Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Autor:
Ricardo Campanario
Aula 02
3 de Janeiro de 2021
Ricardo Campanario
Aula 02
Sumário
Gabarito .......................................................................................................................................................... 86
Resumo ........................................................................................................................................................... 87
1 - Considerações Iniciais
Apenas relembrando, já passamos por duas etapas de nossa jornada. Na primeira vimos os principais
conceitos de Arquivologia e cada um dos seus princípios, além de estudar bastante os Arquivos e sua
importância.
Na última aula partimos para o estudo dos Documentos e suas principais classificações, além de
estudar disciplinas que se dedicam ao cenário documental, como a Diplomática e a Paleografia.
Nesta aula vamos continuar nos aprofundando nos temas de Arquivologia e vamos agora explorar os
principais Órgãos de Documentação como os próprios Arquivos, Bibliotecas, Museus e Centros de
Documentação, explorando suas semelhanças e diferenças.
Ainda nesta aula trataremos dos principais órgãos arquivísticos existentes. Aqui no Brasil temos o
Arquivo Nacional, que faz parte do Conarq, do Ministério da Justiça e da Segurança Pública. Estudaremos
também a realidade da estrutura arquivística nacional, seu cenário e exemplos, a título de ilustração.
Tudo isso vai nos levar naturalmente a entender a importância de todos esses órgãos na preservação
da memória e patrimônio do país. Passaremos certamente por essa discussão até o final da aula.
Bem, é isso. O conteúdo de hoje, mais uma vez, é bastante cobrado em prova, especialmente as
comparações entre diferentes órgãos arquivísticos, que veremos logo no início da aula. Como temos visto,
muitas vezes os conceitos não são complexos, mas são detalhados e exigem estudo para o entendimento ou
mesmo memorização.
Como fazemos sempre, ao longo da aula usaremos conceitos teóricos de estudiosos do tema,
seguidos de explicações e exemplos e, ao final das discussões, geralmente teremos questões específicas
sobre o assunto tratado, ajudando no entendimento e fixação dos conceitos.
Costumo sempre buscar as questões mais recentes disponíveis, mas, às vezes, por questões
pedagógicas, uso questões um pouco mais antigas para ilustrar alguns pontos específicos ou chamar atenção
de algum conteúdo ou formato de cobrança da banca, especialmente aqueles de maior incidência.
Ao final teremos mais uma vez a seção de Terminologia Arquivística aplicada ao tema, seguida das
questões comentadas.
Vamos em frente!
Instagram: https://www.instagram.com/ricardocampanario
2 - Órgãos de Documentação
Vamos falar nesta aula especialmente sobre os Órgãos de Documentação: arquivos, bibliotecas,
museus e centros de documentação.
Note que todos eles ainda possuem a função de guarda como atividade principal, o pode ser
encarado como a maior semelhança entre eles.
Além disso, podemos assumir que recolher documentos, trata-los, transferi-los e difundir
informações é o objetivo convergente de todos esses órgãos. Por outro lado, há alguns outros objetivos
específicos de cada um que atualmente são significativamente diferentes. E são justamente esses os mais
cobrados pelas bancas.
Trago essa afirmativa da arquivista Bellotto pois ela possui conceitos importantes. Note que a
estudiosa chama a atenção para o uso de mecanismos técnicos completamente distintos por cada um dos
órgãos. Essa é uma das maiores diferenças que vamos estudar entre os diferentes órgãos de documentação.
Bellotto chama ainda atenção para o campo de investigação, exclusivo para cada um dos órgãos,
assim como para o papel comum de todos eles, ou seja, a importância que representam para a sociedade
em relação ao seu processo social, cultural e administrativo e seus objetivos convergentes de recolher
documentos, trata-los, transferi-los e difundir informações.
Feita esta pequena introdução, vamos começar a definir cada um dos órgãos de documentação. Isso
cai muito em prova e é simples. Basta ter alguma intimidade com os conceitos para faturar alguns pontinhos
em prova.
Vou aqui utilizar as definições propostas por Marilena Leite Paes que, em geral, são as mais utilizadas
pelas bancas. Atenção!
Preste atenção à definição de arquivo e lembre-se do que já estudamos nas aulas anteriores. Arquivo
possui diversas definições. Vamos lembrar das 4 principais, que constam no DBTA:
Perceba que neste momento estamos falando da definição em negrito, a número 2. Já falamos sobre
isso. Para responder questões sobre o termo "arquivo" na prova, sempre preste atenção ao contexto antes
de assinalar qualquer alternativa.
Perceba ainda que a definição 2 do DBTA é muito parecida com a trazida por Marilena Leite Paes.
Ambas falam sobre a atividade de custódia/acumulação de documentos e a conservação/preservação
destes documentos, para o atingimento de objetivos futuros.
As demais alternativas trazem funções ou atividades referentes a apenas um ou alguns dos órgãos de
documentação e que, nem sempre, podem ser considerados os objetivos destes órgãos. Vejamos:
As alternativas A, C e D falam da digitalização ou disponibilização online de catálogos do acervo. Isso aplica-
se certamente a bibliotecas e centros de documentação, podendo também ser aplicado a museus e mesmo
arquivos, porém, certamente não é o objetivo desses órgãos.
Pode ser considerada uma atividade meio, ou seja, uma atividade que dá apoio à consecução das atividades-
fim de uma instituição. Também chamada atividade mantenedora (mais uma definição do DBTA!).
Por último, a alternativa E fala de atividades típicas de arquivo, que não se aplicam a museus, bibliotecas e
centros de documentação que não seguem, nenhum deles, a rotina de eliminação documental.
A alternativa B fala de "coleção". Isso ficará ainda mais claro ao longo da aula, mas, desde já, é bom
combinarmos que quem "coleciona" é a biblioteca e nunca o arquivo, que, sim, "acumula". Essas são as
palavras corretas para um e outro e isso cai demais em prova!
Por fim a alternativa D fala em "numerosos exemplares". Essa é uma outra forma de diferenciar os órgãos
de documentação como veremos mais adiante. Uma biblioteca geralmente trabalha com múltiplos
exemplares de seus documentos, já um arquivo não. Essa é a regra, portanto, não caia nessa pegadinha da
banca.
Veremos adiante que o que determina a condição de um documento como sendo de arquivo,
biblioteca, museu ou centro de documentação é a razão de sua origem e de seu emprego e não o suporte
sobre o qual está constituído.
Dessa forma, a maneira pela qual se origina o acervo em questão e o tipo de documento a ser
preservado são fundamentais para essa definição: ==62cfa==
- um impresso ou audiovisual resultante de atividade cultural e técnica ou científica, seja ela criação
artístico-literária, pesquisa ou divulgação -> documento de biblioteca
- material de gama variável desde que seja oriundo de atividade funcional ou intelectual de
instituições ou pessoas e produzido de forma natural e relativa à suas funções -> documento de
arquivo
Por último, os centros de documentação, no que se refere tanto a origem como aos fins (emprego)
de seus documentos, representam o agrupamento de tudo que foi acima discutido.
Como podem ser definidos também como a "transposição das informações primárias para outros
recursos", segundo Heloísa Bellotto, os centros de documentação acabam absorvendo todas as
características das demais instituições.
Sendo assim, têm como finalidade informar com objetivos cultural, científico, funcional ou jurídico,
conforme a natureza do material reproduzido ou referenciado. Note que é uma mescla dos fins estudados
(culturais e científicos - bibliotecas / administrativos e jurídicos - arquivos), assim como mistura também
diferentes origens de materiais.
2.2 - Origens
De acordo com a origem de seus documentos, veja abaixo como cada um dos órgãos de
documentação pode ser caracterizado:
Arquivo - produzidos por entidade público ou privada ou por família ou pessoa no desempenho de
suas funções naturais, gerando relação orgânica entre esses documentos (lembre-se dos Princípios da
Organicidade e da Cumulatividade, já estudados nesse curso). Surgem basicamente por motivos funcionais
administrativos e legais. Devem provar ou testemunhar alguma coisa e podem ser manuscritos, impressos
ou audiovisuais. Em geral são exemplares únicos produzidos sobre formas e suportes variados.
Biblioteca - resultam de criação artística ou pesquisa. Material que informa para instruir ou ensinar
nos campos científico, humanístico, filosófico, etc. Documentos são geralmente gráficos (impressos,
manuscritos, mapas, plantas, etc.) ou audiovisuais. Forma usual é, além de impressa, múltipla (muitos
exemplares, ao contrário dos arquivos). São mais acessíveis e mais conhecidos pelo grande público.
Centro de Documentação - são geralmente reproduções ou referências virtuais que podem prover
de bibliotecas, museus ou arquivos. Material sonoro, gravado ou em suporte eletrônico também é
característico deste órgão de documentação.
Arquivo - é um órgão receptor (recolhe naturalmente o que produz a administração do órgão ao qual
presta serviços). Documentos do acervo são reunidos de acordo com origem e função. Seus objetivos
primários são jurídicos, funcionais e administrativos; secundários são culturais e de pesquisa histórica. Sua
fonte geradora é única: a própria organização ou a pessoa ligada ao arquivo. A este processo dá-se a
denominação de "recolhimento" ou "acessões" por transferência ou por depósito. O arquivista avalia todo
este material.
Biblioteca - é um órgão colecionador (reúne artificialmente o material que surge e interessa a sua
especialidade). Unidades reunidas pelo conteúdo (assunto). Possui objetivos culturais, técnicos e científicos
e múltiplos fornecedores (livrarias, editoras, gráficas, etc.). Já a este processo dá-se o nome de "aquisições",
ou seja, compras, doações e permutas. O bibliotecário seleciona e classifica o material.
10
2) conteúdo exclusivamente formado por documentos produzidos e/ou recebidos: está ok. Lembre-se que
esta é mesmo a forma de recebimento de documentos de um arquivo, que é um órgão receptor (recolhe
naturalmente o que produz a administração do órgão ao qual serve), ao contrário de bibliotecas, museus e
centros de documentação que são órgãos colecionadores, como acabamos de estudar. Está correto.
3) origem no desempenho das atividades que o geraram - certo. Arquivos tem seus documentos natural e
organicamente gerados pelas atividades relacionadas a função da organização da qual faz parte. Princípio da
Organicidade, não se esqueça! Correta.
4) natureza organizacional e operacional: esta é um pouco mais complexa. A natureza é na verdade orgânica,
como vimos acima e não organizacional. O conceito "operacional" também não é o melhor a esta altura.
Deveria ser usado o conceito "funcional" para arquivo. Dessa forma arquivos tem documentos que são
gerados de maneira orgânica e funcional e não organizacional e operacional. Errada.
5) caráter orgânico: perfeito. É exatamente o ponto que exploramos em algumas das afirmativas acima.
Correta.
11
Desta forma temos as afirmativas 2, 3 e 5 como corretas. A alternativa D é a correta e gabarito da questão.
Em relação ao tratamento documental (ou técnico), veja abaixo as principais variações entre os
métodos empregados pelos órgãos de documentação:
Arquivo - tratamento técnico não é realizado por unidade, mas por séries documentais, que formam
agrupamentos lógicos e orgânicos dentro dos diferentes fundos. Nos arquivos usam-se as técnicas de
registro, arranjo (de acordo com a proveniência) e descrição (constituindo agregado de peças, diferente da
biblioteca e sua abordagem descritivo individual), gerando guias, inventários, catálogos, etc.
Biblioteca - tratamento documental é feito peça por peça, de forma isolada. Usa-se os métodos de
tombamento, classificação e catalogação descritiva por meio de fichários e de sistemas lógicos pré-
determinados, ao contrário dos arquivos que tem abordagem orgânica e funcional.
Museu - tratamento documental também é feito peça por peça. Assim como nas bibliotecas, usa-se
as técnicas de tombamento e de catalogação, com o uso de inventários e catálogos.
Centro de Documentação - tratamento varia de acordo com a natureza do material. Dessa forma,
usa-se, portanto, praticamente todas as técnicas listadas: tombamento, classificação e catalogação, com o
uso de fichários ou computador.
2.5 - Públicos
Em relação aos principais públicos usuários, cada um dos órgãos de documentação também tem as
suas características:
Arquivo - enquanto nos períodos da primeira e segunda idade (arquivos corrente e intermediário),
tem seu público composto pelo administrador e demais produtores do documento dentro da organização,
além de profissionais jurídicos, pesquisadores ou cidadãos. Já no período da terceira idade (arquivo
permanente), o público passa a ser composto majoritariamente por historiadores ou profissionais cujas
funções estejam relacionadas com o material disponível.
Biblioteca - é o órgão que possui a audiência mais estendida. Atende a pesquisadores (acadêmicos e
professores) e o grande público, que vai dos estudantes ao cidadão comum.
Museu - possui o público ligado ao seu posicionamento e ao que suas dependências oferecem sob o
ponto de vista de entretenimento e lazer.
Centro de Documentação - público composto basicamente por pesquisadores que buscam os mais
variados tipos de documentos em diferentes suportes, respeitando a especialização do centro.
