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O Som de 2 Coelhos
O Som de 2 Coelhos
br
RIO VERÃO
FESTIVAL 2012
Sonorização de evento realizado no RJ tem sistema EAW e consoles Digi e Yamaha
TESTE
AUDIX D6 E L5
Dois dos mais conhecidos microfones
da fabricante norte-americana
CAMAROTE ANDANTE
Monitoração independente é destaque
em novo trio de Carlinhos Brown
TÉCNICAS DE MICROFONAÇÃO
2 COELHOS
Som é destaque em longa-metragem de Afonso Poyart
áudio música eGravando
tecnologiaVoz
| 1
2 | áudio música e tecnologia
áudio música e tecnologia | 3
ISSN 1414-2821
EdITORIAL Áudio música & Tecnologia
Ano XXIV – Nº 247 / abril de 2012
Você deve estar perguntando: e o que isto tem a ver com o áudio e a música? Num primei- COLABORARAm NESTA EdIÇÃO
Alexandre Cegalla, daniel Raizer, Enrico de
ro momento, parece que não temos nada a ver com essas catástrofes. Ora, a culpa é do
Paoli, Fábio Henriques, Fernando Barros,
desmatamento, do crescimento desordenado das cidades, da quantidade cada vez maior Lucas Ramos, Luciano Alves, Omid Burgin,
de automóveis. Mas se pensarmos bem, ainda que em pequena escala, nossas atividades Ricardo Gomes e Toshiro.
– e nossas atitudes – também acabam interferindo no meio ambiente.
REdAÇÃO
Bruno Bauzer, marcio Teixeira
A cultura do consumo faz com que busquemos sempre mais alguma coisa além daquilo e Rodrigo Sabatinelli
que já temos. A economia mundial é movida pelo consumo, porque é necessário aumentar redacao@musitec.com.br
os lucros – produzir mais para vender mais. Obviamente, se um produto pode melhorar cartas@musitec.com.br
ou facilitar nosso trabalho, ele passa a ser uma necessidade. O problema não é o fato
dIREÇÃO dE ARTE E dIAGRAmAÇÃO
de comprarmos novos produtos, mas sim de desejarmos produtos que nem precisamos. Client By - clientby.com.br
Quando substituímos um equipamento por outro mais novo, geralmente o antigo “perde” Frederico Adão e márcio Henrique
sua utilidade e acaba se tornando um resíduo. Felizmente, a onda vintage tem ajudado a
assinaturas
reaproveitar algumas coisas “velhas”, tornando novamente úteis aqueles instrumentos e
Karla Silva
equipamentos que iriam injustamente para o lixo. assinatura@musitec.com.br
Produtos novos são aqueles que trazem efetivamente novos recursos, melhor qualidade ou Distribuição: Eric Baptista
mais eficiência. Em muitos casos, a novidade é apenas no design, como os novos faróis de
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um automóvel ou a cor prata de um celular. É só fashion. A necessidade de colocar sempre mônica moraes
um novo produto no mercado faz com que muitas indústrias estabeleçam programas de monica@musitec.com.br
obsolescência que nada têm a ver com a vida útil de seus produtos.
Impressão: Ediouro Gráfica e Editora Ltda.
Quanto mais aparelhos eletrônicos são jogados fora, maior é a quantidade de resíduos e Áudio música & Tecnologia
danos ao meio ambiente. Como boa parte do que se descarta ainda não é ou não pode é uma publicação mensal da Editora
ser reaproveitada, a consequência no futuro será a escassez de algumas matérias-primas. música & Tecnologia Ltda,
CGC 86936028/0001-50
Insc. mun. 01644696
Como usuários, precisamos ser mais conscientes, buscando os produtos que realmente Insc. est. 84907529
precisamos e cobrando das indústrias equipamentos que possam ter sua vida útil prolon- Periodicidade mensal
gada, por exemplo, atualizando o seu software interno.
ASSINATURAS
Est. Jacarepaguá, 7655 Sl. 704/705
Como profissionais, devemos estar sempre atentos em relação aos nossos procedimentos. Jacarepaguá – Rio de Janeiro – RJ
Quando não estamos usando alguns equipamentos, então é melhor mantê-los desligados. CEP: 22753-900
Isto reduz o consumo de energia (e o que pagamos por ela!) e o calor no ambiente. Além Tel/Fax: (21) 3079-1820
(21) 3579-1821
de aumentar a vida útil dos aparelhos.
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Como projetistas, podemos repensar alguns conceitos. Estúdios são caixas fechadas, mas Ag. 1804-0 - c/c: 23011-1
não é tão difícil assim usar iluminação natural. Existem técnicas que permitem melhorar o
Website: www.musitec.com.br
isolamento térmico, reduzindo o consumo do ar condicionado. Também é possível reapro-
veitar determinados materiais na confecção de painéis para tratamento acústico. distribuição exclusiva para todo o Brasil pela
Fernando Chinaglia distribuidora S.A.
Fazer as coisas de uma forma diferente sempre dá algum trabalho, mas os resultados Rua Teodoro da Silva, 907
compensam. Pequenas atitudes realizadas por muitas pessoas podem resultar em gran- Rio de Janeiro - RJ - Cep 20563-900
des consequências. Como disse Ghandi, “O que você faz pode parecer insignificante,
Não é permitida a reprodução total ou
mas é importante que você faça”. parcial das matérias publicadas nesta revista.
58 Teste
Audix d6 e L5
62
Alexandre Cegalla
72 Perfeita igualdade
No longa-metragem 2 Coelhos, áudio
e imagem têm valor semelhante
Fernando Barros
Bola dentro
Estádio carioca tem sonorização de primeiro 82 Folia no camarote
mundo em festival com grandes nomes da música Carlinhos Brown apresenta trio elétrico que esbanja
Rodrigo Sabatinelli tecnologia
Fernando Barros
Tim Vear, engenheiro sênior da Shure que, desde 1984, presta suporte técnico e treinamento para múltiplos depar-
tamentos da empresa, é um dos nomes confirmados na feira. Na ocasião, ele falará sobre o passado, o presente e
o futuro dos sistemas de rádio-frequência. O tema ministrado por ele no encontro será “Por onde nós passamos e
para onde estamos indo com sistemas de rádio para produção de áudio”.
De acordo com a empresa, o pacote deve beneficiar desde técnicos, músicos e produtores que acabaram de
montar seu primeiro setup caseiro – e querem fazer os seus primeiros temas com instrumentos e processadores
virtuais – aos maiores profissionais do setor.
O rock brasileiro será representado por bandas como Sepultura, Secos & Molhados, Legião Urbana, RPM, e cantores
como Rita Lee, Arnaldo Baptista, Raul Seixas e Cazuza. Diferentes movimentos, como Jovem Guarda, Tropicalismo,
Clube da Esquina, Invasão Nordestina, Metal Paulista, Rock Gaúcho, Mangue Beat e Skate Rock, que fizeram a cabeça
da geração dos anos 1970, 1980 e 1990, também serão retratados na exposição.
Para os brasileiros que desejam comprar suas ações, o primeiro passo é ter uma conta bancária aberta
nos Estados Unidos. No momento, nomes como Harman, Yamaha, Casio, Roland, entre outros, também
operam em bolsas de valores.
O mixer pode receber sinais de toca-discos, aparelhos de CD e de MP3. É possível operá-lo controlando quatro decks
de software ou dois decks de software e mais dois canais de áudio externo. Com suporte a timecode, o N4 permite usar
aparelhos de CD ou toca-discos para controlar softwares de DJ a partir de discos e CDs com timecode.
Características principais:
divulgação
Vem com os software Serato DJ Intro e VirtualDJ LE (versão de quatro decks)
Mixer com controles de EQ, loop e efeitos
Pré-configurado para o TRAKTOR PRO 2
www.numark.com
NOVO SUBWOOFER
Novo subwoofer ativo da D.A.S., o Convert 18A foi criado para comple-
divulgação
O subwoofer possui duas entradas balanceadas com conexões de saída estéreo fil-
tradas para as caixas satélite. O corte de graves pode ser ajustado de 60 Hz a 160
Hz e pode ser cancelado para uso em conexões estéreo em “loop thru”. Há ainda
um controle de ganho e uma chave de inversão de polaridade.
www.decomac.com.br
www.dasaudio.com
Divulgação
o ruído. De acordo com o fabricante, o TubePre V2 oferece mais
opções de sonoridade e uma saturação de válvula com mais foco
do que o modelo anterior porque emprega um circuito classe A
XMAX seguido do estágio valvulado com uma 12AX7. O TubePre
V2 pode operar também como uma DI box para guitarra ou bai-
xo, graças às entradas separadas de instrumento e microfone.
Com dimensões de 1/3 de rack, o painel frontal do TubePre V2 contém os controles de ganho e de saturação e quatro chaves
(corte de graves, inversão de fase, alimentação phantom e seleção de entrada de instrumento). Há ainda um VU de ponteiro,
com iluminação. No painel traseiro há uma entrada não balanceada para instrumento e outra balanceada para microfone,
assim como uma saída balanceada e outra não balanceada. A fonte de alimentação é externa.
www.quanta.com.br
www.presonus.com
O novo op-amp é uma versão aprimorada do NJM4580 e utiliza uma tecnologia adi-
cional derivada da série “MUSES” de chips da New Japan Radio, que, de acordo com a
empresa, melhora a separação de canais e deixa o campo estéreo mais claro, dando
mais realidade às gravações multipistas e mixagens para estéreo.
Divulgação
www.habro.com.br
www.mackie.com
Características principais:
Divulgação
TS112W
Falante de 12”; driver de neodímio de 1”
Amplificação: 800W de pico (670W nos graves + 130W nos
agudos); 400W contínuos (335W + 65W)
Resposta de frequências (±3 dB): 65 Hz a 19 kHz
ARTURIA mINIBRUTE
divulgação
O MiniBrute é o mais novo sintetizador em hardware da
Arturia, com sinal monofônico totalmente analógico e uma
estrutura clássica, comum à maioria dos synths desta ca-
tegoria. Ele possui um oscilador VCO, com um mixer que
permite dosar o nível de cada uma das cinco formas de
onda e mais uma entrada de sinal externo, um filtro con-
figurável (LP, BP, HP ou Notch) com tracking e ajuste de
ressonância, dois LFOs e dois geradores de envelope ADSR.
Além de um arpejador, o MiniBrute oferece alguns recursos
incomuns, tais como o Metalizer, que enfatiza harmônicos
da onda triangular, o Ultrasaw, que soma três ondas dente
de serra, e o Brute Factor, que produz saturação.
