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Costa, N. (2004) - Até Onde o Que Você Sabe Sobre o Behaviorismo É Verdadeiro
Costa, N. (2004) - Até Onde o Que Você Sabe Sobre o Behaviorismo É Verdadeiro
Nazaré Costa
o i^ a n im d o ra
ESETec
Até Onde O Que Você Sabe Sobre O
Behaviorismo É Verdadeiro? Respondendo As
Principais Críticas Direcionadas
Ao Behaviorismo De Skinner
Até Onde O Que Você Sabe Sobre
O Behaviorismo É Verdadeiro? Respondendo As
Principais Críticas Direcionadas
Ao Behaviorismo De Skinner
Nazaré Costa
O rganizadora
ESETec
Editores A ssociados
2004
Copyright desta edição:
ESETec Editores Associados. Santo André. 2004.
Todos os direitos reserv ados
Costa, Nazaré.
80 p. 21cm
1 Behaviorismo Radical
2. Skinner
3. Comportamento Humano
B.F.Skjnner, 1990
Para meus sobrinhos Xfaick e Maytta que representam
os filhos que ainda não me disponibilizei ter.
Vocês são muito importantes para mim!
Agradecimentos
Sazaré
Agosto de 2003
Sumário
I O B e h a v io r is m o ig n o r a a c o n s c i ê n c i a , o s s e n t im e n t o s e o s e s t a d o s
p o r t a m e n t o é a d q u ir id o d u r a n t e a v id a d o i n d i v í d u o ?
c o n ju n t o d e r e s p o s t a s a e s t ím u l o s , d e s c r e v e n d o a pe s s o a c o m o u m
a u t ô m a t o , u m r o b ô , u m f a n t o c h e o u u m a m á q u in a ?
VII O B ehav i o r is m o é n e c e s s a r i a m e n t e s u p e r f ic ia l e n ã o c o n s e g u e l id a r
c o m a s p r o f u n d e z a s d a m e n t e o u d a p e r s o n a l id a d e ?
VTII O B e h a v io r is m o l im tta - s e â p r e v is ã o e a o c o n t r o l e d o c o m p o r t a m e n t o
XIII O B e h a v io r is m o s ó s e in t e r e s s a p e l o s p r i n c í p i o s g e r a is e p o r is s o
XIV O B e h a v io r is m o é n e c e s s a r i a m e n t e a n t i d e m o c r á t i c o p o r q u e a r e l a
ç ã o e n t r e e x p e r im e n t a d o r e o s u j e i t o ê d e m a n ip u l a ç ã o e s e u s r e s u l
t a d o s p o d e m , p o r e s s a r a z ã o , s e r u s a d o s p e l o s d it a d o r e s e n ã o p e l o s
Simone Corrêa......................................................................................... 61
XV O B e h a v io r is m o e n c a r a a s i d é ia s a b s t r a t a s , t a is c o m o m o r a l i d a d e e
j u s t iç a c o m o f ic ç õ e s ?
XVI O B e h a v io r is m o d e s u m a m z a o h o m e m , r e d u z in d o e d e s t r u in d o o h o
m e m e n q u a n t o h o m e m , s e n d o i n d if e r e n t e a o c a l o r e à r i q u e z a d a
v id a h u m a n a , e in c o m p a t ív e l c o m o g o z o d a a r t e , d a m ú s ic a , d a l i t e
r a t u r a e c o m o a m o r a o p r ó x im o ?
R e f e r ê n c ia s
oi d
A p ê n d i c e ......
C aUTUjO [
15
Em Ciência e Comportamento Humano (1998), Skinner fala da vida privada
como aquela que é construída na relação do individuo com a comunidade verbal perten
cente ao seu meio cultural. Por isso. para compreender e analisar a subjetividade é preciso
investigar o contexto ao qual está relacionada.
No processo de instalação dos eventos privados no repertório comportamontai
do indivíduo, é preciso que ele se comporte publicamente e que a comunidade verbal o
ensine a discriminar e nomear o evento privado. Por exemplo, uma criança que está
com dor de barriga provavelmente colocará a mão na barriga com expressões faciais de
dor (rosto franzido). Isso permitirá que outra pessoa responda discriminativamente e
diga para ela que o que está sentindo é dor de barriga. Nesse sentido. Skinner <1998)
argumenta que todo comportamento antes de ser privado deve ser apresentado publi
camente.
Contudo, com palavras que designam sentimentos, o aprendizado não ocorre
de maneira tão fácil, pois os comportamentos que são expressos publicamente quase
nunca coincidem com o que se passa no mundo privado. As palavras que uma pessoa
utiliza para responder o que está sentindo foram adquiridas através da comunidade
verbal, e esta não sabia exatamente o que ela estav a sentindo (Skinner. 2002).
Skinner (2002) mostrou que as p a la v ra s aprendidas para expressar sentimen
tos começaram com metáforas, como uma forma de mostrar o que se passava internamen
te através de algo público que fosse semelhante; por exemplo, uma pessoa que se sente
trai da compara tal sentimento com um punhal enfiado no peito. Houve uma transferência
do público para o privado.
Numa análise do comportamento, segundo Skinner (2002), não precisamos
utilizar os nomes que designam sentimentos se pudermos acessar diretamente os ev entos
públicos que causaram tais eventos privados. Ao invés de dizer que alguém está deprimi
do, podemos dizer que não existe nada de reforçador no ambiente desse indivíduo.
Isso não significa que o Behaviorismo não leva em consideração os sentimentos.
O que o Behaviorismo não aceita são os eventos priv ados como determinantes do compor
tamento; eles não são aceitos como causa pois, como foi afirmado anteriormente, existe
sempre um evento extemo antecedente (Skinner, 2003). Para ilustrar, costumamos dizer
que a raiva é o que nos motiva a “brigar” com alguém, mas ninguém fica com raiva sem que
algo extemo ao sujeito tenha ocorrido antes de tal evento privado, como uma batida de carro,
uma ofensa proferida ou um dia com temperatura excessivamente elevada.
É fácil atribuir a causa do comportamento aos sentimentos porque estes ocor
rem ao mesmo tempo em que estamos nos comportando ou mesmo antes de nos compor
tarmos. formando um elo na cadeia comportamental (Skinner, 2 0 0 2 ).
Skinner (2002) esclarece outro ponto que facilita esse engano - o fato de. na
maioria das vezes, as pessoas não estarem conscientes das contingências ambientais que
estão controlando seus comportamentos.
Considerando que a crítica inclui a não-atribuição de papel à consciência, faz-se
necessário elucidar de um modo mais especifico como a consciência é vista pelo
Behaviorismo Radical.
1 Afirma-se qoe um orgamsmo dvscrômTs» ctstç áots ou -na» «trm uk» quando eic se ceroçiorta difercTWTnerr.e na
presença de cada um detaes cHnuuk» <Whotfey e Malkx. 1980*}.
: O cooccito <fc estim ule nrfançador será apresentado no capitulo III.
16
C aU t ia o I
Skinner (1998) aborda a consciência como a capacidade que o ser humano tem
de descrever seu comportamento, identificando a sua relação com as variáveis que o
determinam.Ter consciência ou estar consciente refere-se então ao mestno fenômeno - a
capacidade que uma pessoa tem de falar sobre o seu comportamento. Quando isso é
possível, podemos dizer que tais atos ou comportamentos são conscientes (Baum. 1999).
O comportamento de falar também pode ser consciente ou não. Será consciente
quando a pessoa que se comportou for capaz de repetir o que foi dito (Baum. 1999).
