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Caderno Direito Fiscal

Direito Fiscal (Universidade Catolica Portuguesa)

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Baixado por Afonso Pedro (afonsopedro2010@live.com.pt)
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A História do Direito Fiscal Português

O Advento do Estado Fiscal


Até à idade moderna do direito fiscal, até ao século XIV, o monarca constituía um mero
primus inter pares e as prestações que lhe eram devidas não se podiam considerar
verdadeiramente prestações de direito público. O monarca não tinha a prerrogativa então de
lançar impostos, pelo menos não com carácter geral e permanente, e os seus rendimentos eram
pessoais com uma eminente conexão pessoal a cada um dos seus súbditos nas relações que
este tinha com eles. Os rendimentos do monarca eram então rendimentos dos seus domínios:
como as rendas pagas pelos camponeses que trabalhavam nas suas terra, a exploração feita
de recursos naturais como aquela que era feita às florestas, às salinas, às minas, às adegas, às
pedreiras, aos lagares, à moagens e às minas. Além disto tinha ainda vários direitos
senhoriais como as portagens e a protecção que vendia aos seus súbditos bem como as
ofertas que estes lhe faziam em ocasiões especiais.

No entanto, em virtude da guerra que no contexto europeu existia, começou a sentir-se a


incapacidade destes rendimentos dominais para sustentar as despesas da guerra. Era preciso
formar um exército permanente e mais números. Para isto o monarca não teve se não outra
alternativa se não a de se começar apropriar da riqueza dos seus súbditos, justificando essa
apropriação com o bem comum da nação o que lhe permitira também justificar que o imposto
tivesse um carácter geral.

Até agora o descrito supra foi o enquadramento geral do processo comum que se deu em
toda a Europa, tendo acontecido em Portugal logo no final do século XIV. Assim quando se
fundou Portugal o Rei mantinha ainda esta relação pessoal com cada um dos seus súbditos.
Tinha então uma amálgama de pactos, vínculos e compromissos com os seus vários súbditos em
que assentava o seu poder financeiro. Entre os vários rendimentos destacam-se os rendimentos
provenientes da terra e do pastoreio, os rendimentos associados ao comércio, os
rendimentos provenientes da administração e da justiça entre outros.
Assim, e como já foi aqui avançado, no final do século XIV há uma mudança do estado
dominial para o estado fiscal, o Rei de Portugal, face à crise de 1383-1385 e com a luta pela
independência viria a necessidade de criar um imposto de carácter geral. Foi então que se
criaram nas Cortes, reunidas em Coimbra ao ano de 1387, as sisas gerais.

As sisas gerais seriam então autorizadas durante um ano e consistiam no alargamento a


todo o território do Reino de Portugal do que já se cobrava na altura a nível do concelhio às
mercadorias. Este foi o primeiro imposto geral e permanente em Portugal dado que apesar da
autorização por um ano seriam prorrogadas durante vários anos. Fica então o ano 1387
marcado como ano do nascimento do nosso Estado Fiscal. A todos tocava este imposto, nobreza,
clero, qualquer estamento ou localidade do Reino, era a primeira vez na história que todos
eram tratados de forma igual como contribuintes. Esta universalidade era justificada como
o preço da civilização o preço que todos tinham que pagar para terem a defesa da sua vida e
propriedade garantida pelo Estado, o argumento por detrás deste imposto era o bem comum
acima de tudo, daí que tocasse a todos. Resta dizer que estas sisas foram a principal fonte de
receita fiscal do estado português até ao século XV onde rapidamente, por consequência dos
Descobrimentos, foram suplantadas pelos tributos incidentes no comércio ultramarino.
Podemos caracterizar estas sisas em três pontos principais:

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1) A sua universalidade
2) Como sendo O Preço da Civilização
3) Principal receita do Reino de Portugal até aos Descobrimentos.

Fiscalidade do Antigo Regime1


Como já foi avançado, até ao século XIX a história da fiscalidade portuguesa
corresponderia em larga medida à tributação indirecta feita sobre o comércio externo
deixando cada vez mais enfraquecida a máquina fiscal a nível interno. Isto levou a uma
deficiência fiscal a nível interno que foi, no período do Antigo Regime, preenchida pela igreja. A
igreja afirmar-se-ia como o estado dentro do estado dispensada em regra do pagamento dos
tributos régios e lançado sobre os camponeses e artesão o encargado da dízima, sempre sob
pena de estes serem excomungados. Os dízimos predais incidam sobre as terras, os frutos das
árvores, gados bestas, enfim, aquilo que hoje caberá ao âmbito dos Direitos Reais. Os dízimos
pessoais incidiam sobre o trabalho, o comércio e a indústria. A dízima era tributada em nome de
Deus e para Deus, e povo coagido pela religião acabaria por fazer com que as receitas dos
dízimos eclesiásticos chegassem a ser equivalentes ao triplo das sisas gerais arrecadadas na
mesma época.

A expressão principal da fiscalidade desta época esteve então voltada para o exterior,
direitos aduaneiros eram a mais importante receita tributária do estado português desde do
século XV até ao século XIX. Esta expressão explica-se por um lado pelo grande
desenvolvimento do comércio ultramarino que se deu com os descobrimentos e por outro
com a facilidade em tributar sobre este tipo de comércio externo comparativamente à
tributação do comércio interno, era mais fácil cobrar direitos aduaneiros no desembarque das
mercadorias nos portos nacionais, o controlo que era requerido pela administração era muito
menor pois tudo estava concentrado num só ponto geográfico.
Fazendo um apanhado numérico para se ter presente a importância deste comércio: no
ano de 1505 as receitas dos tratos marítimos, estancos e da Alfândega de Lisboa correspondiam
a nada mais que 65% das receitas totais da coroa, percentagem quer viria a aumentar em 3%
nos anos de 1518-19. Um século mais tarde, em 1681 registavam-se estes valores relativamente
inalterados respondendo só as receitas da Alfândega de Lisboa a 16% da receita total do reino.
Estes números só viriam a aumentar no primeiro quarto do século XVIII, em 1716 o valor das
receitas provenientes da Alfândega de Lisboa já estavam nos 24% da receita total da coroa.
Com esta receita toda o panorama fiscal português iria manter-se relativamente
inalterado até às reformas liberais do século XIX as quais já olharemos, sendo que a atrofia
da nossa tributação interna era cada vez mais evidente, a partir do século XV as sisas gerais
passaram a ser progressivamente cobradas por montantes fixos pré-determinados por cada
povoação em vez de serem cobradas em função de transacções concretas como até aí tinha
acontecido2. Apenas a cidade de Lisboa era excepção a esta mudança na cobrança das sisas,
continuando o imposto a incidir sobre as vendas realizadas na cidade bem como sobre a entrada
de mercadorias. Este método de cobrar das sisas diferente em Lisboa do que no resto do país
juntamente com a riqueza que a cidade gerava levariam a que a sisas colectadas na capital

1
Período da história das populações europeias durante os séculos XVI, XVII, e XVIII, isto é, desde as
descobertas marítimas até às revoluções liberais. Coincidiu politicamente com as monarquias absolutas,
economicamente com o capitalismo social e socialmente com a sociedade de ordens.
A isto chama- à à
2
or determinado para cada povoação, sendo a

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ultrapassassem o que era arrecadado no resto das povoações do país. Assim sendo Lisboa era
uma das únicas, se não a única, localidade onde o comércio interno tinha mais relevo para a
coroa portuguesa acabando por representar o mais importante mecanismo de tributação para a
mesma.

A par desta tributação em termos de importância estava o imposto real d água. O


imposto real d água era um imposto selectivo3 que incendia sobre o consumo de carnes e vinho
e que em 1635, por medida de D. Filipe III se viria a alargar a todo o país. O real d água era
então condensado por meio do Regimento Real de 31 de Outubro de 1636 e traduzia-se na
imposição de um real de cobre pela venda de cada arrátel de carne ou canada de vinho. A medida
de alargar o imposto a todo o país foi um dos factores que levou à expulsão da Dinastia Filipina
do país restaurando a independência na Dinastia de Bragança com o Rei D. João IV. D. João IV no
entanto manteria o imposto tendo usado a necessidade de defesa contra Espanha como forma de
justificar a continuação da cobrança do real d água Este imposto manter-se-ia então vivo até às
reformas liberais, sendo abulido apenas em 1922 por criação do imposto de transacções. Dada a
duração do imposto real d água este foi um dos mais importantes impostos indirectos
incidentes sobre o comércio interno do país, ainda que, pelo que já foi explicado supra,
representa-se menos que um quinto da receita da receita produzida pelos direitos de
importação.

A viragem do Estado Fiscal para o exterior contribui ainda para a atrofia dos nossos
impostos sobre o rendimento. Ao longo do Antigo Regime merece a nossa atenção a décima
militar. Este imposto teria sido criado também com o propósito da guerra pela Restauração da
Independência4, tendo sido criado pelo Rei D. João IV a 5 de Setembro de 1641, a décima
corresponderia à tributação de 10% de todos os rendimentos de todos os sujeitos do
Reino Esta universalidade era justificada também pela necessidade de proteger o bem comum
da nação e o imposto teria o fim de pagar o exército português A décima militar fica marcada
não apenas pela construção larga e cedular da sua base de incidência como também pela
preocupação muito vincada de universalidade que a atravessa, nem o clero escapava a este
imposto. O Alvará de 5 de Setembro de 1641 previa a cobrança da décima apenas por três
anos, mas salvaguardava que o imposto poderia vir-se a tornar definitivo no sistema
fiscal português se a necessidade de proteger o Reino da guerra tal o justificasse. Assim o
novo imposto acabou por torna-se definitivo no nosso sistema fiscal com uma taxa que nem
sempre corresponderia a 10% ao longo da história, em certos períodos subiria aos 30% e
noutras épocas desceria até aos 4,5% tendo vindo a assentar em 10% desde a reforma
promovida por Marquês de Pombal em 1762.

Podemos então caracterizar a fiscalidade do antigo regime como uma fiscalidadde:

1) Voltada para o exterior, ignorando o interior dando espaço a outras


entidades para cobrarem a nível interno (como a Igreja)
2) Que Atrofiou o Sistema Fiscal Interno
3) Que foi uma fiscalidade de um período de grande riqueza para o reino
4) Marcada a nível interno pelas alterações feitas às sisas gerais, pela
criação do real d água e pela criação da décima militar.
5)

3
Não era universal como as sisas.
L à à à à àF à àP à à à à à à à à àE à
4

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Fiscalidade do Regime Liberal

Se, como foi dito, no período do antigo regime o Estado Fiscal se tinha virado
preponderantemente para o exterior, isso viria a causar transtornos ao mesmo com as chegadas
das Guerras Peninsulares e Independência do Brasil, assim sendo foi preciso rever o Estado
Fiscal Interno no período do Regime Liberal. Assim, o essencial da inovação em matéria fiscal
neste período da história, centrar-se-ia nas contribuições directas sobre o património e
rendimento, oscilando entre os sistemas de quotidade e da repartição, atravessadas pelo
problema maior da determinação de valores reais por administração que ao longo dos
tempos nunca tinha sido obrigada a fazê-lo.
Podemos dizer que o percurso traçado pela fiscalidade portuguesa desde da Revolução
Vintista5 até à instauração da República atravessou duas etapas: uma primeira materializada
nos decretos nos anos 1830 pelo programa negativo do desmantelamento dos entraves
fiscais ao comércio e à indústria e de erradicação dos poderes tributários menores da
igreja e da classe senhorial que tinham ocupado os sectores internos da fiscalidade durante o
período do Antigo Regime6; uma segunda etapa ensaiada sem sucesso nos anos quarenta por
Costa Cabral e prosseguida paulatinamente depois da Regeneração dos Anos Cinquenta, esta
reforma seria marcada pelo programa positivo de instalação de um sistema de tributação
interna que iria ocupar o espaço que tinha sido esvaziado pelas medidas dos decretos de
1830.

As medidas referidas supra estavam centradas na reforma da tributação directa, sendo


que a tributação indirecta ao longo deste período do século XIX sofreu alterações menos
relevantes, as alfândegas continuariam a proporcionar enorme riqueza ao estado como no
período da Fiscalidade do Antigo Regime. O que há de interesse a analisar no direito aduaneiro
nestes anos oitocentos não é tanto a angariação da receita mas a extrafiscalidade destes
período da história que passou em larga medida pelas questões pautais, objecto de acesas e
polémicas discussões sobre o livre-cambio vs. medidas proteccionistas e também pelas
questões sociais que se apoderariam do nosso sistema fiscal no final do século.
Portugal preponderaria então, como em tantos outros países da Europa do século XIX,
uma política pautal de cunho proteccionista voltada para a defesa da nossa protecção
agrícola mais tradicional e dos sectores industriais com maior força reivindicativa junto
do poder. Em concreto a Pauta Aduaneira de Passos Manuel de 1837 seria a primeira
grande sistematização do nosso direito aduaneiro, fazia-se em 1499 artigos repartidos em 25
classes , agravando em cerca de 30% os direitos de importação pré-existentes, também a Pauta
de 1852, aprovada logo na sequência da Regeneração7, aligeiraria por breves momentos a
generalidade dos direitos de importação sem sacrificar ainda assim a protecção dos sectores
mais expostos à concorrência internacional. A partir dos anos 1880 a tendência iria impor-se

5
Vintismo é a designação genérica dada à situação política que dominou Portugal entre Agosto de 1820 e Abril
de 1823, caracterizada pelo radicalismo das soluções liberais e pelo predomínio político das Cortes
Constituintes, fortemente influenciadas pela Constituição Espanhola de Cádis.
6
Como acabámos de ver no ponto anterior.
7
Regeneração é a designação dada ao período da Monarquia Constitucional portuguesa que se seguiu à
insurreição militar de 1 de Maio de 1851 que levou à queda de Costa Cabral e dos governos de inspiração
setembrista. Apesar do ministério que resultou do golpe ser presidido pelo marechal Saldanha, o principal
personagem da Regeneração foi Fontes Pereira de Melo. Embora não possa ser claramente delimitada no
tempo, o período da Regeneração durou cerca de 17 anos, terminando com a revolta da Janeirinha, em 1868,
que levou o Partido Reformista ao poder. A Regeneração foi caracterizada pelo esforço de desenvolvimento
económico e de modernização de Portugal, a que se associaram pesadas medidas fiscais.

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novamente com a Pauta de 1892 quebrada em 592 artigos e 6 classes. Em todo o período aqui
descrito a receita aduaneira raras vezes desceria abaixo dos 30% da receita fiscal.

Mas voltando agora à tributação directa, que foi onde a Fiscalidade do Regime Liberal
mais mexeu, tivemos como já foi dito duas etapas.
Na primeira fase, temos os decretos de Mouzinho Silveira, que visariam um programa
dito negativo isto é, limpar a prevalência dos poderes tributários menores como o da
igreja e da classe senhorial que tinham no Antigo Regime ocupado o comércio e indústria
interna. Assim, Mouzinho da Silveira através dos Decretos de 1832 tomou meios dos quais se
desmantelou a ordem financeira do Antigo Regime. Procurava-se com estes decretos
relançar uma economia devastada pela guerra e pela perda do império brasileiro fazendo ao
mesmo tempo uma propagada liberal à parcela do país ainda sobre domínio miguelista. Assim
temos:

1) Decreto nº13 de 19 de Abril de 1832 Este decreto procedeu à abolição das


sisas sobre os bens móveis e semoventes, restringindo o imposto aos bens de
raiz. À altura as sisas incidiam sobre bens móveis, imóveis e semoventes com uma
taxa em regra de 10%, mas sujeita a grande variação de concelho para concelho e um
regime que tendia a penalizar transacções entre gentes de terras diferentes
prejudicando por isso o comércio interno. As sisas sobre bens móveis eram por via
de regram encabeçadas mas não deixavam de ser cobradas quando o comprador ou
vendedor fossem fora da terra chamando-se sisas correntes. Estas oneravam a
circulação circulação das mercadorias como fosse uma portagem. Este decreto quis
por termo definitivo a este espirito anti-mercantil na qual as transacções tinham
um efeito cumulativo gravoso levando os portugueses a quererem produzir cada vez
mais os seus bens e a comprar cada vez menos. O decreto determinavam então que a
partir de 1 de Janeiro de 1833 não se pagassem mais sisa se não nos casos de
venda ou troca de bens raiz, casos em que o imposto ficava então reduzido a
5% do valor dos prédios.

2) Decreto nº40 de 30 de Julho de 1832 Procedeu à abolição dos dízimos


eclesiásticos8, erradicando a igreja como poder tributário menor que se tinha
tornado. O objectivo era acabar com o segundo Estado Fiscal que a igreja tinha
montado dentro do Estado Português que levava os portugueses a terem de pagar
contemporaneamente a estes dois sistemas paralelos. Os dízimos eclesiásticos
prejudicavam gravemente o comércio interno do país pois estavam concentrados
sobre a agricultura, o que a impedia de evoluir e acompanhar o progresso agrícola
que se dava no resto do mundo ficando por isso incapaz de concorrer nos mercados
internacionais. Além disto estes dízimos enriqueciam de forma exorbitante o clero, o
que só tornava a classe mais atractiva criando mais indivíduos de uma classe que
nada produzia e só parasitava.

3) Decreto nº 44 de 13 de Agosto de 1832 Abolia os tributos e prestações


senhoriais. Assim, os direitos reais, foros, pensões, quotas, censos, rações certas e
incertas, jugadas, teigas, laudémios, luctuosas, emprazamentos, sub-emprazamentos
ou quaisquer outras prestações fundadas em doações régias, forais, sentenças ou
título diverso ficavam imediatamente revogados. A partir de então ficava proibido
o pagamento de tributos ou contribuições em benefício de corporações menores,

8
Ver Regime Fiscal do Antigo Regime para compreender a questão.

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devendo os tributos passar a ser de natureza geral e repartidos entre todos


os habitantes da monarquia

Infelizmente, o programa negativo não resultou nos objectivos económicos que deles se
esperava. O desmantelar das várias facetas criadas na Fiscalidade no Antigo Regime não gerou
crescimento na economia portuguesa. É certo que as medidas tomadas por Mouzinho da Silveira
concentraram o poder tributário no Estado tendo este poder ficado centralizado e
libertando-se por isso espaço para a construção de um sistema eficaz e mais moderno de
tributação interna, que era bem necessário, em particular dos impostos sobre o património e o
rendimento. Isto talvez tenha acontecido pois muito falhou na segunda etapa de que vamos
agora falar.

Num segundo momento da Fiscalidade do Regime Liberal procurou-se, como já foi dito
supra, fazer um programa positivo de instalação de um sistema de tributação interna que
ocupasse o espaço agora vagado pelas medidas de Mouzinho da Silveira. O primeiro ensaio de
reforma global da nossa tributação directa seria então levado a cabo por António da Costa
Cabral.
Por meio de uma Lei aprovada a 19 de Abril de 1845 em que se propunha abolir-se o
que restava da anterior fiscalidade abolindo-se a décima militar9 bem como um conjunto de
outras figuras menores. Em lugar destas medidas, seriam implementadas três contribuições de
repartição apenas, que pretendiam constituir o corpo fundamental da nossa tributação
directa. Seriam elas:

1) A Contribuição Predial A mais importante de entre elas, incidiria sobre a


generalidade dos prédios rústicos e urbanos, onerando-os na proporção dos seus
rendimentos a determinar de um arrolamento geral posteriormente chamado a
matriz predial
2) A Contribuição de Maneio Que incidiria sobre os rendimentos do trabalho, da
empresa e da aplicação de capitais, sendo estabelecida em função da natureza das
profissões e capacidade económica dos contribuintes bem como da renda dos locais
em que exercessem a sua actividade tal como estes figurariam numa matriz de
maneio a organizar então adiante
3) Contribuição Pessoal Operaria como uma espécie de complemento às outras
duas. Oneraria todos os indivíduos com rendimentos próprios com uma taxa geral
correspondente a dois dias de trabalho, mas em que nunca se avaliariam mais que
um tostão por cada dia de trabalho. Além desta taxa existiria uma taxa domiciliária
devida em função dos criados e cavalgaduras que os contribuintes possuíssem para o
seu serviço doméstico.

Olhando às medidas de Costa Cabral mostra-se uma modernidade evidente em que se


procura de um só golpe chamar ao estado as principais bases de incidência que os decretos de
Mouzinho da Silveira tinham entretanto deixado libertas, é de notar que estas medidas são um
conjunto de tributos relativamente simples e de boa articulação recíproca. Repara-se
ainda que esta reforma de Costa Cabra fixava também linhas de força da fiscalidade directa
tomando a tributação da propriedade como matriz para a tributação dos demais rendimentos,
sacrificando o sistema mais exacto da quotidade ao sistema mais previsível da repartição e
fugindo por isso à determinação complexa e vexatória dos rendimentos reais através do uso de
presunções. Verdade é também que o arrojo destas reformas com contornos tão vincados
levantaria dificuldades administrativas grandes ao governo de Portugal caso tivessem

9
Ler a Fiscalidade do Antigo Regime

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vindo a ser efectivamente tomadas, o que não aconteceu, pois em 1846 despoletou a revolta da
Maria da Fonte, revolta popular que mataria a reforma de Costa Cabral, o povo atacou quartéis,
cartórios e repartições públicas. Com a queda do Governo em Abril de 1846 abolir-se-iam de
imediato as novas contribuições e o país ver-se-ia então num compasso de espera para que se
pudesse pouco a pouco concretizar reformas de modo a completar o trabalho de Mouzinho da
Silveira. Só em 1852, 1860 e 1887 se conseguiu, com o movimento da Regeneração, reunir-se
estabilidade política para reconstruir a máquina fiscal interna. Assim:

1) Em 1852 Por meio do Decreto de 31 de Dezembro, criou-se a contribuição


predial, como já foi dito, peça mais importante da nossa tributação directa
configurando um imposto de repartição com uma receita global fixada de antemão e
divida depois pelos concelhos e pelos contribuintes em função do rendimento
colectável dos prédios. Para isto seria necessária a elaboração de um cadastro
predial fidedigno. Aceitavam-se também o uso de matrizes provisórias que seriam
substituídas posteriormente por outras definitivas
2) Em 1860 A reforma fiscal procede-se com a criação da contribuição industrial
que assentaria nas técnicas de repartição e da tributação por estimativa, os
contribuintes seriam onerados em função de indicadores objectivos presos ao seu
ramo de actividade, instalações, equipamentos ou localização; a fusão da sisa e do
imposto de transmissão da propriedade na contribuição de registo; e a substituição
dos impostos criados e cavalgaduras e a contribuição das rendas da casa pela
contribuição pessoal; criando-se também ainda o novo imposto de viação.
3) Em 1887 Por decreto de 18 de Agosto, instituir-se-ia a contribuição de juros, um
imposto incidente sobre a generalidade dos capitais mutuados, com taxa comum de
13,5% com o qual se rematava a reforma gradual da antiga décima militar.

O sucesso relativo destas reformas que duraram 30 anos comprova-se pela leitura das
finanças públicas da época. Os impostos sobre o rendimento nos anos cinquenta já
correspondiam alias a 20% da receita fiscal portuguesa corresponderiam no final do século a
28%. No espaço de uma geração o estado português tinha finalmente chamado para si as bases
de incidência que durante tanto tempo tinham sido dominadas pela igreja e pela classe senhorial
e com isso o tax-mix do país já não era voltado para fora como era no tempo dos
Descobrimentos.
Apesar disto não se chegou a ter um imposto pessoal sobre o rendimento de base
larga como tinha acontecida em Inglaterra com o personal income tax, em 1880, Anselmo José
Braamcamp ainda tentou impor um imposto pessoal de rendimento com a Lei de 18 de Junho,
uma figuira com contornos modernos e com base de incidência larga que seria sobreposta às
contribuições criadas durante o século com taxas de 2% ou 3%. Esta medida não teve apesar
sucesso pois 1 ano depois o imposto seria parcialmente abolido.

Ainda no respeitante à tributação do consumo interno houve alterações, se bem que


poucas. O real d agua10 perderia progressivamente o seu peso com a tentavia de criação de um
imposto geral de consumo feito por lei em 10 de Junho de 1867 e logo abolido pela revolta da
Janeirinha no inicio do ano seguinte Assim, relativamente ao consumo, apenas a receita do
imposto de selo iria alimentar os cofres do país. O imposto de selo era uma espécie de imposto
geral sobre o consumo que viria a produzir regulamentos e tabelas por uma técnica pautal que
perdura até aos dias de hoje. O consumo interno acabaria assim por ser a última área à
qual se alargou o Estado fiscal dos anos 1800, e sem dúvida foi assim que os concelhos

10
Ver Antigo Regime e a sua Fiscalidade.

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mantiveram uma das principais fontes de receitas ao longo do século.


Os códigos administrativos oscilariam entre mais ou menos descentralização ao longo do
século XIX, mas dariam sempre aos concelhos poder de lançar tributos locais sobre o
consumo.

A Fiscalidade no Século XX
Podemos dividir a análise da fiscalidade deste século em 4 momentos: O momento da
instauração da Primeira República, o momento da Ditadura Militiar, o momento do Estado Novo,
e o momento da Constituição de 1976.

A Primeira República

Ao contrário do que sucedeu com a Revolução Liberal a Primeira República não


procurou fazer uma reforma muito grande do sistema fiscal mantendo tudo relativamente igual
ao tempo da Monarquia que tinha caído. As reformas tiveram por isso acima de tudo um cariz
de carga simbólica no seu programa de transformação social com alguns retoques dados
por medidas progressivas. A novidade fiscal da Primeira República de Portugal foi a
progressividade do sistema fiscal muito voltada para a tributação do património onde havia que
corrigir desigualdades de fortuna no olhar deste regime. Os textos fiscais da primeira república
são então feitos de uma fiscalidade militante num estilo curiosamente dado pelos decretos de
Mouzinho da Silveira11 alterando estes:

1) Decreto de 4 de Maio de 1911 Reformaria a contribuição predial, que era ainda o


mais importante dos impostos indirectos, introduzindo nela taxa progressivas e pondo
assim termo ao sistema reaccionário da proporcionalidade Em concreto havia
taxas progressivas entre 7% a 17% para os prédios rústicos e 4% a 14% para prédios
urbanos.
2) Decreto de 24 de Maio de 1911 Viria trazer a progressividade também à
contribuição de registo onerando as transmissões gratuitas com taxas que não
variavam apenas em função do grau de parentesco mas também em função do valor dos
bens, atingido a taxa máxima de 17,75% nas transmissões entre estranhos.
3) Reforma Fiscal de 1922 materializada na Lei nº 1368 de 21 de Setembro Daria
corpo a um programa de modernização global dos nossos impostos sobre rendimento e
sobre o consumo que tinha as suas inovações principais nas figuras da contribuição
industrial, do imposto pessoal de rendimento e do imposto sobre valor das
transacções. A contribuição fiscal passava a ser formada por uma taxa fixa paga em
função de indicadores determinados como o capital social e o número de empregados; e
por uma taxa complementar no valor de 10% incidente sobre os lucros reais tal como
declarados pelos contribuintes, ou sobre os lucros que estes presumivelmente
obtivessem, tal como fixados pela administração, na falta de declaração. A tributação dos
rendimentos passava assim a incidir sobre os valores reais e já não sobre valores
estimados operando a taxa fixa como uma mera antecipação do valor resultante da
aplicação da taxa complementar aos lucros reais.

11
Ver Fiscalidade do Regime Liberal e as contribuições nela criadas.

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4) O imposto pessoal do rendimento Surgindo com contornos de um moderno personal


income tax incidia sobre os rendimentos de qualquer natureza, tal como declarados pelos
contribuintes, e munido das deduções objectivas e subjectivas que ainda hoje nos são
familiares e fazendo uso de taxas fortemente progressivas que ia desde dos 0,5% aos
30%
5) O imposto sobre o valor das transacções figura nova que representava a primeira
tentativa de introduzir no país um imposto geral de consumo moderno acompanhado o
que acontecia noutros países da Europa à altura. Este novo imposto assentaria num
princípio de autoliquidação e incidia sobre a generalidade dos bens e serviços com taxa
comum de 1% abolindo-se com ele por fim o real d água12 e os direitos de consumo
além de outros tributos indirectos menores.

Em 1923 surgiria o primeiro recuo, aprovando-se instruções provisórias que


reconduziam a contribuição industrial à mera aplicação de uma taxa sobre a facturação bruto e
depois outro recuo em 1928 extinguindo o imposto pessoal de rendimento e substituindo-o pela
figura grosseira do imposto complementar.
Além disto, tinha acontecido uma tributação de valores falsa, com os s contribuintes
resistindo à declaração de valores fidedignos. Só com a Ditadura Militar se iria conseguir ensaiar
uma reforma fiscal melhor condizente com a realidade do país.

Ditadura Militar

A reforma de 1929 idealizada por António de Oliveira Salazar e concretizada por


Decreto nº 16.731 de 13 de Abril de 1929:

1) Possuía como linha de força o abandono da tributação de valores reais e o retorno à


tributação de valores normais ou presumidos, solução que na teoria era imperfeita
mas que na prática era a única adequada à realidade do País que tínhamos.
2) A contribuição industrial seria reformulada dividindo-se os contribuintes por três
grupos essenciais, sem que qualquer deles fosse onerado pelos seus lucros reais: Grupo
A recolhia os ofícios tributados por taxa fixa, Grupo B recolhia as sociedades anónimas e
em comandita por acções, tributando-as pelo seu capital com taxa comum de 3,5%, no
Grupo C estaria a grande massa dos contribuintes do comércio e da ind’stria tributada
pelos lucros presumidos com taxa comum de 15%.
3) O imposto pessoal de rendimento, cuja aplicação estava entretanto suspensa, era
substituído por a título definitivo pelo imposto complementar criado em 1928. Este
imposto sobreporia com incoerência aos impostos parcelares sobre rendimento uma
taxa progressiva de 2 e 8,5%. S
4) O imposto sobre o valor das transacções era pura e simplesmente abolido pois na
impossibilidade de conhecer e fiscalizar o valor real das transacções o imposto só
poderia ser liquidado com base numa estimativa da facturação que redundava na
duplicação da contribuição industrial.
5) A criação do imposto profissional devido pelos trabalhadores do sector privado com
taxa comum 2%, e pelos profissionais liberais consoante a profissão e consoante o velho
esquema de repartição de quotas.
6) Salvação Nacional, imposto criado em 1928 que incidia sobre os combustíveis e o
açúcar.

12
Ver a Fiscalidade do Antigo Regime onde este imposto foi criado.

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À entrada dos anos cinquentas deu os seus frutos sendo o panorama os seguintes: os
impostos sobre o rendimento respondiam por 32% da nossa receita fiscal, dividindo-se
essencialmente entre a contribuição industrial e a contribuição predial; os impostos indirectos
internos correspondiam a 29% da receita fiscal repartida pelas figuras do imposto do selo e
pelas receitas do tabacos e da taxa de salvação nacional. Os direitos aduaneiros orçavam 27% da
receita fiscal13. As margens do ordenamento tributário permaneciam por enquanto
entregues ao casuísmo e resistentes à sistematização, no centro do sistema em qualquer
caso as coisas evoluiriam rapidamente, ao menos a partir dos anos sessente e num sentido que
nos é razoavelmente familiar. Com efeito as décadas de 60 e 70 trouxeram ao país um
crescimento económico importante e foi preciso reformar globalmente o estado fiscal.

O Estado Novo

A reforma fiscal de 1958-1966 assentaria largamente numa agenda de modernização e


fomento, levada a acabo pelo Ministro das Finanças António Pinto Barbosa e seria a reforma
global necessária face ao crescimento económico observado. Nada simboliza isso melhor que a
figura da contribuição industrial que onerava as empresas de maior dimensão pelos seus
lucros reais e reservava a tributação presumida à pequenas e médias empresas. Assim durante
este momento de reforma procedida no Estado Novo:

1) O Código da Contribuição Industrial de 1963 Constituía muito mais que um


retorno à experiência de 1922 descobrindo-se nele uma técnica, um propósito e até
uma linguagem que só eram possíveis porque a ciência jurídico-fiscal tinha atingido
entre nós a maioridade e porque o regime a tinha posto ao serviço do progresso
económico. A normas de isenção surgem mais numerosas neste código que as
normas de incidência, que as sociedades de desenvolvimento regional ou as gestoras
de participações sociais gozavam de tratamento especial ou estabelecem-se medidas
de estímulo ao reinvestimento dos lucros.
2) Aprovação do Código do Imposto de Capitais de 1962 e do Código das Mais-
Valias de 1965 Exprimiam a preocupação de afinar impostos centrais a uma
economia moderna e de injectar neles o tema do fomento, eram os primeiros textos
que olhavam com cuidado às sociedades de participação financeira e ao seu papel na
mobilização do aforro, sendo que segundo código ia rodeando de cautelas os ganhos
associados às participações sociais.
3) A aprovação do Código do Imposto de Transacções em 1966 viria trazer alguma
modernidade à nossa tributação interna do consumo. Acabar-se-ia por assentar num
imposto incidente exclusivamente sobre as mercadorias e lancado sobre o estágio da
produção e do comércio grossista com taxa normal de 7% e taxa de 20% para os
bens de luxo
4) O Código do Imposto Profissional de 1962 Ainda que neste período da história
fiscal as preocupações do desenvolvimento económico sobrelevassem às da
redistribuição da riqueza o legislador veio com este código estabelecer taxas sobre
rendimentos do trabalho no sector privado que oscilariam entre os 1% e os 8%
5) Código do Imposto Complementar de 1963 Consagrava taxas de sobreposição
que para o comum dos cidadãos iam de 3% a 45%. É em medidas como este código e

13
Um peso ainda considerável mas que não se comparava ao tempo da Fiscalidade do Regime Liberal e do
Antigo Regime

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o Código do Imposto Profissional que se nota já um pouco do programa extrafiscal


que iria dar-se na Constituição de 1976.

Fiscalidade da Constituição de 197614

Quando eclode a revolução de 1974 as taxas de imposto profissional já se tinham


alargado aos 20% e as do imposto complementar até uns impressionantes 70%.
Sem dúvida, porque a fiscalidade portuguesa se tinha familiarizado já com grandes temas
de fomento económico e da redistribuição de riqueza, foi pequeno o salto que lhe trouxe a
restauração da democracia e a promessa da transição para o socialismo feita pela Constituição
de 1976. Ainda antes de ser aprovada o 2º Governo Provisório tinha tomado medidas simbólicas
comuns a todas as revoluções: elevavam-se os mínimos de subsistência de vários impostos
cedulares, agravaram-se as taxas do imposto complementar até aos 80%, penalizam-se com a
contribuição real os terrenos incultos, reintroduz-se o malogrado imposto sobre a indústria
agrícola com grandes explorações em vista, agrava-se a tributação da cerveja e as taxas do
imposto de transacções incidente sobre produtos supérfluos e bens de luxo, 15% para as
alcatifas e o papel de parede e 25% para os artigos de carnaval, rendas e bordados são alguns
dos exemplos das medidas.
A convulsão política e económica que o país atravessou trouxe também aos impostos
crise acompanhados muitas vezes de eficácia retroactiva15 como foi o caso da contribuição
industrial progressiva de 76 e do imposto extraordinário sobre o rendimento e veículos de 79. O
estado fiscal por volta de 1985 contava com uma receita fiscal que provinha em 40% dos
impostos sobre o rendimento e em 52% dos impostos internos sobre o consumo cabendo aos
direitos aduaneiros e aos impostos de transmissão da propriedade cerca de 6%.

Contudo nada disto teria excessiva importância e a verdadeira revolução em matéria


fiscal viria apenas com o ingresso na CEE16, nos anos 80. A Reforma Fiscal dos anos 80 trouxe
para Portugal as figuras que se podem dizer características de um sistema fiscal moderno: o IVA,
criado em 1984 na nossa ordem jurídica e entrando em vigor dois anos depois dessa data,
e o IRS e IRC ambos introduzidos em 1988 entrando em vigor um ano depois em 1989.
Apesar de estas medidas cumprirem muitas das exigências da Constituição vigente ao introduzir
o IVA o legislador já não tomava o Direito Constitucional por referência mas o Direito Europeu
recomendado que este imposto tivesse méritos de neutralidade económica e de produtividade
fiscal em detrimento de uma virtude redistributiva. Ao contrário de uma taxa mais única e ampla
o IVA na altura onerava os bens alimentares mais essenciais com uma taxa de 0%, 8% a certos
bens de consumo corrente, 16% como a taxa normal e mais geral e 30% aos bens considerados
de luxo respeitando o agora artigo 104º nº4 da Constituição. Quanto ao IRS este seria único e
progressivo mas temperava-se a discriminação positiva dos rendimentos do trabalho,
subtraíam-se à progressividade mais-valias e rendimentos capitais e consagravam-se taxas
progredindo em cinco escalões até aos 40%. Em sede de IRC preponderariam as preocupações
com o elevado grau de abertura da economia portuguesa e com a necessidade de estabelecer no
país um ambiente tributário que se comparasse favoravelmente aos nosso parceiros e
concorrentes europeus. A construção deste imposto sobre o rendimento das pessoas colectivas
seria então feita de pequenas soluções que estimulariam a produção e o investimento, as taxas

14
Entenda-se como 4º momento da nossa análise e não como a fiscalidade que temos hoje. Isto é, entenda-se
como as medidas fiscais ao tempo da revolução do 25 de Abril.
15
Ver matéria à frente
16
Comunidade Económica Europeia

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seriam fixadas no valor então razoável de 36,5% e ao próprio ano de 1989 aprovar-se-ia o
Estatuto dos Benefícios Fiscais complementado tanto o IRC como o IRS.

Fiscalidade Antes do Século XXI17


É difícil adivinhar hoje em dia o que virão a ser, com o correr dos tempos os sistemas
tributários do século XXI. De facto a evolução da fiscalidade portuguesa desde dos anos 90
acompanha em grande medida as tendências internacionais, no entanto a nossa fiscalidade
continua com os seus circunstancialismos próprios. Com efeito, o fundamento ideológico ao
longo do século XX esteve na questão social esteve na questão social e no propósito da
redistribuição de riqueza, preocupações que levaram à consagração do imposto progressivo
sobre os rendimentos como figura central dos sistemas tributários anos 190018.
Ao entrar no século XXI, contudo recuou-se no sentido oposto assistindo-se a:

1) Uma perda da importância ideológica do sistema fiscal


2) Perda do peso financeiro do imposto progressivo sobre os rendimentos
3) Aligeiramento da carga tributária sobre as empresas por consequência do
fenómeno de globalização
4) Afirmação dos impostos sobre o consumo como figuras centrais no sistema
tributário.

Como se vê por estas 4 medidas a fiscalidade solidarista que se punha em causa no final
dos anos 80 recuaria toda a sua linha ao longo dos anos 90.
O IVA tornou-se rapidamente o alimento principal do Estado Fiscal Português com
taxa normal que chegaria nos anos 90 aos 19%19 sucedendo isto ao mesmo tempo que se
descartava a taxa zero20 e que se criava a taxa agravada para produtos de luxo.
Quanto ao IRC a taxa geral do imposto recuaria dos 36,5% originários21 para 32% e
seguidamente para 30% no ano de 2001.
Em matéria de IRS mantiveram-se os cinco escalões de rendimentos que
originariamente figuravam no Código, ficando intocada a taxa máxima de 40%.

Entre as medidas tomadas nos últimos 20 anos observamos este recuo da fiscalidade
solidarística do século XX temos em especial:

1) A abolição do imposto sucessório22 levada a cabo em 2003.

2) A progressiva conversão à tributação comutativa e na transformação do Estado


Fiscal numa espécie de Estado Taxador. O que aconteceu ao longo dos últimos
anos foi que em virtude da saturação dos contribuintes se mostra cada vez mais
difícil exigir-lhes sacrifícios adicionais sem lhes oferecer ao mesmo tempo uma
qualquer contrapartida pública, logo, em vez de aumentar a carga dos impostos, a
tendência é aumentar o peso das taxas e das contribuições e transformar alguns

17
Inclui também traços da fiscalidade do século XXI.
18
Como já vimos.
19
Como tínhamos visto a taxa normal era de 16%
20
Taxa de 0% de IVA que existia em certos bens essenciais como já foi referida.
21
Mais uma vez, ver a Fiscalidade do Século XX.
22
Imposto que onerava as transmissões gratuitas em benefícios de conjugues, ascendentes ou descendentes.

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impostos em taxas ou contribuições. Assim, a relação entre do Estado e o


contribuinte é cada vez mais encarada como uma relação de troca. Isto demonstra-se
muito seja pela afirmação das contribuições para a segurança social seja pela
taxas de regulação económica e pela proliferação de taxas verdadeiras e
próprias cobradas em vários níveis pela nossa Administração. Vemos aqui então o
reforço da lógica comutativa que é característica do princípio da
equivalência23.

3) A tendência recente para uma extrafiscalidade correctiva de exterioridades24 que


se concretiza mais frequentemente pelo agravamento tributário.

Além tudo isto, no início do século XXI , o emprego da fiscalidade como instrumento do
fomento económico parece ter encontrado a sua barreira de resistência, não apenas em
virtude de um maior escrutínio público sobre o aproveitamento de benefícios fiscais , que
se tinham vindo a acentuar no século XX25, mas também em virtude das imposições do
Direito Europeu e do Direito Internacional.
Ao mesmo tempo que isto sucede vemos impor-se sobre os sistemas tributários
contemporâneos o novo grande tema extrafiscal do ambiente que vem ser utilizado para
contribuir na arrecadação de receita fiscal e introduzindo na Constituição, com a revisão de
1997, o actual artigo 66º. Assim vemos nascer impostos como o imposto sobre veículos e o
imposto único de circulação.
Finalmente, com a crise económica, observamos um retorno às ideias de
progressividade do século XX, tomando o legislador medidas como o reforço da
progressividade do IRS, a criação de taxas adicionais de IRC sobre grandes empresas ou a
introdução de uma contribuição sobre o sector bancário. Assim, apesar da viragem que houve
para um liberalismo económico vemos o retorno ao rumo de um Estado Fiscal progressivo e
preocupado com a redistribuição de riqueza.

Timeline

23
Breve referência a este princípio para fazer o ponto de ligação da matéria da História do Direito Fiscal com a
Matéria dos Princípios que veremos mais à frente neste caderno.
24
Exterioridades de mercado, isto é, situações que o mercado não consegue por si só resolverem precisando da
intervenção do Estado.
25
Resultando em 1989 no Código dos Benefícios Fiscais.

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As Categorias Tributárias Fundamentais

As categorias fundamentais em que a ciência jurídico-fiscal arruma hoje os tributos


públicos resultaram de uma longa evolução doutrinária. Sendo que foi a doutrina financeira
alemã do século XIX que procurou ordenar as mil figuras tributárias herdadas do Antigo Regime
isolando-as em três categorias: o imposto, a taxa e a contribuição. A autonomização do Direito
Fiscal enquanto ramo de Direito como se deu no século XX não pôs em causa as categorias
fundamentais das Finanças Públicas do século XIX, antes pelo contrário, veio assimila-las.
A Constituição Portuguesa prevê estas três categorias no seu artigo 165º nº1 i). No
entanto é de notar que estas não esgotam as categorias tributárias que podem existir sendo que
o legislador tem vindo, com a sua criatividade, a testar cada vez mais estas figuras ditas típicas.
Vamos pois então passar à análise de cada uma das figuras referidas, mas antes será de
referir a diferença entre uma tributação pública em relação às receitas creditícias e às receitas
patrimoniais26. As receitas tributárias27 distinguem-se das receitas creditícias de do
património por serem receitas que não resultam da exploração de receita do próprio Estado mas
antes da participação da riqueza dos particulares no estado.

Imposto

A noção de imposto pode ser dada da seguinte forma: o imposto constitui uma
prestação pecuniária, coativa e unilateral, devida a entidade pública para realização dos
seus fins. Portanto, a noção de imposto decompõem-se em 5 elementos essenciais:

1)Prestação pecuniária paga-se em dinheiro, apesar dos casos excepcionais em que


podem ser satisfeitos em espécie (exemplo: indústrias extrativas);
2)Unilateral Não existe contraprestação imediata (não fico na posição de exigir ao
Estado que este aja);
3)Coativo O imposto é a obrigação de o pagar nasce pela concretização de um facto
que está previsto na lei. É uma obrigação ex lege, não ex voluntati. Qual é o facto que gera
obrigação de pagar IRS? Rendimentos. E o IVA? Qualquer despesa. E o IMI? Ter um imóvel. Basta
concretizar estes factos que estão previstos, tipificados na lei para surgir obrigação tributária.
Note-se que todos os impostos são coativos, mas esta coactividade não está no facto de querer
ou não querer28 realizar a prestação mas sim no facto de que se realizar o facto previsto na
lei terei de pagar o imposto. Por exemplo, eu posso fumar ou não fumar, se não fumar não
pago imposto sobre o tabaco, mas se fumar decorre obrigatoriamente da lei que tenho de pagar
um imposto. É aí que está a dita coatividade do imposto.

26
As receitas públicas dividem-se em: creditícias, patrimoniais, e tributárias. Nas primeiras temos receitas que
à à à à à à à à à à à à à à à rovêem da
à à à àE à à à à
27
Receitas que provêm da tributação.
28
No fundo na vontade.

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Notas sobre os impostos: a relação jurídica tributária e a extrafiscalidade

Adiantando alguma matéria que será desenvolvida mais adiante29 vamos agora tocar nos
pontos da extrafiscalidade e da relação jurídica tributária dos impostos com fim de melhor
entender esta categoria tributária.

Sobre a relação jurídica tributária do imposto importa a pergunta: A quem é que nós
pagamos impostos? A resposta é às entidades públicas mas isto pode ser muito variado.
Podemos pagar impostos à Administração local; à Administração central; às Regiões autónomas;
à Administração indirecta aos institutos p’blicos etc
Mas na relação jurídica dos impostos o sujeito activo é o estado e o sujeito passivo
são as pessoas singulares ou colectivas e até podemos ter impostos que são devidos por
entidades que não são personificadas à luz do direito civil, mas que para efeitos fiscais são
personificadas sendo por isso também sujeitos passivos na relação jurídica.

Quanto à extrafiscalidade, e também quanto à fiscalidade, os impostos são devidos,


para que essas entidades públicas possam satisfazer os seus fins, e que fins são esses? O artigo
103º da CRP dá-nos as duas finalidades dos impostos:

1)Finalidade fiscal angariação da receita para realizar as despesas do Estado

2)Finalidade extrafiscal Distribuição da riqueza, distribuição essa que não é só feita


após a cobrança do imposto, mas também no momento e método da cobrança. Para isto se usam-
se métodos progressivos como é o exemplo dos escalões do IRS.
É verdade que a mais importante das finalidades extrafiscais é a de distribuir riqueza,
mas, os impostos podem ter outras finalidades extrafiscais que não a distribuição da riqueza
como por exemplo taxando certos consumos ou utilizações: desincentivo de consumo de tabaco,
refrigerantes etc O imposto é por isso visto instrumento fundamental para fazer com que as
pessoas paguem pelos custos que deram à sociedade ou ao estado, como custos de saúde publica
se tivermos a falar do tabaco ou refrigerantes, ambientais se falarmos de automóveis e por aí
fora. Note-se que isto não quer dizer que os impostos tenham uma finalidade
sancionatória, mas muitas vezes têm por trás uma finalidade repressiva.

Classificação dos Impostos

1) Impostos diretos e Impostos Indiretos:


Os primeiros são pagos diretamente ao estado, por quem o suporta como por
exemplo o IRS, o IRC e o IMI30.
Os impostos indiretos não são imediatos, operam por repercussão, há um
intermediário que entrega o imposto ao Estado, imposto esse que é para ser
suportado por outrem. O processo de arrecadação é intermediado, exemplos deste tipo
de impostos: IVA31 os estabelecimentos pagam ao estado, mas é o consumidor que
suporta aquele imposto; outros impostos especiais de consumo, como os impostos do
tabaco impostos sobre veículos etc

29
Ver Extrafiscalidade e a Relação da Jurídica Tributária onde falaremos melhor sobre todos os conceitos que
aqui vamos adiantar.
30
Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, Imposto sobre o rendimento das Pessoas Colectivas e
Imposto Municipal sobre Imóveis
31
Imposto sobre o Valor Acrescentado

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2) Impostos Pessoais e Impostos Reais:


Os impostos pessoais têm em consideração a condição social da pessoa como é
o caso do IRS é um imposto personificado porque olha não só para o rendimento do
contribuinte, mas também para o número de filhos que tem, as despesas entre outros. O
IMI também se insere nesta classificação.
Os Impostos Reais não têm em consideração a condição social do contribuinte
exemplo: IVA pois as características da pessoa não são tomados em conta. São impostos
socialmente cegos 32

3) Impostos Progressivos, Proporcionais e Regressivos:


Progressivos: impostos em que a taxa aumenta à medida que aumenta a matéria
taxada, é a taxa que varia e não o valor a pagar, exemplo deste tipo de imposto: IRS onde
quanto maior o rendimento maior a taxa
Proporcionais: Taxa é fixa mesmo que aumente a matéria colectável, a taxa será
sempre a mesma. Se a taxa for sempre de 10%, obviamente que 10% de 100 é diferente
de 1000, mas o que altera é o valor, não a taxa. Exemplo disto é IVA a taxa é sempre a
mesma independentemente do valor da despesa.
Regressivos: A taxa vai diminuindo à medida que aumenta a matéria colectável,
no fundo é o inverso do que acontece nos impostos ditos progressivos.

