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Apostila de Contabilidade Tributaria
Apostila de Contabilidade Tributaria
APOSTILA
DE
CONTABILIDADE
TRIBUTÁRIA
PROGRAMA
Simples Nacional.
CSLL; IRPJ.
Direito e Contabilidade são ciências que caminham juntas e complementam-se, desde longa
data, acompanhando a natural evolução das diversas sociedades.
Direito é a ciência das normas obrigatórias que disciplinam as relações dos homens em
sociedade, existindo para isso as diversas jurisprudências. É o conjunto das normas jurídicas
vigentes num país.
Entre essas, destacam-se as normas gerais de direito tributário aplicáveis à União, aos
Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, constituindo o Sistema Tributário Nacional, que
disciplina a arrecadação e distribuição de rendas.
A Contabilidade, por sua vez, é a ciência que estuda e pratica as funções de orientação,
controle e registro dos atos e fatos de uma administração econômica, servindo como ferramenta para
o gerenciamento da evolução do patrimônio de uma entidade e, principalmente, para a prestação de
contas entre os sócios e demais usuários, entre os quais se destacam as autoridades responsáveis
pela arrecadação dos tributos de uma nação ou região.
No exercício de suas funções, claro está que o contador deve obedecer, além das normas e
dos princípios fundamentais de contabilidade, também à legislação tributária concernente à correta
apuração, registro, divulgação e arrecadação dos diversos tributos que incidem nas diversas fases
de atividade das empresas e, principalmente, sobre a obtenção de renda e lucro em determinado
período.
Justifica-se, portanto, a imperiosa necessidade de os contadores conhecerem determinados
aspectos da legislação tributária, devido à grande influência nas rotinas das organizações.
Seção III
Normas complementares
Art. 100. São normas complementares das leis, dos tratados e das convenções internacionais
e dos decretos:
I. Os atos normativos expedidos pelas autoridades administrativas;
II. As decisões dos órgãos singulares ou coletivos de jurisdição administrativa, a que a
lei atribua eficácia normativa;
III. As práticas reiteradamente observadas pelas autoridades administrativas;
IV. Os convênios que entre si celebrem a União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios."
O Código Tributário Nacional conceitua tributo como toda prestação pecuniária compulsória,
em moeda ou cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção por ato ilícito, instituída
em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
Para melhor entendimento sobre a definição de tributo, é possível decompor sua definição
nas seguintes características:
• Prestação pecuniária: significa que o tributo deve ser pago em unidades de moeda
corrente, inexistindo o pagamento in natura ou in labore, ou seja, o que é pago em bens
ou em trabalho ou prestação de serviço;
• Compulsória: obrigação independente da vontade do contribuinte;
• Em moeda ou cujo valor se possa exprimir: os tributos são expressos em moeda corrente
nacional (reais) ou por meio de indexadores (ORTN, OTN, BTN, Ufir);
• Que não constitua sanção de ato ilícito: as penalidades pecuniárias ou multas não se
incluem no conceito de tributo; assim, o pagamento de tributo não decorre de infração de
determinada norma ou descumprimento da lei;
• Instituída em lei: só existe a obrigação de pagar o tributo se uma norma jurídica com força
de lei estabelecer essa obrigação;
• Cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada: a autoridade não
possui liberdade para escolher a melhor oportunidade de cobrar o tributo; a lei já
estabelece todos os passos a serem seguidos.
ESPÉCIES DE TRIBUTOS
fato, o instrumento do qual o Estado dispõe tanto para angariar recursos para gerir a Administração
Pública e permitir investimentos em obras públicas, como para direcionar o comportamento da
economia.
Com a edição da Constituição Federal de 1988, surgiram para financiamento das atividades
sociais as contribuições sociais, que, embora tenham sido tratadas no capítulo dos tributos,
assumem as características destes para fazer face aos investimentos do governo nesse setor. As
contribuições sociais instituídas têm corno base os lucros das sociedades, a folha de pagamento dos
empregados e o faturamento das empresas.
Atualmente, são subdivididas em contribuições ao INSS, Contribuição Sindical, Contribuição
ao PIS/Pasep, Contribuição Social sobre o Lucro Líquido e Contribuição para o Fundo de
Investimento Social (COFINS).
Princípio da competência
Previsto no art. 150, § 6Q, e no art. 151, inciso III, da Constituição Federal o exercício da
competência tributária é dado à União, ao Estado ou ao Município, que, por meio de sua Casa
Legislativa, exercitarão as competências tributárias, não sendo permitida qualquer delegação ou
prorrogação desta competência para outro ente que não seja aquele expressamente previsto na
Constituição
Princípio da uniformidade geográfica Nos termos do art. 151, inciso I, a tributação da União
deverá ser uniforme em todo o território nacional, não podendo criar distinções em relação aos
Estados, aos Municípios e ao Distrito Federal.
Inicialmente, é importante destacar que nasce uma obrigação quando, por meio de uma
relação jurídica, determinada pessoa (credor) pode exigir de outra (devedor) uma prestação (objeto),
em razão de prévia determinação legal ou de manifestação de vontade (como, por exemplo, o
recebimento do preço de um bem em um contrato; o pagamento de prêmio em um concurso; a
satisfação de um pagamento pela utilização ou disposição de um serviço público etc.).
Assim, é possível afirmar que obrigação tributária é a relação de Direito Público na qual o
Estado (sujeito ativo) pode exigir do contribuinte (sujeito passivo) uma prestação (objeto) nos termos
e nas condições descritos na lei (fato gerador).
A lei
A lei é o principal elemento da obrigação, pois cria os tributos e determina as condições de
sua cobrança (princípio da legalidade dos tributos). Contudo, assume, em um sistema jurídico,
formas diferentes de expressão, a partir de um texto fundamental (Constituição), as regras ordinárias
de convivência (leis em sentido restrito).
Um ponto que gerou muitas controvérsias foi a possibilidade de o governo criar e majorar
tributos por meio da edição de Medidas Provisórias (MP), as quais, enquanto não apreciadas pelo
Congresso Nacional, têm força de Lei, perdendo eficácia após 45 dias de sua edição, vedada a
reedição após esse prazo. Essa prática já foi atestada, em pelo menos duas ocasiões, pela maioria
dos ministros do Supremo Tribunal Federal, e não houve maioria absoluta.
O objeto
O objeto representa as obrigações que o sujeito passivo (contribuinte) deve cumprir, segundo
as determinações legais. Basicamente, as prestações consistem em: pagamento do valor em
dinheiro referente ao tributo devido ou à multa imposta por não atendimento à determinação legal
(obrigação principal) ou cumprimento de formalidades complementares, destinadas a comprovar a
existência e os limites da operação tributada e a exata observância da legislação aplicável
(obrigação acessória), como, por exemplo, a escrituração de livros fiscais, a apresentação de
declarações de rendimentos, o preenchimento de formulários etc.
Importante registrar que qualquer inobservância de obrigação acessória é possível de ser
convertida em obrigação principal em razão da aplicação de multas previstas na legislação
específica.
Para a exigência, em concreto, da obrigação principal, mister se faz o respectivo lançamento,
que define e formaliza o crédito tributário, que consiste, com base na ocorrência do fato gerador, na
fixação dos elementos imprescindíveis à cobrança do tributo (e/ou penalidade) incidente (CTN, art.
142).
Uma vez constituído o crédito tributário, este deve ser satisfeito pelo devedor por meio do
pagamento ou da compensação.
O fato gerador
Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em lei como necessária e suficiente
para sua ocorrência. De forma mais simples, conceitua-se como "o fato" que gera a obrigação de
pagar o tributo.
Exemplo
O fato gerador da obrigação fiscal com o Imposto de Renda, conforme definido no
Regulamento do Imposto de Renda, é a obtenção de renda e proventos de qualquer natureza, por
pessoas físicas ou jurídicas.
O fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que, na forma da legislação
aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato que não configure obrigação principal.
1.6.5. Alíquota
É o percentual definido em lei que, aplicado sobre a base de cálculo, determina o montante
do tributo a ser recolhido. Assim como a base de cálculo, a alteração da alíquota também está sujeita
aos princípios constitucionais da legalidade, da anterioridade e da irretroatividade.
Contribuinte é aquele que tem relação pessoal e direta com a situação que constitua o fato
gerador. O contribuinte do ICMS é o comerciante ou o industrial que promove a saída de mercadoria
de seu estabelecimento. O empregado que recebe salário é o contribuinte do imposto de renda.
Responsável é aquele a quem, não sendo o contribuinte, a lei estabelece a obrigação de
pagar o tributo. No caso do ICMS, o transportador de mercadorias desacompanhadas dos
documentos fiscais legalmente exigíveis toma-se responsável pelo pagamento deste imposto, se
devido. Embora o contribuinte seja o comerciante, o transportador, por não portar o documento fiscal,
toma-se responsável. No caso do imposto de renda sobre salários, a legislação encarrega o
empregador (responsável) de reter do empregado (contribuinte) o valor do imposto, providenciando
seu recolhimento aos cofres públicos.
Substituição tributária
Uma outra modalidade de contribuinte responsável é a figura do substituto tributário, que é o
contribuinte responsável pelo pagamento do tributo cujo fato gerador deverá ocorrer posteriormente,
num elo seguinte da cadeia produtiva, com o objetivo de simplificar a fiscalização, antecipar a
arrecadação de tributos e/ou evitar a sonegação fiscal. São exemplos de produtos em que ocorre a
substituição tributária: automóveis e autopeças; cigarros e bebidas; tintas e vernizes; produtos
farmacêuticos; e combustíveis.
Apesar de a substituição tributária ser um mecanismo aparentemente interessante para o
governo, tem surgido questionamentos por parte de algumas empresas sujeitas a esse tipo de
tributação, tendo em vista que o tributo acaba incidindo sobre um valor estimado, que pode ser
superior ao valor final da venda, levando o contribuinte a recolher mais do que seria pago no sistema
normal.
Tributação monofásica
Para o governo se ver livre desses questionamentos, surgiu a figura da tributação
monofásica, que consiste na incidência do tributo em apenas um dos elos da cadeia produtiva,
normalmente naquele em que a fiscalização pode ser mais eficaz, seja pelo número reduzido de
contribuintes, seja pelo montante elevado de tributos, como é o caso, por exemplo, da indústria de
medicamentos.
A responsabilidade pelos tributos pode ser atribuída de forma solidária a terceiros, no caso da
impossibilidade de cumprimento da obrigação principal pelo contribuinte. Respondem solidariamente:
• Os pais, pelos tributos devidos pelos filhos menores;
• Os tutores e curadores, pelos tributos devidos por seus tutelados ou curatelados;
• Os administradores de bens de terceiros, pelos tributos devidos por estes;
• O inventariante, pelos tributos devidos pelo espólio;
• O síndico e o comissário, pelos tributos devidos pela massa falida ou pelo concordatário;
• Os tabeliães, escrivães e demais serventuários de ofício, pelos tributos devidos sobre os
atos praticados por eles ou, perante eles, em função de seu ofício; e
• Os sócios, no caso de liquidação de sociedade de pessoas.
São considerados crimes contra a ordem tributária (arts. 128 a 135 do CTN) aquelas ações
que envolvem dolo, má-fé e intenção, que podem ser de vários tipos:
Como vimos, o Estado possui o direito de exigir o objeto da obrigação tributária. Com a
concretização do fato gerador da obrigação tributária, para materializar o seu direito, o Estado
constitui um crédito tributário.
1.7.5. Lançamento
Suspensão
Uma vez lançado o crédito tributário, ele pode ser suspenso, extinto ou excluído. A
suspensão corresponde ao impedimento temporário de exigir o crédito tributário, por iniciativa do
próprio poder público (moratória, parcelamento) ou por iniciativa do sujeito passivo de discutir a
validade, no todo ou em parte, da cobrança do crédito tributário (depósito judicial, recurso
administrativo, processo judicial).
Vale destacar que, mesmo suspensa a obrigação principal, não há dispensa das obrigações
acessórias, e que a suspensão é sempre temporária, durante o prazo da moratória ou do julgamento
do recurso administrativo ou processo judicial.
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA | Prof. Orleans Martins 9
[AUDITORIA FISCAL E CONTÁBIL]
Extinção
São situações em que ocorre extinção em razão de a cobrança do tributo ser considerada
indevida:
• Decisão administrativa irreformável - término de processo no âmbito interno da
administração pública, com decisão pró-contribuinte;
• Decisão judicial transitada em julgado - término de processo no âmbito do Poder
Judiciário, com decisão pró-contribuinte.
Exclusão
1.8.1. Imunidade
As imunidades podem ser classificadas como privilégios dados a alguém para que se livre ou
se isente de certas imposições legais em virtude de que não é obrigado a fazer ou cumprir certo
encargo de obrigação de caráter legal:
• Imunidade diplomática;
• Imunidade judicial;
• Imunidade parlamentar;
• Imunidade tributária.
1.8.2. Isenção
IV - Partido político
Organização cujos membros programam e realizam ações comuns, com fins políticos e
sociais.
A carga tributária no Brasil é extremamente elevada, tanto sobre a pessoa jurídica como sobre a
pessoa física. O Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) estima que a carga tributária em
nosso país representa, na média dos últimos cinco anos, mais de 32% do Produto Interno Bruto (PIE).
Os empresários e executivos já estão cientes, há mais de duas décadas, de que o gerenciamento
das obrigações tributárias já não pode ser considerado uma necessidade quotidiana, mas algo estratégico
dentro das organizações de médio e grande porte, seja qual for o setor de atividade.
Além da elevada carga tributária, o Sistema Tributário brasileiro é um dos mais complexos do
mundo. Estima-se a existência de aproximadamente 60 tributos vigentes, com diversas Leis, Regulamentos
e Normas constantemente alteradas.
Tais fatores penalizam sobremaneira o custo da maioria das empresas e acarretam grandes
transtornos para o gerenciamento contábil e financeiro dos impostos e demais tributos. Nesse ambiente,
cresce sensivelmente a responsabilidade de todos os gestores da empresa, em particular a dos
profissionais da controladoria e contabilidade.
