Até agora o descrito supra foi o enquadramento geral do processo comum que se deu em
toda a Europa, tendo acontecido em Portugal logo no final do século XIV. Assim quando se
fundou Portugal o Rei mantinha ainda esta relação pessoal com cada um dos seus súbditos.
Tinha então uma amálgama de pactos, vínculos e compromissos com os seus vários súbditos em
que assentava o seu poder financeiro. Entre os vários rendimentos destacam-se os rendimentos
provenientes da terra e do pastoreio, os rendimentos associados ao comércio, os
rendimentos provenientes da administração e da justiça entre outros.
Assim, e como já foi aqui avançado, no final do século XIV há uma mudança do estado
dominial para o estado fiscal, o Rei de Portugal, face à crise de 1383-1385 e com a luta pela
independência viria a necessidade de criar um imposto de carácter geral. Foi então que se
criaram nas Cortes, reunidas em Coimbra ao ano de 1387, as sisas gerais.
1) A sua universalidade
2) Como sendo O Preço da Civilização
3) Principal receita do Reino de Portugal até aos Descobrimentos.
A expressão principal da fiscalidade desta época esteve então voltada para o exterior,
direitos aduaneiros eram a mais importante receita tributária do estado português desde do
século XV até ao século XIX. Esta expressão explica-se por um lado pelo grande
desenvolvimento do comércio ultramarino que se deu com os descobrimentos e por outro
com a facilidade em tributar sobre este tipo de comércio externo comparativamente à
tributação do comércio interno, era mais fácil cobrar direitos aduaneiros no desembarque das
mercadorias nos portos nacionais, o controlo que era requerido pela administração era muito
menor pois tudo estava concentrado num só ponto geográfico.
Fazendo um apanhado numérico para se ter presente a importância deste comércio: no
ano de 1505 as receitas dos tratos marítimos, estancos e da Alfândega de Lisboa correspondiam
a nada mais que 65% das receitas totais da coroa, percentagem quer viria a aumentar em 3%
nos anos de 1518-19. Um século mais tarde, em 1681 registavam-se estes valores relativamente
inalterados respondendo só as receitas da Alfândega de Lisboa a 16% da receita total do reino.
Estes números só viriam a aumentar no primeiro quarto do século XVIII, em 1716 o valor das
receitas provenientes da Alfândega de Lisboa já estavam nos 24% da receita total da coroa.
Com esta receita toda o panorama fiscal português iria manter-se relativamente
inalterado até às reformas liberais do século XIX as quais já olharemos, sendo que a atrofia
da nossa tributação interna era cada vez mais evidente, a partir do século XV as sisas gerais
passaram a ser progressivamente cobradas por montantes fixos pré-determinados por cada
povoação em vez de serem cobradas em função de transacções concretas como até aí tinha
acontecido2. Apenas a cidade de Lisboa era excepção a esta mudança na cobrança das sisas,
continuando o imposto a incidir sobre as vendas realizadas na cidade bem como sobre a entrada
de mercadorias. Este método de cobrar das sisas diferente em Lisboa do que no resto do país
juntamente com a riqueza que a cidade gerava levariam a que a sisas colectadas na capital
1
Período da história das populações europeias durante os séculos XVI, XVII, e XVIII, isto é, desde as
descobertas marítimas até às revoluções liberais. Coincidiu politicamente com as monarquias absolutas,
economicamente com o capitalismo social e socialmente com a sociedade de ordens.
A isto chama- à à
2
or determinado para cada povoação, sendo a
ultrapassassem o que era arrecadado no resto das povoações do país. Assim sendo Lisboa era
uma das únicas, se não a única, localidade onde o comércio interno tinha mais relevo para a
coroa portuguesa acabando por representar o mais importante mecanismo de tributação para a
mesma.
A viragem do Estado Fiscal para o exterior contribui ainda para a atrofia dos nossos
impostos sobre o rendimento. Ao longo do Antigo Regime merece a nossa atenção a décima
militar. Este imposto teria sido criado também com o propósito da guerra pela Restauração da
Independência4, tendo sido criado pelo Rei D. João IV a 5 de Setembro de 1641, a décima
corresponderia à tributação de 10% de todos os rendimentos de todos os sujeitos do
Reino Esta universalidade era justificada também pela necessidade de proteger o bem comum
da nação e o imposto teria o fim de pagar o exército português A décima militar fica marcada
não apenas pela construção larga e cedular da sua base de incidência como também pela
preocupação muito vincada de universalidade que a atravessa, nem o clero escapava a este
imposto. O Alvará de 5 de Setembro de 1641 previa a cobrança da décima apenas por três
anos, mas salvaguardava que o imposto poderia vir-se a tornar definitivo no sistema
fiscal português se a necessidade de proteger o Reino da guerra tal o justificasse. Assim o
novo imposto acabou por torna-se definitivo no nosso sistema fiscal com uma taxa que nem
sempre corresponderia a 10% ao longo da história, em certos períodos subiria aos 30% e
noutras épocas desceria até aos 4,5% tendo vindo a assentar em 10% desde a reforma
promovida por Marquês de Pombal em 1762.
3
Não era universal como as sisas.
L à à à à àF à àP à à à à à à à à àE à
4
Se, como foi dito, no período do antigo regime o Estado Fiscal se tinha virado
preponderantemente para o exterior, isso viria a causar transtornos ao mesmo com as chegadas
das Guerras Peninsulares e Independência do Brasil, assim sendo foi preciso rever o Estado
Fiscal Interno no período do Regime Liberal. Assim, o essencial da inovação em matéria fiscal
neste período da história, centrar-se-ia nas contribuições directas sobre o património e
rendimento, oscilando entre os sistemas de quotidade e da repartição, atravessadas pelo
problema maior da determinação de valores reais por administração que ao longo dos
tempos nunca tinha sido obrigada a fazê-lo.
Podemos dizer que o percurso traçado pela fiscalidade portuguesa desde da Revolução
Vintista5 até à instauração da República atravessou duas etapas: uma primeira materializada
nos decretos nos anos 1830 pelo programa negativo do desmantelamento dos entraves
fiscais ao comércio e à indústria e de erradicação dos poderes tributários menores da
igreja e da classe senhorial que tinham ocupado os sectores internos da fiscalidade durante o
período do Antigo Regime6; uma segunda etapa ensaiada sem sucesso nos anos quarenta por
Costa Cabral e prosseguida paulatinamente depois da Regeneração dos Anos Cinquenta, esta
reforma seria marcada pelo programa positivo de instalação de um sistema de tributação
interna que iria ocupar o espaço que tinha sido esvaziado pelas medidas dos decretos de
1830.
5
Vintismo é a designação genérica dada à situação política que dominou Portugal entre Agosto de 1820 e Abril
de 1823, caracterizada pelo radicalismo das soluções liberais e pelo predomínio político das Cortes
Constituintes, fortemente influenciadas pela Constituição Espanhola de Cádis.
6
Como acabámos de ver no ponto anterior.
7
Regeneração é a designação dada ao período da Monarquia Constitucional portuguesa que se seguiu à
insurreição militar de 1 de Maio de 1851 que levou à queda de Costa Cabral e dos governos de inspiração
setembrista. Apesar do ministério que resultou do golpe ser presidido pelo marechal Saldanha, o principal
personagem da Regeneração foi Fontes Pereira de Melo. Embora não possa ser claramente delimitada no
tempo, o período da Regeneração durou cerca de 17 anos, terminando com a revolta da Janeirinha, em 1868,
que levou o Partido Reformista ao poder. A Regeneração foi caracterizada pelo esforço de desenvolvimento
económico e de modernização de Portugal, a que se associaram pesadas medidas fiscais.
novamente com a Pauta de 1892 quebrada em 592 artigos e 6 classes. Em todo o período aqui
descrito a receita aduaneira raras vezes desceria abaixo dos 30% da receita fiscal.
Mas voltando agora à tributação directa, que foi onde a Fiscalidade do Regime Liberal
mais mexeu, tivemos como já foi dito duas etapas.
Na primeira fase, temos os decretos de Mouzinho Silveira, que visariam um programa
dito negativo isto é, limpar a prevalência dos poderes tributários menores como o da
igreja e da classe senhorial que tinham no Antigo Regime ocupado o comércio e indústria
interna. Assim, Mouzinho da Silveira através dos Decretos de 1832 tomou meios dos quais se
desmantelou a ordem financeira do Antigo Regime. Procurava-se com estes decretos
relançar uma economia devastada pela guerra e pela perda do império brasileiro fazendo ao
mesmo tempo uma propagada liberal à parcela do país ainda sobre domínio miguelista. Assim
temos:
8
Ver Regime Fiscal do Antigo Regime para compreender a questão.
Infelizmente, o programa negativo não resultou nos objectivos económicos que deles se
esperava. O desmantelar das várias facetas criadas na Fiscalidade no Antigo Regime não gerou
crescimento na economia portuguesa. É certo que as medidas tomadas por Mouzinho da Silveira
concentraram o poder tributário no Estado tendo este poder ficado centralizado e
libertando-se por isso espaço para a construção de um sistema eficaz e mais moderno de
tributação interna, que era bem necessário, em particular dos impostos sobre o património e o
rendimento. Isto talvez tenha acontecido pois muito falhou na segunda etapa de que vamos
agora falar.
Num segundo momento da Fiscalidade do Regime Liberal procurou-se, como já foi dito
supra, fazer um programa positivo de instalação de um sistema de tributação interna que
ocupasse o espaço agora vagado pelas medidas de Mouzinho da Silveira. O primeiro ensaio de
reforma global da nossa tributação directa seria então levado a cabo por António da Costa
Cabral.
Por meio de uma Lei aprovada a 19 de Abril de 1845 em que se propunha abolir-se o
que restava da anterior fiscalidade abolindo-se a décima militar9 bem como um conjunto de
outras figuras menores. Em lugar destas medidas, seriam implementadas três contribuições de
repartição apenas, que pretendiam constituir o corpo fundamental da nossa tributação
directa. Seriam elas:
9
Ler a Fiscalidade do Antigo Regime
vindo a ser efectivamente tomadas, o que não aconteceu, pois em 1846 despoletou a revolta da
Maria da Fonte, revolta popular que mataria a reforma de Costa Cabral, o povo atacou quartéis,
cartórios e repartições públicas. Com a queda do Governo em Abril de 1846 abolir-se-iam de
imediato as novas contribuições e o país ver-se-ia então num compasso de espera para que se
pudesse pouco a pouco concretizar reformas de modo a completar o trabalho de Mouzinho da
Silveira. Só em 1852, 1860 e 1887 se conseguiu, com o movimento da Regeneração, reunir-se
estabilidade política para reconstruir a máquina fiscal interna. Assim:
O sucesso relativo destas reformas que duraram 30 anos comprova-se pela leitura das
finanças públicas da época. Os impostos sobre o rendimento nos anos cinquenta já
correspondiam alias a 20% da receita fiscal portuguesa corresponderiam no final do século a
28%. No espaço de uma geração o estado português tinha finalmente chamado para si as bases
de incidência que durante tanto tempo tinham sido dominadas pela igreja e pela classe senhorial
e com isso o tax-mix do país já não era voltado para fora como era no tempo dos
Descobrimentos.
Apesar disto não se chegou a ter um imposto pessoal sobre o rendimento de base
larga como tinha acontecida em Inglaterra com o personal income tax, em 1880, Anselmo José
Braamcamp ainda tentou impor um imposto pessoal de rendimento com a Lei de 18 de Junho,
uma figuira com contornos modernos e com base de incidência larga que seria sobreposta às
contribuições criadas durante o século com taxas de 2% ou 3%. Esta medida não teve apesar
sucesso pois 1 ano depois o imposto seria parcialmente abolido.
10
Ver Antigo Regime e a sua Fiscalidade.
A Fiscalidade no Século XX
Podemos dividir a análise da fiscalidade deste século em 4 momentos: O momento da
instauração da Primeira República, o momento da Ditadura Militiar, o momento do Estado Novo,
e o momento da Constituição de 1976.
A Primeira República
11
Ver Fiscalidade do Regime Liberal e as contribuições nela criadas.
Ditadura Militar
12
Ver a Fiscalidade do Antigo Regime onde este imposto foi criado.
À entrada dos anos cinquentas deu os seus frutos sendo o panorama os seguintes: os
impostos sobre o rendimento respondiam por 32% da nossa receita fiscal, dividindo-se
essencialmente entre a contribuição industrial e a contribuição predial; os impostos indirectos
internos correspondiam a 29% da receita fiscal repartida pelas figuras do imposto do selo e
pelas receitas do tabacos e da taxa de salvação nacional. Os direitos aduaneiros orçavam 27% da
receita fiscal13. As margens do ordenamento tributário permaneciam por enquanto
entregues ao casuísmo e resistentes à sistematização, no centro do sistema em qualquer
caso as coisas evoluiriam rapidamente, ao menos a partir dos anos sessente e num sentido que
nos é razoavelmente familiar. Com efeito as décadas de 60 e 70 trouxeram ao país um
crescimento económico importante e foi preciso reformar globalmente o estado fiscal.
O Estado Novo
13
Um peso ainda considerável mas que não se comparava ao tempo da Fiscalidade do Regime Liberal e do
Antigo Regime
14
Entenda-se como 4º momento da nossa análise e não como a fiscalidade que temos hoje. Isto é, entenda-se
como as medidas fiscais ao tempo da revolução do 25 de Abril.
15
Ver matéria à frente
16
Comunidade Económica Europeia
seriam fixadas no valor então razoável de 36,5% e ao próprio ano de 1989 aprovar-se-ia o
Estatuto dos Benefícios Fiscais complementado tanto o IRC como o IRS.
Como se vê por estas 4 medidas a fiscalidade solidarista que se punha em causa no final
dos anos 80 recuaria toda a sua linha ao longo dos anos 90.
O IVA tornou-se rapidamente o alimento principal do Estado Fiscal Português com
taxa normal que chegaria nos anos 90 aos 19%19 sucedendo isto ao mesmo tempo que se
descartava a taxa zero20 e que se criava a taxa agravada para produtos de luxo.
Quanto ao IRC a taxa geral do imposto recuaria dos 36,5% originários21 para 32% e
seguidamente para 30% no ano de 2001.
Em matéria de IRS mantiveram-se os cinco escalões de rendimentos que
originariamente figuravam no Código, ficando intocada a taxa máxima de 40%.
Entre as medidas tomadas nos últimos 20 anos observamos este recuo da fiscalidade
solidarística do século XX temos em especial:
17
Inclui também traços da fiscalidade do século XXI.
18
Como já vimos.
19
Como tínhamos visto a taxa normal era de 16%
20
Taxa de 0% de IVA que existia em certos bens essenciais como já foi referida.
21
Mais uma vez, ver a Fiscalidade do Século XX.
22
Imposto que onerava as transmissões gratuitas em benefícios de conjugues, ascendentes ou descendentes.
Além tudo isto, no início do século XXI , o emprego da fiscalidade como instrumento do
fomento económico parece ter encontrado a sua barreira de resistência, não apenas em
virtude de um maior escrutínio público sobre o aproveitamento de benefícios fiscais , que
se tinham vindo a acentuar no século XX25, mas também em virtude das imposições do
Direito Europeu e do Direito Internacional.
Ao mesmo tempo que isto sucede vemos impor-se sobre os sistemas tributários
contemporâneos o novo grande tema extrafiscal do ambiente que vem ser utilizado para
contribuir na arrecadação de receita fiscal e introduzindo na Constituição, com a revisão de
1997, o actual artigo 66º. Assim vemos nascer impostos como o imposto sobre veículos e o
imposto único de circulação.
Finalmente, com a crise económica, observamos um retorno às ideias de
progressividade do século XX, tomando o legislador medidas como o reforço da
progressividade do IRS, a criação de taxas adicionais de IRC sobre grandes empresas ou a
introdução de uma contribuição sobre o sector bancário. Assim, apesar da viragem que houve
para um liberalismo económico vemos o retorno ao rumo de um Estado Fiscal progressivo e
preocupado com a redistribuição de riqueza.
Timeline
23
Breve referência a este princípio para fazer o ponto de ligação da matéria da História do Direito Fiscal com a
Matéria dos Princípios que veremos mais à frente neste caderno.
24
Exterioridades de mercado, isto é, situações que o mercado não consegue por si só resolverem precisando da
intervenção do Estado.
25
Resultando em 1989 no Código dos Benefícios Fiscais.
Imposto
A noção de imposto pode ser dada da seguinte forma: o imposto constitui uma
prestação pecuniária, coativa e unilateral, devida a entidade pública para realização dos
seus fins. Portanto, a noção de imposto decompõem-se em 5 elementos essenciais:
26
As receitas públicas dividem-se em: creditícias, patrimoniais, e tributárias. Nas primeiras temos receitas que
à à à à à à à à à à à à à à à rovêem da
à à à àE à à à à
27
Receitas que provêm da tributação.
28
No fundo na vontade.
Adiantando alguma matéria que será desenvolvida mais adiante29 vamos agora tocar nos
pontos da extrafiscalidade e da relação jurídica tributária dos impostos com fim de melhor
entender esta categoria tributária.
Sobre a relação jurídica tributária do imposto importa a pergunta: A quem é que nós
pagamos impostos? A resposta é às entidades públicas mas isto pode ser muito variado.
Podemos pagar impostos à Administração local; à Administração central; às Regiões autónomas;
à Administração indirecta aos institutos p’blicos etc
Mas na relação jurídica dos impostos o sujeito activo é o estado e o sujeito passivo
são as pessoas singulares ou colectivas e até podemos ter impostos que são devidos por
entidades que não são personificadas à luz do direito civil, mas que para efeitos fiscais são
personificadas sendo por isso também sujeitos passivos na relação jurídica.
29
Ver Extrafiscalidade e a Relação da Jurídica Tributária onde falaremos melhor sobre todos os conceitos que
aqui vamos adiantar.
30
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, Imposto sobre o rendimento das Pessoas Colectivas e
Imposto Municipal sobre Imóveis
31
Imposto sobre o Valor Acrescentado
32
O que não é totalmente verdade porque certos produtos são taxados de maneira diferente consoante as
pessoas que a eles acedem exemplo: o pão tem a taxa mínima do IVA e o caviar a taxa máxima, nota-se que
há aqui um mínimo de pessoalização porque normalmente quem consume pão tem um rendimento mais
baixo, ao contrário de quem consome caviar
Taxa
As taxas33 são prestações pecuniárias, coativas e bilaterais, sendo esta
bilateralidade a distinção relativamente ao imposto. A doutrina sublinha a natureza
específica, determinada ou individualizada das prestações em que as taxas assentam, as
taxas não visam compensar prestações difusas que se reportem ao todo da comunidade,
mas prestações concretas que se reportam ao sujeito passivo no sentido em que este é quem
efectivamente as provoca ou aproveita.
Nas taxas eu pago por algo que quero, a coatividade é comum a todos os tributos
públicos, o pagamento da taxa resulta da lei, isto é, se eu quero usar um serviço que tem
uma taxa, então sou obrigado a pagar a taxa, caso não resultasse da lei seria um preço e
não uma taxa.34
Outro ponto que releva para traçar a diferença entre uma taxa e um preço é que
tendencialmente está-se perante uma taxa quando não se encontrem no mercado prestações
sucedâneas daquelas que a administração realize e o particular se veja por isso
verdadeiramente coagido ao seu consumo. Ao contrário, está-se tendencialmente perante
preço quando a administração realize essas prestações em condições de concorrência e o
particular disponha por isso de liberdade de escolha entre as prestações asseguradas
pelo setor público e pelo setor privado.
Há ainda prestações públicas que não são efetivas, mas meramente presumidas.
Há casos em que não há a certeza que vou aproveitar certo bem. Exemplo disso são as taxas
de recolha do lixo, em função do consumo da água, não é cobrada a taxa por cada saco do lixo
nem por cada litro, mas sim em função do contrato de fornecimento de água que dá uma
33
Não confundir com a taxa do imposto: Taxa enquanto figura tributária não é o mesmo que a percentagem
que o imposto cobra.
34
Este critério de distinção entre preço e taxa com base na fonte da obrigação (legal ou convencional) é o
chamado critério formal
35
Ver artigo 4º nº 2 da Lei Geral Tributária.
A diferença entre taxa, contribuição e imposto não é por isso radical são vários
graus e isto traduz-se em zonas cinzentas e não preto no branco. Exemplo bom disso é a Taxa
Municipal de Protecção Civil, que pagam todos os proprietários de imóveis, para financiar, entre
outros, os bombeiros. Aqui a presunção é que se tenho uma casa posso precisar do auxílio dos
bombeiros. A pergunta que tenho de fazer para ver se estou perante uma taxa ou aquilo que
deveria ser uma contribuição é se este aproveitamento é certo, provável, ou incerto? O ideal
é nunca aproveitar e na maioria dos casos parece não acontecer nenhum incêndio, portanto é
uma presunção fraca, talvez já não devêssemos considerar esta taxa uma verdadeira taxa mas
sim um imposto ou uma contribuição-
O que é importante retirar daqui é que a transição entre taxas, contribuições e impostos
com base nas presunções pode apresentar-se da seguinte forma:
1) Até certo ponto a presunção em que o tributo assenta é tão forte que podemos ainda
dizer efectiva a prestação administrativa, estando-se perante uma taxa.
2) A partir de certo ponto, a presunção em jogo mostra força apenas relativa, e a
prestação administrativa parece tão só provável, estando-se perante uma
contribuição.
3) E chegado a certo ponto, a presunção mostra-se de tal modo frágil, que a prestação
se torna apenas possível ou eventual, estando-se então perante um imposto.
Estas diferenças têm uma grande importância, porque o regime constitucional das taxas,
contribuições e impostos é diferente.
36
Facto que faz nascer a obrigação de pagar este contributo não é ver a RTP mas ter um contrato de
fornecimento de eletricidade. Aqui se vê a presunção. Presume-se pelo facto de ter electricidade que eu vejo
RTP.
Contribuições
A Destrinça entre as contribuições e os demais tributos públicos pode ser dada pelos
seguintes pontos:
O Princípio da Legalidade
Justificação
Se olharmos para a história, à 300, 400 anos, não tínhamos estado social como temos
hoje e de onde é que vinha o dinheiro? Desde logo pelas receitas patrimoniais, os senhores
feudais concediam terras a troco de produzirem nelas. Outra forma de receita efectiva que era
comum, apesar de não ter acontecido em Portugal, eram os recursos naturais, esta forma de
obter receitas ainda tem relevância hoje em países com muitos recursos naturais como o
petróleo.
Há ainda Países únicos, como na China em Macau, onde a economia tem por base a
monocultura do jogo. Em Macau a principal fonte de receita é o dinheiro que vem do jogo, e esse
é um tema muito debitado desde logo porque os países com monoculturas económicas estão
mais susceptíveis de crises económicas se essa monocultura falhar como aconteceu em Angola
quando o preço do petróleo desceu.
Pegando de novo nos exemplos dados no início desta exposição, será possível pagar a
escolaridade sem ser através de impostos? Sim. Desde logo através de regras de consumo-
pagamento: se formos à escola pagamos. É o que acontece na educação dada pela Universidade
Católica. Estruturalmente nada impede que a educação seja vista como produto que pode ser
pago mediante utilização individual aplicando uma regra utilizador-pagador.
37
Ver matéria de finanças
2)Não exclusividade39
3)Não congestionabilidade40
Isto leva-nos a falar nas falhas de mercado, isto é, situações para as quais o mercado
por si não vai conseguir ultrapassar. É nesses casos que tem de haver uma estrutura a suprir
estas falhas, o estado. É preciso que estas falhas sejam supridas com o dinheiro das pessoas pela
instituição que pelo menos em teoria mais a protege que é aquela onde elas estão representadas
pois por estes bens não serem passiveis de serem individualizados numa lógica de um estado
social incremental não há limite natural à quantidade que se pode cobrar. Daí ser preciso que
tudo isto seja regido por um princípio da legalidade dependente das pessoas, de moda
haver lugar a uma auto-tributação
Auto-Tributação
No fundo a decisão de serem os contribuintes a pagar por esses bens é uma decisão
política, que toca ao povo, aos cidadãos, através do órgão que tiver maior legitimidade
democrática.
É a ideia de auto-tributação, conhecida sobre várias fórmulas como no taxation without
representation aquilo que toca a todos por todos deve ser aprovado etc No caso Português
esse órgão é a Assembleia da República, que é também um espaço de discussão aberta para estas
questões. Este princípio da auto-tributação está formalmente estampado no artigo 165º nº1 i)
da Constituição. No entanto, tanto em Portugal como noutros países, não é só a Assembleia que
tem competência legislativa, daí que esta matéria esteja sobre a reserva relativa competência
da Assembleia e não na exclusiva.
V à à à à à à à à à à à à à àF àP à à à
38
tenho de fazer nada, ele já está lá, vou usa-lo simplesmente sem nenhum esforço e sem pagar nada.
39
Impossibilidade prática de impedir apropriação exclusiva: pegando no exemplo do farol de novo, seria quase
impossível impedir todos os barcos de olharem para um farol na costa, ele está lá
40
Isto é, o uso de um número elevado de pessoas impedir o seu uso. No caso do farol: milhares de pessoas
poderam olhar para ele sem que isso impensa de o usar: Não é por alguém estar a usar o bem que outrem não
pode usar. O Farol não vai gastar mais electricidade por mais pessoas estarem a olhar para ele.
Por isso em Portugal podemos ter um código do IRS que é tanto uma lei como um
decreto-lei autorizado. Esta natureza de reserva relativa existe pois o Governo apesar de ter uma
legitimidade democrática indirecta tem uma forte legitimidade democrática direta sociológica,
as pessoas quando votam apesar de pela lei estarem a votar para os deputados da Assembleia da
República estão a querer votar num governo determinado.
Quanto ao artigo 165º nº1 i) há questões sobre o que é que o artigo se está a referir com
sistema fiscal . Para o Professor João Gama é letra morta, não tem qualquer sentido, porque
tudo é sistema fiscal desde dos impostos às taxas etc
Além disso quanto à criação deve entender-se que o que se lê na realidade deve ser
criação modificação e extinção esta interpretação extensiva é feita pela maior parte da
doutrina como a de Rui Medeiros.
Com a reserva relativa além de tudo o que já foi dito, quer-se que a criação de
impostos passe sempre pela Assembleia da República, de maneira a que se cumpra a auto-
tributação , pois a lei autorização teria sempre que passar pela Assembleia. Isto pois o modo
parlamentar é um modo que exige pela sua definição discussão sobre as propostas apresentadas
e é na Assembleia que está representado todo o povo enquanto o Governo é o produto dos
vencedores das eleições
Temos ainda o artigo 103º da Constituição que nos dá uma ajuda quanto ao conteúdo
da criação de impostos por lei: incluídos nesse conteúdo temos vertentes subjectivas
contribuintes e objectivas incidência, taxa41 benefícios fiscais e garantias
Define-se por isso concreta e determinadamente aquilo sobre o que o imposto incide
objectivamente e quem é que irá pagar esse imposto.
Além disto é de notar que o 103º nº2 fala de benefícios fiscais e diz que estes também
têm de ser criados por lei, isto entende-se porque o benefício fiscal será uma norma
excepcional, uma norma que abrange todos menos alguns que derroga o Princípio da
Igualdade, e por isso se para criar impostos é preciso autorização da Assembleia pois também
fará todo o sentido que a aprovação de uma norma que protege alguns passe também por todo
povo.
Relativamente ao determina do artigo 103º nº2 põe-se a questão de até que ponto é
que determina, qual é o nível de intensidade que a reserva de lei exige no fundo, por
exemplo se ao determinar a taxa (percentagem) do imposto a lei pode determinar apenas o
intervalo (por exemplo de 0,35% a 0,40%). Adiantado a resposta, em princípio não, mas há casos
em que o Tribunal Constitucional tem dito que pode a taxa ser determinada por intervalos, é o
caso do artigo 112º do Código do IMI, que determina uma taxa sobre prédios urbanos de 0,3 a
e deixa à Assembleia Municipal depois determinar o número concreto entre o intervalo
dado por Lei. Neste caso o Tribunal Constitucional considerou o artigo constitucional
interpretando expansivamente o determinar do artigo 103º da Constituição à luz do Princípio
da Autonomia das Autarquias Locais que tem várias concretizações desde logo a existência de
assembleias municipais, legitimando a escolha dentro do intervalo democraticamente
41
Taxa aqui não é a figura que estudámos anteriormente. É a percentagem do imposto. A quantificação do
imposto. É um erro clássico dos alunos dizer que as taxas são criadas por lei com base neste artigo, não é isto
que o artigo está a dizer.
Tudo o que foi dito foi pensado na categoria do imposto. Quanto às taxas, a Assembleia
da República apenas tem a reserva de criar o regime geral das taxas, podendo outros órgãos
criar taxas, como o Governo, as Universidades, as Autarquias Locais, etc e claro que a
Assembleia também pode criar taxas. Enquanto este regime não existir, entende o Professor
Sérgio Vasques que as taxas podem ser criadas tanto pelo Governo como pela Assembleia.
