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iDança

A dança contemporânea não existe: ela se declara

por Thereza Rocha, 15 maio 2008

Inaugurando minha contribuição como colunista aqui no idança, não pude furtar-
me da oportunidade de dar à dança contemporânea ainda outro espaço de
resposta pública ao lamentável texto publicado pelo editor do Segundo Caderno do
jornal O Globo, em sua coluna na Revista do Globo do mesmo jornal, no último dia
4/5/2008, intitulado A dança contemporânea. Direito de resposta, este aqui,
correlato ao movimento de uma parte da classe que se organizou como signatária
da Carta da Dança (leia o conteúdo da carta aqui), enviada por email ao próprio
jornalista em questão, bem como a seus chefes diretos. Carta sem autor, porque
coletiva, mas, dado o seu caráter, nunca anônima. A tentativa, neste texto, será
frear um pouco o esbravejar da letra que faria jus à minha indignação com o
conteúdo do texto do jornalista, e chamar a todos para uma boa conversa, a la
Mauricio de Souza, com os personagens da trama dialogando de fora do
quadrinho. Falar deste outro lugar importa, pois, antes de entrarmos na discussão
das opiniões apresentadas no texto do jornalista, é necessário que discutamos o
que é ou deveria ser um caderno de cultura de um dos maiores jornais do país,
uma vez que ele é seu editor. Depois disso então, nos será necessário apresentar
para discussão alguns aspectos que importam à arte contemporânea, e dentro
dela à dança, mediados por informações (de fato) balizadas e que merecem
(urgente) discussão. De posse destas informações, convidar o leitor a apreciar, a
partir de seu próprio arbítrio, a propriedade ou a impropriedade das opiniões do
jornalista; a pensar as graves questões que sua publicação suscita; a avaliar o
desserviço público prestado por ele em seu texto, para, ao fim, perguntarmos
juntos se este é um editor de cultura que queremos ou merecemos.

Uma vez atuando no espaço da internet, livres, portanto, da descomunicação


perpetrada por um jornalismo cultural muitas vezes medíocre, a produção
contemporânea de arte e seu público podem estreitar o contato em conversa mais
direta. A decadência do jornalismo realizado nos grandes meios de comunicação
contrasta com a qualidade de toda uma nova gestão de conteúdo viabilizada pela
rede e pelo livre acesso às ferramentas de produção e veiculação da informação.
Lá, vemos, por exemplo, toda uma jovem crítica de arte produzindo interlocução
transversal com a excelência de críticos atuantes na grande imprensa, incluindo aí
a crítica de dança realizada no próprio jornal O Globo, cuja letra, de maneira geral,
sobrevive em espaço cada vez mais exíguo. Isto é edição e isto é grave. Se um
editor de informação não possui aparato conceitual suficiente para lidar com as
questões urgentes e desafiadoras da cultura contemporânea, o que ele fará, em
seu trabalho, senão de(sin)formar os seus leitores? A pergunta que não quer calar
é: a quem e a que interessam as opiniões preconceituosas de Artur Xexéo a
respeito da dança contemporânea? Elas nos importam sim, pois elas são
reveladoras de (grave) sintoma. Elas nos importam, sobretudo naquilo que o caso
específico informa da condição geral.

Conforme todos sabem, Artur Xexéo exerce dupla função no jornal O Globo: como
editor e como colunista. Que o colunista se ocupasse de elogiar e festejar, com
todos os fogos de artifício disponíveis na literatura, seu deflagrado apreço pela
obra da coreógrafa Deborah Colker, nada haveria a comentar. Que o colunista
citasse com aspas e referência, como manda o figurino, a crítica de Cruel, recente
estréia da coreógrafa na cidade, publicada por Roberto Pereira, no Jornal do
Brasil, em 27/4/2008, com cujo texto o seu “dialoga”, seria no mínimo mais
honesto. Nada temos a dizer ao colunista que se vale da licença da pena a ele
concedida pelo jornal para deitar sobre o papel suas opiniões estéticas. É a
coincidência entre o colunista e o editor que compõe a gravidade do fato e o
interesse do caso. Pois, estamos tratando aqui, antes de qualquer coisa, do
aparato conceitual, no caso o estético, com o qual o jornalista Artur Xexéo arbitra
sobre a produção de arte. E seríamos muito ingênuos em acreditar que onde fala o
colunista, cala-se o editor, ou seja, que as ferramentas estéticas utilizadas pelo
jornalista para ler a cena contemporânea de dança (e eu estenderia aqui à arte
contemporânea como um todo) sejam diferentes em cada lugar. Deste modo, é
importante reiterar, nosso interesse principal aqui não é responder ao jornalista
mais uma vez (este texto não é uma carta). Falando daquele outro lugar, importa-
nos, antes e sobretudo, utilizar todo este imbróglio suscitado pelo texto para um
exercício de análise do imbróglio cultural generalizado em que estamos metidos e
que é denunciado todas as vezes em que uma obra de arte (de fato)
contemporânea aparece. Assim, poderemos dar voz ao relevante debate estético e
à política a ele concernente que se esgueiram nos interstícios dos textos.

