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Dislexia
Avaliação e Intervenção
Octávio Moura
www.dislexia-pt.com
octaviomoura@portalpsi.net
2009
Dificuldades Específicas de Aprendizagem
BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:
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As crianças reconhecem globalmente As crianças adquirem o conhecimento das Reconhecimento de palavras é feito de forma
algumas palavras utilizando a sua correspondências grafema-fonema e directa, pois a prática da leitura permite à
configuração global ou alguns indicadores consciência fonémica. Para isso tem de criança reconhecer imediatamente os
gráficos mais salientes. aprender as letras, aprender a segmentar padrões ortográficos da sua própria língua.
palavras, a aplicar as correspondências letra- Inicialmente aplica-se apenas à leitura para
Enquanto que a leitura desta etapa se som e a combinar os sons para produzir posteriormente se generalizar à escrita.
caracteriza por estas estratégias palavras.
logográficas, a escrita caracteriza-se por 2
fases: começa por ser simbólica e só depois As estratégias alfabéticas começam
é que utiliza as estratégias logográficas. inicialmente por se aplicar apenas à escrita,
continuando a predominância das estratégias
logográficas na leitura. Numa segunda fase
estas estratégias passam a ser utilizadas
tanto na escrita como na leitura.
1 Bibliografia:
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A dislexia tem sido, muitas vezes, erradamente interpretada como um sinal de baixa capacidade
intelectual. Pelo contrário, muitos disléxicos conseguem, em certas áreas, um desempenho superior à
média. No nosso sistema de ensino, as competências de leitura e escrita são considerados requisitos
fundamentais para a obtenção de conhecimento, assim, uma criança que leia e escreva mal torna-se
rapidamente deficitária em todas as restantes matérias e disciplinas. Pode-se então definir dislexia
como:
A Federação Mundial de Neurologia (1968) define-a como uma perturbação que se manifesta
pela dificuldade na aprendizagem da leitura, apesar de uma educação convencional, uma
adequada inteligência e oportunidades sócio-culturais.
PROCESSAMENTO FONOLÓGICO
- Consciência Fonológica
Estádios de Desenvolvimento da Consciência Fonológica
- Codificação Fonológica
- Recuperação dos Códigos Fonológicos
NA INFÂNCIA:
Atraso na aquisição da linguagem. Começou a dizer as primeiras palavras mais tarde do que o
habitual e a construir frases mais tardiamente.
Apresentou problemas de linguagem durante o seu desenvolvimento, dificuldades em
pronunciar determinados sons, linguagem ‘abebezada’ para além do tempo normal.
Revelou dificuldades em construir frases lógicas e com sentido.
Apresentou dificuldades em memorizar e acompanhar canções infantis e a rima das lenga-
lengas.
Dificuldade em se aperceber que os sons das palavras podem dividir-se em bocados mais
pequenos.
Confusão entre a direita e a esquerda, etc...
NA IDADE ESCOLAR:
Dificuldade em compreender que as palavras se podem segmentar em sílabas e fonemas.
Lentidão na aprendizagem dos mecanismos da leitura e escrita.
A velocidade da leitura é inadequada para a idade, muitas vezes silábica e por soletração
(após o primeiro ano).
Bastantes dificuldades na leitura, com a presença constante de erros, inventando palavras ao
ler um texto.
A escrita surge com muitos erros ortográficos e a qualidade da caligrafia é bastante deficiente.
Dificuldade na leitura de pseudopalavras (ex: modigo; catapo; manfasa, etc.).
Dificuldades na compreensão de textos escritos. Boa compreensão quando as histórias lhe são
lidas.
Dificuldades em seguir e realizar correctamente determinadas ordens ou instruções mais
complexas que envolvam várias tarefas diferentes a serem executados sequencialmente.
Demora demasiado tempo na realização dos trabalhos de casa (uma hora de trabalho rende 10
minutos), necessitando do apoio de terceiros para a sua realização.
Distrai-se com bastante facilidade perante qualquer estímulo, parecendo que está a "sonhar
acordado". Curtos períodos de atenção quando está a ler ou a escrever, cansando-se muito
rapidamente.
Tipologia da Dislexia
DISLEXIA DESENVOLVIMENTAL (Boder, 1973)
Dislexia Auditiva ou Disfonética; Dislexia Visual ou Diseidética; Dislexia Mista ou Intermodal
phonology core
+ Wider language _
Prevalência da Dislexia
Percentagem de 5 a 10% das crianças com idade escolar (segundo o DSM-IV é de 4%).