Entretanto. Skinner (1998) revela que. na maioria das vezes, o homem é inca
paz de reconhecer tais variáveis, pois estas podem ser sutis a ponto de não despertarem
a atenção do indivíduo. Da mesma forma, pode não haver uma razão específica para que
este indivíduo se comporte discriminativamente a ponto de tomar consciência daquela
relação. Além disso, as variáveis que nos afetam são muitas e discriminar sob controle de
qual delas estamos nos comportando não é uma tarefa fácil.
Em síntese, quando nos comportamos ou quando estamos aprendendo um com
portamento. não nos damos conta do processo como um todo. o que tem como conseqüên
cia a atribuição da função de originador do comportamento a um agente interno - o EU -
referindo-se ao próprio homem como responsável pelo comportamento (Skinner, 1998).
Quando as concepções intemalistas’ referem-se a um EU como o causador de
uma ação. esse EU não coincide com o organismo físico. E como se o corpo apenas se
comportasse, mas quem o dirige é o EU, e não importa se esse EU é inconsistente (que
muda de um momento pra outro), pois um único EU é capaz de comportar diferentes
ações (Skinner, 1998).
Para Skinner (1998), o conceito de EU não é essencial em uma análise do
comportamento porque ele se baseia nas variáveis ambientais. Considera o EU um mero
artifício para simplificar a relação funcional “causa e efeito’', já que trabalhar com os
dados ambientais exige uma explicação de como se dá as relações entre eles.
A concepção behaviorista de EU, que nada se assemelha às concepções
intemalistas. revela que o EU está relacionado com a cultura na qual os repertórios
comportamentais vão ser instalados em cada indivíduo a partir da sua interação com o
ambiente. De acordo com as variáveis ambientais, o indivíduo aprenderá a se comportar
de diferentes maneiras em diferentes situações (Skinner, 1998).
O que se tomará próprio de cada indivíduo será a forma como se comportará
diante de uma dada situação, visto que a história de reforçamento se diferencia de pessoa
para pessoa. Em suma. o EU não é um agente interno ao homem e causador de uma ação,
mas sim comportamentos instalados a partir da história de reforçamento do indivíduo em
interação com o meio cultural.
Podemos perceber claramente, ao longo de todo o capitulo, a ênfase que o
Behaviorismo dá ao ambiente, mas isso não torna as criticas dirigidas a ele pertinentes. O
Behaviorismo Radical atribui ao EU e a subjetividade (ev entos privados) o lugar de ser
efeito do ambiente e dos comportamentos que ele produz, e não o de ser causa. Os
eventos privados podem fazer parte de uma cadeia de comportamento, mas não o deter
minam. O estimulo que produz o comportamento é sempre ambiental externo. Logo, não
há gravidade alguma em deixar de atribuir ao EU, ou aos eventos privados, o papel de
causador do comportamento já que somos a todo o momento afetados pelo ambiente.
3 Aquelas que explicam o fenômeno comportamentai através do que ocorre no interior do indivíduo.
17
C apitulo II
20
C a fít u l o II
21
Capítulo III
O Behaviorismo apresenta o
comportamento simplesmente como
um conjunto de respostas a estímulos,
descrevendo a pessoa como um
autômato, um robô, um fantoche
ou uma máquina?
Nádia Prazeres Pinheiro
24
C a p itu lo III
Os "íermos 'causa' e 'efeito': já não são usados em larga esrala na ciência. Lma
“causa" vem a ser “uma mudança em uma variável independente" e um “dcrto"
uma “mudança em uma variável dependente'1'. A antiga “relação de causa c
efeito" transforma-se em uma "relação funcional". Os novos termos não suge
rem como uma causa produz o seu efeito, meramente afirmam que eventos
diferentes tendem a ocorrer ao mesmo tempo, em uma certa ordem (p. 24).
26
C apítvlo IV
27
mente ocorre. O fato de o pensar ser um comportamento encoberto dificulta a identifica
ção das reais causas do comportamento como exteriores ao indivíduo
Na teoria cognitiva, o desenvolvimento do mundo no qual o indivíduo está
exposto é pouco valorizado. Tal aspecto pode ser observ ado na área educacional na qual
professores lançam mão dos mais variados métodos e instrumentos para promover o
desenv olvimento cognitivo das crianças. Eles são instruidos para trabalharem o intelecto
dos alunos, tomando-o mais receptivo e ágil ao processar as novas informações. Já na
teoria skinneriana. é o ambiente externo que assume papel central e não as cognições.
A cognição é um processo mental e por isso é rejeitado por Skinner como
agente que determina o comportamento. “Os processos cognitivos são processos
componamentais; são coisas que as pessoas fazem” (Skinner, 2002. p. 39) e como tais
são estudados pelo Behaviorismo.
Os cognitivistas aproximaram o conceito de mente ao de cérebro e buscam
compreender fenômenos cognitivos que nele ocorrem utilizando, como analogia, progra
mas de computador. No entanto, nem o mais avançado dos computadores poderá explicar
o comportamento humano, porque o homem não é uma máquina que pode ser programa
da para realizar ações. A própria estrutura cerebral também foi selecionada e cabe a outras
ciências e não à Psicologia saber como e porque foi selecionada (Skinner, 1990).
Não restam dúvidas que a Psicologia Cognitiva é uma abordagem que vem
conquistando cada vez mais adeptos em virtude de sua linguagem ser de fãcil entendimen
to para o público em geral, enquanto a linguagem skinneriana. por apresentar caráter
cientifico, é freqüentemente rejeitada.
28
C a u t u jo V
S à d ia Prazeres P inheiro
30
C A P ín x o V
que ura homem se comporta por causa das conseqüências que seguem o seu
comportamento, diremos simplesmente que ele se comporta por causa das
conseqüências que seguiram um comportamento semelhante no passado
(Skinner. 1998. p. 97).
32
C aíttllo V I
33
res. artistas, compositores, matemáticos, cientistas e inventores estão fa
miliarizados com as formas explícitas de tomar mais provável a ocorrência
de comportamento original (Skinner. 2003, p. 101).
Assim, toma-se claro que a originalidade não está ligada a processos internos,
como enfatizam os mentalistas. Os comportamentos criativos são, como qualquer outro
comportamento, selecionados pelas suas conseqüências.
Skinner (1998) faz a distinção entre o que se pode chamar de idéias originais e
não-originais. As respostas não-originais são aquelas provenientes da imitação ou gover
nadas poc regras1. Já as respostas originais são aquelas que resultam da manipulação das
variáveis, ou seja, modeladas pelas contingências. “Artistas, compositores e poetas às
vezes seguem regras (imitar o trabalho dos outros, por exemplo, é uma forma de seguir
regras), mas atribui-se mérito maior ao comportamento devido a exposição pessoal a um
ambiente- (Skinner, 2003, p. 110-U1).
Baum (1999), um behaviorista radical contemporâneo, argumenta que o objeti
vo da atividade de qualquer artista seja ele pintor, escritor, compositor, ou cientista, é
buscar a novidade, algo que nunca tenha sido visto ou criado antes. Nesse sentido, cada
trabalho criado se constitui como único e novo, não só para a comunidade, mas também
para seu próprio aoervo. Entretanto, ninguém cria um trabalho a partir do nada. pois
mesmo cada trabalho tendo seu aspecto singular, está relacionado com realizações ante
riores e origina-se de uma história de vida particular. É perfeitamente passível de verifica
ção que. embora a compositora Marisa Monte não faça duas músicas exatamente iguais,
suas composições parecem umas cora as outras, mais do que se fosse realizada uma
comparação entre uma música dela com as de Gal Costa, por exemplo.