Características principais:
divulgação
www.equipo.com.br
www.sennheiserusa.com
Live X
noVa linHa de CaiXaS aCúStiCaS
atiVaS e paSSiVaS da eleCtro-VoiCe
Fotos: divulgação
Apresentada pela Electro-Voice no final de 2011, a nova linha de As caixas ativas têm as mesmas características que as passivas,
caixas acústicas Live X é direcionada para sonorização profissio- mas possuem bi-amplificação em classe D, com crossover de
nal de pequenos e médios ambientes. Com versões amplificadas 24 dB/oitava. Os amplificadores não utilizam ventoinha e têm
e passivas e também um subwoofer, a nova série promete qua- proteção para os transdutores. A amplificação possui dois modos
lidade e desempenho tanto para PA quanto para monitoração. de operação, apropriados a diferentes tipos de aplicação: Nor-
mal, indicado para monitoração de vocal ou para amplificação
Construídas com madeira sólida, de acordo com o fabrican- de voz, e Boost, recomendado para reprodução de música em
te, as caixas são mais leves do que os modelos correspon- geral e conteúdo de áudio que re-
dentes feitos em material plástico e por isto são fáceis de queira realce nos graves e agudos.
transportar e instalar. O design do gabinete permite que as As caixas ativas ainda oferecem um
caixas sejam usadas tanto suspensas em tripé ou pedestal, filtro passa-altas (100 Hz) que pode
em sistemas de PA portáteis, como também posicionadas ser ativado quando elas são usadas
diretamente no chão, para aplicações de monitor. junto com subwoofer. A linha Live X
também dispõe de dois modelos de
A linha Live X é composta de modelos de duas vias dotadas subwoofer (ativo e passivo), ambos
de driver de titânio de 1.5” e ângulo de cobertura de 90° (H) com um falante de 18”.
x 50° (V), com ampla resposta de frequências e alto nível
de pressão sonora. Um dos modelos possui dois woofers e
melhor resposta de graves. www.electrovoice.com
Fireface UCX
Solução integrada para estúdios
Divulgação
A Fireface UCX é a nova interface de áudio da RME, e promete conexões digitais, a Fireface UCX conta com dois pré-amplifi-
ser a solução integrada em formato compacto para estúdios e cadores de microfone e entradas MIDI e wordclock.
gravações ao vivo. Segundo a fabricante, ela é uma combinação
das interfaces Fireface UC, Fireface 400 e a Babyface e pode No painel da frente, estão as duas conexões XLR para os prés
gravar com taxa de amostragem de até 192 kHz. A interface de microfones (entradas 1 e 2), phantom power, LEDs para
mede a metade da largura de um rack de 19 polegadas e é indicar sobrecarga do nível do sinal, duas conexões P10 ba-
portátil o suficiente para ser levada em gravações externas. Ela lanceadas (entradas 3 e 4), saída de fones de ouvido (saídas
vem também com um controle remoto e o software TotalMix 7 e 8), botão para selecionar cada canal e o seu respectivo
FX, que funciona como um mixer virtual, com controles de pan nível de sinal, além de LEDs para indicar que canais/cone-
e volume, equalizador, compressor e efeitos para cada canal. xões estão sendo usados. No painel traseiro, se encontram
O programa permite ainda roteamento de sinais para todas as as conexões P10 balanceadas das entradas analógicas 5 a 8,
entradas e saídas físicas da interface, além de nove submixes as saídas analógicas 1 a 6, chave de liga/desliga, além das
estéreos e um mecanismo que protege os monitores contra conexões de MIDI, wordclock, Firewire 400, USB 2.0, ADAT
eventuais sobrecargas nos níveis de sinal. Outro software que (entrada e saída) e SPDIF coaxial (entrada e saída).
vem com a interface é o DIGIcheck, que mede, testa e analisa
os sinais de áudio digital, calculando os níveis em RMS e pico. A Fireface UCX vem com drivers para Windows 7, Vista e XP
Service Pack 2 (32 e 64 bits) e Apple Mac OS X 10.5 ou su-
Para gravações com taxas de amostragem de 44.1 kHz e 48 perior. Os requisitos mínimos do computador para a operação
kHz, a interface oferece oito entradas e oito saídas analógicas, da interface são os seguintes: processador Pentium Core2
e 10 entradas e 10 saídas digitais, totalizando 18 entradas e Duo e conexões Firewire 400 e Firewire 800 (esta última ne-
18 saídas. Nesse caso, são 36 canais de áudio no total, que cessita de um cabo adaptador para ligar na interface). Para
podem ser usados ao mesmo tempo e gravados em 18 trilhas quem desejar um controle remoto com mais opções, a RME
separadas. Já para gravações em 88.2 kHz e 96kHz, a Fire- oferece o Advanced Remote Control (ARC), que comanda as
face UCX disponibiliza um total de 28 canais (oito entradas e principais funções da interface e do software TotalMix FX. O
oito saídas analógicas, e seis entradas e seis saídas digitais), ARC é vendido separadamente.
enquanto que para taxas de amostragem de 176.4 kHz e 192
kHz, ela oferece 24 canais (oito entradas e oito saídas analó- www.uminstrumentos.com.br
gicas, e quatro entradas e quatro saídas digitais). Além das www.rme-audio.de
Me lembro bem que saí do teatro, “corri para o Google” e, para minha surpresa, descobri que o cara já era
uma estrela, pronta para bilhar. Saga, o tal EP, era cultuado por um sem número de pessoas, e, nele, havia,
ainda, outras lindíssimas canções de sua autoria, como, por exemplo, a dramática Crime Passional e o sambi-
nha Roupa Do Corpo, além da faixa-título, que, pouco depois, seria fisgada pela emissora do “plim-plim” para
fazer parte da trilha-sonora de uma de suas novelas.
Descobri, ainda, nesse meio tempo, que, em breve, uma grande gravadora lançaria seu CD. Fiquei com
receio de que tentassem, de alguma maneira, interferir negativamente em sua obra, mas relaxei quando
soube que Paul Ralphes estaria à frente do projeto junto a outro grande músico e produtor, o baixista
Dadi Carvalho, ex-A Cor Do Som e Barão Vermelho. Quando Fôlego “nasceu”, corri para as lojas. Queria
“saboreá-lo” o quanto antes, e assim o fiz.
Gravado por Guilherme Medeiros em estúdios como Paulinas (SP), ACIT (RS), Companhia Dos Técnicos
e Corredor 5 (ambos no RJ), mixado por Vitor Farias no One Studio (também no RJ) e masterizado por
Carlos Freitas no Classic Master (SP), o disco trazia novas versões para algumas das canções de Saga
e muitas surpresas autorais, dentre elas, a “jazzy” Johnny, Jack & Jameson, a “buckleyniana” (Para os
entendedores, a colocação faz todo sentido) Redoma, o blues+samba Juro Por Deus e o tango Gardênia
Branca, todas donas de interpretações únicas, tocantes.
Somente estas canções – e a maneira como foram registradas – bastariam para que o álbum tivesse tamanho
valor para mim, mas Filipe foi além e, numa só tacada, prestou seu tributo a pelo menos dois outros grandes mes-
tres: Zé Ramalho e Nei Lisboa, “figurantes” nas releituras de Ave De Prata e Rima Rica / Frase Feita, respectiva-
mente. No trabalho, também foram “relidas” Garçon, de Reginaldo Rossi, 2 Perdidos, de Dadi e Arnaldo Antunes,
Alcoba Azul, de Hernán Bravo Varela, Nescafé, do grupo Apanhador Só, e Dia Perfeito, do Cachorro Grande, outras
boas pedidas de uma incontestável estreia. Parabéns, cantor! Finalmente, consegui falar de você!
FÁBRIKA DO SOM
O
amor pela música e a grande dificuldade possível acomodar, com conforto, cerca de 30 mú-
de conseguir um bom estúdio de gravação sicos”, garante Agnel. Além da Vip, o estúdio possui
em Várzea Grande, município do Estado do mais dois ambientes de gravação – uma sala isolada
Mato Grosso, foram dois dos motivos que leva- para gravação de violão e voz, e uma sala técnica
ram Agnel Bueno Velozo e um grupo de amigos para mixagens em 5.1. Apesar de serem menores,
a criarem, juntos, o Fábrika do Som. Referência essas salas são totalmente interligadas, permitindo,
no Centro Oeste do país, o estúdio, que existe há com isso, que uma produção iniciada em um dos
15 anos, é considerado, segundo o proprietário, o ambientes seja finalizada em qualquer outro.
melhor da região, atendendo a 90% do mercado
local sob o certificado MPE Brasil 2010. As gravações realizadas no local são feitas em um
Pro Tools HD3, controlado por uma C24, da DigiDe-
CONFORTO NA SALA VIP sign. Na plataforma “rodam” softwares como o Sonic
Solution e o Finalizer Plus. A monitoração das salas é
A principal sala do Fábrika é a Sala Vip. “Nela, é feita por meio de caixas JBL e Tannoy, que, segundo
divulgação
divulgação
Ampla, a Sala Vip é a principal do Fábrika e acomoda cerca de 30 músicos
mike diniz
o proprietário, “têm grande qualidade de resposta e nheiro Carlos Duttweller, da Pro Studios de São
estão entre as mais modernas caixas do mercado”. Paulo. Nele, foram utilizadas estruturas em madei-
ra de lei para paredes e teto, lã de rocha de alta
Outro diferencial do estúdio, ainda de acordo com densidade e painéis acústicos com lâminas de lã
Agnel, é a grande variedade de microfones “duros” de vidro e revestimento em tecido sintético.
ou ultra-sensíveis – para a captação de
baterias e de orquestras de cordas – e
de pré-amplificadores, que servem para
o processamento de timbres destes e ou-
tros instrumentos.
divulgação
bass traps ou outros sistemas”.
Agnel conta que tem a intenção de investir pesado quais consideramos nossos amigos”, diz ele.
em tecnologia e capacitação profissional, a fim de,
a cada dia, poder oferecer ao público serviços de Mas os investimentos não devem parar por aí. Ainda
maior qualidade. “Vamos capacitar nossa equipe de acordo com o proprietário, “estão em pauta a subs-
por meio de cursos especializados e queremos, tituição do Pro Tools HD 3 por um modelo HDX e as
ainda, trazer produtores de outros estados, o que aquisições de um conversor Apogee Rosetta 800 e um
vai enriquecer o trabalho de nossos clientes, os compressor multibanda TubeTech”, encerra.
LISTA DE EQUIPAMENTOS
divulgação
PoP, jazz, Soul e
blueS À mineira
Gabriela Pepino e Gerson Barral, proprietário do Ultra Estúdio
G
abriela Pepino é uma cantora de voz bastante pe- maneira objetiva, demonstrou sua admiração pela cantora,
culiar. Fã da soul music que invadiu o mundo nos da qual tornou-se fã após masterizar o trabalho.
anos 70, entre outros gêneros, a artista diplomada
na Berklee College Of Music acaba de es-
trear no mercado fonográfico com um CD que
divulgação
vem chamando a atenção de muita gente. Pro-
duzido pelo guitarrista Gilvan de Oliveira – que,
ao lado dela, também assina os arranjos –, Let
Me Do It, o trabalho em questão, foi gravado,
editado e mixado pelo paulista Henrique Soares
no Ultra Estúdio, um dos mais respeitados de
Belo Horizonte, e masterizado por Tom Coyne
no Sterling Sound, em Nova York.