Também proibida pelo artigo 103º da CRP no seu nº3, a retroactividade é no fundo
legislar sobre factos jurídicos passados, factos que já se consolidaram. Esta proibição não
constava da versão originária desta Constituição que tinha ideias contra liberais e a proibição da
retroactividade era encarada como algo que vai no sentido de algo sagrado para os liberais o
que não corresponde ao figurino da Constituição de 1976. No final dos anos 70 e no início dos
anos 80 deram-se então impostos com cargas muito pesadas e claramente retroactivos e isso
levou a um despertar da consciência da população, levou a que na revisão de 1982 e mais tarde
de 1997 se introduzisse esta proibição de retroactividade. Hoje em dia reconhece-se que as
famílias e as empresas não podem ser submetidas a impostos retroactivos.
Mas a primeira nota que se deve tomar em atenção ao ler o artigo 103º é sobre que grau
de retroactividade43 está a falar o artigo, o Tribunal Constitucional distingue entre
retroactividade fraca ou imprópria e retroactividade forte.
42
Ver As Fronteiras entre as Figuras Tributárias a propósito das Presunções neste caderno para perceber o que
se está aqui a falar.
43
Como estudámos em IED há vários níveis de retroactividade apesar de no Direito Fiscal, seguindo as decisões
do TC vamos seguir apenas dois tipos.
Dada esta distinção básica entre estes conceitos pergunta-se qual será a
retroactividade mais grave e num primeiro momento poderíamos ser levados a dizer que era a
forte pois recai sobre factos já completamente consumados de anos anteriores nos quais o
contribuinte já nada poderá fazer para se precaver da lei retroactiva. Já no caso da
retroactividade fraca dir-se-ia que apesar de inesperada a lei retroactiva dava ainda ao
contribuinte tempo para este tomar medidas durante o que restasse do ano corrente, como por
exemplo poupar mais, para se precaver relativamente ao aumento do imposto.
No entanto se testarmos esta ideia com o seguinte exemplo vemos que não é bem assim:
Há uma Lei Y, retroactiva fraca, que diz que os impostos sobre os rendimentos em 2017 terão
um aumento em 10% e uma Lei Z, retroactiva forte, que diz que sobre os rendimentos do ano
que passou, haverá um aumento em 1% dos impostos sobre os mesmos. Qual das alternativas é
mais grave? Obviamente a Lei Y, mesmo sendo retroactiva fraca, pois pagar mais 1% sobre os
rendimentos já consolidados apesar de lesar os contribuintes é menos lesivo que taxar 10% ao
ano a decorrer.
Por isso não basta dizer vagamente que uma é sempre mais grave que a outra, não
podemos ser formalistas ao olhar para gravidade da retroactividade pois a gravidade não
dependerá só do grau de retroactividade mas também, se não essencialmente, do aumento feito
com a nova medida. Também é preciso considerar a data em que a lei retroactiva nasceu, pois
mesmo se tivéssemos, por exemplo, uma Lei A que aumentava os impostos sobre os
rendimentos em 2% que fosse retroactiva fraca e entrasse em vigor (com uma publicação
próxima da data de entrada em vigor) no dia 31 de Dezembro, e em alternativa tivéssemos uma
Lei B, retroactiva forte, que entrasse em vigor no dia 2 de Janeiro que aumentava nos mesmos
termos e também em 2% os impostos tínhamos um caso em que a Lei B, apesar de
retroactividade forte, seria de uma gravidade muito próxima da Lei A, pois o ano tinha acabado
de começar, ao passo que na Lei A, embora com retroactividade fraca, por entrar em vigor no
final do ano iria gerar também um grau semelhante de incerteza por aumentar os impostos à
’ltima da hora É apenas um caso fronteira entre as retroactividades mas serve de exemplo
para mostrar o dito formalismo da classificação e como não basta olhar para ele mas sim para os
seus resultados.
Voltando à letra da lei, o artigo 103º não distingue que tipo de retroactividade é
proibida proibindo apenas a retroactividade. Por isso, em princípio, todo o tipo de
retroactividade é proibida, seja forte ou fraca.
44
Ver neste capítulo sobre Aplicação da Lei no Tempo para a Lei Geral Tributária o que são FACTOS DE
FORMAÇÃO SUCESSIVA
Na LGT48 o artigo 12º fala da aplicação da lei no tempo e merece uma análise nesta
temática. Este artigo no seu nº1 e nº2 obriga à aplicação da lei para futuro, exigindo que esta
verse sobre factos posteriores à sua entrada em vigor e que nos casos dos factos de formação
sucessiva49 a lei só se aplicará ao facto durante período posterior à data da sua entrada em vigor.
Por exemplo se uma lei surgisse agora em Outubro agravando o IRS, só iria incidir sobre os
rendimentos obtidos a partir de Outubro até ao final do ano fiscal, isto seguindo o nº2 do artigo
45
Isto é, respeitar o princípio da Proporcionalidade na sua vertente tripartida como estudado em Direito
Constitucional.
46
Retroactividade Forte.
47
Pagas por ano ou por semestre normalmente
48
Lei Geral Tributária
49
Factos que se vão formando ao longo de um período de tempo (1 ano por exemplo) estando só consolidados
no final desse período. Fazendo uma analogia: um facto de formação sucessiva é como se carregássemos num
à à à à à à à à à à à à à à à à à à à
12º. O Professor Sérgio Vasques acha que esta ideia é impraticável como iremos estudar, dados
os momentos em que se fazem declarações de )RS etc Além disso a LGT não é uma lei de
valor reforçado e por isso, qualquer lei ou decreto-lei autorizado que surgisse agora poderia
facilmente derrogar a LGT, para o Professor o artigo 12º é totalmente irrelevante, no limite
serve se a nova lei não fosse clara ou nada dissesse quanto a sua aplicação no tempo, aí
poderíamos usar o artigo 12º como forma de esclarecimento da aplicação da lei no tempo, mas
tal nunca aconteceu segundo o Professor Sérgio Vasques.
O nº2 trata de factos sucessivos, factos de formação por um período de tempo que
tipicamente nos impostos começa em Janeiro e acaba em Dezembro.
Mas e se o facto não for sucessivo, como acontece com o IVA? Se uma lei entrasse hoje em
vigor aumentado o IVA em 4% haveria aqui retroactividade? Não. Por isso o problema do 12º e
do 103º não se coloca, não estamos perante retroactividade, o IVA sendo um imposto indirecto
que é tributado transacção a transacção, isto é, um imposto de obrigação única50, não há
qualquer problema em que o legislador agrave as taxas quando pretender, pois os factos
tributários aqui já estão consolidados, e os futuros ainda não começaram a acontecer. Diferente
seria se uma lei agravasse o IVA sobre transacções feitas anteriormente, por exemplo ditar que o
agravamento do IVA em 5% para o ano 2004, aí já teríamos retroactividade. É por isto que em
situações de crise ou de ajuste de orçamento, o Governo normalmente aumenta as taxas do IVA,
pois não havendo proibição retroactiva é mais fácil ao Governo subir as taxas em impostos
indirectos a meio do ano.
Mas será que é está tudo dito? Imaginemos agora que há um regime de isenção de IMI
para casais jovens que compram casa durante 10 anos, e que agora vem uma nova lei que
elimina essa isenção a partir da sua entrada em vigor51, como esta medida não está proibida
pelo artigo 103º é permitida? Ou seja, no fundo não há retroactividade, pois a isenção só
deixa de existir no momento da entrada em vigor da lei e não vai afetar factos passados, apenas
irá afectar factos com base no passado. Não, apesar do 103º não impedir que isto aconteça,
temos o Princípio da Segurança Jurídica que é um princípio constitucional tutelado no artigo
2º entre outros da Constituição. No fundo o Estado estaria aqui a fazer uma armadilha aos
jovens se tomasse uma medida destas, apesar de esta não ser retroactiva. Os casais jovens
teriam a expectativa legítima de durante 10 anos estarem isentos de IMI.
50
Ver a classificação dos impostos no Capítulo das Categorias Tributárias Fundamentais
51
Sendo por isso retrospectiva (baseada em factos passados mas não a legislar sobre factos passado) e não
retroactiva.
52
Ver o capítulo sobre As Figuras Tributárias Fundamentais.
Este princípio vai impor então uma série de corolários com consequências ao modo
como se tributam os impostos, e em particular, como se tributa o IRS. Assim, podemos
considerar os seguintes corolários como imposições deste Princípio às tributações sobre
rendimentos:
53
Contudo, por razões de praticabilidade, há diversos ganhos acréscimos patrimoniais não tributados pelo IRS,
sendo que o princípio da capacidade contributiva opera também como a reserva do possível e praticável.
54
Resultando no rendimento líquido (Rendimento Liquído = Rendimento Bruto Despesas)
55
Ver capítulo do Impostos Sobre o Rendimento das Pessoas Singluares.
56
A tributação de rendimentos reais deve ceder nos casos em que o contribuinte se recusa a colaborar com a
administração na revelação dos seus rendimentos, podendo haver lugar à determinação indirecta da matéria
tributável por meio de presunções.Vemos aqui mais uma vez esta ideia de que a tributação tem de operar na
medida do praticável.
57
Neste caderno está lei será chamada de LGT.
Uma discussão que se levanta também é saber como devem estas taxas ser? O que é
comum defender-se é que os impostos sobre rendimento têm uma taxa progressiva.
Os Professores João Gama e Saldanha Sanches entendem que a progressividade das taxas
decorre do princípio da capacidade contributiva. Quem tem mais, terá de pagar
comparativamente mais, de acordo com uma ideia de utilidade marginal decrescente do
dinheiro, isto é quanto mais dinheiro se tem, menos se precisa dele logo mais se dará
comparativamente a quem tem menos.
Princípio da Equivalência
Há por isso aqui uma exigência de que os tributos comutativos se dirijam a custos ou
benefícios reais e não apenas imaginários. Esta exigência, que exclui o lançamento de taxas e
contribuições sem o mínimo de objetividade, exprime o alcance do princípio da equivalência
como pressuposto da tributação, sendo esta exigência de menor relevo nas taxas, incidentes
sobre prestações efetivas, mas de grande importância no que respeita às contribuições,
incidentes sobre prestações apenas presumidas. É necessário que os custos associados a uma
contribuição possam comprovar-se com razoável grau de certeza e precisão.
58
Isto é eu pago impostos para receber do estado a satisfação de necessidades coletivas
Quanto à base de incidência que os tributos que se regem por este princípio devem ter
não se aponta para uma qualquer base de incidência preferencial, ao contrário do que acontece
no princípio da capacidade contributiva.
59
É de se notar que, comparando, a capacidade contributiva aponta para um número estreito de impostos,
assentes em bases de incidência largas, ao passo que a equivalência aponta para um número largo de taxas e
contribuições, assentes em bases de incidência estreitas.
Temos a questão de saber como se lida com as situações e que tenho uma taxa de um
montante claramente superior ao custo do serviço. Imaginemos que há um estudo altamente
credível que verifica uma destas situações o curso custa à Administração Público e os
alunos pagam Para lidar com situações como estas temos duas opções
Ou os a mais não têm nenhuma contrapartida e, por isso, temos um imposto
oculto e neste apenas nos conseguimos defender estivermos perante uma taxa que não foi
criada pela Assembleia, no fundo a defesa aqui é dizer que a criação de impostos é matéria de
reserva da Assembleia da República e que essa reserva foi violada.
Ou no caso de a taxa resultar de lei da Assembleia e em que por essa razão não é possível
a defesa pelo primeiro caminho, só encontraremos forma de invalidar se considerarmos que de
facto, é uma taxa, mas é excessiva e, por ser excessiva gera uma discriminação. Se por
exemplo custo de passar na ponte com o carro for e me pedirem de portagem, isso
significa que há de receita para despesas muito diferentes e que aproveitam a terceiros
Logo, neste caso, há violação do artigo 13º da Constituição.
A Extrafiscalidade
Quando se utiliza uma norma fiscal para dissuadir ou incentivar uma conduta partimos
de um pressuposto: Os de que os agentes/sujeitos passivos são economicamente racionais, na
medida em que se aumenta a sua capacidade financeira fazem uma coisa e na medida em que se
diminui, não fazem. No fundo o pressuposto é de que ninguém quer pagar mais.
60
No capítulo das Categorias Fundamentais Tributárias
A extrafiscalidade tem uma causa comum com a fiscalidade, que é aquilo que levou a
haver impostos: O fenómeno das falhas de mercado61, que leva à intervenção do Estado que
tem que através de impostos suportar essa intervenção. São também estas falhas de mercado
que levam à extrafiscalidade, e isto prende-se sobretudo com o fenómeno das externalidades
positivas ou negativas.
Quando o estado acha que determinado comportamento é absolutamente negativo,
proíbe esse comportamento como é o exemplo do tráfico de seres Humanos. Se se deixasse o
mercado à sua livre iniciativa podia acontecer, como já aconteceu em outras épocas históricas,
que se vendessem pessoas, mas o Estado hoje acha que isso não faz sentido, e por isso proíbe
esse comportamento. Já quando o Estado acha que determinado comportamento é
absolutamente benéfico mas não espera que o mercado gere esse bem por si, como é o caso da
defesa nacional por exemplo, vai dá-la de graça62. Isto são os espectros das externalidades
positivas e negativas, ou seja, a proibição absoluta ou fornecimento público absoluto.
61
Estudar a matéria dada em Finanças Públicas. Muito brevemente uma falha de mercado é o fenómeno que
se dá quando o mercado não consegue por si livremente suprimir uma falha tendo o Estado de intervir com
medidas.
62
Isto é, vai pagar utilizando as receitas públicas (nas quais se encontram as tributárias)
63
artigo 2º do Estatuto dos Benefícios Fiscais
artigo 58º Estatuto dos Benefícios Fiscais64, por exemplo, Consagra um beneficio fiscal aos
escritores e diz que os rendimentos dos direitos de autor dos escritores apenas contam pela
metade. A partir de 2011 cortou-se a ilimitação desta protecção, que já não protege
ilimitadamente todos os autores, mas sim apenas até certo patamar65, para fomentar a escrita e
produção literária, e que tem em conta que estes rendimentos não são continuados.
É sempre possível construir um caso para justificar o beneficio fiscal, mas isto é um
pacto politico e como tal deve ser sujeito a uma regra da maioria parlamentar. Por exemplo é
difícil beneficiar um desporto relativamente a outro mas não é difícil fomentar o
desporto/desportismo.
Para derrogar a norma fiscal tenho que encontrar um princípio consagrado na
Constituição que o justifique. Sendo a nossa Constituição grande, em termos de tamanho, não é
difícil de lá encontrar um princípio normalmente, sendo por isso o maior impedimento à criação
de benefícios fiscais o consenso parlamentar necessário.
O benefício fiscal, sendo uma norma de isenção em termos técnicos, que excepciona para
menos um regime-regra de tributação, tem um custo que não é gratuito. Por isso, um dos
grandes objectivos da politica fiscal em relação aos benefícios fiscais, é que esses custos sejam
assumidos por forma a que o Parlamento não crie benefícios à balda, fingindo que as outras
pessoas não arcam com estes custos, pois se há um grupo de pessoas que paga menos quer dizer
que das duas uma: ou alguém vai pagar por elas, ou então a despesa pública tem de se reduzir
em algum lado o que também pode prejudicar outros. Por isso se obriga no artigo 2º nº3 do
EBF a que haja no Orçamento de Estado, um mapa com a despesa fiscal e os custos dos
benefícios fiscais.
Com um benefício não se procura premiar mas incentivar. Isto quer dizer que a
natureza de benefício fiscal tende à sua própria extinção, se se pretende incentivar certa
atividade, o objetivo é que a realidade se pratique na quantidade que se pretende, sendo que a
partir do momento em que isso acontece o benefício deixa de ser necessário. No entanto, o
benefício só idealmente se extingue, porque existem questões que nunca atingiram essa
quantidade pretendida mesmo com os benefícios.
O artigo 2º do EBF exemplifica aquilo que são os instrumentos através dos quais o
benefício fiscal pode operar. E ele pode operar através de uma isenção de incidência dizendo
que determinado grupo de pessoas não está a ele sujeito, ou pode operar através de uma taxa
reduzida (dizer que os um grupo de pessoas está sujeito a uma taxa mais baixa de IRS), pode
operar através reembolsos, amortizações aceleradas (comprar de carros eléctricos onde se
pode deduzir mais), sendo no entanto as isenções (tu não pagas) as mais óbvia mas menos
comuns.
Em concerto como é que estes instrumentos são atribuídos? O artigo 5º EBF: diz que
quanto a sua atribuição podem ser automáticos ou sujeitos a reconhecimento:
Os automáticos são os que decorrem da lei directamente sem que seja necessário
um ato posterior. Se disser que os direitos do autor só são englobados a metade, quer dizer que
se eu for escritor e se declarar que tenho rendimentos de autor, isso só é tributado a metade, não
sendo necessário que faça um requerimento á Administração fiscal para que isso aconteça.
Decorre directamente da Lei. Assim o é, porque numa sociedade em que toda a gente paga
impostos e muita gente tem benefícios, seria impraticável impor a autorização prévia de cada
benefício fiscal, no fundo há uma questão de eficiência da Lei, porque se os deputados querem
64
Daqui em diante referido como EBF.
65
De
que sejam concedidos benefícios foscais, não querem que essa atribuição fique confinada á
Administração Fiscal e à sua apreciação casuística. O Professor João Gama considera que a
maioria dos benefícios fiscais são de atribuição automática ou de Lei.
Os sujeitos a reconhecimento, são atribuídos mediante reconhecimento ou sujeitos a
autorização. Existe uma remissão do artigo 5º para artigo 12º do EBF e para o 65º do
C.P.P.T.66 Isto quer dizer que o acto carece de uma interlocução com outra entidade,
nomeadamente, mediante ato administrativo.
Existe aqui uma tensão entre a garantia dos Direitos e expectativas versus o Direito
que o Estado tem em mudar de ideias. É por isso que o artigo 14º tem regras mais fortes para
os benéficos fiscais temporários.
No artigo 14º nº2 e nº4 do EBF a regra é da irrevogabilidade dos benefícios fiscais,
contudo o legislador tem dois tipos de cautela:
2) Ainda de acordo com o artigo 14º há uma regra mais discutível, que é o facto de
o benefício ficar suspenso ou caducar quando há dividas fiscais. Aqui há
elementos externos ao benefício que lhe retiram consequências. Por exemplo: Tu és
surfista mas tens uma dívida de IRS, então não recebes o benefício enquanto tens a
divida. Esta é uma questão mais duvidosa porque embora haja aqui uma questão de
justiça e de coerência, por outro lado, imponho realidades ao benefício fiscal que lhe
são externas. 67
O EBF também nos diz que estes benefícios não são passiveis de aplicação analógica,
mas podem ser objecto de interpretação extensiva. A ideia é de que o benefício fiscal tem
uma dimensão axiológica forte que o levou a derrogar o Principio-regra e por isso há uma força
importante no sentido do cânone interpretativo. 68
66
Código do Procedimento e do Processo Tributário
67
A este respeito: O Estado diz a este respeito, que quem tem dívidas fiscais não se pode candidatar a
concursos públicos. Se uma empresa de computadores tiver uma divida de IRC, não se pode candidatar a
concursos públicos para fornecer computadores para o Ministério da Justiça. Pode-se dizer que isto não faz
sentido porque o imposto nada tem a ver com a contratação pública. Mas também se pode dizer que quem
não paga impostos está numa situação concorrencial diferente da de quem os paga e não deve poder aceder
ao Estado, que não pode beneficiar no seu mercado quem não lhe pagou.
68
A respeito da extensão de benefícios fiscais é também relevante o artigo 15º do EBF que diz nos que os
benefícios fiscais não são transmissíveis em regra salvo autorização, a não ser aqueles que sejam objectivos, ou
seja, associados a uma coisa. Se houver um conjunto de obrigações do tesouro que tenham uma um benefício
Posto tudo isto, como é evidente com esta discussão dos benefícios fiscais tivemos a
analisar a extrafiscalidade positiva, vamos agora ver a outra face da moeda, que é o conjunto
de atividades que o Estado considera negativas, que geram externalidades negativas, e em
que o Estado usa a tributação para tentar refreá-las e restringi-las.
Estas tributações têm umduplo ganho: Por um lado, a receita fiscal e por outro, a
moderação do comportamento com custo social. Exemplos disto são os impostos sobre o tabaco,
onde por um lado se quer proteger o bem-estar público e a saúde público e por outro o Estado
arrecada receita.
Para criar um imposto sobre estas realidades que é diferente da tributação geral, eu
tenho que identificar um custo social associado ao comportamento, sob pena do imposto
agravado ser arbitrário por violar o princípio da igualdade.
Historicamente, há em todos os países um conjunto de bens que tiveram uma tributação
agravada. Há alguma hipocrisia Estadual, pois se são os Estados que dizem que por um lado que
certos comportamentos são prejudiciais mas que por outro lado tributam essas atividades em
vez de as proibir por inteiro arrecadando dinheiro.69
Por outro lado, a teoria é que para os impostos altos sobre os produtos como o tabaco
quanto mais tarde as pessoas começarem a fumar menos viciadas ficam e assim o preço alto é
também uma barreira à entrada, não entram novos consumidores nesse mercado porque os
mais novos não têm tanto dinheiro e portanto, corta-se o incentivo a estas faixas etárias mais
novas.
No entanto temos também por um lado jogar com outra coisa, é que se o Estado
aumentar em demasia este tipo de impostos, existe logo uma ascensão do mercado negro, e daí
que seja o próprio Estado auto conter-se na subida dos preços.
fiscal de dispensa na retenção da fonte, quando transmitir essas obrigações, o beneficio fiscal segue-as. É o que
podemos encontrar na sequela dos Direitos Reais.
áà à à à à à à à à àV à à à “ à àE
69
O direito fiscal estrutura-se com base na teoria da relação jurídica. Quando olhamos à
LGT esta fixa os elementos essenciais da relação jurídica tributária, sujeito, objeto, facto
tributário e as garantias. Nas qualificações de imposto, quando olhamos ao IRS ou ao IVA é
fácil identificar os Códigos, quando olhamos a outras codificações não e tão fácil, nomeadamente
quando lidamos com taxas e contribuições que estão em diplomas consagrados de forma mais
imperfeita.
Sujeito Ativo
O sujeito ativo da relação tributária é, segundo o artigo 18º da LGT, qualquer entidade
de direito público titular do direito de exigir o cumprimento das obrigações tributárias70, quer
diretamente quer através de representante. É importante ter em atenção que ser sujeito ativo
numa relação jurídica tributária é ter o direito de exigir o tributo, outra coisa é o exercício
do poder tributário ou ter a titularidade da receita.
Ou seja, há entidades que têm o poder de criar modificar tributos públicos e a isto
chamamos poder tributário. Normalmente, tem este poder a Assembleia da República e o
Governo e em medida menor às Autarquias Locais e às Regiões Autónomas que dentro de certas
balizas podem adaptar e modificar os tributos públicos.
Outra coisa diferente é a titularidade da receita. Uma entidade pode ter o direito de
exigir ao contribuinte a receita, mas estar vinculada por lei a transferir a receita. As
entidades que são titulares da receita são muito variadas, a lei consigna a receita a entidades
muito diferentes.
Logo, temos aqui de distinguir três coisas diferentes que são muitas vezes não
coincidentes na mesma pessoa, sendo por isso necessário ter a distinção dos termos clara:
Sujeito Passivo
à à à
70
Pode ser qualquer entidade pública: administração local, cen
Substituição Tributária
Em bom rigor vamos por isso ter na substituição dois sujeitos passivos aos olhos da LGT.
Um é o substituto e outro o substituído.75
Há ainda a questão do artigo 20º nº2 da LGT diz-se que a substituição opera por
retenção na fonte. Mas é preciso ter atenção pois nem sempre é assim: há casos em que há
substituição tributária sem retenção, como o caso que já vimos da contribuição audiovisual
relativa à RTP. A lei que cria a contribuição diz o que sujeito passivo é o consumidor (quem tem
um contrato válido de electricidade), mas não é o consumidor que entrega a contribuição ao
estado, é a EDP. A EDP está a substituir-se ao Consumidor, mas não há retenção. Porquê? Porque
71
Ver a classificação dos impostos já aqui estudada. Ver repercussão tributária neste capítulo.
72
Daí que seja a retenção na fonte. Pois a entidade que paga, por exemplo uma empresa, é a fonte de
rendimentos. É esta fonte que vai reter os rendimentos e depois entrega-los ao Estado sendo por isso o
substituto tributário do contribuinte. Entende-se também por isto mesmo que seja mais fácil e mais seguro
exigir às entidades pagadoras (como as empresas) que paguem parte do imposto pelo contribuinte.
à à à à à à à à à à à à à
73
Rendimentos de capital e rendime
o Banco quando me paga os juros vai reter uma percentagem e entrega ao estado
74
Iremos ver isto melhor ao estudar o IRS no próximo capítulo.
75
Não vamos ter dois sujeitos ativos, a entidade que retem não se considera sujeito ativo relativamente ao
contribuinte que vê o seu rendimento a ser retido.
a EDP não é a fonte do meu rendimento, sou eu que estou a pagar à EDP, logo não seria sequer
concebível que houvesse aqui uma retenção.
Responsável Tributário
Se o que foi dito sobre a substituição tributária é assim, o que acontecerá se uma
empresa paga os salários tiver um erro no sistema informático e naquele mês em que esse bug
informático acontece não fizer as retenções na fonte? Ou seja, nos casos em que algo corre mal
de quem é a responsabilidade de pagar? A LGT no artigo 28º trata destas questões e dá três
soluções conforme o caso perante o qual no encontremos:
Artigo 28º nº 1 Vale para situações em que há retenção na fonte, mas a empresa não
entrega ao estado. Nestes casos, a lei diz que se o que está em falta é a entrega, há
responsabilidade da empresa, não é do substituto. Claro que o trabalhador não tem
nenhum controlo sobre a entrega.
Artigo 28º nº 2 -quando temos retenção na fonte pode operar de 2 formas; aqui temos a
chamada retenção por conta do imposto devido a final em que todos meses sofro a
retenção e no final há um acerto. Se a retenção for por conta do imposto devido a final,
quem é responsável em 1º linha é o substituído e em 2º linha o substituto.
Artigo 28º nº3 retenção definitiva - é o que acontece quando o banco retém os juros;
eu nem preciso de declarar aquele rendimento; quem é responsável em 1º linha é o
substituto (banco) porque é muito mais fácil para o estado exigir um imposto do banco
do que dos depositantes. Além disso, haveria um problema de derrogação do sigilo
bancário caso o estado exigisse dos depositantes. Esta também se aplica aos não
residentes (onde também é mais fácil para o Estado demandar a entidade empregadora
porque os não residentes não estão cá).
Repercussão Tributária
no preço de um qualquer bem. Assim, o sujeito passivo será suportado por outrem, o
repercutido tributário. Por exemplo, no IVA, quando vou almoçar a um restaurante, é esse
restaurante que é o sujeito passivo, mas sou eu, mediante o pagamento do preço do que
consumi que inclui o IVA, que vou suportar o pagamento do imposto por parte do restaurante.
O que acontece quando vou à cafetaria e peço um café e um bolo, ficando o preço a
com IVA incluído. Isto é substituição tributária? Quem é que é o sujeito passivo neste
cenário? A cafetaria ou eu?
Para efeitos da LGT, o sujeito ativo é quem tem direito de exigir o imposto, e o sujeito
passivo é o quem está obrigado a entregar. Quem é que está obrigado a entregar o IVA ao
estado? O vendedor, a cafetaria, é o sujeito passivo. Então e o consumidor o que é que é?
Estamos a falar da repercussão, um instituto diferente da substituição. O sujeito passivo entrega
ao Estado e repercute ao consumidor.
Objecto
juros indemnizatórios - devidos pelo Estado ao contribuinte quando lhe tiver sido
liquidado um imposto indevido.
Facto Tributário
É o facto que faz nascer a obrigação de pagar, está previsto na lei no artigo 36º nº1 da
LGT desde logo. Os tributos são obrigações ex legem, se se preencher os requisitos da lei então
nasce a obrigação tributária, que não é negociável.
Há situações em que há margem de negociação entre o Estado e os contribuintes e o
imposto a pagar é fixado por via contratual e tem havido um alargamento nos últimos anos
destes casos. Exemplos disto são os benefícios fiscais contratuais, uma empresa quer vir para
Portugal e discuto com a empresa o imposto que ela vai pagar nesses anos.
Hoje em dia as empresas multinacionais praticam entre elas os preços de transferência,
realizam transacções entre empresas do mesmo grupo com preços inflacionados ou
deflacionados propositadamente para deslocar os lucros para as jurisdições com taxas mais
baixas.
Garantia
IRS
Os Rendimentos de pessoas singulares são tributados pois são a manifestação mais típica
de capacidade contributiva de força económica para fazer face a encargos comuns.
