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Uma pré-publicação do livro Mind Gym dá-me tempo, a publicar em fevereiro pela
Editora Lua de Papel. Publicado com a permissão da Editora.
O objetivo desta nova abordagem é fazer-nos sentir bem com o tempo, tanto com
aquele que temos, como com o uso que fazemos dele. A procura de "tempo suficiente"
é fútil, infelizmente. Para muitos de nós, assim que temos tempo suficiente arranjamos
uma quantidade de novos projetos e, pronto, já ficamos outra vez sem tempo.
Esta situação é completamente saudável. Qualquer tentativa de restringir a nossa
imaginação ou o apetite por novas aventuras parece errada. Do mesmo modo, isto não
quer dizer que estejamos destinados a nunca ter tempo suficiente (ou imaginação que
baste). Podemos ver a coisa como uma chatice ou, então, tal como só há um ás de
espadas no baralho, como parte integral do jogo da vida. De qualquer maneira, ter
"tempo suficiente" não e um objetivo que valha a pena perseguir. O que vale a pena
querer, quando se trata de tempo, e satisfação. Ou, melhor ainda, um tempo
maravilhoso.
Dêem-me satisfação
Em segundo lugar, em vez de nos concentrarmos na forma de sermos mais
eficientes, esta nova abordagem apresenta três chaves para nos sentirmos bem com o
tempo: controlo, imersão e propósito. Cada uma delas tem o poder de revelar algum
encanto relacionado com o tempo; combinadas, são virtualmente inatacáveis, a
melhor garantia que pode haver de que se esta a gastar bem o tempo.
Controlo
Entre todos os trabalhadores a tempo inteiro, é surpreendente que os mais
satisfeitos com o equilíbrio entre o trabalho e o resto da vida sejam aqueles que
trabalham mais horas: os autônomos. Este paradoxo aparente explica-se com uma
descoberta simples, porém vital: quanto mais sentimos que controlamos o nosso
tempo, melhor nos sentimos sobre o modo como o utilizamos.
Imersão
A felicidade e um estado de espírito que ocorre com mais frequência quando
estamos imersos no que fazemos. Pode ser caminhar no Himalaia, lutar para chegar ao
próximo nível num jogo de computador, ou pintar uma aquarela. Não têm importância
qual e a atividade. O que importa e que nos sentimos suficientemente empenhados e
entusiasmados com o que estamos a fazer para que fiquemos completamente
absorvidos. Numa altura dessas e muito mais provável acharmos que o tempo e bem
gasto.
Propósito
A nossa maior satisfação ocorre quando achamos que aquilo que estamos a fazer
tem importância. Pode ser por essa atividade específica nos ajudar a realizar uma
ambição pessoal: ser nomeado professor principal, tocar num concerto. Ou podemos
ver essa atividade como uma contribuição para algo maior: ajudar as crianças a serem
boas alunas, dar prazer às pessoas.
Medida inadequada
Cada um de nós tem o seu ADN temporal. Por
causa desta diferença, aquilo que ajuda o Jack pode ser
um inconveniente para a Jill, ou mesmo um prejuízo.
Embora um pouco de planejamento possa ajudar
algumas pessoas a sentirem-se melhor sobre como
gastam o seu tempo, para outras e uma fonte de
pressão insuportável.
Uma terceira diferença na abordagem de The Mind
Gym é que enaltece as nossas diferenças. Assim sendo,
em vez da abordagem ortodoxa que nos faz mudar de
"A" — a nossa maneira atual de agir, insatisfatória —
para "B" — a fórmula mágica do guru. The Mind Gym
pretende mudar as pessoas de "A" para outras opções.
Como consequência desta perspectiva, há pilhas de questionários e de outras
ferramentas para nos ajudar a descobrir as nossas, preferências e inclinações. E muitas
orientações sobre a utilização dos resultados.
A MARCA DO TEMPO
Caso se deitasse no sofá do psiquiatra, provavelmente ele perguntar-lhe-ia que
relacionamento tinha com o seu pai. Mas não se preocupe, isso não acontecerá aqui.
Em vez disso, esta seção refere-se a um relacionamento que é mais obscuro,
igualmente profundo e pouco falado, mesmo a porta fechada: o seu relacionamento
com o tempo.
