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Campus universitário de Viana

Universidade Jean Piaget de Angola


(Criada pelo decreto nº 44-A ̸ 01 de 6 de Julho 2001)

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

MONOGRAFIA

EMPREENDEDORISMO
O PERFIL DO EMPREENDEDOR

Autor: Boa Ventura Alves Teixeira


Licenciatura: Economia e Gestão
Opção: Organização e Gestão de Empresas
Orientador: Dr. Hamilton Saturnino

Viana, Abril de 2017


Campus universitário de Viana
Universidade Jean Piaget de Angola
(Criada pelo decreto nº 44-A ̸ 01 de 6 de Julho 2001)

Faculdade de Ciências Sociais e Humanas

MONOGRAFIA

EMPREENDEDORISMO
O PERFIL DO EMPREENDEDOR

Autor: Boaventura

Licenciatura: Economia e Gestão

Opção: Organização e Gestão de Empresas

Este presente trabalho monográfico, teve o seu início de estruturação em


Fevereiro do ano transacto e terminou em Junho do ano corrente
EPÍGRAFE

«Onde se cruzam os teus talentos com as necessidades do mundo, aí está a tua


vocação».

Aristóteles

I
DEDICATÓRIA

II
AGRADECIMENTO

III
DECLARAÇÃO DO AUTOR

Declaração do autor:

Declaro que este trabalho escrito foi levado a cabo de acordo com
os regulamentos da Universidade Jean Piaget de Angola (UniPiaget) e em
particular das Normas Orientadas de Preparação e Elaboração da Monografia,
emanadas pelo Departamento de Altos Estudos e Formação Avançada (DAEFA).
O trabalho é original excepto onde indicado por referência especial no texto.
Quaisquer visões expressas são as do autor e não representam de modo nenhum
as visões da UniPiaget. Este trabalho, no todo ou em parte, não foi apresentado
para avaliação noutras instituições de ensino superior nacionais ou estrangeiras.
Mais informo que a norma seguida para a elaboração do trabalho escrito foi a:

Norma ISO 690………………………

Norma APA (6º Edição) ………………

Assinatura:________________________________Data:_____/_____/________

IV
ÍNDICE GERAL

Capítulos Páginas

EPÍGRAFE……………………………….……………………………………….I
DEDICATÓRIA………………………….…………………………………...…II
AGRADECIMENTOS……………………………………………………….....III
DECLARAÇÃO DO AUTOR……………….……………………………….…IV
ÍNDICE…………………………………….…………………………………….V
ABREVIATURA, SIGLAS E SIMBOLOS…………….…………………….…VI
RESUMO……………………………………………….………………….…..VII
ABSTRACT…………………………………………………………………...VIII
INTRODUÇÃO…………………………….………………………………….....1

CAPITULO I
FUNDAMENTAÇÃO TÉCNICO-CIENTÍFICA

1- HISTÓRIA DO EMPREENDEDORISMO…...………………….………...…. 5
1.1- O que é ser empreendedor………………..…….……………………………7
1.2 – Importância do empreendedor para a sociedade……….…………………..8
1.2.1 – Inovação……………………………………….……………………….9
1.2.2 – Geração de emprego e renda…..……………………………………….9
1.2.3 – Padrão de vida………………………………..………………………..10
1.2.4 – Qualidade de vida……………….……………….………………….....10
1.3 – Espirito empreendedor………………….………….………………………10
1.3.1 – A decisão de empreender…………..…………...….…………………..11

V
1.4. – Histórico do empreendedor…………..…………..………………..………13
1.4.1 – Empreendedores, gestores e inventores: as diferenças………………...14
1.4.2 – Empreendedores vs. Inventores………………………………………..15
1.4.3 – Os mitos mais comuns sobre os empreendedores……………………...15
1.5– Características comuns aos empreendedores …………………...………….17
1.5.1 – Características dos empreendedores de sucesso……..…………..….…19
1.6 – Tipos de empreendedores….…………………...………….……………....21
1.7 – Ética e responsabilidade social dos empreendedores……………...………23
1.8 – Dinamizar o empreendedorismo e promover a criação de empresa……….24
1.9 – O empreendedor e a equipa da nova empresa…..…….………...………….25
1.9.1 – Oportunidades e ideias…………..………..…………………...……….25
1.9.2 – Métodos de geração de novas ideias….....…..…………………………27
1.9.2.1 – Brainstorming………………………...……..………………………..27
1.9.2.2 – Os grupos de discussão………………………..……………………...28
1.9.2.3 – Questionários……………………………...……………………….....28
1.9.2.3.1 – Método do checlist………………….………….…………………..29
1.9.2.3.2 – Método de livre associação………………..…………………….....30
1.9.3 – O modelo de negócio…………………………………………………..30
1.9.4 – A gestão de conflitos……..…………………………………………....30
1.10 – Conceito actual de administração…………………….…………………..31
1.10.1 – Planeamento da acção empresarial…………………………………...32
1.11 – A decisão de investir para crescer………….……….…………...………..34
1.11.1 – Investidores……………………………………………….…...……...35
1.11.2 – As microempresas…………..…………………………………….......36
1.11.3 – Factores que causam insucessos nas microempresas……..……….….37
1.11.4 – Factores associados ao sucesso…..…………...…...……..……...…....37
1.12 – O papel do governo no desenvolvimento das microempresas……..……..39

CAP. II

VI
OPÇÕES METODOLÓGICAS DO ESTUDO

2.1 – Hipóteses ………………………………....…………….………………....41


2.2 – Variáveis ………………….……………………………………………….41
2.3 – Modo de investigação……………….…………………………………..…41
2.2 – Grupo de sujeitos………..…………………………..…………………….42
2.4 – Instrumentos de Investigação……………………………………………...42
2.4 – Processamento e tratamento dos dados…………………………….……...42

CAPÍTULO III
APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS............................42

CONCLUSÃO…………………………….………………………………….…45
RECOMENDAÇÃO………………………………..…………………………...46
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICAS……………………….…………………...47

VII
ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1.1- Importância dos empreendedores para a sociedade……………………9


Figura 1.2 – O perfil do empreendedor de Viana…………………………………53

ÍNDICE DE TABELA

Tabela 1.1 – Contribuição para o entendimento do empreendedorismo……………6


Tabela 1.2 – O planeamento nos três níveis da Empresa………………………......34
Tabela 1.1- Resultados do município de Viana……………………………………………53

VIII
ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS

GEM – global Entrepreneurship monitor


ap. – apud (citado por)
et al – e outros

IX
RESUMO

O presente trabalho apresenta informações sobre o tema o perfil do


empreendedor e as principais qualidades e características do empreendedor através de
pesquisas bibliográficas de vários autores. Numa segunda etapa são descritos os
resultados obtidos com uma pesquisa de campo realizada entre os empreendedores do
município de Viana. Para a realização da pesquisa se utilizou um questionário já
validado denominado Tendência Geral Empreendedora, que identifica a existência ou
não do perfil empreendedor, contemplando cinco características: Necessidade de
Sucesso, Necessidade de Autonomia/Independência, Tendência Criativa, Assumir
Riscos e Impulso e Determinação. Os resultados revelam um nível muito baixo de
empreendedorismo entre população pesquisada, visto que obtiveram médias inferiores
a esperada em todas as características. Ressalta-se que as características
empreendedoras podem ser moldadas ao longo do tempo, sendo possível seu ensino e
aprendizado. A pesquisa evidencia também a importância do empreendedorismo como
gerador de riquezas e impulsionador económico apontando para a necessidade de uma
educação empreendedora com o objetivo de formar profissionais com este espírito,
aptos a influenciar bons resultados às empresas. Relacionar o comportamento
empreendedor à formação do profissional no mundo dos negócios, com a função de
gerar benefícios é o principal enfoque neste trabalho.

Palavras-chave: Empreendedorismo, Perfil de empreendedor, Negócios.

X
ABSTRACT

The present work presents information on the theme of the entrepreneur profile
and the main qualities and characteristics of the entrepreneur through bibliographical
research of several authors. In a second stage the results obtained with a field survey
carried out among the entrepreneurs of the municipality of Viana are described. In
order to carry out the research, we used a questionnaire already validated called
General Entrepreneurial Tendency, which identifies the existence or not of the
entrepreneurial profile, contemplating five characteristics: Need for Success, Need for
Autonomy / Independence, Creative Tendency, Taking Risks and Impulse and
Determination. The results reveal a very low level of entrepreneurship among the
surveyed population, since they obtained lower than expected means in all the
characteristics. It is emphasized that the entrepreneurial characteristics can be shaped
over time, being possible its teaching and learning. The research also highlights the
importance of entrepreneurship as a generator of wealth and economic driver pointing
to the need for an entrepreneurial education with the objective of training professionals
with this spirit, able to influence good results for companies. To relate the
entrepreneurial behavior to the professional formation in the business world, with the
function of generating benefits is the main focus in this work.

Keywords: Entrepreneurship, Entrepreneur profile, Business.

XI
XII
INTRODUÇÃO

Actualmente para se destacar no mercado cada vez mais competitivo, é


necessário apresentar o perfil de empreendedor que apresente um diferencial que
promova a mudança e o desenvolvimento económico. Esse novo profissional deve ter
a capacidade de inovar continuamente, trazendo ideias, que revolucionem a maneira de
administrar as decisões que trarão o sucesso para a organização.

O empreendedorismo é uma manifestação da capacidade humana que tem


conquistado a dedicação de estudiosos e pesquisadores da gestão, não só pelo seu
impacto social, mas também por sua importância económica. É considerado hoje um
fenómeno global, dada a sua forca e crescimento, nas relações internacionais e
formação profissional.

Os empreendedores são capazes de gerar mudanças, assumir riscos, criar,


explorar ideias e acima de tudo, perceber e aproveitar oportunidades. Assim, as
empresas poderiam estar melhor preparadas não apenas para adaptarem cenários de
incerteza e instabilidade, mas também para se expandirem através de novas
oportunidades de negócio.

Para tanto, é necessário que as empresas passem por um processo de


profissionalismo do comportamento empreendedor, que será viável apenas se a
liderança tiver uma resposta proactiva aos novos desafios que caracterizarão aos
cenários de incerteza que as cercam. As empresas estão sempre buscando a preparação
para estas mudanças com estruturas flexíveis e estratégias inovadoras; porém, estes
instrumentos apesar de importantes, nem sempre são suficientes para que a
organização esteja efectivamente apta a responder as pressões do ambiente. Portanto,
antes de desenhar suas estratégias e estruturas, as organizações devem ser capazes de

13
questionar seus valores compartilhados e crenças, suas premissas culturais e a forma
como elas estão alinhadas com as práticas e os comportamentos quotidianos.

O mercado dos negócios actualmente se encontra em um contexto económico e


social de rápidas transformações exigindo das organizações que evoluam cada vez
mais, no sentido de se manter no mercado com credibilidade, longevidade e
competitividade, cabendo ao empreendedor ter habilidades e competência criando
estratégias de fortalecimento e crescimento no mercado, envolvendo seus
colaboradores a trabalharem de maneira compartilhada e comprometida resultando
assim em uma empresa que deve estar antenada a essas transformações constantes e
que consegue estabelecer novos padrões de produtos e serviços aos seus consumidores
buscando a satisfação dos mesmos.

