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Curso

Avançado de
Dislexia






Manual da Formação





Formador:
Octávio Moura (PhD., MSc.)
* octavio@octaviomoura.com
8 octaviomoura.com
8 dislexia.pt
8 hiperatividade.com.pt








OUTUBRO 2017
Dificuldades de Aprendizagem Específicas


DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ESPECÍFICAS
“É um termo genérico que diz respeito a um grupo heterogéneo de desordens manifestadas por
dificuldades significativas na aquisição e uso das capacidades de escuta, fala, leitura, escrita, raciocínio ou
habilidades matemáticas. Estas dificuldades são intrínsecas ao individuo, presumivelmente devidas a disfunções
do sistema nervoso central, e podem ocorrer ao longo do ciclo de vida. Problemas na autorregulação
comportamental, perceção social, e interação social podem existir nas DA, mas elas em si próprias não
constituem uma DA. Embora as DA possam ocorrer concomitantemente com outras condições desvantajosas
(por ex. alteração sensorial, deficiência mental, perturbação emocional grave) ou influências extrínsecas (tal
como diferenças culturais, ensino inadequado ou insuficiente), elas não são resultantes a tais condições ou
influências.” (National Joint Committee on Learning Disabilities Definition, 1994).

Conceitos presentes na definição de DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM ESPECÍFICAS:
Baixa realização e desempenho escolar. Discrepância entre a realização escolar, numa ou mais áreas, e
o seu potencial intelectual. A etiologia radica em alterações ao nível do sistema nervoso central. Estão presentes
ao longo do ciclo de vida do sujeito. As dificuldades abrangem uma ou mais das seguintes áreas: linguagem oral,
leitura, escrita, matemática, raciocínio, aptidões sociais, etc. Embora possam ocorrer concomitantemente com
outras condições deficitárias individuais (ex. privação sensorial, deficiência mental, perturbação emocional, ...)
ou ambientais (ex. condições familiares, diferenças culturais e ensino insuficiente ou inadequado) não resultam
diretamente de tais condições ou influências. (Hammill, 1990).

CRITÉRIOS DE OPERACIONALIZAÇÃO E DIAGNÓSTICO:
§ Critério de Especificidade – O problema de aprendizagem está confinado a um n.º limitado de domínios
académicos e cognitivos. Afetas as habilidades académicas ou processos cognitivos concretos, mas
deixa intacta a capacidade intelectual geral.
§ Critério de Exclusão – Este critério estabelece que se devem excluir uma série de problemas, tais como,
deficiência sensorial ou mental, distúrbio emocional severo, privação sócio-cultural, absentismo escolar,
inadequação dos métodos educativos, privação envolvimental, privação cultural e económica,
bilinguismo ou aprendizagem normal. De acordo com este critério as causas são intrínsecas ao próprio
indivíduo, e que este, para além de adequadas características sensoriais, físicas, mentais, emocionais e
envolvimentais, devem ter uma inteligência normal.
§ Critério de Discrepância – Caracteriza-se por uma discrepância entre o resultado real de uma
aprendizagem e o esperado em função das suas habilidades e competências cognitivas ou intelectuais
do indivíduo.

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Dislexia


Definição


A dislexia tem sido, muitas vezes, erradamente interpretada como um sinal de baixa capacidade
intelectual. Pelo contrário, muitos disléxicos conseguem, em certas áreas, um desempenho superior à média. No
nosso sistema de ensino, as competências de leitura e escrita são considerados requisitos fundamentais para a
obtenção de conhecimento, assim, uma criança que leia e escreva mal torna-se rapidamente deficitária em todas
as restantes matérias e disciplinas. Pode-se então definir dislexia como:

§ “A Dislexia é uma dificuldade de aprendizagem específica de origem neurobiológica. É caracterizada por
dificuldades no reconhecimento preciso e/ou fluente de palavras e por uma reduzida competência
ortográfica e habilidades de descodificação. Estas dificuldades tipicamente resultam de um défice na
componente fonológica da linguagem, que é inesperada em relação às outras competências cognitivas e às
condições educativas proporcionadas. Consequências secundárias podem incluir problemas na
compreensão da leitura e uma reduzida experiência leitora, que pode condicionar o desenvolvimento do
vocabulário e dos conhecimentos gerais” (The International Dyslexia Association, 2002; National Institute of
Child Health and Human Development, 2002; Lyon, Shaywitz, & Shaywitz, 2003).

§ A dislexia é uma dificuldade duradoura da aprendizagem da leitura e aquisição do seu mecanismo, em
crianças inteligentes, escolarizadas, sem qualquer perturbação sensorial e psíquica já existente (Victor da
Fonseca, 1999).

§ A Federação Mundial de Neurologia (1968) define-a como uma perturbação que se manifesta pela
dificuldade na aprendizagem da leitura, apesar de uma educação convencional, uma adequada inteligência
e oportunidades sócio-culturais.

§ Dislexia: (do grego) dus = difícil, mau, dificuldade; lexis = palavra.

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Modelo Desenvolvimental da Aprendizagem da
Leitura





ESTÁDIO 1 ESTÁDIO 2 ESTÁDIO 3
U. FRITH LOGOGRÁFICO ALFABÉTICO ORTOGRÁFICO
1
(1985)
As crianças reconhecem As crianças adquirem o Reconhecimento de
globalmente algumas conhecimento das palavras é feito de forma
palavras utilizando a sua correspondências grafema- direta, pois a prática da
configuração global ou fonema e consciência leitura permite à criança
alguns indicadores gráficos fonémica. Para isso tem de reconhecer imediatamente
mais salientes. aprender as letras, aprender os padrões ortográficos da
a segmentar palavras, a sua própria língua.
Enquanto a leitura desta aplicar as correspondências Inicialmente aplica-se
etapa se caracteriza por letra-som e a combinar os apenas à leitura para
estas estratégias sons para produzir palavras. posteriormente se
logográficas, a escrita generalizar à escrita.
caracteriza-se por 2 fases: As estratégias alfabéticas
começa por ser simbólica e começam inicialmente por
só depois é que utiliza as se aplicar apenas à escrita,
estratégias logográficas. continuando a
predominância das
estratégias logográficas na
leitura. Numa segunda fase
estas estratégias passam a
ser utilizadas tanto na
escrita como na leitura.