É único, é pessoal, e uma vez que compreendemos a nossa relação com o tempo
podemos descobrir se alguma vez o vamos achar suficiente (A, Falcões e pombas); se
ganhamos alguma coisa planeando menos (B, O meu tipo de tempo); se podemos ter
alegrias inidentificáveis a olhar para o trabalho (C, Hiato temporal); se precisamos de ir
mais devagar ou acelerar (D, Apressados compulsivos); se beneficiaríamos ao deixar
coisas para fazer mais tarde no mesmo dia (E, Curva da concentração); ou se
conseguiremos mais exigindo menos (F, Mañana).
Já sabe o seu código PIN, o nome de solteira da sua mãe e talvez o seu tipo
sanguíneo. Agora, descubra a sua marca do tempo e a capacidade de coordenar as
técnicas certas de dilatar o tempo, com o seu próprio estilo temporal.
FALCÕES OU POMBAS?
Pode parecer uma pergunta parva. Quem sabe o que trará o futuro? Mas agarre-se
a ela - há uma maneira de olhar para a bola de cristal e predizer o futuro com um alto
grau de precisão. E não é difícil. Limite-se a responder a esta pergunta:
Quer tenha respondido sim ou não, é também provável que seja a resposta à
primeira questão sobre o futuro. Pois a questão não é o numero de horas disponíveis,
ou a quantidade de trabalho a fazer; a nossa sensação de falta de tempo, ou não, tem
essencialmente a ver com a nossa forma de pensar e, mais ainda, com a forma como
encaramos o tempo.
Do mesmo modo que há pessoas que vêem o copo meio cheio ou meio vazio (ou o
copo do tamanho errado), se escolhermos pensar de uma maneira diferente podemos
transformar a nossa percepção sobre os mesmos fatos objetivos.
HÁ QUEM FIQUE SATISFEITO POR ESTAR A FAZER MAIS COISAS DO QUE AQUELAS
QUE PODE TERMINAR. TEMOS DE RECONHECER QUE NÃO VAMOS TER TEMPO PARA
GERIR UM BANCO, EDUCAR NOSSOS FILHOS E APRENDER TRÊS LÍNGUAS.
Resumindo, se tiver a atitude certa em relação ao tempo, tem uma boa
probabilidade de ficar satisfeito não só com o tempo que tem mas também com o
modo como o gasta. Mas se não fizer assim, vai achar extremamente difícil sentir uma
destas coisas, por mais que tente.
Há quem goste de estar muito ocupado. É claro que podemos fingir que não
estamos: "Simplesmente não tenho escolha; se conseguisse arranjar maneira de não
ter de fazer isto tudo, não faria." "Acha que gosto de ter tanto que fazer?"
Mas então, e se a fada do tempo fizesse um movimento com a varinha mágica e,
de repente, removesse todas as atividades árduas que não queremos fazer?
Enquanto o diabo esfrega um olho já teríamos encontrado mais uma quantidade
de coisas para fazer. E o que diríamos, então?
Para o gênero de pessoas que estão sempre super ocupadas, a atividade faz parte
da sua identidade. Se afastássemos todas as coisas que temos para fazer,
encontraríamos outras coisas novas.
Não porque sejamos masoquistas, mas porque e o que torna a nossa vida
entusiasmante e nos mantém motivados.
O ditado de que se queremos alguma coisa feita devemos dá-la a uma pessoa
super ocupada tem o seu lado de verdade, precisamente porque essas pessoas gostam
de atividade. Pode ser uma das maneiras de manterem a sua auto-estima.
Portanto, estar ocupado, em vez de ser sinal de que não temos tempo suficiente,
pode realmente ser a prova de que estamos a usar bem o nosso tempo. Mas será que
isto nos faz sentir melhor sobre a quantidade de tempo que temos?
Há quem fique muito satisfeito por estar a fazer mais coisas do que aquelas que
pode terminar. Temos de reconhecer que, digam às revistas o que disserem, não
vamos ter tempo suficiente para gerir um banco, educar os nossos filhos, dar
escapadelas românticas, aprender três línguas, escrever romances premiados e fazer
um pouco de trabalho comunitário.
Não só aceitamos que é impossível encontrar tempo para fazer tudo, mas também
que ter esta panóplia de opções pode ser uma fonte de energia e entusiasmo.