Identificação do problema

O conceito de empreendedorismo bem como seus desdobramentos teóricos e


práticos vem sendo valorizado por governos, entidades de classe e organizações como
a principal base para o crescimento económico e para a geração de emprego e renda na
actualidade. Considerando a iniciativa empreendedora como veículo ideal para inovar,
aumentar a produtividade e melhorar modelos de negócios, alguns autores arriscam-se
a afirmar que estamos vivendo a era do empreendedorismo.

Nesta concepção, a questão de partida foi elaborada da seguinte forma: Qual é o


perfil do empreendedor no município de Viana?

Objectivos do Estudo

Objectivo Geral

Descrever o perfil do empreendedor no município de Viana.

14
Objectivos Específicos:

 Definir os principais termos e conceitos relacionados com o empreendedorismo;


 Identificar na literatura o perfil recomendado para o empreendedor com
sucesso;
 Descrever, por meio de inquérito, o perfil do empreendedor no Município de
Viana

Importância do estudo

Abordar o perfil do empreendedor é de extrema importância na medida em que


vai despertar o assunto na comunidade académica e dará subsídios aos estudos da
gestão empresarial.

Delimitação do estudo

O tema perfil do empreendedor é bastante abrangente, dada a dimensão do


estuado, a abordagem será feita no sentido de verificar o perfil do empreendedor
angolano, sobre um estudo de caso em Viana.

Definição dos conceitos

Segundo CHIAVENATO (2007), «Empresas são organizações sociais nos quais


ocorrem o fenómeno na produção de bens ou serviços e que visam ao lucro».
(CHIAVENATO, 2007)

«Investimento é a aplicação de algum tipo de recursos escassos, ou pelo menos


limitados, com a expectativa de receber algum retorno futuro superior ao aplicado.»
(PINTO et al. 2012, p. 271)

«Administração é o processo de planejar, organizar, liderar e controlar o


trabalho dos membros da organização e utiliza todos recursos organizacionais

15
disponíveis para alcançar objectivos organizacionais definidos». (CHIAVENATO
2007)

«Plano de negócio é um documento utlizado para descrever um negócio,


algumas secções que o compõem são padronizadas para facilitar o entendimento de
quem lê». (WALTER, 2012, p)

«Planeamento é uma técnica para dissolver a incerteza sobre o futuro e permitir


mais consistência no desempenho das organizações». CHIAVENATO

«Modelo de negócios todas as actividades que definem como a empresa compete


no mercado, usa os seus recursos, estrutura as suas relações com os fornecedores, e
interage com os clientes e o que as empresas faz, como faz e o que não faz».
(FERREIRA et al, 2010, p. )

«Planos de negócios é um estruturamento fundamental requerido por


virtualmente todos os potenciais investidores para que possam avaliar o
empreendimento que lhes é proposto». (idem)

16
CAP. I - FUNDAMENTAÇÃO TÉCNCO-CIENTÍFICA

1. - História do empreendedorismo

De acordo com CHIAVENATO (2012), toma-se conhecimento que o termo


empreendedor já vem sendo utilizado em 1925, pela primeira vez, assegurado pelo
economis Rchard e deriva do francês “entrepreneur”.

Segundo SOUSA (2014, p. 1),

«oO termo "empreendedor" (derivado da palavra francesa entrepreneur) foi


usado pela primeira vez em 1925 pelo economista Richard cantillon, que dizia ser
entrepreneur um indivíduo que assume riscos. o economista francês Jean Baptiste
Say (1767-1832) usou a palavra para identificar o indivíduo que transfere recursos
económicos de um sector de produtividade baixa para um sector de produtividade
mais elevada. Say enfatizou a importância do empreendedor para o bom
funcionamento do sistema económico. Em 1871, Carl Menger, economista
austríaco, definiu o empreendedor como aquele que antecipa necessidades
futuras»

Em 1949, o economista austríaco LudwingVon Mises afirmava que o


empreendedor é o tomador de decisões. E Friedrich VonHayek (1959), economista
austríaco afirmava que empreendedorismo envolve não apenas risco, mas, sobretudo,
conduz a um processo de descoberta das condições produtivas e das oportunidades de
mercado por parte dos próprios actores sociais.

Pouco depois, outro economista austríaco, Joseph SCHUMPETER (1950), voltou


a abordar o empreendedor e seu impacto sobre a economia.

Para Schumpeter o empreendedorismo força a destruição criativa nos mercados e


indústrias1, criando, simultaneamente, novos produtos e modelos de negócios. Assim,
1
Ao longo do tempo, contudo, verificou-se que a destruição criativa não é uma tarefa fácil. Afinal, em todo o
mundo grande parte dos novos negócios falha, o que torna as actividades empreendedoras substancialmente
17
a destruição criativa é fortemente responsável pelo dinamismo das indústrias e pelo
crescimento económico de longo prazo.

As discussões sobre o empreendedorismo vêm se perpetuando até os dias mais


recentes, com diversos autores apresentado várias contribuições sobre o assunto,
conforme ilustra a tabela abaixo.

Tabela 2- Contribuição para o entendimento do empreendedorismo

AN AUTOR CONTRIBUIÇÕES
O
1961 McClelland Identifica três necessidades do empreendedor: poder, afiliação e
sucesso (sentir que se é reconhecido). Afirma que: o empreendedor
manifesta necessidades de sucesso.

1966 Rotter Identifica o locus de controlo interno e externo: o empreendedor


manifesta locus de controlo interno.

O comportamento do empreendedor reflecte uma espécie de desejo de


colocar sua carreira e sua segurança financeira na linha de frente e
1970 Drucker correr riscos em nome de uma ideia, investindo muito tempo e capital
em algo incerto.

Empresário é alguém que identifica e explora desequilíbrios existentes


na economia e está atento ao aparecimento de oportunidades.
1973 Kirsner

1982 Casson O empreendedor toma decisões criteriosas e coordena recursos


escassos.

1985 Sextone O empreendedor consegue ter uma grande tolerância à ambiguidade.


Bowman

O empreendedor procura a auto eficácia: controlo da acção humana


através de convicções que cada indivíduo tem para prosseguir
1986 Bandura autonomamente na procura de influenciar a sua envolvente para
produzir os resultados desejados.

2002 William O empreendedor é a máquina de inovação do livre mercado.


diferentes, dependendo do tipo de organização que se está criando.
18
Baumol

Fonte: Elaborado a partir de CHIAVENATO (2012, p. 7)

1.1 - O que é ser empreendedor?

Segundo Schumpeter ap. CHIVENATO (2012, p. 6):

«Um empreendedor é uma pessoa que deseja e é capaz de converter uma nova
ideia ou invenção em uma inovação bem-sucedida e sua principal tarefa é a
destruição criativa, a qual se dá por intermédio da mudança, ou seja, com a
introdução de novos produtos ou serviços em substituição aos que eram
utilizados».

A destruição criativa, na visão de Schumpeter, podia ser sintetizada na prática de


criar novas organizações ou de revitalizar organizações maduras, particularmente
novos negócios em resposta a oportunidades identificadas.

Segundo FERREIRA et. al (2010, p. ), «Enunciar uma definição de


empreendedor é uma tarefa complexa dados os inúmeros elementos que deve conter.
No entanto, há alguns aspectos marcantes que nos permitem compreender ao que nos
referimos quando falamos de empreendedor e empreendedorismo. Estes são aspectos
em grande medida comportamentais como novidade, organização, criação,
criatividade, riqueza e risco.
Os autores apontam alguns traços principais sobre quem é empreendedor:

 O empreendedor é quem toma iniciativa para criar algo novo e de valor para o
próprio empreendedor e para os clientes.
 O empreendedor tem de despender o seu tempo e esforço para realizar o
empreendimento e garantir o seu sucesso.
 O empreendedor recolhe as recompensas sob a forma financeira, de
independência, reconhecimento social e de realização pessoal.
 O empreendedor assume os riscos de insucesso do empreendimento, quer
sejam riscos financeiros, sociais ou psicológicos e emocionais.

19
Os autores supra concluem que é o empreendedor que organiza os recursos
humanos, materiais e financeiros. Neste esforço o empreendedor é motivado pela
necessidade de atingir algo, de fazer, de realizar e de ser independente de outros.

«Para o economista, um empreendedor é aquele que combina recursos,


trabalho, materiais e outros activos para tomar seu valor maior do que antes; também
é aquela que introduz mudanças, inovações e uma nova ordem». (HISRICH et al,
2009, p. 29)

A palavra empreendedor provavelmente surgiu para descrever as pessoas que


assumiam os riscos entre compradores e vendedores ou que empreendiam a tarefa de
começar uma nova empresa. Actualmente, é comummente usada para descrever as
pessoas que perseguem oportunidades independentemente dos recursos que têm ao seu
dispor e que controlam. Baseando-se nas oportunidades, os empreendedores formulam
ideias viáveis de negócios e, sozinhos ou em parceria com outros, procuram
implementa-las.

«O empreendedor é o actor social que tem como características pessoais ser


corajoso para assumir riscos, criativo, dinâmico, autoconfiante, dedicado,
perseverante, ambicioso, inteligente, optimista, inquieto e pouco disciplinado.
Suas acções pautam-se pela iniciativa, realização, autonomia, aposta no
trabalho, diferenciação e transformação de ideias em oportunidades.»

(NASSIF et al. 2009, p. 18)

1.2 - Importância do empreendedor para a sociedade

De acordo com MAXIMIANO (2006), a importância dos empreendedores para a


sociedade está relacionada com a inovação, com a geração de empregos, e com
aspectos relacionados com o padrão de vida e à qualidade de vida que os
empreendedores afectam a comunidade. Segundo o autor há uma relação directa entre
o desenvolvimento de uma sociedade e o número de empreendedores que são
estimulados a surgir. Podemos listar os seguintes factores que atestam essa
importância dos empreendedores para a sociedade:

20
 Inovação;
 Geração de emprego e renda;
 Padrão de vida e qualidade de vida.

Figura 2 Importância dos empreendedores para a sociedade

Empreen
dedores

Padrão de
Inovação Geração de emprego vida e
e renda

Fonte:
adaptado a

1.2.1 - Inovação

«As pequenas e médias empresas são reconhecidas por estimularem a


inovação em uma sociedade. Fazem isso de forma mais eficiente do que as
grandes empresas porque estas normalmente são mais lentas e cautelosas
em aplicar inovações, enquanto o pequeno empresário tem mais agilidade
e flexibilidade em gerar, fomentar e aplicar as inovações».

(OLIVEIRA et al 2011, p. 10)

Os factos históricos demonstram que a maioria das inovações importantes e


impactantes da actualidade foi criada no âmbito da pequena empresa.

1.2.2 - Geração de emprego e de Renda

Está claro, portanto, a importância dos pequenos empresários em fornecer a


maioria da mão-de-obra que dá sustentação às economias das nações. A actividade dos

21
empreendedores pode afectar de forma significativa a vários aspectos sociais de uma
sociedade.

1.2.3 - Padrão de Vida

É a quantidade de bens e serviços que as pessoas podem comprar com o dinheiro


de que dispõem. Os empreendedores podem afectar o padrão de vida, pois permitem
uma inserção social que outras actividades não permitiriam.

