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J.J.

Moreira 6
J. J. Gremmelmaier

J. J. Moreira 6
Altar, Guerra e Dinheiro

Primeira Edição

Curitiba – Paraná
Edição do Autor
2021

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J.J.Moreira 6
Autor; J. J. Gremmelmaier
Edição do Autor
Nome da Obra; J. J. Moreira 6

CIP – Brasil – Catalogado na Fonte


Gremmelmaier, João Jose - 1967
J. J. Moreira 6 / Romance de Ficção, 150 pg./ João
Jose Gremmelmaier / Curitiba, PR / Edição do Autor /
2021
1. Literatura Brasileira – Romance – I - Titulo

85 – 0000 CDD – 978.000

As opiniões contidas no livro, são dos personagens, em


nada assemelham as opiniões do autor, esta é uma obra de
ficção, sendo os nomes e fatos fictícios.
É vedada a reprodução total ou parcial desta obra.
Sobre o Autor;
João Jose Gremmelmaier, nasceu em Curitiba, estado do
Paraná, no Brasil, formação em Economia, empresário por
muitos anos, já teve de confecção a empresa de estamparia, loja
de informática, ele escreve em suas horas de folga, alguns
jogam, outros viajam, ele faz tudo isto, mas quando a frente de
seu computador nos leva viajar em historias tiradas de seu
imaginário.
Autor de Obras como Fanes, Guerra e Paz, Mundo de
Peter, Heloise, Anacrônicos, cria historias que começam
aparentemente normais, e quando sentimos estamos em seus
universo de personagens, ele se define como Cru, ele não
enfeita, com o tempo ele foi interligando historias
aparentemente sem ligação nenhuma, criando seu universo de
personagens.

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Altar, Guerra e Dinheiro
J.J.Gremmelmaier

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Duas semanas se passam, a vida de Joaquim acelerava, e ao


chegar em casa, sente o abraço de Nádia, ele a olha aos olhos sem
olhar sua mão, ele a olha e fala a beijando.
— Quer quantos convidados?
Nádia olha para ele e sorri, ele não parecia ligado em detalhes,
mas a cada dia lhe deixava mais sem palavras, e ouve.
— Não temos tantos amigos.
— Sei que não temos, mas convidamos apenas os íntimos, sei
que tem gente que vai reclamar, mas uma hora, teria de pensar em
fixar raízes.
— E como foi o dia?
Joaquim pensa, ele não poderia falar parte do mesmo, para
quem olhava sua vida, parecia que estava corrida, ele não a achava
corrida, estava de olho em um problema no Rio, um em Porto
Alegre, dois em Santos, a entrada em São Paulo, e alguns contatos o
querendo em Cuiabá, talvez fosse a hora de mudar de verdade.
Há uma semana, ele olhava com cuidado dos problemas que
colocara Priscila, mas acreditava ser para depois do feriado de 15 de
novembro, ela assumira terras do deputado no interior do Paraná,
oficialmente vendidas para ela, para sumir do país, extra
oficialmente, apenas papéis em branco assinados, permitindo as
transferências de alguém que nem o corpo achariam.
Então enquanto parte da Droga que andava na contramão da
razão, forçando alguns especialistas em tenta parar o trafico ficar
olhando divisas do Paraná e Mato Grosso, começavam a acelerar a
construção de imóveis especiais em Santos, da droga que estava
entrando via porto em Porto Alegre, e se espalhando no mundo.
Estava entrando no feriado, todas as atividades de sexta
basicamente paradas na federal, com um ampliar de feriado,
emendando a sexta, e dispondo de feriado até quando todos fariam
de conta quer voltavam a atividade na terça, então ele estava
pensando em aproveitar um pouco, embora sempre tinha de
trabalhar demais.

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Oficialmente, Joaquim tinha uma leva de hotéis, de bares, de
danceterias, concessões, e começava a comprar terras para cultivo e
criações.
Ele abraçado a Nádia, parecia o caminho, e se tudo estava
caminhando, ele tinha seus receios.
As vezes ele temia se prender, mas se por um lado o rapaz
queria dar tiros, por outro, ele queria acalmar a alma.
Alguns lugares como Santos, Rio de Janeiro e Porto Alegre ele
não entrava calmo nunca, mas naquele abraço estava tentando
surgir um novo Joaquim.
— Sei que parece estranho Nádia, mas se perguntar para
todos a volta, vão dizer que meu dia foi corrido, eu olho e falo,
parece que estou na calma de seus braços.
— Sabe que alguns querem saber mesmo quem é este JJ,
agora todos falam de JJ para cima, JJ para baixo, se antes eles não
sabiam quem era Joaquim Moreira, agora eles nem sabem que o
seu primeiro nome é Joaquim. – Nádia.
— Sempre prefiro ninguém me olhando.
— E aquele Procurador?
— Ele não tem nada comigo, eu não tenho como falar em
juízo o que falei aos repórteres, pois teria de provar, mas alguém
em Porto Alegre, resolveu assumir o Loco, alguém no Rio, resolveu
assumir o Alemão.
— Acha que ele vai pegar no seu pé?
— Não sei, preciso comer algo, me acompanha hoje? –
Joaquim.
— Sim, vamos onde?
— Comer um caranguejo no Largo.
— Você vai querer pensar pelo jeito.
— Eu me divirto comendo, com as caras de nojo em volta,
não sei porque alguém que não gosta de caranguejo fica olhando a
gente comer.
Nádia sorriu e foram ao Sal Grosso no Largo e Joaquim pediu
meia dúzia.
Estavam conversando quando um senhor parou a frente dele,
com uma pata de caranguejo a mão e pergunta.
— Joaquim Moreira?

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Joaquim olha para fora, e olha o rapaz e fala.
— Sim, problemas?
— Repórter da Globo, poderíamos conversar?
— Come? – Joaquim apontando o caranguejo.
— Tô de serviço.
— Então melhor conversar em outra hora, não vou estragar
meu caranguejo para fazer uma reportagem.
— Apenas trocando uma ideia.
Joaquim bate o martelo na pata para a abrir e separa a parte
de carne, pela garra, coloca no caldo de feijão e olha o senhor
colocando aquilo a boca.
Nádia ao lado sorri, Joaquim sendo Joaquim era algo que a
fazia sorrir.
— Estamos fazendo uma reportagem sobre restaurantes e
mercados em crescimento na cidade, para o programa Globo Rural,
e sabemos que o senhor é um dos nomes mais citados quando se
fala em investimentos em comida na cidade.
— Como é seu nome?
— Carlos Souza e Silva.
— Parente do Governador?
Nádia estranhou, pois o governador era o Requião, então
estranhou e o rapaz falou.
— Meu tio.
— Sabe que poucos me olhando a rua, me veem como
alguém a perguntar algo, por isto estranho a motivação.
— Dizem que investiu em grandes restaurantes na cidade.
— Falam demais, mas qual a linha da reportagem.
— O consumo de produtos na cidade, produzidos ao campo,
o transformar do poder da terra em poder econômico.
— Não come mesmo?
— Vai insistir.
— Sim, sabe que ao meu lado está o símbolo de tudo que
faço, Nádia Cardoso dos Santos, mas se comer com a gente, pelo
menos não como sozinho.
— E nos daria uma entrevista?
— Eu lhe apresento parte do problema, e você verifica o que
acha do problema.

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— Problema?
— Carlos, em Contenda, temos uma produção em fase de
colheita de batatas, de onde tiramos toda a batata que vendemos
nos 12 restaurantes, e logico, sobra para oferecer no mercado, em
Morretes, estamos com a plantação de Caldo de Cana, banana e
Gengibre, estamos em fase de descanso da Pinga em barris que
estamos aprendendo a fazer, pois ainda não temos como importar
isto, então estamos aprendendo a fazer do zero, se olhar para
Londrina, temos milho, soja, algodão, beterraba, de onde estamos
produzindo ainda artesanal, nosso óleo de soja, de milho, algodão, e
nosso açúcar de beterraba, mas como digo, ainda tudo em primeira
produção, ainda aprendendo a transformar isto em dinheiro, as
vezes acho que vão anos para minha opinião ser levada a serio.
Carlos olha para Joaquim e fala.
— Está dizendo que não é apenas um bancário que investe
em restaurantes.
— Por isto lhe convidei a comer, dai quem sabe me explique o
que quer com esta reportagem.
— Dizem que suas empresa priorizam produtos internacionais
que temos capacidade de produzir.
— Concordo, enquanto não tiver qualidade, não vou
substituir algumas coisas, mas não quer dizer, que não vou
colocando o melhor do que temos, por algo que sei ser pior vindo
de fora.
Joaquim pega mais um caranguejo era o ultimo a mesa, ele
pedia de 6 em 6 para não esfriar muito, então ele come o ultimo e
pede mais 6.
Carlos olha para o garçom e pede um prato e apetrecho para
ele, Joaquim sorri e olha para o rapaz do lado de fora e convida a
entrar.
— E pelo jeito poucos o conhecem.
— Não preciso ser conhecido, falava para Nádia, que este tal
de JJ é famoso, o Joaquim está indo para o melhor lugar para se
estar, fora do holofote.
— E nos mostraria oque?
— Podemos começar por alguns pontos, não sei se tem um
cronograma, mas podemos começar pela plantação de batata, a

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coleta, a lavagem, o descascar dela e o pré-cozimento e embalagem
em porções, chegando nos locais já na forma que vai para o óleo
quente.
— Está dizendo que as batatas que serve e todos falam ser o
segredo de seu negocio, são por ser frescas e preparadas para isto.
— Não, o problema é que se a batata é para creme, ela é um
tipo, se ela é para fritura, outra, se é para batata palha, outra.
— E tudo isto sendo pré preparado?
— Sim, mas comemos, depois mostro parte, mas espero
apenas não ser uma pegadinha da sua empresa.
— Sei que alguns lhe veem como alguém perigoso, mas não
me parece alguém que pudesse ter a fama que eles falam, e parece
simples.
— Sou simples, Nádia, sempre diz que tenho apenas de
aprender a comer como se a comida não fosse fugir do prato, mas
referente a produzir, realmente gosto de coisas aceleradas.
— E realmente ninguém parece saber quem você é.
— Sei que as vezes até eu me assusto, pois já fui colocado
para fora de negócios próprios, por seguranças, eu acho engraçado,
mas como estava lá para trabalhar, me anunciei e alguém não me
atendeu, eu apenas vou a outro lugar, mas como se diz, orelhas
acabam sendo puxadas.
Comeram e o senhor Sergio, chega a mesa e olha Joaquim.
— Vão sempre fornecer já pré-cozidas?
— Se quiser de forma normal, consigo Sérgio, mas é que
assim não escurece tanto, e o centro não fica cru.
— Não estava reclamando, é que a cozinheira perguntou
onde comprávamos aquela batata.
— Pede para o fornecedor que ele fornece.
Joaquim olha para o repórter e falou.
— Sergio, este é um pessoal da Globo, estão fazendo uma
reportagem sobre o uso de produtos da agricultura estadual dentro
das cozinhas dos restaurantes locais.
Carlos sorriu e o senhor cumprimentou eles e falou.
— Pelo jeito querendo ficar mais famoso do que é JJ?
— Ainda não me acostumo quando me chamam assim.
— O caranguejo está bom?

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— Divino como sempre.
Carlos olha o senhor e pergunta.
— Teria como filmar o uso das batatas?
— Sim, ainda está calmo.
Joaquim olha para o senhor ir conversar com o senhor do bar
e Nádia olha ele serio.
— Já se livrando do repórter?
— Se ele vai fazer propaganda de nossa batata de graça,
porque não aproveitar? – Joaquim.
— Não entendi, sabe que esta parte não curto.
— Sei, mas instalamos uma agroindústria em Contenda, para
processar as batatas, mas sempre desconfio destes rapazes.
Joaquim viu Carlos depois de um tempo voltar a mesa e olhar
para ele.
— O senhor disse que é a melhor batata do mercado.
— O segredo dos meus restaurantes não é apenas as batatas
Carlos.
— E nos apresentaria este lugar?
— Sim.
Eles comeram mais duas dúzias, e Joaquim olha para o rapaz
e pergunta.
— O que vai fazer agora?
— Vai me arrastar?
— Não, minha Brasília não arrasta nada.
O cinegrafista sorriu e Carlos não entendeu, Joaquim marca a
frente da sua casa e o repórter pergunta ao cinegrafista.
— O que achou graça.
— Este senhor, dizem andar em uma Brasília velha.
Os dois chegam ao local, viam que estavam a mesma quadra
do Tasca, veem Joaquim parar a Brasília ao lado deles e falar.
— Apenas nos acompanha.
Joaquim pegou para Santa Felicidade, eles entram no sentido
do São Brás, passam ao lado do Três Marias Clube e vão no sentido
do Seminário, passam por ele e param um pouco a frente, Joaquim
abre o portão, faz sinal para eles passarem, passa o carro e 100
metros a frente param ao lado de uma casa se via o rio Passauna ao

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fundo, o rapaz olha para aquela sitio, grande, se via a esquerda da
estrada, muitas parreiras de uva, a direita, plantação de milho.
Descem e Joaquim aperta a mão firme de João Candido, o
caseiro daquele lugar, que olha os demais e fala.
— Problemas?
— Não, como estão as coisas João?
— O milho do fundo foi colhido a 3 semanas, agora que esta
bem seco, começamos a fazer a Polenta.
— Como está o local, passível de mostrar para alguém?
— Sim, quem são?
— Repórteres, querendo saber sobre as produções dentro da
cidade, que vão para os restaurantes.
O senhor sorriu e foi ao fundo, se ouviu o gerador ligar ao
fundo e alguns postes acenderem e se viu o grande barracão ao
fundo.
Joaquim olha para Carlos e fala.
— Se puder me filmar o mínimo possível, não reclamo.
— Não quer o holofote mesmo.
— João entende mais da terra que eu, sou apenas quem
acredita na ideia.
— E o que tem aqui?
— Um pinheiral de 80 arvores, algumas poucas plantações,
milho de um lado, pimenta do outro, uva do outro.
O cinegrafista olha para Carlos.
— A imagem de dia, deve ficar melhor.
Carlos concordou, e foram ao barracão, viram que em uma
ponta estava o milho secando, viram que o local era bem isolado,
dai tinha a maquina que debulhava e depois transformava aquele
milho em um pó bem fininho, embalando e encaixotando ao lado.
Com o acender do local, eles registram e o senhor João,
demonstra toda a parte técnica da produção artesanal, depois
foram a segunda divisão do local, só se via os barris e o rapaz
pergunta para o senhor Candido o que produziam, e a afirmação
que produziam ali Vinagre, que envelheciam nos barris e depois
embalavam.

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Por fim, a pimenta secando, na terceira divisão, não tinham
ainda o ponto, mas estavam com a pimenta lavada e em estagio de
secagem.
O senhor mostrou a parte do fundo, onde tinham o
equipamento para feitura de três tipos de pimenta, o local para
cozimento e decantação, todos em alumínio, e as poucas caixas que
estavam ali, ainda da produção anterior.
Joaquim olha Carlos lhe encarar, ele parecia querer perguntar
alguma coisa.
— Pergunta.
— Você está querendo dizer que produz a diferença?
— Acho que para este fim de semana não dá para fazer a
reportagem, mas deve ter imaginado isto. – Joaquim.
— Sim, mas não respondeu.
— Carlos, eu gosto de ter uma diferença, como falo para
Nádia, estou apenas começando, então a produção depende da
colheita, então tem de ter interesse em fazer algo diferente.
— Não entendi.
Joaquim olha para João que fala.
— Sim, ainda não temos o todo. Mas sabe que ainda estranho
suas ideias rapaz. – João.
Joaquim pega a chave do local e fala.
— Carlos, o que faz a diferença, é saber o quanto é um
produto bom.
Joaquim chega a uma sala, abre e o rapaz olha para as
embalagens de vinagre, vinagre de vinho, ai tinha milho em
conserva, farinha de milho, da grossa e da fina, pimenta em natura
em conserva, pimenta seca, molho de pimenta forte e fraca.
— Carlos, a pergunta, o que quer nesta reportagem?
— Pensei em um prato feito no Tasca, baseado em coisas que
produzíamos no estado.
— Aceita uma ideia?
— Uma ideia?
— Tem de ver que estamos na sexta a noite, lhe apresento no
fim de semana, o que ninguém conhece do empresário, não preciso
aparecer, na segunda, em um terreno que não faz parte do Tasca,
mas está ali do lado, com ingredientes que lhe mostrarei, Maria da

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Toca do Louco, Roseli do Tasca, Ritinha do Toca do Camarão e
Guedes do Buraco do Louco, dispõem a mesa, cada um prato feito
com ingredientes do estado.
O cinegrafista olha Carlos e fala.
— Seria o apresentar do que exatamente?
— Que temos áreas onde se pesca os camarões pequenos, e
médios, que temos a produção de feijão para os caldos, as
plantações de cebola, que nos geram os aperitivos e pastas de
cebola para vários usos, o mesmo com o alho, dai entra a batata,
mais de 4 usos e produtos com milho, uso pouca soja pois ainda não
tive uma produção, o girassol também ainda não colhi, para ter óleo
dos dois tipos, mas com calma veriam o quanto um mercado pode
parecer fácil, e é um complexo de ideias.
— Seria o montar de quatro pratos diferentes, oferecidos em
restaurantes totalmente diferentes?
— Sim.
Carlos olha para o senhor e pergunta.
— Podemos filmar e fazer algumas perguntas?
— Sim, se preferirem filmar amanha cedo, é mais bonito.
Carlos olha Joaquim que fala.
— Quando for para fechar a reportagem, filmam, não sei
vocês, mas vamos daqui a região de Joinville.
— Sabe que eles preferem um local.
— Sei disto, mas quem sabe vire algo nacional.
Carlos sorriu e falou.
— O que tem em Joinville?
— Joinville e São Francisco, criação de camarão Rosa, fabrica
de queijo de búfalo e queijo em nó, além da primeira fazenda de
mariscos do Brasil.
— E quer marcar lá?
— Vocês que sabem, e começamos pela vila da Gloria, que
embora seja continente, é parte de São Francisco do Sul.
— Quando? – Carlos.
Joaquim alcança um cartão e fala.
— Vamos estar amanha pela manha lá.

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Os repórteres saem e Joaquim apresenta Nádia a família do
senhor João, e era próximo da meia noite quando eles pegam a
estrada para Santa Catarina.
Duas horas depois, madrugada, Joaquim abria uma porteira
em um sitio em Vila da Gloria em São Francisco, abraça Nádia e
pergunta.
— Nem lhe perguntei se queria vir?
— Está é a casa que montou fim de semana passada?
— Nádia, o que não falamos para este pessoal, é que não
mandamos, somos a vitrine, o apresentar de uma empresa, que
infelizmente nunca tive dinheiro para criar, mas que se o fizermos,
podemos começar a nossa vida.
— Você sempre mexendo com dinheiro de terceiros, não tem
medo?
— Medo eu tenho, muito, mas eles não precisam saber.
Os dois foram descansar.
Amanhecem com o ruído dos pássaros e de dois macacos
bugio que jogavam coquinhos no telhado da casa.
Nádia olha temerosa e fala.
— Problemas?
Joaquim levantou, pegou um cacho de bananas na cozinha
rustica a frente, sai a varanda e pendura em um gancho na parte de
fora, ele recua e sente Nádia o abraçar e viu o casal de Bugio com
um filhote chegarem a arvore e pegarem o cacho e saírem no
sentido da mata ao fundo.
— Eles fazem o barulho todo dia? – Nádia.
— Eles viram que tinha gente, eles sabiam que tinha a banana,
tem vizinho que está revoltado com a gente, mas ainda não estou
preocupado.
Nádia olha para o local, agora de dia, estranho estarem com
uma montanha verde a frente, e as costas uma área bem plana.
— O que temos aqui?
— Vamos tomar um café na vila, não tem nada na casa ainda.
Eles saem e param na praça pequena da vila, entrando em um
boteco e pedindo um café com leite e um misto quente, Joaquim
estava comendo calmamente, o que fez Nádia olhar ele e perguntar.
— Pensando?

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— Procurando paz, sei que me conhece na paz Nádia, mas
todos a volta, me respeitam por um ser que tendo frear dentro de
mim, este respeito faz eles investirem em minhas ideias, mas sem a
Paz, não consigo crescer, pois ficaria a ver pessoas morrerem, por
todos os lados, e nada daria certo.
— E pelo jeito vai trabalhar no fim de semana?
— Lhe arrastando para mostrar o que faço nos fins de semana,
sei que as vezes deve achar que apronto todas por ai.
Nádia sorriu e um rapaz chega a porta e olha Joaquim.
— Senhor Moreira, pensei que chegaria mais tarde.
— A Brasília me entregando de cara? – Joaquim sorrindo.
— Sim, veio verificar as coisas?
— Sim, mas como está o pessoal?
— Devem chegar dentro de uma hora.
— Deve ter uns repórteres por ai, então embora seja para
segurança – Joaquim apontando a arma na cintura do rapaz – usa
mais discretamente.
O rapaz de nome Gustavo sorriu e saiu.
Nádia olha para Joaquim e pergunta.
— Eles andam armados?
— Eles acham que precisam, não entendi ainda o problema,
mas eles tem medo de um senhor da região, e quando começamos
a se instalar, parece que este senhor não gostou, estanho como
todo lugar tem alguém estacionado no passado e que se contenta
com a ninharia que ganha, mas principalmente em não deixar os
demais terem mais que eles.
— E vai enfrentar o senhor?
— Não, quem sabe eu não convença o senhor a investir em
nossos negócios.
Nádia toma o café e olha para a porta, onde Carlos, o câmera
e mais uma moça entravam.
Joaquim olha para trás e pergunta.
— Já tomaram café?
Carlos cumprimenta os dois, e fala.
— Pensei que fosse mais cidade.
— Com calma vamos a parte cidade, mas prontos para filmar?
Um rapaz chega ao lado e fala.

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— Sou Mauricio, geralmente não nos metemos na
reportagem dos nossos repórteres, mas o que ele passou ontem a
noite ao grupo, fez o pessoal do Rio me mandar acompanhar, não
sei se entendi a ideia que passou para ele.
— A ideia é simples, apresentamos o valor da terra, seja na
parte extrativa, seja na parte produtiva, ou no misto dos dois,
geram produção, esta produção precisa muitas vezes de apoio para
não existir perdas, dai ou acondicionamos ou transformamos em
produtos, e estes produtos, acabam nas mesas na cidade grande.
— Pode parecer simples senhor, mas sabe o complicado de
demonstrar isto?
— Sei, pois o montar disto passa por algo bem mais
complicado, mas já tomaram café?
— Não ainda.
Joaquim olha o senhor no bar e fala.
— Manoel, vê um café para cada.
Carlos faz sinal para o câmera e para o motorista e sentam a
mesa.
— Pelo jeito é serio que não é um empresário como os
demais. – Carlos.
— Não me vejo nesta palavra, empresário, sou um Curitibano,
nascido pobre, que encontrou no exercito a forma de fazer meu
segundo grau, e foi a universidade, apenas depois do exercito, que
me formei levantando muros com estas mãos, posso ter levado a
sorte, ou como alguns falam, colhi minhas escolhas, alguns
escolheram o caminho fácil, eu não acredito em caminhos fáceis.
— E o que vamos documentar?
Joaquim viu que entrou mais uma moça e dois câmeras,
estavam agitando o local, e o senhor Manoel serve mais café e fala.
— Vai agitar a vila Joaquim?
— Nem sei porque falam tanto de mim.
— Todos sabem que colocou gente para proteger aqueles
bugio, o pessoal que planta banana está maluco com você.
Joaquim sorriu e olhou Carlos.
— Carlos, o pessoal que pega camarão, deve estar quase
chegando, então quando os três barcos chegarem começamos a
documentar de onde vem parte do camarão que consumimos em

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Curitiba, depois vamos a fazenda refugio, que parece estar gerando
problemas na região, como ouviu.
— Porque problemas?
— Dizem que atraio problemas, e tento os solucionar, mas
obvio, parece que eu comprei um terreno, o dono disse que a terra
estava degradada, na parte junto a mata, onde vou mostrar a
extração de palmito imperial, eles plantaram banana, e na primeira
semana, onde tinha as casas dos caseiros, descobri porque as telhas
eram novas, quando cheguei para ver, não notei isto, mas na manha
seguinte, a casa não tinha uma telha, pensei em vandalismo, em
roubo, mas na manha seguinte, vi os bugio jogarem todas minha
telhas no chão, um grupo de 20 indivíduos, dos quais 6 são filhotes.
— E pelo jeito resolveu o problema como?
— Isolei a região das bananeiras, mas como não o fiz para
afastar os bugio, eles começaram a vir a região, mas ainda não sei
porque eles não gostam de telhas de barro.
— E vai nos deixar registrar isto? – A moça.
— Sim, mas tomem café, pois o almoço vai demorar.
Nádia abraça Joaquim e pergunta.
— Vai me mostrar a parte que dizem que você não faz?
— Ninguém entende Nádia, o problema não é produzir, é
produzir e vender, se não tiver venda, se perde, e geramos campos
pobres, se conseguimos transformar em produto, dai somamos ao
campo, quando vendemos.
— E pelo jeito eles começam a lhe olhar diferente.
— Não entendi tanta gente. – Joaquim.
Joaquim ficou ali até Gustavo parecer a porta e ele olha para
Carlos.
— Vamos.
Joaquim acertou a conta e começam a sair, o senhor olha
para o rapaz ao fundo e fala.
— Ele não vai deixar quieto, se os demais achavam que
tinham de se livrar dos macacos, ele vai por a imprensa nisto.
— Não entendi o porque um rapaz da cidade vai defender os
animais.
— Também não sei, mas viu que ele comprou 3 barcos para
pesca de camarão, ele instalou aquelas redes pela manha, toda

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manha nos bancos de mare baixa ao lado do terreno dele, estão
tirando siri dali, falaram que ele criou uma linha de cais com mais de
30 metros e colocou criações de marisco nos dois lados do cais.
— Mesmo quem fala mal deste senhor, sabe que ele está
investido na vila Manoel.
— Sabemos, ele quer produzir e vender, não sei para quem
ele vende, mas os carros são do Globo Rural, é referente a produção,
com certeza.
Joaquim entra na Brasília, e volta pela estrada, passa pelo
primeiro cais de balsa que ia a São Francisco, o segundo que ia a
Joinville voltando pela estrada que passara sedo, entra no terreno
no fim da estrada.
A esquerda a baia e a esquerda, ao longe as montanhas.
Nádia viu que passaram pela casa e foram a esquerda e
param a beira de um cais, Gustavo parou atrás com dois rapazes e
os carros param ao fundo, Joaquim apenas abraçou Nádia e chega a
frente de Regina, a esposa de Gustavo e fala.
— Nádia, está é Regina, a esposa do rapaz que toca tudo isto.
Ela os cumprimenta e Gustavo chega a eles e pergunta.
— Qual a ideia Joaquim, sabe que alguns não gostam de
imprensa.
— Nada do que vamos mostrar eles não podem saber
Gustavo, mas como está a região, limpa?
— Sim.
— Contratou o pessoal?
— Sim, alguns estranham, mas os mesmos que falaram mal a
15 dias, hoje veem nas suas terras um lugar a trabalhar e defender o
fixo.
— Sei que parece maluquice, mas vamos fazer um plano de
manejo, para não degradar, passei um recado para o Matozo, não
sei se ele já chegou?
— Este deve ser mais odiado que você.
— Eles não me conhecem para me odiar Gustavo.
— Nisto não discordo.
Joaquim olha para o repórter e fala.
— O que fazemos aqui, se olhar ao fundo, baia, no barracão a
frente, usamos da extração controlada e produzimos algumas coisas,

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entre elas, camarão de dois tipos, limpamos, congelamos e
dispomos aos restaurantes da região e de Curitiba. Sempre vem
algo a mais, pequenos peixes de agua saldada, que acabam sendo
cozidos e embalados, para não se perder.
O grupo vê os barcos chegarem, e um guincho no cais, tira a
parte central do barco e coloca num carrinho de rodas, e
acompanharam o levar para dentro do barracão, lá algumas pessoas
esperavam e começam a selecionar, e depois o produto passava
rapidamente por um congelamento e embalados.
Carlos documenta aquilo e olha que os três barcos trouxeram
mil quilos de camarão, entendera que aquele lugar era para os
camarões que eles vendiam em Curitiba, viu que um grupo chega a
parte do fundo, vindo das praias dos mangues e traziam siris, e viu
que eles lavavam, ferviam e depois 6 moças da região tiravam
calmamente com tudo higienizado e bem isolado a carne do mesmo
e colocavam em uma balança e quando dava um quilo, elas
embalavam e depois ia para congelamento.
Matozo chegou e viu os repórteres e pergunta a Joaquim.
— O que pretende?
— Documentar a reserva, a extração controlada de palmito, e
a conservação das nascentes.
— Quer deixar claro o problema?
— Acho que não existe problema, nós sempre queremos mais
terras, mas terras sem estrutura, é produção perdida, sabe disto.
— E resolveu documentar?
— Me cercaram em Curitiba ontem, poderia ter ido mostrar
plantação de batata, mas na minha cabeça passou a ideia de
documentar isto.
Joaquim apresenta Matozo, que os leva a região da floresta,
os repórteres veem que os macacos jogam cascas no sentido deles,
Matozo sorriu e falou.
— Estamos com manejo de palmito, não devemos tirar mais
de 200 palmitos ano deste lugar, permitindo que os jovens
paliteiros também cresçam, o proprietário está estudando o que
poderíamos plantar mais na floresta para que os bugio não venham
as fazendas comer, pois acabam sendo mortos por cachorros,
humanos, ou mesmo sendo atropelados de noite nas estradas.

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— E vão preservar toda a montanha?
— Somente o que nos pertence, mas a região tem 12
cachoeiras, pequenas, mas que geram uma região que vários tipos
de mamíferos chegam para se refugiar.
— Vão extrair apenas com manejo? – Carlos.
— Estamos na parte do fundo, mais distante da mata,
plantando palmitos, no alagado ao fundo, já mostro, vamos criar
búfalas, vacas, cabritas, e no fundo, com calma mostro para vocês,
criamos camarão rosa.
Joaquim se afasta e olha os repórteres documentarem, e
Nádia perguntar.
— Estão indo para onde?
— A parte do fundo, produção de três tipos de queijo, de
búfalo, na forma de ovos, de cabrita, forte, e de nó, das vacas.
Nádia olha para Joaquim e pergunta.
— Você está dizendo que vai conservar e vai produzir.
— Sim, ao fundo vamos plantar milho, pois serve de ração
para os camarões, da criação que não se vê daqui.
— Quantos produtos saem deste pequeno sitio?
— Camarão, dois tipos, Romops, queijo de Nó, queijo de
búfalo, queijo misto, temos doce de banana, bala de banana,
banana em natura, palmito, carne de siri, vamos ter Marisco e
Ostras, mas ainda não produzimos.
— Eles acharam que teriam algo simples, vejo aquele Carlos
olhando que tudo é embalado e marcado, mas acha que os macacos
se mantem?
— Não sei, no mangue ao fundo, extraímos caranguejo
também, mas somente na época.
Joaquim se afastou e entrou na parte do fundo, Nádia viu que
os bugios não atacaram nada, ele caminha com ela até uma
cachoeira e fala.
— Este é meu primeiro refugio Nádia.
Ela olha em volta, se ouvia os pássaros, e pergunta.
— Está querendo fazer sua parte?
— Estou fazendo a minha parte, mas sozinho, não consigo
fazer muito, sempre digo que a preguiça parece ser genética neste
país.

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J.J.Moreira 6
— Muitos discordam disto.
— E onde estão eles neste instante Nádia.
— Aproveitando o fim de semana.
— Acho que adoro fazer isto, para mim é diversão, talvez eu
esteja errado, mas parece que produzir faz parte de mim.
Nádia olha a natureza, ouve outra cachoeira e pergunta.
— Pelo jeito comprou um paraíso ecológico.
— Vamos voltar que os bugio já estão se agitando.
— Eles não gostam muito de invasão.
Joaquim sorriu e saem, voltando a casa do administrador,
Nádia olha que a casa que passaram a noite era bem na entrada do
terreno, olha para dentro e do ponto que estavam, dava para ver
Joinville, um pedaço, do outro lado da baia.
Caminham e chegam ao barracão que se produzia queijo,
Carlos olha para os sistemas, e para os métodos, e fica a olhar os
nós sequenciais, e por fim, o embalar, Carlos chega ao lado de
Joaquim e pergunta.
— Como algo escondido produz tanto?
— Como digo, precisamos de estrutura, um país rico, onde a
fome existe mais por falta de estrutura do que por não existir
comida, muito desperdício.
— E produz tudo aqui.
— Estamos começando o dia Carlos.
— Certo, mas o que pretende.
Joaquim olha para o queijo e fala.
— Eu ainda compro muito Carlos, pois certos tipos de queijo
demoram para ficar bom, eu sou por algo bem estruturado, odeio a
ideia de ter um lugar assim, ter problemas de algas vermelhas e ter
de fechar porque não consigo vender os mariscos ou ostras, que o
ano não foi bom para camarão, que por algum motivo choveu
demais na época da floração da banana, que deu fungo no milho, ou
qualquer outra coisa, a diversificação permite o continuar por
qualquer dos pontos, as vezes tendo de reduzir empregos
temporários, mas as vezes só desviamos de um ponto para outro.
— O rapaz falou das cachoeiras, não tivemos como ver elas.

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— Se precisar com calma mostro, mas hoje os macacos estão
agitados, alguém andou judiando deles em outro ponto, e eles nos
olham todos como iguais.
— Certo, colhe aqui o que eles em outro ponto podem ter
feito, mas o espaço de animais assim são grandes.
— Sim, ainda não tenho dinheiro para algo maior, então terei
de ir aos poucos.
Matozo chega a eles e pergunta.
— Como ficaram as imagens?
— Uma variante interessante, uma curva e tudo muda.
Joaquim olha para Matozo e fala.
— Vai nos acompanhar a Ilha?
— Não fui lá ainda depois dos tanques.
— Pensei que Gustavo havia o levado lá.
— Soube que lá o problema é outro.
— Sim, raposas adoram galinha.
— Os vizinhos aqui pelo jeito não gostam dos macacos, e por
algum motivo se refugiam aqui. – Carlos.
Joaquim chama com a mão o cinegrafista e fala.
— Lhe mostro porque?
Nádia vê Joaquim olhar os bugios, e com calma entram por
onde haviam ido antes, Matozo sabia que Joaquim parecia acalmar
aqueles seres, mas ele não vinha todo dia, ele pega um cacho de
banana num pé, um que estava bem amarelada.
Ele a corta e leva as costas, Carlos ouvia os macacos nas
arvores e Joaquim faz sinal para eles esperarem e com calma chega
a uma pequena praia daquele rio, se via a cachoeira, ele começa a
tirar as divisões de cachos e colocar em uma grande pedra, e por
fim deixa alguns ali e vê os bugio chegando pelos lados e começa a
andar de costas e Carlos e o cinegrafista ficam olhando aquilo, os
mesmos chegando e comendo e olhando desconfiados, se viu as
fêmeas e os filhotes pegando as bananas e saindo rápido, e os
machos depois de pegar fazerem um barulho assustador, como se
querendo os afastar.
Carlos viu que Joaquim começa a sair, Matozo foi quieto e
quando saem da mata fala.
— Parece os entender.