A arte não existe mais. Ela se declara.

Harold Rosenberg

A arte produz sempre e a cada vez as suas próprias palavras. Em movimento que
lhe é próprio (relação tensa e paradoxal entre história e atualização; entre antigo e
novo), ela mesma cunha os conceitos com os quais a crítica (incluindo aqui não só
a crítica especializada, mas todos os produtores do assim chamado criticismo) e o
público constituirão a lida com as obras. Se a história adicionou ao vocábulo ‘arte’
o conceito de contemporaneidade, há algo aí a ser visitado a partir ao menos do
respeito ou, quando é possível, do bom senso.

Sendo arte, a contemporânea também inaugura conceito no mundo. O que é


peculiar em seu gesto é inventar o conceito de dentro da obra produzindo
concomitantemente, ou seja, também de dentro da obra, os pressupostos que lhe
darão sentido. Para isso, questiona inevitavelmente pressupostos vigentes que
assegurariam de antemão a uma obra tornar-se de arte. Ao fazê-lo pergunta antes
e concomitantemente na obra: o que é arte? Sua escolha é caminhar por sobre
terreno acidentado, abrindo mão das garantias em favor da atenção dedicada do
artista àquela composição (nascimento) em particular. Na arte contemporânea, os
pressupostos que mediam o contato entre obra e espectador, seja este
especializado ou não, são contraditoriamente não-apriorísticos, ou seja, só se dão
a ver depois. Depois de que? Depois que a obra está pronta, poderíamos dizer.
Mas, se tomarmos como princípio que a obra de arte contemporânea nunca está
pronta, pois admitiu o provisório no reino da criação e do conceito; pois ela
depende do contato com o espectador para encontrar seu sentido e que, sendo
assim, ela não pertence ao artista, mas à relação, não existe nunca um depois da
obra contemporânea. Nem um antes. Na verdade, para que a arte possa constituir
sentido contemporâneo na obra, teríamos que falar de uma concomitância entre
obra e conceito, de uma relação de colaboração ambivalente entre eles, um
sempre contemporâneo do outro. Quando dizemos arte contemporânea, estamos
dizendo que a arte pode ser ou não ser contemporânea. Visitando a véspera do
nascimento da arte, estamos fazendo deste fato (do nascimento da obra) um
problema estético.

Quando dissermos dança contemporânea, portanto, não estamos, por obra do


capricho, dizendo a mesma coisa que seria dita com dança moderna ou com
dança atual. Se uma ou outra dança é dança contemporânea é também porque há
algumas tantas outras que não o são. Se a dança é contemporânea é porque
sempre e a cada vez, a cada nova obra, ela, a dança, deambula na direção da
origem, daquilo que lhe deu sentido, para perguntar: – O que é dança? O que
constitui algo em dança como arte? Arrastará todos os mecanismos disponíveis, e
inventará ainda uns tantos outros, no esforço da única mis-en-scène que lhe cabe
em tal contexto: em cena, a pergunta.

Se a dança é contemporânea é porque faz da cena, hoje em dia, nesta cidade,


quase que exclusivamente no Espaço SESC, uma oportunidade de encontro de
fato contemporâneo, ou seja, fazendo da cena um espaço de permuta democrática
dos pressupostos (o conceito de Arte cunhado na eternidade) que confeririam
inadvertidamente valor ou desvalor à obra, não fosse seu questionamento público.
A dança é contemporânea também porque encena todos os problemas que
envolvem o contato obra/espectador; porque encena a política intrínseca à
espetacularidade. Abre mão da espetacularidade (das facilidades e da crueldade
que lhes são intrínsecas) em favor da disponibilização ao espectador dos meios
que a produzem; em favor de uma troca em que as partes tenham acesso ao que
está pressuposto na relação. E isto é sim uma política!