Então, cada trabalho novo é feito com base nos anteriores e depende das conse
qüências. pois mesmo não sendo possível sustentar empiricamente. pode-se levantar a
hipótese de que se Marisa Monte não tivesse tido conseqüências reforçadoras para suas
composições, provavelmente nâo teria continuado a compor. “Os trabalhos anteriores
estabelecem um contexto no qual o trabalho novo pode se parecer com eles. mas não tanto
que pareça ‘aquela coisa velha"’ (Baum. 1999, p. 102).
E quanto mais o in d iv íd u o tem a oportunidade de comportar-se. nesse caso.
compor cada v e z mais. maior será a probabilidade de reforçamento e conseqüentemente
serão instalados comportamentos criativos, pois '‘as grandes sinfonias de Mozart são
uma seleção de um número maior, os grandes Picassos são só uma parte do produto dc
uma vida de pintura” (Skinner, 1972. p. 172). Assim. Skinner (1972) afirma que o
importante é evocar comportamentos porque só assim serão emitidas respostas, que se
fossem de outro modo, nâo apareceriam.
Para Skinner, a cultura desempenha um pape’ fundamental na instalação de
comportamentos criativos. Isto fica evidente quando sustenta que “em igualdade de
' Regras são estímulos veifcats que especificam ooonngêncMS (Jonas. 199TV
34
C apitulo V I
O professor que acredita que o estudante cria uma obra de arte através do
exercício de alguma faculdade interior e caprichosa não investigará as con
dições sob as quais o estudante de fato faz um trabalho criativo. Será também
menos capaz de explicar este trabalho quando ocorrer e não tenderá a
induzir os estudantes a se comportarem criativamente (Skinner, 1972. p.
160-161).
35
C aH t u j O VÍF
O Behaviorismo é necessariamente
superficial e não consegue lidar com as
profundezas da mente ou da
personalidade?
Suane Maria Marinho Sá
39
dois desses conjuntos ao mesmo tempo como, por exemplo, quando um rapaz recebe a
visita da namorada no trabalho, ou quando se encontra simultaneamente na presença do
chefe e do subordinado (Marçai, 2 0 0 1 ).
É hora de começarmos a olhar para fora. Há anos as pessoas, incluindo os
cientistas, têm se preocupado com a vida mental, mas está mais do que na hora de
começarmos a rev elar algum interesse por uma análise mais precisa do papel do meio
sobre os nossos comportamentos. “À medida que a pertinência da história ambiental se
tomou mais clara, questões práticas começaram a ser propostas, não sobre sentimentos
e estados mentais, mas acerca do meio ambiente, e as repostas se vêm revelando cada vez
mais úteis” (Skinner, 2003, p. 148).
Vimos que, de um modo geral, a Psicologia e outras áreas do saber concebem
comumente a personalidade como o conjunto total das características próprias do indiví
duo que, integradas, estabelecem a forma pela qual ele reage costumeiramente ao meio.
Não seria justamente o contrário? A Análise Comportamental concebe o ser humano a
partir das diversas relações existentes entre o indivíduo e o seu ambiente, levando em
consideração a história da espécie, a história do indivíduo e a cultura na qual ele se insere.
Assim, aquilo que costumeiramente chamamos de personalidade refere-se aos padrões de
comportamentos adquiridos e mantidos por contingências. Não admitir essa idéia é. ao
meu ver, recusar a própria natureza humana.
A pergunta que ficou é a seguinte, seremos superficiais, então, somente por não
atribuirmos causa aos eventos privados? Skinner nos fala que “se excluirmos o significa
do pejorativo de ‘superficial' como carente de penetração e o sentido honorífico de
profundo’ como perspicaz e entranhado, então há uma ponta de verdade na alegarão de
que a análise behaviorista é superficial e nâo atinge as profundezas da mente ou da
personalidade” (Skinner, 2003, p. 191). Aqueles que dizem ser a ciência do comporta
mento simplista, limitada e superficial por não lidar com as profundezas da mente ou da
personalidade, usualmente revelam-se ultra-simplistas, uma vez que as explicações
imemalistas são atraentes justamente porque parecem ser muito mais simples do que os
fatos que se dizem explicarem. Assim, os behavioristas (e nós futuros) somos facilmente
acusados de superficiais porque é muito difícil acreditar que um principio tão simples
possa ter amplas conseqüências em nossas vidas (Skinner, 2003).
Portanto, os behavioristas não varrem o problema dos eventos mentais e da
personalidade, especificamente falando, para debaixo do tapete, abandonando o papel
causai da mente sem nada colocar-lhe no lugar. Se isso acontecesse, poderiam sim. ser
superficiais no sentido criticável do termo. Skinner (2003) nos fala que ninguém é capaz de
dar uma explicação completamente adequada do que é a personalidade, por ser um dos mais
complexos assuntos do campo psicológico. No entanto, por mais deficiente que possa ser
a explicação dos comportamentalistas. devemos lembrar-nos de que. sob um enfoque
comportamental. “as explicações mentalistas nada explicam” (Skinner. 2003, p. 190).
40
C A m i x o YTII
10 comportuncraal verba] é definido por Sknner {1978a) como um operante que tem «uas coaseqúêncút; mediadas
por um ouvinte O que significa dizer que o comportamento age primeko sofcre o ambiente social. Ao solicixar a
alguém que íectae a janeia. meu comportamento afeta o comportamento de outra pessoa c. ê esta. que por sua t ez
ahera. o ambtente fisteo cfaetasoeniie. no caso. fcchaado a janela* sentfe esse um exemplo de componaunenso vot»L
42
C a TTTUjO v m
independe das contingências ou fatos que giram em torno do tal fenômeno (Chauí. 1999).
Já o Behaviorismo. precisamente Skinner, afirma que o significado está nas contingências.
O indivíduo apreende o sentido do que lhe aparece na sua relação com o mundo, no qual
existe uma comunidade verbal que o condiciona a aprender tais significados (Skinner,
2003). Acho que todos já ouv iram falar da história das crianças-lobo. De fato. se a
essência independesse das contingências, aquelas crianças teriam aprendido, sozinhas,
com suas consciências, a essência (a qual conhecemos, e a qual não muda. pois é idêntica
a ela mesma) das coisas que as cercavam.
Conclui-se. então, que o Behaviorismo Radical dá ao homem o papel de cons
tituir essências, na medida em que interage com o mundo, dando sentido e sendo afetado
pelo mesmo. Logo. trata-se de uma ação transformadora constante do homem sobre o
meio e do meio sobre o homem (Costa. 1996).
Já sabemos que a essência do homem enquanto a consciência não é negligenci
ada pelo Behaviorismo Radical, mas somente é vista sob uma outra perspectiva, a de
estar voltado para algo. discriminando ou respondendo diferentemente a um estimulo,
antes despercebido; o contrário de estar inconsciente ou não tratar diferentemente um
estimulo determinado. Por exemplo, no momento estamos conscientes do artigo que
estamos escrevendo, a cada linha tentamos escrever num formato que o leitor possa
entender e gostar. Ao mesmo tempo, não estamos conscientes do que está sendo tratado
no jornal da TV que uma outra pessoa está assistindo no quarto ao lado (não estamos
voltados para esse fenômeno). Assim, quando respondemos a um estímulo X em detri
mento de outro, estamos consciente de X e inconsciente do outro.
Mas onde entra a previsão e o controle do comportamento nessa interação do
homem com o ambiente? Sabemos que o objetivo de toda ciência é prev er e controlar algo
e, a Análise do Comportamento, como ciência que é, também se propõe à previsão e ao
controle do comportamento (Costa. 1997).