4) Impostos Periódicos e de Obrigação Única


Periódicos: O facto tributário gerador repete-se periodicamente, por exemplo o
IRS à partida terei rendimentos todos os anos, tem de haver um pagamento repetido
porque o facto que faz pagar o imposto também tende a repetir-se, logo paga-se IRS
todos os anos.
Obrigação Única: o facto ocorre devido a um facto avulso, não há uma repetição
do facto gerador exemplos disto são o IMT e os impostos especiais sobre consumo. O IVA
por exemplo é de obrigação única, sendo tributado compra a compra, com a nuance de
ser, como já vimos, um imposto indirecto e por isso o estabelecimento irá entregar o IVA
todos os meses ao Estado.

5) Impostos Ad Valorem e Impostos Específicos


Os impostos Ad Valorem incidem sobre valores como o rendimento, o
património ou o consumo do sujeito passivo, operam como uma percentagem. Exemplos
de impostos ad valorem são por exemplo o IRS e o IVA.
Os impostos específicos ou Ad rem incidem sobre grandezas físicas tais como a
quantidade, o volume, o peso de determinados bens e mercadorias, a área. No fundo
taxa-se um X por unidade litro metro quilograma etc A tributação ad rem é hoje
mais usada nas taxas e contribuições.

32
O que não é totalmente verdade porque certos produtos são taxados de maneira diferente consoante as
pessoas que a eles acedem exemplo: o pão tem a taxa mínima do IVA e o caviar a taxa máxima, nota-se que
há aqui um mínimo de pessoalização porque normalmente quem consume pão tem um rendimento mais
baixo, ao contrário de quem consome caviar

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Taxa
As taxas33 são prestações pecuniárias, coativas e bilaterais, sendo esta
bilateralidade a distinção relativamente ao imposto. A doutrina sublinha a natureza
específica, determinada ou individualizada das prestações em que as taxas assentam, as
taxas não visam compensar prestações difusas que se reportem ao todo da comunidade,
mas prestações concretas que se reportam ao sujeito passivo no sentido em que este é quem
efectivamente as provoca ou aproveita.

Nas taxas eu pago por algo que quero, a coatividade é comum a todos os tributos
públicos, o pagamento da taxa resulta da lei, isto é, se eu quero usar um serviço que tem
uma taxa, então sou obrigado a pagar a taxa, caso não resultasse da lei seria um preço e
não uma taxa.34
Outro ponto que releva para traçar a diferença entre uma taxa e um preço é que
tendencialmente está-se perante uma taxa quando não se encontrem no mercado prestações
sucedâneas daquelas que a administração realize e o particular se veja por isso
verdadeiramente coagido ao seu consumo. Ao contrário, está-se tendencialmente perante
preço quando a administração realize essas prestações em condições de concorrência e o
particular disponha por isso de liberdade de escolha entre as prestações asseguradas
pelo setor público e pelo setor privado.

A taxa é então bilateral porque há uma contrapartida direta, eu recebo algo em


contrapartida do pagamento, vemos isto em vários serviços públicos: temos as taxas
moderadoras dos hospitais; bem do domínio público, a taxa para um parque público; ou taxa
para remoção de obstáculo jurídico, como é o caso da licença de construção35
As taxas são devidas a entidades públicas para que estas realizem os seus fins, mas
atenção, quando uma entidade pública cobra uma taxa, o fim da angariação da receita financia
uma despesa pública determinada, por exemplo quando se cobra uma taxa pela utilização de um
parque municipal, cobra-se essa taxa para financiar os custos de manutenção desse parque. A
bilateralidade da taxa está no seu pressuposto e na sua finalidade. É também nisto que as taxas
divergem dos impostos, que não têm uma despesa determinada nem uma contrapartida
determinada ou direta
Na esmagadora maioria dos casos, quando pagamos uma taxa, conseguimos perceber
qual a contrapartida que temos de imediato, mas isto pode não acontecer sempre. Em certos
casos, as taxas podem incidir sobre prestações presentes e, noutros casos, sobre prestações
futuras. É o que acontece com as portagens nas auto-estradas e nas pontes, pode-se pagar à
entrada ou à saída, ou as propinas no ensino superior público pagam no início de cada semestre,
eu não sei a quantas aulas vou, mas não deixa de ser taxa por isso. Na taxa futura: Eu fico
imediatamente constituído no direito de aproveitar aquele bem.

Há ainda prestações públicas que não são efetivas, mas meramente presumidas.
Há casos em que não há a certeza que vou aproveitar certo bem. Exemplo disso são as taxas
de recolha do lixo, em função do consumo da água, não é cobrada a taxa por cada saco do lixo
nem por cada litro, mas sim em função do contrato de fornecimento de água que dá uma

33
Não confundir com a taxa do imposto: Taxa enquanto figura tributária não é o mesmo que a percentagem
que o imposto cobra.
34
Este critério de distinção entre preço e taxa com base na fonte da obrigação (legal ou convencional) é o
chamado critério formal
35
Ver artigo 4º nº 2 da Lei Geral Tributária.

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presunção desses gastos. A lógica é a da estimativa.


A estimativa faz-se em relação ao consumo de água, facto a partir do qual o legislador
vai presumir outro, por exemplo se eu tenho uma casa habitada, à partida produzo lixo e gasto
mais água, logo a taxa a pagar terá por base a presunção de que x litros foram gastos ou no caso
do lixo que x sacos do lixo tiveram de ser recolhidos.

As Fronteiras entre as Figuras Tributárias a propósito das Presunções

É aqui que se começa a traçar a linha de fronteira entre as taxas e as contribuições.


As presunções nem sempre valem, mas quando são muito fortes e valem em 99% dos
casos vai ser considerada uma taxa.
Noutros casos as coisas podem ser diferentes. Na conta da luz por exemplo aparece uma
contribuição para audiovisual que serve para pagar a RTP tenho um contrato de luz com a EDP
e cada vez que pago a fatura, contribuo para financiar a RTP. Aqui a presunção é a de que se
tenho electricidade então tenho televisão e por isso à partida vou assistir à RTP que é um canal
público.36 Hoje em dia pouca gente vê a RTP logo esta presunção é mais fraca o que faz com que
isto se tenha tornado numa contribuição e não uma taxa;

A diferença entre taxa, contribuição e imposto não é por isso radical são vários
graus e isto traduz-se em zonas cinzentas e não preto no branco. Exemplo bom disso é a Taxa
Municipal de Protecção Civil, que pagam todos os proprietários de imóveis, para financiar, entre
outros, os bombeiros. Aqui a presunção é que se tenho uma casa posso precisar do auxílio dos
bombeiros. A pergunta que tenho de fazer para ver se estou perante uma taxa ou aquilo que
deveria ser uma contribuição é se este aproveitamento é certo, provável, ou incerto? O ideal
é nunca aproveitar e na maioria dos casos parece não acontecer nenhum incêndio, portanto é
uma presunção fraca, talvez já não devêssemos considerar esta taxa uma verdadeira taxa mas
sim um imposto ou uma contribuição-

O que é importante retirar daqui é que a transição entre taxas, contribuições e impostos
com base nas presunções pode apresentar-se da seguinte forma:

1) Até certo ponto a presunção em que o tributo assenta é tão forte que podemos ainda
dizer efectiva a prestação administrativa, estando-se perante uma taxa.
2) A partir de certo ponto, a presunção em jogo mostra força apenas relativa, e a
prestação administrativa parece tão só provável, estando-se perante uma
contribuição.
3) E chegado a certo ponto, a presunção mostra-se de tal modo frágil, que a prestação
se torna apenas possível ou eventual, estando-se então perante um imposto.

Estas diferenças têm uma grande importância, porque o regime constitucional das taxas,
contribuições e impostos é diferente.

36
Facto que faz nascer a obrigação de pagar este contributo não é ver a RTP mas ter um contrato de
fornecimento de eletricidade. Aqui se vê a presunção. Presume-se pelo facto de ter electricidade que eu vejo
RTP.

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Contribuições

As contribuições constituem prestações pecuniárias e coativas exigidas por uma


entidade pública em contrapartida de uma prestação administrativa presumivelmente
provocada ou aproveitada pelo sujeito passivo.

A Destrinça entre as contribuições e os demais tributos públicos pode ser dada pelos
seguintes pontos:

As contribuições constituem uma categoria intermédia de tributos públicos, a


meio caminho entre a taxa e o imposto, distinguindo-se, quer pelo seu
pressuposto, quer pela sua finalidade.

As taxas dirigem-se à compensação de prestações efetivamente provocadas ou


aproveitadas pelo sujeito passivo, constituindo por isso tributos rigorosamente
comutativos.

As contribuições de modo diverso dirigem-se à compensação de prestações que


apenas presumivelmente são provocadas ou aproveitadas pelo sujeito passivo,
constituindo, nessa medida, tributos simplesmente paracomutativos.

Os impostos estão dissociados de qualquer prestação administrativa ou propósito


compensatório, razão pela qual os podemos qualificar como tributos rigorosamente
unilaterais.

As contribuições estão associadas a prestações com uma componente coletiva mais


acentuada do que as taxas, a utilidades que não se podem facilmente imputar ao nível
individual, mas que podem ser imputados com segurança a grupos determinados, operando
como uma espécie de taxas por estimativa daí que se considere a figura tributária da
contribuição como uma figura entre o imposto e a taxa. As contribuições não dão corpo a
uma troca entre o sujeito passivo e a administração, tal como as taxas, mas a uma troca entre a
administração e o grupo em que o sujeito passivo se integra.

As contribuições compreendem figuras tão diversas quanto as contribuições para a


segurança social, exigidas dos presumíveis beneficiários de prestações previdenciais
substitutivas dos rendimentos de trabalho, as taxas de regulação económicas, cobradas de
grupos de operadores que se presumem beneficiarem do trabalho de regulação de um dado
setor económico, os tributos associativos devidos às ordens profissionais, que se fundamentam
na atividade de representação e fiscalização que presumivelmente aproveita aos seus membros,
ou os modernos tributos ambientais e impostos especiais de consumo, voltados à compensação
dos custos ambientais e de saúde pública que presumivelmente resultam de certos
comportamentos e a que o Estado acaba por acorrer de um modo ou outro.

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Os Princípios do Direito Fiscal

O Princípio da Legalidade

Justificação

Porque é que existem impostos? Os impostos servem para sustentar um conjunto de


necessidades ditas colectivas como a escolaridades e a sa’de Mas será que isto tem de ser
assim? Quem é que decidiu que seriam os impostos a pagar estas necessidades? Desde logo a
Constituição. Mas porquê é que a máquina do estado social tem de ter os seus custos sustentados
através de impostos? A Constituição não diz que os custos do seu estado social têm de ser
sustentados por impostos, quer dizer, talvez não o diga directamente por ser evidente que tem
de ser assim, mas porquê?
Talvez pelo peso do estado social em Portugal, mas não há alternativas às receitas
tributárias?

Se olharmos para a história, à 300, 400 anos, não tínhamos estado social como temos
hoje e de onde é que vinha o dinheiro? Desde logo pelas receitas patrimoniais, os senhores
feudais concediam terras a troco de produzirem nelas. Outra forma de receita efectiva que era
comum, apesar de não ter acontecido em Portugal, eram os recursos naturais, esta forma de
obter receitas ainda tem relevância hoje em países com muitos recursos naturais como o
petróleo.
Há ainda Países únicos, como na China em Macau, onde a economia tem por base a
monocultura do jogo. Em Macau a principal fonte de receita é o dinheiro que vem do jogo, e esse
é um tema muito debitado desde logo porque os países com monoculturas económicas estão
mais susceptíveis de crises económicas se essa monocultura falhar como aconteceu em Angola
quando o preço do petróleo desceu.

Pegando de novo nos exemplos dados no início desta exposição, será possível pagar a
escolaridade sem ser através de impostos? Sim. Desde logo através de regras de consumo-
pagamento: se formos à escola pagamos. É o que acontece na educação dada pela Universidade
Católica. Estruturalmente nada impede que a educação seja vista como produto que pode ser
pago mediante utilização individual aplicando uma regra utilizador-pagador.

Diferente é noutras necessidades colectivas, como a segurança nacional. Na segurança


nacional não é estruturalmente possível aplicar regras de utilizador-pagador, desde logo
porque não é um bem individualizável.
A diferença está então entre se o bem em questão é um bem público puro37 ou não.
Estes bens têm características como a não individualização, já referida, que os impede de ser
susceptíveis de uma lógica procura-oferta e de rentabilidade, e por isso os investidores não vão
entrar nesse mercado. Além disso, nestes bens por mais pessoas aproveitarem da sua utilidade
isso não irá reduzir a sua utilidade para os outros. No caso da segurança nacional, por 1
português estar defendido os outros 10 milhões também o estarão. Assim as características
destes bens são:

37
Ver matéria de finanças

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1)Não precisarem de nenhum esforço da parte do consumidor38

2)Não exclusividade39

3)Não congestionabilidade40

Isto leva-nos a falar nas falhas de mercado, isto é, situações para as quais o mercado
por si não vai conseguir ultrapassar. É nesses casos que tem de haver uma estrutura a suprir
estas falhas, o estado. É preciso que estas falhas sejam supridas com o dinheiro das pessoas pela
instituição que pelo menos em teoria mais a protege que é aquela onde elas estão representadas
pois por estes bens não serem passiveis de serem individualizados numa lógica de um estado
social incremental não há limite natural à quantidade que se pode cobrar. Daí ser preciso que
tudo isto seja regido por um princípio da legalidade dependente das pessoas, de moda
haver lugar a uma auto-tributação

Auto-Tributação

A conclusão dada anteriormente leva-nos à análise do Princípio propriamente dito. Se é


preciso haver um Estado que pode exigir por medidas coercitivas sobre o pagamento de
impostos é preciso definir em que termos tal será feito. Como quem vai pagar é o cidadão
entende-se que este possa escolher o que deve ou não pagar e como, pois como já vimos
existem bens que apesar de não serem em rigor bens públicos puros são tidos como
necessidades colectivas e a prova disso é que existe o ensino privado e a saúde privada.

No entanto, no entender do Professor João Gama há no exemplo de bens como a saúde e


a educação um bem público subjacente. Tanto na saúde como na educação todos beneficiámos
dos seus resultados: as doenças propagam-se e o bem-estar e a educação melhoram a mão-de-
obra por exemplo que faz com que a produção do país seja mais eficaz, ter todos os cidadãos
vacinados ajuda tanto os vacinados como os que não vão contrair doenças por esses cidadãos
estarem vacinados.
Portanto tanto a educação como a saúde podem ser vistos como bem públicos para o
professor no sentido de que todos beneficiamos disso.

No fundo a decisão de serem os contribuintes a pagar por esses bens é uma decisão
política, que toca ao povo, aos cidadãos, através do órgão que tiver maior legitimidade
democrática.
É a ideia de auto-tributação, conhecida sobre várias fórmulas como no taxation without
representation aquilo que toca a todos por todos deve ser aprovado etc No caso Português
esse órgão é a Assembleia da República, que é também um espaço de discussão aberta para estas
questões. Este princípio da auto-tributação está formalmente estampado no artigo 165º nº1 i)
da Constituição. No entanto, tanto em Portugal como noutros países, não é só a Assembleia que
tem competência legislativa, daí que esta matéria esteja sobre a reserva relativa competência
da Assembleia e não na exclusiva.

V à à à à à à à à à à à à à àF àP à à à
38

tenho de fazer nada, ele já está lá, vou usa-lo simplesmente sem nenhum esforço e sem pagar nada.
39
Impossibilidade prática de impedir apropriação exclusiva: pegando no exemplo do farol de novo, seria quase
impossível impedir todos os barcos de olharem para um farol na costa, ele está lá
40
Isto é, o uso de um número elevado de pessoas impedir o seu uso. No caso do farol: milhares de pessoas
poderam olhar para ele sem que isso impensa de o usar: Não é por alguém estar a usar o bem que outrem não
pode usar. O Farol não vai gastar mais electricidade por mais pessoas estarem a olhar para ele.

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Por isso em Portugal podemos ter um código do IRS que é tanto uma lei como um
decreto-lei autorizado. Esta natureza de reserva relativa existe pois o Governo apesar de ter uma
legitimidade democrática indirecta tem uma forte legitimidade democrática direta sociológica,
as pessoas quando votam apesar de pela lei estarem a votar para os deputados da Assembleia da
República estão a querer votar num governo determinado.

Quanto ao artigo 165º nº1 i) há questões sobre o que é que o artigo se está a referir com
sistema fiscal . Para o Professor João Gama é letra morta, não tem qualquer sentido, porque
tudo é sistema fiscal desde dos impostos às taxas etc
Além disso quanto à criação deve entender-se que o que se lê na realidade deve ser
criação modificação e extinção esta interpretação extensiva é feita pela maior parte da
doutrina como a de Rui Medeiros.
Com a reserva relativa além de tudo o que já foi dito, quer-se que a criação de
impostos passe sempre pela Assembleia da República, de maneira a que se cumpra a auto-
tributação , pois a lei autorização teria sempre que passar pela Assembleia. Isto pois o modo
parlamentar é um modo que exige pela sua definição discussão sobre as propostas apresentadas
e é na Assembleia que está representado todo o povo enquanto o Governo é o produto dos
vencedores das eleições

Âmbito e Extensão da Reserva de Lei

Temos ainda o artigo 103º da Constituição que nos dá uma ajuda quanto ao conteúdo
da criação de impostos por lei: incluídos nesse conteúdo temos vertentes subjectivas
contribuintes e objectivas incidência, taxa41 benefícios fiscais e garantias
Define-se por isso concreta e determinadamente aquilo sobre o que o imposto incide
objectivamente e quem é que irá pagar esse imposto.

Além disto é de notar que o 103º nº2 fala de benefícios fiscais e diz que estes também
têm de ser criados por lei, isto entende-se porque o benefício fiscal será uma norma
excepcional, uma norma que abrange todos menos alguns que derroga o Princípio da
Igualdade, e por isso se para criar impostos é preciso autorização da Assembleia pois também
fará todo o sentido que a aprovação de uma norma que protege alguns passe também por todo
povo.

Relativamente ao determina do artigo 103º nº2 põe-se a questão de até que ponto é
que determina, qual é o nível de intensidade que a reserva de lei exige no fundo, por
exemplo se ao determinar a taxa (percentagem) do imposto a lei pode determinar apenas o
intervalo (por exemplo de 0,35% a 0,40%). Adiantado a resposta, em princípio não, mas há casos
em que o Tribunal Constitucional tem dito que pode a taxa ser determinada por intervalos, é o
caso do artigo 112º do Código do IMI, que determina uma taxa sobre prédios urbanos de 0,3 a
e deixa à Assembleia Municipal depois determinar o número concreto entre o intervalo
dado por Lei. Neste caso o Tribunal Constitucional considerou o artigo constitucional
interpretando expansivamente o determinar do artigo 103º da Constituição à luz do Princípio
da Autonomia das Autarquias Locais que tem várias concretizações desde logo a existência de
assembleias municipais, legitimando a escolha dentro do intervalo democraticamente

41
Taxa aqui não é a figura que estudámos anteriormente. É a percentagem do imposto. A quantificação do
imposto. É um erro clássico dos alunos dizer que as taxas são criadas por lei com base neste artigo, não é isto
que o artigo está a dizer.

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Tudo o que foi dito foi pensado na categoria do imposto. Quanto às taxas, a Assembleia
da República apenas tem a reserva de criar o regime geral das taxas, podendo outros órgãos
criar taxas, como o Governo, as Universidades, as Autarquias Locais, etc e claro que a
Assembleia também pode criar taxas. Enquanto este regime não existir, entende o Professor
Sérgio Vasques que as taxas podem ser criadas tanto pelo Governo como pela Assembleia.

Já relativamente às contribuições, figura que existe entre a taxa e o imposto, em termos


formais enquanto não existir um regime geral de contribuições financeiras a favor do
Estado e outras entidades públicas as contribuições têm de ser criadas por Lei ou Decreto-
Lei Autorizado, isto porque ao contrário do que acontece nas taxas os contribuintes não
estão tão bem protegidos, as contribuições devem ser de reserva da Assembleia, isto deve-
se para o Professor Sérgio Vasques ao nível de presunção que existe nas contribuições e por isso
deve haver esta reserva em prol de uma maior protecção dos contribuintes.42 Permitir que as
contribuições, que são figuras híbridas de imposto, pudessem ser criadas só pelo Governo iria
de certa forma contra a reserva de lei dada à Assembleia pelo 165º, isto é, não foi com
certeza a intenção do legislador constituinte dar essa permissão ao Governo ao introduzir a
necessidade de criar um Regime Geral das Contribuições que tem de ser aprovado pela
Assembleia.

Princípio da Proibição da Retroactividade

Também proibida pelo artigo 103º da CRP no seu nº3, a retroactividade é no fundo
legislar sobre factos jurídicos passados, factos que já se consolidaram. Esta proibição não
constava da versão originária desta Constituição que tinha ideias contra liberais e a proibição da
retroactividade era encarada como algo que vai no sentido de algo sagrado para os liberais o
que não corresponde ao figurino da Constituição de 1976. No final dos anos 70 e no início dos
anos 80 deram-se então impostos com cargas muito pesadas e claramente retroactivos e isso
levou a um despertar da consciência da população, levou a que na revisão de 1982 e mais tarde
de 1997 se introduzisse esta proibição de retroactividade. Hoje em dia reconhece-se que as
famílias e as empresas não podem ser submetidas a impostos retroactivos.

Mas a primeira nota que se deve tomar em atenção ao ler o artigo 103º é sobre que grau
de retroactividade43 está a falar o artigo, o Tribunal Constitucional distingue entre
retroactividade fraca ou imprópria e retroactividade forte.

42
Ver As Fronteiras entre as Figuras Tributárias a propósito das Presunções neste caderno para perceber o que
se está aqui a falar.
43
Como estudámos em IED há vários níveis de retroactividade apesar de no Direito Fiscal, seguindo as decisões
do TC vamos seguir apenas dois tipos.

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Na retroactividade fraca a lei aplica-se a factos jurídicos que, embora tenham


começado no passado, ainda estão a decorrer44, como é o caso com as leis novas quando
sujeitam tributação acrescida aos rendimentos do ano em curso, ainda em formação. Se se
aumentasse, por exemplo, o IRS em 5% em Outubro de 2017 esta taxa seria aplicada sobre todo
o ano já decorrido de 2017 pois o facto tributário são os rendimentos de uma pessoa ao longo do
ano.
Na retroactividade forte, ou autêntica, a nova lei tributária recai sobre um facto
jurídico já consumado, já consolidado, por exemplo uma lei que alterasse o IRS aumentando-o
em 5% sobre os rendimentos do ano anterior, os factos aqui já se encontraram plenamente
formados.

Dada esta distinção básica entre estes conceitos pergunta-se qual será a
retroactividade mais grave e num primeiro momento poderíamos ser levados a dizer que era a
forte pois recai sobre factos já completamente consumados de anos anteriores nos quais o
contribuinte já nada poderá fazer para se precaver da lei retroactiva. Já no caso da
retroactividade fraca dir-se-ia que apesar de inesperada a lei retroactiva dava ainda ao
contribuinte tempo para este tomar medidas durante o que restasse do ano corrente, como por
exemplo poupar mais, para se precaver relativamente ao aumento do imposto.
No entanto se testarmos esta ideia com o seguinte exemplo vemos que não é bem assim:
Há uma Lei Y, retroactiva fraca, que diz que os impostos sobre os rendimentos em 2017 terão
um aumento em 10% e uma Lei Z, retroactiva forte, que diz que sobre os rendimentos do ano
que passou, haverá um aumento em 1% dos impostos sobre os mesmos. Qual das alternativas é
mais grave? Obviamente a Lei Y, mesmo sendo retroactiva fraca, pois pagar mais 1% sobre os
rendimentos já consolidados apesar de lesar os contribuintes é menos lesivo que taxar 10% ao
ano a decorrer.
Por isso não basta dizer vagamente que uma é sempre mais grave que a outra, não
podemos ser formalistas ao olhar para gravidade da retroactividade pois a gravidade não
dependerá só do grau de retroactividade mas também, se não essencialmente, do aumento feito
com a nova medida. Também é preciso considerar a data em que a lei retroactiva nasceu, pois
mesmo se tivéssemos, por exemplo, uma Lei A que aumentava os impostos sobre os
rendimentos em 2% que fosse retroactiva fraca e entrasse em vigor (com uma publicação
próxima da data de entrada em vigor) no dia 31 de Dezembro, e em alternativa tivéssemos uma
Lei B, retroactiva forte, que entrasse em vigor no dia 2 de Janeiro que aumentava nos mesmos
termos e também em 2% os impostos tínhamos um caso em que a Lei B, apesar de
retroactividade forte, seria de uma gravidade muito próxima da Lei A, pois o ano tinha acabado
de começar, ao passo que na Lei A, embora com retroactividade fraca, por entrar em vigor no
final do ano iria gerar também um grau semelhante de incerteza por aumentar os impostos à
’ltima da hora É apenas um caso fronteira entre as retroactividades mas serve de exemplo
para mostrar o dito formalismo da classificação e como não basta olhar para ele mas sim para os
seus resultados.

Voltando à letra da lei, o artigo 103º não distingue que tipo de retroactividade é
proibida proibindo apenas a retroactividade. Por isso, em princípio, todo o tipo de
retroactividade é proibida, seja forte ou fraca.
44
Ver neste capítulo sobre Aplicação da Lei no Tempo para a Lei Geral Tributária o que são FACTOS DE
FORMAÇÃO SUCESSIVA

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No entanto, a proibição da retroactividade não é um princípio absoluto e como todos


os outros princípios tem de ser conjugado com os restantes princípios existentes na ordem
jurídica em especial os constitucionais, o que leva a que haja circunstâncias em que se admitam
leis retroactivas embora excepcionalmente. Que casos são esses? Por exemplo se houver uma
guerra ou uma grave crise financeira onde não houvesse outra solução se não aumentar os
impostos retroactivamente para pagar o que é preciso a tempo de manter o país. Entende-se que
aconteça por isso uma derrogação ao Princípio da Proibição da Retroactividade em casos limite
e não poderá ser nunca uma medida retroactiva ser excessiva tendo de ser adequada,
necessária e proporcional.45

A Questão da Retroactividade Benéfica e das Taxas e Contribuições Retroactivas

Colocam-se agora duas questões. A primeira são os casos em que a retroactividade em


vez de prejudicial como tem visto até agora é benéfica aos contribuintes, como por exemplo
uma lei isentar certos rendimentos obtidos no ano anterior de imposto46. Face ao artigo 103º
leis retroactivas que beneficiam os contribuintes são permitidas, pois apesar de tudo e qualquer
tipo de retroactividade estar proibida pelo artigo apenas se proíbe ser obrigado a pagar
impostos nada se diz sobre não pagar impostos, isto é, nada se diz sobre isenções. Também a
teleologia do artigo parece ir nesse sentido sendo que este existe para proteger os contribuintes.

A segunda questão que se coloca é saber se também as taxas e contribuições estão


proibidas de ser retroactivas uma vez que o artigo 103º só refere impostos. A verdade é que,
por analogia e pelo elemento teleológico da norma em causa, se o objectivo é proteger os
contribuintes e garantir uma certa segurança jurídica típica de um estado de direito democrático
não se deve entender que seja permitido às taxas e às contribuições serem retroactivas ou
sofrerem medidas retroactivas. Por exemplo, imaginemos que o Sushisan paga uma taxa ao
Município de Lisboa para poder usufruir do passeio e lá colocar uma esplanada. Essa taxa, por
via de regra, será periódica47, se agora se decidir que desde de 1 de Janeiro deste ano essa taxa é
agravada, nesse caso estar-se-á ir contra a ratio do 103º na mesma medida que se vai contra
essa ratio com impostos retroactivos: gerando incerteza e não protegendo os contribuintes.

Aplicação da Lei no Tempo para a Lei Geral Tributária

Na LGT48 o artigo 12º fala da aplicação da lei no tempo e merece uma análise nesta
temática. Este artigo no seu nº1 e nº2 obriga à aplicação da lei para futuro, exigindo que esta
verse sobre factos posteriores à sua entrada em vigor e que nos casos dos factos de formação
sucessiva49 a lei só se aplicará ao facto durante período posterior à data da sua entrada em vigor.
Por exemplo se uma lei surgisse agora em Outubro agravando o IRS, só iria incidir sobre os
rendimentos obtidos a partir de Outubro até ao final do ano fiscal, isto seguindo o nº2 do artigo

45
Isto é, respeitar o princípio da Proporcionalidade na sua vertente tripartida como estudado em Direito
Constitucional.
46
Retroactividade Forte.
47
Pagas por ano ou por semestre normalmente
48
Lei Geral Tributária
49
Factos que se vão formando ao longo de um período de tempo (1 ano por exemplo) estando só consolidados
no final desse período. Fazendo uma analogia: um facto de formação sucessiva é como se carregássemos num
à à à à à à à à à à à à à à à à à à à

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12º. O Professor Sérgio Vasques acha que esta ideia é impraticável como iremos estudar, dados
os momentos em que se fazem declarações de )RS etc Além disso a LGT não é uma lei de
valor reforçado e por isso, qualquer lei ou decreto-lei autorizado que surgisse agora poderia
facilmente derrogar a LGT, para o Professor o artigo 12º é totalmente irrelevante, no limite
serve se a nova lei não fosse clara ou nada dissesse quanto a sua aplicação no tempo, aí
poderíamos usar o artigo 12º como forma de esclarecimento da aplicação da lei no tempo, mas
tal nunca aconteceu segundo o Professor Sérgio Vasques.

O nº2 trata de factos sucessivos, factos de formação por um período de tempo que
tipicamente nos impostos começa em Janeiro e acaba em Dezembro.
Mas e se o facto não for sucessivo, como acontece com o IVA? Se uma lei entrasse hoje em
vigor aumentado o IVA em 4% haveria aqui retroactividade? Não. Por isso o problema do 12º e
do 103º não se coloca, não estamos perante retroactividade, o IVA sendo um imposto indirecto
que é tributado transacção a transacção, isto é, um imposto de obrigação única50, não há
qualquer problema em que o legislador agrave as taxas quando pretender, pois os factos
tributários aqui já estão consolidados, e os futuros ainda não começaram a acontecer. Diferente
seria se uma lei agravasse o IVA sobre transacções feitas anteriormente, por exemplo ditar que o
agravamento do IVA em 5% para o ano 2004, aí já teríamos retroactividade. É por isto que em
situações de crise ou de ajuste de orçamento, o Governo normalmente aumenta as taxas do IVA,
pois não havendo proibição retroactiva é mais fácil ao Governo subir as taxas em impostos
indirectos a meio do ano.

Mas será que é está tudo dito? Imaginemos agora que há um regime de isenção de IMI
para casais jovens que compram casa durante 10 anos, e que agora vem uma nova lei que
elimina essa isenção a partir da sua entrada em vigor51, como esta medida não está proibida
pelo artigo 103º é permitida? Ou seja, no fundo não há retroactividade, pois a isenção só
deixa de existir no momento da entrada em vigor da lei e não vai afetar factos passados, apenas
irá afectar factos com base no passado. Não, apesar do 103º não impedir que isto aconteça,
temos o Princípio da Segurança Jurídica que é um princípio constitucional tutelado no artigo
2º entre outros da Constituição. No fundo o Estado estaria aqui a fazer uma armadilha aos
jovens se tomasse uma medida destas, apesar de esta não ser retroactiva. Os casais jovens
teriam a expectativa legítima de durante 10 anos estarem isentos de IMI.

Princípio da Igualdade Tributária

A constituição consagra implicitamente no artigo 13º o Princípio da Igualdade


Tributária, pois se o legislador está vinculado na sua atividade ao princípio da igualdade em toda
a sua atividade, com certeza que o está também quando disciplina taxas, contribuições e
impostos. Também de forma mais explícita é consagrado este princípio nos artigos 103º e 104º
da nossa Constituição onde se mostra a preocupação constitucional com impostos sobre o
rendimento, o património, a distribuição de riqueza e uma certa justiça material.

50
Ver a classificação dos impostos no Capítulo das Categorias Tributárias Fundamentais
51
Sendo por isso retrospectiva (baseada em factos passados mas não a legislar sobre factos passado) e não
retroactiva.

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O Princípio da Igualdade Tributária é por isso uma concretização da regra da igualdade.


A questão que se coloca é como se concretiza esta ideia de igualdade nos impostos e na sua
aplicação? Quais são os seus limites? Isto é que critério vamos usar para distribuir a riqueza
de forma igual?
Temos de ter um critério plausível, racional e acima de tudo legítimo, sem isto
teríamos apenas o arbítrio. O objectivo do Princípio da Igualdade é desde logo impedir as
desigualdades arbitrárias. Assim sendo, o Princípio da Igualdade Tributária há de concretizar-se
olhando aos contornos das diferentes espécies tributárias e identificando os critérios de
repartição que melhor se adequam a cada uma. No fundo o que se vai ter é uma confrontação
entre o objecto a repartir e o critério de repartição.
Olhando ao nosso sistema, só dois critérios se afiguram materialmente adequados para
servir à repartição: o critério da capacidade contributiva, como iremos ver no tocante aos
impostos, e o critério da equivalência, como iremos ver no tocante às taxas e contribuições. Estes
são critérios distintivos intra-sistemáticos que exprimem o sentido elementar da justiça
quando ponderadas as finalidades típicas de cada um dos tributos públicos já estudados
neste caderno.

Princípio da Capacidade Contributiva

O princípio da capacidade contributiva representa o critério material de igualdade


adequado aos impostos, isto pois os impostos constituem tributos unilaterais52, por produzirem
uma ablação do património particular ditada pelo interesse geral e alheia ao aproveitamento de
qualquer prestação pública. É inerente a estes tributos uma ideia de solidariedade, visto que
quem os sofre não fica constituído no direito de exigir qualquer prestação do Estado, cumprindo
um mero dever de cidadania, sendo que nada resta ao contribuinte, enquanto membro da
sociedade para a qual está a contribuir, senão a expectativa difusa de beneficiar do modo como o
Estado emprega esses recursos.
Se o propósito dos impostos está em fazer com que os membros de uma comunidade
contribuam para as despesas que podem aproveitar a todos de modo indistinto, a única solução
que se afigura materialmente justa é a de fazer com que cada um contribua na medida da
sua força económica. Assim sendo, não precisa de configuração explícita na Constituição,
bastando o princípio geral da igualdade acolhido pelo artigo 13º da Constituição.
Este é o então o núcleo do Princípio da Capacidade Contributiva, cada um contribuir na
medida que pode contribuir para a sociedade. O princípio da capacidade contributiva diz-nos
por isso que os impostos devem adequar-se à força económica do contribuinte, o seu alcance
mais elementar está na exigência de que o imposto incida sobre manifestações de riqueza e que
todas as manifestações de riqueza lhe fiquem sujeitas. O imposto terá então de possuir uma
estrutura tal que reflita cabalmente as condições de vida do contribuinte e da sua família,
podendo dizer-se que, enquanto critério de igualdade tributária, o princípio da capacidade
contributiva se traduz essencialmente numa exigência de personalização do imposto. Assim o
imposto deve basear-se em factos que revelem a real força contributiva do contribuinte que
paga de modo a não haverem injustiças.
É por esta explicação que se entendem que existam pessoas que não vão ser tributadas, o
que a lei vai dizer é que quem só tenham rendimentos até X não é tributado, pois há pessoas que
não tem quase nada e precisam do pouco que têm para sobreviver.

52
Ver o capítulo sobre As Figuras Tributárias Fundamentais.

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Este princípio vai impor então uma série de corolários com consequências ao modo
como se tributam os impostos, e em particular, como se tributa o IRS. Assim, podemos
considerar os seguintes corolários como imposições deste Princípio às tributações sobre
rendimentos:

1) Tributação do rendimento global - De modo a que estes impostos espelhem fielmente


a força económica dos contribuintes é indispensável que a base da incidência seja
definida de modo tao largo quanto possível e que o rendimento tributável compreenda
todo e qualquer fluxo de riqueza, independentemente da fonte.53

2) Tributação do rendimento líquido - O rendimento bruto não exprime a verdadeira


capacidade que os contribuintes possuem para suportar o imposto, só podendo esta ser
apreendida quando se lhe subtraiam as despesas necessárias à angariação do próprio
rendimento e as despesas necessárias à sobrevivência condigna do contribuinte.54 Assim
os impostos sobre os rendimentos devem contemplar deduções objectivas, no caso do
IRS deduções específicas55, correspondentes às despesas que possam razoavelmente
considerar-se necessárias à angariação do rendimento e que naturalmente serão
distintas conforme à sua natureza. Devem ainda contemplar deduções subjectivas,
correspondentes às despesas que possam razoavelmente considerar-se necessárias à
sobrevivência do contribuinte e à manutenção das suas condições de vida elementares
(ex.: saúde, educação, habitação), deduções que também existem no nosso IRS como
iremos ver quando o estudarmos.

3) Imperativo de tributação de rendimentos reais O artigo 104º nº2 consagra este


princípio como estruturante da tributação das empresas, assim sendo, a determinação
do lucro tributável das empresas deve assentar fundamentalmente na respetiva
contabilidade, cuja função é precisamente a de dar a conhecer a situação económica das
empresas a todos aqueles que com ela mantenham relações. Decorre também deste
imperativo um princípio de declaração dos rendimentos.56

4) Escolha da base tributável - Exigência elementar de que a base tributável possua


natureza ad valorem, não devendo nunca revestir natureza específica ou ad rem. Daí
que o pagamento de impostos não possa ser feito em géneros como dita o artigo 40º da
Lei Geral Tributária57

5) Estrutura de taxas dos impostos sobre o rendimento - O princípio da capacidade


contributiva veda a discriminação qualitativa do rendimento. O artigo 104ºnº1 da
Constituição ditao facto de impor o imposto único impõe que o imposto deve para além

53
Contudo, por razões de praticabilidade, há diversos ganhos acréscimos patrimoniais não tributados pelo IRS,
sendo que o princípio da capacidade contributiva opera também como a reserva do possível e praticável.
54
Resultando no rendimento líquido (Rendimento Liquído = Rendimento Bruto Despesas)
55
Ver capítulo do Impostos Sobre o Rendimento das Pessoas Singluares.
56
A tributação de rendimentos reais deve ceder nos casos em que o contribuinte se recusa a colaborar com a
administração na revelação dos seus rendimentos, podendo haver lugar à determinação indirecta da matéria
tributável por meio de presunções.Vemos aqui mais uma vez esta ideia de que a tributação tem de operar na
medida do praticável.
57
Neste caderno está lei será chamada de LGT.

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de abranger todos os tipos de rendimento, também os deve sujeitar às mesmas taxas,


para evitar a unidade meramente formal.

Temos ainda uma questão bastante discutida a respeito da Capacidade


Contributiva que é saber se há um limite à Capacidade Contributiva. Parece evidente que
não se pode tributar 100% a ninguém, pois assim todos os rendimentos dessa pessoa iriam para
o Estado e ficaria sem nada. Mas isto leva a uma discussão complexa, não se pode tributar 100%
mas qual é, então o limite? 90%? 70%?
Para o Professor João Gama, os impostos, embora não se tratem de uma relação
sinalagmática, são bilaterais em sentido lato58, e a ideia confiscatória não pode andar associada a
isto. Se eu viver num estado sem estradas, que não tem um exercito, etc, se calhar aí posso dizer
que a tributação 20% dos rendimentos é confiscatória. Mas noutro país em que o estado dá um
iPhone a todas as pessoas de 2 em 2 anos, o estado vai suprir todas as despesas, se calhar 90%
disto não é confiscatório. No fundo para este Professor a ideia prende-se com o nível de estado
social. Quanto mais despesas o Estado garantir mais poderá confiscar por tributação aos seus
cidadãos.

Uma discussão que se levanta também é saber como devem estas taxas ser? O que é
comum defender-se é que os impostos sobre rendimento têm uma taxa progressiva.
Os Professores João Gama e Saldanha Sanches entendem que a progressividade das taxas
decorre do princípio da capacidade contributiva. Quem tem mais, terá de pagar
comparativamente mais, de acordo com uma ideia de utilidade marginal decrescente do
dinheiro, isto é quanto mais dinheiro se tem, menos se precisa dele logo mais se dará
comparativamente a quem tem menos.

Princípio da Equivalência

O princípio da equivalência representa o critério material de igualdade adequado às


taxas e às contribuições. Como já vimos as taxas e contribuições constituem tributos
comutativos por visarem a compensação de prestações administrativas de que o sujeito passivo
é causador ou beneficiário efetivo ou presumível. A estes tributos é inerente uma ideia de troca,
um quid pro quo entre o Estado e o contribuinte.
Assim sendo, a única solução que se afigura materialmente justa é a de fazer com que
cada um contribua na medida do custo ou valor dessas prestações, sendo que qualquer
outro critério surgiria como arbitrário.

Há por isso aqui uma exigência de que os tributos comutativos se dirijam a custos ou
benefícios reais e não apenas imaginários. Esta exigência, que exclui o lançamento de taxas e
contribuições sem o mínimo de objetividade, exprime o alcance do princípio da equivalência
como pressuposto da tributação, sendo esta exigência de menor relevo nas taxas, incidentes
sobre prestações efetivas, mas de grande importância no que respeita às contribuições,
incidentes sobre prestações apenas presumidas. É necessário que os custos associados a uma
contribuição possam comprovar-se com razoável grau de certeza e precisão.

58
Isto é eu pago impostos para receber do estado a satisfação de necessidades coletivas

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Quanto à base de incidência que os tributos que se regem por este princípio devem ter
não se aponta para uma qualquer base de incidência preferencial, ao contrário do que acontece
no princípio da capacidade contributiva.

Organizando este Princípio podemos enquadrar os seguintes corolários:

1) Exigência de uma base de incidência objetiva estreita - O princípio da equivalência


concretiza-se tanto melhor quando mais estrita for a base de incidência objetiva de
taxas e contribuições, pois só deste modo conseguiremos desagregar com rigor os
custos e benefícios que com elas pretendemos compensar. Exemplos: exigência de
propinas diferenciadas em função do curso ao invés do lançamento de uma propina
única para todo o ensino superior ou a exigência de tributos diferenciados consoante as
emissões poluentes de um veículo ao invés de um tributo de montante único sobre todos
os automóveis. O princípio da equivalência exige pois que os tributos comutativos
sejam diferenciados em função dos custos e benefícios a compensar.59

2) Exigência de uma base de incidência subjetiva estreita - A fixação da incidência


subjectiva não releva tanto para o princípio da equivalência já que, uma vez fixadas com
clareza as prestações administrativas a compensar, resultam as mais das vezes
identificadas com clareza as pessoas que as provocam ou aproveitam, o que é em todo o
caso uma tarefa mais fácil relativamente às taxas do que relativamente às contribuições,
as contribuições oneram um individuo em virtude da sua pertença a um grupo que se
presume provocar ou aproveitar certas prestações, sendo o grupo mais fluido do que o
que fica sujeito ao pagamento de taxas.

3) Exigência de uma base tributável específica - Quando lidamos com taxas e


contribuições não lidamos com bases ad valorem. Não faz sentido por exemplo cobrar
taxas de portagens que variem em função do do automóvel O desgaste que o carro faz
naquela infra-estrutura não tem relação com o valor do veículo e é esse desgaste que
está em causa no pagamento da portagem. Assim, o que faz sentido é uma base
tributável especifica ou ad rem que varia em função do peso do veículo, por exemplo.
Logo, se tivermos uma taxa que tenha uma base ad valorem teríamos à partida, uma
violação do artigo 13º da Constituição.

4) Exigência de que os tributos comutativos revistam montante próximo do custo ou


valor das prestações a compensar, não o devendo ultrapassar de modo
significativo - O princípio da proporcionalidade também se impõe neste domínio,
devendo reportar-se inconstitucionais as taxas e contribuições grosseiramente
excessivas, como expresso no artigo 266º nº 2 da Constituição. O princípio da
equivalência exige que o montante das taxas e contribuições se adeqúe ao custo ou
valor médio e aproximado das prestações que estes tributos visam compensar,
valor médio, pois seria impraticável se fosse ao valor isoladamente provocado ou
aproveitado por cada contribuinte e valor aproximado, já que se tem de facultar sempre
uma margem de tolerância à administração e legislador de modo a que tudo isto seja
praticável.

59
É de se notar que, comparando, a capacidade contributiva aponta para um número estreito de impostos,
assentes em bases de incidência largas, ao passo que a equivalência aponta para um número largo de taxas e
contribuições, assentes em bases de incidência estreitas.

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5) Consignação da receita - Afectação legal da receita que os tributos comutativos geram à


cobertura de despesas determinadas. As taxas e contribuições constituem tributos
comutativos, que dão corpo a uma troca entre o Estado e o contribuinte, levando cada
um a contribuir para o sustento da comunidade em função das prestações efetivas ou
presumidas que dela recebe. Esta consignação de taxas e contribuições é concretizada
por uma de duas técnicas: Ou através de consignação direta ou material, em que o
legislador afeta a receita a despesas determinadas, identificando a sua finalidade no
orçamento de uma entidade pública (ex.: taxa de portagem ficar afeta à manutenção da
ponte), ou através de consignação indireta ou orgânica, em que o legislador afeta a
receita a uma entidade pública como sua receita própria, identificando apenas o titular
porque sabe competir-lhe a realização de despesas determinadas (ex.: contribuição
audiovisual afeta à RTP já aqui falada60).

Temos a questão de saber como se lida com as situações e que tenho uma taxa de um
montante claramente superior ao custo do serviço. Imaginemos que há um estudo altamente
credível que verifica uma destas situações o curso custa à Administração Público e os
alunos pagam Para lidar com situações como estas temos duas opções
Ou os a mais não têm nenhuma contrapartida e, por isso, temos um imposto
oculto e neste apenas nos conseguimos defender estivermos perante uma taxa que não foi
criada pela Assembleia, no fundo a defesa aqui é dizer que a criação de impostos é matéria de
reserva da Assembleia da República e que essa reserva foi violada.
Ou no caso de a taxa resultar de lei da Assembleia e em que por essa razão não é possível
a defesa pelo primeiro caminho, só encontraremos forma de invalidar se considerarmos que de
facto, é uma taxa, mas é excessiva e, por ser excessiva gera uma discriminação. Se por
exemplo custo de passar na ponte com o carro for e me pedirem de portagem, isso
significa que há de receita para despesas muito diferentes e que aproveitam a terceiros
Logo, neste caso, há violação do artigo 13º da Constituição.

A Extrafiscalidade

Falamos de extrafiscalidade quando o objetivo genérico de um imposto, que é o de


o Estado receber receita para com isso suprir necessidades financeiras genéricas, não é um fim
fiscal em sentido financeiro. De uma maneira muito genérica podemos estar perante:

1º Fins de extra fiscalidade de incentivo (fins positivos): Utilizo a norma para


incentivar determinada prática;
2º Fins de extra fiscalidade de dissuasão (fins negativos): Utilizo a norma para
dissuadir determinada prática;

Quando se utiliza uma norma fiscal para dissuadir ou incentivar uma conduta partimos
de um pressuposto: Os de que os agentes/sujeitos passivos são economicamente racionais, na
medida em que se aumenta a sua capacidade financeira fazem uma coisa e na medida em que se
diminui, não fazem. No fundo o pressuposto é de que ninguém quer pagar mais.

60
No capítulo das Categorias Fundamentais Tributárias

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A extrafiscalidade tem uma causa comum com a fiscalidade, que é aquilo que levou a
haver impostos: O fenómeno das falhas de mercado61, que leva à intervenção do Estado que
tem que através de impostos suportar essa intervenção. São também estas falhas de mercado
que levam à extrafiscalidade, e isto prende-se sobretudo com o fenómeno das externalidades
positivas ou negativas.
Quando o estado acha que determinado comportamento é absolutamente negativo,
proíbe esse comportamento como é o exemplo do tráfico de seres Humanos. Se se deixasse o
mercado à sua livre iniciativa podia acontecer, como já aconteceu em outras épocas históricas,
que se vendessem pessoas, mas o Estado hoje acha que isso não faz sentido, e por isso proíbe
esse comportamento. Já quando o Estado acha que determinado comportamento é
absolutamente benéfico mas não espera que o mercado gere esse bem por si, como é o caso da
defesa nacional por exemplo, vai dá-la de graça62. Isto são os espectros das externalidades
positivas e negativas, ou seja, a proibição absoluta ou fornecimento público absoluto.

Contudo, para a realização de ambos, o Estado necessita de impostos, porque é preciso


um mecanismo coercivo que proíba e sancione as pessoas de ser venderem umas ás outras. É
claro que entre a proibição e incentivo absolutos, e antes de chegar aos impostos há outros
mecanismos. Eu posso incentivar uma actividade nomeadamente através de subsídios. Por
exemplo: O Estado dá 1 euro por cada quilograma de ovos biológicos produzidos porque
considera importante a produção de ovos biológicos. Muitas vezes o Estado utiliza proibição e
incentivo de subsidiação. Se o Estado quiser fomentar a produção de sobreiros Portugueses, por
um lado subsidia a sua plantação e por outro proíbe o seu abate, e esta parte coercitiva de
proibir que eles sejam abatidos tem de ser financiada a partir de impostos.
Posso também incentivar ou proibir mediante o modelamento da regulação sobre
determinado setor. Ex: Se acho negativo que se façam determinado tipo de garrafas que têm
determinado componente, eu posso fazer mais inspeções a quem faça esse tipo de garrafas e
menos a quem faça outro. Posso usar a regulação para incentivar ou desincentivar uma
determinada coisa. Tudo isto tem uma expressão económica, do ponto de vista do Estado.