Se há dança contemporânea de excelência em exercício nesta cidade é porque


soubemos escrever uma história de vulto nos últimos trinta anos, encontrando os
meios de diálogo de seu gesto intrinsecamente político com a indústria cultural
angariando, inclusive, para esta municipalidade, o epíteto de capital da dança
contemporânea brasileira. E a dança contemporânea carioca fez isso, sobretudo
por mover-se com bastante fluidez em um dos pressupostos mais trabalhosos da
contemporaneidade em arte: a convivência (obviamente nem sempre amistosa)
das diferenças. Neste sentido, respondendo, aí sim, ao texto do jornalista, Deborah
Colker é nossa, Sr. Xexéo, e nós que lidemos com este problema (questão).

A dança contemporânea, seja ela carioca ou não, faz tudo isso quer em acordo,
quer em desacordo com o criticismo que lhe é atual e que muitas vezes, reiteradas
vezes (confesso que já estamos cansados desta repetição), não lhe é
contemporâneo, ou seja, não se dedica a descobrir os vocábulos, as sentenças, os
juízos que lhes são intrínsecos e que lhes darão sentido, sempre a cada vez.

Editar é cortar: escolher e dar sentido. Todo editor de cultura é, portanto, um


curador. Um curador de idéias, de informação, de palavras. O imbróglio estético
aqui apresentado, tendo o Sr. Artur Xexéo como mote, ilustra e denuncia o mesmo
imbróglio de idéias e palavras em que nós, artistas e público, estamos metidos,
proveniente de um desconhecimento generalizado por parte dos mediadores da
cultura, responsáveis pela leitura de seu tempo, pelo arbítrio, pela valoração e pela
disponibilização da informação. Nossa relação está mediada desde sempre (a)
pelo jornalismo cultural em suas notas, notícias, colunas etc; (b) pelos editais de
fomento público à produção artística quer sejam de competência municipal,
estadual ou federal; (c) pelos expedientes formalizadores de campos de saber, de
exercício profissional e fiscal, perpetrados pelos Ministérios da Cultura, da
Educação, do Trabalho ou da Fazenda. Trata-se nos três casos citados de funções
exercidas por curadores-editores muitas vezes bem pouco atentos,
instrumentalizados e permeáveis às sempre renovadas poéticas e políticas
organizacionais da criação.
Se editar é cortar, escolher e dar sentido, podemos também dizer que editar é
constituir design de futuro. A que idéias, palavras e conceitos está sujeito o nosso
design de futuro?

Thereza Rocha é Doutoranda em Artes Cênicas pela UNIRIO e Mestre em


Comunicação pela ECO/UFRJ. Diretora de espetáculos e pesquisadora de dança é
professora dos cursos de dança e teatro do Centro Universitário da Cidade –
UniverCidade onde também coordena o Curso de Pós-graduação Lato Sensu
Estudos Avançados em Dança Contemporânea: coreografia e pesquisa.

COMMENTS
Hilton Berredo
15 de maio de 2008 at 19:22 · Responder
Thersea Rocha

Com todo o respeito, embora eu vá ser duro com você, eu acho que querer discutir
“o que deve ser o caderno de cultura” de um jornal privado é um despropósito
risível fora do ambiente acadêmico. Na vida real, o jornal está nas bancas e nós ou
compramos ou não compramos. Na academia, você ensina ao aluno o que voce
acha que deve ser um jornal, mas fora da academia, não compre o jornal se não
gostar, ou junte uma graninha e faça o seu.

Também acho ridículo querer ver identidade entre “ferramentas estéticas” de


colunista e de editor e ainda pensar que num grande jornal editoria e colunismo
são atividades que se confundem quando exercidas pela mesma pessoa. Se você
nunca estagiou num jornal de grande circulação, deveria, a bem da boa prática
acadêmica, pesquisar e analisar as atividades do Xexéo para poder comprovar o
que você diz. Porque, empíricamente, como leitor do Globo, já li tantas matérias
sobre dança contemporânea que só posso achar que você está escrevendo no
interesse de alguma platéia que você não declara. Será?

