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WILHELM REICH foi fundador da Psicologia somática e da psicoterapia orientada ao

corpo, sendo precursor das atuais terapias que trabalham com a vida emocional ao
corpo. Fortemente enraizado na teoria psicanalítica, suas primeiras contribuições
baseiam-se nos conceitos de couraça muscular, que se desenvolvem a partir da
concepção psicanalítica da necessidade do ego de se defender contra forças instintuais.

CONCEITOS PRINCIPAIS: ​
CARÁTER:
​De acordo com Reich, o caráter é composto das atitudes habituais de uma pessoa
e de seu padrão consistente de repostas para várias situações. Inclui atitudes e valores
conscientes, estilo de comportamentos (timidez, agressividade e assim por diante) e
atitudes físicas (postura, hábitos de manutenção e movimento do corpo).

COURAÇA CARACTEROLÓGICA: ​
​Reich sentia que o caráter se forma como uma defesa contra a ansiedade criada
pelos intensos sentimentos sexuais da criança e o consequente medo da punição. A
primeira defesa contra este medo é a repressão, que refreia os impulsos sexuais por
algum tempo. À medida que as defesas do ego se tornam cronicamente ativas e
automáticas, elas evoluem para traços ou couraças caracterológicas. O conceito de
couraça caracterológica de Reich inclui a soma total de todas as forças defensivas
repressoras, que são organizadas num modelo mais ou menos coerente dentro do ego.
​Traços de caráter não são sintomas neuróticos. A diferença, segundo Reich,
repousa no fato de que sintomas neuróticos (tais como medo e fobias irracionais) são
experienciados como estranhos ao indivíduo, como elementos exteriores à psique,
enquanto que traços de caráter neuróticos (ordem excessiva ou timidez ansiosa, por
exemplo) são experimentados como partes integrantes da personalidade.
​Reich esforçou-se continuamente para tornar seus pacientes mais conscientes de
seus traços de caráter. Ele imitava com frequências suas características, gestos ou
posturas, ou fazia com que seus pacientes repetissem ou exagerassem uma faceta
habitual do comportamento, por exemplo, um sorriso nervoso. À medida que os
pacientes cessavam de tomar como certa sua constituição de caráter, aumentava sua
motivação para mudar. ​
A PERDA DA COURAÇA MUSCULAR: ​
​Reich descobriu que cada atitude de caráter tem uma atitude física
correspondente e que o caráter do indivíduo é expresso no corpo em termos de rigidez
muscular ou couraça muscular. ​
​Ele descobriu que a perda da couraça muscular libertava considerável energia
libidinal e auxiliava o processo de psicanálise. O trabalho psiquiátrico de Reich lidava
cada vez mais com a libertação de emoções (prazer, raiva, ansiedade) através do
trabalho com o corpo. Ele descobriu que isto conduzia a uma vivência muito mais
intensa do material infantil descoberto na análise. ​
​Reich começou primeiramente com a aplicação de técnicas de análise de caráter
atitudes físicas a fim de conscientizá-los de como reprimiam sentimentos vitais em
diferentes partes do corpo. ​
​Aos poucos Reich começou a trabalhar diretamente com suas mãos sobre os
músculos tensos a fim de soltar as emoções presas a eles. ​
​Em seu trabalho sobre couraça muscular, Reich descobriu que tensões
musculares crônicas servem para bloquear uma das três excitações biológicas:
ansiedade, raiva ou excitação sexual. Ele concluiu que a couraça física e a psicológica
era essencialmente a mesma coisa. ​
CARÁTER GENITAL: ​
​O termo “caráter genital” foi usado por Freud para indicar o último estágio do
desenvolvimento psicossexual. Reich adotou-o para exprimir especificamente a pessoa
que adquiriu potência orgástica. “Potência orgástica é a capacidade de abandonar-se,
livre de quaisquer inibições ao fluxo de energia biológica; capacidade de descarregar
completamente a excitação sexual reprimida por meio de involuntárias e agradáveis
convulsões do corpo” (Reich, 1948, p.94 na ed. bras). ​
​Reich descobriu assim que seus pacientes renunciavam à sua couraça e
desenvolviam potência orgástica, lugar de rígidos controles neuróticos, os indivíduos
desenvolviam uma capacidade para auto-regulação. ​
​Reich descreveu indivíduos auto-regulados como naturais mais do que
compulsivamente, morais. Eles agem em termos de suas próprias inclinações e
sentimentos internos, ao invés de seguirem algum código externo ou ordens
estabelecidas por outros. ​
​Depois da terapia reichiana, muitos pacientes que antes eram neuroticamente
promíscuos, desenvolviam grande ternura e sensibilidade e procuraram, de forma
espontânea, relacionamentos mais duráveis e realizadores. ​
​Os caráteres genitais não estão aprisionados em suas couraças e defesas
psicológicas. Eles são capazes de se encouraçar, quando necessário, contra um ambiente
hostil. Entretanto, sua couraça é feita mais ou menos conscientemente e pode ser
dissolvida quando não houver mais necessidade dela. ​
​Reich escreveu que caráteres genitais trabalharam sobre seu complexo de Édipo
de maneira que o material edipiano já não é mais tão intensamente carregado ou
reprimido. O caráter genital é capaz de experimentar libido excessiva. O clímax da
atividade sexual é caracterizado pela entrega à experiência sexual e pelo movimento
desinibido, involuntário, ao contrário dos movimentos forçados e até mesmo violentos
dos indivíduos encouraçados. ​
BIOENERGIA:
​Em seu trabalho sobre couraça muscular, Reich descobriu que a perda de rigidez
crônica dos músculos resultava frequentemente em sensações físicas particulares
sentimentos de calor e frio, formigamento, coceira e um “despertar” emocional. Ele
concluiu que essas sensações eram devidas a movimentos de uma energia vegetativa ou
biológica liberada. ​
​Reich também descobriu que mobilização e a descarga de bioenergia são
estágios essenciais no processo de excitação sexual e orgasmo. Ele chamou a isto de
fórmula do orgasmo, um processo em quatro partes que Reich sentia ser característico
de todos os organismos vivos: ​
- Tensão Mecânica ​
- Carga Bioenergética ​
- Descarga Bioenergética ​
- Relaxamento Mecânico ​
​Depois do contato físico, a energia acumula-se em ambos os corpos e é por fim
descarregada no orgasmo, que é essencialmente um fenômeno de descarga de
bioenergia.
1. Órgãos sexuais enchem-se de fluido – tensão mecânica. ​
2. Resulta uma intensa excitação – carga bioenergética. ​
3. Excitação sexual descarregada em contrações musculares – descarga bioenergética.

