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Universidade Federal do Pará

Núcleo de Altos Estudos Amazônicos


Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Sustentável do
Trópico Úmido

Disciplina: Políticas Urbanas


Professores: Saint Clair Cordeiro da Trindade Junior
Aluno (a): Tatiane de Cássia Silva da Costa
Data: 17 de Agosto de 2010

VAINER, C. Pátria, Empresa e Mercadoria Notas sobre a estratégia discursiva do


Planejamento Estratégico Urbano In: ARANTES, O. VAINER, C. MARICATO, E. A
Cidade do Pensamento Único: Desmanchando Consensos. Petrópolis (Rio de Janeiro):
Vozes, 2000. p. 75-103.

Informações sobre o autor:


Possui doutorado em Développement Economique et Social pela Université
Paris 1 (Panthéon-Sorbonne) (1979) . Atualmente é professor titular da Universidade
Federal do Rio de Janeiro e Membro Suplente do Conselho Administrativo da Fundação
Universitária José Bonifácio. Tem experiência na área de Planejamento Urbano e
Regional.

Idéia Central:
Discutir até que ponto a adoção do planejamento estratégico urbano seria o
único meio eficaz para fazer frente às novas condições impostas pela globalização às
cidades e aos poderes locais.

Objetivos:
 Mostrar que o planejamento urbano estrutura-se sobre a articulação de três
analogias: cidade-mercadoria, cidade-empresa e cidade-pátria.
 Analisar o sentido e a eficácia de cada uma dessas analogias na construção de
um projeto de cidade.

Síntese esquemática da obra:


1. Produtividade e Competitividade:
I. Baseado nos pressupostos do planejamento estratégico difundido
em Barcelona, os planejadores passam a pensar a cidade a partir
de conceitos e técnicas de um planejamento empresarial.
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II. Tal planejamento afirma que as cidades estão submetidas às


mesmas condições e desafios de uma empresa.
III. Tais concepções irão impor como nexo central da questão urbana
a competitividade entre as cidades.
2. Cidade-Mercadoria:
I. Os chamados neoplanejadores entendem a cidade como uma
mercadoria a ser vendida.
II. Partindo desta concepção se apresentam duas vertentes do
marketing urbano:
a) Se deve examinar os tipos de consumidores a partir de
uma diagnose dos atributos que a cidade oferece;
b) Deve-se vender os atributos da cidade de acordo com o
que é valorizado pelo capital transnacional, vale ressaltar
que é esta vertente que no texto é analisada.
III. Assim a cidade é entendida enquanto um produto vendável no
mercado internacional, adequando-se aos parâmetros exigidos
pelo mesmo;
IV. Este processo estimula a produção de uma imagem de cidade a
ser vendida não apenas enquanto uma mercadoria por si só, mas,
sobretudo como uma mercadoria de luxo para atender um público
específico e qualificado.
3. Cidade-Empresa:
I. Neste a cidade assume a forma ativa de sujeito, o planejamento
incorpora elementos empresariais, no sentido de transformar a
cidade numa empresa, obedecendo à lógica do empresariamento
da gestão urbana.
II. O planejamento nesse sentido é pensado a partir das expectativas
geradas no e pelo mercado, possibilitando que a iniciativa privada
interfira no planejamento e na gestão do espaço urbano (parceria
público-privada).
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III. Os conceitos de cidade, poder público são investidos de novos


significados que pretendem legitimar a apropriação direta de
instrumentos de poder publico por grupos empresariais.
IV. O espaço o espaço da cidade não é pensado no plano político,
estando a cidade-empresa associada a despolitização da cidade.
4. Cidade- Pátria:
I. A cidade empresa que nega a cidade como espaço político
esvazia o sentido político cidade condicionando-a ao
pragmatismo, ao realismo.
II. Consenso:
a) Unificação da cidade;
b) Bases ideológicas do planejamento estratégico que são:
i. A necessidade de uma consciência de crise
ii. Patriotismo de cidade.
III. Consciência de crise:
a) A força motriz para a produção da consciência de crise
não está na crise em si, mas sim na percepção que se tem
dela.
b) Essa consciência generalizada vai ser produzida a partir
de um discurso que permite que os atores sociais superem
seus enfrentamentos.
c) É a partir do pensamento unitário e universalmente aceito
que o projeto poderá ser levado adiante.
IV. Patriotismo de cidade:
a) É efeito e condição do sucesso o projeto ideológico.
b) Para o planejamento estratégico a construção de uma
cidade unificada vem através da promoção do patriotismo.
c) Se desenvolve a partir da reintrodução do
monumentalismo, uma vez que este reforça a identidade
da cidade.
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5. Esvaziamento do sentido político da cidade:


I. Cidade unificada pela produtividade e pela competição,
elementos que transformam a cidade num espaço empresarial a
ser gerido por uma liderança personalizada e carismática.
II. A despolitização planejada é uma das garantias asseguradas à
iniciativa privada, ou seja, discutir os projetos e prioridades da
cidade não está mais ligado à discussão das necessidades e
projetos sociais.
6. City e Pólis:
I. City: a cidade como espaço, objeto e sujeito de negócios.
II. Pólis: a cidade como espaço do encontro e confronto entre os
cidadãos.

Conclusões e/ou proposições do autor:


 Planejamento estratégico implica na apropriação da cidade por
interesses empresariais globalizados;
 É condicionado pelo esvaziamento político do espaço urbano e
da eliminação do conflito e das condições de exercício da cidadania

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