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NEE 2005/06 Univ.

Aveiro
C. Fernandes (T) & A. Gomes (TP)

Aula TP nº 6

Escalas de inteligência de Wechsler WPPSI-R e WISC-III


Caracterização; descrição geral dos subtestes; interpretação dos
resultados; aplicações no âmbito das NEE; potenciais implicações
educativas.

Escalas de Inteligência

Discussão prévia acerca de uma série de de limitações acerca das escalas


de inteligência e dos QIs

Algumas advertências
- É conveniente reconhecer que ninguém se resume ao seu QI, bem como
conhecer todas as limitações e alcance das medidas de inteligência

- A avaliação do QI é apenas uma muito pequena parte da avaliação das


limitações e capacidades de uma pessoa.

- Uma avaliação psicológica não se resume à aplicação de um teste nem à


avaliação da inteligência; utiliza outros métodos e instrumentos, várias
fontes de informação e foca outras áreas de funcionamento do indivíduo.

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Escalas de Inteligência

Algumas advertências
- Duas pessoas com o mesmo QI têm diferentes capacidades de adaptação
ao meio

- O número ou QI obtido não deve ser visto como um valor absoluto:


- há uma margem de erro;
- inúmeros factores podem influenciar o desempenho no teste no dia em
que é administrado;
- o QI modifica-se ao longo da vida.

⇒ A interpretação do QI obtido deve ser feita com a maior precaução e


tendo sempre como finalidade a intervenção (não a catalogação do ind):
perspectiva AVALIAR PARA INTERVIR

Escalas de Inteligência

Existem várias escalas de inteligência (ex.: Stanford-Binet; Wechsler)

As escalas de Wechsler são das mais conhecidas. Em termos de NEE,


assumem relevância:

- WPPSI-R (Wechsler Preschool and Primary Scale of Intelligence –


Revised)
- Escala de Inteligência de Wechsler para a Idade Pré-Escolar e
Escolar – Edição Revista
- para crianças de idade pré-escolar e primária

- WISC-III (Wechsler Intelligence Scale for Children– III ed.)


Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças, Terceira
Edição. Para crianças e adolescentes

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As escalas de inteligência de Wechsler

ALGUMAS CARACTERÍSTICAS COMUNS A TODAS AS ESCALAS DE


WECHSLER (WAIS, WISC, WPPSI):

• Obtenção de uma medida global (QI EC) e de duas medidas de aptidões


específicas: subescalas Verbal (QIV) e de Realização (QIR)
• administração do mesmo conj de subtestes a todos os inds avaliados com
det escala
• cada subteste contribui, da mesma maneira, para o cálculo dos QIs,
independentemente do grupo etário a analisar
(Wechsler, 2003a, p. 4)

• medida individual e estandardizada

As escalas de inteligência de Wechsler

ADAPTAÇÕES E AFERIÇÕES PORTUGUESAS

WISC
primeira escala de inteligência de Wechsler a ser adaptada e aferida a Portugal,
por Marques (1969, 1970).

WISC-III: Wechsler, D. (2003a). WISC-III. Escala de Inteligência de Wechsler para


Crianças - Terceira Edição . Aplicação: idades ~ 6 aos 16 anos

Projecto financiado pela FCT e realizado na FPCE-UC, por uma equipa


coordenada pelo Prof. Mário R. Simões;
CEGOC-TEA, Departamento de Investigação e Publicações Periódicas:
António Menezes Rocha e Carla Ferreira.

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As escalas de inteligência de Wechsler

ADAPTAÇÕES E AFERIÇÕES PORTUGUESAS

WPPSI-R
Wechsler, D. (2003b). Escala de Inteligência de Wechsler para a Idade Pré-
Escolar e Escolar – Edição Revista. Aplicação: idades ~ 3 aos 6 anos

Na sequência do trabalho de doutoramento da Prof. Maria João Seabra


Santos, a adaptação porquguesa foi realizada por:
● Maria João Seabra Santos e Mário R. Simões - FPCE-UC;
● António Menezes Rocha e Carla Ferreira - CEGOC-TEA, Departamento
de Investigação e Publicações Periódicas:

Financiamento: CEGOC-TEA e FCT (projecto PRAXIS)

A WISC-III

INTRODUÇÃO

A inteligência pode manifestar-se de diversas formas

Wechsler concebia a inteligência, não como uma aptidão particular, mas como
um todo, especificamente, como “a capacidade global do indivíduo para actuar
finalizadamente, pensar racionalmente e proceder com eficiência em relação
ao meio” (Wechsler, 1944, cit. in Wechsler, 2003a, p. 2).