1.2.4 - Qualidade de vida

Que é o bem-estar geral da sociedade, medido em termos de liberdade política,


educação, saúde, segurança ou ausência de violência, limpeza e protecção do
ambiente, lazer e outros factores que contribuem para o conforto e a satisfação das
pessoas.

De acordo com OLIVEIRA et al (2011, p. 10)

«O incremento das actividades empreendedoras de uma sociedade, com o


aumento do padrão de vida, reflecte deforma directa no bem-estar da sociedade
como um todo. Não é por acaso que as principais economias mundiais,
reconhecidas pela melhor qualidade de vida, são as mesmas que estimulam o
espírito empreendedor».

1.3 - O espírito de empreendedor

«O empreendedor não é somente um fundador de novas empresas, o construtor


de novos negócios ou o consolidador e impulsionador de negócios actuais. Ele é
muito mais do que isso, pois proporciona a energia que move toda a economia,
alavanca as mudanças e transformações, produz a dinâmica de novas ideias, cria
empregos e impulsiona talentos e competências. Mais ainda, ele fareja localizada

22
e rapidamente aproveitadas as oportunidades fortuitas que aparecem ao acaso e
sem pré-aviso, antes que outros aventureiros o façam».

(CHIAVENATO, 2012)

O empreendedor é aquela pessoa que inicia ou dinamiza um negócio para realizar


uma ideia ou projecto pessoal assumindo riscos e responsabilidades e inovando
continuamente. Essa definição envolve não apenas os fundadores de empresas e
criadores de novos negócios, mas também os membros da segunda ou terceira geração
de empresas familiares e os gerentes-proprietários que compram empresas já existentes
de seus fundadores.

CHIAVENATO (2012), acrescenta que o espírito empreendedor está também em


todas as pessoas que mesmo sem fundar uma empresa ou iniciar seus próprios
negócios, estão preocupados e focadas em assumir riscos e inovar continuamente
mesmo que não estejam em seus próprios negócios.

Os empreendedores são heróis populares do mundo dos negócios. Fornecem


empregos, introduzem inovações e incentivam o crescimento económico da região ou
do país. O empreendedorismo2 reflecte a prática de criar novos negócios ou revitalizar
negócios já existentes.

1.3.1 - A decisão de empreender

Conforme LONGENECKER et al. (1998), há várias razões para alguém decidir


ser um empreendedor, o que os autores chamam de compensações, ou seja, algo que
motiva o empreendedor, apesar das dificuldades inerentes ao modelo de acção.

Valor – Libertação dos limites de pagamento padronizado para trabalho


padronizado. Assim, o empreendedor entende que não há limite para o retorno de seu

2
Além do conceito de empreendedorismo, existe também o de intraempreendedorismo que a maioria das
grandes organizações pretende desenvolver em todos os seus quadros funcionais. Qual é a empresa que não
gostaria de ter pessoas trabalhando como se fossem sócios ou parceiras de seu negócio e plenamente engajadas e
comprometidas em alcançar os objectivos organizacionais? A diferença é que os intraempreendedores não são
donos do negócio.
23
empreendimento, excepto seu próprio esforço, ao contrario do trabalho remunerado
que se autolimita, quanto as possibilidades de crescimento.

Independência – Libertação de supervisão e regras de organizações burocráticas.


O empreendedor pode ser o dono de seu próprio nariz.

Estilo de Vida Prazeroso - Libertação da rotina, monotonia e empregos não


desafiadores. Muitas vezes o empreendedor alia uma oportunidade de negócios
comum prazer, ou uma actividade de grande satisfação pessoal, intelectual e/ou física.
É claro que há inúmeras causas que justifiquem ao empreendedor deixar o modelo
“padrão” de actividade vinculada um emprego, mas essas três sintetizam o
comportamento libertário do empreendedor, ou seja, a busca por ter seu destino nas
próprias mãos.

Pesem as dificuldades de iniciar a própria empresa, sejam estas dificuldades do


foro financeiro, cultural, institucional ou individual, muitos indivíduos decidem
empreender e muitas novas empresas são constituídas diariamente em todo mundo.
Novas empresas são constituídas também independentemente das condições
económicas do país, de períodos de recessão, dos níveis de inflação ou de taxas de
juros, de carências várias no sistema de infra-estruturas e de probabilidade elevada de
insucesso.

«Á decisão de empreender é implícito um desejo de mudança, uma mudança que


envolve a transformação de um estilo de vida num outro estilo de vida diferente».
(FERREIRA et. al, 2010, p.44).

A mudança do estilo actual de vida, no abandono da carreira profissional, ou


estilo de vida, é uma decisão difícil e com riscos. Esta decisão exige coragem para
mudar, mesmo quando a nova empresa é na área em que detém experiência
profissional prévia. Ainda assim, a mudança é mais provável que ocorra quando o
indivíduo é sujeito a um estímulo.

24
1.4 - Histórico do empreendedor

Parece ser hoje em dia consensual que não se nasce empreendedor. Podemos,
sim, herdar algumas características que certamente nos ajudarão nas nossas incursões
pelo mundo dos negócios. É também certo que muitos empreendedores se revelam
muito precocemente (durante a infância e juventude) destacando-se pela sua
capacidade de liderança, competitividade ou “jeito” para os pequenos negócios .

Segundo FERREIRA et al. (2010, p. 46) «há um conjunto vasto de factores que
influenciam a decisão de constituir uma nova empresa. Uns são factores associados
às condições nacionais, outros são mais específicos ao ambiente que rodeia os
indivíduos e ainda outros específicos do indivíduo».

Alguns aspectos do histórico dos empreendedores que podem ajudar a


diferenciar os empreendedores da população geral, existe os seguintes aspectos: o
ambiente familiar, a educação, valores pessoais, a idade e experiencia profissional.

 O ambiente familiar na infância

O ambiente familiar na infância tem muita influência sobre uma variedade de


aspectos na formação do indivíduo. Há alguma evidência de estudo académicos que
mostram uma maior propensão a ser empreendedor se os pais o forem, ou tiverem
sido.

 A educação

Qual é o papel da formação académica sobre a realização do empreendedor?

«Apesar da ideia corrente que os empreendedores têm menor nível de formação


escolar é possível que essa ideia seja errada, ou pelo menos que exista uma
tendência crescente para pessoas com maiores níveis de formação enveredarem
pelo empreendedorismo como opção de carreira profissional.»

(FERREIRA, et al. 2010, p.


47)

25
O facto é que os estudos da GEM – global Entrepreneurship monitor – indicam
que a capacidade do empreendedor é essencial ao sucesso da nova empresa. A
formação é importante para ensinar a gerir problemas que os empreendedores
3
Enfrentam, e mesmo para adquirir conhecimentos específicos úteis à actividade
técnica da empresa. Ainda que deter um grau de ensino superior (licenciatura) não seja
um pré requisito para iniciar uma nova empresa, muitos empreendedores ou não,
manifestam a necessidade de receber formação em áreas como as de gestão geral,
finanças, estratégias, marketing, liderança e comunicação.

 Os valores pessoais

É certo que os empreendedores têm valores pessoais, mas é pouco claro como é
que estes valores se distinguem dos valores de outros profissionais e da população em
geral. Como se pode depreender existe diferenças no estilo do empreendedor e do
gestor. Indivíduos bem-sucedidos, empreendedores ou não, têm um conjunto de
valores e comportamentos pessoais em dimensões como a liderança, criatividade,
sucesso, trabalho, ética, objectivos, entre outros.

1.4.1 - Empreendedores, gestores e inventores: as


diferenças

De acordo com FERREIRA et al (2010, p. 48),

«Ainda que muitos acabem por se tornar nos gestores das empresas que criaram,
o empreendedorismo é muito diferente da gestão e as tarefas do empreendedor
são distintas das do gestor. As diferenças entre os quais empreendedores e os
gestores emergem em aspectos como a motivação, a orientação para a acção, a
postura face a risco, como toma as decisões, o histórico pessoal e familiar, etc».

As diferenças entre o empreendedor e o gestor cingem-se em função dalgumas


características como motivações primárias em que os gestores tendem a perspectivar
promoção e outras recompensas corporativas tradicionais, motivadas pelo poder, já o

3
É possível que as escolas e os professores possam estimular o ensino do empreendedorismo, leccionando cursos
de empreendedorismo para estimular e desenvolver novos empreendedores.
26
empreendedor por sua vez, preocupa-se com independência, oportunidade para criar
algo novo e dinheiro.

Enquanto o Gestor profissional, geralmente formado em escolas de gestão e usa


ferramentas analíticas abstractas, o empreendedor conhece muito bem o negócio, e tem
muitas aptidões para o negócio do que para a gestão ou politica.

1.4.2 - Empreendedores vs. Inventores

Um empreendedor não é um inventor, ainda que idealmente o empreendedor


deva ser criativo e procurar novas soluções, novos mercados, novas formas de fazer as
coisas e servir os clientes.

«O empreendedor é quem cria uma nova empresa, a sua empresa, e os seus


esforços dirigem-se em fazê-la sobreviver e crescer. O inventor, por outro lado, é
quem cria ou inventa algo de novo, seja um produto, processo ou modelo».
(FERREIRA et al 2010, p. 50)

Estereotipicamente, um inventor tem um elevado nível de formação académica.


Valoriza o pensamento criativo quer na solução de problemas, quer na criação de
absolutamente novo, e é mais motivado pelos resultados do seu trabalho que pelas
recompensas materiais e monetárias que dele pode advir. Por outro lado o
empreendedor ajuda o inventor a tornar a sua invenção comercialmente viável e
colocá-la no mercado.

«Assim, enquanto é inventor quem cria algo novo, o empreendedor é quem


congrega todos os recursos necessários, o capital, pessoas, estratégias e a tomada de
riscos para tornar uma invenção num negócio viável». (FERREIRA et al, 2010, p. 50)

27
1.4.3 - Os mitos mais comuns sobre os
empreendedores

Há muitos mitos sobre empreendedorismo que acabam por criar barreiras


psicológicas à criação de empresas. Embora existam muitos mitos, incluímos aqui uma
listagem dos mais frequentes e descrevemos uma selecção.

Um mito comum é que empreendedores nascem, não se fazem. Este mito postula
que os empreendedores são natos, nascem para o sucesso. Na realidade, este mito é
baseado na crença errada, que algumas pessoas são genética ou intrinsecamente
predispostas a ser empreendedoras. Na realidade, ninguém nasce para ser
empreendedor.

«Assim, se algumas pessoas se tornam ou não, empreendedores tem a ver com o


ambiente, experiência de vida e escolhas pessoais. Portanto, para se ser um
empreendedor se sucesso é importante desenvolver e acumular habilidades,
experiências e contactos relevantes e aprimorar a capacidade crítica e de análise
que permitem ter visão e agarrar oportunidades».

(FERREIRA et al 2010, p. 50)

Mitos do empreendedor

 O empreendedor nasce, não se faz.


 Qualquer pode iniciar um negócio.
 São jogadores/apostadores que assumem riscos excessivos.
 Têm necessidade de protagonismo.
 São patrões de si próprios.
 Trabalham muito.
 Iniciam negócios de riscos.
 Apenas para os riscos.
 Idade é uma barreira, os empreendedores são jovens e energéticos.
 São motivados apenas pelo dinheiro.