O Estado pode também usar a extrafiscalidade positiva com a criação de benefícios


fiscais. Os benefícios fiscais são criados por lei, como expresso nos artigos 165º e 103º da
Constituição. Em termos metodológicos os benefícios fiscais são normas de segundo grau,
normas excepcionais63 no sentido em que excepciona/altera, o regime regra de determinado
imposto (através de uma taxa mais baixa). Assim, para ter um benefício fiscal tenho que ter uma
sujeição fiscal.
Repare-se que é exactamente por serem normas excepcionais, estas têm um grau
maior de suspeita de violação do princípio da igualdade. Se exceciono estou a criar um
regime diferente do normal, e com isso posso estar a beneficiar alguém ilegitimamente, e por
isso, estas normas estão sujeitas a controlo parlamentar tal como estão sujeitas as normas
normais de tributação.
Não é possível dar benefícios fiscais a toda a gente, isso seria uma incoerência fiscal, e
por isso existe a preocupação de não deixar que os benefícios fiscais sejam uma manta infinita
de retalhos. É importante que exista alguma coerência, que é dada por algumas regras fiscais. O

61
Estudar a matéria dada em Finanças Públicas. Muito brevemente uma falha de mercado é o fenómeno que
se dá quando o mercado não consegue por si livremente suprimir uma falha tendo o Estado de intervir com
medidas.
62
Isto é, vai pagar utilizando as receitas públicas (nas quais se encontram as tributárias)
63
artigo 2º do Estatuto dos Benefícios Fiscais

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artigo 58º Estatuto dos Benefícios Fiscais64, por exemplo, Consagra um beneficio fiscal aos
escritores e diz que os rendimentos dos direitos de autor dos escritores apenas contam pela
metade. A partir de 2011 cortou-se a ilimitação desta protecção, que já não protege
ilimitadamente todos os autores, mas sim apenas até certo patamar65, para fomentar a escrita e
produção literária, e que tem em conta que estes rendimentos não são continuados.
É sempre possível construir um caso para justificar o beneficio fiscal, mas isto é um
pacto politico e como tal deve ser sujeito a uma regra da maioria parlamentar. Por exemplo é
difícil beneficiar um desporto relativamente a outro mas não é difícil fomentar o
desporto/desportismo.
Para derrogar a norma fiscal tenho que encontrar um princípio consagrado na
Constituição que o justifique. Sendo a nossa Constituição grande, em termos de tamanho, não é
difícil de lá encontrar um princípio normalmente, sendo por isso o maior impedimento à criação
de benefícios fiscais o consenso parlamentar necessário.

O benefício fiscal, sendo uma norma de isenção em termos técnicos, que excepciona para
menos um regime-regra de tributação, tem um custo que não é gratuito. Por isso, um dos
grandes objectivos da politica fiscal em relação aos benefícios fiscais, é que esses custos sejam
assumidos por forma a que o Parlamento não crie benefícios à balda, fingindo que as outras
pessoas não arcam com estes custos, pois se há um grupo de pessoas que paga menos quer dizer
que das duas uma: ou alguém vai pagar por elas, ou então a despesa pública tem de se reduzir
em algum lado o que também pode prejudicar outros. Por isso se obriga no artigo 2º nº3 do
EBF a que haja no Orçamento de Estado, um mapa com a despesa fiscal e os custos dos
benefícios fiscais.

Com um benefício não se procura premiar mas incentivar. Isto quer dizer que a
natureza de benefício fiscal tende à sua própria extinção, se se pretende incentivar certa
atividade, o objetivo é que a realidade se pratique na quantidade que se pretende, sendo que a
partir do momento em que isso acontece o benefício deixa de ser necessário. No entanto, o
benefício só idealmente se extingue, porque existem questões que nunca atingiram essa
quantidade pretendida mesmo com os benefícios.

O artigo 2º do EBF exemplifica aquilo que são os instrumentos através dos quais o
benefício fiscal pode operar. E ele pode operar através de uma isenção de incidência dizendo
que determinado grupo de pessoas não está a ele sujeito, ou pode operar através de uma taxa
reduzida (dizer que os um grupo de pessoas está sujeito a uma taxa mais baixa de IRS), pode
operar através reembolsos, amortizações aceleradas (comprar de carros eléctricos onde se
pode deduzir mais), sendo no entanto as isenções (tu não pagas) as mais óbvia mas menos
comuns.

Em concerto como é que estes instrumentos são atribuídos? O artigo 5º EBF: diz que
quanto a sua atribuição podem ser automáticos ou sujeitos a reconhecimento:
Os automáticos são os que decorrem da lei directamente sem que seja necessário
um ato posterior. Se disser que os direitos do autor só são englobados a metade, quer dizer que
se eu for escritor e se declarar que tenho rendimentos de autor, isso só é tributado a metade, não
sendo necessário que faça um requerimento á Administração fiscal para que isso aconteça.
Decorre directamente da Lei. Assim o é, porque numa sociedade em que toda a gente paga
impostos e muita gente tem benefícios, seria impraticável impor a autorização prévia de cada
benefício fiscal, no fundo há uma questão de eficiência da Lei, porque se os deputados querem

64
Daqui em diante referido como EBF.
65
De

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que sejam concedidos benefícios foscais, não querem que essa atribuição fique confinada á
Administração Fiscal e à sua apreciação casuística. O Professor João Gama considera que a
maioria dos benefícios fiscais são de atribuição automática ou de Lei.
Os sujeitos a reconhecimento, são atribuídos mediante reconhecimento ou sujeitos a
autorização. Existe uma remissão do artigo 5º para artigo 12º do EBF e para o 65º do
C.P.P.T.66 Isto quer dizer que o acto carece de uma interlocução com outra entidade,
nomeadamente, mediante ato administrativo.

A grande questão dos benefícios fiscais é no entanto a cessação dos mesmos


prevista na lei no artigo14º do EBF. O problema da extinção dos benefícios fiscais é o facto de
estarmos perante algo que o estado incentivou e a questão é saber se esse mesmo Estado tem ou
não a mesma liberdade de voltar atrás numa medida que incentivou ou não?

Existe aqui uma tensão entre a garantia dos Direitos e expectativas versus o Direito
que o Estado tem em mudar de ideias. É por isso que o artigo 14º tem regras mais fortes para
os benéficos fiscais temporários.

No artigo 14º nº2 e nº4 do EBF a regra é da irrevogabilidade dos benefícios fiscais,
contudo o legislador tem dois tipos de cautela:

1) Quando os próprios factos que deram origem ao benefício, ou sejam falsos ou


deixam de se verificar, aí caducam. Se eu for escritor e tiver Direitos de autor, se os
deixar de ter e passar a prestar serviços de consultoria, perco Direito ao benefício
fiscal. Os benefícios fiscais estão por isso protegidos em relação aos seus
pressupostos.

2) Ainda de acordo com o artigo 14º há uma regra mais discutível, que é o facto de
o benefício ficar suspenso ou caducar quando há dividas fiscais. Aqui há
elementos externos ao benefício que lhe retiram consequências. Por exemplo: Tu és
surfista mas tens uma dívida de IRS, então não recebes o benefício enquanto tens a
divida. Esta é uma questão mais duvidosa porque embora haja aqui uma questão de
justiça e de coerência, por outro lado, imponho realidades ao benefício fiscal que lhe
são externas. 67

O EBF também nos diz que estes benefícios não são passiveis de aplicação analógica,
mas podem ser objecto de interpretação extensiva. A ideia é de que o benefício fiscal tem
uma dimensão axiológica forte que o levou a derrogar o Principio-regra e por isso há uma força
importante no sentido do cânone interpretativo. 68

66
Código do Procedimento e do Processo Tributário
67
A este respeito: O Estado diz a este respeito, que quem tem dívidas fiscais não se pode candidatar a
concursos públicos. Se uma empresa de computadores tiver uma divida de IRC, não se pode candidatar a
concursos públicos para fornecer computadores para o Ministério da Justiça. Pode-se dizer que isto não faz
sentido porque o imposto nada tem a ver com a contratação pública. Mas também se pode dizer que quem
não paga impostos está numa situação concorrencial diferente da de quem os paga e não deve poder aceder
ao Estado, que não pode beneficiar no seu mercado quem não lhe pagou.
68
A respeito da extensão de benefícios fiscais é também relevante o artigo 15º do EBF que diz nos que os
benefícios fiscais não são transmissíveis em regra salvo autorização, a não ser aqueles que sejam objectivos, ou
seja, associados a uma coisa. Se houver um conjunto de obrigações do tesouro que tenham uma um benefício

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Posto tudo isto, como é evidente com esta discussão dos benefícios fiscais tivemos a
analisar a extrafiscalidade positiva, vamos agora ver a outra face da moeda, que é o conjunto
de atividades que o Estado considera negativas, que geram externalidades negativas, e em
que o Estado usa a tributação para tentar refreá-las e restringi-las.
Estas tributações têm umduplo ganho: Por um lado, a receita fiscal e por outro, a
moderação do comportamento com custo social. Exemplos disto são os impostos sobre o tabaco,
onde por um lado se quer proteger o bem-estar público e a saúde público e por outro o Estado
arrecada receita.

Para criar um imposto sobre estas realidades que é diferente da tributação geral, eu
tenho que identificar um custo social associado ao comportamento, sob pena do imposto
agravado ser arbitrário por violar o princípio da igualdade.
Historicamente, há em todos os países um conjunto de bens que tiveram uma tributação
agravada. Há alguma hipocrisia Estadual, pois se são os Estados que dizem que por um lado que
certos comportamentos são prejudiciais mas que por outro lado tributam essas atividades em
vez de as proibir por inteiro arrecadando dinheiro.69

Os impostos especiais sobre o consumo tendem a onerar, bens que provocam um


determinado custo social tais como as fontes de energia poluentes e o álcool e tabaco. Nestes
impostos existem normalmente regras de consignação, se este grupo provoca um prejuízo social
especial, então utilizo os impostos especiais que eles pagam, não aplicando a regra de proibição
de consignação, para uma despesa específica social.
No entanto, os estados ficam eles próprios viciados nestes impostos, pois aquilo que em
tese era um imposto que impediria o consumo, também gera dinheiro para Estado. A procura de
um consumidor de tabaco é menos elástica do que a procura de um consumidor de música,
porque tem uma característica neurológica que o torna dependente desse consumo, tornando-o
menos sensível a uma alteração do preço, seja para cima seja para baixo. Se o preço duplicar
corto noutras coisas e não no tabaco por isso mesmo, e isto é muito bom do ponto de vista de
quem cobra que é o Estado.

Por outro lado, a teoria é que para os impostos altos sobre os produtos como o tabaco
quanto mais tarde as pessoas começarem a fumar menos viciadas ficam e assim o preço alto é
também uma barreira à entrada, não entram novos consumidores nesse mercado porque os
mais novos não têm tanto dinheiro e portanto, corta-se o incentivo a estas faixas etárias mais
novas.

No entanto temos também por um lado jogar com outra coisa, é que se o Estado
aumentar em demasia este tipo de impostos, existe logo uma ascensão do mercado negro, e daí
que seja o próprio Estado auto conter-se na subida dos preços.

Temos um exemplo bom de extrafiscalidade negativa recente, o Governo o ano passado


criou um imposto sobre as bebidas com alto teor de açúcar, para que as pessoas consumam
menos porque é mau para a saúde.

fiscal de dispensa na retenção da fonte, quando transmitir essas obrigações, o beneficio fiscal segue-as. É o que
podemos encontrar na sequela dos Direitos Reais.
áà à à à à à à à à àV à à à “ à àE
69

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A Relação Jurídica Tributária

O direito fiscal estrutura-se com base na teoria da relação jurídica. Quando olhamos à
LGT esta fixa os elementos essenciais da relação jurídica tributária, sujeito, objeto, facto
tributário e as garantias. Nas qualificações de imposto, quando olhamos ao IRS ou ao IVA é
fácil identificar os Códigos, quando olhamos a outras codificações não e tão fácil, nomeadamente
quando lidamos com taxas e contribuições que estão em diplomas consagrados de forma mais
imperfeita.

Sujeitos das Relações Jurídicas Tributárias

Temos normalmente os sujeitos passivos de um lado e os sujeitos ativos de outro.

Sujeito Ativo

O sujeito ativo da relação tributária é, segundo o artigo 18º da LGT, qualquer entidade
de direito público titular do direito de exigir o cumprimento das obrigações tributárias70, quer
diretamente quer através de representante. É importante ter em atenção que ser sujeito ativo
numa relação jurídica tributária é ter o direito de exigir o tributo, outra coisa é o exercício
do poder tributário ou ter a titularidade da receita.
Ou seja, há entidades que têm o poder de criar modificar tributos públicos e a isto
chamamos poder tributário. Normalmente, tem este poder a Assembleia da República e o
Governo e em medida menor às Autarquias Locais e às Regiões Autónomas que dentro de certas
balizas podem adaptar e modificar os tributos públicos.
Outra coisa diferente é a titularidade da receita. Uma entidade pode ter o direito de
exigir ao contribuinte a receita, mas estar vinculada por lei a transferir a receita. As
entidades que são titulares da receita são muito variadas, a lei consigna a receita a entidades
muito diferentes.
Logo, temos aqui de distinguir três coisas diferentes que são muitas vezes não
coincidentes na mesma pessoa, sendo por isso necessário ter a distinção dos termos clara:

1) O poder de exigir o pagamento do tributo que pertence ao sujeito ativo


2) A titularidade da receita, isto é para quem vai o dinheiro, no fundo o direito à
receita gerada pelos tributosç
3) O poder tributário que é no fundo o poder de criar/modificar/extinguir tributos
públicos.

Sujeito Passivo

O sujeito passivo é a pessoa singular ou colectiva, o património ou a organização de facto


ou de direito que nos termos da lei está obrigada a cumprimento de uma prestação
tributária, seja como contribuinte direto seja como substituo responsável. A lei não é clara, mas
como veremos a seguir na substituição tributária possível desdobrar três categorias de sujeito

à à à
70
Pode ser qualquer entidade pública: administração local, cen

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passivo: 1) a do contribuinte direto, que é aquele que se encontra vinculado ao pagamento de


um tributo em virtude de preencher ele próprio as respectivas normas de incidência, 2) a do
substituto tributário, que é aquele que fica orbgiado ao pagamento do tributo em vez do
contribuinte por razões de segurança e facilidade no pagamento e 3) a do responsável
tributário, que é aquele que fica obrigado ao pagamento do tributo além do contribuinte
quando este não o seja capaz de fazer.
É de notar-se no entanto que o repercutido tributário71, categoria importante nos
impostos indirectos, não é um sujeito passivo na relação tributária por força do artigo 18º nº4
da LGT.

A qualidade de sujeito passivo pode caber a entidades desprovidas de personalidade


jurídica para outros ramos do Direito como o Direito Civil. A LGT, no artigo 15º, estatui que
a personalidade tributaria consiste na suscetibilidade de ser sujeito de relações jurídicas
tributárias e isso basta para que se tenha personalidade fiscal.

Substituição Tributária

A substituição tributária está prevista no artigo 20º da LGT.


Nos casos do IRS que incidem em parte sobre um salário o sujeito passivo é o
trabalhador. Quando olhamos ao código do IRS, vemos que sujeito ativo é o Estado, mas há um
intermediário da cobrança, a entidade que paga ao contribuinte72. A entidade que paga todos os
meses irá reter uma percentagem do salário da pessoa e entrega à entidade fiscal no final do ano.
Depois, também no final do ano, as retenções da fonte são subtraídas ao valor a pagar pelo
trabalhador, há um acerto de contas como iremos ver quando estudarmos melhor o IRS.
No artigo 20º diz-se que esta substituição tributária opera por retenção da fonte. Há
uma obrigação de reter e uma obrigação de pagar por parte do substituto. Esta substituição
tributária com retenção da fonte foi popularizada no início do século XX contra trabalhadores
dependentes e pensionistas que recebem rendimentos regulares, mas também vale para outro
tipo de rendimentos.73 74

Em bom rigor vamos por isso ter na substituição dois sujeitos passivos aos olhos da LGT.
Um é o substituto e outro o substituído.75

Há ainda a questão do artigo 20º nº2 da LGT diz-se que a substituição opera por
retenção na fonte. Mas é preciso ter atenção pois nem sempre é assim: há casos em que há
substituição tributária sem retenção, como o caso que já vimos da contribuição audiovisual
relativa à RTP. A lei que cria a contribuição diz o que sujeito passivo é o consumidor (quem tem
um contrato válido de electricidade), mas não é o consumidor que entrega a contribuição ao
estado, é a EDP. A EDP está a substituir-se ao Consumidor, mas não há retenção. Porquê? Porque

71
Ver a classificação dos impostos já aqui estudada. Ver repercussão tributária neste capítulo.
72
Daí que seja a retenção na fonte. Pois a entidade que paga, por exemplo uma empresa, é a fonte de
rendimentos. É esta fonte que vai reter os rendimentos e depois entrega-los ao Estado sendo por isso o
substituto tributário do contribuinte. Entende-se também por isto mesmo que seja mais fácil e mais seguro
exigir às entidades pagadoras (como as empresas) que paguem parte do imposto pelo contribuinte.
à à à à à à à à à à à à à
73
Rendimentos de capital e rendime
o Banco quando me paga os juros vai reter uma percentagem e entrega ao estado
74
Iremos ver isto melhor ao estudar o IRS no próximo capítulo.
75
Não vamos ter dois sujeitos ativos, a entidade que retem não se considera sujeito ativo relativamente ao
contribuinte que vê o seu rendimento a ser retido.

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a EDP não é a fonte do meu rendimento, sou eu que estou a pagar à EDP, logo não seria sequer
concebível que houvesse aqui uma retenção.

Responsável Tributário

Se o que foi dito sobre a substituição tributária é assim, o que acontecerá se uma
empresa paga os salários tiver um erro no sistema informático e naquele mês em que esse bug
informático acontece não fizer as retenções na fonte? Ou seja, nos casos em que algo corre mal
de quem é a responsabilidade de pagar? A LGT no artigo 28º trata destas questões e dá três
soluções conforme o caso perante o qual no encontremos:

Artigo 28º nº 1 Vale para situações em que há retenção na fonte, mas a empresa não
entrega ao estado. Nestes casos, a lei diz que se o que está em falta é a entrega, há
responsabilidade da empresa, não é do substituto. Claro que o trabalhador não tem
nenhum controlo sobre a entrega.

Artigo 28º nº 2 -quando temos retenção na fonte pode operar de 2 formas; aqui temos a
chamada retenção por conta do imposto devido a final em que todos meses sofro a
retenção e no final há um acerto. Se a retenção for por conta do imposto devido a final,
quem é responsável em 1º linha é o substituído e em 2º linha o substituto.

Artigo 28º nº3 retenção definitiva - é o que acontece quando o banco retém os juros;
eu nem preciso de declarar aquele rendimento; quem é responsável em 1º linha é o
substituto (banco) porque é muito mais fácil para o estado exigir um imposto do banco
do que dos depositantes. Além disso, haveria um problema de derrogação do sigilo
bancário caso o estado exigisse dos depositantes. Esta também se aplica aos não
residentes (onde também é mais fácil para o Estado demandar a entidade empregadora
porque os não residentes não estão cá).

Mas e se houver substituição tributária sem retenção na fonte. Quem fica o


responsável nesses casos?
A solução não está prevista no artigo 20º da LGT, e também não está prevista no artigo.
28º da LGT. Não temos regras para lidar com a situação em que o consumidor recusa a pagar a
contribuição para o audiovisual para a RTP nos casos em que algum erro (como um bug
informático) aconteceu no processo de pagamento por exemplo. Quem é que o sujeito ativo pode
demandar então?
Se há um grande movimento de consumidores que se recusam a pagar. O estado vai atrás
da EDP ou dos contribuintes individuais? O estado deve demandar a EDP porque é só uma e por
isso é mais fácil. Agora, nem sempre será o mais justo. O Professor Sérgio Vasques diria que o
que faz sentido é, desde que o substituto tenha procedido de boa-fé e empregue a
diligência normal na cobrança da receita, deve ficar desresponsabilizado, sendo o
consumidor a ficar com a responsabilidade.

Repercussão Tributária

A repercussão tributária é um fenómeno, característico dos tributos indirectos, que


consiste na transferência do peso económico de um tributo para pessoa diferente do sujeito
passivo, e com quem este se encontra em relação. Isto acontece através da respectiva integração

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no preço de um qualquer bem. Assim, o sujeito passivo será suportado por outrem, o
repercutido tributário. Por exemplo, no IVA, quando vou almoçar a um restaurante, é esse
restaurante que é o sujeito passivo, mas sou eu, mediante o pagamento do preço do que
consumi que inclui o IVA, que vou suportar o pagamento do imposto por parte do restaurante.

A repercussão pode operar de três maneiras diferentes:

1) Repercussão Descendente: que se verifica quando o vendedor soma o tributo ao


preço de um bem, fazendo com que o comprador o suporte. Assim acontece, por
exemplo, quando se dá um aumento do imposto sobre a cerveja e os comerciantes
sobem o preço na mesma medida fazendo com que os consumidores o suportem.

2) Repercussão Transversal: verifica-se quando o vendedor soma o tributo do preço


de um bem diferente daquele que é onerado pelo tributo. Por exemplo, se quando há
um aumento do imposto sobre a cerveja os comerciantes diluírem esse aumento
através do agravamento do preço pela generalidade das bebidas alcoólicas, repare-se
que isto é possível pois o estabelecimento vai arrecadar o mesmo dinheiro à custa
dos compradores mas este virá de vendas de bebidas diferentes em vez de ser só de
uma.

3) Repercussão Ascendente: verifica-se quando o vendedor subtrai o tributo ao preço


de um bem que é comprador, obrigando os fornecedores desse bem a suportar-lhe o
peso económico. Por exemplo, se quando há um aumento do imposto sobre a cerveja
os comerciantes obrigarem as empresas cervejeiras a baixar o preço mesma medida
do aumento, repare-se que isto é possível pois o estabelecimento em vez gastar a
pagar pela cerveja guarda esse dinheiro e entrega-o ao Estado depois.

O que acontece quando vou à cafetaria e peço um café e um bolo, ficando o preço a
com IVA incluído. Isto é substituição tributária? Quem é que é o sujeito passivo neste
cenário? A cafetaria ou eu?
Para efeitos da LGT, o sujeito ativo é quem tem direito de exigir o imposto, e o sujeito
passivo é o quem está obrigado a entregar. Quem é que está obrigado a entregar o IVA ao
estado? O vendedor, a cafetaria, é o sujeito passivo. Então e o consumidor o que é que é?
Estamos a falar da repercussão, um instituto diferente da substituição. O sujeito passivo entrega
ao Estado e repercute ao consumidor.

Então e quem é o responsável no caso de existir um bug electrónico e não se


cobrar o IVA? E se o bug tiver funcionado ao contrário, e cobrarem IVA em excesso aos clientes
durante um mês? O que é que deve o Estado fazer?
Quando as coisas funcionam mal, quando há liquidação do imposto em falta o Estado
deve pedi-lo ao sujeito passivo, quando há em excesso então temos um problema de
enriquecimento sem causa, não há regras na LGT para essa situação.

Objecto

Na relação jurídica imposto distingue-se entre obrigação principal e obrigações


acessórias

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A obrigação principal é pagar o tributo. As obrigações acessórias, são


instrumentais, servem para assegurar o cumprimento da obrigação principal. Podem incidir
sobre o sujeito passivo ou sobre terceiros. Podem ser obrigações de comunicação e reporte
como de emitir fatura por exemplo. Assim, a administração tributária consegue, por estas
obrigações de comunicação, perceber casos de fraude fiscal.

O pagamento do tributo não é a única obrigação de natureza pecuniária na relação, pode


haver lugar ao pagamento de juros:

 juros compensatórios devidos pelo contribuinte à administração quando por


força de um qualquer ato do contribuinte há um atraso na própria liquidação do
imposto, por exemplo a não declaração de rendimentos.

 juros de mora devidos pelo contribuinte à administração pelo atraso no


pagamento do imposto já liquidado.

 juros indemnizatórios - devidos pelo Estado ao contribuinte quando lhe tiver sido
liquidado um imposto indevido.

Facto Tributário

É o facto que faz nascer a obrigação de pagar, está previsto na lei no artigo 36º nº1 da
LGT desde logo. Os tributos são obrigações ex legem, se se preencher os requisitos da lei então
nasce a obrigação tributária, que não é negociável.
Há situações em que há margem de negociação entre o Estado e os contribuintes e o
imposto a pagar é fixado por via contratual e tem havido um alargamento nos últimos anos
destes casos. Exemplos disto são os benefícios fiscais contratuais, uma empresa quer vir para
Portugal e discuto com a empresa o imposto que ela vai pagar nesses anos.
Hoje em dia as empresas multinacionais praticam entre elas os preços de transferência,
realizam transacções entre empresas do mesmo grupo com preços inflacionados ou
deflacionados propositadamente para deslocar os lucros para as jurisdições com taxas mais
baixas.

Garantia

A administração tributária em garantia dos créditos tributários tem todo o


património do contribuinte; sem prejuízo de garantias especiais. Isto resulta do disposto no
artigo 50º da LGT. Esta regra é também resultante do Direito Civil, pelo artigo 601º do Código
Civil que trata da garantia geral da obrigações.

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IRS

A Tributação do Rendimento Pessoal

Os Rendimentos de pessoas singulares são tributados pois são a manifestação mais típica
de capacidade contributiva de força económica para fazer face a encargos comuns.
No passado acontecia sobretudo uma tributação sobre o património e certos consumos.
Os impostos sobre o património eram uma forma de chegar ao rendimento das pessoas, porque
a riqueza era sobretudo patrimonial, patrimonial porque a principal actividade económica
resultava do património imobiliário da agricultura.
Mas Impor hoje a tributação das pessoas singulares com base no património não
cumpriria o ideal de igualdade tributária.

O sistemas de tributação antes da entrada em vigor do CIRS76 eram de uma tributação


separada por vários códigos de rendimento. Tributávamos os rendimentos profissionais de um
lado, as mais-valias do outro, os capitais do outro. Mas quando queremos olhar para a riqueza de
uma pessoa temos de ter uma visão completa e total sobre os seus rendimentos para que se
possa distribuir os encargos tributários gerais, do modo mais justo possível . Devemos pois ter
uma visão completa e total sobre os seus rendimentos, independentemente da fonte
desse rendimento. Se tinhámos códigos diferentes, com taxas diferentes e mecanismos de
isenções diferentes, não conseguíamos olhar para a pessoa e perceber a riqueza agregada de
cada uma delas e tributa las de acordo com o montante dessa riqueza agregada. Portugal tentou
fazer esta evolução com a adotação do código do IRS.
A constituição no seu artigo 104º nº1 diz-nos o imposto sobre o rendimento pessoal
diz O imposto porque a constituição é aprovada em 76 e não havia IRS, havia esta multitude de
impostos. Este artigo é como um mandato ao legislador para criar um único imposto que
veio a ser o IRS.
A Constituição dá-nos algumas linhas sobre o IRS: tributação das pessoas singulares,
unicidade de imposto, progressividade do imposto, visa a diminuição das desigualdades e tem
em conta as necessidades dos agregados familiares.

Rendimento

Já definimos neste caderno imposto, e a definição de pessoa singular já foi estudado no


curso de Direito. Interessa agora aqui definir claramente o que é rendimento Há um conceito
central de rendimento que é fácil, depois há casos complicados.
No século XIX alguns economistas vieram dizer que só podemos falar de rendimento que
seja mensurável. Mas concepção de rendimento que hoje prevalece é a do Rendimento
Acréscimo. O que interessa é comparar o património em dois momentos. Portanto, comparar o
património em 2 momentos e o rendimento é o que esse património terá eventualmente
crescido. Isto leva a incluir no conceito os rendimentos periódicos que tive, mas inclui todas as
outras formas de crescimento da minha riqueza, mesmo que ocasionais.

76
Daqui em diante CIRS refere-se a Código do IRS.

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Portanto, num conceito económico de rendimento uma doação é rendimento. Contudo o


direito fiscal não pode basear nas pessoas singulares um conceito puro de rendimento por
razões de praticabilidade acima de tudo. O conceito de rendimento puro implica que se avalie
o património das pessoas no principio e no fim do exercício, portanto implicaria tributar mais-
valias latentes por exemplo. Ou seja, a valorização de ativos que eu não realizei. Por exemplo
imaginando que trabalho na católica e tenho um quadro da Paula rego que vale 1 milhão no
princípio do ano e no final desse ano vale 1 milhão e 100. Numa teoria pura de rendimento diz
que tenho de ser tributado pela mais valia latente, ou seja, o valor que eu faria com aquele
quadro se o vendesse. Se tributássemos as mais-valias latentes, faríamos com que alguém tivesse
a pagar imposto sem ter realização económica. E nas pessoas singulares há uma grande
relação entre riqueza e aquilo que é a minha disponibilidade económica.
Assim o conceito adotado é o de rendimento acréscimo mas com algumas nuances não
sendo adotado o rendimento acréscimo em sentido económico puro. Para satisfazer esta
noção o CIRS dá-nos várias normas de incidência categorizando os rendimentos que vão
ser tributados

As Categorias de Rendimento

O artigo nº 1º do CIRS determina as várias categorias de rendimentos que vão ser


tributados. Apesar do código ser só um tem várias categorias de rendimento que vão ter
diferentes regras quanto a forma como são tributadas. Sem prejuízo de um estudo aprofundado
adiante neste capítulo temos, a título introdutório, que as categorias de rendimento são77:

1) Categoria A trabalho dependente. Exemplos: Se existir um contrato de trabalho, um


vínculo entre o trabalhador e patrão.
2) Categoria B rendimentos empresariais e profissionais. Aqui estão a pensar em
rendimentos de profissionais liberais. Exemplos: rendimentos auferidos por
comerciantes, vendedores etc..
3) Categoria E rendimentos de capitais. No fundo juros e dividendos. Exemplo: ponho
dinheiro num banco recebo um juro ou invisto numa empresa recebo um dividendo, esse
acréscimo patrimonial vai ser tributado nesta categoria
4) Categoria F Rendimentos Prediais. Exemplo: rendas que se recebem de um prédio
5) Categoria G Rendimentos Patrimoniais. O rendimento típico nesta categoria são
mais-valias.
6) Categoria H Rendimentos de Pensões. O exemplo de rendimento típico aqui são as
pensões de reforma.

Qual desta categorias dará mais receita ao Estado em sede de IRS? Os números são os
seguintes em % da receita fiscal proveniente do IRS: A 62% ; B 5%; G 0,77%; F 1,8%; E
0,17%; H- 29,5 % Isto mostra-nos que o grande problema das finanças portuguesas e da
demografia envelhecida em Portugal que são as reformas, 1/3 do nosso IRS vem de pessoas que
não trabalham.

Depois do artigo 1º do CIRS, temos várias normas sobre as restantes categorias sendo
que do artigo 2º ao 11º temos o que cabe em cada categoria. O artigo 12º do CIRS passa
depois a enumerar o que é que está fora do IRS, são artigos de delimitação negativa de

77
Note-se que não há categorias C e D. Isto não é porque o legislador não sabe o abecedário mas porque estas
categorias existiam em tempos e foram aglutinadas na Categoria B.

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incidência. Portanto, num caso pratico para ter a certeza que um rendimento é tributado em IRS,
temos de ter a certeza que ele não está excluído da incidência do artigo 12º.

Resta frisar, caso não tenha sido já claro, que se um rendimento não cabe numa das
categorias então não vai ser tributado pelo IRS. Ter ainda em atenção que a Categoria G não
é uma categoria residual para onde vão parar todos os rendimentos que não entrem nas
outras categorias. Entenderemos isto melhor com estudo mais aprofundado que vamos fazer,
mas é importante ter isto presente desde já.

Os Nove Passos para o Cálculo do IRS

Os passos para resolução de casos do IRS são os seguintes:

1. Incidência subjetiva- Quem paga o IRS (art. 13º)


2. Incidência Territorial (art 15º)
3. Incidência objetiva (diferentes categorias de rendimento- art. 1º)
4. Deduções específicas
5. Englobamento (art. 22º)
6. Abatimentos (só há um hoje em dia art. 56º-A)
7. Rendimento coletável: taxas coleta do imposto (art.68º)
8. Art. 78º - deduções à coleta obtém-se o imposto devido, que não pode ser negativo
9. Apurar se houve retenções na fonte e pagamento por conta art. 101º - assim obtém-se o
valor do IRS (que se for negativo gera o reembolso)

1. Incidência subjectiva

Artigo 13º do CIRS: incidência pode ser conjunta ou separada, dependendo se


existem cônjuges ou dependentes. A tributação hoje em dia é, por regra, separada como disposto
no nº2, mas pode ser exercida a opção de tributação conjunta, artigo 13º nº3, e nesses casos o
sujeito passivo da relação jurídica do Imposto do IRS serão aqueles a quem couber a direção do
agregado familiar. O artigo 13º nº4 fala sobre os dependentes e diz que estes são os filhos e
outras pessoas equiparadas (menores sobre tutela, enteados), é de notar que ascendentes a
cargo não constituem dependentes78, mesmo que dependam a nível económico, não são
irrelevantes do ponto de vista fiscal, mas não são membros do agregado familiar para efeitos
fiscais.
Na maioria dos casos, os casais entregam uma declaração conjunta (nº3) por regra,
existindo pai, mãe e filhos, devemos calcular a declaração de IRS de forma conjunta, apesar de a
regra ser a incidência separada, artigo 59º, nº2.
O nº4 fala do agregado familiar e em leitura conjunta com nº5 vê-se quem são
considerados dependentes para efeitos fiscais. Este número fala em maiores até aos 25 anos
que não aufiram rendimento igual ao salário mínimo.

78
Ascendentes que se encontram dependentes não são compatibilizados do ponto de vista do agregado
familiar!

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2. Incidência Territorial

O IRS não olha à nacionalidade do contribuinte, aquilo que releva é a sua residência e
local da fonte de rendimento.
O artigo 15º diz que o IRS deve ser pago tanto por residentes como por não residentes
de Portugal desde que estes se encontrem em território Português.
Sendo que a residentes todos os rendimentos obtidos, desde que se insiram numa das
categorias do artigo 1º são tributados mesmo estando a obter esses rendimentos fora de
Portugal ou mesmo não estando em território Português. (por exemplo um Português ir
trabalhar para Angola)
Não sendo residentes mas estando a obter rendimentos em Portugal (por exemplo um
Inglês que venha cá trabalhar) a tributação do IRS dá-se sobre esse rendimentos na mesma, a
forma como vai ser tributado é por via de retenção na fonte.79
Os artigos 16º e seguintes dão depois as especificidades das regras a aplicar, como as
regras para determinar se alguém é residente etc
Coloca-se agora uma questão que é saber se os residentes portugueses que vão trabalhar
para fora são tributados duplamente. Isto é, se um Português que vá para Inglaterra trabalhar é
tributado pelos impostos do Reino Unido e pelos de Portugal. Gera-se uma situação de dupla
tributação nestes casos, em que além de ser tributado pelo Estado Português aquele que auferir
rendimentos fora de território nacional é também tributado segunda a lei do país em que se
encontra a fonte desse rendimento. É por isso que existem acordos entre países sobre isto,
como forma de eliminar a dupla tributação. Podemos ter dois tipos de acordos, ou são
mecanismos convencionais ou então podemos ter regras unilaterais, leis a nível interno que
isentam tributação de quem aufere rendimentos já tributados fora por exemplo.

3. Incidência Objectiva

O CIRS distingue várias categorias de rendimentos a ser tributados logo no artigo 1º. O
rendimento para ser tributável tem de ser enquadrado numa destas categorias, vigorando por
isso o Princípio da Tipicidade, isto é, se uma fonte de rendimento não se enquadrar numa das
categorias do artigo 1º então não será tributado pelo IRS. Assim, a terceira coisa que fazemos a
resolver casos de IRS é ver o rendimento bruto auferido em cada categoria pelo sujeito
passivo.
Temos a categoria A no artigo 2º do CIRS, que versa sobre rendimentos de trabalho
dependente, tipicamente são os trabalhadores assalariados, aqueles que trabalham ao abrigo de
um contrato de trabalho embora haja outras situações e por isso é só uma generalização, por
exemplo as renumerações dos trabalhadores de empresas. Não abrange apenas a remuneração
base, o salário, mas também subsídios de residência, prémios, benefícios: se são pagos pela
entidade patronal ao trabalhador, em princípio são tributáveis nesta categoria A. Estudaremos
melhor cada categoria em específico nas próximas aulas e aí desenvolveremos mais o que cabe
ou não em cada uma.

79
Note-se que para retenção na fonte é normalmente preciso regime de contabilidade organizada, que as
empresas têm. Note-se ainda que quem retém não é o sujeito que sobre o qual incide o imposto mas a quem
lhe paga (as empresas na maior parte dos casos). Se quem paga não tiver de/ não fizer regime de contabilidade
organizada o não residente terá de declarar. Entende-se este caminho da retenção na fonte ser o mais fácil pois
o estrangeiros não têm de conhecer inteiramente a nossa lei e assim é mais fácil de os controlar ao pagamento.

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A categoria B abrange os rendimentos provenientes de trabalho independente.


Temos, na generalidade, rendimentos empresariais e profissionais, e por vezes, propriedade
intelectual, por exemplo, o comércio, pagamento com recibos verdes etc... Basicamente esta
categoria abrange largamente as prestações de serviços, a indústria, a agricultura e o
comércio.

Veremos melhor as restantes categorias em detalhe nas próximas aulas, mas por agora
vamos continuar com o esquema geral do IRS.

4. Deduções Específicas

O IRS não tributa rendimentos brutos mas sim líquidos, porque assim o impõe o
princípio da capacidade contributiva. Assim, aos rendimentos brutos averiguados em cada
categoria irá subtrair-se (deduzir) certos valores de modo a obter o rendimento líquido.
Cada categoria tem uma dedução específica a ela, não se deduz na mesma forma os
rendimentos bruto da categoria B e da categoria A por exemplo.
Assim neste passo vamos deduzir categoria a categoria obtendo o rendimento líquido de
cada uma.

As deduções específicas da categoria A estão no artigo 25º onde é dito que a dedução é
de .

As deduções da categoria B estão no artigo 28º onde há dois regimes, sendo que a
regra é o regime simplificado, nos termos do nº2, mas podem os sujeitos optar pelo regime da
contabilidade organizada (mais vantajoso quando as despesas efectuadas sejam superiores à
dedução que se opera nos termos do regime simplificado- nº3). No regime simplificado, que
abrange os pequenos contribuintes 80, aplica-se o disposto no artigo 31º que estabelece
vários coeficientes, consoante as actividades prosseguidas nas suas alíneas. Já os grandes
contribuintes terão de ficar no regime de contabilidade organizada que quer dizer que terão de
guardar facturas das suas despesas e outros relacionados com gastos para deduzir essas
despesas concretas ao seu rendimento bruto, isto é o que se faz neste regime na maior parte dos
casos ao aplicar-se o artigo 32º que remete para o Código do IRC. No fundo, o que se vê aqui é
que no regime simplificado há uma presunção de gastos feitos não sendo preciso
comprava-los, já no regime da contabilidade organizada podemos deduzir desde que
comprovemos os gastos, isto faz com que no primeiro nunca seja possível deduzir até chegar a
rendimento liquido=0 mas no da contabilidade organizada sim.

A categoria E não tem deduções específicas, não há nenhum artigo no código que fale
sobre estas. Isto acontece porque esta categoria não tem despesas. Por exemplo ao depositar
dinheiro no banco para depois o retirar, não vamos ter qualquer despesa.

Na categoria F, por regra também não há deduções, a não ser nos custos de manutenção
como é dito no artigo 41º.

Na categoria G não há dedução específicas, pelo menos formalmente porque o artigo


42º fala nos sobre as mais-valias onde vai ser possível fazer uma dedução Esta explicação é

à à à à à à à
80
Aqueles com rendimentos anuais inferiores ilíquidos a 200

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breve e não completa, mas veremos melhor isto nas próximas aulas, fica só a nota que apesar de
não haver deduções nesta categoria o legislador tem uma técnica que permiti ao
contribuinte fazer com que o rendimento bruto não seja igual ao líquido.

A categoria H tem uma dedução específica de artigo 53º

As deduções podem fazer com que o rendimento líquido seja igual a zero, mas nunca
negativo.

5. Englobamento

Depois de ter o rendimento líquido de cada categoria vamos proceder ao englobamento


destes. Isto não é mais que a soma do rendimento líquido de cada categoria.
O artigo 22º do CIRS é o artigo que impõe esta soma e é o artigo que satisfaz o disposto
no artigo 104º nº1 da Constituição ao tributar um único imposto.
Mas o artigo 22º dá uma regra geral, havendo excepções ao englobamento que é o
que mais importa ter em atenção.
Temos as excepções nos artigos 71º e 72º do CIRS, respectivamente, as taxas
liberatórias e as taxas especiais.

As taxas liberatórias são taxas que se aplicam por retenção na fonte, e têm o nome que
têm pois uma vez aplicadas liberam os contribuintes de declarar os rendimentos nos termos
do artigo 58 nº1 a). Aplicam-se por isso ao valor do rendimento bruto81 e aplicam-se aos
rendimentos de capitais e aos rendimentos de valores mobiliários devidos por entidades que
não tenham domicílio em Portugal. Por exemplo: se eu depositar dinheiro no banco vou estar
perante rendimentos de capitais, logo aplica-se a taxa liberatória, o que vai acontecer é que o
banco quando me paga os juros aplica a taxa de 28% e por isso o dinheiro fica lá, não sendo por
essa razão necessário declarar esses rendimentos, já são tributados no banco que no fundo vai
agir como meu substituto: guarda os 28% do rendimento obtido com os juros para entregar ao
Estado.
O nº6 do artigo 71º contudo dá a opção ao contribuinte de englobar ou não englobar
estes rendimentos previstos no 71º, isto compensa fazer quando a taxa geral do escalão de IRS
que aplicar for inferior a 28%. Mas como é que isto se faz na prática? O banco está por lei
obrigado a taxar os 28% com retenção, como é que o banco vai saber se decidimos ou não
englobar? O que acontece nesse caso é que quando chegar o passo de fazer as deduções à
colecta vou subtrair os 28% que ficaram retidos na fonte pelo banco e assim se neutraliza a taxa
liberatória.

As taxas especiais são já bastante abrangentes, se olharmos para o artigo 72º vemos
logo por exemplo os rendimentos prediais (categoria F). O que vai acontecer nestas taxas não é
uma liberação de declaração como nas taxas vistas anteriormente. Tem-se de declarar os
rendimentos, mas estes serão declarados à parte, não indo para o englobamento sendo
tributados por isso à parte É de notar que esta taxa se vai aplicar ao rendimento líquido e
não ao bruto, mas depois veremos isto melhor.

81
E não ao líquido. O que faz todo o sentido, o rendimento bruto é o que se recebe da entidade antes de
serem subtraídas as deduções, é por isso este valor que vai ficar retido nessa entidade que depois o entrega ao
Estado.

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6. Abatimentos

Na verdade temos é um abatimento pois todos os abatimentos foram já revogados do


CIRS à excepção do abatimento previsto no artigo 56º A. Trata-se de um de uma
compatibilização de 90% ou 85% consoante a categoria dos rendimentos.
Depois de englobar todos os rendimentos líquidos e fazer o abatimento obtém-se o
rendimento colectável

7. Taxas do IRS

Obtido o rendimentos colectável vamos aplicar a este as taxas do IRS previstas no


artigo 68º do CIRS. Como se aplicam estas taxas?

Artigo
Taxas gerais
«1 - As taxas do imposto são as constantes da tabela seguinte:

Taxas
Rendimento coletável (percentagem)
(euros) Normal Média
(A) (B)
Até 7091 14,50 14,500
De mais de 7091 até 20261 28,50 23,600
De mais de 20261 até 40522 37 30,300
De mais de 40522 até 80640 45 37,613
Superior a 80640 48 -

2 - O quantitativo do rendimento coletável quando superior a é dividido em duas partes


uma, igual ao limite do maior dos escalões que nele couber, à qual se aplica a taxa da col. (B)
correspondente a esse escalão; outra, igual ao excedente, a que se aplica a taxa da col. (A)
respeitante ao escalão imediatamente superior

Assim, se o rendimento colectável for mais que 7.091 divide-se em duas partes e
isto não é dividir por dois (não é rendimento/2) mas sim aplicar uma taxa a uma parte do
dinheiro e a outra parte outra taxa. Depois é preciso ter atenção que não é o rendimento que
vai para dentro/que tem de caber nos escalões, são os escalões que têm de caber no
rendimento.
Por isso, quando se calcula o IRS, via de regra, divide-se em partes. A uma parcela do
rendimento aplica-se a taxa média e a outra parcela, o excedente do rendimento, aplica-se
uma taxa marginal. Exemplos:

Ex: 40.000 euros de rendimento colectável: Uma vez que é maior que 7091, vamos dividir em
duas partes:
1ª parte: qual o maior dos escalões que cabe inteiro em 40.000 euros?
De 7091 até 20261- corresponde a uma taxa média de 23,600.
(20261 x 0, 236=4781.60)

2ª parte: Qual o excedente? 40.000-20261= 19.739


Que taxa se aplica a este excedente? Taxa da coluna A respeitante ao escalão
imediatamente superior: x 0,37%= taxa marginal.

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(19.739 x 0,37=7303.43)

Colecta= 4781.60+7303.43 = 12085,03

Ex: 15.000 euros de rendimento colectável: Uma vez que é maior que 7091, vamos dividir em
duas partes:
1ª parte: qual o maior dos escalões que cabe inteiro em 15.000 euros?
Até 7091. Aplica-se a taxa de 14,500 (coluna B).
(7091 x 0,145=1028.20)

2ª parte: qual o excedente? R: 15.000-7091= 7909


Taxa de 28,50 (coluna A)
(7909 x 0,285=2254.07)

Colecta= 2254.07+1028.2=3282.265

Ex: Rendimento de 2.000 euros. Neste caso, não se divide em duas partes porque é menor
que 7091. Aplica-se a taxa A ou B? Se o contribuinte tiver rendimento abaixo de 7091 não
importa a coluna, daí que a taxa seja sempre de 14,50 (0,145).

Ex: Contribuinte tem 100.000 de rendimento. Neste caso, uma vez que é maior do que 7091,
divide-se em duas partes:
1ª parte: qual o maior dos escalões que cabe inteiro em 100.000?
R: De mais de 40522 até 80640. Aplica-se a taxa de 37,613 (coluna B)
(80640 x 0,37613=30331.12)

2ª parte: qual o excedente? R: 100.000-80640= 19360


Taxa de 48 (coluna A)
(19360 x 0,48=9292.8)

Colecta=9292.8+30331.12=39623.92

Nota-se que o último escalão tende para o infinito. Não cabe em 100.000 euros nem
em qualquer outro valor. E também é por isso que no último escalão só se tem uma taxa, pois
essa taxa só se aplica nos rendimentos marginais.

Depois de aplicar as taxas ao rendimento colectável obtemos então a colecta.

8. Deduções à Colecta

Deve-se agora verificar se existe a possibilidade de fazer deduções à colecta, deduções


personalizantes, que já nada têm a ver com a arrecadação de rendimento mas sim com a
realidade concreta de cada um. Assim pretende-se adequar o pagamento de impostos à
realidade familiar de cada um. Estas deduções estão previstas no artigo 78º e nos seguintes
artigos.
Temos as deduções com base nos dependentes do agregado familiar e ascendentes, como
é dito no artigo 78ºA. Assim: por cada dependente dedução de por cada ascendente:
dedução de à possibilidade de majoração no n
Depois temos deduções com base nas despesas gerais familiares, muito abrangentes e
previstas no artigo 78º B, que é no fundo um estimulo ao pedido de facturas para que seja mais

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fácil às finanças saber se os gastos são lícitos de modo a combater a fraude. Esta dedução não
ultrapassa dos para cada sujeito passivo do agregado familiar
Temos também as despesas de saúde, artigo 78º C: incluídas aqui as actividades de
saúde humana, o comércio de farmacêuticos, bem como os prémios de seguros ou equiparadas
que cubram os riscos de sa’de Atenção ao limite global de
Despesas de formação e educação, artigo 78º D, ter atenção ao limite global de
Inclui-se aqui despesas com livros escolares, a despesas quando a educação e formação seja
prestada por entidade reconhecida pelo ministério da educação. Despesas de encargos com
imóveis art.78º E: refere-se aqui à despesa do arrendatário quando arrenda o imóvel- rendas e
juros de dividas ao banco alíneas a e b com limites respectivamente de e
Despesas pela exigência de factura, artigo 78º F, como gastos em oficinas,
restauração, cabeleireiros, esta dedução especial acontece nestes sectores pois são sectores
onde há tipicamente fuga ao fisco, daí que haja este incentivo em pedir factura.
Há um limite as deduções à colecta no artigo 78º, ter em atenção, isto acontece para
impedir que as famílias mais numerosas e ricas esgotem tudo em deduções.