No passado acontecia sobretudo uma tributação sobre o património e certos consumos.
Os impostos sobre o património eram uma forma de chegar ao rendimento das pessoas, porque
a riqueza era sobretudo patrimonial, patrimonial porque a principal actividade económica
resultava do património imobiliário da agricultura.
Mas Impor hoje a tributação das pessoas singulares com base no património não
cumpriria o ideal de igualdade tributária.
Rendimento
76
Daqui em diante CIRS refere-se a Código do IRS.
As Categorias de Rendimento
Qual desta categorias dará mais receita ao Estado em sede de IRS? Os números são os
seguintes em % da receita fiscal proveniente do IRS: A 62% ; B 5%; G 0,77%; F 1,8%; E
0,17%; H- 29,5 % Isto mostra-nos que o grande problema das finanças portuguesas e da
demografia envelhecida em Portugal que são as reformas, 1/3 do nosso IRS vem de pessoas que
não trabalham.
Depois do artigo 1º do CIRS, temos várias normas sobre as restantes categorias sendo
que do artigo 2º ao 11º temos o que cabe em cada categoria. O artigo 12º do CIRS passa
depois a enumerar o que é que está fora do IRS, são artigos de delimitação negativa de
77
Note-se que não há categorias C e D. Isto não é porque o legislador não sabe o abecedário mas porque estas
categorias existiam em tempos e foram aglutinadas na Categoria B.
incidência. Portanto, num caso pratico para ter a certeza que um rendimento é tributado em IRS,
temos de ter a certeza que ele não está excluído da incidência do artigo 12º.
Resta frisar, caso não tenha sido já claro, que se um rendimento não cabe numa das
categorias então não vai ser tributado pelo IRS. Ter ainda em atenção que a Categoria G não
é uma categoria residual para onde vão parar todos os rendimentos que não entrem nas
outras categorias. Entenderemos isto melhor com estudo mais aprofundado que vamos fazer,
mas é importante ter isto presente desde já.
1. Incidência subjectiva
78
Ascendentes que se encontram dependentes não são compatibilizados do ponto de vista do agregado
familiar!
2. Incidência Territorial
O IRS não olha à nacionalidade do contribuinte, aquilo que releva é a sua residência e
local da fonte de rendimento.
O artigo 15º diz que o IRS deve ser pago tanto por residentes como por não residentes
de Portugal desde que estes se encontrem em território Português.
Sendo que a residentes todos os rendimentos obtidos, desde que se insiram numa das
categorias do artigo 1º são tributados mesmo estando a obter esses rendimentos fora de
Portugal ou mesmo não estando em território Português. (por exemplo um Português ir
trabalhar para Angola)
Não sendo residentes mas estando a obter rendimentos em Portugal (por exemplo um
Inglês que venha cá trabalhar) a tributação do IRS dá-se sobre esse rendimentos na mesma, a
forma como vai ser tributado é por via de retenção na fonte.79
Os artigos 16º e seguintes dão depois as especificidades das regras a aplicar, como as
regras para determinar se alguém é residente etc
Coloca-se agora uma questão que é saber se os residentes portugueses que vão trabalhar
para fora são tributados duplamente. Isto é, se um Português que vá para Inglaterra trabalhar é
tributado pelos impostos do Reino Unido e pelos de Portugal. Gera-se uma situação de dupla
tributação nestes casos, em que além de ser tributado pelo Estado Português aquele que auferir
rendimentos fora de território nacional é também tributado segunda a lei do país em que se
encontra a fonte desse rendimento. É por isso que existem acordos entre países sobre isto,
como forma de eliminar a dupla tributação. Podemos ter dois tipos de acordos, ou são
mecanismos convencionais ou então podemos ter regras unilaterais, leis a nível interno que
isentam tributação de quem aufere rendimentos já tributados fora por exemplo.
3. Incidência Objectiva
O CIRS distingue várias categorias de rendimentos a ser tributados logo no artigo 1º. O
rendimento para ser tributável tem de ser enquadrado numa destas categorias, vigorando por
isso o Princípio da Tipicidade, isto é, se uma fonte de rendimento não se enquadrar numa das
categorias do artigo 1º então não será tributado pelo IRS. Assim, a terceira coisa que fazemos a
resolver casos de IRS é ver o rendimento bruto auferido em cada categoria pelo sujeito
passivo.
Temos a categoria A no artigo 2º do CIRS, que versa sobre rendimentos de trabalho
dependente, tipicamente são os trabalhadores assalariados, aqueles que trabalham ao abrigo de
um contrato de trabalho embora haja outras situações e por isso é só uma generalização, por
exemplo as renumerações dos trabalhadores de empresas. Não abrange apenas a remuneração
base, o salário, mas também subsídios de residência, prémios, benefícios: se são pagos pela
entidade patronal ao trabalhador, em princípio são tributáveis nesta categoria A. Estudaremos
melhor cada categoria em específico nas próximas aulas e aí desenvolveremos mais o que cabe
ou não em cada uma.
79
Note-se que para retenção na fonte é normalmente preciso regime de contabilidade organizada, que as
empresas têm. Note-se ainda que quem retém não é o sujeito que sobre o qual incide o imposto mas a quem
lhe paga (as empresas na maior parte dos casos). Se quem paga não tiver de/ não fizer regime de contabilidade
organizada o não residente terá de declarar. Entende-se este caminho da retenção na fonte ser o mais fácil pois
o estrangeiros não têm de conhecer inteiramente a nossa lei e assim é mais fácil de os controlar ao pagamento.
Veremos melhor as restantes categorias em detalhe nas próximas aulas, mas por agora
vamos continuar com o esquema geral do IRS.
4. Deduções Específicas
O IRS não tributa rendimentos brutos mas sim líquidos, porque assim o impõe o
princípio da capacidade contributiva. Assim, aos rendimentos brutos averiguados em cada
categoria irá subtrair-se (deduzir) certos valores de modo a obter o rendimento líquido.
Cada categoria tem uma dedução específica a ela, não se deduz na mesma forma os
rendimentos bruto da categoria B e da categoria A por exemplo.
Assim neste passo vamos deduzir categoria a categoria obtendo o rendimento líquido de
cada uma.
As deduções específicas da categoria A estão no artigo 25º onde é dito que a dedução é
de .
As deduções da categoria B estão no artigo 28º onde há dois regimes, sendo que a
regra é o regime simplificado, nos termos do nº2, mas podem os sujeitos optar pelo regime da
contabilidade organizada (mais vantajoso quando as despesas efectuadas sejam superiores à
dedução que se opera nos termos do regime simplificado- nº3). No regime simplificado, que
abrange os pequenos contribuintes 80, aplica-se o disposto no artigo 31º que estabelece
vários coeficientes, consoante as actividades prosseguidas nas suas alíneas. Já os grandes
contribuintes terão de ficar no regime de contabilidade organizada que quer dizer que terão de
guardar facturas das suas despesas e outros relacionados com gastos para deduzir essas
despesas concretas ao seu rendimento bruto, isto é o que se faz neste regime na maior parte dos
casos ao aplicar-se o artigo 32º que remete para o Código do IRC. No fundo, o que se vê aqui é
que no regime simplificado há uma presunção de gastos feitos não sendo preciso
comprava-los, já no regime da contabilidade organizada podemos deduzir desde que
comprovemos os gastos, isto faz com que no primeiro nunca seja possível deduzir até chegar a
rendimento liquido=0 mas no da contabilidade organizada sim.
A categoria E não tem deduções específicas, não há nenhum artigo no código que fale
sobre estas. Isto acontece porque esta categoria não tem despesas. Por exemplo ao depositar
dinheiro no banco para depois o retirar, não vamos ter qualquer despesa.
Na categoria F, por regra também não há deduções, a não ser nos custos de manutenção
como é dito no artigo 41º.
à à à à à à à
80
Aqueles com rendimentos anuais inferiores ilíquidos a 200
breve e não completa, mas veremos melhor isto nas próximas aulas, fica só a nota que apesar de
não haver deduções nesta categoria o legislador tem uma técnica que permiti ao
contribuinte fazer com que o rendimento bruto não seja igual ao líquido.
As deduções podem fazer com que o rendimento líquido seja igual a zero, mas nunca
negativo.
5. Englobamento
As taxas liberatórias são taxas que se aplicam por retenção na fonte, e têm o nome que
têm pois uma vez aplicadas liberam os contribuintes de declarar os rendimentos nos termos
do artigo 58 nº1 a). Aplicam-se por isso ao valor do rendimento bruto81 e aplicam-se aos
rendimentos de capitais e aos rendimentos de valores mobiliários devidos por entidades que
não tenham domicílio em Portugal. Por exemplo: se eu depositar dinheiro no banco vou estar
perante rendimentos de capitais, logo aplica-se a taxa liberatória, o que vai acontecer é que o
banco quando me paga os juros aplica a taxa de 28% e por isso o dinheiro fica lá, não sendo por
essa razão necessário declarar esses rendimentos, já são tributados no banco que no fundo vai
agir como meu substituto: guarda os 28% do rendimento obtido com os juros para entregar ao
Estado.
O nº6 do artigo 71º contudo dá a opção ao contribuinte de englobar ou não englobar
estes rendimentos previstos no 71º, isto compensa fazer quando a taxa geral do escalão de IRS
que aplicar for inferior a 28%. Mas como é que isto se faz na prática? O banco está por lei
obrigado a taxar os 28% com retenção, como é que o banco vai saber se decidimos ou não
englobar? O que acontece nesse caso é que quando chegar o passo de fazer as deduções à
colecta vou subtrair os 28% que ficaram retidos na fonte pelo banco e assim se neutraliza a taxa
liberatória.
As taxas especiais são já bastante abrangentes, se olharmos para o artigo 72º vemos
logo por exemplo os rendimentos prediais (categoria F). O que vai acontecer nestas taxas não é
uma liberação de declaração como nas taxas vistas anteriormente. Tem-se de declarar os
rendimentos, mas estes serão declarados à parte, não indo para o englobamento sendo
tributados por isso à parte É de notar que esta taxa se vai aplicar ao rendimento líquido e
não ao bruto, mas depois veremos isto melhor.
81
E não ao líquido. O que faz todo o sentido, o rendimento bruto é o que se recebe da entidade antes de
serem subtraídas as deduções, é por isso este valor que vai ficar retido nessa entidade que depois o entrega ao
Estado.
6. Abatimentos
7. Taxas do IRS
Artigo
Taxas gerais
«1 - As taxas do imposto são as constantes da tabela seguinte:
Taxas
Rendimento coletável (percentagem)
(euros) Normal Média
(A) (B)
Até 7091 14,50 14,500
De mais de 7091 até 20261 28,50 23,600
De mais de 20261 até 40522 37 30,300
De mais de 40522 até 80640 45 37,613
Superior a 80640 48 -
Assim, se o rendimento colectável for mais que 7.091 divide-se em duas partes e
isto não é dividir por dois (não é rendimento/2) mas sim aplicar uma taxa a uma parte do
dinheiro e a outra parte outra taxa. Depois é preciso ter atenção que não é o rendimento que
vai para dentro/que tem de caber nos escalões, são os escalões que têm de caber no
rendimento.
Por isso, quando se calcula o IRS, via de regra, divide-se em partes. A uma parcela do
rendimento aplica-se a taxa média e a outra parcela, o excedente do rendimento, aplica-se
uma taxa marginal. Exemplos:
Ex: 40.000 euros de rendimento colectável: Uma vez que é maior que 7091, vamos dividir em
duas partes:
1ª parte: qual o maior dos escalões que cabe inteiro em 40.000 euros?
De 7091 até 20261- corresponde a uma taxa média de 23,600.
(20261 x 0, 236=4781.60)
(19.739 x 0,37=7303.43)
Ex: 15.000 euros de rendimento colectável: Uma vez que é maior que 7091, vamos dividir em
duas partes:
1ª parte: qual o maior dos escalões que cabe inteiro em 15.000 euros?
Até 7091. Aplica-se a taxa de 14,500 (coluna B).
(7091 x 0,145=1028.20)
Colecta= 2254.07+1028.2=3282.265
Ex: Rendimento de 2.000 euros. Neste caso, não se divide em duas partes porque é menor
que 7091. Aplica-se a taxa A ou B? Se o contribuinte tiver rendimento abaixo de 7091 não
importa a coluna, daí que a taxa seja sempre de 14,50 (0,145).
Ex: Contribuinte tem 100.000 de rendimento. Neste caso, uma vez que é maior do que 7091,
divide-se em duas partes:
1ª parte: qual o maior dos escalões que cabe inteiro em 100.000?
R: De mais de 40522 até 80640. Aplica-se a taxa de 37,613 (coluna B)
(80640 x 0,37613=30331.12)
Colecta=9292.8+30331.12=39623.92
Nota-se que o último escalão tende para o infinito. Não cabe em 100.000 euros nem
em qualquer outro valor. E também é por isso que no último escalão só se tem uma taxa, pois
essa taxa só se aplica nos rendimentos marginais.
8. Deduções à Colecta
fácil às finanças saber se os gastos são lícitos de modo a combater a fraude. Esta dedução não
ultrapassa dos para cada sujeito passivo do agregado familiar
Temos também as despesas de saúde, artigo 78º C: incluídas aqui as actividades de
saúde humana, o comércio de farmacêuticos, bem como os prémios de seguros ou equiparadas
que cubram os riscos de sa’de Atenção ao limite global de
Despesas de formação e educação, artigo 78º D, ter atenção ao limite global de
Inclui-se aqui despesas com livros escolares, a despesas quando a educação e formação seja
prestada por entidade reconhecida pelo ministério da educação. Despesas de encargos com
imóveis art.78º E: refere-se aqui à despesa do arrendatário quando arrenda o imóvel- rendas e
juros de dividas ao banco alíneas a e b com limites respectivamente de e
Despesas pela exigência de factura, artigo 78º F, como gastos em oficinas,
restauração, cabeleireiros, esta dedução especial acontece nestes sectores pois são sectores
onde há tipicamente fuga ao fisco, daí que haja este incentivo em pedir factura.
Há um limite as deduções à colecta no artigo 78º, ter em atenção, isto acontece para
impedir que as famílias mais numerosas e ricas esgotem tudo em deduções.
Depois de todos os passos feitos retiro o valor correspondente ao imposto a pagar, mas é
preciso ter em atenção que é preciso subtrair a esse valor quaisquer adiantamentos feitos
ao longo do ano, como é o caso da retenção na fonte e dos pagamentos por conta.
O CIRS fala de retenção na fonte no artigo 98º onde diz que por via de regra que quem
paga rendimentos tem de reter uma parcela de IRS de quem ia receber o pagamento.
O 99º fala de um princípio geral de retenção na fonte para as categorias A e H, e as
taxas de retenção na fonte para estas categorias estão anexadas em tabela fora do Código de IRS.
Nas outras categorias temos o artigo 101º. Entre outras categorias este artigo fala da
Categoria B na alínea a),dependendo da contabilidade organizada do sujeito com quem o
sujeito passivo contrata. Assim, por exemplo para os prestadores de serviço, há retenção na
fonte, o cliente faz retenção na e entrega a taxa de 16,5% ao Estado, mas isto só acontece se
este (o cliente) tiver contabilidade organizada. Assim se um advogado fizer um trabalho para
uma empresa esta reterá na fonte 16,5%.
Assim, estas retenções na fonte e os pagamentos por conta, são subtraídos ao valor a
pagar do IRS, e é esse valor que se vai ter de pagar ao Estado. Nos nossos casos práticos só
quando o enunciado disser que há retenção82 ou pagamento é que será necessário tratar disto.
As retenções na fonte são uma forma de adiantar imposto ao estado. Quem entrega é
quem paga. A entidade patronal ou o banco retém e entrega. Ou seja, é um terceiro e não o
próprio contribuinte.
Já nos pagamentos por conta, é o titular, o próprio contribuinte, que directamente faz
uma transferência .Normalmente tem um código de pagamento online e 3 vezes por ano faz um
pagamento ao estado. Aqui, não há substituição tributária.
O que justifica os pagamentos por conta?
Quando estou na categoria B, nem sempre tenho categoria na fonte, depende do facto de
os clientes terem contabilidade organizada. Portanto, o contribuinte corre o risco de adiantar
82
Pode ser dito que tem regime de contabilidade organizada de quem paga e nesse caso assumimos retenção
na fonte.
pouco dinheiro ao Estado ao longo do ano e chegar ao fim do ano e ter uma factura fiscal muito
pesada.
As Categorias em Detalhe
Categoria A
Al. d) conjunto de situações mais difíceis de qualificar que são as situações de pré
reforma. Quando tenho um trabalhador e digo vais para casa ate teres a idade da reforma e eu
pago uma parte do teu salario )sto é difícil saber se qualificamos já como uma pensão ou não,
mas ele ainda não tem direito à pensão, e portanto o código optou por estabelecer que isto ainda
é salario para efeitos do IRS.
83
Se eventualmente for perguntado numa oral se o conceito do trabalho dependente no código do IRS coincide
com o conceito de contrato de trabalho, mesmo não tendo feito ainda a cadeira Direito do Trabalho, temos de
dizer que a resposta é não porque há um conjunto de situações do art. 2º que vão para la daquilo que é o
contrato de trabalho, por ex. a remuneração dos administradores ou dos titulares de órgãos de soberania.
Se num caso pratico for dito que alguém está a recibos verdes, o primeiro alerta deve ser para ir ver se é
mesmo categoria B ou se é um caso de artigo 2º nº1 al.b), ou seja, de falsos recibos verdes. Se for o caso de
falsos recibos verdes temos de tratar como rendimentos do trabalho dependente.
84
Viagens, prémios etc.
85
O Professor João Gama alertou para o facto da alínea b) do nº3 deste artigo, ter ela própria números e, no
numero 3 desta alínea ainda tem números romanos. Atenção a identificar estes artigos em testes/exames.
A ideia chave destas remunerações acessórias é a diferença entre aquilo que é uma
vantagem económica para o trabalhado e aquilo que é um bem usável e consumido no
interesse da empresa. Outro exemplo é se a Católica diz que A tem de ir dar aulas a NY, mas pode
levar um membro da família com tudo pago, isto já é uma remuneração acessória.
Depois temos as situações dos carros da empresa , muito mais comuns e difíceis de
resolver, pelo que o CIRS resolveu.
Se eu for um estafeta e andar com uma carrinha da empresa, é difícil dizer que tenho um
beneficio económico. Mas se a empresa lhe der um plafond para comprar um carro e ele escolher
o carro e não houver um controlo sobre a forma como utiliza o carro, há uma possibilidade de
uma componente remuneratória desta atribuição em espécie. Mas há também uma grande
dificuldade em dissociar a utilização profissional da utilização pessoal e por isso os códigos
fiscais têm criado regras para resolver isso, essencialmente através de duas maneiras de o fazer:
O artigo 2/3, alínea b), 9) é criticado pelo professor João Gama porque parece que nos
dá um manual de instruções para o violar ao referir a existência de acordo escrito Quando não
exista acordo escrito, não se vai aplicar a norma, não é tributado, para o professor no direito não
há questões de acordo escrito, tem de ser provado. Há mecanismos do direito para resolver a
questão, a norma assim elaborada auto defrauda-se. Outra maneira de contornar a norma: as
empresas, para provar que não há uso pessoal, muitas vezes fazem logo com que se defina o uso
que se vai fazer do veículo. E aqui, estando definido que não serve para uso pessoal, é irrelevante
que haja ou não acordo escrito.
Mas como são tributados estes bens (como os carros de serviços) se a norma chegar
a funcionar e não houver acordos escritos?
De acordo com o art. 24/5 CIRS 0.75% do seu valor de mercado, por cada mês de
utilização. Assim num carro de 1000 quanto é tributado do rendimento adicional do uso
pessoal? Considera-se que ele tem mais por mês de uso Num ano de uso pessoal = 1000 x
0.75 x 12 . Este rendimento é um exemplo de um rendimento em espécie (uso pessoal do
86
C à à à à àBMWà à à à à àP à à à à à à à à
86
à à à à à à à à à à à à à
carro87). Outro exemplo está no art. 2/3, al. b), 4) CIRS , é o caso da casa da empresa
(remissão para o 24/2, que nos diz como vai isto ser tributado)
Esta norma levanta algumas questões para o Professor João Gama: Se a Católica desse
um apartamento para um professor e a família irem viver claro que isso tinha de entrar aqui este
artigo. Mas se a Católica quisesse que um professor.francês viesse para Portugal dar aulas, aí há
duvidas se a casa é considerada sequer remuneração.
Há argumentos nos dois sentidos: por um lado, a pessoa só precisava de uma casa cá
porque veio para cá trabalhar, mas outro seria que toda a gente precisa de uma casa em algum
sítio, por isso teria sempre de pagar a casa em algum lado. O professor diz que aqui tem de haver
uma distinção com base num critério temporal, se a pessoa já la vive há muitos anos, se calhar já
se pode dizer que la está estabelecido, já podia ter comprado ela mesmo a sua casa lá. Mas
alguém que vem só uma semana ou um mês não faz sentido esperar que tenha de ter uma casa
sua cá.
Quanto às retenções na fonte: As regras de retenção na fonte estão nos artigos 99º a
101º do CIRS. Quem é obrigado a fazer a retenção na fonte são as entidades devedoras
empresa que paga o salario (art. 99/1).
Faz-se retenção na fonte dos rendimentos pagos mensalmente aplicando as tabelas de
retenção aprovadas anualmente por portaria, a empresa que paga o salario sabe o que vai reter
para entregar ao Estado (por conta do imposto do trabalhador, é um adiantamento do IRS
que o trabalhador vai pagar). A retenção na fonte, em termos jurídicos é um fenómeno de
substituição tributaria em que a entidade que paga, retém uma parte desse rendimento, de
acordo com a lei, para entregar ao Estado.
No fim, pega-se na coleta e nas retenções na fonte e depois de as aplicar vê-se se essa
conta dá sinal positivo ou negativo, ou seja, se a pessoa ainda tem de pagar mais de imposto para
fazer o valor do imposto devido ou se o valor das retenções na fonte foi superior ao imposto a
pagar e aí vai receber reembolso.
As tabelas de retenção na fonte estão normalmente desenhadas para que haja esta
situação de crédito dos sujeitos passivos, ou seja os valores que lhe vão sendo retidos ao longo
do ano, no fim do ano, são maiores que o valor que ele devia pagar e por isso é que há aquele
fenómeno de receber do )RS (á reembolso quando o conjunto de retenções na fonte foi
superior ao imposto que a pessoa devia pagar. Se eu tenho de pagar 90 no fim do ano, e o meu
patrão reteve 100 aplicando as tabelas ao longo do ano, então tenho de ser reembolsado de 10
do Estado. As tabelas de retenção na fonte atendem a: a) quanto é o salario; b) quantos
dependentes a pessoa tem;c) se é deficiente; d) se é casada; e) se têm ambos rendimentos
englobáveis (um ou dois titulares)
87
A espécie que eu aqui ganho é o uso pessoal do carro! E não o carro simplesmente, porque senão isso era
fácil de avaliar, era só saber o valor do carro.
Exemplo: pessoa solteira com salario mensal bruto de 1200 euros a taxa de retenção na
fonte é Todos os meses isso é retido na fonte a empresa guarda isso E esses 135
até dia 20, a empresa envia para o Estado. Portanto o estado todos os meses está a receber
88
dinheiro do IRS.
Categoria H
As pensões são 30% do IRS. Discutia-se durante muito tempo se devia ou não ter
redução específica, porque havia quem considerasse que não há um custo necessário para obter
aquele rendimento, bastaria estar à espera. Mas por outro lado também se dizia que ao fazia
sentido diferenciar em relação aos trabalhadores. Mas as pensões geralmente não são
aumentadas, pelo que não se devia também penalizar as pensões em relação ao rendimento do
trabalho.
As pensões até tinham em Portugal uma dedução mais generosa que o trabalho
dependente (o que tinha a ver com o facto das pensões não serem tributadas em Portugal antes
da aprovação do código do IRS, por Cavaco Silva. Quando passaram a ser, estabeleceu-se uma
dedução especifica muito generosa para não haver uma revolta dos pensionistas; a maior parte
nem pagou durante muitos anos).
Em 2007, considerou-se que a dedução específica nesta categoria tinha de ser, pelo
menos, mais parecida com a da categoria A, estando consagrada no artigo 53º do CIRS.
Categoria B
Na Categoria B o que é que temos de ter em atenção que não só atos isolados. Nós temos
lidado fundamentalmente com hipóteses práticas de prestação de serviços e, começando pelo
artigo 3º do CIRS, uma coisa que não causa hesitação são os casos em que o ato é meramente
isolado. Mas no artigo 3º temos normas de incidência quer para ato isolado quer não seja.
88
14 retenções anuais porque o subsídio de férias e de natal ficcionam-se como o 13º e 14º mês
As regras do Art. 4 não são simples. Em particular, o artigo 4º nº 1 l). Ora, o que é que
é acessório O nº2 diz-nos o que significa acessório A l fixa, no nº2 e 3 critérios para separar
aquilo que é atividade e rendimento agrícola daquilo que é rendimento comercial e rendimento
industrial. Mas os critérios não são de emprego fácil. Assim, importa ter presente estas regras
para distinguir.
Na categoria B temos normas de incidência tanto para atividade continuada como para
atos isolados. Quando estou perante uma atividade continuada, vou normalmente aos
coeficientes do simplificado se não ultrapassar os plafond dos naturalmente
à à à à à àÉà à à à à àF à à à
89
Index de apoios sociais
mínimo de existência. Antigamente, as normas do CIRS que fixavam deduções estavam indexadas ao salário
mínimo nacional. Isso tinha um problema: se havia aumentos do salário mínimo acima da inflação, isso
aumentava muito as deduções do CIRS. Então, a l)desvinculou estes valores do CIRS do salário mínimo e
indexou-os a um índice diferente. Que é, aliás, utilizado pela Segurança Social, por exemplo.
organizada? Tem de demonstrar as despesas e deduz-se tudo. Assim, quando tivermos um caso
prático de na categoria B dizemos: à partida, tem de estar no regime de contabilidade
organizada e, por isso, todas as despesas, à partida, são dedutíveis por via do CIRC90.
E com Atos isolados? Imaginemos que no caso prático temos um individuo que tem
uma ’nica prestação de serviços Como é que tratamos isto para efeitos de )RS
Artigo 30º do CIRS se o Ato isolado ficar abaixo dos aplico os coeficientes do regime
simplificado. Se ficar acima, aplico as regras aplicáveis aos Sujeitos Passivos com o regime de
contabilidade organizada, com as devidas adaptações. Claro que tem de ter adaptações porque
eu, de facto, não tenho regime de contabilidade organizada O que a lei diz é se o ato isolado
gerar rendimentos acima dos à partida vai poder deduzir todos os custos que consiga
provar . Portanto, há uma regra de colagem ou ao regime simplificado ou a contabilidade
organizada.
Categoria E
Esta Categoria dá-nos o tratamento dos juros. Nesta categoria não há deduções. Como
é que tributamos os juros?
Ou retenção na fonte, aplicando o artigo 71º que nos dá uma taxa liberatória (28%).
Aqui atenção que o banco aplica sempre os 28%, porque não tem de saber se o contribuinte
vai ou não optar pelo englobamento.
Ou o contribuinte pode optar por declarar e optando por englobar91, o que é que
acontece? Há reembolso. Como? Quando chegamos às partes da dedução à colecta faço isso. 92
E se por exemplo A EDP tiver lucro e optar pela distribuição de dividendos, se eu tenho
um pacto de ações na EDP e recebo o valor de Como é que isto é tributado )sto é um
rendimento da Categoria E. Logo, sendo um rendimento capita, tal como os juros, isto é tributado
por taxa liberatória ou não? Artigoº 71/ a) aqui temos uma regra geral, os rendimentos de
território português, em regra, são lhes aplicados a taxa liberatória. Portanto, se a EDP paga
dividendos a um residente em Portugal, então, eu tenho a mesma taxa liberatória que tenho para
os juros.
O contribuinte pode ou não optar por englobar aqui? Sim ou não? Pode, a opção está no
artigo 71º nº6.
90
Código do IRC
91
No caso prático, como é que sei se opto/compensa por englobar ou não? Que decisão devo tomar no caso
àO à à à à à à à à à à à à à à à àM à
mesmo que não compense e pretendamos mostrar que sabemos: optamos por englobar; somo os juros ao
RLG/ vai para dentro do bolo. Lá à frente, o que vou fazer com os 28% que ficaram retidos? Nas deduções à
coleta subtraio o que lá ficou (retido na fonte).
92
Ver o exemplo do caso prático Ele e o Tobi no capítulo das Hipóteses Práticas neste caderno.
