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Aluna: Brenda Alannys Pereira de Melo

Professor:
Comportamento divergente ou comportamento desviante são as ações daquele que se desvia
das regras de um grupo social.

Divergente se passa em uma Chicago futurista, onde a população está


dividida em cinco grandes grupos, chamados de “facções”, baseados em
qualidades morais empregadas nas funções de cada uma para o
funcionamento do sistema: Abnegação, Amizade, Audácia, Franqueza e
Erudição. Todos os jovens, aos 16 anos, passam por um processo para
testar suas aptidões e depois selecionam a facção a que se integrarão – que
pode ser a mesma que a de seus pais, ou completamente diferente. Uma
vez escolhida, de acordo com a norma ética que se valoriza pela sociedade
construída na trama, a facção “vem antes do sangue”, ou seja, mesmo o
afeto da pessoa por sua família deve ser desprestigiado em favor da
devoção ao seu grupo de pertencimento. A protagonista, Beatrice (Shailene
Woodley, que ainda não havia visto trabalhar e me parece uma grata
surpresa, diga-se de passagem), provém de uma família da Abnegação, mas
acaba indo para a Audácia, o que gera uma série de dilemas. Mas não
estragaremos surpresas e não destacaremos a trama em si, apenas o
sistema social daquela Chicago decadente.
A crueldade do afastamento das famílias pela rígida divisão em facções
esconde uma realidade ainda mais sombria. Eventualmente, uma pessoa
pode fracassar em sua facção, e se torna uma espécie de pária, um “sem-
facção”. É uma estratificação social que nos faz lembrar a divisão de castas
da Índia, mas há ainda um último ingrediente: algumas pessoas que
nascem com habilidades especiais que transcendem a limitação a uma
única facção, os Divergentes. Vistos como uma ameaça, eles são mortos tão
logo sua condição se revela. O núcleo de comando da facção Erudição é o
mais interessado na manutenção do sistema e pretende cooptar a força
armada da Audácia para submeter as demais, especialmente a Abnegação,
à continuidade do regime e à matança dos Divergentes e marginalização
dos “sem facção”.

O sistema totalitário se sustenta em uma máxima muito prezada pelas


esquerdas modernas: o “dividir para conquistar”. Sem que fique muito claro
no filme como se processa o comando central – parece que a Abnegação
mantinha algum tipo de poder maior no Conselho da cidade, e a Erudição
ambicionava tomá-lo para si -, resta evidente que a divisão fixa,
submetendo cada grupo a padrões muito duros de conduta e forma de
viver, esmaga a pluralidade e a independência de espírito e ajuda a manter
o domínio. A idéia de que da divisão artificialmente produzida se pode criar
ordem – uma ordem tirânica – está aqui bem simbolizada. Os Divergentes
são uma ameaça justamente porque trazem a pluralidade para dentro do
sistema, porque trazem talentos diversificados que permitiriam colocá-los
em destaque. A um sistema totalitário como aquele, o que interessa é a
mediocridade.

A vilã Jeanine (Kate Winslet) descreve seu objetivo de destronar a


Abnegação, que tentava proteger os Divergentes, como algo por que estaria
disposta a dar a própria vida. Ela é o exemplo do tirano que se associa a um
discurso emocional e promete que seus propósitos são os mais nobres e
benéficos à humanidade – o pior tipo de tirano. Jeanine confessa que sua
luta é contra a natureza humana. Exatamente; a natureza humana seria o
inimigo final a ser vencido, a fim de que o equilíbrio – frio e desumano –
que se estabeleceu com o sistema de facções se mantivesse para sempre,
ainda que às custas da anulação de todos os potenciais da criatividade
humana, do desprezo a um sem-número de miseráveis separados da
população selecionada, e de um verdadeiro genocídio (a matança dos
Divergentes). O raciocínio, como liberais e conservadores perceberão
facilmente, é típico do pensamento socialista. Para atingir a criação de um
mundo melhor, a líder da Erudição – levando sua característica, o
conhecimento, às raias da “arrogância fatal”, para tomar uma vez mais
emprestada a maravilhosa expressão de Hayek – não hesita em combater a
essência do humano, submetendo todos os indivíduos a grandes blocos
que se pretendem homogêneos, de maneira análoga à com que os
socialistas pretendem a subordinação à sua abstrata e sinistra “igualdade”.

Divergente é uma analogia interessante da luta da subjetividade e da


individualidade humanas contra a opressão totalitária, deixando claro que,
por ser antinatural, esta última, ao final da história, não haverá de
prevalecer. Se ela ainda prevalece, por mais derramamento de sangue e
escravidão que provoque, é porque o final ainda não chegou.

"Durkheim, em contrapartida, sugeriu a observação das várias sociedades, não como


pertencentes a uma evolução que desemboca no mesmo lugar, mas como espécies distintas
de um organismo cujas observações e comparações nos levariam a conhecer tal organismo.
Além disso, Comte não atribuiu ao termo “organismo” seu devido valor, pois não conseguiu
explicar de onde veio ou como se consolidou esse novo ser que ele sugere, já que este não é
uma evolução do indivíduo (continuidade)."

Com base nisso, podemos identificar, sobre a visão de Durkheim, o estudo do "FATO SOCIAL",
onde, ele entende que, a divisão do trabalho é um dos fatores de agregação da sociedade,
tendo em vista a interdependência entre os individuos, advinda da mesma, como
consequência das especializações nas tarefas, identificando, aqui, a coerção da consciência
coletiva sobre as consciências individuais. Onde, a maneira de agir ou não do individuo, é
determinada pela sociedade sobre o mesmo, implicando, assim, que a sociedade se impõe ao
individuo, ditando a ele normas de comportamento, e que a ele compete, apenas, assimilá-las,
não importando se haveria interesses ou motivações pessoais. Sugerindo assim, a visão da
sociedade como um organismo vivo, como uma entidade superior, impondo ao individuo toda
sua autoridade.

Fazendo um paralelo com Karl Marx, o filme demonstra que os padrões sociais de vida são
determinados por uma classe dominante. Marx considera o trabalho como uma forma de
alienação do povo. Nos filmes posteriores da série Divergente, podemos identificar melhor
essa visão. Onde é revelado uma classe dominante fora das muralhas de Chicago que detém
todo o poder e manipulação das facções.

A sociedade do filme Divergente é tão complexa quanto a nossa. Nós


ainda não chegamos ao ponto de nos dizimarmos em uma guerra, mas já
chegamos próximos algumas vezes. Essa reflexão sobre Divergente serve
para chamar nossa atenção ao cenário globalizado em que estamos
vivendo, à necessidade de preocupação com todos os aspectos da
sociedade e na escolha de líderes que realmente conseguem perceber que
os problemas de uma sociedade não se resolvem atacando apenas uma
questão, mas sim trabalhando amplamente os diversos aspectos sociais,
sempre respeitando as particularidades de cada grupo (por mais que seja
difícil encontrar pessoas assim).

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