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Física nuclear

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Física Nuclear é a área da física que estuda os constituintes e interações dos núcleos atômicos. As aplicações
mais conhecidas da física nuclear são a geração de energia nuclear e tecnologia de armas nucleares, mas a
investigação tem proporcionado aplicação em muitos campos, incluindo aqueles em medicina nuclear e
ressonância magnética, implantação de íons em engenharia de materiais, e datação por radiocarbono em
geologia e arqueologia.

O campo da física de partículas evoluiu a partir da física nuclear e, normalmente, é ensinado em estreita
associação com a física nuclear.

Índice
História
Descoberta do elétron
Descoberta do próton
Descoberta do nêutron
Propriedades
Visão geral
Modelos nucleares
Glossário
Terminologia
Símbolos e equações
Referências
Bibliografia

História

Descoberta do elétron

A história da física nuclear como uma disciplina distinta da física atômica começa com a descoberta da
radioatividade por Henri Becquerel em 1896,[1] enquanto investigava fosforescência em sais de urânio.[2] A
descoberta do electrão por J. J. Thomson um ano mais tarde, foi uma indicação de que o átomo tinha estrutura
interna. Na virada do século XX, o modelo aceito do átomo era o modelo de pudim de ameixas de J. J.
Thomson de que o átomo era uma grande bola carregada positivamente com pequenos elétrons carregados
negativamente embutidos dentro dele. Na virada do século, os físicos também tinham descoberto três tipos de
radiação que emana de átomos, que deram o nome de alfa, beta e radiação gama.
Esta área da ciência teve início a partir da evolução do conceito
científico a cerca da estrutura atômica, pois até meados do século
XIX acreditava-se que os átomos eram esferas maciças
indestrutíveis e indivisíveis. Esses conceitos estavam de acordo
com a teoria atômica de John Dalton.

Descoberta do próton

O início do século XX foi marcado por diversas e incríveis


descobertas. Por isso, não se sabe ao certo quem descobriu o
próton. A descoberta é geralmente atribuída a Rutherford, que foi
também quem deu esse nome ao então conhecido núcleo do
átomo de hidrogênio. Em 1919, Rutherford e seus colaboradores
realizaram o sonho dos alquimistas e conseguiram
experimentalmente, pela primeira vez na história, transmutar um
elemento em outro.[3]
Henri Becquerel
O experimento consistia em bombardear o gás nitrogênio com
partículas alfa altamente energizadas. Como resultado, alguns
núcleos de hidrogênio eram detectados, e Rutherford estava certo
que eles somente poderiam ser provenientes dos núcleos dos
átomos de nitrogênio. Nesse processo, o que ocorreu é que o
nitrogênio era transmutado em oxigênio, através de uma reação
nuclear.Então, o núcleo do nitrogênio continha núcleos de
hidrogênio! Como o hidrogênio era o elemento de menor massa,
Rutherford concluiu que se tratava de uma partícula elementar
dos núcleos de todos os átomos: o núcleo atômico possui uma
estrutura, é formado por prótons!
Rutherford na Universidade McGill em
Entretanto, duas questões importantíssimas estavam em aberto: 1905

1. O número de prótons em um núcleo é insuficiente para


justificar sua massa. De onde viria o restante da massa?

2. Cargas de sinais opostos se atraem. Cargas de mesmo sinal se repelem. Como é possível os prótons ficarem
juntos em um espaço tão pequeno como o núcleo? De acordo com a Lei de Coulomb, a força de repulsão seria
descomunal.

Descoberta do nêutron

Quando Rutherford descobriu que o número de prótons em um núcleo suficientes para justificar sua carga não
era suficiente para justificar sua massa, imediatamente sugeriu a existência de outras partículas, eletricamente
neutras, no núcleo.