Visto tudo isso, conclui-se, de acordo com Heloisa Bellotto, que "arquivos, bibliotecas, centros de
documentação e museus têm, portanto, fronteiras bem definidas. Não devem ser confundidos nem quanto
à documentação que guardam, nem quanto ao trabalho técnico que desenvolvem a fim de organizar seus
12
13
Trago o quadro abaixo para tentar esquematizar as principais diferenças entre cada um dos órgãos de
documentação
CENTRO DE
ARQUIVO BIBLIOTECA MUSEU
DOCUMENTAÇÃO
TIPO DE Manuscritos, Impressos, Objetos Audiovisuais
SUPORTE impressos, manuscritos, bi/tridimensionais, (reproduções) ou
audiovisuais, audiovisuais, exemplar único virtual, exemplar
exemplar único exemplares único ou múltiplo
múltiplos
TIPO DE Fundos; Coleção; Coleção; Coleção; documentos
CONJUNTO documentos documentos unidos documentos unidos pelo conteúdo
unidos pela pelo conteúdo unidos pelo
proveniência conteúdo ou pela
(origem) função
PRODUTOR Máquina Atividade humana Atividade Atividade humana
administrativa individual ou humana, a
coletiva natureza
FINS DE Administrativos, Culturais, científicos, Culturais, Científicos
PRODUÇÃO jurídicos, técnicos, artísticos, artísticos,
funcionais e educativos funcionais
legais
OBJETIVO Provar, Instruir, informar Informar, entreter Informar
testemunhar
ENTRADA DOS Passagem Compra, doação, Compra, doação, Compra, doação,
DOCUMENTOS natural de fonte permuta de fontes permuta de fontes pesquisa
geradora única múltiplas múltiplas
PROCESSMENTO Registro, Tombamento, Tombamento, Tombamento,
TÉCNICO arranjo, classificação, catalogação: classificação,
descrição: guias, catalogação: inventários, catalogação: fichários
inventários, fichários catálogos ou computador
catálogos, etc.
PÚBLICO Administrador e Grande público e Grande público e Pesquisador
pesquisador pesquisador pesquisador
Quadro adaptado de "Arquivos Permanentes - Tratamento Documental" - Bellotto, Heloísa.
14
Vamos a mais uma questão para explorar os conceitos estudados até aqui.
15
3 - Organismos Arquivísticos
Após falarmos sobre cada um dos órgãos de documentação, vamos agora estudar os chamados
organismos arquivísticos.
Mas você pode estar perguntando nesse momento: "O que são esses organismos arquivísticos e quais
as diferenças entre eles e os órgãos de documentação, já que os nomes são parecidos?!". Pois é, são nomes
parecidos mesmo, mas são bastante diferentes em relação aos seus papéis.
Enquanto os órgãos de documentação, como acabamos de ver, são os órgãos que recolhem (recebem
ou colecionam) documentos, tratam, transferem e difundem informações e dividem-se em arquivos,
bibliotecas, museus e centros de documentação, os organismos arquivísticos são instituições que regulam,
monitoram e normatizam a atividade arquivística nos ambientes que estão sob sua jurisdição.
Alguns exemplos que talvez você já tenha ouvido falar são o Arquivo Nacional, o CONARQ, o SINAR
e o SIGA. Conhece algum deles? Se não conhece, não há problema. Estudaremos com calma cada um deles
logo adiante, mas, antes disso, vamos conhecer um pouco do contexto arquivístico brasileiro e em seguida
estudamos todos esses organismos. Vamos lá.
Após cerca de três décadas tentando criar no Brasil uma legislação específica arquivística, em
08/01/1991 foi finalmente promulgada a Lei 8.159/91 que dispõe sobre a política nacional de arquivos
públicos e privados.
Já falamos um pouco sobre a Lei 8.159/91 nas aulas anteriores e falaremos ainda mais quando
chegarmos as aulas de legislação arquivística mas, por enquanto, é importante saber que a Lei atribuiu ao
Conarq (Conselho Nacional de Arquivos), órgão vinculado ao Arquivo Nacional do Ministério da Justiça,
definir a política nacional de arquivos como órgão central do Sistema Nacional de Arquivos (SINAR).
Segundo Marilena Leite Paes, a criação do Conarq foi "um grande passo para o estabelecimento de
uma eficiente rede de arquivos públicos e privados, que possibilitará o aperfeiçoamento das instituições, a
simplificação e a racionalização de procedimentos...", entre outros benefícios que exploraremos mais
adiante.
Bem, acabamos de ver no tópico anterior que o Conarq é o principal responsável pela elaboração
das políticas públicas relacionadas a arquivos no Brasil.
16
Isso consta no artigo 1o do Decreto 4.073/2002, que é o Decreto que regulamenta a Lei 8.159/91.
Vejamos:
Desde sua criação, o Conarq (que deve funcionar no prédio do Arquivo Nacional) tem disponibilizado
ao mercado e aos diversos órgãos de documentação do país um robusto conjunto de normas que regulam
matérias arquivísticas sobre diversos temas relativos à gestão, à preservação e ao acesso aos documentos
públicos.
Agora vamos olhar as principais funções e papéis do Conarq. Em relação à legislação entraremos mais
a fundo em aula específica, mais próxima do final do curso. Não se preocupe. Abordaremos isso na hora
correta.
Além dos papéis de definidor de políticas e normativas, como já vimos, o Conarq promove ações
técnico-científicas, como seminários e cursos, por intermédio de suas Câmaras Técnicas e Setoriais, e
Comissões Especiais, constituídas por especialistas da área arquivística e de outras áreas do conhecimento
como ciência da informação, biblioteconomia, tecnologia da informação, administração e direito.
Finalmente, o Conarq, como uma das principais fontes de informação sobre arquivos, padrões e
melhores práticas arquivísticas, produz e divulga um amplo repertório de publicações técnicas, com o
objetivo de disseminar conhecimento arquivístico.
Após a sua criação em 1991, por meio da Lei 8.159, foi regulamentado em 2002 por meio do Decreto
4.073/02, vejamos as suas principais competências (trago apenas as principais e que costumam ser mais
cobradas em provas), previstas neste mesmo Decreto em seu Artigo 2o (já atualizado com a nova redação
trazida pelo Decreto 10.148/2019):
17
- Manter, por meio do Arquivo Nacional, intercâmbio com outros colegiados e instituições,
cujas finalidades sejam relacionadas ou complementares às suas, para prover e receber
elementos de informação e juízo, conjugar esforços e encadear ações.
O Conselho é presidido pelo diretor geral do Arquivo Nacional e possui membros conselheiros,
representantes dos 3 Poderes Federais, de instituições de ensino e pesquisa, dos Arquivos Públicos Estaduais,
Distrital e Municipais, de associações de arquivistas, entre outras entidades representadas.
Para agilizar a operacionalização do SINAR (veremos mais detalhes abaixo), foram criadas diversas
comissões e câmaras técnicas para a elaboração de estudos e normatizações necessárias a áreas específicas
do cenário de arquivologia brasileiro.
18
Esta parte da aula é bastante teórica. Pare e dê um tempinho. Tome uma água ou refresque a cabeça
por 5-10 minutos. Vamos agora falar do SINAR, o Sistema Nacional de Arquivos.
O art. 26 da Lei nº 8.159/91, como vimos acima, criou o Conselho Nacional de Arquivos - Conarq e
também institui o Sistema Nacional de Arquivos - SINAR, cuja competência, organização e funcionamento
também estão regulamentados pelo Decreto nº 4.073, de 3 de janeiro de 2002.
Note que, de acordo com esse dispositivo legal, em seu artigo 10o., o SINAR tem por finalidade
implementar a política nacional de arquivos públicos e privados, visando à gestão, à preservação, e ao
acesso aos documentos de arquivo. Isso é o que é mais cobrado em prova sobre o SINAR: implementar a
política nacional de arquivos.
Para que fique mais claro, lembre-se que o SINAR é um sistema composto por diversas
organizações brasileiras (especialmente órgãos de documentação) relacionadas à
Arquivística no país. Sua principal função é a implementação de uma política nacional de
arquivos. Tem como órgão central o próprio Conarq.
De acordo com o Artigo 12 do Decreto 4073/2002, integram o SINAR o Arquivo Nacional, os arquivos
do Poder Executivo Federal, os arquivos do Poder Legislativo Federal, os arquivos do Poder Judiciário
Federal, os arquivos estaduais dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, os arquivos do Distrito Federal
dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, os arquivos municipais dos Poderes Executivo e Legislativo.
Além disso, as pessoas físicas e jurídicas de direito privado, detentoras de arquivos, podem integrar
o SINAR mediante acordo ou ajuste com o órgão central. Veja abaixo ilustração retirada do site do Conarq.
O Decreto estabelece ainda que todos os integrantes do SINAR ilustrados abaixo seguirão as
diretrizes e normas emanadas do Conarq, sem prejuízo de sua subordinação e vinculação administrativa.
19
Por fim, o artigo 13 do mesmo Decreto 4073/2002, lista as competências do Sistema Nacional de
Arquivos - SINAR. Vejamos na sequência:
II - Disseminar, em sua área de atuação, as diretrizes e normas estabelecidas pelo órgão central,
zelando pelo seu cumprimento;
IX - Propor ao Conarq os arquivos privados que possam ser considerados de interesse público
e social;
20
O Arquivo Nacional está subordinado ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública desde 2011,
por força do Decreto 7.430/2011. Antes disso o Arquivo Nacional ficou décadas subordinado ao Ministério
da Justiça até que em 2000 sua subordinação foi transferida para a Casa Civil, onde ficou até 2011 quando
retornou ao Ministério da Justiça.
Voltando ao que discutimos em algumas aulas anteriores, os grandes arquivos nacionais surgiram
provavelmente na civilização grega. Veja abaixo.
21
pública em Atenas. No templo conservavam-se os tratados, leis, minutas da assembleia popular e demais
documentos oficiais".
Note que, desde essa época, já havia o interesse das sociedades em guardar seus documentos mais
importantes - que registravam sua história, sua evolução e direitos e deveres da sociedade e de cidadãos -
em locais específicos, públicos e revestidos de simbolismo.
Vale lembrar também que, ao longo de muito tempo, os documentos adquiriam autenticidade com
base no local onde eram depositados. Isso é muito importante. Muitos documentos, independentemente de
serem ou não autênticos, ganhavam credibilidade em função do local de depósito.
Lembre-se que foi isso que despertou o pensamento crítico em relação a documentos que conferiam
inúmeros benefícios e privilégios, sobretudo à igreja e a nobreza, o que incentivou o surgimento de
disciplinas que objetivavam de fato determinar se o documento era autêntico ou não, como por exemplo a
Diplomática e a Paleografia.
Conto tudo isso pois essa foi a origem dos arquivos nacionais e dos grandes arquivos públicos em
todo o mundo.
Aqui no Brasil, o Arquivo Nacional, criado em 1838, está sediado no Rio de Janeiro e é o órgão central
do Sistema de Gestão de Documentos de Arquivos-SIGA, da administração pública federal, integrante da
estrutura do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
De acordo com a Lei 8.159/1991 em seu artigo 18, compete ao Arquivo Nacional a gestão e o
recolhimento dos documentos produzidos e recebidos pelo Poder Executivo Federal, bem como preservar e
facultar o acesso aos documentos sob sua guarda, e acompanhar e implementar a política nacional de
arquivos.
Já de acordo com o artigo 4o. do Decreto 4073/02, caberá ao Arquivo Nacional dar o apoio técnico e
administrativo ao CONARQ.
Tudo isso visa garantir o pleno acesso à informação, apoiar as decisões governamentais de caráter
político-administrativo, o cidadão na defesa de seus direitos e incentivar a produção de conhecimento
científico e cultural.
Falamos no tópico anterior sobre o SIGA, relatando que o Arquivo Nacional é seu órgão central
(enquanto entre Conarq e Arquivo Nacional temos a relação de vínculo, que já vimos. Cuidado para não se
confundir). Vamos estudar então o histórico do SIGA, seus objetivos, competências e composição.
No ano de 1980 têm início o Programa de Modernização do Arquivo Nacional, bem como a retomada
das relações técnicas com os órgãos e entidades da administração pública federal. Essas ações permitiram
delinear uma política arquivística para o governo federal.
Na década de 1990 é concebido o Sistema Federal de Arquivos do Poder Executivo – SIFAR, como a
primeira tentativa de articulação sistêmica das atividades de gestão de documentos, que entre os anos
22
de 2000 e 2001 foi aperfeiçoado, passando a ser denominado Sistema de Gestão de Documentos e
Informações – SGDI, do Poder Executivo Federal.
Após esse momento, estudos e proposições são elaboradas visando à concretização do Sistema de
Gestão de Documentos, o que resulta na edição do Decreto 4.915/03, que cria o Sistema de Gestão de
Documentos de Arquivo - SIGA, da administração pública federal, organizando, sob a forma de sistema, as
atividades de gestão de documentos de arquivo no âmbito dos órgãos e entidades da Administração Pública
Federal.
De acordo com o artigo 2º do Decreto 4.915/03, tome nota das principais competências do SIGA:
VII - Articular-se com os demais sistemas que atuam direta ou indiretamente na gestão da
informação pública federal.
Por fim, e de acordo com o artigo 3º do mesmo Decreto, o Arquivo Nacional exerce a função de
Órgão Central do SIGA (com seu Diretor-Geral compondo a Comissão de Coordenação do SIGA como
presidente) e os serviços arquivísticos encarregados da gestão no âmbito dos Ministérios e órgãos
equivalentes exercem a função de Órgãos Setoriais.
23
b) Arquivo Nacional.
c) Ministério da Cultura.
d) Conselho Nacional de Arquivos.
e) Sistema Nacional de Arquivos.
Comentário:
Essa é uma ótima questão para exercitarmos os conceitos estudados.
