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BENJAMIN, Walter. (1934). O autor como produtor. In: BENJAMIN, Walter.

Obras
escolhidas I. 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 2012, p. 129-146.

Julgamento de Platão sobre a poesia, a qual tinha em alta conta, mas considerava
prejudicial e supérflua;

Forma do problema da autonomia do autor, o qual pode decidir a favor de qual causa
colocará o seu trabalho – função que é reconhecida pelo autor progressista, mas não
pelo autor burguês, que trabalha produzindo entretenimento;

Fim da autonomia do autor progressista, que decide sempre em favor do proletariado,


obedecendo a uma tendência;

Necessidade de discussão sobre a relação entre tendência e qualidade, que não são
aspectos necessariamente correspondentes;

Inadequação do conceito de tendência para a crítica literária politicamente orientada;

“A tendência de uma obra literária só pode ser correta do ponto de vista político quando
for também correta do ponto de vista literário. Isso significa que a tendencia
politicamente correta inclui uma tendência literária. E já acrescento imediatamente que
é essa tendência literária contida implícita ou explicitamente em toda tendência política
correta -é ela, e somente ela, que determina a qualidade da obra. É por isso, portanto,
que a tendência política correta de uma obra inclui sua qualidade literária – porque
inclui sua tendência literária” (p. 130);

Problemática da discussão entre forma e conteúdo no interior da literatura política;

Possiblidade de tratamento dialético desta questão;

Nem sempre há uma relação direta entre uma obra e a sua vinculação às relações sociais
de produção da época (“como se vincula uma obra com as relações de produção da
época? É compatível com elas, é reacionária, ou visa sua transformação, é
revolucionária?”);

Proposição de uma nova questão para discussão entre forma e conteúdo no interior da
literatura política = “qual é a sua posição dentro dessas relações?” (p. 131);

Transição do debate para a função da obra nas relações sociais de produção = técnica
literária das obras;

Acessibilidade dos produtos literários a uma análise imediatamente social, no qual o


conceito de técnica que supera o contraste entre forma e conteúdo;

Tendência literária que conduz a um progresso ou retrocesso da técnica literária;

Análise das relações literárias russas = escritor operante x informante (Tretiakov);


“Estamos no centro de um grande processo de fusão de formas literárias, no qual muitas
oposições em que estamos habituados a pensar poderiam perder sua força combativa”
(p. 133);

Necessidade de recorrer à imprensa para demonstração da violência do processo de


fusão dos gêneros, rompendo com a distinção entre autor e leitor;

Ativismo, logocracia e reinado do espírito;

“O ativismo tentou substituir a dialética materialista pela categoria, indeterminável em


termos de classe, do senso comum” (p. 135);

Princípio reacionário da coletividade ativista;

Brecht e confronto do intelectual com a exigência de abastecimento do aparelho de


produção com sua modificação em um sentido socialista = refuncionalização;

“Abastecer um aparelho produtivo sem ao mesmo tempo modifica-lo, na medida do


possível, seria um procedimento altamente questionável, mesmo que os materiais
fornecidos tivessem uma aparência revolucionária. Encontramo-nos diante do fato –
abundantemente demonstrado nos últimos dez anos, na Alemanha – de que o aparelho
burguês de produção e publicação pode assimilar uma surpreendente quantidade de
temas revolucionários, e até mesmo propaga-los, sem colocar seriamente em risco sua
própria existência e a existência das classes que o controlam” (p. 137);

Crítica à grande parcela da literatura de esquerda que apenas entreteu o público com a
extração de efeitos políticos novos como função social;

A quem serviu a técnica da nova objetividade?