1 Bibliografia:
Frith, U. (1985). Beneath the surface of developmental dyslexia. In K. E. Patterson, J. C. Marshall & M. Coltheart (Eds.),
Surface dyslexia: Neuropsychological and cognitive studies of phonological reading (pp. 301-330). London: Erlbaum.
Lopes, J. A., Velasquez, M. G., Fernandes, P. P. & Bártolo, V. N. (2004). Aprendizagem, ensino e dificuldades da leitura.
Coimbra: Quarteto.
Snowling, M. (2000). Dyslexia. Oxford: Blackwell Publishers Ltd.

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Modelos de Desenvolvimento da Leitura


§ MODELO DESENVOLVIMENTAL DA APRENDIZAGEM DA LEITURA: (ver Quadro da página anterior)
- Estádio Logográfico
- Estádio Alfabético
- Estádio Ortográfico

§ MODELOS DE LEITURA:
- Modelos Ascendentes (bottom-up) – Consideravam que a linguagem escrita é a codificação da
linguagem oral. Segundo este modelo a leitura é processada através da descodificação fonológica
e as correspondências grafema-fonema são a base da leitura. O processo de leitura é efetuado
exclusivamente pela via fonológica.
- Modelos Descendentes (top-down) – A leitura é efetuada a partir dos processos cognitivos que
dirigem a perceção, onde o acesso à palavra faz-se a partir do reconhecimento imediato da palavra,
sem descodificação. Este modelo explica o porquê das palavras serem mais facilmente lidas no
contexto da frase do que isoladamente.
- Modelos Interativos – Combinam o processamento ascendente e o descendente para
cooperativamente determinarem a natureza do input.

§ MODELO DE DUPLA VIA:
- Via Fonológica (Sublexical)
§ É a via mais utilizada nos primeiros tempos da aprendizagem da leitura. Nesta via é
utilizado o mecanismo de conversão grafema-fonema.
§ É a via utilizada para a leitura de palavras regulares, palavras novas (ou raras),
pseudopalavras e não-palavras.
- Via Lexical
§ É utilizada aquando da leitura de palavras irregulares e regulares frequentes através
de reconhecimento direto da sua forma ortográfica que se encontra previamente
armazenada no léxico mental. Existe o reconhecimento visual da palavra, o que
permite o acesso às representações fonológicas e à compreensão do seu significado.

§ TIPOLOGIA DAS PALAVRAS
- Regulares, irregulares, pseudopalavras, não-palavras, frequentes e pouco-frequentes.
- Bases de dados Português-Europeu: ESCOLEX, CORLEX, PORLEX, PORTULEX.
- Efeito da Regularidade, Efeito da Lexicalidade e Efeito de Frequência.

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Castles, Bates, Coltheart, Luciano, & Martin (2006). Cognitive modelling and the behaviour genetics of reading. Journal of Research in
Reading, 29(1), 92-103.

Principais Funções Neuropsicológicas implicadas na Dislexia



§ “… a especificação do papel do processamento fonológico nas fases iniciais da aprendizagem da leitura é
uma das mais notáveis histórias de sucesso científico da década passada.” (Stanovich, 1991) .

§ SISTEMA LINGUÍSTICO – Sistema Fonológico, Sistema Semântico, Sistema Morfo-Sintático e Sistema
Pragmático. Sistema Meta-Linguístico.

§ A aprendizagem da leitura requer que a criança estabeleça a respetiva correspondência entre as letras
impressas (grafemas) e os sons correspondentes (fonemas). Esta capacidade para fazer as devidas
correspondências entre a ortografia e a fonologia irá permitir a descodificação de novas palavras, sendo a
base futura para uma maior capacidade para a leitura automática.

§ Está cientificamente comprovado que a componente fonológica é o recurso cognitivo mais importante para
a aprendizagem da leitura e escrita … e que a dislexia resulta de um défice fonológico. O cérebro das
crianças disléxicas codifica a informação fonológica de um modo menos eficiente que nas restantes crianças.

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§ PROCESSAMENTO FONOLÓGICO (Torgese et al. 1994; Wagner & Torgesen, 1987) e TEORIA DO DUPLO-
DÉFICE NA DISLEXIA (Bowers & Wolf, 1993; Wolf & Bowers, 1999)

É a perceção, retenção, recuperação e manipulação dos sons da fala no decurso da aquisição, compreensão
e produção quer da linguagem oral, quer da linguagem escrita (Catts et al., 1999).

- Consciência Fonológica
§ É a capacidade para focar a atenção e manipular as unidades do sistema fonológico
(sílabas e unidades intrassilábicas). É uma competência metalinguística que implica a
habilidade para identificar e manipular intencionalmente as sílabas e os fonemas
(Albuquerque, 2003).
§ Estádios de Desenvolvimento da Consciência Fonológica (Adams, 1990): (1)
Sensibilidade aos sons das palavras; (2) Consciência da rima e da aliteração; (3) Síntese
ou reconstrução silábica e fonémica; (4) Segmentação fonémica; (5) Manipulação
fonémica.
§ A consciência fonológica é o preditor mais consistente para a aprendizagem da leitura
e escrita, em particular nos anos iniciais. Crianças com dificuldades na CF em idade
pré-escolar irão apresentar dificuldades na aprendizagem inicial da leitura e escrita. É
o melhor preditor da descodificação/precisão da leitura de texto e de palavras
isoladas.