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A WISC-III
• Os resultados obtidos numa escala de inteligência representam o sucesso do
ind num det conj de tarefas.
• Os subtestes da WISC-III foram seleccionados de forma a abranger um leque
diversificado de aptidões mentais, procurando desta forma reflectir o
funcionamento intelectual global do indivíduo.
• Os subtestes fazem apelo a várias facetas da inteligência – raciocínio
abstracto, memória, dets capacidades perceptivas (ex.: relações espaciais),
etc. Nenhum subteste reflecte a totalidade dos Cºs inteligentes
• Em termos culturais, tais aptidões são valorizadas em diferentes graus,
surgindo frequentemente associadas a Cºs geral e consensualmente
designados como “inteligentes”
• A concepção de inteligência como um todo não significa que tenha de se
verificar um desenvolvimento homogéneo das capacidades / aptidões que lhe
são inerentes. É comum q um dado suj obtenha, simultaneamente, resultados
elevados e baixos em subtestes distintos.

A WISC-III
• N.B.: Não se pode exigir que o conj de tarefas estandardizadas que
compõem a WISC abranja todos os aspectos relacionados com a inteligência
de um ind. Contudo, pode afirmar-se que a escala inclui aptidões intelectuais
que constituem determinantes essenciais de um Cº inteligente.
• Uma série de outros factores, não intelectuais, exercem influência na
manifestação das aptidões intelectuais, como traços de personalidade,
atitudes e outras características – p.ex, impulsividade, entusiasmo, ansiedade,
persistência, entre muitos outros (influenciam sucesso do ind, quer no teste,
quer na vida quotidiana)
• Na avaliação do QI há que considerar aspectos não intelectuais/cognitivos
como a história de vida do ind. (contexto social e historial médico) ou o
reportório linguístico e cultural.
• Na concepção de inteligência de Wechsler, a aptidão intelectual é apenas um
dos aspectos da inteligência
• => necessidade de distinguir entre resultados dos subtestes e dos QIs, por
um lado, e inteligência, por outro (Wechsler, 2003a, p. 5)

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A WISC-III
SUBESCALAS E SUBTESTES DA WISC-III (Wechsler, 2003a, p 7):

Verbal Realização

2. Informação 1. Completamento de Gravuras

4. Semelhanças 3. Código

6. Aritmética 5. Disposição de Gravuras

8. Vocabulário 7. Cubos

10. Compreensão 9. Composição de objectos

12. Memória de Dígitos * 11. Pesquisa de Símbolos **

13. Labirintos *

* Subteste opcional
** Subteste opcional que só pode substituir subteste Código. Este
subteste surgiu pela primeira vez na WISC-III.

A WISC-III
A partir destes subtestes pode determinar-se:
• QI EC (Escala Completa)  subtestes Verbais e subestestes Realização
• QI V (Verbal)  resultados obtidos em 5 subestes verbais
• QI R (Realização)  resultados em 5 subestes de realização

E ainda 3 pontuações/índices factoriais (aferições portuguesa e francesa/belga)

Compreensão Verbal Organização Perceptiva Velocidade de Processamento

Informação Completamento de Gravuras Código


Semelhanças Disposição de Gravuras Pesquisa de Símbolos
Vocabulário Cubos
Compreensão Composição de Objectos

Nota: Versão EUA compreende mais um factor: Resistência à Distracção

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A WPPSI-R
Para crianças com idades entre 3 A e 7 A 3 M (cf. Seabra-Santos, 1996)
Versão portuguesa: para idades entre 3 A e 6A 6M

Aplicação individual

Cerca de 1hr30min

Total de 12 subtestes (10 obrigatórios + 2 suplementares)

- Escala de realização (6 subtestes) – tarefas essencialmente perceptivo-


motoras, face às quais a criança fornece uma resposta não verbal
- Escala verbal (6 subtestes) – tarefas que suscitam uma resposta
essencialmente verbal

