente para encouraçamento. Quando associada à

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vegetoterapia o que se espera é que o uso magnética, industrial ou humana,


constante do acumulador de orgônio arborizado e relativamente próximo de
pouco a pouco torne a pessoa mais fontes de água corrente sempre que
consciente de suas limitações, de seus possível. O efeito do acumulador não é
bloqueios e de suas dores, enfim, mais espetacular, pelo contrário, é cumulativo
consciente de si mesma. No entanto, e suave (Volpi, 2004).
quando usado por si só, sem um Além do acumulador, na forma
acompanhamento isso pode não ocorrer, e tradicional proposta por Reich, veem-se
a pessoa simplesmente se torne mais hoje algumas opções que seguem o
agitada, inquieta ou que, após um período mesmo padrão, e com a mesma intenção.
inicial de intensa melhora, ela recaia É o caso da manta orgonômica,
novamente. confeccionada segundo os mesmos
Isto não significa que o princípios (alternância de camadas de
acumulador de orgônio não possa ser matéria orgânica e inorgânica), porém
usado fora do setting terapêutico. Além com materiais mais leves e maleáveis –
de seu uso como instrumento de pesquisa algodão cru e palha de aço desenrolado.
também podemos constatar seu uso na Duas camadas de algodão cru (de
prevenção de doenças, ainda que para tal estofador) intercaladas por duas camadas
haja a necessidade de uma orientação grossas de palha de aço desenrolado
prévia. A vantagem de se conjugar seu fazem uma manta que concentra a energia
uso com a vegetoterapia é a sinergia na face da palha de aço (que funciona
gerada. Com mais energia, os bloqueios como a parede interna do acumulador).
se tornam mais evidentes, a hipótese Esta manta, além de mais barata de
diagnóstica pode ser melhor aferida, o confeccionar, é mais prática, podendo ser
processo como um todo pode ser melhor usada nas mais variadas situações:
conduzido. Em pacientes com pouca pessoas fracas que não podem ficar
energia, o uso do acumulador, ou de sentadas no acumulador, bebês, animais
equivalentes, é indicado, mesmo após o doentes, grávidas, convalescentes de
término da terapia ou pelo menos daquele cirurgias, vítimas de queimaduras,
momento da terapia. O acumulador acidentes etc. Assim como no
concentra a energia do ambiente acumulador, recomenda-se um período de
circundante, ele deveria, sempre que pausa entre os usos, de modo a ventilar e
possível, ser instalado num local bem recarregar o aparato. O tempo de uso,
ventilado, longe de fontes de poluição numa e noutro, manta e acumulador, deve

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ser de até 30 minutos diários, retiram do sujeito a responsabilidade por


preferencialmente em momentos do dia sua saúde e que, ao mesmo tempo,
em que o sol esteja alto no céu para se provocam sua submissão asistemas de
aproveitar melhor a energia da atmosfera tratamento que não só retiraram sua
(Volpi, 2003). liberdade de ação e escolha, mas também
estabelece dependências financeira e
Considerações Finais sociais, alimentando um círculo vicioso
cujo centro encontra-se nagênese das
O pensamento de Reich sempre doenças que esses próprios sistemas se
buscou soluções mais práticas e arvoram capazes de curar.
acessíveis que pudessem trazer benefícios O fato da obra de Reich tratar, em
e melhorar a vida da maioria das pessoas. sua maior parte, de referências teóricas e
A formação do seu pensamento foi de experimentos realizados há mais de
decisivamente influenciada pela obra de meio século, faz com que seu trabalho
duas das maiores personalidades dos seja encarado com certa desconfiança, o
tempos modernos, Freud e Marx. Isto que é reforçado pelos poucos estudos
explica em parte seu empenho em tornar independentes que validem suas teorias.
a psicanálise acessível às massas. Mas Tais fatos constituem-se como fortes
Reich também tinha qualidades que não empecilhos para um exame sério e
eram nem freudianas nem marxistas. sistemático de suas propostas, e
Propunha-se a olhar o homem e a consequentemente, a uma divulgação e
natureza, de considerar o primeiro como apropriação de suas teorias também sem a
parte da segunda, e não colocá-lo à parte, seriedade e sistematicidade necessárias.
acima, de fora, de lado. Essas atitudes e A divulgação e o uso do acumulador de
as propostas derivadas delas entraram em orgônio é um exemplo claro desse
choque com formas tradicionais de processo.
pensar o homem, a natureza, o cosmos, o Embora seja um instrumento que
cuidar e a cura. desperta a curiosidade de quem faz
Em cada um destes domínios de contato com ele, tal curiosidade deveria
pensamento estão embutidos mecanismos vir associada a um processo mais amplo
que de forma sutil tentam extrair da de conhecimento das terias reichianas e
pessoa sua autonomia, sua liberdade, sua às suas propostas terapêuticas. E a
autoregulação. No campo do tratamento e compreensão do aparato teórico que o
da cura, estão em jogo propostas que embasa demanda um esforço

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significativo, dada a amplitude da obra de tratamento em si e por si, mas é uma boa
Reich e a necessidade de compreendê-la a janela de onde se pode falar da terapia, de
partir da articulação de seus conceitos. O Reich, da saúde e da energia. O que
presente texto se propõe a ser, embora buscamos é mostrar que, àqueles que
simples, uma proposta de articulação adentraram à obra de Reich pelo
desses conceitos, mas sempre acumulador de orgônio, o caminho que
considerando que a obra de Reich trata-se devem seguir deverá sempre, levar à
um sistema aberto, onde confirmações e Orgonomia.
acréscimos podem vir de todas as partes.
O Acumulador não constitui um

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O autor:

Sanyo Drummond Pires possui graduação em Psicologia pela Universidade Federal de Minas Gerais
(1999), mestrado em Psicologia Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (2005) e doutorado
em Psicologia pela Universidade São Francisco (2013). Atualmente é professor da Universidade Federal
da Grande Dourados (UFGD), atuando principalmente nas áreas de avaliação psicológica, dependência
química, e economia solidária. e.mail: sanyodrummond@yahoo.com.br

David Cesar Eliseu é graduado em psicologia pela FAMINAS de Muriaé – MG.

Recebido em: 23/02/2016


Aprovado em: 30/06/2016

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