CAPTAÇÃO RICA EM POSSIBILIDADES Nos overs de pratos e na sala, usamos um mix de AKG
C 414 e Neumann U87, TLM103 e PZM AT. Como temos
Henrique Soares: Na gravação, contamos com um super muito recurso de sala no Ultra, os overs de pratos ficaram
time de músicos. Na bateria, tivemos o experiente Lincoln em direção a eles, em, mais ou menos, 40 cm. Já os overs
Cheib, que toca com Milton Nascimento; nos baixos, Eneias de sala foram colocados na frente da bateria, fazendo uma
Xavier, Adriano Campagnani e Felipe Fantoni; nos violões e imagem L/C/R, enquanto o PZM foi posicionado no chão, ao
nas guitarras, Gilvan de Oliveira, também produtor do dis- fundo do ambiente. No prato de condução, ficamos com um
co, e, no piano acústico, no Rhodes e no Hammond, Felipe AKG C 415, voltado para a sua borda.
Moreira. Também contamos com um trio de metais formado
por Paulo Costa, Wagner Mayer e Vinicius Silva, e, ainda, No baixo, foram usados os AKG C 12 e D 112, além da linha
com a participação da Orquestra de Cordas do SESI-MINAS. do instrumento. O C 12 foi colocado a uns 10 cm do cavalete
do instrumento, enquanto o D 112 ficou quase encostado
em seu corpo, em frente à sua saída de ar. Nos violões de
divulgação
aço e nylon, usamos um par de Neumanm U87, sendo um
deles entre a boca e a 12ª casa, de acordo com a resposta
do instrumento, e o outro fazendo um cancelamento de fase
para equilibrar o som de acordo com a música. Para a guitar-
ra usamos os Shure SM57 e o Sennheiser 441 em paralelo,
usando o 441 para o centro do falante.
Ray Trace
Reflexões
primárias
e RT60
não é tão simples assim. Ao mesmo tempo em que junto dessas reflexões se chama early reflections
o som atinge, em linha reta, os ouvidos do técnico, ou reflexões primárias.
através do tweeter, ele também atinge, em linha
reta, as superfícies mais próximas, refletindo suas Para complicar um pouco o nosso projeto, o som
ondas que retornam em direção ao técnico. Sendo continua se refletindo por toda a sala, em todas
assim, o técnico estará ouvindo duas vezes o mes- as superfícies, voltando ao ouvido do técnico por
mo som, primeiro o som direto (emitido da fonte) diversas vezes. Este conjunto de reflexões fica
e, em seguida, o som derivado das primeiras re- cada vez mais denso e perde rapidamente volume.
flexões. Em termos de tempo, estamos falando de
Eventualmente, estaremos diante de um campo
uma fração de um segundo entre o recebimento dos
reverberante e não mais de reflexões isoladas. O
dois sons. Aliás, estamos falando de uma fração de
tempo decorrido até a última reflexão audível se
um milésimo de segundo! Essa distância de tempo
chama RT60, ou simplesmente tempo de reverbe-
entre o som direto e a primeira reflexão se chama
ração. É nada mais que o tempo que o som leva
initial time delay gap ou simplesmente ITDG.
até diminuir o volume em até 60 dB com relação
ao som direto. Nesse momento, podemos dizer
que as reflexões (se ainda existirem) se tornam
Curiosidades
inaudíveis aos ouvidos do técnico. Mas falaremos
É através das primeiras reflexões que uma pessoa pode
sobre isso depois, porque agora o que importa
avaliar o tamanho de uma sala, e como os morcegos (e
mesmo é a primeira reflexão!
até alguns cegos) se orientam.
Reflexão
As Reflexões
Ray Tracing:
mas pessoas têm mais facilidade de realizar um pro- ção deverá ser marcada com um pedaço de fita crepe. Você
jeto inicial, no papel, já outras preferem fazer tudo acaba de encontrar o começo da área onde você terá pro-
diretamente na prática, com o método laser-espe- blemas com as primeiras reflexões. Agora precisa somente
continuar, até encontrar o ponto que essas reflexões do
lho, conforme verificaremos! É interessante saber
laser não sejam mais vistas pela pessoa sentada no sweet
as duas maneiras, porque elas se complementam.
spot. Assim que tiver a certeza de que estas reflexões não
Mesmo com o projeto inicial em mãos, é necessá-
são mais visíveis, você deverá marcar o segundo ponto.
rio verificar a execução por meio do método laser-
Desta forma, você acaba de mapear e delimitar a área que
-espelho! No mês que vem, continuaremos com um
precisa ser tratada. Feito isto, não se esqueça de fazer o
tópico também prático: o layout de um estúdio de
mesmo procedimento para o teto, Boa sorte!
gravação. Antecipamos o assunto, porque é a partir
do layout que começaremos um projeto de ray tra-
cing. Espero você na próxima edição! Até lá!
Omid Bürgin é compositor, projetista acústico e produtor musical. Fundou a Academia de Áudio (www.academiadeaudio.com.br), que oferece cursos
de áudio, produção, composição e music business e dispõe de estúdios para gravação, mixagem e masterização. E-mail: omid@omid.com.br.
CAPA| Lucas Ramos
Em CASA
EQUIPAMENTOS
PARA UM
HOME STUDIO
PARTE VI: INTERFACES DE ÁUDIO: ESPECIFICAÇÕES
- Linha:
• Nível de sinal: alto (aprox. 300 mV)
• Impedância de entrada: 10 kΩ
• Conector: TS/TRS (conhecido como “bana-
na”) ou RCA
• Exemplos: teclados e synths, mixers e me-
sas, tocador de CD/CDJ, pré-amplificadores,
processadores (compressores, EQ etc.)
- Microfone:
• Nível de sinal: baixo (1,5-70 mV)
• Impedância de entrada: 1 kΩ Conexões Analógicas: 1 – TS/TRS;
2 – XLR; 3 – Combo; 4 – RCA
• Conector: XLR (conhecido como “cannon”)
• Exemplos: microfones
• Nível de sinal: médio (400 mV) Além das duas saídas para os monitores (caixas
• Conector: TS (conhecido como “banana”) ser necessárias em um estúdio. Por isso, é impor-
• Exemplos: guitarra, baixo, violão elétrico tante considerar as suas necessidades em relação
(instrumentos que utilizam captadores) ao número de saídas na hora de escolher a in-
terface ideal. Vamos conhecer algumas possíveis
Há interfaces que utilizam entradas do tipo “com- necessidades para as saídas de uma interface:
bo”, que podem ser utilizadas com conectores
XLR de cabos de microfone ou conectores TS (ou - Mandadas de fone – As mandadas de fone
TRS) de cabos de equipamentos ou instrumentos. são usadas para enviar o sinal para os amplifi-
cadores de fones dos músicos, para estes moni-
Também é preciso saber quantos canais (de en- torarem durante a gravação (similar aos moni-
trada e saída) você precisa na sua interface. Em tores de palco). Cada mandada de fone requer
relação aos canais de entrada, não é muito com- uma ou duas (mono ou estéreo) saídas de linha.
- Inserts – Uma saída e uma entrada. Se você capazes de transferir dois canais por conexão.
MAIS CONEXÕES?
É bom lembrar que é possível que você queira expandir a infraestrutura do seu estúdio mais pra frente, e
isso provavelmente significará um aumento no número de entradas e saídas do seu sistema. Há interfaces
que dispõem de drivers que permitem utilizar mais de uma interface ao mesmo tempo (geralmente até
quatro delas), podendo, assim, aumentar o número de entradas e saídas.
Esse tipo de ligação “em cadeia” é conhecido como “daisy chain”. Outra opção para aumentar o nú-
mero de conexões (entradas e saídas) é utilizar as conexões digitais (como ADAT ou MADI). Se a sua
interface já tiver outras conexões digitais ou um driver que permita utilizar mais de uma interface,
isso diminuirá o custo de uma expansão futura.
S/PDIF MIDI
Número de canais: 2
Conector: S/PDIF coaxial (igual ao RCA) Embora não transfira dados de áudio, outra cone-
ou S/PDIF óptico (Toslink) xão digital que pode ser útil para um home studio
Aplicação: CD/CDJ, DAT, MiniDisc, Efeitos etc. é a MIDI, e muitas interfaces de áudio dispõem de
entradas e saídas MIDI. Apesar de a maioria dos
AES/EBU dispositivos MIDI de hoje utilizarem uma conexão
Número de canais: 2 USB, muitos (especialmente os mais antigos, como
Conector: AES/EBU (igual ao XLR) guitarras MIDI, módulos de som, samplers etc.) pre-
Aplicação: conversores, gravadores multipista, cisam de uma conexão MIDI. Portanto, se você tiver
efeitos etc. necessidade de entradas e saídas MIDI, pode ser
prático ter essas conexões na sua interface.
ADAT (Toslink)
Número de canais: 8 canais em até 48 KHz,
ou 4 canais em até 96 KHz (conhecido como S/MUX)
Conector: óptico (Toslink) tputs) são especificações muito importantes de
Aplicação: ADAT, gravadores multipista, uma interface de áudio, pois sem as conexões de-
pré-amps, conversores etc. sejadas não é possível fazer as ligações necessárias
no seu estúdio. Porém há outros aspectos que tam-
MADI bém devem ser considerados na hora de escolher
Número de canais: a interface ideal para o seu home studio, pois irão
44,1 KHz – 64 canais afetar a qualidade das suas gravações diretamente
48 KHz – 56 canais (como os conversores e pré-amplificadores). Mas
88,2 KHz – 32 canais isso vai ter que ficar para a próxima edição!
96 KHz – 28 canais
176,4 KHz – 16 canais Mês que vem tem mais... até lá!
192 KHz – 14 canais
Lucas Ramos é tricolor de coração, engenheiro de áudio, produtor musical e professor do IATEC. E-mail: lucas@musitec.com.br
GRAVAÇÃO | Fábio Henriques
TÉCNICAS
DE
MICROFONAÇÃO
GRAVANDO VOZ
a
voz humana é o instrumento mais difícil e, ao mesmo resumo, a matéria não adiantou nada. Queria ver uma ma-
tempo, mais interessante de se gravar. Ela apresenta téria que dissesse “como gravar voz usando o microfone do
uma faixa dinâmica enorme, e é o instrumento computador ligado direto na placa de som”. Aí, sim!
que todos nós mais ouvimos a vida toda. Qualquer um
é capaz de julgar a veracidade e a autenticidade de uma Mas, para os que estão esperançosos de que eu faça esta ma-
interpretação, e, mais importante, se identificar com ela. É téria, sinto muito. Vamos ter que dispor de um pouco mais de
por isso que gravar voz é sempre um desafio. qualidade se quisermos resultados realmente significativos. A
boa notícia, porém, é que não precisamos ser tão exigentes.