Ora. pesquisando o que controla, por exemplo, o comportamento de uma
mulher no que diz respeito a continuar casada com um homem que a espanca, a Análise
do Comportamento vai buscar no ambiente dessa mulher o que reforça seu comporta
mento: que estimulo é esse “que é mais forte*’ do que o sofrimento de ser agredida pelo
marido. Fazendo um estudo objetiv o, acabaremos descobrindo as variáveis controladoras
do seu comportamento, o que facilitará o estabelecimento de prev isões de futuros com
portamentos desta mulher.
Concluindo, se a essência do homem é voltar-se para o mundo, dando-lhe
significado, e o estudo da previsão e do controle do comportamento explica essa relação
homem-meio (sentidos que o homem dá á sua vivência, estímulos que determinam sua
própria maneira de se comportar, inclusive o de dar sentido ao que lhe aparece), não
notamos o que está sendo negligenciado no estudo sobre o homem, de acordo com o
enfoque behaviorista.
Por outro lado. Husserl concede, ainda, ao homem, a qualidade de transcendencia.
Transcender seria ultrapassar o dominio da experiência, chegando ao domínio espiritual
(Russ. 1994). Essa qualidade é bem compatível com a própria fundamentação da
Fenomenologia que se contrapõe ao naturalismo (pensamento que não admite o espírito), o
qual segundo Husserl é a “representação da existência da totalidade do ser (consciência,
idéia, etc) à imagem da natureza (e da coisa material)“ (Russ. 1994, p. 195).
43
Nesse caso. acredita-se que a essência pura somente seria alcançada através de
uma redução que o sujeito transcendente faria. Colocando tudo entre parênteses, o que
significa nos abstermos de toda certeza e de idéias prc-concebidas que o mundo material
nos oferece, passaremos do fenômeno (aquilo que aparece na experiência) à essência
(sentido puro do ser, do fenômeno) (Russ, 1994).
Com um mínimo de conhecimento sobre o Behaviorismo, fica claro que se a
essência humana for a transcendência, com toda certeza o Behaviorismo a negligencia, já
que não admite explicações metafísicas (cf. Michelleto. 1997). No Behaviorismo Radi
cal, como já foi dito. tudo é explicado na experiência, levando em conta as circunstâncias
e conseqüências do ato humano. É através da interação homem e ambiente que os
behaviorístas encontram toda fundamentação e explicação para qualquer fenômeno hu
mano.
Então, afinal de contas, o Behaviorismo Radica] negligencia ou não a natureza
ou essência humana? Se esta for tomada como a consciência, a resposta é não. por tudo
que já foi explanado. Mas se admitirmos a transcendência como essência humana, a
resposta é sim. já que o B ehaviorism o jam ais aceitaria uma explicação metafísica para o
comportamento humano, colocando em segundo plano a interação homem-ambiente.
44
CAríTVLO IX
1 Lm analtsu do componsunenío aào unkza o tenne patológico p a n comportamento estranho ou dato anorroL
se tal comportamento ocorre é porque o mesmo possui uma fuaaoaaJidade ou um »aJor de sobrevivência (Maios.
1999).
46
C atttvloLX
47
C a pttllo X
50
CaiítixoXI
O Behaviorismo é supersimplista e
ingênuo e seus fatos são
ou triviais ou já bem conhecidos, sendo
que suas realizações tecnológicas
poderiam ter sido obtidas pelo senso
comum?
Nazaré Costa
Taynan Marques Bandeira
ll\iane Pereira dos Santos
Em alguns capítulos deste livrojá foi afirmado que um dos objetivos da ciência
consiste em estabelecer leis que possam explicar seu objeto de estudo. E estes “Princípi
os ou leis cientificas devem ser formuladas em termos simples, claros e econômicos para
que seja possível prever e controlar seqüências de eventos singulares" (Marx e Hillix.
1973, p. 20). Deste modo. como um filósofo e um dentista do comportamento. Skinner
não poderia ferir este princípio básico.
Por outro lado. não se deve confundir supersimplificaçâo com parcimônia
que é considerada uma virtude em ciência, como argumenta Carrara (1998). Enquanto a
primeira diz respeito a uma visão limitada que negligencia partes importantes à compre
ensão do fenômeno a ser estudado, a segunda refere-se a escolha da explicação mais
simples, entre diferentes explicações disponíveis (Carrara. 1998).
Simplificar uma explicação, para um behaviorisía radical nào significa, deste
modo. ser reducionista. nem tampouco negligenciar o estudo de fenômenos complexos
(cf. Carrara. 1998: cf. Skinner. 2003). Afinal, já foi visto aqui que o comportamento
humano é abordado por Skinner como a relação entre organismo e ambiente, sendo
ambiente e comportamento abordados de forma molar. Ambiente se referindo a aconteci
mentos que envolvem a história da espécie, do indivíduo e do grupo social e comporta
mento incluindo ~a ação humana em toda sua complexidade: os eventos privados, a
moral, o pensamento, a consciência, a alienação e a própria ciência" (Micheletto, 1997, p.
119).
Comparando a explicação comportamental com as explicações fornecidas por
outros referenciais teóricos em Psicologia, também é notório que as primeiras são mais
simples do que as demais, o que provavelmente produz nas pessoas a impressão de que.
na verdade, tais explicações são superficiais e limitadas, no sentido de não aprofundarem
51
e não alcançarem as reais causas do comportamento humano, tratando-se apenas de um
conhecimento do senso comum. Afinal» o que se espera de alguém que estude e ou
trabalhe com Psicologia é que use uma linguagem carregada de termos subjetivos e pouco
compreensíveis para a comunidade em geral. Kerbauy (1999) foi explicita ao abordar esta
questão citando um exemplo encontrado em um livro de Psicologia que buscava explicar
um padrão de comportamento observado no contexto da saúde: "baixo grau de ansiedade
denota também ausência de introversão e traz como resultado igual resistência em com
preender e reafirmar-se diante da situação” (p. 19). E conclui o artigo afirmando, “O
psícologo nâo fala mistério... Analisa as características funcionais do comportamento"
<p.2 1 ).
Espera-se que até aqui tenha ficado claro, então, qual o significado da palavra
simples para a ciência, que foi o significado com o qual Skinner desenvolveu seus trabalhos.
Retomando a uma afirmação anterior de que as pessoas tendem a ver as
explicações comportamentais como limitadas, toma-se importante ressaltar que hoje o
paradigma da tríplice contingência, de fato, já é visto pelos analistas do comportamento
como limitado - ainda extremamente útil, como continuam mostrando, por exemplo,
intervenções comportamentais nas áreas clinicas e da saúde, mas que atualmente foi
ampliado: trata-se dos paradigmas constituídos de 4 e 5 contingências.
Barras (19%) expõe que na contingência de 4 termos. S® *1 - Sc R - S \ existe
um estimulo condicional que sinaliza quando uma contingência tríplice está vigorando.
“O funcionamento da contingência tríplice, portanto, depende (é contingente) à presença
de um quarto estímulo (o condicional)*' (Barros. 1996, p. 10). Exemplificando: quando
Maria está em São Luís e passa em frente a uma sorveteria. se ela pedir um sorv ete de
juçara, então receberá o sorv ete sem problemas. Mas quando Maria está em Belém e
passa em frente a uma sorv eteria. ela deverá pedir sorv ete de açaí1 para então receber seu
sorvete (Costa, N„ 2000, comunicação pessoal). Pode-se perceber que existe uma tríplice
contingência funcionado (S*1 = sorv eteria R = pedir sorv ete de juçara açai S =
sorvete) sob controle de estímulos condicionais, no caso. São Luís e Belém.