- Nomeação Rápida
§ Consiste na evocação ao nível da memória de longo prazo (semântica) de informação
fonológica. É avaliada através de testes de Nomeação Rápida (RAN e RAS).
§ A Nomeação Rápida é um importante preditor do desempenho na leitura (mesmo
após se controlar a variância da consciência fonológica). É o preditor mais consistente
da velocidade/fluência da leitura nos diferentes sistemas ortográficos.
§ É um excelente preditor das competências posteriores de leitura (2º e 3º Ciclos do
Ensino Básico, ensino secundário e superior). Nos sistemas ortográficos mais
transparentes poderá ser um melhor preditor do que a Consciência Fonológica ou a
Memória Fonológica.

- Memória Fonológica (verbal imediata)
§ Modelo de Memória de Trabalho de Allan Baddeley
• 2 Sistemas de Armazenamento: Fonológico – responsável pelo
armazenamento (storage) e repetição (rehearsal) da informação verbal.
Visuoespacial – responsável pelo armazenamento da informação
visuoespacial.

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• Central Executiva: Responsável pela coordenação de várias funções
cognitivas, nomeadamente coordenação de atividades simultâneas,
alternância de tarefas, armazenamento e manipulação da informação na
memória de longo prazo, etc.
§ Desempenha um papel fundamental na aquisição da linguagem, em particular na
aprendizagem de palavras novas. É um preditor significativo do desempenho na
leitura (mas menos significativo do que a CF e NR). É um revelante preditor da
compreensão da leitura e da precisão da escrita. As crianças com Dislexia demonstram
pronunciadas dificuldades nas provas de memória fonológica.


Moura, O., Moreno, J., Pereira, M., & Simões, M. R. (2015). Developmental Dyslexia and Phonological Processing in European Portuguese
Orthography. Dyslexia, 21(1), 60-79. doi: 10.1002/dys.1489

Alguns Sinais de Alerta e Critérios de Diagnóstico




NA INFÂNCIA:
§ Atraso no desenvolvimento da linguagem. Começou a dizer as primeiras palavras mais tarde do que o
habitual e a construir frases mais tardiamente.
§ Poderá apresentar alguns problemas de linguagem durante o seu desenvolvimento, dificuldades em
pronunciar determinados sons.
§ Revelou dificuldades em construir frases lógicas e com sentido.

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§ Apresentou dificuldades em memorizar e acompanhar as canções infantis e as lenga-lengas, e revelou
dificuldades nas atividades de rimas.
§ Dificuldade na consciência e manipulação fonológica. Dificuldade em se aperceber que os sons das
palavras podem dividir-se em bocados mais pequenos.


NA IDADE ESCOLAR:
§ Lentidão na aprendizagem dos processos da leitura e escrita. Maior lentidão que o normal na
aprendizagem das letras e na leitura de sílabas.
§ Dificuldade em compreender que as palavras se podem segmentar em sílabas e fonemas.
§ A velocidade da leitura é significativamente abaixo do esperado para a idade: muitas vezes silábica e
por soletração.
§ Bastantes dificuldades na leitura, com a presença constante de alterações e de falhas nos processos de
descodificação grafema-fonema e/ou na leitura automática de palavras.
§ Dificuldades na compreensão de textos escritos devido à sua fraca qualidade na leitura. Normal
compreensão quando as histórias lhe são lidas.
§ Dificuldades na fluência, precisão e compreensão da leitura.
§ Leitura silábica, decifratória, hesitante, sem ritmo e com bastantes incorreções.
§ A escrita surge com muitos erros ortográficos, com trocas fonológicas e/ou lexicais (Dupla Via).
§ Dificuldades em seguir e realizar corretamente determinadas ordens ou instruções mais complexas que
envolvam várias tarefas diferentes a serem executados sequencialmente.
§ Demora demasiado tempo na realização dos trabalhos de casa (uma hora de trabalho rende 10
minutos), necessitando do apoio de terceiros para a sua realização.
§ Distrai-se com bastante facilidade perante qualquer estímulo, parecendo que está a "sonhar acordado".
Curtos períodos de atenção quando está a ler ou a escrever, cansando-se muito rapidamente.
§ Os resultados escolares não são condizentes com a sua capacidade intelectual.
§ Dificuldade em recordar informações verbais (memória verbal curto prazo).
§ Dificuldades na aprendizagem de uma língua estrangeira (em especial o Inglês).
§ Apresenta “picos de aprendizagem”, nuns dias parece assimilar e compreender os conteúdos
curriculares e noutros dias parece ter esquecido o que tinha aprendido anteriormente.
§ Durante a leitura ficam letras e palavras por dizer, podendo ser inventadas outras.
§ Omite ou adiciona letras e sílabas quando está a ler palavras multissilábicas (ex: famosa-fama; casaco-
casa; livro-livo; batata-bata; biblioteca/bioteca; ...).
§ Confusão e dificuldades na descodificação de letras ou sílabas (o-u; p-t; b-v; s-ss-ç; s-z; f-t; m-n; f-v; g-j;
ch-x; x-z-j; nh-lh-ch; ão-am; ão-ou; ou-on; au-ao; ai-ia; per-pre; …).
§ Poderá ocorrer (apesar de não muito frequente) alguma confusão entre letras com grafia similar, mas
com diferente orientação no espaço (b-d; d-p; b-q; d-q; n-u, a-e;…).