Embora a escolha e o posicionamento do microfone se- Outro dia, um amigo me contou que ficou juntando dinhei-
jam determinantes para um bom resultado, a técnica ro para comprar um super pré-amplificador. Seu objetivo era
envolvida é relativamente simples. Porém, o ato de se que, finalmente, ao usar um equipamento deste naipe, ele
conseguir uma boa performance requer muito mais que tivesse um som inacreditável nas suas gravações. Qual não foi
o microfone certo na posição certa. Assim, tomo a liber- sua decepção quando, ao ouvir o resultado, notou que o som
dade de não me limitar neste texto apenas à “técnica de não havia se modificado substancialmente. Era praticamente
microfonação”, mas procuro expandir a abordagem para igual ao que tinha com seu pré bem mais barato. E daí ele me
o jeito de conseguirmos obter o melhor resultado. perguntou o que havia de errado. Nada, na verdade.
Fábio Henriques
elásticas. Existem basicamente três tipos de vibra- nema se caracteriza por ser praticamente um ruído
ções que vêm do chão para o pedestal. São eles a branco, com grande presença de altas frequências.
vibração das máquinas de ar-condicionado, as vibra- E, como vimos anteriormente, os microfones capa-
ções provocadas pelo trânsito e a mais comum em citivos geralmente possuem uma forte sensibilidade
estúdios pequenos, que é o vazamento da técnica nesta região. Aliando esta propriedade ao modo de
para o estúdio. Neste último, pode ocorrer uma re- emitir do cantor (que pode ser influenciado pela for-
alimentação positiva de baixa frequência, que pode ma da arcada dentária, da mandíbula e, até mesmo,
levar à “microfonia” de volumes altíssimos. Quando pelo sotaque), podemos acabar com uma sibilância
não se dispõe de um shockmount, vale de tudo para bem intensa e desagradável.
evitar ruídos. Pode-se colocar pedaços de espuma
ou pano sob o pedestal, por exemplo. O microfone pode ser colocado nas posições des-
critas acima de duas formas, de cabeça para cima
Já o pop filter tem a função de diminuir a incidência ou de cabeça para baixo. À princípio, tanto faz, mas
de deslocamentos de ar sobre o diafragma, que oca- existe uma explicação interessante no caso dos val-
sionam os famosos “puff” (daí o nome que a gente vulados. Como a válvula esquenta, colocar o micro-
usa por aqui: anti-puff). O pop filter acaba tendo fone de cabeça para cima faz com que o ar aquecido
a função adicional de manter o cantor a uma certa pela válvula, que tende a subir, passe em frente ao
distância do microfone, o que pode ser útil no caso diafragma. Esta passagem, em tese, provoca uma
de cantores menos experientes. É preciso se tomar turbulência que, mesmo extremamente pequena,
um certo cuidado, pois o pop filter pode obstruir a pode afetar o timbre. Confesso que não consigo
visão do cantor. Isto normalmente é ruim para a co- contra argumentar esta hipótese, mas também não
municação visual e para ler uma letra, mas pode até consigo ouvir diferença alguma. Na dúvida, então,
ser útil quando há uma certa timidez envolvida. A prefira usar um valvulado de cabeça para baixo.
distância entre o pop filter e o microfone deve ser
também pesquisada. Pode-se partir de uns 10 cm e Um outro fator que pode nos fazer decidir por esta
ir adaptando de acordo com a necessidade. Ao longo ou aquela orientação pode ser a leitura da letra.
da gravação, convém verificar, de tempos em tem- O corpo de um condensador de diafragma gran-
pos, esta posição, pois, muitas vezes, no fim do dia, de tem um tamanho apreciável, e pode se tornar
o pop filter está colado ao microfone, devido aos um sério obstáculo visual. Este também é um caso
extremos emocionais da interpretação. para se experimentar a solução que proporcione o
maior conforto ao cantor. Tenha sempre em mente
A Posição do Microfone que devemos evitar ao máximo que se cante de
lado para o diafragma. Quando o cantor coloca a
Infelizmente, vou ser obrigado, mais uma vez, a letra ao lado do microfone, ele fatalmente irá dei-
frustrar aqueles que acham que gravação eficiente xar de cantar diretamente na direção do diafrag-
envolve um certo glamour. Por mais tentador que ma, o que altera o timbre significativamente. Os
seja a gente experimentar posições novas para o cantores mais experientes desenvolvem a técnica
microfone, a melhor posição é a mais simples: di- de ler a frase antes e virar de frente para o micro-
retamente à frente do cantor. A posição mais fácil é fone na hora de cantá-la. De qualquer forma, se
com o microfone exatamente na vertical, perpendi- a gente consegue uma posição para a letra, que
cular ao chão, à altura da boca do cantor. Podemos, evite a virada de cabeça, melhor. Por diversas ve-
porém, posicionar o diafragma de forma que ele fi- zes, coloquei o microfone na horizontal, pois foi a
que um pouco acima da linha da boca, levemente solução mais confortável para o cantor.
inclinado para baixo. Com isso, prejudicamos propo-
sitalmente a resposta de agudos do microfone, e di- Por falar em letra, é muito importante levarmos em
minuímos a incidência de sibilância. O sibilado é um conta que o papel e a estante que o sustenta podem
excesso de volume nos sons do tipo “ésse”. Este fo- refletir o som emitido pela voz, e isso é bem perigoso.
Se colocamos a estante muito perto do microfone, uma pequena intensidade da ambiência da sala de
este capta o som direto vindo da boca, e o que saiu gravação para que nosso cérebro crie imediatamente
da boca, refletiu na estante e chegou ao diafragma. uma imagem mental de onde o cantor estava ao gra-
Este tipo de atraso provoca o famoso “filtro pente”, var, o que pode ser bem frustrante em termos artís-
que se caracteriza por vários cancelamentos e re- ticos. Assim, é melhor escolher o ponto da sala com
forços, cujas frequências dependem das distâncias menor ambiência. Este, normalmente se situa no lu-
envolvidas. Auditivamente, a gente nota um efeito gar onde as paredes estão mais longe – ou seja, no
de flanging na voz, que pode ser bem intenso. Para centro. Do ponto de vista técnico, o cantor pode estar
evitá-lo, a regra é que a estante esteja a uma distân- de pé ou sentado, embora provavelmente a posição
cia de pelo menos o triplo da distância entre o micro- de pé renda melhores resultados interpretativos.
fone e a boca. Assim, uma boa carta na manga é ter
a letra da música impressa com fonte bem grande. Quando a sala de que a gente dispõe é muito viva,
Isso permite colocar o papel mais longe e, no caso de podemos fazer uso de rebatedores, que são “paredes
cantores menos jovens, diminui o constrangimento móveis” absorvedoras colocadas em volta do cantor.
de ter que usar um óculos de leitura para cantar. Se não houver rebatedores, dá até para se montar
uma cabana com cobertores e colchas, usando pe-
A Posição na Sala destais de microfone para sustentá-los. Pode parecer
“tosco”, mas funciona muito bem. Para um exemplo
Qual a melhor posição para se colocar o “duo” cantor gringo, dê uma olhada no making of do último CD do
e microfone na sala? Bem, no caso da voz, a gente Daughtry em http://www.youtube.com/watch?v=Tu_
sempre procura ter o mínimo de ambiência na capta- xl46v6so&ob=av2e e veja como ele gravou voz.
ção. Quanto mais morto for o ambiente de gravação,
melhor. Isto nos deixa livres para, na hora da mixa- No próximo mês veremos como obter uma melhor
gem, escolhermos o melhor ambiente. Pelo fato de interpretação e falar sobre equalização e compres-
ouvirmos vozes em salas desde que nascemos, basta são na voz ao gravar.
Fábio Henriques é engenheiro eletrônico e de gravação e autor dos Guias de Mixagem 1, 2 e 3, lançados pela editora Música & Tecnologia. É respon-
sável pelos produtos da gravadora Canção Nova, onde atua como engenheiro de gravação e mixagem e produtor musical.
AUDIX D6 E I5
ALTERNATIVAS INTERESSANTES PARA SEU SET DE MICROFONES
A
Audix é uma marca norte-americana de mi- de 30 Hz a 15 kHz. Por suportar níveis de pressão
crofones que vem expandindo seu mercado sonora de até 144 dB, este microfone se tornou
no Brasil. Com uma lista de produtos incluin- uma boa escolha para instrumentos que produzem
do mais de 30 modelos de microfones, divididos em frequências graves, como baixo, bumbo e surdo,
diferentes categorias, ela se tornou uma interessan- tanto em produções ao vivo como no estúdio. Gra-
te opção num ramo concorrido, onde vários fabri- ças ao seu padrão polar do tipo cardióide, o D6
cantes mais novos competem com aquelas marcas consegue um bom isolamento, podendo rejeitar
mais tradicionais e conhecidas. Nesta edição iremos com eficiência o vazamento de som de outras pe-
analisar o os microfones dinâmicos D6 e i5, que es- ças num kit de bateria, por exemplo. De acordo
tão entre os modelos mais conhecidos da Audix. com o gráfico de resposta de frequências, o D6
tem um corte de quase 10 dB em torno de 500 Hz,
e ganhos de quase 10 dB em 5 kHz e 10 kHz, além
de outro ganho de alguns dB por volta de 60 Hz
(veja os gráficos). Com essa resposta de frequên-
cia, o D6 facilita tirar um som bom logo de cara e
ajuda a encaixar melhor o baixo ou o bumbo entre
divulgação
Curve Freq
125.00
250.00
500.00
1.00k
2.00k
4.00k
8.00k
16.00k
instrumento, e já pensamos em como ele soará na em relação aos outros instrumentos, sem que fos-
mixagem. Além do mais, mesmo que este micro- se necessário mexer muito na equalização. A única
fone seja pré-equalizado, sempre é possível me- equalização feita após a gravação foram um pouco
xer nas frequências durante a mixagem. No final de ganho em torno de 6 kHz e um corte em torno de
das contas, como ocorre com qualquer microfone, 300 Hz, além de um high pass em 50 Hz.
equalizado ou não, vai depender da preferência do
engenheiro gostar da sua sonoridade ou não. Já numa gravação de guitarra, usamos o D6 num cabe-
çote Mesa Boogie ligado num alto-falante também da
Numa gravação ao vivo de uma banda de rock al- Mesa, de 4X12. O som até ficou definido, mas pelo fato
ternativo para um programa de rádio, usamos o Au- do microfone já cortar bastante médios, achamos que
dix D6 no bumbo da bateria e pudemos comprovar o timbre ficou magro demais, principalmente quando a
a sua eficácia em rejeitar o vazamento de som de guitarra tinha distorção. De fato este não é dos micro-
outras peças do kit. Como a banda inteira estava fones mais versáteis (também experimentamos esse
na mesma sala tocando junta, essa rejeição se tor- modelo em vocais e o timbre ficou muito magro), mas
nou ainda mais importante, principalmente porque o Audix D6 está seguramente entre os melhores na-
era um requisito tanto da rádio quanto dos músicos quilo para o qual foi concebido: gravar com definição
soar o mais cru possível, sem muitos efeitos. O som e qualidade instrumentos graves que produzam alto
do bumbo ficou com punch e conseguiu sobressair nível de decibéis, tais como bumbo e baixo.
sentar uma boa rejeição das outras peças do kit. O i5 soal. O que soa melhor para uns pode não soar tão
tem um padrão polar fixo cardióide e uma resposta bem para outros. Além disto, fatores como estilo
Alexandre P. Cegalla atua como engenheiro de som há mais de 10 anos, e já produziu artistas no Brasil e no exterior. Atualmente, é
proprietário do Studio Bunker em Curitiba (www.studiobunker.com.br).
