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TRATAMENTO DE

RESÍDUOS
Prof. Dra. Aline Roberta de Pauli
alinedepauli@hotmail.com
Níveis e sistemas de tratamento
• Em estudos de concepção para seleção do processo de tratamento de
esgotos a ser empregado em determinada comunidade, deve-se
definir com clareza os seguintes aspectos:
• Impacto ambiental do lançamento no corpo receptor;
• Objetivos do tratamento;
• Nível do tratamento;
• Eficiências de remoção desejadas.
Níveis e sistemas de tratamento
• O tratamento de esgotos é usualmente classificado em:
• Preliminar;
• Primário
• Secundário;
• Terciário
Níveis e sistemas de tratamento
Item Nível de tratamento
Preliminar Primário Secundário
Poluentes removidos Sólidos grosseiros • Sólidos sedimentáveis • Sólidos não sedimentáveis
• DBO em suspensão • DBO em suspensão fina
• DBO solúvel
• Eventualmente nutrientes
• Eventualmente patógenos
Eficiências de remoção - • SS: 60 a 70% • DBO: 60 a 98%
• DBO: 25 a 35% • Coliformes: 60 a 99%
• Coliformes: 30 a 40 %
Mecanismos de tratamento Físico Físico Biológico
predominante
Cumpre padrões da Não Não Usualmente sim
lançamento usuais?
Fonte: Von Sperling, 2018.
Níveis e sistemas de tratamento
• A porcentagem de eficiência de remoção de determinado poluente
no tratamento ou em uma etapa do mesmo é dada pela fórmula:
𝐶0 − 𝐶𝑒
𝐸= ∙ 100
𝐶0
• Onde
• E = eficiência de remoção (%)
• C0 = concentração afluente do poluente (mg L-1)
• Ce = concentração efluente do poluente (mg L-1)
Níveis e sistemas de tratamento
• Caso haja mais de uma etapa ou unidade em série ao longo do
tratamento, as eficiências não são aditivias. O cálcuo da eficiência
global de remoção é feito de forma multiplicativa, com base nas
frações remanescentes.
𝐸 = 1 − [(1 − 𝐸1 ) ∙ (1 − 𝐸2 ) ∙ (1 − 𝐸3 ) ∙ ⋯ (1 − 𝐸𝑛 )
• Onde
• E = eficiência de remoção global
• E1, E2, E3, En = eficiência de remoção nas etapas 1, 2, 3, ..., n
Operações, processos e sistemas de
tratamento
• Os métodos de tratamento dividem-se em operações e processos
unitários, e a integraçào desses compõe os sistemas de tratamento.
• Operações unitárias físicas: métodos de tratamento em que predomina a
aplicação de forças físicas.
• Processos químicos unitários: Métodos de tratamento nos quais a remoção
ou conversão de contaminantes ocorre pela adição de produtos químicos.
• Processos biológicos unitários: Métodos de tratamento nos quais a remoção
de contaminantes ocorre por atividade biológica.
Processos unitários físicos

• Os processos unitários físicos mais comumento utilizados em


tratamento de esgotos incluem:
• Gradeamento,
• Redução de sólidos grosseiros;
• Mistura e floculação;
• Separação por gravidade;
• Remoção de areia;
• Sedimentação primária;
• Sedimentação de alta taxa;
• Flotação.
Processos unitários físicos

Figura 01: Posição das operações unitárias físicas em um diagrama de fluxo de uma estação de tratamento convencional.
Fonte: MetCalf & Eddy, 2016.
Gradeamento

• Uma grade é um equipamento com aberturas de dimensões uniformes que é utilizada para reter
sólidos grandes contidos no esgoto influente à estação de tratamento ou em sistemas coletores
unitários sujeitos a descargas, especialmente, de águas pluviais. A função principal do
gradeamento é a remoção de materiais grosseiros do esgoto, que podem
1. danificar ou obstruir equipamentos de processos subsequentes,
2. reduzir a confiabilidade e a eficiência de todo o processo
3. contaminar as tubulações.
Gradeamento

• Para a escolha das grades devem ser levados em conta:


• O nível de remoção necessário devido aos efeitos potenciais nos processos e
equipamentos de tratamentos subsequentes;
• A saúde e segurança dos operadores, uma vez que o material gradeado
contém organismos patogênicos e atrai insetos;
• Potencial de geração de odores;
• Requerimentos para manuseio e para transporte antes da disposição;
• Opções para disposição.
Gradeamento

Figura 02: Classificação geral de tipos de grades utilizados em tratamento de esgotos.


Fonte: MetCalf & Eddiy, 2016.
Grades grossas limpas manualmente

• Geralmente são utilizadas antes de bombas, válvulas e tubulações.