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— Eles parecem ter fugido de algo, algum lugar próximo, eles
estão encurralados neste pedaço, não sei o que fazer, mas vou
tentar comprar o terreno do lado de lá neste ponto, sem falar nada.
— Ampliar até onde?
— Chegaria até as margens da estrada, mas espero que não
vão naquele sentido.
O cinegrafista chega ao lado e fala.
— A imagem ficou incrível.
Gustavo olha para Joaquim e ele caminha até lá.
— Problemas?
— Eles olharam, mas parecem filmar cada detalhe, não sei, as
vezes tenho medo de estar fazendo algo errado.
— Também tenho, mas calma, se ninguém comprar,
comemos tudo.
— Não leva a serio mesmo Joaquim.
— Mantem a calma, como está o envio?
— Toda segunda mandamos, pelo jeito vamos descobrir para
onde vão o que produzimos aqui.
— Sim, com certeza vão ver pela TV.
Gustavo abraça a esposa e pergunta.
— Vão ficar para o almoço?
— Qualquer dia venho com mais calma, ainda não tenho ela
para isto.
— Vai mostrar qual parte?
— Os tanques de cultivo, as plantações de banana e aipim, os
pés de goiaba e mais algumas produções.
Joaquim vai a Brasília, o pessoal segue ele, estava quase no
horário da balsa.
Os carros ficam ao cais esperando um tempo e veem aquela
balsa encostando, sobem e atravessam para a ilha de São Francisco
do Sul.
Joaquim pega no sentido de Laranjeiras, e quando entra no
terreno, descendo da estrada, se via ao fundo a baia, se via a casa,
os tanques, as bananeiras, a plantação de aipim, laranjeiras,
goiabeiras, alcachofra, milho, cana de açúcar.
Quando chegam a parte quase na baia, se via os 6 barracões a
direita e as duas casas a esquerda.

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Nádia não sabia onde estava, mas era evidente, era mais um
terreno cultivado, e ao fundo, se via o mangue conservado.
Matozo olha o senhor Ramos chegar a ele e falar.
— Veio ver como estava?
— Perdeu muitas galinhas?
— O problema é que duas raposas entraram na parte com
pintinhos jovens, muito estrago, pouca comida.
— Dá para fechar as entradas?
— Sim, mas acha que elas vão desistir?
— Criamos umas galinhas caipiras Ramos, com dois galos
grandes.
— Acha que eles afastam as raposas?
— Acho que não, mas dai não olham muito para os barracões
de frangos.
— Não entendi ainda tudo, mas estamos produzindo 20
dúzias de ovos dia. Os frangos ainda são muito novos, mais 90 dias
para abate.
— Como está os tanques?
— Colocaram ontem os pequenos camarões, estranho aquilo
virar camarão.
— Sim, e o milho?
— Plantado.
— As laranjeiras e as goiabeiras?
— O doce de goiaba está já no tablete, não sei a ideia.
— Se puder ter um pouco que sei como e onde faz, porque
não Ramos?
— Certo, mas me preocupei, desculpa se o tirei de casa, mas
estava preocupado.
— Não vim por isto, estou mostrando o poderio da pequena
propriedade para um grupo de repórteres.
— Sabe que tivemos problemas com gente nos mangues.
— Vamos com calma os isolando.
— Certo, mas que vem ai?
— Globo rural, aqui é apenas doces por enquanto.
— O resto não produz ainda, mas vi que teremos cordeiros,
vacas e não entendi ainda as instalações.

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— Ainda não terminaram de entregar Ramos, no primeiro
barracão, vão montar um freezer no fundo, e um sistema de abate e
limpeza automática dos frangos, vou tentar contratar alguém que
entenda disto, pois vamos abater e refrigerar.
— Pelo jeito enquanto todos achavam que você vinha para
comprar um refugio, veio transformar em produtiva.
— Ramos, vou produzir um pouco em cada lugar, com
sistema de ganhos, para manter e melhorar a vida de todos que
estiverem vivendo aqui, mas o milho terá 3 produtos, pois vou
precisar de polenta, vou precisar de ração, vou precisar de farinha, a
alcachofra, vou a ter em natura, ou em conserva, vamos de doce de
goiaba, doce de banana e doce de laranja, quero ter minha farinha
de mandioca, e mandioca em natura, com o tempo teremos os
frangos, os cordeiros, as ostras, os mariscos, os camarões, dai
teremos búfalo, seja para corte, seja para leite que gera queijo,
assim como teremos as vacas para o queijo Ramos.
— Pelo jeito quer vários produtos saindo daqui?
— Não, quero apenas uma terra produtiva, que permita
manter toda aquela área aos fundos, virgem como está, e os
mangues virgens, ou voltando a ser virgens.
— Teremos mais raposas.
— Faz parte.
Ramos viu os repórteres chegarem e Joaquim foi explicar que
estavam em meio a colheita da goiaba, que eles descascavam,
ferviam, e depois dispunham ela em um imenso tabuleiro, os
rapazes olham que iriam fazer uma segunda leva de doce, olham as
moças limpando e separando as goiabas, e olham na parte interna,
as moças passarem uma quantidade de cana de açúcar numa
maquina, fazendo uma grande panela de caldo, duas delas colocam
aquilo no fogo, aquilo começa a engrossar, as moças colocam uma
imensa quantidade de goiabas naquela panela, a tampam, o pessoal
ficou a registrar, as moças enquanto fervia aquela mistura, as vezes
colocavam um pouco mais de caldo de cana, elas não colocaram em
momento algum agua, ou açúcar, apenas aquele suco de caldo de
cana, colocavam e mexiam mais um pouco. Outras foram limpando
o local, e numa mesa ao fundo, ajeitam uma imensa forma, elas
colocam um papel amanteigado, passam um pouco mais de

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manteiga a toda volta, e era por volta das 3 da tarde, quando os
rapazes vieram de fora e ajudaram a derramar aquela pasta na
forma, deixando ali para endurecer e esfriar, eles cobrem e Ramos
pega um pedaço do que fizeram no dia anterior e oferece aos
rapazes, eles comem e a moça fala.
— Goiabada bem fresca.
— Sim.
As moças começam a cortar em cubos, elas colocavam em
uma embalagem arredondada, abaixavam a tampa que espremia
tudo dento da embalagem e fechava a mesma, Carlos olha aquilo e
vê as moças colocando em caixas.
Eles foram a uma sala ao lado, e viram que tinha três
produtos, um em decantação em 12 barris, pinga de laranja, dai
tinham os licores de laranja, e do bagaço, o doce de laranja.
O mesmo sistema que fazia pinga de laranja, tinha estrutura
para fazer pelo menos 4 barris de pinga de cana de açúcar, dai tinha
a rapadura, o açúcar mascavo e açúcar mascavo em torrões.
Eles chegam ao fundo do mesmo e viram barris e viram que o
produto agora era milho fermentado, em barris de carvalho, ou
para poucos entendedores, Whisky, mas ali viram que tinha pasta
de milho, milho em conserva e espigas pequenas em conserva.
Após isto as conservas de alcachofra e na próxima divisão que
estava pronta, milho na forma de polenta, ou em natura como
ração para os frangos, ou em quirera para frangos jovens ou ração
de camarão.
Os rapazes foram filmando, documentando e Joaquim olha o
repórter falar na reportagem, referente as produções, de pequenas
estruturas, com toda a criatividade brasileira, estavam ainda com
parte feita, mas eles nem imaginavam que ainda não havia acabado.
Eles terminam parte e pegam o caminho de novo, voltam a
balsa e voltam a Vila da Gloria, de lá para Guaratuba, outra balsa e
começam a ir no sentido de Morretes.
Os rapazes que achavam que estavam acabando, veem
quando param em uma pousada a beira da estrada já na saída de
Morretes para Porto de Cima, Joaquim cumprimenta a moça na
portaria que pergunta.
— Veio falar com o pai?

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— Também, tem quantos quartos vagos?
— 6 deles.
— Reserva para o pessoal, eles vão se ajeitando em 5 e
separa um para nós.
— Certo, o pai está lá no fundo, não entendi o problema, ele
está querendo mesmo falar com alguém.
Joaquim olha para Carlos e fala.
— Se instalem, vamos verificar os campos antes de escurecer,
e já chego ai.
Nádia o abraça e fala.
— Esta é a pousada de Morretes?
— Sim, a pousada é esta.
O senhor Machado olha Joaquim e sorri.
— Precisava falar?
— Problemas?
— Sim, temos de fazer sistemas que não flutuem se o rio ao
fundo subir como ontem.
— Perdeu muito? – Joaquim vendo um caminhão chegando,
com 3 toneis, sujos sobre ele.
Joaquim olha o barracão ao fundo e entendeu, o rio subiu, se
via as marcas nas paredes e pergunta.
— Perdemos quanto?
— Não sei o estado, mas o estoque da semana de farinha de
mandioca e pasta de mandioca desceu o rio, um dos toneis de
despedaçou, na ponte ao fundo, o resto por sorte não chegou lá.
— E a pousada.
— Apenas se assustaram.
— Acha que corre risco ali?
— Pode ser, se subisse um pouco mais.
— Então vamos fazer com calma Machado, vamos aterrar o
lado oposto, construímos a nova pousada lá, depois erguemos o
nível do piso ali e erguemos aquela parte, enquanto reconstruímos
o barracão, e fixamos melhor e mais alto os toneis.
— Veio com gente?
— Vamos aproveitar e mostrar a força para recomeçar.
— Pensei que não vinha.
— Estava resolvendo problemas em São Francisco.

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— Problemas?
— Uma ultima família de bugio resolveram comer o estoque
de bananas, e jogar todas as telhas da casa do estoque sobre quem
se aproximava.
— Se divertindo lá então?
Joaquim sorri e fala.
— Vamos refazer, como está as plantações?
— A parte alta ficou toda bem, vamos ter de colher o
gengibre da parte baixa, pois parte foi levado, parte foi danificado.
Joaquim olha para o senhor e caminha até o barracão ao
fundo, olha os maquinários, pega aquela mangueira que vinha de
uma caixa d’agua e começa a lavar o local, dois rapazes ajudaram a
tirar os tratores, e começam a ajeitar as coisas, o senhor Machado
chama mais 4 moças da região e começam a lavar o local, colocar as
coisas no lugar e olha Joaquim ajeitar as regiões de lavagem do
gengibre e faz sinal para os rapazes começarem a passar o arado
profundo, que acabava trazendo para cima as raízes, com as moças
pega uns cestos e começa a colher aquela parte, dois rapazes
começam a levar para o barracão de lavagem os cestos cheios, e
continuaram a tirar mais e mais, e quando da segunda passagem do
arado, já parecia que as coisas estavam indo para o normal, mas o
cinegrafista olha pra Carlos e pergunta.
— Não entendi.
— O rio subiu e se olhar para os terrenos vizinhos, tem gente
salvando as coisas, eles tiveram um barracão a beira, o que não
vemos a parede caída deste ângulo, inundado, os – Carlos aponta os
toneis – Toneis foram arrastados, pelo jeito perderam alguns, e
estão tentando ajeitar as coisas.
— As vezes a vida ao campo passa por estremos.
— Todo o problema, um local produz, outro a natureza se
mostra presente e tentando nos afastar, em outro, ela nos tira as
coisas que ficam a beira do caminho, campo e produção, ficam
muito mais próximos de eventos naturais, cidades as vezes nos
passam a sensação de que não vivemos no mesmo mundo.
Os cinegrafistas começam a filmar, veem o grupo colocar os
barris na parte externa da pousada e os lavar, eles entram no
barracão e mostram a parede arrancada, chegam ao segundo e

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veem o colher e lavar do gengibre, documentam também parte do
problema em terras vizinhas, veem Joaquim oferecer ajuda ao
vizinho, que agradece, era uma hora que quando os vizinhos se
ajudam, parece mais fácil enfrentar.
Carlos vê Joaquim olhar para o outro lado da rodovia, aquele
campo lavado, ele não conseguia ver o que tinha ali, olha os rapazes
chegam juntos e começarem a arrancar as raízes de mandioca,
Joaquim estava pregado quando as oito e vinte começa a escurecer,
eles tinham colhido antecipadamente parte da produção.
Joaquim foi ao carro, pegou a mochila, vai ao quarto, toma
um banho e sente o abraço de Nádia.
— As vezes eles não entendem, se você acreditar poder
ajudar, você arregaça as mangas e ajuda, você não duvida, você
avança, as vezes isto nos deixa deslocados, mas depois entendemos,
você avança, para poupar os demais de pensar no problema, os
força a pensar em como enfrentar o problema.
Joaquim não falou nada, estava cansado, quando pensou em
comprar ali, pensou em nunca ver o rio tão alto, mas esquecia que
um sistema sempre que algo desanda, sempre o todo sofre.
Ele se veste e olha ela e fala.
— Quando estas coisas acontecem, lembro que a liberdade
de cada local de agir, determina o andamento, pois se eu tiver de
estar em cada problema, não vai funcionar, mas tenho de deixar
encaminhado para que se consiga resolver.
Os dois se abraçam e vão jantar, Joaquim olha o senhor
Machado chegar a ele.
— Agradeço a ajuda rapaz, esquecemos que as vezes fazer
acontecer é o que determina o salvar de parte.
— Apenas tentando entender como evitamos que se repita,
mas sei que vou ter de olhar com calma.
— Sabe se os investidores vão manter o investimento?
— Acho que ainda temos de resolver problemas, mas com
calma verificamos isto, como estão as coisas não atingidas, como a
pousada?
— Pelo jeito vieram documentar o acontecimento, vi que os
rapazes foram filmar os vizinhos, os estragos, as vezes registar as

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coisas nos facilita em analisar o problema, para justificar os
acontecidos aos investidores.
Joaquim olha os rapazes e fala.
— Como está o Barreado?
— Bom.
Joaquim foi servir-se em um fogão a lenha ao fundo, farinha,
carne cozida e desfiada bem temperada, ele põem um pouco de
arroz e volta a mesa.
Nádia olha para Joaquim e fala.
— Fugindo da discussão?
— Nádia, as vezes quando lhe perguntam algo que você não
sabe responder, melhor desviar o assunto, não posso prometer o
que não sei como será.
— Certo, investidores não são previsíveis. – Nádia.
Joaquim comeu e viu o pessoal começar a aparecer, Joaquim
olhava a rua cheia de lama, e pensa em quanto tempo a caixa se
encheria ao fundo, então enquanto os demais estavam pensando
em parar, Joaquim estava pensando em como terminar de limpar as
coisas a rua.
Ele come e vai a frente da pousada, via a lama a rua, os
demais estavam jantando quando um dos rapazes para o seu lado.
— Problemas senhor Joaquim?
— Não, apenas pensando em esperar a noite cair, e lavar o
nosso trecho de rodovia, mais de dois mil metros.
— Querendo parecer normal?
— Eu gosto de atrair as coisas boas, e não sei, mas esta
sensação de tudo sujo, não me traz boas coisas.
— Deixo os rapazes avisados.
— Como os vizinhos estão?
— Problemas para todos os lados.
— Tenta descobri no que podemos ajudar cada um deles.
— O senhor Machado tem medo de sair do orçamento.
— O que vou ajudar é com meu dinheiro, as terras tem
investidores, mas não sei você, mas eu tenho pouco, mas sei que o
pouco colocado de forma certa, ajuda.
— Certo, mas pelo jeito está esperando as caixas d’agua do
fundo carregarem.

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— Sim, outra coisa, verifica se algum dos rapazes perdeu algo
com esta enxurrada.
— Vai tentar ajudar quem conseguir?
— Sim, nos temos de estar bem em casa para ajudar na casa
do vizinho, ou não.
O rapaz sorriu.
Carlos chega a ele e fala.
— Pelo jeito não tem medo de por a mão na obra.
— As vezes temos de ser rápidos, para não perder tudo.
— E pelo jeito o que nos mostraria não vai conseguir aqui.
— Calma, tem pelo menos 3 coisas a mostrar, viemos para
este trecho pois é onde tem a pousada.
Joaquim se recolheu um pouco, era perto da uma da manha
quando ele foi para a parte externa da pousada, os rapazes puxam
as mangueiras de longe, emendando umas nas outras e começam a
lavar toda a frente.
A filha do senhor Machado olha pela janela e fica a pensar na
mudança, seu pai já dormia, e o rapaz lavava com os rapazes a
rodovia a frente, quando eles recolhem as mangueiras, por mais
que os carros raros que passavam naquele horário estivessem
deixando um rastro no meio da pista, toda a região frontal já
parecia se recuperar do problema.
Joaquim deita, abraça Nádia que olha ele e pergunta.
— Não cansa?
— As vezes penso se não tenho como frear tudo, e me deparo
com a verdade, enquanto tudo não estiver pronto, vai sempre gerar
coisas assim.
Os dois adormecem, embora Nádia sabia que Joaquim dormia
pouco, e era pouco depois das 6 da manha, Joaquim já olhava o
terreno ao fundo, ele caminha até o local e olha os rapazes filmando
o amanhecer.
Ele entra e coloca o gengibre na agua, para soltar a sujeira, e
vai a parte da mandioca, ele ajeita as coisas, e 4 senhoras da região
chegam ali, começam a descascar a mandioca, Carlos entra naquele
local e olha para Joaquim lavando e secando a mandioca, ele joga
num moedor e em uma parte abaixo ficava separado aquele liquido,
e eram separados em sacos de algodão até encher cada um deles,

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amarrados e depois cada um era prensado lentamente para ir
perdendo a agua.
Joaquim explica para Carlos que este era um dos métodos
mais antigos de obtenção do glúten da mandioca, que vinha
naquele liquido fino, e a mandioca é seca lentamente sendo moída
e prensada dentro dos sacos.
Eles foram ao barracão ao lado e Joaquim fala.
— Este é um mercado que consome gengibre em pó, que
consome gengibre em natura, mas o que mais gera dinheiro aqui, é
o estrato de gengibre que extraímos e vendemos a empresas que
fazem refrigerante.
Carlos olha os recipientes com extrato de gengibre, digita um
texto, Joaquim vê uma parte a mais da reportagem, volta a pousada
enquanto o cinegrafista chega ao lado e fala.
— Este rapaz está nos mostrando toda uma linha de
pequenas propriedades, todas produtivas, se olharmos distraídos,
não vemos tudo.
Carlos olha em volta e fala.
— Sim, quando eles colheram ontem as raízes, pensei que
fosse apenas para não perder tudo, mas eles escolheram as pontas
não danificadas e enquanto falamos aqui, eles replantam o terreno
com gengibre, e tiram o estrato para empresas de refrigerante, mas
o tirar disto, gera o bagaço, que eles secam, obvio que hoje não
veremos o seco – Carlos pega um saco ao chão e fala – mas eles tem
outras colheitas, isto é anual, então demora, eles guardam os restos,
transformam em pó, seco. O mesmo eles fazem com o aipim, fazem
farinha, mas antes extraem aquele liquido, pode não parecer – Ele
pega um saco com um pó bem branco ao fundo – mas isto é amido.
— Disto que falava, quantas reportagens, que as pessoas
transformavam produções em pratos, em divisas, este senhor ainda
vai nos apresentar os pratos, mas ele transforma em produto, não
em pratos, os pratos são consequência distante.
— Já pensou na gama de pratos que ele conseguiria nos
apresentar apenas com o que vimos até agora?
— Pelo que entendi, a fazenda em São Francisco está em
inicio, pouca coisa ainda, quem sabe um retorno em um ano.

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Carlos sorriu, pois realmente o local tinha aquela sensação de
estar começando.
— Sim, mas pelo jeito ele queria nos mostrar a produção
artesanal da farinha de mandioca, e chegamos em meio a um
desastre.
O cinegrafista olha para Carlos e fala.
— Eles lavaram toda a rodovia a frente de madrugada, depois
vemos se usamos esta dedicação a deixar tudo ajeitado.
— Filmou?
— Sim, ontem era barro, todos a volta, vendo que estes
fizeram a limpeza, em pleno domingo estão terminando de lavar até
a entrada da cidade.
Joaquim tomou um café forte e voltou a região e olhou a
segunda repórter olhar ele indo no sentido de Carlos e fez o seu
cinegrafista acelerar atrás.
O olhar em volta, dava outra visão do dia anterior, vendo
tudo em lama, olhando para o campo, os rapazes estavam
replantando os canteiros de gengibre, demoraria para voltar a
produzir, ao fundo, os rapazes separavam os tijolos da parede que
desabou, ali seria mais demorado, mas Joaquim olha para a repórter,
espera ela chegar e fala.
— Quando acharem que cansaram, falem.
Carlos sorriu e perguntou.
— Vamos para onde daqui.
— Vou acertar as coisas na pousada, Antonina é passagem
rápida, apenas para filmarem e registrarem e subimos a serra, para
Contenda.
— Vai mesmo nos mostrar plantações de batata? – Carlos.
— Para quem quiser ver.
Joaquim voltou e a moça olha Carlos.
— Acha que temos uma reportagem?
— Não sei, quando temos de compilar tudo, temos de pensar
bem, com certeza ele vai nos levar para algo, mas novamente
vamos a uma área produtiva em meio a preservação, se olhar ao
fundo, a área menos atingida foi esta, pois ele preserva as margens,
o que seria disto sem preservação de margem, o pessoal aqui vai ter

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trabalho, mas podemos verificar quando vão por no ar, se for em 15
dias, fazemos uma filmagem aqui no inicio da semana que vem.
— Certo, mas acha que fecha a reportagem? – A moça.
— Acho que ficou grande, mas pensa, temos as imagens da
limpeza e armazenagem de camarão e siri, temos o fazer de
goiabada, temos a imagem dos macacos nos afastando da região,
temos a força de um povo tentando reerguer a volta, após uma
catástrofe, e temos as imagens do que eles produzem aqui,
artesanalmente, temos as imagens em Curitiba da produção de
Polenta, vinagre e molho de pimenta, temos a produção de queijo
em nó, as criações ainda em fase de instalação de ostras e mariscos,
os tanques de camarão, isto requer voltar, como conversávamos,
requer algo mais estruturado, mais partes, eles estão com criação
de frango, ainda pequenos, com vacas, cabritas, búfalas, cordeiro,
pensei em um ponto de reportagem, estamos registrando, mas ao
fim, terei de ver todo o material com o Mauricio, e ver o que ele
acha, por sinal, ele está onde?
— Gente de escritório, tá dormindo ainda.
— Manda acordar ele, pois estamos saindo. – Carlos.
O motorista ao fundo sorriu indo no sentido da pousada.
A repórter se chamava Francisca, conhecida como Chica
Menezes, olha para Carlos e pergunta.
— O que entendeu de tudo isto?
— O que terei de conversar com o senhor ali, mas pelo que
entendi, o que parecia um empresário surgindo na contramão da
crise, em um crescimento baseado na comida, se mostra um
empresário vindo do campo, em alguns pontos ainda ampliando,
outros já instalado, levando ao mercado seus produtos diretamente,
não sei se já comeu na Toca do Camarão Chica.
— Sim, sempre me perguntava como eles tinham camarão
fresco, aquela casquinha de siri divina em plena Curitiba, eles
produzem isto, disto que está falando.
— Sim, mas se considerar que eles tem sobremesas baseadas
em uma serie de produtos que vimos eles produzindo, mas o que
me parece parte da reportagem, produção com conservação, sei
que não viu a imagem, mas o senhor ali, avança no mato, com um
cacho de banana, em meio a mata, ouvimos os macacos nos

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acompanhando ao longe, em uma espécie de praia de cachoeira,
sobre uma pedra ele dispõem a banana, se afastando de costas, ele
não deu as costas, sinal que sabia que poderiam lhe atacar, dai
vimos dois macacos maiores descerem, cheirarem, as fêmeas e
filhotes pegam parte, depois os demais pegam e fazem aquele som
para nosso lado, como se nos querendo afastar.
— Filmaram isto?
— Sim, dai temos as matas ciliares ao fundo, o rapaz ao lado,
quando filmávamos ontem os estragos, dizem que só não foi maior,
pois a mata segurou parte dos entulhos que desceram, dai
descobrimos que toda área ao fundo, de mata, faz parte deste
terreno, quando começa a subir, eles não tiraram a floresta, eles
usam apenas a parte plana para plantar, novamente, produção e
preservação, mas obvio, mesmo com preservação, eles sofrem com
grandes chuvas, faz parte de estar na natureza.
A moça olha o local e fala.
— E ainda exploram o turismo com uma pousada.
— Sim, dizem que o senhor ali representa hotéis
internacionais se instalando no país.
O grupo voltou a pousada, pegam suas coisas, e Mauricio
apareceu com cara de poucos amigos, eles entram no carro, Carlos
olha o cinegrafista e fala.
— Filmou o carro?
— Sim, pode ser antigo, mas o nosso com tração dianteira
sofre nestes terrenos, o dele, sai fácil.
— E não se preocupa se vai arranhar ou sujar.
— Sim, um carro que não ouvimos muito o motor, ele pode
estar em uma carcaça velha, mas com certeza, com suspensão e
motor em dia, pode ver que ele não tem dificuldades nestas
estradas, mas ele está passeando, não correndo.
Antes de chegar a Antonina, pegam a Cachoeira de Cima,
depois de uns quilômetros pegam uma estrada a direita, estrada de
chão, barrenta pelas chuvas dos últimos dias, mas firme, as laterais
se via búfalos a direita, a esquerda tinha uma variante, banana, cana
de açúcar, palmito, gengibre, dai eles entram em uma área de mata,
uma subida e se viu a baia ao fundo, e uma casa de fazenda,
daquelas que deveriam estar ali a mais de 60 anos, paredes grossas,

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J.J.Moreira 6
varanda a volta, Joaquim estaciona e na varanda um rapaz jovem,
olha para Joaquim e fala.
— O dono, pensei que tinha nos largado a sorte. – Paulinho.
— Como foi a chuva de ontem?
— Forte, o Rio do Nunes trouxe muito entulho, até erguemos
por um momento no meio da tarde de ontem as estruturas de
cultura de ostra e marisco, pois tinha toras descendo forte a baia.
— Vamos filmar rápido, não quero mostrar tudo hoje.
— Veio ver oque exatamente?
— Como está o pequeno frigorifico?
— Os locais acham toda aquela estrutura uma frescura.
— Imagino, devem reclamar também que ela resolve o
problema em horas, o que eles demorariam dias.
— Disto eles não reclamam.
— Como está a estradinha?
— Firme, eles colocaram cascalho, muitos reclamaram a duas
semanas, hoje até os vizinhos que reclamaram estão agradecendo o
acesso mais firme, pois acabou ficando quase meio metro mais alto
do que era.
— Aquele furgão frigorifico está funcionando?
— Sim, mas quem são?
— Globo Rural.
— Vai mostrar parte, esqueço que você gosta de mostrar o
que faz, mas vai por onde?
— A parte técnica, e a parte criames, um pouco de frigorifico
e um pouco de repetição.
— Por quê?
— Ainda não sei o todo, mas como estão as ostras, tem algo a
ponto de tirar?
— As do velho Breno.
— Tem algo de mexilhão e marisco?
— Sim.
— Vamos mostrar a parte que ninguém vê, pois isto
geralmente é para exportação mesmo.
Carlos chega ao lado e olha em volta.
— Um lugar a mais escondido?

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J.J.Moreira 6
— Eu gosto de paz, sei que muitos estranham, mas tudo a
volta, tem a parte de preservação, temos um terreno que vem da
Rodovia até o Rio ao fundo, e baia ao lado, então na parte seca,
temos criação de búfalo, então temos queijo e carne de búfalo que
saem daqui, temos aqui algo que já viram, a produção de goiabada,
temos pinga da Serra, temos gengibre, pois ele tem preço
internacional, tanto para o tempero como para remédio e extrato,
temos banana, acho que 4 tipos, então quando se tem uma banana
terra na sobremesa na capital, poderia comprar, mas posso também
pegar aqui quando na época de colheita local.
— E o que o rapaz foi fazer?
Joaquim olha o cinegrafista e fala.
— Vamos lá e vocês veem.
Eles caminham, Nádia estava olhando em volta, parecia
encantada com aquele lugar, caminham no sentido de um trapiche,
sobem e vão até onde Paulinho dava as instruções, chegam a beira
e um dos rapazes levanta uma armação de ferro, e se viu aquilo
lotado de ostras, outro rapaz trouxe um carrinho de transporte,
colocam a primeira armação, caminham outros metros a frente e
tiram uma de mexilhões e depois uma de marisco.
Carlos viu que era organizado e com aquele veiculo, entram
num barracão a frente, e pegam a das ostras, três rapazes abrem a
lateral do gradeado colocando numa grande recipiente, o rapaz ao
fundo pega umas hastes e começa a selecionar as ostras maiores e
tirar as pequenas, que ele coloca naquelas bastões, Carlos olha
aquilo, somente quando um segundo devolveu a haste ao gradeado
que saíra da baia, ele entendeu que aquilo eram as futuras ostras.
Ele colocou uma quantidade, depois o rapaz trouxe uma
segunda grade, e coloca os restantes, somente depois se liga uma
agua sobre pressão e se lava as ostras, enquanto levavam as duas
grades novamente para a posição anterior.
Os mexilhões, o mesmo, grandes e pequenos, eles sempre
selecionando o pequeno, e preparando a volta dos novos ao mar.
Carlos acompanha o sistema, a ostra entra em uma espécie
de sauna, alta temperatura, se via pelo vidro elas se abrindo, duas
moças se apresentam ali, começam a tirar as mesmas das cascas e
novamente as deixar a parte, depois separavam em porções de 200

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gramas, temperadas ou em natura, e colocadas em pequenas
latinhas que ficavam ali numeradas.
Carlos viu fazerem o mesmo com o mexilhão e o mesmo com
o marisco.
Ele olha para o cinegrafista e fala.
— O senhor é simples, mas tem estrutura.
— Sim, olhando assim parece fácil, mas todo um sistema de
produção, feito para ser rápido, e o mínimo de perda, com técnica,
viu por si, eles coletam e colocam novos sistemas no mesmo dia,
eles tem as embalagem a mão para não ter problemas, tudo pronto
para acontecer, pode parecer fácil, mas tudo no lugar, dá esta
sensação, pior, ele está nos trazendo aleatoriamente, então a
estrutura estava pronta.
Carlos registra isto ali, viu que tinha a parte de goiabada ali
também, olha os doces de banana e extratos de gengibre, palmito, e
Joaquim convida eles a parte de tirada do leite das búfalas, toda a
pasteurização e o deixar descansar naquele formato conhecido de
ovo, Carlos não gostava muito, mas sabia que tinha gente que
adorava aquele queijo, dai a parte do abatedouro e frigorifico, as
peças separadas, pois não matariam um búfalo apenas para mostrar,
então o pessoal olha os cortes e Carlos ouve Joaquim falar.
— Quando se fala em barreado, vai ver que existem dois
sabores bem destacados, eu prefiro o feito com musculo de búfalo,
pois ele faz mais força, músculos mais fortes, 3 horas a mais de
cozimento, mas que é parte do diferenciar do sabor.
— Tem neste esconderijo um frigorifico equipado, sabe que
pensei em algo menos industrial.
— Não existem sistemas industriais, existem sistemas
organizados de agronegócio, mas a região alagada, assim como
sofre, recebe os ingredientes naturais para melhora, então
tentamos manter as áreas preservadas, se em Santa Catarina temos
Bugio, aqui temos aquela pequena floresta, dois tipos de Sagui
ameaçados.
— Porque ameaçados?
— Muito dóceis.
Joaquim caminha ate o local e pega um pão ao fundo, e
caminha até a entrada da floresta, o cinegrafista começa a filmar e

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olha o senhor fazer barulho com a boca e um Sagui amarelo surge
num galho, ele estica o pão e o mesmo pega e experimenta, agarra
e pula de galho para outro mais alto, outros chegam perto e mais
um surge no galho, mas este tinha uma mancha azulada nas costas,
ele estica o pão e este parece ir no sentido oposto dos que vieram,
o cinegrafista olha o senhor abrir uma caixa e pegar algumas
verduras e coloca acima, em dois pontos, eram madeiras pregadas
na arvore a frente, e coloca ali as verduras e se afasta, os saguis
começam a surgir a toda volta e Carlos sorri.
Quando saem dali, Mauricio o para e fala.
— O que temos aqui?
— Novamente o contraste de toda uma produção a volta, e
uma área de preservação, mas está bem Mauricio?
— Achei que seria algo mais calmo, mas não pedi, me
colocaram nesta.
— Quer voltar, terminamos e passo os detalhes, não parece
bem Mauricio.
— Nem sei onde estou?
— Mauricio, aquele senhor simples ali, para mim é um
mistério que tento entender.
— Não sei quem é.
— Ele é quem todos falam, e ninguém vê, aquele que a um
mês, chamavam de Joaquim Moreira, a 15 dias, chamavam de Loco,
ele mesmo desmistificou isto, e alguns começam a chamar de Jota
Jota.
— Mas ele anda de Brasília velha.
— Não está prestando atenção Mauricio, onde estamos?
— Algo fora da estrada no litoral paranaense pelo que
entendi.
— Antonina, o rio bem ao fundo desembocando na baia a
direita, rio do Nunes, num local que nem sabia chegar facilmente,
temos um sistema produtivo, mas quando me indicaram este rapaz,
eu achei furada, pois nossa reportagem é sobre agronegócio, e tudo
que vimos, é bem isto, agronegócio, mas algo com sistemas de não
deterioração e perda, somente quando vi aquela marca ali, lembro
da reportagem a 15 dias, que me colocaram em Paris, e o senhor

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usava como condimento, aquele marisco ali, que não sabia de onde
saia Mauricio.
— Está dizendo que aquele condimento de Paris, vem daqui?
– A frase foi de descredito.
— Sim, e vi que o senhor ali, em um local que ninguém olha,
teria de por no mapa para saber exatamente onde fica, coleta de
acordo com a necessidade, e um vilarejo vive dentro das terras dele,
prontos a fazer o certo, a qualquer momento.
— Não entendi o todo.
— Por isto descansa Mauricio, temos de ter você dando as
ideias, mas não parece ter acreditado na ideia, apenas isto.
— Geralmente as reportagem são estáticas, gente mostrando
os detalhes de cada lugar.
— Sei que quem ver as imagens, vão dizer que é reportagem
de um mês Mauricio, pois estamos falando de alguém que vende
para fora, exporta, que produz e vende ali do lado, em Curitiba, mas
que faz de uma forma tão simples, que outros poderiam por suas
marcas no mesmo produto, e vender.
— Vi a produção de goiabada, eles não usaram nada que não
tivesse lá, e fizeram tão natural que parece fácil.
— Ali no fundo, eles tem a mesma estrutura.
— Mas aquela Brasília não combina.
— Foi bem o que meu cinegrafista falou de cara, em Curitiba,
iriamos a lenda JJ, e não a qualquer lugar.
— Acha que temos material?
— Mais do que pensei, ele deve estar prestes a nos arrastar
serra acima.
— O que farão para terminar o dia?
— Plantação de batata em Contenda.
Nádia chega ao lado de Joaquim e fala.
— Não entendi a ideia.
— Deixa o chato sair, aquele Mauricio parece estar tirando a
motivação do pessoal, mas calma.
— E pelo jeito tem surpresa?
— Não, é que amanha é feriado, então eu estou arrastando
os acontecimentos.
Joaquim chega ao lado de Paulinho e fala.