Portanto, mais do que qualquer outro profissional das áreas administrativa ou financeira, o contador
precisa conhecer com grande profundidade a legislação tributária, devido a suas responsabilidades quanto
à eficácia e eficiência nesse gerenciamento. Isso porque, além de perder prestígio profissional em razão de
quaisquer falhas mais relevantes na interpretação ou na aplicação no dia-a-dia das normas tributárias, pode
ser responsabilizado por possíveis prejuízos que causar no exercício profissional, por culpa ou dolo,
podendo ser condenado a indenizar o empresário que for prejudicado.
Caracteriza-se como ato criminoso, para todos os efeitos legais e judiciais, a elaboração e
assinatura de qualquer documento e/ou demonstração contábil com informações inverídicas, tendenciosas
ou preparadas de má-fé. Da mesma forma, constitui crime a elaboração de demonstrações contábeis sem
embasamento em documentos e informações hábeis e legais, ou ainda com valores divergentes dos
contidos nos livros contábeis da empresa.
Os documentos e as demonstrações contábeis são frequentemente utilizados pelo mercado para
obtenção de informações da empresa. Entre os usuários que podem ser prejudicados ou enganados em
decorrência de fraudes e irregularidades na escrituração contábil e fiscal, citam-se:
• Instituições financeiras consultadas para a concessão de empréstimos e financiamentos;
• Fornecedores;
• Acionistas não controladores;
• Autoridades fiscais;
• Investidores do mercado de capitais;
• Sindicatos e funcionários que participam dos resultados.
1.11.1. Conceito
• Registro contábil das provisões relativas aos tributos a recolher, em obediência aos Princípios
Fundamentais de Contabilidade, pois, como parte integrante do sistema de informações da
empresa, a Contabilidade Tributária tem a responsabilidade de informar, correta e
oportunamente, o valor das diversas provisões para recolhimento dos tributos, de acordo com o
princípio contábil da competência de exercícios;
• Escrituração dos documentos fiscais em livros fiscais próprios ou registros auxiliares, para
apurar e determinar o montante do tributo a ser recolhido dentro do prazo após encerramento
do período de apuração;
• Preenchimento de guias de recolhimento, informando o Setor Financeiro de Contas a Pagar da
entidade sobre o valor e os prazos de recolhimento, além de emitir e providenciar a entrega aos
respectivos órgãos competentes dos formulários estabelecidos pela legislação pertinente;
• Orientação fiscal para todas as unidades da empresa (filiais, fábricas, departamentos) ou das
sociedades coligadas e controladas. A correta orientação fiscal e tributária para as demais
unidades ou empresas pode representar relevantes economias com os impostos. Por exemplo,
o local de instalação da fábrica, ou mesmo o local de origem de determinadas matérias-primas,
pode significar menor carga tributária;
• Orientação, treinamento e constante supervisão dos funcionários do setor de impostos.
Entende-se por planejamento tributário uma forma lícita de reduzir a carga fiscal, o que exige alta
dose de conhecimento técnico e bom-senso dos responsáveis pelas decisões estratégicas no ambiente
corporativo. Trata-se do estudo prévio à concretização dos fatos administrativos, dos efeitos jurídicos, fiscais
e econômicos de determinada decisão gerencial, com o objetivo de encontrar a alternativa legal menos
onerosa para o contribuinte.
Nas palavras do saudoso tributarista Nilton Latorraca:
Dessa maneira, torna-se claro o entendimento de que o planejamento tributário é o estudo das
alternativas lícitas de formalização jurídica de determinada operação, antes da ocorrência do fato gerador,
para que o contribuinte possa optar pela que apresente o menor ônus tributário.
Planejamento tributário não se confunde com sonegação fiscal. Planejar é escolher, entre duas ou
mais opções lícitas, a que resulte no menor imposto a pagar. Sonegar, por sua vez, é utilizar meios ilegais,
corno fraude, simulação, dissimulação etc., para deixar de recolher o tributo devido. Entende-se ainda por
sonegação toda a ação ou omissão dolosa tendente a impedir ou a retardar, total ou parcialmente, o
conhecimento por parte da autoridade fazendária da ocorrência do fato gerador da obrigação principal.
Qualquer que seja a forma de tributação escolhida pela empresa, pode-se verificar que a falta de
planejamento estratégico tributário pode deixar a empresa mal preparada para os investimentos futuros,
devido a urna possível insuficiência de caixa, gerando um desgaste desnecessário de investimentos forçado
para cobertura de gastos que não estavam previstos.
Para a correta execução das tarefas inerentes ao planejamento tributário, o contador precisa aplicar
todos os seus conhecimentos sobre a legislação do tributo a ser reduzido, para que, a partir desses
cenários, possa planejar com bastante antecedência a melhor alternativa para a empresa executar suas
operações comerciais.
A finalidade principal de um bom planejamento tributário é, sem dúvida, a economia de impostos,
sem infringir a legislação. Trata-se do conceito de tax saving, bastante praticado pelos norte-americanos.
Para alcançar êxito nessa atividade, o contador precisa, com profundidade:
• Conhecer todas as situações em que é possível o crédito tributário, principalmente com relação
aos chamados impostos não cumulativos - ICMS e IPI;
• Conhecer todas as situações em que é possível o deferimento (postergação) dos recolhimentos
dos impostos, permitindo melhor gerenciamento do fluxo de caixa;
• Conhecer todas as despesas e provisões permitidas pelo fisco como dedutíveis da receita;
• Ser oportuno e aproveitar as lacunas deixadas pela legislação, para tanto ficando atento às
mudanças nas normas e aos impactos nos resultados da empresa.
De acordo com os preceitos tributários, a vontade das partes não pode ser alterada ou modificada,
após o fato gerador ter ocorrido. Contudo, nada impede que o contribuinte antecipe a ocorrência do fato
gerador e comece a projetá-lo e a dimensioná-lo, objetivando a economia de impostos. Com esse
procedimento, o contribuinte tem a vantagem de adotar, entre as opções legais disponíveis, as que com
certeza lhe forem mais satisfatórias.
Fato gerador é a obrigação tributária principal, que tem como objetivo o pagamento do tributo; é a
situação descrita em lei que, uma vez ocorrida, concretamente localizada no tempo e no espaço, determina
a transferência jurídica, em favor do Estado, da titularidade de certa quantia. Nesse mesmo momento, o
sujeito que praticou o ato previsto em lei, ou encontrou-se na situação de fato, deixa de ser titular dessa
mesma quantia.
Num planejamento tributário estratégico, a empresa passa a desenvolver suas atividades de forma
estritamente preventiva. Também procura projetar de forma clara os atos e fatos administrativos, de modo a
deixar transparentes para todos os envolvidos as informações sobre os ônus tributários em cada uma das
opções legais disponíveis.
O planejamento tributário estratégico tem como objetivo fundamental a economia tributária de
impostos, procurando atender às possíveis formas da legislação fiscal, evitando perdas desnecessárias
para a organização. Para poder usufruir em toda a sua plenitude de todas as formas legais de planejamento
tributário, é necessário que o contribuinte esteja bem assessorado por uma equipe especializada que saiba
realizar o planejamento de tributos sem distorcer, alterar ou esconder as obrigações quando o fato gerador
assim o exigir.
Diversos são os tributos que incidem sobre a receita das empresas. Alguns atingem a maior parte
das empresas e das receitas por elas obtidas, independentemente do setor de atividade, como é o caso das
contribuições para:
1. Programa de Integração Social (PIS);
2. Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público (PASEP);
3. Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (COFINS).
Em outros casos, o tributo incide, normalmente, sobre as receitas de determinadas atividades, mas
não de outras, como, por exemplo:
a) Atividades de comercialização estão sujeitas à incidência do Imposto sobre a Circulação de
Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS);
b) Atividades de industrialização estão sujeitas ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IP!);
c) Atividades de prestação de serviços estão sujeitas ao Imposto sobre Serviços de Qualquer
Natureza (ISS).
Um só evento, como, por exemplo, a venda de um produto industrializado, pode gerar a obrigação
de pagar vários tributos simultaneamente: PIS, COFINS, IPI e ICMS. Da mesma forma, uma única indústria
que, além de fabricar e vender um determinado produto, também preste serviços de assistência técnica
estará sujeita ao IPI, ao ICMS e ao ISS. a que vale, nesse caso, é o fato gerador e não a natureza jurídica
da empresa.
O PIS/PASEP e a COFINS são contribuições sociais com funções fiscais, ou seja, de arrecadação.
Incidem sobre as receitas auferidas por todas as entidades, independentemente da denominação contábil
por estas recebida.
Quadro-Resumo
Programa de Integração Social - PIS
Tributos Programa de Formação do Patrimônio do Servidor Público – PASEP
Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social – COFINS
Espécie Contribuições sociais
Competência União
Função Fiscal
Fato gerador Auferir receita
Pessoas jurídicas de direito privado e as que lhes são equiparadas pela legislação do
Contribuinte imposto de renda, inclusive as empresas públicas e as sociedades de economia mista e
suas subsidiárias
Faturamento mensal (receitas auferidas pela pessoa jurídica, independentemente de sua
Base de cálculo
denominação ou classificação contábil) para as pessoas jurídicas em geral
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA | Prof. Orleans Martins 16
[AUDITORIA FISCAL E CONTÁBIL]
PIS/PASEP:
0,65% no regime de incidência cumulativa
1,65% no regime de incidência não cumulativa
Alíquotas
COFINS:
3% no regime de incidência cumulativa
7,6% no regime de incidência não cumulativa
Lançamento Por homologação
Onde pesquisar
Página da Receita Federal: <www.receita.fazenda.gov.br>
mais detalhes
A tributação do faturamento das empresas pelo PIS/PASEP e COFINS pode se dar de duas formas:
a) No regime de incidência cumulativa, as alíquotas são aplicadas ao valor da receita bruta,
ajustada por algumas exclusões permitidas na legislação, em geral relacionadas a itens que não
se configuram como receitas (devoluções, abatimentos, reversões de provisões);
b) No regime de incidência não cumulativa, as alíquotas são aplicadas à receita ajustada na
mesma forma da base cumulativa, mas permite-se também que o contribuinte reduza o valor da
contribuição devida no montante relativo à mesma alíquota aplicada aos valores de compras de
bens para revenda, insumos utilizados na produção de produtos ou serviços, e as despesas e
custos com energia elétrica, aluguéis pagos a pessoa jurídica, arrendamento, depreciação e
amortização, dentro das condições estabelecidas na legislação.
Para a maioria dos casos, o regime de incidência é uma escolha que cabe à própria empresa,
condicionada à escolha do regime de tributação de Imposto de Renda escolhido. No entanto, a legislação
estabelece a adoção obrigatória do regime cumulativo para alguns setores de atividade econômica, alguns
produtos, bem como para algumas receitas em especial.
De acordo com Instrução Normativa SRF nº 572, de 22 de novembro de 2005, conforme art. 1 º, os
valores a serem pagos relativamente à Contribuição para o PIS/PASEP - Importação e à Contribuição para
o Financiamento da Seguridade Social (COFINS - Importação) serão obtidos pela aplicação das seguintes
fórmulas, exceto quando a alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IP!) for específica:
I - Na importação de bens:
Onde,
×[
× ]
= ×
• VA = Valor Aduaneiro
• a = alíquota do Imposto de Importação (lI)
• b = alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
• c = alíquota da Contribuição para o PIS/PASEP- Importação
• d = alíquota da COFINS - Importação
• e = alíquota do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre
Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS)
Na hipótese das empresas realizarem a importação de serviços, elas estarão sujeitas ao pagamento
de PIS e COFINS, que deverão assim ser calculados:
II - Na importação de serviços:
Onde,
=
Para as empresas que realizarem a importação de mercadorias que tenha a incidência de alíquota
específica, o art. 2º define que na hipótese de a alíquota do IPI ser específica, os valores a serem pagos
serão obtidos pela aplicação das seguintes fórmulas:
Onde,
× ×
= × = ×
Destaca-se também que nas operações que incorram nas hipóteses de imunidade ou de isenção ou
redução do 11 ou do IPI, redução das alíquotas dos respectivos tributos, ou redução de suas respectivas
bases de cálculo, definidas pelo art. 3º, o valor correspondente a qualquer deles, que seria devido caso não
houvesse imunidade, isenção ou redução, não compõe a base de cálculo da Contribuição para o
PIS/PASEP - Importação e da COFINS - Importação.
Destaca-se que se aplica também o disposto no caput nas hipóteses de:
• Imunidade, isenção ou redução do ICMS, ou ainda de redução das alíquotas ou da base de
cálculo do tributo;
• Aplicação dos regimes aduaneiros aplicados em áreas especiais;
• Suspensão do pagamento do IPI vinculado à importação de que tratam as Leis nº 9.826, de 23
de agosto de 1999, nº 10.485, de 3 de julho de 2002, e nº 10.637, de 30 de dezembro de 2002,
com a redação dada pela Lei nº 10.684, de 30 de maio de 2002.
No entanto, o § 2º define que nos casos de imunidade, isenção ou da suspensão do IPI vinculado à
importação de que trata o inciso III do § 1 º deste artigo, deve-se informar o valor zero para a alíquota
correspondente de cada tributo e, nos casos de redução, deve ser informada a alíquota real empregada na
operação.
Esclareça-se que, na hipótese de deferimento do pagamento do ICMS, o valor do ICMS diferido
compõe a base de cálculo da Contribuição para o PIS/PASEP - Importação e da COFINS - Importação,
conforme o § 3º.
Portanto, o art. 4º define que se o contribuinte comprovar recolhimento de valores a maior que o
devido da Contribuição para o PIS/PASEP - Importação e da COFINS- Importação em razão da utilização
das fórmulas constantes da Instrução Normativa RFB nº 571, de 20 de outubro de 2005, antes da
publicação desta Instrução Normativa, terá direito a restituição da diferença de valores, nos termos da
Instrução Normativa SRF nº 460, de 18 de outubro de 2004.
2.2. ICMS
O ICMS é um imposto de competência dos Estados, que incide sobre as operações relativas à
circulação de mercadorias, prestação de serviços interestaduais e intermunicipais, e serviços de
comunicação, ainda que iniciados no exterior.