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§ Na leitura, substituição de palavras por outras de estrutura similar, porém com significado diferente
(saltou-salvou; cúbico-bicudo;...) e/ou substituição de palavras inteiras por outras semanticamente
vizinhas (cão-gato; bonito-lindo; carro-automóvel).


CRITÉRIOS IMPORTANTES NO DIAGNÓSTICO:
§ Dificuldades acentuadas ao nível do Processamento Fonológico: Consciência Fonológica, Nomeação
Rápida e Memória Fonológica.
§ Défices acentuados na memória fonológica (verbal) e executiva (memória de trabalho).
§ Precisão e Fluência da leitura significativamente abaixo do esperado para a idade e nível escolar. Leitura
silábica, decifratória, hesitante, sem ritmo e fluência e com bastantes incorrecções.
§ Dificuldade na leitura de palavras, em particular nas irregulares, pseudopalavras e pouco frequentes.
Encontra-se comprometida a via fonológica e/ou a via lexical.
§ Dificuldades na segmentação e manipulação silábica e fonémica.
§ Erros com omissão, adição e substituição de letras e sílabas.
§ Presença de muitos erros ortográficos: erros fonológicos e erros nas palavras grafo-fonémicas
irregulares. Na escrita podem surgir palavras unidas ou separadas, repetição de letras ou de sílabas,
colocação de letras ou de sílabas antes ou depois do lugar correto.
§ Dificuldades em exprimir as suas ideias e pensamentos em palavras. Muitas dificuldades na escrita de
composição. Dificuldades na organização das ideias no texto.

Critérios de Diagnóstico Perturbação da Aprendizagem Específica –


DSM-5 (2014)

CRITÉRIO A. Dificuldade em aprender e usar as capacidades académicas, como indicado pela presença de pelo
menos um dos sintomas seguintes, que persistem pelo menos 6 meses, apesar do fornecimento de
intervenções direcionadas para essas dificuldades:
1. Leitura de palavras imprecisa ou lenta e esforçada (por exemplo, lê alto palavras únicas incorretamente ou
lenta e hesitantemente, muitas vezes supõe palavras, tem dificuldades em prenunciar palavras).
2. Dificuldade em compreender o significado do que lê (por exemplo, pode ler o texto com precisão mas não
compreende a sequência, relações, inferências ou significados mais profundos do que é lido).
3. Dificuldades em soletrar (por exemplo, pode adicionar omitir ou substituir vogais ou consoantes).
4. Dificuldades com a expressão escrita (por exemplo, comete múltiplos erros gramaticais ou de pontuação
dentro das frases; emprega uma organização dos parágrafos pobre; expressão escrita de ideias com pouca
clareza).
5. Dificuldades em dominar o sentido dos números, factos numéricos ou o cálculo (por exemplo, tem um
pobre entendimento dos números, sua magnitude e relações; conta pelos dedos para adicionar números

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de dígito único em vez de recordar o facto matemático como fazem os pares; perde-se no meio do cálculo
aritmético e pode trocar procedimentos).
6. Dificuldades no raciocínio matemático (por exemplo, tem graves dificuldades em aplicar conceitos, factos
ou procedimentos matemáticos para resolver problemas quantitativos).

CRITÉRIO B. As capacidades académicas afetadas são substancial e quantificavelmente abaixo das esperadas
para a idade cronológica do indivíduo e causam interferência significativa no desempenho académico ou
ocupacional ou com atividades da vida diária, como confirmado pela aplicação individual de escalas
estandardizadas de realizações e avaliação clínica completa. Para indivíduos de 17 anos ou mais velhos, uma
história documentada de dificuldades de aprendizagem incapacitantes pode ser substituída pela avaliação
estandardizada.

CRITÉRIO C. As dificuldades de aprendizagem começam durante os anos escolares, mas podem não se
manifestar completamente até que as exigências para essas capacidades académicas excedam as capacidades
limitadas do indivíduo (por exemplo, como nos testes cronometrados, ler ou escrever relatórios longos, e
complexos com prazos apertados, cargas académicas excessivamente pesadas).

CRITÉRIO D. As dificuldades de aprendizagem não são mais bem explicadas por incapacidade intelectual,
acuidade visual ou auditiva não corrigida, outras perturbações mentais ou neurológicas, adversidade
psicossocial, falta de proficiência na língua da instrução académica ou instrução educativa inadequada.

315.00 (F81.0) Com Défice na Leitura (Dislexia):
— Precisão da leitura de palavras
— Ritmo ou fluência da leitura
— Compreensão da leitura
Nota. Dislexia é um termo alternativo usado para referir um padrão de dificuldades de aprendizagem que se
caracteriza por problemas no reconhecimento preciso ou fluente de palavras, descodificação e capacidades de
soletração pobres. Se o termo Dislexia é usado para especificar este padrão particular de dificuldades, é
também importante especificar quaisquer dificuldades adicionais que estejam presentes, tais como
dificuldades na compreensão da leitura ou no raciocínio matemático.

Tipologia da Dislexia

DISLEXIA DESENVOLVIMENTAL (Boder, 1973)
Dislexia Auditiva ou Disfonética; Dislexia Visual ou Diseidética; Dislexia Mista ou Intermodal

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CASTLE & COLTHEART (1993)
- Dislexia Fonológica - Recorre a associações específicas de palavras, mas denota grandes dificuldades na
aquisição das regras de descodificação grafema-fonema. Apresenta um desempenho normal na leitura de
palavras regulares e irregulares, mas uma incapacidade na leitura de pseudopalavras.
- Dislexia de Superfície - Dificuldades em recorrer à informação específica das palavras, estando inteiramente
dependente do mecanismo fonológico, o que conduz a um desempenho mais baixo na leitura de palavras
irregulares e um desempenho normal na leitura de pseudopalavras e de palavras regulares.
- Dislexia Equilibrada - Corresponde à combinação das duas categorias anteriores.