Vimos com profundidade que o responsável pela formulação de políticas públicas de arquivo no Brasil é o
Conarq. Isto é o que está estabelecido no artigo 1o do Decreto 4.073/2002. Vejamos: "O Conarq...tem por
finalidade definir a política nacional de arquivos públicos e privados, bem como exercer orientação
normativa visando à gestão documental e à proteção especial aos documentos de arquivo". Desta forma, a
alternativa D é a correta e gabarito da questão.
Na alternativa A o examinador traz o Ministério da Justiça. Preste atenção! Desde 2011 o Arquivo Nacional
e, portanto, o Conarq e o SINAR, estão submetidos ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública, porém,
a geração de políticas públicas de arquivo é de competência do Conarq e não do Ministério. Não confunda!
Na alternativa B a mesma armadilha é colocada. Embora o Arquivo Nacional seja o órgão central do Conarq,
cabe ao CONARQ e não ao Arquivo Nacional a elaboração de políticas públicas sobre arquivos no Brasil.
A alternativa C sugere a vinculação do Arquivo Nacional ao Ministério da Cultura. Não procede. Durante
décadas o Arquivo Nacional foi vinculado ao Ministério da Justiça. Em 2000 passou a Casa Civil e voltou ao
Ministério da Justiça em 2011, aonde está até hoje.
Finalmente, a alternativa E traz o SINAR. Lembre-se que a principal competência do SINAR é colocar em
prática ou implementar as políticas públicas elaboradas pelo Conarq. Relembre duas de suas principais
competências: I - promover a gestão, a preservação e o acesso às informações e aos documentos na sua
esfera de competência, em conformidade com as diretrizes e normas emanadas do órgão central e II -
disseminar, em sua área de atuação, as diretrizes e normas estabelecidas pelo órgão central, zelando pelo
seu cumprimento.
24
e) Compete aos Órgãos Setoriais do SIGA implantar, coordenar e controlar as atividades de gestão de
documentos de arquivo, em seu âmbito de atuação e de seus seccionais.
Comentário:
Como a questão pede a alternativa incorreta, ela é ótima para treinar os conceitos estudados. Vamos lá.
A alternativa A traz exatamente uma das principais competências do SIGA, ou seja, "integrar e coordenar as
atividades de gestão de documentos de arquivo desenvolvidas pelos órgãos setoriais e seccionais que o
integram".
Na letra B o examinador alega que o Diretor Geral do Arquivo Nacional é o presidente da comissão de
coordenação do SIGA, o que também está correto e é o mesmo padrão seguido pelo Conarq.
A alternativa C possui uma pegadinha clássica. Logo no início diz que o órgão central do SIGA é o Conarq.
Atenção! Está errado. O órgão central, assim como no próprio Conarq é o Arquivo Nacional! Não se confunda.
O restante da alternativa está correto. A afirmativa C portanto é incorreta. Desta forma, a alternativa C é a
correta e gabarito da questão.
Na letra D o examinador traz competências do Arquivo Nacional, no papel de órgão central do SIGA. Está
correto.
Finalmente, na letra E fala-se das competências dos órgãos setoriais do SIGA, que também estão corretas
como vimos em aula.
25
A alternativa C traz uma competência do CONARQ que é atribuída ao Arquivo Nacional. Cabe ao Conarq
estabelecer diretrizes para o funcionamento do SINAR e não ao Arquivo Nacional.
Por último, na alternativa D o examinador afirma que cabe ao Conarq dar apoio técnico e administrativo ao
Arquivo Nacional quando a realidade é exatamente inversa. Reveja o art. 4º do Decreto 4.073/02 - "Caberá
ao Arquivo Nacional dar o apoio técnico e administrativo ao Conarq".
26
Vimos há pouco a importância da existência de arquivos públicos, relembrando até mesmo os seus
surgimentos na Grécia antiga e acompanhando a sua evolução até os dias de hoje com a implementação dos
Arquivos Nacionais no Brasil e em outros países.
Tudo isso levava em conta especialmente os valores primários dos documentos, ou seja, a
necessidade de tê-los disponíveis quando necessário para que pudessem informar ou provar fatos,
benefícios, direitos, etc., tudo ligado a gestão e a atividade sistêmica das entidades interessadas.
A partir desse momento, passamos a falar dos arquivos públicos sobre outro ponto de vista. Falamos
sobre a necessidade de tê-los (e breve falaremos dos privados também) em função da fonte de apoio e
consulta única e insubstituível no processo de preservação da memória e do patrimônio cultural de uma
sociedade.
Note que deixamos de falar dos valores primários dos arquivos e partimos para os seus valores
secundários, que se relacionam ao papel histórico e cultural dos arquivos, assim como à preservação da
memória coletiva. Lembre-se que esses arquivos servirão de consulta para milhares de cidadãos que tinham
pouca ou nenhuma relação com os documentos quando eles foram criados!
No campo conceitual e legal, Arquivos Públicos são definidos pela Lei 8.159/11 em seu artigo 7o.
como “conjuntos de documentos produzidos e recebidos, no exercício de suas atividades, por órgão público
de âmbito federal, estadual, do Distrito Federal e municipal em decorrência de suas funções administrativas,
legislativas e judiciárias".
Além de definir o que são arquivos públicos, a mesma Lei 8.159/11 também equipara aos
arquivos públicos os arquivos de instituições privadas encarregadas da gestão de serviços
públicos assim como define que quando da cessação de atividades de instituições públicas
e de caráter público, deve ser procedido o recolhimento de sua documentação à
instituição arquivística pública ou a sua transferência à instituição sucessora.
Note que há grande preocupação com a preservação da documentação (seja ela pública ou privada)
desde que tenha interesse público, esteja ela onde estiver. Em função disso a própria Lei 8.159/91 garante
a inalienabilidade e a imprescritibilidade dos arquivos públicos, veja o artigo 10o abaixo:
27
Tudo isso decorre do papel fundamental desempenhado por esses arquivos na preservação da
memória e dos seus papéis patrimonial e testemunhal.
Para Heloísa Bellotto, "por um lado é preciso preservar como patrimônio esses conjuntos
orgânicos de informações e respectivos suportes , por motivos de transmissão cultural e
visando a constituição/reconstituição incessantes das formas de identidade de um grupo
social como tal; por outro, é imprescindível assegurar aos historiadores os testemunhos de
cada geração, o modo de pensar e de atuar de seus elementos quando em sua
contemporaneidade".
Bem, com base nisso tudo se criaram os arquivos públicos como já vimos no início do curso, com
base em 4 grandes razões principais. Embora todas sejam relevantes, já adianto que nesse momento do
curso, as que mais nos interessam são as razões de ordem Cultural, ou seja, as relacionadas aos valores
secundários dos documentos. Para relembrar o que já estudamos anteriormente:
A mesma Lei 8.159/91, define o que são arquivos privados. Vejamos a literalidade de em artigo 11:
Consideram-se arquivos privados os conjuntos de documentos produzidos ou recebidos por pessoas físicas
ou jurídicas, em decorrência de suas atividades.
Apenas para enfatizar, ao mencionar que os documentos são produtos das atividades pessoais ou
institucionais no âmbito privado, esta definição toca novamente no ponto essencial da especificidade dos
documentos de arquivo: sua organicidade.
Ainda, com as mesmas preocupações já salientadas em relação aos arquivos públicos, quanto a
guarda e preservação de documentos de interesse público, veja o que dizem os artigos 12 a 15 da mesma
lei, agora sobre os arquivos privados:
28
Art. 12 - Os arquivos privados podem ser identificados pelo Poder Público como de
interesse público e social, desde que sejam considerados como conjuntos de fontes
relevantes para a história e desenvolvimento científico nacional.
Aqui a Lei diz claramente que caso o governo identifique interesse público e social nos arquivos,
mesmo que privados, eles deverão ser declarados como de interesse público e deverão seguir as mesmas
regras aplicadas aos arquivos públicos.
Lembre-se que é ao Conarq que compete essa definição e que o SINAR pode orientá-lo, indicando
arquivos que preencham esses requisitos.
Art. 13 - Os arquivos privados identificados como de interesse público e social não poderão
ser alienados com dispersão ou perda da unidade documental, nem transferidos para o
exterior.
Desta feita, após o arquivo ser declarado de interesse público, mesmo que seja privado, ele não mais
poderá ser vendido, doado, trocado, etc., de forma parcial, ou seja, não poderá mais ser fragmentado.
Ainda, caso a propriedade seja transferida para outro dono, só poderá ser feita mantendo-se a
integralidade do acervo e somente se o poder público não quiser comprá-lo, visto que pode exercer o direito
de preferência, antes da alienação. Vamos adiante.
Art. 15 - Os arquivos privados identificados como de interesse público e social poderão ser
depositados a título revogável, ou doados a instituições arquivísticas públicas.
Esses dois últimos artigos completam o quadro e listam outras condições que devem ser cumpridas
por proprietários ou interessados em arquivos privados que tenham sido declarados de interesse público.
Estude bem isso pois cai demais!
29
Indo mais a fundo na questão dos arquivos privados, vale distinguir os arquivos gerados por
instituições não governamentais e aqueles gerados por famílias ou indivíduos. Isso nos leva a mais 3 grupos
de arquivos, dentro dos considerados privados: os arquivos econômicos, sociais e pessoais.
Os arquivos notariais, no Brasil e em muitos outros países integram a área de atividade pública, dado
seu caráter de concessão de validade jurídica aos atos, fatos e documentos registrados nas entidades do
setor: registros, cartórios, tabelionatos, etc.
"Papéis ligados à vida, à obra e as atividades de uma pessoa. Não são documentos
funcionais e administrativos no sentido que possuem os de gestão de uma casa comercial
ou de um sindicato laboral. São papéis ligados a vida familiar, civil, profissional e à
produção política e/ou intelectual, científica, artística de estadistas, políticos, artistas,
literatos, cientistas, etc. Enfim, são os papéis de qualquer cidadão que apresente interesse
para a pesquisa histórica, trazendo dados sobre a vida cotidiana, social, religiosa,
econômica, cultural, do tempo em que viveu ou sobre sua própria personalidade e
comportamento".
30
Acabamos de ver que entre os arquivos privados temos ainda 3 categorias de arquivos: os
econômicos, os sociais e os pessoais.
Os arquivos pessoais constituem-se em um caso à parte pois, embora ricos e altamente relevantes
do ponto de vista documental, têm uma visibilidade muito prejudicada justamente pelo fato de serem
produzidos por pessoas físicas, geralmente dentro de suas casas ou em outras condições de suas vidas
particulares.
Dessa forma, esses arquivos não são facilmente encontráveis por pesquisadores, historiadores e
mesmo por arquivistas, até que seus respectivos donos, convencidos da importância e da função social do
material que têm em mãos, concordam em cedê-los ou vendê-los para entidades que os irão abrigar,
processar e divulgar, considerando seu interesse público.
Para possibilitar a pesquisa e o acesso ao público e para que estes sejam satisfatoriamente realizados,
é necessário o preenchimento de duas condições:
O arquivo pessoal como fonte de pesquisa pode ser usado de quatro formas distintas, dependendo
do tema e da abordagem da pesquisa:
- Documentação básica - única fonte para o desenvolvimento de um tema. Vem caindo em desuso.
31
ARQUIVO PESSOAL
COMO FONTE DE PESQUISA
Por fim, importante saber que em todo esse processo de gestão dos documentos pessoais, assumindo
sua migração do controle doméstico para uma entidade, sua identificação, ordenação e disseminação para
historiadores, pesquisadores, acadêmicos e demais interessados temos em resumo 3 polos de interesse:
- Famílias ou titulares - proprietários do acervo que precisam ser convencidos a iniciar o processo de
disponibilização do conteúdo.
Famílias ou
Titulares
ARQUIVOS
PESSOAIS
Arquivistas Historiadores
32
(CS UFG/UFG/Arquivista/2017) De acordo com a Lei n. 8.159, de 8 de janeiro de 1991, em seu Art. 12, os
arquivos privados podem ser identificados pelo poder público como de interesse público e social, desde
que sejam considerados como:
a) fundo de arquivo com tratamento relevante para o desenvolvimento da arquivologia nacional.
b) produto das atividades de pessoa física ou jurídica com relevância histórico-familiar ou institucional.
c) conjunto de fontes relevantes para a história e o desenvolvimento científico nacional.
d) coleção de documentos tridimensionais acumulados por fonte relevante para a história nacional.
Comentário:
Antes de analisar as alternativas vamos voltar a lei seca para identificar o que está correto. Vejamos o artigo
12 da Lei 8.159/91: "Os arquivos privados podem ser identificados pelo Poder Público como de interesse
público e social, desde que sejam considerados como conjuntos de fontes relevantes para a história e
desenvolvimento científico nacional". Bem, fica claro que a alternativa C é a correta e gabarito da questão.
A alternativa A limita o interesse público e social à Arquivologia que, embora muito relevante, não esgota as
possibilidades de o material apresentar interesse público e social.
Na alternativa B, a importância acaba também restrita pelo examinador ao cenário histórico-familiar ou
institucional. Note que na resposta gabarito estamos falando em interesse para a história ou para o
desenvolvimento nacional.
Por último, na alternativa D o examinador traz o conceito de documentos/objetos de museu que, embora
possam ter relevância para a história nacional, também restringiriam o escopo dos documentos que
33
poderiam ser declarados de interesse público e o social. E os documentos de bibliotecas e de arquivos que
em sua maioria não são tridimensionais, como ficariam?
34
Um tema que cai com alguma frequência em provas é o "Diagnóstico e realidade da situação
arquivística brasileira".
Esse tema surge em questões nas mais variadas formas. Veremos alguns exemplos mais adiante.