As pessoas que pensam assim são as Pombas do Tempo.
Reconhecem que fazer escolhas difíceis é uma consequência inevitável da vida.
Pois, podem talvez ficar a pensar, seria ótimo ter muitas vidas paralelas —
digamos, uma para namorar, outra para a família, mais outra para os projetos
especiais, e assim por diante. Mas isso não vai acontecer. As Pombas do Tempo
encaram as escolhas como um desafio — querem juntar os melhores bocados e
combiná-los, em vez de ficarem frustradas por não conseguirem fazer tudo.
Contudo, há quem não tenha uma atitude tão descontraída. Lemos nas mesmas
revistas o que é ter tudo e ficar profundamente frustrado.
Essas pessoas são os Falcões do Tempo. Para elas, escolher a maneira de gastar o
tempo não é entusiasmante, é aterrador. Perguntam elas, como é possivel ficar
satisfeito com uma situação em que não conseguem fazer tudo o que querem? Bem
visto. Não há nada de mal com esta opinião, exceto o resultado: os Falcões do Tempo
programaram-se para estar sempre insatisfeitos com a quantidade de tempo que tem.
Os Falcões do Tempo estão eternamente a enfrentar dilemas. Devo experimentar o
novo restaurante ou ir ao cinema? Fazer ginástica, ir ao clube noturno ou dormir uma
noite bem dormida? Ir a aula de Espanhol ou convidar a nova vizinha muito gira para
um espetáculo de salsa?
Sentem-se sempre insatisfeitos por ter de escolher entre duas alternativas
tentadoras. Não serve de nada, queixam-se, simplesmente não tenho tempo que
chegue. Por mais que descubram técnicas para poupar tempo, os Falcões do Tempo
acham sempre que não tem tempo que chegue. É o destino deles.
Como vê o Tempo
Temos tendência para subestimar a nossa capacidade de escolher o que pensamos. Só
porque já fomos pessimistas não quer dizer que tenhamos que ser sempre pessimistas.
Uma vez que tomamos consciência de como pensamos, podemos controlar a situação
e modificar a nossa perspectiva. Igualmente, se queremos mudar a maneira como
vemos o mundo ou, neste caso, o tempo, é bom saber como é que já estamos a
pensar. Para ter uma ideia de como você vê o tempo, responda a este breve
questionário. Para cada par de afirmações, escolha aquela que está mais próxima do
seu ponto de vista. Se nenhuma parece suficientemente certa, escolha a que parece
menos errada. Não deixe de responder a todas.
A
1 Gosto de ter tudo feito
2 Fico frustrado por não fazer tudo o que queria
3 Não ter tempo suficiente é aborrecido
4 Gostava de ter mais tempo
5 Se tivesse tempo para fazer tudo fazer ficaria muito satisfeito
6 O tempo esta contra mim
7 Sinto-me frustrado com tudo o que tenho para fazer
8 Estou sempre a procura de maneiras de fazer uma coisa mais depressa
9 Se me arranjarem mais coisas para fazer arranjo tempo para elas
10 Quase sempre há maneiras de ser mais eficiente
11 Estou sempre à procura de oportunidades para passar tarefas para outras pessoas
mesmo que possa ser arriscado
12 Revejo as minhas prioridades frequentemente para ter a certeza de que estou a
fazer o que devia
13 É melhor tentar sempre os atalhos, mesmo que por vezes sejam becos sem saída
14 Continue a procura de uma melhor maneira de fazer as coisas
B
1 Gosto de ainda ter coisas para fazer
2 Fico entusiasmado quando tenho de escolher entre muitas opções
3 Não ter tempo suficiente é sinal de uma vida preenchida
4 Gostava de usar melhor o meu tempo
5 Se tivesse tempo para tudo arranjaria mais coisas para fazer
6 O tempo está a meu favor
7 Sinto-me estimulado com tudo o que tenho para fazer
8 Quando tenho uma rotina que funciona, prefiro mantê-la
9 Se me arranjarem mais coisas para fazer, tenho de deixar de fazer alguma das atuais
10 Às vezes é o tempo que leva a fazer as coisas e não se pode fazer nada quanto a isso
11 Geralmente é melhor ser eu a fazer as coisas do que tentar arranjar que mas faça
12 Quando decido uma ordem de atuação, tenho tendência a mantê-la
13 É melhor fazermos o que sabemos que funciona, em vez de correr o risco de acabar
onde começamos
14 Faça da maneira que tem a certeza que funciona
RESPOSTAS À SEGUIR
Há mais do que um tipo de pomba (ou de falcão)
1. Claro que não há tempo suficiente para fazer tudo. Basta usar o melhor possível
o tempo que tenho.