Na contingência óe 5 termos. S5"* - S0” 1 - S* - R Sr. existe um estimulo
contextual que sinalizará o funcionamento de uma contingência de 4 termos, podendo ou
não alterar a função do S”** (Barros. 1996). Utilizando o exemplo anterior, suponha que
na sorveteria que Maria freqüenta em São Luís tenha uma atendente que é paraense.
Neste caso, se a atendente é paraense, se Maria está em São Luís e passa na frente de uma
sorv eteria. se ela pedir um sorv ete de açaí. então receberá seu sorvete de açai (N. Costa,
comunicação pessoal 2000). Há uma contingência de 4 termos funcionado ( S ^ = São
Luís S* = sorveteria -> R = pedir sorvete de açaí -> ST= sorv ete) sob controle de um
estimulo contextual; a naturalidade da atendente está sen indo como estímulo contextual
que define o pedido de Maria por sorvete de juçara ou açaí.
Os paradigmas de 4 e 5 contingências ampliaram, então, a análise de comporta
mentos e. embora tenham sido formulados após a morte de Skinner, só foram possíveis
utilizando-se da contingência tríplice elaborada por ele. o que toma visível que a comuni
dade cientifica continua sistematizando conhecimentos a partir do que Skirmer produziu.
Como diz Carrara (1998), Skinner tem uma obra ampla e abrangente, mas
deixou espaço para que os analistas comportamentais fizessem novos estudos experi-
52
C atituio XI
mentais e teóricos. Até porque em ciência não se têm resultados definitivos, eles estão
sempre se modificando conforme as novas situações que surgem.
Sabe-se que a Psicologia foi fundada por Wundt no século XIX. portanto é uma
área de conhecimento recente que buscou autonomia e ainda procura fazer reconhecer seu
estatuto de cientificidade diante da diversidade de saberes nela existentes. E no cenário
histórico da Psicologia, o Behaviorismo Radical de Skinner surge apenas em 1945, possu
indo quarenta e nove anos de existência, o que é pouco tempo tratando-se de uma filosofia
da ciência. Mas apesar de novo. o Behaviorismo Radical tem evoluido de maneira consi
derável. contribuindo de forma significativa para o estudo do comportamento humano.
Fazer ciência, inclusive desenvolvendo uma tecnologia própria, é evidente que
leva tempo. E Skinner trabalhou muito neste sentido, aperfeiçoou o modelo de Watson e
abriu caminho, com a formulação do paradigma operante. para que os analistas do com
portamento passassem a estudar processos comportamentais de forma mais ampla.
Concluindo, só resta concordar que de fato o
Nazaré Costa
Às vezes eu sou perguntado: “Você pensa sobre você mesmo como você
pensa acerca dos organismos que estuda?” A resposta é sim. Até onde lenho
conhecimento, meu comportamento é em qualquer momento nada mais do
que o produto de minha dotação genética, minha história pessoal, e o con
texto social (p. 25).
Se qualquer ciência visa identificar leis gerais que possibilitem explicar os fenô
menos da natureza, por que com a ciência do comportamento seria diferente? Colocando
de oumo modo. o que dificulta a aceitação de que o comportamento do behaviorista segue
as mesmas leis dos comportamentos dos indivíduos em geral?
55
Na verdade, embora a questão esteja voltada para o comportamento do
behaviorista. talvez ela possa ser formulada de uma forma mais ampla - por que é difícil
aceitar que o comportamento humano está submetido a leis gerais?
Admitir que o comportamento humano é regido por leis significa que nossos
comportamentos são controlados, logo, não somos livres para agir. o que é extremamente
aversivo para nossa cultura que acredita no livre-arbitrio (cf. Costa, 2000), Além disso,
afirmar que os homens possuem seus comportamentos condicionados “desumaniza o
homem.., e destrói o homem enquanto homem” (Skinner, 2003, p. 8 ) - critica que será
discutida no último capitulo.
Em contrapartida, para um behaviorista. acreditar no condicionamento dos
comportamentos humanos significa apenas que o comportamento, como qualquer fenô
meno da natureza, responde a regularidades que são determinadas pelo ambiente. Como
argumenta Sidman (2001). “O controle da conduta pelo ambiente físico e social é uma
característica do mundo, exatamente como o controle de objetos físicos, reações químicas
ou processos fisiológicos’' (p.46).
Quanto à declaração de que o behaviorista fala aquilo que foi condicionado,
novamente a resposta é afirmativa. Ele diz o que foi condicionado a dizer no sentido em
que teve seus comportamentos selecionados, assim como os não-behaviorista? também
os tiveram. Como tiveram seu comportamento de falar sobre o comportamento selecio
nado por uma comunidade cientifica que é responsável pela manutenção do mesmo, são
os behavioristas então pessoas que não dizem a verdade, como sugere a critica?
Responder de forma aprofundada a este questionamento exigiria uma discussão
do que se entende por verdade. Como esta discussão é essencialmente filosófica e não se
restringe a Análise do Comportamento, não se entrará neste mérito. Julga-se ser suficien
te assumir que se os behavioristas não são verdadeiros porque possuem seus comporta
mentos condicionados, todos os indivíduos, behavioristas ou não, são falsos pois todos
têm seus comportamentos condicionados, sendo esta. até o presente momento, uma
verdade inquestionável, como mostram os estudos experimentais com humanos e nào-
humanos ao longo de décadas.
Diante dos argumentos expostos resta apenas aceitar a proposição de que “As
leis do comportamento são uma característica do mundo em que vivemos: não podemos
repeli-las" (Sidman. 2001, p.46). Do contrário, corre-se o risco, como vem acontecendo,
de perder-se a oportunidade de mudar a direção da nossa história, tomando a vida no
mundo mais reforçadoro (Skinner, 1987).
56
C a fít u l o X H I
57
Partindo desse raciocínio, os indivíduos passam a se sentir não mais como
sujeitos livres, mas como objetos de um experimento. É como se a sua individualidade
lhes fosse retirada e eles passassem a ser iguais a todos. Contudo, o Behaviorismo Radical
já explicou de maneira suficientemente clara que isso não acontece. Nas palavras de
Skinner (2003).
Cada célula em seu corpo [homem] é um produto genético único, tão singu
lar quanto a clássica marca da individualidade, a impressão digital. E mesmo
dentro da cultura mais organizada, cada história individual é única. Nenhuma
cultura intencional é capaz de destruir essa singularidade... (p. 156).
58
C apítulo X IU
59
CAPmxo XIV
O Behaviorismo é necessariamente
antidemocrático porque a relação entre
experimentador e o sujeito é de manipu
lação e seus resultados podem, por essa
razão, ser usados pelos ditadores
e não pelos homens de boa vontade?
que talvez esta tradição histórica, aliada à história pessoal de cada um que
muitas vezes envolve abuso de poder por parte de oulros para beneficio
própnc e contra pessoas de algum modo menos favorecidas, leve as pessoas
a reagirem [ao controle] (p. 1! 1).
61
Com isto não se pode condenar a aversão que as pessoas têm por qualquer
menção ao controle e à manipulação, pois a maioria acredita que são sinônimos de prisão
e dominação. O que as pessoas desconhecem é que não existe só este tipo de controle e
que o mesmo pode trazer conseqüências positivas para o indivíduo desde que baseado em
outros princípios como a liberdade e a felicidade.
