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E.M.E.F. Cel.

Alberto Rosa
Disciplina: Língua portuguesa
Professor: Márcio Pereira Corrêa
Turma: A9A

1 Diálogo com o leitor


A crônica a seguir foi escrita há mais de um século para o jornal Carioca O país. Qual será a opinião de um
cronista, que viveu a virado do século XX, sobre a ortografia da língua portuguesa.

Texto
3 de agosto de 1907
Tenho diante dos olhos uma carta em que me perguntam o que penso da questão ortográfica. Não sei por
que não me perguntam o que penso também do último eclipse do sol ou da candidatura do general Taft à
presidência dos Estados Unidos!
Tenho medo que me pelo das questões gramaticais, e é por isso que passo de largo quando brigam dois
gramáticos. Se brigam três, não saio de casa.
Aqui há tempos, o Dr. Fausto Maldonado publicou em Carangola uma interessante brochura intitulada
Ortografia portuguesa e mandou-me um exemplar, acompanhado de uma carta, dizendo-me que no prefácio da
2º edição responderia à minha crítica. Tanto bastou para que eu não escrevesse nada sobre o livrinho, que, aliás,
me proporcionou algumas horas de prazer intelectual. Nada! Com gramáticos não quero eu brigas!
Nunca me hei de esquecer da célebre questão "faz - fazem", que, há uns trinta anos,
ou mais, se agitou no Maranhão, a terra em que os gramáticos mais proliferam.
Lembrou-se alguém de perguntar: Como se deve dizer: "fazem hoje dois anos" ou "faz
hoje dois anos"?
Apareceram vinte respostas contraditórias: uns opinavam por "fazem", outros por
"faz"; estes afirmavam que se podiam empregar ambas as formas; aqueles opinavam que
nenhuma delas era correta.
Essa diversidade de opiniões deu lugar a uma discussão que durou longos meses. A
princípio, nenhum dos contendores saiu do terreno da urbanidade e da boa educação, mas
não tardaram as invectivas, os doestos e, finalmente, as injúrias.
Imaginem se tratasse de uma questão [...] como a da reforma ortográfica!
[...] Entretanto, reconhecendo embora a conveniência de simplificar e uniformizar a
ortografia portuguesa, não faço, pessoalmente, questão de sistema. Desde que eu
entenda o que está grafado, e haja boa sintaxe, o resto pouco me importa — tanto me faz
o "f' como o "ph".
A simplificação ortográfica obedece a uma lei fatal da natureza, a lei do menor
esforço, que tende a simplificar todas as coisas; tempo virá em que, quer queiram, quer
não queiram, todas as palavras serão representadas pelo menor número possível de letras
e sinais.
A. A.
Artur Azevedo. Artur Azevedo. São Paulo: Global, 20U. p. 325-326 (Coleção Melhores Crónicas).
Texto em estudo

1) As hipóteses que você levantou sobre a opinião do cronista em relação à ortografia da língua portuguesa
se confirmaram? Explique.____________________________________________________________________
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3) Sobre o primeiro parágrafo, responda:

a) Qual é o sentimento expresso pelo cronista acerca do conteúdo da carta?_____________________________


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b) Como é possível identificar esse sentimento?____________________________________________________


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4) Releia o terceiro parágrafo e, depois, responda às questões.

a) Em geral, com que intenção um autor ou uma editora enviam um livro recém-publicado para um cronista?__
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b) Por que o cronista teve receio de escrever uma crítica à obra recebida?_______________________________
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5) Releia este trecho:

Lembrou-se alguém de perguntar: Como se deve dizer: "fazem hoje dois anos" ou "faz hoje
dois anos"?

• De acordo com a expressão em destaque, o cronista acha o debate sobre esse assunto necessário?_________
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6) A crônica de Artur Azevedo faz referência ao público leitor.

a) Que classes gramaticais marcam o uso da primeira pessoa na crônica?________________________________


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b) A referência ao leitor no texto fica evidente em que forma verbal?___________________________________


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Páginas 44 e 45

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