28
 Procuram o poder e o controlo sobre os outros.
 Se tiverem talento, o sucesso chega em 1 ou 2 anos.
 Qualquer pessoa com uma boa ideia pode enriquecer.
 Tendo dinheiro é fácil falhar.

«Outro mito comum refere-se à predisposição dos empreendedores para assumir


o risco, os empreendedores são jogares que assumem riscos excessivos. Este mito tem
pouco de verdade porquanto os empreendedores assumem riscos, claro, mas são
riscos controlados». (FERREIRA et al. 2010, p.51).

O mito que a idade é uma barreira, os empreendedores devem ser jovens e


energéticos não é confirmado. Apesar das discrepâncias nas estatísticas, empreendedor
médio terá entre os 35 e 45 anos, alguns anos de experiência profissional numa grande
empresa. Apesar de ser importante ser-se energético, até pela própria confiança que
inspira juntos dos investidores, o que mais inspira confiança na segurança do
investimento é a experiência, maturidade, reputação sólida e histórico de sucesso.
Assim, raramente os empreendedores são excessivamente jovens e, pelo contrário,
estes critérios tendem mesmo a favorecer empreendedores mais velhos, e não mais
novos. Pode ser-se empreendedor em qualquer momento da vida.

1.5 - Características comuns aos empreendedores

«Na verdade, o empreendedor consegue fazer as coisas acontecerem por ser


dotado de sensibilidade para os negócios, tino financeiro e capacidade de
identificar e aproveitar oportunidades, nem sempre claras e definidas. Com esse
arsenal, transforma ideias em realidade para benefício próprio e para o benefício
da sociedade e da comunidade. Por ter criatividade e um alto nível de energia, o
empreendedor demonstra imaginação e perseverança, aspectos que, combinamos
adequadamente, habilitam-no a transformar uma ideia simples em algo que
produza resultados concretos e bem-sucedidos no mercado».

(CHIAVENATO, 2012, p. 08)

Não há só um perfil de empreendedor que inclua todas as características do


empreendedor de sucesso. Os empreendedores têm experiências profissionais, níveis
29
de escolaridade, situações familiares, idades, características psicológicas e emocionais
diversas.

MACEDO (2003, p.20) apresenta as seguintes características como


predominantes em pessoas com maior tendência ao empreendedorismo: «necessidade
de sucesso, necessidade de autonomia, tendência criativa, assumir riscos e impulsos e
determinação».

Necessidades de Sucesso - A necessidade de sucesso é a necessidade pessoal de


realização essencial para o sucesso em qualquer profissão, explica (MACEDO, 2003).
Porém, essa busca pela realização deve ser complementada com a afectividade nas
realizações humanas para que não venha a se tornar uma obsessão, principalmente
para os empreendedores.

Apesar de necessária, a busca pela realização pessoal deve ser moderada de


forma a não atrapalhar as relações interpessoais e profissionais importantíssimas ao
sucesso do empreendedor. A determinação em alcançar a realização pessoal não deve
se tornar uma busca sem limites pelo poder, mas sim, permitir que haja direcção nos
rumos a serem tomados em qualquer situação.

Para Dolabela, o empreendedorismo contribui de forma significativa para a


satisfação da necessidade de realização pessoal.

«Pesquisas indicam que o empreendedorismo oferece graus elevados de


realização pessoal. Por ser a exteriorização do que se passa no âmago de uma
pessoa, e por receber o empreendedor com todas as suas características pessoais,
a actividade empreendedora faz com que o trabalho e o prazer andem juntos».

(DOLABELA, 1999, p.29)

Por estar fazendo o que acredita e gosta o empreendedor alcança a realização


pessoal, por isso pessoas com tendências empreendedoras têm graus elevados de
necessidade de realização, que as direcciona na busca de seus objectivos.

30
Necessidade de Autonomia - A necessidade de autonomia é a necessidade de
impor uma opinião em determinado ambiente obtendo complacência ante os objectivos
propostos. «É de suma importância que o empreendedor imponha o seu ponto de vista
no trabalho e obtenha flexibilidade, tanto em âmbito profissional quanto familiar,
tendo condições de controlar seu próprio tempo». (MACEDO, 2003, p.21).

O empreendedor tem que ser independente para enfrentar e abrir caminhos que
determinem seus rumos para ser seu próprio patrão. Uma pessoa com tendência a
autonomia luta por suas ideias, é competitivo e possui habilidades para fazer com que
suas ideias sejam aceitas.

Tendência Criativa - Segundo MACEDO (2003, p.21) «ser criativo é ter


capacidade para encontrar soluções para um problema ou para obter aumento de
lucros de forma alternativa usando a criatividade».

Ser criativo é possuir habilidade para achar soluções incomuns a determinadas


situações agregando valor para quem a busca, ou seja, ter ideias inovadoras que
além de solucionar problemas também sejam importantes para alguém ou para a
sociedade. Ter tendência criativa é ter raciocínio rápido e alternativo para criar com
inovação encontrando soluções diferenciadas que contrariam o senso comum e dão
certo. A criatividade é essencial ao empreendedor não só na resolução de problemas,
mas também na inovação de produtos e marketing que mantenham sua empresa
competitiva no mercado. (MACEDO, 2003)

Assumir riscos calculados – Assumir riscos é uma das características mais


citadas para os empreendedores, porém os empreendedores assumem riscos calculados
e sabem gerir o risco, avaliando as reais chances de sucesso. Como afirma o autor:

«Em outras palavras não atiram no escuro, de forma aleatória, mas têm sempre
o senso das possibilidades, e se sentem estimulados com os desafios». (DORNELAS,
2007, p. 5-7)

31
Impulsos e Determinação - MACEDO (2003, p.22) define que «agir com
impulso e determinação é agir repentinamente mudando facilmente de estratégia para
enfrentar um obstáculo ou desafio assumindo a responsabilidade pessoal ao
desempenhar atitudes necessárias para atingir metas e objectivos».

Sendo assim ter tendência ao impulso e determinação é não ficar esperando por
ninguém, agir com rapidez na tomada de decisão sem esperar que decidam por ele
assumindo as responsabilidades que suas decisões acarretam.

1.6 - Tipos de empreendedores

A seguir, descrevem-se oito tipos principais de empreendedores, conforme


pesquisa desenvolvida por DORNELAS (2007):

O empreendedor nato – são aqueles que reconhecemos na mídia.


Quase sempre são de origem humilde e muitas vezes começaram a trabalhar muito
jovens, e “adquirem habilidades em negociação e em vendas”, como afirma Dornelas
(2007). Em sua maioria são imigrantes (de outros países ou mesmo de outra região do
país), que buscam oportunidades em outros lugares, e se realizam por esforço próprio.

O empreendedor que aprende – é aquele que se torna empreendedor de forma


inesperada, quando se depara com uma oportunidade de negócio e larga tudo o que
fazia para se envolver em seu próprio negócio.

O empreendedor serial – são aqueles que estão sempre mudando


de desafios, e que têm maior satisfação em criar algo novo, um novo negócio, do que
fazer com que um negócio cresça. Assim estão sempre se envolvendo com novos
negócios, às vezes vários deles ao mesmo tempo. Têm grande habilidade em
identificar oportunidades, acreditar nelas implementá-las. Mas não ficam muito tempo
em um mesmo negócio.

O Empreendedor Corporativo- São executivos em linha com as novas


exigências das organizações, ou seja, renovar, inovar e criar novos negócios. São
32
profissionais que assumem riscos e como geralmente não têm autonomia completa,
“desenvolvem estratégias avançadas de negociação”. São ambiciosos e muito
motivados, com metas ousadas e recompensas variáveis.

O Empreendedor Social - São verdadeiros empreendedores, porém voltados


para causas humanitárias, que trazem resultados para outros e não para si mesmos. São
muito engajados em causas e objectivos sociais.

O Empreendedor por necessidade - São aqueles que criam seus negócios por
absoluta falta de opção, pois muitas vezes não têm acesso ao mercado de trabalho ou
foi demitido. Geralmente estão envolvidos em actividades informais, o que acaba
gerando problemas sociais, pois vivem à margem do mercado e, por não terem um
mínimo de embasamento técnico e teórico, acabam vítimas das altas taxas de
“mortalidade” empresarial (fechamento de empresas),comuns nos mercados em
desenvolvimento, onde cerca de 60% das empresas não conseguem sobreviver mais
que cinco anos.

O Empreendedor herdeiro (sucessão familiar) - São aqueles que, muitas


vezes, já se envolvem com o negócio da família desde jovens, aprendendo os conceitos
com exemplos da própria família, assumindo responsabilidades na organização e se
envolvendo na administração directa desde cedo. Actualmente, com a maior
profissionalização da gestão das empresas familiares, também têm buscado melhor
formação teórica, visando a perpetuar o legado da família.

Os Empreendedor “normal” (Planeado) - São os empreendedores que se


preparam para a actividade, fazendo um planeamento minucioso e extenso tanto das
fases que antecedem a abertura do negócio quanto do próprio desenvolvimento do
mesmo. Infelizmente é a minoria entre os empreendedores, já que o conceito de
planeamento não está enraizado em nossa cultura.

1.7 - Ética e responsabilidade social dos


empreendedores

33
Para sobreviver ao período inicial de implantação da nova empresa, os
empreendedores podem encontrar caminhos mais fáceis que esbatem o equilíbrio entre
uma conduta ética e a necessidade de ter resultados económico-financeiros positivos.

«A sociedade contemporânea exige cada vez mais das empresas comportamentos


éticos e socialmente responsáveis. É provável que os desafios inerentes a uma
conduta ética, moral e socialmente aceitável sejam maiores para pequenos
empreendedores. Para evitar certas actuações do empreendedor e dos seus
colaboradores, é importante que desenvolva e escreva um condigo ético pelo qual
todos os colaboradores da equipa se devem reger».

(FERREIRA et al 2010, p.64)

Os autores supra sustentam que no passado, o princípio orientador da actuação


das empresas era a maximização do lucro e a eficiência produtiva. No entanto, esta
visão está esgotada e uma nova cultura empresarial está a nascer e esta contempla a
ética nas actuações empresariais. Isto não significa apenas o cumprimento da lei para
evitar sanções ou penalidades, mas antes o dever cívico de contribuir para a sociedade
garantir a sustentabilidade.

A empresa é, assim, vista como uma cidadã sujeita às determinações legais, ao


pagamento de impostos, e como qualquer cidadão deve comportar-se com honestidade
e integridade, não se envolve em corrupção, roubo ou fraude. No entanto, a
responsabilidade social vai mais além e integra o respeito e o reconhecimento da
dignidade da pessoa humana sem, com isso, se confundir com actos de filantropia.

1.8 - Dinamizar o empreendedorismo e promover a


criação de empresa

À semelhança do que acontece nas sociedades contemporânea mais avançadas,


algumas sociedades defronta-se hoje com novos desafios à sua capacidade de
assegurar um crescimento sustentável e garantir o bem-estar na população.

34
Em parte, estes desafios decorrem das mudanças associadas ao processo de
globalização, ao desenvolvimento das novas tecnologias de informação e
comunicação4, as mudanças contínuas nos comportamentos dos consumidores, à
necessidade de procurar e entrar em novos mercados, à emergência de novas
actividades onde as fronteiras sectoriais são cada vez mais ténues.