Rutherford atribuiu a seu aluno James Chadwick (1891 – 1974) a tarefa de descobrir essa partícula. Em 1932
(13 anos depois da descoberta do próton), Chadwick finalmente conseguiu detectar o nêutron através do
seguinte experimento:

Em 1930, descobriu-se que bombardeando berílio com radiação alfa, era emitida outra radiação extremamente
penetrante e sem carga elétrica, semelhante à radiação gama. Posteriormente, foi descoberto que incidindo esse
novo tipo de radiação em uma substância rica em hidrogênio (como a parafina), prótons eram emitidos.[3]
Em 1932, Chadwick, com seus estudos quantitativos desse e de
outros experimentos, concluiu que a radiação emitida pelo Berílio
era na verdade um feixe de partículas neutras com massa quase
igual à do próton: Chadwick havia descoberto o nêutron. Por
essa descoberta, recebeu o prêmio Nobel de Física em 1935.[4]

Propriedades
Para extrair um elétron de um átomo, é necessária uma certa
quantidade de energia. Da mesma forma, cada núcleo (próton ou
nêutron) necessita também de grande quantidade de energia, que
é da ordem de milhões de vezes. Por esse motivo, a física nuclear
é denominada física de alta energia.[3]

A física nuclear tem como objeto de estudo o núcleo atômico e


suas propriedades. Os núcleos possuem propriedades que podem
ser classificadas como estáticas (carga, tamanho, forma, massa,
James Chadwick
energia de ligação, spin, paridade, momentos eletromagnéticos,
etc.) e dinâmicas (radioatividade, estados excitados, reações
nucleares, etc.)

Estas propriedades são analisadas através de modelos nucleares que são baseados na mecânica quântica,
relatividade e teoria quântica de campos. A descoberta de que os nucleons (protons e neutrons) são na
realidade sistemas compostos, redirecionou o interesse dos físicos nucleares para a investigação dos graus de
liberdade de quarks e, com isto, atualmente os domínios da pesquisa da física nuclear e da física de partículas
se tornaram interligados.[3]

Observações

O modelo de Rutherford, aliado à descoberta do próton, nêutron e elétron, permitiu o entendimento e a


classificação das substâncias através de dois números:

- Número atômico Z: é o número de prótons de um átomo;

- Número de massa A: é o número de prótons + o número de nêutrons de um átomo.

Além da carga q do elemento, no caso de ser um íon.

Hoje, representa-se um átomo ou íon através da seguinte notação:

Visão geral
É agora sabido que o núcleo atômico é composto de prótons e nêutrons conhecidos como núcleos. O número
de prótons e nêutrons no núcleo é o seu número de massa (A) e o número de prótons é o seu número atômico
(Z).[5] O núcleo de símbolo químico X é unicamente designado por:

O núcleo atômico possui algumas propriedades de interesse:


Tamanho do núcleo: Em geral os núcleos atômicos possuem forma esférica com o raio dado,
aproximadamente, por:

onde

Carga – A distribuição da carga eléctrica dentro do núcleo é a mesma que a distribuição da


massa nuclear. Resultados experimentais sugerem que ´´o raio eléctrico do núcleo´´ e ´´núcleo
da matéria nuclear´´ são aproximadamente iguais.
Spin nuclear: para cada momento angular orbital do núcleo l e

spin s combinam para formar o momento angular total j. O momento angular total do núcleo I é, portanto, o
vetor soma dos momentos angulares do núcleo:

í
tal que
á

Momento angular: O momento angular I possui todas as propriedades usuais do vector


momento angular da Mecânica Quântica:

O momento angular total I é usualmente referido como spin

nuclear e o correspondente número quântico de spin l é usado para descrever estados nucleares.

Estabilidade nuclear é relacionada ao número de núcleos que constituem o núcleo. Núcleos estáveis apenas
ocorrem numa banda estreita no plano Z-N.

Todos os outros núcleos são instáveis e desintegram-se espontaneamente em vários modos.

Existem três modelos de núcleos atômicos: o Modelo da gota líquida, o Modelo do gás de fermi e o Modelo de
camada. Cada modelo explica certas observações da propriedade nuclear. Nenhum modelo único explica todas
as observações.[5]

Modelos nucleares
Existem dois tipos básicos de modelos nucleares simples. Corpo colectivo sem estados de partículas
individuais. A gota de líquido. Modelo que é a base da fórmula semi-empírica de massa. Modelo de partícula
individual com o núcleo em estados de energia discretos, por exemplo o gás de Fermi ou modelo de
camadas/capas (concha).