RIO
VERÃO
FESTIVAL
2012
Am&T
Renato Muñoz, operador de PA do Skank, sobre o sistema: "É uma pena que, no BrAsil,
não existam muitos como esse, principalmente em condições tão boas de uso"
Nós fazemos muitos shows, inclusive festivais de grande porte, como o Back2Black, mas, hoje, a maioria das
empresas de sonorização vive de eventos coorporativos. O mercado de espetáculos do Rio, na verdade, foi do-
minado pelas grandes empresas de São Paulo, que, além do som, oferecem estruturas de palco e iluminação,
chegando, com isso, a orçamentos, geralmente, mais acessíveis.
Quem nos convidou para o festival foi a ADMA Entretenimento, empresa para a qual trabalhamos há oito anos,
geralmente em eventos coorporativos. Eles nos procuraram pela proximidade e pela certeza de que teríamos
know how e tecnologia para atende-los. Com o objetivo de assegurar o sucesso do festival, do ponto de vista
técnico, disponibilizamos dois grandes profissionais, os gerentes de palco Flavio Goulart e Alexandre Saieg,
que nos auxiliaram, ainda, no que dizia respeito ao PA e aos monitores. O resultado não poderia ter sido outro:
empresa contente, produtora contente, público contente e cliente contente.
Fale sobre o sistema disponibilizado para o evento e, em especial, sobre a configuração reforçada
(quatro torres de PA), utilizada na ocasião.
Trabalhamos com um sistema EAW que teve, em suas torres principais, um mix de elementos. Foram, ao todo, por
lado, 12 caixas do tipo KF760 mais quatro KF761. A 760 é uma caixa de “tiro” mais longo, de alta pressão, pois
tem 90 graus de abertura, enquanto a 761, voltada para “tiros” mais curtos, conta com 120 graus de abertura.
Nas laterais, ao lado do sistema principal, usamos 12 elementos do tipo KF730. Utilizadas para cobrir arquiban-
cadas e cadeiras, que não estavam sendo atendidas pela cobertura de 90 graus do 760, essas caixas foram mais
que necessárias dentro da configuração utilizada. Além delas, tivemos, para o delay, duas torres compostas de 10
elementos do tipo KF730. Inicialmente, teríamos três torres destas, mas como a produção do evento decidiu não
vender ingressos para uma determinada parte das arquibancadas, não precisamos montá-las.
Am&T
Am&T
Quem escolheu os consoles que usaríamos foi o [Alexandre] Saieg. Ele, na verdade, sugeriu que usásse-
mos Digi no PA e Yamaha nos monitores. Dessa maneira, disponibilizamos as ProFile e as PM5D RH, além
das M7CL e M7CL ES, que ficaram, praticamente, no standby, usadas somente pela equipe da Daniela
Mercury. A PM5D RH é a mesa de monitor mais usada em todo o mundo. E as Digi viraram “febre” nos PAs
por conta de seus plug-ins. Na minha opinião, as PM5D são mais “transparentes”, mas como locador eu
preciso ter de tudo um pouco, afinal de contas, estou aqui para atender aos técnicos e, nesse universo,
não existe unanimidade. Já a M7CL ES, para mim, é uma mesa que tem um som diferenciado, especial-
mente por contar com os mesmos prés da PM5D RH. Gosto muito dela.
Am&T
de um espetáculo, ao mesmo tempo, difícil e fácil de mix. Em especial, nos momentos em que os cantores
ser operado. Difícil pela complexidade operacional, estão trocando de figurino e os microfones precisam
mas fácil pelo fato de a mixagem dos monitores ser ser mutados nas vias, além, claro, dos duetos de ca-
básica, sem muito mistério. sais, nos quais deposito um cuidado especial”, deta-
lhou. Técnico de monitor do Skank, Alexandre Simi
“Na verdade, o tempo todo eu cuido dos planos de contou que, dentre as digitais do mercado, a PM5D
é uma das que mais lhe agrada.
“Tanto é que viajamos com uma,
locada por nós pela Loudness, de
São Paulo”, disparou.
– mais de perto, de longe, de lado, saindo muitas Skank, resumiu a forma como os músicos mineiros
vezes da frente do microfone –, o que ocasiona se ouvem no palco: “como se tivessem um mini-
vazamentos indesejáveis não só para a minha mix, -PA ‘tocando’ em seus ouvidos”. Sobre as mixagens,
mas para o Zé Luis, no PA”, explicou. destinadas a 18 vias, ele disse serem bem pareci-
das. As variações, no entanto, são apenas para prio-
REBELDES TÊM 14 CANAIS rizar o instrumento de cada músico.
SOMENTE PARA AS VOZES
“A mix do Samuel, eu diria que é a mais completa
“O input de PA do show do Rebeldes é ‘espremido’”, de todas. A mais próxima de um CD, por exemplo.
disse Dênis. De acordo com o técnico, são 14 canais Nela, eu inserto alguns efeitos, como reverb e de-
somente para as vozes, sendo seis deles destinados lay, que entram na bateria, nos metais e nas vozes,
aos headsets dos cantores e os oito demais dedica- com o intuito de ‘amaciá-las’”, explicou. “Durante as
dos aos microfones de mão dos mesmos. Fora oito canções, eu acabo mexendo em um ou outro. Mas,
canais de teclados, oito de pistas pré-programadas na verdade, o efeito que me exige maior atenção
e disparadas por um Pro Tools – contendo loops de é o delay de voz em Jack Tequila. Disparado pelo
bateria, violinos, efeitos, etc –, 12 de bateria, um de Renato, no PA, o efeito é usado nos monitores como
guitarra, dois de baixo... referencia para que Samuel não se perca nas brinca-
deiras com suas repetições”, completou.
“Não parece, mas é um palco ‘cheio’. E, além dos
inputs, tenho efeitos como compressão e gate. A NX ZERO SÓ FAZ CHECKLINE
compressão eu uso nas vozes e no baixo, mas, no
baixo, tenho que ‘pilotar’ sua entrada e saída, pois, Ao contrário do que faz a maioria dos artistas, o NX
quando o baixista faz os slaps, é preciso deixar que o Zero não passa som. Durante o tempo que tiveram
instrumento soe. Não posso ‘cortá-lo’. O gate, eu uso para sua montagem, horas antes da apresentação
no bumbo da bateria. Também usava na caixa, mas no festival, a equipe do grupo fez um rápido checkli-
como o baterista vem tocando algumas músicas no ne e tocou apenas uma música para conferir tudo.
aro da peça, tive de abrir mão do efeito”, explicou. “O que nos ajuda muito é que todos na equipe são
excelentes músicos”, disse Luizinho Mazzei.
Para captar os instrumentos ao vivo, o técnico usa mi-
crofone tradicionais: SM57 para guitarras e caixa de Operador de monitor da banda há quatro anos, ele
bateria, SM98 para os tons do instrumento, e um par explicou a opção: “É uma prática! Depois que nosso
de SM81 para os overs. Nas vozes dos artistas ele tra- diretor de palco nos informa que todos os instru-
balha com os headsets M3, da Audio Technica, e os mentos e microfones estão plugados, eu e o Zé tes-
microfones de mão Shure R2. Sobre os headsets, dis- tamos tudo simultaneamente. Com tudo funcionan-
se ele, é preciso limpar algumas frequências, pois este do, abro meus grupos de mute e a equipe começa
tipo de microfone capta muita respiração e ruído ex- a tocar. Depois, ‘levantamos’ tudo e começamos a
terno. “Na mix do PA, como de costume, joguei vozes, equilibrar o som. Acho mais fácil mixar dessa forma,
bumbo e caixa de bateria ao centro, enquanto tons, pois, com tudo ‘aberto’, sentimos os vazamentos de
surdo e outros instrumentos, como pratos, teclados e um instrumento no outro e chegamos mais rapida-
guitarras, foram abertos conforme a imagem. A opção mente no resultado desejado”, explicou.
liberou o fluxo harmônico do PA”, completou.
Com o som rolando, cabe, ainda, a Mazzei uma outra
MONITORES DE SKANK tarefa: disparar as sessões de Pro Tools, armazena-
SOAM COMO MINI-PA das em um Macbook, nas quais constam instrumen-
tos que não são executados ao vivo, como, por exem-
Usuário de fones Future Sonic, Alexandre Simi, do plo, cordas, teclados, efeitos e loops eletrônicos. “Por
ter bagagem de estúdio e ter trabalho na gravação Bi Ribeiro, Léo utilizou um Sennheiser C 421. O ins-
do DVD da banda, eles me passaram essa missão. trumento, aliás, contou com uma linha, que passava
Durante os shows, eu fico o tempo todo em comuni- por Avalon 837. As guitarras de Herbert Vianna, li-
cação com a banda, principalmente com o Conrado, gadas a um Fender BassMan e a um combo Laney,
baixista e espécie de diretor musical. Ele é quem me foram captadas por dois dinâmicos 609, também da
dá o Ok para disparar os áudios pré-produzidos em Sennheiser, enquanto a voz do cantor ficou com um
Am&T
e
dgar é um homem traumatizado que se torna autor e exe-
cutor de um plano que tem como objetivo colocar políticos
corruptos e criminosos em rota de colisão. Essa é a história
de 2 Coelhos, longa-metragem de Afonso Poyart que recentemente
chegou aos cinemas de todo o país. Embora os efeitos visuais da
obra tenham sido exaltados desde antes da estreia, sua produção
de áudio não fica atrás. Se o som é tão importante quanto a imagem
na experiência imersiva do cinema, em um filme que usa linguagens
diversas e conta com efeitos de explosões e tiroteios em surround
que fazem com que o expectador sinta-se dentro de cada cena, a
máxima se mostra realmente verdadeira.
direto ao Ponto
Reprodução
audiovisual, pela primeira vez se depararam com um Por este motivo, algumas cenas tiveram que ser du-
filme de ação. “Fizemos várias leituras do roteiro, bladas posteriormente. “A gente sempre negociava
observando o número de personagens existentes, com a figurinista, a Carol Sudatti, para ajudar com as
suas possíveis movimentações nas cenas, os tipos roupas, trocando peças quando elas não eram ade-
de locações e os ruídos de cena, já tentando prever quadas e faziam algum tipo de barulho. Às vezes,
possíveis dificuldades. Ficamos atentos para buscar quando não dava certo colocar o microfone de lapela
as soluções”, conta Tide. na roupa, pedíamos uma ajuda para o cabeleireiro
para colocar no cabelo. Tudo isso na maior correria.”