9. Determinar o IRS a pagar

Depois de todos os passos feitos retiro o valor correspondente ao imposto a pagar, mas é
preciso ter em atenção que é preciso subtrair a esse valor quaisquer adiantamentos feitos
ao longo do ano, como é o caso da retenção na fonte e dos pagamentos por conta.
O CIRS fala de retenção na fonte no artigo 98º onde diz que por via de regra que quem
paga rendimentos tem de reter uma parcela de IRS de quem ia receber o pagamento.
O 99º fala de um princípio geral de retenção na fonte para as categorias A e H, e as
taxas de retenção na fonte para estas categorias estão anexadas em tabela fora do Código de IRS.
Nas outras categorias temos o artigo 101º. Entre outras categorias este artigo fala da
Categoria B na alínea a),dependendo da contabilidade organizada do sujeito com quem o
sujeito passivo contrata. Assim, por exemplo para os prestadores de serviço, há retenção na
fonte, o cliente faz retenção na e entrega a taxa de 16,5% ao Estado, mas isto só acontece se
este (o cliente) tiver contabilidade organizada. Assim se um advogado fizer um trabalho para
uma empresa esta reterá na fonte 16,5%.

Assim, estas retenções na fonte e os pagamentos por conta, são subtraídos ao valor a
pagar do IRS, e é esse valor que se vai ter de pagar ao Estado. Nos nossos casos práticos só
quando o enunciado disser que há retenção82 ou pagamento é que será necessário tratar disto.

As retenções na fonte são uma forma de adiantar imposto ao estado. Quem entrega é
quem paga. A entidade patronal ou o banco retém e entrega. Ou seja, é um terceiro e não o
próprio contribuinte.
Já nos pagamentos por conta, é o titular, o próprio contribuinte, que directamente faz
uma transferência .Normalmente tem um código de pagamento online e 3 vezes por ano faz um
pagamento ao estado. Aqui, não há substituição tributária.
O que justifica os pagamentos por conta?
Quando estou na categoria B, nem sempre tenho categoria na fonte, depende do facto de
os clientes terem contabilidade organizada. Portanto, o contribuinte corre o risco de adiantar

82
Pode ser dito que tem regime de contabilidade organizada de quem paga e nesse caso assumimos retenção
na fonte.

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pouco dinheiro ao Estado ao longo do ano e chegar ao fim do ano e ter uma factura fiscal muito
pesada.

As Categorias em Detalhe

Há uma discrepância entre a categoria A e H e as outras. As outras são mais complexas


mas geram menos receitas para o Estado, daí que o nosso estudo das categorias comece por
estas duas. É importante acompanhar o estudo do IRS que agora estamos a fazer com a leitura
das hipóteses práticas sobre o IRS neste caderno uma vez que muita será a exposição teórica que
lá faremos juntamente com a resolução prática.

Categoria A

Tributa os rendimentos do trabalho dependente. Duas perguntas surgem então:O que é


trabalho dependente, para efeitos do código fiscal? E o que são rendimentos do trabalho
dependente?

No artigo 2º nº1, alínea a) do CIRS estabelece-se que são considerados rendimentos de


trabalho dependente as remunerações que decorrem de trabalho por conta de outrem
prestado ao abrigo de um contrato de trabalho ou de outro legalmente equiparado. Esta é
a situação típica de rendimento da categoria A, o salário é o um rendimento tipicamente desta
categoria pois alguém recebe porque presta trabalho ao abrigo de um contrato de trabalho.

A alínea b) diz que também são rendimentos da categoria A as remunerações que


decorrem do trabalho prestado ao abrigo de contrato de aquisição de serviços, o que só
assim seria estranho porque empurrar-nos-ia para a categoria B, mas a alínea acrescenta que
tem de ser sob a autoridade e direção da pessoa ou entidade que ocupa a posição de
sujeito ativo na relação jurídica dele resultante; ou seja, independentemente das partes
confirmarem a sua relação como uma relação de prestação de serviços, se houver direção e
autoridade do patrão, para efeitos do direito fiscal, considera-se uma relação que dá origem a
um rendimento da categoria A. Aqui em causa na al. b) estão os chamados falsos recibos
verdes Por exemplo: Se eu tenho uma loja e tenho uma empregada de uma loja que está sob a
autoridade e direção do dono da loja mas em vez de celebrar um contrato de trabalho, está a
recibos verdes, o código do IRS vem dizer que isso é irrelevante, ela tem de ser tratada como se
tivesse um próprio contrato de trabalho, isto é não pode haver discriminação em função de não
haver um contrato de trabalho, os rendimentos que ela auferir desta relação serão tributados
pela Categoria A

A alínea c) fala em exercício de função, serviço ou cargo publico. Exemplo: um juiz, o


presidente da república, não têm um contrato de trabalho, não existe um patrão que defina o seu
horário de trabalho mas também não são prestadores de serviços (não colocam os seus meios à
disposição de uma determinada entidade para realizar a prestação da sua relação jurídica).
Também se refere esta alínea a deputados ministros etc

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Al. d) conjunto de situações mais difíceis de qualificar que são as situações de pré
reforma. Quando tenho um trabalhador e digo vais para casa ate teres a idade da reforma e eu
pago uma parte do teu salario )sto é difícil saber se qualificamos já como uma pensão ou não,
mas ele ainda não tem direito à pensão, e portanto o código optou por estabelecer que isto ainda
é salario para efeitos do IRS.

O artigo 2º nº 3 do CIRS inclui ainda na categoria as remunerações dos membros de


órgãos estatutários. Isto é, aquilo que recebe o administrador de uma empresa (não tem um
contrato de trabalho com uma empresa mas também não é um prestador de serviços), o código
de IRS decidiu que se trata de uma remuneração de trabalho dependente da categoria A. Isto
sãoas situações típicas de trabalho dependente para efeitos do código do IRS que vão para la
daquilo que é a remuneração por um contrato de trabalho, nos termos de Direito do Trabalho83.

O código é muito defensivo. O art. 2/1 diz que se consideram rendimentos do


trabalho dependente todas as remunerações o conceito é muito lato.
O código não se quer comprometer ao dizer o que significa todas as remunerações
então exemplifica apenas o que podem ser remunerações no numero 2 e no numero 3.
O que se pretende é concretizar um princípio de justa distribuição dos encargos
tributários por isso não me interessa ser demasiado específico, dizer que é periódico ou fixo,
quero olhar as pessoas na diferença daquilo que elas ganham e não quero que as empresas
construam a remuneração de forma a escapar ao IRS. Obriga sempre o intérprete a, perante cada
uma das componentes retributivas do contrato de trabalho ou dos outros equiparados, perceber
se tem ou não tem natureza remuneratória.

A dúvida, como se vê no nº 3 do art 2º não é relativamente ao salario, mas a situações


de fronteira como as Remunerações acessórias: normalmente até são pagas em espécie84.
A al. b) do nº 3, diz que as remunerações acessórias compreendem todos os direitos,
benefícios ou regalias não incluídos na remuneração principal que sejam auferidos devido à
prestação de trabalho ou em conexão com esta e que constituam para o beneficiário uma
vantagem económica.

Exemplo: A dá aulas na Católica (recebe salario na categoria A) e a faculdade todos os


anos oferece uma colectânea de direito fiscal, isto não é uma remuneração acessória porque isto
não traz uma vantagem económica, apesar de ser auferido devido à prestação de
trabalho. Mas se a Católica der além do salario, um vale em posso gastar por mês nos
livros que eu quiser isto já é uma vantagem económica fico mais rico do que quem não os
tem).
O código no art. 2º/3, al b) foi exemplificando aquilo que na prática foi sendo
consagrado como remuneração acessória, mas é apenas uma exemplificação85.

83
Se eventualmente for perguntado numa oral se o conceito do trabalho dependente no código do IRS coincide
com o conceito de contrato de trabalho, mesmo não tendo feito ainda a cadeira Direito do Trabalho, temos de
dizer que a resposta é não porque há um conjunto de situações do art. 2º que vão para la daquilo que é o
contrato de trabalho, por ex. a remuneração dos administradores ou dos titulares de órgãos de soberania.
Se num caso pratico for dito que alguém está a recibos verdes, o primeiro alerta deve ser para ir ver se é
mesmo categoria B ou se é um caso de artigo 2º nº1 al.b), ou seja, de falsos recibos verdes. Se for o caso de
falsos recibos verdes temos de tratar como rendimentos do trabalho dependente.
84
Viagens, prémios etc.
85
O Professor João Gama alertou para o facto da alínea b) do nº3 deste artigo, ter ela própria números e, no
numero 3 desta alínea ainda tem números romanos. Atenção a identificar estes artigos em testes/exames.

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A ideia chave destas remunerações acessórias é a diferença entre aquilo que é uma
vantagem económica para o trabalhado e aquilo que é um bem usável e consumido no
interesse da empresa. Outro exemplo é se a Católica diz que A tem de ir dar aulas a NY, mas pode
levar um membro da família com tudo pago, isto já é uma remuneração acessória.

Há ainda economistas que dizem que há componentes remuneratórias imateriais em


certas circunstâncias de prestação de trabalho, por exemplo um ajudante de um marechal
austríaco que tem de ir com ele à ópera, tem de acompanhar o seu chefe à ópera, mas ele adora
ópera. Se quisesse ir a ópera de outro modo, teria de comprar um bilhete que ia ser tributado.

Depois temos as situações dos carros da empresa , muito mais comuns e difíceis de
resolver, pelo que o CIRS resolveu.
Se eu for um estafeta e andar com uma carrinha da empresa, é difícil dizer que tenho um
beneficio económico. Mas se a empresa lhe der um plafond para comprar um carro e ele escolher
o carro e não houver um controlo sobre a forma como utiliza o carro, há uma possibilidade de
uma componente remuneratória desta atribuição em espécie. Mas há também uma grande
dificuldade em dissociar a utilização profissional da utilização pessoal e por isso os códigos
fiscais têm criado regras para resolver isso, essencialmente através de duas maneiras de o fazer:

1. Código do IRC através da criação de taxas de tributação autónoma (se a empresa


comprar um carro vai ter de pagar x% de imposto sobre os gastos com aquele carro).

2. Código IRS art.2/3, alínea b), 9)

De acordo com a solução da alínea 9) são considerados rendimentos do trabalho


dependente os resultantes da utilização pessoal pelo trabalhador ou membro de órgão social de
viatura automóvel que gere encargos para a entidade patronal, quando exista acordo escrito
entre o trabalhador ou membro do órgão social e a entidade patronal sobre a imputação àquele da
referida viatura automóvel

O artigo 2/3, alínea b), 9) é criticado pelo professor João Gama porque parece que nos
dá um manual de instruções para o violar ao referir a existência de acordo escrito Quando não
exista acordo escrito, não se vai aplicar a norma, não é tributado, para o professor no direito não
há questões de acordo escrito, tem de ser provado. Há mecanismos do direito para resolver a
questão, a norma assim elaborada auto defrauda-se. Outra maneira de contornar a norma: as
empresas, para provar que não há uso pessoal, muitas vezes fazem logo com que se defina o uso
que se vai fazer do veículo. E aqui, estando definido que não serve para uso pessoal, é irrelevante
que haja ou não acordo escrito.

Mas como são tributados estes bens (como os carros de serviços) se a norma chegar
a funcionar e não houver acordos escritos?

De acordo com o art. 24/5 CIRS 0.75% do seu valor de mercado, por cada mês de
utilização. Assim num carro de 1000 quanto é tributado do rendimento adicional do uso
pessoal? Considera-se que ele tem mais por mês de uso Num ano de uso pessoal = 1000 x
0.75 x 12 . Este rendimento é um exemplo de um rendimento em espécie (uso pessoal do
86

C à à à à àBMWà à à à à àP à à à à à à à à
86

à à à à à à à à à à à à à

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lOMoARcPSD|4069914

carro87). Outro exemplo está no art. 2/3, al. b), 4) CIRS , é o caso da casa da empresa
(remissão para o 24/2, que nos diz como vai isto ser tributado)

Esta norma levanta algumas questões para o Professor João Gama: Se a Católica desse
um apartamento para um professor e a família irem viver claro que isso tinha de entrar aqui este
artigo. Mas se a Católica quisesse que um professor.francês viesse para Portugal dar aulas, aí há
duvidas se a casa é considerada sequer remuneração.
Há argumentos nos dois sentidos: por um lado, a pessoa só precisava de uma casa cá
porque veio para cá trabalhar, mas outro seria que toda a gente precisa de uma casa em algum
sítio, por isso teria sempre de pagar a casa em algum lado. O professor diz que aqui tem de haver
uma distinção com base num critério temporal, se a pessoa já la vive há muitos anos, se calhar já
se pode dizer que la está estabelecido, já podia ter comprado ela mesmo a sua casa lá. Mas
alguém que vem só uma semana ou um mês não faz sentido esperar que tenha de ter uma casa
sua cá.

Quanto às Deduções especificas desta categoria A, elas encontram-se no artigo 25º


CIRS. Estão estandardizadas (isto pois é impossível dizer quanto é que gastou para
obter aquele rendimento de trabalho dependente). Depois da dedução específica ficamos com o
rendimento líquido da categoria.
Pegamos depois neste rendimento, englobamos, aplicamos as taxas (art. 68 e 69),
ficamos com a colecta, fazemos as deduções e quando aí chegamos lembramos que tinha havido
retenção na fonte à medida que os salários foram sendo pagos.

Quanto às retenções na fonte: As regras de retenção na fonte estão nos artigos 99º a
101º do CIRS. Quem é obrigado a fazer a retenção na fonte são as entidades devedoras
empresa que paga o salario (art. 99/1).
Faz-se retenção na fonte dos rendimentos pagos mensalmente aplicando as tabelas de
retenção aprovadas anualmente por portaria, a empresa que paga o salario sabe o que vai reter
para entregar ao Estado (por conta do imposto do trabalhador, é um adiantamento do IRS
que o trabalhador vai pagar). A retenção na fonte, em termos jurídicos é um fenómeno de
substituição tributaria em que a entidade que paga, retém uma parte desse rendimento, de
acordo com a lei, para entregar ao Estado.
No fim, pega-se na coleta e nas retenções na fonte e depois de as aplicar vê-se se essa
conta dá sinal positivo ou negativo, ou seja, se a pessoa ainda tem de pagar mais de imposto para
fazer o valor do imposto devido ou se o valor das retenções na fonte foi superior ao imposto a
pagar e aí vai receber reembolso.

As tabelas de retenção na fonte estão normalmente desenhadas para que haja esta
situação de crédito dos sujeitos passivos, ou seja os valores que lhe vão sendo retidos ao longo
do ano, no fim do ano, são maiores que o valor que ele devia pagar e por isso é que há aquele
fenómeno de receber do )RS (á reembolso quando o conjunto de retenções na fonte foi
superior ao imposto que a pessoa devia pagar. Se eu tenho de pagar 90 no fim do ano, e o meu
patrão reteve 100 aplicando as tabelas ao longo do ano, então tenho de ser reembolsado de 10
do Estado. As tabelas de retenção na fonte atendem a: a) quanto é o salario; b) quantos
dependentes a pessoa tem;c) se é deficiente; d) se é casada; e) se têm ambos rendimentos
englobáveis (um ou dois titulares)

87
A espécie que eu aqui ganho é o uso pessoal do carro! E não o carro simplesmente, porque senão isso era
fácil de avaliar, era só saber o valor do carro.

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Exemplo: pessoa solteira com salario mensal bruto de 1200 euros a taxa de retenção na
fonte é Todos os meses isso é retido na fonte a empresa guarda isso E esses 135
até dia 20, a empresa envia para o Estado. Portanto o estado todos os meses está a receber
88

dinheiro do IRS.

Categoria H

Nesta categoria encontramos os Rendimentos de pensões, geralmente pagas ao abrigo de


trabalho anteriormente prestado ou com natureza social. O artigo 11º dá-nos os vários tipos de
pensões: reformas, aposentação, velhice, etc. No artigo 11º nº1 al. a) temos as pensões de
alimentos; No artigo 11/1 al. c) é uma norma residual muito ampla pensões e subvenções
não incluídas nas alíneas anteriores
A dúvida nas pensões é sempre saber quando é que é pensão ou quando é
indemnização. Tenho sempre de ir olhar antes para o art 12 e ver se não excluí a
incidência. Exemplo: se a viúva de um militar que morreu num cenário de guerra receber uma
pensão pela morte do marido, aquele rendimento será para compensar um dano ou atribuir uma
vantagem económica? Por um lado, está a ter aquele rendimento mensalmente mas por outro
lado, está a compensar uma perda, tanto de rendimento como afectiva. Por isso é que é muito
amplo no art. 11: todas as pensões são tributadas, se não se quer ser tributado, tem de se
ir ao art. 12 e excluir.

As pensões são 30% do IRS. Discutia-se durante muito tempo se devia ou não ter
redução específica, porque havia quem considerasse que não há um custo necessário para obter
aquele rendimento, bastaria estar à espera. Mas por outro lado também se dizia que ao fazia
sentido diferenciar em relação aos trabalhadores. Mas as pensões geralmente não são
aumentadas, pelo que não se devia também penalizar as pensões em relação ao rendimento do
trabalho.
As pensões até tinham em Portugal uma dedução mais generosa que o trabalho
dependente (o que tinha a ver com o facto das pensões não serem tributadas em Portugal antes
da aprovação do código do IRS, por Cavaco Silva. Quando passaram a ser, estabeleceu-se uma
dedução especifica muito generosa para não haver uma revolta dos pensionistas; a maior parte
nem pagou durante muitos anos).

Em 2007, considerou-se que a dedução específica nesta categoria tinha de ser, pelo
menos, mais parecida com a da categoria A, estando consagrada no artigo 53º do CIRS.

Quanto às retenções na fonte, são os artigos 99º- D e 99º- F e 99º do CIRS.

Categoria B

Na Categoria B o que é que temos de ter em atenção que não só atos isolados. Nós temos
lidado fundamentalmente com hipóteses práticas de prestação de serviços e, começando pelo
artigo 3º do CIRS, uma coisa que não causa hesitação são os casos em que o ato é meramente
isolado. Mas no artigo 3º temos normas de incidência quer para ato isolado quer não seja.

88
14 retenções anuais porque o subsídio de férias e de natal ficcionam-se como o 13º e 14º mês

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O que pode causar alguma hesitação é a distinção entre os rendimentos da agricultura e


os rendimentos de natureza industrial ou comercial. Exemplo típico: indivíduo que cultiva
abóbora e que vende essas abóboras à beira da estrada. Para efeitos de IRS, isto é o quê? Se
cultivo a minha própria abóbora e a vendo, estou a ter rendimentos da minha própria produção.
Esse rendimento é agrícola.

O artigo 3º e 4º distingue os Rendimentos Agrícolas, Industriais e Comerciais:

1) Rendimento Comercial Se compro a abóbora aos agricultores e vendo na minha


loja.
2) Rendimento Agrícola- Se eu cultivo a minha própria abóbora, eu estou a vender a
minha própria produção. Esse rendimento é agrícola.
3) Rendimento industrial - pego na abobora e a transformo em compota e vou vender,
aí tenho um rendimento industrial.

As regras do Art. 4 não são simples. Em particular, o artigo 4º nº 1 l). Ora, o que é que
é acessório O nº2 diz-nos o que significa acessório A l fixa, no nº2 e 3 critérios para separar
aquilo que é atividade e rendimento agrícola daquilo que é rendimento comercial e rendimento
industrial. Mas os critérios não são de emprego fácil. Assim, importa ter presente estas regras
para distinguir.

Mas, porque é que distinguimos rendimentos agrícolas dos comerciais e dos


industriais? Dentro do tratamento da Categoria B, o que é que vai ser diferente um
rendimento agrícola face aos prestadores de serviços como que temos lidado?
Por exemplo, aplica-se o artigo 3º nº3 que fala no IAS.89 Então, a l) distingue estes tipos
de rendimentos para fixar, ao fim ao cabo, um mínimo de existência próprio.
Este artigo só se aplica aos rendimentos agrícolas de pequeno valor é um mínimo de
existência que funciona independentemente do artigo 70º do CIRS. Porque esse mínimo de
existência só opera quando os rendimentos são predominantemente das categorias A e H.

Regra do Regime Simplificado, isto é os coeficientes do artigo 31º: sabemos que


quando aplicamos os coeficientes e que o resultado da aplicação do coeficiente é o próprio
rendimento liquido, não é a dedução, pois esta é sempre implícita.

Quando estamos perante prestadores de serviços, via de regra, o coeficiente é 0, 75%


para as da lista e 0,35% para as residuais. Depois, há casos especiais, mas a solução correta é: ou
está na lista ou não e consoante isso ou é 0,75 ou 0,35.

Na categoria B temos normas de incidência tanto para atividade continuada como para
atos isolados. Quando estou perante uma atividade continuada, vou normalmente aos
coeficientes do simplificado se não ultrapassar os plafond dos naturalmente

Se contribuinte tem mais do que em atividade continuada na categoria B,


neste caso, ele não se pode enquadrar no regime simplificado, vai para o regime de
contabilidade organizada . Qual as consequências de ir para o o regime de contabilidade

à à à à à àÉà à à à à àF à à à
89
Index de apoios sociais
mínimo de existência. Antigamente, as normas do CIRS que fixavam deduções estavam indexadas ao salário
mínimo nacional. Isso tinha um problema: se havia aumentos do salário mínimo acima da inflação, isso
aumentava muito as deduções do CIRS. Então, a l)desvinculou estes valores do CIRS do salário mínimo e
indexou-os a um índice diferente. Que é, aliás, utilizado pela Segurança Social, por exemplo.

Baixado por Afonso Pedro (afonsopedro2010@live.com.pt)


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organizada? Tem de demonstrar as despesas e deduz-se tudo. Assim, quando tivermos um caso
prático de na categoria B dizemos: à partida, tem de estar no regime de contabilidade
organizada e, por isso, todas as despesas, à partida, são dedutíveis por via do CIRC90.

E com Atos isolados? Imaginemos que no caso prático temos um individuo que tem
uma ’nica prestação de serviços Como é que tratamos isto para efeitos de )RS
Artigo 30º do CIRS se o Ato isolado ficar abaixo dos aplico os coeficientes do regime
simplificado. Se ficar acima, aplico as regras aplicáveis aos Sujeitos Passivos com o regime de
contabilidade organizada, com as devidas adaptações. Claro que tem de ter adaptações porque
eu, de facto, não tenho regime de contabilidade organizada O que a lei diz é se o ato isolado
gerar rendimentos acima dos à partida vai poder deduzir todos os custos que consiga
provar . Portanto, há uma regra de colagem ou ao regime simplificado ou a contabilidade
organizada.

Categoria E

Esta Categoria dá-nos o tratamento dos juros. Nesta categoria não há deduções. Como
é que tributamos os juros?

Ou retenção na fonte, aplicando o artigo 71º que nos dá uma taxa liberatória (28%).
Aqui atenção que o banco aplica sempre os 28%, porque não tem de saber se o contribuinte
vai ou não optar pelo englobamento.
Ou o contribuinte pode optar por declarar e optando por englobar91, o que é que
acontece? Há reembolso. Como? Quando chegamos às partes da dedução à colecta faço isso. 92

E se por exemplo A EDP tiver lucro e optar pela distribuição de dividendos, se eu tenho
um pacto de ações na EDP e recebo o valor de Como é que isto é tributado )sto é um
rendimento da Categoria E. Logo, sendo um rendimento capita, tal como os juros, isto é tributado
por taxa liberatória ou não? Artigoº 71/ a) aqui temos uma regra geral, os rendimentos de
território português, em regra, são lhes aplicados a taxa liberatória. Portanto, se a EDP paga
dividendos a um residente em Portugal, então, eu tenho a mesma taxa liberatória que tenho para
os juros.

O contribuinte pode ou não optar por englobar aqui? Sim ou não? Pode, a opção está no
artigo 71º nº6.

Quando opto por englobar nestes casos de dividendos, há uma especialidade em


comparação com os juros: Se eu tenho de dividendos e opto por englobar faço pego
nos e coloco no bolo do englobamento Estes são lucro da EDP e, portanto,
antes da distribuição, já foram tributados em sede de IRC. Já tributei IRC e agora vou tributar
IRS? Vou ao artigo 40º-A.

90
Código do IRC
91
No caso prático, como é que sei se opto/compensa por englobar ou não? Que decisão devo tomar no caso
àO à à à à à à à à à à à à à à à àM à
mesmo que não compense e pretendamos mostrar que sabemos: optamos por englobar; somo os juros ao
RLG/ vai para dentro do bolo. Lá à frente, o que vou fazer com os 28% que ficaram retidos? Nas deduções à
coleta subtraio o que lá ficou (retido na fonte).
92
Ver o exemplo do caso prático Ele e o Tobi no capítulo das Hipóteses Práticas neste caderno.

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Então se tenho os de dividendos tenho duas opções, ou fico de braços cruzados


e aplico a taxa 28%. Ou se compensar, pego nos e são 50 que são
sujeitos a IRS e vão ser englobados por força do artigo 40º-A para evitar a dupla tributação dos
lucros. É uma forma de mitigar a dupla tributação económica. Depois aplico as taxas gerais do
IRS e, no final, nas retenções na fonte quando tiver a colecta, vou subtrair ao imposto devido
aquilo que a EDP reteve na fonte os 28% (que, em principio, era a titulo definitivo mas deixou
de ser os que ficaram na taxa liberatória

Categoria F

O que acontece ao indivíduo com de rendimentos da categoria F? Sou


proprietário de um imóvel e recebo de renda
Em termos de deduções, eu posso fazer deduções ao rendimento bruto de 10
Tenho direito a deduzir despesas ou não?
O artigo 41º é bastante generoso: o próprio IMI é dedutível, as obras de manutenção,
fiz despesas de recuperação etc são todas dedutíveis neste artigo normalmente

Mas e relativamente ao englobamento? Há excepções nesta categoria. Na realidade tenho


três opções93:

1) Não englobando os rendimentos, aplico-lhes a taxa especial de 28% (não liberatória) e


aplico os 28% ao rendimento líquido.
Se tive de rendimento e de despesa aplico os aos E agora,
eu sou proprietário tenho de rendimento Dá
O que falta agora? O cálculo não termina aqui! Atenção que aqui não é taxa liberatória/
na taxa liberatória, a entidade aplica a taxa e acabou (nos casos em que não se engloba).

Imaginemos que tenho o meu imóvel arrendado a uma empresa. A empresa quando
pagas as rendas faz retenção na fonte por conta do final devido e não retenção na fonte
liberatória- estamos no Art.101 e) taxa de 25%. Por isso, se o locatário for uma entidade
com contabilidade organizada, quando me paga as rendas, retém 25% por conta do imposto
devido no final. Assim, - 2500 no final do ano é que tenho de pagar. Por isso,
é o devido ao longo do ano já foi retido logo só pago As retenções na fonte
são sempre sobre rendimentos ilíquidos/ brutos. Porque o inquilino quando me paga as rendas
não sabe que despesas tenho ou vou ter relacionadas com o imóvel.

As normas que usámosnesta primeira opção são: Artigo 8º norma de incidência,


Artigo 72º aplico taxa especial de 28% ao rendimento liquido da categoria F. Artigo 101º
sempre que uma entidade paga rendimentos da categoria F paga e tem ou devia ter
contabilidade organizada, há retenção na fonte de 25%.

2) Englobando chego ao fim do ano e opto por englobar, o que vai acontecer? Imaginemos que:
Tenho de rendimento da categoria F Tenho 2 de despesas de manutenção
Englobo os R Liquido da CAT F vai para dentro do bolo . E agora, que taxas

93
Ver o caso Ele e o Tóbi

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aplico?
Aplica-se as taxas gerais do CIRS, artigo 60º. MAS também há retenção do artigo101º ou
não? A entidade locatária não sabe se vou englobar ou não, por isso, se o locatário tiver
contabilidade organizada, há sempre de aplicar retenção na fonte e, por isso, não esquecer
que os também têm de ser subtraídos ao imposto devido. Porque houve retenção na
fonte. Se o locatário não tem contabilidade, não há retenção na fonte; então, como não tenho
nada que subtrair pago mais IRS no final do ano pois não paguei ao longo do ano.

3) Tratamento via Categoria B, A grande consequência aqui é que vou parar ao regime
simplificado. Logo, a nível de deduções específicas é que está a grande diferença. Aquilo
que era um rendimento predial vai transformar-se numa prestação de serviços. A opção pela
categoria B é mais vantajosa para o titular dos rendimentos.
Se optar por ir pela categoria B vou ter englobamento obrigatório (vai para dentro do
bolo ; que é o que acontece normalmente com a categoria B.

Mas e os rendimentos prediais que estejam integrados numa atividade empresarial?


Nestes casos, vale a regra do artigo 3º: quando um rendimento capital, predial ou mais-valia é
arrecadado no âmbito de uma actividade empresarial transforma-se em rendimentos da
categoria B. Aqui não é uma opção.

Categoria G

Tem um nome enganador e muito amplo chama-se Incrementos Patrimoniais É


enganador porque tende a ser uma categoria ampla, mas se olharmos para o conceito de
rendimento acréscimo que é aquele que temos no nosso Código do IRS, todas as categorias de
rendimentos são incrementos patrimoniais.
Esta categoria de rendimentos está prevista no artigo 9º do CIRS. Este Artigo 9º do
CIRS dá-nos as várias hipóteses de incrementos patrimoniais, sendo que uma é mais típica e
outras vêm por arrasto. Temos aqui um conjunto de rendimentos que nada tem que ver uns com
os outros.

1º Indemnizações: Se há uma indemnização determinada judicialmente essa


indemnização não é tributada porque em regra não é rendimento, se um tribunal diz que é
para repor um dano, essa mesma quantia não pode ser tida como rendimento. Mas o Código
começou a ser enganado, sobretudo por alguns construtores civis na década de 90 que faziam
um contrato de construção de uma casa no prazo de 12 meses, mas se o dono da obra me obrigar
a entregar a casa mais cedo, então dava-se uma indemnização por esforço, e as pessoas diziam
que isso se tratava de uma indemnização que não devia ser tributada, e portanto, o Código
fechou-se em copas e disse que as indemnização ou são decretas pelo Tribunal ou são
tributadas.

2º Obrigações/Pactos de não concorrência: São contratos que normalmente se


celebram com alguém para que essa pessoa não faça concorrência a outra que é comumente o
sítio onde a pessoa já trabalhou. Exemplo :Eu sou diretor de uma empresa que vende Códigos
Jurídicos electrónios sendo que a minha empresa é comprada pelo Kluivert Eles dizem Está
aqui X valor e tu obrigaste a não ir trabalhar para nenhuma empresa da minha concorrência

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durante um período de tempo Esta quantia quando uma pessoa singular a recebe levanta
questões de qualificação. Como não estou a trabalhar para esta entidade não se trata de um
rendimento de trabalho dependente, também não se trata de um rendimento de trabalho
independente, porque até se trata de um rendimento de não trabalho e também não se
trata de uma pensão porque não é devido a determinado trabalho que eu fiz para eles, é por
causa de trabalho que não vou prestar para outrem. Na dúvida, este pacto de não
concorrência, passou a ser tributado na categoria G.
Isto levante algumas questões porque as regras de qualificação da categoria G neste caso
não têm deduções específicas, e isto levanta questões teóricas porque se trabalhasse noutra
empresa para a concorrência era tributado pelas regras da categoria A ou B, mas neste caso sou
pago àquele ano pelas regras da categoria G, sem a dedução da Categoria A.
O Professor João Taborda Gama acha que seria mais justo, do ponto de vista fiscal, dizer-
se que os pactos de não concorrência seriam tributados como seriam se eu trabalhasse para a
concorrência, normalmente na Cat. A ou por opção na B, mas nunca na G.

3º Acréscimos patrimoniais não justificados nos termos dos artigos 87º, 88º e 89º-
A. São aquelas manifestações de fortuna que se tributam indirectamente e que já aqui falámos,
não porque alguém ganhou dinheiro mas porque alguém tem um determinado bem que tem um
determinado valor (carro depósito, avião ou barco) e isso não bate certo com o valor que
declarou, então a lei ficciona que há um rendimento, logo faz sentido que seja da categoria G.
Neste caso, já não preocupa tanto do ponto de vista da justiça fiscal alguém não beneficiar de
deduções de outras categorias.

5º Mais-valias (forma mais típica): A ideia por detrás delas é que resulta de uma
alienação de um bem tipificado.
Tal como o nome indica havemos de estar aqui perante um saldo (conta aritmética),
sendo esse saldo positivo (mais valia). Essas mais-valias opõem-se às menos-valias o que
depende do resultado da conta que eu tiver neste âmbito que fazer. Sendo que estas últimas não
são tributáveis.

O artigo 9º nº1 a) remete para o 10º do CIRS. Exemplo de mais-valia: A quer


comprar o carro de B, B faz um preço superior ao que ele vale agora. Se vendo o meu Peugeot
agora por 20 mil euros quando o comprei por 10 mil euros, tenho uma mais-valia. Será que é
tributada? Não, porque se for ao 10º não encontro nenhuma norma de incidência para as mais
valias decorrentes da alienação de bens móveis.
Outro exemplo: Eu tenho um quadro da Paula Rego, compro uma obra de arte que
valoriza e vendo-a em leilão pelo dobro do valor pelo que paguei, não é um rendimento da
categoria B porque não é a minha atividade, isto é não sou vendedor de arte. Esta mais valia
não é tributada porque não se encontra nada no artigo 9º e 10º que a preveja. Assim
voltamos a referir a ideia que já demos anteriormente neste caderno: a categoria G não é uma
categoria residual para onde vão parar os rendimentos não tributáveis noutras
categorias.

A dúvida é saber se isto não é um rendimento comercial isolado, um ato isolado da


categoria B. Quem diga que não, diz que não há susceptibilidade disto transformar numa
actividade, mas o Professor João Gama acha que o que interssa é o intuito dos atos isolados, isto
é a intenção de ter apenas um ato isolado que não se vai transformar alguma actividade.

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Há então duas mais-valias comuns no nosso artigo 10:


I) As Mais valias imobiliárias: resultam da alienação de imóveis e as II) mais-valias
mobiliárias: resultam da alienação de valores mobiliários

I) Vamos ter que ter a diferença entre o valor da aquisição e valor da alienação, o que
nos manda para a parte do Código de determinação da matéria colectável relativamente à
Categoria G, o artigo 43º e seguintes.

Repare-se no entanto que se uma pessoa comprou uma casa em 1991 por 150 mil euros
e agora esta valesse 550 mil euros, se se fizesse só a conta 550 mil 150 mil, podia esta aqui em
causa a questão da inflação. Ou seja mil euros em era muito dinheiro nem havia o
esse valor tem de ser corrigido em função da inflação, para saber qual o valor hoje desses
150 000.
Em relação a isto o artigo 50º nº1 a) manda corrigir o valor de aquisição por aplicação
coeficiente aprovado por portaria. Ou seja, há uma portaria das finanças que nos dá o valor da
inflação. Se formos a esta portaria, o coeficiente para 1991 é um coeficiente de 1,96. Isto quer
dizer que 100 mil euros quase que duplicou com a inflação acumulada até 2016. Assim, tenho de
corrigir o valor de aquisição multiplicando-o com o valor do coeficiente.

Assim, com a aplicação deste artigo 50º, os 100 mil euros em 1991, hoje equivalem a 196
mil euros, que é o valor de aquisição. Senão fosse assim seria muito injusto, porque estava a
tributar o rendimento que não ocorreu e que se deveu apenas a um mero aumento da massa
tributária. Se não tributássemos a inflação não era tributado rendimento real que como já vimos
é uma imposição constitucional que tal aconteça.

Se formos ao artigo 43º nº2, este diz que só é relevante para efeitos tributários metade
da mais-valia, e portanto, só vou englobar metade da mais-valia. 94

II) Mais-valias mobiliárias: Quando alguém vende acções, são tributadas as mais-valias
a uma taxa especial (28%) com possibilidade de englobamento 72º nº1 c) e 72º nº8.

No caso das mais-valias de ações, há uma dúvida que todos os sistemas fiscais têm de
resolver: Se eu tiver 100 ações da EDP mas comprei a preços diferentes e em tempos diferentes,
se vender 10 ações, estou a vender 10 da primeira, 10 da segunda ou 5 de cada?
Para a venda de ações, o artigo 43º nº6 d) do CIRS considera que as que estão a ser
vendidas são as primeiras a ser compradas.

Por outras palavras95:

Mais-valias estão no art.10º, não há norma de incidência para todo o tipo de mais-valias.
As mais-valias mais importantes são participações sociais, e imoveis. Como é que cada um
destes 2 tipos de mais valia é tratado no IRS?

Mais-valias de partes sociais. Exemplo: B compra um pacote de acções da EDP por


1000, e vende por 15000 a mais-valia resulta de um confronto de valores, assim temos:
Valor de realização o valor de aquisição.

94
Ter atenção às regras do artigo 10º do CIRS
95
A explicação de outro professor sobre a mesma matéria

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1500 de mais valias

Se eu estiver a olhar a mais-valias resultantes da alienação de participações sociais, a


norma de incidência do código é o art.10/1 alinea b). Numa mais-valia há ou não há
englobamento? Quando o contribuinte aufere uma destas mais-valias, resultantes da alienação
destas participações sociais, há englobamento ou é tributado à parte?

Art.72/1 alínea c) o legislador vem dizer que no que toca às mais-valias resultantes da
alienação de partes sociais, vamos chegar ao fim do ano e ver qual foi o saldo, porque o saldo
pode ser negativo. Se esse saldo for positivo, é tributado com uma taxa especial de 28%.
Também neste caso temos opção de englobar, é facultativo.

Quanto às mais-valias decorrentes da alienação de imoveis Art.10/1 alinea a). Ex:


Comprar imóvel por 100 mil e vender por 150 mil mais valia de 50 mil. Esta mais valia, é
englobavel ou também tem a taxa especial?

Art.72/1 a), parece a taxa especial nestas hipóteses só se aplicam a não residentes.
Como tal, não tendo taxa especial, vamos englobar, mas há aqui uma especialidade.
Art.43/2 nas mais valias resultantes da alienação de um imóvel, pegamos no 50 mil e é
englobado, mas só vamos englobar 25 mil(50%).
Isto é assim porque o contribuinte que tenha alienado um imóvel, vai ter um pico nos
seus rendimentos naquele concreto ano, e, portanto, vai subir nos escalões do IRS. Ao passo, que
um contribuinte que tivesse estes 50 mil diluídos ao longo de 10 anos não sofreria taxas tão
altas. Para mitigar a progressividade do IRS englobamos metade.

Assim, há um tratamento muito diferente entre os diferentes tipos de mais-valias,


porque num caso não há englobamento, há taxa especial de 28% sobre todo o saldo. No outro
caso, englobamento obrigatório, taxas gerais sobre 50% do saldo.

Mais-valia = Valor de realização valor de aquisição a aquisição pode ter ocorrido


há muitos anos atrás, logo não podemos tomar esse valor sem o actualizar. Além disso, nós
sabemos que na categoria G, não há deduções especificas excepto no caso das mais valias, nestas
de facto podemos deduzir certos tipos de gastos para a obtenção da mais valia.
Como é que operam as deduções especificas nas mais-valias? Basicamente vamos
acrescer esses gastos ao valor de aquisição. Exemplo: foram gastos 300 com advogados portanto
a mais valia seria 1500 (1000 +300) =200
Exemplo: Empresa que distribui rendimentos Art.5/2 alínea h) se os lucros são
distribuídos aos sócios, foram tributados na esfera da pessoa colectiva num momento anterior. A
lei aqui o que nos dá são 2 alternativas:
1º - Quando são pagos os dividendos há sempre retenção na fonte ou taxa liberatória
art.71/1 alínea a), portanto a empresa quando distribui os rendimentos aplica 28% de retenção
na fonte. À partida a tributação está feita, o contribuinte não tem de fazer mais nada.
2º - Se achar que compensa então engloba e aí é necessário fazer as 2 coisas que falamos
há pouco. Mas, aqui há uma especialidade, art.40º A que diz que se optarmos por englobar os
lucros, então só englobo pela metade.

Ex: Tenho 10 mil de lucros há retenção na fonte sobre os 10 mil com taxa 28%, que fica
lá sempre. Se no fim do ano optar por englobar, vou englobar não com os 10 mil, mas com 5 mil e
aplico as taxas do IRS, faço as deduções à colecta e à diante os 2800 vão ser devolvidos, através
de uma dedução ao IRS devido.

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Outras Considerações

Mínimo de Existência

Art.70/1 O mínimo de existência apura-se sempre por relação aos rendimentos


englobados porque tal como a norma diz da aplicação das taxas estabelecidas no art
portanto temos de olhar para os rendimentos a englobar no caso concreto.

Há um requisito qualitativo neste artigo, é que o mínimo de existência tal como está
neste artigo não se aplica a todos os contribuintes, apenas àqueles cujo os rendimentos
tenham predominantemente origem nas categorias A e H.
Como é que calculamos o elemento quantitativo do mínimo de existência? A lei diz que
da aplicação das taxas do 68º não pode resultar para o contribuinte um rendimento líquido de
imposto inferior a 8500 euros. O legislador está aqui a querer olhar para aquilo que fica no bolso
do contribuinte, o rendimento disponível. A fórmula a aplicar é a seguinte:

Rendimento disponível = Rendimento Bruto Total IRS devido

Se o valor der abaixo dos 8500, aplicasse o mínimo de existência então Não pode
resultar logo quando a norma do artigo 70º se aplica, o resultado é que o IRS vai a zeros, ele
não está obrigado a pagar IRS, mas não termina aí o calculo do IRS porque temos de ver se
houve retenção na fonte, para saber se tem de ser reembolsado.

Taxa de Solidariedade

A taxa de solidariedade do artigo 68º-A aplica-se quando o rendimento colectável é


superior a 80 e aos rendimentos que sejam superiores a esse valor. Ou seja, depois
de apurar o rendimento líquido global, vamos aplicar os abatimentos e obtemos o chamado
rendimento colectável ao qual aplicamos depois as taxas de IRS do artigo 68º, já vimos isto
supra. Mas casa se chegue a um rendimento colectável de 80 vamos aplicar estas taxas
adicionais do 68º-A, ao rendimento que ultrapasse os 80 000 euros, aplica-se esta taxa em
simultâneo com as taxas gerais. Pegando num exemplo:

A tem um rendimento colectável de 122 É superior a logo vamos aplicar


a taxa do artigo 68-A.

122 344 80 000 = 42 344.

Estes 42 vão então ser taxados com 2,5. Assim, 42 344 x 0,025 = 1058, 6. Além do
que resultar da aplicação das taxas do artigo 68º o contribuinte terá de pagar ainda 1058,6.
Neste caso o contribuinte tinha um rendimento colectável superior a por isso vamos
dividir em duas partes e aplicar a uma a taxa normal e a outra a marginal. O último escalão que
cabe inteiro dentro de 122 344 é o que vai de 40 522 a 80 640, logo:

1º Parte : 80 640 x 0,37613= 30 331,1232

2ª Parte (122 344-80 640) x 0,48 = 20 017, 92

Assim a colecta do contribuinte neste exemplo seria de 20 017,92 + 30 331,1232 +


1058,6 = 51 407, 6432.

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No caso do rendimento colectável ser superior a 250 000 a taxa de solidariedade a


aplicar vai ser diferente, nesse caso a 170 aplica-se uma taxa de 2,5%, logo 170 000 x
0,025 = 4250, depois a estes 4250 vamos ainda somar o valor que ultrapassar os 250 000
aplicando a esse valor uma taxa de 5% (Rendimento Colectável 250 000) x 0,05. Somamos
estes dois valores ao valor que resultar da aplicação das taxas gerais de IRS do artigo 68º e
teremos a colecta.

Deduções à Colecta com Donativos, remissão

Nas deduções à colecta o artigo 78 CIRS, no nº1 k) diz-nos que é possível deduzir
relativamente aos benefícios fiscais. Para tal temos de consultar o EBF. Nos casos práticos
trataremos neste caderno da questão. Remetemos por isso para o caso do Tornozelo
Fracturado96 e da Irmã Rejeitada onde falamos desta questão dado o benefício face aos
donativos feitos.

Alterações Durante o Ano

Se um contribuinte casar em Março e tiver um filho em Novembro para efeitos de IRS


contará o ano todo como se o sujeito passivo fossem duas pessoas ou haja a possibilidade de
tributação conjuntam, o mesmo com o novo dependente. No fundo olha-se é à situação em que o
contribuinte está no final do ano civil97 e aplica-se ao resto dos meses do ano, assim em Janeiro e
Fevereiro já se tributaria como se o contribuinte tivesse o filho e fosse casado.
Apesar do que foi dito ser verdade para aplicação das taxas de IRS e deduções ao IRS
entre outros, não é assim no entanto para efeitos de retenção na fonte.
Para retenção na fonte, olha-se à situação do contribuinte mês a mês. Isto é, para
efeitos de aplicação das tabelas de retenção na fonte olhamos à situação do contribuinte mês a
mês, se em Março casar, então até Março a tabela que se iria aplicar seria a de não casado, já a
partir de Março iria ser aplicada a tabela de casado para efeitos de retenção na fonte.

Artigo 16º, 17º e 18º do CIRS

Este existe pois os impostos nas regiões são diferentes. A regiões autónomas têm
retenções diferentes e taxas de IRS diferentes da dos residentes no continente. Com este artigo
traça-se a fronteira entre quem se considera residente nas regiões e quem se considera
residente no continente.

Se um contribuinte decidir ir fazer voluntariado para um outro país e nesse país receber
uma renumeração simbólica de por mês se o contribuinte for para esse país dia de
Janeiro e regressar no dia 31 de Outubro terá que declarar o seu rendimento em Portugal?
Mesmo estando 9 meses fora?

A primeira regra é a permanência em 183 dias no território, sejam seguidos ou


interpelados, como resulta do artigo 16º do CIRS98. O contribuinte no exemplo teria de declarar

96
Que pode se encontrado nas Hipóteses Práticas deste caderno.
97
Dia 31 de dezembro
98
Apesar de ser assim nos direitos de outros países também.

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o rendimento que obteu fora de por mês pela a aliena b) do artigo 16º, dado que tinha
ido apenas fazer voluntariado. Assim nestas questões temos de olhar às regras do artigo 16º
para averiguar se é ou não residente em Portugal. Se for, terá que declarar os rendimentos cá e
ser tributado cá à partida.

É importante ter em conta, nestas situações de rendimentos/pessoas fora de Portugal o


artigo 15º que remete para o artigo 18º.
O artigo 18º diz nos quais os rendimentos que são obtidos em Portugal e por isso, quais
os que serão tributáveis. Por exemplo se eu tiver emprego em Angola e depositar o meu dinheiro
num banco português, ao gerar juros, pela e) do artigo vou ser tributado segundo o CIRS de
Portugal.

IRC

Introdução

Vamos agora falar aqui de IRC, o IRC é o Imposto sobre os Rendimentos das pessoas
Colectivas. Não vamos estudar tão aprofundadamente o IRC como estudámos o IRS. O IRC aplica-
se às associações, fundações, empresas, entre outras pessoas colectivas.

As empresas são tributadas por vários impostos como o Imposto selo, IMI entre outros,
depois, as empresas também pagam taxas: quer taxas específicas da sua atividade quer taxas
gerais. Portanto, as empresas não pagam só IRC, imposto que tipicamente se pensa
imediatamente ao falar em tributação de empresas.
Quanto ao IRS, as empresas99 não pagam IRS porque são pessoas coletivas e, portanto,
estão sujeitas a IRC. No entanto têm uma função no âmbito do IRS como aliás se retira do estudo
que já fizemos de IRS:

a) Função de retenção na fonte sobre os salários que paga aos seus trabalhadores. Isso é
fundamental para o Estado- a ajuda que as empresas dão em sede de IRS como
substitutos tributários é fundamental.

b) Além dos salários, em princípio, pelo menos, uma vez por ano, faz retenção na fonte
quando há distribuição de dividendos.

99
Por empresa digam-se pessoas coletivas lucrativas como a Sonae ou a EDP.

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c) Além disso, quando paga as contribuições para a Segurança Social e retém na fonte
os 11% do pagamento aos trabalhadores sobre o salário.

Os economistas dizem que uma economia perfeita deve gerar um imposto de consumo
que corresponde à soma do imposto sobre o rendimento das pessoas singulares com o imposto
sobre o rendimento das pessoas coletivas. O IVA tributa o valor acrescentado, o valor
acrescentado tem reflexo nos salários pagos, logo, normalmente, há esta relação. E o IRC é
metade ou menos do que o IRS. Ou seja, é um imposto que tem uma importância relativamente
menor àquilo que é a sua relevância em custos de litígios, custos administrativos públicos
(inspeção tributária) e privados (obrigações).

Sendo um imposto sobre o rendimento, com qualquer imposto sobre o rendimento,


temos um princípio constitucional material que assume uma grande expressão: o princípio da
capacidade contributiva. Ou seja, a força económica do Sujeito Passivo é que determina a sua
capacidade de contribuição para os encargos gerais. Uma consequência óbvia desde
princípio é a de que eu só posso tributar onde exista rendimento / não posso tributar onde
não exista. No fundo, olhamos para uma empresa e temos de descobrir, de todas as suas
atividades ativas e passivas, o que sobra para tributar.
A questão central do IRC é descobrir a matéria coletável para, depois, aplicar a taxa. Os
sistemas jurídicos podem dar 3 respostas para encontrar a matéria coletável:

1) Princípio de aderência/dependência total entre fiscalidade e contabilidade:


Dizer tu, empresa, praticas um conjunto de atos naturais na tua vida para
apurares esse lucro. És um conjunto de pessoas que afetam lucros à prossecução
de dado objetivo e eu sei que, historicamente, tens um registo dessa atividade100 .
As empresas, por necessidade própria e imposição legal o registo económico e
financeiro da sua atividade que tem vários objectivos. Com que objetivos as
empresas, quase desde sempre, têm a necessidade de ter registos da sua
atividade? Esta escrita existe para proteger que valores? Quem tem
interesse nesta escrita
i. Desde logo os sócios porque querem saber se estão a ganhar

ii. Na EDP, que tem milhares de sócios, a contabilidade também tem


a função dos sócios se controlarem uns aos outros (para verem se
os que participam nas decisões estão a tomar as melhores
decisões).

iii. Possíveis compradores (para um possível comprador, a


contabilidade tem de estar estandardizada para que eu possa
olhar para as empresas e perceber/ comparar tudo quer entre
empresas quer a nível de evolução dentro da própria empresa).

iv. Credores um banco que empresta

v. Trabalhadores.