Estas mudanças alteram a forma como vivemos, os produtos que consumimos,


as expectativas que temos, a forma como despendemos o nosso tempo livre e até os
locais onde passamos as férias. As empresas procuram adaptar-se a estas alterações,
mas muitas empresas não conseguem operar neste novo ambiente competitivo e
fracassam pela sua incapacidade de aproveitar as oportunidades ou fazer face às
ameaças.

«Assim, enquanto velhas empresas abandonam o mercado, novas empresas entra


no tecido económico, modernizando-se o tecido empresarial. Este é o cenário
para o empreendedor: novos mercados e novas oportunidades para novos
negócios. Os empreendedores precisam identificar onde estão as oportunidades
futuras. As oportunidades podem ser indicadas por um conjunto de tendências e
mudanças sociais, políticas, económicas e culturais. Também as situações de
crise geram oportunidades de criação de mercados capazes de satisfazer certas
necessidades e com menores custos».

(FERREIRA et al 2010, p. 16)

1.9 - O empreendedor e a equipa da nova empresa

A formação de uma equipa essencial ao sucesso de um novo empreendimento.


Esta equipa é constituída pelos fundadores, trabalhadores chaves e consultores que
movem a nova empresa da fase da ideia até a sua implementação. Normalmente, a
equipa começa logo pelo grupo de empreendedores fundadores como é o caso numa

4
As últimas décadas têm sido marcadas por fenómenos como a internacionalização das economias e por
progresso como o rápido desenvolvimento de novas tecnologias, em particular as tecnologias de comunicação e
informáticas, que provocavam mudanças inegáveis no comportamento dos consumidores e das empresas. No
entanto, as empresas empreendedoras encontram nos períodos de mudança de clima propício á sua existência e
expansão.
35
sociedade entre um grupo de formadores. A restante equipa constitui-se gradualmente
à medida que a empresa tem capacidade para ir fazendo contratações adicionais.

Para FERREIA et al (2010), os estudos existentes mostram que cerca de 50% a


70% de todas empresas são fundadas por mais de um indivíduo. Há a crença que as
novas empresas fundadas por mais que uma pessoa, uma equipa, têm uma vantagem e
maior probabilidade de sucesso, que uma fundada por um único individuo. Uma
equipa trás mais talentos, recursos ideias e contactos profissionais para a nova
empresa, que um só empreendedor. Além disso, o apoio psicológico entre os
fundadores de uma equipa pode ser um elemento importante para o sucesso futuro.

1.9.1 - Oportunidades e ideias

De acordo com FERREIRA et al (2010), se as novas empresas são baseadas


numa ideia de negócio e esta ideia tem, frequentemente origem numa oportunidade
que foi detectada, importa começar por distinguir estes dois conceitos. Oportunidade e
ideia de negócio5. As novas empresas são criadas por iniciativa de pessoas
empreendedoras que estão dispostas a correr o risco a partir de uma ideia, baseada na
percepção de uma oportunidade.

Na realidade, as oportunidades estão a nossa volta esperam para ser identificadas,


aliás todos temos ideias e muito de nós já pensámos, que pelo menos em algum
momento, que tínhamos identificado uma excelente ideia de negócio. No fundo, isto
significa que pensámos que um certo produto ou serviço teria procura no mercado e
outros estariam dispostos e interessados em comprá-los. A questão é saber se essa
ideia corresponde efectivamente a uma oportunidade.

«Uma boa oportunidade deve verificar quatro qualidades essenciais: ser


atractiva, durável, estar disponível no momento e local certo, e ser suportada
num produto ou serviço que adiciona valor ao seu comprador ou utilizador. As
oportunidades são externas, estão no ambiente e são necessidades ou vontades
que embora ainda não estejam satisfeitas podem sê-lo».

5
Ou seja, criar um novo negócio a partir de ideias e/ou produtos ainda não existentes. Este é o modelo básico do
empreendedorismo, quando se cria um conceito novo e revolucionário suficiente para criar um novo mercado.
36
(FERREIRA et al 2010, p.
70)

A existência de uma oportunidade estimula a criação da maioria das novas


empresas empreendedoras. Estas oportunidades podem ter origem interna ou externa.
Nas empresas estimuladas internamente, o empreendedor quando decide começar uma
empresa, procura uma ideia, reconhece a oportunidade e começa o negócio. Nas
empresas estimuladas externamente, o empreendedor reconhece um problema ou uma
lacuna, que avalia como uma oportunidade e procura a forma de encontrar solução
para ele, começa um negócio para satisfazer. Este problema pode ser notado por
observação de tendências ambientais por intuição ou por acaso.

Portanto é importante que:

 O tempo despendido a analisar uma ideia não é tempo desperdiçado, mesmo


que a decisão seja não avançar com a ideia, até porque novas ideias podem
surgir desse processo de pesquisa e reflexão.
 Diferentes empreendedores podem olhar a mesma ideia e a mesma
oportunidade por ângulos distintos pelo que chegarão a diferentes conclusões
sobre a viabilidade da nova empresa e a diferentes formas para satisfazer a
necessidade.

1.9.2 - Métodos de geração de novas ideias

Como gerar ideias? Há um conjunto de métodos que podem ser usadas para
gerar ideias, desde as populares caixas para recolher sugestões de colaboradores,
clientes, fornecedores, técnicas aos grupos de discussão e a técnica de brainstorming.
Ainda assim, a geração de uma ideia que sirva de base a um novo empreendimento
ainda pode ter um problema difícil.

As ideias podem visar a expansão horizontal (maior variedade de produtos ou


serviços), ou vertical (produtos ou serviços de melhor qualidade), quer para
acompanhar as tendências no ambiente, quer para aproveitar as novas

37
tecnologias, quer ainda para explorar alterações dos gostos e comportamentos
dos consumidores. (FERREIA et al, 2010, p. 52)

1.9.2.1 - Brainstorming

«O Brainstorming é uma técnica usada para gerar rapidamente um grande


número de ideias e soluções para problemas, explorando a criatividade dos
indivíduos que participam em dinâmicas de grupo organizadas. Tipicamente, uma
sessão de brainstorming envolve um grupo de pessoas e devem ser orientada
para um tópico específico. Esta técnica é particularmente eficaz na geração
rápida de ideias que poderão dar pistas para solucionar problemas existentes».

(FERREIRA et al, 2010, p.


81)

Para que uma sessão de brainstorming seja bem-sucedida na geração de novas ideias é
importante seguir quatro regras.6

 Proibir as críticas e os comentários negativos a ideias e a membros.


 Encorajar o pensamento livre, a criatividade, a irreverência e a improvisação.
 Gerar dinâmica na sessão e incentivar o maior número possível de ideias.
 Encorajar ou pelo menos, permitir que saltite de assunto para assunto e de
aspecto para aspecto, mesmo que este saltitar seja desordenado.

Como organizar uma sessão de brainstorming? Certifique-se que os elementos


do grupo podem efectivamente contribuir para o assunto específico em discussão.
Evite que haja relações de hierarquia (relações superior-subordinado) que inibam a
criatividade. Assegure-se que há um elemento que lidera a discussão e orienta os
trabalhos e um outro elemento que é responsável por tomar notas.

1.9.2.2 - Os grupos de discussão

6
MANUEL PORTUGAL FERREIRA, JOÃO CARVALHO SANTOS e FERNANDO RIBEIRO SERRA,
2010,"Ser empreendedor: Pensar, criar e moldar a nova empresa", p. 82.

38
O empreendedor pode recorrer a grupos de discussão, para gerar novas ideias de
produtos e serviços e de negócios. Um grupo de discussão reúne, tipicamente, de 5 a
15 pessoas previamente seleccionadas com base nas suas características comuns para
discutirem um determinado assunto (FERREIRA et al 2010). Estes grupos são
conduzidos por um moderador que lidera o grupo, estimula uma discussão aberta e
detalhada, usando técnicas de dinâmica de grupos para captar uma perspectiva do que
as pessoas sentem sobre um certo assunto. Este método ultrapassa o inconveniente de
outros métodos que colocam questões simples e apenas solicitam a resposta dos
participantes

Dado que os participantes têm liberdade para expressar a sua opinião,


conhecimentos e experiências sobre o assunto em tratamento, o grupo pode, também
ser usado para aferir, por exemplo, qual é a percepção do produto e serviço pelos
clientes. Permite observar e registar as atitudes, opiniões e reacções dos participantes
ao grupo.

1.9.2.3 - Questionários

Os questionários são, frequentemente usados para recolher informações de uma


amostra de indivíduos. Os questionários são um método relativamente rápido,
razoavelmente fácil de executar e barato, comparativamente a outros métodos.
Permitem a confidencialidade dos dados e podem ser usados para chegar a um elevado
número de indivíduos mesmo que se encontrem geograficamente dispersos ou
afastados. Os questionários permitem gerar ideias de novos produtos, serviços, ideias
de negócios porque se fazem perguntas específicas e se obtêm respostas direccionadas.
Naturalmente, será necessário considerar.

 A amostra para o questionário – a selecção da amostra é essencial face


aos objectivos. A qualidade dos dados recolhidos depende de a amostra
ser bem seleccionada de entre a população.

39
A elaboração do questionário – para garantir a qualidade dos dados recolhidos
através do questionário é importante estudar as técnicas para realizar um bom
questionário. Isto significa aprender as vantagens e desvantagens de cada tipo de
pergunta e dos tipos de classificação das respostas.

1.9.2.3.1 - Método do checklist

Neste método, uma nova ideia é desenvolvida a partir de um conjunto de


questões que é usado pelo empreendedor para guiar a discussão sobre um assunto.

Segundo FERREIRA et al, (2010), não há regras específicas para a elaboração da


lista, esta depende do assunto ou problema, podendo conter questões como as
seguintes:

a) Que características podemos imitar?


b) O que substituir? Que componente ou material?
c) Mudar o horário de funcionamento? Encurtar ou alargar horário?
d) Que outras formas de utilização pode haver para o produto e serviço?
e) Que adaptações podem ser feitas para competir com as empresas existentes?
f) Que modificações seriam necessárias para poder ter usos alternativos?

1.9.2.3.2 - Método de livre associação

Este é um método simples e barato que os empreendedores poderão usar para


gerar novas ideias. Em essência, o procedimento consiste em escrever uma palavra
relacionada como problema, depois outra e outras palavras, procurando com cada nova
palavra adicionar algo de novo e criando uma cadeia de ideias que levam à emergência
de uma nova ideia de produto ou negócio.

1.9.3 - O modelo de negócio

O modelo de negócio evidencia todas as actividades que definem como a


empresa compete no mercado, usa os seus recursos, estrutura as suas relações com os
40
fornecedores e interage com os clientes. O modelo de negócio é o que a empresa faz,
como faz e o que não faz.

É essencial que o empreendedor defina o modelo de negócio da nova empresa de


forma clara e articulada porque é este que clarifica como todos os elementos do
negócio se encaixam e descreve porque empresa parceiras são necessárias a que a ideia
de negócio funcione. Para a concepção do modelo de negócio é importante que o
empreendedor analise a cadeia de valor que é a sequência de actividades desde o
aprovisionamento até o consumidor final e serviço pós venda.