A principal tarefa da equipe era a captação dos diálo-
gos. Fazer todo o possível para preservar a atuação Afonso Poyart, diretor do filme, costuma trabalhar
Livia Rojas
do elenco foi uma prioridade, já que muito da emo- com a improvisação de atores e elementos inespe-
ção da interpretação se expressa pela voz. “Quando rados, o que pode atrapalhar em alguns momentos
a gente filmou algumas cenas num estúdio com fun- o trabalho técnico, que requer muito planejamento.
do verde, tudo bem, porque captamos os diálogos “Talvez a maior dificuldade para a gente tenha sido a
e o pessoal da pós-produção de som ficou encarre- falta de ensaio das cenas e a própria movimentação,
gada de produzir a ambientação de acordo com o além do fator improviso dos atores. A gente pratica-
que eles colocaram no lugar daquele fundo. Outras mente não ensaiava. Já saía rodando, e isso era um
vezes, era colocado um pano verde no fundo da cena pouco tenso”, conta a técnica.
na locação onde a gente estava filmando outra coisa.
Então, a pós de som tinha que limpar um pouco o Uma das cenas com áudio mais difícil de captar foi
nosso som e colocar ambientação. Mas isso era rela- a da chegada do bando de Maicon à casa da Velhi-
tivamente fácil”, recorda a técnica. nha. “Era uma casa muito apertada. Uma cena com
muitos atores e tiroteio pesado. A gente tinha muita
Uma das dificuldades apontadas por Tide foi a falta preocupação com as cápsulas dos lapelas sem fio
de tempo para visitas técnicas às locações. “Fomos e com a poeira no equipamento. Outra dificuldade
contratados faltando apenas alguns dias para come- foi gravar o som durante a filmagem com utilização
çar as filmagens, então algumas locações já esta- de muitas câmeras trabalhando ao mesmo tempo.
vam decididas e eram muito complicadas em termos Nesse caso, a gente só podia usar os microfones de
de ruídos para gravação do som direto. Um exemplo lapela sem fio implantados nos atores e perdíamos
era a locação do estacionamento onde era o QG do a oportunidade de ter mais uma pista com o micro-
Maicon”, destaca, referindo-se ao barulhento “centro fone aéreo. Na cena em que o político vai pegar o
de operações” do chefe de quadrilha da trama, inter- dinheiro da propina na Praça Roosevelt, chegamos a
pretado por Marat Descartes. usar oito microfones de lapela sem fio”, revela Tide.
privilegiando um dos dois. Como somos duas técni- O termo foley é uma referência a Jack Donovan Fo-
cas de som direto trabalhando juntas, conseguíamos ley, a quem se credita a invenção desta arte. Foley,
monitorar os dois fones. Eu uso o Sony MDR 7506 e antes de tudo, é representar. O artista vê a cena já
a Lia o Beyerdynamic DT48S”, explica Tide. Ela sa- gravada em uma tela e tenta reproduzir, por exem-
lienta que os profissionais de som direto precisam de plo, os passos dos personagens, movimentos de
silêncio para gravar os diálogos, enquanto que todos roupas, de cadeiras, separadamente e em sincronia
os outros sons podem ser colocados depois. “Pre- com a cena. Em 2 Coelhos, o responsável pela edi-
cisamos que todos entendam isso. Em uma cidade ção de ambientes e foley foi Ariel Henrique.
como São Paulo, com uma equipe muito grande, de
Reprodução
umas 50 pessoas, às vezes fica difícil.” Normalmente, quando se filma uma cena, a equipe
de som direto dá mais atenção aos diálogos dos
rePreSentando SonS atores, deixando os outros sons em segundo plano.
Só depois, com a técnica de foley, serão introdu-
As gravações de foley cumpriram um papel importan- zidos sons melhores. Além disso, certos tipos de
te na produção. O foley é uma técnica que consiste sons, como o pisar em um gramado, muitas vezes
em criar em estúdio sons de passos, porta se abrin- não são bem captados, mesmo se o microfone esti-
do, entre outros. Seu objetivo é substituir os sons de ver perto e bem posicionado.
uma cena já gravada, seja porque não ficaram bons
ou para realçá-los. Vale lembrar que essa técnica não Esses tipos de registros são captados em uma sala de
serve para criar sons de tiros, explosões e monstros. estúdio com acústica apropriada, sem reverberação.
Isto é tarefa do editor e designer de som. “Geralmente gravamos os passos com um microfone
direcional Sennheiser MKH-416 e roupas com Neu-
mann U87. O U87 passa por um pré-amplificador
divulgação
muitoS tiroS
a SÍnteSe
divulgação
gravamos perseguições, tiros,
invasões e brigas. Conforme
aumenta a quantidade de
sons, mais complexa é a mi-
xagem e o número de canais
a mixar.”
mixagem hollYWoodiana Com o som direto pronto, Tadeu e sua equipe tra-
taram apenas os foleys, que, através de equaliza-
André Tadeu comandou a mixagem utilizando o ção, compressão e reverberação, foram adicionados
software ProTools HD com seis placas de processa- à imagem, tornando a cena o mais realista possí-
mento e o console Control24, da Avid. “Este console vel. “Então, trabalhamos os ambientes, e assim por
é essencial para a mixagem, pois temos que estar diante. Esse processo de pré-mix ajuda a organizar
o tempo todo atentos à imagem e uma superfície e a diminuir o número de pistas e evita surpresas na
Camarote Andante no
carnaval de Salvador
Alta tecnologia é destaque em trio elétrico de Carlinhos Brown
A
nualmente, o carnaval de Salvador leva LINE ARRAYS FZ E VLA
às ruas mais de dois milhões de foliões,
entre baianos e turistas do mundo intei- A sonorização do Camarote Andante foi feita com
ro, que ocupam os mais de 25 quilômetros de ave- dois sistemas distintos, um FZ, composto de cai-
nidas lotadas de trios elétricos, camarotes e muita xas J 215 e FZ 208, e um VLA. O sistema de cai-
diversão. Neste ano, a folia começou, oficialmen- xas FZ, que teve, ainda, o apoio de subwoofers
te, no dia 16 de fevereiro e homenageou Jorge da mesma marca, se encarregou de sonorizar as
Amado, que completaria 100 anos agora. partes dianteira e traseira do carro, enquanto o
VLA, tradicional sistema fabricado pela equipe da
E, dentre as atrações que fizeram a festa da ci- João Américo Sonorização, acompanhado por subs
dade, o destaque ficou por conta do moderno Ca- JAS 218, cuidou das laterais do veículo.
marote Andante de Carlinhos Brown, um trio sem
cordas, que arrastou multidões pelo Circuito Dodô Todo o sistema de som foi fornecido pela empresa
(Barra / Ondina) e utilizou, entre outros equipa- baiana. Exceto as mesas de PA e monitor, cedidas
mentos, um par de consoles M-480, da Roland. pela Roland Systems Group, que também atuou
Tiago Lima
mas também por toda supervisão do trio. Assim como individual, a passagem de som tem se tornado cada
Vavá, Corujito usou, nos monitores, uma M-480, além vez mais objetiva e rápida. No entanto, o técnico de
de 10 unidades de mixers individuais M-48, que foram monitor salientou que ajustar previamente o siste-
ma ainda é um tanto demorado e diferente
da forma tradicional de trabalho que a maio-
Tiago Lima
Toshiro
A
tática de um edifício ganha vida, ressaltando seus detalhes
quele prédio antigo da esquina, que sempre passa
arquitetônicos ou criando uma realidade alternativa. Se an-
despercebido na correria cotidiana, para muitos é
tes tal fachada passava despercebida, por um período de
só mais uma obra no meio da selva de pedra urba-
tempo passa a ser uma intervenção urbana, uma obra de
na. Mas para um artista visual é muito mais que isso: é
arte, uma homenagem à cidade, um ponto turístico ou até
uma tela em branco composta de pixels esperando para
uma plataforma publicitária. O video mapping é efêmero.
receber um toque de luz.
Só acontece uma vez e só se aplica a um determinado local.
Mas o impacto visual é algo grandioso e que fica gravado
Video mapping, projection mapping, architectural projec-
para sempre na mente das pessoas que puderam ter o pra-
tion mapping, ou, traduzindo, projeção mapeada, é uma
zer de presenciar tal manifestação artística.
excitante nova técnica de projeção que pode transformar
qualquer superfície em uma tela dinâmica de vídeo. Esta As técnicas utilizadas pelos artistas são bem variadas e
técnica cria a ilusão de movimentos multidimensionais atra- não existe um padrão definido pelo mercado, cada um
vés ou ao redor de contornos de qualquer superfície, inde- pode inventar seu próprio método. Alguns softwares se
pendente de sua forma. E o melhor, esse tipo de projeção destacam, como a dupla Modul8 + Madmapper, Resolume
não requer o uso de óculos para perceber o efeito em 3D. Avenue, Arkaos Grand VJ e TouchDesigner, facilitando e
É um novo mundo no qual artistas podem mostrar seus fornecendo ótimas ferramentas de mapeamento.
trabalhos em qualquer local.
Alguns passos são necessários para um projeto de video
Com a aplicação de uma projeção mapeada, a fachada es- mapping. Aqui é exemplificado o processo de uma pro-
construíram um aplicativo customizado, que executa os vi- ção ao Dia Nacional dos Emirados Árabes Unidos em Abu
suais do show do início ao fim. O aplicativo foi feito no Tou- Dhabi. Esse projeto é uma das maiores projeções já reali-
chDesigner, um ambiente de programação visual que faz zadas no mundo, com proporções de tirar o fôlego. Foram
todo o mapeamento na estrutura sólida, executa os vídeos usados 49 projetores, num total de 940.000 ansi-lumens,
em sincronia com o som ao vivo do Amon Tobin, reage com 19.474 m2, incluindo quatro torres e 12 domos, numa com-
interações através do Kinect e produz efeitos visuais em plexa e detalhada geometria arquitetônica. O estúdio Obs-
tempo real. Todo o show foi concebido música a música, cura Digital teve como tema a visão do Sheikh Zayed sobre
respeitando uma narrativa na qual, simbolicamente, Amon a mesquita, como sendo um lugar para seu povo, seus her-
representa o piloto e a estrutura é sua nave. deiros e para toda a humanidade.
http://vimeo.com/24502224 http://vimeo.com/33764021
Publicidade: PlayStation 3
V Squared Labs
Filmados em tempo real e sem cortes pelo estúdio de
design The Found Collective, os vídeos mostram uma
experiência de imersão total. Para produzi-los, foram
usados uma filmadora com steady cam, 3D tracking,
manipulação de objetos e bonecos em tempo real
e pirotecnia. O resultado? Só vendo os vídeos para
acreditar no que fizeram.