62
C A n r tu o X I V
conseqüências positivas, o que Baum (1999) confirma quando diz que “os analistas
comportamentais defendem o uso de reforço positivo em vez de métodos aversivos”
(p. 198). Mas como se apresenta o controle aversivo? Podemos destacar dois tipos de
controle aversivo freqüentemente utilizados na sociedade, a coerção e a exploração.
A coerção é uma forma de controle aversivo em que "o comportamento das
pessoas é controlado pela ameaça de conseqüências aversivas” (Baum. 1999, p. 179). O
indivíduo sob contingências coercitivas se comporta, ou para evitar que o estimulo aversivo
se coloque, ou para fugir de um estimulo aversivo ao qual está submetido. Quando o
indivíduo atende as ordens do controlador, ele reforça o comportamento do mesmo
positivamente e o controlador reforça negativamente o comportamento do controlado,
Quando isto ocorre. Baum (1999) acredita que o controlado não se sente livre pois a
escolha contrária à orientação do controlado resulta em punição. E continua dizendo que,
à longo prazo, “a coerção é ruim porque torna as pessoas rancorosas, agressivas e ressen
tidas ... tomando-as infelizes” (p. 181).
A exploração também é muito comum quando se busca o controle. Ela consiste,
de acordo com Baum ( 1999), na apresentação de reforço positivo à curto prazo para o
controlado, porém com prejuízo à longo prazo. Apesar de nessas relações tanto o explo
rador quanto o explorado obterem reforço positivo, este. dado ao explorado, mascara os
prejuízos futuros, por isso a exploração é um tipo de controle que é mais difícil de ser
reconhecido na medida em que só se percebe quando o indivíduo fica sob controle de
conseqüências postergadas, nas quais a punição à longo prazo pesa mais do que o reforço
a curto prazo (Baum. 1999).
Na sociedade, podemos destacar vários exemplos deste tipo de relação como
no caso de patrões que podem fornecer pagamento para os funcionários trabalharem em
condições perigosas, o que acaba mascarando os possíveis prejuízos.
Enfim, punição, ameaças e exploração tendem a produzir aprisionamento e
infelicidade (Baum. 1999).
b) Proposta de Controle Defendida peio Behaviorismo
O Beha\ iorismo propõe um tipo de controle que valorize e respeite a liberdade
e a felicidade, que segundo ele é o controle por reforçamento positivo. Nas palavras de
Baum (1999)
63
M aneiras de se D efender do C on tro le A \ ersi \ o e E vploratório
A ciência do comportamento defende algumas maneiras do indivíduo se opor
a esses tipos de controle, dentre elas o autocontrole e o contracontrole.
Para se defender das contingências-armadilhas e das relações de exploração o
Behaviorismo coloca que o indivíduo deve aprender a exercer o autocontrole, ou seja.
deve ficar sob controle das conseqüências à longo prazo abrindo mão do reforço imediato.
Isto pode. à curto prazo, até levá-lo a sofrer punições, porém, à longo prazo vai trazei
benefícios. Por exemplo, o indivíduo que vende carv ão vegetal pode ficar sob controle da>
conseqüências à longo prazo (os prejuízos à natureza e a ele mesmo), abrindo mão do
dinheiro que ganha com a venda (reforço imediato). Isto pode a princípio deíxá-lo em uma
situação difícil (punições)»pcrém se ele não fizer, no futuro vai sofrer pondo em risco sua
própria sobrevivência.
Para se defender das relações coercitivas, a proposta é o contracontrole. Este
acontece quando o indivíduo muda a relação com o controlador, modificando a contingên
cia, fazendo com que esse controle vohe sobre o controlador; neste caso, ao invés do
indivíduo se submeter ao controle, ele reage, ou através do corte da relação, ou de ameaças
e promessas, fazendo com que as ações do controlador sejam mais cuidadosas, ou até
diferentes. De acordo com Skinner (2003), “a democracia é uma versão de cootracontroUT
(p. 206), na medida em que assegura ao indiv íduo o direito de se opor às ações de controle
do governo, passando a se sentir menos coagido.
Pode-se com isto perceber que os controles defendidos pelo Behaviorismo são
incompatíveis com o controle exercido pelos ditadores que buscam o controle baseado cm
coerção e exploração em que os benefícios são unilaterais já que dispõem de todas as
contingências reforçadoras e punitivas, de forma que o indivíduo não consegue se sentir
à vontade para escolher, não exercendo sua liberdade e não se sentindo feliz. Como
Skinner (1998) afirma: “o governo que fizer menos uso de seu poder de punir será o que
mais provavelmente reforça nosso comportamento de mantê-lo” ip. 380), ou seja, um
governo ditatorial não é um tipo de governo que se manteria para a ciência do comporta
mento, pois deixaria de lado a liberdade e a felicidade.
Quanto ao conhecimento produzido pela ciência do comportamento ser instru
mento para os ditadores e nâo para “homens de boa-vontade’*, podemos dizer que o mau
uso do conhecimento de qualquer ciência é um fardo muito pesado que não pode ser
despejado nas costas das mesmas, pois como o próprio Skinner (1998! coloca, não se
pode garantir que o que é gerado pela ciência seja usado para os interesses da humanidade
e completa afirmando que “uma ciência do comportamento não contém em si mesma
quaisquer meios de controlar o uso para o qual suas contribuições serão dirigidas" (p.
475). A possibilidade de ocorrer o mau uso não pode ser uma desculpa para se descartar
a importância da ciência em geral, e da ciência do comportamento para o avanço da
humanidade, pois. como Lipp (1995) frisa, "não é o método comportamental que dev e
ser temido e sim o modo como ele é usado, para quê. com quem e em que circunstâncias"
(p. 114). O mau uso vai depender da conduta ética do homem em lutar pelo bem-estar e
pela sobrevivência o maior tempo possível de sua espécie, com justiça, bom senso e
responsabilidade.
64
C mttlio XIV
C onsiderações F inais
Muitos acreditam simplesmente que. “aceitando" ser controladas explicita
mente. vão se tomar "animais de laboratório e que. ao contrário, são seres humanos
capazes de decidir e escolher o que querem fazer independente de qualquer coisa - são
“donas de seus próprios narizes". O que não percebem é que. primeiro, o controle existe
independente de nossa vontade <Lipp, 1995; Sidman. 2001). Não é uma escolha estar sob
controle, escolhe-se porém sobre qual controle estar, sendo possivel modificar os con
troles aos quais respondemos. Para isto, devemos primeiro aceitar que somos controla
dos. depois identificar a quais controles estamos submetidos e. a seguir, fazer uso do
autocontrole e ou do contracontrole. Ao exercermos o autocontrole e contracontrole
podemos assim nos sentirmos mais livres e felizes. Além disto, as pessoas devem perce
ber que o controle nào se limita a métodos aversivos, sendo o Behaviorismo um grande
crítico destes, propondo um controle por reforçamento positivo natural e à longo prazo.
Tendo possibilidade de visualizar o que sena a manipulação para o Behaviorismo.
e conhecendo os tipos de controle propostos pelo mesmo, não se pode continuar acredi
tando que o Beha\iorismo é antidemocrático e nem que seja arma para os ditadores já que
vimos grandes diferenças entre os tipos de controle exercidos.
E o mau uso do conhecimento produzido pela ciência do comportamento não
pode ser contabilizado como descrédito para a mesma, pois envolve muito mais questões
de ética pessoal e profissional, que nada tem a ver com a teoria behaviorista, já que o mau
uso pode acontecer em qualquer ciência. Em função dos resultados alcançados pela
ciência do comportamento, talvez a dominação tenha sido associada a esta, de forma
errônea, equivocada e. sem um minimo de critica por parte dos responsáveis, ou propo-
sítalmente. ou por falta de conhecimento especifico sobre a ciência do comportamento.