Quadro-Resumo
Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e Prestação de
Tributo
Serviços – ICMS
Espécie Imposto
Competência Estados e Distrito Federal
Função Predominantemente fiscal
Operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
Hipótese de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e
incidência
prestações se iniciem no exterior
Cada Estado regulamenta, no âmbito de sua jurisdição, o fato gerador do ICMS. A
título de exemplo, destacamos os fatos geradores previstos pelo Regulamento do
ICMS do Estado de São Paulo:
I - operação relativa à circulação de mercadorias, inclusive o fornecimento de
alimentação, bebidas e outras mercadorias em qualquer estabelecimento;
II - prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal, por qualquer via;
III - prestação onerosa de serviços de comunicação, por qualquer meio, inclusive a
geração, a emissão, a recepção, a transmissão, a retransmissão, a repetição e a
ampliação de comunicação de qualquer natureza;
IV - fornecimento de mercadorias com prestação de serviços: (a) não compreendidos
Fato gerador
na competência tributária dos Municípios; (b) compreendidos na competência tributária
dos Municípios, mas que, por indicação expressa de lei complementar, sujeitem-se à
incidência do imposto de competência estadual;
V - entrada de mercadoria ou bem, importados do exterior por pessoa física ou jurídica,
qualquer que seja a sua finalidade;
VI - o serviço prestado no exterior ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior;
VII - a entrada, no território paulista, de petróleo, inclusive lubrificantes e combustíveis
líquidos e gasosos dele derivados, e de energia elétrica, quando não destinados à
comercialização ou à industrialização, decorrente de operações interestaduais;
VIII - a venda do bem ao arrendatário, na operação de arrendamento mercantil.
I - Aqueles (pessoas físicas ou jurídicas) que, de modo habitual ou em volume que
caracterize intuito comercial, realizam operações de circulação de mercadorias ou
prestam serviços de transporte interestadual ou intermunicipal ou serviços de
Contribuinte
comunicação.
II - Mesmo sem habitual idade, os importadores ou arrematantes dos bens ou
beneficiários dos serviços listados nos itens VI a VIII do quadro Fato Gerador.
A base de cálculo do ICMS, como regra geral, é o valor da operação relativa à
circulação da mercadoria, ou o preço do serviço respectivo. Na base de cálculo se
incluem as despesas recebidas do adquirente, ou a este debitadas, bem como os
Base de cálculo
descontos condicionais a este concedidos, mas não se incluem os descontos
incondicionais, porque evidentemente não integram estes no valor da operação.
Em alguns casos, a Secretaria da Fazenda fixa um valor mínimo para a operação.
Variáveis em função do tipo de bem ou serviço e também do domicílio do vendedor e
Alíquotas
comprador.
Lançamento Por homologação.
Na legislação específica de cada Estado. Várias Secretarias de Fazenda estaduais
disponibilizam a legislação em seus sites na Internet.
Onde pesquisar A Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo disponibiliza link para as demais
mais detalhes secretarias nos endereços:
<http://www.fazenda.sp.gov.br/links/faz65.asp>
< http://www.fazenda.gov.br/confaz>
Tipo de transação
Imposto Alíquota
Origem Destino Tipo
ICMS 18% São Paulo São Paulo Venda interna
ICMS 12% São Paulo RS, SC, PR, MG, RJ Venda interestadual
ICMS 7% São Paulo Centro-Oeste, Norte, Nordeste e ES Venda interestadual
Na operação seguinte, se destinada a consumidor final dentro do próprio Estado, seria aplicável a
alíquota de 17%. Esse procedimento provoca a divisão do tributo gerado pela circulação de bens e serviços
interestaduais, entre Estados comprador e vendedor.
2.3. IPI
O IPI é um imposto de competência da União, que tem duas funções extrafiscais: uma função
reguladora, que onera os produtos de acordo com sua utilidade, tendendo a aplicar alíquotas menores aos
produtos considerados necessários, e maiores aos considerados supérfluos; e outra função protecionista,
que aumenta ou reduz alíquotas visando incentivar ou desestimular a produção de alguns produtos, para o
desenvolvimento de determinada atividade ou região.
Tendo em vista esta função extrafiscal, a Constituição Federal permite que o IPI tenha sua alíquota
majorada pelo Poder Executivo, observadas as condições estabelecidas em lei, e também reduz a
anterioridade para 90 dias.
O IPI incide sobre os produtos industrializados, considerados como tais tanto os produtos
produzidos no país quanto os importados do exterior. A legislação estabelece o que se considera produto
industrializado e o que não é considerado industrialização.
Em linhas gerais, considera-se industrializado o produto que tenha sido submetido a qualquer
operação que lhe modifique a natureza ou a finalidade, tais como:
• Transformação - obtenção de espécie nova;
• Beneficiamento - modifica funcionamento, utilização, acabamento ou aparência;
• Montagem - reunião que resulte em nova unidade;
• Acondicionamento ou reacondicionamento - altera apresentação pela colocação de
embalagem, exceto apenas para transporte; e
• Renovação ou recondicionamento - produto deteriorado ou inutilizado em condições de
utilização.
Quadro-Resumo
Tributo Imposto sobre Produtos Industrializados - IPI
Espécie Imposto
Competência União
Função Extrafiscal
O imposto incide sobre produtos industrializados, nacionais e estrangeiros, obedecidas
Hipótese de
as especificações constantes da Tabela de Incidência do Imposto sobre Produtos
incidência
Industrializados (TlPI).
I - o desembaraço aduaneiro de produto de procedência estrangeira, ou a sua
arrematação em leilão, no caso de produtos apreendidos pelo fisco ou abandonados
Fato gerador
pelo importador.
II - a saída de produto do estabelecimento industrial, ou equiparado a industrial.
O contribuinte do IPI é o importador ou a quem a lei o equiparar; o industrial ou a quem a
lei o equiparar; o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos
Contribuinte
industriais ou aos a estes equiparados; o arrematante de produtos apreendidos ou
abandonados levados a leilão.
A base de cálculo do IPI é o valor da operação de que decorrer a saída dos produtos
industrializados do estabelecimento do contribuinte.
Não tendo valor a operação, ou sendo omissos os documentos respectivos, a base de
Base de cálculo
cálculo será o preço corrente da mercadoria ou de sua similar no mercado atacadista da
praça do contribuinte.
Em se tratando de produto leiloado, o preço da respectiva arrematação.
A alíquota aplicável em cada caso é obtida na Tabela de Incidência do Imposto sobre
Produtos Industrializados - TIPI.
Alíquotas Alguns produtos estão sujeitos a alíquotas específicas e outros a ad valorem.
No caso de ad vaIorem, as alíquotas vão de zero até 365,63%, porém a maioria das
alíquotas está abaixo de 20%.
Lançamento Por homologação
Na página da Receita Federal «www.receita.fazenda.gov.br».
Onde pesquisar
É possível baixar o Regulamento do IPI (RIPI) e a tabela de alíquotas (TIPI). Veja
mais detalhes
também a seção Perguntas e Respostas.
Em relação ao preço do produto, o IPI é um imposto "por fora", ou seja, a alíquota incide sobre o
preço do produto, e é somada ao valor do produto. Assim, se um produto é vendido ao preço de R$ 100,00
e é tributado a 5%, o vendedor cobrará do comprador R$ 105,00, referente ao preço do produto mais IPI.
2.4. ISS
Outra observação importante é que o ISS e o ICMS não podem incidir sobre a mesma operação.
Em alguns casos em que a legislação especifica a tributação pelo ICMS dos materiais fornecidos pelo
prestador de serviços, o valor destes materiais não deve compor a base de cálculo do ISS.
Quadro-Resumo
Tributo Imposto sobre serviço de qualquer natureza (ISS)
Espécie Imposto
Competência Municípios e Distrito Federal
Função Predominantemente fiscal
Hipótese de Prestação de serviços informados na lista constante em lei complementar (atualmente,
incidência Lei Complementar nº116, de 31 de julho de 2003)
O fato gerador desse imposto é o descrito em lei ordinária do Município, obedecidas as
Fato gerador
regras determinadas na Lei Complementar nº 116/03 e pela Constituição Federal
Contribuinte O contribuinte do ISS é a empresa ou o trabalhador que presta o serviço tributável
Base de cálculo O preço cobrado pelos serviços
A Constituição Federal estabelece uma alíquota mínima de 2% e a Lei Complementar
Alíquotas nº 116/03 determina uma alíquota máxima de 5%. Para alguns serviços, os Municípios
têm a faculdade de reduzir a alíquota mínima
Lançamento Por homologação
Quando o prestador de serviço está localizado em um determinado município e o
Outras
serviço é prestado em outro município, a lei complementar esclarece em cada caso
considerações
qual Município tem direito ao imposto
Para cada Município, é necessário consultar a legislação específica A íntegra da Lei
Onde pesquisar
Complementar nº 116/03, bem como qualquer outra lei federal, pode ser encontrada
mais detalhes
na página do 5enado Federal (<www.senado.gov.br>)
3.1. IRPJ
Quadro-Resumo
Tributo Imposto sobre a Renda e Proventos de Qualquer Natureza - IR
Espécie Imposto
Competência União
Função Fiscal
É a aquisição da disponibilidade econômica ou jurídica de renda, assim entendido o
produto do capital, do trabalho ou da combinação de ambos; e de proventos de qualquer
Fato gerador
natureza, assim entendidos os acréscimos patrimoniais não compreendidos no conceito
de renda.
Contribuinte Pessoas físicas e jurídicas
A base de cálculo do imposto é o montante real, arbitrado ou presumido da renda ou dos
Base de cálculo
proventos tributáveis.
Pessoas físicas: 15% e 27,5%, em tabela progressiva Pessoas jurídicas: 15%, mais
Alíquotas
adicional de 10% sobre a parcela de lucro que exceder a R$ 20.000,00 mensais.
O IRPJ é calculado mediante aplicação da alíquota ao lucro tributável, apurado nas modalidades
Lucro Real, Lucro Presumido ou Lucro Arbitrado. Sobre o lucro que exceder a R$ 20.000,00 no mês, é
devido ainda um adicional de 10%.
O contribuinte do IRPJ pode optar em apurar o imposto em períodos trimestrais ou anuais, sendo
que este último condiciona o contribuinte a apurar o lucro tributável pela modalidade Lucro Real. Optando
pela apuração trimestral, o contribuinte deverá pagar o imposto de uma só vez ou em até três parcelas, com
base no valor efetivamente apurado.
Já se optar pela apuração anual, o contribuinte está obrigado a fazer antecipações mensais do
IRPJ, que serão compensadas com o IRPJ devido, calculado na Declaração de Ajuste. O valor da
antecipação, por sua vez, pode ser calculado de acordo com as regras do Lucro Real, ou basear-se em
uma estimativa de lucro, efetuada a partir do faturamento da empresa.
Qualquer que seja a modalidade de apuração escolhida, o contribuinte pode descontar, no momento
do pagamento, o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF) que tenha sido retido por ocasião de
recebimento de rendimentos.
3.2. CSLL
A criação da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) amparou-se no art. 195 da
Constituição Federal, que trata das contribuições para o custeio da seguridade social. A CSLL é uma
contribuição social, de competência da União, incidente sobre o lucro das pessoas jurídicas, incluídos nesse
grupo aqueles que são equiparados à pessoa jurídica para fins de tributação do Imposto de Renda.
Quadro-Resumo
Tributo Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)
Espécie Contribuição Social.
Competência União
Função Fiscal
Fato gerador O fato gerador é a obtenção de lucro no exercício.
São contribuintes as pessoas jurídicas domiciliadas no país e as que Ihes são
Contribuinte
equiparadas pela legislação do Imposto de Renda.
Resultado apurado pela contabilidade, ajustado conforme determinações legais,
Base de cálculo
resultado presumido ou arbitrado.
Alíquota 9%
Lançamento Por homologação
Outras
Por ser uma contribuição social, este tributo está sujeito à anterioridade de 90 dias.
considerações
Onde pesquisar
Na página da Receita Federal (<www.receita.fazenda.gov.br>)
mais detalhes
Conforme explicamos ao descrever a lógica de tributação do IRPJ, o que muda na apuração dos
tributos na modalidade de lucro real, presumido ou arbitrado é a metodologia de apuração da base de
cálculo, e não a metodologia de cálculo do imposto.
Lucro Real é o lucro líquido do período de apuração, apurado de acordo com a legislação societária
e ajustado pelas adições, exclusões ou compensações prescritas ou autorizadas pela legislação do IR.
Qualquer empresa pode optar pela tributação pelo lucro real, mas algumas são obrigadas a utilizar esta
modalidade, em função de características relacionadas a tamanho e tipo de atividade desenvolvida.
Lucro Presumido consiste em uma modalidade mais simplificada de apuração em relação ao lucro
real, na qual o lucro é estimado (presumido) pela aplicação de um percentual sobre a receita bruta obtida
pelo contribuinte. O percentual representa, portanto, a suposta margem de lucro que a empresa obteve no
período. O percentual é estabelecido em legislação, e tem variações em função do porte e atividade da
empresa.
Lucro Arbitrado também consiste na aplicação de percentual sobre a receita bruta, e diferencia-se
do lucro presumido por ser aplicado, em geral, por iniciativa da autoridade fiscal, quando diante de
situações tais como enquadramento indevido no lucro presumido, ausência ou vícios na escrituração
contábil, dentre outras. Os percentuais para estimativa do lucro são os mesmos do lucro presumido
acrescidos em 20%. O contribuinte também pode optar pelo lucro arbitrado, o que só se justifica em
situações-limite, uma vez que esta opção é sempre pior do que a tributação pelo lucro presumido.
A escolha da modalidade de tributação do IRPJ condiciona os regimes de tributação da CSLL, e
regime de incidência do PIS/PASEP e COFINS, a saber:
A opção pelo regime de tributação é feita no início de cada ano, no momento do primeiro
recolhimento e vale para todo o exercício financeiro.
A opção condicionada de diversos tributos e o fato de que é realizada antes da ocorrência dos fatos
geradores torna necessário realizar projeções de resultado, considerando o efeito conjunto de todos os
tributos nos diversos itens (faturamento, aquisição de insumos ou mercadorias, gastos com energia elétrica
etc.) que compõem o resultado projetado, de forma a poder determinar a opção que minimiza o gasto
tributário de uma determinada empresa.
Existe ainda uma quarta opção, que é a apuração do SIMPLES NACIONAL, um sistema de
tributação nacional que consiste no pagamento unificado de IRPJ, PIS, COFINS, CSLL, INSS Patronal e IPI
(se for contribuinte do IP!), podendo incluir também ICMS e ISS, e que será tratado no capítulo seguinte.