2. Sei que nunca terei tempo que chegue, mas vou garantir que consigo fazer o
melhor possível com cada minuto que tenho a minha disposição.
Estes dois pontos de vista são de Pombas do Tempo: ambas estão satisfeitas por
saberem que nunca terão tempo que chegue. Mas são duas pombas muito diferentes.
A primeira é uma pomba resignada. As pessoas que pensam assim reconhecem a
inevitabilidade de não conseguir fazer tudo e, portanto, continuam a fazer o que
conseguem no tempo de que dispõem. Se tivessem uma música temática seria "Que
Será, Será". A segunda é uma pomba esforçada. Estas pessoas já aceitaram que nunca
terão tempo suficiente para fazer tudo o que querem, mas acreditam que ha maneiras
para conseguir fazer mais com o tempo que tem. O resultado é que continuam a
procura dos atalhos, ajudantes de boa vontade e outros métodos para conseguir fazer
mais em menos tempo. Acontece o mesmo com os falcões. Há falcões esforçados,
sempre desejosos de encontrar maneiras de ser mais eficientes. Mas também há
falcões resignados, conformados em moverem-se segundo os ditames do relógio. Mas
as coisas nunca são apenas preto e branco, e claro. Há vários graus de esforço ou de
resignação, mas em nome da simplicidade vamos considerar apenas estas quatro
visões básicas do tempo.
ESFORÇADOS
FALCÕES Destinados a estar sempre frustrados por não terem tempo suficiente mas
mesmo assim, a esforçar-se por encontrar maneiras de ter mais tempo
POMBAS Felizes com as muitas escolhas da vida e com o fato de nunca terem tempo
suficiente para fazer o que querem; mas continuam a esforçar-se para encontrar
maneiras de usar melhor o tempo que tem.
RESIGNADOS
FALCÕES Destinados a estar sempre frustrados por não terem tempo suficiente.
Desistiram de tentar arranjar mais tempo.
POMBAS Felizes com as muitas escolhas da vida e com o fato de nunca terem tempo
suficiente para fazer o que querem. Descontraídos quanto a fazer o que podem no
tempo disponível.
Eu sou o quê?
Para descobrir se é um falcão ou uma pomba, veja as suas respostas as perguntas
1-7 do questionário anterior.
Se a maioria das suas respostas foram A, então provavelmente é um falcão. Se a
maioria foi B, então, provavelmente é uma pomba. Para descobrir se é do tipo
esforçado ou resignado, veja as suas respostas as perguntas de 8 a 14. Se respondeu,
sobretudo A provavelmente é esforçado. Uma maioria de B é provavelmente de um
resignado.
Maioria de A Maioria de B
Perguntas 1-7 Falcão Pomba
Perguntas 8-14 Esforçado Resignado
Deve ter agora uma ideia clara do tipo de pássaro do tempo que é.
3. "A vida é um jogo, mas o bridge é a sério", era uma piada escrita nas costas de um
baralho de cartas.
Quer partilhe este entusiasmo por apostas e jogadas, ou não, tratar a vida como
um jogo pode ajudar-nos a pensar numa perspectiva muito mais de pomba.
Se jogasse Monopólio com uma quantidade ilimitada de dinheiro, não seria um
jogo com piada. O pôquer perderia a emoção se todas as cartas fossem ases de
espadas, como aconteceria com o Scrabble se todas as peças fossem em branco. O que
torna estes jogos interessantes e divertidos é a limitação dos recursos.
Acontece o mesmo com a vida. E embora haja quem comece com algumas
vantagens — uma grande cabeça, pernas fabulosas, uma herança razoável — todos
temos a mesma quantidade de tempo. O maior nivelador de todos. O jogo, ou desafio,
e usá-lo da melhor maneira, portanto, não vale a pena ficarmos preocupados quando
não temos o suficiente. Isso só ia estragar o jogo.