A WPPSI-R
SUBESCALAS E SUBTESTES DA WPPSI-R (Seabra-Santos, 1996, p 222-225):

Verbal Realização

2. Informação 1. Composição de objectos

4. Compreensão 3. Figuras geométricas

6. Aritmética 5. Quadrados (desenho com blocos)

8. Vocabulário 7. Labirintos

10. Semelhanças 9. Completamento de gravuras

12. Frases memorizadas * 11. Tabuleiro dos animais *

* Subteste opcional /suplementar

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Paralelismos entre WISC-III e WPPSI-R
VERBAL REALIZAÇÃO

WISC-III WPPSI-R WISC WPPSI-R

Informação  Informação Completamento de  Completamento de


Gravuras Gravuras
Semelhanças  Semelhanças Código ~ Tanuleiro dos
animais (supl)
Aritmética  Aritmética Disposição de
Gravuras
Vocabulário  Vocabulário Cubos ~ Quadrados

Compreensão  Compreensão Composição de  Composição de


objectos objectos
Memória de Dígitos ~ Frases memorizadas Pesquisa de Símbolos
(supl) (supl) (supl)
Labirintos (supl)  Labirintos

Figuras geométricas

Escalas de Wechsler
INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS PADRONIZADOS (Wechsler, 2003a, p. 28)

Distribuição dos QIs (EC, V, R) e dos índices factoriais:

Média [M] = 100; Desvio Padrão [DP] = 15.


QI = 100  desempenho médio
QI = 85  um DP abaixo da média QI = 115  um DP acima da média
QI = 70  dois DP abaixo da média QI = 130  dois DP acima da média
QI = 55  três DP abaixo da média QI = 145  três DP acima da média

Nota: os resultados brutos são transformados em resultados padronizados


tendo em conta o SEXO e a CLASSE ETÁRIA da criança

Obs: propriedades teóricas da distribuição normal ou gaussiana


-entre M - 1DP e M + 1DP: ~ 67% (2/3) dos sujeitos (17% abaixo e 17% acima)
-entre M - 2DP e M + 2DP: ~ 95% dos sujeitos (2.5% abaixo e 2.5% acima)
-entre M - 3DP e M + 3DP: ~ 99% dos sujeitos (0.5% abaixo e 0.5% acima)

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Classificação qualitativa dos níveis de inteligência (escalas de
Wechsler)

Embora qualitativa, baseia-se em propriedades psicométricas, nomeadamente em


intervalos de 10 em 10 pontos acima/abaixo da média – tendo em conta a média
de 100, a inteligência será “média” se compreendida entre ~ 90 e 110.

Classificação qualitativa

Muito superior [sobredotação?]

Superior

Média Superior

Média

Média Inferior (WISC-III: Wechsler, 2003a,


cf. tab. 14, p. 30)
Inferior
(WPPSI-R: Wechsler, 2003b,
Muito inferior [Def. Mental?]
cf. tab. 10, p. 35)

A WISC-III
UTILIDADE, APLICAÇÃO EM CONTEXTO ESCOLAR

Enquanto medida do funcionamento intelectual geral, a WISC-III pode ser utilizada


em numerosos contextos, tais como:
- avaliação psicopedagógica
- orientação escolar
- necessidades educativas especiais, nomeadamente dificuldades de
aprendizagem, atrasos de desenvolvimento, sobredotação
- avaliação clínica e neuropsicológica
- investigação
aplicações + comuns no âmbito das NEE:
• Deficiência Mental
• Dificuldades de Aprendizagem
• Sobredotação (Wechsler, 2003a, pp. 10-13)

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WPPSI-R
UTILIDADE, APLICAÇÃO EM CONTEXTO ESCOLAR

● Nas NEE: instrumento que pode contribuir de modo importante para a


identificação de crianças com NEE e subsequente planificação de intervenções
educativas individualizadas
Especificamente, tem-se revelado útil
- no diagnóstico precoce da Deficiência Mental (mas qs impossível aos 3 anos)
- na indentificação de sobredotados [QI > 130] (- adequada aos 6-7 anos)

Outros casos em que se pode justificar a sua aplicação:


- Dificuldades de aprendizagem (tipicamente: QI  média/média-baixa. QIR >
QIV. Contudo, estes resultados também se encontram em crianças sem DA).
- perturbações de linguagem (tipicamente: QI  1DP abaixo da M. QIR  QIV).
- antecipação / atraso da matrícula no 1º ano (cf. atrás)
... são necessários + estudos (Seabra-Santos, 1996)

WPPSI-R
UTILIDADE, APLICAÇÃO EM CONTEXTO ESCOLAR

● Valor preditivo em termos de previsão do rendimento escolar:

=> WPPSI-R pode ter interesse quando se pretende tomar det decisões sobre o
futuro escolar de uma criança, nomeadamente nos casos em que se pondera
adiamento ou antecipação da entrada no 1º ano (Seabra-Santos, 1996, p. 238)

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WPPSI-R
UTILIDADE, APLICAÇÃO EM CONTEXTO ESCOLAR

Estudo português Seabra-Santos (1999): correlações entre testes/QIs WPPSI-R e

- avaliações de crianças (5 anos) por parte de educadoras/es (quadro p. 14)


- avaliações de crianças (6 anos) por parte de professores/as (quadro p. 15)
(Questionário p. 22)

[cf. folha distribuída na aula]

Informação que se pode extrair da WISC-III [/ WPPSI-R]

QI da escala completa: representa uma pontuação total de inteligência. Esta


mostra correlação com outras medidas de inteligência e com o desempenho
escolar.

QI verbal:
- habitualmente é um bom preditor do desempenho escolar.
- Reflecte a capacidade verbal e linguística do estudante, mas também a
familiariedade com a linguagem e cultura do país.
- os subtestes da escala verbal incluem muitos itens relacionados com a
educação e a cultura, logo, para um bom desempenho na escala verbal o aluno
necessita de aptidões e conhecimentos que são adquiridos na escola, em casa
e através da exposição à cultura.
(Nicholson e Alcorn, 1994)

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Informação que se pode extrair da WISC-III [/ WPPSI-R]

QI verbal (cont.):
- crianças que não entendam bem a língua, provenientes de outra cultura ou que
não tenham tido educação formal (escolar) ficam em clara desvantagem.
- alunos com problemas auditivos, de fala, ou provenientes de ambientes pouco
estimulantes do ponto de vista verbal, também estão em desvantagem.
Nestes casos, o QI verbal pode não constituir uma boa medida da inteligência da
criança, devendo-se considerar o contexto ambiental e história prévia da criança
para interpretar os resultados; o QI de realização pode, nestas situações,
constituir uma medida mais válida.
(Nicholson e Alcorn, 1994)

Informação que se pode extrair da WISC-III [/ WPPSI-R]

QI realização:
- menos relacionado com conteúdos verbais e culturais
- é possível obter-se um QI de realização elevado sem proferir qualquer palavra
- o desempenho nos testes de realização não depende de factores culturais
(nesse sentido, a escala de realização pode constituir uma medida mais justa /
isenta);
- fornece uma estimativa da capacidade fluída (sobretudo testes Cubos; Código;
Pesquisa de Símbolos)
- alunos com problemas verbais, de linguagem ou de outros contextos culturais (≠
amostra aferição) podem obter QI realização superior ao verbal
- pouco (ou nada) relacionado c/ desempenho escolar – pois os itens não avaliam
capacidades habitualmente relacionadas com aprendizagens e tarefas escolares

(Nicholson e Alcorn, 1994)

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Informação que se pode extrair da WISC-III

Índice Compreensão Verbal:


Testes: Informação; Semelhanças; Vocabulário; Compreensão (Wechsler, 2003a)

- Reflectem a influência da educação e da cultura.