65
C ajttlix ) XV
67
ção. se para ele isso produz benefício? Ou mesmo, como dizer para uma criança que
beliscar a outra é mau. se isso pode dar prazer a ela? Poder-se-ia tentar solucionar tais
questões, com base nas convenções sociais, mas ainda assim, isto daria m argem a debates
sobre como estabelecer, aceitar ou obedecer tais convenções.
Baum (1999) expõe que “a alternativa ao estrito relativismo moral é a idéia de
que há padrões éticos universais, de que é possível descobrir princípios que expliquem as
asserções que as pessoas fazem sobre o bom e o mau como resultado de algo mais do que
suas situações particulares*’ (p. 226). Skinner defende a existência de padrões universais
e define o comportamento social “como o comportamento de duas ou mais pessoas em
relação a uma outra ou em conjunto em relação a um ambiente comum*’ (Skinner. 199S.
p.3 25). E acrescenta: “o comportamento social surge porque um organismo é importante
para outro como parte de seu ambiente" (p. 326). É neste ambiente social que as relações
são estabelecidas e com elas a formulação de modelos de condutas. No entanto, tais
padrões não necessariamente retratam aquilo que fazemos, mas. pelo menos. aquilo que
deveríamos fazer. Surge outra pergunta: como assegurar que cada pessoa aprenda a se
comportar de acordo com estes modelos?
Órgãos e instituições organizadas, como os sistemas governamentais, econômi
cos. educacionais e religiosos e. em menor grau. os psicoterapeutas. exercem forte contro
le sobre as ações dos indivíduos. O autocontrole é. em maior medida, determinado cultu
ralmente por estas agências. Os procedimentos controladores ganham sua unidade por
meio das forças coesivas que permitem ao homem tornar-se parte integrante da ação
grupai. Para Skinner,
68
C A fÍT U O X V
De acordo com Baum (1999), mérito e culpa são elementos adicionais da apro
vação ou desaprovação. Todos nós buscamos o mérito e evitamos a cuipa. Por conseqü
ência tentamos agir de forma responsável. Alguém se comporta responsavelmente quan
do o faz da forma que a sociedade julga útil e adequada. Se è verdade que nos comporta
mos do modo exposto acima, a partir de nossa história de reforçamemo. o mesmo acon
tece com os julgamentos e imposições morais.
Muitas pessoas div ergem sobre o que é justo. “Se ontem eu lhe dei um pedaço
do meu lanche, hoje você me dá um pouco do seu", pode ser o pensamento de uns. Ou “eu
nào estou lhe perturbando, entào me deixe em paz!". Voltamos à discussão inicial. É como
se os dois lados apelassem a um tipo de lei ou padrão de comportamento decente ou
moral. Isto diz respeito, em especial, à justiça. Baum (1999) afirma que “evolucionistas
e behavioristas vêem as regularidades do comportamento humano apenas como reflexo de
várias formas de egoísmo” (p. 228). Com isto ele quer dizer que, como no exemplo acima,
eu só darei um pouco do meu lanche se for prov ável que haja uma retribuição, mesmo que
à longo prazo. A justiça estaria, então. ligada á idéia de reciprocidade. Seria uma espécie
de relação dc concordância, um contrato, mesmo que informal, daquilo que julgamos
merecer por termos feito algo ou que devemos retribuir em função de algo recebido - “Eu
reforço o seu comportamento e você reforça o meu”. Fica implícito nessa relação o
comportamento moral ou ético. Ao falar sobre ética. Skinner expõe que:
a maneira por que uma pessoa trata outra é determinada pela açào reciproca.
Nada lucramos com voltar-nos para os sentimentos. Diz-se amiúde que as
pessoas confortam os aflitos, tratara dos doentes e alimentam os famintos
porque simpatizam com eles ou porque lhes partilham os sentimentos; toda
via. è o comportamento associado com esses sentimentos que deveria ter
tido valor de sobrevivência e que e modificado pelo contracontrole. Abstemo-
nos de ferir os outros, não porque "sabemos o que seja ser fendo” mas (1)
porque causar danos a outros membros da espécie reduz as probabilidades de
1
‘'Cjs.nóe Skiancr 12^00 . gu*r«io uni rsftjrçwor cood>c;onjàf» cs.;ver emparelhado com mais de um reforçado*
nrm ano scra chamado dc n:torvo generaiu jdo.
69
a espécie sobreviver e. (2) quando ferimos outros, nós próprios já fomos
feridos (Skinner. 2003, p. 165).
70
C m t t u -o X Y I
72
C apítulo X V I
O homem então se constrói a partir das interações com o ambiente em que vive
que podem ser reforçadas ou punidas pela comunidade, sendo, pois, selecionadas pelas
suas conseqüências. Em nenhum momento da sua obra Skinner põe de lado as caracterís
ticas próprias do ser humano, aquelas que nos diferenciam dos demais animais, que nos
tomam humanos. O que ele vem trazer é uma nova maneira de conceber conceitos tão
familiares a nós, mas tão pouco estudados cientificamente. .Argumentar que os sentimen
tos vêm dc dentro, que nascem no nosso interior, não basta para uma análise do compor
tamento (Skinner. 2003).
Sentir é, portanto, um comportamento e. como tal. não pode ser tido como
causa de um outro comportamento, uma vez que as causas sempre estão fora do indiví
duo. Dessa forma, amamos, agimos agressivamente, choramos ou sorrimos porque algo
(externo) aconteceu. Ou seja. emitimos tais comportamentos devido a contingências
ambientais que os determinam somado a história individual de reforçamento.
Para entendermos melhor, vamos falar de um destes comportamentos que
talvez cause mais controvérsias ao ser explicado em termos comportamentais: o amor.
Deixando o romantismo de lado. o amor. por ser um comportamento, é determinado por
conseqüências de seleção natural, de reforçamento individual e social. Amar seria, de
acordo com N. Costa (comunicação pessoal. 2000), “Sentir prazer por estar com o outro,
emitir comportamentos que terão maior probabilidade de ser reforçados pelo outro e
liberar reforços para o comportamento do outro”. Portanto, quando dizemos que estamos
amando alguém é porque este alguém, de alguma forma, reforça o nosso comportamento,
seja dando-nos amor. carinho, atenção, dedicação, cuidado, companhia, ou mesmo pre
sentes (Skinner. 2002). No entanto, estes reforçamentos podem não ser apenas nesta
esfera, mas podem referir-se a estabilidade econômica, aceitação social, garantia de um lar,
um futuro promissor, dentre outros.
Mesmo não negligenciando as verdadeiras características humanas, como as
referidas anteriormente, muitas pessoas insistem em afirmar que o Behaviorismo Radical
desumaniza. reduz e destrói o homem enquanto tal.
É freqüente ouvir dizer que o homem se distingue das outras espécies preci
samente porque ele tem consciência de si próprio e participa da determina
ção do seu futuro. O que distingue a espécie humana, contudo, é o desenvol
vimento de uma cultura, de um ambiente social que contém as contingências
geradoras de autoconhecímento e autocontrole (Skinner. 1972 citado por
Fadimarc e Frager, 1986. p. 215).
Na verdade, o homem não é dono do seu destino, uma vez que ele não é
autônomo, nem está livre das pressões ambientais. Esta posição skinneriana é contrária à
visão humanista adotada pela cultura ocidental, na qual o homem é concebido como um
ser responsável pela sua própria vida. pelas suas escolhas, sendo, portanto capaz dc
tomar suas decisões de forma livre (Cosia, 2000). Por possuir uma visão determinista do
comportamento, o Behaviorismo Radical não o aceita como um ato livre ou intencional,
e sim como um ato determinado pelas contingências ambientais de reforçamento (Costa,
2000).