ESPECTRO DAS PERTURBAÇÕES DE LEITURA (Snowling, 2006)


The Dyslexia Spectrum
+

No impairment phonology core Poor comprehender

+ Wider language _

Dyslexia Classic SLI



-

Prevalência da Dislexia

§ Percentagem de 5 a 10% das crianças com idade escolar (segundo o DSM-IV é de 4%).
§ Em Portugal foi observada uma prevalência de 5.4% em crianças do 1º Ciclo do Ensino Básico (Vale et al.,
2011).
§ Maior frequência de casos diagnosticados com Dislexia no sexo Masculino (estudos mais recentes apontam
para percentagens próximas entre o género).
§ Aproximadamente 30% a 40% dos irmãos de crianças disléxicas apresentam de uma forma mais ou menos
graves a mesma perturbação. Elevada concordância entre gémeos monozigóticos [68%] e dizigóticos [38%]
(Fisher & DeFries, 2002).
§ A criança apresenta um risco de 50% de vir a ser disléxico se o pai for disléxico e 40% no caso da mãe ser
disléxica (Snowling, 2006).
§ Pessoas famosas: Einsten, Alexander Bell, Thomas Edison, Antony Hopkins, Bill Gates, Agatha Christie, Julio
Verne, Franklin D. Roosevelt, Leonardo da Vinci; Louis Pasteur, Picasso, Spielberg, Tom Cruise, etc.

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Comorbilidade

§ DISORTOGRAFIA – Perturbação que afeta as aptidões da escrita, onde se observa um conjunto de défices
na capacidade para compor textos escritos (erros gramaticais, produção textos, erros ortográficos, caligrafia
deficiente, etc.).
§ DISCALCULIA – É uma perturbação estrutural da capacidade matemática e da simbolização dos números, é
de caráter desenvolvimental (não resulta de uma lesão cerebral ou de défices intelectuais) e caracteriza-se
por dificuldades específicas da aprendizagem que afetam a normal aquisição das competências aritméticas,
apesar de uma inteligência normal, estabilidade emocional, oportunidades académicas e motivação.
§ DISGRAFIA – Perturbação de tipo funcional na componente motora do ato de escrever, que afeta a
qualidade da escrita, sendo caracterizada por uma dificuldade na grafia, no traçado e na forma das letras,
surgindo estas de forma irregular e disforme.
§ HIPERATIVIDADE e DÉFICE ATENÇÃO (PHDA)

Etiologia da Dislexia


Inicialmente atribui-se aos fatores pedagógicos a origem da dislexia. Mais tarde, pensava-se que a dislexia
era resultante de défices ao nível da perceção (visual e/ou auditiva, etc.). Atualmente, estas duas correntes
teóricas estão totalmente excluídas dos fatores etiológicos da dislexia. Presentemente, a comunidade científica
associa a dislexia a 3 fatores que se encontram relacionados entre si:

Ø Fatores Genéticos – grande percentagem de disléxicos numa mesma família, em especial entre gémeos
monozigóticos e dizigóticos; identificados alguns genes nos cromossomas 6, 15 e 18, entre outros.

Ø Fatores Neurológicos – lóbulo temporal, parietal e occipital do hemisfério esquerdo – região parietal-
temporal (análise das palavras), occipital-temporal (leitura automática) e região inferior frontal (Sally
Shaywitz). Supramarginal gyrus – associado à conversão grafema-fonema (Cummine et al., 2014, 2015).

Ø Fatores Psicolinguísticos – processamento fonológico: (1) consciência fonológica, (2) memória
fonológica e (3) nomeação rápida.


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Utha Frith (1997) – Modelo causal da dislexia

Problemática Emocional e Comportamental




Os problemas emocionais e comportamentais surgem como uma reação secundária aos problemas de
aprendizagem provocados pela dislexia. As suas repercussões são muitas vezes consideráveis, quer ao nível do
sucesso escolar, quer ao nível do comportamento e do estado emocional da criança, originando nestes domínios
perturbações de gravidade variável.

- Recusa na realização das atividades escolares e exercícios que exijam a leitura e escrita.
- Sintomatologia ansiosa e depressiva.
- Baixa autoestima e autoconceito académico.
- Sentimentos de tristeza, vergonha e culpa pelo seu fraco desempenho escolar.
- Sentimentos de incapacidade e insegurança.

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- Baixa tolerância à frustração.
- Enurese noturna, encoprese e alterações do sono.
- Sintomas psicossomáticos diversos.
- Problemas comportamentais diversos no contexto de sala de aula e no contexto familiar.
- Comportamentos de oposição e desobediência.
- Défice no controlo da atenção e da impulsividade.
- Reduzida motivação pela escola, faltas às aulas que menos gosta e maior tendência para um abandono
escolar precoce.
- Etc.


Willcutt, E. G. & Pennington, B. F. (2000). Psychiatric comorbidity in children and adolescents with reading
disability. Journal of Child Psychology and Psychiatry, 41, 1039-1048:
- Os sujeitos disléxicos apresentam um maior número de problemáticas internalizadas e
externalizadas. Os sintomas internalizados (em particular a depressão) estão mais associados às
raparigas. As problemáticas comportamentais (PHDA, Perturbação de Oposição, Perturbação do
Comportamento) são mais significativas nos rapazes.

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Avaliação Clínica na Dislexia


1 - ANAMNESE
§ Recolha de informação de índole escolar, clínica, desenvolvimental, familiar e dificuldades específicas
na aprendizagem.