Esforce-se
HIATO TEMPORAL
Em 2002 descobriu-se que uma pintura de Jan van den Hoecke lhe tinha sido mal
atribuída. Considerada como um Rubens, o valor monetário subiu muito,
transformando-a de um trabalho menor, avaliado em 745 mil euros, numa obra-prima
de 73 milhões de euros. O nosso tempo pode não ter uma etiqueta mas os rótulos que
Ihe colocamos podem ter um efeito no modo como o valorizamos.
RÓTULO 1
TRABALHO
Imagine por momentos que Ihe pedem para executar uma tarefa simples, digamos,
fazer um puzzle. Agora, imagine também que vão pagar-lhe pelo tempo gasto nessa
tarefa. Como afetaria isso a sua atitude? Foi isso que os psicólogos avaliaram com uma
experiência. Um grupo recebeu um dólar por trabalhar no puzzle e o outro não
recebeu nada. Ao ver os resultados, descobriram que o grupo que trabalhou de graça
não só demorou mais tempo, como também os comentários dos participantes
mostraram que se tinham divertido mais. Parece que o "trabalho" é menos agradável
do que o "divertimento". Tudo se resume ao rótulo.
1 NÃO É TRABALHO Ponha as coisas a funcionar a seu favor. O que gosta de fazer nos
tempos Iivres? No trabalho, onde consegue entusiasmo semelhante? Se é um animal
social que gosta de festas, então, dirigir reuniões ou ligar diferentes áreas de trabalho
podia ser a sua receita. Ou então, se está a planear uma segunda carreira como
escritor de ficção, escrever relatórios podia ser um bom treino - afinal de contas, há
quem esteja a pagar o seu treino de escrita. E os telefonemas de vendas são uma
benesse para os candidatos a escritores com bom ouvido para o diálogo.
2 ESTOU A FICAR MELHOR "A experiência é um bom professor, mas faz-se pagar muito
caro", disse a escritora americana Minna Antrim. Bom, mau ou indiferente, cada dia
ensina-nos coisas novas. Reflita sobre isso. Escreva, faca um diário; pode servir de
matéria-prima para um projeto criativo; pode ajudá-lo a não repetir o mesmo erro;
pode levá-lo a uma nova teoria para um negócio ou a um novo número cómico. John
Grisharn estava a trabalhar 70 horas por semana num pequeno escritório de
advogados, quando um caso o inspirou a começar a escrever.
3 DÊEM-ME COISAS BOAS Não fique a espera que os bons trabalhos venham ter
consigo. Decida sobre o que poderia fazer que achasse agradável ou estimulante e
ofereça-se para os projetos que o atraem. Coloque-se na faixa de alta velocidade, se é
isso que quer.
4 OS MEUS RÓTULOS EM VEZ DOS VOSSOS Faça as coisas a sua maneira. Não deixe
que o pessimismo dos outros Ihe estrague o dia. Cada um de nós tem prazer em coisas
diferentes. Só porque o tipo da secretaria ao lado detesta vendas, não significa que
você não possa gostar muito de fechar um negócio.
CONCLUSÃO
Não guarde o seu prazer para os tempos livres. Tanto pode acontecer no trabalho
como em qualquer outro sítio.
RÓTULO 2
“SOU DONO DO MEU TEMPO"
A nossa cara-metade quer passar algum tempo conosco, e isso é bom; é o tempo
no dentista que não é tão bom. Mas em ambos os casos, o controlo é nosso. Se
quisermos, podemos dizer não ao amor, e podemos ignorar a consulta do dentista.
Mas há outras situações na nossa vida em que sentimos ter menos escolha, e ocasiões
em que sentimos que não temos escolha nenhuma.
Um grupo de secretárias que participou nos exercícios de The Mind Gym
concordou com a afirmação de uma delas: "As táticas com o tempo não me servem de
nada. Não posso controlar o meu uso do tempo." O papel delas é reativo, não pró-
ativo. Ou pelo menos, e o que Ihes parecia até tentarem este exercício.