IRPJ
Adições
Exclusões
Compensações
Para fins de apuração do lucro real, são compensados prejuízos fiscais (isto é, apurados conforme a
sistemática do lucro real) obtidos em períodos anteriores, controlados na parte B do LALUR. A legislação
estabelece limitações para compensação destes prejuízos.
Apresenta-se uma lista de transações que são dedutíveis para fins de cálculo de IRPJ e CSL.
LALUR
CSLL
Quanto ao cálculo da Contribuição Social sobre Lucro Líquido, pelo regime de tributação pelo
resultado ajustado, a base de cálculo muito se assemelha à apuração IRPJ pelo lucro real. Da mesma
forma que na apuração do lucro real, o ponto de partida é o lucro contábil, ao qual são realizadas adições,
exclusões e compensações previstas pela legislação.
Boa parte dos ajustes coincidem, mas nem todos são realizados em ambas as bases de cálculo,
como, por exemplo, as depreciações, amortizações e exaustões incentivadas, que afetam apenas a base de
cálculo do IRPJ, e as parcelas não realizadas de lucros em contratos de empreitada com órgãos públicos,
que afetam apenas a base de cálculo da contribuição social.
Exemplo de cálculo
O exemplo apresentado a seguir é bastante simplificado, apenas para permitir a comparação entre
os regimes de tributação. Ao final do capítulo será apresentado um exemplo mais completo, inclusive com
escrituração do LALUR e registros contábeis.
Uma empresa obteve, no primeiro trimestre do ano, um lucro de R$ 400.000,00 assim discriminado:
Aplicando-se a alíquota de 9% sobre a base de cálculo, apura-se o montante devido de CSLL para
o trimestre: 9% x 382.000,00 = 34.380,00.
Para apuração da base de cálculo do IRPJ (Lucro Real), o ponto de partida é o lucro contábil após
computada a CSLL, ou seja, R$ 365.620,00 (R$ 400.000,00 - R$ 34.380,00).
O IRPJ devido é:
IRPJ
Poderão optar pelo regime de tributação com base no lucro presumido as pessoas jurídicas cuja
receita bruta total, no ano calendário anterior, tiver sido igual ou inferior a 48 milhões de reais ou ao limite
proporcional de R$ 4 milhões multiplicados pelo número de meses de atividades no ano.
O fato de a pessoa jurídica não ter efetuado o pagamento do imposto no prazo legal ou ter efetuado
com insuficiência, inclusive do adicional, não impede o exercício da opção pelo regime de tributação com
base no lucro presumido.
O Lucro Presumido é apurado mediante:
• Aplicação do percentual correspondente ao tipo de atividade sobre a receita bruta auferida para
aquela atividade no período. No cálculo da receita bruta, algumas deduções são permitidas, tais
como IPI, descontos incondicionais e vendas canceladas;
• Soma de receitas computadas integralmente como lucro, tais corno ganhos de capital e receitas
financeiras.
CSLL
Na apuração da base de cálculo da CSLL com base no resultado presumido, também ocorre a
aplicação de percentuais sobre a receita bruta, mas os percentuais são diferentes dos adotados para
apuração do lucro presumido:
Exemplo de cálculo
Considerando o mesmo exemplo utilizado para demonstração do cálculo do IRPJ/CSLL com base
no lucro real, retornamos à demonstração de resultados do primeiro trimestre de 2006, na página 31.
Na apuração do lucro presumido, ignora-se o lucro contábil apurado, e calcula-se um lucro
estimado, para fins de tributação, em função da receita bruta.
O IRPJ devido é:
Aplicando-se a alíquota de 9% sobre a base de cálculo, apura-se o montante devido de CSLL para
o trimestre: 9% x R$ 330.000,00 = R$ 29.700,00.
O Lucro Arbitrado é uma prerrogativa do Fisco, que pode arbitrar o resultado para o cálculo do
imposto e da contribuição social, devidos no período no decorrer do ano calendário pelas pessoas jurídicas,
na forma da lei. O lucro arbitrado pode ser aplicado nas situações em que a escrituração contábil e fiscal do
contribuinte for desclassificada por parte da autoridade fiscal, ou seja, quando:
• O contribuinte, obrigado à tributação com base no Lucro Real, não mantiver escrituração na
forma das leis comerciais ou fiscais, ou deixar de elaborar as demonstrações financeiras
exigidas pela legislação fiscal. A escrituração revelar evidentes indícios de fraude ou
contiver erros ou deficiências que a tomem imprestável para:
Autoarbitramento
É possível ao contribuinte autoarbitrar a base de cálculo do IRPJ e CSLL, apenas nos casos em que
for possível apurar a sua receita bruta. Os percentuais aplicáveis para apuração do Lucro Arbitrado são os
mesmos do Lucro Presumido, acrescidos em 20%.
3.3.4. IRPJ e CSLL pelo Lucro Real Anual - Recolhimento por Estimativa
As empresas tributadas pelo Lucro Real, que optaram pela apuração anual, deverão recolher
mensalmente antecipações de IRPJ e CSLL com base em lucro estimado ou Lucro Real apurado em
balancete de suspensão/redução.
O montante do tributo pago em antecipações mensais será compensado com o montante devido
com base no Lucro Real, e a empresa deverá providenciar o recolhimento da diferença, se houver. Este
"encontro de contas" acontece por ocasião da entrega da Declaração de Imposto de Renda das Pessoas
Jurídicas - por ocasião da entrega da DIPJ.
O lucro estimado para servir de base ao cálculo à antecipação do IRPJ e CSLL consiste na soma
das seguintes parcelas (RIR/1999, arts. 223 e 225):
• Valor resultante da aplicação dos percentuais fixados na lei, variáveis conforme o tipo de
atividade explorada, sobre a receita bruta auferida mensalmente, conforme tabela de
percentuais a seguir;
• Ganhos de capital, das demais receitas e dos resultados positivos decorrentes de receitas não
compreendidas na atividade.
Suspensão/redução do IR
A pessoa jurídica poderá suspender ou reduzir o pagamento do imposto devido em cada mês,
desde que demonstre, através de balanços ou balancetes mensais, que o valor acumulado já pago excede
o valor do imposto, inclusive adicional, calculado com base no lucro real do período em curso.
Para uma demonstração de como se faz o cálculo, considere uma empresa comercial com
faturamento de R$ 480.000,00, cujo detalhe mês a mês encontra-se na tabela a seguir, não tendo obtido no
período ganhos de capital e outras receitas não compreendidas na atividade.
Para apuração do valor devido de IRPJ e CSLL, é necessário acompanhar o lucro tributável
acumulado mês a mês. Para tanto, além de apurar o resultado contábil, a empresa precisa acompanhar os
ajustes (adições e exclusões). Os valores mensais e acumulados no ano do resultado contábil e ajustes
(adições menos exclusões) encontram-se demonstrados a seguir. Nesta empresa, os ajustes são - mesmos
para apuração do lucro real e da base de cálculo da CSLL.
A partir do Lucro Real/Base de cálculo da CSLL acumulado ao final de cada mês, calcula-se os
valores devidos de IRPJ e CSLL, com aplicação das alíquotas de 15% para IRPJ e 9% para CSLL.
O montante a ser recolhido mensalmente a título de antecipação pode basear-se no valor estimado,
ou no efetivamente devido (balancete de suspensão/redução), apurado com base no lucro real/base de
cálculo da CSLL. A opção é conjunta para IRPJ e CSLL. A tabela a seguir evidencia a melhor opção de
recolhimento da antecipação a cada mês, considerando-se o menor desembolso possível.
O IRPJ e CSLL devidos no ano com base no lucro real acumulado até abril foi de R$ 1.680,00. Uma
vez que até março haviam sido recolhidos R$ 1.440,00, só é necessário recolher um complemento de R$
240,00 (redução).
Nos meses de maio, junho e julho, o recolhimento por estimativa mostrou-se mais interessante,
pois permitia efetuar um recolhimento inferior ao devido com base no lucro real, situação que se inverteu em
agosto, setembro e outubro, quando a empresa beneficiou-se da possibilidade de reduzir ou suspender o
recolhimento das antecipações de IRPJ e CSLL.
Em novembro e dezembro, a estimativa tornou-se novamente mais atrativa. Utilizando as
alternativas descritas, a empresa recolheria até dezembro R$ 7.644,00. Uma vez que o tributo devido no
ano é de R$ 9.360,00, na declaração de ajuste a empresa deverá recolher a diferença de R$ 1.716,00 (R$
9.360,00- R$ 7.644,00).
Vale ressaltar que o recolhimento da antecipação por estimativa é uma faculdade que é concedida
às empresas. Nada impede que a empresa recolha antecipações com base no valor apurado pelo lucro real,
mês a mês (e nesse caso a nossa empresa encerraria o ano tendo recolhido R$ 9.360,00, e não precisaria
fazer recolhimento complementar na declaração de ajuste). No entanto, do ponto de vista de administração
dos recursos financeiros, parece-nos estranho que a empresa não opte por postergar o pagamento dos
tributos, quando permitido.
Na apuração do IRPJ e CSLL devidos, existem alguns eventos que geram direitos de compensação
futura ou postergação de pagamento de tributo, ensejando o registro de Ativos e Passivos Fiscais Diferidos,
como a apuração de prejuízo fiscal/base de cálculo negativa e ajustes temporários ao lucro.
As empresas tributadas com base no Lucro Real têm direito de compensar e períodos futuros o
prejuízo fiscal (base de cálculo negativa) calculado com base na legislação específica do IRPJ (CSLL).
Esse direito de redução futura das bases de cálculo de IRPJ e CSLL constitui-se em um ativo para
a empresa que apurou o prejuízo fiscal (base de cálculo negativa) desde que existam perspectivas de lucros
futuros.
Note que o ponto fundamental para que o direito legal de compensação se torne efetivamente um
direito para a empresa tributada pelo Lucro Real é a existência de resultados tributáveis no futuro.
Atentos a este fato, diversos órgãos que emitem normas contábeis, como o Conselho Federal de
Contabilidade, a Comissão de Valores Mobiliários e o Banco Central do Brasil, estabelecem que a
constituição do ativo fiscal diferido deve estar atrelada à possibilidade de utilização destes valores nos
próximos períodos. Assim, a empresa deverá apresentar histórico de rentabilidade, expectativa de geração
de lucros tributáveis futuros fundamentada em estudos técnicos de viabilidade que permitam a realização
deste ativo fiscal.
Simples Nacional é o nome dado ao novo tratamento tributário para microempresas e empresas de
pequeno porte instituído pela Lei Complementar nº 123, de 14/12/2006 (Lei Geral das Micro e Pequenas
Empresas).
As empresas que se enquadrarem no regime simplificado recolhem oito impostos das três esferas
(federal, estadual e municipal) de uma única vez, através do Documento de Arrecadação do Simples
Nacional (DAS) uma vez por mês. Portanto, há uma simplificação no recolhimento e na burocracia
administrativa da gestão de tributos das empresas enquadradas.
O Simples abrange o ISS (Imposto sobre Serviços - municipal) e o ICMS (Imposto sobre Circulação
de Mercadorias - estadual), os quais eram considerados no sistema simplificado, anterior ao Simples
Nacional, somente mediante convênio do Município e do Estado com o governo federal. Com o Simples
Nacional, o processo de abrangência ficou automatizado.
Definição ampla de Micro e Pequena Empresa: a definição ampla está atrelada ao valor Receita
Bruta de Vendas que uma empresa obtém durante o ano fiscal.
Microempresa: receitas brutas anuais até R$ 240.000,00.
Pequena Empresa: vendas anuais acima de R$ 240.000,00 até R$ 2.400.000,00.
Obs.: em caso da empresa começar a operar durante o ano, deverá ser considerada a
proporcionalidade. Por exemplo, para uma empresa que começou a operar em 1 Q de março, os valores
máximos da receita bruta para micro e pequena empresa serão respectivamente R$ 200.000,00 e R$
2.000.000,00.
No quadro abaixo está a relação de tributos e suas respectivas esferas que fazem parte do regime
simplificado nacional.
A base de cálculo do SIMPLES Nacional é a receita bruta, entendida como tal o produto da venda
de bens e serviços nas operações de conta própria, o preço dos serviços prestados e o resultado nas
operações em conta alheia, excluídas as vendas canceladas e os descontos incondicionais concedidos.
As alíquotas aplicáveis variam por faixa de faturamento e atividade, e constam no anexo da Lei nº
123/06.
A lei tem a preocupação de dar vantagem para a empresa que realmente é pequena. Por exemplo,
uma empresa que participa em diversas outras empresas não tem perfil de empresa pequena para a lei,
pois mesmo tendo receita bruta na faixa permitida, participa em outras empresas que podem ter suas
receitas brutas acima, individualmente ou em conjunto, do limite imposto. Isto tira a possibilidade de um
grupo de empresas fazer uso da lei, ou seja, sua forma jurídica poderia até se enquadrar, mas na essência
econômica é um grupo que não pode ter as vantagens tributárias da lei.
A lei permite que um sócio tenha participação em uma outra empresa, mas que a receita bruta de
todas as empresas não ultrapasse o valor máximo, o que evidencia uma preocupação em relação à
participação de um acionista pessoa física. Independentemente do percentual de participação, a lei exige
que se somem as receitas totais e não apenas a proporção de participação do sócio que detém outras
participações.
Pode-se verificar que as exceções que a lei trata estão atreladas a negócios que não têm natureza
comercial ou industrial e sim a serviços de natureza financeira, em que geralmente dependem de um capital
maior para suas operações como também têm regulação específica, como, por exemplo: seguradoras que
são supervisionadas pela SUSEP, financeiras pelo BACEN. As sociedades por ações, geralmente, são
empresas de porte naturalmente maior e que podem buscar recursos no mercado acionário (negociadas em
bolsa e supervisionadas pela CVM).