2 - AVALIAÇÃO INTELECTUAL/COGNITIVA
§ As crianças com Dislexia (mesmo com um QI elevado) fazem menores progressos na leitura do que a
generalidade das restantes crianças em idade escolar, pois as suas dificuldades não se encontram a nível
do funcionamento intelectual, mas em défices neuropsicológicos/neurolinguísticos específicos.

§ WISC-III
o Capacidade intelectual (QIEC) pelo menos normativa (QIEC > 80 ou > 85; DSM-5 considera QI >
70).
o Análise da DQIV-QIR e a existência de discrepâncias estatisticamente significativas. Atualmente
não é relevante para o diagnóstico.
o Análise dos diferentes subtestes; análise dos fatores (Compreensão Verbal, Organização
Percetiva, Velocidade de Processamento).
o Análise da presença do padrão de Bannatyne (habilidade espacial > habilidade conceptual >
habilidade sequencial) e dos perfis ACID, SCAD e FD (total, parcial e medidas compósitas).
o ACID £ 37 (em crianças com WISC-III QIEC ³ 90) apresenta uma sensibilidade de 67% e uma
especificidade de 90% (Moura et al., 2014).

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3 - AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA

Avaliação Neuropsicológica das Funções da LINGUAGEM
§ Consciência Fonológica: Tarefas de Sensibilidade à Sílaba, ao Fonema e à Rima, Segmentação,
Reconstrução e Manipulação (eliminação, substituição,…). As provas mais consistentes no diagnóstico
de Dislexia são as provas de manipulação fonémica.
§ Nomeação Rápida: Rapid Automatized Naming (RAN), Rapid Alternating Stimulus (RAS).


Moura, O., Moreno, J., Pereira, M., & Simões, M. R. (2015). Developmental Dyslexia and Phonological Processing in European Portuguese
Orthography. Dyslexia, 21(1), 60-79. doi: 10.1002/dys.1489


§ Outras Competências Linguísticas: Conhecimento de Vocabulário; Fonológico; Semântico; Morfo-
Sintático; Pragmático, etc.
§ Testes: Consciência Fonológica (BANC); Nomeação Rápida (BANC); Provas de Avaliação da Linguagem e
da Afasia em Português (PALPA-P; Kay, Lesser & Coltheart; Castro, Caló & Gomes); Avaliação da Leitura
em Português Europeu (ALEPE; Sucena & Castro); Bateria de Provas Fonológicas (Ana Cristina Silva);
Bateria de Avaliação da Linguagem Oral (ALO; Inês Sim-Sim); Teste de Identificação de Competências
Linguísticas (TICL; Leopoldina Viana); Teste Illinois de Aptidões Psicolinguísticas (ITPA, Samuel Kirk); etc.

Avaliação Neuropsicológica das Funções da MEMÓRIA

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§ Memória Imediata e Memória Diferida; Memória Verbal e Memória Visual; Memória de Trabalho
(Verbal/Fonológica, Visuoespacial, Central Executiva).
§ Testes: Memória de Dígitos da WISC-III, Fator MT da WISC, Figura Complexa de Rey, Teste Retenção
Visual Benton, Memória de Lista de Palavras (BANC, California Verbal Learning Test – CVLT, Rey-
Osterrieth Auditory Verbal Learning Test – RAVLT), Tabuleiro de Corsi, N-Back Tasks, etc.


Moura, O., Simões, M. R., & Pereira, M. (2015). Working Memory in Portuguese Children with Developmental Dyslexia. Applied
Neuropsychology: Child, 4(4), 237-248. doi: 10.1080/21622965.2014.885389



Avaliação Neuropsicológica das Funções da ATENÇÃO e das FUNÇÕES EXECUTIVAS (opcional, apenas em
algumas situações é que se justifica esta avaliação. Importante no caso de comorbilidade com a PHDA)
§ Funções da Atenção: Teste D2; Testes de Cancelamento, TMT-A, etc.
§ Funções Executivas: Velocidade de Processamento, Planeamento, Flexibilidade Cognitiva, Inibição,
Fluência Verbal, etc.
§ Comorbilidade com a PHDA (diagnóstico diferencial).

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Moura, O., Simões, M. R., & Pereira, M. (2015). Executive Functioning in Children with Developmental Dyslexia. The Clinical
Neuropsychologist, 28(S1), 20-41. doi: 10.1080/13854046.2014.964326



Avaliação Neuropsicológica da PERCEÇÃO VISUOESPACIAL E LATERALIDADE (opcional, apenas em algumas
situações é que se justifica esta avaliação)
§ Perceção Visual, Organização Visuoperceptiva: Fig. Complexa Rey; Teste Visuomotor de Bender; etc.
§ Lateralidade, Dominância Lateral e Perceção de Simetrias: Avaliação da Lateralidade Cruzada;
Avaliação da Discriminação Direita-Esquerda; Prova de Lateralidade M. Auzias; Bateria Psicomotora
(BPM), Reversal Test, etc.


