O PLURALISMO JURÍDICO FRENTE À CONSTITUIÇÃO DE 1988 E A
LEGISLAÇÃO INFRACONSTITUCIONAL
Partindo do pressuposto de que a concepção estatal positivada, sob o aspecto
teórico, resultaria em um sistema de normas completo e perfeito, sem lugar para a intervenção do jurista, cujo papel seria resumido apenas à aplicado lógica da norma. É sabido que, na perspectiva real, é impossível que se desenvolva um Direito homogêneo que atenda de modo inclusivo e igualitário toda a população de um Estado, sem que sejam desrespeitadas as diversidades socioculturais dos povos que ocupam o espaço territorial desse estado. Nesse contexto, o presente texto buscará entender como o pluralismo jurídico se apresenta dentro da constituição de 1988 e na legislação infraconstitucional, elecando direitos e formas alternativas de resolução de conflito, que estejam dentro da concepção do pluralismo jurídico, sob a ótica da interculturalidade e do multiculturalismo. Para tanto, em se tratando de direitos, a Constituição de 88 assegura a participação popular na criação do ordenamento jurídico, através dos institutos do referendo e da iniciativa popular, os quais são mencionados no artigo 14, inciso II e III. Logo, qualquer grupo que possua regulamentação legal, através de inciativa popular, tem o direito de fazer as Câmaras Legislativas se definirem acerca de matérias do seu interesse, e também tem a oportunidade de vetar, através do referendo, os projetos legislativos que pareçam prejudicais. Além disso, quanto às formas alternativas de resolução de litígios, tem-se como exemplo a arbitragem, a qual, no direito brasileiro, só pode se dirigir a acertamento de direitos patrimoniais disponíveis e está prevista na Lei n° 9.307/96. O árbitro não pode ser o juiz, no exercício de sua função judicante - sob pena de confundir-se com a jurisdição. A arbitragem surgiu, então, como uma forma alternativa de resolução dos conflitos, colocada ao lado da jurisdição tradicional. Consoante Arenhart (2005), sua UNIVERSIDADE FEDERAL DE RORAIMA INSTITUTO DE CIÊNCIAS JURÍDICAS ANTROPOLOGIA JURÍDICA tônica está na tentativa de contornar o formalismo do processo tradicional, procurando mecanismo mais ágil para a solução das controvérsias subjetivas.
REFERÊNCIAS
ARENHART, Sérgio Cruz. Breves observações sobre o procedimento arbitral. Jus
Navigandi, Teresina, a. 9, no 770, 12/08/2005.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil:
promulgada em 5 de outubro de 1988. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 1990.
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