1.9.4 - A gestão de conflitos

Muitas vezes os sinais de conflito são explícitos e visíveis numa troca amarga de
palavras, mas outras vezes não se consegue ver o conflito, embora se sinta no ar ou se
pressinta num ambiente silencioso. A verdade é que estes problemas geram um
desempenho menos eficiente, discussões, tensão laboral, formalismo e demasiada
delicadeza, evitar de contacto social entre colegas, entre outros.

«Cumpre ao empreendedor resolver, ou ajudar a resolver, os conflitos que


grassam na equipa. Um conflito observa-se quando existe um desacordo entre os
indivíduos. A dificuldade está em que o conflito pode emergir de muitos contextos
e razões. As pessoas têm padrões de comportamento diferentes, valores, atitudes,
perspectivas, educação e prioridades, personalidades e sentido de humor. Todas
estas idiossincrasias podem levar ao conflito».

(FERREIRA, et al 2010, p. 212)

Há várias fontes de conflito tais como: a má definição das responsabilidades,


divergências de objectivos, incompatibilidade de personalidades, desempenhos
insuficientes, críticas excessivas ou inadequadamente formuladas, diferenças culturais,
ambiguidade nos procedimentos e regras, stress, favoritismo, estereótipos, fraca

41
coesão do grupo, excessiva centralização, estilo de liderança inadequado á equipa,
barreiras à comunicação, clima de desconfianças pessoais, familiares, sociais. Todos
estes, entre outros, são potenciadores do conflito. O empreendedor vai ter muitas
situações onde vai necessitar saber actuar face a conflitos.

1.10 - Conceito actual de administração

Nos dias de hoje, a administração como a única instituição que transcende as


fronteiras de países e organizações, apresentando um significado global e mundial. A
moderna administração não se restringe aos limites ou a fronteiras nacionais. Para ela,
as fronteiras nacionais perderam a antiga relevância. O centro de nossa sociedade e de
nossa economia também não é mais a tecnologia, nem a informação, nem a
produtividade.

«O fulcro central esta na organização, a organização administrada que maneja a


tecnologia, a informação e a produtividade. A organização é a maneira pela qual
a sociedade consegue que as coisas sejam feitas. A administração é a ferramenta,
a função ou o instrumento que torna as organizações capazes de gerar resultados
e produzir desenvolvimentos».

(CHIAVENATO, 2007, p. 05)

Além disso, a administração caminha cada vez mais para ser uma ciência
universal. Ela é necessária não só para os administradores, mas para todas as áreas do
conhecimento humano e científico. Cientistas, profissionais liberais, empreendedores,
presidentes, governadores, prefeitos, políticos e todo tipo de empreendimento social
requerem conceitos de administração para alcançar objectivos. O desenvolvimento de
um país ou organização passa necessariamente pela administração. Médicos
necessitam de hospitais para cuidar da saúde. Engenheiros necessitam de empresas
para criar projectos e realizar construções.

1.10.1 - Planeamento da acção empresarial

42
As empresas não agem na base da pura improvisação, e nem querem depender da
sorte ou do acaso. Tudo nelas é cuidadosamente planejado para que possa ser feito da
melhor maneira possível. O planeamento representa a primeira função representativa,
por ser exactamente a que serve de base para as demais funções, como organização,
direcção e controlo.

«O planeamento é a função administrativa que determina antecipadamente


quais são os objectivos a ser atingidos e como se deve fazer para alcança-los da
melhor maneira possível. Trata-se, pois, de um modelo teórico para a acção futura».
(CHIAVENATO, 2007, p. 138)

No fundo, o planeamento lida com o futuro. Começa com a determinação dos


objectivos e detalha os planos necessários para atingi-los com eficiência e eficácia.

Para CHIAVENATO (2007, p. 139), «planejar significa definir os objectivos e


escolher antecipadamente o melhor curso de acção para alcança-los com o mínimo de
esforço e custo. O planeamento define onde se pretende chegar, o que deve ser feito
para tanto, quando, como e em qual sequência».

O facto de lidar com o futuro faz o planeamento um exercício de futurologia.


Não se trata de adivinhar o futuro, mas de reconhecer que, como as acções presentes
reflectem necessariamente antecipações e presunções sobre o futuro, essa antecipações
e presunções devem ser feitas explicitamente e não subjectivamente para afastar
qualquer sombra de dúvida. Trata-se de combater a mentalidade simplista tornando-a
mais reactivas às ocorrências do que proactivas em relação prováveis aos eventos em
um mundo repleto de mudanças cada vez mais rápidas é intempestivas:

Planeamento estratégico: é o planeamento mais amplo e envolvente e abrange


toda a organização como um sistema único e aberto. Suas principais características
são:

 É projectado para longo prazo: seus efeitos e consequências estendem-se por


vários anos.
43
 Envolve a empresa como uma totalidade: abrange todos os seus recursos e áreas
de actividade e preocupa-se em atingir objectivos globais da organização.
 É definido pela cúpula da organização: situa-se no nível institucional,
corresponde ao plano maior ao qual todos os demais planos estão subordinados.

«É voltado para eficácia da organização: alcançar seus objectivos globais,


apresentar resultados. Esse é o sentido da excelência organizacional».
(CHIAVENATO, 2007, p. 139)

Planeamento táctico: é o planeamento elaborado em cada departamento no nível


intermediário da organização. Cada unidade organizacional deve elaborar seu
planeamento táctico subordinado ao planeamento estratégico. Suas principais
características são:

 É projectado para o médio prazo: em geral corresponde ao exercício anual ou


fiscal da empresa, isto é 12 meses.
 Envolve cada departamento ou unidade da organização: abrange seus recursos
específicos e preocupa-se em atingir objectivos departamentais.
 É definido no nível intermediário da organização: para cada departamento ou
unidade da empresa.

«É voltado para a coordenação e integração: diz respeito as actividades


internas da organização». (CHIAVENATO, 2007, p. 139).

Planeamento operacional: é o planeamento que se refere a cada tarefa ou


actividade em particular. Suas principais características são:

 É projectado para curto prazo: para o imediato e normalmente lida com o


cotidiano e com a rotina diária, semanal ou mensal.
 Envolve cada tarefa ou actividade isolada: preocupa-se com o alcance de metas
específicas.

44
«É voltado para a eficiência: fazer bem feito e correctamente. Isso compõe a
chamada excelência operacional». (CHIAVENATO, 2007, p. 140).

Tabela 3- O Planeamento nos três níveis da Empresa

Níveis da Planeament Conteúdo Extensão Amplitude


empresa o de Tempo
Genérico e Longo Macro orientado aborda a
Institucional Estratégico sintético prazo empresa como uma totalidade

Menos Médio Aborda cada unidade da


Intermediário Táctico genérico mais prazo empresa ou cada conjunto de
detalhado recursos separadamente
Detalhado e Curto prazo Micro orientado. Aborda cada
Operacional Operacional analítico tarefa ou operação
isoladamente
Fonte: Adaptado de CHIAVENATO (2007, p. 140)

1.11 - A decisão de investir para crescer

De acordo com WALTER (2012), existe um conjunto de situações que nos levam
a tomar decisões, entre elas, a decisão de investir. O seu negócio ou projecto pode até
ser de pequenas dimensões mas, se tomar decisões acertadas, será muito mais bem-
sucedido do que se tivesse um grande negócio. Os planos de investimentos permitem a
identificação das prioridades ou melhor, permitem determinar o que é necessário
comprar e onde é necessário investir.

«Investir significa empregar capital com objectivo de gerar um determinado


rendimento no futuro, quer seja a curto, médio ou longo prazo». (WALTER, 2012,
p.42)

Na verdade o homem é por natureza um investidor, ainda que por vezes o faça de
forma desapropriada, pois o principal objectivo é procurar a todo instante a
maximização ou a remuneração do capital investido.

45
1.11.1 - Investidores

De acordo com WALTER (2012, p. 43)

«Os investidores constituem um objecto de estudo. As dificuldades e as


diversidades de mercado trazem insegurança, consequentemente, têm um ónus na
busca de ganhos rápidos por parte dos investidores, pois estes preferem a
realização imediata do negócio, e procuram evitar a todo custo possíveis riscos».

Segundo WALTER (2012) em Angola constata-se que existem muitos cidadãos


com bons salários, mas não crescem financeiramente. Deixam-se acomodar com o
emprego e o salário que têm, ao em vez de investirem numa actividade extra
profissional que lhes traga mais-valias financeiras e outros desafios pessoais.

Vacilam com medo de perder os seus dinheiros e confiam na sua carreira


profissional: vêm-na como uma carreira vitalícia. Muitos sabem mesmo criar um plano
de negócio, e sabem-no melhor do que actuais empresários. A realidade mostra-nos
ainda que milhares de cidadãos têm vontade de fazer negócio, mas em contrapartida,
esses não possuem recursos financeiros para poderem criar o seu negócio.

Regista-se assim, uma dicotomia entre os que têm capacidades para investir e
não investem e os que têm sonho em torna-se empresários e não têm capacidades de o
fazer. Então precisamos de encontrar soluções para aqueles que querem contribuir para
a satisfação das necessidades da sociedade através da oferta de um produto ou serviço.
Solução como crédito bancário bonificado para os jovens, incubadoras, padrinho de
projectos, sociedades de risco, entre outras fontes de financiamento. Por outro lado, as
instituições académicas devem programar soluções lectivas que levem os discentes a
olhar para as cadeiras de empreendedorismo como uma oportunidade a que se subjaz
uma saída profissional.

«Grande parte dos empreendedores e sobretudo angolanos, têm primado muito


pelo imediatismo. Os empreendedores querem resultados imediatos. O
imediatismo é um dos inimigos do crescimento económico de qualquer nação. Se
pensarmos em desenvolver uma economia robusta, há que se começar pela base.
Então temos que criar planos de investimento de longo prazo que sustentem essa
mesma economia. O imediatismo é a prática que promove a especulação, define-

46
se preços de forma aleatória, buscam-se rendimentos com margens acima dos
cem por cento e esquecem-se das regras de uma verdadeira economia de
mercado».

(WALTER, 2012, p. 43)

1.11.2 - As microempresas

Segundo WALTER (2012) uma microempresa é aquela que comporta desde 1 até
9 funcionários, como se evidencia no critério de classificação das empresas:

 Micro empresa possui de 1 á 9 funcionários;


 Pequena empresa possui de 10 á 99 funcionários;
 Média empresa possui de 100 á 200 funcionários;
 Grande/transnacional ou multinacional acima de 200 funcionários.

Ao empreendedor que detenha um negócio que comporta desde 1 até nove


funcionários denomina-se por micro empreendedor ou micro empresário.

O autor descreve que uma microempresa, pelas características do seu volume de


negócio anual, que é mais baixo em relação ao de uma grande empresa, tem um
sistema de pagamento de impostos diferente ao praticado às grandes empresas. Ou
seja, as microempresas podem realizar o pagamento de imposto de forma simplificada.
As microempresas devem adoptar para uma melhor identificação, denominação ou
firma com expressão micro empresa e de seguida, a sua natureza económica.

Grande parte das microempresas encerram as suas actividades em muito pouco


tempo, muitas delas nem chega a completar um ano de exercício. Mas há ainda aquelas
que contra todas as expectativas, conseguem prolongar o seu ciclo de vida,
desempenhado o seu papel na vida económica e social, gerando empregos e
satisfazendo as necessidades da sociedade.