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— Aparece amanha em Curitiba, no terreno do Largo, leva
duas cozinheiras, para demonstrar como se faz um barreado de
búfalo.
— Eles sabem?
— Não, e leva uma carga de ostras e mexilhões frescos, para
nos divertir.
— Sei, pretende algo?
— Sim, e não propus ao senhor ali ainda.
— Certo, apareço, levo os cortes e temperos, algo mais?
— Montagem bonita, lembra disto?
— Sim, lembro de um Joaquim a dois anos em Morretes, acho
que até hoje o senhor Plinio – Dono de um restaurante hotel em
Morretes – não entendeu o problema.
Joaquim sorriu e olha o senhor Mauricio sair e a moça se
juntar a Carlos e vir para o seu lado.
— Pelo jeito nosso analista de conteúdo não resistiu.
— Se achar que não é o caminho, fala Carlos. – Joaquim.
— Parece estar aprontando algo.
— Não, me divertindo, eu me divirto produzindo, mas poucos
entendem isto.
— Não quis produzir camarão aqui?
— Aqui assim como toda manha em São Francisco, chega o
camarão e o embalam, mas o Instituto Ambiental não deixa eu fazer
um tanque de produção de camarão aqui, se quiser derrubar todo
mangue e fazer criação de búfalo eles me autorizam, mas se eu
quiser fazer algo que não afeta o caranguejo abaixo, eles não
permitem.
— Regras que colocam o senhor em mais de um lugar.
— Sim. Mas querem filmar a área de criação de ostras e
mariscos, que mostro o resultado.
O cinegrafista viu o senhor caminhar no sentido do cais, viu
um barco chegando e um senhor o cumprimentar, entram e
começam a filmar, fazem uma curva de rio e se deparam com o
pessoal colocando na baia as criações novamente, um cais no ponto
inverso, fino, ia para dentro da baia e gerava varias subdivisões
onde tinham várias gaiolas de criação, uma fazenda diferente,
filmam o pessoal e com calma sobem mais a frente e Joaquim fala.

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— Neste ponto, temos plantação de palmito, goiaba, laranja,
milho, beterraba, algumas hortaliças, temperos, gengibre,
carambola, cana de açúcar, jaca, abacate e banana. – A lancha
entrava por um canal, parecia fundo, mas era apenas um canal de
entrada, a lancha chega a um pequeno alargamento, e começa a dar
a volta, a todo lado plantações e no fundo um barracão. – Ali vamos
implementar a produção de açúcar de cana e de beterraba, o acesso
ainda está em construção, deve ficar pronto para março do ano que
vem.
O cinegrafista foi registrando e voltam ao ponto que estavam.
Saem do barco e se despedem, e sobem a serra, entram no
sentido da BR 116 e na altura de Mandirituba pegam a direita uma
estrada de chão e param num ao lado de uma casa grande, ao fundo
um grande barracão.
Joaquim mostra a região de plantação de batata, 4 tipos de
batata, e viram o barracão pronto para fazer alguns produtos,
batata pré cozida e embalada em porções, dentro de uma
embalagem maior, pasta de batata, doce e normal, e batata frita e
batata em palha.
Joaquim olha para Carlos e pergunta.
— Agora a pergunta, qual o rumo que quer dar a
reportagem?
— Nos mostrou muita coisa.
— Talvez não tenha percebido, mas evitei marcas, para não
dar uma conotação que poderia ser mudada.
— Pensei que não queria a propaganda.
— Eu gosto de controlar minha publicidade rapaz.
Carlos sorriu, talvez tenha entendido apenas agora, o porque
Mauricio não gostou, ele procurava alguém para publicidade, mas
não viu marcas.
— E que caminho você daria Joaquim? – A moça as costas.
— Acho que não entenderam, dou o rumo em meus negócios,
não no que não domino.
— E não quer opinar? – Chica.
— Sim, mas gosto de deixar claro, que quem está
perguntando é vocês, pois depois pelo menos quando ouço, que
induzi a isto ou aquilo, quero ter certeza que o fiz.

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— E jogaria por onde a reportagem?
— Deixar claro, podemos terminar amanha ou hoje, quando
acharem, mas querem ver como as coisas funcionam?
— Sim.
Joaquim passa uma mensagem para Marcia, que ajeita as
coisas, passa uma mensagem para Demétrio, para Paulo, para Nuno
e para João, e fala.
— Então vamos aproveitar que os locais ainda estão iniciando
os dias.
Pegam o carro voltando para Curitiba e param na rua João
Negrão, Joaquim mostra o local, o cinegrafista não conhecia, mas
olha as mesas prontas para caranguejo, e Marcia apresenta a
cozinha, Ritinha preparava a massa das casquinhas de siri e Carlos
viu que a moça preparava os ingredientes, deixando tudo
encaminhado, ali tinhas as casquinhas, tinha os locais com carne,
tempero, cheiro verde, tudo pronto para servir rápido, depois as
porções todas preparadas para os três tipos de camarão, todos
embalados em porções, dispostos ao lado de duas fritadeiras, dai
vinha os detalhes, ao fundo os caranguejos ainda vivos separados
em dúzias, ainda tinha a parte de files de peixe, tinha muita coisa ali,
Joaquim entra e fala com Ritinha, marcando algo para o dia seguinte
a tarde, para deixar as coisas arrumadas.
O grupo saiu dali e foi a cozinha do Mustache, Carlos nem
sabia que aquele lugar era do rapaz, mas viu que ali se usava o
vinagre, se usava a batata, tinha as sobremesas de banana.
Joaquim e os repórteres saem dali e vão a Toca do Louco, e
apresentam uma cozinha com sopas, se viu novamente uma
organização e preparo caprichado.
Foram ao Buraco do Louco, viram que tinham muitos
sanduiches, novamente a praticidade de algumas coisas, e por fim, a
cozinha do Tasca, Roseli explicou como funcionava a entrada do
pedido, o funcionamento e o entregar a mesa, e por fim, ele leva
eles a um restaurante que não abrira ainda, na fachada, a marca
que Joaquim implementava, Loco era uma quase marca dele, então
Barreado do Loco, era o nome, e sentam-se a mesa, e Carlos olha
para Joaquim.
— E quer mostrar mais alguma coisa?

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— Sim, algo que lhe permita unir a reportagem, pois pelo
menos para mim, parece desconecto.
— Sim.
— Amanha fazemos uma reunião no fundo da minha casa, se
quer convidar namoradas, esposas e fazermos uma
confraternização, mostrando qual o maior valor de tudo isto.
— Maior valor?
— Eu gosto de agregar valor, tudo que faço, é baseado em
agregar valor as coisas.
— Você mostra que não está parando, vai abrir algo aqui, que
nem sabemos o que vai servir.
— Amanha vai experimentar, mas como se diz, tem a parte
mais trabalhosa, vender as coisas em natura, tocar o dia a dia, a
repetição se reparar eu basicamente como você falou, industrializei,
mas é que não quero erros onde não precisa erros.
— A cozinha da Toca do Camarão parece tudo exatamente no
lugar que tem de estar. – Chica.
— Sim, e mesmo assim fica corrido, imagina se não tiver uma
inteligência por trás, as coisas simples desandam.
— Sabe que muitos apontam os restaurantes que entramos
como concorrentes.
— Eu mostrei os locais, fica difícil entender que não são
inimigos, eles concorrem entre eles mesmo, pois nunca se sabe qual
vai dar certo, todos querem dar certo, mas longe de serem inimigos.
— E vai trazer o barreado para a cidade? – Chica.
— Sim, meu barreado, esta casa, não funciona hoje, sexta que
vem, estará inaugurando, diferença, barreado com frutos do mar,
teremos mexilhões, camarões, ostras, peixes, jogando aqui a
produção nacional, no Tasca, eles querem algo importado, mesmo
que tenha preço mais caro, e procedência pior, mas aqui é onde
venderemos parte de nossa produção.
Chica olha para Carlos e fala.
— Temos algo, ele tem razão, precisamos montar o
cronograma do programa, e um almoço, com peças que fazem parte
da noite, e do transformar do produto em natura ao prato a mesa.
Carlos olha para Joaquim e fala.
— Aparecemos amanha.

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O pessoal saiu, Joaquim olha para Nádia e ela o abraça e fala.
— Vai inaugurar mais um, não para mesmo.
— Agora sabe como as vezes corro e não paro o fim de
semana inteiro.
Os dois fecham ali e vão para casa.
Carlos olha para o material, ele começa a revisar e fazer os
textos, e Chica olha o material.
— Como fazemos?
— Vamos precisar de uma grua alta para filmar, vamos a um
lugar que não existe, sabe disto? – Carlos.
— Não entendi.
— Edson – Este era o nome do cinegrafista de Carlos – fala
que Joaquim é uma lenda, então se focar na Lenda, é uma
reportagem, se focar nas produções é outra, se focar na culinária e
organização dos negócios, outra.
— Não entendi.
— Uma latinha daquelas de mexilhão a mesa, tem de custo
10 dólares lá fora, eles tiraram uma das cargas da baia, onde
ninguém vê, embalaram 400 quilos com uma naturalidade, que fico
pensando na reportagem.
— Está dizendo que só de mexilhões eles embalaram mais de
20 mil dólares naquele momento.
— Sim, em embalagens com data, mas sem marca, eles
exportam provavelmente vendem por 5 para fora, o pessoal lá
põem a embalagem e vende a 10.
— E os ricos compram como importado, e ele quer criar um
restaurante ao centro, onde ele vai vender o nacional.
— Sim, mas não acho que seja onde temos de pegar, mas é
que preciso falar, pois a reportagem tem ainda um adendo que não
filmamos, quer dizer mais de um.
— Quais?
— O dia dos pratos, clássico em reportagens de capa do
Globo Rural, e o entrevistar de outros locais que usam o produto
dele, esta parte tenho ainda de verificar, mas entrada um, acho que
seguindo um produtor pelas estradas do Paraná e Santa Catarina, a
segunda chamada, criando riquezas e conservando a natureza.
Terceira parte, o extrair sem depredar, Quarto, transformando

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terras em produção, quinto, processando para menor perda, e
melhor preço de venda, sexta, o agronegócio despertando
restaurantes em Curitiba.
Chica sorri e fala.
— E vamos ainda descortinar algo amanha?
— O que falei, temos as imagens, amanha é o confraternizar,
mas é que como Edson fala, amanha estaremos no castelo.
— Castelo?
— É a forma que alguns chamam o lugar, de cada canto,
temos um pedaço visível, do Tasca um curva, do jardim da Toca do
Louco, as sacadas internas, mas o interno, é para os que lá
trabalham.
— Mas não entendi Castelo.
— No sentido da mansão de Joaquim Moreira.
— Mas o que teremos lá?
— Edson fala que apenas um jardim, mas é que muitos fazem
indagações sobre o lugar, e poucos conhecem.
— Certo, ouvi alguns dizerem que era um prostibulo, mas se
fosse ele não nos abriria o caminho.
— Também acho que não. Eu não tinha entrado na Toca do
Camarão, eles recriaram uma praia lá dentro.
— Quando fui a primeira vez Carlos, eu fiquei olhando aquilo,
eles criaram ali na Joao Negrão um local para sentir-se na praia.
Carlos começa a filmar parte, editar outras, estava muito
longo, mas ele passaria para a direção como ele fez, não conseguia
cortar nada, então eles que cortassem.
Chica olha a imagem dos bugio e fala.
— Isto que falava?
— Sim, pelo jeito eles chegaram assustados a região, e se
deparam com alguém capaz de os dar de comer, não os espantar,
parece que a família está crescendo lá.
A moça olha as imagens do mangue, dos pequenos primatas,
e fala.
— A parte preservação tem imagens originais, pois não é toda
hora que se vê mangues preservados, florestas, cachoeiras, bugios,
saguis, fora as aves.

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— O problema é cortar e editar, mas sei que no Rio eles tem
equipamento melhor que aqui para isto.
— Vai montar e mandar para eles?
— Sim, mas vamos terminar, e talvez amanha não tenha nada,
mas como Edson fala, nem que para conhecer.
— Vai convidar a Rosa?
— Não sei, ainda acho que o profissional ali é que impera,
mas obvio, ele vai levar pessoas, então pareceu um convite para
fazer volume.
Os dois conversam sobre cada parte e separaram nos blocos
de informação. No fim viram que uma sétima parte, o processar de
delicias estava lá.
Joaquim acorda sedo, olha para Nádia que sorri.
— Vai mesmo fazer um almoço especial?
— Se filmarem, todos saberão quem são, mesmo sem
apresentação, sabe disto.
— Eles podem sair correndo para montar seus negócios.
— Espero que eles sejam assim como fala Nádia, eu odeio ter
de empurrar todos para frente.
— Não tem medo de concorrência?
— Concorrência é sempre positivo, mas a inteligente, não a
burra.
— E acha que os repórteres veem?
— Vamos ver o que teremos para o local.
Joaquim se veste, Nádia sai pelo fundo, raramente usava
aquele lado, olha para dentro e se depara com a parte baixa, com o
pessoal do Tasca terminando de montar as mesas, eles ainda não
haviam fechado, sinal que era antes das oito da manha, Nádia olha
Rogéria colocando câmeras nas sacadas, filmando para baixo,
dispondo nas entradas e nas saídas, e olha para Joaquim.
— O que vai fazer?
— Propaganda para semana que vem, um concurso de
gastronomia em Janeiro, convidando os grandes restaurantes da
cidade a fazerem um prato especial.
— Isto não falou aos rapazes?
— Não.

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Joaquim entra na parte que pensou em montar uma agencia
de acompanhantes ali, agora aquilo estava voltado a parte interna,
e tinha todas as paredes para lá em armações de vidro, ali montara
uma cozinha, mas raramente usava, o pessoal começa a chegar para
ajeitar as coisas, e de cada lugar vem algo, no fundo Paulinho traz
coisas, coloca a carne a cozinhar, ela precisava de um bom tempo.
Cada grupo estava chegando, se conhecendo, e Joaquim olha
para Paulinho abrir uma cachaça de rolha e lhe servir um copo,
Roseli chega ao local, havia ido dormir, logo depois de deixar tudo
encaminhado, então estava chegando descansada, enquanto Paulo
parecia cansado e Joaquim falou para ele ir descansar.
O pessoal montou a mesa ao centro, a montagem de uma
estrutura de 4 cozinhas, sabendo que existia mais a do Tasca e a da
Toca para ajudar, fez o pessoal se agitar.
Os repórteres chegaram, Joaquim apresentou cada um, o
rapaz filmou, fez algumas perguntas, ele olha para a parte interna e
olha para cima, arcos metálicos entre os prédios, plantados, davam
a sensação de ter plantas a até ao teto, explicando porque eles
montaram uma tenda a toda volta da mesa centrada.
Quando eles terminam de entrevistar os cozinheiros Carlos
pergunta.
— Improvisa assim fácil.
— Isto não é um improviso, já tínhamos marcado, pois
iriamos filmar o convite aos cozinheiros da cidade, a participar do
primeiro concurso culinário da cidade.
— Participação apenas dos cozinheiros?
— Premio para os cozinheiros e para os restaurantes
envolvidos.
— E resolveu fazer comida.
— Acho que cada local, serve um tipo de comida, tem dia que
quero um churrasco, e não tenho uma churrascaria, tenho um
restaurante que serve caranguejo, mas não é por isto que vou
apenas lá para comer caranguejo.
— E qual a ideia?
Joaquim sorriu e fala, o câmera esta filmando tudo.
— Quando falamos de produtos na mesa, vamos a um prato
do Tasca, nele temos mexilhões nacionais, queijo de búfalo,

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pimenta, acompanhados de um creme de batata, polenta recheada,
podendo ser servida com salada ou sem.
Raquel sorriu e convida os rapazes a sentar, ela serve o
primeiro prato, o cinegrafista olha o capricho, olha os produtos e
pensa no poder que tinha aquilo.
Por segundo, Ritinha, com um creme de camarão, camarão
frito, ostras a vinagrete, a salada era cabeça de alcachofra com
creme de milho e camarão, acompanhava casquinha de siri, pão, 4
cremes, e salada de palmito.
Até Raquel sorriu, era um senhor prato, não um qualquer,
Chica experimenta e parece sorrir, estavam provando o que todos
falavam existir na cidade.
Nuno apresenta Guedes, ele explica que usavam carne de
búfalo para fazer três tipos de hambúrguer artesanal, e outros dois
feitos de frango, ele explica que o queijo vem da fazenda da Vila da
Gloria, que a pimenta vinha da região do São Brás, que usavam a
batata frita pré-cozida, que recebiam as caixas de laranja toda
semana, para o suco natural, que a alface vinha de Mandirituba, e
que os ovos de São Francisco.
Guedes monta um sanduiche de nome Guerra nas Estrelas,
dois hambúrguer, um de franco e um de búfalo, queijo em um pão
de hambúrguer, dois ovos, alface, tomate e um creme de queijo,
servido no prato, acompanhava batata frita e suco de laranja.
Edson que era fresco para coisas estranhas, mas sanduiches
era sua especialidade, prova o mesmo.
Maria apresenta os ingredientes, carne, frango, ovos, creme
de milho e creme de batata, pimenta e temperos, faz dois tipos de
cozimentos, cada um com um creme, serve com pão, pimenta e
batata palha, em uma cumbuca colocando uma espátula no meio,
enchendo cada metade com um creme, colocando o cheiro verde e
montando algo rápido.
Algo tão rápido, que Raquel olhou e primeiro viu o outro
cinegrafista provar, depois pegou um pouco e olhou para Joaquim,
ele chega ao lado e fala.
— Não sei de onde a tirou, mas este creme é simples, mas
agora entendo porque vende, é muito bom, do cheiro ao gosto.

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Carlos viu que mesmo para os demais, era novidade, eles
estavam se conhecendo.
Paulinho foi apresentado por Joaquim, ele seria o cozinheiro
do Barreado do Loco.
Ele colocou todos os ingredientes a mesa, carne de búfalo, 2
cortes, os temperos, dai os mexilhões, ostras, mariscos, carne de siri,
camarão rosa, farinha de mandioca, pimenta, cremes de batata
doce, banana, 6 tipos de folhas, da rúcula a alface, couve para
refogar.
Ele pega no forno a cumbuca, abre a mesa, o cheiro de carne
bem temperada e cozida, ele serve em uma cumbuca, põem a
farinha, tira do fogão um creme, passa os camarões descascados e
temperados, os cozinha rapidamente, serve em um segundo ponto,
frita alguns com casca, faz uma pasta temperada de mandioca e
com a casquinha de siri, e a serve em cabeças de siri, dispõem da
salada que ao centro tem palmito, alcachofra, tomate cereja, e
cercado de cinco cores de folhas. Acrescenta os mexilhões cozidos e
abertos, as ostras e os mariscos, em porções a mesa, termina por
ter queijo de nó, abraçando camarões, em um espeto empanado e
frito, e para terminar, banana flambada em licor de laranja.
A especialista ali era Raquel, mas ela olha para o rapaz e olha
para Joaquim, entendeu que ele estava querendo diferenciar, mas
os demais provaram, aquela era a novidade da semana seguinte, o
cinegrafista filmou, cada parte, ele pega imagens da cozinha, do
todo, olhando para cima, e pergunta a Joaquim.
— Quanto tem de vegetação aqui?
— Quero chegar ao 100%, ter para cada metro usado, um
metro de vegetação.
Nádia provou com os demais este ultimo e Raquel chega ao
lado de Paulinho e pergunta.
— Vem de onde?
— Morretes.
— Pelo jeito tem um jeito simples de cozinhar.
— Fui aprendiz de cozinheiro em Morretes por mais de 10
anos, e somente vou ter minha chance agora.
— E qual o custo de toda esta mesa?

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— Joaquim produz tudo que está a mesa, teria de ver com ele,
pois se eu embalar o mexilhão, ele soma quase meio dólar em custo,
ele me propôs a por em uma mesa, 50 gramas de mexilhões, dá a
sensação de ser muito na mesa, mas se eu colocar em uma lata
duzentas gramas, parece pouco, se coloco nas ostras dos mexilhões
a mesa teria de por 4 vezes mais a mesa apenas para somar uma
porção.
Raquel olha e sorri, uma forma de servir pouco, mas que
parecia muito, uma dúzia de ostras a mesa, dava umas 120 gramas
do molusco da ostra, então ali a frente, ele enchera a mesa, mas
entendeu, 3 latinhas tinha mais que aquilo, mas quem comia não
tinha esta noção.
Raquel pega um pouco, soma farinha, deixa bem denso, vira o
prato para ver se estava no ponto, come com calma, ela olha para
Joaquim conversando com Carlos ao fundo.
Carlos olha em volta e fala.
— As vezes pensamos que são apenas pratos simples ou
complexos, mas pelo jeito tem de tudo ai.
— Tem as partes que poucos veem, sabe disto Carlos, já ouvi
tanta coisa sobre esta parte interna, que sorrio da ideia em si.
— Não entendi o predio a frente.
— Digamos que é um projeto que mudou, apenas isto.
— Projeto que mudou?
— Vamos fazer um filme, e a grua vai passar de andar a andar,
de sala em sala, as pessoas vão pensar que é uma montagem, mas é
apenas o uso de um local que existe dentro de uma ideia.
— Um filme em que sentido?
— Rogéria que sabe o assunto, estou meio por fora esta
semana.
— Problemas?
— Estamos marcando nosso casamento, então ainda é entre
os amigos os preparativos.
— JJ vai casar e não quer falar alto ainda.
Joaquim sorri.
O pessoal foi saindo e Paulinho para a frente de Joaquim.
— Acha que a ideia é boa?
— Acha que consegue tocar algo assim de longe?

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— Acho que inauguramos em Morretes amanha, vejo a
estrutura e inauguramos aqui na Sexta.
Joaquim sorri, achara alguém mais maluco que ele, e termina
de ouvir.
— Acha que a obra em Antonina fica pronta quando?
— No meio da corrida não passei por lá, mas estava
adiantado, apenas prioriza a cozinha, a elétrica, o telhado e o piso, o
resto entramos com tudo.
— Sabe que pensei que seria o mais simples.
— Paulinho, cada um aqui, vende, cada um tem um publico.
— Vi que tem uma casa de frutos do mar, não entendi a ideia
de por frutos do mar aqui com o barreado.
— A ideia é ter nos locais algo que eu goste, mas obvio, se
você achar que não dá conta, mudamos.
— Não disse isto Joaquim. – Paulinho sorrindo.
— Tem de considerar que não sei o que será do que fizemos
hoje, mas pode ser uma repercussão boa ou ruim, cada uma se usa
de uma forma.
Carlos sai dali e vão a sede da Globo local e marca Mauricio lá,
Carlos senta-se e olha para Chica e pergunta.
— O que achou?
— Entendeu o poder do que o senhor montou?
— Sim, sabores diferenciados em locais diferenciados, e nem
mostrou tudo.
— Eles destacaram sem mostrar a marca, o que filmamos
antes, e cada um tinha algo basicamente dentro dos produtos que
eles produzem, eles tem mais coisa.
— Sim, o oitavo bloco, Levando tudo para a Cozinha.
— Acha que consegue explicar.
— Edson filmou o fazer das coisas, o lugar é incrível,
estávamos em uma quadra quase central de Curitiba, com as
paredes tomadas por vegetação, com aqueles arcos de trepadeiras
caindo do teto, as arvores dispostas, eles cobriram para não termos
folhas nas comidas, mas aquele lugar em si, parece mesmo um
castelo, as portas para a parte interna são todas diferentes, dando a
sensação de muitos ambientes, mas aquele prédio com todas as
paredes abertas para dentro do terreno, com vidros, também dava

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em meio algo rustico, algo moderno, eles tinham naquilo que pode
parecer a primeira vista improvisado, exaustores na cozinha,
geladeiras e freezer embutidos em armários que permitiam muitos
cozinharem ali.
— Acha que o local permite algo bom então?
Carlos coloca a apresentação que ele fizera no local, onde ele
falava que estariam invadindo a vida de um empresário paranaense,
caminhando atrás de sua Brasília Verde, por produções de camarão,
banana, aipim, goiabada, queijo, e muito mais enquanto caminham
entre Santa Catarina, ajudam na recuperação de uma fazenda
atingida pelas chuvas fortes no Paraná, acompanham um dia de
extração de ostras e mariscos, expulsos por macacos, dando de
comer a saguis, vendo o caminho, que nos traz a cidade de novo,
para ver grandes cozinheiros preparando com este material grandes
pratos.
A moça olha a apresentação e sorri e fala.
— Vai mandar tudo, espera que não cortem?
— Tem de ver que é muita informação.
— E não vai se responsabilizar em cortar.
Mauricio entra e olha o resultado final e olha para os dois e
fala.
— Longo.
— Sim, muitos não vão entender parte, mas somente para a
cidade tem outro sentido Mauricio.
— Estas imagens são onde, devo ter perdido isto na viagem. –
Fala ele apontando as que fizeram mais cedo.
— Está fica no bairro de São Francisco, ali no Largo.
O senhor olha as imagens e fala.
— Mas onde fica isto.
— A parte central de uma quadra, mas no lugar de estar
abandonada, está cuidada.
O senhor acompanha cada parte e foi fazendo perguntas e no
fim Mauricio fala.
— A reportagem ficou boa, a direção não queria fazer muita
propaganda do senhor ali, mas pelo jeito ele por si faz a contra
informação, dá para acreditar que ele é a pessoa por trás de tudo,
deve ser um administrador. – Mauricio.

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Carlos sorriu e fala.,
— Senhor, este é o marketing dele, e não se preocupa com o
que pensamos.
— Porque acha que não é isto?
Carlos pensa e para a imagem na figura de Nádia e pergunta.
— O que acha desta empresaria?
— Estava se atirando para o pé rapado.
— A informação que não está ai, Nádia e Joaquim Moreira
devem casar em breve.
Chica sorriu e pergunta.
— Ele confirmou isto?
— Disse que está meio afastado esta semana dos negócios,
pois está cuidando dos preparativos do casamento.
— Mas acha que aquilo tem algo?
— Senhor, aquele senhor é gerente geral do Banco do Brasil,
isto já o coloca com salario maior que o senhor, ele tem uma
concessão de drenagem em Porto Alegre, que põem limpo 25 mil
dólares mês na conta, dizem que ele tem 10% do Tasca, mas duvido
desta informação.
— Eu também. – Mauricio.
— Porque duvida Carlos? – Chica, vendo que a posição de
Mauricio estava difícil de apoiar.
— Certo, todos chamam de Tasca, mas é Tasca de quem?
Chica sorri e fala.
— Do Joaquim, não de outro, entendo, um estrangeiro não
colocaria o nome de um sócio minoritário em algo assim.
— Ele está assinando, apelido Loco ou Louco, em tudo, alguns
dizem, mas são concorrentes, mas Toca, Buraco, agora Barreado do
Louco, ou Loco, não é ele que está escondendo, é a vontade nossa
de dizer que não pode ser ele, reforçado por aquela Brasília. –
Carlos.
— Não acredito nisto. – Mauricio.
Carlos não queria discutir e fala.
— Mas acha que assim ficou boa a reportagem.
— Ótima, não ficam falando que as coisas são do senhor de
Brasília, acho que apenas a direção não queria dar ênfase ao senhor,
e vocês não o deram, usando ele apenas como trilha para a história,

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seguir alguém por terras desconhecidas é uma aventura que ficou
legal. – Mauricio.
Mauricio pega uma copia e vai a direção, para passar uma
copia para a central.
Chica olha para Carlos e fala.
— Entendi porque ele estava chateado, ele tentou chegar
perto da moça e ela o deu um corte danado.
— Pensa em alguém que conhece Joaquim, da época que
erguia muros com as mãos, estar passeando na mesma Brasília, mas
estar como representante de algo que se der certo, é mais um
império surgido no estado.
— As pessoas esquecem que as pessoas se conhecem antes
de vir a fama, mas acha que é duradouro?
— Todos falam que os dois vivem juntos a mais de mês, quem
sabe há quanto tempo, mas imagino o que seja estar ao lado de
alguém como aquele rapaz.
— Vai concordar com o Mauricio agora? – Chica.
— Não, pensa em alguém, que trabalha em um banco, e
trabalha mais 9 ou 10 horas por dia, em um projeto pessoal, que
tem negócios na cidade, em Santos, vimos em Santa Catarina, no
Litoral, em Porto Alegre, em São Paulo, e dizem estar entrando no
Rio de Janeiro.
— Está falando em alguém acompanhar algo com esta
dinâmica?
— Sim, ele na Sexta falou que chegou a ser colocado para fora
por um segurança de sua empresa, antes de o receberem.
Chica sorriu, Carlos sorri e olha para Claudio chegando.
— Problemas Claudio.
— Você mesmo que queria falar. – Claudio.
Carlos olha estranho e pergunta.
— O que fiz agora? – A frase foi um sorriso ao fundo.
— A direção mandou eu verificar algumas coisas que parece
que você filmou, e não sei por onde começar.
— O que pediram?
— Para verificar se Joaquim Moreira tinha autorização para
fabricação de bebidas alcoólicas, se tinha liberação para abate, se

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tinha algo que desse para puxar uma noticia negativa sobre o
senhor.
— Quem pediu isto.
— Mauricio.
— Agora mesmo?
— Sim.
Carlos atravessa o corredor, olha Mauricio do outro lado do
corredor e faz sinal para ele esperar, ele deve ter pensado em algo
calmo, mas na mão dele ainda estava o material, pega ele, não fala
nada, apenas dá meia volta e ouviu.
— Vai mudar algo?
Carlos não falou, já deveria ter retransmitido, e estava
pedindo para acharem algo contra o rapaz, ele faz sinal para Claudio
e pedem para falar com o presidente e o diretor de programação,
Mauricio deveria estar lá e nem passara lá.
O diretor olha Claudio e pergunta.
— Problemas?
— Não, apenas querendo saber porque Mauricio está
pedindo para levantar novamente algo contra JJ, se vão usar minha
reportagem para isto, jogo no lixo e que façam outra.
Claudio se assusta, pois ele nunca tratara naquele sentido,
mas sabia que Carlos tinha costas quentes.
— Não sei do que está falando Carlos.
— Depois de 4 dias, terminamos um programa pedido pela
central do Rio, para o Globo Rural, primeiro mandaram Mauricio
junto, ele não palpitou nada, e agora pede para Claudio levantar
dados negativos sobre minha reportagem, porque, algum problema
comigo diretor?
— Não pedimos neste sentido Carlos.
— E qual sentido teria de fazer propaganda contra alguém
que está investindo no estado senhor?
— Ele é perigoso. – O presidente.
— Sei que comprei esta ideia, mas olha o material antes
senhor, se achar que vale desacreditar este senhor da imagem,
mantem a ordem, mas saiba, eu peço transferência para São Paulo,
não sou alguém de duas caras, senhor.
Carlos saiu e o presidente olha para Claudio.

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— O que falou para ele?
— Nada, nem entendi, Mauricio pede para que faça algo, que
Carlos tinha uma copia, para me situar, só pedi uma copia, mas pelo
jeito ele levou para o pessoal.
O presidente dispensa Claudio e olha para o diretor e
pergunta.
— Viu a reportagem?
— Não.
— Põem ai, pelo jeito o senhor nem foi destacado, e no meio
disto, alguém que fez a reportagem, sobrinho do governador sentiu-
se ofendido, sabe que não gosto deste rapaz.
O diretor coloca a reportagem integral e o presidente olha
para a imagem e fala.
— Mauricio viu isto diretor?
— Sim.
— Entendi a posição de Carlos, fazem uma reportagem sobre
micro regiões e pequenas fazendas produzindo, mostrando
preservação, o poder do pequeno, de se apoiarem e crescer, e se
colocarmos algo contra isto, todos nos taxarão pela reportagem,
não pelo senhor.
O diretor olha as imagens e fala.
— Trabalho de muito tempo senhor, entendo o quanto o
sujar de algo assim, chateia os repórteres.
— Acho que a melhor reportagem que vi este ano neste
assunto, o pessoal se dedicou.
Mauricio é chamado e passam a contra ordem e Claudio
chega ao lado de Carlos e fala.
— Um dia cresço para por o presidente no lugar.
— Pelo jeito eles lhe colocam nas furadas locais.
— Eu me divirto nas furadas locais, pelo jeito foi para uma
que sempre me divirto.
— Onde lhe colocaram diante do senhor?
— O deputado sumido, pagou para fazerem uma reportagem
acusando Moreira, mas toda a regra era, não citar nunca o
Deputado e nem políticos locais.
— Não vi a reportagem?

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— Não entendi, mas foi na semana que lançaram aquela
propaganda na novela, pagando direto do Rio, e alguém no Rio
recuou.
— O que este senhor tem com aquilo?
— A Novos Rumos é dele Carlos.
— Tem certeza disto?
— É como todo resto, se vê alguém tocando, mas tenho
certeza, e a investida contra ele, é porque alguém aqui não fez
questão de pegar algumas propagandas, e a empresa dele pegou.
— Algumas quanto?
— Dizem que ele deve terminar o ano abocanhando 15% do
mercado local.
— E tem gente que se diz gente de comunicação como eu,
que não se prendem a isto, pelo jeito queriam pegar pesado, e ele
fez o que?
— Desarmou a segurança local e parece ter colocado o
presidente na parede e alertado que ele era mortal.
— Sabe que olhando para ele não se consegue ver isto que
falam aqui dentro.
— Sim, dizem que ele investe em anti-marketing
propositalmente.
— Acha que ele se preocuparia com uma propaganda contra
ele Claudio.
— Carlos, Joaquim foi o pedreiro que ergueu metade da
minha atual casa, e se olhar, eu não consigo olhar aquele rapaz
como quem o fez, mas sei que foi ele.
— Então conheceu o ser antes da lenda, o que dizem
alimentar a lenda.
— Ele estava fora da cidade Carlos, quando ele foi expulso do
SNI, e na mesma semana, a mãe dele sofre um derrame na cidade,
ele volta, saído expulso do exercito, mas se olhar a identificação
dele, afirma que parte o expulsou, parte ainda o tem como ativo do
Exercito, ele volta para casa para cuidar da mãe, por quatro anos ele
levanta a vida na mão, até a metade deste ano, quando um
marginal do Capanema, metralha a mãe dele numa cadeira de roda
em casa, a noticia chegou a ser noticia federal, a violência de

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Curitiba, pois a noite da morte da senhora, foi a mais violenta da
historia da cidade.
— Acha que ele está envolvido?
— Ninguém sabe se o traficante fugiu ou morreu, nunca foi
encontrado.
— E ele sai da surdina.
— Tiraram o peso da vida dele, a mãe, alguns discordam disto,
mas sabe que estamos em um ano violento, muitos descobrem
somente naquele momento que o rapaz era sócio da TSS, que ele
fazia faculdade, e no meio disto, banco do Brasil.
— Você falando dele parece meu cinegrafista.
— A lenda “Louco”, se refere a ele no Capanema, ele
desacreditou a lenda, mas assina em seus negócios o apelido,
quando se fala em “Louco”, é Capanema, quando se fala “Loco”, é
faculdade, e ele está se colocando no mercado.
— Ele está bem assessorado, e pelo jeito a forma simples faz
as pessoas não o verem como dono e sim mãos do dono, então ele
deve estar conseguindo as coisas mais baratas.
— Sabe que não pensei neste lado, mas faz sentido, ele está
no começo, não quer pagar o maior preço.
— E como representante de algo, quando ele cobra algo, não
conseguem ver nele a pessoa a negociar.
Claudio pede para ver a reportagem e fala.
— A parte que sobrou, dava uma reportagem sobre Globo
Natureza, e um Globo Repórter. – Fala Claudio.
— Não entendi.
— O globo Natureza, destaca sistemas de preservação, esta
falando em manter as partes planas como produtivas e as
montanhosas como preservação, e uma empresa privada investindo
nisto, é uma exemplo que eles gostam.
— Certo, teria apenas de regravar alguns pontos.
— O segundo, diria que algo com o nome, Empresários
Investem no Sair da Crise.
Carlos sorriu e falou.
— E fica com as bombas?
— Acho que estou aprendendo ainda, este empresário vai ser
destaque, seja positivo ou negativo pelos próximos anos.