Acho também ridículo pensar que contemporaneidade é uma categoria de arte,


quando é tão somente um predicado sem qualquer outra substancia que a
designação de algo feito no tempo atual. Da mesma forma, acho ridículo querer
que dança contemporânea seja sinônimo de não-espetacularidade. Trata-se de um
sectarismo boboca. E aqui, com todo respeito, não creio que você esteja sendo
sincera com o leitor, uma vez que sabemos perfeitamente da sua ligação com o
trabalho da exelente Maria Alice Poppe e de seu marido gracinha e músico genial
Tato Taborda que fizeram um espetáculo realmente espetaculoso, além de
espetacular (e muito legal) no SESC.

Acho também ridículo cobrar do Xexéu aspas e referências ao texto do crítico do


Jornal do Brasil, quando não havia citações a ele naquele texto. Suas suposições
de que o Xexéo escreveu o artigo em desagravo à crítica da Colker parece muito
razoável, acredito mesmo que tenha sido assim, mas cobrar citações e referencias,
darling, é demais. Além disso, se o Roberto Pereira tem o que dizer, porque ele
mesmo não diz? Porque ele não assinou a tal carta? Ele tem alguma coisa a ver
com isso? Finalmente, recomendo que você estude um pouco as teorias da arte,
(arte como representação, arte como expressçao, arte como ‘unidade orgânica’,
arte como desenvolvimento de tradições, arte como jogo, arte como criação, arte
como inexaustibilidade e densidade de significado e a teoria institucional da arte, a
que prevalece nos dias de hoje). Acho que a confusão de idéias sobre arte que seu
texto ostenta poderia se beneficiar de um estudo de filósofos dedicados ao
assunto, tais como Arthur Danto ou Ronald W. Hepburn. Posso te emprestar
alguns livros.

Para terminar, acho que a questão de fundo nessa estória não é a discussão em
pauta, mas as atitudes tomadas. Infelizmente, por mais difícil que seja dizer isso,
me parece que seu texto nem avança a discussão, nem propõe melhores atitudes.

Hilton Berredo

Pedro
15 de maio de 2008 at 20:20 · Responder
Fico triste em ver que a dança é muito egocêntrica. As pessoas ao invés de, ao
menos tentar, parar e pensar “nossa será que ele tem razão?” preferem ficar
atacando o jornalista. A opinião dele é a opinião do publico que paga para assistir
aos espetáculos e fica triste quando ve tudo menos dança. A dança no rio hoje so é
feita para os “amigos”. Faz um teste simples…. Chama o seu contator, advogado,
sua empregada domestica, chama seu dentista e da a eles ingressos para ver o
SOLOS DO SESC por exemplo, e pergunta no final se eles pagariam para ver
aquilo denovo. Duvido muito (se baseando nos trabalhos passados). NÓS que
estudamos muito e achamos que entendemos muito, podemos até gostar, ou no
mínimo dar algum crédito pela pesquisa mas e o público no geral? precisa enteder
de semiotica para apreciar um espetaculo de dança contemporânea? (não todos)
Vamos descer de nosso pedestais e assumir que a dança contemporânea no rio de
Janeiro está falida. Sem público. Vamos assumir que nos distanciamos das
pessoas e que lógico, as pessoas se distanciaram de nós
A quasar vem ao rio agora em Junho, Vamos ver se agente aprende a fazer uma
dança de qualidade e inteligente (é possivel fazer isso ao mesmo tempo)
Espero que surjam mais artigos de pessoas que não estão dentro do meio da
dança, para ver se a galera acorda dessa ilusão. O artista precisa de Público e
dança tratou de xotar o seu.

Vicente de Paula
16 de maio de 2008 at 18:21 · Responder
Querida Thereza, acho um exagero divagar tanto sobre uma matéria apenas.
Arthur Xexéo somente se mostrou indignado com o TIPO de crítica que fizeram ao
espetáculo da Débora, portanto devemos levar em conta somente o que ele diz
sobre a crítica, e não sobre o que ele acha da Débora. E neste ponto ele tem
razão, pois a crítica carioca é tensenciosa, pois ao se manifestar, fica falando como
as pessoas devem fazer os espetáculos, em outras palavras, se mete nos
espetáculos alheios. Realmente que mal tem um espetáculo ser frontal???? pelo
amor de Deus, será que Xexéo falou alguma besteira? Falaram também que tinha
música demais. Isso é uma escolha do coreógrafo/diretor, ninguém tem nada haver
com isso. Mas os críticos do Rio acham que tem que ser como eles querm, e a
classe vai atras, como cordeirinhos, e ainda se acham pensadores por ser
contemporâneos. Lamentável tudo isso. A arte em que ser livre, nós, artistas temos
liberdade de fazer um espetáculo todo com música, de frente pro público, usar
passos de clássico, usar coisas que já usaram, etc. Isso sim é liberdade, e não
ficar preso a tendências impostas por pessoas que se acham donos da verdade,
que só conseguem falar dos outros. Viva a liberdade, tanto de fazer um espetáculo
tradicional como experimental.Os dois são válidos e a classe da dança deve
aceitar e saber apreciar TODAS as maneiras de se montar algo. Esqueçam a visão
fechada dos críticos!!!

