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HABILIDADES:
EF89LP37: Analisar os efeitos de sentido do uso de figuras de
linguagem como ironia, eufemismo, antítese, aliteração, assonância,
dentre outras.
EF69LP13: Engajar-se e contribuir com a busca de conclusões comuns
relativas a problemas, temas ou questões polêmicas de interesse da
turma e/ou de relevância social.
EF69LP44: Inferir a presença de valores sociais, culturais e humanos e
de diferentes visões de mundo, em textos literários, reconhecendo
nesses textos formas de estabelecer múltiplos olhares sobre as
identidades, sociedades e culturas e considerando a autoria e o contexto
social e histórico.
Leia.
3 de agosto de 1907
Tenho diante dos olhos uma carta em que me perguntam o que penso
da questão ortográfica. Não sei por que não me perguntam o que penso
também do último eclipse do sol ou da candidatura do general Taft à
presidência dos Estados Unidos!
Tenho medo que me pelo das questões gramaticais, e é por isso que
passo de largo quando brigam dois gramáticos. Se brigam três, não saio de
casa.
Aqui há tempos, o Dr. Fausto Maldonado publicou em Carangola uma
interessante brochura intitulada Ortografia portuguesa e mandou-me um
exemplar, acompanhado de uma carta, dizendo-me que no prefácio da 2º
edição responderia à minha crítica. Tanto bastou para que eu não escrevesse
nada sobre o livrinho, que, aliás, me proporcionou algumas horas de prazer
intelectual. Nada! Com gramáticos não quero eu brigas!
Nunca me hei de esquecer da célebre questão "faz - fazem", que, há uns
trinta anos, ou mais, se agitou no Maranhão, a terra em que os gramáticos
mais proliferam.
Lembrou-se alguém de perguntar: Como se deve dizer: "fazem hoje dois
anos" ou "faz hoje dois anos"?
Apareceram vinte respostas contraditórias: uns opinavam por "fazem",
outros por
"faz"; estes afirmavam que se podiam empregar ambas as formas;
aqueles opinavam que nenhuma delas era correta.
Essa diversidade de opiniões deu lugar a uma discussão que durou
longos meses. A princípio, nenhum dos contendores saiu do terreno da
urbanidade e da boa educação, mas não tardaram as invectivas, os doestos e,
finalmente, as injúrias.
Imaginem se tratasse de uma questão [...] como a da reforma
ortográfica!
[...] Entretanto, reconhecendo embora a conveniência de simplificar e
uniformizar a ortografia portuguesa, não faço, pessoalmente, questão de
sistema. Desde que eu entenda o que está grafado, e haja boa sintaxe, o resto
pouco me importa — tanto me faz o "f' como o "ph".
A simplificação ortográfica obedece a uma lei fatal da natureza, a lei do
menor esforço, que tende a simplificar todas as coisas; tempo virá em que,
quer queiram, quer não queiram, todas as palavras serão representadas pelo
menor número possível de letras e sinais.
A. A.
Artur Azevedo. Artur Azevedo. São Paulo: Global, 20U. p. 325-326 (Coleção
Melhores Crónicas).
b) Por que o cronista teve receio de escrever uma crítica à obra recebida?
Lembrou-se alguém de perguntar: Como se deve dizer: "fazem hoje dois anos"
ou "faz hoje dois anos"?
b. No trecho, “Se brigam três, não saio de casa”, por que se pode dizer que há
um exagero?
PROPOSTA
3- Faça uma lista com as principais ideias que você gostaria de explorar para
produzir a crônica e obter um efeito de posicionamento em seu texto.