100
Contabilidade.

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vi. Estado.

A contabilidade tem de ser uma coisa estandardizada para permitir estes


objectivos enumerados. Portanto, este é primeiro modelo, consiste em dizer no
fundo às empresas: já que fazes isto tudo para a tua atividade, isso está
estandardizado, então, eu Estado vou pegar numa taxa e aplico ao lucro que tu
encontraste na tua contabilidade

2) Princípio de independência entre fiscalidade e contabilidade: No espetro


oposto do Princípio da dependência total entre fiscalidade e contabilidade, pode
um Estado dizer: essa contabilidade é para efeitos comerciais e bancários, eu
não confio nela e, portanto, para efeitos fiscais apresento-te uma forma de como
deves fazer a tua contabilidade, tax accounting: pegas no código fiscal, encontras
o lucro e tributas, o que fazes para efeitos dos teus investidores, accionistas etc é
outra coisa e o Estado não quer saber disso Aqui estamos por isso a dizer que
por este caminho as empresas têm de ter uma contabilidade própria para
mostrar a matéria colectável sobre qual vão incidir as taxas ao Estado

3) Princípio de Dependência parcial: o modelo adoptado em Portugal; o nosso


C)RC diz eu (Estado) aceito a contabilidade, mas com estas correções O C)RC é
sobretudo, um conjunto de correcções à contabilidade para gerar aquilo que,
para efeitos fiscais é o lucro que deve ser tributado à taxa prevista no código Eu
aceito, mas quero que faças dadas contas assim Por isso em Portugal as
empresas têm lucro para efeitos comerciais em contabilidade, mas, para efeitos
fiscais, esse lucro é sempre corrigido aplicando as regras do CIRC.

A tributação das empresas, de acordo com a sua contabilidade / de acordo com o seu
lucro real, está como referimos já anteriormente no artigo 104º nº2: As empresas são
tributadas, fundamentalmente, sobre o seu rendimento real. Durante muito tempo, em
Portugal, as empresas não eram tributadas sobre o rendimento/lucro real, mas sim sobre o seu
lucro normal ou presumido. Ou seja, os sistemas fiscais não seguiam a ideia de vai ser tributado
a tua contabilidade, fazendo pequenas correções antes seguiam uma ideia de acho que tiveste
lucro X logo vou tributar como se tivesses esse lucro X isto fazia-se com bases em
presunções101.

101
Exemplo: Rendimento dos barbeiros era feito consoante o nº de cadeiras que tinham e o sitio onde estavam
situados, daqui se presumia o rendimento e, consequentemente o imposto a pagar. Mais cadeiras equivaliam a
mais imposto; menos cadeiras resultavam em menos imposto. Se depois havia ou não rendimento consoante o
número de cadeiras não interessava. É um dilema entre justiça e praticabilidade; na altura, talvez razões de
praticabilidade justificassem que assim fosse; hoje em dia, não há razões práticas que não sejam superáveis
dados os avanços tecnológicos e a celeridade do mundo moderno.

Baixado por Afonso Pedro (afonsopedro2010@live.com.pt)


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Código do Imposto Sobre o rendimento das Pessoas Colectivas

Como é que esta ideia da CRP, de que as empresas são tributadas pelo lucro real está
transposta no CIRC? Vejamos os primeiros artigos do Código em traços gerais. Mas para
começar veremos logo que em sede de IRC, o rendimento tributado é o líquido, isto vem do
Princípio da Capacidade Contributiva que também se estende às pessoas colectivas como já
vimos.

O artigo 1º CIRC diz nos que a incidência do imposto são os rendimentos obtidos,
calculados nos termos do IRC102, lícitos ou ilícito.

O artigo 2º nº1 a) diz-nos quem são os sujeitos passivos, é exemplo prototípico do que é
tributado em IRC, as sociedades comerciais, primeira expressão deste artigo deve corresponder
a mais de 95% dos tributados em IRC. Mas o CIRC não pode deixar espaços em branco, apesar de
o código ter no seu cerne as sociedades comerciais, quer tributar outras pessoas colectivas que
possam ter rendimento e lucro e é isto que faz o artigo Com sede ou direção efetiva em
Portugal são critérios de localização dos Sujeitos passivos do IRC. Sede é um conceito jurídico
direção efetiva já é um conceito de carácter fáctico. O CIRC atrai as entidades que tenham a sede
registada, mas também as entidades que, não tendo sede, tenham a sua direção efectiva103 em
Portugal. Este conceito é muito importante para obviar às empresas cujas sedes são
deslocalizadas. Exemplo: se eu ponho a sede no Panamá, mas o conselho administrativo reúne
em Portugal e todos os trabalhadores estão em Portugal então por aqui o CIRC diz que esta
entidade é sujeita a IRC em Portugal porque aqui tem a direção efectiva no território nacional. A
sede, no caso acaba por ser artificial.

O artigo 3º passa depois a falar sobre a base do imposto, diz que o IRC incide sobre:

a) Lucro

b) Rendimento global, isto é, os rendimentos calculados como se fosse IRS

c) Lucro imputável a um estabelecimento estável situado em território português 104


sendo que aqui temos de ter uma remissão para o artigo 5º

O artigo 8º dá-nos o período regra de 1 ano para a tributação em coincidência com o ano
civil, depois tem-se várias excepções no artigo como a do nº10.

Já o artigo 9º fala de algo mais interessante, o IRC que Estado tem de pagar. O artigo 9º
isenta o Estado de pagar IRC. Se o estado decidir revender bens, por exemplo revender
iPhones, será que tem de pagar IRC por esta atividade? Não porque se formos ao artigo 9º do

102
E aqui se vê a dependência parcial falada na página anterior.
103
Direção efectiva são as tomadas as decisões principais da empresa.
104
Uma instalação fixa na qual seja exercida uma atividade; se a Chanel (sede em Paris) e abrir uma loja na
Avenida Da Liberdade; esta loja não tem personalidade jurídica, é um estabelecimento comercial. Para efeitos
fiscais, ela é uma instalação fixa na qual é exercida uma atividade comercial. Logo, a Chanel tem, em Portugal,
um estabelecimento estável. Logo, a Chanel pode ser tributada em Portugal pelos lucros imputáveis ao seu
estabelecimento estável. Estes estabelecimentos são os casos mais evidentes de que o IRC não incide só sobre
pessoas coletivas de direito privado. Do mesmo modo, uma sucursal também não tem personalidade jurídica
não deixa de ser sujeito passivo de IRC, mas só é tributado em Portugal pelo lucro que lhes seja imputável.

Baixado por Afonso Pedro (afonsopedro2010@live.com.pt)


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CIRC o Estado não paga IRC, no entanto, o artigo 9º nº1 a) tem uma excepção e, que se ia aplicar
entidades públicas empresariais Por uma questao de concorrência o estado no caso dos
iPhones terá de pagar IRC, a isenção poria em causa uma ideia de concorrência de mercado. A
atuação do Estado prende-se por isso nesta ideia de se o Estado atua usando ius imperii ou se
atua enquanto particular. Se atuar enquanto particular, algo que deverá ter de fazer na revenda
de iPhones, terá de pagar IRC pois deverá actuar como entidade pública com natureza
empresarial. A TAP paga IRC porque, a ser pública, é uma EPE. Se concorre com as demais
companhias aéreas paga IRC.

Não havendo isenções a empresa ou pessoa colectiva terá de pagar IRC consoante os artigos
indicados:

Destes artigos é possível ainda, ver mais uma vez, o Princípio da Dependência Parcial
Fiscal que falámos já neste capítulo.

Taxas de IRC

Segundo o artigo 87º do CIRC105 o IRC tem uma taxa, normalmente, de 21%. O IRC hoje
tem dia têm dois elementos de progressividade:

1) As entidades, ditas comerciais, que desenvolvam uma atividade industrial,


comercial ou agrícola, têm uma taxa reduzida, nos primeiros 15 de matéria
colectável de 17%, sendo que a partir do 15 001º euro a taxa que passa a ser por isso
aplicada é a de 21%. Esta taxa reduzida de 17% só é aplicável às pequenas e médias
empresas. Esta progressividade é muito fraca, pois são apenas 15 de uma
empresa que são taxadas em menos do normal

2) Artigo 87-A, que tributa as pessoas colectivas com lucros tributáveis superiores a
1 500 em taxas progressivas de mais e consoante o valor desse lucro.

Assim, se para as pequenas empresas, em que há lucros abaixo dos 1,5 milhões de euros
há a progressividade dos 17%, nas grandes empresas, com lucros superiores a 1,5 milhões de
euros, há o artigo 87-A com a derrama estadual e as taxas de +3%,+5% ou +7%.

No caso das entidades não residentes sem estabelecimento estável em Portugal, o CIRC
também dá uma taxa de IRC diferente, 25%, isto é o que resulta do nº4 do artigo 87º.

Temos depois no artigo 88º umas taxas diferentes, as chamadas taxas de tributação
autónoma106. O que decorre deste artigo é uma tributação de encargos e não de lucros, ou
seja, tributação de despesas e não de lucros.
É preciso ter também ter atenção a um outro tributo que existe sobre os valores

105
Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas
106
As despesas que não se conseguirem deduzir, isto é, as despesas não devidamente documentadas são todas
tributadas à taxa autónoma. A taxa autónoma tem por isso (não só) esta função por parte do legislador de
querer que as empresas mantenham a contabilidade transparência para combater a evasão fiscal.

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tributáveis em IRC, a derrama municipal, taxas que podem ir até 1,5% que os Municípios
decidem todos os anos (entre 0 a 1,5%) em sede de IRC.

Deduções

Os custos têm de ser deduzidos em sede de IRC. Para deduzir, subtraem-se as despesas
aos lucros (contabilidade organizada), podem também ser deduzidos benefícios fiscais se
existirem. Após aplicar as deduções e as taxas vamos ter a colecta, e como no IRS, também aqui
há deduções à colecta. No artigo 90º nº2 do CIRC verifica-se que o que se vai deduzir à colecta
são por exemplo: os créditos por dupla tributação internacional, deduzir alguns benefícios
fiscais que são aplicáveis à colecta etc

Tributação de Entidades Não Lucrativas 107

Nem todas as pessoas colectivas são lucrativas, há entidades não lucrativas, como por
exemplo as Associações de Estudantes ou as Fundações Públicas. Estas entidades não têm
propósito de gerar lucro, mas a verdade é que precisam de ter alguma fonte de rendimento para
se sustentarem e prosseguirem os seus fins. Nas associações de estudantes, por exemplo, não se
visa arrecadar dinheiro para distribuir pelos associados mas sim defender os interesses destes.
Assim, as entidades precisam de fundos/meios para seguir os seus fins.
As necessidades financeiras das entidades não lucrativas acontecem de três formas:

1) Subsidiação Direta O Estado dá-lhes dinheiro, transfere-lhes directamente o dinheiro

2) Donativos Doações de particulares à entidade

3) Iniciativas próprias que geram dinheiro Eventos vendas etc que gerem lucro à
entidade

A questão que agora se coloca é se estas entidades sem fins lucrativos são ou não
tributadas em sede de IRC.

O artigo 10º do CIRC diz que este tipo de entidades está isenta108 de IRC, o que significa
que não pagam em certas situações/certas coisas, isto quer dizer que à partida há uma norma
de incidência, quer dizer que as entidades vão ser tributadas, pois as isenções são normas
do tipo excepcional, logo isso quer dizer que tem de haver uma norma normal, o que leva a
concluir que estas entidades são tributadas e há é excepções.

As Entidades Não Lucrativas são tributadas, mas além das isenções têm uma forma de
determinação da base tributável que é diferente da das Entidades Lucrativas.
Do artigo 3º resulta que o IRC incende sobre o lucro das sociedades de comercias, mas
da b) resulta que as entidades não lucrativas são tributadas.

107
Até aqui estivemos a olhar à pessoas colectivas lucrativas em particular. O CIRC divide-se em duas partes:
Parte A: Tributação das entidades lucrativas. Parte B: Tributação das entidades não lucrativas.
108
É preciso é ver em que medida está isenta

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As entidades lucrativas são tributadas pelo lucro, as não lucrativas são tributadas
pelos incrementos patrimoniais bem como pelo rendimento global corresponde à soma
algébrica dos rendimentos das diferentes categorias consideradas para efeitos de IRS. Ou
seja, no fundo há uma parte do IRC que vai beber ao IRS. Temos depois algumas regras a ter em
atenção nos artigos 53º e 54º do CIRC.

Isto é assim por uma razão algo intuitiva: não é possível, à partida, tributar uma entidade
não lucrativa pelo seu lucro, isso seria contraditório obviamente.
Além de tudo isto ainda temos o argumento do artigo 104º n2 da CRP diz que a
tributação das empresas incide sobre o valor do seu rendimento real, é o próprio legislador
constitucional que não vem traçar uma diferença entre os dois tipos de pessoa colectiva.
A verdade é que olhando para o resto dos países do mundo o que vemos é que as
entidades não lucrativas têm um regime completamente diferente do das entidades lucrativas,
isto é assim porque as entidades sem fins lucrativos estão muitas vezes a desenvolver fins do
Estado Social, isto é, a proteger e a prosseguir os interesses colectivos da sociedade.
Isto justifica desde logo o porquê de estas entidades muitas vezes receberem subsídios
do Estado e estarem isentas de pagar impostos, visto que em parte estão a seguir fins do Estado,
beneficiando o Estado, desonerando o Estado de prosseguir essa determinada finalidade.
Por isso é que faz sentido o Estado apoiar estas entidades.

Benefícios Fiscais das entidades não lucrativas

Para efeitos de IRS o que vimos109 é que se um contribuinte fizer um donativo para
entidades que em termos de formas e fins estão previstas no artigo 62º e seguintes do EBF
pode deduzir isso à colecta. Como vimos só se pode deduzir até 25%.

Para efeitos de IRC o que o legislador fez foi seguir um entendimento cínico desta
matéria, porque se dar donativos traz benefícios para as empresas que o fizeram é muito óbvio
que as empresas grandes, como as multinacionais, quando fazem donativos façam com que estes
sejam muito publicitados, pois assim os clientes dessa empresa ao saberem que essa empresa
participa em atividades solidárias sentem que estão eles próprios a contribuir para essa
solidariedade, para essa causa maior, ou seja o facto de a entidade fazer donativos em muitos
casos apresenta mais benefícios para as empresas que a publicidade. De acordo com o artigo
62º do Estatuto dos Benefícios Fiscais são considerados custos ou perdas do exercício os
donativos até ao limite de 8/1000 do volume de vendas e/ou prestação de serviços no exercício,
podendo aquele custo ser considerado em valor correspondente a 140% do donativo, quando se
destina exclusivamente à prossecução de fins de caráter social, a 120%, se destinado a fins de
caráter ambiental, desportivo e educacional, ou a 130% do respetivo total ao abrigo de contratos
plurianuais celebrados para fins específicos

Assim o legislador o que fez foi:

1) Aceitou que os benefícios feitos para entidades não lucrativas fossem dedutíveis para
efeitos fiscais

109
Ver casos práticos.

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2) Por outro lado, o legislador acaba por majorar custo, ou seja dá um benefício fiscal a
quem fizer donativo: exemplo se eu doar 100, é ficcionado que fiz um donativo de 140
para efeitos de dedutibilidade. Com isto quer-se incentivar os particulares a fazerem
donativos. Uma empresa que efetue donativos sem contrapartidas às entidades públicas
ou privadas referidas poderão receber uma majoração de 20% a 50% do custo, para
determinação do seu lucro tributável. Se a empresa concedeu apoios ao regime do
mecenato num valor total de 140 mil euros, ela pode inscrever um total de encargos
entre os 168 mil euros (20%) e os 210 mil euros (50%), reduzindo-se o lucro tributável.

O nº3 do artigo 10º vem proteger situações em que sobre a capa de uma Entidade Não
Lucrativa temos na verdade alguém a tentar a acumular excedentes, isto é, tirar algum lucro. Das
alíneas deste número pretende-se no fundo limitar estas situações.O artigo 11º dá nos também
uma isenção, a diferença para o artigo 10º é que este artigo dá uma actividade que não precisa
de reconhecimento expresso, têm uma isenção automática.

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IVA

O imposto sobre o valor acrescentado é um imposto aplicado em Portugal que incide


sobre a despesa ou consumo e tributa o "valor acrescentado"110 das transações efectuadas pelo
contribuinte. Trata-se de um imposto plurifásico, porque é liquidado em todas as fases do
circuito económico, desde o produtor ao retalhista. Sendo plurifásico, não é cumulativo, pois o
seu pagamento é fraccionado pelos vários intervenientes do circuito económico, através do
método do crédito do imposto.
No IVA há por isso esta especialidade, é que o imposto que nós entregamos ao Estado
não é simplesmente o imposto que resulta da aplicação do imposto sobre as vendas. É uma
diferença de valores, a isto chamamos mecanismo da liquidação-dedução. O que acontece se
um contribuinte comprar muito num determinado mês, mas fizer poucas vendas? O sujeito
passivo fica numa situação de crédito111 sobre Estado. Por isto, é que dizemos que o IVA é um
imposto sobre valor acrescentado, só vou pagar imposto ao Estado na medida em que acrescenta
aos bens e serviços.

O IVA é um imposto suportado pelos particulares ou comerciantes quando compram um


bem ou adquirem um serviço. Quem entrega o imposto ao Estado é o comerciante ou empresário
que vendeu ou prestou o serviço. Assim112:

1) O Comerciante recebe do cliente o valor referente à compra/serviço acrescidos de


IVA.

2) O Comerciante com as suas aquisições nas compras/serviços também suporta o IVA


ele próprio.

3) O Comerciante vai entregar o IVA ao Estado da diferença entre o que o cliente lhe
pagou e o que ele suportou.

4) O sujeito passivo neste imposto é por isso o comerciante apesar de o IVA ser
suportado não só por ele mas como pelos clientes do comerciante.113

Incidência

Segundo o artigo 1º nº1 a) do CIVA o IVA incide sobre as transacções. Sejam


transmissões de bens e/ou prestação de serviços. Ao olharmos para o artigo 1º vemos que o
IVA é um imposto geral sobre o consumo que incide à partida, tendencialmente sobre todas as
transmissões de bens e prestações de serviços.

110
Valor acrescentado bruto é o resultado final da atividade produtiva no decurso de um período determinado.
111
Veremos isto melhor, mas o contribuinte não vai poder exigir sem mais o dinheiro de volta, far-se-á uma
compensação na maioria dos casos.
112
De maneira geral é o imposto em que o operador económico liquida IVA aos seus clientes e suporta IVA nas
compras que faz. Liquida e deduz este IVA, e entrega a diferença ao estado.
113
Ver Relação Jurídica Tributária neste caderno.

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Quando olhamos para a alínea a) temos as chamadas ocupações domésticas,


transacções realizadas em território nacional, por um sujeito passivo agindo como tal e
depois temos as importações e as operações intracomunitárias114. Não vamos ver nesta cadeira e
neste caderno as alíneas b) e c) que tratam das importações das operações que acabamos de
referir, porque a alínea a) é a matriz e, portanto se soubermos aplicar o IVA para as operações
internas depois o resto não é difícil.

Para aplicar IVA temos que verificar se estão preenchidos todos os requisitos do artigo
1º nº 1 a). Se todos os requisitos estiverem preenchidos temos sujeição ao IVA, há incidência.
Mas, lá por haver incidência não quer dizer que haja tributação efectiva, podem haver
isenções como já vimos que acontece noutros impostos também aqui as temos. Se operar uma
qualquer isenção não vou ter tributação efectiva, se não operar nenhuma isenção então aí vou
ter tributação e como é que tributo? Aplicando uma taxa de IVA correspondente ao valor
tributável. E vou tributar o IVA relativo a dada transacção.
Os requisitos do nº1 a) são termos: 1) Transmissões de bens ou prestações de serviços a
título oneroso; 2) Realizada em território nacional; 3) Realizadas por um sujeito passivo de IVA,
agindo enquanto tal.

1) Transmissões de bens ou prestações de serviços a título oneroso - O artigo 3ºdo


CIVA tem a definição do que se entende por estas transferências. É transferência
onerosa de bens corpóreos por forma correspondente ao exercício do direito de
propriedade. Porquê é que temos uma definição tão abrangente? O IVA está ao nível
da DUE em alguns aspectos, como as regras do CIVA decorrem das Directivas
europeias, nomeadamente da Directiva 2006/112, a terminologia também tem que
ser mais fluída. Por outro lado, se o legislador dissesse que haveria transmissão de
bens quando há compra e venda de bens, seria fácil às partes celebrarem um
contrato que não fosse exactamente uma compra e venda mas que tivesse o mesmo
efeito do ponto de vista económico. Por isso é que estas definições são um pouco
mais fluídas. Temos depois o nº2 do artigo 3º que vem considerar para efeitos de
IVA certos bens como corpóreos como o gás, o calor e a electricidade.115 Mais do que
isto tem-se de uma transmissão onerosa, isto é tenho que receber algo em troca
seja dinheiro ou pagamento em espécie. Então, à partida o IVA só tributa
transmissões onerosas, pois se a transmissão for gratuita não há valor acrescentado
e do ponto de vista do comprador/adquirente, que é o objecto do IVA. Se a
transmissão de bens não for onerosa não estou a manifestar nenhuma capacidade
contributiva. Então, à partida IVA incide sobre transmissões onerosas Dissemos à
partida pois no artigo 3º nº3 temos depois um série de excepções:

a) Artigo 3º nº3 a): Temos um contrato em que as partes acordam a locação de


um determinado bem, sendo que há lugar ao pagamento de prestações
sucessivas e com o último pagamento dá- se de forma imperativa a
transmissão do direito de propriedade. A lei fiscal não acompanha a lei civil,
se o fizesse só consideraríamos que haveria transmissão de bens com o
pagamento da última prestação. Para efeitos de IVA, logo que há entrega
material do bem, logo no início, considero a transmissão do bem e o imposto

114
Importações feitas a partir de outro estado-membro da União Europeia
115
Isto está no nº2 por duas razões: por um lado, porque quanto a estes bens posso ter dúvidas que sejam
bens corpóreos ou incorpóreos e o legislador quer esclarecer, e por outro lado, estão aí por tradição histórica.

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é aplicado ao valor global de todas essas prestações. O legislador sabe que se


vai dar a transmissão do bem em momento posterior.

b) Venda de um bem móvel com reserva de propriedade, prevista na b) do


artigo. O mesmo se passa como na alínea a), o legislador não espera pela
transmissão da propriedade, cobra logo o IVA.

c) Artigo 3º nº3 d) CIVA116: Venda a consignação. Exemplo: livraria não


consegue vender os livros e voltam para trás para a editora. Nestes casos de
venda à consignação, se os bens não regressarem à origem passados 12
meses tudo se passa como se houvesse uma transmissão de bens entre o
consignante e o consignatário. Isto para evitar que as partes celebrem falsos
contratos de venda à consignação, em que os bens ficam à venda à
consignação indefinidamente.

d) Artigo 3º nº 3 f) Casos de auto-consumo/ operações gratuitas - uma


empresa quando por exemplo adquire um computador suporta IVA, esse IVA
vai ser deduzido. Mas, imaginado que, à posteriori, a empresa, em vez de
empregar o computador na sua actividade, atribui o computador a um dos
seus trabalhadores. Na prática, este trabalhador está a adquirir o computador
sem IVA, se este sujeito fosse comprar um computador a uma loja ele
comprava o computador, suportava o IVA e não deduzia porque é um mero
particular. Mas, como a compra foi feita pela empresa e houve dedução de
IVA, isto no fundo vai permitir-lhe desfrutar de uma compra livre de IVA, que
em condições normais não aconteceria. Portanto, se a empresa compra a
empresa para a sua actividade e deduziu o IVA e, posteriormente afecta
definitivamente os bens a um trabalhador, a um administrador ou a um
terceiro, então ficciona-se que essa afectação é uma transmissão de bens.
Quando a empresa deu o computador ao trabalhador não cobrou nada, mas o
Código diz que neste caso ficciona-se uma transmissão de bens onerosa.
Se se ficciona que há transmissão de bens, sobre que valor vai incidir o IVA
dado sujeito não pagou nada? O CIVA diz no artigo 16º tem regras próprias
em que se fixa o valor tributável destas operações ficcionadas. Portanto, as
operações gratuitas também podem ficar sujeitas a imposto por razões de
prevenção de fraude.

1.2) Prestações de serviços - Além da transmissão de bens o IVA pode incidir


também sobre prestações de serviços. Segundo o artigo 4º, se não são
transmissões de bens então operações que se realizarem a título oneroso são
prestações de serviços. Existe aquele princípio constitucional da legalidade
tributária, que se traduz na tipicidade da lei fiscal e se considerarmos as
prestações de serviços como algo residual117 então a tipicidade neste caso não
vale muita coisa. Quando estamos a falar de impostos sobre o rendimento,
impostos de base nacional como o IRS, a Constituição Fiscal118 vale muito.
Quando estamos a falar do IVA, que é de base mais europeia, a Constituição Fiscal
vale muito menos. Nas prestações de serviços vão caber por exemplo a

116
Ver também artigo 3º nº3 c)
117
Se não é transmissão é prestação, e aqui temos uma categoria residual no IVA no fundo.
118
Diga-se a parte da Constituição Portuguesa que trata da fiscalidade.

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transmissão de bens incorpóreos119 que não estão excepcionados no nº2 do


artigo 3º e todos os casos em que o comportamento de um sujeito passivo é
remunerado. Esse comportamento pode ser um comportamento activo120 ou
passivo121. No entanto não esquecer que a prestação de serviços tem de ser
também onerosa, tal como diz o artigo 1º. Ou seja, também tenho que ter uma
contrapartida. E, mais uma vez no art 4º, vejo que em certos casos as prestações
de serviços gratuitas são equiparadas às onerosas. No artigo 4º temos ainda no
nº2 casos de ficção como no nº3 do artigo 3º.

Então se o IVA é um imposto de base larga, queremos tributar todas as transacções


económicas então porquê fazer a distinção entre transmissões de bens e prestações de serviços?
Porque as regras de localização das transacções são diferentes consoante sejam transmissões de
bens ou prestações de serviços. Outro problema é acerca dos limites da distinção. Isto porque,
por vezes é difícil distinguir entre transmissões de bens e prestações de serviços. A UE tem dito
que se queremos passar a fronteira temos que perguntar o que é que o consumidor médio
pretende/valoriza. Em quase todas as prestações de serviços vamos ter alguns elementos de
transmissão de bens, e o contrário também é verdade. Por exemplo: um take-away ou drive-in
ou roulotte é transmissão de bens, já querer ficar num restaurante a jantar é prestação de
serviços porque usufruo de um espaço, em matéria de restauração, a UE tem dito que se tiver um
espaço onde possa consumir a refeição e ser atendido é prestação de serviços, se for um mero
take-away é uma transmissão de bens.

2) Realizada em território nacional - Aqui interessa o artigo 6º do CIVA. Quanto à


transmissão de bens, segundo o artigo 6º nº1 se há transporte interessa onde é
que tem início o transporte, se não há transporte então temos que ver o local em que
o bem é posto à disposição do cliente/adquirente. Já não é tão simples no que diz
respeito às prestação de serviços, aqui o artigo 6º nº6 diz-nos que no IVA das
prestações de serviços temos duas regras gerais para ver se uma prestação é ou não
tributável:
a. 6º nº6 a) - prestações de serviços bussiness to bussiness122 em que é o que
interessa é o domicílio do adquirente ser em Portugal.
b. 6º nº6 b) - prestações de serviços bussiness to consumer123 o que interessa
é o domicílio do prestador ser em Portugal.

Mas há muitas excepções a estas 2 regras gerais: No nº7 e no nº8 temos duas
normas simétricas com várias excepções. Exemplo 1: serviço de avaliação de um
imóvel em Cabo Verde contratado por contribuinte português em Portugal, o
adquirente dos serviços está em Portugal e a empresa também. Não conta o local
onde está o imóvel artigo 6º nº7 a). Exemplo 2: empresa inglesa faz avaliação de um
imóvel no Algarve e presta esse serviço a um cliente francês. Aqui temos de aplicar o
artigo 6º nº 8 a). Como é que se aplica o IVA em Portugal? Quem tem que entregar o
IVA ao estado português e como? Nestes casos, em que no fundo uma prestação de

à à à à
119
patentes,
120
Por exemplo consultoria
121
Exemplo pagam para ficar quieto, por exemplo, combinações de não concorrência
D à à à à B B
122

D à à à à B C à
123

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serviços está localizada em Portugal, mas não tenho cá o prestador e muitas vezes,
nem o adquirente, o CIVA dá 3 soluções:

a. Prestador de serviços registar-se como sujeito passivo em Portugal, solução


menos prática
b. Designar um representante;
c. Reverse charge - inversão do sujeito passivo. Se o adquirente estiver cá então
o CIVA diz que o imposto será liquidado pelo adquirente, e não pelo
vendedor.124

As excepções dos nº 7 e nº 8 são excepções a todo o nº6, o que significa que


derrogam as regras gerais, quer de prestações de serviços BtoB quer BtoC.

No nº 9: temos uma excepção apenas ao nº6, alínea b) - excepção prestação de


serviços, não tributável bussiness to consumer. No nº 10: prestação de serviços
tributável bussiness to consumer.

No nº 11 temos casos especiais de prestações de serviços que cruzam as


fronteiras e para o quais há intensa concorrência internacional e portanto, para
aquelas prestações de serviços saírem do país desoneradas de imposto nas
relações bussiness to consumer, o legislador considera que não são tributável. E
portanto, neste nº11 o que temos é não tributável nos casos bussiness to
consumer.

Mais, sabemos que Portugal tem diferentes jurisdições em matéria fiscal, quer dizer
existem diferentes taxas de IVA na Madeira e nos Açores. Como é que então
localizo? Existe um diploma próprio sobre isto, que é o Decreto-Lei 347/85. Este
diploma só tem uma coisa que nos interessa neste momento do estudo que é uma
norma que diz que quando se trata de saber se uma operação está localizada
no território continental português, na Madeira ou nos Açores aplico
exactamente os mesmos critérios que aplico quando se trata de saber se uma
operação está localizada em Portugal ou fora do país. Portanto, se tenho uma
transmissão de bens ou prestação de serviços entre as regiões autónomas e o
território continental vou aos critérios que acabámos de ver e é isso que vai
decidir. Isto porque as regiões não têm as mesmas taxas que o Continente nem
entre elas. Exemplo 1: A telefona para a ilha de S. Jorge e encomenda queijo. Isto é
uma transmissão de bens, o queijo é um bem corpóreo. Aplicam-se as taxas dos
Açores ou as taxas do território nacional? Artigo 6º nº1, houve transporte que
começou no Açores, logo aplica-se as taxas dos Açores. Não haverá alguma
circunstância em que possa comprar queijo da ilha de S. Jorge com as taxas do
continente? Sim, pelo 6 nº1 se o queijo estiver num supermercado do território
nacional e for lá comprado. Exemplo 2: empresa de Lisboa faz avaliação de um
imóvel no Funchal para um cliente do Porto. Artigo 6º nº8 a), é tributável com as
taxas das prestações de serviços da Madeira pois é la que está o imóvel.

3) Realizadas por um sujeito passivo de IVA, agindo enquanto tal - Aqui podemos
falar em incedência subjectiva também: Nem todos somos sujeitos passivos de
IVA. A definição de sujeito passivo de IVA está no artigo 2º. O mais importante no

124
Não era o que tínhamos neste exemplo 2

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artigo 2º é o nº 1 alínea a), que podemos dividir em duas partes: 1ª parte:


estamos perante operadores económicos que levam a cabo uma actividade
económica continuada. Não importa que tipo de actividade é porque o que aqui está,
está apenas a título exemplificativo. Tem é de haver o carácter de habitualidade e
de independência. 2ª parte, atos isolados, e nesta 2ª parte, a lei isola dois casos:
a. Um primeiro caso em que o acto é isolado em Portugal, mas está conexo com
uma actividade em outro país.
b. Um segundo caso, é independentemente dessa conexão, preenche os
pressupostos de incidência real de IRS ou de IRC, aqui estamos a falar de um
acto isolado verdadeiro e próprio, é um puro acto isolado em que não há
nenhuma conexão com a actividade continuada for do país. No IRS, os actos
isolados de prestações de serviços estão sujeitos a imposto, então se há
incidência de IRS essa atrai a incidência do IVA. Nesta 2ª parte não é preciso
existir habitualidade, mas a independência tem de estar presente. Se não é
independente não tenho IVA, ou seja o trabalho dependente não está sujeito a
IVA.

Passos Para o Cálculo do IVA125

1. Artigo 1º

No artigo1º a) vamos ver uma série de pressupostos necessário para que haja aplicação
do IVA, já aqui falámos deles nas páginas anteriores, sendo nomeadamente:

1)Transmissão de bens este conceito vem tratado no artigo 3º, do qual retiramos que
estamos perante uma transmissão de bens quando temos uma transferência onerosa de bens
corpóreos por forma correspondente ao exercício do direito de propriedade. Exemplo: Contrato
de locação/venda dividido em 12 prestações mensais, com o pagamento da ultima prestação dá-
se a transmissão da propriedade. Há entrega logo ao inicio, e considera-se que há IVA,
transmissão de bens, no momento da entrega. Mas sobre que valor? Sobre o valor total, o valor
de todas as prestações. Há algum caso em que temos tributação sobre uma transmissão gratuita?
Em princípio não são tributáveis, visto que não há valor acrescentado. Mas, há exceções,
nomeadamente: Artigo 3º nº3 alínea f), neste artigo, o código diz que à partida vamos
equiparar isso a uma transmissão onerosa para prevenir a fraude, mas depois temos uma
excepção a esta equiparação no nº7, se a oferta não exceder 50 euros, valor unitário, se o
conjunto das ofertas não ultrapassar 5 por mil do volume de negócios, então não vale essa
equiparação.
Ou prestação de serviços artigo 4º diz que são prestação de serviços, as operações
efetuadas a título oneroso que não constituam transmissão de bens, aquisições
intracomunitárias ou importação de bens.

à à à Os Nove Passos para


125
Vamos tratar aqui de forma semelhante ao que fizemos para o IRS n
o Cálculo do IRS à à àIVá à‘ -se mais uma vez a leitura das hipóteses práticas de IVA deste
caderno.

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2)Titulo oneroso

3)Território Nacional Neste aspecto releva como aqui já vimos o artigo 6º do CIVA, e
temos caminhos diferentes a seguir consoante estejamos perante uma transmissão de bens ou
uma prestação de serviços:

a)Transmissões de bens aplicamos o artigo 6º nº1, o critério para localizar o


território nacional numa transmissão de bens é o local onde se inicia o transporte.
Caso não haja transporte, o que interessa é a localização do bem no momento em
que é colocado ao dispor do adquirente.

b) Prestações de serviços artigo 6º nº6 - aqui temos de distinguir entre:

i)BtoB - prestações de serviço entre 2 sujeitos passivos de IVA. A regra geral


nestes casos é o domicílio do adquirente, alínea a)

ii)BtoC Aqui a regra é domicilio do prestador, alínea b)

4)Sujeito passivo de IVA agindo como tal Artigo 2º nº1 alínea a), esta divide-se em
duas partes como também já tivemos oportunidade de ver:

1º Parte Operadores que de forma habitual desenvolvem uma actividade económica.

2º parte Actos isolados, em que circunstancias ficam sujeitos a IVA?

a)Ou se trata de um acto isolado em Portugal, mas tem conexão com uma
actividade fora do país

b)Ou então não tem nenhuma conexão com actividade fora do país e há sujeição
a IVA, se for sujeito também a IRS.126

2. Isenções

O que temos até aqui é a incidência do imposto, objectiva e subjectiva, se se verificarem


estes 3 requisitos, nós temos incidência de IVA. Por isso, verificada a incidência ou não
incidência temos de ver as isenções.
Para tal temos de recorrer aos artigos 9º e 53º.

O artigo 9º Trata das isenções nas operações internas. Neste artigos encontramos
isenções com dois tipos fundamentos:

1)Isenções com fundamento social, em que se isenta no IVA para se baixar o custo de
um serviço ao consumidor final, para garantir um acesso universal a certos tipos de serviços.

2)Isenções com fundamentos de ordem técnica, como acontece por exemplo nas
operações financeiras, estão isentas de IVA, porque o cálculo do valor acrescentado em

126
Nós aqui estamos a dizer que há incidência de IVA se houver incidência de IRS, apesar de haver isenções e as
isenções para efeitos de IRS estas não funcionam nos mesmos plafons que para efeitos do IVA.

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operações financeiras pode ser extremamente complexo. Como tal, a maioria dos países aplica
isenções estas operações financeiras de IVA, e aplica-se a estas um imposto diferente, em
Portugal aplica-se o imposto selo. 127

Como é funcionam as isenções do IVA? Nós distinguimos entre:

1)Isenções simples ou incompletas O sujeito passivo não liquida IVA, mas em


contrapartida não deduz. Não liquido iva aos meus clientes, mas, em contrapartida, nas compras
que fiz e suportei não vou poder deduzir.
2)Isenções completas - Não liquido, mas vou poder deduzir, na verdade não tenho nada
a deduzir, o que peço é o reembolso do IVA. Aplicam-se tipicamente nas operações de
exportação.

Isto pode ser vantajoso ou prejudicial para o sujeito passivo, daí que no artigo 12º do
Código se permita a renúncia à isenção, em certos casos. Isto pois deste modo o sujeito diz que
prefere liquidar IVA para poder ter direito de deduzir o IVA que suportou nas suas compras.
As isenções que encontramos neste artigo 9º são tendencialmente objectivas, isto é, é
a operação que está sujeita independentemente do sujeito que a realiza. Tendencialmente
estamos a isentar operações por si, não olhando ao lado subjectivo.

Depois temos o artigo 53º do CIVA. Esta isenção é tendencialmente subjetiva, isto é,
desde que o sujeito passivo preencha determinados requisitos apresentados no artigo em
questão está isento, independentemente das operações que realize. Este artigo fala de pequenos
contribuintes, não realizam operações internacionais e têm um volume de negócio mais
pequeno. Esta isenção é uma isenção simples, ou seja, quem está neste regime de isenção não
liquida e não deduz, é por isso que vemos nos artigos seguintes que é possível renunciar à
isenção.

3. Valor Tributável

Se operar isenção, não há liquidação de IVA, se não operar, vamos liquidar Iva. Como é
que fazemos isso?
Aplicamos a taxa de IVA ao valor tributável. Qual o valor tributável para efeitos de
Iva? Temos de olhar ao artigo 16º, é o valor da contraprestação obtida ou a obter do
adquirente, do destinatário ou de um terceiro. O que importa é que haja um preço, e que esse
seja pago, se é pelo próprio adquirente do bem ou serviço ou por terceiro, não faz diferença.
Contraprestação obtida ou a obter põe-se em causa o a obter por exemplo se um
vendedor passou a factura, mas adquirente não paga durante meses, está o vendedor obrigado a
entregar o IVA? Isto basicamente para perguntar se o IVA é devido com a factura ou com o
recebimento? É devido com a factura. No IVA o estado não corre o risco do incumprimento,
quem corre o risco é o sujeito passivo, o vendedor no caso do exemplo dado. Se emitiu fatura
à partida está obrigado a pagar o IVA, claro que depois há esquemas para os casos em que o
vendedor não recebeu do comprador, verificados certos pressupostos, em que se pode recuperar

127
Neste artigo 9º reparamos que via de regra o que temos como isenção são prestações de serviços, e não
transmissões de bens. As transmissões que temos geralmente estão conexas com prestações de serviços.

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o IVA. Portanto, em regra, o valor tributável é o preço de um bem ou serviço,


independentemente quem é que o paga e de quando é que o paga.
Esta é a regra geral, mas vemos no artigo 16º que existem várias regras especiais:

a) Artigo 16 nº2 As alíneas deste número aplicam-se, por exemplo, aos casos em que
há uma operação gratuita, mas apesar disso o código do IVA diz que está sujeita.
Quando se faz isso temos de ficcionar um preço, dizem que vamos olhar ao valor
normal do serviço, ao custo de aquisição de um bem e pôr o IVA por cima apesar de
não ter sido pago efectivamente nenhum preço.

b) Artigo 16º nº5 a) Diz que o valor tributável em sede de IVA engloba todo o preço,
que já resulta do nº1, mas engloba ainda o valor que se vai pagar de impostos que
incidam sobre o bem ou serviço. Exemplo: Impostos especiais sobre o consumo,
por exemplo garrafa de whisky, o valor tributável para o IVA é o preço do whisky +
imposto sobre álcool e bebidas alcoólicas. Exemplo 2: Se comprar um automóvel eu
pago o preço do carro, imposto sobre os veículos, e por cima disso tudo IVA, as taxas
de IVA aplicam-se ao valor do imposto sobre veículos além do valor do preço.
Portanto, há imposto sobre imposto. O IVA é o último imposto a ser aplicado. Neste
nº5 estamos a falar de elementos que não integram rigorosamente o preço, a
contraprestação de um bem ou serviço, mas que estão incluídos no valor tributável.

c) Artigo 16º nº6 Temos elementos, valores que integram o preço, mas apesar disso
retiramos do IVA. Por exemplo: Alínea d), casos em que vamos comprar botijas de
gás, temos uma embalagem, pagamos um valor a título de caução e quando devolvo
ao comerciante recupero aquele valor, tudo isto é preço, mas há uma componente
que fica excluída porque é uma embalagem que se destina a ser devolvida.

Portanto, na esmagadora maioria dos casos o artigo 16º não tem especialidade, isto
é, vou ver o preço do bem ou serviço, e para calcular o IVA põe-se uma taxa por cima
desse preço.

4.Taxas do IVA

Artigo 18º do CIVA e as subsequentes listas que nos permitem determinar qual é a taxa
aplicável no caso concreto. Há 3 taxas de IVA e temos taxas diferentes consoante o território seja
continental ou ilhas:

1)Território continental português 6%(reduzida), 13%(intermédia) e 23%(normal).

2)Taxas das Regiões autónomas dos Açores e da Madeira

Como é que sei se um bem ou serviço está sujeito à taxa reduzida, intermédia ou normal?
Vou ver às listas. As regras da Lista I e Lista II são excecionais, a taxa normal é 23%, portanto
nunca faço uma interpretação extensiva ou aplicação analógica destas regras, pois são
excecionais. Importante ter noção que estas listas valem para todo o país, incluindo açores e
Madeira, as listas são iguais, só o valor das taxas é que muda nas regiões autónomas.

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Exemplo: Esparguete, está na Lista I no 1.1.4 a taxa é por isso 6%. Raviolli não está nas
listas, por isso 23% de taxa sobre o preço. Se eu comprar os raviolli no supermercado pago 23%
de IVA, se comprar esparguete pago 6%. Se for comer raviolli ao restaurante 13% Lista II Verba
3.
Aplicamos as taxas ao valor tributável, que por via de regra é o preço, e vou obter o Iva
que incide sobre determinada operação. O IVA é um imposto em que aquilo que um sujeito
passivo entrega ao estado é uma diferença de valores: IVA que se liquido aos clientes - IVA
que eu suporto nas compras que faço = IVA a entregar.
Não interessa calcular apenas o IVA de cada transacção, eu tenho no final do mês ou no
final do trimestre que fazer este apuramento do IVA. Basicamente somamos o IVA liquidade, e
vejo qual é o IVA suportado. Esta é a regra, mas há algumas especialidades:

a) Artigo 19º - este artigo está a falar das operações passivas, de compras. Está a dizer
que se eu sou sujeito passivo de IVA, o que à partida vou poder deduzir é o IVA que
suportei nas compras que fiz a outros sujeitos passivos. Se os meus fornecedores
liquidaram IVA a mim, à partida isso é dedutível.

b) Artigo 20º - Pode-se deduzir o IVA suportado nas compras, mas apenas se essas
compras tiverem sido feitas para depois se realizar uma actividade também para IVA.
Nº1 Alínea a), por exemplo, se um comerciante suportou IVA nas suas compras,
pode deduzi-lo se tiver uma actividade em que liquida IVA e não está isento. É deste
artigo que resulta a noção de isenções simples que já referimos aliás: Se tiver uma
actividade isenta não liquido, então também não deduzo.

5. Fazer IVA liquidado IVA suportado

Se no final do mês ou trimestre tiver mais IVA dedutível do que liquidado, então não
pago IVA, e obtenho uma posição de crédito sobre a fazenda publica, não há um reembolso
imediato, esse valor vai rolando para os meses seguintes ou trimestres, e se ao fim de certo
período se mantiver a posição de crédito, aí sim se pode pedir o reembolso ao estado, ou
então, se o valor for superior a 10 mil euros posso pedir de imediato o reembolso.

Do artigo 19º e 20º resulta que à partida desde que eu tenha uma actividade em que
liquido IVA nas minhas vendas, eu posso deduzir o IVA suportado nas minhas compras, mas o
artigo 21º depois vem introduzir excepções: Vem dizer que há certas compras, que mesmo
que tenham sido feitas no âmbito da actividade, em que se liquide IVA, apesar disso não são
dedutíveis.
Que tipo de despesas temos no art.21º? Automoveis, combustíveis, restauração,
despesas de luxo etc Estas despesas têm todas em comum, o facto de não ser possível serem
totalmente imputadas ao exercício da actividade, é impossível fazer a dissociação entre o
que é a utilização para a actividade e o que é a utilização para o uso pessoal. Há certo tipo de
bens e serviços que é quase impossível distinguir entre a esfera pessoal e esfera empresarial,
então a lei diz que quanto a esses bens e serviços não se deduz o IVA ou só se deduz
parcialmente.128 Por isso, no que toca às compras temos de as ver uma a uma para ver se são
dedutíveis ou não.

128
Se a despesa nada tiver a ver com a actividade, então nem chegamos ao 21º, caímos logo no 20º.

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Outras Considerações

Se for no trânsito e me mandarem parar por excesso de velocidade e passarem uma


multa de 100 euros, vai haver IVA sobre esta multa? Temos de ver os requisitos do artigo 1º do
CIVA. É duvidoso que estejamos perante uma prestação de serviços com caracter oneroso.
Quanto ao sujeito passivo, o policia é sujeito passivo? Se considerarmos que isto é uma prestação
de serviços quem estaria a prestar serviço era o estado, e será o estado sujeito passivo de Iva?

O artigo 2º nº2 diz-nos que via de regra o estado é sujeito passivo, mas este artigo vem
dizer que, no entanto, não é sujeito passivo se estiver a realizar as operações no exercício dos
seus poderes de autoridade, no fundo se estiver a usar ius imperii não será sujeito de IVA, é
necessário que a não aplicação do IVA não gera distorções de concorrência, ou seja não se pode
usar ius imperii para prejudicar os particulares.

Imaginando que temos um António que é socio de um escritório de advogados e pede


ajuda a um colega, ao Menezes, para montar um negócio, e a sociedade de advogados desse
colega vai-lhe prestar consultoria e não cobra nada por serem amigos. Quando este outro colega
ajuda o socio do escritório na montagem deste negócio, embora não cobre nada, há IVA a pagar
ou não? Temos de ver de novo os requisitos do artigo 1º do CIVA e os restantes passos de
cálculo de IVA:

1) Artigo 4º nº2 b) Temos uma prestação de serviços pela sociedade, a titulo gratuito,
em beneficio de um dos sócios.
2) Artigo 16º nº 2 c) Temos uma prestação a titulo gratuito, não haveria
contraprestação, mas o CIVA ficciona que há, diz que é o valor normal tributável é o
do serviço.
3) Artigo 37º nº1 e nº3 - Isto quer dizer, quando compramos um bem ou serviço é
emitida uma fatura onde consta o preço, e por cima desse o Iva. O nº3 tem uma
exceção, vem dizer que quando uma operação é gratuita a repercussão do IVA é
facultativa. Portanto, o serviço pode ser gratuito e pode-se exigir os 23% do IVA, ou
então suporto o Menezes os 23% e entrego ao estado.

Imaginando que uma fabrica de cortiça em Portugal, procede à exportação de 10


contentores de rolhas para a Africa do Sul, saem 10 contentores de rolhas de Portugal para a
África do Sul. Isto sai com IVA ou sem IVA?

1) Transmissão de bens, sim, com carácter oneroso cada contentor 10 mil.


2) Artigo 6º nº1, iniciou-se em Portugal o transporte, como tal, é localizado em
Portugal.
3) Há sujeito passivo de IVA agindo enquanto tal? Sim.

Então isto significa que as rolhas de cortiça saem de Portugal com IVA por cima do
preço?
O artigo 14º nº1 a) diz-nos que uma vez que as rolhas são transportadas para fora da
comunidade pelo vendedor, estão isentas de imposto, não há IVA.