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— E pelo jeito vai virar lenda.
— Carlos, faz a reportagem pelo Globo Natureza, e passa para
a direção do estado ao lado, com certeza eles vão querer falar com
o pessoal, e com certeza, terão apoios.
— Acho que não. – Carlos.
— Não entendi.
— Todos estavam falando mal do senhor por ele ter criado
um local e não expulsado os macacos.
— Sinal que ele seria a minoria a apoiar ali, a opinião publica
não vai a favor da matança, apenas os donos de terra.
Carlos sorri e olha para a porta e pergunta.
— Problemas redator.
— O presidente quer falar com você.
— Já vou lá.
Carlos vai à sala do senhor, a secretaria o anuncia e o senhor
olha com cara de poucos amigos.
Carlos olha para o senhor serio e espera ele falar colocando
as mãos para trás, esperando o falar do senhor.
— Carlos, é um bom repórter, mas odeio sentir-me
pressionado por um repórter que está aqui por um favor, acho que
não entende, está aqui em respeito a seu tio, se não está feliz,
segura para você.
Carlos olha o senhor, ele estava enrolando, ele olhava a
marca a parede, não queria sair naquele momento, mas não sabia
se queria por panos quentes.
— Sei que a reportagem ficou boa, mas aquele senhor é um
marginal, pode não aparentar, mas ele é, e não quero ninguém
fazendo propaganda dele aqui dentro.
Carlos pensa, olha o senhor e fala.
— Sei que o senhor ali não é inocente senhor, mas a pergunta,
se quer, saio, se é apenas para agradar meu tio, não precisa medir
palavras, e sei que muitos andam a margem nesta sociedade senhor,
alguns proprietários de canais de TV, pois inventar acusação, é coisa
de marginal, mas se quer, saio, pior ter feito um dos meus melhores
trabalhos e ter de sair, mas saio.
— Ele me ameaçou.

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— Depois de mandar investigar ele ou antes, descobriu que
ele não era inocente porque ele não se deixou enredar por uma
acusação que não era ele o culpado?
— Só mostrou que não precisamos deste tipo de gente na
sociedade.
Carlos não continuou, iria piorar, o senhor não queria
solucionar, ele queria que se mantivessem na mentira.
— Referente a querer que saia, não é verdade, mas não gosto
de gente que me coloca na parede.
Carlos não falou, o senhor adorava por na parede e impor
sobre os demais, pois estava na presidência, mas alguém o encostou
a parede, entendeu que deveria ter feito mais democraticamente,
mas estava ainda pensando na reportagem.
Carlos fora chamado ali, o senhor queria falar somente aquilo,
o que queria.
— Quero deixar claro que não gostei da sua postura hoje
Carlos.
Carlos segura as mãos as costas e apenas olha o senhor, sabia
que não teria como mudar de lugar, mas se fosse mandado embora,
resolveria o problema, pois não teria como não resolver.
— Vai, não quero discutir mais hoje.
Carlos sai e olha para Mauricio no corredor e chega a ele.
— O que reclamou de mim. – Mauricio.
Carlos olha a porta ao fundo, o senhor nela e fala.
— Tenho de entender as coisas antes de falar Mauricio, bom
saber que quando me mandarem você, é para fazer merda com o
conteúdo.
Carlos sai e Mauricio olha para Claudio.
— Já conseguiu aquele material?
Carlos olha para trás e ouve Claudio falar.
— Sim, já está a mais de 20 dias com o redator.
Carlos olha para Claudio que sorri.
— Mas porque não me passou?
— Se não autorizaram antes Mauricio, porque autorizariam
agora?
— Mas tem de ver que desmascarar falsários faz parte de
nossa profissão.

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— Falsários? – Claudio sabia que o presidente estava a porta,
ele estava de costas – Que saiba, ele não anda em um carro
financiado com três prestações atrasadas, ele não veste uma camisa
de 100 dólares, ele nem diz ser dono do que tudo induz ser dele.
— Mas ele se faz sobre as pessoas.
— Se faz? Mauricio, se perguntar para ele de onde ele me
conhece, ele vai dizer, levantei a casa da mãe dele com as mãos, se
perguntar para ele, como ele fez segundo grau, ele vai dizer que foi
ao exercito para conseguir estudar, não sei no que ele lhe ofendeu,
ou não foi ele, foi o fora daquela Nádia dos Santos, que pelo que
ouvi, está com casamento marcado com esta farsa que você está
falando.
— Não acredito que uma gata daquelas vai dar bola par um
rapaz sem classe daqueles.
— Acho que ela não está interessado na classe Mauricio,
quem sabe ela esteja interessada mesmo na conta bancaria dele.
Claudio sai sem olhar para a porta do presidente, nem para
Carlos, mas foi obvio, era inveja, e não tem como se fazer
reportagem sobre uma visão invejosa, fica na maioria das vezes
falsa.
Mauricio olha para Carlos, olha para Claudio e o presidente
olha para ele e fala pela porta mesmo.
— O que ele quer dizer Mauricio, que você pode ser
perfumado, mas não tem onde cair morto, o rapaz tem empresa de
segurança, empresa de publicidade, pelo menos 6 restaurantes,
pelo jeito, mais de 10 fazendas, uma rede de hotéis, uma de motéis,
3 agencias de acompanhantes, e escolheu a moça, embora pudesse
fazer sexo tranquilamente por ai com outras.
Mauricio olha para o senhor e fala.
— Mas ele não tem classe.
— E pela reportagem, não pretende ter, ele quer ser ele e
continuar na ilegalidade, mas tem de ser esperto para o pegar
Mauricio, não invejando.
— Não entendem minha posição mesmo.
A secretaria do senhor sorriu, era evidente a posição dele,
mas todos estavam dizendo, cresce, senão não vai funcionar.

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Carlos olha para a rua, olha o carro e volta para dentro, pega
as gravações e começa a editar a ideia de Claudio e começa a olhar
detalhes que não conseguira ver, faz 6 compilações, passa 4 para o
Rio de Janeiro, e duas para Santa Catarina.
Era madrugada quando ele sai da região com tudo vazio.
Amanhece terça com Joaquim olhando para fora, colocando o
terno e dando um beijo em Nádia, ele não tinha ainda marcado a
data, mas queria algo especial, mesmo que somente no cartório.
O presidente da subsidiaria Paraná da Globo recebe a ligação
do Rio e o senhor não entende.
— Senhor Clemer, como estão as coisas na sua sucursal? –
Roberto o presidente da Globo.
— Não entendo presidente.
— Se por um lado me passam reportagens de peso, referente
ao crescimento de seu estado, vejo adendos de conteúdo não
indicados.
— Não entendi, não colocamos adendos?
— Certo, quando você a algumas semanas colocou a denuncia
sobre o senhor Moreira em Curitiba, você colocou que ele estava
criando agencias de pornografia, colocaram a urgência das
denuncias, agora nem um mês após, vemos uma reportagem pedida
por nossa sucursal, sobre agronegócios para um repórter local, ele
nos faz uma imensa reportagem, mostra o senhor e em momento
algum, citam que os locais da denuncia anterior são os mesmos que
estão mostrando agora restaurantes.
— Desculpa senhor Roberto, as vezes as coisas não passam
em minha mesa diretamente, teria de ver os conteúdos, mas acha
que devemos citar isto, não entendi?
— Não é isto, apenas quero saber o que está acontecendo,
uma hora falando mal, na outra falando bem, sem falar, preciso
saber se estão sofrendo pressão por ai.
O senhor encosta na cadeira, teria de pensar neste instante e
fala.
— Não senhor, apenas tivemos uma linha de pensamentos
contraria a outra, mas ambas dentro da realidade, mas é difícil de
explicar, quando se olha alguém defendendo a natureza,
produzindo, tendo partes legais, este mesmo senhor, é o maior

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anunciante de agencias de acompanhantes do maior jornal do
estado, alguns dizem que ele tem parte no trafico, mas não tenho
provas para denunciar.
— Então está afirmando que embora seja a mesma pessoa,
tem partes bonitas e feias.
— Sim, como todos nós, mas não entendi a ligação.
— O meu redator pediu ao rapaz da reportagem sobre agro
negócios e pediram para ele arrumar outros 4 temas dentro da
mesma reportagem, queria saber se poderia ser a mesma pessoa,
mas pelo jeito temos alguém bem informado, que resolveu assumir
a parte produtiva também.
— Bem informada?
— Odeio quando tenho de recuar Clemer, mas sabia que seria
mais fácil do que avançar, eu fiz um gesto de recuo e o Geisel me
ligou confirmando se iria fazer mesmo este recuo.
— Então entende o problema?
— Sim, vou passar um pedido para dois repórteres seus, e
apenas peço compreensão e apoio.
— Quais?
— Carlos e Claudio.
— Sobre o que eles vão pesquisar?
— Sobre a autenticidade da declaração deste senhor, de Loco
ser uma farsa, ele parece estar assumindo este apelido e parece que
existe um fio de meada a puxar em Santos e Porto Alegre.
— Certo, damos apoio, mas o que achou da reportagem.
— Aquela cena do senhor dando de comer aos macacos, é
forte, daquelas que vão estar em todas as mídias após colocarmos
no ar, é algo que transforma uma reportagem simples, em
complexa, pensa que nitidamente quando pedimos, indicamos um
caminho, quando voltou, tínhamos 8 pontos fortes sobre o assunto,
ainda alguns subentendidos, mas a reportagem está sobre analise, o
redator achou longa, e não está conseguindo cortar, ele pediu hoje
cedo os originais para tentar entender, e se depara com mais cenas,
se depara com a verdade, estava já reduzido.
— E qual a ideia senhor?

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— Não temos como ir contra a força desta reportagem, ela
pode desencadear uma serie de investimentos, empurrar a ação
varias pessoas que estão esperando um milagre.
— E porque do pedido de outras quatro investidas?
— O repórter nos mandou uma previa de 8 ideias, e nos
deparamos que cada um dos oito pontos, realmente estava apenas
mostrando um pedaço do assunto, e estamos estudando ainda o
assunto.
— Qual o maior impacto?
— Sabe aquelas latinhas que eles estão produzindo na
imagem?
— Não senhor.
— Eles produzem ali, exportam e algo volta, importamos mais
caro o que produzimos, pagando em dólares.
— Tem certeza?
— Fui pesquisar, a empresa holandesa que produz isto, não
tem como produzir isto, ela importa e põem a marca, importa a 5 e
exporta a 10.
— E vão falar disto?
— Não por este lado, mas temos adendos interessantes,
pinga de rolha, não se consome no Brasil, e é um dos nossos
produtos exportados mais conhecidos lá fora.
— E vão me mandar algo para compensar a ausência dos
dois?
— Contrate alguém, sabe que tem a liberdade para isto.
A conversa deixa o senhor olhando os dados e pede para ver
os conteúdos e olha que tinha muito material, entendeu que a
reportagem foi bem enxuta.
Carlos estava a rua gravando uma fuga na delegacia da 8ª e
Claudio estava em uma reportagem de sinalização no contorno
rodoviário.
Joaquim fecha a meta e estava a verificar as fichas dos
candidatos as vagas do banco, estranho vir gente agora, que a 4
meses nem queriam passar perto da agencia, mas primeiro ele
forçou o subir de cargo interno, pediu 6 escriturários, o que deu um
clima melhor ao pessoal, pois ele chegara e passara todos, sentia

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J.J.Moreira 6
aquele olhar de invasor as vezes, mas agora ele forçava alguns
subirem uma, as vezes três posições internamente.
Então eles estavam com a agência funcionando e quase todos
estavam em treinamento para subir de cargo, Joaquim queria entrar
em janeiro com as pessoas em novas posições, para poder
administrar as mudanças.
Sabia que a semana estabelecia a calma, ele sai para o almoço
e olha para a TV ao fundo e olha o anuncio da reportagem e pede
para erguer o volume.
Sonia senta-se ao lado e fala.
— Vai ficar famoso?
— Acho que não.
Joaquim estava ouvindo e viu a chamada para o próximo
domingo, um programa especial do Globo Repórter, ele olha como
se precisasse ver, mas ele nunca teve o costume de acordar e ligar a
TV.
— O que vão falar?
— Nem ideia, eles falam muito deste JJ por ai.
— Sim, eles falam muito deste JJ por ai, mas poucos sabem
que ele é gerente da agencia a frente. – Sonia.
— Acho que esperava que eles enrolassem para montar o
material e já estão anunciando.
— Sobre o que é a reportagem?
— Agronegócios, mas é que gosto de ganhar dinheiro, e as
vezes acho que o banco deveria me exigir mais para não ficar
pensando nos negócios, mas não tem acontecido.
— Está nos tornando a maior agencia e a mais acelerada da
cidade e acha que ela está lenta?
— Não disse que ela está lenta, os processos internos são
lentos, não quer dizer que seja lento, mas é a forma que esta
empresa funciona.
— E que tipo de agronegócio você toca?
— Tocar nenhum, estou no banco geralmente quase o tempo
inteiro.
— Certo, mas então porque o ouviram?
Joaquim olha para uma imagem, e olha o anuncio de um
Globo Ecologia para o sábado, conhecia aqueles bugios, eles

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estavam querendo algo, e por fim, antes de voltar olha para a
imagem de uma reportagem sobre crescimento econômico, eles
iriam usar aquilo em apoio ao governo, eram malucos mesmo.
Nádia olha os prospectos e começa a confirmar as compras,
ela recebe a ordem de exportação de 800 mil dólares pelo porto de
Paranaguá, olha de onde veem as cargas e entende finalmente o
que eram aquelas vendas semanais, ela pensava que era algo ilegal,
mas eram produtos industrializados e exportados.
Ela começa a fazer as ordens de exportação e olha as obras
do Barreado do Loco, em três endereços e olha que a propaganda
nos rádios de Morretes, estava confirmando a propaganda e
pagamento da inauguração naquela tarde
Joaquim estava na agencia ainda quando Carlos liga para ele e
pergunta.
— Senhor Joaquim?
— Sim.
— Carlos, o repórter.
— Fale rapaz.
— Teria como conversar com você hoje sobre uma
reportagem que me pediram dados?
— Sim, mas tem problema de ser em transito?
— Por quê?
— Tenho uma inauguração em Morretes hoje, e não quero
perder.
— Quer que passe onde senhor Joaquim?
— Não sei o assunto, mas pode ser na sede do Cabral.
— Nem nos falou das sua parte empresarial ainda.
— Nos falamos lá.
Joaquim liga para alguns clientes alertando saldos negativos,
problemas de fundos, retorno de cheques, teriam ate o dia
posterior para cobrir, e sai da agencia.
Ele paga a Brasília e Sonia fala para uma moça do caixa.
— Este gerente é mais sorridente.
— Dizem que ele vai casar, é a fofoca das rodas de Curitiba.
— Não sou ciumenta. – Sonia.
A outra sorri.

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Quando Carlos e Claudio chegam a sede do Cabral Joaquim
estava meio arisco, ele não vira aqueles dois juntos, e Nádia
pergunta.
— Problemas?
— Não sei, Raquel deve estar chegando.
— O que vai fazer?
— Vamos, tem a inauguração hoje do nosso primeiro
restaurante em Morretes, e numa terça, não tenho algo tão urgente
em outro lugar.
— Certo, e vamos como?
— Deve estar chegando uma Kombi ai, ela nos leva e nos trás,
não quero dirigir hoje, acho que as vezes cansamos um pouco.
— Você cansa? – Nádia sorrindo.
— Sim, burocracia é cansativo.
Os dois sobem e Carlos olha para Joaquim e fala.
— Podemos conversar?
— Problemas?
— Pediram uma reportagem sobre crescimento baseado em
micro empresários, baseado no que me mostrou, e parece que a
lenda atravessou minha reportagem.
— A lenda? – Nádia.
— O rapaz que foi ao exercito estudar, saiu de lá levantando o
mundo com as mãos, e diante disto, arrasta a economia do sul do
país com sua Brasília Verde.
— A Brasília não aguenta tanto assim. – Joaquim sorrindo.
— Mas teria como dar uma dica de por onde andar?
— Sim, vou dar apoio a inauguração de Morretes hoje, e dai
conversamos.
— Não entendi, vai inaugurar algo numa terça? – Claudio.
Joaquim olha o rapaz e fala.
— Bem vindo ao barco, mas sim, tenho aberto ou inaugurado
algo quase todo dia nos últimos 4 meses.
— Isto daria mais de 120 negócios.
— Sedes, não negócios, estamos abrindo o primeiro Barreado
do Loco, mas o negocio terá uma inauguração aqui na sexta e
provavelmente uma em Antonina no Domingo seguinte.
— E não tem medo de fazer algo muito custoso?

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J.J.Moreira 6
— Sim, o rapaz que vai tocar o restaurante em Morretes e
aqui, você conheceu, Paulinho, conseguiu em 4 semanas, por em
dia uma estrutura que estava em meia operação, e a 7 dias
conseguimos que a estrutura voltasse a exportar, e como algo que a
7 dias, conseguiu a garantia de entrada de 800 mil dólares a cada
seis meses, me permitiu investir numa ideia que conversando com
um garçom metido a cozinheiro trocamos em Morretes a dois anos,
tomando uma Antártica olhando o rio.
— Então não exporta a tanto tempo aqueles mexilhões?
— Na verdade a exigência e fornecimento das embalagens
era uma exigência da empresa Holandesa, mas ai estava um
empecilho, eles queriam algo de valor e nos queriam forçar a
comprar a latinha deles para embalar, o antigo dono, assim como o
fornecedor em São Francisco, não viram que era uma arapuca
econômica e caíram nela, comprei negócios em falência, e os
reergui, primeiro enxugando a maquina, entendendo os problemas,
ampliando ganhos, eles exportavam apenas mexilhões e como a
quantidade era pouca, custos altos, pois quanto menor maior o
custo unitário, ficam na aparência de esta indo bem, até falirem de
uma hora para outra.
— E investiu quanto nisto?
— Menos do que me entrará na conta semana que vem, com
as primeiras vendas, e garanto, me mantem a estrutura por mais de
dois anos, então o que era uma empresa que vendia mexilhões
embalados, hoje vende mexilhões, ostras e mariscos, vende queijo
de búfalo, pinga de rolha, vai ter em breve a produção de açúcar de
beterraba e mascavo, temos ainda o fornecimento de búfalo para
restaurantes em Morretes e Antonina, extrato de gengibre e
gengibre em pó, goiabada enlatada, e tem uma grande diferença
com a antiga empresa.
— Qual? – Carlos.
— Quando apenas se exporta, o importador do outro lado
não faz um pedido, fechamos, vendemos apenas internamente, um
produto, aquele produto sofre um revés, entramos em
financiamentos e falimos, então quando abrimos o mercado de
exportação, em 4 produtos, vamos abrir mais após, mas até agora 4,
18 produtos para o interno, e mais uma linha de vendas diretas a

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partir de restaurantes próprios, estamos abrindo o leque, e
calculando custos, qualquer dos seguimentos mantem a
estabilidade de empregos, o total, nos força pensar em outros
investimentos.
Carlos olha para Claudio, e devolve o olhar para Joaquim.
— Disto que estávamos conversando, que não está naquela
reportagem, o empresário da Brasília Verde.
— Carlos, eu ainda sou muito novo no mercado para aceitar
este titulo, pois ainda não sei se dará certo.
— Mas está investindo pesado.
— Pensa em alguém que saiu da inercia, e em meio a isto,
tem hoje, 18 mil vezes mais do que tinha no inicio do ano.
Carlos sorriu e falou.
— Um senhor crescimento.
— Apostas que deram certo, eu estava com uma seleção de
gerencia em Porto Alegre, compro os Jornais locais, e me deparo
com uma concorrência para drenagem do canal, e me pergunto, o
que entendo disto, nada, olho em volta, vejo o que tem de
equipamento local a venda, nada, o que tem de empresa
especializada do país neste ramo, nada, o que alguns veriam como
uma loucura total, me fez conversar com uma empresaria nova em
Porto Alegre, Priscila de Sena, e a propus uma parceria, ela
conseguiu a concessão de uma beira do Cais com a marinha, o que
nos dava o primeiro ponto favorável em redução de custos,
adquirimos de uma empresa uruguaia que havia abandonado, um
equipamento em Rio Grande após ter drenado a entrada do porto
local, em 15 dias tínhamos o equipamento, 3 técnicos, uma base de
operação, um estudo da areia que tiraríamos do cais, e um projeto
que apresentamos ao estado, pensamos estar pedindo muito e
descobrimos que fomos somente nós e mais uma que ofereceu o
serviço, uma chutou muito para cima, e a nossa, parece loucura,
mas hoje, temos uma empresa que nos gera mercado, numa
estrutura cara, que coloca na empresa, 300 mil dólares mês, me
sobra apenas 25 mil dólares desta parceria, e posso lhe garantir,
está dando certo.
— E alguns apostam que você não é um empresário, apenas
uma vitrine, o que acha disto? – Claudio.

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J.J.Moreira 6
— Uma senhora propaganda favorável para mim, eu
economizo com isto, mas se alguém virar e dizer, se for assim eu
largo a obra, pode ter certeza, eu pego no pesado quando preciso,
não tenho medo de fazer força, de forçar todos no caminho, mesmo
eles me odiando depois.
Nádia vai a porta e fala.
— A Kombi chegou. Roseli não vai conseguir ir.
— Vai mesmo a Morretes?
— Deixem o carro, vamos conversando, quero chegar cedo,
quero ver como as coisas estão.
Moreira se levanta e olha para Nádia, que foi ao lado, os dois
olham os cinegrafistas e Carlos fala.
— Vamos de Kombi.
Joaquim entrou, olhou para o motorista e fala.
— Vamos aproveitar o dia para ir.
Os rapazes entram e Carlos olha para Joaquim.
— Mas a que nível de empresário você se compara?
— Eu não conheço empresários Carlos, eu venho de um
bairro de funcionários e explorados, mas sempre disse que existe
uma saída, a escolha é de quem está lá, e sempre investi na minha
educação.
— E qual a ideia em Morretes?
— Investir em um restaurante de frente para o rio, com
comida típica local, com qualidade, com preço justo.
— E pelo jeito não teme investir em lugares pequenos.
— É onde me sinto eu, cidades grandes criam ambientes
pobres ou que não nos deixam a vontade, prefiro me sentir inferior
por escolha do que por imposição.
— Palavras fortes para o criador do bar mais caro da cidade.
— Caro, mas eu consigo tomar uma cerveja lá, tem lugar que
eu não consigo, e olha que investi lá.
Nádia sorri e fala.
— Eles não servem cerveja, fazer oque.
Carlos olha Nádia e pergunta.
— E quando dos dois vão casar?

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— Joaquim disse que vai providenciar os preparativos, não
chegamos em casa ainda para ele me falar se conseguiu um lugar
que ele queria.
— Algo especial? – Carlos olhando Moreira.
— Especial para mim, não para os demais.
— E os investimento em Morretes, vi que investe sem uma
placa, dizendo ser seu. – Carlos.
— Não tenho nada que possa se dizer meu ainda Carlos, eu
como disse, estou investindo, tentando em meio a crise, crescer,
mas sei que nem tudo é fácil, então como falava para Nádia estes
dias, posso investir e não dar certo, mas eu sou teimoso, eu tento
de novo, eu estruturo, eu tento gastar o mínimo do meu dinheiro
para levantar um negocio.
— E eles confiam em você? – Carlos – Para lhe dar liberdade
de investimento.
— Liberdade sim, libertinagem não, as vezes não é o pagar
caro em algo que me garante o melhor, gastos sem ideia, me parece
sempre jogar dinheiro fora, obvio, quando se investe em cidades
como Morretes, monto um restaurante, a nível de qualidade de
acabamento do Tasca, mas a nível de custo de criação, o bruto,
gastei 30% do valor que gastei no Tasca por metro quadrado.
— E está indo olhar?
— Vamos passar em Antonina antes, quero ver um casarão
que deveria estar pronto, e não está, de lá chegamos a inauguração,
pois pressão no inicio não facilita as coisas que já parecem conspirar
para o caos, primeiro dia é o dia teste, todos sabem onde devem
estar no segundo dia, no primeiro, as vezes temos de manter a
calma e a cabeça fria.
Nádia sorriu, olha para Joaquim e fala.
— Nem que tenha de pegar a roupa de garçom e atender as
mesas?
— Poucos viram isto Nádia, mas faz parte do fazer dar certo,
do entender do problema, as vezes, percalços acontecem, mas não
é por isto que não dá para melhorar.
Param a frente da baia, um casarão em reforma, ele entra na
obra e olha o senhor falando com alguém agressivo.

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— Não é hora de fazer isto, eu já disse, vamos primeiro fazer
toda a reforma do piso, para depois reformar as paredes e teto e
por ultimo a fiação.
— Não é o que está no cronograma senhor Jeferson.
— Eu tô dizendo que é para fazer assim. – O rapaz olha a
porta, vendo aquele senhor olhar para eles e Jeferson olha para
Joaquim e fala agressivo.
— Não estamos contratando.
Joaquim olha para Nádia e fala.
— Paulinho não estaria aqui?
Nádia olha para Joaquim e olha para o local.
— Talvez tenhamos pego o endereço errado.
— Talvez.
Jeferson chega a eles e fala.
— Podem se retirar, estamos em reforma e não temos tempo
para fazer sala.
— Pelo que entendi senhor, não tem uma sala, pois pensei
que Paulinho inauguraria no próximo domingo, mas pelo jeito ele
não vai conseguir.
— Ele tem de entender que obras assim demoram.
— Entendi que alguém vai ter a cabeça numa bandeja, não sei
seu nome senhor, mas se acha, que Paulinho vai pegar leve, não o
conhece – Joaquim olha para o rapaz acima e fala – e se ele colocou
ai, para fazer agora isto, faz, pois ele não vai cobrar do cara a minha
frente, e sim de você.
— Me desautorizando, acha que manda algo?
— Sim, vim verificar a documentação de reforma histórica,
me falaram que Paulinho estaria aqui, mas se não está, deve ser o
senhor Jeferson.
— Mas...
— Quero ver as ordens senhor, se não tiver, paramos a obra,
mas não quer dizer que Paulinho não vá reclamar.
O senhor olha para Joaquim, que saíra do banco, então ainda
estava de terno, o senhor o mede e foi ao carro ao fundo e pega as
colocações.
Joaquim olha o rapaz da obra e fala.
— Tem mais alguém ai?

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— O rapaz do piso e os rapazes do encanamento.
— Para ele, vamos conversar, pois o que ouvi senhor Jeferson,
não é o que está aqui, você mandando fazer o piso antes de
estabilizar as paredes, antes do telhado, não é o que está aqui, e se
amanha, estiver ainda no piso, vou parar a obra, e com certeza, se
ganha por empreitada, pode começar a achar outra, pois esta vai
parar.
— Este técnicos não entendem de construções.
— Eu não entendo, é o que está dizendo, quer dizer que
põem o piso antes de erguer as paredes, piso de madeira, antes de
erguer o telhado, você faz obra para quem na cidade, vou embargar
todas senhor.
O rapaz olha assustado e fala.
— Mas o material do piso chegou completo.
— E vai por ele, depois tirar para passar o encanamento, por
de volta, não faz sentido senhor, este é um prédio histórico, tem de
seguir a ordem, se não sabe seguir uma determinação do
patrimônio histórico, pede a conta e dá a vez a quem sabe, e o que
ouvi não era falta de um plano, parece querer demorar na obra.
Joaquim pega o pager, passa uma mensagem e olha para os
rapazes e fala.
— Regra, está determinado por órgão competente a ordem
da obra, ou fazem, ou param, o que pretendem.
— O senhor Jeferson está a uma semana nos fazendo a
erguer as bases do piso, o senhor Paulo chega, ele fala com ele lá
fora, mas ele determinou o andamento pelo piso, e por ultimo, o
telhado.
— Primeiro, vejo que no fundo estão as vigas de sustentação,
então primeiro, vão fixar elas, uma vez fixadas, o telhado será
montado sobre a estrutura, ele veio cortado e estruturado em figas
de ferro, então é montar, não é demorado, é apenas começar e
terminar, enquanto vocês fazem isto, o pessoal termina os buracos
do sistema hidráulico, levantam as paredes internas e depois disto o
piso.
— Mas... – Jeferson.
— Ou é assim senhor, ou não é.
— Não podem querer mandar mais que o mestre de obras.

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— Quer mesmo discutir isto senhor Jeferson?
— Mas a obra requer tempo.
— Sei, está a 30 dias neste ponto, qual o problema Jeferson,
eu em minha adolescência teria terminado a obra nos 30 dias, você
não consegue nem pensar na obra, isto que não entendo, pois que
saiba, recebe por obra, não quer receber ou não quer a obra
pronta?
— Eu acerto isto com Paulinho amanha.
— Sim, amanha não virei como quem conversa Jeferson, virei
como quem quer a solução.
— Paulinho não tem medo de fiscais.
— Vou ter de conversar com ele serio, pelo jeito ele levou
sorte de não ter lhe contratado para fazer a obra da indústria de
açúcar.
— Ele acha que vai ganhar mais lá do que aqui, ele não
entende da nossa cidade, lá já não deu certo antes.
Nádia olha da porta e fala.
— O que falo para os repórteres?
— Que aqui não filmaremos, vou dar uma chance ao Paulinho,
mas se amanha não estiver no caminho – Joaquim olha para os
demais – não levem para o pessoal, mas Paulinho falou para o dono
do terreno e da ideia, que estaria pronto na semana que vem, nem
saíram do básico, quando Paulinho pegar no pé, é porque alguém
com mais dinheiro estará lhe fazendo perguntas chatas.
— A ideia é boba mesmo aqui, acha mesmo que ele vai
ganhar dinheiro com isto? – Jeferson.
— Eu sei uma coisa senhor Jeferson, Paulinho ganha por ano
por ideias que deram frutos, mais que muita gente nesta cidade, se
quer sacanear com ele hoje, ele pode relevar as coisas, mas muitos
na cidade não vão.
Joaquim olha para fora, Carlos entrava com a câmera.
— Ainda não é hora de filmar Carlos.
Carlos olha para o local e fala.
— Pensei que iriam inaugurar na sexta.
— Paulinho estava priorizando Morretes e Curitiba, tem de
ver que cada obra tem seu ritmo.

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Joaquim foi saindo e o senhor olha para o rapaz ao fundo e
fala.
— Esquece o que ele falou.
Joaquim nisto ele era rápido, ele passa uma mensagem para
Paulinho e pergunta se tinha problemas em substituir o mestre de
obras da obra em Antonina, ele volta para dentro e fala.
— Senhor Jeferson, se vai ignorar o que eu falei, some, pois
se não sabe cumprir ordens, e vai gerar desemprego aos demais,
some.
— Acha que manda?
— Quer que chame a policia para por você para fora da minha
propriedade senhor Jeferson, eu faço, some.
— Mas...
— Tentei por bem, não quer, depois eu descubro quem não
quer na cidade que nos instalemos, e com certeza, sento a mesa e
estabelecemos por onde vamos crescer, mas some da minha obra,
se não vai acatar e vai continuar colocando piso, que eu paguei, e
depois terá de tirar e fazer bases para paredes que não levantou,
some.
Joaquim olha o senhor e este grita.
— Não pode ser o dono.
— Não me viu ainda como ando normalmente, se duvidar,
teria me colocado para fora, mas com certeza, pode sumir agora -
Joaquim pega os papeis do projeto da mão do senhor e fala – e isto,
fica, pois se não sabe ler, não precisa disto!
Joaquim olha para o rapaz ajeitando o acabamento alto das
paredes, e fala.
— Podem ir descansar, amanha cedo, todos na obra, vou
passar o que quero e vamos acelerar isto.
— Não pode me mandar embora.
— Some Jeferson, lhe dei a chance de fazer certo, todos
ouviram, todos viram que temos uma ordem a seguir, mas se fez de
ouvidos, virei as costas, se fez de “eu mando”, some agora.
Joaquim olha para o rapaz da empresa de segurança chegar a
porta e fala.
— Podem por o senhor para fora, antes que ele queira piorar
as coisas.

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— Mas e meus direitos.
— Sabe o que é fazer um contrato, e não o cumprir senhor
Jeferson, os demais, deixam barato, eu nunca deixo barato.
Carlos viu que Joaquim estava colocando um mestre de obras
para caminhar, ele olha no relógio e já estavam perto das 19 horas,
o restaurante abrira à uma hora.
O senhor saiu reclamando e Joaquim sentou-se a obra, e
explicou como queria, não era difícil, ele muda de ideia, estava no
bruto, colocou a ordem das coisas a serem feitas por 4 dias, que
dependendo do andamento até sábado, eles acelerariam e
inaugurariam, ou teriam de refazer os planos para aquele ponto.
Joaquim passa para os seguranças que nada seria tirado
daquela obra, ele sabia que algo estava errado e novamente
entraria de cabeça nisto.
Carlos viu que Joaquim tentou por bem, mas parecia que não
dera certo.
Ele entra no carro e olha o projeto, a imagem aérea e sorri.
— Perigo a vista. – Nádia olhando Joaquim.
Claudio olha Joaquim e pergunta.
— Qual o problema que não falou?
— Pessoal o que me faz duvidar deste empreendimento, é
onde ele está, a pessoa tem de vir para cá para participar, sabe
quando você sabe que está num dos piores pontos para atrair gente,
e ao mesmo tempo, não quer por no centro da cidade.
— E sorri disto? – Carlos.
Joaquim foi entrando na Kombi.
— Carlos, o que ninguém vê, é que tenho de olhar os projetos,
para ter ideias, as vezes, resolvo por telefone, mas as vezes, ignoro
totalmente o que está acontecendo.
— E veio resolver? – Nádia.
— Pensa Nádia, ali encima, tem a Igreja que mais casamentos
faz nesta cidade, pelo menos ainda, aquela casa aos fundos, é nossa,
fica no fundo da igreja, e é um salão de festas que fará parte da
estrutura deste restaurante, o terreno ao lado, vamos construir o
segundo salão do restaurante, fazendo uma fachada histórica que
nunca existiu, o terreno da esquina, vamos reformar e fazer um

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segundo restaurante, ao lado, depois da travessa do Valente, e sua
escadaria, uma associação de cultural de Catira e sons locais.
Nádia olha o local.
— Mas como se chega lá encima.
— Uma escada, fazemos um lago junto a pedra, na parte
baixa a toda volta, um lado a direita, com chafariz, uma iluminação
na rocha, com as fachadas todas preservadas, gera um local de fotos,
um ponto para turistas, na frente, para a baia, pedimos autorização
e fazemos um cais.
— Não sabe fazer algo simples mesmo. – Nádia.
— Nádia, como digo, quero um lugar que eu gostaria de vir e
ver, não apenas um local para lucro.
Carlos anota e fala.
— E vai atrasar a inauguração?
— Acho que 15 dias dá para preparar as coisas, pois não
inauguramos tudo de uma vez. Vamos rapaz. – Fazendo um gesto
para o motorista pegar a estrada.
— E não tem medo do lugar não ser bom? – Carlos.
— Carlos, eu precisava entender o que era o forte do lugar,
eu olhei, não vi, minha cabeça olha em volta, e as vezes
confirmamos ideias, mas com calma falo com Paulinho, vamos que
começo a estar com fome.
— O senhor não gostou de ser mandado embora.
— Sei disto, mas as vezes temos de ver que tem gente que
atrapalha, e tiramos do caminho, eu tentei por ele no lugar Carlos,
mas eu virei para sair, ele basicamente fala, “Esqueçam tudo que
ele falou”, desculpa, eu me ofendi, eu vim de Curitiba tentando que
ele entendesse, esta obra poderia por ele na execução das melhores
obras na cidade, mas ele não queria isto.
— E o que Paulinho vai achar? – Nádia.
— Ele não queria se desgastar com o tio da companheira,
entendi que é pessoal, mas tem de ser muito idiota, para bater em
alguém que vai colocar mais na conta do que eu vou gastar com
toda esta obra, e ele está colocando apenas 10% do bruto na conta.
— E pelo jeito paga para ter fidelidade.
— Pago para ter os melhores, e o melhor não é o mais
preparado, é o mais dedicado, aquele senhor poderia ter mais

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conhecimento técnico sobre construção que eu, mas garanto, eu já
levantei mais coisas com estas mãos – Joaquim olha as mãos – do
que ele vai erguer na vida dele.
A Kombi chega a Morretes, viram que ela parou na rua lateral
e caminham até o calçadão, e quando entram pedem uma mesa, e
sentam-se na parte alta, de frente ao rio Nundiaquara, era rodizio
de barreado com frutos do mar, então cada um começou pelo
barreado, Joaquim olha para Nádia e fala.
— Gostou do lugar?
— Bonito, um restaurante de verdade em Morretes.
Carlos olha para o agito e fala.
— Devem estar agitando a cidade.
— Estamos naquele dia Carlos, que em cidades pequenas o
dirigente do restaurante vira referencia, pois passamos na parte de
baixo, estava lá prefeito, vereadores, empresários locais, todos
querem conhecer o novo lugar, e dizer apoiarem, para depois
pedirem apoio.
— Politica?
— Sim.
Eles comeram, Joaquim pediu uma cerveja, tomou um gole,
experimentou a casquinha de siri, o camarão e Carlos fala.
— Um lugar realmente especial, não posso negar que parece
que o lançamento do local deu certo, em plena terça, a pergunta,
podemos filmar?
— Pode, apenas evita focar os políticos, é encrenca na certa.
— Falo com o Paulinho antes. – Carlos.
Os dois cinegrafistas se levantaram juntos, foram ao carro
pegar o material enquanto Joaquim olha para a mesa ao fundo,
onde estava o prefeito de Antonina, e viu o senhor Jeferson chegar
ali, ele não vira Joaquim, que sorri.
Nádia olha para Joaquim e pergunta.
— E se não derem o alvará?
— Fazemos em outro lugar, qual o problema Nádia.
— Não se preocupa.
— Eu não preciso de tudo que pretendo ter para viver, acham
que atrapalhamos, avisa.
— E pelo jeito eles não lhe levam a serio.