Categoria F
Imaginemos que tenho o meu imóvel arrendado a uma empresa. A empresa quando
pagas as rendas faz retenção na fonte por conta do final devido e não retenção na fonte
liberatória- estamos no Art.101 e) taxa de 25%. Por isso, se o locatário for uma entidade
com contabilidade organizada, quando me paga as rendas, retém 25% por conta do imposto
devido no final. Assim, - 2500 no final do ano é que tenho de pagar. Por isso,
é o devido ao longo do ano já foi retido logo só pago As retenções na fonte
são sempre sobre rendimentos ilíquidos/ brutos. Porque o inquilino quando me paga as rendas
não sabe que despesas tenho ou vou ter relacionadas com o imóvel.
2) Englobando chego ao fim do ano e opto por englobar, o que vai acontecer? Imaginemos que:
Tenho de rendimento da categoria F Tenho 2 de despesas de manutenção
Englobo os R Liquido da CAT F vai para dentro do bolo . E agora, que taxas
93
Ver o caso Ele e o Tóbi
aplico?
Aplica-se as taxas gerais do CIRS, artigo 60º. MAS também há retenção do artigo101º ou
não? A entidade locatária não sabe se vou englobar ou não, por isso, se o locatário tiver
contabilidade organizada, há sempre de aplicar retenção na fonte e, por isso, não esquecer
que os também têm de ser subtraídos ao imposto devido. Porque houve retenção na
fonte. Se o locatário não tem contabilidade, não há retenção na fonte; então, como não tenho
nada que subtrair pago mais IRS no final do ano pois não paguei ao longo do ano.
3) Tratamento via Categoria B, A grande consequência aqui é que vou parar ao regime
simplificado. Logo, a nível de deduções específicas é que está a grande diferença. Aquilo
que era um rendimento predial vai transformar-se numa prestação de serviços. A opção pela
categoria B é mais vantajosa para o titular dos rendimentos.
Se optar por ir pela categoria B vou ter englobamento obrigatório (vai para dentro do
bolo ; que é o que acontece normalmente com a categoria B.
Categoria G
durante um período de tempo Esta quantia quando uma pessoa singular a recebe levanta
questões de qualificação. Como não estou a trabalhar para esta entidade não se trata de um
rendimento de trabalho dependente, também não se trata de um rendimento de trabalho
independente, porque até se trata de um rendimento de não trabalho e também não se
trata de uma pensão porque não é devido a determinado trabalho que eu fiz para eles, é por
causa de trabalho que não vou prestar para outrem. Na dúvida, este pacto de não
concorrência, passou a ser tributado na categoria G.
Isto levante algumas questões porque as regras de qualificação da categoria G neste caso
não têm deduções específicas, e isto levanta questões teóricas porque se trabalhasse noutra
empresa para a concorrência era tributado pelas regras da categoria A ou B, mas neste caso sou
pago àquele ano pelas regras da categoria G, sem a dedução da Categoria A.
O Professor João Taborda Gama acha que seria mais justo, do ponto de vista fiscal, dizer-
se que os pactos de não concorrência seriam tributados como seriam se eu trabalhasse para a
concorrência, normalmente na Cat. A ou por opção na B, mas nunca na G.
3º Acréscimos patrimoniais não justificados nos termos dos artigos 87º, 88º e 89º-
A. São aquelas manifestações de fortuna que se tributam indirectamente e que já aqui falámos,
não porque alguém ganhou dinheiro mas porque alguém tem um determinado bem que tem um
determinado valor (carro depósito, avião ou barco) e isso não bate certo com o valor que
declarou, então a lei ficciona que há um rendimento, logo faz sentido que seja da categoria G.
Neste caso, já não preocupa tanto do ponto de vista da justiça fiscal alguém não beneficiar de
deduções de outras categorias.
5º Mais-valias (forma mais típica): A ideia por detrás delas é que resulta de uma
alienação de um bem tipificado.
Tal como o nome indica havemos de estar aqui perante um saldo (conta aritmética),
sendo esse saldo positivo (mais valia). Essas mais-valias opõem-se às menos-valias o que
depende do resultado da conta que eu tiver neste âmbito que fazer. Sendo que estas últimas não
são tributáveis.
I) Vamos ter que ter a diferença entre o valor da aquisição e valor da alienação, o que
nos manda para a parte do Código de determinação da matéria colectável relativamente à
Categoria G, o artigo 43º e seguintes.
Repare-se no entanto que se uma pessoa comprou uma casa em 1991 por 150 mil euros
e agora esta valesse 550 mil euros, se se fizesse só a conta 550 mil 150 mil, podia esta aqui em
causa a questão da inflação. Ou seja mil euros em era muito dinheiro nem havia o
esse valor tem de ser corrigido em função da inflação, para saber qual o valor hoje desses
150 000.
Em relação a isto o artigo 50º nº1 a) manda corrigir o valor de aquisição por aplicação
coeficiente aprovado por portaria. Ou seja, há uma portaria das finanças que nos dá o valor da
inflação. Se formos a esta portaria, o coeficiente para 1991 é um coeficiente de 1,96. Isto quer
dizer que 100 mil euros quase que duplicou com a inflação acumulada até 2016. Assim, tenho de
corrigir o valor de aquisição multiplicando-o com o valor do coeficiente.
Assim, com a aplicação deste artigo 50º, os 100 mil euros em 1991, hoje equivalem a 196
mil euros, que é o valor de aquisição. Senão fosse assim seria muito injusto, porque estava a
tributar o rendimento que não ocorreu e que se deveu apenas a um mero aumento da massa
tributária. Se não tributássemos a inflação não era tributado rendimento real que como já vimos
é uma imposição constitucional que tal aconteça.
Se formos ao artigo 43º nº2, este diz que só é relevante para efeitos tributários metade
da mais-valia, e portanto, só vou englobar metade da mais-valia. 94
II) Mais-valias mobiliárias: Quando alguém vende acções, são tributadas as mais-valias
a uma taxa especial (28%) com possibilidade de englobamento 72º nº1 c) e 72º nº8.
No caso das mais-valias de ações, há uma dúvida que todos os sistemas fiscais têm de
resolver: Se eu tiver 100 ações da EDP mas comprei a preços diferentes e em tempos diferentes,
se vender 10 ações, estou a vender 10 da primeira, 10 da segunda ou 5 de cada?
Para a venda de ações, o artigo 43º nº6 d) do CIRS considera que as que estão a ser
vendidas são as primeiras a ser compradas.
Mais-valias estão no art.10º, não há norma de incidência para todo o tipo de mais-valias.
As mais-valias mais importantes são participações sociais, e imoveis. Como é que cada um
destes 2 tipos de mais valia é tratado no IRS?
94
Ter atenção às regras do artigo 10º do CIRS
95
A explicação de outro professor sobre a mesma matéria
Art.72/1 alínea c) o legislador vem dizer que no que toca às mais-valias resultantes da
alienação de partes sociais, vamos chegar ao fim do ano e ver qual foi o saldo, porque o saldo
pode ser negativo. Se esse saldo for positivo, é tributado com uma taxa especial de 28%.
Também neste caso temos opção de englobar, é facultativo.
Art.72/1 a), parece a taxa especial nestas hipóteses só se aplicam a não residentes.
Como tal, não tendo taxa especial, vamos englobar, mas há aqui uma especialidade.
Art.43/2 nas mais valias resultantes da alienação de um imóvel, pegamos no 50 mil e é
englobado, mas só vamos englobar 25 mil(50%).
Isto é assim porque o contribuinte que tenha alienado um imóvel, vai ter um pico nos
seus rendimentos naquele concreto ano, e, portanto, vai subir nos escalões do IRS. Ao passo, que
um contribuinte que tivesse estes 50 mil diluídos ao longo de 10 anos não sofreria taxas tão
altas. Para mitigar a progressividade do IRS englobamos metade.
Ex: Tenho 10 mil de lucros há retenção na fonte sobre os 10 mil com taxa 28%, que fica
lá sempre. Se no fim do ano optar por englobar, vou englobar não com os 10 mil, mas com 5 mil e
aplico as taxas do IRS, faço as deduções à colecta e à diante os 2800 vão ser devolvidos, através
de uma dedução ao IRS devido.
Outras Considerações
Mínimo de Existência
Há um requisito qualitativo neste artigo, é que o mínimo de existência tal como está
neste artigo não se aplica a todos os contribuintes, apenas àqueles cujo os rendimentos
tenham predominantemente origem nas categorias A e H.
Como é que calculamos o elemento quantitativo do mínimo de existência? A lei diz que
da aplicação das taxas do 68º não pode resultar para o contribuinte um rendimento líquido de
imposto inferior a 8500 euros. O legislador está aqui a querer olhar para aquilo que fica no bolso
do contribuinte, o rendimento disponível. A fórmula a aplicar é a seguinte:
Se o valor der abaixo dos 8500, aplicasse o mínimo de existência então Não pode
resultar logo quando a norma do artigo 70º se aplica, o resultado é que o IRS vai a zeros, ele
não está obrigado a pagar IRS, mas não termina aí o calculo do IRS porque temos de ver se
houve retenção na fonte, para saber se tem de ser reembolsado.
Taxa de Solidariedade
Estes 42 vão então ser taxados com 2,5. Assim, 42 344 x 0,025 = 1058, 6. Além do
que resultar da aplicação das taxas do artigo 68º o contribuinte terá de pagar ainda 1058,6.
Neste caso o contribuinte tinha um rendimento colectável superior a por isso vamos
dividir em duas partes e aplicar a uma a taxa normal e a outra a marginal. O último escalão que
cabe inteiro dentro de 122 344 é o que vai de 40 522 a 80 640, logo:
Nas deduções à colecta o artigo 78 CIRS, no nº1 k) diz-nos que é possível deduzir
relativamente aos benefícios fiscais. Para tal temos de consultar o EBF. Nos casos práticos
trataremos neste caderno da questão. Remetemos por isso para o caso do Tornozelo
Fracturado96 e da Irmã Rejeitada onde falamos desta questão dado o benefício face aos
donativos feitos.
Este existe pois os impostos nas regiões são diferentes. A regiões autónomas têm
retenções diferentes e taxas de IRS diferentes da dos residentes no continente. Com este artigo
traça-se a fronteira entre quem se considera residente nas regiões e quem se considera
residente no continente.
Se um contribuinte decidir ir fazer voluntariado para um outro país e nesse país receber
uma renumeração simbólica de por mês se o contribuinte for para esse país dia de
Janeiro e regressar no dia 31 de Outubro terá que declarar o seu rendimento em Portugal?
Mesmo estando 9 meses fora?
96
Que pode se encontrado nas Hipóteses Práticas deste caderno.
97
Dia 31 de dezembro
98
Apesar de ser assim nos direitos de outros países também.
o rendimento que obteu fora de por mês pela a aliena b) do artigo 16º, dado que tinha
ido apenas fazer voluntariado. Assim nestas questões temos de olhar às regras do artigo 16º
para averiguar se é ou não residente em Portugal. Se for, terá que declarar os rendimentos cá e
ser tributado cá à partida.
IRC
Introdução
Vamos agora falar aqui de IRC, o IRC é o Imposto sobre os Rendimentos das pessoas
Colectivas. Não vamos estudar tão aprofundadamente o IRC como estudámos o IRS. O IRC aplica-
se às associações, fundações, empresas, entre outras pessoas colectivas.
As empresas são tributadas por vários impostos como o Imposto selo, IMI entre outros,
depois, as empresas também pagam taxas: quer taxas específicas da sua atividade quer taxas
gerais. Portanto, as empresas não pagam só IRC, imposto que tipicamente se pensa
imediatamente ao falar em tributação de empresas.
Quanto ao IRS, as empresas99 não pagam IRS porque são pessoas coletivas e, portanto,
estão sujeitas a IRC. No entanto têm uma função no âmbito do IRS como aliás se retira do estudo
que já fizemos de IRS:
a) Função de retenção na fonte sobre os salários que paga aos seus trabalhadores. Isso é
fundamental para o Estado- a ajuda que as empresas dão em sede de IRS como
substitutos tributários é fundamental.
b) Além dos salários, em princípio, pelo menos, uma vez por ano, faz retenção na fonte
quando há distribuição de dividendos.
99
Por empresa digam-se pessoas coletivas lucrativas como a Sonae ou a EDP.
c) Além disso, quando paga as contribuições para a Segurança Social e retém na fonte
os 11% do pagamento aos trabalhadores sobre o salário.
Os economistas dizem que uma economia perfeita deve gerar um imposto de consumo
que corresponde à soma do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares com o imposto
sobre o rendimento das pessoas coletivas. O IVA tributa o valor acrescentado, o valor
acrescentado tem reflexo nos salários pagos, logo, normalmente, há esta relação. E o IRC é
metade ou menos do que o IRS. Ou seja, é um imposto que tem uma importância relativamente
menor àquilo que é a sua relevância em custos de litígios, custos administrativos públicos
(inspeção tributária) e privados (obrigações).
v. Trabalhadores.
100
Contabilidade.
vi. Estado.
A tributação das empresas, de acordo com a sua contabilidade / de acordo com o seu
lucro real, está como referimos já anteriormente no artigo 104º nº2: As empresas são
tributadas, fundamentalmente, sobre o seu rendimento real. Durante muito tempo, em
Portugal, as empresas não eram tributadas sobre o rendimento/lucro real, mas sim sobre o seu
lucro normal ou presumido. Ou seja, os sistemas fiscais não seguiam a ideia de vai ser tributado
a tua contabilidade, fazendo pequenas correções antes seguiam uma ideia de acho que tiveste
lucro X logo vou tributar como se tivesses esse lucro X isto fazia-se com bases em
presunções101.
101
Exemplo: Rendimento dos barbeiros era feito consoante o nº de cadeiras que tinham e o sitio onde estavam
situados, daqui se presumia o rendimento e, consequentemente o imposto a pagar. Mais cadeiras equivaliam a
mais imposto; menos cadeiras resultavam em menos imposto. Se depois havia ou não rendimento consoante o
número de cadeiras não interessava. É um dilema entre justiça e praticabilidade; na altura, talvez razões de
praticabilidade justificassem que assim fosse; hoje em dia, não há razões práticas que não sejam superáveis
dados os avanços tecnológicos e a celeridade do mundo moderno.
Como é que esta ideia da CRP, de que as empresas são tributadas pelo lucro real está
transposta no CIRC? Vejamos os primeiros artigos do Código em traços gerais. Mas para
começar veremos logo que em sede de IRC, o rendimento tributado é o líquido, isto vem do
Princípio da Capacidade Contributiva que também se estende às pessoas colectivas como já
vimos.
O artigo 1º CIRC diz nos que a incidência do imposto são os rendimentos obtidos,
calculados nos termos do IRC102, lícitos ou ilícito.
O artigo 2º nº1 a) diz-nos quem são os sujeitos passivos, é exemplo prototípico do que é
tributado em IRC, as sociedades comerciais, primeira expressão deste artigo deve corresponder
a mais de 95% dos tributados em IRC. Mas o CIRC não pode deixar espaços em branco, apesar de
o código ter no seu cerne as sociedades comerciais, quer tributar outras pessoas colectivas que
possam ter rendimento e lucro e é isto que faz o artigo Com sede ou direção efetiva em
Portugal são critérios de localização dos Sujeitos passivos do IRC. Sede é um conceito jurídico
direção efetiva já é um conceito de carácter fáctico. O CIRC atrai as entidades que tenham a sede
registada, mas também as entidades que, não tendo sede, tenham a sua direção efectiva103 em
Portugal. Este conceito é muito importante para obviar às empresas cujas sedes são
deslocalizadas. Exemplo: se eu ponho a sede no Panamá, mas o conselho administrativo reúne
em Portugal e todos os trabalhadores estão em Portugal então por aqui o CIRC diz que esta
entidade é sujeita a IRC em Portugal porque aqui tem a direção efectiva no território nacional. A
sede, no caso acaba por ser artificial.
O artigo 3º passa depois a falar sobre a base do imposto, diz que o IRC incide sobre:
a) Lucro
O artigo 8º dá-nos o período regra de 1 ano para a tributação em coincidência com o ano
civil, depois tem-se várias excepções no artigo como a do nº10.
Já o artigo 9º fala de algo mais interessante, o IRC que Estado tem de pagar. O artigo 9º
isenta o Estado de pagar IRC. Se o estado decidir revender bens, por exemplo revender
iPhones, será que tem de pagar IRC por esta atividade? Não porque se formos ao artigo 9º do
102
E aqui se vê a dependência parcial falada na página anterior.
103
Direção efectiva são as tomadas as decisões principais da empresa.
104
Uma instalação fixa na qual seja exercida uma atividade; se a Chanel (sede em Paris) e abrir uma loja na
Avenida Da Liberdade; esta loja não tem personalidade jurídica, é um estabelecimento comercial. Para efeitos
fiscais, ela é uma instalação fixa na qual é exercida uma atividade comercial. Logo, a Chanel tem, em Portugal,
um estabelecimento estável. Logo, a Chanel pode ser tributada em Portugal pelos lucros imputáveis ao seu
estabelecimento estável. Estes estabelecimentos são os casos mais evidentes de que o IRC não incide só sobre
pessoas coletivas de direito privado. Do mesmo modo, uma sucursal também não tem personalidade jurídica
não deixa de ser sujeito passivo de IRC, mas só é tributado em Portugal pelo lucro que lhes seja imputável.
CIRC o Estado não paga IRC, no entanto, o artigo 9º nº1 a) tem uma excepção e, que se ia aplicar
entidades públicas empresariais Por uma questao de concorrência o estado no caso dos
iPhones terá de pagar IRC, a isenção poria em causa uma ideia de concorrência de mercado. A
atuação do Estado prende-se por isso nesta ideia de se o Estado atua usando ius imperii ou se
atua enquanto particular. Se atuar enquanto particular, algo que deverá ter de fazer na revenda
de iPhones, terá de pagar IRC pois deverá actuar como entidade pública com natureza
empresarial. A TAP paga IRC porque, a ser pública, é uma EPE. Se concorre com as demais
companhias aéreas paga IRC.
Não havendo isenções a empresa ou pessoa colectiva terá de pagar IRC consoante os artigos
indicados:
Destes artigos é possível ainda, ver mais uma vez, o Princípio da Dependência Parcial
Fiscal que falámos já neste capítulo.
Taxas de IRC
Segundo o artigo 87º do CIRC105 o IRC tem uma taxa, normalmente, de 21%. O IRC hoje
tem dia têm dois elementos de progressividade:
2) Artigo 87-A, que tributa as pessoas colectivas com lucros tributáveis superiores a
1 500 em taxas progressivas de mais e consoante o valor desse lucro.
Assim, se para as pequenas empresas, em que há lucros abaixo dos 1,5 milhões de euros
há a progressividade dos 17%, nas grandes empresas, com lucros superiores a 1,5 milhões de
euros, há o artigo 87-A com a derrama estadual e as taxas de +3%,+5% ou +7%.
No caso das entidades não residentes sem estabelecimento estável em Portugal, o CIRC
também dá uma taxa de IRC diferente, 25%, isto é o que resulta do nº4 do artigo 87º.
Temos depois no artigo 88º umas taxas diferentes, as chamadas taxas de tributação
autónoma106. O que decorre deste artigo é uma tributação de encargos e não de lucros, ou
seja, tributação de despesas e não de lucros.
É preciso ter também ter atenção a um outro tributo que existe sobre os valores
105
Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas
106
As despesas que não se conseguirem deduzir, isto é, as despesas não devidamente documentadas são todas
tributadas à taxa autónoma. A taxa autónoma tem por isso (não só) esta função por parte do legislador de
querer que as empresas mantenham a contabilidade transparência para combater a evasão fiscal.
tributáveis em IRC, a derrama municipal, taxas que podem ir até 1,5% que os Municípios
decidem todos os anos (entre 0 a 1,5%) em sede de IRC.
Deduções
Os custos têm de ser deduzidos em sede de IRC. Para deduzir, subtraem-se as despesas
aos lucros (contabilidade organizada), podem também ser deduzidos benefícios fiscais se
existirem. Após aplicar as deduções e as taxas vamos ter a colecta, e como no IRS, também aqui
há deduções à colecta. No artigo 90º nº2 do CIRC verifica-se que o que se vai deduzir à colecta
são por exemplo: os créditos por dupla tributação internacional, deduzir alguns benefícios
fiscais que são aplicáveis à colecta etc
Nem todas as pessoas colectivas são lucrativas, há entidades não lucrativas, como por
exemplo as Associações de Estudantes ou as Fundações Públicas. Estas entidades não têm
propósito de gerar lucro, mas a verdade é que precisam de ter alguma fonte de rendimento para
se sustentarem e prosseguirem os seus fins. Nas associações de estudantes, por exemplo, não se
visa arrecadar dinheiro para distribuir pelos associados mas sim defender os interesses destes.
Assim, as entidades precisam de fundos/meios para seguir os seus fins.
As necessidades financeiras das entidades não lucrativas acontecem de três formas:
3) Iniciativas próprias que geram dinheiro Eventos vendas etc que gerem lucro à
entidade
A questão que agora se coloca é se estas entidades sem fins lucrativos são ou não
tributadas em sede de IRC.
O artigo 10º do CIRC diz que este tipo de entidades está isenta108 de IRC, o que significa
que não pagam em certas situações/certas coisas, isto quer dizer que à partida há uma norma
de incidência, quer dizer que as entidades vão ser tributadas, pois as isenções são normas
do tipo excepcional, logo isso quer dizer que tem de haver uma norma normal, o que leva a
concluir que estas entidades são tributadas e há é excepções.
As Entidades Não Lucrativas são tributadas, mas além das isenções têm uma forma de
determinação da base tributável que é diferente da das Entidades Lucrativas.
Do artigo 3º resulta que o IRC incende sobre o lucro das sociedades de comercias, mas
da b) resulta que as entidades não lucrativas são tributadas.
107
Até aqui estivemos a olhar à pessoas colectivas lucrativas em particular. O CIRC divide-se em duas partes:
Parte A: Tributação das entidades lucrativas. Parte B: Tributação das entidades não lucrativas.
108
É preciso é ver em que medida está isenta
As entidades lucrativas são tributadas pelo lucro, as não lucrativas são tributadas
pelos incrementos patrimoniais bem como pelo rendimento global corresponde à soma
algébrica dos rendimentos das diferentes categorias consideradas para efeitos de IRS. Ou
seja, no fundo há uma parte do IRC que vai beber ao IRS. Temos depois algumas regras a ter em
atenção nos artigos 53º e 54º do CIRC.
Isto é assim por uma razão algo intuitiva: não é possível, à partida, tributar uma entidade
não lucrativa pelo seu lucro, isso seria contraditório obviamente.
Além de tudo isto ainda temos o argumento do artigo 104º n2 da CRP diz que a
tributação das empresas incide sobre o valor do seu rendimento real, é o próprio legislador
constitucional que não vem traçar uma diferença entre os dois tipos de pessoa colectiva.
A verdade é que olhando para o resto dos países do mundo o que vemos é que as
entidades não lucrativas têm um regime completamente diferente do das entidades lucrativas,
isto é assim porque as entidades sem fins lucrativos estão muitas vezes a desenvolver fins do
Estado Social, isto é, a proteger e a prosseguir os interesses colectivos da sociedade.
Isto justifica desde logo o porquê de estas entidades muitas vezes receberem subsídios
do Estado e estarem isentas de pagar impostos, visto que em parte estão a seguir fins do Estado,
beneficiando o Estado, desonerando o Estado de prosseguir essa determinada finalidade.
Por isso é que faz sentido o Estado apoiar estas entidades.
Para efeitos de IRS o que vimos109 é que se um contribuinte fizer um donativo para
entidades que em termos de formas e fins estão previstas no artigo 62º e seguintes do EBF
pode deduzir isso à colecta. Como vimos só se pode deduzir até 25%.
Para efeitos de IRC o que o legislador fez foi seguir um entendimento cínico desta
matéria, porque se dar donativos traz benefícios para as empresas que o fizeram é muito óbvio
que as empresas grandes, como as multinacionais, quando fazem donativos façam com que estes
sejam muito publicitados, pois assim os clientes dessa empresa ao saberem que essa empresa
participa em atividades solidárias sentem que estão eles próprios a contribuir para essa
solidariedade, para essa causa maior, ou seja o facto de a entidade fazer donativos em muitos
casos apresenta mais benefícios para as empresas que a publicidade. De acordo com o artigo
62º do Estatuto dos Benefícios Fiscais são considerados custos ou perdas do exercício os
donativos até ao limite de 8/1000 do volume de vendas e/ou prestação de serviços no exercício,
podendo aquele custo ser considerado em valor correspondente a 140% do donativo, quando se
destina exclusivamente à prossecução de fins de caráter social, a 120%, se destinado a fins de
caráter ambiental, desportivo e educacional, ou a 130% do respetivo total ao abrigo de contratos
plurianuais celebrados para fins específicos
1) Aceitou que os benefícios feitos para entidades não lucrativas fossem dedutíveis para
efeitos fiscais
109
Ver casos práticos.
2) Por outro lado, o legislador acaba por majorar custo, ou seja dá um benefício fiscal a
quem fizer donativo: exemplo se eu doar 100, é ficcionado que fiz um donativo de 140
para efeitos de dedutibilidade. Com isto quer-se incentivar os particulares a fazerem
donativos. Uma empresa que efetue donativos sem contrapartidas às entidades públicas
ou privadas referidas poderão receber uma majoração de 20% a 50% do custo, para
determinação do seu lucro tributável. Se a empresa concedeu apoios ao regime do
mecenato num valor total de 140 mil euros, ela pode inscrever um total de encargos
entre os 168 mil euros (20%) e os 210 mil euros (50%), reduzindo-se o lucro tributável.
O nº3 do artigo 10º vem proteger situações em que sobre a capa de uma Entidade Não
Lucrativa temos na verdade alguém a tentar a acumular excedentes, isto é, tirar algum lucro. Das
alíneas deste número pretende-se no fundo limitar estas situações.O artigo 11º dá nos também
uma isenção, a diferença para o artigo 10º é que este artigo dá uma actividade que não precisa
de reconhecimento expresso, têm uma isenção automática.
IVA
3) O Comerciante vai entregar o IVA ao Estado da diferença entre o que o cliente lhe
pagou e o que ele suportou.
4) O sujeito passivo neste imposto é por isso o comerciante apesar de o IVA ser
suportado não só por ele mas como pelos clientes do comerciante.113
Incidência
110
Valor acrescentado bruto é o resultado final da atividade produtiva no decurso de um período determinado.
111
Veremos isto melhor, mas o contribuinte não vai poder exigir sem mais o dinheiro de volta, far-se-á uma
compensação na maioria dos casos.
112
De maneira geral é o imposto em que o operador económico liquida IVA aos seus clientes e suporta IVA nas
compras que faz. Liquida e deduz este IVA, e entrega a diferença ao estado.
113
Ver Relação Jurídica Tributária neste caderno.
Para aplicar IVA temos que verificar se estão preenchidos todos os requisitos do artigo
1º nº 1 a). Se todos os requisitos estiverem preenchidos temos sujeição ao IVA, há incidência.
Mas, lá por haver incidência não quer dizer que haja tributação efectiva, podem haver
isenções como já vimos que acontece noutros impostos também aqui as temos. Se operar uma
qualquer isenção não vou ter tributação efectiva, se não operar nenhuma isenção então aí vou
ter tributação e como é que tributo? Aplicando uma taxa de IVA correspondente ao valor
tributável. E vou tributar o IVA relativo a dada transacção.
Os requisitos do nº1 a) são termos: 1) Transmissões de bens ou prestações de serviços a
título oneroso; 2) Realizada em território nacional; 3) Realizadas por um sujeito passivo de IVA,
agindo enquanto tal.
114
Importações feitas a partir de outro estado-membro da União Europeia
115
Isto está no nº2 por duas razões: por um lado, porque quanto a estes bens posso ter dúvidas que sejam
bens corpóreos ou incorpóreos e o legislador quer esclarecer, e por outro lado, estão aí por tradição histórica.
116
Ver também artigo 3º nº3 c)
117
Se não é transmissão é prestação, e aqui temos uma categoria residual no IVA no fundo.
118
Diga-se a parte da Constituição Portuguesa que trata da fiscalidade.