- Baixa pontuação pode indicar: falta de oportunidades educativas e culturais;
aptidões verbais pobres ou outro problema verbal; problemas de linguagem,
auditivos ou visuais.
- Pontuações elevadas podem reflectir boas aptidões verbais; boas
oportunidades culturais e educativas; ambiente familiar no qual escolaridade e
cultura são altamente valorizados, encorajados e reforçados.
(Nicholson e Alcorn, 1994)

Informação que se pode extrair da WISC-III

Índice Organização Perceptiva:


Testes: Completamento de Gravuras; Disposição de Gravuras; Cubos ;
Composição de Objectos (Wechsler, 2003a)

- Medida da dimensão perceptiva e organizativa; reflecte a capacidade para


interpretar e/ou organizar material visual.
- Podem interferir com as pontuações neste índice diversos problemas – exs:
visuais; nos membros; motores; vísuo-motores.
- Pontuação baixa pode indicar fracas capacidades de organização visual ou ser
um sinal da existência de um problema perceptivo (o que deve conduzir a uma
posterior avaliação médica da criança, sobretudo quando esta obtém um QI verbal
superior)
(Nicholson e Alcorn, 1994)

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Informação que se pode extrair da WISC-III

Índice Velocidade de Processamento:


Testes: Código; Pesquisa de Símbolos [supl] (Wechsler, 2003a)

Envolve o processamento de informação não verbal; o aluno tem de processar


a informação num período de tempo limitado e tem de reconhecer um símbolo
ou número. O teste código exige também memória a curto prazo (Nicholson e
Alcorn, 1994)

Um resumo de estudos cits por Albuquerque e Simões (2000) indica que este
índice envolve:
- rapidez cognitiva e motora;
- capacidade de planificação;
- memória visual;
- coordenação visomotora;
- motivação para a realização;
- capacidade de atenção

Informação que se pode extrair da WISC-III

Índice Velocidade de Processamento (cont):


Testes: Código; Pesquisa de Símbolos [supl] (Wechsler, 2003a)

- A velocidade ou rapidez é importante para um bom resultado nestes testes,


pelo que crianças mais lentas ficam em desvantagem. O desempenho no teste
pode ser influenciado negativamente pela ansiedade.
- Muitas actividades escolares encolvem a rapidez de processamento – exs.:
fazer correspondências entre palavras e objectos.
- Está indirectamente relacionado com a “distracção”, pois requer que o aluno
preste atenção e se concentre de modo a realizar os testes.
- Alguns itens da Pesquisa de Símbolos apresentam diferenças visuais subtis,
pelo que problemas de visão podem constituir um factor limitante
(Nicholson e Alcorn, 1994)

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WISC-III / WPPSI-R
O que se pode analisar para além dos QIs e dos indicadores
factoriais?

● comparação entre QIv e QIr


● dispersão inter-testes:
- comparação entre o resultado de cada teste de
realização e a média dos testes de realização
- comparação entre o resultado de cada teste verbal e a
média dos testes verbais
- comparação entre o resultado de cada teste e a média
global dos testes

WISC-III / WPPSI-R
O que se pode analisar para além dos QIs e dos indicadores factoriais?

● análise do perfil dos 12 testes pode ser útil

Contudo... N.B.: os resultados dos testes individuais da WPPSI-R não podem ser
encarados como um meio de avaliar aptidões cognitivas específicas com
precisão (pois não foram concebidos para este fim), mas podem ser utilizados (a
par de outras metodologias) como uma forma de gerar hipóteses sobre as
aptidões da criança (Sattler, 1992, cit. por Seabra-Santos, 1996).

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O que medem os subtestes?
Testes verbais

• Informação: cultura /conhecimento geral; educação; memória a longo-prazo (1);


assimilação de experiências (2)

•Semelhanças: capacidade para extrair relações entre coisas ou ideias (1);


compreensão; relações entre conceitos; pensamento abastracto e associativo (2)

• Aritmética: capacidade para realizar contas simples e cálculos aritméticos


mentalmente (1); concentração; raciocínio e cálculo numérico; manipulação
automática de símbolos (2)

(1) Nicholson e Alcorn (1994); (2) Folha de perfil da WISC (versão espanhola)

O que medem os subtestes?


Testes verbais (cont.)