Cada esfera (federal, estadual e municipal) terá seus respectivos representantes em um comitê que
irá gerir e normatizar os aspectos tributários do Estatuto Nacional da Microempresa e Empresa de Pequeno
Porte, chamado de Comitê Gestor de Tributação das Microempresas e Empresas de Pequeno Porte. Tal
comitê está vinculado ao Ministério da Fazenda e tem a seguinte estrutura normatizada em lei:
A apuração do tributo devido pelo SIMPLES Nacional ocorre mediante aplicação da alíquota devida
ao valor da receita bruta mensal auferida pela empresa. Para encontrar a alíquota devida, a empresa deve
considerar o tipo de atividade e a receita bruta acumulada no ano, consultando a tabela correspondente
(indústria, comércio serviços, locação de bens e móveis), corno também qual a faixa de alíquota em que se
enquadra. Urna vez encontrada a alíquota, ela é aplicada ao valor do faturamento obtido no mês.
Sua apuração deve ser efetuada após a empresa ter todos os dados mensais sobre suas receitas
brutas. Para cada tipo de receita, existe um tipo de tabela, que varia de alíquota por total das respectivas
receitas. A lei trata as receitas por "atividades", ou seja, há a necessidade de segregação, o que faz sentido,
pois urna empresa que presta serviço e revende mercadorias não poderia aplicar a mesma alíquota para a
atividade serviços e de revenda respectivamente.
Devem ser separados os seguintes tipos de receitas:
Retenções de ISS
Retenções de ISS pelas micro e pequenas empresas (relação de serviços conforme art. 6º da Lei
Complementar nº 116/03) - esta lei permite que seja retido na fonte o valor do ISS no Município onde a
micro ou pequena empresa estiver prestando o serviço. A alíquota segue a tabela da legislação da
localidade ou Município, e a micro ou pequena empresa poderá abater este valor do ISS que deve conforme
o respectivo anexo.
Créditos
As empresas que estão enquadradas no SIMPLES Nacional não geram crédito de impostos (PIS,
COFINS, IPI, ICMS - impostos não cumulativos) para as empresas compradoras ou clientes. Tal fator gera
uma limitação na cadeia de valor de grandes distribuidores que não podem se creditar destes impostos,
pois a diferença na receita líquida é um percentual considerável.
Desta maneira, pode-se perceber que tal regime de tributação tem uma certa rigidez quanto a
planejamento de cadeia de suprimentos no tocante a impostos, pois não permite que a empresa
enquadrada possa se utilizar de créditos relativos a impostos. Mas permitir ao tomador de serviço ou o
comprador, a partir da publicação pela Receita Federal de um Ato Declaratório Interpretativo (nº 15), foi a
solução encontrada para o impasse do art. 23 que impedia o uso de créditos de ICMS e de IPI por
compradores de mercadorias de empresas que optaram pelo SIMPLES Nacional. Além disso, proibia que
empresas tributadas pelo lucro real, sujeitas ao regime não cumulativo de PIS/COFINS, aproveitassem o
crédito destas contribuições ao adquirir produtos e serviços de empresas enquadradas no SIMPLES
Nacional.
Desse modo, as pessoas jurídicas não optantes pelo SIMPLES Nacional terão direito a crédito
correspondente ao ICMS incidente sobre as suas aquisições de mercadorias de microempresa ou empresa
de pequeno porte optante pelo SIMPLES Nacional, desde que destinadas a comercialização ou
industrialização e observado, como limite, o ICMS efetivamente devido pelas optantes pelo SIMPLES
Nacional em relação a essas aquisições, conforme descrito pelo art. 23, § 1 º, da Lei Complementar nº
123/06, que foi alterado pela Lei Complementar nº 128/08.
Obrigações acessórias
O SIMPLES Nacional traz uma grande simplificação em relação às obrigações acessórias exigidas
pelo Fisco. Além de manter em boa ordem e guarda os documentos que fundamentaram a apuração dos
impostos, a empresa enquadrada no SIMPLES Nacional deverá:
• Fazer declaração única e simplificada de informações socioeconômicas e fiscais, que deverão
ser disponibilizadas aos órgãos de fiscalização tributária e previdenciária, observados prazo e
modelos aprovados pelo Comitê Gestor;
• Emitir documento fiscal de venda ou prestação de serviço, de acordo com instruções expedidas
pelo Comitê Gestor;
• Manter o livro-caixa em que será escriturada sua movimentação financeira e bancária;
• Entregar declaração eletrônica que deva conter os dados referentes aos serviços prestados ou
tomados de terceiros, na conformidade do que dispuser o Comitê Gestor.
Obrigações trabalhistas
A empresa comercial A, optante pelo SIMPLES Nacional na condição de ME, obteve, até julho de
2007, receita bruta acumulada de R$ 100.000,00. Nos meses de agosto e setembro, auferiu receita de R$
60.000,00 e R$ 10.000,00 respectivamente.
A tabela para comércio é o Anexo de alíquotas vigente para empresas comerciais:
No mês de setembro:
• Receita bruta acumulada de janeiro a setembro = R$ 170.000,00;
• Alíquota aplicável (conforme receita bruta acumulada) = 5,47%;
• Imposto devido = R$ 10.000,00 x 5,47% = R$ 547,00.
Note que a mudança de faixa faz com que a empresa aplique a nova alíquota sobre o valor do
faturamento no mês sem distinção entre a parcela que teoricamente ainda estaria dentro do limite anterior
de faturamento.
No mês de agosto, a empresa passou do patamar de tributação de 4% para 5,47%, tendo que
sujeitar toda a receita do mês (R$ 60.000,00) à alíquota de 5,47%, quando parte destas vendas ainda
estaria no limite anterior, uma vez que a empresa faturou R$ 100.000,00 até julho.
Para melhor compreender os efeitos desta regra estabelecida pelo fisco para apuração do tributo
devido, considere o caso da empresa B. A empresa comercial B, com as mesmas características da
empresa A e faturamento até julho também de R$ 100.000,00, que faturasse os mesmos R$ 70.000,00 no
bimestre agosto/setembro, só que em ordem inversa (ou seja, R$ 10.000,00 em agosto e R$ 60.000,00 em
setembro), apuraria os seguintes valores:
Em agosto:
• Receita bruta acumulada de janeiro a agosto = R$ 110.000,00;
• Alíquota aplicável (conforme receita bruta acumulada) = 4%;
• Imposto devido = R$ 10.000,00 x 4% = R$ 400,00.
No mês de setembro:
• Receita bruta acumulada de janeiro a setembro = R$ 170.000,00;
• Alíquota aplicável (conforme receita bruta acumulada) = 5,47%;
• Imposto devido = R$ 60.000,00 x 4% = R$ 3.282,00.
O fato de uma empresa ter mudado de faixa no mês de agosto, enquanto a outra só mudou de faixa
em setembro, fez com que a empresa A tenha pago R$ 3.829,00 de imposto, somando-se os meses de
agosto e setembro, enquanto que a empresa B pagou R$ 3.682,00, sendo que ambas faturaram no total R$
70.000,00 nos dois meses considerados no exemplo.
Pelo fato da apuração e cálculo do Imposto Simplificado nacional levar em consideração o tipo de
receita, há a possibilidade de uma empresa enquadrada no regime simplificado (EPP) ter dois tipos
diferentes de receita bruta, como, por exemplo, serviços e comércio, cada receita alcançando um total de
R$ 1.200.000,00 com um total de receitas brutas anuais no valor de R$ 2.400.000,00 que é o valor limite
máximo de receita bruta para o enquadramento ao regime do SIMPLES Nacional.
Veja que, se a empresa tivesse um tipo de receita, acabaria pagando um valor a maior do que se
tivesse mais de um tipo. Evidentemente, temos que considerar o limite total de receita bruta de modo a
totalizar tais valores.
Por exemplo, a empresa comercial X tem um tipo de receita e a empresa Y tem receitas originárias
de revenda (comercial) e de serviços.
As duas empresas, X e Y, tiveram um total de receitas brutas iguais, mas apuraram o valor de seu
imposto simples diferentemente. Vamos ver por quê:
• Receita bruta de comércio empresa X: R$ 1.200.000,00;
• Receita bruta de comércio empresa Y: R$ 600.000,00;
• Receita bruta de serviços empresa X: zero;
• Receita bruta de serviços empresa Y: R$ 600.000,00.
Veja que o imposto para negócio, que tem uma diversificação maior da natureza de suas receitas,
tende a ter um valor menor de imposto a pagar devido à sistemática da apuração que a lei codificou.
Convênios anteriores: antes do SIMPLES Nacional havia o SIMPLES, que tinha a abrangência
automática dos mesmos impostos abrangidos pelo SIMPLES Nacional (da esfera federal) quando do
enquadramento da empresa. Porém, para o ICMS e ISS havia necessidade de que a respectiva esfera
CONTABILIDADE TRIBUTÁRIA | Prof. Orleans Martins 41
[AUDITORIA FISCAL E CONTÁBIL]
local, estadual e/ou municipal, aderisse ao sistema de modo que se fizesse um convênio aceitando que o
imposto que esta tributa possa estar incluso na alíquota única do imposto simplificado.
Com o SIMPLES Nacional, tal unificação de impostos federais, estadual (ICMS) e municipal (ISS)
está sendo tratada em lei, o que deixa a empresa menos refém de sua respectiva jurisdição tributária local.
Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos sobre:
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de
transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as operações e as
prestações se iniciem no exterior;
De acordo com a legislação vigente (será considerado o Regulamento do ICMS do estado de São
Paulo, para fins de legislação base), ocorre o fato gerador do ICMS:
Art. 2º [ ... ]
I - na saída de mercadoria, a qualquer título, de estabelecimento de contribuinte, ainda que
para outro estabelecimento do mesmo titular;
II - no fornecimento de alimentação, bebidas e outras mercadorias qualquer
estabelecimento, incluídos os serviços que lhe sejam inerentes;
III - no fornecimento de mercadoria com prestação de serviços:
a) não compreendidos na competência tributária dos municípios;
b) compreendidos na competência tributária dos municípios, mas que, indicação
expressa de lei complementar, sujeitem-se à incidência do imposto de competência
estadual;
IV - no desembaraço aduaneiro de mercadoria ou bem importados do exterior, observado o
disposto no § 1º (Lei 6.374/89, art. 2º, IV, na redação da Lei 11.001/01, art. 1º, VIII);
(Redação dada ao inciso IV pelo inciso II do art. 1 º do Decreto nº 46.529 de 04.02.2002;
DOE 05.02.2002; efeitos a partir de 22.12.2001)
IV - no desembaraço aduaneiro de mercadoria ou bem importados do exterior;
V - na aquisição, em licitação promovida pelo Poder Público, de mercadoria ou bem
importados do exterior e apreendidos ou abandonados;
VI - na entrada, em estabelecimento de contribuinte, de mercadoria oriunda de outro Estado
destinada a uso ou consumo ou ao ativo permanente;
VII - na entrada, no território paulista, de lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos
derivados de petróleo e de energia elétrica oriundos de outro Estado, quando não
destinados à comercialização ou à industrialização;
VIII - na transmissão de propriedade de mercadoria ou de título que a represente, quando
esta não transitar pelo estabelecimento do transmitente;
IX - na transmissão de propriedade de mercadoria depositada em armazém geral ou em
depósito fechado;
Sempre que ocorrido o fato gerador do ICMS, têm-se operações nas quais deverá haver o
respectivo lançamento contábil, com o registro de créditos e débitos de imposto, visando-se apurar, ao final,
o saldo a pagar ou a recuperar do tributo.
Dentre as suas características, o ICMS possui basicamente duas formas de apuração, a saber:
O ICMS é caracterizado como um dos principais impostos, pois o produto de sua arrecadação
corresponde, conforme estudos realizados pelo Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), a
aproximadamente 20% do total de tributos arrecadados por todas as esferas de governo (Fonte: IBPT,
<http://www.ibpt.com.br/img/_publicacao/13710/181.pdf>).
Por ter natureza não cumulativa, apresentando especificidades quanto às formas de arrecadação, é
um dos tributos que apresenta maior número de eventos econômicos, gerando lançamentos contábeis de
média complexidade, no dia a dia das empresas.
Serão expostos, nos tópicos seguintes, as formas de contabilização mais comuns, relativas ao
ICMS.
Quando a empresa está sujeita ao regime normal de tributação, há diversos eventos econômicos
que podem ocorrer, quando das operações corriqueiras, realizadas com a aquisição e comercialização de
matérias-primas, mercadorias, produtos, entre outros.
A seguir, serão apresentados os eventos, com os respectivos registros contábeis das operações.
Aquisição de matérias-primas
Quando da aquisição de matérias-primas, para constituir seus estoques, que serão posteriormente
utilizados em sua atividade-fim, as indústrias possuem o direito de recuperar o crédito do ICMS destacado
na Nota Fiscal.
Dessa forma, o custo de aquisição efetivo da matéria-prima corresponde a R$ 8.800,00, haja vista
que o ICMS é um imposto recuperável, para as indústrias.
O mesmo procedimento deve ser aplicado a todas as aquisições que resultem em recuperação do
ICMS, como a aquisição de materiais secundários de produção e material de embalagem, dentre outros.
Evento: aquisição de mercadorias para revenda, pelo valor de R$ 1.000,00 (Inventário permanente)
ICMS destacado na Nota Fiscal: R$ 120,00
Evento: aquisição de mercadorias para revenda, pelo valor de R$ 1.000,00 (Inventário periódico)
ICMS destacado na Nota Fiscal: R$ 120,00
Lançamento contábil - Pela aquisição de mercadorias:
D - Compra de Mercadorias
C - Fornecedores R$ 1.000,00
Verifica-se que, embora a operação de compra de mercadorias seja a mesma, bem como o custo
de aquisição da mercadoria, de acordo com o tipo de inventário adotado pela empresa, têm-se registros
contábeis distintos.
Além das operações de aquisição de mercadorias, as empresas podem realizar, no curso das
atividades normais, diversas operações, como aquisição de frete, juntamente com as operações de compra
de mercadorias, devoluções de compras, devoluções de vendas, recebimento de bonificação de
mercadorias, entre outras. Todas essas operações podem ser tributadas pelo ICMS, possuindo um
tratamento distinto, de acordo com o sistema de inventário adotado pela empresa.
