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Exercícios de
Escrita Criativa
Para você começar a escrever AGORA!
PLATAFORMA DE
ESCRITA CRIATIVA
www.quadroamarelo.com.br
02

sumário

1. Exercite os quatro movimentos da escrita................ 03


2. Descrição .................................................................. 04
3. Narração ................................................................... 21
4. Diálogo ..................................................................... 32
5. Digressão .................................................................. 45
03

Exercite os quatro
movimentos da escrita Narração, descrição, diálogo e digressão são os quatro
movimentos da história. É importante que o escritor entenda
e domine cada um deles, para garantir movimento, presença,
alternâncias entre focos e panoramas, voz própria de cada
personagem, espaços bem delineados e mudanças no tempo,
com aprofundamento nos temas abordados.

Com os exercícios propostos nesse ebook você vai praticar


esses quatro movimentos, inclusive reescrevendo os mesmos
acontecimentos de diferentes maneiras. Esses exercícios são
parte do Curso Online de Escrita Criativa da Quadro Amarelo,
com Luiz Antonio de Assis Brasil e Jéferson Assumção.

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#QAexercicio para a gente acompanhar, ou marque nosso
perfil no instagram: @quadroamarelo_escrita
04

Descrição Uma boa descrição coloca o leitor dentro da cena. Cria um


efeito de realidade com poucos detalhes. Uma descrição é
tanto mais eficiente quanto menos palavras estiver usando.
O bom escritor coloca foco no que interessa, sem mencionar
tudo o que está ao redor. Busca não todos os detalhes, mas
apenas os mais expressivos e significativos para a história. O
bom escritor gera um grande efeito visual com economia e
simplicidade. O objetivo é conseguir materializar o todo com
o mínimo de palavras. Um alto grau de percepção visual faz
com que o escritor tenha a história de maneira mais concreta
em sua frente. As partes descritas de forma simples e com
precisão nos dão a sensação de totalidade do espaço da
cena. Menos é mais, em busca do caráter único, da
presencialidade, da particularidade que ativam nossos
sentidos. E não se esqueça de tentar encaixar suas
descrições. Descrição encaixada é aquele feita “em
movimento”, na narração, ou no diálogo. Quando o escritor
conta algo que descreve, uma coisa faz a outra andar.
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Descreva seu banheiro


em até 3 mil caracteres
06

Descreva uma cidade


em até 200 caracteres
07

Descreva uma pessoa


famosa, sem usar nome.
Peça a alguém para ler e
tentar reconhecer de
quem se trata.

03
08

Descreva o gesto de
fumar um cigarro.
09
Descreva os gestos de uma mulher
dando comida para um gato.

05
10
Descreva a queda de uma ponte sobre um rio.
(descrição encaixada na ação)

06
11
Descreva o rio, suas margens,
a velocidade e a cor da água.

07
12
Descreva o mesmo rio no verão,
cheio de gente.

08
13
Descreva um canil vazio

09
14
Descreva um canil lotado

07
10
15

Descreva um canil
lotado, de porta aberta.

11
16

Descreva um rato
comendo uma migalha
de pão com requeijão.

12
17

Descreva um rato morrendo


por envenenamento.

13
18

Descreva uma flor


quebrada ao meio em
uma rua lotada de gente.

14
19

Descreva os gestos de
uma criança machucada
depois de cair do
patinete.

15
20

Descreva o acidente
entre dois cadeirantes
que se esbarram na
calçada.

16
21

Narração Narrar é o mais próprio movimento de quem conta uma


história. É também o mais antigo fundamento da arte da
escrita. Como dizem Pedro Gonzaga e Jane Tutikian, em
Escreva! Guia de Escrita Criativa, “a narração funciona como
uma espécie de descrição das ações”. Na narração, temos a
impressão que o que lemos está se desenrolando na medida
em que avançamos na leitura. Dentro deste movimento, uma
dica famosa é a que você deve mostrar, não contar. Ou seja,
em vez de dar tudo mastigado para o leitor, você abre espaço
para que ele faça o exercício de construir as ações em sua
própria mente. Para isso, a narração mais eficiente mostra,
traz a presença das ações, em vez de simplesmente contar,
ou seja: se refere indiretamente a ela. O professor Assis
Brasil, no entanto, chama a atenção para o fato de que os
grandes escritores sabem modular o uso das formas mostrar
e contar, dando mais diversidade e vivacidade à narração.
22

Troque o
narrador de
uma história
que você gosta,
de terceira para
primeira pessoa
testemunha.

17
23

Troque o narrador
de uma história
que você gosta,
de primeira pessoa
protagonista para
terceira pessoa
onisciente.

18
24

Narre a queda
de uma ponte
sobre um rio
em um dia de
verão.

19
25

Narre o
acontecimento
de um canil sendo
arrombado por
três mulheres.

20
26

Conte uma história


de Natal para um
homem velho e
doente em um bar.