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— Eles não entenderam, se eu falar o que falei na frente do
restaurante para os repórteres, na frente do prefeito, se ele for
contra, ele libera o alvará só para se darem mal.
— E não parece preocupado.
— Nádia, eu pensei que a ideia era bem pior do que ela se
mostrou em minha mente, vocês olham o lugar e veem aquela
bagunça de uma parte da cidade abandonada, eu, olho pensando
em como resolver e ampliar.
— E acha que viu algo?
— Resolvi, se vai durar ou não, realmente não tenho bola de
cristal para saber, e se tivesse, não sei se usaria para este tipo de
coisa, já que o dar certo ou não, é que transforma em gostoso o
fazer, se tivesse apenas certezas, seria muito chato o dia a dia.
— E acha que eles vão autorizar?
— Não sei. – Mente Joaquim sabendo que já tinha os alvará.
Joaquim pede mais uma cerveja, os repórteres na parte baixa
fizeram na mesa ao fundo o prefeito olhar para Jeferson e perguntar.
— Quem é este empresário Jeferson, é cobertura da Globo
para a inauguração, não é qualquer um?
— Não conheço, mas ele colocou segurança na obra e me
colocou para correr.
— E acha que ele conversa?
— Continuo a achar que é uma péssima ideia Prefeito.
— Pode ser, mas se der investimento, impostos, não
podemos nos dizer contra, não sei o que tem contra este seu
parente.
— Ele não é da família, é apenas alguém que se casou com
alguém da família.
— Não sei o que ele fez que lhe irritou pois o quer mal, mas
este restaurante vai dar movimento Jeferson, se ele monta algo
assim lá, ele vai gerar emprego, e não terei como o deixar fora, pois
é uma ideia simples, mas que gera um ponto de referencia.
— Aquele lugar é um pulguero, da época da escravidão, não
sei o que veem naqueles prédios velhos.
— Historia, mas não vai me entender.

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Joaquim estava a olhar, curtir, e já era próximo da meia noite,
quando Paulinho veio a mesa, o prefeito de Antonina ainda estava
lá, Jeferson havia saído a muito tempo.
— Veio apoiar.
— Trocar uma ideia Paulinho, não sei se o prefeito de
Antonina é alguém que pode nos ajudar ou atrapalhar.
— Ele sempre se informava com aquele meu tio.
— Desculpa o por para correr, mas é que gente atrapalhando
é difícil.
— Ele esteve por ai e nem foi falar comigo.
— Ele está lá tentando desviar material, não entendi o
problema, mas vim propor algo, que para os demais está ainda nos
traços, ainda não pedi a ultima alteração do projeto, mas vou pedir
e em no máximo 15 vamos estar inaugurando em Antonina.
— Tá tão parado assim?
— Sim, ele está sem nada, mas isto me fez pensar, e vamos
começar a agitar.
— Eles acham que lhe atrapalham e você avança.
— Eles nem terminaram os buracos de encanamento, mas
isto me fez olhar para como está e pensar.
— Não entendi.
— Isto é lenda, sabe de quem foi aquele casarão?
— Não.
— Marques de Herval, acredito que seu tiozinho, quer ver se
não existe as famosas riquezas no subsolo.
— E o que vamos fazer a respeito.
— Primeiro quero saber, como foi aqui?
— Bem, pensei que seria mais calmo.
— Como falava para Nádia, é quando os prefeitos, vereadores,
empresários vem saber, quem é o dono, e se o lugar é bom ou ruim.
— E o que pretende Jota? – Paulinho olhando o prefeito de
Antonina ao fundo, ele parecia querer uma chance de conversar,
mas não parecia ter como chegar.
— Lhe explico, e pergunta para o prefeito depois se não quer
conhecer o senhor que está investindo na ideia.
— Ele sabe que é você.

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— Sei disto Paulinho, mas ele não me conhece, uma
apresentação formal, faz ele não precisar perguntar para outros
sobre a ideia.
Joaquim estava rabiscando uma folha e pensa na ideia e fala
olhando para Paulinho.
— A ideia pode parecer complicada, mas não acho, mas pode
ser difícil de deixar tudo pronto, pois é a parte que todos se
assustam, assim é o projeto hoje.

Era um rabisco e Paulinho sorriu.


— O problema é que estamos em uma parte da cidade que é
afastada, e ao mesmo tempo, do lado, não tem nada a volta além
de ruinas, e me veio a pergunta a uma semana, como podemos
melhorar isto e fui comprando terrenos, e olhando em volta,
pedindo autorização de reformas, e uma ideia veio a mente,
podemos ter 3 negócios comerciais de comida, uma associação
cultural de apoio a musica local, e um local para festas de
casamento.
Joaquim olha para o papel, sorri, pois era um rabisco.
— Sei que tem de pensar, mas o cais em pedra, um
restaurante maior, por baixo dele, um segundo, vamos escavar na
estrutura que tem abaixo, abrindo os corredores internos e se tiver
algo, descobrimos, se não tiver, vamos fazer uma entrada lateral e
transformar em um segundo ponto, a parte do fundo, vamos criar
um pequeno lago, com chafariz, e um caminho interno para o no
terreno alto, passando pelo Mirante do Valente, com todo visual da

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baia, chegando a um salão de festa para casamentos, na parte mais
ao sul, uma associação de apoio a Catira, para ter uma forma de
arrecadação e doação a algo local, descontando dos impostos
federais, então teremos 3 restaurantes, um com cremes e sopas,
um com carne vermelha e um o que você vai tocar Paulinho.
— Vai me jogar concorrência?
— Oficialmente terá outros administradores, mas você que
vai me representar Paulinho em todos eles.
— Mas porque tanto terreno?
— Estacionamento, nas partes frontais e ao fundo, casas
históricas, com todo um visual para casamentos e festas.
— E quer isto em 15 dias.
— Vou dispensar os turistas repórteres, e vai conversar com o
prefeito, diz que já subo para conversar.
— Vai querer o por na ideia?
— Um apoio cultural, 3 restaurantes, é mais de 40 empregos
diretos, se ele não quer empregos na cidade dele em meio a crise,
ele que tem de escolher, mas é uma chance de apoiar algo que
ficará momentaneamente na historia da cidade, mas tem de
entender, não é apenas 40 empregos.
Joaquim levantou, foi falar com o motorista que não quis
entrar, então explicou que ficaria, ele olha para o segurança a frente
olhar para ele e falar.
— Estão mandando um carro da capital.
Joaquim olha os repórteres e explica que a Kombi os deixa em
Curitiba, que ele iria ficar um pouco mais.
Joaquim olha os repórteres conversando e indo, o
restaurante esvaziando e Paulinho foi controlar o fim, a organização,
e verificar as saídas, listas de estoques para o dia seguinte, então
por um momento tudo ficou meio no meio do caminho, então
Joaquim subiu e foi a mesa do prefeito de Antonina e lhe estica a
mão.
— Deve ser Carlão, o prefeito de Antonina.
— Sim.
— Sou Joaquim Moreira, poderíamos conversar?
— Sente-se, parece que agitou Morretes em plena terça.

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— Na verdade queria estar quase pronto em Antonina, e
parece que avaliei mal a situação, e terei um atraso de mais 15 dias
para inaugurar.
— Sabe que muitos acham que sua ideia é sem fruto na
cidade.
— Entendo eles acharem isto prefeito, o que não entendo, é
alguém achar isto e atrapalhar, não querer ganhar dinheiro, ser
contra uma restauração na cidade, isto que não entendo, eles não
estão investindo dinheiro da prefeitura ou deles, não entendo
mesmo a força da inercia de alguns.
— Soube que dispensou o mestre de obras de lá.
— Na verdade ele se dispensou, imagina o senhor, chegar a
prefeito, estar precisando da ligação com um bairro, que pode lhe
gerar muitos votos e apoios, mas saber que vão passar caminhões
ali, fala com um assessor, e fala para por a base, fazer a estrutura e
depois asfaltar, ele concorda, mas assim que você vira as costas, ele
manda parar e passar apenas o asfalto, quem vai arcar com a
propaganda negativa e os atrasos de ter de refazer?
— E gostaria de que, o Paulinho falou em investimento lá,
mas não vi o investimento.
— Apenas uma tentativa de reformar e colocar para
funcionar alguns comércios no local, se der certo, uns poucos
empregos fixos, uns 40 deles, se não der com certeza, tentarei outra
coisa.
— E acha que lá seria oque?
— Um local para ser cartão postal, não como aqui, mas sei
que poucos entendem quando estabeleço metas.
— Está dizendo em reformar os prédios, mesmo que não
fosse dar certo, teríamos uma quadra reformada.
— Sim, dois prédios caíram, estes quero evitar que caiam.
Pedi autorização e saiu a reforma do Armazém do Macedo.
— E quer apoio?
— Não prefeito, quero apenas não atrapalhar ninguém, as
vezes pisamos em algo, e não entendemos, sei que a 30 dias,
quando liberei a obra, uns especialistas analisaram o local, para ter
certeza de não existir mais nada que remetesse ao passado e que
pudéssemos destruir, quando eles não acharam nada, começamos a

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obra, mas sabe quando você faz algo para desmistificar uma lenda,
e no lugar das pessoas verem como uma prova que não existe nada,
inverterem, as vezes queria poder deixar estes idiotas cavarem e
morrerem lá esmagados por uma parede daquelas caindo.
— Ouvi estes rumores, mas queria achar algo?
— Não, mas o patrimônio histórico, que deixa as casas caindo
aos pedaços, exigiu a vistoria, eu nem conhecia a lenda.
— Acha que aquele Jeferson quer algo assim?
— Ele insiste em abrir buracos para fazer esgoto, tampa, e
tenta um novo buraco, e depois tampa de novo, e vai esburacando
sem nem fechar os buracos.
— E vai fazer oque?
— Vou por uma retroescavadeira lá, assim que eles
prenderem as paredes amanha, e tirar toda terra baixa, para gerar
um porão para vinho.
— Mudou o projeto?
— Não, apenas não estava pensando em reformar a área dos
escravos, abaixo da casa.
— E porque o fazer?
— Espaço, abro e jogo nas caçambas o que tiver, quer catar
algo, vai ao aterro sanitário.
— Certo, e se tiver algo.
— Como falei, se tivesse, eles teriam embargado a obra, não
tem, para infelicidade da historia, felicidade minha, que comprei o
imóvel.
— Sabe que tem comerciante na região que o vê como um
concorrente.
— Prefeito, eu queria mais concorrentes lá, e não menos, pois
mais gente passaria por lá, eles querem crescer sem se tocar, que
sem publico, não se cresce, sem organização não se cresce, alguém
que acha que parar os demais, o fará rico, não entende o poder da
inercia, eles não entendem, nós temos de os fazer se mexer, não
estacionarem.
— E pretende ajudar a região?
— Eu não tenho como ajudar muito ainda prefeito, mas com
certeza, eu pretendo mudar e arrumar o meu pedaço, não quero

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atrapalhar mais do que obras históricas atrapalham, que aterros de
contenção, que criação de praças publicas possa o fazer.
— Ouvi que vai dispor de um centro cultural de Catira lá, não
entendi a ideia.
— Senhor, os impostos federais, podem ser em parte
revertidos em doações culturais, se tenho uma empresa em
Antonina, eu poderia doar para qualquer instituição, mas acho que
algo na região é manter o dinheiro onde ele foi gerado.
— Acha que vai dar lucro mesmo?
— Senhor, o que pensou quando alguém falou, vamos
inaugurar um restaurante na terça?
— Que estaria vazio.
— Semana é para os da cidade, fim de semana, turistas, mas
era um teste de funcionamento, eu acho arriscado, mas vi
acontecer e ser pregado por meus administradores, que
inaugurações são na Sexta, e pensa, já tive de por administradores
para correr, em plena inauguração.
— Aqui não pareceu preocupado.
— Como disse para poucos Prefeito, Paulinho já entrou com a
lucratividade dele do ano, então ele tem uma carta de confiança,
mesmo que tenhamos de segurar uma inauguração.
— E acha que dará retorno?
— Talvez mais para os que estão querendo me sabotar que
para mim, mas senhor, nem tudo que invisto é para lucro imediato.
— Porque não?
— Porque não tenho pressa, podemos ajustar uma ideia,
podemos organizar um complexo, mas tem de ver, eu tenho uma
produtora, locais bonitos e prontos, que eu posso usar, é sempre
melhor do que pedir favor.
— Saiba que não tenho nada contra o seu se instalar lá, sei
que alguns estão achando que você nem sabe onde está investindo,
até o seu antigo mestre de obras.
— Prefeito, lembra do que vou falar daqui a um ano, quando
perguntarem para todos a volta, quem foi o responsável pela
reforma daquela parte da cidade, alguém poderia estar colocando o
nome na historia e dinheiro no bolso, mas está pensando em uma
lenda, que nada mais é que lenda.

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— E pelo jeito veio verificar o problema mesmo.
— Ainda não é um problema, avalio como problema quando é
uma determinação que não dá para desviar, pois ai, temos de nos
reinventar, mas se não temos problemas com a prefeitura, a
marinha nos deu autorização para construção do calçamento a beira
mar, e de um cais, o patrimônio histórico fez todos os
levantamentos que eles queriam, agora é apenas acelerar, dentro
da regra, e tentar inaugurar antes do fim do ano.
O prefeito olha o motorista chegar, se despede e sai dali,
Nádia olha Joaquim sair de sua mesa, e chegar a ela, a beija e fala.
— Deve estar pensando, o que estamos fazendo aqui ainda?
— Sim.
— As vezes, eu faço horas extras.
— Sei, você não deveria se chamar Joaquim José e sim, Hora
Extra.
Joaquim chega ao caixa, paga sua conta, e olha para Paulinho.
— Vai fazer oque agora?
— Verificar minhas loucuras.
— Certo, contratou um serviço para a noite, lembro de você
falando, vamos levantar uma casa, eu duvidei, e as 8 da manha, ela
estava erguida.
Nádia não sabia referente ao que estavam falando, mas viu o
segurança chegar e deixar uma chave, apontar o carro do outro lado
da rua, o prefeito olha para o assessor e fala.
— Este tem dinheiro e é simples, ele conversa com todos, do
segurança ao prefeito, do cuidador ao empresário, ele vai fazer
historia.
Os dois saem, e Joaquim estica a mão para Nádia e fala.
— Amanha vai ser na base do café.
— Você parece sempre pronto para isto, tem gente que acha
que você está em casa dormindo.
— Dormir não tem graça. – Joaquim a olhando com malicia.
— Vamos onde?
Joaquim olha Paulinho e fala.
— Passa na obra em Antonina depois.

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Joaquim sai dali e vai para a região da obra, mas ele para na
parte alta, da casa que ele contratara a reforma, ele pega a chave
no bolso e entra na casa.
Nádia olha para a parte do fundo, um salão único com dois
banheiros, e uma parede ao fundo, inteira de vidro, se na frente
parecia uma casa histórica, para dentro, aquela parede do fundo
apenas em armação de vidro, dava para ver a baia dali, olha para ele
e pergunta.
— Veio ver oque?
— Nádia, a ideia é simples, investir o que não pode ficar
parado, estamos no Brasil, onde uma hora temos, no segundo
seguinte, crise, então a primeira coisa que faço no ano, é pagar os
impostos, a segunda, juntar dinheiro para os impostos do ano, após
isto, forçar o funcionamento para dar lucro, mas com a garantia,
que teremos para o imposto.
— Mas porque prioriza o imposto?
— Leis nacionais, se eu devo para o vizinho, por 5 anos, fico
com o nome sujo, e no sexto estou livre da divida, para o governo, a
divida sobe, não vence e ainda pedem meus bens para pagamento.
Joaquim olha para baixo e fala.
— Esta está quase pronta.
Joaquim olha para um carro parando a frente e um rapaz olha
ele e pergunta.
— Joaquim Moreira?
— Sim.
— Estamos cercando toda a região senhor.
— Sem problema, já saindo.
Estavam nos fundos da igreja, vão a outra esquina, até a
próxima esquina, e param na obra de uma pousada, novamente na
parte alta, e se via a visão dos quartos, a obra estava avançando, ali
já estava isolado.
Descem pela rua, de carro, para o nível da baia e Nádia olha
aquele prédio com placa do Hotel Guarida, viu que era um prédio
para o fundo, 6 andares, a coisa mais alta que tinha ali, um hotel em
Antonina sendo construído e que ela não sabia.
— Como constrói sem passar pela administração? – Nádia
cobrando, mas com um sorriso.

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— Eu tento não pesar tanto Nádia, mas aqui tem um, em
Morretes terá outro, prédios altos para este tipo de cidade, mas
baixos comparados a toda a leva de hotéis.
— Certo, e o rapaz nem imagina isto?
Joaquim desce e mostra a parte do estacionamento deste
hotel e ela viu a grama baixa e com as definições de estacionamento.
— Está dizendo que cercou o local com outras formas de
estacionar?
— Eu não paro para explicar para todos, eu tento Nádia,
acelerar, se um parou, todo resto está construindo, isto que quero
mostrar.
Eles saem e vão a próxima esquina, ele olha as casas sendo
isoladas e fala.
— Estes estão quase prontos, mas ai, tem uma loja de
lembranças, uma lanchonete, uma empresa de turismo com passeio
de barco na baia.
— E não falou nada para os demais?
— Eu acho que se eles não viram, eles são cegos ou
preguiçosos.
Ele embicou em um terreno vendo os rapazes fecharem a
toda volta e um fazer sinal para ele entrar.
Ele estaciona e olha uma casa ao lado e fala.
— Aquele sobrado do outro lado da viela, é a associação
cultural pela preservação e catalogação das Catiras.
Nádia olha que eles estavam cercando toda a região com
tapumes, eles estavam abrindo buracos e colocando uma viga de
madeira em cada uma, jogam um pouco de pedras, depois um
pouco de massa, alguém prendia uma madeira para dentro,
esticando para o terreno pendendo em uma estaca ao chão, depois
um grupo vinha pregando uma placa de zinco por fora.
Ela olha em volta, dois caminhões de uma construtora de
Curitiba, uma de Paranaguá.
Ele chega a obra da esquina e olha que estava com as paredes,
o piso, o telhado e olha Nádia.
— Esta obra começou depois da ao lado.
— E está quase pronta sem eles verem?

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— Não reformamos a fachada, e deixamos isolado, eles não
viram ainda, mas agora colocamos tapume a toda volta e
começamos a fazer a reforma da fachada, com colocação das novas
janelas, rebocar e ajeitar todos os detalhes históricos.
Joaquim chega a obra parada, um rapaz aponta para o firmar
das paredes da frente, a do fundo era de madeira, então não tinha
nada ali, tinha as três paredes principais, ele vai a uma escavadeira
e olha o rapaz da construtora RR e fala.
— Os caminhões estão vindo?
— Sim.
Nádia viu Joaquim entrar em uma escavadeira e aproximar da
parte do fundo, ele afasta a parede baixa que estava deteriorada,
coloca os tijolos mais para o lado, ela fica a olhar aquele maluco ver
o caminhão estacionar de ré, e começa a escavar em descida, para
conseguir chegar ao ponto que queria.
Os rapazes estavam terminando de tirar todo material do
local e por para um terreno ao lado, Nádia olha para o terreno ao
lado, olhando desapercebido, só via os tapumes na frente, mas para
dentro, as paredes grossas erguidas, o telhado colocado, mas sem
piso.
Ela viu quando chegou perto, que eles escavaram o terreno
ao lado, estavam fazendo os acabamentos da parte baixa, Joaquim
foi retirando a terra e os entulhos, calmamente, mas quando ele foi
recuando com a escavadeira, já não tinha mais paredes internas, a
maquina estava a mais de 3 metros abaixo do piso, ele foi abrindo,
ele foi saindo e os rapazes ao longe começavam a cobrir na parte ao
fundo, e quando a retroescavadeira saiu do buraco, tirando a terra
rente a parede do fundo.
Ele estaciona a retroescavadeira e Nádia o abraça.
— Nem sabia que dirigia uma destas.
— Tanques são mais difíceis.
Um rapaz chega a Joaquim e pergunta.
— Senhor, qual a ideia?
Joaquim pega um papel a carteira, era um esboço, Nádia viu
que embora Joaquim falou em fazer algo, não falou tudo, ela talvez
tivesse dispensado.

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— A ideia aqui, é dentro de um cardápio mais popular, gerar


uma marca que possa ser introduzida em outros lugares, a parte de
baixo, terá acesso a parte, teremos arcos de tijolo a vista, separando
os salões, teremos toda uma linha própria de comidas, e a marca
que registrei para este local é Tasca do Marques de Herval.
— Acha que as paredes resistem?
— Elas foram feitas a partir desta base, todos estes porões
eram dedicados aos escravos.
— E os salões laterais?
Joaquim chega a parte baixa, e olha para o engenheiro e fala.
— Tem de fazer com calma, mas – Joaquim pega um martelo
com um rapaz e bate em um deles, puxa o primeiro, baixo, e
quando ele puxa o quinto o rapaz olha a luz entrar por ali, Nádia viu
da parte externa e do terreno o local, pensou em algo próprio, mas
estavam pensando em ampliar.
— E vamos naquela ordem?
— Sim.
Joaquim marcou onde seriam as paredes baixas, onde teriam
de por sistemas de saída de agua, e o pessoal pega as paredes do
fundo e um rapaz pergunta.
— Quer mesmo isolar de umidade, todos os tijolos?

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— Sim, isolamos como fizemos nas construções laterais,
isolamos, erguemos uma parede de tijolos a vista paralela, que nos
servirão de apoio a parte da armação metálica que deixará este
salão amplo, pois sobe nós teremos um restaurante, mas vamos ter
uma viga, teremos os encanamentos deles, o isolamento sonoro e
por fim, o teto com madeiras grossas.
— O que serviremos aqui? – O rapaz.
— Não está finalizado o projeto de pratos, apenas o físico,
então quando olharem, vão pensar que toda a construção é
histórica, mas os salões novos são novos, já aqueles a frente, a
direita, são os mais históricos.
Os rapazes começam a limpar e pintar as paredes do fundo
com um piche que jorravam por um compressor preso a uma
caminhão, então todos saíram, Joaquim sai a rua e olha que estava
tudo isolado e passa ao rapaz as ordens e todo o esquema de
construção, ele entra no carro e foram a um hotel no centro, se
hospedam e Joaquim pede para os acordar cedo.
Nádia o faz massagem e feliz naquela noite, ela via que
Joaquim não parava em um pré-projeto, imaginou se Paulinho foi
direto para casa, ele deveria estar pensando na inauguração de
Sexta em Curitiba, então Joaquim resolveu assumir a obra que
parecia impossível de fazer.
O telefone do quarto toca, eles sentem o calor do dia, logo
cedo no litoral, uma ducha rápida e vão a obra, a cara de assustados
dos pedreiros foi cortada por Joaquim.
— Bom dia a todos.
— O que aconteceu aqui, é outro lugar? – O eletricista.
— Vamos fazer a parte baixa, o projeto está ali, as paredes
estão seguras e com apoios dos andares, temos de ter um acesso,
temos de ter a base do esgoto de baixo, e por fim, a base do piso de
baixo, onde espero estar colocando o piso após o encanamento e
paredes erguidas.
— Vamos ter ajuda? – Outro rapaz.
— Sim, o engenheiro deve estar chegando ai.
— Pensei que iriam parar a obra. – O rapaz sorrindo.
— Paramos a parte alta, e começamos de baixo, vamos dividir,
pois o encanamento alto, e baixo, são isolados, mas tem de estar

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bem isolados e fechados, não quero goteira na parte de baixo, vinda
de um esgoto de cima.
— Mas não entendi, isto é parte de que projeto?
— De um feito a partir da desilusão de ontem, então vamos
correr com uma obra e vamos tentar ajudar o Paulinho a inaugurar
a parte alta, o mais rápido possível.
Os rapazes viram o engenheiro chegar, começar a dar as
instruções e viram chegar mais gente, se antes estavam com poucas
mãos, agora tinham mãos e equipamentos, viram as bases e
paredes de baixo começarem a se erguer e depois o colocar da viga
de sustentação inicial, duas camadas de tijolos deitados a mais e a
segunda viga, dando o local onde eles correriam o esgoto de cima, e
luz de baixo, viram o colocar de uma laje acima da primeira leva de
vigas para que todo fundo tivesse uma base para erguer paredes e
banheiros.
Os rapazes viram o acelerar, mas quando abriram as laterais,
em arco, viram que enquanto ali estavam colocando toda estrutura
ainda, nas laterais, a direita, já tinham o piso, tanto baixo quanto
alto, com iluminação, e na esquerda as imensa vigas servindo de
base começavam a ser colocadas, para colocar o piso superior.
Joaquim chega a frente e olha para a baia, uma maquina de
fixação de fundações começarem a por as bases tanto a frente
como ao lado, nas duas laterais da rua.
Joaquim deu os comandos e subiu a serra, deixa Nádia em
casa, ela queria pegar suas coisas para ir para o escritório, Joaquim
pega uma peça de terno, o coloca, pega a Brasília e vai ao banco.
Quando Jeferson chegou a entrada isolada falando que queria
pegar algumas coisas que deixara, o segurança olha o senhor e
pergunta o que ele queria, já que ali não tinha nada dele, o senhor
olha o engenheiro, se achou que o senhor poria alguém conhecido
viu que era um engenheiro da capital, e fala alto.
— Eu deixei minhas ferramentas na parte do fundo, junto ao
banheiro.
O engenheiro olha para o segurança e fala.
— Faz ele dar a volta, que por aqui ninguém chega ao fundo
mais, duvido que tenha algo naquele banheiro, mas se ele quer
olhar e pegar algo lá, apenas não deixa ter acesso a obra.

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— Estão escondendo algo? – Jeferson.
— Senhor, não escondemos nada, apenas evitamos que
paredes caiam, e soframos processos trabalhistas.
O senhor olha pensando estar em um ponto, viu que o
segurança o fez dar uma volta grande, e quando ele entra pelo
fundo, vendo todo aquele trecho isolado, parecia um exagero, mas
ele olha para a casa da esquina, ele não olhava para aquele ponto,
pois a parede não lhe dava visão daquilo, mas viu que estava bem
adiantado, vendo as pessoas colocando janelas, e chega a parte que
tinha os banheiros antigos, banheiro de uma obra que se arrastava,
estava ali ainda porque não tiveram como fazer outro ainda, mas
ele olha para a obra, não entendeu, olha para cima e viu que estava
coberta, ele olha para dentro, pela parede vazada e viu toda parte
baixa limpa, sem nada, olha o segurança e pergunta.
— Quando eles tiraram a parte baixa.
— Ontem a noite.
— Mas onde eles colocaram tudo?
— Aterro sanitário pelo que soube, era apenas terra.
O senhor para na imagem de gente erguendo paredes
paralelas as divisas, uma estrutura ao chão, e bem no fundo, se via o
piso vir por cima, e por baixo, sobre aquele vigamento estrutural
que ele não queria por no lugar, e parecia que com aqueles sistemas
de polias e motor estavam colocando no lugar, era outro lugar, ele
estranhou, ele olha para a montanha ao fundo e olha para eles
limpando ela para cima, tirando a terra encrustada e começando a
fazer um buraco, ele pensou em ser caminho para o esgoto,
ignorando que eles estavam já montando a estrutura do lago que
teriam colados a pedra ao fundo, iluminada dando a visão que eles
queriam naquele ponto.
Jeferson não pega nada e o segurança o estava conduzindo
para fora quando Paulinho chega e olha o senhor.
— Problemas Jeferson?
— Me colocou para fora, sabia que não era família.
Paulinho sorriu e fala.
— Sei que não me considera Jeferson, mas deixa eu tentar
segurar algo com as mãos, já que me colocou quase fora deste
empreendimento.

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Jeferson viu o segurança abrir para Paulinho entrar, ele
pensou em descansar para vir ali a noite, mas quando ele deitou a
cama, o corpo apagou nela.
O engenheiro vendo Paulinho chegar ali se aproxima.
— Como foi ontem senhor?
— Vão acelerar aqui como fizeram lá?
— Vamos lhe explicar o que aquele maluco do Joaquim
contratou.
Eles deram a volta e Paulinho viu que estavam fixando lajes
baixas num buraco que nitidamente haviam escavado para frente
da obra naquele dia, ele desce e olha aquela porta rustica e entra.
— Ele separou em três restaurantes, o da esquina, este
abaixo do que era a estrutura anterior, pelo que soube, ele tinha
autorização para fazer ou abandonar a parte baixa, quando ele
chegou ontem e viu que não tinham feito, ele estava pensando
nesta entrada, ir para a outra parede, e um restaurante menor aqui
em baixo, na esquina, ele tinha refeito a parte baixa porque era um
espaço que pensava em reutilizar, ele mudou todo o uso e
pessoalmente tirou toda terra desta parte interna.
— Este é o Joaquim, aquele que ninguém vê. – Paulinho olha
o local e pergunta.
— Ele sabe o nome do que terá aqui?
O rapaz alcança o prospecto e bem acima estava Tasca do
Marques de Herval, ele sorri e fala.
— O espaço é bom, qual o maior problema?
— O esgoto, o que mais.
Paulinho viu que parte do teto era madeira, parte tinha uma
laje e ficou pensando no projeto acima da cabeça e fala.
— Ele não sabe pensar pequeno, mas pelo jeito agora só vão
ver na inauguração.
— Sabe que ele acelerou para lhe dar liberdade Paulinho.
— Entendi que ele veio resolver isto, eu não tinha como me
posicionar sem ficar mal, então ele apenas veio, explicou, alguém
não aceitou, ele mudou tudo.
— Ele fez cada obra ao lado com uma construtora, somente
agora estamos entendendo todo o agito, e um segurança disse que
ouviu ele falar que se os demais não viram, somente se forem cegos.

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— Ele fez o que?
— Eles estão instalando a armação parafusada na pedra, lhe
mostro.
Paulinho estranhou e viu que foram a parte do fundo,
voltando, ele olha para a parte interna, era toda de vidro para
aquele local, ele olha a parede e olha eles fazendo um buraco e o
rapaz falar.
— O visual aqui será da montanha, de um pequeno lago, e a
noite a montanha iluminada.
Ele induz ao caminho e viu que colocaram uma escada,
estavam prendendo a lateral para ninguém despencar dali, ele sobe
e olha o mirante lá, estava cansado e olha em volta e olha para
baixo, um caminho a parte, o engenheiro indica a casa do outro lado
do Mirante e os dois caminham até lá.
— Paulinho, este é um salão de festas, para casamentos,
estamos na rua do fundo da Igreja. – Paulinho olha para trás.
Ele entra e olha que estavam colocando acabamentos, olha a
região de estoques, pequena cozinha, banheiros e um visual incrível
da baia a frente.
Ele volta a parte externa e o engenheiro fala.
— A Direita, temos o prédio de 5 andares, Hotel Guarida, ao
lado, mais para cima, Pousada do Louco, na parte baixa, o telhado
conservado, uma casarão conservado, com empresa de turismo
com passeios na baia, uma lanchonete e uma loja de lembranças
locais, mais a frente, a associação, depois o casarão da outra
esquina, o que cobrimos hoje, e o adendo a esquerda, mas a ideia,
é toda esta área do fundo, ser para estacionar.
— Ele transforma um projeto pequeno em imenso, pior, ele
tenta dizer que é fácil, pois olhando assim, tenho de concordar, se
não viram, são todos cegos.
Paulinho olha para aquele grupo chegando na região do cais e
começar a tirar areia, e depois colocar uma base de cada lado, ele
começaria a fazer um cais ali, e seria uma mudança geral do visual
do local.
— E ele pretende o que?
— Ele queria ter conseguido comprar outros 9 terrenos e não
conseguiu ainda, se ele conseguir, ele com certeza, vai investir aqui

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o que ele sempre faz nos demais locais, uma forma de centralizar
em um ponto os ganhos, e estrutura para os demais lugares.
— Viu ele fazer muito disto?
— 5 pontos em Curitiba, quadra fechada, dele, para ele fazer
o que quiser no interior dela.
— Três restaurantes, uma pousada e um hotel, uma loja de
lembranças, uma agencia de turismo, uma associação cultural, o
que geralmente põem a mais?
— Cidades grandes, cursinhos, pequenas, uma escola,
geralmente escolas profissionalizantes.
— Acha que ele vai mesmo comprar as demais estruturas em
volta?
— Eu não sei, o proprietário da empresa mandou dar apoio, e
estamos aqui, nossa parte era apenas o prédio ao fundo, do hotel.
— Certo, ele não cria resistência onde não precisa, e no meio
disto, avança, eles esquecem que aquele rapaz não tem medo de
enfrentar cara feia.
— O conhece de onde?
— Morretes, eu era um auxiliar de cozinha, que acabava
atendendo mesas, pois o dono do restaurante não queria por mais
gente para trabalhar.
— E conheceu o maluco assim?
— Ele não é maluco, ele é sistemático, mas obvio, quem vê as
ideias soltas, parece loucura, mas ele parece querer crescer rápido,
e isto o que vemos aqui, é ele avançando.
Joaquim olha para os problemas do banco, as vezes queria
algo mais agitado, mas estava em meio a treinamento do pessoal,
quando chegasse em Janeiro com as matriculas da PUC, teria de
estar pronto para funcionar.
Ele não estava pensando ainda, mas o gerente ainda ali,
mesmo ele no local máximo, dando tempo para a aposentadoria, e
aqueles cursos extensivos para cargos superiores para gente da
agencia, as vezes pegava Joaquim ao caixa, as vezes nas mesas de
atendimento, as vezes na região das empresas, e raramente,
tomando um café, ele pensou que seria mais pesado aquele dia,
mas era obvio para ele, que teria de fechar naquele fim de dia a
compra dos terrenos que queria, ou não conseguiria mais.