4. Segue-se um relaxamento físico – relaxamento mecânico. ​
ENERGIA ORGÔNICA: ​
​Aos poucos Reich estendeu seu interesse pelo funcionamento físico dos
pacientes à pesquisa de laboratório em Fisiologia e Biologia e finalmente à pesquisa
Física. Ele chegou a acreditar que a bioenergia no organismo individual não é nada mais
do que um aspecto de uma energia universal, presente em todas as coisas. Ele derivou o
termo energia “orgônica” a partir de organismo e orgasmo. ​
​A extensiva pesquisa de Reich sobre a energia orgônica e tópicos relacionados
foi ignorada ou repudiada pela maioria dos críticos e cientistas. Seus achados
contradizem muitos axiomas e teorias estabelecidas pela Física e Biologia, e é certo que
o trabalho de Reich não de ter falhas experimentais. Entretanto, sua pesquisa nunca foi
rejeitada ou mesmo revista com cuidado e seriamente criticada por qualquer crítico
científico respeitável. ​
​A energia orgônica tem as seguintes propriedades principais: ​
1. A energia orgônica é livre de massa; não tem inércia nem peso. ​
2. Está presente em qualquer parte, embora concentrações diferentes, até mesmo num
vácuo.
3. É o meio para atividade eletrodoméstica e gravitacional, o subtrato da maioria dos
fenômenos naturais básicos. ​
4. A energia orgônica está em constante movimento e pode ser observada sob condições
apropriadas. ​
5. Altas concentrações de energia orgônica atraem a energia orgônica de ambientes
menos concentrados (o que “contradiz” a lei da entropia). ​
6. A energia orgônica forma unidades que se tornam o centro da atividade criativa.
Estas incluem células, plantas e animais, e também nuvens, planetas, estrelas e galáxias
(Kelley, 1962; resumindo em Mann, 1973).

REFERÊNCIAS:
FADIMAN, James;
FRAGER, Robert. Teorias
da personalidade. São Paulo:
Harbra, [1976] 1986. ​

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