Mas há muitas excepções a estas 2 regras gerais: No nº7 e no nº8 temos duas
normas simétricas com várias excepções. Exemplo 1: serviço de avaliação de um
imóvel em Cabo Verde contratado por contribuinte português em Portugal, o
adquirente dos serviços está em Portugal e a empresa também. Não conta o local
onde está o imóvel artigo 6º nº7 a). Exemplo 2: empresa inglesa faz avaliação de um
imóvel no Algarve e presta esse serviço a um cliente francês. Aqui temos de aplicar o
artigo 6º nº 8 a). Como é que se aplica o IVA em Portugal? Quem tem que entregar o
IVA ao estado português e como? Nestes casos, em que no fundo uma prestação de
à à à à
119
patentes,
120
Por exemplo consultoria
121
Exemplo pagam para ficar quieto, por exemplo, combinações de não concorrência
D à à à à B B
122
D à à à à B C à
123
serviços está localizada em Portugal, mas não tenho cá o prestador e muitas vezes,
nem o adquirente, o CIVA dá 3 soluções:
Mais, sabemos que Portugal tem diferentes jurisdições em matéria fiscal, quer dizer
existem diferentes taxas de IVA na Madeira e nos Açores. Como é que então
localizo? Existe um diploma próprio sobre isto, que é o Decreto-Lei 347/85. Este
diploma só tem uma coisa que nos interessa neste momento do estudo que é uma
norma que diz que quando se trata de saber se uma operação está localizada
no território continental português, na Madeira ou nos Açores aplico
exactamente os mesmos critérios que aplico quando se trata de saber se uma
operação está localizada em Portugal ou fora do país. Portanto, se tenho uma
transmissão de bens ou prestação de serviços entre as regiões autónomas e o
território continental vou aos critérios que acabámos de ver e é isso que vai
decidir. Isto porque as regiões não têm as mesmas taxas que o Continente nem
entre elas. Exemplo 1: A telefona para a ilha de S. Jorge e encomenda queijo. Isto é
uma transmissão de bens, o queijo é um bem corpóreo. Aplicam-se as taxas dos
Açores ou as taxas do território nacional? Artigo 6º nº1, houve transporte que
começou no Açores, logo aplica-se as taxas dos Açores. Não haverá alguma
circunstância em que possa comprar queijo da ilha de S. Jorge com as taxas do
continente? Sim, pelo 6 nº1 se o queijo estiver num supermercado do território
nacional e for lá comprado. Exemplo 2: empresa de Lisboa faz avaliação de um
imóvel no Funchal para um cliente do Porto. Artigo 6º nº8 a), é tributável com as
taxas das prestações de serviços da Madeira pois é la que está o imóvel.
3) Realizadas por um sujeito passivo de IVA, agindo enquanto tal - Aqui podemos
falar em incedência subjectiva também: Nem todos somos sujeitos passivos de
IVA. A definição de sujeito passivo de IVA está no artigo 2º. O mais importante no
124
Não era o que tínhamos neste exemplo 2
1. Artigo 1º
No artigo1º a) vamos ver uma série de pressupostos necessário para que haja aplicação
do IVA, já aqui falámos deles nas páginas anteriores, sendo nomeadamente:
1)Transmissão de bens este conceito vem tratado no artigo 3º, do qual retiramos que
estamos perante uma transmissão de bens quando temos uma transferência onerosa de bens
corpóreos por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade. Exemplo: Contrato
de locação/venda dividido em 12 prestações mensais, com o pagamento da ultima prestação dá-
se a transmissão da propriedade. Há entrega logo ao inicio, e considera-se que há IVA,
transmissão de bens, no momento da entrega. Mas sobre que valor? Sobre o valor total, o valor
de todas as prestações. Há algum caso em que temos tributação sobre uma transmissão gratuita?
Em princípio não são tributáveis, visto que não há valor acrescentado. Mas, há exceções,
nomeadamente: Artigo 3º nº3 alínea f), neste artigo, o código diz que à partida vamos
equiparar isso a uma transmissão onerosa para prevenir a fraude, mas depois temos uma
excepção a esta equiparação no nº7, se a oferta não exceder 50 euros, valor unitário, se o
conjunto das ofertas não ultrapassar 5 por mil do volume de negócios, então não vale essa
equiparação.
Ou prestação de serviços artigo 4º diz que são prestação de serviços, as operações
efetuadas a título oneroso que não constituam transmissão de bens, aquisições
intracomunitárias ou importação de bens.
2)Titulo oneroso
3)Território Nacional Neste aspecto releva como aqui já vimos o artigo 6º do CIVA, e
temos caminhos diferentes a seguir consoante estejamos perante uma transmissão de bens ou
uma prestação de serviços:
4)Sujeito passivo de IVA agindo como tal Artigo 2º nº1 alínea a), esta divide-se em
duas partes como também já tivemos oportunidade de ver:
a)Ou se trata de um acto isolado em Portugal, mas tem conexão com uma
actividade fora do país
b)Ou então não tem nenhuma conexão com actividade fora do país e há sujeição
a IVA, se for sujeito também a IRS.126
2. Isenções
O artigo 9º Trata das isenções nas operações internas. Neste artigos encontramos
isenções com dois tipos fundamentos:
1)Isenções com fundamento social, em que se isenta no IVA para se baixar o custo de
um serviço ao consumidor final, para garantir um acesso universal a certos tipos de serviços.
2)Isenções com fundamentos de ordem técnica, como acontece por exemplo nas
operações financeiras, estão isentas de IVA, porque o cálculo do valor acrescentado em
126
Nós aqui estamos a dizer que há incidência de IVA se houver incidência de IRS, apesar de haver isenções e as
isenções para efeitos de IRS estas não funcionam nos mesmos plafons que para efeitos do IVA.
operações financeiras pode ser extremamente complexo. Como tal, a maioria dos países aplica
isenções estas operações financeiras de IVA, e aplica-se a estas um imposto diferente, em
Portugal aplica-se o imposto selo. 127
Isto pode ser vantajoso ou prejudicial para o sujeito passivo, daí que no artigo 12º do
Código se permita a renúncia à isenção, em certos casos. Isto pois deste modo o sujeito diz que
prefere liquidar IVA para poder ter direito de deduzir o IVA que suportou nas suas compras.
As isenções que encontramos neste artigo 9º são tendencialmente objectivas, isto é, é
a operação que está sujeita independentemente do sujeito que a realiza. Tendencialmente
estamos a isentar operações por si, não olhando ao lado subjectivo.
Depois temos o artigo 53º do CIVA. Esta isenção é tendencialmente subjetiva, isto é,
desde que o sujeito passivo preencha determinados requisitos apresentados no artigo em
questão está isento, independentemente das operações que realize. Este artigo fala de pequenos
contribuintes, não realizam operações internacionais e têm um volume de negócio mais
pequeno. Esta isenção é uma isenção simples, ou seja, quem está neste regime de isenção não
liquida e não deduz, é por isso que vemos nos artigos seguintes que é possível renunciar à
isenção.
3. Valor Tributável
Se operar isenção, não há liquidação de IVA, se não operar, vamos liquidar Iva. Como é
que fazemos isso?
Aplicamos a taxa de IVA ao valor tributável. Qual o valor tributável para efeitos de
Iva? Temos de olhar ao artigo 16º, é o valor da contraprestação obtida ou a obter do
adquirente, do destinatário ou de um terceiro. O que importa é que haja um preço, e que esse
seja pago, se é pelo próprio adquirente do bem ou serviço ou por terceiro, não faz diferença.
Contraprestação obtida ou a obter põe-se em causa o a obter por exemplo se um
vendedor passou a factura, mas adquirente não paga durante meses, está o vendedor obrigado a
entregar o IVA? Isto basicamente para perguntar se o IVA é devido com a factura ou com o
recebimento? É devido com a factura. No IVA o estado não corre o risco do incumprimento,
quem corre o risco é o sujeito passivo, o vendedor no caso do exemplo dado. Se emitiu fatura
à partida está obrigado a pagar o IVA, claro que depois há esquemas para os casos em que o
vendedor não recebeu do comprador, verificados certos pressupostos, em que se pode recuperar
127
Neste artigo 9º reparamos que via de regra o que temos como isenção são prestações de serviços, e não
transmissões de bens. As transmissões que temos geralmente estão conexas com prestações de serviços.
a) Artigo 16 nº2 As alíneas deste número aplicam-se, por exemplo, aos casos em que
há uma operação gratuita, mas apesar disso o código do IVA diz que está sujeita.
Quando se faz isso temos de ficcionar um preço, dizem que vamos olhar ao valor
normal do serviço, ao custo de aquisição de um bem e pôr o IVA por cima apesar de
não ter sido pago efectivamente nenhum preço.
b) Artigo 16º nº5 a) Diz que o valor tributável em sede de IVA engloba todo o preço,
que já resulta do nº1, mas engloba ainda o valor que se vai pagar de impostos que
incidam sobre o bem ou serviço. Exemplo: Impostos especiais sobre o consumo,
por exemplo garrafa de whisky, o valor tributável para o IVA é o preço do whisky +
imposto sobre álcool e bebidas alcoólicas. Exemplo 2: Se comprar um automóvel eu
pago o preço do carro, imposto sobre os veículos, e por cima disso tudo IVA, as taxas
de IVA aplicam-se ao valor do imposto sobre veículos além do valor do preço.
Portanto, há imposto sobre imposto. O IVA é o último imposto a ser aplicado. Neste
nº5 estamos a falar de elementos que não integram rigorosamente o preço, a
contraprestação de um bem ou serviço, mas que estão incluídos no valor tributável.
c) Artigo 16º nº6 Temos elementos, valores que integram o preço, mas apesar disso
retiramos do IVA. Por exemplo: Alínea d), casos em que vamos comprar botijas de
gás, temos uma embalagem, pagamos um valor a título de caução e quando devolvo
ao comerciante recupero aquele valor, tudo isto é preço, mas há uma componente
que fica excluída porque é uma embalagem que se destina a ser devolvida.
Portanto, na esmagadora maioria dos casos o artigo 16º não tem especialidade, isto
é, vou ver o preço do bem ou serviço, e para calcular o IVA põe-se uma taxa por cima
desse preço.
4.Taxas do IVA
Artigo 18º do CIVA e as subsequentes listas que nos permitem determinar qual é a taxa
aplicável no caso concreto. Há 3 taxas de IVA e temos taxas diferentes consoante o território seja
continental ou ilhas:
Como é que sei se um bem ou serviço está sujeito à taxa reduzida, intermédia ou normal?
Vou ver às listas. As regras da Lista I e Lista II são excecionais, a taxa normal é 23%, portanto
nunca faço uma interpretação extensiva ou aplicação analógica destas regras, pois são
excecionais. Importante ter noção que estas listas valem para todo o país, incluindo açores e
Madeira, as listas são iguais, só o valor das taxas é que muda nas regiões autónomas.
Exemplo: Esparguete, está na Lista I no 1.1.4 a taxa é por isso 6%. Raviolli não está nas
listas, por isso 23% de taxa sobre o preço. Se eu comprar os raviolli no supermercado pago 23%
de IVA, se comprar esparguete pago 6%. Se for comer raviolli ao restaurante 13% Lista II Verba
3.
Aplicamos as taxas ao valor tributável, que por via de regra é o preço, e vou obter o Iva
que incide sobre determinada operação. O IVA é um imposto em que aquilo que um sujeito
passivo entrega ao estado é uma diferença de valores: IVA que se liquido aos clientes - IVA
que eu suporto nas compras que faço = IVA a entregar.
Não interessa calcular apenas o IVA de cada transacção, eu tenho no final do mês ou no
final do trimestre que fazer este apuramento do IVA. Basicamente somamos o IVA liquidade, e
vejo qual é o IVA suportado. Esta é a regra, mas há algumas especialidades:
a) Artigo 19º - este artigo está a falar das operações passivas, de compras. Está a dizer
que se eu sou sujeito passivo de IVA, o que à partida vou poder deduzir é o IVA que
suportei nas compras que fiz a outros sujeitos passivos. Se os meus fornecedores
liquidaram IVA a mim, à partida isso é dedutível.
b) Artigo 20º - Pode-se deduzir o IVA suportado nas compras, mas apenas se essas
compras tiverem sido feitas para depois se realizar uma actividade também para IVA.
Nº1 Alínea a), por exemplo, se um comerciante suportou IVA nas suas compras,
pode deduzi-lo se tiver uma actividade em que liquida IVA e não está isento. É deste
artigo que resulta a noção de isenções simples que já referimos aliás: Se tiver uma
actividade isenta não liquido, então também não deduzo.
Se no final do mês ou trimestre tiver mais IVA dedutível do que liquidado, então não
pago IVA, e obtenho uma posição de crédito sobre a fazenda publica, não há um reembolso
imediato, esse valor vai rolando para os meses seguintes ou trimestres, e se ao fim de certo
período se mantiver a posição de crédito, aí sim se pode pedir o reembolso ao estado, ou
então, se o valor for superior a 10 mil euros posso pedir de imediato o reembolso.
Do artigo 19º e 20º resulta que à partida desde que eu tenha uma actividade em que
liquido IVA nas minhas vendas, eu posso deduzir o IVA suportado nas minhas compras, mas o
artigo 21º depois vem introduzir excepções: Vem dizer que há certas compras, que mesmo
que tenham sido feitas no âmbito da actividade, em que se liquide IVA, apesar disso não são
dedutíveis.
Que tipo de despesas temos no art.21º? Automoveis, combustíveis, restauração,
despesas de luxo etc Estas despesas têm todas em comum, o facto de não ser possível serem
totalmente imputadas ao exercício da actividade, é impossível fazer a dissociação entre o
que é a utilização para a actividade e o que é a utilização para o uso pessoal. Há certo tipo de
bens e serviços que é quase impossível distinguir entre a esfera pessoal e esfera empresarial,
então a lei diz que quanto a esses bens e serviços não se deduz o IVA ou só se deduz
parcialmente.128 Por isso, no que toca às compras temos de as ver uma a uma para ver se são
dedutíveis ou não.
128
Se a despesa nada tiver a ver com a actividade, então nem chegamos ao 21º, caímos logo no 20º.
Outras Considerações
O artigo 2º nº2 diz-nos que via de regra o estado é sujeito passivo, mas este artigo vem
dizer que, no entanto, não é sujeito passivo se estiver a realizar as operações no exercício dos
seus poderes de autoridade, no fundo se estiver a usar ius imperii não será sujeito de IVA, é
necessário que a não aplicação do IVA não gera distorções de concorrência, ou seja não se pode
usar ius imperii para prejudicar os particulares.
1) Artigo 4º nº2 b) Temos uma prestação de serviços pela sociedade, a titulo gratuito,
em beneficio de um dos sócios.
2) Artigo 16º nº 2 c) Temos uma prestação a titulo gratuito, não haveria
contraprestação, mas o CIVA ficciona que há, diz que é o valor normal tributável é o
do serviço.
3) Artigo 37º nº1 e nº3 - Isto quer dizer, quando compramos um bem ou serviço é
emitida uma fatura onde consta o preço, e por cima desse o Iva. O nº3 tem uma
exceção, vem dizer que quando uma operação é gratuita a repercussão do IVA é
facultativa. Portanto, o serviço pode ser gratuito e pode-se exigir os 23% do IVA, ou
então suporto o Menezes os 23% e entrego ao estado.
Então isto significa que as rolhas de cortiça saem de Portugal com IVA por cima do
preço?
O artigo 14º nº1 a) diz-nos que uma vez que as rolhas são transportadas para fora da
comunidade pelo vendedor, estão isentas de imposto, não há IVA.
Quando chegam à Africa do Sul o que é que acontece na rolha? O artigo 1º do CIVA diz-
nos que há iva nas operações internas, mas também nas importações e nas aquisições
intracomunitárias. Na importação também temos IVA, se a África do Sul tiver um imposto
idêntico ao nosso IVA, e tem, o que acontece é que quando as rolhas chegam à África do Sul eles
liquidam o IVA na importação. Isto é, as rolhas saem de Portugal sem IVA, e quando chegam lá,
eles aplicam a versão do IVA que têm no país.
Então o vendedor destas rolhas exporta para a Africa do Sul, não aplica o IVA, mas este
vendedor, por sua vez, há de ter tido vários gastos e este IVA é suportado nas contas do
fabricante, é dedutível ou não?
A regra que resulta do artigo 19º e 20º, como já vimos, é que posso deduzir todo o IVA
suportado nas minhas compras, se essas se destinarem à realização de operações sujeitas a
imposto e não isentas. Se eu não liquido IVA para exportação, será que posso deduzir o iva que
suportei nas minhas compras, há dedução mesmo com isenção?
Artigo 20º nº1 b I), apesar de não haver liquidação do IVA, e haver uma isenção, o IVA
suportado é dedutível. Temos aqui uma isenção completa.
Artigo 14º nº 1 alínea r) tem uma isenção para transportes de passageiros aplica-se
apenas aos transportes internacionais ou também dentro do território português? Diz que
também se aplica a transportes com destino às regiões autónomas e ainda o transporte de
pessoas efetuado entre as ilhas naquelas regiões. Exemplo: Voo dos açores para a madeira
onde é que é localizada a prestação? Quando se trata de localizar uma prestação uma operação
nas regiões ou no continente, aplicamos os mesmos critérios que estão no artigo 6º para saber
onde é que uma operação se considera localizada em Portugal ou fora do país. Por isso: Como
temos transporte de passageiros será 6º nº7 b) ou 6º nº8 b), se aplicar estas regras, então
quando o voo sai dos açores para a madeira, enquanto sobrevoa o espaço aéreo dos açores Iva
dos açores. Na distância percorrida do espaço aéreo da madeira, iva da madeira. Artigo 18º nº3
taxas de IVA diferentes nos Açores e Madeira. Se aplicássemos estas regras de localização do
artigo 6º nº 7 e 8º b), teríamos de partir o voo ao meio, como isto é impraticável, temos o
artigo 14º que isenta.
129
Ver caso prático do É Fruta ou ò Chocolate.
Uma das dificuldades do contencioso tributário é que acaba por ter normas espalhadas
numa multiplicidade códigos. Quando falo de contencioso civil sei que este se encontrará
predominantemente no Código Processo Civil. No contencioso tributário, existe um grande
multiplicidade de informação espalhada que faz com que não nos foquemos num ou dois
diplomas legais, desde logo temos: CRP; LGT; CPPT; ETAF; CPA; RCPITA; CIRC; CIRS; CIS; CIVA;
CIMT; CIMI; RGIT; CMOCDE entre outros, Hoje em dia, na sua maioria, as normas só fazem
remissões para o regime regra que está no CPPT130. Se tivermos uma questão de contencioso
não nos podemos bastar no entanto com a consulta do CPPT porque provavelmente existirão
normas que estão noutros códigos específicas relativamente ao imposto que está em causa.
Os artigos 95º e 97º da LGT vêm antecipar que não tenho apenas um meio para
efectivar os meus direitos e os meus interesses.
O artigo 55º da LGT fala sobre o procedimento tributário e dos princípios que deve
respeitar. A autoridade tributária, na verdade, em muitos casos ocupa mais do que um papel. Se
por um lado, a autoridade tributária é por vezes chamada a decidir litígios, ou seja existem meios
procedimentais, posso apresentar uma reclamação graciosa131 contra o acto de liquidação. Se
tiver um acto de liquidação do imposto, assumindo que tenho uma liquidação de IRS e está em
causa a aplicação de um coeficiente específico do regime simplificado e, assumi que o coeficiente
era 0,35 e a autoridade tributária assumiu o coeficiente de 0,55. Ora, uma das formas de reagir é
precisamente a reclamação graciosa. A autoridade tributária pode então ser chamada a decidir
litígios, se fizer uma reclamação graciosa ela vai ser decidida.
130
Código de Procedimento e de Processo Tributário
131
Um dos meios de defesa possíveis.
Em suma, por um lado tem uma função de angariar mais receita, mas por outro lado
também vai ser chamada a decidir.
Sem prejuízo dos princípios, a autoridade tributária depende do órgão que por
excelência decide os litígios dos particulares, o Tribunal. Portanto, a forma como eles reagem às
acções tem esta premissa em vista. O que significa, que do ponto de vista jurídico se estivermos a
falar de situações muito controversas, a autoridade tributária não vai poder decidir.
Por outro lado, quando estamos a falar de situações em que o valor do imposto é
reprovado, a autoridade tributária por ventura não poderá decidir. Se estamos a falar de uma
liquidação de milhões, muitas vezes, a autoridade tributária pode ter dificuldades em decidir.
Isto é, tem dificuldades na medida em que provavelmente não vai decidir a favor do particular
porque não quer abrir mão dessa receita, há uma questão de imparcialidade
Ou seja, a autoridade tributária tem sempre a obrigação de decidir. Então os artigos 56º
e 57º são muito importantes.
132
Ver matéria de Direito Administrativo
Em face de uma actuação da autoridade tributária, uma das principais questões é: quais
são os meios próprios para discutir da legalidade e quais são os meios próprios para discutir a
exigibilidade. O que é que isto quer dizer? Uma coisa é dizer que certa liquidação é ilegal, outra
coisa é dizer que a liquidação é legal, mas não pode exigida a certa pessoa.
Se a liquidação não é supostamente legal temos quatro meios mais comuns para fazer
chegar a ilegalidade a um julgamento:
Se a liquidação for legal mas não supostamente exigível: Se quiser pôr em causa a
exigibilidade da dívida tenho que apresentar uma oposição à execução (30 dias). É muito
importante saber o meio que tenho que utilizar porque se tiver que vir discutir a exigibilidade,
mas me tiver enganada e apresentar um meio de discussão da legalidade, porventura posso
perder o direito.
Como é que isto funciona? Uma liquidação de imposto pode ser feita por vários modelos
diferentes, podemos ter uma auto-liquidação, em que o próprio contribuinte apresenta e faz a
sua liquidação, o que pode acontecer é que o contribuinte verifique que se enganou e quer usar
um meio de garantia para corrigir a situação.
Podemos também ter uma inspecção por parte da autoridade tributária que leva a
que seja preciso recorrer aos meios aqui falados. As inspecções podem ocorrer de duas formas:
2) Inspector externo.
133
O estado vai coercivamente fazer-me pagar o imposto.
Mas, se o que estiver em causa for a exigibilidade da dívida, se procedermos ao pagamento, como
vamos fazer extinguir a execução fiscal, já não vamos conseguir mais discutir se a dívida é ou não
exigível Portanto, realmente a primeira decisão a tomar é pagar ou não pagar. Se pagar não há
execução. Se não pagar vou ter uma execução. Mas tenho um meio-termo, ou seja, não pago, mas
presto uma garantia, esta é uma outra opção, no sentido de impedir a coercibilidade. Quais são
os elementos aqui a ter em consideração? A prestação de uma garantia é cara, a garantia pode
ser uma garantia bancária ou um outro bem qualquer que a autoridade tributária tem que
aceitar. Geralmente, o que acontece nestes processos é a prestação de uma garantia bancária. A
garantia bancária é dada pelo valor do imposto a somar 25% desse valor e a somar juros, ou seja
uma garantia bancária exige ainda assim algum esforço financeiro. Quais é que são as vantagens
e desvantagens? Se fizer um pagamento integral e ganhar, a autoridade tributária vai ter que me
pagar juros indemnizatórios. Ou seja, há quem considere às vezes fazer o pagamento do imposto
um bom investimento. As taxas de juros são baixas, por isso, se uma determinada empresa tiver
uma liquidação e poder pagar imediatamente o imposto vai discutir depois a questão com o
tribunal ou com a autoridade tributária, se ganhar, a autoridade tributária é obrigada a
reembolsar o imposto mais 4% ao ano. Por outro lado, essa entidade pode precisar do dinheiro
para fazer investimento. Portanto, é importante perceber se estes 4% estão acima da taxa de
rentabilidade ou se estão abaixo. Se a rentabilidade de dada sociedade é de 20%, estar a adiantar
aquele capital que porventura vai impedir que a sociedade faça investimentos, é um mau
investimento.
Se for prestada garantia, já não vou receber o reembolso do dinheiro com juros. O
mesmo se diga de não pagar. Se não pagar, vou ter muitos incómodos porque a autoridade
tributária é muito rápida a fazer execução coerciva. A autoridade tributária vai instaurar uma
acção de execução fiscal muito rapidamente. Se não paguei vou eu ter que pagar juros de 4%, são
os juros compensatórios.
3) Apresento defesa e presto uma garantia - o processo executivo fica suspenso. Suspenso
porque a garantia não significa que o imposto fica pago, significa que a autoridade
tributária tem meios dos quais se pode socorrer no caso de ganhar o processo. Se ganhar
o processo, vai executar a garantia e à partida o processo executivo também vai ficar
extinto.
Outro factor de ponderação na escolha do meio é o tempo médio que cada um demora a
ter o seu efeito, aqui há que facturar também a média e susceptibilidade dos recursos das
decisões que se tomarem, na impugnação judicial poderá acontecer que a decisão seja recorrida
e recorrida demorando muito mais tempo que outro meio. Claro que há outros meios que são
mais rápidos mas em regra geral irrecorríveis o que faz com que sejam como apostar a moedas
todas numa casa se perdemos perdemos definitivamente
134
Como inspecções ou erros, ver páginas anteriores.
135
Presumindo que as férias são de 20 de dezembro a 3 de janeiro.
131º 132º e 133ºdo CPPT 136. O mesmo se diga no caso das taxas, onde é preciso começarmos
pela reclamação e também não temos vários meios à escolha.137
136
Código do Procedimento e Processo Tributário.
137
Referir que o CAAD (centro de de arbitragem administrativa) tem o seu escopo de atuação limitado em
alguns casos. Do ponto de vista do Estado pode este vincular-se ao CAAD através de uma portaria, em que diga
que pode submeter os seus litígios ao CAAD mediante certas condições, exemplo: eu estado, submete os meus
litígios ao CAAD quando: 1) os litígios não tenham um valor superior a x e 2) não incidam sobre matérias a, b e
c, e pode ainda fazer algumas considerações: 3) nos à à à à à à à à à à à à à à à
de ser constituído por z membros com w características.
Hipóteses Práticas
Ilegalidade Tributária138
Na hipótese temos um imposto que passa ser fixado com base em vários critérios, o
valor objectivo a localização e em especial e para o que interessa nesta hipótese é outros
factores relevantes em que basicamente a lei remete para portaria esse critério que
determinará um valor x ao qual posteriormente será aplicada uma taxa entre 0,8 a 1,0%. Poderá
ser assim? O princípio da tipicidade exige que a lei seja especifica, determinável, até que ponto?
O princípio da tipicidade como vimos na última aula existe para proteger os contribuintes para
que estes possam olhar para a lei (o Decreto-Lei autorizado) e saberem o que vão ter de pagar,
aquilo com que podem ou não contar, de modo a que haja certeza e segurança jurídica. Por isso
dar um cheque em branco com outros factores relevantes a uma portaria será contra o
princípio da legalidade139.
Mas será que isto é sempre assim? Será absoluto que uma Lei não possa remeter para um
diploma infra-legal, isto é, até que ponto é que a lei tem de ser determinável, irá a reserva de lei
parlamentar ir tão longe ao ponto de nenhuma portaria poder tratar do sistema fiscal? Hoje em
dia os impostos e as relações fiscais que existem são altamente complexas e susceptíveis da
necessidade de mudança muito rapidamente dada a económica que hoje temos, e por isso
remeter para diplomas infra-legais como as portarias tornaria o processo de mudança mais
rápido, o que podemos exigir é que o que o Princípio da Legalidade exige é que seja possível a
determinação dessas mudanças. Como já vimos na aula anterior isto acontece com o artigo 112º
do Código do IMI e o Tribunal Constitucional não considera o preceito inconstitucional pois dá
uma baliza clara e objectiva acerca da possibilidade dessa mudança. Neste caso prático temos,
num segundo momento, a referência a uma taxa de 0,8 a 1%140. A lei remete de novo para
portaria, mas desta vez dá um critério objectivo e balizando determinadamente um intervalo de
valores para o qual a Assembleia Municipal poderá escolher um valor para a taxa. Neste caso a
taxa não está a ser fixada pela Assembleia da República há uma derrogação do Princípio da
Legalidade pelo Princípio da Autonomia Local.
A Federação dos Municípios queria que o intervalo fosse entre 0,5% a 5% e isto coloca
outra questão, que se percebe com o exemplo absurdo seguinte: e se em vez de 0,5 a 5% a
Federação quisesse entre 1% a 99%, isto ainda seria permitido? Não. Em casos como esse e
talvez como o do intervalo [0.5, 5.0] será um intervalo demasiado grande. Uma derrogação ao
Principio da Tipicidade não pode ser tão violenta devendo seguir o Princípio da
Proporcionalidade, pois num cenário de [1%,99%] teríamos na prática um controlo absoluto da
Assembleia Municipal sobre o imposto violando o Princípio da Legalidade. É preciso por num
prato da balança o Princípio da Legalidade e no outro o Princípio da Autonomia Local. O mesmo
138
Página 15 dos Casos Práticos de Direito Fiscal de Sérgio Vasques 2ª edição. Vamos usar este livro nas
hipóteses práticas deste caderno.
139
Vulgo Princípio da Tipicidade
140
Primeiro vimos o primeiro problema à cerca da legalidade da remissão sobre x. Vimos que o valor x não
à à à à à à à à à à à à à à à à à
possibilidade da taxa sobre esse x poder ser ou não definida por portaria. São no fundo duas questões
diferentes: uma é acerca do valor x outra é sobre a % que se vai taxar nesse x.
se pode dizer sobre a proposta de definir zonas degradadas onde o controlo seria quase todo
se não todo, do Município.
Grandes Expectativas
A primeira questão que devemos sempre ter presente ao resolver perguntas deste tipo é
a questão da competência. Neste caso o Governo só poderá tomar a medida que tomou no IRS
se tiver autorização da Assembleia da República, como é dito no artigo 165º nº1 i) da CRP.