Veja que esta é uma definição aplicada ao diagnóstico de uma instituição especifica que prevê
inclusive a análise das áreas de Arquivo e Protocolo. Como aqui estamos falando de um diagnóstico da
situação arquivística brasileira, podemos assumir que os principais objetivos desta ação - que devem ser
mais genéricos e de escopo mais abrangente por se tratar de um cenário maior - seriam:
Tudo isso permitirá ao realizador do diagnóstico partir para um plano de ação, contendo:
Ainda, é importante saber que temos dois tipos de diagnóstico de arquivos que podem ser feitos, o
Minimalista e o Maximalista.
O Minimalista estuda organizações específicas, em que geralmente o arquivista está envolvido com
a situação a ser diagnosticada e incumbido de planejar meios para propor soluções aos possíveis problemas.
Aplica-se ainda às pesquisas sobre as políticas arquivísticas desenvolvidas por países, estados ou
grandes municípios ou, ainda, sobre o desenvolvimento e realidades de seus sistemas ou programas com o
objetivo de: definir a política arquivística; elaborar estratégias de solução dos problemas identificados e
justificar a necessidade da intervenção planejada.
Este é um tema extensíssimo e que admite qualquer pergunta sobre qualquer coisa que tenha
ocorrido ou esteja ocorrendo no cenário arquivístico do país.
Dessa forma, buscando eficiência para o estudo, vamos relatar alguns pontos importantes na história
da evolução arquivística do Brasil assim como alguns aspectos qualitativos do cenário, especialmente aqueles
que têm alguma incidência observável em questões de prova. Esse seria um primeiro passo na realização de
um verdadeiro diagnóstico da situação arquivística brasileira.
Até os anos 60 a arquivística brasileira era praticamente inexistente. O próprio Arquivo Nacional não
adotava métodos científicos em suas atividades e era muito mais um depósito, responsável pela guarda da
massa documental nele depositada.
Para agravar essa situação, no período do pós-guerra vivenciou-se uma explosão no volume de
produção documental, o que requisitou uma abordagem muito mais eficiente da arquivística, especialmente
de sua atividade de avaliação, como vimos em aulas passadas.
Esse cenário passa a ser endereçado em boa parte do mundo com a introdução da Teoria das 3 Idades
dos Arquivos, mas não no Brasil que, até hoje, não possui essa padronização por completo em suas
instituições arquivísticas.
Também a partir dos anos 60 surgem os primeiros cursos universitários de Arquivologia no país e
inicia-se ampla reforma do Arquivo Nacional, com auxílio do estudioso que sempre nos serve de referência
36
neste curso, T.R. Schellenberg, que esteve no Brasil com esse objetivo. Surgem também nessa época as
primeiras ideias de um sistema nacional de arquivos.
A partir dos anos 80 temos a transformação do Arquivo Nacional em órgão autônomo e sua completa
modernização, inclusive com a transferência de sua sede em 1985, reestruturação organizacional completa
e uma mudança de postura perante a sociedade, tentando abandonar o papel passivo exercido até então.
Nos anos 90 temos a aprovação da Lei Nacional dos Arquivos em 1991 que tanto temos estudados
(8.159/91) que muda radicalmente a forma como a Arquivologia e a Gestão Documental eram encaradas. É
criado o Conarq em 1994 e, em função disso, diversas normatizações e definições legais sobre o tema
chegam ao mercado como as garantias de acesso aos documentos, o controle de eliminações, a classificação
quanto ao interesse público, a definição das responsabilidades penal e civil em relação aos arquivos, etc. O
número de cursos universitários continua crescendo.
Já a partir dos anos 2000 temos a transferência do Arquivo Nacional do Ministério da Justiça para a
Casa Civil (2000), a criação do SIGA (2004), o lançamento do DBTA (2005) e da NOBRADE (2006).
Por fim, na década atual o Arquivo Nacional acaba voltando ao Ministério de Justiça e da Segurança
Pública em 2011, mesmo ano em que é publicada a Lei de Acesso à Informação (12.257/11), que ainda
vamos estudar bastante. O Arquivo Nacional passa ainda por mais uma reorganização interna (2017).
Recorrendo ao famoso texto "A invenção da memória nos arquivos públicos", de José Maria Jardim,
constantemente cobrado em provas, percebemos que atualmente na América Latina e, especificamente, no
Brasil - mesmo com as evoluções que vimos acima - a precariedade organizacional dos arquivos públicos
ainda é uma realidade.
As organizações arquivísticas ainda são voltadas quase exclusivamente para a guarda e acesso de
documentos considerados como de valor histórico, ignorando a gestão de documentos correntes e
intermediários na administração que os produziu.
Relata ainda o autor que quilômetros de documentos tendem a ser acumulados sem critérios junto
aos serviços arquivísticos da administração pública, dada a inexistência de programas estruturados de
avaliação, eliminação e recolhimento às instituições arquivísticas.
Seja nos arquivos públicos ou nos serviços arquivísticos dos órgãos governamentais, a ausência de
padrões de gerenciamento da informação (note que sequer a Teoria das três idades foi adotada de maneira
linear), somada às limitações de recursos humanos, materiais e tecnológicos, resulta em deficiências no
processamento técnico.
Por outro lado, e ainda de acordo com Jardim, as restrições de consulta e as condições de acesso
físico e intelectual dos arquivos limitam consideravelmente sua utilização pelo administrador público e o
cidadão. O acesso do cidadão à informação governamental com objetivos científicos ou de comprovação de
direitos mostra-se, portanto, extremamente limitado.
37
Anos 60-70
• Primeiros cursos de Arquivologia
• Regulamentação da profissão
• Reformas do Arquivo Nacional (com Schellenberg)
• Criação do SINAR
Anos 80-90
• Transferência de sede, modernização e reestruturação do Arquivo Nacional
• Lei Nacional de Arquivos (8.159/91)
• Criação do CONARQ em 1994
Anos 00-10
• Migração do Arquivo Nacional para a Casa Civil (2000)
• Criação do SIGA (2004) e lançamentos DBTA (2005) e NOBRADE (2006)
• Retorno do Arquivo Nacional ao Ministério da Justiça (2011)
• Lei de Acesso a Informação (12.957/2011)
Atualmente
• Arquivos ainda voltados a guarda e acesso de documentos históricos
• Papel passivo em relação ao recolhimento
• Ausência de padrões processuais e falta de recursos humanos, materiais e
tecnológicos
• Condições de acesso físico prejudicadas
a) Certo
b) Errado
Comentário:
A afirmativa está ERRADA.
Vimos isso ao longo da aula. Nem mesmo a Teoria das Três Idades arquivísticas foi adotada de maneira
uniforme pelos órgãos arquivísticos do Brasil. Isso, como diz José Maria Jardim, seja nos arquivos públicos
ou nos serviços arquivísticos dos órgãos governamentais, simplesmente ilustra a ausência de padrões de
gerenciamento da informação que, somada às limitações de recursos humanos, materiais e tecnológicos,
resulta ainda em graves deficiências no processamento técnico documental.
39
40
A memória e o patrimônio cultural de uma instituição vão muito além das simples informações
administrativas que estão contidas nos arquivos correntes e, em momentos posteriores, nos arquivos
intermediários como testemunhos ou nos arquivos permanentes como fonte histórica (lembre-se aqui das
três idades documentais que já estudamos e veremos com mais detalhes mais a frente).
A memória, segundo Heloísa Bellotto, trata-se de "algo que vai muito além do próprio
conteúdo do documento. Os conjuntos informacionais que se geram não podem ser
definidos compartimentadamente como material de arquivo, de biblioteca ou de centro de
documentação, por serem atípicos, como totalidade, a qualquer um deles. Esses conjuntos
de dados constituem a memória".
Integram a memória não só os conteúdos dos respectivos documentos, mas os fatos e reflexões de
um ato administrativo, os testemunhos sobre ele e todas as demais manifestações a seu respeito,
transcendendo a natureza arquivística.
Todos esses elementos, sejam eles arquivísticos ou não são fontes de constituição do que estamos
chamando de memória.
Em segundo lugar temos os elementos que embasam os primeiros ou que deles resultam
e que constituem o chamado material técnico-científico ou informativo. São geralmente
documentos de bibliotecas e centros de documentação como livros, artigos de periódicos,
etc.
Em terceiro lugar e por último, estão os elementos mais difíceis de serem capturados, que
são os de crítica, de reflexão ou de inspiração, chamados de documentos dispersos. São
manifestações de apoio, de repúdio ou ambas. Surgem como invenções técnico industriais
ou criações artísticas.
41
Vamos ver um exemplo concreto. O fato é a conquista do Tri Campeonato da Taça Libertadores da
América pelo Santos em 2011.
A súmula do jogo com as observações do árbitro, os ingressos vendidos ao público, as escalações dos
times distribuídas à imprensa antes da partida, o borderô com a renda e o público pagante, a escala de
arbitragem divulgada, são todos documentos de caráter jurídico administrativo. Estão no primeiro grupo
acima.
As reportagens sobre o título do Santos nos jornais no dia seguinte, as publicações em formato de
livro sobre o título histórico e outras, são o que acabamos de chamar de material técnico científico ou
informativo.
Por fim, as músicas que a torcida criou e canta até hoje em função dessa conquista, as piadas e
gozações criadas entre os torcedores são o que podemos chamar dos elementos de crítica, reflexão e
inspiração, as chamadas criações artísticas ou elementos dispersos.
Esses três tipos de elementos constituem a memória e apenas misturando-os todos se é capaz de
construir a memória do fato, trazendo-o novamente ao seu contexto e mostrando suas consequências e
repercussões na sociedade à época. Somente esses três tipos de elementos, juntos, formam um corpo
documental capaz de constituir a memória do fato/ato administrativo.
Assim podemos definir memória como a junção dos elementos (orgânicos ou não)
jurídico/administrativos, técnico/científicos e de crítica, reflexão ou inspiração que,
juntos, constituem um corpo documental capaz de fornecer ao historiador referências
concretas e abstratas sobre o fato/ato em análise, permitindo-lhe a sua organização
posterior.
Apenas como mais uma referência, para o dicionário Michaelis, "memória nacional" é definida como
"tudo que constitui o acervo e o patrimônio histórico e cultural de uma nação".
Por fim, o DBTA define patrimônio arquivístico como: "Conjunto dos arquivos de valor permanente,
públicos ou privados, existentes no âmbito de uma nação, de um estado ou de um município".
42
Elementos
jurídico-
administrativos
MEMÓRIA
Elementos
Elementos
de crítica,
técnico-
reflexão ou
científicos
inspiração
Para finalizar vale lembrar que a memória é referenciadora e não recolhedora ou armazenadora. Ela
não funciona como um arquivo e também não é história, funcionando apenas como um "substrato bruto do
contexto analisado", conforme diz a estudiosa Heloísa Bellotto.
É, além disso, construída em momento posterior, utilizando-se dos três elementos que estudamos e
dando ao historiador as referências para que ele construa uma "ponte para o passado" e devolva à sociedade
esse conhecimento ainda não organizado de forma estruturada.
44
Por último, a alternativa D fala que memória e história são equivalentes. Não é verdade como vimos no
finalzinho do item que acabamos de estudar. Desta forma a afirmativa está errada e a alternativa D é a
correta e gabarito da questão.
45
Como sempre, vamos agora para a parte de Terminologia Arquivística, sempre aplicada ao que
acabamos de estudar e trazendo os principais temas do DBTA que têm relação direta com o que acabamos
de discutir.
Acho que vou falar isso em todas as aulas...Questões referentes ao DBTA sempre são exigidas em
provas de Arquivologia. É impossível saber quais serão os termos escolhidos pela banca, por isso é bom
sempre tomar ciência dos mais importantes em relação a cada assunto e, bem pertinho da prova, dar uma
relida no DBTA de ponta a ponta para refrescar a memória.
ACERVO
ACESSO
Aqui vale lembrar das observações que estudamos de Jose Maria Jardim que conclui dizendo que
" O acesso do cidadão à informação governamental com objetivos científicos ou de comprovação
de direitos mostra-se...extremamente limitado", em função das restrições de consulta e condições
de acesso físico atual de nossos arquivos.
ALIENAÇÃO
Não se esqueça de que os arquivos privados, quando declarados de interesse público, caso
queiram alienar seus acervos não podem fazê-lo de forma fragmentada (só podem transferir sua
propriedade de forma integral) e o poder público tem sempre o direito de exercer preferência!
ARQUIVO
46
Retomo nesta aula as definições de arquivo pois falamos bastante delas, e em duas dimensões
diferentes. Enquanto falávamos dos arquivos públicos, privados e pessoais, usávamos a definição
1 acima, a mesma que já exploramos bastante em aulas anteriores.
Atenção com essas diferenças pois isso cai em prova e as bancas criam sempre pegadinhas em
relação a este tema! Fique atento e veja abaixo as principais definições de arquivo em relação ao
que estudamos hoje.
ARQUIVO NACIONAL - Arquivo público mantido pela administração federal ou central de um país,
identificado como o principal agente da política arquivística em seu âmbito.
ARQUIVO FEDERAL - Arquivo público mantido pela administração federal. Em alguns países, a
expressão designa o arquivo nacional.
ARQUIVO ESTADUAL - Arquivo público mantido pela administração estadual, identificado como
o principal agente da política arquivística nesse âmbito.
ARQUIVO MUNICIPAL - Arquivo público mantido pela administração municipal, identificado como
o principal agente da política arquivística nesse âmbito.
ARQUIVO PRIVADO - Arquivo de entidade coletiva de direito privado, família ou pessoa. Também
chamado arquivo particular.