47
1.11.3 - Factores que causam insucessos nas
microempresas

São vários os factores que contribuem para o insucesso das microempresas. Os


mercados são dinamizados pela atitude dos empreendedores, nomeadamente no que
toca a visão, o realismo e até, mesmo a crença de que a decisão tomada sobre um
determinado assunto, é a mais correcta.

«O mundo dos negócios exige não somente o raciocínio lógico, como também
uma visão abrangente que permita perceber o que é que o mercado a sua volta está a
fazer, quais são os seus programas». (WALTER, 2012, p. 44).

Alguns factores identificáveis que contribuem para o insucesso das


microempresas são:

 Falta de tecnologias.
 Falta de entusiasmo.
 Falta de crédito.
 Falta de profissionalismo e bom senso do empreendedor.

1.11.4 - Factores associados ao sucesso

Segundo WALTER (2012) afirma que, no mundo do negócio existe a


persistência, análise, coerência e crença. Tem de se trabalhar mais, tem de se redobrar
esforços para se poder atingir os objectivos. O autor acrescenta que os grandes
analistas da área nomeadamente, os economistas, os conferencistas e pessoas
visionárias, afirmam o seguinte:

«A melhor maneira de escolher um ramo para iniciar um negócio é olhar para a


própria experiencia técnica formação académica e profissional. Bons
conhecimentos profissionais dar-lhe-ão luzes sobre o negócio. O quadro actual
da economia mundial tem apontado para três grandes vectores: no plano
económico, a globalização e a consequente competição internacional, no plano
social, a regionalização, até como reposta aos efeitos da globalização económica
48
que obrigam os países a reduzirem os seus custos e a saírem do assistencialismo
e por fim no plano politico, a descentralização, pois cada região necessitada de
flexibilidade para arranjar os seus factores e torna-se competitiva».

(WALTER, 2012, p.
53)

O que pode ser feito para se ter sucesso no mundo dos negócios segundo
WALTER (2012):

 Iniciativa.
 Coragem.
 Firmeza.
 Decisão.
 Atitude de respeito humano.
 Capacidade de organização e direcção.
 Visão abrangente do mercado.
 Planificar e agir.
 Entender as razões do fracasso.
 Projectar o futuro.
 Recursos disponíveis.
 Experiência prévia.
 Disponibilidade de capital.
 Buscar apoio e ajuda de profissionais.
 Foco e concentração de programas no cliente e mercado.
 Boa concentração no negócio.
 Empreendimento próprio

1.12 - O papel do governo no desenvolvimento das


microempresas

49
Qualquer processo de desenvolvimento local deve considerar a variação cultural,
pois ela pode chegar a representar um nó estruturante em todo o processo de
desenvolvimento. Todo o processo de mudança causa inquietação e resistências nos
indivíduos que fazem parte de comunidade. A potencialidade básica de qualquer local,
região ou país está assente na sua população ou ainda amplamente no seu ambiente, a
interacção entre pessoas dentro do próprio território e a interacção com pessoas de
outras paragens.

«Apesar da importância e relevância do empreendedorismo para o


desenvolvimento económico, a visão schumpeteriana restringe o sucesso de uma
economia a um indivíduo empreendedor. Dada a complexidade do ambiente
empresarial futuro, os empreendedores deverão estar atentos a nova maneira de
fazer negócios, baseada na crescente velocidade da informação e na necessidade
de se trabalhar colectivamente com parcerias estratégicas».

(WALTER, 2012, p. 46)

Os sistemas económicos locais competitivos são o fruto de um planeamento


regional em que se busca ter aglomerações económicas chamados clusters. Clusters
são compreendidos e vistos como forte tendência para o desenvolvimento das
microempresas nas próximas décadas. Trazem competitividade, com o adicional da
componente social e comunitária.

O autor acrescenta que quando o governo investe nas microempresas consegue-se


ganhos na compra de matéria-prima, reduzem-se custos e burocracia, facilitando o
transporte e estabelecendo uma relação de confiança entre si, além de se conquistar
maior prospecção do mercado. Este modelo de trabalho integrado foi a garantia de
sucesso de regiões como o vale do Silício, nos Estados Unidos, com os circuitos
integrados de computadores e toda indústria de software, e hardware. Apesar da ideia
o agrupamento não afecta a competição entre as empresas na medida em que cria um
equilíbrio entre cooperação e competitividade.

«Uma economia só é considerada desenvolvida quando oferece opções para as


decisões estratégicas sobre estrutura de capital, por exemplo, no que respeita ao
binómio capital próprio versus capital alheio. Numa economia em

50
desenvolvimento, como não há um mercado de capitais eficiente, as opções são
limitadas, sendo a única saída o financiamento através do sistema bancário».

(WALTER, 2012, p. 47)

De acordo com o autor a economia desenvolvida permite com certeza o


surgimento de dois elementos importantes que são:

 Desenvolvimento e crescimento das empresas através do mercado de capitais;


 Investimentos na banca, na bolsa de valores, incubadoras e outros elementos.

CAP. II - OPÇÕES METODOLÓGICAS DO ESTUDO

Segundo (FREIXO, 2011, p. 280) metodologia:

«É o conjunto dos métodos e das técnicas que guiam a elaboração do processo


de investigação científica. Também secção de um relatório de investigação que
descreve os métodos e as técnicas utilizadas no quadro dessa investigação».

2.1 – Hipóteses

51
H0: Os empreendedores situados no município de Viana apresentam
características diferenciadas como necessidade de sucesso, autonomia, Criatividade,
riscos calculados e determinação.

H1: Os empreendedores situados no município de Viana não apresentam


características diferenciadas como originalidade, flexibilidade e facilidade nas
negociações, iniciativa e autoconfiança.

2.2 – Variáveis

- Independente: O perfil do empreendedor

- Dependente: Acções de empreender

2.3 – Modo de investigação

Com intuito de atender a abordagem proposta no problema optou-se por uma


investigação de natureza exploratória que segundo (GIL, 2006), essas investigações
têm como proporcionar maior familiaridade com o problema, com vista a torná-los
mais explícitos ou construir a hipótese. Pode-se dizer que estas pesquisas têm como
objectivo principal o aprimoramento de ideias ou a descoberta de intuições. Seu
planeamento é portanto, bastante flexível, de modo que possibilite a consideração dos
mais variados aspectos relativos ao facto estudado.

A abordagem utilizada foi a de estudo de caso. Segundo YIN (2001, p. 32): «o


estudo de caso é uma investigação empírica que investiga um fenómeno
contemporâneo dentro do seu contexto da vida real, especialmente quando os limites e
o fenómeno e o contexto não estão claramente definidos».

Considerando os objectivos apresentados deste estudo, acerca do delineamento


da pesquisa acredita-se que as finalidades desta pesquisa podem ser alcançadas

52
utilizando o método de estudo de caso, na qual a unidade de análise a ser estudada é o
distrito de Viana e consistirá em um estudo de caso único.

O estudo foi realizado por meio das pesquisas bibliográficas e descritiva


quantitativa. A pesquisa bibliográfica segundo RIBEIRO (2003, p.60), «(...) Explica e
discute um tema ou problema com base em referencias teóricas publicadas em livros,
revistas, periódicos, artigos científicos, etc.».

Neste trabalho objectiva-se com a pesquisa bibliográfica conhecer a opinião de


vários autores para assim aprofundar o conhecimento sobre o tema e embasar esta
pesquisa. A presente pesquisa é também descritiva quantitativa pois investiga e analisa
a existência do perfil empreendedor entre os empreendedores de Viana.

RIBEIRO (2003, p.59 e 66) afirma que a «pesquisa descritiva estuda e analisa
as características de um grupo determinado e a quantitativa usa critérios numéricos
para demonstrar sua representatividade».

Utilizou-se a amostra por acessibilidade, onde os sujeitos ao serem convidados,


ficam livres para participar ou não. O universo foi definido pelos empreendedores da
Vila sede composto por 97 pessoas. Foram considerados como elementos da amostra
os empreendedores residentes que tiveram acesso ao questionário fechado, perfazendo
um total de 43 pessoas.

2.4 – Grupo de sujeitos

Empreendedores localizados no município de Viana.

53
2.5 – Instrumentos de Investigação

O modo de investigação desta pesquisa será obtido mediante aplicação de


questionário fechado. O questionário é formado por 54 perguntas fechadas, onde se
deve responder com Concordo ou Discordo. O respondente faz 1 (um) ponto para cada
questão assinalada correctamente e 0 (zero) para as questões restantes. A quantidade
de acertos obtidos pelo respondente indica se este possui um perfil tendente ao
empreendedorismo ou não. O questionário é dividido em cinco blocos para identificar
as seguintes tendências: Necessidade de Sucesso, Autonomia, Criatividade, Assumir
riscos Calculados e Determinação.

2.6 – Processamento e tratamento dos dados

O processamento e tratamento de dados serão um componente importante pois o


estudo será feito através de estatísticas não paramétricas no Microsoft Excel e no
Microsoft Word.

CAP. III – RESULTADOS DA PESQUISA

A seguir serão apresentadas as tabelas contendo os números gerais de cada uma


das cinco categorias (tendências), distinguindo os empreendedores de Viana.
54
Tabela 4.1- Resultados do município de Viana
Resultado Menor Maior Desvio
Perfil Média Pontuaçã Amostra
Obtido Pontuação o Padrão
Necessidade de Sucesso 9 8,08 4 11 1,804756 43
Autonomia/Independênci
a 8 7,2 2 12 1,31059 43
Criatividade 8 6,34 3 10 1,999159 43
Riscos Calculados 8 7,4 2 10 1,834313 43
Determinação 8 8 4 11 1,714986 43

Gráfico 1 - Perfil do empreendedor

Fonte: Adaptado pelo Autor

Observando a tabela acima é possível ter uma visão geral dos resultados obtidos
junto aos empreendedores de Viana. A questão com menor pontuação foi a de número
29 (“Antes de tomar uma decisão gosto de ter bem claro todos os possíveis erros que
poderão me fazer perder muito tempo”), com 6 acertos (17%), relacionada à
capacidade de assumir riscos calculados. Já as questões com maior índice de acerto
foram a 3 (“Não gosto de fazer coisas inovadoras ou pouco convencionais”) e 7 (“A
pessoa é boa em algo por natureza ou não é, o esforço não muda as coisas”), com 33
acertos (94%) e relacionadas à autonomia/independência e à determinação. A seguir
será realizada a discussão sobre os resultados de cada tendência empreendedora
separadamente.

Necessidade de Sucesso

55
Com relação a este perfil o índice obtido foi de 8,08 pontos, encontrando-se
abaixo da média, que é de 9 pontos. Isto significa que nem todas as características
relacionadas a esta categoria podem ser apresentadas pelos entrevistados. Apesar da
pontuação geral, 16 dentre 43 entrevistados superaram a média. Finalmente, o desvio
padrão, indicativo da variabilidade das respostas, foi de 1,804756.