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Jeferson chega a prefeitura e olha para o prefeito.
— Não entendo porque apoia esta maluquice?
— Se alguém investe na cidade, tenho de analisar se é
negativo Jeferson, mas não entendo a sua posição ainda.
— Jurava que tinha algo lá, mas parece que não tem, eles
escavaram tudo, se tinha, eles já tiraram.
— Escavaram?
— Estão refazendo a parte baixa, para depois erguer a
estrutura, eu disse para Paulinho que era um esforço monumental
para um espaço mínimo, mas pelo jeito o dono não concordou com
a ideia, e está investido, acha que é serio prefeito?
— Pelo que soube, o senhor Demétrio vendeu o terreno alto
para o senhor hoje, e a Dona Marta parece que aceitou vender
aquele terreno ao lado da associação para eles.
— Eles acham mesmo que vale o investimento? – A vitrola
repetindo as mesmas coisas.
— Não sei, mas o senhor vem a cidade novamente hoje, ele
quer olhar a obra de perto.
Dois corretores fecham 5 compras naquele fim de dia e
passam o recado para Joaquim, ele estava na agencia, então não
teria nem como pensar no que fazer ainda.
Nádia viu as mensagens e pensa no que Joaquim queria, sabia
que uma coisa que inevitavelmente ele levaria para lá era uma
proposta de cais, para exportação direta, ele estava fazendo isto em
alguns pontos, e de dentro da baia era bem mais calmo que de
Paranaguá.
Quando Paulinho foi a obra próximo das 4 da tarde, olha para
a estrutura e pensa no que estava acontecendo, viu que os tapumes
começaram a ser colocados a frente da casa da Dona Marta, sabia
que a parte alta, estava toda isolada.
Ele olha o construir daquele lago, o abrir de um pequeno
canal até a baia, estavam se precavendo se por acaso viesse a
chover forte, todos sabiam que quando isto acontecia a agua corria
livre até o mar, talvez por isto as partes baixas tivessem tanta arreia
e terra, as chuvas fortes levaram para lá a agua.
Ele olha ao fundo o carro da prefeitura olhando a obra do cais,
olha que eles estavam colocando em toda área dos fundos uma

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J.J.Moreira 6
espécie de calçado vazado, após por uma camada de pedra brita e
depois de areia bem firme, espremida por aquele rolo barulhento
ao chão, nos intervalos, plantando grama, em pequenos pedaços,
embora o visual fosse um misto de controle e drenagem, um local
para um tênis, não para um salto alto.
Ele sabia que a obra em si, acelerava como não vira em
Morretes, mas sabia que uma semana todos falavam que não daria
tempo, na seguinte, começava a entrar os acabamentos da obra,
num momento não tinha cozinha, dois dias depois entrava o
estoque da cozinha, ele admirava aquilo pensando na estrutura e
poder de ter dinheiro, não apenas falar, eu tenho.
Ele caminha até a parte da entrada baixa, olha os funcionários
e pega um capacete, entra e olha para começarem a erguer as
paredes daquela entrada, olha para a entrada, piso de pedra, uma
pequena entrada, imaginou ali o garçom esperando, indicando a
mesa, entra e olha na parte da entrada eles colocando os bocais de
onde estaria a iluminação, um buraco onde o pé direito ficou perto
de dois e oitenta, olha para a passagem para o terreno abaixo do
restaurante da esquina e olha os acabamentos, olha as luminárias, o
teto em madeira envernizada, os arcos de entrada em tijolo rustico,
assim como todas as paredes, com suas mesas pesadas, uma
taberna seria como Paulinho definiria aquele lugar anos depois.
Olha para o chão agora colocado, olha para aquele espaço, a
direita vendo o mesmo estilo, e pensa no tamanho daquilo, mais de
50 mesas, mais de 200 pessoas, não era uma estrutura de boteco,
era de restaurante mesmo, ali, onde não havia nada antes além de
uma serie de porões abandonados e cheios de areia.
Ele olha para a baia e olha onde eles colocavam as vigas
estruturais, caminhões de areia, vinham enchendo o local, ele olha
o rapaz ao lado com o projeto e olha atento, não entendia ainda o
que estavam fazendo no todo, mas com certeza, era um
investimento bem maior do que Joaquim falou.
Somente cercando tudo, ficou visível a soma de obras.

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J.J.Moreira 6

Joaquim sai e vai a sede do Cabral, Nádia estava correndo, ele


pergunta se ela iria junto, ela disse que precisava acertar alguns
detalhes de fornecimento, que ficava para a inauguração, Joaquim
pega a Brasília e vai ao Tasca e olha para Paulo e Roseli e a mesma
pergunta.
— Não entendi a ideia.
Joaquim explica que estava tentando ideias novas, as vezes
achava que deveria se ater a desenvolver as já feitas, mas ele queria
sabores e dinâmicas diferentes.

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J.J.Moreira 6
Ele explica que em Antonina ele queria experimentar criar um
polo gastronômico, próximo já tinha um restaurante de frutos do
mar, então ele queria criar uns pontos a mais naquela parte da
cidade, que embora ele falasse em 3 pontos a mais, teria outros 3
pontos que serviriam comida no mínimo.
Ele explica que a ideia era ter um restaurante tocado por
Paulinho na parte alta, mas teriam ainda um restaurante de Carnes,
não rodizio, e sim pratos específicos como uma corte de Alcatra
Inteiro a mesa, com seus acompanhamentos, comida simples e bem
preparada e servida, e teria o espaço que ele definira o nome, mas
que não tinha a menor ideia do que serviria naquele lugar.
Roseli olha Joaquim e fala.
— Quer algo especial ou mais um?
— Seja especial ou não Roseli, é mais um, mas preciso que dê
certo, são investimentos fora dos olhos, então tem de estar
redondo, para funcionar, preciso de autonomia e controle sobre o
método, autonomia para eles resolverem problemas, controle para
que seja exatamente o que determinamos.
— E vai incrementar o que lá?
— É uma base, não sei ao certo como o fazer, mas quero
estabelecer toda uma estrutura básica, seja hotéis, restaurantes, e
temos uma estrutura pequena, mas que teremos como entregar
direto das produções locais, camarão, marisco, mexilhões, e coisa a
mais.
— Uma estrutura de quanto você montou lá?
— Eu vou ter 6 vezes mais espaço lá que aqui Roseli, e não
paguei 30% do valor deste imóvel por tudo lá.
— Certo, mas qual a pretensão?
— Eu não sei ainda, mas pode ter certeza, diversificar e
entender outros comércios.
— E pelo jeito vai isolar algumas coisas a mais.
Joaquim alcança uma imagem antiga do Armazém do Macedo,
e uma atual e fala.
— Estamos reformando parte da historia, a volta deste lugar,
terá uma praça para os dois lados, vamos ter uma fabrica de moveis,
vamos ter uma Cooperativa local, que vai transformar produtos
locais em produtos prontos para vender, vamos ter duas linhas de

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J.J.Moreira 6
hotéis e uma de pousada, teremos uma linha de comercio em uma
rua que hoje, ninguém nem passa, por medo. Mas referente ao
Mercado dos Macedo, a ideia é usar a antiga mansão deles, para
fazer uma confeitaria, e se me perguntarem porque? Eu quero ter
ao lado o barracão como ele era, um local onde secava-se o chá,
para exportação, uma coisa é contar uma historia, outra, mostrar
que não era fácil.
Roseli olha a imagem recriada a mão e fala.
— Está dizendo em transformar toda a região em algo
turístico?
— Sim, um ponto de referencia que alguém fotografe e saiba,
estamos em Antonina no Paraná.
— E pelo jeito vai investir pesado para isto?
— Meu primeiro investimento na cidade foi a nível produção,
agora o segundo, a nível comida e turismo, vamos instalar uma
segunda parte de produção e embalagem de produtos locais, então
eu sei que não sei pensar pequeno. Mas a parte que eles não
querem que faça, é o que vou depois sentar com governador e
prefeito para falar.
— Qual?
— Sistema de purificação e esgoto, para a cidade, não dá para
jogar tudo isto na baia e querer pescar na mesma.
Roseli sorriu e falou.
— Eles não sabem o quanto você é chato quando quer fazer
algo, mas talvez tenham levado sorte, você olhou para lá.
Joaquim sorriu.
Ele pega a estrada e chega a Antonina, vai a obra antes de
qualquer coisa e olha para Paulinho a olhar ela.
— Pensei que estava em Curitiba. – Joaquim olhando
Paulinho.
— As vezes esqueço que o maluco aqui não sou eu.
Joaquim olha a obra e fala.
— Toca lá Paulinho, que vou acelerar aqui.
— Acha que inauguramos quando?
— Se quiser algo completo, 15 dias, se quiser matar o maluco
do coração, pois inaugurações parecem sempre tensas, fazemos aos
poucos, a cada 3 dias um lugar.

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J.J.Moreira 6
— E veio ver oque?
— Chegou as portas e janelas no estilo do Armazém, quero
ver se eles fizeram nas especificações, ali eles queriam calma, e eu
não queria calma.
— E como vai fazer?
— Tem dois historiadores da Federal acompanhando a obra, e
registrando cada detalhe, as pedras externas estão sendo
restauradas ainda nos pontos que conseguimos, em dois dias,
teremos terra do lado baia, dai eles vão fixas uma linha no piso, de
ferro, ela vai até a altura da construção, a toda volta, e sobre esta
estrutura, que ficará para dentro, se erguerá o telhado.
— E quer inaugurar junto?
— Quero o governador aqui para a inauguração da reforma
financiada por uma empresa tocada por Paulo Cordeiro Lima, não
sei se conhece. – Joaquim.
— Me assusta assim.
— Certo, sei que exagero, mas o Figueiredo não confirmou se
vem, certo?
Paulinho sorriu e olha para a baia, via a cada hora aquilo
maior, ele realmente iria trazer as ruinas históricas de mais de 250
anos, para fora do mar, mas era um projeto que estava com tudo
muito acelerado e mesmo Joaquim não sabia se daria tempo de
executar tudo.
— E pelo jeito vai sacudir todos?
— Sim, pois eles não estão levando a serio a parte de esgoto,
eles ainda acham legal navegar em uma baia cheia de bosta
flutuante, eu não quero isto como cartão postal, e parece que
somente eu não o quero assim.
— E como vai resolver isto?
Joaquim pega um projeto com colagens e papeis sobre uma
vista aérea e fala.

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— Paulinho, esta linha rosa, é nossa linha de captação de


esgoto, acabamos captando tudo que estiver nas linhas de
drenagem antigas, vamos tentar convencer os vizinhos a por seus
esgotos neste sistema, para poder liberar as bocas de lobo direto
para a baia, mas a ideia, nosso esgoto, captamos, tratamos, e
somente depois disto, jogamos ao mar.
Paulinho olha o projeto e fala.
— E tudo estará pronto em 15 dias?
— Logico que não, mas o encanamento já estará lá, a
captação depende de liberação do IAP, que não nos permitiu ainda
cuidar de nossa merda.
— E como vai administrar tudo isto Joaquim.
— Eu queria um cais e descobri que não consigo por um navio
onde queria, ontem pedi ampliação do projeto, e ainda não tenho
liberação, mas pode ter certeza, vou quere ele crescendo.
— Mais do que já está grande.
— Ainda está no administrável Paulinho, 14 negócios
pequenos, não é isto que vai nos tirar o sono.

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— E qual a ampliação?
Joaquim sorri e vira a pagina cheia de colagens, na mesma
imagem.

— Nada além de arvores?


— Árvores, mangue, a área verde é a que pretendo preservar,
mas não como antes, deixando deteriorar por lixo e esgoto, quero
realmente isto renovado.
— Depois vamos ter de tomar uma cerveja e me explicar todo
o projeto, pois temos de falar a mesma língua.
Joaquim sorriu e pensa no que fizera ele olhar para aquele
lugar, preparar um lugar para ser especial, para um momento
especial, e olhando agora, o ponto era apenas um pequeno pedaço
roxo no mapa, sorri e fala.
— Sei que temos de falar sobre isto, mas ainda estou
tentando verificar o que faremos, tem muita coisa que tem de ser
projetada antes de falada.
— Joaquim segurando as palavras?

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— Sim, esqueço que cidade pequena tem ouvidos nas
paredes, lembro quando comprei o terreno no restaurante,
perguntei sem intenção de problemas, para o corretor, o que ele
sabia da lenda dos tesouros do Marques de Herval, ele sorriu, falou
que era lenda, mas logo depois pediram a vistoria do Departamento
Histórico, colocaram o pessoal da UFPR para me dar base histórica
para as reformas, e sabe o quanto a obra está atrasada Paulinho.
— E sabe que a muito não me perguntavam estas birutices,
mas parece que você realmente os fez pensar em uma lenda, e sabe
que cidades pequenas são assim.
— Sim, mas vamos falar de cada um dos negócios, obvio que
não dará para inaugurar todos os pontos em 15 dias, mas não
queira que não tente Paulinho.
— E vai mesmo acelerar isto tudo?
— Sim, mas pelo jeito as coisas em Curitiba estão tranquilas,
está aqui fazendo sala. – Joaquim.
— Não sei ainda se consigo administrar 3 lugares, tenho de
ver como você faz, tem de entender, eles não viram o empresário
em campo, este JJ que muitos falam.
Joaquim olha eles terminarem ao fundo de por aquela
mistura de Terra e areia, a maquina passava e pressionava bem, um
grupo começa chegar na parte pronta e fazer buracos, e começam a
plantar mudas que estavam em um caminhão a frente, enquanto
um grupo abria o buraco do encanamento de esgoto, a 3 metros de
profundidade, eles colocavam o encanamento, cobriam e um
terceiro grupo vinha refazendo a calçada, e a mureta que agora
dava para uma área com mudas de arvores, quando eles
terminaram a terceira fila da arvores, um caminhão de terra preta
derramou a ponta já feita da calçada e começam a espalhar uma
camada dela e depois plantar grama.
Paulinho olha aquilo e fala.
— E vai tentar terminar o máximo possível.
— Amanha começam a cobrir o Mercado, e a estrutura da
mansão ao lado, dai começamos a reformar a parte hidráulica e
elétrica, que não existia, e com a minha calma, reerguemos a casa.
— Eles vão começar a olhar para a obra externa, já que tudo
interno está cercado. – Paulinho.

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Joaquim olha em volta e fala.
— Sim, os curiosos começam a olhar e passar por aqui, até os
fiscais da prefeitura, para saber o que vamos fazer de verdade.
— E todo dia uma novidade.
— Sim, todo dia uma novidade.
— Eles com o tempo acostumam, mas é que eles não levam a
serio quando você fala que vai fazer algo.
— Paulinho, eu sempre achei esta parte isolada da cidade, e
me deparo com alguns dados, um que não é longe, dois, tem
potencial, 3, se é difícil vir para cá, se dermos motivos para não
saírem, eles ficam.
— Você olha sempre pelo potencial, muitos ainda duvidam
desta ideia maluca.
— Eles em parte tem razão, mas com certeza, quando eles
começarem a passear nesta parte da cidade, tenho certeza, será a
novidade de pelo menos dois verões.
Na prefeitura o secretario de obras olha para o prefeito
entrar pela porta e lhe olhar.
— Problemas prefeito?
— Este empresário de Curitiba, ele pede autorização para
coleta e desvio do esgoto da região que está, e criar uma área de
tratamento deste esgoto, com aumento da região de mangue, mas
o que assusta é a determinação da Marinha autorizando ele a
ampliar para dentro da baia as fronteiras da região, gerando uma
praça antes da avenida.
— E falaram que ele não investiria. – O secretario.
— Ele apenas pediu para não atrapalharmos, pelo que vi da
reforma daquele ponto da cidade, teremos mais áreas históricas
conservadas, e uma linha atrativa para turismo.
— E qual o problema? – O secretario.
— Tenta não atrapalhar, tem gente querendo que ele não
faça, se quiserem depois provar que não é legal, tudo bem, mas
segura estes, pois as obras, são de meu interesse secretario.
— Seu interesse?
— Se ele vai tratar o esgoto da região baixa e criar calçadão,
praça, restauração de ponto histórico, não vejo onde isto me
atrapalhe, só ajuda.

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— Certo, porque acha que pode ser uma ajuda prefeito.
— O governador quer saber quando vai ser a inauguração da
restauração da área histórica e me ligou, então vai atrair até o
governador para o lugar, sinal que vem senadores e deputados,
precisamos de apoio na região.
— E aquele Jeferson falando que não daria certo.
— Pelo que entendi, tínhamos algumas reformas na região e
que eram parte de um projeto maior, esta semana eles vão refazer
a calçada de mais de 2 quilômetros de rua, é o que pede a
autorização que acabo de lhe passar secretário.
— Ele vai reformar de verdade, não de aparência?
— Eles limparam bocas de lobo, eles estão instalando um
encanamento para o esgoto deles, e como isto vai passando nas
ruas, eles vão ligando os esgotos dos moradores normais, e toda
aquela região vai ter tratamento especial de esgoto.
— Quando fala em toda região está falando de que trecho
prefeito?
— Parte da Marques de Herval, Luiz Valente, Sinhoca Rocha,
o final da Doutor Melo, e a travessa Ildefonso, e um pedaço da
Bento Cego.
— Um senhor trecho, e quer apenas que não atrapalhemos?
— Pelo que vi hoje cedo, está com mais de 100 pessoas, em
14 pontos de trabalho, mais gente não vai ajudar.
— Certo, um exercito de gente fazendo, e pelo jeito ele
resolveu acelerar.
— Eles estavam aguardando todas as liberações, tem muito
documento que eles conseguiram para fazer estas obras, de
Patrimônio Histórico Federal, Marinha, Instituto Ambiental, nossas
permissões, alvarás de funcionamento e execução, dependendo das
obras, local, estatual e federal, eles estavam fazendo secretario,
mas não estavam escancarando, quando passei hoje sedo lá, eles
estão com todas as fachadas protegidas para reforma, andar nas
ruas, é andar entre tapumes, mas se for ao mirante, se vê quase
toda obra em volta.
— O Pároco não reclamou?

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— Eles estão refazendo a calçada de toda volta da Igreja, ele
não tem porque reclamar, até o Serjão do Camboa agradeceu a
melhora das calçadas locais.
— Certo, entendi sua posição prefeito, mas acha que
Mauricio vai reclamar? – O secretario referente ao dono do
restaurante Albatroz.
— Com certeza ele está incomodado, mas entendo estar
chegando e ver todos os caminhos tomados por tapumes.
Joaquim começa a caminhar no sentido do fim da Marques de
Herval, olhava para a baia e viu o avançar da bate estaca, nas duas
pontas, e Paulinho chega ao lado.
— Vamos onde?
— Comer e conversar.
— Comer?
Joaquim caminha até o Albatroz e pede para falar com o
proprietário, o senhor Mauricio olha para eles desconfiados e fala.
— Os agitadores.
— Podemos conversar senhor? – Joaquim.
— Alguns estão me indicando sair da região, que alguém a vai
tomar para si.
— Desculpa a falta de educação, sou Joaquim Moreira, deve
conhecer Paulo Lima, mas queria apenas trocar uma ideia.
— Não estou a venda.
— Não vim comprar senhor Mauricio, eu acredito na
concorrência, mas a pergunta, está se preparando para crescer, ou
para correr?
— Porque correria?
— Senhor, a ideia, é atrair turistas para cá, estou construindo
dois hotéis na região, uma pousada, isto atrai turistas, eles comem,
e raramente eles se prendem a um local, eles querem experimentar
sabores.
— E porque acha que eles viriam para esta parte que poucos
veem.
— Bem a sua frente, teremos a maior praça da cidade, com
mais de 13 mil metros, com um cais ao fundo, onde teremos uma
replica de uma fragata histórica, para fazer passeios na baia, ao
fundo, onde hoje tem as ruinas do Mercado Macedo, teremos um

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J.J.Moreira 6
café, para gente que quiser comprar lembranças, mas teremos um
dos pontos que provavelmente, se eu conseguir implementar isto,
vai passar a ser parada obrigatória de quem vem a Antonina, por
isto a pergunta, está pronto para crescer, não estava pensando em
ver o senhor correr para fora, e sim, correr pois vai dar trabalho.
Mauricio olha Joaquim e fala.
— Está dizendo que vai criar uma atração turística, não
apenas um restaurante?
— No casarão do outro lado da rua, vou fazer um curso
profissionalizante de criação de Mariscos, Ostras, Camarões e
derivados, nem tudo é concorrência Mauricio, é estrutura, eu posso
ter 4 restaurantes, mas eles também concorrem entre eles,
ninguém almoça duas vezes, então é obvio, eu quero atrair gente
para 4 restaurantes, e obvio, quem atrai para 4, se estiver em uma
região com outros, todos os demais começam a ganhar.
— E os barracões no fim da Doutor Melo, mais restaurantes?
— Não, ali teremos um museu náutico e um curso de
artesanato local, com vendas artesanais.
— E acha que tudo vai lhe dar dinheiro?
— Mauricio, vim conversar, pois vi que tem mais gente
jogando contra do que a favor, mas não quero os locais correndo
para fora, quero todos dentro se dando bem, eu comprei na maioria
locais que precisavam reforma, uma ou outra exceção, mas eu
invisto em bloco, muitos não entendem, mas eu sempre coloco um
restaurante, um hotel, algo cultural, um colégio, e uma indústria ou
embaladora de produtos.
— Está falando em quantos empregos?
— Mais de 100 empregos diretos senhor.
— Eles falando em 20.
— Eles assim como o senhor, somente tiveram noção do
tamanho quando as autorizações saíram, a partir de ontem.
— E acha que todos ganharemos com isto?
— Acredito que sim, Imagina na sua frente, ter pelo menos 6
Ônibus de turistas pelo menos 10 dias por mês de verão, e uns 2 nos
meses de inverno.
— Pelo jeito não quer tanto movimento.

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— Gosto de ganhar com calma o dinheiro, não na pressa
senhor, dinheiro sem tempo para o gastar não é muita vantagem.
— E porque do investimento no centro de eventos?
— Acho que precisamos ter um local onde os restaurante
façam o concurso anual de pratos típicos, onde possamos fazer a
festa da ostra e marisco, possamos gerar nossos dias especiais, não
apenas carnaval.
Paulinho sorri, Joaquim estava pensando no que fazer no ano
seguinte, todos assustados com ele entrando no local e sorri da
ideia maluca que se mostrava ali.
O senhor sai e deixa os dois na mesa, que pedem algo para
comer e uma cerveja.
Joaquim estava pensando e Paulinho não entendia o que ele
queria, parecia meio perdido.
— Não entendi seus rabiscos?
— Pensa em alguém querer algo especial para uma união que
será apenas no civil, pois com quem vou me comprometer, não
quer entrar em uma igreja, pensei em usar o salão de festas ali, e
fazer um evento simples, com visão para toda a baia ao fundo.
— Quando?
— Não sei bem isto, talvez 6ª agora, mas não sei ainda.
— Tudo isto para o Loco casar?
— Começam a me chamar de JJ, o que melhora a forma de
agir, pois Louco sempre acabava em Maluco.
— Certo, então o que está pensando é como não estar na
minha inauguração na Sexta?
— Talvez faça aqui no sábado, mas não sei mesmo.
— Laçado e preso?
— Laçado, se vier a me sentir preso, acho que pulo fora.
— E não sabe se a obra vai ficar pronta?
— O salão está pronto, mas eu tenho problemas em fazer
listas de convidados, eu sempre acho que ninguém precisa perder
tempo me vendo casar, é algo que para mim, é intimo, mas quando
alguém lhe aceita, publicamente, deixa de ser intimo para ser social,
e se uma coisa que ainda me bato, é ser sociável.
— E vai definir o dia quando, estamos na quarta.

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J.J.Moreira 6
Joaquim sorriu, ele não falara com Nádia ainda, e sabia que a
informação do casamento chegaria a alguém em Porto Alegre,
alguém que não queria soltar, mas não teria como ficar, algo entre
dois seres que respeitava, e o medo de encarar uma vida entre
balas uma vida inteira.
Joaquim pede uma cerveja a mais e fala.
— Quando eles terminarem de ajeitar amanha cedo, alguns
vão estranhar, mas algumas áreas de alagamento vão apenas voltar
a acumular areia por anos a mais.
— Não pensa no ecológico mesmo.
— Eu sempre quero o conjunto, não apenas o pseudo
ecológico, que diz preservar mangues e jogam lá lixo humano.
— E vai ficar para olhar?
— O banco me toma um bom tempo, mas hoje vou retornar e
resolver algumas coisas em Curitiba, acho que agora tenho de os
dar um tempo.
— Você os acelera, mas nem sabia que estava com tudo
encaminhado, pelo que entendi, 14 sistemas de obras contratados
em paralelo, tem muita gente olhando para você aqui hoje Joaquim,
pois 14 engenheiros nesta cidade deixou muitos olhando para você.
— Bom, assim não olham nossa obra mais a frente.
— Acha que temos de investir nisto mesmo?
— Paulo, eu vou tentar fazer dar certo, se vai dar, não sei,
acho que tenho de investir, então vamos ganhar dinheiro e entrar
na historia enquanto trabalhamos e investimos.
Joaquim paga a conta e o garçom pergunta.
— O que o Paulinho fazia aqui senhor, ele não é quem está
agitando a região e criando uma concorrência?
— Tenho de entender melhor, pois se for real o que o senhor
falou teremos investimentos bons.
— O que lhe mordeu Mauricio?
— Ficamos ouvindo aquele Jeferson e não nos prendemos aos
fatos, nada do que eles fizeram ali fora nos prejudica, pode ser uma
concorrência, mas não aquela que lhe destrói, talvez isto que o
senhor quis falar.
— Quem era o senhor?
— O empresário Curitibano que todos falam e não veem.

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J.J.Moreira 6
— Porque vai ouvir ele?
— As vezes demoramos para entender, aquele é o bisneto da
Sinhoca, neto daquela menina que fugiu com um marginal para a
cidade, todos falavam que ela se deu mau, mas sim, aquele é
Joaquim, alguns dizem que ele foi produzido nos calabouços da
ditadura, mas a mãe dela nunca ouviu a filha, mas se alguém vem a
cidade, de origem dos avós, com uma estrutura que reforma a casa
da avó, que coloca toda esta estrutura na rua, podemos reclamar,
mas os engenheiros estão comendo aqui, não no restaurante em
construção.
— Tem certeza disto senhor Mauricio?
— Sim, eles nem sabem disto, e já levantam lendas, imagina
se eles falarem que ele é descendente de Bartira, que o filho veio
tentar levar o cavalo da mãe, que não se afastava da cidade, e
acabou abraçando o cristianismo, um novo sobrenome, e
construído uma família na região.
— Se for isto, estão se aproximando dos antigos inimigos, os
Lima, sinal de mudanças grandes senhor.
— A maioria nem se prende a isto rapaz, mas sim, se olhar
para fora, a obra não vai parar, não antes de ficar pronta, eles a
querem para este verão, não o próximo.
— E o que o senhor falou que apontou ai a frente?
— Algo sobre criar um recuo com nome de praça a nossa
frente, com 13 mil metros quadrados.
— Malucos?
— Não, se olhar, eles estão instalando as estacas de
contenção até a ponta que querem ir, eles querem por um barco ali,
algo que saia em qualquer maré, isto que eles querem.
O rapaz olha um grupo tirar a mureta natural, com cuidado e
depois começarem a jogar uma linha de rocha, para dentro da baia,
e começam a vir uma soma de caminhões, e por fim, areia, e depois
uma camada de terra, Mauricio ao sair ao fim do expediente olha
para a esquina, se fosse um colégio seria bom, movimento é bom,
olha para a baia, o que ali tinha apenas uma calçada e a baia, agora
já entrava mais de 50 metros para a baia, e continuavam a chegar
caminhões e uma retroescavadeira espalhava aquilo, deixando
nivelado.

113
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Uma senhora para ao seu lado e pergunta.
— O que eles acham que estão fazendo Mauricio?
Mauricio olha aquela senhora olhando a obra.
— Pelo que entendi, mudando a cara de nossa região senhora
Raquel.
— E não parece preocupado como ontem.
— A bomba disto não é o fazer da obra senhora Raquel.
— Qual a bomba então?
— Já ouviu falar de um empresário de Curitiba que chamam
de JJ?
— Sim, dizem que ele que está fazendo esta bagunça.
— Eu o vi hoje, é o neto da Renata Rocha, bisneto da Sinhoca
senhora, que está fazendo esta bagunça.
A senhora olha para Mauricio e fala.
— Mas...
A senhora olha para a casa da Senhora na parte alta, dali
tinha um ângulo que se via, reformada e fala.
— Está falando que a lenda vai se cumprir?
— Nunca entendi a lenda disto.
— Sinhoca se arrependeu de por a filha para correr, dizem
que ela teve um filho e passou muitas necessidades, alguns dizem
que ela nunca nem falava de sua origem, pois não pretendia voltar,
dizem que Sinhoca invocou os antepassados Ciganos, que somente
quando um descendente de sua filha, viesse a pisar nesta região ela
voltaria a dar frutos.
— Então entende o que me acalmou dona Raquel.
— Sim, e ninguém nem falou disto ainda.
— Ele deixou claro, que estava esperando autorização para
fazer, pensa que ele vai reformar o Armazém do Macedo, isto é
ruinas quando eu era criança.
— O acampamento dos Ciganos dizem que era ali.
— Não entendo de lendas, mas se Joaquim Moreira é bisneto
de Sinhoca, muitos vão olhar para ele.
— E sabe se ele vai plantar raiz?
— Pelo que ouvi, ele está soltando as raízes, para todos os
lados, ele vai espalhar-se pelo sul e sudeste como uma praga, mas
se ele começar a dar frutos, talvez Sinhoca descanse em paz.

114
J.J.Moreira 6
— Sempre disseram que um dos possíveis pais da criança, era
o senhor dono desta tal RR.
— Muitos fofoqueiros senhora.
— Verdade, gente que cresceu e saiu da cidade, mas acha que
é para o bem da cidade? – Raquel.
— Eles estão propondo a tratar o esgoto destas 6 ruas, eles
estão refazendo ou criando, calçada em toda a região, eles vão
avançar para o mar, a mureta, para que o Armazém fique na cidade,
e não dentro do mar, eles vão criar um cais, então estão investindo
na região algo que a muito tempo não via, sempre ficamos com as
versões dos fofoqueiros, e esquecemos de conversar.
— Ele veio conversar?
— Veio comer no restaurante e trocar uma ideia, mas sabe
que esperava alguém que não fosse da terra.
Joaquim chega a Curitiba, passa em dois pontos, e volta para
casa, pega a maquina e escreve um pouco, ele não sabia ainda o
que fazer, ele tinha terminando de escrever seu primeiro texto e as
vezes pensava em lançar por si, para se livrar daquela ideia, muitos
nãos ele recebera, pois pareciam querer algo menor, uma pequena
grande ideia, que estabelecia uma primeira obra muito grande.
Pega algumas folhas brancas e rabisca algumas ideias, viu
quando Nádia entrou e o beijou.
— Estava aqui, pensei que viria apenas amanha.
— Acho que preciso conversar.
— Conversar?
— Quer algo apenas Cartorário, não vai mesmo querer uma
igreja?
Ela sorriu, pensando que ele falaria de obras em Antonina,
sem imaginar a ideia.
— Acho que algo assim não precisa de mais do que uma folha
Joaquim, nunca sonhei em entrar em uma igreja de branco.
— Convidados?
— Para mim se tiver as testemunhas já é bom.
— Então não marca nada para Sexta a Noite. – Joaquim.
Nádia olha desconfiada e fala.
— Vai ser assim no susto?

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J.J.Moreira 6
— No susto não, vai ser em Antonina, vai ser na casa de
alguém que não conheci, mas seria minha bisavô por parte de mãe,
agora é aquele salão de festas, que lhe mostrei, coisa simples,
poucos convidados, marquei com o Juiz de Paz de lá.
— Foi lá resolver isto?
— Não, fui lá ver como as coisas estavam, e aproveitei para
fazer isto, te amo maluquinha.
Nádia o beija e fala.
— Sabe que ainda estranho isto, mas este Joaquim é alguém
que quero ao meu lado por muito tempo.
— Tenta não deixar ele muito convencido, tá?
Nádia o abraça e sorri.
— E os negócios?
— Tem coisa que vai acontecer que não tenho como
antecipar, mas se acontecer, posso ter de ir a Porto Alegre, mas
sempre espero que sejam racionais, não animais.
— Fala de quem?
— Do exercito, apenas disto.
— Sempre se metendo em problemas?
— Não, apenas tentando adivinhar, e para minha infelicidade,
não tenho esta intuição feminina, tudo que imagino ser de uma
forma, acaba de outra.
— E vai sair? – Nádia.
— Sim, pegar a ultima aula, ainda tenho de ter presença.
— Falta muito?
— Duas presenças e estarei formado Nádia.
— Duas?
— Uma hoje e uma amanha.
Nádia sorri novamente e o beija, lhe afasta e fala.
— Vai, sei que para o banco isto é importante.
— Sim, e eles nem imaginam o quanto.
Joaquim vai a universidade, responde a chamada e desce para
a cantina, olha Jonas entrando e olhando para ele.
— Problemas? – Joaquim.
— Não sei, não entendi a mensagem de agora a pouco.
— Jonas, é penas um convite, loca um ônibus e enche de
gente para um evento em Antonina na Sexta a noite.