Vicente de Paula

Tatiana Salomão
20 de maio de 2008 at 15:50 · Responder
Artur Xexéu NUNCA foi genial. Principalmente por ter essa “mania” de escrever
sobre assuntos que não lhe competem, sobre os quais não possui qualquer
conhecimento para embasar suas fracas e preconceituosas opiniões. Creio que se
deva respeitar o gosto pessoal, como o amor explícito de Xexéu por Deborah
Colker. No entanto, não devemos ser passionais. O colunista se valeu da
“agressão” feita ao seu gosto para criticar importantes nomes da dança
contemporânea que ele nem sequer conhece, visto que ele NÃO faz parte do meio
da dança, ou nem ao menos se interessa por dança. Sem meias palavras, o
conceituado jornalista Artur Xexéu não é NINGUÉM para ter o topete de pensar
que pode ter o direito de falar o que é ou não dança.

Karen Bezerra
23 de maio de 2008 at 20:14 · Responder
Caros,
Me deixa triste saber que a única coisa que move um é a breve vontade de falar
mal de outros. A dança e a arte merecem mais respeito. A crítica de arte, essa
instituição falida, só nos dá um desgosto atrás do outro. Até uma criança quando
aprende a escrever sabe quais são as regras básicas para se escrever uma
razoável crítica. Cadê o que realmente importa? Iiiiiiii… Deve estar no bolso de
uma pequena maioria que usa seu poder jornalístico para um favorecimento afável.
Acordem! A Deborah Colker não precisa de vocês. Ela já tem a BR do lado.

Falar bem do que dá público é muito fácil. Falar bem do que dá dinheiro é ótimo. O
público não abandonou a dança. A dança é que descobriu que essa roleta é
ambígua.

E para o Arthur Xexéo: “Quem és tu, ninguém?”

Dê à dança quem realmente sabe quem é ela.

Thábata Liparotti
9 de outubro de 2008 at 11:22 · Responder
É lamentável… O posicionamento de Xecéo reflete a triste realidade que se
encontra nosso país perante a arte hoje. Sou formanda da Faculdade de Artes do
Paraná, curso de Dança, e percebo na minha humilde opinião o quanto este
assunto ainda necessita ser discutido.
A enorme polêmica criada, dando margem a inumeras respostas nos faz ao menos
parar para pensar sim. Por algum momento cheguei a pensar se o que Xexéo
falava não seria sintoma da relação que se estabelece entre Dança contemporâne
e seu público. Pode até ser que de alguma maneira seja isso, por isso digo
lamentável.

Vivemos num país no qual a formação de arte não está na escola, por isso
engolimos e consumimos com tanta facilidade o que nos é imposto sem a menor
criticidade.

Penso que uma das maiores virtudes da Dança Contemporânea é a sua


diversidade com princípio. E aí que se detecta outro sintoma cultural de nosso
país, crítica e debate estão a serviço do crescimento intelectual, mas creio que por
falta de suporte teórico as pessoas como no caso de Xexéo dão ao assunto um
tratamento pessoal, sentindo-se ofendidas e atacadas.

Não se trata disso e sim de discutir arte. Acho que há espaço no mundo para todos
criarem seus trabalhos com suas particularidas e isso demostra a riqueza de um
país como o nosso tão cheio de diversidades.

E volto ao ponto que levantei acima, talvez haja sim um certo distanciamento da
Dança com seu público, mas nao acho que popularidade seja sinônimo de
qualidade , cada um tem livre arbítrio para gostar do que quer sem que a falta de
respeito se instaure.

Que certos temas são mais particulares, isto sem dúvida, há questões que
permeam pequenos grupos mas nem por isso são de menor importância. Sempre
o desconhecido gera estranheza e negação, isso é instintivo, mas
se resolvessemos ceder a este instinto a sociedade nunca saíria do lugar
comum. E logo as Faculdade de Dança estariam pesquisando a Dança do creu.

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