Cada uma delas recebeu uma folha de papel com uma linha vertical ao meio. Do
lado esquerdo anotaram todo o tempo que passavam a resolver coisas que estavam
fora do seu controlo. Do lado direito desafiaram as afirmações que tinham feito,
enunciando tudo o que pudessem pensar que influenciasse esses fatores
"incontroláveis" Para surpresa delas, era uma longa lista. Em vez de usarem os
períodos um pouco mais calmos para recuperar, poderiam usá-los para preparar
recursos para o "massacre" seguinte? Ou em vez de perder tempo a reescrever
relatórios, porque não desenhar um formulário e obter logo todas as informações?
Assim que perceberam a coisa, identificaram uma grande variedade de novas áreas
em que podiam marcar limites, contribuir com sugestões, procurar informações e
organizar sistemas que as deixavam preparadas e Ihes poupavam tempo mais tarde.
Como resultado do exercício, o grupo de secretárias reconsiderou as suas opiniões
e percebeu que uma parte significativa do tempo de trabalho podia ser etiquetada
como tempo próprio. É claro que continuariam a ser chamadas para as emergências e
pedidos de última hora, mas talvez isso fizesse parte do encanto da profissão: "Gosto
muito de apagar fogos" disse uma participante, desde que não seja a toda a hora." E
então, se depois do exercício decidissem que achavam os seus limites insuportáveis,
podiam considerar mudar de profissão e procurar um trabalho com maior autonomia.
E sobre essa decisão não havia dúvidas de que tinham todo o controlo.
É a sua vez
Conclusão:
A tendência é para haver mais coisas ao nosso alcance para controlçar o tempo do que
podemos imaginar. Como se costuma dizer: o tempo voa, mas felizmente o piloto sou
eu.
RÓTULO 3
RELATIVIDADE
Qualquer que seja a nossa decisão sobre o que fazer com o nosso tempo estamos
sempre a fazer uma escolha. Fazer uma coisa exclui fazer outra. Quando a escolha é
fácil, sentimo-nos bem. As coisas ficam um pouco mais difíceis quando a escolha
envolve um confronto entre o que queremos e o que precisamos. Ainda fica mais difícil
quando se adiciona a equação princípios ou deveres — quero ir ao cinema com os
amigos, mas sinto que tenho de visitar a minha tia doente.
Perante este tipo de escolha, até mesmo uma atividade de que poderiamos gostar
torna-se desagradável. Estaria a divertir-me no almoço de anos do meu sobrinho se
não estivesse a perder a final de Wimbledon. Normalmente temos uma boa razão para
termos feito o que devíamos, mas ficamos chateados por termos perdido a alternativa,
um motivo para nos sentirmos muito infelizes. Tente perceber como esses aspectos da
sua identidade se reforçam com a sua escolha, reconheça-o, e pode mesmo apreciar-
se a si próprio pelas suas opções. Dê outro nome a sua atividade, como uma coisa que
acha que vale a pena ou Ihe da prazer, e vai achar muito mais fácil esquecer-se do "e
se eu tivesse". O resultado é que o tempo assim gasto vai começar a fazê-lo sentir-se
muito melhor.
RÓTULO 4
TEMPO = QUALIDADE
Pediu-se a um painel de especialistas que avaliassem dois programas de
computador que produziam resultados idênticos. Foi Ihes dito que o Programa A tinha
levado muito mais tempo a escrever do que o Programa B, e nada mais. Quando Ihes
perguntaram qual consideravam melhor, os especialistas escolheram sempre o
Programa A. Quando Ihes perguntaram porque, não conseguiram dar uma explicação
racional para a escolha.
Esta pesquisa de D. Lynne Persing é apenas um exemplo do mito que equaciona a
qualidade com o tempo que a tarefa leva a fazer. Se uma refeição é preparada em
poucos minutos, presumimos que será menos saborosa do que outra que levou horas
a fazer; uma decisão rápida não pode ser tão boa como se fosse tomada depois das
necessárias pesquisas; e um artista que produz um quadro a cada seis semanas, ou
menos, tem uma importância inferior do que o pintor que aperfeiçoa a sua tela
durante anos.