47
ARQUIVO DE FAMÍLIA - Arquivo privado de uma família ou de seus membros, relativo às suas
atividades públicas e privadas, inclusive à administração de seus bens. Também chamado arquivo
familial ou arquivo familiar.
ARRANJO
Sequência de operações intelectuais e físicas que visam à organização dos documentos de um arquivo
ou coleção, de acordo com um plano ou quadro previamente estabelecido.
É uma das técnicas dos diferentes processamentos técnicos utilizados pelos distintos órgãos de
documentação que estudamos em aula.
AVALIAÇÃO
Vimos que a atividade de avaliação passa a ganhar muita importância após a explosão de
produção documental verificada a partir do século XIX e especialmente no período pós-guerra,
quando a avaliação passou de fato a ser implementada. Veremos mais adiante os instrumentos
que a embasam como a Tabela de Temporalidade de Documentos.
CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO
Um dos órgãos de documentação que estudamos. Esta é a definição literal trazida pelo DBTA.
Note que aborda a centralização dos documentos por meio da custódia que é realizada e a
disseminação de informações por meio do acesso proporcionado ao interessado.
COLEÇÃO
Trago este termo pois cai muito em prova tentando ludibriar o candidato em relação as diferenças
entre os órgãos de documentação. Lembre-se sempre! Em relação as formas de entrada, a
48
DISSEMINAÇÃO DA INFORMAÇÃO
Termo relacionado a vários pontos estudados. Os órgãos de documentação, por exemplo, têm
entre seus objetivos a disseminação da informação. De nada adianta termos um arquivo ou um
centro de documentação completo e bem organizado se o acesso não é permitido e a informação
não é disseminada. Eles não cumpririam suas funções na íntegra.
ENTRADA DE DOCUMENTOS
Ingresso de documentos em arquivo, seja por comodato, compra, custódia, dação, depósito, doação,
empréstimo, legado, permuta, recolhimento, reintegração ou transferência.
49
PATRIMÔNIO ARQUIVÍSTICO
Conjunto dos arquivos de valor permanente, públicos ou privados, existentes no âmbito de uma nação,
de um estado ou de um município.
Só cuidado para não confundir memória com história. São diferentes e as vezes uma pergunta
simples como essa é cobrada.
PROCESSAMENTO TÉCNICO
Arquivo - tratamento técnico não é realizado por unidade, mas por séries documentais, que
formam agrupamentos lógicos e orgânicos dentro dos diferentes fundos. Nos arquivos usam-se
as técnicas de registro, arranjo (de acordo com a proveniência) e descrição (constituindo
agregado de peças, diferente da biblioteca e sua abordagem descritivo individual), gerando
guias, inventários, catálogos, etc.
Biblioteca - tratamento documental é feito peça por peça, de forma isolada. Usa-se os métodos
de tombamento, classificação e catalogação descritiva por meio de fichários e de sistemas lógicos
pré-determinados, ao contrário dos arquivos que tem abordagem orgânica e funcional.
Museu - tratamento documental também é feito peça por peça. Assim como nos museus, usa-se
as técnicas de tombamento e de catalogação, com o uso de inventários e catálogos.
50
RECOLHIMENTO
2 Operação pela qual um conjunto de documentos passa do arquivo intermediário para o arquivo
permanente.
Trago as duas definições do DBTA pois ambas têm relação com o que estudamos.
O termo recolhimento é usado quando um documento entra no arquivo permanente (de terceira
idade, documentos de valor secundário). Ele é RECOLHIDO e não transferido, arquivado ou
qualquer outra coisa. Isso sempre é pedido em prova.
Isso se aplica tanto quando um documento público é enviado de forma direta para o arquivo
permanente ou quando percorre o seu ciclo de vida e após passar pelos arquivos corrente e
intermediário, é finalmente RECOLHIDO ao arquivo permanente.
RESTRIÇÃO DE ACESSO
Mais uma vez um termo que nos remete ao texto de Jose Maria Jardim e as dificuldades que são
bastante perceptíveis ao se realizar um diagnóstico da situação arquivística brasileira.
SISTEMA DE ARQUIVOS
Conjunto de arquivos que, independentemente da posição que ocupam nas respectivas estruturas
administrativas, funcionam de modo integrado e articulado na persecução de objetivos comuns.
Foi criado pelo Decreto nº 4.915, em 12 de dezembro de 2003, que organiza, sob a forma de
sistema, as atividades de gestão de documentos de arquivo no âmbito dos órgãos e entidades da
Administração Pública Federal.
Vale lembrar que o Arquivo Nacional exerce a função de Órgão Central do SIGA (com seu Diretor-
Geral compondo a Comissão de Coordenação do SIGA como presidente, assim como no SINAR).
Por fim, trouxe o conceito das três idades novamente pela sua enorme incidência em prova.
Teremos uma aula quase específica sobre isso mais adiante, mas vale a pena sempre refrescar a
memória sobre o seu significado.
52
53
8 - Considerações Finais
Aula pesada, cheia de conceitos, mas, como sempre, recheada de temas cobrados em prova.
Falamos bastante também dos organismos arquivísticos. Essa é uma parte meio maçante pois traz
muita normatização, mas é importante. Teremos mais adiante uma aula específica sobre legislação. Nela
entraremos ainda mais a fundo nessa discussão.
Em relação a isso, é importante achar um meio termo que deixe você confortável para o dia da prova.
A relação custo benefício de decorar todas as competências e as normatizações relativas de cada um dos
organismos (Conarq, SINAR, SIGA, etc.) é alta. Pode não valer a pena. Tente entender as principais.
Trabalhe com os grifos e as palavras chave. Isso vai dar um conhecimento suficiente para você matar
as questões na prova. Entenda quem se submete a quem, qual o "organograma" entre os organismos.
Sabendo isso provavelmente você vai saber driblar as armadilhas colocadas pelo examinador sem gastar um
tempo exagerado com o tema.
Bem, tudo isso está nessa aula, assim como outros assuntos como arquivos públicos, privados e
pessoais (atenção com este - arquivos pessoais - pois é a primeira vez que o vemos) e memória. Memória é
outro tema que cai muitas vezes com base na literalidade do que alguns autores disseram. A estudiosa
Heloisa Bellotto é uma grande referência no tema.
Por último diagnóstico e realidade arquivística é um grande desafio. Tudo cabe abaixo desse tema.
Tentei trazer um pouco do histórico e da situação atual arquivística brasileira. Nas questões comentadas
você encontrará várias perguntas que lhe darão uma ideia de como a matéria pode ser pedida.
Mãos à obra! Como sempre, faça como já combinamos. Leia a teoria e responda as questões. Se tiver
dificuldade ou ficar em dúvida nesse momento, volte ao texto original, busque as justificativas e comentários.
Se, mesmo assim, ainda não ficar convencido, fale comigo!
Ricardo Campanario
54
E-mail: ricardo.campanario@gmail.com
Instagram: https://www.instagram.com/ricardocampanario
55
QUESTÕES COMENTADAS
ÓRGÃOS DE DOCUMENTAÇÃO
Comentários:
Essa questão é interessante pois o examinador traz conceitos e definições do Glossário de Documentos
Arquivísticos Digitais e as aplica a documentos de arquivos, museus e bibliotecas. Vamos a elas:
A alternativa A está incorreta. De acordo com o Glossário de Documentos Arquivísticos Digitais do Conarq,
"confiabilidade" é a "credibilidade de um documento arquivístico enquanto uma afirmação do fato. Existe
quando um documento arquivístico pode sustentar o fato ao qual se refere, e é estabelecida pelo exame da
completeza, da forma do documento e do grau de controle exercido no processo de sua produção". Dentro
desse contexto, tanto os documentos de arquivo como os de museu e biblioteca, em tese, têm a mesma
relação com a confiabilidade. Embora tenham formas de entrada diferentes e na maioria das vezes variem
em relação ao suporte, não há como diferenciá-los apontando níveis diferentes neste quesito.
A alternativa B está incorreta. Segundo o mesmo glossário, "integridade" é o "estado dos documentos que
se encontram completos e que não sofreram nenhum tipo de corrupção ou alteração não autorizada nem
documentada". Aplica-se aqui a mesma justificativa. Não é possível diferenciá-los com base na integridade.
A alternativa C está incorreta. De acordo com o Glossário de Documentos Arquivísticos Digitais do Conarq,
"completeza" é o "atributo de um documento arquivístico que se refere à presença de todos os elementos
intrínsecos e extrínsecos exigidos pela organização produtora e pelo sistema jurídico-administrativo a que
pertence, de maneira a ser capaz de gerar consequências." Também não é o elemento que nos permite
diferenciar os documentos de arquivo dos documentos de museu e biblioteca.
56
A alternativa D está incorreta. Novamente, de acordo com o Glossário de Documentos Arquivísticos Digitais
do Conarq, "acessibilidade" é a "facilidade no acesso ao conteúdo e ao significado de um objeto digital".
Também não é o que procuramos para diferenciar os documentos em questão.
O vínculo arquivístico, um dos elementos principais para a distinção entre arquivo, biblioteca e museu, é
o inter-relacionamento existente entre os documentos acumulados pela mesma atividade da organização.
a) Certo
b) Errado
Comentários:
A afirmativa está CORRETA. Lembra quando falamos sobre o vínculo arquivístico em aulas anteriores? Pois
é. O conceito de vínculo arquivístico foi desenvolvido pela arquivologista italiana, radicada no Canadá,
Luciana Duranti, uma das maiores referências da área no mundo.
O vínculo arquivístico é um conceito na teoria arquivística referente à relação que cada registro arquivador
tem com os outros registros produzidos como parte da mesma transação ou atividade e localizados no
mesmo agrupamento.
É a base também do Princípio da Organicidade, que acabamos de ver na questão anterior, característica
típica dos documentos de arquivo e que os diferencia dos documentos de biblioteca e museu, como já
pudemos ver.
57
a) 1 – 2 – 1 – 3 – 2.
b) 2 – 2 – 3 – 1 – 3.
c) 2 – 3 – 2 – 1 – 3.
d) 3 – 2 – 1 – 3 – 1.
e) 3 – 3 – 1 – 2 – 1.
Comentários:
Antes de avaliarmos as alternativas, vamos verificar cada uma das características trazidas pela banca e quais
as suas correspondências:
Reúne documentos por compra, doação, permuta ou recolhimento obrigatório de reproduções (de
documentos, por sua vez, múltiplos ou únicos), originados por fontes múltiplas - cuidado pois o início se
parece com características de biblioteca porém, quando fala das reproduções, dá a pista que precisávamos
para entender que é o caso de centro de documentação, que também possuem múltiplas fontes como as
bibliotecas, o que contrasta ambos com a fonte única dos arquivos. Portanto 3-X-X-X-X.
O acervo é resultante da atividade cultural, seja ela a criação artístico-literária ou a pesquisa de divulgação
técnico-cientifica à humanística - agora temos característica típica de biblioteca, ou seja, um acervo
resultante de atividade cultural. Temos então: 3-3-1-2-X
58
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Temos dois problemas com a alternativa. Em primeiro lugar museus não
produzem documentos e sim os colecionam. Em segundo, os fins de um museu são didáticos, culturais,
técnicos ou científicos, não correspondendo ao listado pelo examinador.
A alternativa B está incorreta. Como já estudamos o arquivo é um órgão receptor (recolhe naturalmente o
que produz a administração do órgão ao qual presta serviços). A este processo dá-se a denominação de
"recolhimento" ou "acessões" por transferência ou por depósito.
A alternativa C está incorreta. O público alvo dos museus está ligado ao seu posicionamento e ao que suas
dependências oferecem sob o ponto de vista de entretenimento e lazer. Especialmente o "gestor dos
arquivos administrativos" como é trazido pela banca, está fora desse universo.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Tanto manuscritos, como impressos, audiovisuais e
exemplar único são encontrados nos arquivos. Uma "dica" importante da alternativa é a menção a
exemplares únicos. Essa é uma característica que típica dos arquivos e que os diferencia especialmente das
bibliotecas.
A alternativa E está incorreta. Coleções não são conjuntos documentais típicos de arquivos, ao contrário de
fundos e documentos unidos pela proveniência que, sim, compõem os arquivos.
Comentários:
Questão que aborda as principais características dos arquivos como órgãos de documentação. Vamos as
alternativas:
A alternativa A está incorreta. Nos arquivos, em regra os documentos possuem apenas um exemplar, com
poucas exceções.
59
A alternativa B está incorreta. Nos arquivos os documentos não são colecionados e também não são
adquiridos de fontes diversas. Arquivos tem fonte única: a organização da qual faz parte e que produz
documentos de forma natural e orgânica, de acordo com as suas atividades.
A alternativa C está incorreta. Os arquivos compartilham o Princípio da Organicidade, como já vimos. Diz o
princípio que a Organicidade deve ser considerada "a relação natural entre documentos de um arquivo em
decorrência das atividades da entidade produtora", ou seja, a significação documental está diretamente
ligada à relação que os documentos têm entre si e não independe dela, como diz a alternativa.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. É basicamente o que acabamos de falar. O arquivo
tem uma fonte única de geração de documentos que são justamente as atividades públicas ou privadas da
organização servida pelo arquivo.
A alternativa E está incorreta. Já vimos que os objetivos do arquivo são funcionais, administrativos e legais
e não culturais. Além disso, documentos de arquivos não são adquiridos pois os arquivos são órgãos
receptores.