70 a 80% dos casos diagnosticados de dislexia são do sexo masculino (estudos mais recentes
apontam para percentagens mais próximas entre os géneros).
Aproximadamente 30% a 40% dos irmãos de crianças disléxicas apresentam de uma forma mais
ou menos graves a mesma perturbação. Elevada concordância entre gémeos monozigóticos [68%]
e dizigóticos [38%] (Fisher & DeFries, 2002).
A criança apresenta um risco de 50% de vir a ser disléxico se o pai for disléxico e 40% no caso da
mãe ser disléxica (Snowling, 2006).
Pessoas famosas: Einsten, Alexander Bell, Thomas Edison, Antony Hopkins, Bill Gates, Agatha
Christie, Julio Verne, Franklin D. Roosevelt, Leonardo da Vinci; Louis Pasteur, Picasso, Spielberg,
Tom Cruise, etc.
Comorbilidade
Etiologia da Dislexia
¾ Factores genéticos – grande percentagem de disléxicos numa mesma família, em especial entre
gémeos monozigóticos e dizigóticos; identificados alguns genes nos cromossomas 6, 15 e 18,
entre outros.
PROBLEMAS EMOCIONAIS:
- Recusa ou medo de ir à escola.
- Reduzida motivação e empenho pelas actividades escolares.
- Recusa de situações e actividades que exijam a leitura e escrita.
- Sintomatologia ansiosa.
- Sintomatologia depressiva.
- Baixa auto-estima e auto-conceito académico.
- Sentimentos de tristeza, de vergonha e de culpa pelo seu rendimento escolar.
- Enurese nocturna, encoprese e alterações do sono.
- Sintomas psicossomáticos (alterações gastrointestinais, dores de cabeça, febre, suores
palpitações, tremores, etc.).
- Etc.
PROBLEMAS COMPORTAMENTAIS:
- Problemas comportamentais no contexto de sala de aula e no contexto familiar.
- Comportamentos de oposição e desobediência.
- Impulsividade.
- Agressividade verbal e/ou física.
- Tendência para enveredar pelo mundo da delinquência (pouca assiduidade às aulas e
abandono escolar precoce).
- Etc.
DIAGNÓSTICO PRECOCE
Saber que as dificuldades na leitura e escrita são resultantes da dislexia e não de outras
condições.
Mais rapidamente é empreendida uma intervenção reeducativa e mais cedo são
implementadas medidas educativas especiais.
Um menor número de problemáticas do foro psicológico se desenvolve.
AVALIAÇÃO INTELECTUAL
Capacidade intelectual geral e análise das diferentes sub-testes: Memória Dígitos; “Factor
ACID”
AVALIAÇÃO PSICOLINGUÍSTICA
Processamento fonológico e outras competências psicolinguísticas
AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
Leitura
ـLeitura de diversos textos e caracterização dos erros
ـLeitura de palavras de alta frequência e irregulares (via visual ou directa)
ـLeitura de palavras de baixa frequência e pseudopalavras (via fonológica ou indirecta)
ـVelocidade de leitura
ـAnálise compreensiva da informação lida
II – INSTRUMENTOS CLÍNICOS
AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
ESCRITA: Análise, avaliação e caracterização da tipologia dos erros ortográficos; análise dos
cadernos diários e testes de avaliação escolares; escrita de pseudopalavras e de palavras de
alta/baixa frequência (adequadas a cada nível escolar); ditados; análise/avaliação da
construção frásica através de composições e frases; etc…
INTERVENÇÃO TERAPÊUTICA
1. Intervenção psicológica (emocional).
2. Intervenção específica e reeducativa nas dificuldades de leitura e escrita.
3. Intervenção noutras valências (caso seja necessário) para correcção de outras áreas
deficitárias. Ex: Terapia da Fala, Psicomotricidade, …
4. Aplicação de estratégias de ensino diferenciado e de medidas educativas especiais (se
necessário).
5. Apoio ao contexto familiar.
6. Articulação de estratégias com o contexto escolar e familiar.
Processamento Fonológico:
- Segmentação e consciência silábica e fonémica. Discriminação dos elementos fonéticos e
estruturais das palavras. Lengalengas, rimas e contos rimados. Ligação de rimas. Manipulação
silábica e fonémica (omissão, adição e inversão de sílabas iniciais, intermédias e finais).