Crítica da objetividade na fotografia e na literatura, com “ímpeto excepcional à técnica


da publicação” (p. 138);

“O autor como produtor, ao perceber-se como solidário com o proletariado, sente-se


solidário, igualmente, com certos outros produtores, com os quais antes não parecia ter
grande coisa em comum” (p. 139);

Extensão da crítica também à música;

“Se voltarmos agora o olhar ao processo de fusão das formas literárias, mencionado no
início, veremos como a fotografia, a música e outros elementos, que não conhecemos
ainda, mergulham naquela massa líquida incandescente da qual serão cunhadas as novas
formas. Confirma-se, assim, que é somente a literarização de todas as relações vitais que
permite dar uma ideia exata do alcance desse processo de fusão, do mesmo modo que é
o nível da luta de classes que determina a temperatura na qual se dá a fusão, de modo
mais ou menos completo” (p. 140);

Transformação da luta contra a miséria em objeto de consumo pela “nova objetividade”


enquanto movimento literário;
“O que caracteriza essa literatura é a metamorfose da luta política, de vontade de decidir
em objeto de prazer contemplativo, de meio de produção em artigo de consumo” (p.
140);

“Essa escola, como disse, fez despesas extravagantes com sua pobreza. Ela se esquivou,
com isso, da tarefa mais urgente do escritor contemporâneo: chegar à consciência de
quão pobre ele é e de quanto precisa ser pobre para ´poder começar de novo. Porque é
disso que se trata. O Estado soviético não expulsará os poetas, como o platônico, mas
lhes atribui tarefas – e por isso mencionei no início A República de Platão – que o
impedem de ostentar em novas ‘obras-primas’ a pseudorriqueza da personalidade
criadora. Esperar uma renovação no sentido de trais personalidades e tais obras é um
privilégio do fascismo, […] O autor consciente das condições da produção
contemporâneas está muito longe de esperar o advento de tais obras, ou mesmo de
deseja-lo. Seu trabalho não será jamais a fabricação exclusiva de produtos, mas sempre,
ao mesmo tempo, a dos meios de produção. Em outras palavras: seu produto, junto com,
e mesmo antes de seu caráter de obras, devem possuir uma função organizadora. Sua
utilidade organizacional não precisa de modo algum limitar-se à utilidade
propagandística. A tendencia, em si, não basta. O excelente Lichtenberg já o disse: não
importam as opiniões que temos, e sim o que essas opiniões fazem de nós. É verdade
que as opiniões são importantes, mas mesmo as melhores não têm nenhuma utilidade
quando não tornam uteis aqueles que as defendem. A melhor tendência é falsa quando
não prescreve a atitude que o escritor deve adotar para concretizá-la. E o escritor só
pode prescrever essa atitude em seu próprio trabalho: escrevendo. A tendencia é a
condição necessária, mas jamais a condição suficiente para o desempenho da função
organizatória da obra. Esta exige, além disso, um comportamento prescritivo,
pedagógico, por parte do escritor. Essa exigência é hoje mais imperiosa do que nunca.
Um autor que não ensina nada aos escritores não ensina ninguém. O caráter modelar
da produção é, portanto, decisivo: em primeiro lugar, ela deve poder orientar outros
produtores em sua produção e, em segundo lugar, colocar à disposição deles um
aparelho mais perfeito. E esse aparelho é tanto melhor quanto mais conduz à esfera de
produção, ou seja, quanto maior for sua capacidade de transformar em colaboradores os
leitores ou espectadores. Já possuímos um modelo desse gênero, do qual só posso falar
aqui rapidamente. É o teatro épico de Brecht” (p. 141);

Ausência de clareza sobre a situação conduz a uma defesa do aparelho que se torna um
instrumento contra os produtores, segundo Brecht;

Apresentação de condições no teatro épico de Brecht e não uma mera reprodução


destas;

Reflexão sobre sua posição no processo produtivo como única exigência para o escritor;

“A solidariedade do especialista com o proletariado – e é aqui que deve começar esse


processo de esclarecimento – é sempre apenas mediada” (p. 145);
Proletarização do intelectual é sempre limitada, nunca será possível reproduzir essa
condição efetivamente;

“A luta revolucionária não se trava entre o capitalismo e o espírito, mas entre o


capitalismo e o proletariado” (p. 146).

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