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Quando chegam à Africa do Sul o que é que acontece na rolha? O artigo 1º do CIVA diz-
nos que há iva nas operações internas, mas também nas importações e nas aquisições
intracomunitárias. Na importação também temos IVA, se a África do Sul tiver um imposto
idêntico ao nosso IVA, e tem, o que acontece é que quando as rolhas chegam à África do Sul eles
liquidam o IVA na importação. Isto é, as rolhas saem de Portugal sem IVA, e quando chegam lá,
eles aplicam a versão do IVA que têm no país.

Então o vendedor destas rolhas exporta para a Africa do Sul, não aplica o IVA, mas este
vendedor, por sua vez, há de ter tido vários gastos e este IVA é suportado nas contas do
fabricante, é dedutível ou não?
A regra que resulta do artigo 19º e 20º, como já vimos, é que posso deduzir todo o IVA
suportado nas minhas compras, se essas se destinarem à realização de operações sujeitas a
imposto e não isentas. Se eu não liquido IVA para exportação, será que posso deduzir o iva que
suportei nas minhas compras, há dedução mesmo com isenção?
Artigo 20º nº1 b I), apesar de não haver liquidação do IVA, e haver uma isenção, o IVA
suportado é dedutível. Temos aqui uma isenção completa.

Ainda há questões por exemplo no transporte de passageiros. No transporte de


passageiros não interessa onde está domiciliado o prestador nem o adquirente do transporte,
mas sim o local onde ocorre o transporte129. Então e nos casos de viagens de avião? Exemplo:
viagem Portugal Suiça por 100 euros. Há iva?
Artigo 6º nº8 alínea b) diz que se aplica IVA pela distancia percorrida no território
nacional, mas temos uma isenção no artigo 14º nº1 alinea r), a viagem está sujeita a
incidência, mas tem isenção se for para fora de Portugal Continental.
Pela distância percorrida fora do território nacional temos o 6º nº7 b), a parte que
ocorre fora do espaço aéreo português não é tributável, está excluída de imposto.

Artigo 14º nº 1 alínea r) tem uma isenção para transportes de passageiros aplica-se
apenas aos transportes internacionais ou também dentro do território português? Diz que
também se aplica a transportes com destino às regiões autónomas e ainda o transporte de
pessoas efetuado entre as ilhas naquelas regiões. Exemplo: Voo dos açores para a madeira
onde é que é localizada a prestação? Quando se trata de localizar uma prestação uma operação
nas regiões ou no continente, aplicamos os mesmos critérios que estão no artigo 6º para saber
onde é que uma operação se considera localizada em Portugal ou fora do país. Por isso: Como
temos transporte de passageiros será 6º nº7 b) ou 6º nº8 b), se aplicar estas regras, então
quando o voo sai dos açores para a madeira, enquanto sobrevoa o espaço aéreo dos açores Iva
dos açores. Na distância percorrida do espaço aéreo da madeira, iva da madeira. Artigo 18º nº3
taxas de IVA diferentes nos Açores e Madeira. Se aplicássemos estas regras de localização do
artigo 6º nº 7 e 8º b), teríamos de partir o voo ao meio, como isto é impraticável, temos o
artigo 14º que isenta.

129
Ver caso prático do É Fruta ou ò Chocolate.

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Garantias dos Contribuintes

Quando falamos de garantias que os contribuintes têm falamos de mecanismos que a


lei põe à disposição dos contribuintes para que estes possam reagir de uma forma
antecipatória ou reactiva na sua relação com a Administração Tributária ou na sua
reacção contra actos praticados pela Administração tributária.
No essencial, vamos falar nesta cadeira de Direito Fiscal de: contencioso tributário,
contencioso sobre a perspectiva administrativa, o chamado procedimento tributário, ou seja
meios de defesa contencioso em fase inicial; recurso ao tribunal; meios à disposição dos
particulares para reagir contra actos de liquidação; evolução dos actos; etc.

Uma das dificuldades do contencioso tributário é que acaba por ter normas espalhadas
numa multiplicidade códigos. Quando falo de contencioso civil sei que este se encontrará
predominantemente no Código Processo Civil. No contencioso tributário, existe um grande
multiplicidade de informação espalhada que faz com que não nos foquemos num ou dois
diplomas legais, desde logo temos: CRP; LGT; CPPT; ETAF; CPA; RCPITA; CIRC; CIRS; CIS; CIVA;
CIMT; CIMI; RGIT; CMOCDE entre outros, Hoje em dia, na sua maioria, as normas só fazem
remissões para o regime regra que está no CPPT130. Se tivermos uma questão de contencioso
não nos podemos bastar no entanto com a consulta do CPPT porque provavelmente existirão
normas que estão noutros códigos específicas relativamente ao imposto que está em causa.

No artigo 95º da LGT quando se fala em impugnar ou recorrer , é uma expressão


ampla, ou seja não se está aqui a falar no meio da acção, mas sim no direito de reagir
basicamente. Sendo o acto lesivo dos direitos ou dos interesses de um contribuinte deve haver
um mecanismo para reagir. Mas claro, segundo as formas de processo prescritas na lei, como
sabemos a autotutela não é a solução nos sistemas jurídicos modernos.

Temos ainda de distinguir processo e procedimento. Quando se fala em processo


estamos a falar em meios em tribunal nacional/internacional. Quando falamos em
procedimento falamos em meios de discussão ainda perante a Administração

Os artigos 95º e 97º da LGT vêm antecipar que não tenho apenas um meio para
efectivar os meus direitos e os meus interesses.

O artigo 55º da LGT fala sobre o procedimento tributário e dos princípios que deve
respeitar. A autoridade tributária, na verdade, em muitos casos ocupa mais do que um papel. Se
por um lado, a autoridade tributária é por vezes chamada a decidir litígios, ou seja existem meios
procedimentais, posso apresentar uma reclamação graciosa131 contra o acto de liquidação. Se
tiver um acto de liquidação do imposto, assumindo que tenho uma liquidação de IRS e está em
causa a aplicação de um coeficiente específico do regime simplificado e, assumi que o coeficiente
era 0,35 e a autoridade tributária assumiu o coeficiente de 0,55. Ora, uma das formas de reagir é
precisamente a reclamação graciosa. A autoridade tributária pode então ser chamada a decidir
litígios, se fizer uma reclamação graciosa ela vai ser decidida.

130
Código de Procedimento e de Processo Tributário
131
Um dos meios de defesa possíveis.

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Em suma, por um lado tem uma função de angariar mais receita, mas por outro lado
também vai ser chamada a decidir.

Sem prejuízo dos princípios, a autoridade tributária depende do órgão que por
excelência decide os litígios dos particulares, o Tribunal. Portanto, a forma como eles reagem às
acções tem esta premissa em vista. O que significa, que do ponto de vista jurídico se estivermos a
falar de situações muito controversas, a autoridade tributária não vai poder decidir.
Por outro lado, quando estamos a falar de situações em que o valor do imposto é
reprovado, a autoridade tributária por ventura não poderá decidir. Se estamos a falar de uma
liquidação de milhões, muitas vezes, a autoridade tributária pode ter dificuldades em decidir.
Isto é, tem dificuldades na medida em que provavelmente não vai decidir a favor do particular
porque não quer abrir mão dessa receita, há uma questão de imparcialidade

O artigo 56º da LGT consagra o princípio da decisão. A administração tributária está


obrigada a pronunciar-se sobre todos os assuntos da sua competência. Mas, nem sempre a
autoridade se pronuncia de forma expressa, pode dar-se o deferimento tácito. Quando
apresento uma reclamação graciosa há duas possibilidades à minha disposição:

1) ou espero que a autoridade tributária se pronuncie;


2) ou simplesmente utilizo o deferimento tácito, isto porque o procedimento tributário
deve ser concluído ao fim de quatro meses, artigo 57º LGT. Se a ausência de resposta
for a meu favor, posso ter interesse em largar a peça processual.

Ou seja, a autoridade tributária tem sempre a obrigação de decidir. Então os artigos 56º
e 57º são muito importantes.

Artigo 58º da LGT, consagra o Principio do Inquisitório, diz que a administração


tributária deve no procedimento realizar todas as diligências necessárias à satisfação do
interesse público e à descoberta da verdade material. Isto é importante porque não sabemos
exactamente quais são as diligências que a autoridade tributária vai realizar no âmbito de um
determinado processo.
Na prática, a autoridade tributária chama o particular a pronunciar-se sobre as suas
decisões. Significa isto que se apresentar uma reclamação graciosa, por exemplo, a autoridade
tributária antes de indeferir vai dar-me oportunidade de me pronunciar. No entanto, autoridade
tributária, na esmagadora maioria dos casos não altera a decisão. Ou seja, temos realmente este
direito, mas na prática é preciso ter algumas cautelas da forma como efectuamos este direito.

Artigo 59º da LGT consagra o princípio da colaboração. A autoridade tributária


chama o particular a pronunciar- se sobre algumas decisões. Mas, mesmo que não diga nada
numa audiência prévia132 nada acontece. Porém, é preciso ter cuidado naquilo que se diz na
audiência prévia para não comprometer a nossa defesa adiante no procedimento.

O artigo 60º da LGT consagra princípio da participação.

132
Ver matéria de Direito Administrativo

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Meios Processuais Tributários

Estão enumerados nas várias alíneas do artigo 101º da LGT.

Em face de uma actuação da autoridade tributária, uma das principais questões é: quais
são os meios próprios para discutir da legalidade e quais são os meios próprios para discutir a
exigibilidade. O que é que isto quer dizer? Uma coisa é dizer que certa liquidação é ilegal, outra
coisa é dizer que a liquidação é legal, mas não pode exigida a certa pessoa.

Se a liquidação não é supostamente legal temos quatro meios mais comuns para fazer
chegar a ilegalidade a um julgamento:

a) Impugnação judicial (3 meses) - Vou directamente para Tribunal, sendo que a


impugnação judicial deve ser apresentada no prazo de 3 meses e não 90 dias, artigos
99º e seguintes do CPPT. Se for a um tribunal arbitral aí sim é prazo de 90 dias.
b) Reclamação graciosa (120 dias) - artigos 69º e seguintes do CPPT.
c) Revisão do acto tributário (4 anos) - se tiverem passado os prazos de impugnação
judicial ou da reclamação graciosa recorro a este meio. Artigo 78º da LGT.

Se a liquidação for legal mas não supostamente exigível: Se quiser pôr em causa a
exigibilidade da dívida tenho que apresentar uma oposição à execução (30 dias). É muito
importante saber o meio que tenho que utilizar porque se tiver que vir discutir a exigibilidade,
mas me tiver enganada e apresentar um meio de discussão da legalidade, porventura posso
perder o direito.

Como é que isto funciona? Uma liquidação de imposto pode ser feita por vários modelos
diferentes, podemos ter uma auto-liquidação, em que o próprio contribuinte apresenta e faz a
sua liquidação, o que pode acontecer é que o contribuinte verifique que se enganou e quer usar
um meio de garantia para corrigir a situação.
Podemos também ter uma inspecção por parte da autoridade tributária que leva a
que seja preciso recorrer aos meios aqui falados. As inspecções podem ocorrer de duas formas:

1) Inspector interno (dentro da sociedade, por exemplo);

2) Inspector externo.

Portanto, se há liquidação de imposto com problema:

Se existir um erro de cálculo, um lapso, há desde logo um procedimento simplificado de


correcção de erros junto da autoridade tributária, previsto nos artigos 95º e seguintes do
CPPT, para o qual há um prazo de 10 dias.
Findo o prazo para pagar o imposto, a primeira decisão é se vou pagar ou não o imposto.
Quais são as consequências desta decisão? Se pagar o imposto, não vou ter uma execução
fiscal133, o imposto fica liquidado. Se procedermos ao pagamento do imposto, não precludimos
os nossos direitos de reacção se o que estiver em causa for uma discussão da legalidade e não de
exigibilidade. Ou seja, se acho que é uma discussão de legalidade, posso pagar e apresentar uma
reclamação graciosa ou uma impugnação judicial posteriormente, não fico sem direito a fazê-lo.

133
O estado vai coercivamente fazer-me pagar o imposto.

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Mas, se o que estiver em causa for a exigibilidade da dívida, se procedermos ao pagamento, como
vamos fazer extinguir a execução fiscal, já não vamos conseguir mais discutir se a dívida é ou não
exigível Portanto, realmente a primeira decisão a tomar é pagar ou não pagar. Se pagar não há
execução. Se não pagar vou ter uma execução. Mas tenho um meio-termo, ou seja, não pago, mas
presto uma garantia, esta é uma outra opção, no sentido de impedir a coercibilidade. Quais são
os elementos aqui a ter em consideração? A prestação de uma garantia é cara, a garantia pode
ser uma garantia bancária ou um outro bem qualquer que a autoridade tributária tem que
aceitar. Geralmente, o que acontece nestes processos é a prestação de uma garantia bancária. A
garantia bancária é dada pelo valor do imposto a somar 25% desse valor e a somar juros, ou seja
uma garantia bancária exige ainda assim algum esforço financeiro. Quais é que são as vantagens
e desvantagens? Se fizer um pagamento integral e ganhar, a autoridade tributária vai ter que me
pagar juros indemnizatórios. Ou seja, há quem considere às vezes fazer o pagamento do imposto
um bom investimento. As taxas de juros são baixas, por isso, se uma determinada empresa tiver
uma liquidação e poder pagar imediatamente o imposto vai discutir depois a questão com o
tribunal ou com a autoridade tributária, se ganhar, a autoridade tributária é obrigada a
reembolsar o imposto mais 4% ao ano. Por outro lado, essa entidade pode precisar do dinheiro
para fazer investimento. Portanto, é importante perceber se estes 4% estão acima da taxa de
rentabilidade ou se estão abaixo. Se a rentabilidade de dada sociedade é de 20%, estar a adiantar
aquele capital que porventura vai impedir que a sociedade faça investimentos, é um mau
investimento.

Se for prestada garantia, já não vou receber o reembolso do dinheiro com juros. O
mesmo se diga de não pagar. Se não pagar, vou ter muitos incómodos porque a autoridade
tributária é muito rápida a fazer execução coerciva. A autoridade tributária vai instaurar uma
acção de execução fiscal muito rapidamente. Se não paguei vou eu ter que pagar juros de 4%, são
os juros compensatórios.

Em suma, é preciso pensar se posso e quero pagar. Ou se eu posso ou quero prestar


uma garantia. Muitas das vezes as pessoas dizem que não vão pagar quando não acham que não
devem, portanto vão prestar uma garantia. Se prestarmos uma garantia bancária, os juros que
teremos que pagar à autoridade tributária são juros compensatórios.
Se a autoridade tributária liquidar imposto e pagarmos e não fizemos mais nada, o
imposto está pago acabou. Se pagarmos e impugnarmos, a autoridade tributária não vai
instaurar uma execução fiscal. Se nos limitarmos a apresentar um meio de defesa, o processo
executivo não é extinto, sendo que na alternativa da prestação da garantia, o facto que vai
suspender a execução fiscal é a apresentação da defesa, mas essa suspensão só existe na medida
em que apresentemos uma garantia bancária. Assim:

1) Pago o imposto e apresento defesa - discuto a legalidade.

2) Apresento defesa e mais nada vai haver processo executivo.

3) Apresento defesa e presto uma garantia - o processo executivo fica suspenso. Suspenso
porque a garantia não significa que o imposto fica pago, significa que a autoridade
tributária tem meios dos quais se pode socorrer no caso de ganhar o processo. Se ganhar
o processo, vai executar a garantia e à partida o processo executivo também vai ficar
extinto.

Baixado por Afonso Pedro (afonsopedro2010@live.com.pt)


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Um último reduto é a apresentação da revisão do acto tributário que tem um longo


prazo, e por isso é normalmente utilizado se os prazos para os outros meios já tiverem passado.

Como decidir que meio escolher

O começo de um destes meios é normalmente o momento da liquidação de imposto,


aquilo que vimos até aqui nesta cadeira de Direito Fiscal foi que em IRS e IVA como se constrói
esta liquidação, vamos agora ver como reagir à liquidação.
Podemos ter autoliquidação ou heteroliquidação, pode suceder contudo que por força
de uma série de factores134 que eu contribuinte não concorde com a liquidação. Isto pode
acontecer tanto na liquidação que eu preparei (autoliquidação) como na heteroliquidação, e isto
é passível de acontecer porque no fundo todos cometemos erros, tendo o prazo de 10 dias para
recorrer como já vimos aqui anteriormente.

A liquidação de imposto tem um prazo de pagamento voluntário, esse prazo coincide


de grosso modo com 30 dias e é estabelecido na própria liquidação. Se o pagamento não for
cumprido dentro do prazo voluntário temos um novo problema: não vendo o Estado ser pago o
imposto de forma voluntária vai instaurar um processo de execução fiscal, uma cobrança
coerciva. Temos de ver depois se temos ou não uma questão de ilegalidade, casos em que
podemos contestar a mesma, o pagamento do imposto no entanto não me tira o direito a
contestar da ilegalidade, é possível continuar a discutir a legalidade.

Findo o prazo de pagamento voluntário encerram-se os prazos para reclamação


graciosa após 120 dias. Repare-se por isso que quando estamos a ver qual é o meio mais
adequado temos sempre de olhar aos prazos.
A impugnação judicial já é um meio com 3 meses de prazo por exemplo. Podemos
por isso utilizar os prazos a nosso favor, cada meio tem vantagens e desvantagens, e pode haver
casos em que é vantajoso ter mais tempo para reflectir e por isso o meio mais adequado é o que
tem maior prazo, isto é possível porque os meios muitas vezes defendem o mesmo e por isso
podemos usar um meio ou outro para chegar ao nosso fim. Mas temos sempre de pesar as
vantagens e desvantagens de cada meio, na impugnação judicial por exemplo temos de ter em
atenção que os tribunais têm férias e durante as férias normalmente os prazos suspendem-se, no
entanto no caso da impugnação judicial o prazo não se suspende nas férias judiciais, e por
isso temos de ter isso em consideração ao escolher o melhor meio. O que acontece é então que se
o último dia do prazo calhar em férias judiciais transfere-se para o primeiro dia subsequente às
férias. Exemplo: se o último dia do prazo era no dia 24 de Dezembro o prazo irá transferir-se
para dia 3 de Janeiro135.

Outro factor de ponderação na escolha do meio é o tempo médio que cada um demora a
ter o seu efeito, aqui há que facturar também a média e susceptibilidade dos recursos das
decisões que se tomarem, na impugnação judicial poderá acontecer que a decisão seja recorrida
e recorrida demorando muito mais tempo que outro meio. Claro que há outros meios que são
mais rápidos mas em regra geral irrecorríveis o que faz com que sejam como apostar a moedas
todas numa casa se perdemos perdemos definitivamente

Dito tudo isto, há casos em que é obrigatório escolher determinados meios


processuais. Isto no caso da reclamação graciosa. Estes casos estão previstos nos artigos

134
Como inspecções ou erros, ver páginas anteriores.
135
Presumindo que as férias são de 20 de dezembro a 3 de janeiro.

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131º 132º e 133ºdo CPPT 136. O mesmo se diga no caso das taxas, onde é preciso começarmos
pela reclamação e também não temos vários meios à escolha.137

Se os prazos para todos os meios processuais já tiverem decorrido, quer por


incompetência do advogado que não fez as coisas a tempo, quer porque o contribuinte não
detectou o problema a tempo, temos em último recurso um meio, meio que estatisticamente não
é o mais utilizado que é o meio da revisão do ato tributário que está previsto no artigo 78º da
LGT.
A doutrina tem feito aqui um trabalho de densificar o que é um erro imputável aos
serviços A jurisprudência considera que este erro é tanto o erro de facto como erro de direito,
o que significou que foi construído de tal forma que se considera erro imputável aos serviços
até o erro da União Europeia, e portanto no fundo houve uma abertura muito grande deste meio
processual que permite reagir a todo o tempo se o tributo não tiver sido pagou e no prazo 4 anos
se tiver sido. Este meio dá ainda, mediante deferimento expresso ou tácito de recorrer para
tribunal.

Esquema Resumo das Garantias

136
Código do Procedimento e Processo Tributário.
137
Referir que o CAAD (centro de de arbitragem administrativa) tem o seu escopo de atuação limitado em
alguns casos. Do ponto de vista do Estado pode este vincular-se ao CAAD através de uma portaria, em que diga
que pode submeter os seus litígios ao CAAD mediante certas condições, exemplo: eu estado, submete os meus
litígios ao CAAD quando: 1) os litígios não tenham um valor superior a x e 2) não incidam sobre matérias a, b e
c, e pode ainda fazer algumas considerações: 3) nos à à à à à à à à à à à à à à à
de ser constituído por z membros com w características.

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Hipóteses Práticas

Ilegalidade Tributária138

Na hipótese temos um imposto que passa ser fixado com base em vários critérios, o
valor objectivo a localização e em especial e para o que interessa nesta hipótese é outros
factores relevantes em que basicamente a lei remete para portaria esse critério que
determinará um valor x ao qual posteriormente será aplicada uma taxa entre 0,8 a 1,0%. Poderá
ser assim? O princípio da tipicidade exige que a lei seja especifica, determinável, até que ponto?
O princípio da tipicidade como vimos na última aula existe para proteger os contribuintes para
que estes possam olhar para a lei (o Decreto-Lei autorizado) e saberem o que vão ter de pagar,
aquilo com que podem ou não contar, de modo a que haja certeza e segurança jurídica. Por isso
dar um cheque em branco com outros factores relevantes a uma portaria será contra o
princípio da legalidade139.

Mas será que isto é sempre assim? Será absoluto que uma Lei não possa remeter para um
diploma infra-legal, isto é, até que ponto é que a lei tem de ser determinável, irá a reserva de lei
parlamentar ir tão longe ao ponto de nenhuma portaria poder tratar do sistema fiscal? Hoje em
dia os impostos e as relações fiscais que existem são altamente complexas e susceptíveis da
necessidade de mudança muito rapidamente dada a económica que hoje temos, e por isso
remeter para diplomas infra-legais como as portarias tornaria o processo de mudança mais
rápido, o que podemos exigir é que o que o Princípio da Legalidade exige é que seja possível a
determinação dessas mudanças. Como já vimos na aula anterior isto acontece com o artigo 112º
do Código do IMI e o Tribunal Constitucional não considera o preceito inconstitucional pois dá
uma baliza clara e objectiva acerca da possibilidade dessa mudança. Neste caso prático temos,
num segundo momento, a referência a uma taxa de 0,8 a 1%140. A lei remete de novo para
portaria, mas desta vez dá um critério objectivo e balizando determinadamente um intervalo de
valores para o qual a Assembleia Municipal poderá escolher um valor para a taxa. Neste caso a
taxa não está a ser fixada pela Assembleia da República há uma derrogação do Princípio da
Legalidade pelo Princípio da Autonomia Local.
A Federação dos Municípios queria que o intervalo fosse entre 0,5% a 5% e isto coloca
outra questão, que se percebe com o exemplo absurdo seguinte: e se em vez de 0,5 a 5% a
Federação quisesse entre 1% a 99%, isto ainda seria permitido? Não. Em casos como esse e
talvez como o do intervalo [0.5, 5.0] será um intervalo demasiado grande. Uma derrogação ao
Principio da Tipicidade não pode ser tão violenta devendo seguir o Princípio da
Proporcionalidade, pois num cenário de [1%,99%] teríamos na prática um controlo absoluto da
Assembleia Municipal sobre o imposto violando o Princípio da Legalidade. É preciso por num
prato da balança o Princípio da Legalidade e no outro o Princípio da Autonomia Local. O mesmo

138
Página 15 dos Casos Práticos de Direito Fiscal de Sérgio Vasques 2ª edição. Vamos usar este livro nas
hipóteses práticas deste caderno.
139
Vulgo Princípio da Tipicidade
140
Primeiro vimos o primeiro problema à cerca da legalidade da remissão sobre x. Vimos que o valor x não
à à à à à à à à à à à à à à à à à
possibilidade da taxa sobre esse x poder ser ou não definida por portaria. São no fundo duas questões
diferentes: uma é acerca do valor x outra é sobre a % que se vai taxar nesse x.

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se pode dizer sobre a proposta de definir zonas degradadas onde o controlo seria quase todo
se não todo, do Município.

Grandes Expectativas

A primeira questão que devemos sempre ter presente ao resolver perguntas deste tipo é
a questão da competência. Neste caso o Governo só poderá tomar a medida que tomou no IRS
se tiver autorização da Assembleia da República, como é dito no artigo 165º nº1 i) da CRP.
Temos uma medida por parte do governo do agravamento da taxa do IRS em 2%. Para isto
acontecer temos de ter uma lei de autorização da Assembleia da República, como resulta do
artigo já referido da Constituição em conjugação com o artigo 103º nº2 que nos vem dizer até
que ponto é que esta reserva de lei abrange. Neste artigo lemos os vários elementos essenciais,
sendo que sempre que se legislar sobre um dos elementos dados terá de ser sob a forma de lei
(da Assembleia da Republica). O artigo 165º nº1 i) diz apenas criação e aqui temos uma
modificação ao IRS, contudo, é unanime tanto na jurisprudência como na doutrina que o artigo
deve ser lido de modo a interpretar-se com criação a modificação e extinção de impostos
Assumindo que houve de facto esta autorização é que passamos ao segundo ponto da questão.

Em segundo lugar temos de analisar se é constitucional ou não esta alteração. Neste caso
estamos perante uma retroactividade fraca, pois a lei vai aplicar-se ao rendimento que está a
ser angariado ainda no mesmo ano, isto porque o facto jurídico que se está a dar ainda não se
conclui. A retroactividade fraca não é permitida porque a constituição no artigo 103º nº3 ao
introduzir o Princípio da Proibição da Retroactividade não distingue entre fraca ou forte, por
isso a retroactividade de qualquer tipo está proibida. No entanto esta proibição não é absoluta,
pois como é um princípio podem haver outros princípios constitucionais que o derrogam no
caso concreto, como por exemplo o Princípio da Segurança Jurídica.
Neste caso concreto a lei aumenta, no mês de Outubro, 2% no valor que se terá de pagar
nesse ano e a justificação para isto foi o estado grave das finanças públicas nacionais que
poderá, ou não, justificar medidas também graves, o que é preciso ver é se estas medidas no caso
são proporcionais ao que se quer alcançar. Neste caso num prato da balança temos de por a
Proibição da Retroactividade e a Segurança Jurídica e no outro o Interesse Financeiro do Estado,
a Estabilidade Social e a Estabilidade Económica, vendo se estas medidas são necessárias,
adequadas e proporcionais em sentido estrito para alcançar a estabilidade económica nacional.

Além desta medida havia ainda uma outra medida sobre o IRC onde se aumentava este
imposto em mais 5% das receitas auferidas no ano anterior. Neste caso já estamos na
retroactividade forte, que como já vimos é também à partida proibida. Ao medir a
proporcionalidade das medidas não nos basta considerar se a retroactividade é forte ou fraca,
além da data em que a medida foi feita é preciso também ver o seu conteúdo, aqui podemos
dizer que além de no caso do IRS termos retroactividade fraca temos ainda que a medida de IRC
é de retroactividade fraca, além disso na primeira medida são apenas 2% e na segunda 5%,
podemos considerar que a medida do IRC é mais grave exactamente por isto. Além disto
podemos ainda considerar que o IRC é uma medida sobre pessoas colectivas e que 5% num
período de crise pode ser fatal para o negócio, mas por outro lado o IRS é sobre pessoa
singulares, vai afectar directamente as famílias e isso também pode ser tomado em consideração

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ao medir a proporcionalidade da medida. Importa é abrir as hipóteses em casos como este pois
não há uma resposta preto no branco.

E se em vez de aumentar os impostos sobre as empresas no ano passado em 5% a


medida fosse as empresas poderem deduzir o dobro das despesas que tivessem tido em
investigação no ano passado, ou seja pagavam menos, o Governo queria no fundo estimular o
avanço tecnológico por exemplo. Esta medida continuava a ser retroactiva na mesma apesar de
ser benéfica, será que por isso será inconstitucional à mesma por violação do artigo 103º nº3?

Para o Professor Sérgio Vasques não, pois a razão do 103º é proteger os contribuintes
e neste caso estamos a beneficiar os contribuintes. Logo por este 103º nº3 para o Professor
não há inconstitucionalidade.

Em quarto ponto na questão tínhamos um aumento da taxa do IVA em 5%. A lei surge
também em Outubro, há aqui algum problema de retroactividade? Não. Os factos sobre o qual o
imposto cai são factos instantâneos, ao contrário dos factos sucessivos como no IRS e no IRC, não
decorrem ao longo do tempo, isto é, consolidam-se instantaneamente. Isto faz com que
aumentar a taxa do IVA seja uma medida retrospectiva e não retroactiva, logo não coloca a
questão do 103º, mesmo que a lei que surja se aplique ao próprio ano em que surgiu.

Por último, no caso prático temos que o Decreto-Lei vem revogar uma isenção ao IMI que
os casais jovens tinham por dez anos após comprar um imóvel. Aqui não há um problema de
aplicação da lei no tempo, não há mais uma vez retroactividade, pois o Decreto-Lei só vem
versar sobre factos futuros. Contudo, este diploma vai ferir expectativas legítimas que o Estado
deu aos contribuintes com a lei anterior agora revogada. Isto viola o princípio da segurança
jurídica. Assim, esta medida não será inconstitucional pelo 103º mas pelo artigo 2º da CRP de
onde, entre outros artigos, se retira o Princípio Constitucional da Segurança Jurídica, e por
esse princípio é que poderemos defender a medida inconstitucional, pois viola legítimas
expectativas de forma grave.

O Progresso Vem de Trás

Para começar, o caso diz que é criada uma contribuição que só é contribuição de nome
pois na realidade trata-se de um imposto a somar ao IVA incidente sobre certos bens. O
legislador pode chamar as coisas das mais diversas formas, por isso o que identifica se é imposto
ou contribuição é o facto de se dizer é a somar ao )VA logo é um imposto, há que olhar ao
tributo em concreto, saber se é contrapartida de alguma coisa (em vez de pagar 23% pago
73%), é unilateral, e sendo assim está sujeito ao 165º da Constituição logo o Governo precisa
de autorização.
O primeiro passo que devemos ver sempre a questão de competência, saber qual o
órgão competente e qual criou efectivamente a contribuição, neste caso o Governo só poderá
tomar esta medida mediante autorização da Assembleia.
De seguida tratamos da aplicação da lei no tempo. A retroactividade é, como já
sabemos, proibida pelo artigo 103º da Constituição. Há retroactividade nesta medida? Não.
Apenas há retrospectividade quanto muito. Se esta contribuição que é uma sobretaxa face ao
IVA se aplica, será para o futuro. Isto porque em relação ao IVA, tendo em conta que é um tributo

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indireto aplicar-se-á nas transacções realizadas daqui em diante. Pelo que não haverá um
problema de aplicação da lei no tempo.
Em terceiro lugar releva falar da questão material de direito da medida. O imposto recai
sobre bens de luxo (carros, joias, viagens cavalos de corrida Assim por exemplo comprar
laranjadas a taxa seria de 23% mas no caso de viagens por exemplo seria de 73%. Assim as
questões que temos de levantar são se se diz que a taxa de IVA tem de ser diferenciada ou igual
para todos os bens? Quando se estabelecem a taxas elevadas para bens de luxo estou a derrogar
o princípio da igualdade? Quando estabeleço taxas agravadas para bens de luxo estou a obedecer
ao princípio de igualdade tributária ou a derrogá-lo? Capacidade contributiva: o que exige
relativamente as taxas de imposto? Que sejam iguais ou diferenciadas? Há uma divisão na
doutrina, mas hoje m dia o que se entende é que a capacidade contributiva se contenta com as
taxas iguais a 23% para todos os bens e serviços. Depois há o princípio de igualdade social que
ressalva o facto de nem todos terem o mesmo ponto de partida, tenho de distinguir ou
diferenciar tornando os impostos progressivos visando a distribuição da riqueza, entrando aqui
a ideia do controlo da proporcionalidade (adequação, necessidade e proporcionalidade s.e.). É
adequado, necessário e proporcionada esta diferenciação em prol de uma distribuição mais
justa. Assim, não há na questão material uma resposta clara dependendo das
considerações que fizermos. É no entanto de ter atenção que ao fazer a consideração sobre
isto o artigo 104º até exige que os bens de luxo sejam tributados mais pesadamente. No juízo de
proporcionalidade não posso esquecer que o próprio legislador constituinte exige a tributação
mais pesada dos bens de luxo.
Também em relação a saber o que são bens de luxo há um problema do ponto de vista do
direito material, aguns constam da lei e outros a fixar por portaria o que dá margem muito
larga e incerta para se fixarem bens de luxo, além disso, o facto de ser a fixar por portaria
também tem o problema na questão do princípio da legalidade. Ao deixar a portaria esta
definição o Governo está a querer que se regule de forma infra-legal a incidência do imposto
que é um elemento essencial conforme o artigo 103º da Constituição, desta forma não será
valida a lei ou o decreto-lei que dê este poder a um ato infra-legal.

No caso temos além desta contribuição adicionada ao )VA outra medida Uma Taxa de
IRS a aplicar com efeitos imediatos aos rendimentos acima de 100 mil euros. Também aqui vamos
ter de resolver a pergunta em três partes: 1) competência, 2) aplicação da lei no tempo 3) outras
questões materiais de direito.
Relativamente à competência temos exactamente a mesma solução que usámos para a
contribuição sendo um imposto tem de ser a Assembleia da Rep’blica a
criar/modificar/extinguir este, ou então o Governo quando este tiver autorização.
Relativamente à aplicação da lei no tempo, é dito que a taxa de 50% do IRS era
aplicada com efeitos imediatos . Como o IRS é a tributação do rendimento de uma pessoa ao
longo do ano, sendo o facto tributário de formação sucessiva, no presente caso a taxa está a ser
mudada a meio do ano. Haverá problema? Temos aqui uma situação de retroactividade fraca
porque o rendimento ainda não está completamente arreigado (a alteração foi em Março), só se
aplicará retroactivamente a Janeiro, Fevereiro e Março, sendo que tanto a retroactividade fraca
como a forte (mera distinção doutrinária) são proibidas pela Constituição no artigo 103º nº3 há
aqui uma inconstitucionalidade. Mas este princípio da proibição da retroactividade nem
sempre leva a que haja uma medida inconstitucional quando esta é retroactiva, se houver uma
razão justificativa, como por exemplo o estado grave da situação financeira do Estado ou uma
guerra, este facto prevaleceria sobre o princípio da proibição retroactividade, há princípios,
desde logo que podem prevalecer derrogando a proibição da retroactividade no caso concreto
(ex: Estar em risco de sair do Euro). Quando se faz este juízo, temos de pesar na balança se a

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lesão da expectativa e ou não adequada necessária e proporcional para o caso concreto, para
por exemplo Salvar o país Temos por isso também de atender sempre ao momento em que
surge a lei e ao conteúdo da lei. No caso, 50% de IRS acima de 100 a partir de Março é
grave? Os contribuintes no início do ano contavam com uma taxa mais baixa e de repente, a meio
do ano 50%. Se olharmos ao estado das coisas hoje em dia (2017) vemos quem tem rendimentos
nestes valores é tributado a 48% numa parte do dinheiro e a 37,6% noutra conforme o artigo
68º do Código do IRS, não parece ser uma medida muito grave e estamos perante
retroactividade fraca o que dá tempo ainda aos contribuintes de reagirem durante o resto do
ano. Assim sendo, a razão que justifique este aumento não precisa de ser assim tão forte, porque
a medida não é tão grave, mas mais uma vez aqui temos de usar o Princípio da
Proporcionalidade e não há uma resposta certa.
Finalmente temos de olhar às questões materiais de direito para além da aplicação da
lei no tempo. Neste caso o decreto-lei vinha premitir pagamento em géneros e portaria
estabeleceria o valor concreto. O artigo 40º LGT impõe que as tributações têm de ser pagas
em dinheiro. Contudo, surgindo uma lei assim, ia derrogar o art 40º pois a LGT não tem
valor reforçado. Portanto, imaginando este caso, ao remeter para portaria, tendo em conta que
este elemento não consta da incidência do imposto pois galinhas etc não são a matéria onde
incide o imposto, pode não ser considerado um elemento essencial do imposto (103º/3).141
Logo, como não é um elemento essencial do imposto pode ser remetido para portaria desde que
haja uma base na lei para tal e neste caso a base legal é o diploma emitido pelo governo.

Neste caso há ainda um IMI142 agravado em 50% casas com piscina ou campo de ténis
Quanto à competência escusa-se de se repetir o que já foi aqui dito, mas nesta medida é
Assembleia da República que cria o imposto e é a Assembleia da República que é o órgão
competente para tal nos termos do artigo 165º nº1 i) da Constituição.
Quanto à aplicação da lei no tempo não se pode dizer que neste caso haja uma medida
retroactiva. Isto porque pela forma que o IMI está construído o facto que se tributa são os
imóveis que uma determinada pessoa tenha em sua titularidade até dia 31 de Dezembro. Ou
seja, a medida pode aumentar o imposto e não é retroactiva porque se só o aumenta da sua
entrada em vigor para diante então só no dia 31 de Dezembro é que terei de pagar, não há um
facto sucessivo que esteja a decorrer pelo tempo como no IRS. Diferente seria a lei dizer )M)
agravado em sobre o património imobiliário que se possuísse em aí já teríamos uma
retroactividade.
Relativamente às restantes questões materiais de direito, temos mais uma vez de
balançar a imposição constitucional de tributar bens de luxo e da necessidade de redistribuir
requisito com o Princípio da Igualdade e da Proporcionalidade, não sendo mais uma vez a
resposta completamente clara neste caso.

Oà à à à à à à à à à à à à à à à àáà
141

administração na verdade não cobra os impostos porque o contribuinte liquida automaticamente, a


administração só cobra no caso de não pagarmos. Antes o contribuinte tinha uma posição passiva e a
administração cobrava, hoje pagamos pelo multibanco automaticamente
142
Imposto Municipal sobre o Imóvies.

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Sinais do Exterior143

É a Assembleia, por isso ela é competente artigo 165º nº1 i) do Constituição. É


aplicado ao ano em curso, logo estamos perante um caso de retroactividade fraca pois o ano
não terminou os rendimentos não foram totalmente angariados, mas há uma coisa, este imposto
implica para todos Não pode haver retroactividade fraca se os rendimentos já foram
todos angariados, mesmo que o valor seja muito baixo. Retroactividade Forte ou fraca não tem a
ver com o valor da taxa, mas sim com o facto estar ou não consumado. Se o rendimento se aufere
de 1 Janeiro a 31 de Dezembro e se a lei sai em Março ainda é fraca, porque ainda há uma parcela
do rendimento para angariar.

E quanto à questão material de direito? para todas as empresas, está bem? Não
é proporcional porque as de menor rendimento terão uma grande repercussão, no caso das
empresas com maiores rendimentos o impacto será ínfimo. O artigo 104º nº2 impõe a
tributação das empresas segundo o rendimento real das empresas. Rendimento real quer
dizer o rendimento que resulta da actividade empresarial. Ou seja, é o lucro. Como se apura o
lucro real de uma empresa? Com base na contabilidade organizada (activo vs passivo da
empresa). No IRC e IRS o regime fundamental é de apuramento de lucro com base na
contabilidade que presumivelmente espelhará o rendimento real e o resultado da empresa. Este
é o princípio, mas no 104º nº 2 está dito fundamentalmente Pode-se aplicar tributação com
base em rendimentos presumidos fundamentalmente em casos de excepção, mas normais, e
não patológicos, em que se calculam os rendimentos com base em estimativas ou presunções.
Nomeadamente: a) Nos regimes de tributação simplificada (opcionais pois posso sempre
optar pela apuração com base na contabilidade), forma mais ligeira de tratar os contribuintes;
b) Nos métodos indirectos (ou seja, quando o contribuinte não é sincero e não colabora: casos
de evasão fiscal, quando a empresa não declara, quando vicia a declaração). Fora destes casos
terá de se tributar o valor real e não uma colecta mínima de para todos.

Depois há uma medida que através de uma tabela atribui rendimentos presumíveis a
determinados sinais de riqueza. Se por exemplo o contribuinte declara o salário mínimo, mas
tem uma casa de 1 milhão é um pouco estranho. Será que a lei não pode presumir em casos
como estes? É simples fixar uma presunção legal pois inverte-se o ónus da prova: Pela tua casa
presumo que o teu rendimento é de X, agora tu se quiseres contraria a presunção, a
administração pode servir-se de vários meios para enfrentar o contribuinte, mas é mais fácil se
houver uma presunção. Se eu tributar os particulares com base em presunções, firo a igualdade
tributária? Mesmo que o 104ºnº 2 apenas se refira a empresas, é verdade e evidente que ao
comum dos cidadãos também se aplica o princípio da capacidade contributiva e igualdade
tributária sob pena de poder tratar de forma igual casos de capacidades contributivas
diferentes e de forma diferente casos de capacidades contributivas iguais violando o artigo 13º
da Constituição.

Na lei este assunto é tratado no artigo 89º-A da LGT, que diz o que fazer nos casos de
discrepância, isto é nos casos em que o contribuinte declara rendimentos irrisórios mas depois
tem um património milionário. Nestes casos faz um certo sentido haver presunção.

Contudo não parece que o 89º-A seja como esta tabela, sendo que as presunções nesta
tabela parece ferir mais facilmente a igualdade tributária com presunções que não fazem muito
143
Esta hipótese não só contém a resolução do caso como desenvolvimentos sobre a questão da tributação de
rendimentos ilícitos

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sentido. Os bens do 89º-A fazem mais sentido porque são elementos mais objectivos que os
presentes na questão. O registo dá logo maior segurança, posso presumir com mais segurança,
são manifestações em que posso presumir com uma base mais segura. É de se notar que no
artigo 89º-A a lei presume que o contribuinte se portou mal , mas não o faz de forma
inilidível, o nº3 do artigo deixa que o contribuinte prove o contrário do que é presumido.

Quanto ainda às medidas de carácter ilícito releva o artigo 10º da LGT. Este artigo diz que não
é por um rendimento ser ilícito que vai deixar de tributado. Se um contribuinte tem um
rendimento de origem ilícita, vamos tratar deste assunto como se fosse de fonte lícita, o Direito
Fiscal vai fechar os olhos À partida, naturalmente, se um contribuinte não respeita a lei tem
práticas ilícitas também não há de respeitar a declaração do seu rendimento. Então em que
circunstâncias são normalmente tributados estes rendimentos? A tributação de rendimentos
ilícitos ocorre, via de regra, em circunstâncias em que há uma acção policial, no seguimento de
uma investigação penal. Consegue detectar-se uma situação de ilicitude face à lei penal.
Consegue detectar-se qual a fonte de rendimentos, e haverá uma tributação desses rendimentos.
Se não fosse tributado, o indivíduo ficaria numa posição de vantagem, e poderia considerar-se
que estaríamos a beneficiar aqueles que têm rendimentos ilícitos relativamente aos que têm
rendimentos lícitos. Outro cenário em que alguém que auferia rendimentos ilícitos os vai
declarar são os casos em que essa declaração possa relevar na conversão desses rendimentos
em lícitos.144

Note-se que nestes casos não se aplica o artigo 89º-A. Só se aplica-se esta norma
quando não se consegue apurar a fonte de rendimento. Caso não se consiga apurar a fonte
do rendimento, aí a Administração pode trabalhar através de métodos indirectos, com base no
artigo 89º-A, se o contribuinte tiver certas manifestações de fortuna, presumindo rendimentos e
tributando-os, não sendo aberta a questão da licitude dos mesmos. Para efeitos do Código do
IRS, por exemplo, se um contribuinte vende estupefacientes (é traficante de droga) ele é
tributado do mesmo modo que um vendedor de batatas. Aplicando a lei fiscal, deve tributar-se
do mesmo modo actos lícitos e ilícitos.

No Direito Fiscal, o objectivo é tributar qualquer tipo de rendimento,


objectivamente, sem ter em conta a fonte do rendimento, como diz a lei.145
Esta orientação está de acordo com os princípios fiscais, nomeadamente com o princípio
da capacidade contributiva: as pessoas devem contribuir na medida das suas possibilidades,
pelo que os rendimentos obtidos de forma lícita do vendedor de batatas e os rendimentos
obtidos de forma ilícita pelo assassino profissional devem ser tributados do mesmo modo, tendo
em conta a igual capacidade contributiva económica dos dois contribuintes. O que importa é a
força económica.

Estamos a ver os rendimentos ilícitos, e quanto às despesas dedutíveis quando


estás são ilícitas? As empresas e as pessoas têm gastos da mais variada natureza. O gasto é o
elemento negativo do rendimento. Imaginemos que uma empresa tem despesas ilícitas (ex:
subornos). Ora, quando se calcula o lucro tributário, para se apurar o rendimento líquido, tem de
se subtrair/deduzir os gastos. Uma despesa deste tipo deve ser dedutível no âmbito do IRS ou do
IRC? Ou não?

144
Pois mostra cooperação e boa fé dentro do possível. Claro que há rendimentos tão graves que nunca se
poderão tornar lícitos.
145
Só fará sentido a existência de taxas agravadas em sede de extrafiscalidade, com o objectivo de
desincentivar práticas ilícitas e mesmo isso é discutível porque poderá afastar algumas pessoas de declararem
os seus rendimentos e a declaração é o que administração pretende.

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De acordo com o princípio da capacidade contributiva, os gastos feitos com a


actividade devem ser dedutíveis, logo, o gasto ilícito deve também ser dedutível.
Não se deve diferenciar por uma hipótese ser de tributação vantagem para o
estado e outra de dedução vantagem para o contribuinte Não se pode pensar que o
princípio da capacidade contributiva leva a fechar os olhos quando se trata de fixar o
rendimento ou seja para tributar é indiferente que seja ilícito mas para beneficiar essa
empresa já não é. 146

Ele e o Tóbi

1. Incidência Subjectiva Neste caso a incidência subjectiva recai sobre o Ele nos
termos do artigo 13º nº1. Nada mais há acrescentar neste ponto olhando ao caso, dado que
Ele vive sozinho com Tobi e Tobi não releva para o artigo 13º em nenhum dos seus
números, em especial no nº5 que é o que poderia revelar no caso.

2. Incidência Objectiva Neste segundo ponto temos de ver em que categorias é que
recaem os rendimentos de Ele. As categorias estão previstas desde logo indicadas no artigo 1º
do CIRS estando depois previsto o seu regime em maior detalhe ao longo dos artigos seguintes.
Enquanto veterinário os rendimentos de Ele foram de 147 caiando neste caso na

Categoria B, artigo 3º nº1 b) do CIRS . Se Ele trabalhasse numa clinica veterinária já


estaríamos perante um caso de rendimentos de Categoria A. O rendimento bruto desta categoria
neste caso é então apenas de 148.

Quanto aos que recebeu do Fernando este insere-se na Categoria F, segundo o


artigo 8º nº2 d).
Ele recebeu ainda por uma bolsa de estudo Como se considerará este rendimento
para efeitos de tributação do IRS? As categorias do IRS e a inclusão dos rendimentos nas mesmas
respeitam o Princípio da Tipicidade, logo se não estiver previsto em nenhum artigo este
rendimento não será tributado, artigo 1º do CIRS. Se fosse uma entidade patronal a oferecer-lhe
a bolsa, esta estaria na Categoria A.149.
Sendo assim até aqui temos que RBB= 60 e RBF

3. Deduções Específicas Calculados os rendimentos brutos de cada categorias temos


então de passar às deduções específicas de cada um deles.
Na Categoria B onde temos 60 todos provenientes da mesma fonte de

146
Em princípio, deve fechar-se os olhos para estes dois casos, para os rendimentos e para as despesas. Mas
vamos ver que, no caso do IRS e do IRC, o legislador teve esta tentação errónea de diferenciar. No Código do
IRC vamos ver que há limitações à dedução de despesas ilícitas.
147
Nota: nas hipóteses de IRS da Colectânea de Hipóteses práticas de Sérgio Vasques 2ª edição estamos a
multiplicar todos os valores dados por 2. Neste caso no enunciado lia- à à à à à à à à à
à à à à à à à à à à à à à à
148
Daqui em diante rendimento bruto = RB.
149
O artigo 12º do CIRS por acaso fala-se em bolsas, mas em bolsas desportivas. Este artigo isenta do
pagamento do IRS certos rendimentos.