4 - AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
§ Leitura
- Testes específicos para avaliação da fluência e precisão da leitura:
§ Teste de Idade de Leitura (TIL; Sucena & Castro, 2009)
§ O Rei: Precisão e Fluência da Leitura (O REI; Carvalho & Pereira, 2009)
§ Avaliação da Leitura em Português Europeu (ALEPE; Sucena & Castro)
§ Bateria de Avaliação da Leitura (BAL; Ribeiro et al.)
§ Prova de Avaliação da Capacidade de Leitura (DECIFRAR; Emílio Salgueiro)
- Leitura de diversos textos com níveis diferentes de complexidade
- Leitura de lista de palavras frequentes e irregulares (via visual ou direta)
- Leitura de lista de palavras pouco frequentes, regulares e pseudopalavras (via fonológica ou
indireta)
- Analisar o efeito da Regularidade, Lexicalidade e Frequência
- Avaliação da compreensão leitora

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Moura, O., Moreno, J., Pereira, M., & Simões, M. R. (2015). Developmental Dyslexia and Phonological Processing in European Portuguese
Orthography. Dyslexia, 21(1), 60-79. doi: 10.1002/dys.1489


§ Escrita
- Escrita de textos/composições, ditados
- Escrita de palavras regulares, irregulares, frequentes, pouco frequentes, pseudopalavras
- Análise e avaliação da construção e estruturação frásica
- Análise e caracterização da tipologia dos erros ortográficos encontrados nos cadernos diários

5 - APLICAÇÃO DE TESTES ESPECÍFICOS DE DISLEXIA
§ Adult Reading History Questionnaire
§ Prova Exploratória de Dislexia Específica (PEDE)
§ Prova de Análise e Despiste da Dislexia (PADD)
§ The Dyslexia Screening Test
§ International Dyslexia Test

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Intervenção Reeducativa na Dislexia


ASPETOS A TER EM CONTA QUANDO SE INICIA UMA INTERVENÇÃO REEDUCATIVA
§ O grau das dificuldades nas competências de leitura e escrita
§ As competências da criança
§ A idade da criança
§ Condição emocional da criança
§ Contexto escolar e familiar

PROCESSO DE INTERVENÇÃO
- Intervenção psicoterapêutica (emocional), caso seja necessário.
- Intervenção específica e reeducativa nas dificuldades de leitura e escrita.
- Intervenção noutras valências (caso seja necessário) para correção de outras áreas deficitárias. Ex:
Terapia da Fala, Terapia Ocupacional, Psicomotricidade, …
- Aplicação de estratégias de ensino diferenciado e de medidas educativas especiais (se necessário).
- Articulação de estratégias com o contexto escolar e familiar.

EXEMPLO DE EXERCÍCIOS E ATIVIDADES NA INTERVENÇÃO REEDUCATIVA DA DISLEXIA:
§ Processamento Fonológico:
- Rimas e lengalengas; Perceção das palavras que começam ou terminam pelo mesmo som;
Reconstrução, segmentação e consciência fonémica e silábica; Manipulação Fonológica (omissão,
adição e inversão de sílabas iniciais, intermédias e finais); Processos de descodificação fonema-grafema
e grafema-fonema; Memória auditiva (verbal) de curto prazo (dígitos, palavras, frases, pseudopalavras);
Leitura e escrita de pseudopalavras.

PROCESSAMENTO FONOLÓGICO
- Atividades de rimas e lengalengas
- Perceção das palavras que começam ou terminam pelo mesmo som.
- Reconstrução, segmentação e consciência silábica e fonémica (+ difícil).
- Manipulação Fonológica (omissão, adição e inversão de sílabas iniciais, intermédias e finais).
- Processos de descodificação fonema-grafema e grafema-fonema.
- Manuais:
§ Consciência Fonológica em Crianças Pequenas (Adams, 2006)
§ Vamos Brincar a Rimar (Carmina Pereira Elias)
§ Distúrbios de Leitura e Escrita – Anexos (Santos & Navas, 2002)
§ Programa de Promoção do Desenvolvimento da Consciência Fonológica (Catarina Rios)

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§ Inventários e Ficheiros Cacográficos.

§ Intervenção específicas nas trocas efetuadas:
- Trocas Fonológicas
Regra gramatical: m/n, ão/am, …
Estratégia: pra/par, nh/lh
Ao nível do fonema: p/t, f/v, ch/j, … actividades de discriminação auditiva
- Trocas Lexicais
Com regra gramatical: s/ss, s/z, x/z, o/u, …
Sem regra gramatical (apela a processos de memorização): x/ch, x/s, s/ç, h, …

§ Técnicas multissensoriais.

§ Atividades lúdicas e multimédia que apelem para os processos de descodificação da leitura e escrita para
outras competências cognitivas.

§ Manuais de Intervenção Reeducativa:
- Método Fonomímico (Paula Teles); Distúrbios de Leitura e Escrita (Santos & Navas, 2002); Consciência
Fonológica em Crianças Pequenas (Adams et al., 2008); Manual de Leitura Corretiva (Condemarim &
Blomquistm 1986); Dislexia – Cadernos 1, 2, 3, e 4 (Helena Serra); Dislexia: Atividades de Conhecimento
Fonológico (Rosa Lima & Cláudia Tavares, 2012); entre outros …

§ Memória de Trabalho: CogMed, CogWeb, CogniPlus, …

§ Exercícios de leitura e escrita:
- Leitura e escrita de palavras, frases e textos (adequadas ao nível da dificuldade; com sílabas de
progressiva complexidade: cv; vc; cvc; ccv; …).
- Leitura e escrita de pseudopalavras (adequadas ao nível da dificuldade; com sílabas de progressiva
complexidade: cv; vc; cvc; ccv; …).
- Análise compreensiva da informação lida.
- Escrita: Composições, ditado de palavras, ordenar frases, completar frases e/ou palavras, ordenar
histórias, palavras cruzadas, sopa de letras, etc.
- Jogos e atividades lúdicas de leitura e escrita.

§ Intervenção ao nível dos efeitos secundários:
- Perceção e memória visual e verbal; Orientação espácio-temporal; Grafomotricidade; Lateralidade;
Problemática emocional associada; Hiperatividade com Défice de Atenção; Problemas de linguagem ou
articulatórios; etc.

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§ Exercícios não recomendáveis:
- Ditados, cópias, escrita repetitiva das palavras que errou.