Autonomia/Independência

No que compete a este perfil, o índice obtido foi de 7, 2, estando abaixo da


média indicada, que era de 8 pontos. Logo, os empreendedores devem apresentar
poucas destas características (é tenaz e determinado, não se rende a pressão). A menor
pontuação alcançada foi 2 e maior foi a pontuação máxima, 12. Dentre as cinco
tendências avaliadas nos empreendedores esta foi a que apresentou o menor desvio
padrão (1,31059), indicando que esta tendência apresentou a maior homogeneidade de
respostas. Por fim, 25 dos 43 entrevistados alcançaram à média.

Criatividade

A pontuação geral alcançada nesta categoria foi de 6,34, a menor dentre as 5


tendências nos entrevistados, já que a média indicada é de 8 pontos. Sendo assim, é
possível afirmar que os entrevistados possuem poucas das características inerentes a
esta tendência, a exemplo da versatilidade. Apenas 10 pessoas conseguiram
pontuações acima da média, num universo de 43 entrevistados. A menor nota foi 3 e a
maior foi 10. Com relação ao desvio padrão (1,999159), constatou-se que o mesmo foi
o maior dentre todas as tendências.

Assumir Riscos Calculados/Moderados

Os entrevistados apresentam algumas das qualidades relacionadas a este perfil,


isto por que a média geral alcançada foi a de 7,4, ficando um pouco abaixo da média
indicada de 8 pontos. A maior pontuação obtida por um munícipe foi de 10 pontos e a
menor foi 2. Em meio aos 43 entrevistados 23 conseguiram chegar à média. E quanto
56
ao desvio padrão, que foi de 1,834313, pode-se constatar que foi o segundo maior
índice dentre as 5 tendências, levando em conta o número total da amostra. Tal índice
atesta alta heterogeneidade das respostas obtidas nesta fase da pesquisa.

Determinação

Das 5 tendências abordadas nesta pesquisa esta foi a única em que os


entrevistados conseguiram alcançar a média indicada de 8 pontos. Logo os
empreendedores devem possuir muitas das qualidades referentes a esta tendência,
dentre estas terem confiança em si mesmo. A menor e maior pontuação foram
respectivamente 4 e 11. Das 43 pessoas entrevistadas 28 igualaram ou superaram a
média. Por último, o desvio padrão foi de 1, 714986, número que comparado aos
demais é o segundo menor, porém ainda é um valor elevado.

CONCLUSÕES

Com a realização da presente pesquisa concluiu-se que os empreendedores do


município de Viana não possuem perfil empreendedor satisfatório. Porém estes
alcançaram um bom resultados no bloco que identifica tendência a necessidade de
57
sucesso, e um óptimo resultado no bloco que identifica à tendência a determinação
ficando nesta a maioria dos empreendedores com uma pontuação acima da média.

As cinco principais tendências empreendedoras tratadas neste trabalho que são:


Necessidade de sucesso, autonomia, criatividade, assumir riscos calculados e
determinação, são consideradas características básicas e indispensáveis ao perfil
empreendedor, assim para considerar o resultado obtido satisfatório, os entrevistados
deveriam ter obtido um bom desempenho em todos os blocos.

Porém não se pode dizer que a população pesquisada possui um perfil


empreendedor, pois os resultados obtidos na tabela 3.1 mostram que a maioria dos
entrevistados tem pouca autonomia, são pouco criativos e não gostam de correr riscos
mesmo que estes sejam mínimos. Pode-se verificar que um perfil empreendedor pode
ser desenvolvido através de educação empreendedora, ou seja, é possível ensinar a
alguém a ser empreendedor tendo o mito do “empreendedor nato” sido abandonado,
daí a importância de se verificar a tendência empreendedora da população verificando-
se a necessidade dessa matéria para a mesma.

Pode-se concluir que o problema levantado foi solucionado, pois diante da


pesquisa mostrou-se o perfil do empreendedor de Viana, quanto aos objectivo foram
todos alcançados e a hipótese foi comprovada na prática, constatando-se que
independente de os respondentes não atingirem a média, verificou-se uma tendência
diferenciada no perfil do empreendedor de Viana.

RECOMEDANÇÕES

As instituições devem buscar formas de incentivar cada vez mais o


empreendedorismo entre os universitários estudantes do ensino médio e o público em
geral. A promoção de palestras e minicursos que abordem o tema também são algumas
58
estratégias viáveis para solucionar a questão, bem como o investimento em actividades
extracurriculares como projectos de monitorias, pesquisas e/ou extensões. Estas, dentre
outras, são algumas alternativas que podem ser adoptadas pelas instituições para
fomentar o desenvolvimento de jovens profissionais empreendedores.

Finalmente, é preciso buscar as possíveis causas e soluções para o facto do índice


de empreendedorismo geral estar abaixo da média indicada. Talvez esta seja uma falha
do ensino angolano num todo, sendo necessária uma maior atenção ao estímulo do
desenvolvimento das características empreendedoras desde a formação básica dos
estudantes, processo que deve ser iniciado nas escolas. Logo se faz necessária a
realização de outros estudos como este com a finalidade de conseguir dados de maior
abrangência, que possam nortear e acompanhar o aperfeiçoamento do ensino e da
formação profissional no país.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFIAS

59
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eficiente para iniciar e tocar seu próprio negócio. São Paulo. Saraiva, 2012.
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WALTER, Vladimiro. Como atingir ao primeiro milhão – acredite no seu potencial.
Luanda: Mitelvina Carlos, 2012.

YIN, Robert K. Estudo de Caso: planeamento e métodos. 2.ed. Porto Alegre:


Bookman, 2001.
60
RIBEIRO, António Carlos. Metodologia de Pesquisa Aplicada à Contabilidade. São
Paulo: Atlas, 2003.

61
APÊNDICE

QUESTIONÁRIO
Legendas: C- Concordo; D – Discordo

C D 62
1. Não me preocuparia em ter um trabalho rotineiro, sem desafios, se o salário
fosse bom.
C D 2. Quando tenho que fixar meus próprios objectivos, prefiro que sejam mais
difíceis que fáceis.

C 3. Não gosto de fazer coisas novas ou pouco convencionais.


D

4. As pessoas competentes que não conseguem êxito, não aproveitam as


C D
oportunidades que lhes são apresentadas.
5. Raramente sonho acordado.
C D

C D 6. Costumo defender meu ponto de vista se alguém não está de acordo comigo.

C 7. A pessoa é boa em algo por natureza ou não é, o esforço não muda as coisas.
D

C 8. As vezes as pessoas consideram minhas ideias pouco usuais.


D

9. Se tivesse que gastar R$ 10,00 preferiria comprar uma rifa a jogar cartas.
C D

10. Prefiro os desafios que põe a prova minhas habilidades que as coisas que faço
D C
com facilidade.

C D 11. Preferiria ter um trabalho razoável em um trabalho seguro, que um trabalho


que pudesse perder se não tivesse um bom rendimento.

C D 12. Prefiro fazer as coisas a minha maneira sem me preocupar com o que os outros
pensam.

13. Muitos dos maus momentos pelos quais passam as pessoas se devem à má
C D
sorte.

14. Prefiro descobrir as coisas, ainda que para isso tenha que enfrentar alguns
C D
problemas.

C D 63
15. Se encontro problemas com uma tarefa, deixo-a de lado e vou fazer outra coisa.

C D 16. Quando faço planos para fazer algo, quase sempre faço o que foi planejado.

C D 17. Não gosto de mudanças repentinas em minha vida

C D 18. Assumirei riscos se as oportunidades de êxito são de êxito forem de 50%

19. Penso mais no presente e no passado que no futuro.


C D

C D 20. Se tivesse uma boa ideia para ganhar dinheiro, estaria disposto a pedir um
empréstimo que me permitisse realizá-lo

21. Quando estou em um grupo, prefiro que a outra pessoa seja a líder.
C D

22. Geralmente a gente tem o que merece


C D

C D 23. Não gosto de adivinhar

24. É mais importante fazer bem o trabalho que tentar satisfazer os outros.
C D

25. Conseguirei o que quero da vida se as pessoas que tem controlo sobre mim
C D
gostam de mim.

26. As pessoas acham que faço muitas perguntas


C D

27. Se há possibilidade de fracasso prefiro não fazer


C D

C D 28. Me incomodam pessoas que não sejam pontuais.


29. Antes de tomar uma decisão gosto de ter bem claro todos os possíveis erros que
C D
poderão me fazer perderem muito tempo.
30. Ao executar uma tarefa, raramente necessito ou quero ajuda.
C D

C D 31. O êxito não chega se não estás no lugar apropriado, no momento exacto.

64
C D 32. Prefiro ser bom em várias coisas, que muito bom em uma coisa

33. Prefiro trabalhar com uma pessoa que eu gosto, mesmo que não seja boa no
C D
trabalho, que com uma pessoa que não gosto e que é muito boa no trabalho.

C D 34. Conseguir êxito é resultado de muito trabalho, a sorte não tem nada a ver

C D 35. Refiro fazer as coisas do modo habitual, do que provar novas maneiras

36. Antes de tomar uma decisão importante, prefiro provar os prós e os contras
C D
rapidamente e não perder muito tempo pensando nisso

37. Prefiro trabalhar em tarefas como membro de uma equipa que assumir a
C D
responsabilidade sozinho.

38. Preferiria aproveitar uma oportunidade que pudesse levar a coisas ainda
C D
melhores, a ter uma experiência que desfrutaria com toda Segurança

39. Faço o que se espera de mim e sigo instruções.


C D

40. Para mim, conseguir o que quero tem pouco a ver com sorte.
C D

41. Prefiro organizar e planejar minha vida de modo que transcorra suavemente
C D

42. Quando enfrento um desafio, penso mais nas consequências de êxito que nas de
C D
Fracasso.

43. Acredito que as coisas que me ocorrem são determinadas por outras pessoas
C D

C D 44. Posso fazer muitas coisas ao mesmo tempo

45. Para mim é difícil pedir favores a outras pessoas


C D

C D 65
46. Acordo cedo, dorme tarde e pulo as refeições para poder acabar tarefas
especiais.

47. Habitualmente é melhor aquilo que estamos acostumados do que o que nos
C D
parece desconhecido.

C D 48. A maioria das pessoas pensam que sou teimoso.

49. Raramente os fracassos se devem a um mau juízo


C D

50. As vezes tenho tantas ideias que não sei qual escolher
C D

51. Consigo relaxar facilmente nas férias


C D

52. Consigo o que quero porque trabalho muito e faço ainda que demore
C D

53. Para mim é mais difícil adaptar-me as mudanças que manter-me na rotina
C D

7
54. Gosto de começar novos projectos que podem ser arriscados.
C D

 Repartição das Questões por perfil


Bloco 1-Necessidade de realização: 42,19,24,6,1,37,46,33,15,10,28,51.
Bloco 2 – Autonomia/ Independência:30,39,3,21,48.
Bloco 3 – Criatividade: 35,5,33,26,17,8,50,44,23,32,41,14.
Bloco 4 – Riscos calculados: 9,36,45,2,11,27,47,54,20,18,38,29.
Bloco 5 – Impulso e Determinação: 4,13,22,31,40,49,7,16,25,34,43,52.

7
As questões foram formuladas de acordo com o TGE (Tendência geral empreendedora) criada pela
Universidade Durham de Londres. A pontuação vai de 1 a 12 pontos levando em conta 5 tendências para o perfil
de empreendedor: Necessidade de realização, autonomia/independência, Criatividade, Riscos calculados e
determinação.
66
67

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