UNIIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS

Disciplina: Seminário de leitura: Literatura Clássica - TMA20

Aluno: Deisy Cassia Silva Souza

A fábula “A vaca, a cabra, a ovelha e o leão” critica o hábito da relação de fidelidade,

que as ordens mais baixas da organização social tinham para com as mais altas. A história trata
de três animais, ditos frágeis, que fazem uma aliança com um animal – o leão – que é
representação de poder nas fábulas de Fedro. A mesma tem o intuito de pintar a parcela mais
poderosa da população junto à representações da parte oprimida da sociedade da época,
mostrando que a aliança feita entre essas duas partes em nada favorecia os mais fracos. Assim,
o autor deseja mostra que a fidelidade proposta por Augusto – em sua revisão do corpo social
– e aceita pelas ordens mais baixas é acima de tudo uma opressão vivida pela parcela da
população que não fazia parte dos ricos e poderosos.
Dentro desse contexto pode-se ver o quanto a sociedade romana favorecia as camadas
sociais mais altas e viviam em um “rígida hierarquia social”, como defende Giordani. Fedro
expressa na moral de sua fábula que “A aliança com os poderosos nunca é fiel”, mostrando que
a fidelidade nunca parte de cima para baixo na pirâmide social; e dessa forma, reforçando o
sistema de ordens superiores que não podem ser desfeitas ou colocadas à prova, corroborando
com o expresso por Giordani. Assim, fidelidade sempre se dava do mais fraco para com o mais
forte, ou seja, se fazia em uma única direção rígida e engessada.
Contudo, o autor não propõe – ainda que veja os problemas – ações ou intervenções
sociais. Como mostrado por Gaillard e Martin Fedro está interessado principalmente em pintar
relações sociais, isto porque no momento social em que as fábulas foram escrita não havia
conhecimento sobre luta de classes ou mesmo de intervenção contra as ordens opostas – isso
ainda reforça a ideia do quanto a sociedade, da forma que estava a organizada, possuía um
sistema enrijecido. O fato é que o intuito de Fedro era apenas observar e criticar o
comportamento, o modo de vida e as relações da parte antagônica à parcela social em que estava
inserido.