60
a) A biblioteca destina-se à guarda de documentos oriundos de fatos funcionais de uma entidade, enquanto
que o arquivo destina-se à guarda de documentos com fins culturais.
b) O arquivo destina-se à guarda de documentos oriundos de fatos funcionais de uma entidade, enquanto
que a biblioteca destina-se à guarda de documentos com fins culturais.
c) Os documentos guardados em arquivos expressam um pensamento espontâneo de uma determinada
época, com cronologia definida, enquanto que os documentos guardados em biblioteca não possuem
conexão com fatos cronológicos.
d) Os arquivos são órgão colecionadores, ao passo que as bibliotecas são órgãos receptores de documentos.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. As funções estão trocadas para confundir o candidato. A biblioteca não guarda
documentos oriundos de fatos funcionais de uma entidade, mas sim documentos com fins culturais. Já os
arquivos, esses sim guardam documentos oriundos de fatos funcionais de uma entidade e não documentos
com fins culturais.
A alternativa C está incorreta. Documentos guardados em arquivo não refletem pensamentos espontâneos
de determinada época. Essa caracterização está mais próxima dos documentos dos centros de
documentação e de memória, especialmente aqueles resultantes das manifestações culturais ou artísticas
da sociedade, como já vimos.
A alternativa D está incorreta. Retorna o conceito de órgão colecionador para arquivo. Está errado. Arquivos
são órgãos receptores, exatamente o que o examinador atribui a bibliotecas, com o intuito de confundir.
Resumindo, arquivos são órgãos receptores e bibliotecas são órgãos colecionadores.
Comentários:
61
A alternativa A está incorreta. Arquivos não têm a compra e nem a doação como formas de entrada, assim
como não possuem o tombamento e a catalogação como métodos de seu processamento técnico.
A alternativa B está incorreta. Embora os arquivos de fato apresentem a passagem natural de uma fonte
geradora única como forma de entrada, não têm a classificação e o tombamento como métodos de seu
processamento técnico.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. Arquivos tem a passagem natural de uma fonte
geradora única como forma de entrada e registro, arranjo e descrição como métodos de seu processamento
técnico.
A alternativa D está incorreta. Arquivos não têm a permuta de fontes múltiplas como formas de entrada,
embora possuam o registro, arranjo e descrição como métodos de seu processamento técnico.
A alternativa E está incorreta. Embora os arquivos de fato apresentem a passagem natural de uma fonte
geradora única como forma de entrada, não possuem o tombamento e a catalogação como métodos de seu
processamento técnico.
Reveja o quadro a seguir, que já vimos em aula, para relembrar. Isso cai muito!
62
CENTRO DE
ARQUIVO BIBLIOTECA MUSEU
DOCUMENTAÇÃO
TIPO DE Manuscritos, Impressos, Objetos Audiovisuais
SUPORTE impressos, manuscritos, bi/tridimensionais, (reproduções) ou
audiovisuais, audiovisuais, exemplar único virtual, exemplar
exemplar único exemplares único ou múltiplo
múltiplos
TIPO DE Fundos; Coleção; Coleção; Coleção; documentos
CONJUNTO documentos documentos unidos documentos unidos pelo conteúdo
unidos pela pelo conteúdo unidos pelo
proveniência conteúdo ou pela
(origem) função
PRODUTOR Máquina Atividade humana Atividade Atividade humana
administrativa individual ou humana, a
coletiva natureza
FINS DE Administrativos, Culturais, científicos, Culturais, Científicos
PRODUÇÃO jurídicos, técnicos, artísticos, artísticos,
funcionais e educativos funcionais
legais
OBJETIVO Provar, Instruir, informar Informar, entreter Informar
testemunhar
ENTRADA DOS Passagem Compra, doação, Compra, doação, Compra, doação,
DOCUMENTOS natural de fonte permuta de fontes permuta de fontes pesquisa
geradora única múltiplas múltiplas
PROCESSMENTO Registro, Tombamento, Tombamento, Tombamento,
TÉCNICO arranjo, classificação, catalogação: classificação,
descrição: guias, catalogação: inventários, catalogação: fichários
inventários, fichários catálogos ou computador
catálogos, etc.
PÚBLICO Administrador e Grande público e Grande público e Pesquisador
pesquisador pesquisador pesquisador
63
BIBLIOTECA: É o conjunto de documentos, criados ou recebidos por uma instituição ou pessoa, no exercício
de sua atividade, preservados para garantir a consecução de seus objetivos.
a) Certo
b) Errado
Comentários:
A afirmativa está ERRADA. O examinador traz a definição de arquivos para tentar confundir o candidato. A
definição correta de biblioteca é "o conjunto de material, em sua maioria impresso, disposto ordenadamente
para estudo, pesquisa e consulta".
Arquivo - produzidos por entidade público ou privada ou por família ou pessoa no desempenho de suas
funções naturais, gerando relação orgânica entre esses documentos (lembre-se dos Princípios da
Organicidade e da Cumulatividade, já estudados nesse curso). Surgem basicamente por motivos funcionais
administrativos e legais. Devem provar ou testemunhar alguma coisa e podem ser manuscritos, impressos
ou audiovisuais. Em geral são exemplares únicos produzidos sobre formas e suportes variados.
Biblioteca - resultam de criação artística ou pesquisa. Material que informa para instruir ou ensinar nos
campos científico, humanístico, filosófico, etc. Documentos são geralmente gráficos (impressos,
manuscritos, mapas, plantas, etc.) ou audiovisuais. Forma usual é, além de impressa, múltipla (muitos
exemplares, ao contrário dos arquivos). São mais acessíveis e mais conhecidos pelo grande público.
Arquivo - é um órgão receptor (recolhe naturalmente o que produz a administração do órgão ao qual presta
serviços). Documentos do acervo são reunidos de acordo com origem e função. Seus objetivos primários são
jurídicos, funcionais e administrativos; secundários são culturais e de pesquisa histórica. Sua fonte geradora
64
é única: a própria organização ou a pessoa ligada ao arquivo. A este processo dá-se a denominação de
"recolhimento" ou "acessões" por transferência ou por depósito. O arquivista avalia todo este material.
Biblioteca - é um órgão colecionador (reúne artificialmente o material que surge e interessa a sua
especialidade). Unidades reunidas pelo conteúdo (assunto). Possui objetivos culturais, técnicos e científicos
e múltiplos fornecedores (livrarias, editoras, gráficas, etc.). Já a este processo dá-se o nome de "aquisições",
ou seja, compras, doações e permutas. O bibliotecário seleciona e classifica o material.
ORGANISMOS ARQUIVÍSITCOS
a) o Arquivo Nacional é o órgão colegiado que tem por finalidade definir a política nacional de arquivos
públicos e privados, bem como exercer orientação normativa visando à gestão documental e à proteção
especial aos documentos de arquivo.
c) cabe ao Arquivo Nacional promover o inter-relacionamento de arquivos públicos e privados com vistas ao
intercâmbio e à integração sistêmica das atividades arquivísticas.
d) o Sistema Nacional de Arquivos (SINAR) tem por finalidade implementar a política nacional de arquivos
públicos e privados, visando à gestão, à preservação e ao acesso aos documentos de arquivo.
e) o Conselho Nacional de Arquivos (Conarq) tem como órgão central o Sistema Nacional de Arquivos (SINAR)
para implementar a racionalização das atividades arquivísticas, de forma a garantir a integridade do ciclo
documental.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Quem tem a competência do estabelecimento da política nacional de arquivos
é o Conarq e não o Arquivo Nacional. Veja o que diz o Artigo 1o do Decreto: "O Conselho Nacional de Arquivos
- Conarq, órgão colegiado, vinculado ao Arquivo Nacional, criado pelo art. 26 da Lei no 8.159, de 8 de janeiro
de 1991, tem por finalidade definir a política nacional de arquivos públicos e privados, bem como exercer
orientação normativa visando à gestão documental e à proteção especial aos documentos de arquivo".
A alternativa B está incorreta. Mais uma vez o examinador tenta confundir o candidato. De acordo com o
artigo 2o do mesmo Decreto, cabe ao Conarq "estabelecer diretrizes para o funcionamento do Sistema
Nacional de Arquivos - SINAR, visando à gestão, à preservação e ao acesso aos documentos de arquivos", e
não para o funcionamento do Arquivo Nacional. Note que a banca usa os artigos em sua literalidade, mas
troca os atores, misturando organismos documentais como o Arquivo Nacional, o CONARQ e o SINAR.
65
A alternativa C está incorreta. O mesmo recurso das anteriores. Dessa vez o examinador traz o artigo 3o do
Decreto, mas substitui Conarq (certo) por Arquivo Nacional (errado). De acordo com a Lei, compete ao
Conarq "promover o inter-relacionamento de arquivos públicos e privados com vistas ao intercâmbio e à
integração sistêmica das atividades arquivísticas”.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. O Decreto diz o seguinte em seu artigo 10o: "O SINAR
tem por finalidade implementar a política nacional de arquivos públicos e privados, visando à gestão, à
preservação e ao acesso aos documentos de arquivo".
A alternativa E está incorreta. É exatamente o contrário. De acordo com o artigo 11 do Decreto: "O SINAR
tem como órgão central o Conarq”.
c) O SINAR tem por finalidade estimular a integração e modernização dos arquivos públicos e privados.
d) Aos integrantes do SINAR compete garantir a guarda e o acesso aos documentos de valor permanente.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Os arquivos municipais dos poderes Executivo e Legislativo integram o SINAR
de acordo com o Decreto, portanto a afirmativa está certa.
A alternativa B está incorreta. Em seu artigo 14, o Decreto literalmente diz que: "Os integrantes do SINAR
seguirão as diretrizes e normas emanadas do Conarq, sem prejuízo de sua subordinação e vinculação
administrativa”. Afirmativa está certa.
A alternativa D está incorreta. Isso é exatamente o que diz o inciso IV do artigo 13 do Decreto. Cabe aos
integrantes do SINAR "garantir a guarda e o acesso aos documentos de valor permanente”, ou seja,
afirmativa certa e alternativa errada.
14. (AOCP/FUNPAPA/Aux. de Administração/2018) É o órgão vinculado ao Arquivo Nacional, que tem por
finalidade definir a política nacional de arquivos públicos e privados, bem como exercer orientação
normativa visando à gestão documental e à proteção especial aos documentos de arquivo.
66
a) CONARQ.
b) CONPDEC.
c) CONANDA.
d) CADE.
e) CODEFAT.
Comentários:
Essa é uma questão relativamente simples, que se refere novamente ao Decreto 4.073/2002 e que não pode
ser desperdiçada.
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. Já vimos que no artigo 1o do Decreto temos que: "O
Conselho Nacional de Arquivos - Conarq, órgão colegiado, vinculado ao Arquivo Nacional, criado pelo art. 26
da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991, tem por finalidade definir a política nacional de arquivos públicos e
privados, bem como exercer orientação normativa visando à gestão documental e à proteção especial aos
documentos de arquivo", ou seja é a literalidade do que é perguntado. Tudo atribuído ao Conarq. Portanto,
alternativa correta.
A alternativa B está incorreta. O CONDPEC não é o órgão responsável por tais atividades de acordo com o
Decreto 4.073/2002.
A alternativa C está incorreta. O CONANDA não é o órgão responsável por tais atividades de acordo com o
Decreto 4.073/2002.
A alternativa D está incorreta. O CADE não é o órgão responsável por tais atividades de acordo com o Decreto
4.073/2002.
A alternativa E está incorreta. O CODEFAT não é o órgão responsável por tais atividades de acordo com o
Decreto 4.073/2002.
I. É um órgão subordinado ao Arquivo Nacional, que definirá a política nacional de arquivos, como órgão
central de um Sistema Nacional de Arquivos (SINAR).
II. É presidido pelo Diretor-Geral do Arquivo Nacional, além de integrado por representantes de
instituições arquivísticas e acadêmicas, públicas e privadas.
III. Propõe ao Presidente da República, por intermédio do Ministro de Estado da Justiça, a declaração de
interesse público e social de arquivos privados.
67
a) I, apenas.
b) II, apenas.
c) III, apenas.
d) II e III, apenas.
e) I, II e III.
Comentários:
Antes de avaliarmos as alternativas, vamos avaliar cada uma das afirmativas trazidas pelo examinador:
I. É um órgão subordinado ao Arquivo Nacional, que definirá a política nacional de arquivos, como órgão
central de um Sistema Nacional de Arquivos (SINAR) - atenção com esta afirmativa pois ela é parcialmente
correta. O Conarq é mesmo o órgão que definirá a política nacional de arquivos e é o órgão central do SINAR,
porém não está subordinado, mas sim VINCULADO, ao Arquivo Nacional. Portanto a afirmativa não está
correta.
II - É presidido pelo Diretor-Geral do Arquivo Nacional, além de integrado por representantes de instituições
arquivísticas e acadêmicas, públicas e privadas - correto. O Diretor Geral do Arquivo Nacional é o presidente
do Conarq e, de acordo com o Decreto 4.073/2002, ele é integrado por representantes de instituições
arquivísticas e acadêmicas, públicas e privadas.
III. Propõe ao Presidente da República, por intermédio do Ministro de Estado da Justiça, a declaração de
interesse público e social de arquivos privados - correto. É exatamente o que propõe o inciso X do artigo 2o
do Decreto 4.073/2002. Vejamos: "Compete ao Conarq propor ao Presidente da República, por intermédio
do Ministro de Estado da Justiça, a declaração de interesse público e social de arquivos privados".
Dessa forma, as afirmações II e III estão corretas. A alternativa D está correta e é o gabarito da questão.
a) disseminar, em sua área de atuação, as diretrizes e normas estabelecidas pelo órgão central.