• São, geralmente, utilizadas como gradeamento de reserva em canais de desvio, que entram em operação
durante períodos de grandes vazões durante a manutenção de grades limpas mecanicamente ou em caso de
queda de energia.
Grades limpas mecanicamente

• Operadas com correntes


• Reciprocadoras;
• Catenárias;
• Banda contínua.

Figura 03:
Grades limpas mecanicamente
• Grade operadas com correntes:
Tipo de grade Vantagens Desvantagens

Limpeza anterior/ • Múltiplos elementos de limpeza (ciclos de • A unidade tem partes móveis submersas que requerem
Retorno posterior limpeza curtos). esvaziamento do canal para manutenção.
• Utilizados para aplicações de alta carga. • Remoção de material gradeado menos eficiente
Limpeza anterior/ • Múltiplos elementos de limpeza (ciclos de • A unidade tem partes móveis submersas que requerem
Retorno anterior limpeza curtos). esvaziamento do canal para manutenção;
• Transporte muito pequeno de material gradeado. • As partes móveis submersas (correntes, rodas dentadas, e
eixos) estão sujeitas a receber depósitos que prejudicam o
funcionamento
• Objetos pesados podem causar o bloqueio da grade.
Limpeza posterior/ • Múltiplos ciclos de limpeza (ciclos de limpeza • A unidade tem partes móveis submersas que requerem
Retorno posterior curtos); esvaziamento do canal para manutenção;
• Partes móveis submersas (correntes, rodas • Dentes da grade muito longo são susceptíveis de quebra;
dentadas e eixos) são protegidos pela grade de • Algumas dificuldades de carrear o material gradeado.
barras.

• https://www.youtube.com/watch?v=1Plr_MRPP5M
Grades limpas mecanicamente
• Grade operadas com correntes:
• https://www.youtube.com/watch?v=x5ExzpiRZis
Grades limpas mecanicamente
• Grade Catenárias: https://www.youtube.com/watch?v=YxLBNhV39PM
Grades grosseiras

• Projeto de instalação de grades grosseiras:


• Local da instalação;
• Velocidade de aproximação;
• Espaçamento entre barras ou dimensões de malhas;
• Perdas de carga através da grade;
• Manuseio, processamento e disposição do material gradeado;
• Controles.
Grades grosseiras

• Projeto de instalação de grades grosseiras:


• Uma velocidade de aproximação de ao menos 0,4 m/s é necessária para minimizar a deposição de
sólidos no canal.
• Para prevenir a passagem de entulhos em condições de vazão de pico, a velocidade através da grade
não deve exceder 0,9 m/s.
• A perda de carga através de grades depende da velocidade de aproximação e da velocidade através das
barras e pode ser dada pela equação:
1 𝑣𝑆2 − 𝑣 2
ℎ𝐿 =
𝐶 2𝑔
• ℎ𝐿 : perda de carga (m)
• 𝐶: um coeficiente de descarga empírico para considerar as perdas por turbulências e turbilhonamento,
tipicamente 0,7 para uma grade limpa e 0,6 para uma grade obstruída
• 𝑣𝑆 : velocidade de escoamento através das aberturas das barras (m/s)
• 𝑣: velocidade de aproximação do canal a montante (m/s)
• g: aceleração da gravidade.
Grades grosseiras

• Exemplo 01: Determine o crescimento da perda de carga através de


uma barra quando 50% da área de escoamento esteja bloqueada
devido à acumulação de sólidos grosseiros. Assuma as condições
seguintes:
• Velocidade de aproximação: 0,6 m/s
• Velocidade através das barras limpas: 0,9 m/s
• Área limpa para escoamento através das barras limpas: 0,19 m²;
• Coeficiente de perda de carga para a grade limpa: 0,7
Grades finas

• Grades para tratamento


preliminar e primário:
• Estrutura de arame
estática;
• Tambor rotativo;
• Banda contínua;
• Telas de passos.

Figura 04
Manuseio, processamento e disposição do
material gradeado
• Podem ser transportados por esteiras;
• Podem ser compactados;
• Os meios de disposição do material gradeado incluem:
• Remoção por transporte para área de disposição;
• Queima no próprio local da estação de tratamento;
• Incineração;
• Descarga em trituradores ou maceradores
Redução de sólidos grosseiros

• Fragmentadores

• Maceradores

• Trituradores https://www.youtube.com/watch?v=1EWEuY
8rqw4&feature=youtu.be
Mistura

• A mistura é uma operação unitária importante em diversas fases do


tratamento de esgoto, incluindo
• Mistura completa de uma substância com outra,
• Mistura de líquidos miscíveis,
• Floculação de partículas do esgoto,
• Mistura contínua de suspensões líquidas e
• Transferência de calor
Mistura
Floculação

