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2020

Primeiro ensaio da quarentena:


Resumo e Opinião

Caio Nascimento

17/10/2020
Primeiro Ensaio da Quarentena aborda a situação da
humanidade diante da pandemia , pela visão do autor Márcio
Tavares do Amaral que contempla as questões filosóficas e até
mesmo socioeconômicas que envolvem a situação provocada
pelo vírus COVID-19.
O ensaio aborda como a iminência da morte causou mudanças
de hábitos , antes meramente comuns, em rituais com regras e
importância sem precedentes. Dentro dessas mudanças
podemos começar pelo distanciamento social , que apesar de
sempre ter estado presente quando nos prendemos em nossos
telefones, serviu como metáfora para outros tipos de
distanciamentos como o familiar por exemplo, o uso de
máscaras é outro fato citado e nele temos a perda de parte das
expressões faciais e nos tornamos mais ordinários uns pros
outros no nosso dia a dia , o desaparecimento das digitais pelo
uso de luvas completa essa sequência de medidas de preventivas
em tempos onde a vida se encontra ameaçada não apenas no
senso comum da idade avançada, doenças sem cura , acidentes
ou violência porém uma morte natural e que é capaz de atingir
em todas as idades.
Essa morte que um dia serviu para potencializar a vida se torna
agora uma limitadora da liberdade e do desejo de aproveitar o
presente visando o futuro, dessa forma todos nós tomamos
cuidado e vemos o vírus de várias formas em todos os lugares
para evitar que ele nos atinja.
A natureza trouxe o vírus e se tornou presente em nossas vidas
depois de tanto tempo buscando métodos para afastá-la , até
mesmo historicamente falando, e esses também se enquadram
nos motivos que levam ao desamparo pelo qual estamos sendo
afligidos durante a quarentena, onde temos nossa mortalidade
contestada em seu ápice e nosso domínio sobre o natural
desejado durante anos completamente arruinado.
Sêneca filósofo estoico, sendo o estoicismo uma parte da
filosofia que se importava mais com a vida e não pela eterna
busca da verdade, propôs o entendimento da morte pelo tempo
de duas formas pelo passado e pelo futuro no qual em um estava
a morte pois havia desaparecido e no outro porque a ainda não
havia chegado respectivamente.
Nesse ponto percebemos que somos constantemente movidos
pela certeza do passado e a esperança do futuro e desse modo a
quarentena acaba nos ferindo profundamente, pois não entrega
o futuro pelo qual tanto aguardamos e planejamos a frase que
pessoalmente mais me comove “ Todo dia é domingo”.
Carpe Diem dentro do estoicismo trabalha com a ideia de que
todo tempo é agora e talvez com o fim da pandemia vejamos o
tempo sob uma nova perspectiva de forma que possamos
aproveitar sua magnitude e a valorizando , enquanto isso o vírus
tem o seu tempo natural e cego com a natureza sendo dona do
tempo e nos deixando com a sensação de impotência que tanto
nos ofende e causa feridas.
Sair de casa sempre foi algo comumente divertido ir brincar com
os amigos, ir à festas, shows lotados entre tantas outras
atividades que preencheram nossas agendas de fins de semana
agora se tornando um ritual metódico e de certa forma
paranóico, com o vírus em todos lugares ao mesmo tempo e essa
noção nos protege junto com nossos totens o álcool em gel ,
nossas máscaras e arma menos secreta , que por mim eu já era
um grande admirador desde a infância , que é lavar as mãos
nada nunca se tornou tão importante da noite pro dia quanto a
higienização de nossas mãos. A todo momento estamos lutando
contra uma morte invisível e imprevisível que torna todo cuidado
uma obrigação e faz sair de casa uma guerra diária não só por
nós mesmos mas também para aqueles mais sensíveis.
O mundo globalizado e diminuição do espaço-tempo pelo avanço
das tecnologias e dos transportes possibilitou com que o vírus se
espalha-se de forma rápida e incontrolável, de forma que nem as
medidas mais eficazes de distanciamento social foram capazes
de conter sua jornada desde de início na China.
A globalização promete uma Pangeia sem mobilidade tectônica
uma Pangeia virtual regida pelo mercado e o consumo , e ao
globalizar o mundo a humanidade globalizou a natureza a
transformando cada vez mais em um comoditie, nome dado a
matéria prima de exportação , tornando o mundo humano e não
natural por meio da tecnologia e da cultura.
Cada vez mais a natureza vem perdendo seu ser próprio, pois é
dominada, conhecida , violentada e posta a serviço e assim ela
responde, não intencionalmente, as ações humanas de forma
neutra e objetiva. Porém para as catástrofes conseguimos
estabelecer previsões e assim formas de amenizar toda a
grandeza da natureza com o que temos de apoio científico.
O vírus é seletivo e atua onde as condições socioeconômicas são
mais precárias e nesses casos de desespero e miséria vemos
regiões onde o poder paralelo tem grande atuação ditar toques
de recolher enquanto cemitérios entram em colapso assim como
o sistema de saúde, contudo como adeptos do modelo
capitalista temos responsabilidade por essas desigualdades
terem sido perpetuadas .
A ciência nessa situação se torna a grande esperança da
humanidade de forma que a paciência é trocada pela eficiência
sendo que agora o seu objetivo é acelerar a salvação de vidas ,
para isso foi necessário uma situação-limite em que a linha entre
vida e morte é tão tênue que nos fez lembrar que a ciência é um
empreendimento humano e que serve a humanidade.
Sobre a pandemia posso dizer que nunca na minha vida havia
pensado em presenciar algo do tipo, mesmo várias vezes
desejando um ano sabático , porém fico impressionado em
quantos assuntos e reflexões fora trazidos à tona por esse
evento sejam eles internos, referentes aos nossos maiores
temores e defeitos, ou externos, como questões
socioeconômicas expostas de forma crua e sem cortes pelos
meios de comunicação além das estatísticas.
A aula presencial tão massacrada e evitada pelos estudantes teve
a sua tão sonhada redenção quando o ensino remoto se
apoderou das atividades didáticas. Ver um número gigantesco de
pessoas clamando para o retorno do “desconforto “das salas de
aula acredito que tenha sido um dos momentos mais
emblemáticos de toda a quarentena e situação pandêmica.
As relações familiares também foram colocadas à prova, pois
trancafiados em nossos lares tivemos de usufruir da companhia
de nossos familiares em seu ápice sem aquela ida à festas, bares
ou restaurantes para encontrar amigos e curtir alguma forma de
distração da rotina familiar da qual tanto buscamos manter em
equilíbrio com nossas vidas sociais.
Se manter motivado para retomar a vida também foi um fator
que enfrentei e que acredito que outros indivíduos também
vieram a compartilhar. Por que sabemos o quanto é difícil para
nós ter nossos planos interrompidos e assim foi preciso se
reinventar e remontar tudo o que havia sido planejado, no meu
caso o ano de calouro foi completamente alterado , e dar mais
importância a segurança, bem estar e equilíbrio emocional além
de valorizar o cotidiano nas suas maiores imperfeições , pois
vimos o quanto ele faz falta e do quanto precisamos dele em
nossas vidas para que não nos sintamos sozinhos.

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