Memória verbal imediata e pseudopalavras.
Técnicas multissensoriais.
Este DL define os apoios especializados a prestar na educação pré-escolar e nos ensinos básico e
secundário dos sectores público, particular e cooperativo, visando a criação de condições para a
adequação do processo educativo às necessidades educativas especiais dos alunos com limitações
significativas ao nível da actividade e da participação num ou vários domínios de vida, decorrentes
de alterações funcionais e estruturais, de carácter permanente, resultando em dificuldades continuadas
ao nível da comunicação, da aprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do relacionamento interpessoal e
da participação social.
(…) 18.1.3 — “Os alunos com desordens a nível do desenvolvimento da linguagem — dislexia —,
devidamente comprovadas, que apresentaram limitações na fase de aquisição das aprendizagens e
competências da leitura e da escrita diagnosticadas até ao final do 2º ciclo do ensino básico e que
exigiram medidas do regime educativo especial, consignadas em plano educativo individual, podem
beneficiar, para efeitos de não penalização na classificação das provas de exame, de condições
especiais na sua correcção/classificação.”
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Endereços da Internet
Portal da Dislexia Learning Disabilities Association
www.dislexia-pt.com www.ldaamerica.org
National Institute of Child Health & Human Development Associação Portuguesa de Dislexia
www.nichd.nih.gov www.apdis.com
A. As aptidões de escrita, medidas através de provas normalizadas (ou avaliações funcionais das
aptidões da escrita), aplicadas individualmente, situam-se substancialmente abaixo do nível
esperado para a idade cronológica do sujeito, quociente de inteligência e escolaridade própria
para a sua idade.
C. Se estiver presente um défice sensorial, as dificuldades nas aptidões de escrita são excessivas
em relação às que lhe estariam habitualmente associadas.
A discalculia é uma perturbação estrutural da capacidade matemática que tem a sua origem numa
alteração genética ou congénita das áreas do cérebro que estão anatómica e fisiologicamente na
base da maturidade das competências matemáticas adequadas para a idade sem se observar
simultaneamente qualquer perturbação do funcionamento mental. [Kosc, L. (1974). Developmental
dyscalculia. Journal of Learning Disabilities, 7, 46-59.]
Prevalência:
1% segundo o DSM-IV e surge isoladamente em 1 em cada 5 casos de Perturbação da
Aprendizagem.
3% a 6% segundo vários outros autores e investigações.
Percentagem semelhante entre rapazes e raparigas.
¼ das discalculias apresentam uma comorbilidade com a dislexia e a hiperactividade.
Sinais Indicadores:
Dificuldades em contar e associar ao respectivo número.
Dificuldades na compreensão da quantidade, do conceito de medida (maior/menor;
pesado/leve, 1kg=4x250g, ...), etc.
Dificuldade ou resultados inconsistentes nas operações matemáticas básicas (+, -, x, :).
Dificuldade no cálculo e raciocínio matemático.
Dificuldades na compreensão da linguagem matemática e dos símbolos e em recordar
conceitos matemáticos, regras, fórmulas, unidades matemáticas e sequências.
Quando escreve, lê ou se recorda de números estes frequentemente surgem errados (adição,
substituição, omissão e inversão de números).
Dificuldades em lidar com o dinheiro e com conceitos monetários.
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A SL começou a dizer as primeiras palavras por volta de um ano de idade e não apresentou
qualquer problema de linguagem. Frequentou o infantário, as educadoras não detectaram qualquer
problema (nas canções infantis e nas lenga-lengas).
Os pais referem que a SL durante o primeiro ano escolar trocava muito as seguintes letras e
n.º: b-d; m-n; p-q; 6-9. Presentemente, e ainda segundo os pais as trocas situam-se apenas no b-
d, tendo já conseguido ultrapassar as restantes. A nível visual e auditivo, já foram efectuados
exames médicos, não sendo detectado qualquer problema sensorial.
Acrescente-se que a SL viveu até aos 3 anos em França (os pais eram emigrantes), muito
embora só domine a língua portuguesa, conhecendo muito poucas palavras francesas. Por outro
lado, o irmão (agora com 23 anos) teve, segundo os pais, problemas de aprendizagem da leitura
na escola em França, uma vez que também trocava o b-d. Aos 8 anos de idade foi diagnosticado
disléxico e após 3 meses de intervenção numa ortofonista francesa o seu problema foi corrigido,
sendo que actualmente não apresenta qualquer problemática no domínio da literacia.