• Vocabulário: conhecimento de palavras; fluência verbal; uso/emprego de


linguagem (1); riqueza e tipo de linguagem; compreensão verbal (2)

• Compreensão: conhecimento social prático; juízo social (1); compreensão de


situações sociais (2)

• Memória de Dígitos (supl): atenção; memória a curto-prazo verbal (1)/auditiva (2)

(1) Nicholson e Alcorn (1994); (2) Folha de perfil da WISC (versão espanhola)

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O que medem os subtestes?
Testes de realização

• Completamento de gravuras: capacidade para distinguir detalhes essenciais de


não essenciais (1); memória a acuidade visuais (2)

• Código: capacidade para aprender material não verbal (1); memória visual
imediata; previsão associativa; rapidez motora (2)

• Disposição de Gravuras: capacidade para antecipar e compreender sequências de


acção (1); percepção e compreensão de situações sociais; captar sequências
causais (2)

(1) Nicholson e Alcorn (1994); (2) Folha de perfil da WISC (versão espanhola)

O que medem os subtestes?


Testes de realização (cont.)
• Cubos: capacidade para construir desenhos abstractos a partir de partes (1);
percepção visual; relações espaciais; coordenação vísuo-motora (2)

• Composição de objectos: capacidade para visualizar e construir um objecto a partir


das suas partes (1); memória de formas; orientação e estruturação espaciais (2)

• Pesquisa de símbolos (supl): capacidade para identificar formas geométricas


idênticas (1)

• Labirintos: capacidade para prestar atenção, concentrar-se e antecipar a acção (1);


detreza motora; previsão perceptiva (2)

(1) Nicholson e Alcorn (1994); (2) Folha de perfil da WISC (versão espanhola)

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APLICAÇÕES EDUCATIVAS PARA
EDUCADORES/PROFESSORES
(contexto escolar)

Têm surgido vários trabalhos que procuram transpôr os resultados da avaliação da


inteligência para o domínio da intervenção educativa, nomeadamente sobre
as implicações educativas da WISC-III.
Ex.:
Nicholson, C. L., & Alcorn, C. L. (1994). Educational applications of the WISC-III.
A handbook of interpretive strategies and remedial reccommendations. Los
Angeles, CA: WPS.

Trata-se de um livro dirigido a educadores e professores.

Aplicações educativas (cont.)

Ex. de tópicos abordados no livro:

- como interpretar a informação proveniente dos relatórios psicológicos sobre a


aplicação da WISC-III

- em função dos resultados obtidos por uma dada criança nas escalas (QI R; QI V)
e nos vários subtestes, sugere um conjunto de estratégias e actividades
educativas a realizar com a criança , em função do seu padrão individual de
resultados

Contudo, N.B.:
“É impossível estabelecer uma correspondência directa e automática entre det
resultado na WISC-III e uma dada sugestão educativa” (Albuquerque &
Simões, 2000, p. 129).

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Aplicações educativas (cont.)

- Parece não existir nenhum livro similar no que se refere ao uso dos resultados da
WPPSI-R para planificar intervenções e actividades educativas ao nível do
pré-escolar (Seabra-Santos, Março de 2006, Comunicação Pessoal).

- Uma solução possível é procurar fazer alguma transferência das sugestões


dadas no livro para o nível pré-escolar.

Referências (slides):
Albuquerque, C. P. & Simões, M. R. (2000). Escala de InteligÊncia de Wechsler para Crianças-Terceira
edição (WISC-III): Validade dos resultados para a intervenção educativa. Psychologica, 25,
123-141.
Nicholson, C. L., & Alcorn, C. L. (1994). Educational applications of the WISC-III. A handbook of
interpretive strategies and remedial reccommendations. Los Angeles, CA: WPS.
Seabra-Santos, M. J. (1996). A WPPSI-R: sua utilização em contecto escolar. Revista Portuguesa de
Pedagogia, XXX (2), 221-243.
Seabra-Santos, M. J. (1999). A avaliação da inteligência em idade pré-escolar e escolar: relação com as
apreciações dos professores. Revista Portuguesa de Pedagogia, XXXIII (2), 5-22.
Seabra-Santos, M. J. (2000). Avaliação psicológica em idade pré-escolar: O caso da avaliação da
inteligência. Psychologica, 25, 143-162.
Wechsler, D. (2003a). WISC-III. Escala de Inteligência de Wechsler para Crianças - Terceira Edição.
Manual. Lisboa: CEGOC-TEA.
Wechsler, D. (2003b). WPPSI-R. Escala de Inteligência de Wechsler para a Idade Pré-Escolar e Escolar –
Edição Revista. Manual. Lisboa: CEGOC-TEA.

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