Quando uma empresa adquire mercadorias e, juntamente com essas mercadorias, realiza o
pagamento do transporte, por intermédio do Conhecimento de Transporte Rodoviário de Cargas (CTRC), a
empresa adquirente poderá se creditar do ICMS destacado no CTRC. Destaca-se que, em alguns estados,
quando da realização de transporte intermunicipal, mas no interior do mesmo Estado a operação de
transporte de cargas não tem o destaque do ICMS, em virtude da legislação específica do Estado. Nesse
caso, como não há o destaque do ICMS, não há a possibilidade de aproveitamento do crédito do ICMS
correspondente.
D - ICMS a Recuperar
C - Contas a Pagar R$ 12,00
D - ICMS a Recuperar
C - ICMS si Fretes R$ 12,00
De acordo com os princípios de custo, o frete incidente sobre compras integra o custo da
mercadoria vendida, deduzindo-se os impostos recuperáveis incidentes sobre o mesmo. Dessa forma, de
acordo com o sistema de inventário, deverá ser realizada uma contabilização diferenciada.
D - ICMS a Recuperar
C - ICMS de Fretes s/ Vendas R$ 18,00
Corno se pode observar, a operação de contratação de fretes pode ser contabilizada, nas
operações a prazo, na conta Fornecedores (por opção do contador/empresa) ou contas a pagar, ou então a
crédito da conta Caixa, nas operações a vista.
No curso normal das atividades empresariais, eventualmente ocorrem situações onde o fornecedor
de determinada mercadoria recebe de seu cliente a mercadoria em devolução, por motivos diversos, corno
não conformidade com o pedido ou mercadoria deteriorada.
Nessas situações, além de realizar a devolução das mercadorias, caso elas sejam operações
tributadas pelo ICMS, toma-se necessário o registro correspondente do imposto incidente sobre as referidas
operações.
D - Fornecedores/Caixa/Créditos a Receber
C - Estoque de Mercadorias R$ 4.400,00
D - Fornecedores/Caixa/Créditos a Receber
C - ICMS a Recolher R$ 600,00
D - Fornecedores/Caixa/Créditos a Receber
C - Devoluções de Compras R$ 5.000,00
Corno se pode observar pelos registros acima, quando da aquisição de mercadorias, a empresa
possui o direito de creditar-se do ICMS correspondente. Na saída por ocasião de urna devolução, ocorrerá o
débito correspondente. Há três opções na conta devedora, por ocasião da devolução de compras, de
acordo com as condições comerciais estabelecidas, no momento da negociação: abatimento do valor da
mercadoria devolvida nas duplicatas a pagar (fornecedores), restituição em dinheiro do valor
correspondente às mercadorias devolvidas (caixa) ou ainda, constituição de um direito (créditos a receber),
que poderá ser utilizado quando a empresa vier a realizar novas compras junto ao seu fornecedor.
Da mesma forma que as empresas podem devolver mercadorias aos seus fornecedores, em
determinadas situações os clientes das empresas também podem efetuar essa operação, ocasionando o
que comum ente é chamado de devolução de mercadorias de clientes, ou ainda vendas canceladas.
Quando ocorre essa situação, há reflexos no ICMS que foi debitado, por ocasião da venda de
mercadorias. Nesse caso específico, independe o tipo de inventário adotado pela empresa, pois a operação
a ser considerada, para fins tributários, é a venda de mercadorias.
D - Devolução de Vendas
C - Duplicatas a Receber/Caixa R$ 500,00
D - ICMS a Recuperar
C - ICMS sobre Devolução de Vendas R$ 60,00
Observe-se que, no caso em questão, o valor debitado por ocasião da devolução de vendas será
aquele correspondente ao valor total da nota fiscal. Adota-se, nesse caso, uma conta redutora da conta
devolução de vendas, denominada "ICMS sobre devolução de vendas". Entendemos tratar-se de uma
técnica mais adequada, do que a contabilização diretamente na conta ICMS sobre vendas.
Isso decorre da necessidade de informação por parte dos usuários da contabilidade. Da mesma
forma que, usualmente, contabiliza-se o ICMS sobre devolução de compras separadamente, no caso de
devolução de vendas o tratamento seria o mesmo.
Outro fator a ser considerado é a natureza da conta. As contas de resultado, correspondente a
despesas, tem natureza Devedora, recebendo créditos apenas quando do encerramento para apuração do
Resultado do Exercício. Dessa forma, cria-se uma conta redutora, destacando-se os efeitos tributários das
operações de devoluções de mercadorias.
D - Estoque de Mercadorias
C - Receita de Bonificação de Mercadorias R$ 2.640,00
D - ICMS a Recuperar
C - Receita de Bonificação de Mercadorias R$ 360,00
D - ICMS a Recuperar
C - ICMS s/ Mercadorias Recebidas em Bonificação R$ 360,00
Dentre as diversas atividades desenvolvidas pela empresa, quotidianamente, pode ocorrer uma
operação denominada consignação de mercadorias. Essa operação consiste no envio, pela empresa
vendedora (denominada consignadora), para que outra empresa (consignatária) realize a venda das
referidas mercadorias.
A diferença existente entre uma compra e venda comum reside no fato de que, na operação de
consignação, a mercadoria continua de propriedade do consignador, até a empresa consignatária realizar a
venda para terceiros. Quando ocorre a comunicação da venda, a empresa consignatária deverá emitir uma
nota fiscal de devolução simbólica para o consignador, sendo que este emitirá, então, uma nota de venda
de mercadorias (para simples faturamento).
Caso não ocorra a venda das mercadorias, seja total ou parcialmente, a empresa consignatária
efetua a devolução das vendas, que não são de sua propriedade. Note-se, nesse caso, a existência de
conceitos distintos: há mercadorias que podem estar fisicamente no estoque da empresa, mas não serem
de sua propriedade, bem como há a possibilidade de inexistência de mercadorias na empresa, pois foram
enviadas a outra empresa em consignação, que detém a posse das mercadorias, mas não a propriedade.
No entanto, o fato gerador do ICMS, via de regra, ocorre por ocasião da circulação das mercadorias.
Se a mercadoria circulou da empresa A para a empresa B, ocorreu o fato gerado do ICMS, devendo haver o
respectivo débito de ICMS, para a empresa que efetuou a remessa em consignação, e o crédito do ICMS,
para a empresa que recebeu as mercadorias em consignação.
Visando esclarecer essas questões, segue abaixo um exemplo prático, de uma operação de
consignação de mercadorias, entre duas empresas comerciais.
D - ICMS a Recuperar
C - ICMS si Mercadorias Recebidas em Consignação R$ 12.000,00
A figura da substituição tributária teve seu ápice com a introdução, por intermédio do § 7º do art.
150 da Constituição Federal, por meio da Emenda Constitucional nº 3, de 1993, da possibilidade de
atribuição, a outro sujeito passivo, de fatos tributários posteriores.
Diz o referido artigo:
§ 7º A lei poderá atribuir a sujeito passivo de obrigação tributária a condição de responsável pelo
pagamento de imposto ou contribuição, cujo fato gerador deva ocorrer posteriormente, assegurada
a imediata e preferencial restituição da quantia paga, caso não se realize o fato gerador presumido.
Um dos tributos que mais se utiliza do recurso da denominada Substituição Tributária é o ICMS, em
produtos como combustíveis, pneus, tintas, automóveis etc.
O tratamento contábil da substituição tributária deve ser observado com muito mais cuidado pelo
substituto (aquele que vende o produto com substituição tributária), do que por aquele que recebe o produto
em substituição tributária.
Esse fato decorre de que, nas operações de produtos adquiridos pelo regime de tributação pela
substituição tributária, basta o comerciante substituído agregar todos os custos pagos pelo produto como
custos de comercialização e/ou produção, uma vez que, nesse regime, não há qualquer compensação do
imposto pago nas operações anteriores. Todo o tributo já foi todo retido e recolhido nas operações
anteriores.
Já para o substituto, ele deverá observar a segregação entre o tributo devido nas próprias
operações do tributo retido por substituição tributária, das operações subsequentes.
Para fins de exemplificar, temos a seguinte operação de um produto vendido por substituição
tributária:
Valor de venda pelo substituto: R$ 10.000,00
Valor de venda varejo - substituído: R$ 15.000,00
ICMS das operações próprias: R$ 1.200,00
ICMS das operações subsequentes: R$ 600,00
Valor total da Nota Fiscal: R$ 10.600,00
D - ICMS s/ Vendas
C - ICMS a Recolher R$ 1.200,00
Verifica-se, dessa forma, que o ICMS por substituição tributária, embora integrante do faturamento
da empresa, não constitui um elemento de sua Receita Operacional Bruta, pois o valor corresponde ao
ICMS a ser recolhido pelo substituto, em razão das operações posteriores realizadas pelo contribuinte
substituído.
A parte inicial da Demonstração do Resultado do Exercício, dessa operação, ficaria assim expressa:
D - Estoques
C - Fornecedores/Caixa R$ 10.600,00
D - Compras de Mercadorias
C - Fornecedores/Caixa R$ 10.600,00
Quando da realização da venda, pelo contribuinte substituído, não é realizado qualquer débito de
imposto, em virtude do imposto já ter sido recolhido nas fases anteriores.
As empresas sujeitas à tributação do ICMS, seja pelo regime normal, seja pelo regime de
substituição tributária, quando realizam operações de aquisição de ativo fixo, destinado à manutenção das
atividades da empresa, possuem o direito de recuperar o ICMS sobre essa aquisição.
Entretanto, ao contrário do ICMS incidente sobre as operações mensais da empresa, a aquisição de
um ativo imobilizado é considerada uma operação de longo prazo.
Dessa forma, não é permitida pela legislação vigente, às empresas, a recuperação imediata de todo
o ICMS incidente em uma operação de aquisição de ativo imobilizado, destinado às suas atividades.
Esse processo de recuperação, de acordo com a legislação vigente, deverá ocorrer nos 48 meses
seguintes à aquisição do imobilizado, de acordo com determinado fator. O fator deverá ser igual ao produto
entre 1/48 (um quarenta e oito avos) com a relação entre a soma das saídas e prestações tributadas e o
total das saídas e prestações escrituradas no mês. Vamos a um exemplo, para melhor compreensão:
A empresa ALFA S. A., ao final do mês de janeiro de 20xO, teve as seguintes operações registradas
em seu Livro de Registro de Saídas:
Nesse caso em questão, a empresa teve um total de R$ 650.000,00 em operações tributadas, para
um total de saídas no valor de R$ 850.000,00. O fator para utilização, caso a empresa possuísse créditos
de ICMS sobre aquisição de Ativo Imobilizado, deverá ser calculado da seguinte forma:
Neste mês em questão, o fator a ser multiplicado pelo ICMS incidente sobre aquisição de ativo
imobilizado seria 0,0159313, ou seja, 1,59313% do valor total do ICMS. Caso a empresa apresentasse
somente saídas tributadas, o percentual a ser utilizado seria de 2,083333%. A diferença do ICMS não
aproveitado, que é inerente à aplicação do fator, para as empresas que promovem saídas não tributadas,
não poderá ser aproveitada nos meses subsequentes. Ao final dos 48 meses, o saldo de créditos do ICMS
sobre aquisição de determinado ativo, que não for aproveitado, deverá ser cancelado.
A seguir, serão abordados todos os eventos provenientes de situações envolvendo aquisição, venda
e cancelamento de créditos decorrentes de operações com ativo imobilizado.
D - Máquinas e Equipamentos
C - Caixa/Bancos Conta Movimento R$ 52.800,00
O custo de aquisição do veículo será representado pelo valor de aquisição do bem, deduzido dos
impostos recuperáveis incidentes sobre a operação.
O ICMS incidente sobre as operações de aquisição de imobilizado, como já vimos anteriormente,
será realizado em um prazo previsto de 48 meses. Dessa forma, teremos uma parcela do ICMS a ser
aproveitado que será utilizado no exercício social imediatamente posterior, e uma parcela que será utilizada
após o término do exercício social subsequente. Então, deve ser realizada a segregação entre o ICMS a ser
aproveitado no curto prazo (ativo circulante) e a parcela a ser aproveitada no longo prazo (ativo não
circulante). No exemplo em questão:
Após os referidos lançamentos, teríamos uma situação onde o custo de aquisição do imobilizado
será representado pelo valor de aquisição, deduzido dos impostos recuperáveis. Embora haja uma parcela
que, de acordo com o percentual de saídas tributadas em relação às saídas totais, possa não ser
aproveitada, a possibilidade de recuperação do ICMS na aquisição do Ativo Imobilizado existe, devendo ser
provisionado pelo seu total.
Após a aquisição, a partir do primeiro mês de aquisição, a empresa poderá aproveitar o crédito do
ICMS, à razão de 1/48, proporcionalmente às saídas tributadas.
Utilizando-se o exemplo anterior, vamos considerar que, no primeiro mês, a empresa em questão
teve 80% de suas saídas tributadas. Dessa forma, o fator de aproveitamento do ICMS seria 0,0166667. Em
relação ao ativo imobilizado adquirido:
D - ICMS a Recuperar
C - ICMS sobre Aquisição de Ativo Imobilizado (Ativo Circulante) R$ 120,00
Verifica-se a apropriação do saldo do ICMS sobre ativo imobilizado como despesa, uma vez que
tais valores não poderão ser recuperados no futuro, perdendo as suas características intrínsecas de ativo.
Observe-se que, no item em questão, o saldo do ICMS, não aproveitado em virtude da alienação do
bem, deverá integrar o custo do bem vendido.
Fato gerador
Constitui fato gerador do Imposto sobre Serviços (lSS) no município de São Paulo a prestação, por
pessoa física ou jurídica, com ou sem estabelecimento fixo, de serviço não compreendido na competência
da União ou dos Estados e, especificamente, a prestação dos serviços constantes da relação do art. 1 Q da
Lei nº 13.701/2003.
São responsáveis pela retenção do Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza e compreendem
fatos geradores passíveis para talos serviços prestados nas condições que seguem:
Entretanto, a partir de 01.01.2009, no caso dos serviços prestados pelas Microempresas (ME) e
Empresas de Pequeno Porte (EPP) optantes pelo SIMPLES Nacional, tratado na Lei Complementar Federal
nº 123/2006, deve ser considerada, para cálculo do imposto a ser retido na fonte, a alíquota prevista nos
Anexos III, IV ou V da Lei Complementar nº 123/2006 considerando-se a faixa de receita bruta a que a ME
ou EPP estiver sujeita no mês anterior ao da prestação dos serviços. Tal alíquota deve ser destacada pelo
prestador de serviço em documento fiscal fornecido à fonte pagadora.