http://vimeo.com/34605811
http://vimeo.com/34605168
http://vimeo.com/34604260
Stage mapping: Boom Box rios cenográficos que reproduzem o ambiente. Sobre essa
Projeto de palco criado pelo estúdio 1024 Architecture para instalação entram os jogos de luz e
a Godskitchen, uma famosa festa de música eletrônica que sombras propostos pelo VJ Spetto,
do coletivo brasileiro United VJs,
faz tours por todo o mundo, o Boom Box teve como inspira-
criando algo lúdico e chamando a
ção os antigos toca-fitas. Nele o DJ fica no lugar do grava-
atenção de quem visita a exposição.
dor. Projetado para eventos ao ar livre, pelas suas grandes
proporções, 16m x 8m, e luminosidade, sua estrutura é
Street mapping: Run – MTV
feita com uma armação de andaime coberta em sua frente
Com animações de desenhos feitos
com lona ortofônica, dando um aspecto de transparência,
a mão, o VJ Suave, formado pela
de acordo com o vídeo executado, que pode ser um toca-fi-
argentina Ceci Soloaga e o brasilei-
tas, um gravador de som, um espectro de sonoro, um rolo
ro Ygor Marotta, mostra a história
compressor, etc. A iluminação, com luzes strobo e moving
de um pequeno personagem em
lights, colabora para o efeito visual final.
sua jornada pelas ruas de São Pau-
http://vimeo.com/15734398
1024 Architecture
DINÂMICA
VARIANDO AS CARACTERÍSTICAS E A INTENSIDADE
DA MÚSICA EM SUAS DIFERENTES PARTES
N
a última coluna, falamos sobre estéticas
sonoras e sobre como a estética do DJ tem
sido cada vez mais influente em diferen-
tes gêneros. Mencionamos que, com a chegada das
DAWs e suas inúmeras ferramentas de manipula-
ção, ganhamos infinitas possibilidades de explorar
diferentes sonoridades. Neste mês, vamos falar so-
bre como explorar todas essas possibilidades sobre
o ponto de vista da dinâmica, mantendo a música
sempre interessante para quem a está escutando.
ORGANIZANDO O SOM
divulgação
Todo mundo que teve uma banda na adolescência
já experimentou a sensação de ouvir uma sonori- Phil Collins usava efeitos clássicos,
dade “desbalanceada”. Normalmente, todos tocam como o reverb, em gravações de bateria
seus instrumentos com intensidade (muitas vez-
es “lutando” pelo mesmo espaço de frequência),
do começo ao fim da música. Mas, com o tempo,
TRABALHANDO A DINÂMICA
percebemos que é preciso “organizar” o som. Em
geral, esse processo começa na subtração de el-
A estrutura de uma música contém diferentes par-
ementos, que precisam ocupar seus espaços e ter
tes: versos, pré-refrões, refrões etc. (ver box). Para
uma razão para estar ali. É aí que começamos a
que a música seja atraente, cada parte precisa ter
aprender a arte do arranjo musical.
sua própria identidade e sua própria energia. Explico
melhor: você quer que a música “exploda” no refrão,
A função de organizar a sonoridade cabe, também, que normalmente possua uma melodia facilmente as-
ao engenheiro de mixagem, que pode enfatizar, similável e que o público cante junto. Então, você não
transformar e “mutar” elementos para que a música, precisa colocar toda a sua energia nos versos. Pode
como um todo, soe melhor. Equalizadores, reverbs, começar com poucos elementos, e no pré-refrão vai
delays, panning e gates podem ser usados não só aumentando (como uma espécie de preparação), até,
para “lapidar” o som e torná-lo mais agradável, mas finalmente, chegar ao refrão – aí, sim, usando todos
também de uma maneira criativa na busca de novas os elementos disponíveis.
sonoridades. Um exemplo clássico é a música Be-
lieve, da Cher, de 1998, em que o Auto-Tune, que Na música Bleeding Love, de Leona Lewis, a in-
inicialmente tinha a função de “corrigir” vocais, é trodução é com um único instrumento: um pad de
usado como um efeito, criando um recurso que é sintetizador. Na primeira parte do verso entra o
muito aplicado até hoje. Outro exemplo é o reverb bumbo da bateria, bem seco. Na segunda parte,
com gate da bateria do Phill Collins dos anos 1980. entra a caixa; o bumbo muda, fica mais rico, e
aparece um elemen-
to de percussão.
Note que, em cada
parte da música, há algo de diferente, e a energia
vai crescendo gradualmente até chegar a seu máximo
no refrão. Nessa canção, aparece também um recurso
CONEXÃO LONdRES
muito comum na música pop, que é gravar vários out, do Foo Fighters, tem início com uma guitarra
layers de vocais e arranjá-los de acordo com a com efeito de flanger e os vocais de Dave Grohl. No
dinâmica da música. Normalmente, no refrão eles segundo verso, surge uma nova guitarra (com o pan
estão abertos em estéreo, formando harmonias. à esquerda) e a bateria com bumbo e contratempo.
Aí vai uma dica: no álbum This is It, do Michael A interpretação de Dave também vai crescendo jun-
Jackson, há uma faixa chamada Beat It – Demo to com a energia da instrumentação, até explodir
(citada por Fernando Moura na última edição de no refrão, acompanhado por guitarras mais pesadas
sua coluna Músico na Real), só com as harmonias (agora sem flanger e com bastante distorção).
vocais do refrão de Beat It. Fantástico!
Um outro exemplo interessante é a música Moves
Mas, como mencionei antes, a diferença também Like Jagger, da banda Maroon 5 com a cantora Chris-
pode estar na aplicação de um efeito. Por exemplo, tina Aguilera. Aliás, esse é um ótimo exemplo de uma
na música Super Bass, o vocal da cantora Nicki Minaj banda pop/funk utilizando mais influências da esté-
é tratado com um delay no Middle 8, deixando-o tica eletrônica. Mas o detalhe para o qual eu gos-
com um sabor diferente do verso. A música Break- taria de chamar a atenção aqui é o efeito na guitarra,
que, durante o primeiro verso, vem surgindo gradu-
almente, acompanhando o crescimento da música.
- Guarde algo para o refrão: É sempre bom ter um Ouvir uma música é como fazer uma viagem. O
truque na manga. Uma ideia, por exemplo, é só abrir interessante é passar por diferentes lugares, que
os overheads da bateria no refrão. Alguns produtores tragam diferentes sensações e experiências. Por
gostam de colocar um layer de white noise nas partes isso, em uma música é importante que uma seção
da música que têm mais energia, para deixá-las ainda seja diferente da outra. Sempre quando trabalho
mais robustas. em uma canção, procuro pensá-la do ponto de
vista de estrutura (“quais são as suas partes?”,
- Delays e reverbs: O uso de diferentes delays e reverbs “o que eu quero de cada uma delas?”, “como elas
para diferentes partes da música também é um recurso vão interagir?”) e dinâmica (“qual parte precisa
muito utilizado, especialmente no vocal. Para dar mais ser enfatizada?”, “quando eu preciso aumentar ou
impacto à voz, é muito comum utilizar um delay no mes- diminuir a energia?”). Sempre procuro imaginar
mo andamento da música, bem aberto em estéreo. Outra para onde quero levar o ouvinte.
opção é combinar o delay com filtros e efeitos de modu-
lação, como chorus e flanger. Por exemplo, na introdução e nos versos ainda
estou apresentando a música, então poucos ele-
- Subtração: Não tenha medo de retirar elementos da mentos são suficientes. No pré-refrão, quero pre-
música. Se dois instrumentos estão brigando no mesmo parar o ouvinte para o refrão, então preciso incluir
espaço de frequência, talvez seja melhor escolher apenas elementos que vão gradualmente aumentando a
um deles. Ou utilizar o equalizador para enfatizar diferen- energia da música. No refrão, posso usar todas as
tes faixas de frequência em cada instrumento. minhas armas, porque é o ponto máximo. Quando
volto ao verso, preciso diminuir a energia nova-
- Layers: Trabalhe com diferentes camadas do mesmo mente. E assim vou seguindo, sempre pensando
instrumento, como guitarras, baterias eletrônicas, vo- na melhor maneira de caracterizar cada parte,
cais e synths, e experimente colocá-las e retirá-las em seja do ponto de arranjo ou através do uso de
cada parte da música. Experimente também diferentes um efeito ou de uma sonoridade característica. A
posições em estéreo. melhor maneira que encontrei para aprender e ter
novas ideias é escutando músicas bem escritas,
CONEXÃO LONdRES
Alexandre dias
As guitarras do grupo Foo Fighters recebem flanger em músicas como Breakout
Ricardo Gomes é guitarrista, produtor e sound designer. Atualmente mora em Londres, onde concluiu um
mestrado em produção de áudio pela Universidade de Westminster. Procura combinar arte e técnica, ins-
piração e transpiração, Brasil e Inglaterra. Site: www.rgxproductions.com
chegue lÁ,
mAs PAgAndo.
PLUG-INS NOVOS SEM SAIR DO PRO TOOLS.
Olha, eu realmente não sei para onde a maioria de nós está a nota fiscal vem por email, logo depois que enjoou-se
indo, mas sei que teremos que pagar para chegar lá. Pode do aplicativo. Comprar na internet está cada vez mais le-
ser que seja uma quantia hirsuta, pode ser que seja par- gal! Não precisa sair de casa, nem aguentar a paradinha
ca, mas mesmo as coisas grátis da vida estão ligadas às de duas horas na loja de sapato, enquanto domina-se
coisas despendiosas. Tá certo que há coisas gratuitas de a relação menino-suco-carrinho-guardanapo-paciência.
verdade ou que não têm preço (sem querer lembrar campa- e dá até para comprar escondido aquela mini-choppeira
nha de cartão de crédito!), como ver seu nenê dormindo, a termopressurizada que transforma cerveja de garrafa em
junção céu-e-mar vista da areia ou a brisa de verão, mas, chopp, e que custa o equivalente ao secador de cabelo
de um jeito ou de outro, gastamos “algum” para vivenciar top que deveria ser prioridade (de alguém, não que seja
essas coisas. Acredito que ainda há alguma tribo no meio este o meu caso).
da África ou na floresta amazônica que viva de fogueiras
e disposições locais e que não fale ao iPhone ou não use Como não poderia deixar de ser, nesta nova onda comer-
chinelos de dedo que não soltam as tiras, nem short de go- cial, agora, o Pro Tools 10 também tem uma lojinha e seu
leiro. Confesso que tenho dúvidas se não são eles os certos nome é Marketplace. Bonito. está dentro do próprio apli-
em permanecer assim, apesar de eu não querer tentar para cativo e pode ser acessada do menu de mesmo nome.
ver como é; fico satisfeito vendo um documentário da Dis-
covery; na LCD e em Full HD, obviamente. Pergunta: Para que serve? Obviamente serve para comprar-
mos coisas, tipo plug-ins, upgrades e treinamento. imagina que
Fazer um “adianto” é nossa sina e, depois que inventaram você acabou de receber uma sessão para mixar e entregar
“store” disso e “store” daquilo, ficou mais divertido gastar em apena quatro horas e essa sessão veio com aquele plug-in
dinheiro. Agora basta clicar em “instalar”, na tela capaci- que você não tem. Solução: basta alugar um por alguns dias
tive, e o ícone do aplicativo aparece no celular. O cartão no Marketplace. Quer comprar um plug-in bacana sem soltar
de crédito já está cadastrado mesmo...Dois dias depois, o mouse? Compre no Marketplace, direto do menu que apare-
Menu Marketplace
por uma janela de perguntas, ou insira seu login e senha de entrega, clico no botão “Continue”, insiro os dados do
nos seus respectivos campos e clique o botão “Log in”. meu cartão de crédito e clico no botão “Pay now”.