68
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Esse é exatamente o inciso II do artigo 13 do Decreto 4.073/2002 que trata
das competências do SINAR. Portanto a afirmativa é correta e a alternativa, errada.
A alternativa B está incorreta. Esse é exatamente o inciso III do artigo 13 do Decreto 4.073/2002 que trata
das competências do SINAR. Portanto a afirmativa é correta e a alternativa, errada.
A alternativa C está incorreta. Esse é exatamente o inciso IV do artigo 13 do Decreto 4.073/2002 que trata
das competências do SINAR. Portanto a afirmativa é correta e a alternativa, errada.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Nesta afirmativa o examinador troca o Conarq
(correto) pelo Arquivo Nacional (errado). O inciso VI do artigo 13 do Decreto 4.073/2002 diz: "prestar
informações sobre suas atividades ao Conarq”. Note que é feita a troca para confundir o candidato.
Afirmativa errada e alternativa correta.
A alternativa E está incorreta. Esse é um extrato do inciso XI do artigo 13 do Decreto 4.073/2002 que trata
das competências do SINAR. Portanto a afirmativa é correta e a alternativa, errada.
17. (CESPE/DPU/Arquivista/2016) A respeito das políticas públicas de arquivo, julgue o item a seguir.
O Poder Judiciário Federal tem representatividade no Conselho Nacional de Arquivos (Conarq), e seus
arquivos integram o Sistema Nacional de Arquivos (SINAR).
a) Certo
b) Errado
Comentários:
A afirmativa está CORRETA. Também de acordo com o Decreto 4.073/2002, o Poder Judiciário Federal tem
representatividade entre os membros conselheiros do Conarq (assim como o Executivo e o Legislativo) e
seus arquivos integram o SINAR (da mesma forma também os do Executivo e do Legislativo).
a) Arquivo Nacional.
69
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Atenção, pois, essa armadilha é comum! Não por acaso a alternativa "Arquivo
Nacional" é logo a primeira. Como o Arquivo Nacional é o órgão ao qual está vinculado o Conarq, o
examinador tenta confundir o candidato, dizendo que ele é também o órgão central do SINAR, mas está
errado. De acordo com o artigo 11o do Decreto 4073/2002, "O SINAR tem como órgão central o Conarq”, e
não o Arquivo Nacional. Cuidado!
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Como vimos na alternativa anterior, O SINAR tem
como órgão central o Conarq. Correto.
A alternativa C está incorreta. O órgão central do SINAR de acordo com o Decreto 4.073/2002 é o Conarq.
A alternativa D está incorreta. O órgão central do SINAR de acordo com o Decreto 4.073/2002 é o Conarq.
(2) CONARQ
(3) SINAR
(4) SIGA
( ) Realizar a gestão e o recolhimento dos documentos produzidos e recebidos pelo Poder Executivo
Federal.
( ) Garantir ao cidadão e aos órgãos e entidades de administração pública federal, de forma ágil e segura,
o acesso aos documentos de arquivo e às informações neles contidas, resguardados os aspectos de sigilo
e restrições administrativas ou legais.
70
a) 1.2.2.3.4
b) 2.3.3.4.1
c) 1.2.3.4.1
d) 1.2.3.3.4
Comentários:
Realizar a gestão e o recolhimento dos documentos produzidos e recebidos pelo Poder Executivo Federal -
competência do Arquivo Nacional. Lembre-se que, como estudamos, a função principal do Arquivo Nacional
é implementar e acompanhar a política nacional de arquivos definida pelo Conselho Nacional de Arquivos -
Conarq, por meio da gestão, do recolhimento, do tratamento técnico, da preservação e da divulgação do
patrimônio documental do País.
Garantir ao cidadão e aos órgãos e entidades de administração pública federal, de forma ágil e segura, o
acesso aos documentos de arquivo e às informações neles contidas, resguardados os aspectos de sigilo e
restrições administrativas ou legais - essa é uma das competências do SIGA, prevista no inciso I do artigo 2o.
do Decreto 4.915/2003. que institui o SIGA - Sistema de Gestão de Documentos de Arquivo.
Dessa forma, verificamos que as atividades acima estão atribuídas, pela ordem, a(o): Arquivo Nacional -
Conarq - Conarq novamente - SINAR - SIGA. Portanto temos 1-2-2-3-4.
71
Definir a política nacional de arquivos públicos e privados, bem como exercer orientação normativa
visando à gestão documental e à proteção especial aos documentos de arquivo.
a) Certo
b) Errado
Comentários:
A afirmativa está ERRADA. Esta é a finalidade do Conarq. Veja o artigo 1o do Decreto 4.073/2002: “O
Conselho Nacional de Arquivos - Conarq, órgão colegiado, vinculado ao Arquivo Nacional, criado pelo art. 26
da Lei no 8.159, de 8 de janeiro de 1991, tem por finalidade definir a política nacional de arquivos públicos e
privados, bem como exercer orientação normativa visando à gestão documental e à proteção especial aos
documentos de arquivo”.
Estabelecer um conjunto de procedimentos e operações técnicas que visam ao controle do ciclo de vida
dos documentos, desde a produção até a destinação final, seguindo os princípios da gestão arquivística de
documentos e apoiado em um sistema informatizado.
a) Certo
b) Errado
Comentários:
A afirmativa está ERRADA. Além desta competência não estar prevista explicitamente entre as
competências do SINAR no Decreto 4.703/2002, fica claro que o examinador está falando de geração de
políticas de gestão de arquivos (conjunto de procedimentos e operações técnicas), competência do Conarq,
como já vimos anteriormente.
72
Comentários:
A alternativa A está incorreta. O órgão central do SIGA, de acordo com o Decreto 4.915/2003 é o Arquivo
Nacional.
A alternativa B está incorreta. O órgão central do SIGA, de acordo com o Decreto 4.915/2003 é o Arquivo
Nacional.
A alternativa C está correta e é o gabarito da questão. De acordo com o inciso I do artigo 3o do Decreto
4.915/2003, "Integram o SIGA: como órgão central, o Arquivo Nacional". Atenção aqui pois geralmente os
examinadores tentam fazer confusão com isso:
A alternativa D está incorreta. O órgão central do SIGA, de acordo com o Decreto 4.915/2003 é o Arquivo
Nacional.
A alternativa E está incorreta. O órgão central do SIGA, de acordo com o Decreto 4.915/2003 é o Arquivo
Nacional.
73
a) Ministério do Planejamento.
c) Presidência da República.
d) Ministério da Justiça,
Comentários:
A alternativa A está incorreta. O Arquivo Nacional desde 2011 está subordinado ao Ministério da Justiça e
da Segurança Pública.
A alternativa B está incorreta. O Arquivo Nacional desde 2011 está subordinado ao Ministério da Justiça e
da Segurança Pública. Antes disso sim, entre os anos 2000 e 2011, foi subordinado à Casa Civil.
A alternativa C está incorreta. O Arquivo Nacional desde 2011 está subordinado ao Ministério da Justiça e
da Segurança Pública.
A alternativa D está correta e é o gabarito da questão. Este é outro tema com cai com razoável frequência e
é simples, mas, às vezes, não parece intuitivo e passou por algumas mudanças. O Arquivo Nacional está
subordinado ao Ministério da Justiça e da Segurança Pública desde 2011, por força do Decreto 7.430/2011.
Vale lembrar que o Arquivo Nacional ficou décadas subordinado ao Ministério da Justiça até que em 2000
sua subordinação foi transferida para a Casa Civil, onde ficou até 2011, quando retornou ao Ministério da
Justiça.
A alternativa E está incorreta. O Arquivo Nacional desde 2011 está subordinado ao Ministério da Justiça e
da Segurança Pública.
74
25. (IBAD/IPM João Pessoa-PB/Arquivista/2018) Quanto à entidade produtora, os arquivos podem ser:
a) comerciais e institucionais.
b) públicos e privados.
c) ativos e inativos.
d) correntes e intermediários.
e) secretos e reservados.
Comentários:
A alternativa A está incorreta. Estas são classificações atribuídas aos arquivos de acordo com suas entidades
mantenedoras, como vimos em aula anterior: Públicos, Comerciais, Institucionais ou Familiais/Pessoais.
A alternativa B está correta e é o gabarito da questão. Segundo a Lei Nacional dos Arquivos (8.159/1991) os
arquivos podem ser divididos em públicos e privados conforme a natureza da entidade produtora
A alternativa C está incorreta. Está é uma classificação atribuída de acordo com a idade do documento que
pode ser ativo (arquivo corrente), inativo (arquivo permanente) ou semiativo (arquivo intermediário).
Veremos isso com mais profundidade na próxima aula.
A alternativa D está incorreta. Mais uma vez o examinador usa uma classificação atribuída de acordo com a
idade do documento que pode ser, como já vimos, ativo (arquivo corrente), inativo (arquivo permanente)
ou semiativo (arquivo intermediário). Veremos isso com mais profundidade na próxima aula.
A alternativa E está incorreta. Por fim esta é uma classificação atribuída de acordo com a natureza do assunto
e não quanto a entidade produtora. Em relação a esse quesito os arquivos podem ser: ostensivos ou sigilosos.
Quando sigilosos devem ser classificados em ultrassecretos, secretos ou reservados.
26. (FCC/TRT 11a Região/Apoio Arquivologia/2017) Em razão de sua inalienabilidade, os arquivos públicos
podem ser reivindicados, a qualquer tempo, pelo Estado que os produziu. Isso confere aos documentos
de tais arquivos o atributo da
a) imprescritibilidade.
b) organicidade.
c) unicidade.
d) imparcialidade.
75
e) autenticidade.
Comentários:
A alternativa A está correta e é o gabarito da questão. A questão remete ao artigo 10o da Lei 8.159/1991.
Vejamos: Art. 10º - "Os documentos de valor permanente são inalienáveis e imprescritíveis". Note que
quando um documento público possui valor permanente, ele não pode ser alienado (vendido, trocado,
doado, etc.) sob qualquer hipótese e, considerando que o caráter de valor permanente é imprescritível, ou
seja, nunca termina e não vai mudar, esse status permanece pelo resto da vida deste documento.
A alternativa C está incorreta. É outro Princípio da Arquivologia já estudado e salienta o caráter e papel único
do documento no seu respectivo fundo.
A alternativa D está incorreta. Imparcialidade segundo Ieda Bernardes é a característica que possuem os
documentos de arquivos que são produzidos para atender determinadas demandas e “trazem uma promessa
de fidelidade aos fatos e ações que manifestam e para cuja realização contribuem”. Não tem qualquer
relação com a questão.
A alternativa E está incorreta. Por fim, autenticidade é o Princípio da Arquivologia que diz respeito à
qualidade de um documento e não se relaciona com o seu conteúdo. Diz o princípio que o documento não
sofreu qualquer tipo de alteração, corrompimento ou adulteração.
a) os arquivos são conjuntos de documentos produzidos por órgãos públicos, entidades de caráter público e
privado, em decorrência do exercício de atividades, selecionados para incorporação conforme natureza ou
suporte da informação.
b) os arquivos públicos são documentos produzidos por órgãos de âmbito federal, estadual e municipal,
excetuando-se documentos produzidos por entidades privadas encarregadas da gestão de serviços públicos.
c) os arquivos privados identificados pelo Poder Público como de interesse público e social, considerados
como conjuntos de fontes relevantes para a história e desenvolvimento científico nacional, podem ser
alienados, dispersos e transferidos para o exterior.
d) a Administração Pública franqueará a consulta aos documentos públicos na forma da lei, ficando
resguardado o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente da violação do sigilo, com
prejuízo das ações penal, civil e administrativa.
Comentários:
76
A alternativa A está incorreta. Veja, na íntegra, qual a definição de arquivos trazida pela Lei: "conjuntos de
documentos produzidos e recebidos por órgãos públicos, instituições de caráter público e entidades
privadas, em decorrência do exercício de atividades específicas, bem como por pessoa física, qualquer que
seja o suporte da informação ou a natureza dos documentos". Note que há algumas diferenças entre o
colocado pelo examinador e o definido pela Lei como a questão da natureza do suporte, entre outras. Está
errada.
A alternativa B está incorreta. O parágrafo 1o do artigo 7o da Lei diz exatamente o contrário do trazido pela
banca. Vamos ao texto da Lei: "São também públicos os conjuntos de documentos produzidos e recebidos
por instituições de caráter público, por entidades privadas encarregadas da gestão de serviços públicos no
exercício de suas atividades”. Portanto, não há a exceção trazida pelo examinador.
A alternativa C está incorreta. Exatamente o contrário. Releia o artigo 13 da Lei: "os arquivos privados
identificados como de interesse público e social não poderão ser alienados com dispersão ou perda da
unidade documental, nem transferidos para o exterior".
A alternativa D está incorreta. Novamente em desacordo com o texto legal. Veja em seguida os artigos 5o e
6o da Lei:
Art. 5º - A Administração Pública franqueará a consulta aos documentos públicos na forma desta Lei
Este está ok, de acordo com o colocado pela banca, mas veja o abaixo:
Art. 6º - Fica resguardado o direito de indenização pelo dano material ou moral decorrente da violação do
sigilo, sem prejuízo das ações penal, civil e administrativa.
A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. É literalmente o que diz o parágrafo 2o do artigo 7o
da Lei 8.159/1991.