Temos uma medida por parte do governo do agravamento da taxa do IRS em 2%. Para isto
acontecer temos de ter uma lei de autorização da Assembleia da República, como resulta do
artigo já referido da Constituição em conjugação com o artigo 103º nº2 que nos vem dizer até
que ponto é que esta reserva de lei abrange. Neste artigo lemos os vários elementos essenciais,
sendo que sempre que se legislar sobre um dos elementos dados terá de ser sob a forma de lei
(da Assembleia da Republica). O artigo 165º nº1 i) diz apenas criação e aqui temos uma
modificação ao IRS, contudo, é unanime tanto na jurisprudência como na doutrina que o artigo
deve ser lido de modo a interpretar-se com criação a modificação e extinção de impostos
Assumindo que houve de facto esta autorização é que passamos ao segundo ponto da questão.
Em segundo lugar temos de analisar se é constitucional ou não esta alteração. Neste caso
estamos perante uma retroactividade fraca, pois a lei vai aplicar-se ao rendimento que está a
ser angariado ainda no mesmo ano, isto porque o facto jurídico que se está a dar ainda não se
conclui. A retroactividade fraca não é permitida porque a constituição no artigo 103º nº3 ao
introduzir o Princípio da Proibição da Retroactividade não distingue entre fraca ou forte, por
isso a retroactividade de qualquer tipo está proibida. No entanto esta proibição não é absoluta,
pois como é um princípio podem haver outros princípios constitucionais que o derrogam no
caso concreto, como por exemplo o Princípio da Segurança Jurídica.
Neste caso concreto a lei aumenta, no mês de Outubro, 2% no valor que se terá de pagar
nesse ano e a justificação para isto foi o estado grave das finanças públicas nacionais que
poderá, ou não, justificar medidas também graves, o que é preciso ver é se estas medidas no caso
são proporcionais ao que se quer alcançar. Neste caso num prato da balança temos de por a
Proibição da Retroactividade e a Segurança Jurídica e no outro o Interesse Financeiro do Estado,
a Estabilidade Social e a Estabilidade Económica, vendo se estas medidas são necessárias,
adequadas e proporcionais em sentido estrito para alcançar a estabilidade económica nacional.
Além desta medida havia ainda uma outra medida sobre o IRC onde se aumentava este
imposto em mais 5% das receitas auferidas no ano anterior. Neste caso já estamos na
retroactividade forte, que como já vimos é também à partida proibida. Ao medir a
proporcionalidade das medidas não nos basta considerar se a retroactividade é forte ou fraca,
além da data em que a medida foi feita é preciso também ver o seu conteúdo, aqui podemos
dizer que além de no caso do IRS termos retroactividade fraca temos ainda que a medida de IRC
é de retroactividade fraca, além disso na primeira medida são apenas 2% e na segunda 5%,
podemos considerar que a medida do IRC é mais grave exactamente por isto. Além disto
podemos ainda considerar que o IRC é uma medida sobre pessoas colectivas e que 5% num
período de crise pode ser fatal para o negócio, mas por outro lado o IRS é sobre pessoa
singulares, vai afectar directamente as famílias e isso também pode ser tomado em consideração
ao medir a proporcionalidade da medida. Importa é abrir as hipóteses em casos como este pois
não há uma resposta preto no branco.
Para o Professor Sérgio Vasques não, pois a razão do 103º é proteger os contribuintes
e neste caso estamos a beneficiar os contribuintes. Logo por este 103º nº3 para o Professor
não há inconstitucionalidade.
Em quarto ponto na questão tínhamos um aumento da taxa do IVA em 5%. A lei surge
também em Outubro, há aqui algum problema de retroactividade? Não. Os factos sobre o qual o
imposto cai são factos instantâneos, ao contrário dos factos sucessivos como no IRS e no IRC, não
decorrem ao longo do tempo, isto é, consolidam-se instantaneamente. Isto faz com que
aumentar a taxa do IVA seja uma medida retrospectiva e não retroactiva, logo não coloca a
questão do 103º, mesmo que a lei que surja se aplique ao próprio ano em que surgiu.
Por último, no caso prático temos que o Decreto-Lei vem revogar uma isenção ao IMI que
os casais jovens tinham por dez anos após comprar um imóvel. Aqui não há um problema de
aplicação da lei no tempo, não há mais uma vez retroactividade, pois o Decreto-Lei só vem
versar sobre factos futuros. Contudo, este diploma vai ferir expectativas legítimas que o Estado
deu aos contribuintes com a lei anterior agora revogada. Isto viola o princípio da segurança
jurídica. Assim, esta medida não será inconstitucional pelo 103º mas pelo artigo 2º da CRP de
onde, entre outros artigos, se retira o Princípio Constitucional da Segurança Jurídica, e por
esse princípio é que poderemos defender a medida inconstitucional, pois viola legítimas
expectativas de forma grave.
Para começar, o caso diz que é criada uma contribuição que só é contribuição de nome
pois na realidade trata-se de um imposto a somar ao IVA incidente sobre certos bens. O
legislador pode chamar as coisas das mais diversas formas, por isso o que identifica se é imposto
ou contribuição é o facto de se dizer é a somar ao )VA logo é um imposto, há que olhar ao
tributo em concreto, saber se é contrapartida de alguma coisa (em vez de pagar 23% pago
73%), é unilateral, e sendo assim está sujeito ao 165º da Constituição logo o Governo precisa
de autorização.
O primeiro passo que devemos ver sempre a questão de competência, saber qual o
órgão competente e qual criou efectivamente a contribuição, neste caso o Governo só poderá
tomar esta medida mediante autorização da Assembleia.
De seguida tratamos da aplicação da lei no tempo. A retroactividade é, como já
sabemos, proibida pelo artigo 103º da Constituição. Há retroactividade nesta medida? Não.
Apenas há retrospectividade quanto muito. Se esta contribuição que é uma sobretaxa face ao
IVA se aplica, será para o futuro. Isto porque em relação ao IVA, tendo em conta que é um tributo
indireto aplicar-se-á nas transacções realizadas daqui em diante. Pelo que não haverá um
problema de aplicação da lei no tempo.
Em terceiro lugar releva falar da questão material de direito da medida. O imposto recai
sobre bens de luxo (carros, joias, viagens cavalos de corrida Assim por exemplo comprar
laranjadas a taxa seria de 23% mas no caso de viagens por exemplo seria de 73%. Assim as
questões que temos de levantar são se se diz que a taxa de IVA tem de ser diferenciada ou igual
para todos os bens? Quando se estabelecem a taxas elevadas para bens de luxo estou a derrogar
o princípio da igualdade? Quando estabeleço taxas agravadas para bens de luxo estou a obedecer
ao princípio de igualdade tributária ou a derrogá-lo? Capacidade contributiva: o que exige
relativamente as taxas de imposto? Que sejam iguais ou diferenciadas? Há uma divisão na
doutrina, mas hoje m dia o que se entende é que a capacidade contributiva se contenta com as
taxas iguais a 23% para todos os bens e serviços. Depois há o princípio de igualdade social que
ressalva o facto de nem todos terem o mesmo ponto de partida, tenho de distinguir ou
diferenciar tornando os impostos progressivos visando a distribuição da riqueza, entrando aqui
a ideia do controlo da proporcionalidade (adequação, necessidade e proporcionalidade s.e.). É
adequado, necessário e proporcionada esta diferenciação em prol de uma distribuição mais
justa. Assim, não há na questão material uma resposta clara dependendo das
considerações que fizermos. É no entanto de ter atenção que ao fazer a consideração sobre
isto o artigo 104º até exige que os bens de luxo sejam tributados mais pesadamente. No juízo de
proporcionalidade não posso esquecer que o próprio legislador constituinte exige a tributação
mais pesada dos bens de luxo.
Também em relação a saber o que são bens de luxo há um problema do ponto de vista do
direito material, aguns constam da lei e outros a fixar por portaria o que dá margem muito
larga e incerta para se fixarem bens de luxo, além disso, o facto de ser a fixar por portaria
também tem o problema na questão do princípio da legalidade. Ao deixar a portaria esta
definição o Governo está a querer que se regule de forma infra-legal a incidência do imposto
que é um elemento essencial conforme o artigo 103º da Constituição, desta forma não será
valida a lei ou o decreto-lei que dê este poder a um ato infra-legal.
No caso temos além desta contribuição adicionada ao )VA outra medida Uma Taxa de
IRS a aplicar com efeitos imediatos aos rendimentos acima de 100 mil euros. Também aqui vamos
ter de resolver a pergunta em três partes: 1) competência, 2) aplicação da lei no tempo 3) outras
questões materiais de direito.
Relativamente à competência temos exactamente a mesma solução que usámos para a
contribuição sendo um imposto tem de ser a Assembleia da Rep’blica a
criar/modificar/extinguir este, ou então o Governo quando este tiver autorização.
Relativamente à aplicação da lei no tempo, é dito que a taxa de 50% do IRS era
aplicada com efeitos imediatos . Como o IRS é a tributação do rendimento de uma pessoa ao
longo do ano, sendo o facto tributário de formação sucessiva, no presente caso a taxa está a ser
mudada a meio do ano. Haverá problema? Temos aqui uma situação de retroactividade fraca
porque o rendimento ainda não está completamente arreigado (a alteração foi em Março), só se
aplicará retroactivamente a Janeiro, Fevereiro e Março, sendo que tanto a retroactividade fraca
como a forte (mera distinção doutrinária) são proibidas pela Constituição no artigo 103º nº3 há
aqui uma inconstitucionalidade. Mas este princípio da proibição da retroactividade nem
sempre leva a que haja uma medida inconstitucional quando esta é retroactiva, se houver uma
razão justificativa, como por exemplo o estado grave da situação financeira do Estado ou uma
guerra, este facto prevaleceria sobre o princípio da proibição retroactividade, há princípios,
desde logo que podem prevalecer derrogando a proibição da retroactividade no caso concreto
(ex: Estar em risco de sair do Euro). Quando se faz este juízo, temos de pesar na balança se a
lesão da expectativa e ou não adequada necessária e proporcional para o caso concreto, para
por exemplo Salvar o país Temos por isso também de atender sempre ao momento em que
surge a lei e ao conteúdo da lei. No caso, 50% de IRS acima de 100 a partir de Março é
grave? Os contribuintes no início do ano contavam com uma taxa mais baixa e de repente, a meio
do ano 50%. Se olharmos ao estado das coisas hoje em dia (2017) vemos quem tem rendimentos
nestes valores é tributado a 48% numa parte do dinheiro e a 37,6% noutra conforme o artigo
68º do Código do IRS, não parece ser uma medida muito grave e estamos perante
retroactividade fraca o que dá tempo ainda aos contribuintes de reagirem durante o resto do
ano. Assim sendo, a razão que justifique este aumento não precisa de ser assim tão forte, porque
a medida não é tão grave, mas mais uma vez aqui temos de usar o Princípio da
Proporcionalidade e não há uma resposta certa.
Finalmente temos de olhar às questões materiais de direito para além da aplicação da
lei no tempo. Neste caso o decreto-lei vinha premitir pagamento em géneros e portaria
estabeleceria o valor concreto. O artigo 40º LGT impõe que as tributações têm de ser pagas
em dinheiro. Contudo, surgindo uma lei assim, ia derrogar o art 40º pois a LGT não tem
valor reforçado. Portanto, imaginando este caso, ao remeter para portaria, tendo em conta que
este elemento não consta da incidência do imposto pois galinhas etc não são a matéria onde
incide o imposto, pode não ser considerado um elemento essencial do imposto (103º/3).141
Logo, como não é um elemento essencial do imposto pode ser remetido para portaria desde que
haja uma base na lei para tal e neste caso a base legal é o diploma emitido pelo governo.
Neste caso há ainda um IMI142 agravado em 50% casas com piscina ou campo de ténis
Quanto à competência escusa-se de se repetir o que já foi aqui dito, mas nesta medida é
Assembleia da República que cria o imposto e é a Assembleia da República que é o órgão
competente para tal nos termos do artigo 165º nº1 i) da Constituição.
Quanto à aplicação da lei no tempo não se pode dizer que neste caso haja uma medida
retroactiva. Isto porque pela forma que o IMI está construído o facto que se tributa são os
imóveis que uma determinada pessoa tenha em sua titularidade até dia 31 de Dezembro. Ou
seja, a medida pode aumentar o imposto e não é retroactiva porque se só o aumenta da sua
entrada em vigor para diante então só no dia 31 de Dezembro é que terei de pagar, não há um
facto sucessivo que esteja a decorrer pelo tempo como no IRS. Diferente seria a lei dizer )M)
agravado em sobre o património imobiliário que se possuísse em aí já teríamos uma
retroactividade.
Relativamente às restantes questões materiais de direito, temos mais uma vez de
balançar a imposição constitucional de tributar bens de luxo e da necessidade de redistribuir
requisito com o Princípio da Igualdade e da Proporcionalidade, não sendo mais uma vez a
resposta completamente clara neste caso.
Oà à à à à à à à à à à à à à à à àáà
141
Sinais do Exterior143
E quanto à questão material de direito? para todas as empresas, está bem? Não
é proporcional porque as de menor rendimento terão uma grande repercussão, no caso das
empresas com maiores rendimentos o impacto será ínfimo. O artigo 104º nº2 impõe a
tributação das empresas segundo o rendimento real das empresas. Rendimento real quer
dizer o rendimento que resulta da actividade empresarial. Ou seja, é o lucro. Como se apura o
lucro real de uma empresa? Com base na contabilidade organizada (activo vs passivo da
empresa). No IRC e IRS o regime fundamental é de apuramento de lucro com base na
contabilidade que presumivelmente espelhará o rendimento real e o resultado da empresa. Este
é o princípio, mas no 104º nº 2 está dito fundamentalmente Pode-se aplicar tributação com
base em rendimentos presumidos fundamentalmente em casos de excepção, mas normais, e
não patológicos, em que se calculam os rendimentos com base em estimativas ou presunções.
Nomeadamente: a) Nos regimes de tributação simplificada (opcionais pois posso sempre
optar pela apuração com base na contabilidade), forma mais ligeira de tratar os contribuintes;
b) Nos métodos indirectos (ou seja, quando o contribuinte não é sincero e não colabora: casos
de evasão fiscal, quando a empresa não declara, quando vicia a declaração). Fora destes casos
terá de se tributar o valor real e não uma colecta mínima de para todos.
Depois há uma medida que através de uma tabela atribui rendimentos presumíveis a
determinados sinais de riqueza. Se por exemplo o contribuinte declara o salário mínimo, mas
tem uma casa de 1 milhão é um pouco estranho. Será que a lei não pode presumir em casos
como estes? É simples fixar uma presunção legal pois inverte-se o ónus da prova: Pela tua casa
presumo que o teu rendimento é de X, agora tu se quiseres contraria a presunção, a
administração pode servir-se de vários meios para enfrentar o contribuinte, mas é mais fácil se
houver uma presunção. Se eu tributar os particulares com base em presunções, firo a igualdade
tributária? Mesmo que o 104ºnº 2 apenas se refira a empresas, é verdade e evidente que ao
comum dos cidadãos também se aplica o princípio da capacidade contributiva e igualdade
tributária sob pena de poder tratar de forma igual casos de capacidades contributivas
diferentes e de forma diferente casos de capacidades contributivas iguais violando o artigo 13º
da Constituição.
Na lei este assunto é tratado no artigo 89º-A da LGT, que diz o que fazer nos casos de
discrepância, isto é nos casos em que o contribuinte declara rendimentos irrisórios mas depois
tem um património milionário. Nestes casos faz um certo sentido haver presunção.
Contudo não parece que o 89º-A seja como esta tabela, sendo que as presunções nesta
tabela parece ferir mais facilmente a igualdade tributária com presunções que não fazem muito
143
Esta hipótese não só contém a resolução do caso como desenvolvimentos sobre a questão da tributação de
rendimentos ilícitos
sentido. Os bens do 89º-A fazem mais sentido porque são elementos mais objectivos que os
presentes na questão. O registo dá logo maior segurança, posso presumir com mais segurança,
são manifestações em que posso presumir com uma base mais segura. É de se notar que no
artigo 89º-A a lei presume que o contribuinte se portou mal , mas não o faz de forma
inilidível, o nº3 do artigo deixa que o contribuinte prove o contrário do que é presumido.
Quanto ainda às medidas de carácter ilícito releva o artigo 10º da LGT. Este artigo diz que não
é por um rendimento ser ilícito que vai deixar de tributado. Se um contribuinte tem um
rendimento de origem ilícita, vamos tratar deste assunto como se fosse de fonte lícita, o Direito
Fiscal vai fechar os olhos À partida, naturalmente, se um contribuinte não respeita a lei tem
práticas ilícitas também não há de respeitar a declaração do seu rendimento. Então em que
circunstâncias são normalmente tributados estes rendimentos? A tributação de rendimentos
ilícitos ocorre, via de regra, em circunstâncias em que há uma acção policial, no seguimento de
uma investigação penal. Consegue detectar-se uma situação de ilicitude face à lei penal.
Consegue detectar-se qual a fonte de rendimentos, e haverá uma tributação desses rendimentos.
Se não fosse tributado, o indivíduo ficaria numa posição de vantagem, e poderia considerar-se
que estaríamos a beneficiar aqueles que têm rendimentos ilícitos relativamente aos que têm
rendimentos lícitos. Outro cenário em que alguém que auferia rendimentos ilícitos os vai
declarar são os casos em que essa declaração possa relevar na conversão desses rendimentos
em lícitos.144
Note-se que nestes casos não se aplica o artigo 89º-A. Só se aplica-se esta norma
quando não se consegue apurar a fonte de rendimento. Caso não se consiga apurar a fonte
do rendimento, aí a Administração pode trabalhar através de métodos indirectos, com base no
artigo 89º-A, se o contribuinte tiver certas manifestações de fortuna, presumindo rendimentos e
tributando-os, não sendo aberta a questão da licitude dos mesmos. Para efeitos do Código do
IRS, por exemplo, se um contribuinte vende estupefacientes (é traficante de droga) ele é
tributado do mesmo modo que um vendedor de batatas. Aplicando a lei fiscal, deve tributar-se
do mesmo modo actos lícitos e ilícitos.
144
Pois mostra cooperação e boa fé dentro do possível. Claro que há rendimentos tão graves que nunca se
poderão tornar lícitos.
145
Só fará sentido a existência de taxas agravadas em sede de extrafiscalidade, com o objectivo de
desincentivar práticas ilícitas e mesmo isso é discutível porque poderá afastar algumas pessoas de declararem
os seus rendimentos e a declaração é o que administração pretende.
Ele e o Tóbi
1. Incidência Subjectiva Neste caso a incidência subjectiva recai sobre o Ele nos
termos do artigo 13º nº1. Nada mais há acrescentar neste ponto olhando ao caso, dado que
Ele vive sozinho com Tobi e Tobi não releva para o artigo 13º em nenhum dos seus
números, em especial no nº5 que é o que poderia revelar no caso.
2. Incidência Objectiva Neste segundo ponto temos de ver em que categorias é que
recaem os rendimentos de Ele. As categorias estão previstas desde logo indicadas no artigo 1º
do CIRS estando depois previsto o seu regime em maior detalhe ao longo dos artigos seguintes.
Enquanto veterinário os rendimentos de Ele foram de 147 caiando neste caso na
146
Em princípio, deve fechar-se os olhos para estes dois casos, para os rendimentos e para as despesas. Mas
vamos ver que, no caso do IRS e do IRC, o legislador teve esta tentação errónea de diferenciar. No Código do
IRC vamos ver que há limitações à dedução de despesas ilícitas.
147
Nota: nas hipóteses de IRS da Colectânea de Hipóteses práticas de Sérgio Vasques 2ª edição estamos a
multiplicar todos os valores dados por 2. Neste caso no enunciado lia- à à à à à à à à à
à à à à à à à à à à à à à à
148
Daqui em diante rendimento bruto = RB.
149
O artigo 12º do CIRS por acaso fala-se em bolsas, mas em bolsas desportivas. Este artigo isenta do
pagamento do IRS certos rendimentos.
rendimento150. Temos de olhar ao artigo 28º do CIRS que trata das deduções específicas desta
categoria. Da norma do artigo 28º retira-se que as deduções da Categoria B podem ser feitas
por regime simplificado ou por contabilidade. Neste último caso o que vai acontecer é que o
contribuinte vai deduzir ao rendimento as suas despesas (à partida e seguindo as regras do IRC
por remissão do artigo 32º do CIRS) , tendo de para o efeito, fazer a contabilidade dos seus
gastos guardando facturas etc Já no regime simplificado seguir-se-á o disposto no artigo 31º
do CIRS. O contribuinte tiver rendimentos na categoria B inferiores ou iguais a 200
poderá optar por escolher que regime de dedução quer escolher, isto é, se quer o regime
simplificado ou o regime da contabilidade organizada, sendo que na falta de declaração do
contribuinte aplica-se o regime simplificado.
Nos casos de IRS quando nada é dito assumimos que se aplica o regime simplificado.
Tendo ele obtido os 60 na Categoria B enquanto veterinário vai ter uma dedução de
coeficiente de 0,75, uma vez que, segundo o artigo 31º do IRS, estes rendimentos caem na
alínea b) estando a profissão de veterinário prevista na tabela indicada na verba 1410 da
mesma. Assim ao valor de 60 aplicámos o coeficiente de 60 000 x 0,75 = 45 A
dedução foi então de 15 dedução de Assim temo que o RBL é de 45
151
(60 000 15 000 ou mesmo é dizer 60 000 x 0,75) Ele poderia escolher entre o regime de
contabilidade organizada ou o regime simplificando, sendo que, se teria de ver qual era o regime
em que mais deduzia despesas comparando o resultado após deduzir as despesas num e no
outro coeficiente. Onde fosse deduzido o maior número seria a melhor opção.
É de notar que no regime da contabilidade organizada é possível que o rendimento
líquido152 seja de 0 pois pode haver situações em que: despesas=rendimentos brutos e
rendimento líquido= rendimento bruto-despesas. Já no regime simplificado isso nunca acontece
pois não há coeficientes de 0.
Note-se também que os coeficientes são diferentes consoante o rendimento bruto no
regime simplificado, isto justifica-se pois há atividades que tem menos despesas inerentes que
outras, por exemplo, o coeficiente dos rendimentos de propriedade intelectual são de 0,95 (o
que resultará numa menor dedução) pois entende-se que as despesas em possuir propriedade
intelectual são menores das que, por exemplo, se tem ao ser veterinário, daí que o legislador
queira tributar mais as actividades com menos despesas. A justificação para os diferentes
coeficientes é então a diferente estrutura de despesas consoante a actividade.
150
Atividade de veterinário. Mas Ele podia ter escrito um livro sobre ser veterinário. Nesse caso estaríamos
ainda na Categoria B, mas em vez de 0,75 iriamos aplicar 0,95 como coeficiente. Assim teríamos de dividir os
rendimentos dentro da categoria B. Por exemplo: Ele além dos 60 000 tinha feito 25 000 na venda dos seus
livros (por direitos de autor). O RBB é de 85 000, mas vamos aplicar 0,75 a 60 00 e 0,95 a 25 000.
151
Daqui em diante RxL = Rendimento Líquido da Categoria x.
152
Isto é: rendimento bruto deduções=rendimento líquido
4. Englobamento Artigo 22º do CIRS. A questão que temos de fazer neste ponto é
esta: englobamos todos os rendimentos líquidos ou há excepções? A regra geral é de que
englobamos tudo. Mas depois há excepções. Desde logo temos a excepção do artigo 22º nº3
b) que remete para o artigo 72º, em especial neste caso aplica-se o artigo 72 nº1 e) que se
aplica neste casos aos RLF. Assim as excepções ao englobamento são desde logo os rendimentos
que têm a taxa liberatória do artigo 71º ou a taxa especial do artigo 72º. A lei não é clara,
mas as taxas especiais, as taxas do 72º (28%) aplicam-se ao rendimento líquido (neste caso
ao rendimento líquido da categoria F), tributando-se estes rendimentos à parte do
englobamento de são que são o )RS a pagar resultante desta categoria F neste
caso.
Repare-se que aqui o que estamos no fundo a fazer é a tributar os rendimentos prediais
com uma taxa diferente das taxas gerais153.
Há uma coisa ter em atenção nestes casos. A taxa especial do artigo 72º é, como o
nome indica, especial, não sendo liberatória, por isso não se aplica por retenção na fonte
definitiva, mas ao longo do ano o titular de rendimentos de predais pode ter sofrido retenção na
fonte por conta do imposto devido afinal, por exemplo: Eu tenho um apartamento em Lisboa e
arrendo-o, todos os meses o inquilino vai pagar-me uma renda, essa renda tem retenção na
fonte? As regras da retenção na fonte estão no código no artigo 101º onde é dito que na
Categoria F a taxa de retenção é de 25% quando haja ou deva haver obrigação do
inquilino a ter regime de contabilidade organizada154, ou seja, o inquilino cada vez que paga
uma renda retém 25%, isto não é uma retenção definitiva liberatória, mas uma retenção que vai
antecipando o meu imposto ao longo do ano.
Neste caso como Fernandes está a publicitar uma oficina, uma pessoa colectiva/
empresa, podemos partir do pressuposto que terá contabilidade organizada, por isso quando
Fernandes paga ao arrendatário Ele apenas euros pois retem x
1000-250). Assim nesta Categoria F o )RS devido por rendimentos prediais é mas Ele
ao longo do ano já teve 250 de retenção na fonte e por isso, no final do ano, só tem de
pagar (280- da Categoria F
Vamos ainda ver mais uma ou duas complicações da Categoria F antes de continuarmos a
resolver a hipótese. A primeira complicação é que além de tudo o que já foi dito até aqui o
legislador vem ainda acrescentar que o contribuinte se quiser pode obter por englobar os
rendimentos da categoria F, tal está disposto no artigo 72º nº8 do CIRS. Assim, o
contribuinte sabe que tem direito a estes 28% mas pode optar por englobar em vez de
aplicar a excepção da taxa dos 28%. Isto compensa ao contribuinte fazer quando englobando
o valor resultar numa taxa geral de IRS (artigo 68º) mais baixa que 28%.
A segunda complicação encontra-se no artigo 8º nº1 do CIRS na parte final que diz
que se podem tributar estes rendimentos na categoria B.
Assim, resumindo, nesta categoria F temos várias alternativas:
1) Nada dizer, e por isso ter a taxa especial de 28% sobre estes rendimentos e não
englobar
153
Que se aplicam ao resultado do englobamento, o chamado rendimento colectável.
154
A retenção é na fonte, na fonte do rendimento que neste caso é um inquilino. Além disso é de notar que
quem normalmente deve ter regime de contabilidade organizada são as empresas e não os particulares.
Nesta passo do englobamento vamos então neste caso ter de somar o rendimento liquido
da Categoria B com o da Categoria F, mas como vimos F neste caso está numa excepção de
englobamento, logo, a o rendimento colectável vai ser de 45
7. Deduções Gerais Temos ainda mais passos antes de entregar o dinheiro ao Estado.
À colecta temos de fazer a deduções gerais.
As mais fáceis de verificar se existem são logo as do artigo 78º - A, neste caso como é
apenas Ele sozinho não há deduções a fazer.
Ele teve despesas, mas as despesas apresentadas no problema já aqui foram faladas e
deduzidas nas deduções específicas, logo as despesas com a actividade não entram aqui nas
deduções gerais como é dito no artigo 78 B nº4.
(á ainda a renda que Ele paga ao banco Esta renda é paga em função da sua
habitação, e por isso a dedução que ele pode aproveitar à colecta é a dedução disposta no artigo
78º - E, que é uma dedução de ou seja neste caso de x temos e para o
efeito aplicar a alínea b) onde Ele vai poder deduzir até ao limite de
156 mas nos nossos
casos vamos assumir que os contratos foram feitos depois de 31 de Dezembro de 2011 e por isso
não haverá dedução aqui.
155
A esta taxa que vamos aplicar em segundo lugar chama-se taxa marginal, pois é aplicável aos rendimentos
marginais.
156
Se o contrato tiver sido feito até dia 31 de Dezembro de 2011 e a dedução é feita aos juros. Assim a lei
actualmente restringe fortemente as deduções de crédito hipotecário.
157
Se ao chegarmos a este passo tivéssemos um valor negativo no IRS devido o que acontecia era um
reembolso do IRS. As finanças pagariam de volta a diferença, artigo 78 nº3 , mas ter em atenção a remissão
para o nº2 do mesmo artigo, só seria deduzido o valor da retenção na fonte. Ou seja, em bom rigor se
158. A retenção na fonte neste caso é de 25% sobre os rendimentos da actividade de ser
veterinário (60 000, RBB), como disposto no artigo 101º nº1 b) e quem retém são os clientes de
Ele, logo se eles estiverem contabilidade organizada aplica-se a taxa, caso contrário não há
retenção. Neste caso assumimos que por serem pastores de ovelhas não têm contabilidade
organizada, logo não há retenção.