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rendimento150. Temos de olhar ao artigo 28º do CIRS que trata das deduções específicas desta
categoria. Da norma do artigo 28º retira-se que as deduções da Categoria B podem ser feitas
por regime simplificado ou por contabilidade. Neste último caso o que vai acontecer é que o
contribuinte vai deduzir ao rendimento as suas despesas (à partida e seguindo as regras do IRC
por remissão do artigo 32º do CIRS) , tendo de para o efeito, fazer a contabilidade dos seus
gastos guardando facturas etc Já no regime simplificado seguir-se-á o disposto no artigo 31º
do CIRS. O contribuinte tiver rendimentos na categoria B inferiores ou iguais a 200
poderá optar por escolher que regime de dedução quer escolher, isto é, se quer o regime
simplificado ou o regime da contabilidade organizada, sendo que na falta de declaração do
contribuinte aplica-se o regime simplificado.
Nos casos de IRS quando nada é dito assumimos que se aplica o regime simplificado.
Tendo ele obtido os 60 na Categoria B enquanto veterinário vai ter uma dedução de
coeficiente de 0,75, uma vez que, segundo o artigo 31º do IRS, estes rendimentos caem na
alínea b) estando a profissão de veterinário prevista na tabela indicada na verba 1410 da
mesma. Assim ao valor de 60 aplicámos o coeficiente de 60 000 x 0,75 = 45 A
dedução foi então de 15 dedução de Assim temo que o RBL é de 45
151

(60 000 15 000 ou mesmo é dizer 60 000 x 0,75) Ele poderia escolher entre o regime de
contabilidade organizada ou o regime simplificando, sendo que, se teria de ver qual era o regime
em que mais deduzia despesas comparando o resultado após deduzir as despesas num e no
outro coeficiente. Onde fosse deduzido o maior número seria a melhor opção.
É de notar que no regime da contabilidade organizada é possível que o rendimento
líquido152 seja de 0 pois pode haver situações em que: despesas=rendimentos brutos e
rendimento líquido= rendimento bruto-despesas. Já no regime simplificado isso nunca acontece
pois não há coeficientes de 0.
Note-se também que os coeficientes são diferentes consoante o rendimento bruto no
regime simplificado, isto justifica-se pois há atividades que tem menos despesas inerentes que
outras, por exemplo, o coeficiente dos rendimentos de propriedade intelectual são de 0,95 (o
que resultará numa menor dedução) pois entende-se que as despesas em possuir propriedade
intelectual são menores das que, por exemplo, se tem ao ser veterinário, daí que o legislador
queira tributar mais as actividades com menos despesas. A justificação para os diferentes
coeficientes é então a diferente estrutura de despesas consoante a actividade.

Na Categoria F, as deduções específicas estão previstas no artigo 41º do CIRS. Neste


artigo é dito que só se deduz aquilo que são as despesas com o imóvel, mas não são quaisquer
despesas, são apenas as despesas necessárias para obter o garantir os rendimentos que
foram apurados para a categoria F. Neste caso é dito que ele apenas gastou dinheiro em fazer um
furo na casa, e o furo nada tem a ver com o rendimento que ele recebeu do prédio sem ser o facto
de estar construído no mesmo onde foi feita a publicidade No entanto não existe este nexo de
casualidade entre a publicidade e o furo, as despesas do furo não foram necessária para que se
fizesse publicidade de onde Ele obteve rendimentos prediais. Assim, não há deduções a fazer
pois não é dito na hipótese que existam gastos necessários a garantir a obtenção de receitas
prediais neste imóvel, a dedução a fazer é 0. O RLF é (1000-0)

150
Atividade de veterinário. Mas Ele podia ter escrito um livro sobre ser veterinário. Nesse caso estaríamos
ainda na Categoria B, mas em vez de 0,75 iriamos aplicar 0,95 como coeficiente. Assim teríamos de dividir os
rendimentos dentro da categoria B. Por exemplo: Ele além dos 60 000 tinha feito 25 000 na venda dos seus
livros (por direitos de autor). O RBB é de 85 000, mas vamos aplicar 0,75 a 60 00 e 0,95 a 25 000.
151
Daqui em diante RxL = Rendimento Líquido da Categoria x.
152
Isto é: rendimento bruto deduções=rendimento líquido

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4. Englobamento Artigo 22º do CIRS. A questão que temos de fazer neste ponto é
esta: englobamos todos os rendimentos líquidos ou há excepções? A regra geral é de que
englobamos tudo. Mas depois há excepções. Desde logo temos a excepção do artigo 22º nº3
b) que remete para o artigo 72º, em especial neste caso aplica-se o artigo 72 nº1 e) que se
aplica neste casos aos RLF. Assim as excepções ao englobamento são desde logo os rendimentos
que têm a taxa liberatória do artigo 71º ou a taxa especial do artigo 72º. A lei não é clara,
mas as taxas especiais, as taxas do 72º (28%) aplicam-se ao rendimento líquido (neste caso
ao rendimento líquido da categoria F), tributando-se estes rendimentos à parte do
englobamento de são que são o )RS a pagar resultante desta categoria F neste
caso.
Repare-se que aqui o que estamos no fundo a fazer é a tributar os rendimentos prediais
com uma taxa diferente das taxas gerais153.

Há uma coisa ter em atenção nestes casos. A taxa especial do artigo 72º é, como o
nome indica, especial, não sendo liberatória, por isso não se aplica por retenção na fonte
definitiva, mas ao longo do ano o titular de rendimentos de predais pode ter sofrido retenção na
fonte por conta do imposto devido afinal, por exemplo: Eu tenho um apartamento em Lisboa e
arrendo-o, todos os meses o inquilino vai pagar-me uma renda, essa renda tem retenção na
fonte? As regras da retenção na fonte estão no código no artigo 101º onde é dito que na
Categoria F a taxa de retenção é de 25% quando haja ou deva haver obrigação do
inquilino a ter regime de contabilidade organizada154, ou seja, o inquilino cada vez que paga
uma renda retém 25%, isto não é uma retenção definitiva liberatória, mas uma retenção que vai
antecipando o meu imposto ao longo do ano.
Neste caso como Fernandes está a publicitar uma oficina, uma pessoa colectiva/
empresa, podemos partir do pressuposto que terá contabilidade organizada, por isso quando
Fernandes paga ao arrendatário Ele apenas euros pois retem x
1000-250). Assim nesta Categoria F o )RS devido por rendimentos prediais é mas Ele
ao longo do ano já teve 250 de retenção na fonte e por isso, no final do ano, só tem de
pagar (280- da Categoria F

Vamos ainda ver mais uma ou duas complicações da Categoria F antes de continuarmos a
resolver a hipótese. A primeira complicação é que além de tudo o que já foi dito até aqui o
legislador vem ainda acrescentar que o contribuinte se quiser pode obter por englobar os
rendimentos da categoria F, tal está disposto no artigo 72º nº8 do CIRS. Assim, o
contribuinte sabe que tem direito a estes 28% mas pode optar por englobar em vez de
aplicar a excepção da taxa dos 28%. Isto compensa ao contribuinte fazer quando englobando
o valor resultar numa taxa geral de IRS (artigo 68º) mais baixa que 28%.
A segunda complicação encontra-se no artigo 8º nº1 do CIRS na parte final que diz
que se podem tributar estes rendimentos na categoria B.
Assim, resumindo, nesta categoria F temos várias alternativas:

1) Nada dizer, e por isso ter a taxa especial de 28% sobre estes rendimentos e não
englobar

2) Prescindir da taxa de 28% englobando o rendimento na categoria F

153
Que se aplicam ao resultado do englobamento, o chamado rendimento colectável.
154
A retenção é na fonte, na fonte do rendimento que neste caso é um inquilino. Além disso é de notar que
quem normalmente deve ter regime de contabilidade organizada são as empresas e não os particulares.

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3) Optar por ser tributado no âmbito da categoria B

Nesta passo do englobamento vamos então neste caso ter de somar o rendimento liquido
da Categoria B com o da Categoria F, mas como vimos F neste caso está numa excepção de
englobamento, logo, a o rendimento colectável vai ser de 45

5. Abatimentos Não neste caso, artigo 56 A do CIRS.

6. Colecta Temos agora, depois de calculado o rendimento colectável no passo 4. de


calcular a colecta.
Para isso temos de ir ao artigo 68º do CIRS. Aqui vemos em primeiro lugar verifica-se
que o rendimento colectável é superior a por isso vamos ter de seguir a primeira parte
do artigo 68º nº2 e dividir a taxação em duas partes.
Na primeira vemos qual dos escalões da tabela disposta no nº1 do artigo 68º tem um
valor que caiba dentro de Neste caso é o escalão sendo que por isso vamos aplicar
uma taxa de 30,3% ao limite superior deste escalão que é 40 Temos então que 0,303 x
40 522 = 12
Na segunda parte vamos calcular o excedente, e para isso subtraímos o limite superior
do escalão que usamos ao rendimento colectável, 45 000 40 522 = 4 478, e aplicar a este
excedente a taxa da coluna A do escalão imediatamente superior155. Neste caso é de 45%. Assim
temos 0.45 x 4 478 = 2 015. Para obtermos a colecta só falta somar os dois valores obtidos,
12 278 + 2 015 = 14293. A colecta é então de

7. Deduções Gerais Temos ainda mais passos antes de entregar o dinheiro ao Estado.
À colecta temos de fazer a deduções gerais.
As mais fáceis de verificar se existem são logo as do artigo 78º - A, neste caso como é
apenas Ele sozinho não há deduções a fazer.
Ele teve despesas, mas as despesas apresentadas no problema já aqui foram faladas e
deduzidas nas deduções específicas, logo as despesas com a actividade não entram aqui nas
deduções gerais como é dito no artigo 78 B nº4.
(á ainda a renda que Ele paga ao banco Esta renda é paga em função da sua
habitação, e por isso a dedução que ele pode aproveitar à colecta é a dedução disposta no artigo
78º - E, que é uma dedução de ou seja neste caso de x temos e para o
efeito aplicar a alínea b) onde Ele vai poder deduzir até ao limite de
156 mas nos nossos
casos vamos assumir que os contratos foram feitos depois de 31 de Dezembro de 2011 e por isso
não haverá dedução aqui.

8. Apurar se houve retenções na fonte e pagamento por conta157 Só falta mais um


passo para acabar o caso prático. Ver as retenções na fonte, sabendo que o IRS devido é de 14

155
A esta taxa que vamos aplicar em segundo lugar chama-se taxa marginal, pois é aplicável aos rendimentos
marginais.
156
Se o contrato tiver sido feito até dia 31 de Dezembro de 2011 e a dedução é feita aos juros. Assim a lei
actualmente restringe fortemente as deduções de crédito hipotecário.
157
Se ao chegarmos a este passo tivéssemos um valor negativo no IRS devido o que acontecia era um
reembolso do IRS. As finanças pagariam de volta a diferença, artigo 78 nº3 , mas ter em atenção a remissão
para o nº2 do mesmo artigo, só seria deduzido o valor da retenção na fonte. Ou seja, em bom rigor se

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158. A retenção na fonte neste caso é de 25% sobre os rendimentos da actividade de ser
veterinário (60 000, RBB), como disposto no artigo 101º nº1 b) e quem retém são os clientes de
Ele, logo se eles estiverem contabilidade organizada aplica-se a taxa, caso contrário não há
retenção. Neste caso assumimos que por serem pastores de ovelhas não têm contabilidade
organizada, logo não há retenção.

Estranho caso da Vida

1º - Incidência subjetiva artigo 13º nº 2. há um agregado familiar, a regra é tributação


separada, a conjunta é opção. A maior parte dos casais declara conjuntamente, vamos aplicar
aqui tributação conjunta.

2º - Incidência objetiva (as diferentes categorias de rendimento- art. 1º do CIRS):

1º - Categoria H - 800 euros de reforma art.11º nº1 alinea a). 800 x 14= 11200

2º - Categoria A 800 euros da mulher a guardar a passagem de nível, partido do


principio que esta tem um contrato de trabalho art.2/1 alinea a). 800 x 14=11200159

3º Categoria B Por sulfatar as videiras, Sousa ganhou 2000 mil euros em uvas.

Artigo 3º nº 4 Esta norma serve determinar que não são tributados os rendimentos
que resultem da atividade agrícola até certo limite.
A razão pela qual poderíamos ter de distinguir de prestação de serviços e rendimentos
agrícolas, é que se forem rendimentos agrícolas, há um mínimo de assistência específico, o
pequeno rendimento agrícola está totalmente excluído de IRS. A outra razão é o facto de que se
for tributado, os coeficientes são diferentes.

Rendimentos agrícolas é aquele que via de regra, resulta diretamente da exploração da terra.
Se aquilo que o Sousa faz é sulfatar das videiras no quintal dos vizinhos, o professor diria que
isto é uma prestação de serviços. Por isso, art.3/1 alinea b).

Mas, Sousa recebe em uvas, e a verdade é que os rendimentos em espécie são tributáveis.
Tenho de quantificar o rendimento, e, para tal, recorre-se ao artigo 24ºdo CIRS, uma norma de
quantificação que apresenta vários critérios de aplicação sucessiva, sendo o ultimo critério valor
de mercado, só aplicamos depois de falharem os outros todos. Portanto, Sousa tem rendimentos
da categoria B em espécie, no valor de 2000 euros. Aqui é o próprio contribuinte que vai ter de
declarar, e o mais provável é que se recebe em uva nunca vai declarar.

chegássemos a este passo com um valor negativo (7.) , não haveria direito de reembolso, teríamos 0 e não x
(um valor negativo), neste passo (8.) é que ao deduzir as retenções na fonte ( nº2 do artigo 78) é que
podemos ter um valor x que dá direito ao reembolso desse x. (da diferença)
158
Ver passos até agora
159
Multiplicámos por 14 por causa do subsídio de férias e de natal que contam como se houvessem dois meses
extra

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4º Categoria que aqui temos é a F, norma de incidência é o artigo 8º nº4. Os


rendimentos desta categoria são os de exploração de coisas imoveis. Arrendou a roulotte a um
estudante por 1000 euros por mês. A roulotte é uma coisa móvel, mas tal como diz o artigo que
referi, se estiver assente no solo durante um período superior a 12 meses, os rendimentos que
gere passam a ser rendimentos prediais. E se apenas tivesse 6 meses parada? Nesse caso,
passaria a ser categoria B. 1000 x 12 = 12000 de RBB.

5º - Categoria E artigo 5º nº 2 alínea b) Do dinheiro que tinham posto no banco, os


juros davam 2000 euros. Rendimento bruto desta categoria é 2000 euros.

3º - Deduções específicas:

1º - Categoria A Artigo 25º nº 1 alínea a) - Nesta categoria a dedução especifica é um


valor fixo 4104. 11200 4104 = 7096 de Rendimento liquido

2º - Categoria B Artigo 28º nº2 que determina que ficam abrangidos pelo regime
simplificado os sujeitos passivos que, no exercício da sua actividade, não tenham ultrapassado os
200 mil euros. Como é que se aplica o regime simplificado? Artigo 31º.

O coeficiente de 0,75 aplica-se às pessoas que se encontram na lista aprovada por


portaria a que se refere o artigo 151º - remissão pelo artigo 31º nº1 alínea b). A ultima verba
desta lista (verba 15) diz outras prestações de serviços, podíamos pensar que todas as outras
cabem na lista e têm 0,75%. Mas não é assim, pois o artigo 31º nº1 alínea b) diz nas actividades
especificamente previstas na lista, como tal, essa verba residual não se aplica para estes efeitos.
Como tal, volto ao art.31º para procurar o coeficiente
Alinea a) não me serve. A b) só quando está na lista. A alínea c) é o coeficiente residual as
prestações de serviço 0,35%. Quando não cai na lista, cai nestes 0.35%. Assim, 0,35 x 2000 =
700

3º - Categoria E Não há dedução específica, é um rendimento passivo. O rendimento


bruto vai ser igual ao liquido

4º - Categoria F Deduções vêm previstas no artigo 41º, e é preciso deduzir as


despesas que se teve para obter ou garantir tais rendimentos. Neste caso é nos dito na hipótese
que são gastos 1500 euros para tapar o tecto e 500 euros para tapar as frinchas isto dá 2 mil
euros. Podem deduzir estes 2 mil euros, desde que comprovem documentalmente a despesa.
12000 2000=10 mil de rendimento liquido

5º - Categoria H Artigo 53º nº 2º, que determina que aos rendimentos brutos desta
categoria também se vai deduzir 4104 euros. O nº1 Aplica-se quando o valor anual da pensão é
igual ou inferior a 4104, e aí deduzimos a totalidade por cada titular que os tenha auferido.
Portanto, se o contribuinte tiver 3000 euros de pensão, a dedução de 3 mil é dito até à
concorrência é para não ter n’meros negativos 4104 = 7096 de Rendimento liquido

4. Englobamento (art. 22º do CIRS) - Englobamos todos os rendimentos líquidos ou há


excepções? Existem excepções, nomeadamente o art.71º quando às taxas liberatórias e o 72º
quanto às taxas especiais. As taxas liberatórias, libera nos de declarar. Esta taxa é aplicada por
terceira entidade, por retenção na fonte, e eu fico liberado de declarar. Nas taxas especiais,
temos de declarar no final do ano o que é tributado à parte.
Há algum dos rendimentos que vimos que tenha taxa especial ou liberatória?

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1º - Rendimentos com taxa liberatória são os da categoria E neste caso art.71º nº1
alínea a)
As taxas liberatórias aplicam-se aos concretos rendimentos previstos no artigo71º.
Neste artigo temos rendimentos de capitais e em rendimentos auferidos por não residentes, e aí
pode ser rendimento de várias categorias porque o titular do rendimento está fora do país.
Portanto, a única forma que tenho de o tributar é a entidade que está cá e lhe paga, retém na
fonte. Taxa de 28% - Quem a aplica é que retém, ou seja, o banco. O banco quando paga os 2000
de juros retem 28%. 2000 x 0,28 = 560.
Esta taxa aplica-se sobre os rendimentos brutos. Quando a entidade que nos paga
rendimentos retém na fonte e aplica uma taxa liberatória, essa taxa não sabe que despesas vou
ter necessárias para a angariação de rendimentos. Portanto, a única hipótese na retenção na
fonte é aplicar valores brutos.

2º Rendimentos com taxa especial neste caso são os da categoria F artigo 72º nº1
alínea e). Taxa de 28%. O artigo72º não refere mas est taxa é aplicada sobre o rendimento
liquído que resulta do artigo 41º que prevê deduções específicas.

Portanto, esta taxa é sobre rendimento liquíquido, 10000 x 0,28 = 2800 euros

A lei prevê a opção de englobar quanto aos juros e às rendas? Artigo 71º nº 6º, Sim
neste artigo prevê quanto aos juros. Artigo 72º nº8 Também prevê a opção de englobamento.

Em ambos os casos temos opção e é isso que vamos fazer aqui, englobar.
No caso dos juros o banco aplicou a retenção na fonte dos 560, mas chegando ao final do
ano põem os 2 mil dentro do bolo do rendimento líquido global. Aos rendimentos da categoria F,
não se aplica a taxa de especial de 28% e por isso no final do ano vou ter de pôr o rendimento da
categoria F liquido dentro do bolo, tiramos, portanto, a taxa de 28% da categoria F.
Tiramos da categoria F porque essa taxa não se aplica por retenção, mas a dos juros
aplica-se por retenção na fonte, o banco está obrigado sempre a reter.
Se tenho rendimentos de capitais e sofro retenção na fonte liberatória de 28%, se chegar
ao final do ano e optar por englobar, os 560 que ficaram no banco.

Quando tenho um rendimento que tem taxa liberatória e opto por englobar há 2
operações que fazemos:

1º - Somo o rendimento ao rendimento líquido global. Ponho os 2 mil dentro do


bolo.
2º - Subtraio à colecta a retenção na fonte que já foi feita, é a forma de devolver ao
contribuinte os 560. O contribuinte se não quer ser tributado por taxas liberatórias, e
quer as taxas gerais de IRS é isto que acontece. O banco tem sempre de reter com taxa
liberatória porque não pode saber quando paga os juros se o contribuinte vai optar por
englobar ou não.

Portanto cumprindo o 1º passo tudo somado dá 26892, que é o rendimento global


liquido. Que é diferente do rendimento colectável, pois no meio desses 2 rendimentos temos os
abatimentos.

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5. Abatimentos Só temos o 1 abatimento o art.56 A do CIRS que não se aplica neste caso. O
rendimento colectável neste caso é igual ao global liquido

6. Colecta: aplicar as taxas ao rendimento colectável (art.68º do CIRS)

Aqui não nos podemos esquecer que temos 2 sujeitos passivos, casados que estão a
declarar conjuntamente logo temo de fazer o Splitting antes de aplicar as taxas
Artigo 69ºnº1 Temos de dividir o rendimento por dois. São casados e estão a declarar
conjuntamente, então pegamos nos 26892/2 = 13446

Art.68º - Isto divide-se em 2 partes:

1º parte 7091, à qual aplicamos a taxa de 14,5 da coluna B isto dá 1028,19

2º Parte Calculamos o excedente que é os 13446 7091= 6355. E a este valor


aplicamos a taxa do escalão superior 28,5% - 6355 x 0,285 = 1811,17

Tudo junto dá 2839,36 e agora de acordo com o art.68º vamos ter de multiplicar por dois
para desfazer o Splitting

2839,36 x 2 = 5678,72 Isto é a colecta

7. Deduções gerais à colecta Art. 78º Art.78/1 alínea c) despesas de 1000 euros
na farmácia, comparticipado só pela metade. Se os contribuintes fazem despesas que são
comparticipadas só em 50%, eles deduzem os 1000 ou 500? Os 500.

Art.78º - C nº1 500 x 0,15% = 75. Pegamos nestes 75 e não fura o limite dos 1000
euros. Para deduzir estes 75 é necessário que estejam preenchidos os requisitos destas alíneas
do 78-C, e se estiverem vou deduzir estes 75 euros pelo Art.78/1 alinea c).

Podemos dizer que partimos do princípio que foram guardadas todas as facturas e
usamos a dedução dos 250 euros do 78-B.

5678,72 75 = 5603,72 Isto é o imposto devido, IRS devido. Mas, não é isto que vao
ter de pagar no final do ano ainda falta ver as retenções e os pagamentos por conta.

8. Apurar se houve retenções na fonte e pagamento por conta Vimos que tinham 5
categorias de rendimento. 1º - O salário de Dozinda a guardar a passagem de nível Isto é
categoria A, art.99º em principio tem retenção. Qual é o valor da retenção? Temos de ir às
tabelas.
Tabela III Trabalho dependente, casado dois titulares como não há dependentes a
taxa é de 8,5 800 x 0,085 = 68 todos os meses retidos pela entidade patronal 14 meses por ano.
14 x 68= 952, assim temso de subtrair aos 5603,72 estes 952, 5603,72 952 = 4651,72.

Para se aplicar a tabela III é necessário que um e outro sejam titulares de rendimentos
englobáveis, e de facto são. Ela da categoria A e ele da categoria H. Quer dizer, para efeitos das
tabelas os dois titulares refere-se a duas pessoas que obtenham rendimentos englobáveis.

Na Categoria B, artigo 101º nº1,para haver retenção na fonte, é preciso que os vizinhos
de Sousa tenham contabilidade organizada. São os clientes que têm de ter contabilidade

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organizada. Presume-se que não tenham contabilidade organizada. Logo, não há retenção.
Se houvesse retenção, quanto é que era? Não se aplica os 25% porque não está na lista,
logo vai ser 11,5%. Contudo, mesmo assim não se pode aplicar a retenção na fonte nos
rendimentos em espécie (uva, neste caso). Ele não pode guardar 11,5% da uva e entregar ao
Estado. Assim nunca haveria retenção na fonte pela Categoria B nesta hipótese.

Categoria H, ver artigo 99º- D, aplicar Tabela VII (2 titulares) 800 x 6%= 48 euros x 14=
672

Categoria E: Neste caso, tínhamos optado por englobar. Então, o que acontece? Art. 71º
nº1 a) x . Trata-se de uma retenção por taxa liberatória, que em princípio
era definitiva porque o contribuinte optou por englobar, nos termos do art. 71ºnº6 e nº7.

Categoria F: artigo 101º nº1 e) 120 x mas isto vai depender se o


estudante tinha contabilidade organizada ou não assumimos que não, mas caso tivesse, esta
seria a resolução). Por isso, não há retenção.

Resultado final: 5603,72- (952+ 560 + 672)= 3419,72 euros

Serpente do Cazaquistão

1. Incidência subjetiva: artigo 13º CIRS

O sujeito passivo é um casal, os seus cinco filhos e dois sobrinhos a seu cargo, vamos
assumir por isso a tributação conjunta. Quanto ao agregado familiar: artigo 13º nº4 a), os filhos
e sobrinhos são dependente à luz do artigo 13º nº5 b), temos assim 7 dependentes160

2. Incidência territorial: Art. 15º e art. 16º

3. Incidência objectiva

Temos pelo trabalho como encantador categoria B, pelo artigo 3º nº1 b)


(prestador de serviços), depois x pelo trabalho como serpentologista na
clínica veterinária que é rendimento da categoria A pela norma do artigo 2º nº1 a)
pelos juros, categoria E artigo 5º nº2 b)

4. Deduções específicas

Na Categoria A temos a dedução do artigo 25º nº1 a), 56 000 assim


este valor corresponde ao RLA161.

160
Se tiver sido decretada judicialmente a tutela quanto aos sobrinhos, estamos a assumir que foi.

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Na Categoria B: artigo 28º nº2 que remete para o artigo 31º. O Rendimento não
ultrapassa os logo aplica-se o regime simplificado. Temos de ir à tabela que o artigo
151º refere, a profissão em causa está na verba 2015, logo o coeficiente a aplicar é de 0.75
0,75 x 80 00 que é o RLB

Quanto à Categoria E não há deduções específicas nesta categoria ficamos com


de RLE.

5. Englobamento

A regra geral é englobar tudo, como consta do artigo 22º, no entanto neste caso temos a
excepção do artigo 22º nº3. Temos que ir ao artigo 71º nº1 a) e aplicar a taxa liberatória de
28%. Quem aplica esta taxa de é o Banco não esquecer isso x assim o
banco reteve e entregou ao Estado

O contribuinte tem a opção de englobar ou não. Se não englobar, o englobamento vai ser
51896 + 60 000 = (rendimento global líquido). É como se os 2800 euros
desaparecessem no fundo vão ser taxados autonomamente não englobamos a categoria E pois
a taxa de IRS já foi aplicada pelo banco e foi de 28%.
Se optars por englobar tudo no entanto, o englobamento será feito pela soma: 60 000 +
51 896 + 10000 = (rendimento global líquido). Depois, posteriormente, subtraímos
no passo das retenções na fonte os 2800 euros, pois estes 2800 euros já foram pagos ao estado
ao longo do ano.

6. Abatimentos

Neste caso, não há abatimentos a fazer, assim o rendimento global líquido = rendimento
colectável

7. Aplicar as taxas gerais do IRS

Artigo 69º coeficiente familiar temos de aplicar o splitting pois estamos em tributação
conjunta . 111 896/2 = 55948. O splitting aplica-se antes de aplicarmos as taxas gerais de IRS e
desfaz-se após a aplicação destas.

Artigo 68º, temos um valor de rendimento colectável superior a logo: dividimos


em duas partes: Qual o maior dos escalões que cabe inteiro dentro de 55948? O escalão que vai
20261 até 40522 Assim:

1ª Parte: 40522 x 30,300% = 12 278,166

2ª Parte: Calcular o excedente: 55948 40522 = 15426

15426 x 45% = 6941,7

Somamos as duas parcelas: 12278,166 + 6941,7 = 19 219,866 Art. 69º: Desfazemos o


splitting 219, 866 x 2= 38 439,73 (colecta do imposto)

161
Rendiemnto Liquído da Categoria A.

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8. Deduções à coleta

Temos o artigo 78º-A, nº1, a): 600 euros por cada dependente, 7 x 600= 4200 euros. O
artigo 78º-B: Não deveríamos pôr o 78º-B (despesas gerais familiares)? Se pedissem facturas
com número de contribuinte e fossem somando, somando, poderiam ir buscar 250 euros, por
cada sujeito passivo. Podiam ir até ao limite dos 500 euros. Isto não resulta do caso prático, isto
pode ser uma coisa que podemos ter para qualquer contribuinte, por isso podemos assumir que
acontece ou não ao resolvermos o caso. Artigo 78º-C: 20 000 euros com despesas médicas (art.
78º/1, alínea c) 20 000 x 15%=3000 euros (mas o artigo diz com limite global de 1000 euros),
limite máximo é 1000, por isso só descontamos 1000 euros
Quanto aos para substituir as serpentes e os para as flautas estes
montantes em despesas já se consideraram nas deduções específicas das respectivas categorias
de rendimento, logo já foram deduzidos em teoria e não vão relevar aqui. Estes 1000 euros e
2500 euros são despesas feitas com a actividade dele. É um gasto associado à actividade, pelo
que nunca é dedução à colecta, é dedução específica. Como ele está no regime simplificado, é
irrelevante. Portanto, ou ele está na contabilidade organizada e pode deduzir isso, ou então está
no regime simplificado e a despesa concreta é irrelevante. Neste caso é irrelevante, estas
despesas já foram consideradas no coeficiente de 0,75 pelo legislador.
Quanto aos no seguro de vida não se deduzem porque não há norma de
incidência. Não cabe no art. 78º-C, não é considerada uma despesa de saúde.

Vamos apurar o IRS devido:

38 439, 73- (4200 + 500+ 1000)= 32739,73 euros

9. Retenção na fonte

Categoria A: Tabela III- Um tem rendimentos na categoria A, o outro tem rendimentos na


categoria B. São ambos englobáveis, pelo que aplicamos a Tabela III (dois titulares de
rendimentos)162. 4000 x 0,268= 1073 x 14=15008,00 euros. 1073 é o que dá de retenção por
mês, depois temos de multiplicar por 14 para nos dar o valor anual da retenção verificando
assim o total da retenção.

Retenções na Categoria B temos o encantador de serpentes está na lista do art. 151º


(verba 2015). Se está na lista, a retenção vai ser de 25%, dependendo de uma condição: haver
contabilidade organizada da parte dos clientes. Neste caso prático o Palácio de Belém era o
cliente, podemos pressupor que sim. 80 000 x 25% = 20 000 (artistas)-151º

Quanto à Categoria E se tivermos optado por não englobar os juros, não há nada a fazer
aqui. As retenções referidas supra são as únicas que temos.
Se tivermos englobado os juros, também se calculava aqui a Categoria E:

10000 x art n a tinham ficado retidos pelo banco, logo


também subtraímos aqui esse valor ao IRS devido.

Assim: 32739,73 15008,00 20 000 = -2268, 27 euros

Aplica- à à à à à à à à à à à à à àN à
162

caso tinham (categoria A e categoria B).

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Como o IRS a pagar resultou em valor negativo o Estado vai ter de reembolsar 2268,27
euros ao casal.

Deixando aqui uma nota final quanto à resolução desta hipótese que se prende com a
opção de englobar ou não os rendimentos da Categoria E:
Englobar é pegar no rendimento e pôr dentro do bolo. E, em consequência disso, aplicar
as taxas gerais do imposto previstas no artigo 68º e possivelmente aplicar a taxa de
solidariedade do artigo 68º-A.
No caso, se não englobam, têm uma taxa de 28% e não se aplicam essas taxas gerais de
IRS do 68º. Se optarem por englobar, aplicam-se as taxas do artigo 68º. Temos de ver qual a taxa
marginal. Têm uma taxa na margem de 45%. Logo, a vantagem é ter uma taxa mais baixa. Para
ver se é melhor um sujito passivo englobar ou não comparamos a taxa liberatória ou especial
com as taxas gerais do imposto (art. 68 e 68-A) que resultam do englobamento, pois só vale a
pena englobar se tiver rendimentos que, na margem, sejam tributados abaixo dos 28%, ou seja,
se se conseguir buscar uma taxa geral de imposto abaixo dos 28%. Neste caso, eles fizeram bem
em optar por não englobar.

Mãezinha Riquita

1. Incidência subjetiva

O Sujeito passivo é a Mãezinha Riquita, uma vez que reside em Portugal e obtém os seus
rendimentos aqui. Temos 1 sujeito passivo e 6 dependentes, artigo 13 nº5 a), e 13º/4/c). O
Agregado familiar é composto pela mãe solteira ou viúva e respectivos seis dependentes.
São dependentes os que tenham menos de 25 anos e aufiram anualmente rendimentos
superiores ao valor da retribuição mínima mensal garantia, artigo 13º/5, alínea b, logo neste
caso vamos excluir o filho mais velho, que trabalha no escritório do Tio. Apesar de ter 23 anos,
presumimos que aufere rendimentos superiores ao valor da retribuição

2. Incidência territorial

artigo 15º e artigo 16º do CIRS

3. Incidência objetiva

da pensão do falecido marido categoria H: art. 11º nº1 a) 4000 x 14 = 56

das encomendas categoria B: art. 3º nº1 b).Porque é que se trata de uma


prestação de serviços? Porque é que não se trata de rendimento comercial ou industrial? Ela está
a vender rissóis (rendimento comercial), está a fabricar rissóis (rendimento industrial) ou está a

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prestar serviços de confecção de rissóis (prestação de serviços)? A Mãezinha Riquita apenas


cozinha, os ingredientes são levados pelos clientes. Qual é a diferença em qualificar isto
como uma actividade industrial ou como uma mera prestação de serviços?

1) Vai ter implicações a nível das deduções específicas.

2) Art. 31º- os coeficientes aplicados vão ser diferentes

3) Actividade comercial- alínea a)-0,15

4) Actividade industrial-alínea a)-0,15

5) Prestação de serviços- Uma vez que não está na lista do art. 151º, não se aplica a
alínea b)-0,75. Aplica-se a alínea c)-0,35.

6) 20 000 x 0,35= 7000 euros

Portanto, para distinguirmos, temos de saber se ela faz a compra dos próprios
ingredientes ou se essa compra é feita por terceiros. Ou seja, se ela compra a própria matéria-
prima, fabrica rissóis e vende, trata-se de uma actividade industrial (aplica-se o coeficiente dos
0,15), Ou, então, se ela fosse comprar os rissóis para revender, tratava-se de actividade
comercial. Neste caso concreto, ela entra só com o saber-fazer. As vizinhas trazem tudo e
ela, no fundo, presta um serviço. Mesmo no art. 4º, não há uma definição de actividade
industrial, no fundo o que conta aqui para distinguir é a intenção que está por detrás da
actividade.

4. Deduções específicas:

Na Categoria H aplicamos as deduções do artigo 53º, logo 56 000 - 4104 = 51 896

Na Categoria B temos o artigo 28º, presume-se regime simplificado, artigo 31º nº1 c),
logo, 20 000 x 0,35 = 7000

5. Englobamento:

Nesta hipótese englobamos tudo. Não existem excepções. 51 896 + 7000 = 58 896

6. Abatimentos

Não há abatimentos neste caso. Assim temos que 58 896 é o rendimento colectável

7. Aplicar taxas gerais

58 896 é superior a 7091, assim divide-se a aplicação de taxas em 2 partes: Qual o maior
dos escalões que cabe inteiro em 58 896? O escalão que vai de 20261 até 40522

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1ª parte:

40522 x 30,300%= 12 278, 17

2ª parte:

Excedente: 58 896 40522= 18 374

18 374 x 45% (taxa marginal) = 8268,3

12 278,17 + 8268,3 = 20 546,47

8. Deduções à colecta

Dependentes: art. 78º/1, a): art. 78º-A x no colégio despesas com


educação): art. 78º/1, d): art. 78º-D

x limite máximo- 800 euros)

no curativo despesas com sa’de art c art -C

Despesas gerais familiares (250 euros): art. 78º-B

O forno inclui-se nestas despesas. Art. 78º, nº1, b)

x só se considera o limite máximo-

20 546,466 (800 + 225 + 3600 + 250=4875) = 15

9. Retenções na fonte:

Categoria B: art. 101º nº1 c). Exige contabilidade organizada (vamos supor que as
clientes não têm contabilidade organizada). (20 0 x se tivessem c organizada
Categoria H: art. 99º-D. Tabela Não casado único titular, até 4157,00 euros mensais
logo taxa de 33,5%. x x

15671,466 (18760) = -3088,534 euros

Imposto devido: - ou seja, o Estado deve reembolsar o contribuinte.

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Sempre a abrir

1. Incidência subjectiva

Só temos um sujeito passivo, não há dependentes. Artigo 13º do CIRS reside em


Portugal e obtém rendimentos em território português.

2. Incidência Territorial

artigo 15º e artigo 16º do CIRS

3. Incidência objectiva

Temos aqui rendimentos da Categoria A, 2 rendimentos nesta categoria aliás. Os 800


euros por mês por trabalhar na pizzaria, artigo 2º nº1 a) e o prémio que recebeu como
estafeta, Artigo 2º nº 2. Neste nº2 temos tudo aquilo que é atribuído pela entidade patronal.
Art.2/3 alínea g).

800 x 14=11200.

11200 + 3000 = 14200.

Depois temos rendimentos da Categoria E, os juros, pelo artigo 5 nº2 a) - 300 euros

O blusão custou-lhe 200 e vendeu a 1000 Ao efetuar esta venda, estamos perante um
acto comercial isolado ou uma mais-valia
Uma vez que o blusão foi comprado para si e aconteceu vender temos uma mais-valia
Estas mais-valias vêm reguladas no artigo 10º, no entanto, não verificamos nenhuma norma de
incidência para as mais-valias resultantes da alienação de bens moveis. Não temos nenhum
rendimento da categoria G, temos uma mais-valia não tributada.
Como distinguir um acto comercial isolado de uma mais valia?

1º hipótese O tó compra o blusão para ele proprio, chega à conclusão que não gosta e
vende ao Joca

2º hipótese O tó sabia que o Joca andava há muito tempo à procura de um blusão verde,
então comprou um sabendo que ia vender ao Joca.

Na 1º hipótese teríamos uma mais-valia, ao passo que no segundo caso temos um acto
comercial isolado. Portanto, num acto comercial temos sempre o elemento da intenção de
vender, é feita uma compra com fim de vender essa compra. Este tipo de acto pode dar
avanço a uma actividade continuada. Ao passo que numa mais-valia não, comprei para mim e
fortuitamente surgiu a oportunidade de fazer um bom negocio.

4. Deduções especificas:

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As deduções aos rendimentos da categoria A temos o artigo 25º nº1 a)14200 4104=
10096. Na Categoria E não há deduções especificas, logo os 300 euros são o RLE.

5. Englobamento

22º nº3 temos 2 excepções, artigo 71 e 72. Art.71/1 alínea a). Assim 300 x 0,28 =
84. Há retenção na fonte de 84 euros. Se o Tó nada fizer nem tem de declarar estes juros. Mas
tem a opção de englobar e nesse caso temos de fazer de somar o rendimento da categoria E ao
englobamento, e ficaríamos com o seguinte rendimento colectável: 100966+300=10396 e
depois nas retenções teriamos de subtrair esse valor de 300 euros ao IRS a pagar depois de
aplicarmos as taxas gerais de IRS e os abatimentos.

6. Abatimentos

Neste caso não temos abatimentos.

7. Rendimento colectável

Temos de aplicar as taxas do artigo 68º. Temos de dividir em 2 partes, pois é superior a
7091:

1º parte 7091 x 14,5 = 1028.19

2º parte 10396 7091 = 3305. 3305 x 28,5=941,93

1028,20 + 941,93 = 1970,12

O valor da colecta é de 1970,12.

8. Deduções à colecta

Artigo 78º B se ele pedir factura atras de factura vai ter direito aos 250 euros.
Art.78º-C, temos as despesas médicas de 500 euros do dentista e 240 do seguro de saúde, logo
740. Ambas são despesas que cabem no 78-C, sendo a dedução de 0,15. 0,15 x 740=111 o
limite é 1000 por isso pode deduzir os 111
Art.78º-D nº1 a), podemos deduzir os 500 euros do curso de inglês. 0.3 x 500=150. 150
não fura também o limite de 800 euros.

Assim, 1970,12 (250+111+150)= 1459,12 é o valor do Imposto devido

9º Retenções na fonte163

163
99-C nº5 - que nos diz que para efeitos de retenção na fonte, o subsídio de férias são tratados de forma
autónoma, isto é, são tratados como meses fictícios, portanto, não se cumulam à remuneração base no mês
em que são pagos ao trabalhador.

Baixado por Afonso Pedro (afonsopedro2010@live.com.pt)


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Na Categoria A usa-se o artigo 99º, temos de ir às tabelas. Aqui temos de ter em conta
que ele recebia mensalmente 800 euros, mas também recebeu um prémio. Como é que fazemos
a retenção na fonte? De acordo com o 99º todos os rendimentos da categoria A estão sujeitos
a retenção na fonte, essa é feita pelas empresas mês a mês. Aqui temos 13 meses em que
recebe 800 euros e 1 mês em que recebe 3800. Portanto, ao aplicar a Tabela I 800 x
0,085=68 x 13=884; 3800 x 0,307= 1166,6

Na Categoria E já tínhamos visto antes que houve retenção de 84 euros. Optando por
englobar os juros,agora devolvemos a retenção da taxa liberatória ao contribuinte, ou seja, ao
imposto devido subtraímos 84.

Nota quanto a recibos verdes: se os recebo, não tenho subsídio de férias e natal, ou seja,
estamos a falar apenas de 12 meses. Podem até não ser 12, porque se tenho recibos verdes sou
prestador de serviços, e esses recebem quando recebem. Recibos verdes não regularidade à
partida. Nos casos práticos que vamos resolver, se for salário multiplicamos por 14, se for um
caso de recibos verdes o que nos vai ser dado é um valor global do que fez durante o ano.

Barata Assassina

1.Incidência subjectiva

Neste caso temos Quim Manel e Maria Joaquina: artigo 13º nº1, temos dois sujeitos
passivos, pois os dois têm a direcção do agregado. Mesmo que não aufira rendimentos, não deixa
de ser sujeito passivo. Temos três dependentes (filhos): artigo 13º nº5.

2.Incidência territorial:

Art. 15º + Art. 16º. Rendimentos que provêm do exterior, sujeitos a IRS, nos termos do art. 15º
(âmbito de sujeição).

3. Incidência objetiva

mensais como desbaratização: categoria A artigo 2º nº1 a), logo 1000 x 14 =


14000 euros.

dos desenhos categoria B artigo 3º nº1 b) (prestação de serviços).

da escultura das sebes do Louvre categoria B art. 3º nº1 b)- não trabalha sob
a direcção e autoridade de outrem

(20000- em ações categoria G art. 10º nº1 b)-Mais-valias de partes


sociais

4000 euros com cheque-livre: Será um acréscimo patrimonial não justificado (art. 9º/1,
d)? Não. Assim, não é tributável pois não há norma de incidência que se possa aplicar.

Baixado por Afonso Pedro (afonsopedro2010@live.com.pt)


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E se for o Euromilhões? É tributado através do imposto de selo. Não há categoria de


incidência no IRS. O mesmo acontece com os jogos de fortuna e azar (casinos).

4. Deduções específicas:

Categoria A: art. 25º nº1 a), 14000

Categoria B: artigo 28º. Regime simplificado: artigo 31º. Escultor está na tabela do art.
151º( verba 2012). 20000 + 40 000= 60 x

Categoria G: artigo 43º temos Mais-valias de partes sociais, não temos nenhum gasto
relacionado com a operação logo valor de realização valor de aquisição. 20 000 10 000 = 10

5. Englobamento

Regra geral, englobamos tudo: Excepção: Taxa especial (artigo 72º nº1 c)): 10 000 x
28% =2800 euros. Art. 72º/8- Pode optar por englobar ou não. Optamos por não englobar: 9896
ou optamos por englobar tudo: 9896 + 45 000 + 10 000= 64 896 euros

6. Abatimentos

Artigo 56º (neste caso não temos nenhum abatimento)

7. Rendimento coletável

Aplica-se o artigo 69º: 64 896/2 = 32 448 (splitting), depois artigo 68º Uma vez que é
superior a 7091, divide-se em duas partes:

1ª Parte: Qual o maior escalão que cabe inteiro em 27448? De 7091 a 20 261

20261 x 23,600% (taxa média)= 4781, 596

2ª Parte: Excedente: 32448-20261=12187

12187 x 37%= 4509,19

4781,596 + 4509,19= 9290,78 x 2= 18581, 56 (colecta)164

8. Deduções à coleta

Despesas com os dependentes: artigo 78º-A x Despesas gerais


familiares- artigo 78º-B (250 x 2= 500 euros).

164
Note-se que não compensou englobar. A taxa marginal (37%) é superior a 28%.

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Despesa do smoking não cabe no 78º-F nem pode caber no 78º-B, por estar no regime
simplificado, pelo que está inserido no coeficiente, por ser uma despesa relacionada com a
actividade).
em tratamentos hospitalares: artigo 78º-C, x limite global de
1000 euros-não fura o limite)
Artigo 78º-D: Despesas com educação e formação: 2000 euros (limite global de 800
euros)- 800 euros. Como tem a ver com a actividade, não se deduz, uma vez que ele está no
regime simplificado.

18581,56

9.Retenção na fonte

Categoria A: artigo 99º, aplica-se a fTabela II, trabalho dependente, casado único titular
com 3 dependentes. A, B e H são categorias englobáveis. E, F e G não são categorias englobáveis.
Assim, não tendo dois titulares de rendimentos englobáveis, temos apenas um titular e aplica-se
a tabela II. 1000 euros mensais x 1,3%= 13 euros x 14=182

Categoria B: artigo 101º, vizinhos não têm contabilidade organizada ou seja


não há retenção na fonte). Artigo 101ºnº1. a fonte não é residente ou seja não há
retenção na fonte)

Categoria G: Não há retenção na fonte quanto a estas mais-valia, uma vez que não há
norma de incidência

15381,56- 182= 15199,56 euros- imposto devido

Correcção do Teste por Sérgio Vasques

1. Responda de forma sucinta e direta às seguintes questões (2,5 valores cada)

a) Qual a diferença entre uma taxa e um preço?

b) O governo pode hoje por decreto-lei subir as taxas de IRS em 2% com efeitos a
partir de 1 de janeiro de 2017?

Tópicos de resposta:

-À partida não o pode fazer.

-Explicitar diferença entre a retroactividade forte e fraca e referir a posição do Tribunal


Constitucional.

-Explicar que, no caso, estamos perante retroactividade fraca.

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-Referir o artigo 103º da CRP que impõe um princípio de proibição da


116irectamente116de da lei fiscal, mas este é um principio que não é absoluto, tem de se
fazer uma ponderação com outros princípios de igual valor.

58. Resolva o seguinte caso prático de IRS (15 valores)

Deolinda é médica cardiologista, solteira e sem filhos. No ano que passou, as consultas no
seu consultório renderam-lhe que acrescem ao salário mensal de no
Hospital de Santa Luzia onde trabalha como 116irectame do serviço de Cardiologia. Vendeu
no OLX por 20 todos os manuais que tinha guardado do seu curso de Medicina Usou esse
dinheiro para comprar um frigorífico novo para o pequeno apartamento que arrenda a um
casal de jornalistas em Alfama por por mês Já se tornou amiga do casal que lhe
paga a renda sempre a horas, e foi através deles que foi convidada para fazer comentários
sobre saúde no programa de TV As Manhãs da Cristina pelos quais cobrou este
ano.

1. Incidência subjetiva:

1 sujeito passivo, 0 dependentes.

2. Incidência Objetiva:

Rendimentos brutos:

Categoria A, artigo 2º nº1 alínea a) 4.000x14 =

Categoria B: artigo 3º nº b art n al b =

Categoria F:

Os Livros são um rendimento não tributado porque são uma mais-valia móvel e não existe
norma de incidência.

3. Deduções específicas:

Rendimentos Líquidos:

Categoria A: 56.000- , artigo 25nº1 a)

Categoria B x x (artigo 31º nº1 al. B) + al.c) )

4. Englobamento:

Temos de referir primeiro o regime regra do artigo 72º e ponderar se resolvemos logo,
aplicando a taxa especial, ou se não aplicamos a taxa especial e englobamos tudo.
x . Mas quem iria fazer retenção na fonte aqui era o casal. Não é provável

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que tenham contabilidade organizada. Se englobarmos os 14.400 vai juntar-se a tudo no


englobamento; se não englobarmos retiramos logo os 4032 do caso prático e esta categoria fica
terminada.

RLA + RLB + RLF

5. Aplicar taxas gerais:

80640 x 0.37613 = 30331,12

56656 x 0.48 = 27194,88

Aplicar o 68º-A: x

57526 + 1432,40 = 58958,40

6. Deduções à coleta

Poderíamos presumir que pedia sempre faturas e aplicar o artigo 78º-A. 58958,4-250 =

7. Retenção na fonte

Categoria A: 4000x0.307=1228, x

Categoria B: Quanto ao trabalho como comentadora na televisão apenas (a televisão tem


contabilidade organizada). Artigo 101º nº1, al. C) x

Não se considera que exista retenção na fonte na clinica porque atende indirectamente os
pacientes, só podíamos considerar que havia retenção na fonte na clínica se considerássemos
que a médica cobrava indirectamente à clinica e não aos pacientes, mas teríamos de o indicar
expressamente.

Categoria F:Não parece provável que o casal tenha contabilidade organizada e, por isso,
não há retenção na fonte.

8. IRS devido final:

58.708,4 17192 1150 = 40366,40

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Tornozelo Fracturado

1. Incidência Subjectiva

Dois sujeitos passivos e 2 dependentes.

2. Incidência Objectiva

Categoria A: 2000 x 14 = 28000 como nutricionista

Categoria B: 100 000 como toureiro

O anel que Conchita recebe no valor de 14 000 euros não é um rendimento de Conchita?
Recebe 14 000 em forma de anel, por isso têm um acréscimo patrimonial. Se compro para
oferecer não há mais-valia, a intenção aqui é factor.
Se a oferta fosse feita numa situação de trabalho dependente aí seria rendimento da
categoria A.165 Mas aqui é uma simples liberalidade dentro da natureza conjugal então como se
trata? O artigo 12º nº6 o Código diz nos que este não incide sobre liberalidades previstas no
Código do imposto de selo e mesmo que não sejam tipificadas nesses pode não ser tão linear
assim. Quando é uma verdadeira e própria liberdade não há norma de incidência no CIRS pelo
que não se pode vir a tributar. Os ganhos patrimoniais não justificados são os casos de
divergência entre a declaração e situação patrimonial do contribuinte previstos especificamente
no artigo 87º e seguintes da LGT, esta não é uma categoria residual e, como tal, não cabem lá
as liberalidades.