Com a conta ativa, basta logar no Marketplace para co- Longos cinco segundos se passam e aparece o meu recibo
meçar a navegar, digo: investir. Clique sem demora na e o link para donwload do plug-in. em alguns instantes, um
guia “Your Account”, digite seus dados e clique no botão e-mail vai chegar com mais detalhes. Na janela seguinte,
“Log In”. Faço isso e escolho a guia “Plug-ins”, a mais clico afoitamente no botão “Download Products” para não
divertida de todas! e, na sequência, escolho a categoria perder nenhum momento precisoso de usufruto por dois
“Pro Tools Sound Processing Plug-ins”. poucos e memoráveis dias deste que me propiciará algu-
mas experiências russas-espaciais-vintages.
Muitas opções são listadas, perturbando a minha conten-
ção de gastos. Navego pelas páginas...Que tal alugar, por imediatamente, uma nova tela pede a minha conta de usu-
dois dias, o BF Cosmonaut Voice (RTAS), um dos melhores ário no site do iLok, no qual tenho minhas autorizações
plug-ins de todos os tempos, e que só perde para o Funk devidamente armazenadas, para que seja depositada a li-
Logic Mastererizer? Tem em estoque! Clico nele. Na tela cença temporária do plug-in. Forneço-a e clico no feio botão
seguinte vejo a descrição do plug-in e nesta posso escolher “Continue”. Sei que, em segundos, minha licença estará lá,
a locação do plug-in por dois dias pelo preço módico de disponível para sincronismo. Faço o download do plug-in
dois dólares. então clico o botão “Add to Cart” para que na versão adequada ao meu sistema na página seguinte.
este item migre para meu carrinho de compras.
Fecho o Pro Tools ao fim do download e instalo-o no sis-
Verifico meu pedido na janela subsequente e clico no botão tema. Aproveito para dar um pulo no site do iLok para pe-
“Proceed to Checkout”, pois não vejo a hora de voltar ao gar minha licença. Ao logar, vejo que já depositaram-na
Pro Tools para simular uma transmissão de Gagarin à terra, e transfiro-a para minha chave com um simples clique.
sabe-se de onde. Confirmo meu endereço de cobrança e Tudo certo.
daniel Raizer é especialista de produtos sênior da Quanta Brasil, consultor técnico da Quanta Educacional, músico e autor do livro
Como fazer música com o Pro Tools, lançado pela editora música & Tecnologia. mantém o blog pessoal danielraizer.blogspot.com.
CONFIGURAÇÕES
DO PREFERENCES
DO SONAR X1 PARTE 6
Na AM&T 242, iniciei a análise dos itens do menu Pre- Lembre-se que, para ligar um teclado a um periférico
ferences do Sonar X1. Já estudamos o Audio/Devices, utilizando cabo de MIDI, o periférico tem que ter co-
o Driver Settings, o Playback and Recording, o Confi- nectores de entrada e de saída de MIDI. Em termos
guration File e o Sync and Caching. Veremos agora o de velocidade e acuidade de transferência de dados de
Preferences/MIDI/Devices. MIDI não há diferença entre a conexão USB ou MIDI.
Se você já tem um teclado que possua conectores de
Para que você tenha acesso a todos os itens desta aná- MIDI, poderá, perfeitamente, utilizá-lo como teclado
lise, clique no botão Advanced ao entrar no Preferen- master para entrar informações de MIDI. Neste caso,
ces do Sonar. Este botão é localizado na parte inferior o mesmo deverá ser conectado à entrada de MIDI da
esquerda da janela do Preferences. interface. Se você não possui uma interface de MIDI,
poderá utilizar um cabo conversor de MIDI para USB e
PREFERENCES/MIDI/DEVICES conectá-lo na porta USB do computador.
É nesta seção que selecionamos os dispositivos de Por outro lado, se você resolver adquirir um teclado
entrada e de saída de MIDI. Normalmente, o Sonar master que possua porta USB, deverá conectá-lo di-
detecta automaticamente os dispositivos de MIDI que retamente em uma das portas USB do computador.
estão instalados no sistema. Todos os drivers da placa Neste caso, o teclado provavelmente dispensará o uso
de MIDI ou USB/MIDI deverão aparecer nesta janela, de fonte de alimentação, pois a corrente é transmiti-
se tiverem sido instalados corretamente. da através do próprio cabo USB. Outra vantagem dos
teclados USB é serem totalmente integrados ao Sonar.
INPUT Ou seja, os botões de controle do teclado são reco-
nhecidos em diversas áreas do software (controle dos
Trata-se do dispositivo de entrada. No quadro Input parâmetros de synths virtuais, atuação direta no con-
são listados os drivers que poderão ser utilizados como sole, entrada de automações etc.).
porta de entrada para o sequenciamento de mensa-
gens de MIDI. Por exemplo, se você utiliza um teclado Como você pode observar, existem diversas formas de
master que possui conexão MIDI e USB (dois conecto- ligar o teclado master ao computador e você deve optar
res separados), os dois drivers aparecerão na lista de pela que mais lhe convier. De qualquer forma, um arti-
Inputs do Sonar. Um deverá aparecer como dispositivo fício sempre estará envolvido: os drivers que possibili-
MIDI e outro como USB/MIDI. Se você resolver conec- tam a comunicação entre o teclado master e o software
tar o teclado ao computador via USB, marque o driver de sequenciamento. E os respectivos nomes dos drivers
USB/MIDI da lista de Inputs. Caso opte pela conexão sempre aparecerão no Preferences/MIDI/Devices do So-
via cabo de MIDI, marque o driver MIDI. nar X1. Esta é uma das peculiaridades mais interessan-
OUTPUT
uma saída e alguns softwares emuladores de instru- nas pistas de MIDI do Sonar.
mentos virtuais do tipo Microsoft GS Wavetable Synth,
você poderá marcar os dispositivos a serem utilizados. Aqui, vale ressaltar que os instrumentos MIDI embutidos
Além de marcá-los, é necessário estabelecer em que em determinadas interfaces não têm nenhuma relação
ordem aparecerão no campo de dispositivos de saída com os instrumentos (synths) virtuais que aparecem na
que são mostrados em cada pista de MIDI. lista Menu/Insert/Soft Synth. No primeiro caso, os instru-
mentos estão embutidos em chips instalados na própria
Algumas placas MIDI, além de fornecerem conectivida- interface. No segundo, os instrumentos são emuladores
de de entrada e saída, possuem, também, instrumentos via algoritmo ou tocadores de samples arquitetados via
MIDI da categoria sample alocados em chips. Portanto, software que são instalados no HD do computador.
esses instrumentos também deverão aparecer no Pre-
ferences/MIDI/Devices/Outputs e, consequentemente, USE FRIENDLY NAMES TO REPRESENT MIDI DEVICES
poderão ser utilizados como instrumentos extras.
Traduzindo: “utilizar nomes amigáveis para representar
Vale lembrar que o synth virtual Microsoft GS Wave- os dispositivos de MIDI”. Marque esta opção se você de-
table Synth, produzido pela Roland, presta-se apenas seja que os dispositivos apareçam com nomes mais ami-
para aplicações multimídia. Este synth produz uma la- gáveis em vez dos originais nos campos de Input e de
tência exagerada e sua sonoridade é de baixa quali- Output das pistas de MIDI do Sonar.
dade. Na realidade, este synth deve ser usado apenas
como tocador de MIDI básico do Windows para execu- Como você já deve ter reparado, os nomes que vêm de
tar músicas de jogos em MIDI. fábrica para os dispositivos tanto de MIDI quanto de áu-
dio são um tanto confusos. Mas não se preocupe, pois
MOVE CHECKED DEVICES TO TOP BUTTON você pode atribuir novos nomes para todos os disposi-
tivos de forma que façam mais sentido. Para tal, basta
Em português, “mover para cima os dispositivos marca- renomear os drivers clicando com o botão esquerdo do
dos”. Ao clicar neste botão, é possível mover um driver mouse sobre os mesmos. Por exemplo, um dispositivo
marcado para uma posição acima na lista. Dessa forma, que tenha o nome original “M-Audio Delta AP MIDI” pode
é possível estabelecer uma ordem ideal das portas MIDI ser renomeado para “Saída MIDI da Delta”. Desta forma,
e dos synths virtuais de placa. E essa ordem é refletida aparecerá no campo de saída das pistas de MIDI.
DICA
Já está disponível o novo driver 1.5 Caso você utilize a Octa-Capture, o Siga as instruções para instalação for-
fornecido pela Roland para a interfa- update está disponível em http:// necidas em PDF e não esqueça de de-
ce Octa-Capture, que foi analisada por tinyurl.com/octaupdate. sinstalar o driver antigo antes de fazer
mim aqui na AM&T. O Painel de Con- o update. Crie um ponto de restaura-
trole da Octa-Capture, assim como Baixe os seguintes arquivos: ção do Windows antes de iniciar a tro-
sua integração com o Sonar X1, fo- ca. Após instalar o novo driver, desa-
ram imensamente aprimorados após a 1. OCTA-CAPTURE System Program bilite a opção “Reduce CPU Load” para
análise publicada. O Painel agora pos- (Ver. 1.50) que o Sonar rode com maior eficiên-
sui VUs e uma disposição mais lógica 2. OCTA-CAPTURE Driver Ver.1.5.0 for cia e não demore a armar para gravar
dos botões do compressor e do gate. Windows 7 / Vista / XP quando o mesmo estiver parado.
Luciano Alves é tecladista, compositor e autor do livro Fazendo Música no Computador. Fundou, em 2003, a escola de música e
tecnologia CTMLA – Centro de Tecnologia Musical Luciano Alves (www.ctmla.com.br), que dispõe de seis salas de aula e um estúdio.
Gigplace 85 www.gigplace.com.br
Enrico de Paoli é Engenheiro de musica. Grava, mixa, masteriza e produz no Incrivel mundo e em outros
estúdios dentro e fora do Brasil. Projetos recentes incluem o Grammy-Winner Aria de djavan, me Leve a
Sério de Jorge Vercillo, e o comercial da Smirnoff Crazy Nights que mixou em Nova York e masterizou no
Incrivel mundo. Informações e treinamentos www.EnricodePaoli.com
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