Também, os responsáveis tributários ficam desobrigados da retenção e do pagamento do imposto,
em relação aos serviços tomados ou intermediados de prestadores de serviços estabelecidos no Município
de São Paulo e nos enquadramentos que seguem, comprovado via declaração cadastral (profissional
autônomo), gozar de isenção ou gozar de imunidade.
Sujeito ativo
Decorrente desse Imposto, tem-se como sujeito ativo o Município de São Paulo.
Sujeito passivo
Momento de incidência/retenção/recolhimento
Aspecto geográfico
A retenção é aplicável aos sujeitos passivos prestadores dos serviços listados no art. 1º do Decreto
nº 50.896/2009.
A base de cálculo do ISSQN compreende o preço do serviço prestado, isto é, a receita bruta a ele
correspondente, sem dedução, com exceção de descontos e abatimentos concedidos independentemente
de condição.
Apurada a base de cálculo, aplicam-se alíquotas de 2,5% a 5% segundo normatização pela Portaria
SF nº 014/2004 aos serviços nela expressos.
Para o prestador de serviço, quando do recebimento do serviço prestado, com retenção do ISS pelo
tomador do serviço, ocorre o seguinte evento relacionado ao tributo:
Para o prestador de serviço, o ISS constitui-se numa despesa que deve ser assim contabilizada:
D - Disponibilidades
C - Receita de Serviços R$ 950,00
Para o tomador do serviço, a contabilização dos eventos relacionados ao tributo recolhido, no prazo
estabelecido pela legislação, compreende:
Para o tomador do serviço, a contabilização dos eventos relacionados ao tributo recolhido, fora do
prazo estabelecido pela legislação, compreende:
• Pagamento do respectivo valor de ISS com acréscimo legal fora do prazo de recolhimento.
C - Disponibilidades
D - ISS a Recolher - Serviços Prestados por Terceiros
Valores hipotéticos, apenas para exemplificar o lançamento contábil. Os valores deverão respeitar a
legislação vigente no município onde ocorrer o fato gerador.
Fontes
• Lei nº 13.701/2003.
• Decreto nº 50.896/2009.
• Portaria SF nº 14/2004.
A Cia. Atenas é uma empresa que atua no ramo de importação, industrialização (acondicionamento)
e comercialização de bebidas, tais como: vodca, vinho e uísque. A empresa iniciou suas atividades no final
de 2006. A posição patrimonial da Cia. Atenas, em 31/12/2006, era a apresentada no quadro da página
seguinte.
A Cia. Atenas foi constituída com o objetivo de importar bebidas e recondicioná-las para a
comercialização no mercado brasileiro. No ano de 2006, a empresa adquiriu uma propriedade, situada na
zona rural, onde construiu suas instalações industriais com o objetivo de acondicionamento das bebidas
importadas, que serão comercializadas no território nacional.
A Cia. Atenas possui um limite de crédito junto ao Banco "X", denominado "conta empresarial", que
funciona de forma semelhante ao cheque especial de pessoa física.
BALANÇO PATRIMONIAL
ATIVO 31/12/2006 PASSIVO 31/12/2006
Ativo Circulante 290.000,00 Passivo Circulante
Caixa 5.000,00
Bancos conta Movimento 285.000,00
Ativo Não Circulante 265.000,00 Passivo Não Circulante
Imobilizado 265.000,00
Instalações industriais (produção) 150.000,00 Patrimônio Líquido 555.000,00
Imóvel - Escritório (sede) 35.000,00 Capital Social 555.000,00
Imóveis - Lojas (comercialização) 40.000,00
Equipamentos e utensílios 15.000,00
Veículos 25.000,00
(-) Depreciação Acumuladas -
Total 555.000,00 Total 555.000,00
O valor da aquisição (compra) dos tonéis de bebidas totalizou U$ 1.172.777,78, que, convertido pela
taxa de câmbio do dia, no valor de R$ 1,75, representam, em reais, R$ 2.052.361,12, com 120 dias de
prazo para o pagamento. Os custos referentes ao frete das mercadorias adquiridas, nessa transação, foram
de responsabilidade do importador (FOB - Free on Board).
O registro contábil da aquisição de matéria-prima, a prazo, será:
D - Estoque/Matéria-Prima/Bebidas em tonéis (Ativo)
C - Fornecedores (Passivo) R$ 2.052.361,12
Uma vez que seguro e frete corriam por sua conta, a Cia. Atenas contratou ambos por U$ 5.863,89,
os quais também devem integrar o custo de aquisição da bebida em tonéis:
D - Estoque/Matéria-Prima/Bebidas em tonéis (Ativo)
C - Bancos conta Movimento/Banco "X" R$ 10.261,46
Os cálculos dos tributos incidentes nesta operação iniciaram-se pelo Imposto de Importação.
Na apuração do Imposto de Importação, a base de cálculo é formada pela soma dos custos de
importação (matéria-prima, fretes e seguros), multiplicada pela alíquota incidente. Deve-se observar que a
alíquota, em operações com importação de mercadorias e serviços, pode variar de acordo com a
natureza/tipo de produto e/ou serviço. O percentual a ser cobrado de imposto (alíquota) fica a cargo do
órgão regulador, que estipula e/ou modifica o percentual aplicável.
A base de cálculo do II é o Valor CIF - Cost, Insurance and Freight (Custo, Seguro e Frete
internacional). A composição do CIF deverá ser o valor FOB da fatura comercial, geralmente em moeda
estrangeira, mais o valor do frete e seguro internacional. Quando não há o valor do seguro ou o frete
internacional, a Receita Federal, através do SISCOMEX, irá arbitrar um valor para o frete e o seguro
internacional para se chegar ao preço CIF que é a base de cálculo do II.
Adotando-se as alíquotas conforme TEC, que define os imposto de importação por mercadoria.
• CIF em dólar = 1.172.777,78 + 5.863,89 1.178.641,67
• Taxa do dólar ou moeda estrangeira negociada 1,75
• Valor CIF em reais 2.062.622,57
Contabilização
Contabilização
O valor dos estoques, portanto, é representado pela soma dos custos das matérias-primas
adquiridas mais o valor do frete e seguros, dos impostos não recuperáveis e taxas aduaneiras, conforme
demonstrado a seguir:
Contas R$
Preço da matéria-prima adquirida (bebida em tonéis) 2.052.361,12
Fretes e Seguros 10.261,46
Imposto de Importação 355.744,26
Taxas aduaneiras 26.387,50
Valor total dos Estoques 2.444.754,33
Para os produtos importados pela Cia. Atenas, conforme regulamento do IPI - RIPI, a empresa
enquadra-se como contribuinte de fato do IPI, pois, por determinação legal, as operações de importações
realizadas sofrem incidência do respectivo imposto. A composição da base de cálculo é feita da seguinte
forma:
A lógica de tributação do IPI na IMPORTAÇÃO
Base de cálculo do IPI dos produtos importados: é o valor que serviu de base de cálculo do Imposto
de Importação (Valor CIF), acrescido do imposto de importação, além dos encargos efetivamente
pagos pelo importador.
Base de cálculo do IPI = valor CIF + valor do II
Para este caso, utilizaram-se as alíquotas descritas na TIPI, devido à importação dos tonéis de
bebidas.
O valor do IPI a ser pago pela empresa poderá ser recuperado em operações posteriores, de forma
que o registro contábil fica:
Contabilização
Para os produtos importados pela Cia. Atenas, conforme regulamento do ICMS - RICMS, ocorre fato
gerador do Imposto de Circulação de Mercadorias e Serviços de Transporte Interestadual e de
Comunicação, pela importação de mercadoria, após desembaraço.
A lógica de tributação do ICMS na IMPORTAÇÃO
O valor da operação (mercadoria mais serviços) ou importação, incluindo o Imposto de Importação,
Imposto sobre Produtos Industrializados e Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro e
sobre Operações Relativas a Títulos e Valores Mobiliários - IOF e despesas aduaneiras.
A composição da base de cálculo é assim formada: (Valor CIF + 11 + IPI + IOC + IOF + Despesas
Aduaneiras)j(l- Alíquota do ICMS) Veja que a base de cálculo do ICMS é feita como se o valor da sua
respectiva alíquota entrasse "por dentro", por isso é que se divide por 1 menos a alíquota do ICMS.
Na importação o IPI faz parte da base de cálculo do ICMS, o que não acontece nas operações de
compra realizadas no país.
A composição da base de cálculo é assim formada:
Da mesma forma que ocorre com o IPI, o ICMS a ser pago na importação será recuperado nas
operações posteriores:
Contabilização
O Valor Aduaneiro representa toda mercadoria submetida a despacho de importação está sujeita ao
controle do correspondente valor aduaneiro. Cabe ao poder público (Receita Federal do Brasil - Aduana)
realizar o controle, que consiste na verificação da conformidade do valor aduaneiro declarado pelo
importador com as regras estabelecidas no Acordo de Valoração Aduaneira. Assim, entendese que
integram o valor aduaneiro, independentemente do método de valoração utilizado:
• O custo de transporte da mercadoria importada até o porto ou o aeroporto alfandegado de
descarga ou o ponto de fronteira alfandegado, onde devam ser cumpridas as formalidades de
entrada no território aduaneiro;
• Os gastos relativos à carga, à descarga e ao manuseio, associados ao transporte da
mercadoria importada, até a chegada aos locais; e,
• O custo do seguro da mercadoria durante as operações.
Cálculo de X:
×[
× ]
= ×
• VA = Valor Aduaneiro
• a = alíquota do Imposto de Importação (lI)
• b = alíquota do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI)
• c = alíquota da Contribuição para o PIS/PASEP- Importação
• d = alíquota da COFINS - Importação
• e = alíquota do ICMS
Contabilização do PIS
D - PIS a recuperar(Ativo)
C - Bancos conta Movimento/ Banco "X" (Ativo) R$ 58.300,28
Contabilização da COFINS
D - COFINS a recuperar(Ativo)
C - Bancos conta Movimento/ Banco "X" (Ativo) R$ 268.534,63
Expostos todos os tributos incidentes sobre aquisição de matéria-prima importada, observa-se que o
valor pago pela Cia. Atenas pela aquisição da matéria-prima propriamente dita (US$ 1.178.641,67, incluindo
frete e seguros, equivalente a R$ 2.062.622,57) corresponde a 41,65% do total gasto com a aquisição,
quando somados os tributos que a empresa teve que pagar. A tabela a seguir demonstra a composição do
gasto total da Cia. Atenas:
Tabela: Composição do gasto total com aquisição de matéria-prima.
Imp. Taxas
Produtos MP+ Frete e IPI* ICMS* PIS* COFINS* TOTAL
Importação Aduaneiras
Seguro (1)
(1) (1)
Vodca
522.739,49 104.547,90 6.687,50 380.384,93 338.119,94 15.587,14 71.795,32 1.439.862,22
Ballaloc
Uísque 709.753,22 85.170,39 9.080,00 241.201,08 348.401,56 19.167,64 88.287,30 1.501.061,20
Vinho
830.129,86 166.025,97 10.620,00 402.710,33 469.828,72 23.545,50 108.452,01 2.011.312,39
Seco Fino
Total 2.062.622,57 355.744,26 26.387,50 1.024.296,35 1.156.350,23 58.300,28 268.534,63 4.952.235,81
% 41,65% 7,18% 0,53% 20,68% 23,35% 1,18% 5,42% 100,00%
(1) Custo; (*) Imposto a recuperar.
Parte dos tributos, no entanto, pode ser recuperada. Considerando que a Cia. Atenas irá recuperar,
ou seja, irá compensar com o imposto devido incidente nas operações de vendas os valores de IPI, ICMS,
PIS e COFINS pagos, o custo do estoque é representado pelo total do gasto com a aquisição, menos os
impostos recuperáveis, o que se encontra evidenciado na tabela a seguir.
Somando-se ao preço cobrado pelas embalagens o IPI incidente sobre as compras, a nota fiscal da
compra totalizou R$ 246.400,00. Os demais tributos (ICMS, PIS/PASEP e COFINS) estão embutidos no
preço das embalagens.
Esta transação de aquisição de insumos, tanto pela legislação do IPI quanto do ICMS, possibilita
que a empresa credite (recupere) o valor dos tributos pagos no momento da venda (comercialização) de
seus produtos.
O valor do PIS e COFINS a recuperar é calculado aplicando o valor da fatura de Embalagens
menos o IPI (receita bruta) multiplicado pela alíquota respectiva.
Voltamos a ressaltar que PIS/PASEP e COFINS estão sendo lançados em conta de ativo porque a
nossa empresa exemplo é tributada pelo regime não cumulativo. No regime cumulativo, o valor de PIS e
COFINS embutidos na NF de compra compõe o custo de aquisição do estoque.
Durante o mês de janeiro de 2007, todo o estoque de matéria-prima e de material de embalagem foi
utilizado na produção.
A Cia. Atenas possui 24 funcionários na área de produção da empresa, cujos salários brutos
somaram R$ 26.400,00 no mês de janeiro.
Além da folha de pagamento, cujo ônus financeiro é da empresa, ocorreram pagamentos de salário-
família e salário-maternidade. Fazem jus a salário-maternidade as empregadas em gozo de licença-
maternidade por nascimento ou adoção de filho, e fazem jus ao salário-família os empregados que
percebem até uma determinada faixa salarial, conforme portaria do Ministério da Previdência e Assistência
Social (MPAS). Em janeiro de 2007, a tabela de faixas salariais e valores de salário-família eram (para
consulta do valor atualizado, consulte o site do MPAS: <http://www.mpas.gov.br/>):
Nem todos os empregados fazem jus a salário-família. Somando-se os empregados que fazem jus a
salário-família, a empresa terá que desembolsar R$ 157,40. Uma funcionária encontra-se em licença-
maternidade, e faz jus a um salário de R$ 716,00.