Glossário

Terminologia

1 . Terminologia Nuclear: Existem diversos termos usados no campo da Física Nuclear que se deve
compreender:
a. Nucleão ou Núcleo: Neutrões (Nêutrons) e protões (prótons) são encontrados no núcleo dum átomo e por
essa razão são chamados colectivamente de nucleões. Um nucleão é definido como sendo uma partícula
constituinte do núcleo, tanto um neutrão ou um protão;

b. Nuclídeo – Uma espécie de átomo caracterizada pela constituição do seu núcleo, o qual é especificado pelo
sua massa atómica e o seu número atómico (Z), ou pelo seu número de protões (Z), número de neutrões (N), e
conteúdo de energia. Uma listagem de todos os nuclídeos pode ser encontrada no ´´gráfico dos nuclídeos´´ a
qual será apresentada numa lição mais tarde;

c. Isótopos – Isótopos são definidos como nuclídeos que têm o mesmo número de protões mas diferentes
números de neutrões. Portanto, quaisquer nuclídeos que têm o mesmo número atómico (isto é, o mesmo
elemento) massa diferentes números de massa são isótopos. Por exemplo, hidrogénio possui três isótopos,
conhecidos como, Prótio, Deutério, Trítio. Dado que hidrogénio possui um protão, qualquer átomo de
hidrogénio terá número atómico igual a 1. Contudo, números de massa atómica dos três isótopos são
diferentes. Prótio (H – 1) tem número de massa 1 (um protão, sem neutrões), Deutério (D ou H – 2) tem o
número de massa igual a 2 (1 protão, 1 neutrão), e Trítio (T, H – 3) tem número de massa 3 (1 protão, 2
neutrões).

2. Defeito de massa e energia de ligação: A massa do átomo provém quase inteiramente do núcleo. Se o
núcleo pudesse ser decomposto em suas partes constituintes, isto é, protões e neutrões, poderia se concluir que
a massa total do átomo é menor do que a soma das massas dos protões e neutrões individuais. Esta diferença
na massa é conhecida como de feito de massa , calculada para cada nuclídeo, usando a seguinte equação:

Onde é o defeito de massa;

= número atómico;

= massa do protão (1.00728 uma);

= massa do neutrão (1,00867 uma);

= massa do electrão (0,000548 uma);

= número de massa;

= massa atómica (a partir do gráfico dos nuclídeos);

= massa do átomo de hidrogénio.

3. Energia de ligação: energia de ligação é a energia equivalente do defeito de massa, 1 uma = 931,478 MeV.

4. Energia de ligação por nucleão: Se a energia de ligação total do núcleo é dividida pelo número total de
nucleões no núcleo, obtém-se a energia de ligação por nucleão. Esta representa a energia média que deve ser
fornecida de modo a remover um nucleão a partir do núcleo.

5. Radioatividade (decaimento radioativo): a decomposição espontânea do núcleo para formar um núcleo


diferente.

6. Marcação de data a partir de Radiocarbono (Obtenção de data a partir do Carbono – 14): um método para a
marcação da idade madeira antiga ou roupa antiga na base do decaimento radioativo do nuclídeo C – 14.
7. Traçador radioativo – um nuclídeo radioativo, introduzido no organismo para propósitos de diagnóstico,
cuja trajetória pode ser seguida através do monitoramento da sua radioatividade.

8. A parte principal do reator – é a parte do reator nuclear onde ocorrem as reações de fissão nuclear.

9. REM (roentgen equivalent for man - equivalente Roentgen para o Homem) – uma unidade de dosagem de
radiação que inclui ambos a energia da dose e a sua efetividade em causar danos biológicos.

10. Ressonância – uma condição que ocorre quando mais de uma estrutura válida de Lewis pode ser escrita
para uma molécula particular. A estrutura electrónica verdadeira é representada, não por qualquer uma das
estruturas de Lewis, mas pela média de todos eles.

11. Fissão nuclear : a cisão ou divisão de núcleos pesados em pelo menos dois núcleos pequenos,
acompanhado da libertação de energia é chamado de fissão nuclear.

12. Fusão nuclear – fusão é a reação entre núcleos que pode ser uma fonte de energia. Fusão é o ato de
combinar ou ´´fundir´´ dois ou mais núcleos atómicos. Assim, a fusão constrói átomos. Fusão ocorre de foma
natural no Sol e é a fonte da sua energia.