• A finalidade da floculação do esgoto é formar agregados ou flocos


com partículas muito pequenas e com partículas quimicamente
desestabilizadas.
• Aumentar a remoção de sólidos suspensos e a DBO em decantadores
primários,
• Condicionar o esgoto que contém alguns tipos de efluentes industriais,
• Melhorar o desempenho de decantadores secundários de processos de lodos
ativados e
• Tornar-se pré-tratamento para a filtração de efluente secundário.
Floculação

• A floculação é efetuada imediatamente após a mistura rápida, na qual foram adicionados


produtos químicos para desestabilizar as partículas. A desestabilização de partículas que resulta
da adição de produtos químicos é definida como "coagulação"
Tipos de misturadores utilizados para mistura
rápida em tratamento de esgotos
• Misturadores estáticos Com orifícios
Indução de alta velocidade
Palhetas internas

Com pás ou turbinas Com orifícios e pás internas Jato de água pressurizado
Tipos de misturadores utilizados para manter
sólidos em suspensão
• Misturadores de turbina e de hélices
Hélice de lâminas
Hélice em forma de agudas com
disco com escoamento escoamento axial
radial

Com orifícios e pás internas


Misturador de hélice
Hélice do tipo
hidrofólio com
escoamento axial
Tipos de misturadores utilizados para manter
sólidos em suspensão
• Misturadores hiperbolóides
Remoção de areia

• O termo areia, em tratamento de esgoto, integra, além de areia,


cascalho, cinzas e outros materiai sólidos pesados que têm
velocidades de sedimentação ou gravidade específica
substancialmente superiores aos sólidos orgânicos putrescíveis.
• As finalidades da remoção de areia são:
• Evitar abrasão nos equipamentos e tubulações;
• Eliminar ou reduzir a possibilidade de obstrução em tubulações, tanques,
orifícios, sifões;
• Facilitar o transporte do líquido.
Remoção de areia
Remoção de areia

• A distribuição granulométrica de areia coletada mostra uma grande variação devido às diferenças de
características de sistemas de coleta, assim como a variação das eficiências de remoção.
• Geralmente a maior parte de partículas de areia removidas são retidas em peneiras de 0,15 mm (100-mesh)
chegando, em alguns casos, a aproximadamente 100% de remoção; entretanto, as dimensões das partículas
podem variar significativamente.
Remoção de areia

• A areia se movimenta através do sistema de coleta por gravidade em


mais ou menos três camadas distintas
Remoção de areia
Remoção de areia

• Dimensão equivalente da areia:


• Muitos sistemas de remoção de areia são projetados com base em
partículas de areia com gravidade específica de 2,65 (similar à
sílica) e dimensão de partícula predominantemente superior a
0,210 mm.
• Velocidade de sedimentação da areia do esgoto:
• Sempre que possível, um estudo de remoção de areia deve ser
conduzido para determinar a dimensão equivalente da areia e
estabelecer o valor de projeto.
Separadores de areia para esgoto

• Caixa de areia de escoamento horizontal:


• O critério para projeto de caixas de areia retangulares
de escoamento horizontal é que, sob as mais adversas
condições, a partícula mais leve de areia sedimentável
atingirá a camada de depósito no canal, antes de sua
saída
Separadores de areia para esgoto

• Caixa de areia aerada


Lavagem de areia

• A areia, antes da lavagem, pode conter 50%


ou mais de material orgânico putrescível;
• O objetivo da lavagem é obter uma areia
limpa e com baixo conteúdo de sólidos
voláteis
Secagem de areia

• A areia limpa deve ser desaguada para remover toda a água livre antes
da disposição.
• Tipicamente, a areia é disposta em aterros sanitário.
• O objetivo do processo de secagem é obter uma areia limpa e seca
com uma concentração de sólidos totais superior a 60% e reter, pelo
menos, 95% da areia sedimentável.
Tanques de equalização

• Uniformiza a vazão.
Flotação

• Bolhas de ar são adicionadas ou formadas por


• (1) injeção de ar enquanto o líquido está sob pressão, seguido por liberação da
pressão (flotação por ar dissolvido),
• (2) aeração sob pressão atmosférica (flotação por ar disperso).
• Nesses sistemas, o nível de remoção pode ser melhorado pela
utilização de diversos aditivos químicos.

https://youtu.be/aAyr_oOlEjk
Flotação por ar dissolvido

https://www.youtube.com/watch?v=TnVjPcgteuU
https://www.youtube.com/watch?v=vKJND_RL-4s

https://www.youtube.com/watch?v=oG8VwbKRSfU
https://www.youtube.com/watch?v=8d46FkCGCD0
Flotação por ar disperso

• Bolhas de ar são formadas através de um hélice rotativa;

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