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Para além destes aspetos referidos anteriormente, Papageno é também idêntico à figura
de Hansworst, ou seja, uma personagem sensivelmente típica do teatro popular de Viena,
aparentado com o Arlequim da Commedia dell’Arte. Também este é proveniente do reino dos
mortos: Arlequim tem uma lágrima desenhada sobre a face devido a este conhecer a verdadeira
dor da morte. Relativamente à comparação entre Papageno e Hermes, tudo isto perfaz uma
ideologia toda ela envolvente acerca de uma única questão: “Porque temos então Papageno na
ópera de Mozart e não Hermes?” A resposta é simples, e deriva que os autores da obra em
questão não quiseram recriar uma obra mitológica, mas apresentar sim uma obra toda ela
esotérica. Mais do que Hermes, Papageno representa o mercúrio (elemento fundamental para
o trabalho do alquimista) e o conhecimento hermético que deriva diretamente dos atributos do
deus grego. Este conhecimento secreto não pode cair em mãos erradas, sendo necessário usar
de secretismo enquanto a Magna Obra (trabalho da transmutação) encontra-se em decurso. O
hermetismo aqui retratado, representa-se alegoricamente na ópera quando as Três Damas
cedem a Papageno a pedra filosofal em estado bruto (a água da vida e o cadeado como atributos
da Magna Obra). O cadeado protege o sigilo do trabalho e a água o princípio da vida, purificando
esta nova jornada que Papageno estaria prestes a principiar.
No ceio da alquimia encontra-se uma extração de duas substâncias à terra e a
purificação das mesmas, seguindo-se da incorporação destas duas matérias numa obtenção de
uma terceira. O trabalho do alquimista desenrola-se em redor da extração em separado e da
posterior purificação e incorporação do mercúrio, cuja a analogia é Papageno, a par de Pamina
(sal) e Tamino (enxofre). Como resultado final, temos a alegoria da fertilidade que representa o
casamento entre Papageno e Papagena, dado que a nova substância nasce após todo este
processo.
Relativamente à parte técnica que esta personagem enverga, de um modo geral esta é
interpretada por um barítono e ao longo da ópera esta possuí um papel muito importante, quer
no ato I como no ato II.
Por fim, apesar de Papageno trabalhar para a Rainha da Noite, o caçador de pássaros é
intitulado como sendo o símbolo do lado comum da humanidade e possuí um papel fulcral para
a fuga de Pamina através do seu carrilhão mágico que possuí poderes sobrenaturais. Um homem
alegre que aprecia os prazeres da vida é de facto uma personagem cómica que faz desta ópera
uma ópera tão popular e tão conhecida até aos dias de hoje.
Fontes Consultadas