Por fim, refira-se que a SL é uma criança que denota paralelamente algumas dificuldades na
compreensão dos problemas matemáticos, é bastante distraída e pouco concentrada, sendo
igualmente bastante extrovertida e simpática.
1. Perante esta problemática quais as preocupações a ter neste caso específico? Que
áreas seriam as mais indicadas a serem avaliadas numa segunda consulta?
CASO PRÁTICO
CARACTERIZAÇÃO DESENVOLVIMENTAL:
A gravidez foi normal, com acompanhamento médico e sem complicações. O parto foi
normal, o bebé chorou logo que nasceu e não foi detectada qualquer doença. A mãe teve
depressão pós-parto, ainda toma medicamentos pois tem frequentes depressões.
O A.M. foi sempre uma criança sossegada, começou a andar ao 15 meses e começou a dizer
as primeiras palavras por volta dos 2 anos. Ao nível da linguagem não teve qualquer problema
articulatório. Deixou as fraldas cedo, não tendo qualquer problema de enurese e encoprese. O seu
sono era bastante agitado, falava durante o sono, tinha pesadelos e medo do escuro e dos sonhos.
Desde os 5 meses de idade foi para uma ama, a sua adaptação foi difícil, pois não comia,
dormia e chorava frequentemente. Ao fim de 3 meses estava bastante magro e teve anemia. Aos 2
anos foi para o infantário, a situação de adaptação piorou pois ia sempre contrariado, queria ficar
em casa a brincar.
No seu historial médico teve diversas crises de garganta associada a febre alta, teve
varicela, bem como esteve internado no Hospital S. João devido a uma gastroentrite. Não tem
qualquer tipo de problema visual ou auditivo.
CARACTERIZAÇÃO FAMILIAR:
Os pais do A.M. têm como habilitações literárias a 4ª classe, não sendo conhecidos casos de
dislexia na família, muito embora, os elementos da família alargada do lado materno e paterno não
tenham uma grande escolaridade, sendo conhecidos casos de elementos com bastantes
dificuldades de aprendizagem. O A.M. tem uma irmã de 14 anos que frequenta o 9º ano, não tendo
qualquer retenção. A figura materna apresenta algumas dificuldades de expressão, por vezes o seu
discurso é confuso e pouco claro, mesmo perante temáticas banais.
CARACTERIZAÇÃO SOCIAL, EMOCIONAL E ESCOLAR:
Inicialmente, rejeitou a escola, tal como aconteceu com a ama e o infantário. No início do 1º
ano de escolaridade desenvolveu alguns sintomas psicossomáticos, nomeadamente o vomitar
frequente e encoprese. Actualmente ainda se verificam esporadicamente alguns episódios de
encoprese, essencialmente perante situações ansiogénicas e perante actividades ou contextos
novos que alteram o seu ritmo normal (tem frequentado acompanhamento psicológico no Hospital
Pediátrico Maria Pia – Porto).
Na escola, começou desde logo a revelar muitas dificuldades na aprendizagem das letras,
não as conseguindo identificar todas. Só no 2º ano é que começou a ler as sílabas mais simples e
só mais tarde iniciou a leitura de algumas palavras (tais como: casa, carro, menino, etc.).
Actualmente ainda está na leitura silábica, sem ritmo, só conseguindo ler as palavras mais simples.
Só com muita ajuda é que lê pequenas frases, mas tem muitas dificuldades em compreender o seu
conteúdo, uma vez que demora muito tempo na descodificação das palavras. A escrita encontra-se
ao mesmo nível da leitura, apresenta imensos erros, tornando-se por vezes difícil de compreender
o que escreve. A qualidade da sua grafia é deficiente, aparecendo disforme, rasurada e irregular.
Na matemática consegue melhores desempenhos, muito embora, ainda não se encontre ao nível
dos restantes colegas.
WISC-R:
Informação = 6 Compl. Gravuras = 12 QI TOTAL = 88
Compreensão = 9 Dispos. Gravuras = 14 QI VERBAL = 78
Aritmética = 6 Cubos = 10 QI REALIZAÇÃO = 101
Semelhanças = 6 Comp. Objectos = 6
Vocabulário = 7 Código = 9
(Memória de Dígitos) = 6 (Labirintos) = 16
Reversal Test:
Percentil ≅ 73
8 erros de simetria direita/esquerda = 40% erros
4. Complemento de Frases 21 10