28. (IBADE/IPM João Pessoa-PB/Analista Previdenciário Arquivista/2018) De acordo com a Lei n° 8.159, de
08 de janeiro de 1991, que dispõe sobre a política nacional de arquivos públicos e privados e dá outras
providências, os arquivos privados podem ser identificados pelo Poder Público como de interesse
público e social, desde que sejam considerados como conjuntos de fontes relevantes para a(o):
Comentários:
77
De acordo com o artigo 12 da Lei 8.159/2001: "Os arquivos privados podem ser identificados pelo Poder
Público como de interesse público e social, desde que sejam considerados como conjuntos de fontes
relevantes para a história e desenvolvimento científico nacional".
A alternativa A está incorreta. O texto legal está em desacordo com o trazido pela banca.
A alternativa B está incorreta. O texto legal está em desacordo com o trazido pela banca.
A alternativa C está incorreta. O texto legal está em desacordo com o trazido pela banca.
A alternativa D está incorreta. O texto legal está em desacordo com o trazido pela banca.
O aumento do volume documental, após a Segunda Guerra Mundial, foi um dos motivos para a elaboração
dos princípios e conceitos arquivísticos utilizados atualmente na intervenção na realidade documental das
organizações.
a) Certo
b) Errado
Comentários:
A afirmativa está CORRETA. De acordo com José Maria Jardim, o nascimento da formulação do conceito de
gestão de documentos como conhecemos hoje iniciou-se no período da Segunda Guerra Mundial, época em
que o volume de documentos no âmbito das administrações públicas cresceu exponencialmente, havendo a
necessidade de racionalização e controle dessas grandes massas de documentos que passavam a ser
produzidas e acumuladas em arquivos.
É correto afirmar que os arquivos brasileiros enfrentam limitações com relação a recursos materiais e
humanos.
a) Certo
78
b) Errado
Comentários:
A afirmativa está CORRETA. Mais uma afirmativa que pode ser embasada pela obra do autor José Maria
Jardim. Segundo ele, em relação ao recolhimento dos documentos públicos produzidos, a atuação dos
arquivos públicos tem-se caracterizado pela passividade. Deficiências quantitativas e qualitativas de recursos
humanos, limitações de espaço físico, instalações físicas impróprias e a ausência de tecnologias adequadas
agravam este quadro.
O gerenciamento da informação nos arquivos públicos e nos serviços arquivísticos das organizações
governamentais é padronizado, com recursos materiais e tecnológicos que facilitam o processamento
técnico da informação.
a) Certo
b) Errado
Comentários:
A afirmativa está ERRADA. Novamente de acordo com José Maria Jardim em seu artigo "A invenção da
memória nos arquivos públicos": “Seja nos arquivos públicos ou nos serviços arquivísticos dos órgãos
governamentais, a ausência de padrões de gerenciamento da informação, somada às limitações de recursos
humanos, materiais e tecnológicos, resulta em deficiências no processamento técnico".
O acesso do cidadão à informação dos serviços arquivísticos das instâncias organizacionais públicas, com
fins científicos ou de comprovação de direitos, é limitado devido a condições físicas e intelectuais dos
acervos.
a) Certo
b) Errado
Comentários:
A afirmativa está CORRETA. Mais uma vez recorremos ao artigo acima de José Maria Jardim. Veja o que ele
escreve no item em que aborda os Arquivos Públicos no Brasil: "Por outro lado, as restrições de consulta e
as condições de acesso físico e intelectual dos arquivos limitam consideravelmente sua utilização pelo
administrador público e o cidadão. O acesso do cidadão à informação governamental com objetivos
científicos ou de comprovação de direitos mostra-se, portanto, extremamente limitado".
Comentários:
Antes de comentar cada uma das alternativas vamos buscar no DBTA a definição correta do termo.
Para o DBTA, patrimônio arquivístico é o "conjunto dos arquivos de valor permanente, públicos ou privados,
existentes no âmbito de uma nação, de um estado ou de um município".
Note que, dessa forma, apenas a alternativa A atende o que é pedido pelo examinador na questão. A
alternativa A está correta e é o gabarito da questão.
A alternativa B está incorreta. A definição apresentada não corresponde à definição do DBTA para o termo
patrimônio arquivístico.
A alternativa C está incorreta. A definição apresentada não corresponde à definição do DBTA para o termo
patrimônio arquivístico.
A alternativa D está incorreta. A definição apresentada não corresponde à definição do DBTA para o termo
patrimônio arquivístico.
A alternativa E está incorreta. A definição apresentada não corresponde à definição do DBTA para o termo
patrimônio arquivístico.
É verdade também que o mesmo documento pode ter valor secundário (valor histórico e cultural, ou
interesse que possa gerar para outras pessoas não relacionadas com a sua produção). Nesse caso o
documento adquire valor permanente e deve ser guardado para a posteridade. Um dos casos clássicos é o
resguardo da memória da instituição, como colocado pela banca, porém, não é razoável considerar que esta
é a razão principal para a conservação e manutenção de documentos de arquivo.
Comentários:
Novamente, antes de avaliarmos as alternativas, vamos direto à definição utilizada pelo DBTA para o termo
em questão.
Para o DBTA, acervos são "Documentos de uma entidade produtora ou de uma entidade custodiadora".
Dessa forma, veja que essa é uma questão que cobra a literalidade da definição constante no DBTA, não
deixando margem para qualquer discussão em relação as alternativas.
A alternativa A está incorreta. A definição de Acervo não corresponde a apresentada pelo examinador.
A alternativa C está incorreta. A definição de Acervo não corresponde a apresentada pelo examinador.
A alternativa D está incorreta. A definição de Acervo não corresponde a apresentada pelo examinador.
A alternativa E está incorreta. A definição de Acervo não corresponde a apresentada pelo examinador.
81
Comentários:
2 Operação pela qual um conjunto de documentos passa do arquivo intermediário para o arquivo
permanente.
Perceba que as duas definições são parecidas, mas têm diferenças sutis. Em primeiro lugar ambas se referem
a entrada dos documentos em arquivo permanente e isso é a coisa mais importante a lembrar nesse tema.
Quando um documento vai para o arquivo permanente ele é RECOLHIDO. Esse é o termo correto e isso cai
muito em prova. É proibido esquecer ou confundir!!
Dentro desse contexto, o documento pode já estar em um arquivo intermediário e, de lá, ser recolhido para
o permanente ou pode estar em algum outro local (é encontrado, está em outra organização, etc.) e, de
onde estiver, também é recolhido para o arquivo permanente. É basicamente essa a diferença entre as duas
definições, mas o ponto principal (e por isso trago essa questão aqui) é o RECOLHIMENTO para o arquivo
permanente!
Bem, dito isso, fica claro que a resposta correta é a C. Mas vamos olhar as alternativas, pois examinador
tenta confundir o candidato em todas elas. Preste atenção:
A alternativa B está incorreta. Novamente o erro é o destino. A entrada é em arquivos permanentes e não
intermediários.
82
A alternativa D está incorreta. A banca tenta confundir misturando os estágios dos arquivos. A passagem é
do arquivo intermediário para o arquivo permanente, ou a entrada direta no arquivo permanente.
A alternativa E está incorreta. Não se trata de saída, mas sim da entrada de documentos no arquivo
permanente.
a) no trâmite – expedição
b) no descarte – eliminação
c) na avaliação – destinação
d) na autenticação – averbação
e) na ordenação – classificação
Comentários:
Em Terminologia Arquivística, é bom sempre olharmos as definições das fontes mais usadas antes de
avaliarmos as alternativas.
Arranjo - "Sequência de operações intelectuais e físicas que visam à organização dos documentos de um
arquivo ou coleção, de acordo com um plano ou quadro previamente estabelecido". Perceba que o principal
ponto na definição, e que diferencia a atividade de outras, é a organização de documentos. Com base nisso,
vamos avaliar as alternativas.
A alternativa A está incorreta. Traz termos relacionados a movimentação de documentos. Arranjo não é isso.
A alternativa B está incorreta. Traz termos relacionados ao processo de expurgo documental. Arranjo
também não trata disso.
A alternativa C está incorreta. Aqui o examinador fala da atividade de avaliação de documentos, que tem
como consequência a sua destinação. Também não tem relação com a atividade de arranjo.
A alternativa E está correta e é o gabarito da questão. Veja que a alternativa fala em ordenação de
documentos, o que está intimamente ligado à organização, ao contrário das outras alternativas.
83
Além disso, a alternativa propõe a equivalência entre os termos "arranjo" e "classificação". Veja o que o
DBTA diz a respeito de "classificação": Organização dos documentos de um arquivo ou coleção, de acordo
com um plano de classificação, código de classificação ou quadro de arranjo. Portanto é a alternativa correta!
II. Arquivamento é a ação de guarda de documentos nos devidos lugares, em equipamentos apropriados
e de acordo com um sistema de ordenação previamente estabelecido.
De acordo com a NBR 9578:1986: que trata da terminologia sobre arquivos, está(ão) correta(s) as:
a) apenas I e II;
b) apenas III;
c) apenas a II;
d) I, II e III.
Comentários:
I. Coleção é o conjunto de documentos de um arquivo - esta afirmativa tem uma sutileza que pode derrubar
muita gente. Veja com a atenção a definição do DBTA para coleção: "Conjunto de documentos com
características comuns, reunidos intencionalmente". É a mesma coisa que diz o examinador? Parece, mas
não é... É necessário ter cuidado com isso. Não é "qualquer" conjunto de documento de um arquivo como
diz a banca, mas um conjunto de documentos com "características comuns". Portanto, está errado!
II. Arquivamento é a ação de guarda de documentos nos devidos lugares, em equipamentos apropriados e
de acordo com um sistema de ordenação previamente estabelecido - se formos ao DBTA obteremos a
seguinte definição para "arquivamento": "Sequência de operações intelectuais e físicas que visam à guarda
ordenada de documentos". Espremendo a definição, resta o que? Resta a "guarda de documentos". Pois é.
A afirmativa diz isso? Diz. Diz que é a "guarda", no devido lugar, com equipamento apropriado e com sistema
pré-estabelecido. Algo contradiz a definição do DBTA? Não. Então está correto. Veja que na afirmativa
anterior, a definição proposta contradiz a do DBTA pois não traz a limitação que o DBTA impõe
(características comuns). Desta vez não. A definição trazida não só concorda com a "guarda" como traz ainda
outros pontos que fazem sentido ao processo de guarda documental. Atenção com essas armadilhas.
III. Acervo é o conjunto de documentos, sem relação orgânica, acumulados aleatoriamente - essa ficou fácil.
Já vimos acima que está errada, né? Relembre a definição correta de acervo: "Documentos de uma entidade
produtora ou de uma entidade custodiadora". Bem distante do que diz o DBTA, certo? Portanto está errada.
84
As demais não correspondem a sequência correta de acordo com a análise que acabamos de fazer.
85
GABARITO
1. E 21. CORRETA
2. CORRETA 22. D
3. E 23. C
4. D 24. A
5. D 25. D
6. CORRETA 26. D
7. ERRADA 27. CORRETA
8. B 28. B
9. C 29. A
10. ERRADA 30. CORRETA
11. CORRETA 31. ERRADA
12. D 32. CORRETA
13. C 33. A
14. A 34. ERRADA
15. D 35. B
16. D 36. C
17. CORRETA 37. E
18. B 38. C
19. A
20. CORRETA
86
RESUMO
Órgãos de Documentação: registros de informações, qualquer que seja o suporte ou o formato.
Arquivo: é a acumulação ordenada de documentos, em sua maioria textuais, criados por uma
instituição ou pessoa, no curso de sua atividade, e preservados para a consecução de seus objetivos,
visando a utilidade que poderão oferecer no futuro.
• Origem: produzidos por entidade público ou privada ou por família ou pessoa no desempenho
de suas funções naturais, gerando relação orgânica entre esses documentos.
• Forma de Entrada: é um órgão receptor (recolhe naturalmente o que produz a administração
do órgão ao qual presta serviços.
• Processamento Técnico: tratamento técnico não é realizado por unidade, mas por séries
documentais, que formam agrupamentos lógicos e orgânicos dentro dos diferentes fundos.
• Público: administrador e demais produtores do documento, além de historiadores ou
profissionais.
Museu: é uma instituição de interesse público, criada com a finalidade de conservar, estudar e
colocar à disposição do público conjuntos de peças e objetos de valor cultural.
87
Conarq: órgão instituído no âmbito do Arquivo Nacional, que definirá a política nacional de
arquivos, como órgão central de um Sistema Nacional de Arquivos (SINAR).
Arquivo Nacional: De acordo com a Lei 8.159/1991 em seu artigo 18, compete ao Arquivo
Nacional a gestão e o recolhimento dos documentos produzidos e recebidos pelo Poder Executivo
Federal, bem como preservar e facultar o acesso aos documentos sob sua guarda, e acompanhar e
implementar a política nacional de arquivos.
SIGA: organiza sob a forma de sistema, as atividades de gestão de documentos no âmbito dos
órgãos e entidades da administração pública federal.
Arquivos Pessoais: não são facilmente encontráveis por pesquisadores, historiadores e mesmo
por arquivistas, até que seus respectivos donos, convencidos da importância e da função social do
material que têm em mãos, concordam cedê-los ou vendê-los para entidades que os irão abrigar,
processar e divulgar, considerando seu interesse público. Como fonte de pesquisa pode ser usado de
quatro formas distintas, em relação a sua documentação:
88
89
• Dispersos: elementos mais difíceis de serem capturados, que são os de crítica, de reflexão ou
de inspiração. São manifestações de apoio, de repúdio ou ambas. Surgem como invenções
técnico industriais ou criações artísticas.
90