3. Deduções Específicas

Categoria A: 28000-4104= 23896

Categoria B: Artigo 28º e 31º, logo, 100 000 x 0,75 = 75000

4. Englobamento

75.000 + 23896 = 98896

5. Aplicação de Taxas

Não há abatimentos por isso segue-se para a aplicação das taxas, aplicam-se aqui o artigo
69º e 68º. 98896/2 = 49448, splitting.
Divide-se em duas partes:

40522 x 0,303 = 12278,16

49448 - 40522 = 8926 é o excedente,

165
Artigo 2º nº2 CIRS

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8926 x 0,45 = 4016,70

Soma: das duas partes 16294,86

Por fim temos de desfazer o splitting: 16294,76 x 2 = 32589,72

6. Deduções à Colecta

Artigo 78º A: 600 x 2 = 1200 porque temos dois dependentes. Artigo 78º-A, 635
porque temos um dependente. Gasto com bandeirilhas é dedutível? Não, a ser era no regime
simplificado na categoria B, seria dedução específica que já tratámos.

Artigo 78º D, despesas com as propinas da universidade do Julito que eram 10.000 euros,
10.000 x 0,30 = 3000 o que fura o limite dado no artigo referido, portanto dedução é de 800.

Podemos deduzir os 600 euros do avô? Não porque o avô não faz parte do agregado
familiar logo não podemos deduzir.

Questão menos simples de tratar é do donativo que foi feito nesta hipótese.

No donativo à sociedade tauromáquica, temos de aplicar o artigo 78º nº1 k) CIRS


onde prevêem-se os benefícios fiscais enquanto interesse para dedução na colecta.
O legislador diz que em certos caos poderemos deduzir os benefícios mas não diz quais
serão esses nem o montante e isso resultará tanto do Estatuto dos benéficos fiscais166 como de
legislação avulsa. No EBF devemos ir ao artigo 63º.
No artigo 63º EBF a primeira coisa a ter é que estas normas não foram pensadas tendo
em mente os meros particulares mas também rendo em conta as empresas que fazem os
benefícios mais variados. O artigo 63º EBF diz nos termos e condições dos artigos anteriores
tenho que ver se a entidade a quem faço o donativo é um entidade fiscalmente relevante e
reconhecida para estes efeitos. Além disso a dedução à colecta é diversa caso haja ou não
limitação nos artigos precedentes.

Neste caso temos um benefício a uma sociedade tauromáquica. Poderá caber no


mecenato cultural, vamos admitir que prossegue fins de natureza cultural, alínea b) do 62º do
EBF. Então fazendo donativo será reconhecido fiscalmente e temos de ver se há alguma
limitação ao donativo, no nº 5 do 62º EBF o que a lei diz é que os benefícios podem ser feitos a
estas entidades até ao limite de 8 por 1000, isto está assim para evitar casos de fraude. Tenho
que saber se a entidade existe e qual a limitação. Para aplicar o artigo 63º tenho que olhar aos
artigos anteriores pensados para empresa: ver se a entidade é ou não relevante fiscalmente167 e
tenho que ver se há ou não limitação no nº5 do mesmo artigo.

Qual a dedução do benefício à coleta neste caso? Alínea b) neste caso tem limitação, por
isso a dedução é 25% do donativo e temos uma limitação de 15% do valor da coleta no que se
pode deduzir. Oferecem 25% de 4000 teríamos . O valor tributável do donativo
seria 1000 Deduzir-se-ia a totalidade destes mil euros uma vez que os não são neste
casos superiores a 15% da coleta, caso os 25% do donativo ultrapassassem 15% do valro da
colecta apenas se deduzia até ao máximo, até 15% do valor da coleta.

166
EBF
167
Já admitimos que sim, mecenato cultural alínea b)

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A alínea c) é para os donativos feitos no âmbito de uma entidade empresarial.

Questão que surge: Quais os casos em que aplico a a) do artigo 63º em que não há
limitação, qual o artigo, dos anteriores, em que fazendo um donativo não tenho limitação? A
quem é que as empresas podem fazer donativo sem limitação de qualquer espécie? Artigo 62º
EBF diz-nos que se uma empresa quiser oferecer donativos ao Estado posso fazê-lo sem
limitações, fora o Estado normalmente haverão limitações. Vemos isto pelos números 4 e 5 do
62º do EBF, em que no nº4 não há limite e no nº5 como já dissemos aqui há o limite de
8/1000.

Feitas as deduções, subtraindo tudo o que vimos à colecta, ficamos então com 28

7. Retenção na Fonte

Categoria A mensais, artigo 99º-C, tabela III, dois titulares porque ambos têm
rendimentos englobáveis, 21,2% sobre 2 x meses

Categoria B: artigo 101º/1, al d), 25% sobre 100 000 que recebia. Quem lhe paga é a
RTP que tem pressupostamente contabilidade organizada. Retenção na fonte de

8. IRS devido

- , negativo por isso reembolsa-se o contribuinte.

Tudo em Cigarrilhas

1. Incidência subjectiva

Artigo 13º, sujeito passivo, que não tem dependentes

2. Categoria dos Rendimentos

por mês por não prestar consultoria a empresas do sector rendimento de


categoria G: artigo 9º nº1 c). 8000 x 12 = 96 Aqui multiplicamos por e não por
catorze porque parece ser o que resulta do contrato da hipótese, mas tudo depende do que
pressupusermos.

2 de juros num banco em Londres, categoria E: artigo 5º nº2 b)

por mês por presidir à Associação de Colecionadores de Automóveis categoria


A: art. 2º nº3 a). 2400 x 14 = 33

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4 por ter cedido a posição num contrato promessa de compra e venda. categoria
G: art. 10º nº1 d), é uma mais-valia imobiliária.

10 da utilização do Veleiro não será tributável em sede de )RS O veleiro só


seria tributável se estivesse no caso dos carros de empresa que já vimos )sto é só se a
empresa tiver acordo escrito entre a empresa e o contribuinte nesse sentido. Se o veleiro é
utilizado por simpatia não temos norma de incidência não há relação laboral. No limite seria
um rendimento de categoria G, se a utilização do veleiro não for por simpatia, e se a empresa
estiver a remunerar a obrigação de não concorrência, caímos na categoria G, era uma
contrapartida pelo facto de ele não estar a trabalhar para a empresa.

2 na roleta não há norma de incidência; existe um imposto especial de


jogo, também não é tributável em IRS.

3. Deduções específicas

Categoria A - art. 25º, 33 600 4104 = 29

Na categoria E - não há deduções a fazer.

Na categoria G - só deduções quando temos aplicação dos artigos 42º e 43º, não há
deduções específicas porque não houve encargos.
No entanto temos de ter em atenção que há aqui duas fontes de rendimento dentro desta
categoria neste caso prático. Na mais-valia da cessão da posição contratual, podíamos ter aqui
gastos e tributar apenas 50%. Mas não há dados na hipótese para afirmar isso, logo não há
deduções a fazer nesta categoria.

4. Englobamento

Temos de ver o que englobar, se há excepções ao englobamento neste caso concreto. O


banco no caso estava em Inglaterra e não em Portugal. Por isso como será feita a retenção dado
que o banco, como é óbvio, não vai ser retido na fonte não podendo usar o artigo 71º com a sua
taxa liberatória. Mas em função do artigo 15º, vamos ter de usar a taxa especial do 28%, o
artigo a aplicar será o artigo 72º nº1 d), a taxa especial. A diferença será que além de ser uma
taxa a aplicar-se ao rendimento liquido e não exonera o contribuinte de declarar os seus
rendimento como na taxa liberatória.
0.28 x 20

Podemos optar por englobar ou não seguindo o artigo 72º nº8.

Quanto aos rendimentos da categoria G, a obrigação de não concorrência, não vamos


aplicar a taxa liberatória do 71º nem especial do 72º.
Olhando para a mais-valia imobiliária que houve como se aplica a alínea d) do artigo
10º também não vamos aplicar qualquer das taxas.

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Logo temos de englobar tudo, menos os 20 da categoria E onde temos a opção de


englobar ou não.

Onde pode haver excepção ao englobamento é nas mais-valias mobiliárias onde há


normalmente aplicação da taxa especial de 28%, mas neste caso tínhamos uma mais-valia
imobiliária.

No entanto ao englobar temos de seguir o artigo 43º nº2, e vamos englobar apenas 50%
das mais-valias imobiliárias. Não se pode considerar estes 50% uma dedução específica, é
apenas uma forma de o legislador tornar as coisas mais justas para os contribuintes não se
arrastarem para escalões superiores, assim em vez de 40 tributáveis nesta categoria por
este rendimento vamos ter é 20

Assim do englobamento resulta 165 , optando por englobar os 20 000 da


categoria E.

5. Abatimentos
Não há abatimentos a aplicar

6. Taxas de IRS

Temos o rendimento colectável de 165 ao qual vamos aplicar as taxas de


IRS do artigo 68º.

1ª parte: 80 640 x 0,37613= 30 331, 123

2ª parte (165 496 80 640) x 0,48 = 40 730, 88

Resultado 71 062, 003. No entanto este não é o valor da colecta, pois o


rendimento colectável é de 165 logo é preciso aplicar a taxa de solidariedade.

165 496 80 000 = 85 496

85 496 x 0,025 = 2137,4

2137,4 + 71 062, 003= 73199,403 é o valor da colecta.

7. Retenção na Fonte

Categoria A: artigo 99º C, aplica-se a Tabela I, rendimento até 2527, aplica-se


uma taxa de 26,5% todos os meses, portanto uma retenção de todos os meses
meses). Ao fim do ano temos uma retenção total de 8904

Categoria E: como já vimos não há retenção na fonte

Categoria G: artigo 101º nº1 a) há uma retenção de 16,5%. Assim aplica-se


16,5% ao rendimento bruto da categoria G aos 96 que nos dá uma retenção de
15

O IRS a pagar é então de 48

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A Irmã Rejeitada

1. Incidência subjectiva

Artigo 13º CIRS, temos um casal e um dependente artigo 13º nº5 a). No entanto,
como parece resultar do caso eles são recém casados e além disso parece que também foi
recentemente que conseguiram a tutela da sobrinha. Vamos supor que em Março casaram e que
a tutela da sobrinha lhes foi atribuída em Setembro. Devemos considerar que eles são casados
para efeitos de IRS? E devemos considerar a dependente?

O artigo 13º nº8 diz-nos que o que conta é a situação do último dia do ano, portanto
se no último ano estavam casados e tinham uma dependente é isso que conta para efeitos
globais de IRS.168

2. Incidência objectiva

Categoria A artigo 2º nº3, recebe 6000 euros por mês por ser administrador,
84 2 de bónus de ligação à internet, categoria A, artigo 2º nº2. Este artigo diz-nos
que todo o pagamento pela entidade patronal conta sempre nesta categoria, ou seja, se for uma
transferência de dinheiro no âmbito da relação laboral conta aqui.
1000 mensais de subsídio de guarda-roupa, categoria A , também é por isso desta
categoria pelo artigo 2º nº2. 12 x 1000 169

Ainda dentro deste nº2 do artigo 2º temos o prémio de produtividade que ele recebeu,
também por isso da categoria A, 40
Assim na categoria A temos um rendimento bruto de 138

Temos depois o trabalho feito pela mulher, 2 de Dara como vidente: categoria B,
artigo 3º nº1 b). Se Dara cedesse direitos de autor já se poderia considerar na c), não o fazendo
qualificamos como b).

Categoria H, pois temos uma pensão de alimentos, artigo 11º nº1 a), que é paga pela
ex-mulher do Júlio ao Júlio, e é de valor de 20

3. Deduções Específicas

Categoria A temos uma dedução, segundo o artigo 25º nº1 a), de 4104. Logo, RLA=
133

168
Para as retenções na fonte já não é isso que conta, mas sim a situação mês a mês.
169
Aqui optámos por multiplicar por 12 porque tipicamente os subsídios não têm o 13º e 14º mês, mas claro,
tudo depende do que pressupusermos ao resolver a hipótese. Na vida prática isto depende do que resultar do
contrato que dá o subsidio

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Quanto à categoria B, a Dara fica no regime simplificado porque, pelo artigo 28º, tem
um rendimento bruto abaixo dos 200 Agora temos de ver o coeficiente a aplicar Se a
considerarmos astróloga, está na lista referida pelo regime simplificado logo tem um coeficiente
de 0,75, no entanto vamos assumir que ela não é astróloga, só lê cartas e não astros, logo o
coeficiente é de 0,35, artigo 31º nº1 c), tem uma dedução de 13 RLB

Categoria H, artigo 53º nº2, 20 000 4104 = 15

4. Englobamento

Vistos todos os rendimentos líquidos de cada categoria temos de ver o que se engloba ou
não. Aqui temos a exceção do artigo 72º nº5, que nos dá uma taxa especial de 20% para as
pensões de alimentos. Aplicamos estes 20% ao RLH, logo 15 896 x 0,20= , por ser
uma taxa especial o contribuinte vai ter de declarar este valor na mesma, esta taxa não exonera
de declaração como acontece nas taxas liberatórias.
Podemos optar depois por englobar ou não este valor. Vamos optar por não englobar.170

Assim englobamos os restantes valores, ficamos com 140 171, o valor do


rendimento colectável

5. Abatimentos

Não se aplicam neste caso, podemos passar à aplicação das Taxas de IRS

6. Taxas de IRS

Como é um casal assume-se a tributação conjunta e temos de fazer o splitting vamos


por isso, seguindo o artigo 69º, dividir o rendimento colectável antes de aplicar as taxas do
artigo 68º. Assim, 140 896/2 = 70 448.

Aplicando o artigo 68º, taxas diferentes vão ser aplicadas em duas partes diferentes,
assim:

1ª parte: 40 522 x 0,303 = 12 278.166

2ª parte 29 926172 x 0,45 = 13 466,7

Resultado: 1ª Parte + 2ª Parte = 25 744 ,866. Para averiguar a colecta temos agora de
desfazer o quociente familiar que aplicamos, por isso 25 744, 866 x 2 = 51

7. Deduções à Colecta

170
Artigo 99º nº1 b): não há retenção na fonte nas pensões de alimentos. Isto faz sentido porque as pensões
de alimentos são usualmente pagas por meros particulares que não retêm.
171
RLA+RLB  133 896 + 7000
172
Excedente. Cálculo: 70 448 - 40 522

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600 com os descendentes artigo 78º- A, só temos 1 descendente.

500 de pelo 78º-B admitindo que eles pedem sempre faturas

10 de despesas no psiquiatra enquanto despesa de sa’de artigo 78º - C, mas não


podem deduzir os 10 directamente apenas desse valor x mas
há um limite de logo só se pode deduzir

Despesas com a educação da Dara, 4 das propinas do colégio, artigo 78º- D, 30%
dos 4 mas apenas deduzimos 800 pois há esse limite

Temos ainda o 2 de donativo para a Igreja de Santo Inácio.


O artigo 78 nº1 k) admite que se deduzam os benefícios para efeitos fiscais, por isso
para se saber que benefícios fiscais dão direito a dedução temos de olhar à lei, temos tanto o
EBF, como os diplomas avulso. Aos donativos, para efeitos de dedução valem as regras do
mecenato que estão nos artigos 62º e seguintes do EBF.

O artigo 63º nº2 do EBF isola em especificamente os donativos feitos a igrejas. Este
donativo vai ser multiplicado por 1,3 isto dá 20 000 x 1,3 = 26 000, pois segundo este artigo os
donativos contam fiscalmente como 130% do valor doado.
Para por em marcha o artigo 63º nº2 é preciso ir aos artigos anteriores ver duas coisas:

1) Se a entidade que é beneficiada com o donativo é fiscalmente relevante.


2) Se existe limitação.

No entanto, ao começar pelo 63 nº2 não é preciso ir atrás na lei ao artigo 62º, pois as
igrejas já estão lá expressamente, damos por adquirido que são relevante para efeitos
fiscais. Vamos aplicar a b) do nº1, temos que a dedução é de 25% da importância atribuída em
donativo com limite de 15% da colecta. Temos por isso 0,25 x 26 000 = 6500 que podemos
deduzir, temos agora de ver o limite, que é dado por 0,15 x 51 489,732 = 7723, 4598. Logo 6500
não fura o limite, deduz-se

O que se deduz à colecta é por isso 600+500+1000+800+6500= 9400 Mas temos de


ter em atenção o artigo 78 nº7, e neste caso aplicávamos a b). Como se vê por este nº7 só
valem para o cálculo do limite as deduções feitas nos artigos 78º-C, 78º-D e 78 nº1 k), por isso
por aplicação da fórmula só se considera que esta limite os valores de e na
dedução. Aplicando a formula o limite que teríamos era de 1069,285.
Assim aqui a dedução seria

O IRS devido é por isso de 51 489,732 - 2169,285 = 49 320, 447. 173

8. Retenções e Pagamentos por conta

Categoria A: janeiro e fevereiro tabela I; março até agosto tabela III; a partir de Setembro,
tabela III + 1 dependente. Janeiro e Fevereiro 174 7000 x 0,375 = 2625 x 2

173
NOTA: O PROFESSOR AO RESOLVER ESTE CASO DECIDIU NÃO APLCIAR A FORMULA PORQUE ACHOU QUE
E“TáàE‘áàCOMPLICáDáàPá‘áàNÓ“ àDEDU)IUàO“à àNÃOà“áIàPá‘áàEXáMEàPORTANTO.
174
Solteiro e 0 dependentes, logo tabela I

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Março a Agosto meses 175. x x . Setembro a


Novembro:176 x x Dezembro x 177

Depois temos os meses autónomos ficcionados o eo subsídio de férias


(verão): enquanto está casado + 0 dependentes: x subsídio de natal (em
dezembro): enquanto está casada + 1 dependente x

Retenções categoria A: 55 398,00

Categoria B: Não há retenção na fonte porque os clientes não têm contabilidade


organizada (se houvesse era à taxa de 11,5% )

Neste caso há é pagamentos por conta, 3 pagamentos que no total perfazem 2


Pagamentos por conta categoria B , artigo 102º do CIRS , adiantamento de imposto pelo
contribuinte ao Estado. - - - .

Vida di Catchorro

1. Incidência subjectiva

Dois sujeitos passivos e um dependente, artigo 13º nº1, 13º nº5 e ter em atenção o13º
nº8178.

2. Incidência objectiva:

Categoria A: não se multiplica por 14 meses porque não recebeu os subsídios.


Mas tem três meses atrasados. Logo 1500 x 15179 = .

Categoria B: x (recibos verdes)

Categoria E: artigo 5º nº 2 b) do CIRS =

3. Deduções específicas:

Categoria A: artigo 25º, dedução de . -

175
Casado e 0 dependentes, logo tabela III)
176
Casado + 1 dependente tabela III
177
Casado + 1 dependente Tabela III
178
O que releva é a situação a 31 Dezembro de cada ano.
179
Neste ano recebeu os 12 meses de salário mais 3 meses em atraso, 12+3=15.

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Categoria B: artigo 28º, Artigo 31º nº1 c) regime simplificado180.


x

Categoria E não tem deduções específicas mantemos os como RLE.

4. Englobamento

Artigo 22º, mas nestes casos temos de ver o artigo 74º do CIRS. 181
Se trabalhador recebe salários em atraso, do ano anterior, então o código diz que vou
contabilizar o nº de anos a que respeitam esses rendimentos a contar com ano de recebimento.
Logo, valor dos rendimentos nesse ano anterior a dividir por 2 é 4500 / 2 = 2 ,e
neste caso dividimos por dois porque temos 1 ano em atraso ao qual somamos o ano do
recebimento como resulta do artigo.
A lei faz isto para que não se vá parar a escalões muito altos nos meses em que recebe os
salários atrasados, se me pagassem a tempo e horas a taxa era mais baixa, se me dão o bolo dos
rendimentos teria prejuízo porque a taxa seria mais alta, a lei quer que isso não aconteça e esta é
a solução mais praticável.
Porém não vou tributar mas sim os 4 com a taxa que corresponderia aos
2 No fundo os são o valor para averiguar qual o escalão que vamos aplicar e não o
valor efectivo que vamos tributar:

Então - 2.250 = Então no sistema terei que fazer esta simulação de


que é este o valor para averiguar o escalão para ver qual a taxa de IRS aplicável. Não englobamos
os juros então: , é este o valor que usamos para ver o splitting e
para ver os escalões. O valor tributado vai ser 24.696182

5. Taxas gerais de IRS:

Temos aqui splitting, artigo 69º nº 1: 223183

Taxa média x

Taxa Marginal: x 1498,24

Desfazer o splitting: 2526, 44 x 2 = é a colecta

6. Deduções à colecta:

Artigo 78º-A: 600 + 125 = há um dependente e tem menos de 3 anos.

Artigo 78º-B: (se pedir sempre factura)

180
Não está na tabela a que se refere o artigo 151º
181
Em alternativa o contribuinte pode Imputar os rendimentos ao ano anteriores, entregando declarações
substitutivas.
182
18.396+6300.
183
O splitting que vamos usar para tributar é por sua vez 24.696/2 que é 12.348

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Artigo 78º-E x aplica-se o 78º-E nº1a), não está dentro do limite


de 5 , logo só se deduz

-( ) é o IRS devido

7. Retenções na fonte:

Categoria A: , Janeiro e Fevereiro tabela ) dependentes x x


, Março a Agosto tabela ))) dependentes x 0,185 x 6 = , Setembro a
Novembro tabela ))) dependente x x , Dezembro (tabela
III +1 dependente): 6000 x 0,363 = 184.
Soma de tudo dá de retenção nesta categoria.

Categoria B: 18 , artigo 101º nº1 c), taxa de 11,5%. Logo 18.000 x 0,115 =
Pode é ainda fazer pagamentos por conta por pertencer à categoria B, artigo 102º

Total das retenções todas: - - , vai ser


reembolsado.

Aquela Máquina

Vamos ver transacção a transacção o IVA e no fim vemos IVA liquidado IVA suportado
para ver quanto é o IVA devido ao Estado. O esquema seguinte pode ajudar e traduz o que vamos
fazer neste primeiro caso de IVA:

Começando pelas operações ativas, isto é o lado do IVA liquidado, temos desde logo de
ver o primeiro passo, 1.Artigo 1º do CIVA para ver se há incidência do IVA, para tal verificamos
se se encontram preenchidos os seus requisitos e depois seguimos os restantes passos para cada
transacção.

Assim, começando por fotografar em casamentos, estamos perante uma prestação de


serviços, nos termos do artigo 4º do CIVA e é efectuada a titulo oneroso, pois ele é pago para
fotografar.
Quanto à localização aplicamos o artigo 6º nº 6 alínea b), pois temos uma prestação de
184
Não há 13º nem 14º mês porque não tinha subsídios

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serviços e é um caso de BtoC uma vez que o adquirente não é sujeito passivo e assim sendo a
regra é que o que importa é o domicílio do prestador, e visto que o prestador está domiciliado
em Portugal, então verifica-se o requisito exigido pelo artigo 1º CIVA de a prestação de serviços
ser efectuada em território nacional.
Já temos dois dos requisitos de incidência do artigo 1º do CIVA preenchidos, quanto ao
último requisito, é um sujeito passivo agindo como tal? É considerado um sujeito passivo, por
força do artigo 2º nº1 alínea a) primeira parte.

Partimos então para as 2.Isenções de fotografar. Aqui temos de ter em conta o artigo 9º
e o artigo 53º do CIVA. Começando pelo artigo 9ºCIVA, os serviços de fotografia não se
encontram previstos neste artigo logo não temos nenhuma isenção ao abrigo desta norma.
Quanto ao artigo 53º, o sujeito passivo recebe por mês em fotografar, e apesar de ser
verdade que não sabemos se ultrapassou os no ano anterior185, podemos supor que sim,
e assim não iremos aplicar as isenções do artigo 53ºCIVA.

Passamos então para o 3. Valor tributável nas fotografias em casamentos. Aqui estamos
no caso mais comum do artigo 16º, não há qualquer especialidade sendo o valor tributável

Assim aplicamos as 4. Taxas de IVA, temos de ir ao artigo 18º nº 1 do CIVA e ver quais
as taxas a aplicar. Neste caso a atividade de fotografar não se encontra em nenhuma das listas
mencionadas pelo artigo, e por isso vamos aplicar o artigo 18º nº 1 alínea c) CIVA, o que
significa que a taxa é de 23%. x

Passamos por isso à próxima transacção: venda de croquetes e rissóis.


Novamente, temos de averiguar se se encontram preenchidos os requisitos do 1. Artigo
1º CIVA: Neste caso trata-se de uma transmissão de bens, artigo 3º CIVA que é evidentemente
onerada pois estamos perante uma compra e venda, ele é pago.
Quanto à localização, aplica-se desta vez o artigo 6ºnº1 CIVA, sendo que aqui a regra é o
local em que o bem é posto à disposição do cliente, que é no caso em Portugal, logo verifica-se o
requisito que exige que a transmissão seja feita em território nacional. É considerado sujeito
passivo aqui também pois artigo 2º nº 1 alínea a) primeira parte pois ele vende os croquetes
todos os meses, havendo uma habitualidade.

2.Isenções, novamente vamos averiguar o artigo 9º e o artigo 53º CIVA. No artigo 9º


não encontramos nenhuma isenção, o artigo 53º também já sabemos que pressupusemos que
não se aplica, logo não há nenhuma isenção.

3. Valor Tributável, também sem especialidade, nº1 do artigo 16º

4. Taxas, vamos novamente às listas de modo a saber qual das alíneas do artigo 18º nº
1 se irá aplicar, e visto que os croquetes e rissóis não se encontram em nenhuma das listas
mencionadas, aplicamos novamente a c), ou seja, aplica-se uma taxa de 23%. Assim: 0,23 x
1500186

185
1500 x 12 = 18000 que é superior a 10000, daí assumirmos isto. Para efeitos desta pressuposição não basta
olhar para esta transacção pois o artigo 53º fa à à à à à à à à à à à à
à à à à à à à à à à à à à à à à à à à
à à à à à à à à à à
à à à à à à à
186
arões.

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Indo agora ao lado passivo, ao IVA suportado, vamos ver também transacção a
transacção.

Nos rolos para a máquina fotográfica, 1.Artigo 1º CIVA temos: 1) uma transmissão de
bens, artigo 3ºCIVA, onerosa; 2) Transmissão teve lugar em território nacional, artigo 6º nº1
CIVA, uma vez que neste artigo a regra é a do local em que a coisa foi posta à disposição do
cliente e na hipótese vamos partir do princípio que o sujeito passivo comprou os rolos na FNAC
por exemplo, e 3) Temos o sujeito passivo que é a FNAC, artigo 2º nº 1 alínea a) primeira
parte.

2.Isenções, os rolos não se encontram no artigo 9º, logo por este artigo não há isenção.
Dado ao artigo 53º não há isenção dado que a FNAC excede os muitíssimo
provavelmente.

Valor tributável artigo n é

4.Taxas de IVA, vamos às listas, e depois vemos qual das alíneas do artigo 18º nº1 CIVA
se aplica, sendo que neste caso será a alínea c) logo a taca a aplicar é de 23%. 500 x 0,23 =
115

Quanto à compra da Máquina, 1. Artigo 1º do CIVA: É uma transmissão de bens, artigo


3º nº1 CIVA, onerosa, efetuada em território nacional por força do artigo 6º nç1 CIVA, a regra é
o local onde o bem é posto à disposição do adquirente, por isso não interessa se a máquina é
japonesa desde que tenha sido comprada em Portugal, e como já vimos, a FNAC187 é um sujeito
passivo agindo como tal.

2. Isenções: Esta transmissão de bens não se encontra prevista no artigo 9ºCIVA, e já


vimos que o 53º não se aplica a este sujeito passivo que é a FNAC.

3. Valor tributável: 10 artigo 16º nº1.

4. Taxas de IVA: visto que não se encontra em nenhuma das listas, aplicamos o artigo
18º nº1 c), ou seja, uma taxa de 23%. x

O gasóleo, temos mais uma vez de verificar se está na incidência do IVA. Dado que é uma
Transmissão de bens, artigo 3ºnº1 CIVA, a titulo oneroso, efectuada em território nacional por
força do artigo 6º nº1 CIVA e pelo que se pode retirar da hipótese uma vez que ele anda de carro
em Portugal, e visto que com toda a probabilidade abastece numa bomba, em principio, temos
um sujeito passivo, por exemplo, a GALP.

2. Isenções: Artigo 9º CIVA não se aplica e o artigo 53º CIVA também não se aplica
visto que a GALP ultrapassa claramente o limite dos 10

3. Valor tributável: artigo 16º nº1.

187
Nota: estamos a pressupor que eles fez as suas compras na FNAC porque o exercício nada diz.

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4. Taxas de IVA: Ver quais as taxas a aplicar, para a tal vamos às listas. Neste caso o
gasóleo não se encontra em nenhuma lista, logo vamos aplicar o artigo 18º nº1 alínea c) e
assim sendo, aplicamos uma taxa de 23%, não se aplica a verba 2.3 da Lista II pois o gasóleo que
aí se fala é o gasóleo agrícola ou usado na pesca, que é tingido ou marcado para se comprovar
que se está a utilizar para esse fim. Assim sendo: 250 x 0,23 = 57,5

1.Artigo 1º do CIVA: Nas portagens temos uma prestação de serviços, artigo 4º nº1
CIVA, de carácter oneroso, para o requisito da localização temos de olhar artigo 6º nº6 alínea
a) regra geral o que conta é o domicilio do adquirente, pois aqui temos um caso de BtoB, e este
está em Portugal, logo a prestação de serviço dá-se em território nacional. Temos um sujeito
ativo agindo enquanto tal, partindo do principio que esse sujeito passivo é a Brisa.

2. Isenções: Não há pelas mesmas razões até aqui descritas nas outras transacções.

3. Valor tributável: Repetindo o que já foi dito noutras transacções deste caso prático, o
valor desta transacções é

4. Taxas do IVA: Há portagens que de facto se encontram previstas nas listas (Ponte 25
de Abril e Ponte Vasco da Gama), no entanto aqui vamos assumir que ele andava pelo país
inteiro e por isso vamos aplicar o artigo 18º nº1 alínea c), ou seja, taxa de 23%. 250 x 0,23 =

5. IVA Suportado IVA Liquidado: Por fim, vemos a diferença entre o IVA que o sujeito
em questão suportou e liquidou.
O IVA liquidado vai ser 345+345= 690

Quanto ao IVA suportado, a regra geral é que posso deduzir tudo, mas será que aqui não
se aplica nenhuma exceção? As exceções encontram-se previstas no artigo 21º CIVA. Aqui, em
relação ao gasóleo, aplicamos o artigo 21º nº1 alínea b), sendo que só se irá deduzir 50%. Ou
seja visto que o )VA do gasóleo era só vamos deduzir Além disto ainda temos a
exceção quanto às portagens, prevista no artigo 21º nº1 alínea c) CIVA, e neste caso não se
deduz de todo.

Logo, o IVA suportado será 115 + 2300 + 28,75 =

Assim: 690 2443,75 = - , é o IVA devido. Como é negativo o sujeito vai ficar
uma situação de crédito perante o Estado. Não pode pedir o reembolso imediato, simplesmente,
pelo artigo 22º, se no mês seguinte apurar saldo devedor compensa-se com este valor. Se ao fim
de meses tiver um crédito superior a posso pedir o reembolso nesse caso.

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É Fruta ou Chocolate

Primeiro, temos aqui a questão do artigo 41º CIVA188, pois é dito na hipótese que foi
entre Julho e Setembro que teve estes ganhos. Qual é o prazo de declaração do IVA? Se eu
liquidar em Janeiro, só entrego em Março, mas porquê? O risco da cobrança não pode esmagar o
operando económico, não queremos que seja prejudicado, e alem disso também se quer
remunerar o operador económico pelo que está a fazer, por exemplo, pode aplicar aquele
dinheiro que tem a mais em caixa.

Começando pelo lado ativo189 e pelos Gelados, 1.Artigo 1º do CIVA: verificar incidência
de IVA, requisitos do artigo 1ºCIVA: 1) Transmissão de bens artigo 3ºCIVA a título oneroso, 2)
Em território nacional, uma vez que a regra é o local onde os bens são postos à disposição do
adquirente, e neste caso esse local é a Costa da Caparica, artigo 6º nº1 CIVA. É um sujeito
passivo agindo enquanto tal, artigo 2º nº1 alínea a) primeira parte pois há habitualidade, as
atividades sazonais também têm continuidade.

2. Isenções: Artigo 9º CIVA, não há isenções e artigo 53º CIVA também não se aplica
porque atinge os 190

3. Valor Tributável: Aplica-se o artigo 16º nº1, logo

4. Taxas de IVA: visto que não se encontra previsto nas listas, aplica-se o artigo 18º nº1
alínea c), ou seja, aplica-se a taxa de 23%. x

Depois temos as águas minerais que ele também vende.

1.Artigo 1º do CIVA: Vale tudo o que foi dito relativamente aos gelados, portanto
requisitos estão preenchidos

2.Isenções: Igual às isenções dos gelados, ou seja, não há.

Valor Tributável artigo n

4. Taxas de IVA: neste caso as águas já se encontram nas listas, nomeadamente na Lista
II verba 1.11, logo aplica-se o artigo 18º nº 1 alínea b), ou seja, uma taxa de 13%.
x

Temos agora de ver o lado passivo, o IVA suportado.

1.Artigo 1º do CIVA, quantos aos gelados que comprou ao fornecedor: 1)Transmissão


de bens corpóreos artigo 3º com carácter oneroso pois pagou por eles, realizada em território
nacional pois o artigo 6º nº1 a regra é a do local onde os bens são postos à disposição do

188
No exame se sair uma hipótese de IVA, dirá expressamente para calcular ao mês ou ao trimestre. Se for ao
trimestre e tivermos despesas que têm regularidade temos de multiplicar por 3.
189
O IVA liquidado.
190
Ver no caso anterior porque e como é que pressupomos isto.

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adquirente. Uma vez que este comprou-os no Seixal, verifica-se. O fornecedor de gelados é ainda
um sujeito passivo agindo como tal, artigo 2º nº1 a) 1º parte

2.Isenções: não há isenções para os gelados como já vimos. Não podemos aplicar o
artigo 53º ao fornecedor de gelados porque fura os 10 mil quase de certeza.

3.Valor tributável neste caso artigo 16º nº1

4. Taxas de IVA: Como já vimos para os gelados a taxa é de 23%. x

Quanto às águas minerais, é tudo igual em relação aos gelados, menos a taxa como
também já vimos, são águas minerais, por isso taxa intermédia de 13%. x

Quanto às pastilhas que ele comprou o mesmo pode ser dito, vamos assumir que para ter
gasto em pastilhas as comprou na Makro, sendo que a Makro furará também o limite de
A Makro aqui é o sujeito passivo Não temos isenções nas pastilhas portanto, e o valor
tributável é de .
Quanto às 4.Taxas de IVA, se considerarmos estas pastilhas para a tosse como
medicamentos temos o artigo 18º e aplicamos a Lista I se estas pastilhas forem
medicamentos, logo a taxa será de 6%. 0,06 x 200 = 12

Na compra que ele fez de umas sandálias temos 1.Artigo 1º do CIVA: Transmissão de
bens, artigo 3º nº1 de carácter oneroso dado ser uma compra e venda, realizada em território
nacional pelo artigo 6º nº1 e vamos assumir que comprou as Sandálias no Almada Forum,
sendo este o sujeito passivo nos termos do artigo 2º nº1 a).

2.Isenções: Não há isenções para o calçado, não temos isenções.

3.Valor tributável: são artigo 16º.

4. Taxas do IVA: Artigo 18º e considerando que não são sandálias ortopédicas191
aplicamos a taxa normal de 23%. 50 x 0,23 = 11,5

Quanto ao passe temos de ver se os requisitos do 1.Artigo 1º do CIVA: Temos um bem


corpóreo, o passe, por isso há prestação de serviços ou transmissão de bens? Qual o critério
aqui? Critério da utilidade, neste critério temos de nos colocar na perspectiva do consumidor
médio, porque nós no caso concreto não sabemos se o que quer é transmissão de bens ou
prestação de serviços, pode querer o bem se for um coleccionador de passes por exemplo. O
consumidor médio quando compra o passe o que realmente quer é uma prestação de serviços
de transporte, por isso temos aqui é uma prestação de serviços onerosa pois custa
Quanto a ser realizada em território nacional temos de aplicar o artigo 6º nº6 temos
aqui uma prestação de serviços BtoB, significa que tenho envolvido dois sujeitos passivos, aqui
temos dois sujeitos passivos, a empresa de transportes e o outro é o adquirente que vende
gelados. Como tal, aplicamos no nº6 a alínea a) e aplicando esta regra geral, concluímos que o

191
Lista I verba 2.6, com receita médica

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que conta é o domicílio do adquirente. Mas isto levantaria uma questão, se for assim cada vez
que os passageiros pagam um bilhete, quem está lá vai ter de perguntar se é sujeito passivo e
sendo se está domiciliado em Portugal ou não. Para evitar isto que seria impraticável, temos as
regras do nº7, prestações não tributáveis, excepção ao BTB e BTC e nº8, tributável BTB e
BTC. Neste caso nº8 b) o que conta é onde ocorre o transporte, sendo o nº8 a excepção que
manda tributar, logo é tributável e o requisito do território está preenchido. O sujeito
passivo é a empresa de camionagem.

2.Isenções: Não há como nas outras transacções.

3. Valor tributável: 50 euros

4. Taxas de IVA a aplicar: artigo 18º, Lista I 2.14 50 x 0,06= 3 euros

5. IVA Suportado IVA Liquidado: O IVA Liquidado é a soma do lado ativo: 1150 + 650
= 1800
O IVA suportado já temos de olhar com mais atenção para ver se as compras são feitas
no âmbito da actividade ou não. A regra é que se faço uma compra que tem a ver com a
actividade à partida é dedutível, artigo 20º, e mesmo assim há certos casos em que o artigo 21º
diz que não vai ser dedutível, apesar de ter sido comprado no âmbito da atividade. Neste
caso temos o passe que não é dedutível pelo 21 nº1 c), no caso destas despesas, a confusão entre
a esfera pessoal e profissional é tão grande que exclui o direito à redução daí o legislador
consagrar o regime do artigo 21º do CIVA. O IVA suportado é então: 11,5 + 460 + 65 + 12 =
548,5 . IVA Suportado IVA Liquidado = 1800 548,5 = 1251,5 Tem a
entregar ao estado.

Isto Está Bom

Começando pelas operações ativas:

1.Artigo 1º CIVA: Temos de ver se há incidência nas sessões de autógrafos, temos de


ver se se encontram verificados os pressupostos do artigo 1º:

1)É uma Prestação de serviços, artigo 4º, com carácter oneroso; 2)Realizada em
território nacional, artigo 6 nº 6 alínea a), BtoB, ele é sujeito passivo, por isso o que conta é o
adquirente, esse encontra-se na FNAC do colombo, por exemplo. A quem é que será que ele
cobra os 5000? A quem o contrata, centro comercial por exemplo, a FNAC. Nesse caso é mais
fácil dizer que estamos perante uma prestação de serviço; 3)Sujeito passivo agindo como tal,
artigo 2º nº1 a) 1º parte, o artista é o sujeito passivo.

2.Isenções: Artigo 9º nº15 alínea a) se estiver em causa uma prestação feita por um
artista ao respectivo promotor, desde que esteja em causa um espetáculo, ou algo de verdadeiro
conteúdo artístico, há isenção. Neste caso uma sessão de autógrafos não se encaixa aqui, não
podemos fazer interpretação extensiva, não há isenções, nem pelo artigo 53º.

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3. Valor Tributável: artigo 16º CIVA sem nenhuma especialidade.

4. Taxas de IRS: Nas listas não aparece sessões de autógrafos192, por isso 23%. 0,23 x
5000 =

Quanto a cantar em hospitais: no Natal, temos uma Prestação de serviços, artigo 4º


CIVA, e ele sujeito passivo como já vimos, 2º/1 a) 1ª parte habitualidade. O carácter oneroso
está nos que recebe. Quanto a estar em território nacional, artigo 6º nº6 BtoB, interessa
que domicilio do adquirente seja em Portugal e é.

2.Isenções: Não temos

3. Valor Tributável é -

4. Taxas de IVA: Artigo 18º nº1 c), 23%. 5000 x 0,23 = 1150

Depois nas visitas guiadas, temos uma prestação de serviços a título oneroso, BtoC,
Qual a consequência? Artigo 6º nº6 b), está a prestar um serviço a quem não é sujeito passivo.
Mas neste caso será que aplico a regra geral BtoC? Esta prestação de serviços consiste em
mostrar uma casa. É uma prestação de serviços relacionada com um imóvel. São as excepções do
nº 7 e 8. Se a casa estiver fora de Portugal, aplico o nº 7, se estiver em Portugal, como em
princípio neste caso está, aplico o nº 8. Nestes casos já não é relevante o domicílio do sujeito
passivo mas sim o local onde se encontra o imóvel, que é Portugal.

2. Isenções: Não temos.

3. Valor tributável

4. Taxas de IVA: 23%, artigo 18º nº1 c), 2500 x 0,23 = 575

Quanto ao concerto em Paris, temos uma prestação de serviços com carácter oneroso,
e estamos numa situação BtoB, no entanto, tem lugar a aplicação do artigo 6º nº7 e), logo não
vamos tributar este valor.

Vamos agora ver as transacções que dizem respeito ao lado passivo, ao IVA suportado:
temos as aulas de dicção e o arrendamento da casa. Começando pelas aulas:

1.Artigo 1º CIVA: prestação de serviços de carácter oneroso, as aulas são em Portugal, e


temos um caso BtoB, artigo 6º nº6 a), quem dá aula é sujeito passivo? Quem dá aula é um
professor. É sujeito passivo. Presta um serviço de carácter oneroso.

2. Isenções: Se admitirmos que tem função terapêutica íamos buscar a isenção dos
serviços de saúde. Mas é duvidoso, admitiremos por isso que não há isenção, nem no artigo 9º
nem no 53º.

192
Nas listas temos algumas prestações de caracter artístico Lista II verba 2.6

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3. Valo tributável:

4. Taxa de IVA: 23%, 1500 x 0,23 = 345

1.Artigo 1º CIVA: É uma transmissão de bens ou uma prestação de serviços? Definição


de transmissão de bens do artigo 3º consiste na transferência onerosa de bens corpóreos de
forma correspondente ao exercício do direito de propriedade, como no arrendamento a
propriedade não se transfere temos uma prestação de serviços de carácter oneroso. Prestação
de serviços, artigo 2º/1 a) 2ª parte ato isolado, o sujeito passivo é o Sr. Barbosa. Vive em
Castelo de Bode e é reformado. Temos sujeito passivo ou não? Artigo 2ºnº1, 2ª parte. Porquê 2ª
parte? Tem habitualidade, cobra todos os meses. Eu num contrato de arrendamento de um
imóvel eu tenho habitualidade quase por definição. Mesmo que o Sr. Barbosa seja reformado ele
realiza uma prestação de serviços de carácter oneroso e com carácter de habitualidade. Locação
do imóvel. Aplica-se a 1ª parte. É sujeito passivo.
Quanto ao território nacional, aplicamos o artigo 6º nº6 º/6 BtoC, domicilio do
prestador.

2.Isenções: Há isenção no artigo 9º nº29 não se aplica IVA, é normalmente aplicado


outro imposto: imposto de selo ou IMT.

3. Valor Tributado: não há IVA não se aplica.

4. Taxas do IVA: não há IVA não se aplicam.

5. IVA Suportado IVA Liquidado: é 7475 - 345 = 7130, deve de )VA

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Índice
A História do Direito Fiscal Português ................................................................................................... 1
O Advento do Estado Fiscal ................................................................................................................. 1
Fiscalidade do Antigo Regime ............................................................................................................. 2
Fiscalidade do Regime Liberal ............................................................................................................. 4
A Fiscalidade no Século XX .................................................................................................................. 8
A Primeira República ....................................................................................................................... 8
Ditadura Militar ............................................................................................................................... 9
O Estado Novo ............................................................................................................................... 10
Fiscalidade da Constituição de 1976 ............................................................................................. 11
Fiscalidade Antes do Século XXI ........................................................................................................ 12
Timeline ............................................................................................................................................. 13
As Categorias Tributárias Fundamentais ............................................................................................. 14
Imposto ............................................................................................................................................. 14
Notas sobre os impostos: a relação jurídica tributária e a extrafiscalidade ................................. 15
Classificação dos Impostos ............................................................................................................ 15
Taxa ................................................................................................................................................... 17
As Fronteiras entre as Figuras Tributárias a propósito das Presunções ....................................... 18
Contribuições .................................................................................................................................... 19
Os Princípios do Direito Fiscal .............................................................................................................. 20
O Princípio da Legalidade .................................................................................................................. 20
Justificação .................................................................................................................................... 20
Auto-Tributação ............................................................................................................................ 21
Âmbito e Extensão da Reserva de Lei ........................................................................................... 22
Princípio da Proibição da Retroactividade ........................................................................................ 23
A Questão da Retroactividade Benéfica e das Taxas e Contribuições Retroactivas ..................... 25
Aplicação da Lei no Tempo para a Lei Geral Tributária ................................................................. 25
Princípio da Igualdade Tributária ...................................................................................................... 26
Princípio da Capacidade Contributiva ........................................................................................... 27
Princípio da Equivalência............................................................................................................... 29
A Extrafiscalidade .......................................................................................................................... 31
A Relação Jurídica Tributária ................................................................................................................ 36
Sujeitos das Relações Jurídicas Tributárias ....................................................................................... 36
Sujeito Ativo .................................................................................................................................. 36
Sujeito Passivo ............................................................................................................................... 36

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Substituição Tributária .................................................................................................................. 37


Responsável Tributário .................................................................................................................. 38
Repercussão Tributária.................................................................................................................. 38
Objecto .............................................................................................................................................. 39
Facto Tributário ................................................................................................................................. 40
Garantia ............................................................................................................................................. 40
IRS.......................................................................................................................................................... 41
A Tributação do Rendimento Pessoal ............................................................................................... 41
Rendimento ................................................................................................................................... 41
As Categorias de Rendimento ....................................................................................................... 42
Os Nove Passos para o Cálculo do IRS ............................................................................................... 43
1. Incidência subjectiva ................................................................................................................. 43
2. Incidência Territorial ................................................................................................................. 44
3. Incidência Objectiva .................................................................................................................. 44
4. Deduções Específicas................................................................................................................. 45
5. Englobamento ........................................................................................................................... 46
6. Abatimentos .............................................................................................................................. 47
7. Taxas do IRS ............................................................................................................................... 47
8. Deduções à Colecta ................................................................................................................... 48
9. Determinar o IRS a pagar........................................................................................................... 49
As Categorias em Detalhe ................................................................................................................. 50
Categoria A .................................................................................................................................... 50
Categoria H .................................................................................................................................... 54
Categoria B .................................................................................................................................... 54
Categoria E .................................................................................................................................... 56
Categoria F..................................................................................................................................... 57
Categoria G .................................................................................................................................... 58
Outras Considerações ....................................................................................................................... 62
Mínimo de Existência .................................................................................................................... 62
Taxa de Solidariedade ................................................................................................................... 62
Deduções à Colecta com Donativos, remissão .............................................................................. 63
Alterações Durante o Ano ............................................................................................................. 63
Artigo 16º, 17º e 18º do CIRS ........................................................................................................ 63
IRC ......................................................................................................................................................... 64
Introdução ......................................................................................................................................... 64
Código do Imposto Sobre o rendimento das Pessoas Colectivas ..................................................... 67

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Taxas de IRC................................................................................................................................... 68
Deduções ....................................................................................................................................... 69
Tributação de Entidades Não Lucrativas ...................................................................................... 69
Benefícios Fiscais das entidades não lucrativas ............................................................................ 70
IVA ......................................................................................................................................................... 72
Incidência .......................................................................................................................................... 72
Passos Para o Cálculo do IVA ............................................................................................................. 77
1. Artigo 1º .................................................................................................................................... 77
2. Isenções ..................................................................................................................................... 78
3. Valor Tributável ......................................................................................................................... 79
4.Taxas do IVA ............................................................................................................................... 80
5. Fazer IVA liquidado IVA suportado ......................................................................................... 81
Outras Considerações .............................................................................................................. 82
Garantias dos Contribuintes ....................................................................................................... 84
Meios Processuais Tributários........................................................................................................... 86
Como decidir que meio escolher................................................................................................... 88
Esquema Resumo das Garantias ....................................................................................................... 89
Hipóteses Práticas ................................................................................................................................ 90
Ilegalidade Tributária ........................................................................................................................ 90
Grandes Expectativas ........................................................................................................................ 91
O Progresso Vem de Trás .................................................................................................................. 92
Sinais do Exterior ............................................................................................................................... 95
Ele e o Tóbi ........................................................................................................................................ 97
Estranho caso da Vida ..................................................................................................................... 101
Serpente do Cazaquistão................................................................................................................. 105
Mãezinha Riquita............................................................................................................................. 108
Sempre a abrir ................................................................................................................................. 111
Barata Assassina .............................................................................................................................. 113
Correcção do Teste por Sérgio Vasques .......................................................................................... 115
Tornozelo Fracturado ...................................................................................................................... 118
Tudo em Cigarrilhas......................................................................................................................... 120
A Irmã Rejeitada .............................................................................................................................. 123
Vida di Catchorro ............................................................................................................................. 126
Aquela Máquina .............................................................................................................................. 128
É Fruta ou Chocolate ....................................................................................................................... 132
Isto Está Bom ................................................................................................................................... 134

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