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Medidas Educativas Especiais



DECRETO-LEI n.º 3/2008 – “NECESSIDADES EDUCATIVAS ESPECIAIS”

Este DL define os apoios especializados a prestar na educação pré-escolar e nos ensinos básico e secundário
dos setores público, particular e cooperativo, visando a criação de condições para a adequação do processo
educativo às necessidades educativas especiais dos alunos com limitações significativas ao nível da
atividade e da participação num ou vários domínios de vida, decorrentes de alterações funcionais e
estruturais, de caráter permanente, resultando em dificuldades continuadas ao nível da comunicação, da
aprendizagem, da mobilidade, da autonomia, do relacionamento interpessoal e da participação social.


Medidas Educativas - Artigo 16.º - Adequação do Processo de Ensino e de Aprendizagem
a) Apoio Pedagógico Personalizado
b) Adequações Curriculares Individuais (*)
c) Adequações no Processo de Matrícula
d) Adequações no Processo de Avaliação:
1. Tipo de provas; 2. Instrumentos de avaliação e certificação; 3. Condições de avaliação (Formas e meios de
comunicação, Periodicidade, Duração, Local da mesma).

e) Currículo Específico Individual (*)


f) Tecnologias de Apoio
(*) – Não cumuláveis entre si


CIF – CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE

- Estruturas do Corpo (s)
- Funções do Corpo (b) – Funções Mentais Globais e Funções Mentais Específicas
- Atividade e Participação (d)
- Fatores Ambientais (e)

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Perturbação da Escrita – Disortografia


§ Perturbação que afeta as aptidões da escrita, onde se observa um conjunto de défices na capacidade da
criança para compor textos escritos, evidenciando erros gramaticais ou de pontuação na elaboração das
frases, organização pobre dos parágrafos, múltiplos erros de ortografia e uma grafia excessivamente
deficitária (DSM-IV-TR, 2002).

§ Os erros ortográficos ocorrem de forma sistemática e recorrente, podendo provocar a total ininteligibilidade
dos escritos. Verificam-se omissões, adições, substituições e inversões de letras e sílabas. Dificuldades em
descodificar o som com o grafema correspondente.

Perturbação que afeta a componente da escrita, onde se observam dificuldades na:
1 – Processos cognitivos subjacentes à composição de textos
- Dificuldades na planificação do texto. Dificuldade em organizar e expressar os seus
pensamentos/conhecimentos segundo as regras ortográficas. Falta de clareza na produção escrita das
ideias.
- Organização pobre dos parágrafos.
- Múltiplos erros gramaticais ou na pontuação das frases.
- Não conseguem organizar nem expressar os seus pensamentos segundo regras gramaticais, afecta a
ideação, a formulação e a produção, bem como os níveis de abstracção.
- Os escritos são curtos, têm uma organização pobre, uma pontuação inadequada e os processo de
composição são pobres em ideias.
- Dificuldades em executar os processos cognitivos subjacentes à composição de textos, como são os de
geração de conteúdo, os sintácticos ou os de estruturação e planificação do texto.

2 – Erros ortográficos feitos de forma sistemática e recorrente


Critérios de Diagnóstico de Perturbação da Aprendizagem Específica com Défice na Expressão Escrita
segundo o DSM-5 (2014)
315.2 (F81.81) Com Défice na Expressão Escrita:
- Precisão ortográfica
- Precisão gramatical e da pontuação
- Clareza ou organização da expressão escrita

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Conclusão

O estudo das dificuldades na leitura e escrita, em geral, e da Dislexia, em particular, vem suscitando o
interesse de (neuro)psicólogos, (neuro)pediatras, professores, terapeutas e outros profissionais da saúde e
educação interessados na investigação dos fatores implicados no sucesso e/ou insucesso educativo. As
competências de leitura e escrita são objetivos essenciais de qualquer sistema educativo, pois constituem
aquisições iniciais que funcionam como uma base para todas as restantes aprendizagens. Assim, uma criança
com dificuldades acentuadas na leitura e escrita apresentará lacunas em todas as restantes áreas curriculares, o
que provocará um desinteresse cada vez mais marcado pela aprendizagem, uma diminuição da sua autoestima
e alterações emocionais.

A Dislexia é uma das perturbações infantis mais frequentes e etiologicamente resulta de alterações
genéticas, neurológicas e neurolinguísticas. Estudos genéticos recentes identificaram alguns cromossomas como
estando associados à Dislexia. Encontram-se igualmente mapeadas as regiões do córtex cerebral responsáveis
pelas alterações disléxicas. Essas regiões localizam-se no hemisfério esquerdo (lobo temporal, occipital e
parietal).

As crianças disléxicas apresentam um conjunto significativo de alterações e dificuldades específicas na


aprendizagem da leitura e escrita, apesar de um funcionamento intelectual normativo. Estas crianças revelam
severas dificuldades nos processos de descodificação da leitura, alterações no processamento fonológico
(consciência fonológica e nomeação rápida) e na memória de trabalho (verbal e executiva). A sua leitura é
pautada por uma baixa fluência e precisão, para além de dificuldades na compreensão da informação lida. Na
escrita surgem muitos erros ortográficos e dificuldades na estruturação das ideias no texto, para além de poder
ocorrer concomitantemente alteração no traçado e na grafia.

Para além destas alterações, as crianças disléxicas podem apresentar outras perturbações có-mórbidas,
nomeadamente Discalculia e Perturbação de Hiperatividade com Défice de Atenção. A avaliação e intervenção
nesta perturbação deverão ser realizadas por técnicos especializados por envolve a aplicação de um protocolo
específico e complexo, sendo necessário uma avaliação diferencial para despistar eventuais variáveis/fatores
que possam explicar tais dificuldades.

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Curso Avançado de DISLEXIA – Página 30


Formador: Octávio Moura | dislexia.pt | octaviomoura.com

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