Resumindo os valores a receber e descontos, temos:
Folha de Pagamento
Salários Brutos 26.400,00
Mais:
Salário-família 157,40
Salário-maternidade 716,00
Menos:
INSS funcionários 2.376,00
IR retido na fonte 4.027,50
Salários Líquidos 20.869,50
A empresa paga salário-família e salário-maternidade, mas tem o direito de recuperar estes valores,
reduzindo-os do montante a recolher ao INSS:
A empresa está obrigada ao pagamento de tributos que incidem sobre a remuneração do trabalho.
Sobre a remuneração de empregados, incidem FGTS, contribuição previdenciária e contribuições a
terceiros (SESC, SESI, SEBRAE, INCRA etc.). As contribuições a terceiros são recolhidas juntamente com
as devidas ao INSS, que repassa às demais entidades. O somatório das contribuições incidentes sobre
remuneração de empregados a serem recolhidas ao INSS totalizou 27,7%.
Da mesma forma que em relação à folha de pagamento, o registro dos encargos sociais incidentes
sobre a remuneração paga ao pessoal encarregado da produção impacta o custo da produção.
Pelos encargos devidos ao INSS incidentes sobre remuneração paga ao pessoal encarregado da
produção (mão de obra):
Pelo FGTS incidente sobre remuneração paga ao pessoal encarregado da produção (mão de obra):
Pelas provisões de férias e adicional de férias relativas ao pessoal encarregado da produção (mão
de obra):
Pela provisão do 13º salário relativo ao pessoal encarregado da produção (mão de obra):
D - Estoques/Custos de Produção/ Décimo terceiro Salário (Ativo)
C - Provisões Trabalhistas/ Provisão 13º Salário (Passivo) R$ 2.200,00
Pela provisão de encargos devidos ao INSS incidente sobre férias e adicional de férias do pessoal
encarregado da produção (mão de obra):
D - Estoques/Custos de Produção/INSS (Ativo)
C - Provisões Trabalhistas/Provisão INSS s/ Férias (Passivo) R$ 812,53
Pela provisão de encargos devidos ao INSS incidente sobre 13º salário do pessoal encarregado da
produção (mão de obra):
D - Estoques/Custos de Produção/INSS (Ativo)
C - Provisões Trabalhistas /Provisão INSS s/ 13º Salário (Passivo) R$ 609,40
Pela provisão de FGTS incidente sobre férias e adicional de férias do pessoal encarregado da
produção (mão de obra):
D - Estoques/Custos de Produção/FGTS (Ativo)
C - Provisões Trabalhistas /Provisão FGTS s/ Férias (Passivo) R$ 234,67
Pela provisão de FGTS incidente sobre 13Q salário do pessoal encarregado da produção (mão de
obra):
D - Estoques/Custos de Produção/FGTS (Ativo)
C - Provisões Trabalhistas /Provisão FGTS s/ 13º Salário (Passivo) R$ 176,00
Somando-se salários, encargos e provisões, o custo total com mão de obra da empresa somou R$
42.790,73, conforme discriminado a seguir. O custo total com mão de obra corresponde, neste caso, a
162% dos salários brutos (R$ 26.400,00). Se compararmos este montante com o salário líquido que os
empregados irão receber (R$ 19.996,50 sem contar o salário-família e maternidade) o custo total com mão
de obra corresponde a 214% do salário líquido.
Sobre o lucro auferido pela Cia. Atenas, há a incidência dos seguintes tributos:
• Imposto de Renda Pessoa Jurídica e
• Contribuição Social Sobre o Lucro.
A Cia. adota a tributação pelo Lucro Real anual, o que lhe permite recolher as antecipações do IRPJ
e CSLL mensalmente por estimativa' ou com base em balancete de suspensão/redução. Assim, é
necessário que se faça mensalmente o cálculo do tributo devido com base no Lucro Real (IRPJ) e
Resultado Ajustado (CSLL).
Contabilização
Pela CSLL incidente sobre provisão para créditos de liquidação duvidosa (Ativo Diferido)
O lucro real é o lucro líquido do período de apuração, ajustado pelas adições, exclusões ou
compensações prescritas ou autorizadas pela legislação. A determinação do lucro real será precedida da
apuração do lucro líquido de cada período de apuração com observância das disposições das leis
comerciais, o que, no caso do IRPJ, é o lucro após computada a CSLL.
Transcrevemos a seguir a demonstração do resultado antes do IRPJ:
(OFINS (963.680,00)
ICMS sobre Vendas (3.170.000,00)
Receita Líquida de Vendas 8.337.100,00
Custo dos Produtos Vendidos (2.653.561,93)
Lucro Bruto 5.683.538,07
Despesas de Vendas (518.452,41 )
Despesas Financeiras (75.546,20)
Despesas Administrativas (91.433,59)
Lucro Operacional 4.998.105,87
Resultado não Operacional -
Lucro Antes do IRPJ e CSLL 4.998.105,87
CSLL 486.497,33
Lucro Antes do IRPJ 4.511.608,54
Exclusões
Lucro Real (Base de cálculo do IRPJ) 5.405.525,87
IRPJ Alíquota Normal (15% x 5.039.351,75) 810.828,88
IRPJ Alíquota Adicional (10% x (5.405.525,87 - 20.000,002) 538.552,59
IRPJ devido no Período 1.349.381,47
Contabilização
Pelo IRPJ incidente sobre provisão para créditos de liquidação duvidosa (Registro de Ativo Diferido)
Em linhas gerais, este regime oferece às empresas contribuintes maior segurança jurídica no
momento da apuração das bases de cálculo do tributos federais. Cabe destacar que a neutralidade fiscal!
proposta pelo Regime Tributário de Transição (RTT) para empresas optantes do regime do lucro real vigerá
até a entrada em vigor de lei que discipline os efeitos tributários dos novos métodos e critérios contábeis,
será optativo apenas nos anos de 2008 e 2009, tornando obrigatória a partir de 2010, inclusive para a
apuração do imposto sobre a renda com base no lucro presumido ou arbitrado, da Contribuição Social sobre
o Lucro Líquido (CSLL), da contribuição para o PIS/PASEP e da contribuição para o financiamento da
seguridade social (COFINS).
Às empresas optantes do RTT segundo o art. 21 da Lei nº 11.941/09 fica estabelecido que a sua
adoção para fins de apuração do IRPJ implicará na adoção automática para os demais tributos federais:
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), a Contribuição para o Programa de Integração Social
(PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social- COFINS. Além disso, o parágrafo único
do art. 16 da Lei nº 11.941/09 deixa claro que as normas expedidas pela Comissão de Valores Mobiliários
(CVM) e pelos demais órgãos reguladores que visem alinhar a legislação específica com os padrões
internacionais contábeis também não poderão alterar a base de cálculo do IRPJ, CSL, PIS e COFINS.
O art. 17 da Lei nº 11. 941/09 estabelece que as pessoas jurídicas deverão primeiramente apurar o
resultado do exercício de acordo com as disposições da Lei nº 6.404/76, com as modificações introduzidas
pela Lei nº 11.638/07. Destaca-se também que as companhias abertas e outras que fizerem a opção
deverão aplicar as normas emitidas pela CVM.
Portanto, as pessoas jurídicas que fizerem opção pelo REGIME TRIBUTÁRIO DE TRANSIÇÃO
deverão realizar os ajustes específicos no lucro líquido do período, no Livro de Apuração do Lucro Real
(LALUR), com a finalidade de reverter o efeito da utilização de métodos e critérios contábeis diferentes
daqueles vigentes em 31 de dezembro de 2007. Lembrando que, para apuração da base de cálculo do
imposto, poderão ser realizados outros ajustes no LALUR (adição, exclusão e compensação) de valores
prescritos ou/e autorizados pela legislação tributária.
A Instrução Normativa da Receita Federal do Brasil nº 949/09, que regulamentou o RTT, estabelece
que, no LALUR, as empresas devem fazer um ajuste global do lucro líquido societário (ou seja, conforme os
novos métodos e critérios contábeis) para o lucro líquido para fins tributários (ou seja, considerando os
métodos e critérios contábeis vigentes em 31 de dezembro de 2007). O detalhamento deste ajuste global
será objeto do FCONT (Controle Fiscal Contábil de Transição), definido como uma escrituração das contas
patrimoniais e de resultado, em partidas dobradas, considerando os critérios contábeis aplicáveis à
legislação tributária.
A Lei nº 11.941/09 será também aplicável para a apuração do Imposto de Renda das Pessoas
Jurídicas (IRPJ), para empresas optantes da sistemática do lucro presumido. De acordo com as instruções
do RTT, as empresas optantes poderão continuar realizando as apurações do IRPJ e da CSLL com base
nos métodos e critérios contábeis vigentes em 31/12/2007. Para garantir a neutralidade, a empresa optante
poderá efetuar as adições e exclusões inerentes às diferenças de critério contábil diretamente no Livro de
Apuração do Lucro Real (LALUR).
A formalização da opção ocorreu no momento da entrega da DIPJ, referente ao ano calendário de
2008. Assim, cabe destacar que as empresas que não optaram pelo RTT não terão a neutralidade
assegurada.
Possam existir situações em que adesão ao RTT poderá ser menos complexa. No entanto,
recomenda-se avaliar as especificidades de cada empresa. Dentre as hipóteses em que a opção pelo RTT
pode ser uma alternativa para a manutenção da carga tributária:
• Empresas que possuem incentivos fiscais considerados como subvenção para
investimento: como tais subvenções passam a ser contabilizadas no resultado do exercício, a
não tributação pelo IRPJ, CSLL e, inclusive o PIS e a COFINS somente ocorre se a PJ optar
pelo RTT;
• Empresas que estão amortizando ágio justificado por rentabilidade futura (após
incorporação): considerando que as novas práticas determinam que este ativo diferido não
será mais amortizado, mas sim submetido ao teste de recuperação, a opção pelo RTT parece
assegurar, ao menos para 2008 e 2009, a dedutibilidade da amortização com base no critério
vigente em 31/12/2007;
• Empresas que operam com contratos de arrendamento mercantil (leasing): para fins
contábeis, alguns destes contratos deverão ser considerados como uma operação de compra e
venda a prazo. Portanto, o bem estará sujeito à depreciação, normalmente com taxas que
levam em conta a vida útil efetiva, resultando em apropriação de despesas relativas a estes
contratos num período de tempo superior.
Destaca-se também que as doações realizadas pelo Poder Público deverão ser registradas em
conta do resultado pelo regime de competência. Sendo que, para fins de apuração do lucro real e da base
de cálculo do PIS e da COFINS posteriormente, esses valores poderão ser excluídos do LALUR. No
entanto, é exigido que as subvenções para investimentos e as doações recebidas do Poder Público deverão
ser mantidas em conta de reserva de lucros, conforme refere o art. 195-A da Lei nº 6.404/76.
A lógica subjacente refere-se ao fato de que não se devem onerar benefícios fiscais cedidos pelo
próprio Poder Público. Esta nova regra assegura a não tributação das subvenções para investimentos,
enquanto mantidas em reservas e não disponibilizadas aos sócios. Entretanto, os valores das subvenções
para investimento e doações recebidas do Poder Público serão tributadas caso seja dada destinação nas
seguintes hipóteses:
• Capitalização do valor e posterior restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante
redução do capital social, hipótese em que a base para a incidência será o valor restituído,
limitado ao valor total das exclusões decorrentes de doações ou subvenções governamentais
para investimentos;
• Restituição de capital aos sócios ou ao titular, mediante redução do capital social, nos 5 (cinco)
anos anteriores à data de doação ou subvenção, com posterior capitalização do valor da
doação ou subvenção, hipótese em que a base para a incidência será o valor restituído, limitado
ao valor total das exclusões decorrentes de doações ou subvenções governamentais para
investimentos; ou
• Integração à base de cálculo dos dividendos obrigatórios.
9.1.3. Transações contábeis que provocam efeitos tributários em função da opção da RTT
Diante das mudanças introduzidas pela Lei nº 11.638/07 e das medidas instituídas pela Lei 11.
941/09, que teve como finalidade a neutralidade fiscal, não obteve-se o consenso esperado. Pois têm-se
observado diversas discussões que destacam que estas medidas instituídas restringem alguns dos direitos
das empresas, que pareciam perfeitamente estabelecidos. Cita-se como exemplo vedação da compensação
dos valores de IRPJ e CSLL devidos por estimativa, que já estão sendo questionadas judicialmente pelos
contribuintes.
Em relação às opções de tributação do IPRJ e CSLL, cabe destaque para a apuração com base no
lucro real trimestral, que pode ser uma alternativa viável, pois reduziria os efeitos impostos pela MP 448,
que veda a compensação das estimativas de IRPJ e CSL1.
As figuras a seguir ilustram de forma gráfica o tratamento prescrito para registro de ativos e
passivos fiscais diferidos, conforme o CPC 32/IAS 12:
Já para o reconhecimento de ativos fiscais diferidos, além das mesmas exceções relacionadas para
os passivos fiscais diferidos, o CPC destaca que tais ativos só deverão ser reconhecidos na medida em que
seja provável a existência de lucro tributável contra o qual a diferença temporária dedutível possa ser
utilizada.
A figura a seguir ilustra o modelo de decisão para o reconhecimento de ativos e passivos fiscais
diferidos:
BIBLIOGRAFIA BÁSICA:
FABRETTI, Láudio Camargo. Contabilidade Tributária. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2009.
PEREZ JÚNIOR, José Hernandez; OLIVEIRA, Luís Martins de; GOMES, Marilete Bezerra;
CHIEREGATO, Renato. Manual de Contabilidade Tributária: textos e testes com as
respostas. 9. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
REZENDE, Amaury José; PEREIRA, Carlos Alberto; ALENCAR, Roberta Carvalho de.
Contabilidade Tributária: entendendo a lógica dos tributos e seus reflexos sobre os
resultados das empresas. São Paulo: Atlas, 2010.
SANTOS, Cleônimo dos Santos; Barros, Sidney Ferro. Imposto de Renda Pessoa Jurídica
para Contadores. São Paulo: IOB – Thonsom, 2007.
BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR:
OLIVEIRA, Gustavo Pedro de. Contabilidade Tributária. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2009.
REIS, Luciano Gomes dos; GALLO, Mauro Fernando; PEREIRA, Carlos Alberto. Manual de
Contabilização de Tributos e Contribuições Sociais. São Paulo: Atlas, 2010.
Email:
orleansmartins@yahoo.com.br
Web site:
informacaocontabil.blogspot.com