No Humanismo, a liberdade eqüivale a ter escolha. Para o analista do compor
tamento. “o homem não é condenado a ser livre"; escolher é possuir diversas opções de
comportamento. Ao fazermos uma escolha, buscamos ser mais reforçados positivamen
te. mais felizes. “Sentimo-nos tanto livres quanto felizes, quando nos comportamos de
uma maneira e não de outra (...) não porque a ação que não escolhemos seria punida, mas
porque a que escolhemos foi mais positivamente reforçada" (Baum. 1999, p. 181).
A felicidade é um sentimento que está intrinsecamente ligado ao reforço operante.
Aquilo que reforça nossos comportamentos nos toma felizes (Skinner, 2003). É por este
motivo que tentamos evitar eventos aversivos e buscamos reforçadores. aquilo que nos
traga felicidade. Assim, como podem dizer que Skinner afirma que o homem está alheio ao
calor da vida humana, se propõe a busca da felicidade? Decididamente, não podemos
concordar com tais críticas. Até porque, em nossas histórias de reforçamento, estamos
sendo enormemente recompensadas a cada comportamento de aprofundarmo-nos nas
teorias de Skinner. E, já que aquilo que reforça nossos comportamentos nos toma felizes..
74
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C amtvlo I
1. Qual a expressão usada por Skinner para se referir à subjetividade?
2. O que você entendeu por estímulo e comportamento privado? Exemplifique.
3. Sustentado em que Skinner trata a subjetividade do mesmo modo que os com
portamentos públicos?
4. Qual a relação entre subjetividade e comunidade verbal?
5. Elabore exemplos de uma situação que demonstre uma Telaçào entre comporta
mento público e privado, partindo das concepções intemalista e extemalista.
6. Cite os dois fatores que explicam a tendência de atribuir ao mundo privado o
papel de causador de comportamentos.
7. Explique os conceitos de consciência e eu. segundo Skinner.
C \ r m lo II
1. Explique o modelo de seleção por conseqüências.
2. So modelo de seleção por conseqüências, onde poderíamos situar características e
comportamentos inatos?
3. O que seriam dons inatos segundo o referencial skinneriano?
4. O que pode explicar a crença de que Skinner negligencia o que é inato?
C atitiijo III
1. Explique e exemplifique comportamento reflexo e operante. incluindo suas caracte
rísticas definidoras. Em seus exemplos você deve especificar os termos da contin
gência.
2. De que modo o conceito de operante se mostra contrário a uma concepção mecanicista
de comportamento?
3. Explique a afirmação de Micheletto (1997) somos “agentes controlados pelo efeito
de nossa própria ação” (p. 118).
C a iít iio IV
1. O que se entende por cogniçào e como behavioristas radicais concebem tal fenômeno?
2. Na educação, como cognitívistas e beha\ ioristas radicais trabalhariam para que a
aprendizagem ocorresse?
3. Por que behavioristas radicais se contrapõem ao Cognitivismo?
4. Explique por que Skinner discorda do uso de analogias de programas dc computador
para entender o comportamento.
C a pítu .o V
1. Explique os três significados para a palavra intenção.
78
2. Qual( is)o<s)motivo<s) que poòetm) justificar a concepção de intenção como causa
de comportamento?
3. Como relatos sobre eventos futuros são analisados em uma perspectiva
comportamental?
C.\MTVLO M
1. Especifique a relação entre a teoria da evolução e o comportamento
criativo.
2. Como Skinner distingue idéias originais de idéias não-originais?
3. Explique como se dá o processo de criação de algo novo.
4. Qual o papel da cultura na instalação do comportamento criativo?
CAfriiu>MI
1. Contraponha a concepção de personalidade do mentalismo e do Behaviorismo.
2. Para Freud a personalidade constitui-se de três “componentes” - id. ego e superego.
Explique tais conceitos a partir do referencial skinneriano.
3. Como épossKel que um mesmo indivíduo apresente mais de um tipo de personalidade?
C a t it il o M I I
1. Segundo Husserl a consciência dá significado aos fenômenos. E para Skinner, a
noção de significado tem relação com a consciência? Explique.
2. Explique se é possível falar de transcendência, partindo de um enfoque
comportamental.
C VPII1LO I \
1. Cite as vantagens dos estudos com não humanos.
2. Explique a afirmação de que a A.E.C “Não pretende ser uma simplificação do que
ocorre no nosso cotidiano- (Gomide e Weber. 1998. p. 141).
3. Por que é possivel afirmar que Skinner também se preocupa com o que é
especificamente humano?
CvPITl LO X
1. O que faz do Behaviorismo Radical uma filosofia da ciência do comportamento?
2. Por que se pode afirmar que Skinner desenvolveu seus estudos pautado no método
cientifico?
3. Em que contextos verifica-se que os princípios derivados do laboratório tiveram sua
eficácia comprovada?
C apíti i .o XI
1. Supcrsimplificação e parcimônia são sinônimos? Explique.
2. Por que se diz que Skinner concebe ambiente e comportamento como fenomenos
molares?
79
3. Defina e formule exemplos de contingências de 4 e 5 termos.
C afítvlo x n
1. O que significa dizer que os comportamentos humanos são passíveis de condicio
namento?
2. Existe alguma relação entre condicionamento e verdade? Justifique.
CArmix» XIII
1. De acordo com o capitulo, o que faria as pessoas acreditarem que o Behaviorismo
nào faz referência à individualidade?
2. Para o senso comum, qual a relação entre liberdade c individualidade?
3. Segundo a proposta behaviorista, como pode ser compreendida a indiv idualidade?
4. Explique a seguinte afirmação: “A individualidade é produto da diversidade'*
(Micheletto. 1997).
C A rnxtjoX rv
1. Qual o sentido da palavra manipulação para Skinner'?
2. Explique a importância dada ao controle na perspectiva skínneriana.
3. Cite as principais formas de controle e em seguida especifique a forma de controle
defendida pelo Behaviorismo.
4. Explique as maneiras pelas quais o indivíduo pode se defender de contíngéncias-
armadilhas e das relações de exploração.
5. Comente a afirmação - “Não é uma escolha estar sob controle, escolhe-se. porém,
sobre qual controle estar”.
C apítu -o XV
1. Como se define e se constrói, para Skinner, as noções de certo e errado?
2. De acordo com o Behaviorismo. o que seria justiça?
C \r m u ) X \l
1. Para os críticos do Behaviorismo. por que o mesmo desumanizana o homem?
2. Qual o contra-argumento para a critica de que o Behaviorismo desumaniza o ser
humano?
3. De que forma o Behaviorismo explica as “características e capacidades” própria> do
homem?
4. Como poderiam ser explicados os sentimentos de amor. felicidade e liberdade de
acordo com Skinner0
80
Temos o prazer de lançar mais uma obra
soh a batuta de Nazaré Costa. Preocupada
com a publicação de textos voltados para
estudantes, nesse livro a organizadora
propoe a um grupo de alunos que integram
o Grupo de Estudos em Análise do
Comportamento que discutam as críticas
mais freqüentes dirigidas ao
Behaviorismo de Skinner.
Por se tratar de um livro destinado ao
público leigo e/ou iniciante em Psicologia,
nada mais adequado para a realização
desta tarefa do que contar com a
participação dos próprios alunos que
tiveram e que ainda possuem dificuldades
em compreender certos textos e colocações
de Skinner.