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— Algo?
— Eu e Nádia vamos fazer uma cerimonia simples, para
poucos, numa casa de eventos em Antonina, nada grande.
Jonas esperando bomba se depara com um convite de
casamento e sorri.
— As vezes esperamos sempre problemas, desculpa, não
havia pensado nisto.
— Sei disto.
A noticia que era segredo até aquele momento, corre os
meios de informação, e encontra em uma menina em Porto Alegre a
descrença, em algumas moças em Curitiba, uma certeza de que
Joaquim acalmaria, na inteligência de Brasília, uma afirmação a
confirmar.
Joaquim passa o convite aos parceiros, estranho que eram
todos contatos novos, e ao mesmo tempo, era uma lista grande, se
antes não havia ninguém para convidar, agora haviam pessoas, mas
poucos teriam como ir.
Joaquim passa o pedido para Paulinho inaugurar no Sábado
em Curitiba, passa instruções de comando, e pede uma cerveja,
olha para a TV.
Jonas olha ele e pergunta.
— Vai mesmo casar? Joaquim vai parar mesmo?
— Não disse que iria parar, disse que vou acalmar a alma, não
parar.
— Sabe o perigo que isto representa?
— Sei, por mais incrível que pareça, sei.
— E não vai recuar?
— Não, hora de por algumas coisas como exatas.
Jonas parecia não acreditar naquilo.
Joaquim volta para casa, toma um banho e se perde nos
braços de Nádia naquela noite.
Enquanto Joaquim dormia, se fechava as áreas com estacas e
começavam a jogar pedra, areia e depois terra, enquanto começam
a erguer as paredes externas daquelas barreiras no sentido do mar.
Joaquim acorda cedo, olha as mensagens, as confirmações, e
olha para a calma do lado de fora, verifica se algo estava fora do
lugar, não, ele desce ao carro e vai ao predio da Visconde de

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J.J.Moreira 6
Guarapuava, ele olha o prédio ficando pronto e o engenheiro a
frente fala.
— Estamos terminando o sistema de bombas para por a agua
para cima, depois dos testes hidráulicos, estará pronto.
Joaquim olha o prédio, 22 andares, olha por fora e pensa, seu
primeiro prédio, sorri, não, apenas o maior até aquele momento,
entra e olha para os elevadores, sobe a cobertura e olha para fora,
uma presidência, teria de pensar em quem por ali, ou se assumiria,
se o fizesse, raramente estaria ali.
Joaquim olha para o rapaz mostrar cada andar, ele pediu
poucos ajustes, nada que não desse para inaugurar na semana
seguinte.
Ele sai dali e vai ao banco, estava acelerando treinamentos e
começando com novos escriturários, ele confirmara agencias
permanentes em 12 cedes da RFSS, ele confirmou as instalações na
PUC, e passa a proposta para UFPR do Politécnico.
Joaquim estava querendo abraçar sua ideia, se lhe dessem
espaço, ele teria naquela agencia, o dobro das 3 mais centrais do
Banco do Brasil, espalhadas, mas como era tida como uma única,
ele bateria as demais pulando para a frente de todas em quase
todos os patamares de crescimento.
O pedir de transferências para aquela agencia, vindas de
outras do interior, visando as agencias que estariam nas RFSS, fez
ele ter de analisar currículos e experiências.
Os demais começavam a olhar ele com respeito, os novos
nem imaginavam ser um gerente novo no banco, os mais velhos,
querendo crescer com o que Joaquim propunha.
Mauricio chega no restaurante e olha para a esquina, os
tapumes sendo tirados, o que era uma casa baixa, agora parecia um
sobrado, paredes grossas, para dar a sensação de antiga, e na
fachada apenas símbolos do mar, ele por dias pensou em um
restaurante bem ao lado, estava preocupado, agora vê a pequena
placa a porta, Escola Técnica de Cultivo de Antonina (ETCA). Olha ao
fundo onde haviam casas pequenas na curva da Doutor Mello,
agora não estavam mais lá, um recuo com praça, ele caminha até o
local, levantaram as paredes de pedra dos dois lados, e se

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J.J.Moreira 6
atravessava até a Joaquim Mendes, e se via uma bica, a anos que
não via aquela região, escondida ao fundo de casas.
Olha em volta, ainda com muito tapume, dali até a próxima
esquina dos dois lados da rua, mas a calçada estava ficando bonita,
e olha para a baia, chega a mureta, olhando para aquele avançar de
mais de 200 metros no sentido do mar, agora com uma camada fina
de terra, viu que era serio, alguém queria mudar as coisas em dias,
não em anos, olha ao fundo o Mercado, e olha uma leva de pessoas
erguerem as estruturas internas, onde se prenderia o telhado, viu as
portas imensas de madeira encostadas a parede, eles tinham
planejado com antecedência, agora estavam entrando na historia
da cidade.
Parecia outro lugar, olha a associação criada na outra esquina
tirando os tapumes, mais uma vez uma construção em paredes
grossas, para aparentar histórica, não estavam querendo a antiga
visão, e sim uma nova.
Olha bem ao fundo a construção da primeira esquina e
começa a pensar no como aquilo se fazia, alguém investindo rápido,
mudando a cara, mas se via os rapazes ainda abrindo os buracos
para esgoto, e no ponto bem ao fundo, viu eles começarem a tirar o
calçamento da rua, e colocar pedras novas, eles estavam parando a
região por mais um dia, agora não teria os curiosos de carro.
Em Curitiba, o governador olha para a confirmação de
inauguração, ele não autorizou a obra, mas uma inauguração
sempre era bem vinda, mesmo que em Antonina, ele coloca na
pauta do dia seguinte, e recebe a confirmação de que o presidente
surgiria lá sem anúncios, para esta inauguração.
O prefeito de Antonina, olha para a secretaria chegar a porta
e falar.
— Senhor, não sei se está sabendo do evento?
O prefeito pega o fax passando de Curitiba e olha para ela.
— Chama o secretario de segurança e de obras.
— Não sabia?
— Para mim, eles demorariam para inaugurar tudo pronto.
— A região está um caos, dizem estar desviando tudo que
passa lá hoje senhor.
— Eles querem algo pronto, mas chama os secretários.

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O prefeito fica a ler o prospecto, dali de carro seria um pulo,
atravessar a praça, passar ao lado da igreja e descer a Ladeira do
Valente, mas pelo jeito estavam acelerando algo.
O secretario de obras entra e fala.
— Estão começando a atrapalhar Prefeito.
— Imagino, o governador acaba de confirmar vinda no
sábado para inaugurar a Praça Marques de Herval, com a provável
presença do Presidente, então eles devem estar correndo lá.
— Está falando serio Prefeito?
— Vamos lá olhar o que estão fazendo, e se tiver inauguração,
temos de parecer saber, sabe disto.
O secretario de segurança entra pela porta e pergunta.
— Qual a segurança que precisa, por que nos posicionar?
— Porque o Figueiredo vem para a inauguração, eu não
lembro dele ter pisado nesta cidade antes secretario.
— Está falando que teremos uma inauguração com o
presidente da republica presente, quem é este senhor?
— Esta informação ainda está correndo secretario, mas me
adiantaram que Joaquim Moreira, que todos chamam de JJ, é
bisneto de Sinhoca Rocha.
O secretario de obras olha serio e pergunta.
— É serio isto?
— Sim, é serio isto, vamos lá e olhamos, não sei se
conseguimos chegar muito perto, mas daqui é um pulo.
Pegam o carro e vão a região, na descida da Travessa
Ildefonso tem de parar o carro, viram o pessoal trocando todo o
calçamento da rua, calçadas, e olham para o casarão da esquina
sendo tirado o tapume e as inscrições.
O prefeito olha o prédio conservado e reformado, e olha a
placa discreta a parede, para não contrastar com a obra reformada.

O secretario olha a obra e fala.


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— Descemos pela ladeira do Valente prefeito.
Ele concordou, olha as calçadas refeitas na Sinhoca Rocha e
fala.
— Eles são rápidos.
— Pelo jeito estavam nas reformas internas, eles cobriram
para pintar e ajeitar detalhes senhor.
Eles caminham pela rua e olham uma entrada no meio da
quadra, que não existia antes, estavam na laje da casa da Dona
Maria, e uma placa simples falava.

Eles entram naquele mirante que não existia acesso a 3 dias,


eles viram que tiraram o muro frontal da casa que era abaixo da rua,
então só ficou visível tirando o muro frontal, o prefeito olha para a
baia e olha a grande praça e fala.
— Disto que falávamos secretario.
O senhor chega e olha a praça que não existia abaixo, via a
cobertura do antigo mercado, olhando para baixo, pura obra,
olhando no sentido da curva da Marques de Herval, se via a parte
voltada para a praça Rio Branco, já com mudas de arvore e grama,
eles estavam instalando grandes postes de iluminação.
Olhando por cima, se via que a casa dos Macedo estava
coberta e em obra a mais tempo, se via o cais crescendo
lateralmente a praça a frente, e bem ao fundo, se via um navio
estilo antigo, começando a parara lá.
O prefeito viu que um segundo chegava a baia, e olha para o
secretario de obras.
— E me juraram, que a ideia era ruim.
O secretario de segurança olhava encantado e fala.
— Conseguimos chegar perto?
Os três continuam e olham que estavam colocando
sinalização a rua, ao mirante, a travessa.

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Chegam a descida da Tv. Valente, olham tudo limpo, com


acabamentos refeitos, começam a descer e o prefeito fala.
— Este é o tipo de apoio que precisamos secretario, eles
fazem, não perguntam, e se não os atrapalharmos, nos ajudam sem
pedir.
— E tinha gente pedindo para os parar?
Descem e olham a associação em uma esquina, um
restaurante em outra, a entrada do trapiche do Marques, com
sinalização, a casa dos Macedo ainda estava cercada, mas todo
resto estava começando a se tirar os tapumes, olhando em volta,
era gente para todo lado, chegam a mureta que normalmente os
separaria do mar, mas agora tinha uma praça, e viram as pessoas
plantando palmeiras e gramado a toda praça, o trapiche ainda
estava sendo construído, mas se via os dois barcos ao fundo,
esperando para fazerem parte da inauguração.
Olham para o pessoal colocando a sinalização da rua e o
secretario fala.
— Eles usaram um padrão fácil, mas que deixará os demais
perguntando se podemos fazer no resto da cidade.
— Sim, eles sinalizaram sem chamar atenção para a
sinalização, mas deixando bem visível a cada esquina.
O grupo via o pessoal fazendo cada obra e chegam a frente
do casarão que era a obra que todos falavam que o senhor estava
querendo reformar, se olhava a esquina já com a fachada visível, e a
placa anunciando “Churrascão do Marques”, olhando para o outro
lado, tinham a placa, “Tasca do Marques de Herval”, e na fachada
do casarão, Barreado do Loco.
— E me falaram que eles atrasariam.
— O senhor não antecipou prefeito, ele não queria resistência,
mas a obra que deveria ficar pronta junto, não ficou.
— Sabemos quem atrapalhou secretario, alguém que quando
olhar tudo isto, vai dizer que não foi coisa feita ou projetada pelo
Paulinho, pois ele não tem competência para tanto.

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— Se ele não viu as obras ao lado prefeito, cuidava com o que
ele fala, pois para não ver, tem de não ter se preocupado em olhar.
— E pelo jeito o que era um restaurante, já de cara, 3.
Eles olham para a casa dos Macedo e começam a tirar o
tapume e viram o caminhão parar a frente e colocar a placa.
“Café do Marques”
Os pensamentos foram para 4, e caminham vendo os rapazes
limpar a parte baixa do Armazém, colocarem aquelas armações de
metal para cima, e um acabamento no sentido da parede, era
concreto, imitando tijolos rústicos, então enquanto naquele
momento alguns colocavam o telhado, outros colocavam uma
armação na altura de onde seria o forro, eletricistas colocavam
naquelas paredes falsas, de acabamento das colunas fiação,
colocavam a porta para o cais, e duas para a frente.
Começavam a isolar uma área, do piso, deixariam como era, e
todo resto, uma armação que colocaria o piso.
O prefeito chega ao lado do rapaz da Universidade Federal e
pergunta qual o projeto.
— Um museu, com fotos históricas, mostrando o que era o
lugar e sua importância a mais de 200 anos.
O secretario de obras olha em volta e fala.
— Eles estão organizados prefeito, eles desenvolveram um
projeto, o construíram fora daqui, e o estão implementando, então
agora, é um quebra cabeça, mas que enquanto um monta o telhado,
outro monta a estrutura do chão, outro faz os acabamentos de
paredes e portas, outro faz a reforma da fachada, tudo em paralelo,
mas já projetado, eles não estão criando algo, estão montando algo
já criado, já aprovado, e com instruções históricas e documentando
tudo.
Se via um grupo filmando a ponta, então eles registrariam
tudo, e provavelmente fariam propaganda daquilo.
Os três saem a rua, a obra da casa dos Macedo ainda era
apenas por fora, estava fechado, mas se via o movimento de gente
a toda volta.
O Cais que se ampliava com aquele trapiche, crescia, os três
se olham e o prefeito fala.

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— Temos de verificar a segurança secretario, um presidente
deve vir inaugurar isto no sábado, então teremos uma correria em
toda a cidade até isto acontecer, tem de verificar se consegue saber
onde ele vai ficar, para garantir a segurança.
Viram o senhor Mauricio falando com um rapaz a frente do
restaurante e caminham até lá.
— Como está o agito Mauricio? – Prefeito.
— Vendo que alguém manda mais na cidade que você
prefeito.
— Não exagera Mauricio.
— Sei que pode muito prefeito, mas olha em volta?
— Assusta isto.
— Sim, lembra de minha grande reclamação?
O prefeito olha a calçada da rua e sorri.
— Se foi neste sentido, sim, mas parece que até o presidente
vem a esta inauguração no sábado Mauricio.
— E quem o vê por ai, vai achar que é apenas mais um, as
vezes é bom ver em meio a crise prefeito, gente investindo.
Carlos olha para o diretor da Globo o chamar a sua sala.
— Problemas Diretor?
— O presidente está mandando vocês dois para Antonina, ele
quer saber o agito que está lá, dizem que o presidente vem para
uma inauguração no Sábado.
Carlos pensa que deveria ter algo errado, mas viu o
cinegrafista chegar e o senhor fala.
— Me documenta o que acontece lá, não sei ao certo o que
será anunciado, mas prefeito, governador, presidente e alguns
deputados estão confirmando ir para lá, e não entendi o que eles
tem a inaugurar lá.
Carlos pega o carro e desce a serra, quando eles chegam a
estrada, foi seguir os caminhões chegando com mudas e se
deparam com o local onde estiveram a dois dias e pergunta para o
cinegrafista.
— Filmou o local na Terça?
— Alguma coisa, mas parece outro lugar.
— Sim, as vezes pensamos que alguém veio para parar algo,
ele estava querendo acelerar.

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— E pelo jeito é algo a nível estrutural e cultural.
Os dois foram fazer perguntas, viram os prédios restaurados,
viram os locais sendo refeitos, gente refazendo o calçamento, a
iluminação publica, as praças ainda apenas grama e mudas de
palmeiras, ao longe os barcos antigos, a imagem de como estava o
Armazém da Esquina, e se deparam com o prefeito, fazem
perguntas, o mesmo fala o que sabia, pouco, mas Carlos foi
filmando, entrando em alguns imóveis, vendo tirarem na esquina da
Rua Bento Cego com a Doutor Mello, os tapumes, e a placa simples,
mas bem clara, Museu Marítimo, olha para o outro lado da rua e
mais a frente olha o escrito “Associação dos Pescadores e
Cultivadores de Antonina”, ele olha para um senhor e faz a
reportagem, e passa em cada ponto que conseguiu, foi
documentando, mostrando, estabelecendo para que era cada obra.
Conseguem um mapa do antes e depois, e filmam cada lugar após, e
colocam imagens de arquivo do antes.
Carlos chega a redação, passa para o redator e este olha as
imagens, ele olha a reportagem e fica assustado com a mudança e
pergunta.
— E não viram isto antes?
— Senhor, temos as imagens de terça, estava tudo ainda nas
obras internas, não nas externas, é assustador ver o que mudou em
2 dias.
— E o que acha que vai acontecer lá?
— Pelo que entendi, a obra em Curitiba do Barreado do Loco
está atrasada, vão inaugurar no domingo, ou eles vão segurar para
inaugurar depois de lá, mas se pensar no que vimos, e no que tem
hoje, é assustador a estrutura, mas o prefeito confirmou a talvez
vinda do Presidente a inauguração no Sábado, inicio da tarde.
— E o que eles vão inaugurar?
— Uma praça, um trapiche, toda a sinalização e calçamento
da região, o prefeito falou em captação do esgoto da região e
tratamento, reforma da iluminação publica, uma associação de
pescadores, uma cultural e dois museus, o do Mate e o Náutico.
Em Antonina Pablo chega a região e fala com os
administradores de cada uma das reformas, e com imagens que lhe
passaram do antes e do depois, ele sobe a serra e propõem ao

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J.J.Moreira 6
redator uma reportagem de meio de pagina, sobre as reformas de
Antonina com apoio municipal, estatual e federal, e a aderência de
alguns empresários da região.
O mesmo olha as imagens e fala.
— Isto é real?
— Não temos ainda as finais, mas não daria para por elas
para domingo, pois vai estar pronto no sábado pela manha.
— Pelo jeito estão lhe informando das coisas Pablo, esta
reportagem é de destaque.
— Propondo, não impondo nada, apenas achei que a
mudança é tão radical, que tende a mudar a cidade toda a volta.
— Por quê?
— O tratar do esgoto da região, estabelece quase a coleta de
todo centro da cidade, que acaba desembocando na região.
O senhor viu que estava anotado os dados e fala.
— E vão inaugurar no Sábado?
— Confirmados até agora, presidente, 2 senadores, 12
deputados, prefeito e vereadores locais, a Globo acaba de mandar
gente para olhar senhor como está as obras.
— E será apenas uma obra publica?
— Isto que não entendi, perguntei para estado, município e
os órgão federais que poderiam ser responsáveis pela obra, não tive
dados do investimento, é como se nenhum deles soubesse
exatamente ou com que dinheiro estava sendo feito.
— Ou não declararam?
— Ou isto, mas obvio que ouvi absurdos, mas não coloquei na
reportagem.
— Absurdos?
— Que uma senhora a muito tempo disse que somente
quando alguém da família da família voltasse a pisar na área, a
região voltaria a crescer, coisas de maldição e premonição senhor.
O senhor sorriu e falou.
— Superstição é isto.
— Eu entendo eles senhor, olha as imagens do antes e de
hoje cedo, no sábado estará com tudo brilhando e no lugar, quando
a coisa é grande, eles sempre criam superstições.

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O senhor passa a direção que se reúne e apoia a ideia, era
mostrar na gazeta, a mudança que aconteceria no sábado, uma
reportagem que poderia ter uma ou outra desmentida na segunda,
mas era o vender de jornais.
Joaquim sai do banco, passa em casa, troca de roupa e vai ao
Cabral e de lá a Universidade, ele responde a chamada e o pessoal
da comissão de formatura viu Joaquim pagar as 12 parcelas de uma
vez, confirmando, estaria na formatura.
Desce e olha a TV, Jonas olhava ele quando entrou.
— Estão me olhando muito, como está os negócios Jonas?
— O antigo secretario de justiça, foi achado afogado em
Fortaleza hoje.
— Este vai tarde.
— Não sabe mesmo quanto eles falaram que você tinha
matado este senhor, agora ele morre afogado se divertindo em uma
praia do nordeste.
— Não fico ouvindo as fofocas.
Joaquim olha o inicio do jornal estadual e pede para o rapaz
aumentar o volume e ouve a reportagem de Carlos e Jonas olha
para ele.
— Algo que lhe interessa?
— Sempre que o governo investe em algo, me interesso.
— E vai casar mesmo?
— Sim, mas não pensei que alguém apareceria, sinal que tudo
está fora do lugar.
Joaquim toma apenas uma cerveja, volta para casa, estava
cansado, mas tinha marcado com Paulinho no Tasca e ele aparece
por lá.
— Não entendi a ideia do segurar a inauguração.
— Paulo, você vai a Antonina amanha cedo, verifica as 4
cozinhas, dos 4 negócios, toda a estrutura e verifica se a agencia de
emprego vai mandar os garçons, atendentes e cozinheiras, devem
entregar para cada restaurante algo diferente, se puder olhar para
mim, seria bom.
— Vai inaugurar lá antes daqui, maluco mesmo.
— Eles acreditaram na ideia, e sabe como é, lendas fazem isto,
mas tem de entender, o presidente da republica estará lá e você é o

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J.J.Moreira 6
administrador da fabrica de açúcar que ele vai inaugurar, além das
obras, e assim você não falta ao meu casamento amanha a noite.
— Certo, tem seu casamento ainda, mas pelo jeito vai receber
alguns lá.
— Não pensei nisto, não quero atrapalhar, então vou fazer
algo pequeno no local da união, para poucos.
— Sabe o agito que pode gerar isto lá?
— Sei, muitos vão lá para ver o tal bisneto de Sinhoca, o
agitador do JJ, acho que eles vão se decepcionar um pouco.
Paulinho olha para Joaquim e fala.
— Sabe que só isto, enche o local.
— O Figueiredo acaba de me passar um recado, que ia a meu
casamento.
— Pelo jeito, vai agitar a cidade de uma forma que poucos
não vão olhar para lá.
— Acho que isto é parte do problema.
Pablo olha para o redator, ele estava em sua mesa e o redator
via que ele estava tentando escrever algo e pergunta.
— O que o faz pensar, os demais já foram Pablo.
— Acabam de me confirmar algo senhor, estou pensando em
ligar para a Regina.
— Coluna social?
— Lembra da obra em Antonina?
— Sim.
— Estava tentando entender aquela maluquice, e me deparo
com um fato, no cais a frente, tem 3 restaurantes e um café colonial,
que são de Joaquim Moreira, o JJ.
— Ele é parte do investimento?
— O que me fez pensar, ele anunciou seu casamento civil
para amanha num salão de festas que foi reformado, ao lado de um
mirante, e o presidente Figueiredo acaba de confirmar a ida ao
casamento do senhor.
O senhor senta e fala.
— Isto é serio?
— Sim, o empresário, está anunciando a inauguração de 14
negócios na cidade de Antonina, entre eles, o salão de festas que
ele vai casar amanha a noite.

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— E confirmou isto?
— Senhor, o representante de JJ em Antonina é Paulo Lima, o
Paulinho, o presidente anuncia a ida a cidade para inaugurar uma
fabrica de açúcar de beterraba e mascavo tocada por Paulinho,
depois o museu do Mate, o museu Náutico, a praça Marques Herval,
e o sistema de captação de esgoto da cidade.
— E a confirmação veio apenas agora?
— Sim.
— Deixa eu ver como está a montagem de amanhã, chama a
Regina e vamos por uma folha a mais na gazeta.
A encenação de Pablo era para o dia seguinte, mas se estaria
antes na Gazeta, sinal que o senhor viu que era de potencial, ele
olha o senhor ligar para o presidente, explicar e fala olhando para
Pablo que pega o telefone e liga para Regina.
Eles esperam, enquanto Pablo pega o telefone e liga para o
empresário JJ, descobre que ele está no Tasca, o redator olha para
Pablo e vê ele oferecer uma pagina para o anuncio das inaugurações
do sábado, na Gazeta de Sábado, ou algo ainda para a edição de
sexta, o redator sorri, e quando ele desliga, vai a uma maquina de
escrever, faz e recebe um prospecto e olha para o senhor.
— O Carlão ainda está lá embaixo.
— Sim.
— Precisamos transformar isto em uma arte final senhor, ele
aceitou anunciar amanha e hoje.
— Sabe que terá de receber.
— Sei, mas é uma forma de ter o pagamento da folha extra.
O senhor sorri e fala.
— Está ficando rápido Pablo.
— Estava pensando em oferecer para amanha, mas se vamos
por uma folha extra, porque não vender publicidade senhor.
— As vezes esqueço que trata direto com alguns.
Eles preparam as 4 paginas, e colocam no centro do caderno
um da gazeta, folhas sem numeração, mas no lugar central da
primeira parte.
Joaquim chega em casa e olha Nádia o esperando.
— Problemas? – Joaquim.
— As vezes fico com medo desta coisa de casamento.

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— Eu também, pensa em estar falando com alguém sobre
negócios, e receber a confirmação, que o presidente da republica
estará na nossa recepção intima.
— Ele vem?
— Como disse, não entendo de politica, mas sim.
— Então não tem mais como cancelar.
— Desistiu?
— Dá medo esta coisa de gente perguntando sobre nosso
casamento, estava tão bem sem eles colocarem a colher.
— Nádia, é só se isolar, vou deixar um motorista a disposição,
vai a Antonina, se hospeda na Pousada do Casarão, se isola um
pouco, o resto se resolve.
— Fica muito longe?
— Meia quadra do salão de festas.
— E como consigo uma reserva?
— Temos uma reserva lá, é só manter a calma.
— E vai fazer oque?
— Tenho Banco, não vou me afastar para casar.
— Certo, vai ser que hora amanha?
— As oito o Juiz de paz estará lá.
— Quem são as testemunhas?
— Quem lá estiver.
— Não se preocupa mesmo.
— Nádia, eu nunca pensei em entrar em uma igreja, muito
mesmo em me casar com alguém tão especial.
— Não vai me deixar esperar?
— Vou estar lá para ver a noiva entrar no salão.
Ela o abraçou e falou baixo.
— Este meu Louco está me colocando na parede.
— Disse que seria quando quisesse, não sou de enrolar, se
visse o quanto agitei Antonina para estar tudo pronto.
— Vi no jornal Estadual e Nacional, eles parecem estar
olhando fixo para este tal JJ.
— Como falam lá no banco, falam muito deste JJ, e nem
sabem que ele está na sala da gerencia.
— Certo, ninguém sabe quem você é, apenas a fama.
— Logo me esquecem.

130
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Os dois se abraçam e Nádia fala.
— Tem de entender que não quero um filho.
— Sei disto. – Joaquim não contaria para Nádia que se
acreditasse em alguns malucos, diria que eles não poderiam nunca
ter um filho, mas a abraçou e se perdeu naqueles braços mais uma
noite.
O amanhecer da sexta, a Gazeta anunciando a inauguração da
fabrica de açúcar e de 14 empreendimentos de JJ para o sábado em
Antonina, então vinha a resposta de quem estava investindo e
ninguém conseguira a informação.
Quando Joaquim olha o jornal da manha, olha o anuncio da
inauguração na parte paranaense da reportagem, mas na nacional,
anunciavam o casamento de um grande empresário, que parecia
parar uma cidade no Paraná para seu casamento civil.
Joaquim olha para a TV e resmunga.
— Não tem mais novidades na TV?
Nádia o abraça e fala baixo.
— Eles querem saber quem é este empresário.
— Eles não me reconheceriam a rua.
Joaquim a beija, toma um banho e vai a corrida da manha, ele
queria a garantia que estava tudo funcionando, então ele estava
acelerando e garantindo que tudo estava operacional.
Os pontos estavam redondos, criando associações de bairro
fortes financeiramente.
Quando ele chega ao banco, olha o agito, senta-se a esquina e
olha para Sonia sentar ao lado.
— O que está acontecendo Sonia?
— Repórteres querendo a confirmação de que o empresário
do ano da cidade, JJ, vai casar mesmo.
— Eles não sabem onde ele mora, para virem a porta da
agencia?
— Pelo jeito anteciparam algo e alguns querem a reportagem.
— Eles já tem a reportagem.
— Como sabe? – Sonia.
— Todo agito, é por eles descobrirem ontem que aconteceria.
— E porque da surpresa? – Sonia.
— Não sei, deixa abrir a agencia e vou por um disfarce.

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— Você não é normal, todos queriam estar ali no foco.
— Vai lá, avisa o gerente que vou chegar a tarde.
— Porque disto?
— Testando a inteligência dos repórteres.
A moça sai e Carlos senta-se a frene de Joaquim.
— Se escondendo? – Carlos, o repórter.
— Não, me divertindo vendo eles olharem cada pessoa que
chega, como se fosse Joaquim.
— Poucos ainda sabem como aparenta, e não quer facilitar.
— O que aconteceu Carlos, não tem mais criminalidade,
novidades, gente tropeçando a rua, pois tudo é mais interessante
que um casamento no civil.
— A Gazeta deu o furo hoje nos jornais, pelo jeito achava que
seria diferente.
— Carlos, está com a Gazeta ai?
— Sim.
— Qual o anuncio da pagina da reportagem?
Carlos abre a mesma e olha a o anuncio da inauguração de 14
operações em Antonina no Sábado.
— Sabia antes mesmo deles, só não esperava este agito.
— Eu estacionei minha Brasília ali, e eles nem me olharam.
O rapaz sorriu e falou.
— E o que terá de novidades, pois as obras de Antonina, me
deixaram assustado, pois vi aquilo na terça.
— Sempre digo que enquanto não fizer a pintura, ninguém
olha para os prédios.
— Você criou uma praça imensa beira mar, não é apenas
pintura.
— Ninguém vai acreditar nisto, então não adianta falar que fiz,
apareça por lá amanha, eu vou me divertir.
Joaquim foi ao caixa e acertou a conta, ele sai da panificadora
enquanto o gerente que ele substituíra falava que o Joaquim
Moreira viria apenas pela tarde, ele aproveitava o tumultuo, pede
favor e entra, o cinegrafista olha ao lado de Carlos e fala.
— Quem disse que ele não entrava?
— Ele provoca, mas não facilita, quantos vimos provocar e dai
tentar ficar ali na frente dando entrevistas até falar uma merda, e

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tudo que se preparou se perde. – Carlos olha os rapazes começarem
a sair, alguns voltarem aos carros enquanto via pelo vidro da frente
Joaquim entrando na sua sala.
O segurança sorri, pois Joaquim entrara e nem usara uma
fantasia, os repórteres até viram ele, mas no meio da declaração do
outro, nem tinham como o indagar.
Joaquim olha o gerente vir para dentro, ele não reparara na
entrada de Joaquim e pergunta.
— Mas entrou por onde?
— Quando se chama atenção para algo, sempre digo, a
percepção humana não nos deixa ver outras coisas.
— Eles querem o que com isto?
— Um convite para um lugar, que não cabe todos eles.
— Certo, vai casar, mas não pediu um afastamento para isto.
— Não, eu vou casar, não viajar ou coisas do gênero.
— E todos descobriram juntos?
— Senhor, o problema não é eu casar, ninguém iria olhar, até
o Figueiredo por na agenda dele de ontem que vinha a meu
casamento, isto que fez todos olharem, não estava anunciado antes.
O senhor sorriu enquanto Joaquim foi ajeitar as coisas.
Em Antonina, chegava gente para filmar o que esteve em um
canal no dia anterior, e a cada momento parecia maior, e as pessoas
começavam a pensar no tamanho do investimento.
As obras começavam a tirar os últimos tapumes, Paulinho
entra na fabrica na entrada da cidade, olha os equipamentos, o
funcionamento e sorri.
Um senhor chega a ele e pergunta.
— Ligaram cedo confirmando se vamos inaugurar amanha,
não sabia o que falar Paulinho.
— Oficialmente entramos em funcionamento amanha, mas
como está o equipamento?
— Sabe que nunca havia visto este tipo de fabrica, sempre
mais artesanal.
— Amanha tem de estar todos de uniforme Cezar.
— Vai vir gente ai?
— Sim, do proprietário ao prefeito, politica, sabe o que quero
dizer.

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— Todos agora vão querer ganhar pontos?
— Deixa eles acharem que ganham algo.
O senhor foi dar as coordenadas, Paulinho viu que estava
operacional, pega uma amostra de cada e deixa separado, sabia que
seria corrido, Joaquim estava puxando para aquele lugar os olhares,
não sabia o que ele queria, mas com certeza, ele esperava algo
violento em outro lugar, e não falaria.
Senta-se na sua sala e liga para algumas pessoas, precisava de
gente para servir, para preparar algo, então encomendou salgados,
e disponibilizou uma pinga e uma serie de sucos.
Paulinho sai dali e foi ao restaurante, olha para os rapazes
colocando as luminária, naquele era responsável e assinava a
comida, e olha para duas pessoas o esperando.
— Deve ser Paulo Lima.
— Sim.
— Fomos contratados, mas ainda não entendemos a ideia.
Paulinho pergunta quem são e o que faziam, e a moça fala.
— Marta, tocava a muitos anos o Casquinha de Siri, na ponta
da Pita.
— Heitor, eu tocava o Casa do Barreado em Morretes.
— Deve estar chegando alguém por ai ainda. – Paulinho olha
para a porta e olha Simone, confusão na certa, ela olha para
Paulinho e para a porta.
— Devo estar no lugar errado.
— Entre Simone, ou não vai nem ouvir a proposta?
— O que faz aqui? - Simone.
— A todos, sou Paulo Lima, eu toco o restaurante Barreado
do Loco em Morretes, ele está abrindo aqui a segunda casa e a
terceira em Curitiba, no Domingo.
— Você que vai tocar tudo isto? – Simone.
Paulinho lembra do que Joaquim falava e vira para Simone.
— Não a chamei Simone, o dono deste lugar chamou, mas ele
me mandou cuidar dos preparativos para amanha, se vai atrapalhar,
some, se quer trabalhar, um momento para apresentar o projeto.
A moça olha com raiva e Paulinho olha os demais e fala.
— Aqui neste complexo, temos 3 restaurantes e uma
lanchonete, e um café, estamos contratando 4 administradores, a

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preferencia, para pessoas que já comandaram restaurantes, a ideia,
uma região em Antonina com o mesmo poder do calçadão de
Morretes a nível de restaurantes.
Simone parece ter ouvido pela primeira vez, e sentou-se.
— Abaixo do nossos pés, temos um restaurante para pratos
prontos, servidos na mesa, com musica ao vivo em um ambiente
que vai mais tarde, acima, neste, temos a versão de Antonina do
Barreado do Loco, e ao lado temos o Churrascão do Marques.
— Pelo que foi me passado, teríamos aqui alguém com
experiência em Barreado, alguém com experiência em pratos
específicos e decorados, e alguém com experiência em churrasco.
— Que tipo de carne vamos oferecer? – Simone.
— Corte completo de Alcatra de Búfalo, com
acompanhamento a mesa, um corte deste dá para até 3 pessoas,
para mim daria para 4 pessoas.
— E quem vai fornecer a carne, pois o corte é primordial.
— Temos uma serra de corte de carne na cozinha, a peça virá
inteira, vamos cortar de acordo com a venda.
— E de onde vem os búfalos?
— Uma chácara na região do rio do Nunes, tem mais de 800
cabeças hoje em ponto de corte.
Marta olha para Paulinho e pergunta.
— E qual a ideia sobre o restaurante de pratos prontos a
mesa, pelo jeito nem sei o cardápio.
— Sei disto, o proprietário pretendia inaugurar em uma
semana, mas o Presidente da Republica resolveu pressionar para ser
neste fim de semana, então aceleramos algo que não dá certo
acelerar.
— Certo, tem ideia do cardápio? – Marta.
Paulinho pega um de cada restaurante, apenas o de Barreado
ele estava acostumado.
Marta viu que seria um conjunto de pratos num misto de
frutos do mar e carnes, com vinhos caros, coisas caras e pergunta.
— E este material está no estoque?
— Apenas o que não é muito perecível como os vegetais não
estão, do caviar ao mexilhão, do caldo de carne aos cortes
específicos de carne, do camarão a lagosta.

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Marta sorriu e falou.
— E estamos aqui para que?
— Teremos 3 seleções de cozinheiros, não sei se conhecem
alguém bom nisto e desempregado, estamos contratando.
— O Paulinho está disponível? – Simone provocando.
Paulinho balançou negativamente a cabeça e o senhor falou
olhando o cardápio e perguntou.
— Rodizio?
— Sim, mas Heitor, vamos selecionar hoje aqui, e vai a noite
ver o funcionamento em Morretes, apenas para entender a ideia
toda.
— Inauguramos amanha mesmo?
— No susto.
Paulinho se levantou e apresentou a cozinha de cada um
deles, e foi deixando cada um deles no mesmo, com um grupo de
candidatos que havia chego e estavam a esperar.
Simone olha a estrutura da cozinha e fala.
— Desta vez o dono não é pão duro.
— Mas ele é exigente, acha que consegue separar um pessoal
para hoje Simone?
— Para hoje?
— O dono vai casar na antiga casa da Sinhoca hoje, se estiver
afim de encarar, um buffet diferente hoje.
— Não entendi.
— Sei disto, mas lhe mostro a ideia maluca do dono.
— Quer que selecione então?
— Sim, você que tem de confiar neles, não eu.
— E vai me mostra o local da recepção?
— É só me acompanhar.
A moça segue Paulinho que mostra que abaixo casa, no
antigo terreno, eles fizeram uma grande cobertura a volta, e ali
colocaram cozinha, estoque e preparativos para uma recepção.
Simone olha aquilo e pergunta.
— E este senhor, paga bem?
Paulinho sorriu, e a moça veio atrás, vendo ele subir pela
escada lateral e mostrar a sala da recepção, um grupo de pessoas
estava a arrumar a mesa e as coisas, preparando para o casamento.