Símbolos e equações
Grandeza Símbolo Equação Unidades SI Dimensão
N = Número de átomos
restantes no tempo t

N0 = Número inicial
Número de de átomos no
adimensional adimensional
átomos momento t
ND = Número de
átomos decaídos no
momento t

Taxa de
decaimento,
A Bq = Hz = s−1 [T]−1
atividade do
radioisótopo
Constante de
λ Bq = Hz = s−1 [T]−1
decaimento
Tempo necessário para metade
do número de átomos
presentes ao decaimento
Meia-vida de um
t1/2, T1/2 s [T]
radioisótopo

Número de
n (nenhum símbolo padrão) adimensional adimensional
meias-vidas
Radioisótopo
tempo
constante,
tempo de vida τ (nenhum símbolo padrão) s [T]
médio de um
átomo antes do
decaimento
Dose absorvida,
dose total
ionizante
(energia total da D só pode ser encontrado Sv = J kg−1
N/A [L]2[T]−2
radiação experimentalmente (Sievert)
transferida para
unidade de
massa)

Dose
Q = fator de qualidade da Sv = J kg−1
H [L]2[T]−2
equivalente (Sievert)
radiação (adimensional)

Dose eficaz E Sv = J kg−1 [L]2[T]−2


(Sievert)

Wj = fatores de
ponderação
correspondentes a
radiossensibilidade da
matéria (adimensional)
Situação física Nomenclatura Equações

A = (Relativa) de massa atômica


= Número de massa = Número de
Número de prótons e nêutrons
massa N = Número de nêutrons
Z = Número atômico = número de
prótons = número de elétrons

M'nuc = Massa do núcleo, núcleos


compelidos
MΣ = Soma das massas de
Massa no núcleo núcleos isolados
mp = Massa de repouso do próton
mn = Massa de repouso de
nêutrons

portanto, (aproximadamente)
Raio nuclear r0 ≈ 1.2 fm o volume nuclear ∝ A
superfície nuclear ∝ A2/3

Parâmetros adimensionais para


experimentação:
EB = Energia de ligação,
av = coeficiente de volume
Energia de nuclear, onde (devido ao emparelhamento dos
ligação nuclear,
as = coeficiente de superfície núcleos)
parâmetro
nuclear, δ(N, Z) = +1 pár N , pár Z,
empírico
ac = coeficiente de interação δ(N, Z) = −1 ímpar N , ímpar Z,
eletrostática, δ(N, Z) = 0 ímpar A
aa = simetria / assimetria para os
números de nêutrons / prótons,

Referências
1. B. R. Martin (2006). Nuclear and Particle Physics (http://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k30780/f42
2.chemindefer) (em inglês). [S.l.]: John Wiley & Sons, Ltd. ISBN 0-470-01999-9. Consultado em
5 de junho de 2013
2. Becquerel, Henri (1896). «Sur les radiations émises par phosphorescence» (http://gallica.bnf.fr/
ark:/12148/bpt6k30780/f422.chemindefer). Comptes Rendus (em francês). 122: 420–421.
Consultado em 5 de junho de 2013
3. Moisés André Nisenbaum (2013). Estrutura Atômica (http://web.ccead.puc-rio.br/condigital/mvs
l/Sala%20de%20Leitura/conteudos/SL_estrutura_atomica.pdf) (PDF). 1 1 ed. [S.l.: s.n.]
61 páginas
4. «The Nobel Prize in Physics 1935» (https://www.nobelprize.org/prizes/physics/1935/summary/)
(em inglês). Nobel Media. Consultado em 8 de maio de 2019
5. «Telahun Tesfaye» (http://oer.avu.org/bitstream/handle/123456789/162/Fisica%20Nuclear.pdf?
sequence=1,) (PDF), Dr. FÍSICA NUCLEAR. 128 págs. 14 de agosto de 2013.

Bibliografia
Nuclear Physics by Irving Kaplan 2nd edition, 1962 Addison-Wesley
General Chemistry by Linus Pauling 1970 Dover Pub. ISBN 0-486-65622-5
Introductory Nuclear Physics by Kenneth S. Krane Pub. Wiley
N.D. Cook (2010). Models of the Atomic Nucleus (https://web.archive.org/web/2012042208562
6/http://www.springer.com/physics/particle+and+nuclear+physics/book/978-3-642-14736-4)
(em inglês) 2ª ed. [S.l.]: Springer. p. xvi & 324. ISBN 978-3-642-14736-4. Arquivado do original
(http://www.springer.com/physics/particle+and+nuclear+physics/book/978-3-642-14736-4) em
22 de abril de 2012
Ahmad, D.Sc., Ishfaq; American Institute of Physics (1996). Physics of particles and nuclei (em
inglês). 27 3ª ed. Universidade da Califórnia: American Institute of Physics Press

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