1º - Categoria H - 800 euros de reforma art.11º nº1 alinea a). 800 x 14= 11200
3º Categoria B Por sulfatar as videiras, Sousa ganhou 2000 mil euros em uvas.
Artigo 3º nº 4 Esta norma serve determinar que não são tributados os rendimentos
que resultem da atividade agrícola até certo limite.
A razão pela qual poderíamos ter de distinguir de prestação de serviços e rendimentos
agrícolas, é que se forem rendimentos agrícolas, há um mínimo de assistência específico, o
pequeno rendimento agrícola está totalmente excluído de IRS. A outra razão é o facto de que se
for tributado, os coeficientes são diferentes.
Rendimentos agrícolas é aquele que via de regra, resulta diretamente da exploração da terra.
Se aquilo que o Sousa faz é sulfatar das videiras no quintal dos vizinhos, o professor diria que
isto é uma prestação de serviços. Por isso, art.3/1 alinea b).
Mas, Sousa recebe em uvas, e a verdade é que os rendimentos em espécie são tributáveis.
Tenho de quantificar o rendimento, e, para tal, recorre-se ao artigo 24ºdo CIRS, uma norma de
quantificação que apresenta vários critérios de aplicação sucessiva, sendo o ultimo critério valor
de mercado, só aplicamos depois de falharem os outros todos. Portanto, Sousa tem rendimentos
da categoria B em espécie, no valor de 2000 euros. Aqui é o próprio contribuinte que vai ter de
declarar, e o mais provável é que se recebe em uva nunca vai declarar.
chegássemos a este passo com um valor negativo (7.) , não haveria direito de reembolso, teríamos 0 e não x
(um valor negativo), neste passo (8.) é que ao deduzir as retenções na fonte ( nº2 do artigo 78) é que
podemos ter um valor x que dá direito ao reembolso desse x. (da diferença)
158
Ver passos até agora
159
Multiplicámos por 14 por causa do subsídio de férias e de natal que contam como se houvessem dois meses
extra
3º - Deduções específicas:
2º - Categoria B Artigo 28º nº2 que determina que ficam abrangidos pelo regime
simplificado os sujeitos passivos que, no exercício da sua actividade, não tenham ultrapassado os
200 mil euros. Como é que se aplica o regime simplificado? Artigo 31º.
5º - Categoria H Artigo 53º nº 2º, que determina que aos rendimentos brutos desta
categoria também se vai deduzir 4104 euros. O nº1 Aplica-se quando o valor anual da pensão é
igual ou inferior a 4104, e aí deduzimos a totalidade por cada titular que os tenha auferido.
Portanto, se o contribuinte tiver 3000 euros de pensão, a dedução de 3 mil é dito até à
concorrência é para não ter n’meros negativos 4104 = 7096 de Rendimento liquido
1º - Rendimentos com taxa liberatória são os da categoria E neste caso art.71º nº1
alínea a)
As taxas liberatórias aplicam-se aos concretos rendimentos previstos no artigo71º.
Neste artigo temos rendimentos de capitais e em rendimentos auferidos por não residentes, e aí
pode ser rendimento de várias categorias porque o titular do rendimento está fora do país.
Portanto, a única forma que tenho de o tributar é a entidade que está cá e lhe paga, retém na
fonte. Taxa de 28% - Quem a aplica é que retém, ou seja, o banco. O banco quando paga os 2000
de juros retem 28%. 2000 x 0,28 = 560.
Esta taxa aplica-se sobre os rendimentos brutos. Quando a entidade que nos paga
rendimentos retém na fonte e aplica uma taxa liberatória, essa taxa não sabe que despesas vou
ter necessárias para a angariação de rendimentos. Portanto, a única hipótese na retenção na
fonte é aplicar valores brutos.
2º Rendimentos com taxa especial neste caso são os da categoria F artigo 72º nº1
alínea e). Taxa de 28%. O artigo72º não refere mas est taxa é aplicada sobre o rendimento
liquído que resulta do artigo 41º que prevê deduções específicas.
Portanto, esta taxa é sobre rendimento liquíquido, 10000 x 0,28 = 2800 euros
A lei prevê a opção de englobar quanto aos juros e às rendas? Artigo 71º nº 6º, Sim
neste artigo prevê quanto aos juros. Artigo 72º nº8 Também prevê a opção de englobamento.
Em ambos os casos temos opção e é isso que vamos fazer aqui, englobar.
No caso dos juros o banco aplicou a retenção na fonte dos 560, mas chegando ao final do
ano põem os 2 mil dentro do bolo do rendimento líquido global. Aos rendimentos da categoria F,
não se aplica a taxa de especial de 28% e por isso no final do ano vou ter de pôr o rendimento da
categoria F liquido dentro do bolo, tiramos, portanto, a taxa de 28% da categoria F.
Tiramos da categoria F porque essa taxa não se aplica por retenção, mas a dos juros
aplica-se por retenção na fonte, o banco está obrigado sempre a reter.
Se tenho rendimentos de capitais e sofro retenção na fonte liberatória de 28%, se chegar
ao final do ano e optar por englobar, os 560 que ficaram no banco.
Quando tenho um rendimento que tem taxa liberatória e opto por englobar há 2
operações que fazemos:
5. Abatimentos Só temos o 1 abatimento o art.56 A do CIRS que não se aplica neste caso. O
rendimento colectável neste caso é igual ao global liquido
Aqui não nos podemos esquecer que temos 2 sujeitos passivos, casados que estão a
declarar conjuntamente logo temo de fazer o Splitting antes de aplicar as taxas
Artigo 69ºnº1 Temos de dividir o rendimento por dois. São casados e estão a declarar
conjuntamente, então pegamos nos 26892/2 = 13446
Tudo junto dá 2839,36 e agora de acordo com o art.68º vamos ter de multiplicar por dois
para desfazer o Splitting
7. Deduções gerais à colecta Art. 78º Art.78/1 alínea c) despesas de 1000 euros
na farmácia, comparticipado só pela metade. Se os contribuintes fazem despesas que são
comparticipadas só em 50%, eles deduzem os 1000 ou 500? Os 500.
Art.78º - C nº1 500 x 0,15% = 75. Pegamos nestes 75 e não fura o limite dos 1000
euros. Para deduzir estes 75 é necessário que estejam preenchidos os requisitos destas alíneas
do 78-C, e se estiverem vou deduzir estes 75 euros pelo Art.78/1 alinea c).
Podemos dizer que partimos do princípio que foram guardadas todas as facturas e
usamos a dedução dos 250 euros do 78-B.
5678,72 75 = 5603,72 Isto é o imposto devido, IRS devido. Mas, não é isto que vao
ter de pagar no final do ano ainda falta ver as retenções e os pagamentos por conta.
8. Apurar se houve retenções na fonte e pagamento por conta Vimos que tinham 5
categorias de rendimento. 1º - O salário de Dozinda a guardar a passagem de nível Isto é
categoria A, art.99º em principio tem retenção. Qual é o valor da retenção? Temos de ir às
tabelas.
Tabela III Trabalho dependente, casado dois titulares como não há dependentes a
taxa é de 8,5 800 x 0,085 = 68 todos os meses retidos pela entidade patronal 14 meses por ano.
14 x 68= 952, assim temso de subtrair aos 5603,72 estes 952, 5603,72 952 = 4651,72.
Para se aplicar a tabela III é necessário que um e outro sejam titulares de rendimentos
englobáveis, e de facto são. Ela da categoria A e ele da categoria H. Quer dizer, para efeitos das
tabelas os dois titulares refere-se a duas pessoas que obtenham rendimentos englobáveis.
Na Categoria B, artigo 101º nº1,para haver retenção na fonte, é preciso que os vizinhos
de Sousa tenham contabilidade organizada. São os clientes que têm de ter contabilidade
organizada. Presume-se que não tenham contabilidade organizada. Logo, não há retenção.
Se houvesse retenção, quanto é que era? Não se aplica os 25% porque não está na lista,
logo vai ser 11,5%. Contudo, mesmo assim não se pode aplicar a retenção na fonte nos
rendimentos em espécie (uva, neste caso). Ele não pode guardar 11,5% da uva e entregar ao
Estado. Assim nunca haveria retenção na fonte pela Categoria B nesta hipótese.
Categoria H, ver artigo 99º- D, aplicar Tabela VII (2 titulares) 800 x 6%= 48 euros x 14=
672
Categoria E: Neste caso, tínhamos optado por englobar. Então, o que acontece? Art. 71º
nº1 a) x . Trata-se de uma retenção por taxa liberatória, que em princípio
era definitiva porque o contribuinte optou por englobar, nos termos do art. 71ºnº6 e nº7.
Serpente do Cazaquistão
O sujeito passivo é um casal, os seus cinco filhos e dois sobrinhos a seu cargo, vamos
assumir por isso a tributação conjunta. Quanto ao agregado familiar: artigo 13º nº4 a), os filhos
e sobrinhos são dependente à luz do artigo 13º nº5 b), temos assim 7 dependentes160
3. Incidência objectiva
4. Deduções específicas
160
Se tiver sido decretada judicialmente a tutela quanto aos sobrinhos, estamos a assumir que foi.
Na Categoria B: artigo 28º nº2 que remete para o artigo 31º. O Rendimento não
ultrapassa os logo aplica-se o regime simplificado. Temos de ir à tabela que o artigo
151º refere, a profissão em causa está na verba 2015, logo o coeficiente a aplicar é de 0.75
0,75 x 80 00 que é o RLB
5. Englobamento
A regra geral é englobar tudo, como consta do artigo 22º, no entanto neste caso temos a
excepção do artigo 22º nº3. Temos que ir ao artigo 71º nº1 a) e aplicar a taxa liberatória de
28%. Quem aplica esta taxa de é o Banco não esquecer isso x assim o
banco reteve e entregou ao Estado
O contribuinte tem a opção de englobar ou não. Se não englobar, o englobamento vai ser
51896 + 60 000 = (rendimento global líquido). É como se os 2800 euros
desaparecessem no fundo vão ser taxados autonomamente não englobamos a categoria E pois
a taxa de IRS já foi aplicada pelo banco e foi de 28%.
Se optars por englobar tudo no entanto, o englobamento será feito pela soma: 60 000 +
51 896 + 10000 = (rendimento global líquido). Depois, posteriormente, subtraímos
no passo das retenções na fonte os 2800 euros, pois estes 2800 euros já foram pagos ao estado
ao longo do ano.
6. Abatimentos
Neste caso, não há abatimentos a fazer, assim o rendimento global líquido = rendimento
colectável
Artigo 69º coeficiente familiar temos de aplicar o splitting pois estamos em tributação
conjunta . 111 896/2 = 55948. O splitting aplica-se antes de aplicarmos as taxas gerais de IRS e
desfaz-se após a aplicação destas.
161
Rendiemnto Liquído da Categoria A.
8. Deduções à coleta
Temos o artigo 78º-A, nº1, a): 600 euros por cada dependente, 7 x 600= 4200 euros. O
artigo 78º-B: Não deveríamos pôr o 78º-B (despesas gerais familiares)? Se pedissem facturas
com número de contribuinte e fossem somando, somando, poderiam ir buscar 250 euros, por
cada sujeito passivo. Podiam ir até ao limite dos 500 euros. Isto não resulta do caso prático, isto
pode ser uma coisa que podemos ter para qualquer contribuinte, por isso podemos assumir que
acontece ou não ao resolvermos o caso. Artigo 78º-C: 20 000 euros com despesas médicas (art.
78º/1, alínea c) 20 000 x 15%=3000 euros (mas o artigo diz com limite global de 1000 euros),
limite máximo é 1000, por isso só descontamos 1000 euros
Quanto aos para substituir as serpentes e os para as flautas estes
montantes em despesas já se consideraram nas deduções específicas das respectivas categorias
de rendimento, logo já foram deduzidos em teoria e não vão relevar aqui. Estes 1000 euros e
2500 euros são despesas feitas com a actividade dele. É um gasto associado à actividade, pelo
que nunca é dedução à colecta, é dedução específica. Como ele está no regime simplificado, é
irrelevante. Portanto, ou ele está na contabilidade organizada e pode deduzir isso, ou então está
no regime simplificado e a despesa concreta é irrelevante. Neste caso é irrelevante, estas
despesas já foram consideradas no coeficiente de 0,75 pelo legislador.
Quanto aos no seguro de vida não se deduzem porque não há norma de
incidência. Não cabe no art. 78º-C, não é considerada uma despesa de saúde.
9. Retenção na fonte
Quanto à Categoria E se tivermos optado por não englobar os juros, não há nada a fazer
aqui. As retenções referidas supra são as únicas que temos.
Se tivermos englobado os juros, também se calculava aqui a Categoria E:
Aplica- à à à à à à à à à à à à à àN à
162
Como o IRS a pagar resultou em valor negativo o Estado vai ter de reembolsar 2268,27
euros ao casal.
Deixando aqui uma nota final quanto à resolução desta hipótese que se prende com a
opção de englobar ou não os rendimentos da Categoria E:
Englobar é pegar no rendimento e pôr dentro do bolo. E, em consequência disso, aplicar
as taxas gerais do imposto previstas no artigo 68º e possivelmente aplicar a taxa de
solidariedade do artigo 68º-A.
No caso, se não englobam, têm uma taxa de 28% e não se aplicam essas taxas gerais de
IRS do 68º. Se optarem por englobar, aplicam-se as taxas do artigo 68º. Temos de ver qual a taxa
marginal. Têm uma taxa na margem de 45%. Logo, a vantagem é ter uma taxa mais baixa. Para
ver se é melhor um sujito passivo englobar ou não comparamos a taxa liberatória ou especial
com as taxas gerais do imposto (art. 68 e 68-A) que resultam do englobamento, pois só vale a
pena englobar se tiver rendimentos que, na margem, sejam tributados abaixo dos 28%, ou seja,
se se conseguir buscar uma taxa geral de imposto abaixo dos 28%. Neste caso, eles fizeram bem
em optar por não englobar.
Mãezinha Riquita
1. Incidência subjetiva
O Sujeito passivo é a Mãezinha Riquita, uma vez que reside em Portugal e obtém os seus
rendimentos aqui. Temos 1 sujeito passivo e 6 dependentes, artigo 13 nº5 a), e 13º/4/c). O
Agregado familiar é composto pela mãe solteira ou viúva e respectivos seis dependentes.
São dependentes os que tenham menos de 25 anos e aufiram anualmente rendimentos
superiores ao valor da retribuição mínima mensal garantia, artigo 13º/5, alínea b, logo neste
caso vamos excluir o filho mais velho, que trabalha no escritório do Tio. Apesar de ter 23 anos,
presumimos que aufere rendimentos superiores ao valor da retribuição
2. Incidência territorial
3. Incidência objetiva
5) Prestação de serviços- Uma vez que não está na lista do art. 151º, não se aplica a
alínea b)-0,75. Aplica-se a alínea c)-0,35.
Portanto, para distinguirmos, temos de saber se ela faz a compra dos próprios
ingredientes ou se essa compra é feita por terceiros. Ou seja, se ela compra a própria matéria-
prima, fabrica rissóis e vende, trata-se de uma actividade industrial (aplica-se o coeficiente dos
0,15), Ou, então, se ela fosse comprar os rissóis para revender, tratava-se de actividade
comercial. Neste caso concreto, ela entra só com o saber-fazer. As vizinhas trazem tudo e
ela, no fundo, presta um serviço. Mesmo no art. 4º, não há uma definição de actividade
industrial, no fundo o que conta aqui para distinguir é a intenção que está por detrás da
actividade.
4. Deduções específicas:
Na Categoria B temos o artigo 28º, presume-se regime simplificado, artigo 31º nº1 c),
logo, 20 000 x 0,35 = 7000
5. Englobamento:
Nesta hipótese englobamos tudo. Não existem excepções. 51 896 + 7000 = 58 896
6. Abatimentos
Não há abatimentos neste caso. Assim temos que 58 896 é o rendimento colectável
58 896 é superior a 7091, assim divide-se a aplicação de taxas em 2 partes: Qual o maior
dos escalões que cabe inteiro em 58 896? O escalão que vai de 20261 até 40522
1ª parte:
2ª parte:
8. Deduções à colecta
9. Retenções na fonte:
Categoria B: art. 101º nº1 c). Exige contabilidade organizada (vamos supor que as
clientes não têm contabilidade organizada). (20 0 x se tivessem c organizada
Categoria H: art. 99º-D. Tabela Não casado único titular, até 4157,00 euros mensais
logo taxa de 33,5%. x x
Sempre a abrir
1. Incidência subjectiva
2. Incidência Territorial
3. Incidência objectiva
800 x 14=11200.
Depois temos rendimentos da Categoria E, os juros, pelo artigo 5 nº2 a) - 300 euros
O blusão custou-lhe 200 e vendeu a 1000 Ao efetuar esta venda, estamos perante um
acto comercial isolado ou uma mais-valia
Uma vez que o blusão foi comprado para si e aconteceu vender temos uma mais-valia
Estas mais-valias vêm reguladas no artigo 10º, no entanto, não verificamos nenhuma norma de
incidência para as mais-valias resultantes da alienação de bens moveis. Não temos nenhum
rendimento da categoria G, temos uma mais-valia não tributada.
Como distinguir um acto comercial isolado de uma mais valia?
1º hipótese O tó compra o blusão para ele proprio, chega à conclusão que não gosta e
vende ao Joca
2º hipótese O tó sabia que o Joca andava há muito tempo à procura de um blusão verde,
então comprou um sabendo que ia vender ao Joca.
Na 1º hipótese teríamos uma mais-valia, ao passo que no segundo caso temos um acto
comercial isolado. Portanto, num acto comercial temos sempre o elemento da intenção de
vender, é feita uma compra com fim de vender essa compra. Este tipo de acto pode dar
avanço a uma actividade continuada. Ao passo que numa mais-valia não, comprei para mim e
fortuitamente surgiu a oportunidade de fazer um bom negocio.
4. Deduções especificas:
As deduções aos rendimentos da categoria A temos o artigo 25º nº1 a)14200 4104=
10096. Na Categoria E não há deduções especificas, logo os 300 euros são o RLE.
5. Englobamento
22º nº3 temos 2 excepções, artigo 71 e 72. Art.71/1 alínea a). Assim 300 x 0,28 =
84. Há retenção na fonte de 84 euros. Se o Tó nada fizer nem tem de declarar estes juros. Mas
tem a opção de englobar e nesse caso temos de fazer de somar o rendimento da categoria E ao
englobamento, e ficaríamos com o seguinte rendimento colectável: 100966+300=10396 e
depois nas retenções teriamos de subtrair esse valor de 300 euros ao IRS a pagar depois de
aplicarmos as taxas gerais de IRS e os abatimentos.
6. Abatimentos
7. Rendimento colectável
Temos de aplicar as taxas do artigo 68º. Temos de dividir em 2 partes, pois é superior a
7091:
8. Deduções à colecta
Artigo 78º B se ele pedir factura atras de factura vai ter direito aos 250 euros.
Art.78º-C, temos as despesas médicas de 500 euros do dentista e 240 do seguro de saúde, logo
740. Ambas são despesas que cabem no 78-C, sendo a dedução de 0,15. 0,15 x 740=111 o
limite é 1000 por isso pode deduzir os 111
Art.78º-D nº1 a), podemos deduzir os 500 euros do curso de inglês. 0.3 x 500=150. 150
não fura também o limite de 800 euros.
9º Retenções na fonte163
163
99-C nº5 - que nos diz que para efeitos de retenção na fonte, o subsídio de férias são tratados de forma
autónoma, isto é, são tratados como meses fictícios, portanto, não se cumulam à remuneração base no mês
em que são pagos ao trabalhador.
Na Categoria A usa-se o artigo 99º, temos de ir às tabelas. Aqui temos de ter em conta
que ele recebia mensalmente 800 euros, mas também recebeu um prémio. Como é que fazemos
a retenção na fonte? De acordo com o 99º todos os rendimentos da categoria A estão sujeitos
a retenção na fonte, essa é feita pelas empresas mês a mês. Aqui temos 13 meses em que
recebe 800 euros e 1 mês em que recebe 3800. Portanto, ao aplicar a Tabela I 800 x
0,085=68 x 13=884; 3800 x 0,307= 1166,6
Na Categoria E já tínhamos visto antes que houve retenção de 84 euros. Optando por
englobar os juros,agora devolvemos a retenção da taxa liberatória ao contribuinte, ou seja, ao
imposto devido subtraímos 84.
Nota quanto a recibos verdes: se os recebo, não tenho subsídio de férias e natal, ou seja,
estamos a falar apenas de 12 meses. Podem até não ser 12, porque se tenho recibos verdes sou
prestador de serviços, e esses recebem quando recebem. Recibos verdes não regularidade à
partida. Nos casos práticos que vamos resolver, se for salário multiplicamos por 14, se for um
caso de recibos verdes o que nos vai ser dado é um valor global do que fez durante o ano.
Barata Assassina
1.Incidência subjectiva
Neste caso temos Quim Manel e Maria Joaquina: artigo 13º nº1, temos dois sujeitos
passivos, pois os dois têm a direcção do agregado. Mesmo que não aufira rendimentos, não deixa
de ser sujeito passivo. Temos três dependentes (filhos): artigo 13º nº5.
2.Incidência territorial:
Art. 15º + Art. 16º. Rendimentos que provêm do exterior, sujeitos a IRS, nos termos do art. 15º
(âmbito de sujeição).
3. Incidência objetiva
da escultura das sebes do Louvre categoria B art. 3º nº1 b)- não trabalha sob
a direcção e autoridade de outrem
4000 euros com cheque-livre: Será um acréscimo patrimonial não justificado (art. 9º/1,
d)? Não. Assim, não é tributável pois não há norma de incidência que se possa aplicar.
4. Deduções específicas:
Categoria B: artigo 28º. Regime simplificado: artigo 31º. Escultor está na tabela do art.
151º( verba 2012). 20000 + 40 000= 60 x
Categoria G: artigo 43º temos Mais-valias de partes sociais, não temos nenhum gasto
relacionado com a operação logo valor de realização valor de aquisição. 20 000 10 000 = 10
5. Englobamento
Regra geral, englobamos tudo: Excepção: Taxa especial (artigo 72º nº1 c)): 10 000 x
28% =2800 euros. Art. 72º/8- Pode optar por englobar ou não. Optamos por não englobar: 9896
ou optamos por englobar tudo: 9896 + 45 000 + 10 000= 64 896 euros
6. Abatimentos
7. Rendimento coletável
Aplica-se o artigo 69º: 64 896/2 = 32 448 (splitting), depois artigo 68º Uma vez que é
superior a 7091, divide-se em duas partes:
1ª Parte: Qual o maior escalão que cabe inteiro em 27448? De 7091 a 20 261
8. Deduções à coleta
164
Note-se que não compensou englobar. A taxa marginal (37%) é superior a 28%.
Despesa do smoking não cabe no 78º-F nem pode caber no 78º-B, por estar no regime
simplificado, pelo que está inserido no coeficiente, por ser uma despesa relacionada com a
actividade).
em tratamentos hospitalares: artigo 78º-C, x limite global de
1000 euros-não fura o limite)
Artigo 78º-D: Despesas com educação e formação: 2000 euros (limite global de 800
euros)- 800 euros. Como tem a ver com a actividade, não se deduz, uma vez que ele está no
regime simplificado.
18581,56
9.Retenção na fonte
Categoria A: artigo 99º, aplica-se a fTabela II, trabalho dependente, casado único titular
com 3 dependentes. A, B e H são categorias englobáveis. E, F e G não são categorias englobáveis.
Assim, não tendo dois titulares de rendimentos englobáveis, temos apenas um titular e aplica-se
a tabela II. 1000 euros mensais x 1,3%= 13 euros x 14=182
Categoria G: Não há retenção na fonte quanto a estas mais-valia, uma vez que não há
norma de incidência
b) O governo pode hoje por decreto-lei subir as taxas de IRS em 2% com efeitos a
partir de 1 de janeiro de 2017?
Tópicos de resposta:
Deolinda é médica cardiologista, solteira e sem filhos. No ano que passou, as consultas no
seu consultório renderam-lhe que acrescem ao salário mensal de no
Hospital de Santa Luzia onde trabalha como 116irectame do serviço de Cardiologia. Vendeu
no OLX por 20 todos os manuais que tinha guardado do seu curso de Medicina Usou esse
dinheiro para comprar um frigorífico novo para o pequeno apartamento que arrenda a um
casal de jornalistas em Alfama por por mês Já se tornou amiga do casal que lhe
paga a renda sempre a horas, e foi através deles que foi convidada para fazer comentários
sobre saúde no programa de TV As Manhãs da Cristina pelos quais cobrou este
ano.
1. Incidência subjetiva:
2. Incidência Objetiva:
Rendimentos brutos:
Categoria F:
Os Livros são um rendimento não tributado porque são uma mais-valia móvel e não existe
norma de incidência.
3. Deduções específicas:
Rendimentos Líquidos:
4. Englobamento:
Temos de referir primeiro o regime regra do artigo 72º e ponderar se resolvemos logo,
aplicando a taxa especial, ou se não aplicamos a taxa especial e englobamos tudo.
x . Mas quem iria fazer retenção na fonte aqui era o casal. Não é provável
Aplicar o 68º-A: x
6. Deduções à coleta
Poderíamos presumir que pedia sempre faturas e aplicar o artigo 78º-A. 58958,4-250 =
7. Retenção na fonte
Categoria A: 4000x0.307=1228, x
Não se considera que exista retenção na fonte na clinica porque atende indirectamente os
pacientes, só podíamos considerar que havia retenção na fonte na clínica se considerássemos
que a médica cobrava indirectamente à clinica e não aos pacientes, mas teríamos de o indicar
expressamente.
Categoria F:Não parece provável que o casal tenha contabilidade organizada e, por isso,
não há retenção na fonte.
Tornozelo Fracturado
1. Incidência Subjectiva
2. Incidência Objectiva
O anel que Conchita recebe no valor de 14 000 euros não é um rendimento de Conchita?
Recebe 14 000 em forma de anel, por isso têm um acréscimo patrimonial. Se compro para
oferecer não há mais-valia, a intenção aqui é factor.
Se a oferta fosse feita numa situação de trabalho dependente aí seria rendimento da
categoria A.165 Mas aqui é uma simples liberalidade dentro da natureza conjugal então como se
trata? O artigo 12º nº6 o Código diz nos que este não incide sobre liberalidades previstas no
Código do imposto de selo e mesmo que não sejam tipificadas nesses pode não ser tão linear
assim. Quando é uma verdadeira e própria liberdade não há norma de incidência no CIRS pelo
que não se pode vir a tributar. Os ganhos patrimoniais não justificados são os casos de
divergência entre a declaração e situação patrimonial do contribuinte previstos especificamente
no artigo 87º e seguintes da LGT, esta não é uma categoria residual e, como tal, não cabem lá
as liberalidades.
3. Deduções Específicas
4. Englobamento
5. Aplicação de Taxas
Não há abatimentos por isso segue-se para a aplicação das taxas, aplicam-se aqui o artigo
69º e 68º. 98896/2 = 49448, splitting.
Divide-se em duas partes:
165
Artigo 2º nº2 CIRS
6. Deduções à Colecta
Artigo 78º A: 600 x 2 = 1200 porque temos dois dependentes. Artigo 78º-A, 635
porque temos um dependente. Gasto com bandeirilhas é dedutível? Não, a ser era no regime
simplificado na categoria B, seria dedução específica que já tratámos.
Artigo 78º D, despesas com as propinas da universidade do Julito que eram 10.000 euros,
10.000 x 0,30 = 3000 o que fura o limite dado no artigo referido, portanto dedução é de 800.
Podemos deduzir os 600 euros do avô? Não porque o avô não faz parte do agregado
familiar logo não podemos deduzir.
Questão menos simples de tratar é do donativo que foi feito nesta hipótese.
Qual a dedução do benefício à coleta neste caso? Alínea b) neste caso tem limitação, por
isso a dedução é 25% do donativo e temos uma limitação de 15% do valor da coleta no que se
pode deduzir. Oferecem 25% de 4000 teríamos . O valor tributável do donativo
seria 1000 Deduzir-se-ia a totalidade destes mil euros uma vez que os não são neste
casos superiores a 15% da coleta, caso os 25% do donativo ultrapassassem 15% do valro da
colecta apenas se deduzia até ao máximo, até 15% do valor da coleta.
166
EBF
167
Já admitimos que sim, mecenato cultural alínea b)
Questão que surge: Quais os casos em que aplico a a) do artigo 63º em que não há
limitação, qual o artigo, dos anteriores, em que fazendo um donativo não tenho limitação? A
quem é que as empresas podem fazer donativo sem limitação de qualquer espécie? Artigo 62º
EBF diz-nos que se uma empresa quiser oferecer donativos ao Estado posso fazê-lo sem
limitações, fora o Estado normalmente haverão limitações. Vemos isto pelos números 4 e 5 do
62º do EBF, em que no nº4 não há limite e no nº5 como já dissemos aqui há o limite de
8/1000.