Mas esta assumpção avassaladora não nasceu de provas concretas. Uma coisa em
que estamos a trabalhar há horas pode recusar-se teimosamente a melhorar — na
realidade, pode ate piorar. A maioria das pessoas criativas tem uma história sobre
aquela peça que não conseguiam largar até a estragarem completamente. E, tal como
afirma Malcolm Gladwell no seu famoso livro Blink, uma decisão instantânea baseada
na intuição pode ser mais precisa do que avaliações que levaram horas de
considerações.
Gladwell conta a história de uma escultura que foi proposta ao Museu Getty da
Califórnia. A figura, um mármore grego, era supostamente do século VI a.C. e,
portanto, uma descoberta muito significativa. Decidido a certificar-se da autenticidade
da peça, o museu gastou mais de um ano a provar que era um original, apenas para
ver tudo posto em causa por um grupo de especialistas em Arte que a viram durante
alguns minutos. Com apenas uma rápida olhadela, os especialistas viram, ou talvez
tenham sentido, coisas que tinham escapado a meses de investigação meticulosa.
Neste caso em particular, menos tempo valeu muito mais.
É claramente verdade que longos períodos de esforços continuados são
frequentemente compensados com grandes resultados.
CONCLUSÃO
O tempo que se gasta a fazer uma coisa, por vezes não tem relação com a qualidade
dessa coisa.
RÓTULO 5
O BOM GESTOR DE TEMPO
O último engano de rotulagem é o do "bom gestor de tempo" Um gestor com um
tempo determinado para cada uma das suas atividades parece muito eficiente, e pode
ser que seja. Mas os horários rigorosos por vezes tem um preço. O gestor de tempo
disciplinado pode estar a perder as conversas de corredor que constroem relações;
não vai ter tempo para as conversas dispersas que levam a uma visão imprevista das
ideias, e que aparecem depois do tempo marcado para a reunião. Os colegas não Ihe
vão pedir conselhos porque ele não tem tempo para dá-los.
Um gestor de tempo realmente bom faz mais do que gerir o seu tempo; encontra
sempre maneiras de ser flexível e sensível ao que se passa a sua volta. Tem tempo para
o inesperado. Aqui vai uma historia positiva sobre gestão de tempo, para terminar.
Julie apaixonou-se (por pouco tempo) por um homem muito ocupado e muito
organizado. No final do dia ele costumava passar meia hora a escrever a agenda do dia
seguinte com os tempos marcados para todas as atividades. Impressionada, Julie olhou
para a lista e descobriu que o item número 35 era "fazer amor". A relação não durou
muito.
Há pessoas que gostam de saltar entre vários projetos, enquanto há outras que
preferem terminar completamente uma tarefa antes de passar para a seguinte. Os
ensinamentos ortodoxos de gestão do tempo incentivam-nos a completar uma coisa
antes de começar outra. Mas estarão certos? Será que quem faz várias coisas ao
mesmo tempo e menos eficiente?
O antropólogo Edward Hall verificou o modo como as diferentes culturas tratam o
tempo de maneiras distintas e construiu uma escala para ilustrar a forma como as
pessoas utilizam o tempo. Num extreme da escala colocou o mono crônicos: pessoas
que gostam de fazer uma coisa de cada vez e se certificam de que terminaram como
deve ser, antes de passar para a próxima.
Colocou no outro extremo da escala as pessoas altamente policrônicas, que
gostam de começar várias tarefas ao mesmo tempo. Lêem algumas páginas, fazem um
telefonema, resolvem uma coisa qualquer, voltam a ler mais algumas páginas,
respondem a um e-mail, e assim por diante.
Foi então que outros três psicólogos (Kaufman, Lane e Lindquist) verificaram se a
nossa maneira de ser naturalmente policrônicos tem alguma coisa a ver com o nosso
nível de stress e, implicitamente, de eficiência. Escolheram como fonte as cirurgias
dentais. A pesquisa mostrou que, no caso dos assistentes de dentista, a sua inclinação
para fazer trabalho sequencial ou tarefas múltiplas não tinha influência no nível de
stress. Mas em relação aos próprios dentistas obtiveram um resultado diferente:
quanto mais policrônicos eram, menos stress sentiam em situações complicadas e
maior era a sua satisfação com a profissão. Pesquisas posteriores de Alien Bluedorn
reforçam a hipótese de que e mais fácil sermos excelentes em papéis mais sofisticados
e complexos se preferimos fazer várias coisas ao mesmo tempo.