21
27

Mostre um velho
E doente em um
bar ouvindo uma
história de Natal.

22
28

Narre um
acontecimento
cotidiano em um
ônibus lotado.
Uma freada
forte.

23
29

Narre um
acidente de
moto, da
perspectiva
de um passante.

24
30

Narre um acidente
de moto, da
perspectiva do
motoqueiro.

25
31

Narre um acidente
com um transeunte
atropelado por
uma moto, em
terceira pessoa
quase onisciente.

26
32

Diálogo Os diálogos precisam ser vivos. Devem mostrar a


interioridade das personagens em seu vocabulário, tons,
titubeios, forças, fraquezas, desinteresse ou interesse, ou
seja em todas as formas como falamos ou ouvimos na vida
real. Portanto um diálogo tem que funcionar como um
espaço de presença de cada personagem, a partir de sua
própria voz. É importante tentar evitar diálogos que não
aprofundem conflitos, que não dizem a que vieram num
momento tão rico e importante que é esta janela que se abre
na história para que possamos ver as próprias personagens
em sua ação verbal. Isso mesmo: diálogo é ação e quanto
Tanto quanto a narração, o diálogo é um movimento mais se parecer com a realidade, melhor. Uma dica de
central na arte da ficção. O narrador dialoga com o leitor. Francine Prose em Para ler como um escritor: atente para
Os personagens dialogam com outros personagens e com diálogos em que o mal-entendido, os silêncios, as
o leitor e o conjunto todo de uma história é no fundo um incompreensões, o não-dito estejam funcionando tanto
diálogo longo e complexo entre o escritor e o leitor. quanto o que está sendo dito.
03
33

Escreva um diálogo ouvido num ônibus ou metrô,

27
com atenção para o ritmo, as pausas e as
palavras que não foram ditas.
34

Transcreva um diálogo ouvido no trabalho ou na

28
aula, com atenção para o ritmo, as pausas e as
palavras não ditas.
35

29
Escreva xingamentos numa feira, entre duas
senhoras e um feirante.
03
36

Transcreva um diálogo entre dois

30
políticos numa missa.
37

Escreva a fala de alguém que não é escutado,

31
num churrasco da firma.
38

Escreva o diálogo entre um padre e uma jovem

32
hacker numa praia.
39

Escreva um diálogo entre um síndico e uma

33
inquilina com condomínio atrasado.
40

Escreva o mesmo diálogo, como se este fosse

34
ouvido pela filha ou o filho pequeno da inquilina.
41

Escreva o diálogo entre dois neohippies que

35
vão cortar o cabelo.
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36
Descreva um diálogo de um casal de tímidos.
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37
Escreva um diálogo em que a segunda pessoa
não deixa a primeira falar.
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38
Descreva um diálogo só por gestos.
45

Digressão Fazer digressões, ou seja, nos afastar do que estamos


enfocando na narrativa para refletir sobre elas, pode nos
ajudar a dar mais profundidade ao nosso texto. Mostrar
ações, descrever ou trazer diálogos vívidos é muito
importante, mas o uso da digressão , com detalhes paralelos,
pensamentos e demais impressões dos personagens, nos faz
dar espaço para as ideias, ao mesmo tempo que promove
uma pausa na narração. Aqui, é necessário, mais que uma
habilidade do escritor em contar histórias, ter o que contar.
Com a digressão, se apresenta um assunto a partir de outros
pontos de vista e perspectivas, o que faz do romance um
instrumento poliédrico, a partir do qual enxergamos a
realidade de maneira mais complexa do que em superficiais
narrativas que apenas “contam uma história”.
03
46

Disserte sobre o que


aconteceu em uma
determinada tarde de
chuva, anos antes de
um acidente entre um
homem numa bicicleta
e um pedestre no
centro da cidade.

39
03
47

Disserte sobre a
lembrança de um
acontecimento
despertada pelo gosto
de um café com leite.

40
48

Fale sobre a memória


de tomar banho em
um açude depois de
beber dois copos de
limonada.

41
49

Faça um comentário
sobre uma bolacha
Maria quebrada.

42
50

Faça um comentário
sobre uma bolacha
Maria intacta, depois
se afaste desse
momento e retorne a
narrativa a um
supermercado, na
estante das bolachas.

43
51

Comente um lance
de futebol, motivado
pela cena de um
chute de um menino
num pombo no meio
da rua.

44
52

Fale sobre o cheiro do


vinho barato, numa
noite de inverno.

45
53

Fale sobre o cheiro de


suco de laranja numa
camisa.

46
54

Recorde para o leitor


um pôr-do-sol visto de
dentro de um carro
num trânsito parado.

47
55

Desvie o foco de uma


conversa para o
barulho do sino de
uma igreja.

48
56

Desvie o foco de uma


conversa para a
lembrança de uma
mordida de gato
na mão do narrador.

49
57

Desvie o foco do
barulho de uma buzina
para o calor de um
café numa tarde de
inverno, ligando as
duas sensações.

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