Feitas as deduções, subtraindo tudo o que vimos à colecta, ficamos então com 28
7. Retenção na Fonte
Categoria A mensais, artigo 99º-C, tabela III, dois titulares porque ambos têm
rendimentos englobáveis, 21,2% sobre 2 x meses
Categoria B: artigo 101º/1, al d), 25% sobre 100 000 que recebia. Quem lhe paga é a
RTP que tem pressupostamente contabilidade organizada. Retenção na fonte de
8. IRS devido
Tudo em Cigarrilhas
1. Incidência subjectiva
4 por ter cedido a posição num contrato promessa de compra e venda. categoria
G: art. 10º nº1 d), é uma mais-valia imobiliária.
3. Deduções específicas
Na categoria G - só deduções quando temos aplicação dos artigos 42º e 43º, não há
deduções específicas porque não houve encargos.
No entanto temos de ter em atenção que há aqui duas fontes de rendimento dentro desta
categoria neste caso prático. Na mais-valia da cessão da posição contratual, podíamos ter aqui
gastos e tributar apenas 50%. Mas não há dados na hipótese para afirmar isso, logo não há
deduções a fazer nesta categoria.
4. Englobamento
No entanto ao englobar temos de seguir o artigo 43º nº2, e vamos englobar apenas 50%
das mais-valias imobiliárias. Não se pode considerar estes 50% uma dedução específica, é
apenas uma forma de o legislador tornar as coisas mais justas para os contribuintes não se
arrastarem para escalões superiores, assim em vez de 40 tributáveis nesta categoria por
este rendimento vamos ter é 20
5. Abatimentos
Não há abatimentos a aplicar
6. Taxas de IRS
7. Retenção na Fonte
A Irmã Rejeitada
1. Incidência subjectiva
Artigo 13º CIRS, temos um casal e um dependente artigo 13º nº5 a). No entanto,
como parece resultar do caso eles são recém casados e além disso parece que também foi
recentemente que conseguiram a tutela da sobrinha. Vamos supor que em Março casaram e que
a tutela da sobrinha lhes foi atribuída em Setembro. Devemos considerar que eles são casados
para efeitos de IRS? E devemos considerar a dependente?
O artigo 13º nº8 diz-nos que o que conta é a situação do último dia do ano, portanto
se no último ano estavam casados e tinham uma dependente é isso que conta para efeitos
globais de IRS.168
2. Incidência objectiva
Categoria A artigo 2º nº3, recebe 6000 euros por mês por ser administrador,
84 2 de bónus de ligação à internet, categoria A, artigo 2º nº2. Este artigo diz-nos
que todo o pagamento pela entidade patronal conta sempre nesta categoria, ou seja, se for uma
transferência de dinheiro no âmbito da relação laboral conta aqui.
1000 mensais de subsídio de guarda-roupa, categoria A , também é por isso desta
categoria pelo artigo 2º nº2. 12 x 1000 169
Ainda dentro deste nº2 do artigo 2º temos o prémio de produtividade que ele recebeu,
também por isso da categoria A, 40
Assim na categoria A temos um rendimento bruto de 138
Temos depois o trabalho feito pela mulher, 2 de Dara como vidente: categoria B,
artigo 3º nº1 b). Se Dara cedesse direitos de autor já se poderia considerar na c), não o fazendo
qualificamos como b).
Categoria H, pois temos uma pensão de alimentos, artigo 11º nº1 a), que é paga pela
ex-mulher do Júlio ao Júlio, e é de valor de 20
3. Deduções Específicas
Categoria A temos uma dedução, segundo o artigo 25º nº1 a), de 4104. Logo, RLA=
133
168
Para as retenções na fonte já não é isso que conta, mas sim a situação mês a mês.
169
Aqui optámos por multiplicar por 12 porque tipicamente os subsídios não têm o 13º e 14º mês, mas claro,
tudo depende do que pressupusermos ao resolver a hipótese. Na vida prática isto depende do que resultar do
contrato que dá o subsidio
Quanto à categoria B, a Dara fica no regime simplificado porque, pelo artigo 28º, tem
um rendimento bruto abaixo dos 200 Agora temos de ver o coeficiente a aplicar Se a
considerarmos astróloga, está na lista referida pelo regime simplificado logo tem um coeficiente
de 0,75, no entanto vamos assumir que ela não é astróloga, só lê cartas e não astros, logo o
coeficiente é de 0,35, artigo 31º nº1 c), tem uma dedução de 13 RLB
4. Englobamento
Vistos todos os rendimentos líquidos de cada categoria temos de ver o que se engloba ou
não. Aqui temos a exceção do artigo 72º nº5, que nos dá uma taxa especial de 20% para as
pensões de alimentos. Aplicamos estes 20% ao RLH, logo 15 896 x 0,20= , por ser
uma taxa especial o contribuinte vai ter de declarar este valor na mesma, esta taxa não exonera
de declaração como acontece nas taxas liberatórias.
Podemos optar depois por englobar ou não este valor. Vamos optar por não englobar.170
5. Abatimentos
Não se aplicam neste caso, podemos passar à aplicação das Taxas de IRS
6. Taxas de IRS
Aplicando o artigo 68º, taxas diferentes vão ser aplicadas em duas partes diferentes,
assim:
Resultado: 1ª Parte + 2ª Parte = 25 744 ,866. Para averiguar a colecta temos agora de
desfazer o quociente familiar que aplicamos, por isso 25 744, 866 x 2 = 51
7. Deduções à Colecta
170
Artigo 99º nº1 b): não há retenção na fonte nas pensões de alimentos. Isto faz sentido porque as pensões
de alimentos são usualmente pagas por meros particulares que não retêm.
171
RLA+RLB 133 896 + 7000
172
Excedente. Cálculo: 70 448 - 40 522
Despesas com a educação da Dara, 4 das propinas do colégio, artigo 78º- D, 30%
dos 4 mas apenas deduzimos 800 pois há esse limite
O artigo 63º nº2 do EBF isola em especificamente os donativos feitos a igrejas. Este
donativo vai ser multiplicado por 1,3 isto dá 20 000 x 1,3 = 26 000, pois segundo este artigo os
donativos contam fiscalmente como 130% do valor doado.
Para por em marcha o artigo 63º nº2 é preciso ir aos artigos anteriores ver duas coisas:
No entanto, ao começar pelo 63 nº2 não é preciso ir atrás na lei ao artigo 62º, pois as
igrejas já estão lá expressamente, damos por adquirido que são relevante para efeitos
fiscais. Vamos aplicar a b) do nº1, temos que a dedução é de 25% da importância atribuída em
donativo com limite de 15% da colecta. Temos por isso 0,25 x 26 000 = 6500 que podemos
deduzir, temos agora de ver o limite, que é dado por 0,15 x 51 489,732 = 7723, 4598. Logo 6500
não fura o limite, deduz-se
Categoria A: janeiro e fevereiro tabela I; março até agosto tabela III; a partir de Setembro,
tabela III + 1 dependente. Janeiro e Fevereiro 174 7000 x 0,375 = 2625 x 2
173
NOTA: O PROFESSOR AO RESOLVER ESTE CASO DECIDIU NÃO APLCIAR A FORMULA PORQUE ACHOU QUE
E“TáàE‘áàCOMPLICáDáàPá‘áàNÓ“ àDEDU)IUàO“à àNÃOà“áIàPá‘áàEXáMEàPORTANTO.
174
Solteiro e 0 dependentes, logo tabela I
Vida di Catchorro
1. Incidência subjectiva
Dois sujeitos passivos e um dependente, artigo 13º nº1, 13º nº5 e ter em atenção o13º
nº8178.
2. Incidência objectiva:
3. Deduções específicas:
175
Casado e 0 dependentes, logo tabela III)
176
Casado + 1 dependente tabela III
177
Casado + 1 dependente Tabela III
178
O que releva é a situação a 31 Dezembro de cada ano.
179
Neste ano recebeu os 12 meses de salário mais 3 meses em atraso, 12+3=15.
4. Englobamento
Artigo 22º, mas nestes casos temos de ver o artigo 74º do CIRS. 181
Se trabalhador recebe salários em atraso, do ano anterior, então o código diz que vou
contabilizar o nº de anos a que respeitam esses rendimentos a contar com ano de recebimento.
Logo, valor dos rendimentos nesse ano anterior a dividir por 2 é 4500 / 2 = 2 ,e
neste caso dividimos por dois porque temos 1 ano em atraso ao qual somamos o ano do
recebimento como resulta do artigo.
A lei faz isto para que não se vá parar a escalões muito altos nos meses em que recebe os
salários atrasados, se me pagassem a tempo e horas a taxa era mais baixa, se me dão o bolo dos
rendimentos teria prejuízo porque a taxa seria mais alta, a lei quer que isso não aconteça e esta é
a solução mais praticável.
Porém não vou tributar mas sim os 4 com a taxa que corresponderia aos
2 No fundo os são o valor para averiguar qual o escalão que vamos aplicar e não o
valor efectivo que vamos tributar:
Taxa média x
6. Deduções à colecta:
180
Não está na tabela a que se refere o artigo 151º
181
Em alternativa o contribuinte pode Imputar os rendimentos ao ano anteriores, entregando declarações
substitutivas.
182
18.396+6300.
183
O splitting que vamos usar para tributar é por sua vez 24.696/2 que é 12.348
-( ) é o IRS devido
7. Retenções na fonte:
Categoria B: 18 , artigo 101º nº1 c), taxa de 11,5%. Logo 18.000 x 0,115 =
Pode é ainda fazer pagamentos por conta por pertencer à categoria B, artigo 102º
Aquela Máquina
Vamos ver transacção a transacção o IVA e no fim vemos IVA liquidado IVA suportado
para ver quanto é o IVA devido ao Estado. O esquema seguinte pode ajudar e traduz o que vamos
fazer neste primeiro caso de IVA:
Começando pelas operações ativas, isto é o lado do IVA liquidado, temos desde logo de
ver o primeiro passo, 1.Artigo 1º do CIVA para ver se há incidência do IVA, para tal verificamos
se se encontram preenchidos os seus requisitos e depois seguimos os restantes passos para cada
transacção.
serviços e é um caso de BtoC uma vez que o adquirente não é sujeito passivo e assim sendo a
regra é que o que importa é o domicílio do prestador, e visto que o prestador está domiciliado
em Portugal, então verifica-se o requisito exigido pelo artigo 1º CIVA de a prestação de serviços
ser efectuada em território nacional.
Já temos dois dos requisitos de incidência do artigo 1º do CIVA preenchidos, quanto ao
último requisito, é um sujeito passivo agindo como tal? É considerado um sujeito passivo, por
força do artigo 2º nº1 alínea a) primeira parte.
Partimos então para as 2.Isenções de fotografar. Aqui temos de ter em conta o artigo 9º
e o artigo 53º do CIVA. Começando pelo artigo 9ºCIVA, os serviços de fotografia não se
encontram previstos neste artigo logo não temos nenhuma isenção ao abrigo desta norma.
Quanto ao artigo 53º, o sujeito passivo recebe por mês em fotografar, e apesar de ser
verdade que não sabemos se ultrapassou os no ano anterior185, podemos supor que sim,
e assim não iremos aplicar as isenções do artigo 53ºCIVA.
Passamos então para o 3. Valor tributável nas fotografias em casamentos. Aqui estamos
no caso mais comum do artigo 16º, não há qualquer especialidade sendo o valor tributável
Assim aplicamos as 4. Taxas de IVA, temos de ir ao artigo 18º nº 1 do CIVA e ver quais
as taxas a aplicar. Neste caso a atividade de fotografar não se encontra em nenhuma das listas
mencionadas pelo artigo, e por isso vamos aplicar o artigo 18º nº 1 alínea c) CIVA, o que
significa que a taxa é de 23%. x
4. Taxas, vamos novamente às listas de modo a saber qual das alíneas do artigo 18º nº
1 se irá aplicar, e visto que os croquetes e rissóis não se encontram em nenhuma das listas
mencionadas, aplicamos novamente a c), ou seja, aplica-se uma taxa de 23%. Assim: 0,23 x
1500186
185
1500 x 12 = 18000 que é superior a 10000, daí assumirmos isto. Para efeitos desta pressuposição não basta
olhar para esta transacção pois o artigo 53º fa à à à à à à à à à à à à
à à à à à à à à à à à à à à à à à à à
à à à à à à à à à à
à à à à à à à
186
arões.
Indo agora ao lado passivo, ao IVA suportado, vamos ver também transacção a
transacção.
Nos rolos para a máquina fotográfica, 1.Artigo 1º CIVA temos: 1) uma transmissão de
bens, artigo 3ºCIVA, onerosa; 2) Transmissão teve lugar em território nacional, artigo 6º nº1
CIVA, uma vez que neste artigo a regra é a do local em que a coisa foi posta à disposição do
cliente e na hipótese vamos partir do princípio que o sujeito passivo comprou os rolos na FNAC
por exemplo, e 3) Temos o sujeito passivo que é a FNAC, artigo 2º nº 1 alínea a) primeira
parte.
2.Isenções, os rolos não se encontram no artigo 9º, logo por este artigo não há isenção.
Dado ao artigo 53º não há isenção dado que a FNAC excede os muitíssimo
provavelmente.
4.Taxas de IVA, vamos às listas, e depois vemos qual das alíneas do artigo 18º nº1 CIVA
se aplica, sendo que neste caso será a alínea c) logo a taca a aplicar é de 23%. 500 x 0,23 =
115
4. Taxas de IVA: visto que não se encontra em nenhuma das listas, aplicamos o artigo
18º nº1 c), ou seja, uma taxa de 23%. x
O gasóleo, temos mais uma vez de verificar se está na incidência do IVA. Dado que é uma
Transmissão de bens, artigo 3ºnº1 CIVA, a titulo oneroso, efectuada em território nacional por
força do artigo 6º nº1 CIVA e pelo que se pode retirar da hipótese uma vez que ele anda de carro
em Portugal, e visto que com toda a probabilidade abastece numa bomba, em principio, temos
um sujeito passivo, por exemplo, a GALP.
2. Isenções: Artigo 9º CIVA não se aplica e o artigo 53º CIVA também não se aplica
visto que a GALP ultrapassa claramente o limite dos 10
187
Nota: estamos a pressupor que eles fez as suas compras na FNAC porque o exercício nada diz.
4. Taxas de IVA: Ver quais as taxas a aplicar, para a tal vamos às listas. Neste caso o
gasóleo não se encontra em nenhuma lista, logo vamos aplicar o artigo 18º nº1 alínea c) e
assim sendo, aplicamos uma taxa de 23%, não se aplica a verba 2.3 da Lista II pois o gasóleo que
aí se fala é o gasóleo agrícola ou usado na pesca, que é tingido ou marcado para se comprovar
que se está a utilizar para esse fim. Assim sendo: 250 x 0,23 = 57,5
1.Artigo 1º do CIVA: Nas portagens temos uma prestação de serviços, artigo 4º nº1
CIVA, de carácter oneroso, para o requisito da localização temos de olhar artigo 6º nº6 alínea
a) regra geral o que conta é o domicilio do adquirente, pois aqui temos um caso de BtoB, e este
está em Portugal, logo a prestação de serviço dá-se em território nacional. Temos um sujeito
ativo agindo enquanto tal, partindo do principio que esse sujeito passivo é a Brisa.
2. Isenções: Não há pelas mesmas razões até aqui descritas nas outras transacções.
3. Valor tributável: Repetindo o que já foi dito noutras transacções deste caso prático, o
valor desta transacções é
4. Taxas do IVA: Há portagens que de facto se encontram previstas nas listas (Ponte 25
de Abril e Ponte Vasco da Gama), no entanto aqui vamos assumir que ele andava pelo país
inteiro e por isso vamos aplicar o artigo 18º nº1 alínea c), ou seja, taxa de 23%. 250 x 0,23 =
5. IVA Suportado IVA Liquidado: Por fim, vemos a diferença entre o IVA que o sujeito
em questão suportou e liquidou.
O IVA liquidado vai ser 345+345= 690
Quanto ao IVA suportado, a regra geral é que posso deduzir tudo, mas será que aqui não
se aplica nenhuma exceção? As exceções encontram-se previstas no artigo 21º CIVA. Aqui, em
relação ao gasóleo, aplicamos o artigo 21º nº1 alínea b), sendo que só se irá deduzir 50%. Ou
seja visto que o )VA do gasóleo era só vamos deduzir Além disto ainda temos a
exceção quanto às portagens, prevista no artigo 21º nº1 alínea c) CIVA, e neste caso não se
deduz de todo.
Assim: 690 2443,75 = - , é o IVA devido. Como é negativo o sujeito vai ficar
uma situação de crédito perante o Estado. Não pode pedir o reembolso imediato, simplesmente,
pelo artigo 22º, se no mês seguinte apurar saldo devedor compensa-se com este valor. Se ao fim
de meses tiver um crédito superior a posso pedir o reembolso nesse caso.
É Fruta ou Chocolate
Primeiro, temos aqui a questão do artigo 41º CIVA188, pois é dito na hipótese que foi
entre Julho e Setembro que teve estes ganhos. Qual é o prazo de declaração do IVA? Se eu
liquidar em Janeiro, só entrego em Março, mas porquê? O risco da cobrança não pode esmagar o
operando económico, não queremos que seja prejudicado, e alem disso também se quer
remunerar o operador económico pelo que está a fazer, por exemplo, pode aplicar aquele
dinheiro que tem a mais em caixa.
Começando pelo lado ativo189 e pelos Gelados, 1.Artigo 1º do CIVA: verificar incidência
de IVA, requisitos do artigo 1ºCIVA: 1) Transmissão de bens artigo 3ºCIVA a título oneroso, 2)
Em território nacional, uma vez que a regra é o local onde os bens são postos à disposição do
adquirente, e neste caso esse local é a Costa da Caparica, artigo 6º nº1 CIVA. É um sujeito
passivo agindo enquanto tal, artigo 2º nº1 alínea a) primeira parte pois há habitualidade, as
atividades sazonais também têm continuidade.
2. Isenções: Artigo 9º CIVA, não há isenções e artigo 53º CIVA também não se aplica
porque atinge os 190
4. Taxas de IVA: visto que não se encontra previsto nas listas, aplica-se o artigo 18º nº1
alínea c), ou seja, aplica-se a taxa de 23%. x
1.Artigo 1º do CIVA: Vale tudo o que foi dito relativamente aos gelados, portanto
requisitos estão preenchidos
4. Taxas de IVA: neste caso as águas já se encontram nas listas, nomeadamente na Lista
II verba 1.11, logo aplica-se o artigo 18º nº 1 alínea b), ou seja, uma taxa de 13%.
x
188
No exame se sair uma hipótese de IVA, dirá expressamente para calcular ao mês ou ao trimestre. Se for ao
trimestre e tivermos despesas que têm regularidade temos de multiplicar por 3.
189
O IVA liquidado.
190
Ver no caso anterior porque e como é que pressupomos isto.
adquirente. Uma vez que este comprou-os no Seixal, verifica-se. O fornecedor de gelados é ainda
um sujeito passivo agindo como tal, artigo 2º nº1 a) 1º parte
2.Isenções: não há isenções para os gelados como já vimos. Não podemos aplicar o
artigo 53º ao fornecedor de gelados porque fura os 10 mil quase de certeza.
Quanto às águas minerais, é tudo igual em relação aos gelados, menos a taxa como
também já vimos, são águas minerais, por isso taxa intermédia de 13%. x
Quanto às pastilhas que ele comprou o mesmo pode ser dito, vamos assumir que para ter
gasto em pastilhas as comprou na Makro, sendo que a Makro furará também o limite de
A Makro aqui é o sujeito passivo Não temos isenções nas pastilhas portanto, e o valor
tributável é de .
Quanto às 4.Taxas de IVA, se considerarmos estas pastilhas para a tosse como
medicamentos temos o artigo 18º e aplicamos a Lista I se estas pastilhas forem
medicamentos, logo a taxa será de 6%. 0,06 x 200 = 12
Na compra que ele fez de umas sandálias temos 1.Artigo 1º do CIVA: Transmissão de
bens, artigo 3º nº1 de carácter oneroso dado ser uma compra e venda, realizada em território
nacional pelo artigo 6º nº1 e vamos assumir que comprou as Sandálias no Almada Forum,
sendo este o sujeito passivo nos termos do artigo 2º nº1 a).
4. Taxas do IVA: Artigo 18º e considerando que não são sandálias ortopédicas191
aplicamos a taxa normal de 23%. 50 x 0,23 = 11,5
191
Lista I verba 2.6, com receita médica
que conta é o domicílio do adquirente. Mas isto levantaria uma questão, se for assim cada vez
que os passageiros pagam um bilhete, quem está lá vai ter de perguntar se é sujeito passivo e
sendo se está domiciliado em Portugal ou não. Para evitar isto que seria impraticável, temos as
regras do nº7, prestações não tributáveis, excepção ao BTB e BTC e nº8, tributável BTB e
BTC. Neste caso nº8 b) o que conta é onde ocorre o transporte, sendo o nº8 a excepção que
manda tributar, logo é tributável e o requisito do território está preenchido. O sujeito
passivo é a empresa de camionagem.
5. IVA Suportado IVA Liquidado: O IVA Liquidado é a soma do lado ativo: 1150 + 650
= 1800
O IVA suportado já temos de olhar com mais atenção para ver se as compras são feitas
no âmbito da actividade ou não. A regra é que se faço uma compra que tem a ver com a
actividade à partida é dedutível, artigo 20º, e mesmo assim há certos casos em que o artigo 21º
diz que não vai ser dedutível, apesar de ter sido comprado no âmbito da atividade. Neste
caso temos o passe que não é dedutível pelo 21 nº1 c), no caso destas despesas, a confusão entre
a esfera pessoal e profissional é tão grande que exclui o direito à redução daí o legislador
consagrar o regime do artigo 21º do CIVA. O IVA suportado é então: 11,5 + 460 + 65 + 12 =
548,5 . IVA Suportado IVA Liquidado = 1800 548,5 = 1251,5 Tem a
entregar ao estado.
1)É uma Prestação de serviços, artigo 4º, com carácter oneroso; 2)Realizada em
território nacional, artigo 6 nº 6 alínea a), BtoB, ele é sujeito passivo, por isso o que conta é o
adquirente, esse encontra-se na FNAC do colombo, por exemplo. A quem é que será que ele
cobra os 5000? A quem o contrata, centro comercial por exemplo, a FNAC. Nesse caso é mais
fácil dizer que estamos perante uma prestação de serviço; 3)Sujeito passivo agindo como tal,
artigo 2º nº1 a) 1º parte, o artista é o sujeito passivo.
2.Isenções: Artigo 9º nº15 alínea a) se estiver em causa uma prestação feita por um
artista ao respectivo promotor, desde que esteja em causa um espetáculo, ou algo de verdadeiro
conteúdo artístico, há isenção. Neste caso uma sessão de autógrafos não se encaixa aqui, não
podemos fazer interpretação extensiva, não há isenções, nem pelo artigo 53º.
4. Taxas de IRS: Nas listas não aparece sessões de autógrafos192, por isso 23%. 0,23 x
5000 =
3. Valor Tributável é -
4. Taxas de IVA: Artigo 18º nº1 c), 23%. 5000 x 0,23 = 1150
Depois nas visitas guiadas, temos uma prestação de serviços a título oneroso, BtoC,
Qual a consequência? Artigo 6º nº6 b), está a prestar um serviço a quem não é sujeito passivo.
Mas neste caso será que aplico a regra geral BtoC? Esta prestação de serviços consiste em
mostrar uma casa. É uma prestação de serviços relacionada com um imóvel. São as excepções do
nº 7 e 8. Se a casa estiver fora de Portugal, aplico o nº 7, se estiver em Portugal, como em
princípio neste caso está, aplico o nº 8. Nestes casos já não é relevante o domicílio do sujeito
passivo mas sim o local onde se encontra o imóvel, que é Portugal.
3. Valor tributável
4. Taxas de IVA: 23%, artigo 18º nº1 c), 2500 x 0,23 = 575
Quanto ao concerto em Paris, temos uma prestação de serviços com carácter oneroso,
e estamos numa situação BtoB, no entanto, tem lugar a aplicação do artigo 6º nº7 e), logo não
vamos tributar este valor.
Vamos agora ver as transacções que dizem respeito ao lado passivo, ao IVA suportado:
temos as aulas de dicção e o arrendamento da casa. Começando pelas aulas:
2. Isenções: Se admitirmos que tem função terapêutica íamos buscar a isenção dos
serviços de saúde. Mas é duvidoso, admitiremos por isso que não há isenção, nem no artigo 9º
nem no 53º.
192
Nas listas temos algumas prestações de caracter artístico Lista II verba 2.6
3. Valo tributável:
Índice
A História do Direito Fiscal Português ................................................................................................... 1
O Advento do Estado Fiscal ................................................................................................................. 1
Fiscalidade do Antigo Regime ............................................................................................................. 2
Fiscalidade do Regime Liberal ............................................................................................................. 4
A Fiscalidade no Século XX .................................................................................................................. 8
A Primeira República ....................................................................................................................... 8
Ditadura Militar ............................................................................................................................... 9
O Estado Novo ............................................................................................................................... 10
Fiscalidade da Constituição de 1976 ............................................................................................. 11
Fiscalidade Antes do Século XXI ........................................................................................................ 12
Timeline ............................................................................................................................................. 13
As Categorias Tributárias Fundamentais ............................................................................................. 14
Imposto ............................................................................................................................................. 14
Notas sobre os impostos: a relação jurídica tributária e a extrafiscalidade ................................. 15
Classificação dos Impostos ............................................................................................................ 15
Taxa ................................................................................................................................................... 17
As Fronteiras entre as Figuras Tributárias a propósito das Presunções ....................................... 18
Contribuições .................................................................................................................................... 19
Os Princípios do Direito Fiscal .............................................................................................................. 20
O Princípio da Legalidade .................................................................................................................. 20
Justificação .................................................................................................................................... 20
Auto-Tributação ............................................................................................................................ 21
Âmbito e Extensão da Reserva de Lei ........................................................................................... 22
Princípio da Proibição da Retroactividade ........................................................................................ 23
A Questão da Retroactividade Benéfica e das Taxas e Contribuições Retroactivas ..................... 25
Aplicação da Lei no Tempo para a Lei Geral Tributária ................................................................. 25
Princípio da Igualdade Tributária ...................................................................................................... 26
Princípio da Capacidade Contributiva ........................................................................................... 27
Princípio da Equivalência............................................................................................................... 29
A Extrafiscalidade .......................................................................................................................... 31
A Relação Jurídica Tributária ................................................................................................................ 36
Sujeitos das Relações Jurídicas Tributárias ....................................................................................... 36
Sujeito Ativo .................................................................................................................................. 36
Sujeito Passivo ............................................................................................................................... 36
Taxas de IRC................................................................................................................................... 68
Deduções ....................................................................................................................................... 69
Tributação de Entidades Não Lucrativas ...................................................................................... 69
Benefícios Fiscais das entidades não lucrativas ............................................................................ 70
IVA ......................................................................................................................................................... 72
Incidência .......................................................................................................................................... 72
Passos Para o Cálculo do IVA ............................................................................................................. 77
1. Artigo 1º .................................................................................................................................... 77
2. Isenções ..................................................................................................................................... 78
3. Valor Tributável ......................................................................................................................... 79
4.Taxas do IVA ............................................................................................................................... 80
5. Fazer IVA liquidado IVA suportado ......................................................................................... 81
Outras Considerações .............................................................................................................. 82
Garantias dos Contribuintes ....................................................................................................... 84
Meios Processuais Tributários........................................................................................................... 86
Como decidir que meio escolher................................................................................................... 88
Esquema Resumo das Garantias ....................................................................................................... 89
Hipóteses Práticas ................................................................................................................................ 90
Ilegalidade Tributária ........................................................................................................................ 90
Grandes Expectativas ........................................................................................................................ 91
O Progresso Vem de Trás .................................................................................................................. 92
Sinais do Exterior ............................................................................................................................... 95
Ele e o Tóbi ........................................................................................................................................ 97
Estranho caso da Vida ..................................................................................................................... 101
Serpente do Cazaquistão................................................................................................................. 105
Mãezinha Riquita............................................................................................................................. 108
Sempre a abrir ................................................................................................................................. 111
Barata Assassina .............................................................................................................................. 113
Correcção do Teste por Sérgio Vasques .......................................................................................... 115
Tornozelo Fracturado ...................................................................................................................... 118
Tudo em Cigarrilhas......................................................................................................................... 120
A Irmã Rejeitada .............................................................................................................................. 123
Vida di Catchorro ............................................................................................................................. 126
Aquela Máquina .............................................................................................................................. 128
É Fruta ou Chocolate ....................................................................................................................... 132
Isto Está Bom ................................................................................................................................... 134