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Simone olha para fora pela parede de vidro e fala.
— Ideia simples mas bem executada é outra coisa.
— Simone, é serio, quer receber quanto?
— 4 salários para começar.
— Até quando, pois meu problema com você é sempre
perder a motivação.
— Dinheiro motiva.
— Certo, a regra, funcionamos de quarta a domingo, estamos
oferecendo 8 salários para os diretores inicialmente, é pesado, não
é fácil então se for pular fora, apenas o dono espera a consideração
de o falar antes de pular fora.
— Bom começo, mas sinal que ele quer o melhor.
— Logico, a carne que estará servindo ele produz, então ele
sabe a procedência e qualidade do que tem.
— Desta vez não vamos depender de um fornecedor que
resolve não querer nos fornecer mais, pois quer aumento.
— Simone, regra para todos os fornecedores, estamos apenas
pedindo sinceridade, se eles vão aumentar, precisamos saber antes,
não pela falta do produto.
— Pelo jeito este é de por a parede.
— Sim, ele gosta das coisas bem acertadas, por isto, ninguém
vai acreditar que tudo a volta, que vê pelo vidro em reforma, é ele
tocando.
— Alguém capaz de erguer o que a prefeitura diz não ter
verbas em dias?
— Ele projeta, esta parede estava caindo, ele apenas refez a
estrutura e trocou por uma armação completa, ele cria na
dificuldade, não na facilidade.
— Deixa eu verificar os candidatos, vai ter garçom?
— Sim, vem um grupo de garçons de Curitiba, apenas para
este serviço.
— Por quê?
— O exercito exigiu, o presidente estará presente, e sei que
isto não deixou o noivo calmo, eles não se dão bem.
— Por quê?
— Digamos que ele já sacou uma arma contra o atual
presidente.

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Simone sorri e fala.
— Motivo fútil este! – Ela tirando sarro e descendo a escada e
vendo que ali tinha uma cozinha melhor equipada que seu ultimo
serviço, sinal que quem montara, não estava ainda economizando.
Paulinho soube que a noiva estava no Casarão, então pelo
menos a noiva viria, ele olha para a estrutura e fala com a
organizadora, que explica toda a segurança, ele olha a esquina e vê
um carro do Exercito em cada esquina, discretos, mas lá.
Ele passa na lanchonete e verifica o primo que viera de
Morretes a olhar o lugar e olhar para Paulinho.
— Estoque de primeira, pelo jeito tudo bem organizado, qual
a ideia Paulinho?
— Uma lanchonete, que vai começar a funcionar ainda hoje a
noite, para atender a perdidos e turistas eventuais.
— Pelo jeito é serio.
— Sim, verifica se tudo que está no cardápio está ai, se
estiver, os refrigerantes já gelados, abre as portas e coloca duas
mesas para fora, e liga o pequeno letreiro.
— Não entendi a ideia?
— Ganhar dinheiro, o que mais.
— Certo, vou verificar, está correndo.
— Sim, lembra que estes são hambúrgueres artesanais,
tendem a demorar pelo menos o dobro para assar.
— Certo, estou vendo o cardápio, vou verificar, assim que as
duas moças chegarem, abrimos.
Paulinho atravessa a rua, e olha a associação de Catira e olha
aquele senhor a porta.
— Bom dia, deve se o senhor Roberto dos Fandangueiros de
Ariri.
— Sim, não entendi a ideia?
— Uma associação que mantenha as peculiaridades culturais
da região, e que ensine a fazer os instrumentos como se fazia antes,
dentro de uma associação cultural.
— O local é bom, pensei que era apenas uma salinha, tem até
salão de festas, mas preciso saber o que pretendem.
— Pretendemos manter a cultura local, protegida e divulgada,
mas para isto, a oferta é criar algo assim aqui, mas eu que pergunto,

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J.J.Moreira 6
teria interesse nisto senhor Roberto, pois é uma associação que terá
fundos, mas que pretende defender e organizar, registrando grupos,
musicas, gerando um festival local de Fandangos.
O senhor sorriu, Paulinho confirma com o senhor que começa
a pensar em quem convidaria da região.
Paulinho atravessa para o Café do Marques, olha para a
entrada e viu aquela senhora parada a porta e pergunta.
— Posso ajudar?
— Deve ser Paulo Lima, estou lhe esperando a mais de horas
rapaz, não gosto de ficar esperando.,
Paulinho olha para a senhora, ele também odiava isto, mas
odiava ser cobrado por algo que não marcara.
— No que posso ajudar senhora? – Se repetindo.
— Quero que fique bem claro, que não gostei de ficar
esperando e que isto já põem um ponto negativo no nosso começo.
— Se não posso ajudar em nada senhora, pois passado é
passado, o que quer, já que não tenho tempo para broncas de quem
desconheço ser.
A senhora viu que o senhor não baixou a cabeça e fala pela
terceira vez.
— Não vai dar certo.
Paulinho sorriu e entrou, se ela estava ali, e não falaria, chega
a entrada e vê Matilde que veio da fazenda que lhe olha.
— A senhora ali disse que marcou com ela.
— Acho que ela não sabe com quem está falando, eu não
liguei para ela, não marquei com ninguém.
— Mas ela disse que combinou com o dono.
Paulinho olha para a senhora a porta e fala.
— Se ela cobrar Joaquim Moreira, como ela me cobrou, ele
apenas dá a volta e deixa ela falando sozinha, Joaquim gosta de
gente trabalhando, não se fazendo de atingida por um horário,
quem se preocupa com horário, não se preocupa com produção,
emprego, qualidade Matilde, pois se eu para cumprir um horário,
entregar cru, eu perco, se entregar incompleto, perco, se entregar
errado, perco, pressa é para inglês de escritório ver, não para
produção.
— Eles discordam de você. – Matilde.

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J.J.Moreira 6
— Eles não produzem coisas com prazo de entrega, eles
cobram o prazo.
A senhora olhava para Paulinho e fala.
— Não é Joaquim?
— Não, e se vai reclamar da hora de novo, nem precisa dizer
quem é, pois estou atrasado para uma inauguração antecipada de
uma semana, mas sobrando tempo para estar totalmente atrasado.
— Sou confeiteira, mas pensei que teriam uma profissional
aqui.
— Temos.
— Mas não vi ninguém.
— Sei que não viu, mas o que quer senhora?
— Me indicaram como um local para trabalhar, que precisam
de pessoas com muita experiência em confeitaria.
— Estaria preparada para fazer um teste de analise de
qualidade?
— Tenho minha fama, não preciso fazer teste.
— Não está me facilitando senhora, então quer acesso a uma
cozinha, que nem sabe onde fica, pois está na frente, e não se entra
em cozinhas pela frente, não porque não desse, mas normalmente
aqui estariam limpando para atendimento, somente por seu nome,
o qual não sei quem é?
— Desculpa a falta de educação, Rosália Ditre.
— Desempregada senhora Rosália?
— Querendo voltar a ativa.
— Entendo que deve ter ficado esperando, mas este chá, é
mais para turistas, aqueles que engolem comida, estamos criando
ainda um para um nível maior, mas talvez montemos em Morretes,
não aqui, ou mesmo em Paranaguá.
— E não estão contratando?
— Ainda não, temos de conseguir terminar, um presidente
nos fez correr com as obras, agora temos de tentar ter algo aberto
amanha.
— Não ligaste mesmo para mim?
— Não, quando lhe ligaram?
— Ontem a tarde.

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J.J.Moreira 6
— Ontem a tarde nem eu sabia que estaria aqui senhora, o
presidente anunciou ontem no fim da tarde que viria a inauguração,
somente ai colocamos o adiamento da abertura em Curitiba do
Barreado do Loco e me mandaram para cá, tentar fazer as coisas
funcionarem.
— E o que vai abrir?
— Uma lanchonete, 3 restaurantes, este chá, uma
cooperativa de pesca, um museu náutico, um museu do mate, uma
empresa de turismo náutico, uma loja de lembranças, uma loja de
artesanato, uma pousada, um hotel, uma cooperativa cultural, uma
fabrica de moveis e uma refinadora de açúcar.
Matilde sorri e fala.
— Então nós que estamos atrasados?
— Vocês, a escola de musica, a sorveteria, a segunda
lanchonete lá na esquina da Bento Cego, tenho ainda de verificar a
fábrica de Pescados.
A senhora estava ali e olha Paulinho.
— Não estão precisando mesmo?
— Senhora, não sei nem quanto pretende ganhar, pois somos
uma empresa a beira do mar em Antonina, não é grande coisa ainda.
— Não gosto de demonstrar não estar bem.
— Quer recomeçar sem cobranças senhora? – Paulinho.
— Sim, pelo jeito está correndo.
— Todos estarão se divertindo em uma festa hoje a noite e eu
por obrigação estarei lá com uma vontade de estrar a cama.
— Eu estou precisando trabalhar, esta crise comeu todas as
minhas reservas.
— Quanto senhora?
— 3 salários já ajudava.
Paulinho olha para Matilde e olha a senhora.
— Mas teria de ver se encaixa-se na nossa forma de servir
senhora, somos pelo tentar esquematizar o máximo do sistema,
para que tenha os produtos frescos e prontos na hora que precisa
ter, mas não sei se adaptaria.
— Não contestou o salario.
— Não.
— O que quer como prova?

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J.J.Moreira 6
Paulinho a conduziu a parte alta, e viu ao fundo o barco
encostar no cais novo, e os rapazes levando os cestos ao fundo,
para a indústria de pescados.
A senhora chega a cozinha, ao fundo, se via o vidro para a
baia, a baixo uma linha de mesas na parte externa, a praça inteira a
frente e aquela cozinha de mais de 30 metros quadrados.
Pela primeira vez viu a senhora sorrir, mas fala.
— Temos os produtos do cardápio, não sei se saberia fazer
alguma coisa destas.
Paulinho estava encenando e olha para a senhora olhar um e
apenas olhar para a geladeira, pegar um ovo, separar a gema, criar
o creme, fazer a massa e fazer 12 daqueles doces folhados com
creme de abacaxi.
Matilde experimentou e olhou encantada e Paulinho olha a
senhora e pergunta.
— Quer mesmo o emprego senhora?
— Não estava bom?
— Não disse isto, mas estaria disposta a trabalhar em um
local que funciona de quarta a domingo, sem feriados, pois é
quando o movimento aperta.
— Preciso.
— Então vamos fazer um trato?
— Trato?
— Senhora, não esperávamos ter alguém de nome no balcão
do Café do Marques, mas se autorizar podemos usar seu nome na
publicidade, e com isto, se der certo, aumentar seu salario.
— Me explorando?
— Ainda não, mas se aceitar, ali a frente, tem uma escola de
cultivo e de culinária, se quiser montando uma turma para a
senhora ensinar e pode ser que ganhe mais 3 salários.
— Pensando em me remunerar melhor, mas primeiro
tentamos aqui, não sei muito desta coisas de ensinar.
— Quantos auxiliares você precisa senhora?
— Parece adivinhar meus pensamentos.
— Matilde é da cozinha, mas ela sabe sobre salgados
específicos, que temos no cardápio, aquilo que não é confeitaria.
— Como o que?

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— Se olhar a sala ao lado, tem a parte frituras, que nem
chega perto desta sala.
— Sabe que este lugar é um lugar especial para trabalhar, eu
pensei que teria uma salinha, como sempre, este lugar sente-se a
energia de fora.
— As vezes isto é bom, as vezes, não.
A senhora sorriu e Paulinho pegou a carteira de trabalho da
senhora e perguntou se ela poderia começar por acertar o cardápio
do dia seguinte.
— Vão mesmo inaugurar amanha?
— Quem sabe o proprietário não traz o presidente para
experimentar um doce da senhora Rosália Ditre.
A senhora sorriu e Paulinho se despediu e foi a região da
fabrica de pescados, viu os rapazes limpando os peixes, o embalar a
vácuo e congelar, fazia aquilo se manter o máximo de tempo fresco,
ele verifica o sistema de congelamento, era muito semelhante ao
que tinham na fazenda, mas ali, era para os pescadores terem para
quem vender sua produção por um preço justo sempre.
Ele confirma com o administrador como estavam as coisas e
volta pelo caminho até a parte que tinhas as divisões e viu os
pescadores lá.
— Boa tarde.
— O quer pretende Paulinho. – Jeferson.
— Com o senhor nada, não pesca nada.
Um rapaz ao fundo olha para Paulinho e fala.
— Dizem que quer cobrar para termos um local neste lugar.
— A ideia não é esta, quem está falando mal antes mesmo de
estar pronto?
O rapaz olha para Jeferson e Paulinho olha para ele e fala.
— Me esquece Jeferson, não faz meu tipo.
O rapaz olha assustado para Jeferson que fala.
— Acha que vou lhe deixar tomar a cidade.
— Não, mas para todos os demais, este lugar foi erguido por
Joaquim Moreira, bisneto de Sinhoca Rocha, ele que está
oferecendo um lugar, a ideia de cadastrar as coisas, é para
dividirmos os custos normais, como luz e limpeza, mas não sou eu
que estou propondo isto, é apenas o empresário JJ.

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Jeferson olha para Paulinho e fala.
— Ele não pode ser isto.
— Senhor, se vai continuar atrapalhando, some, o senhor
tentou o puxar para o projeto, você que pulou fora, por sinal, ele
me mostrou que em 3 dias, se fazia o que me enrolou quase dois
meses e não tinha feito basicamente nada.
Um senhor olha o local e fala.
— Um local para nós vendermos para o povo, mas porque da
fabrica então?
— Senhor, se o senhor quiser vender apenas para eles, obvio,
o preço não é o mesmo, pois eles tem de vender, mas garante o dia,
aqui é para fim de semana que tem turista, pois não sei o senhor,
mas meu pai saia todo dia ao mar, terça era o dia que nos
enchíamos de tanto peixe.
O senhor sorriu, o dia a dia, e pergunta.
— E quem vai tocar o local?
— Ele queria uma cooperativa, mas ainda não teve tempo de
propor isto, ele instalou, agora a diferença, é ter onde ter seu
pescado sempre comprado, mesmo quando não tem tamanho
muito bom para o mercado.
Os senhores começam a conhecer as baias e sortear entre
eles, Paulinho sai dali e vai a escola a frente, olha o carro parado de
um rapaz da época da faculdade, em Paranaguá, ele sai do carro e
cumprimenta Paulinho.
— Qual a ideia Paulinho, vi que está agitando a região.
— Quem dera fosse eu, mas quando alguém resolve nos fazer
crescer, temos de apoiar.
— Mas qual a ideia?
— Criar uma linha de ensino sobre criação de mais de 20 tipos
de moluscos, o controle de gaiolas, de reinserção, de isolamento
para começar a criar associações à volta que produzam.
— Uma escola para gerar renda na baia, sabe que esta ideia
parecia uma loucura a 4 anos.
— Sei, mas um investidor resolveu acreditar na ideia.
Os dois conversam e Paulinho fala.
— Nilo, o problema, é que temos os pescadores, eles são
extratores, eles não conseguem me fornecer o suficiente para uma

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J.J.Moreira 6
produção que me gere regularidade de mercado, e sem isto não
existe mercado, eles pagam o que querem.
— Certo, e qual a estrutura que teríamos?
— Este lugar e uma mini fazenda de ostras a baia.
— Onde?
— Lhe mostro.
Os dois saem a frente, atravessam a rua, e começam a
caminhar pelo caminho criado para ir do cais a fabrica, depois de
uns 50 metros, um caminho sobre o mangue surge a direita, e o
rapaz viu que depois de uns outros 50 metros sobre um mangue
recente, se viu as gaiolas ainda vazias.
— Está dizendo que o local é para ensinar, praticar e vender?
— Sim, com o tempo, vamos vender também gaiolas e
estrutura para novos cultivos.
— Quer montar toda a estrutura.
— Eu tenho uma que produz 5 tipos de moluscos Nilo, mas eu
não tenho ainda como gerir 5 tipos isolados.
— Certo, aqui é para os sistemas abertos, e os fechados?
— Estamos começando Nilo, não temos ainda.
— Certo, já é mais do que pensei que teria de estrutura, mas
de quem seria este cultivo?
— Da cooperativa que vai tocar a Industria de Pescados a
frente.
— E teriam como industrializar isto ali?
— Está parte é fácil.
— Pelo jeito pegou um projeto e o abraçou Paulinho, alguns
achavam que viraria garçom o resto da vida.
Paulinho sorriu e começou a voltar e quando entram fala.
— Temos os laboratórios, temos as salas teóricas, as praticas
e as de inseminação.
— Pelo jeito vou ter de estudar para dar aula.
— Aqui é pratica Nilo, não teoria.
— E pelo jeito quer isto para ontem?
— Eu queria poder em Janeiro estar oferecendo as primeiras
turmas.
— Vou falar com uns rapazes, pensei que era algo mais
primário, está falando em um curso real, e qual o custo?

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— O dono deste lugar, acertou com o SEBRAE os cursos, é
para gente que tem já terra a beira mar e quer produzir, eles
vendem o projeto, preço depende do tamanho do que se compra.
— Daremos assessoria?
— Todas pagas.
— Gosto deste seu lado capitalista amigo.
— Fala com os meninos, preciso dar uma posição ao
proprietário, ele quer acertar as primeiras turmas.
— Pelo jeito o lugar está bem diferente do que me lembro.
— Até das minhas lembranças!
O rapaz saiu e Paulinho passa pela escola de musica, não
daria tempo de falar com as pessoas certas, ele chega a porta da
sorveteria e uma moça esperava.
— Deve ser Maria.
— Sim.
— A fim de trabalhar?
— Sim, pensei que não apareceria mais ninguém.
Paulinho entrou pela lateral, passou uma chave para a moça e
pegou seus documentos, explicou o funcionamento e ela começa a
ajeitar as coisas, enquanto ele atravessa a rua e vê o abrir do Museu
Náutico, cumprimentou e se apresentou a moça da recepção, dois
seguranças apenas para olhar mesmo, entrada e saída, nada de
grande impacto ainda, em implementação, mas é que a ideia
principal não tinha chego ainda.
Caminha até a fabrica de moveis e olha que estavam
contratando, estariam em funcionamento na segunda, bom, olha o
hotel ao longe, sabia que ele já estava operando.
Paulinho começa a voltar e olhar em volta e para na fabrica
de artesanato e viu Nina, uma senhora que conhecia ele desde
pequeno lhe olhar.
— Não sei como fizeram, mas parece outro lugar este.
— As vezes eu fico olhando e me perguntando isto.
— O que vai ter ai ao fundo, que ainda está isolado?
— Era para ser uma praça pertencente ao museu, mas ainda
não chegou as perolas da praça.
— Perolas?

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J.J.Moreira 6
— Devem chegar semana que vem, eles instalam e abrimos a
praça a visitação com hora de abertura e fechamento.
—Não entendi.
— Duas Naus de tamanho médio, dois veleiros e 4 pequenas
embarcações, no lugar de ter estatuas, teremos barcos na praça.
A moça sorriu e falou.
— Pelo jeito nem tudo vai ficar pronto.
— Tem de ver que certas coisas, demoram para se
estabelecer o pessoal, os colégios de criames e de musica, são os
que ficam para Janeiro.
— Não entendo a pressa?
— Acho que alguém não queria pensar, apenas isto.
Joaquim sai do banco, e na frente uma leva de repórteres,
agora ele teria de encarar.
— Senhor Joaquim, nos daria uma declaração?
— Não entendi a urgência.
— Estão afirmando que o senhor denegriu um mangue no
litoral para implementar um projeto pessoal.
— Seja mais especifico rapaz, de qual mangue está falando, já
que estou saindo para meu casamento, não para um júri criminal.
— Em Antonina.
— Eu não denegri um mangue, eu criei uma praça, com o
deslocar de material da região para a lateral onde plantamos um
mangue, novo, ainda inicial.
— Então nega a acusação?
Joaquim apenas pede licença e caminha até a Brasília, eles se
perdem vendo aquele senhor em seu terno entrar naquela Brasília,
um monte de pessoas querendo uma declaração e bem quem para
a frente de Joaquim foi alguém que perguntou algo que ele não via
como problema, ele tinha autorização para o fazer.
Ele passa em frente de sua casa, viu que tinha repórteres,
então ele foi a empresa de locação de ternos, e aluga um, sai com
ele, e para o carro na rua de cima, entra no Tasca, Paulo olha ele
passando com o terno e entrar pela parte do fundo, ele sorri.
Joaquim toma um banho, olha as mensagens, se veste, sai
pelo restaurante, sobe a rua e pega a rodovia, agora pronto para o
casamento.

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Roseli sorri e fala.
— Ele não leva nada a serio.
— Acho que ele leva a serio, não entra nesta fogueira que
estão querendo fazer, pensa, eles ficam a frente do banco o dia
inteiro, e na hora, eles não sabem o que perguntar, pois eles não
sabem nada da vida dele, mas os editores mandaram eles para lá.
Carlos ajeita a gravata e o cinegrafista começa a gravar, ele
olhava a câmera e via o programa quando o apresentador chama
ele direto de Antonina e ele fala.
— Sim Rogerio, estamos diante das obras que o presidente
deve vir amanha inaugurar, mas todas as mas línguas da cidade,
falam que naquela grande janela ao fundo, o empresário JJ se
casará hoje na cidade, e muita gente está vindo para a região,
conhecer, saber o que tem aqui, e se deparam com pouca coisa
funcionando, mas já temos um museu, as coisas estão em
implementação.
O repórter em Curitiba olha para a câmera e pergunta.
— E sobre a denuncia dele ter acabado com um mangue?
— As pessoas daqui não parecem ver este recuo como
mangue Rogerio, dizem que ele garantiu a esta parte da cidade,
uma proteção contra mares altas.
— E confirmaram se ele vai mesmo se casar?
— Sim, o juiz de paz da cidade vai estar naquela janela as 20
horas, e muitos se perguntam, como é este empresário, embora
eles o veem nas gravações, não conseguem ver ele nas ruas.
O repórter agradeceu e foi ao vivo para a frente do sobrado
de Joaquim e um repórter de nome Joao ouve a pergunta.
— E dai Joao, ele foi visto por ai?
— Não, dizem que saiu do banco, mas não foi visto aqui, deve
estar indo para Antonina.
O repórter vira-se para a câmera e fala.
— Todo o agito foi gerado pela confirmação do presidente e
do governador referente a uma inauguração amanha em Antonina,
ainda não temos os prospectos do discurso, mas as imagens de
Antonina mostram a construção de um palco, onde o presidente
deve se pronunciar.

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Joaquim estaciona na entrada da Pousada Casarão e olha
Nádia a olhar pela janela dos fundos.
— Veio, pensei que me abandonaria aqui.
— Está linda.
— Acho que nem você esperava esta confusão.
— Eles nem sabem o que está acontecendo Nádia.
— E você sabe?
— Tentando não olhar.
— Paulinho confirmou que está tudo sobre controle.
— Sei, estou vendo os carros da inteligência nas esquinas,
eles acham que estão sendo discretos, imagina se não fossem.
Nádia olha para as esquinas e fala.
— Quem manda querer o presidente no casamento.
— Eu não o convidei, será que ele fica chateado se o
barrarem na porta? – Joaquim.
Nádia sorriu
Joaquim a beija e fala.
— Não atrase muito.
— Pelo jeito ainda agitando.
Ele a abraça e fala.
— Sei que tem coisas que não precisamos antecipar, e eu
estando lá, você fica tranquila aqui.
— Parece tenso.
— O presidente aqui é algo que significa, problemas, então
tenho de me cuidar Nádia.
— Certo, eles podem querer algo.
— Sim.
Joaquim lhe dá um beijo e sai pela porta, ele fizera aquilo,
mas ele queria bem no fundo, que algo parasse aquilo, mas ele
nunca pararia, mas ele se por um lado achava que era o que tinha
de fazer, ele tinha algumas pessoas no seu passado, e obvio, neste
momento ele pensou em Fernanda, uma filha, mas que estava longe,
ele achava que algumas pessoas poderiam parar aquele casamento,
mas ninguém falou, não case, ele sabia que ninguém falaria, a
decisão de casar, veio após a morte de Rita, ele desce as escadarias
e para no bar na descida e pede uma cerveja, ele não iria se

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embriagar, mas dali ele via o agito acima, olhava os repórteres mais
acima, e olha Paulinho sentar ao lado e falar.
— Perdido?
— Um passo que acredito ser necessário, mas... – Joaquim
não termina a frase e toma um gole.
— E vai se embriagar?
— Não, como estão as coisas?
— O Serjão está meio perdido na organização do Hotel dele,
nunca teve presidente hospedado ali, a cidade está em um agito,
com todos os hotéis lotados, gente na região filmando, gente
fotografando, gente descendo para o evento de amanha na cidade.
— Então deve estar em cólicas. – Joaquim olhando Paulinho.
— Nem tento, você colocou tanta empresa fazendo cada uma
das coisas, que não sei o que fazer, apenas verificando, temos algo
que não sei se percebeu.
— O que?
— Rosália Ditre se ofereceu a ser cozinheira do Café do
Marques.
— Tem certeza que é ela? – Joaquim.
— Não a conheço pessoalmente, mas os documentos
confirmam ser ela.
— Ela pediu quanto, pois pensei em custos baixos ali, não
impagáveis.
— Brasil, país onde as pessoas não fazem economia Joaquim,
então ela se ofereceu a trabalhar por 3 salários, não sei se é uma
boa ou uma coisa ruim, mas não teria como não tentar Joaquim.
— As vezes a propaganda afeta a todos, não esquece, eles
esperam que dê certo, um bom sinal.
— E acha que vai dar certo?
— Vamos ter de fazer dar certo, mas para isto, muita calma
no controlar de gastos, mas três salários é o que Matilde está
ganhando.
— Sim, talvez tenhamos de aumentar um pouco este salario
base, mas ainda sem saber se é hora para isto Joaquim.
— E a recepção?
— Vai ser basicamente uma janta na parte baixa, mas não me
falou de Simone.

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— Não pensei em acelerar tanto, e de carne ela entende.
— As vezes ela complica as coisas, mas ela está esperando
este empresário famoso, JJ.
— Vai ser no choque então.
— E resolveu tomar uma cerveja?
— Bom este lugar, não é cais, não é a festa, mas dá para
controlar toda a região.
— Você mudou toda a região, se alguns estavam reclamando,
pelo menos por hoje não estão reclamando.
— Eles sempre tendem a parar um pouco e a culpa é sempre
do novo no local, não da inercia deles.
— Mas se for não casar avisa antes.
— Não disse que não iria casar, mas sei que queria algo
diferente, queria duas vidas, uma calma e uma agitada, talvez três,
onde deixasse o empresário nesta terceira.
Paulinho olha em volta e fala.
— Estranho esta parte cheia de gente, mas até a segurança
na rua está grande, não sei quantos vão vir para a festa?
— Não mais de 40 pessoas, o lugar comporta 200, mas com
convite, somente 40, e sei que não tenho como barrar os sem
convites.
— Porque não? – Paulinho.
— O presidente não está na lista. – Joaquim repetindo a
piadinha, e sorrindo sem graça.
Joaquim paga a cerveja e começa a subir a rua, ele entra e a
moça que não o conhecia, pede seu documento, ele ri, e olha para o
presidente ao fundo.
Os seguranças ficam tensos, mas ali tinham parceiros
financeiros, poucos, a maioria era parceiro econômico, mas ele
chega e aperta a mão de Figueiredo e fala.
— Perdido senhor?
— Apenas fazendo marketing, mas saiba, ainda não gosto de
você Joaquim.
— Um bom motivo para não aparecer presidente.
— Entendi o problema, você despertou a parte boa dentro de
você, mas muitos ainda mandam ficar bem atento a você.
— Perda de tempo, mas a vontade senhor.

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— Vim deixar claro, que de mim não terá facilidades, mas não
terá oposição, vi o que vou inaugurar amanha, sei que nem
conhecia o local, mas é bom associar a imagem a recuperação da
historia e valores de uma cidade, e se alguém que achava que esta
hora estaria morto resolve mostrar o lado bom, e gastar com coisas
que não precisava, vou usar, e nem adianta achar que citarei você
Joaquim.
Joaquim sorri e fala.
— Melhor assim então, não atrapalhamos um ao outro.
Joaquim foi cumprimentar outros e o chefe atual do SNI
chega ao presidente e pergunta.
— Tem certeza ser ele senhor?
— Sim, ele vai casar, ele entrou em um emprego estatal, e
parece investir na legalização, então não temos como ir contra.
— Mas a fama dele é assustadora.
— Garanto, a fama dele é menor do que o que ele fez de
verdade, pois ele passa desapercebido, mas não bobeiem olhando
para ele.
Os rapazes se posicionam enquanto Joaquim chega a frente
de Carlos do Banco do Brasil, ele olha para Joaquim e fala.
— Mandaram eu acompanhar o casamento, parece que
começa a agitar as rodas sociais Joaquim.
Ele sorri, ele não parecia confortável, mas ficou a olhar sem
ver possibilidade de fugir.
Joaquim olha o Juiz de Paz, olha os dois assistentes, confirma
com eles os nomes, agora era esperar a noiva.
Joaquim pareceu esquecer das suas duvidas quando viu Nádia
entrar pela porta, com aquele vestido simples, e vir a ele e fizeram
os juramentos básicos, assinaram os documentos e o noivo beijou a
noiva.
Na esquina, no bar, Priscila olha para a cerimonia ao longe,
seus pensamentos estavam em se valia a bala, ela queria algo
diferente, ela no lugar de ir a festa, entra no carro locado no
aeroporto na Grande Curitiba e volta para a cidade, fechando uma
porta que ela se recusou a abrir, ela parecia mais ligada a Carlos
quando Joaquim estava longe, quando perto, ela parecia sempre

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pronta a uma aventura, dois seres livres, na discordância de se
prenderem um ao outro.
Joaquim olha para os convidados, pouca gente, mas o sorriso
de Nadia era o que parecia importar a Joaquim naquele dia.
Mesmo Figueiredo viu que Joaquim agarrara uma moça
bonita, não era um casamento para todo aquele agito, mas que
parecia agitar muito a pequena cidade.
A recepção na parte baixa, fez os convidados se deliciarem
com algo diferente e no meio do tumultuo, Joaquim e Nadia vão a
pousada, que ainda não havia aberto, estava com quartos
reservados, e com um andar reservado para os demais.
Figueiredo olha para o General Rosa a sua frente.
— Este seu menino parece querer crescer.
— Tentei o desviar a Porto Alegre, mas ele não mordeu a
isca?
— E pretende deixar aquela criança tocando em Poa?
— As vezes a aposta não dá certo, vou queimar uma carta,
odeio isto, mas não tem outra foram.
— Mantém-me sempre informado. – Presidente.
— Muitos acreditam que repressão diminuiu, isto é bom para
o governo.
— Ela diminuiu, não dá para manter um monte de gente no
faz de conta, que só faz merda regional, e sobra para a presidência.
O general se afasta, as vezes estar acima, é não olhar os
peões no tabuleiro, e um dos peões resolveu crescer.
O amanhecer, o sol, muita gente na cidade, o presidente viu
senadores que não teriam como furar a fila de convidados, todos
surgindo na cidade, hora de mostrar-se, políticos incompetentes no
Brasil você só vê em inaugurações grandes, no dia a dia, parecem
fantasmas, não se vê.
O general e presidente Figueiredo, vai a um café na nova
construção, um rapaz da inteligência o explica o que haviam
construído, e tudo que estava no prospecto de inauguração.
Ele para a cafeteria, olha o capricho, pede uma sobremesa e a
senhora, sem entender a mudança, faz uma sobremesa ao
presidente, uma coisa em cidades pequenas, é somar, servi o
presidente da republica.

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Figueiredo estava tomando um café, resolveu caminhar a
procura de outro lugar, mais cedo pois estava cheio de politico no
mesmo hotel, querendo favores.
Ele olha os assessores e com a calma de um dia iniciando,
com o rapaz explicando o mapa que correriam hoje, entendeu,
alguém resolveu fazer empreendimentos naquela pequena cidade,
aproveitou para casar e refez pontos turísticos, diante de suas
pretensões.
O Assessor coloca o prospecto a mesa.

— Nem tudo está pronto senhor, eles estão construindo um


sistema que será aqui, de captação de esgoto de toda a região,
estão construindo uma área para os desfiles do carnaval local, e um
espaço com 4 ginásios, mas a criação de ostras está quase toda
instalada, eles adquiriram 6 navios de pesca para sair pela baia a
fora e pescar, e 10 novos barcos menores para o interior da baia,
construíram um galpão de limpeza dos pescados, e de
processamento do mesmo, criando uma cooperativa de pesca e
processamento de pescados na região.
— Gerando empregos?
— Sim, eles criaram também uma associação cultural de
Catira, musica local, uma fabrica de moveis, para isto eles plantaram
partes degradadas na entrada da cidade com Vimeiro, para terem
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uma fabrica voltada a um produto passível de produção, soube que
estão investindo também em bambus, de três tipos, temos dois
hotéis e uma pousada, 4 restaurantes, dois museus, uma
processadora de açúcar, encostada em uma produtora de camarão
e ostras, conjunto a uma produtora de aguardente para exportação.
O presidente pede para parabenizar as cozinheiras, pois tanto
o salgado como o doce, estavam dignos de uma doceria famosa.
Entendeu o complexo criado ali, e quando o presidente sai no
sentido da fabrica de açúcar, os repórteres já estavam todos lá, ele
não viu Joaquim ali, um administrador, e toda uma serie de
produção, para ele era politica, as vezes mudar a visão de governo
militar.
Depois lançou a pedra fundamental do Sambódromo e Área
Desportiva, foi a parte que era saneamento básico, depois os
museus, e por fim um discurso na praça remodelando uma parte
abandonada da cidade de Antonina.
As inaugurações eram referente a áreas publicas, não aos
restaurantes e comércios, a cidade estava um agito quando todos os
restaurantes começaram a encher na hora do almoço, e Figueiredo
pede para falar com Joaquim, eles marcam no Tasca do Marques de
Herval, o presidente viu Joaquim, ele estava com a esposa e fala.
— Sabe que agitou um local que não conhecia do país.
— Cidades pequenas existem aos montes no país presidente,
existem mais cidades do que dias de mandato de um presidente.
Joaquim viu a conversa ir a futilidades, ele pede uma pinga de
Morretes, ele ainda não tinha uma aguardente destas, sabia que o
presidente apreciava uma boa pinga, eles começam a falar
futilidades, alguns jornais fotografavam ao longe, a noticia de
muitos jornais da segunda, que dariam a ida do presidente ao
casamento de um empresário que crescia ao sul do país.
Joaquim casado, era o acalmar de Louco, o estabelece de
anos mais estáveis, em crescimento deste empresário, marginal e
mulherengo senhor.
Continua em Guerra e Paz...

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