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A Flauta Mágica de Mozart –

(Análise de uma Personagem - Papageno)

Aluno: Miguel Ângelo Duarte Santos

Nº. Mecanográfico: 88142

Docente da Disciplina: Professor António Chagas Rosa


Papageno

Partindo numa visão relativamente esotérica, nos dias 4, 11 e 18 de maio de 1816,


surgiram três artigos numa publicação italiana (Il Corriere delle Dame, de Milão) do qual o autor
é desconhecido até os dias de hoje, levando a que a ópera Flauta Mágica de Mozart fosse
descrita numa primeira circunstância como uma obra misteriosa. Neste caso em concreto, o
personagem Papageno é identificado como o deus Hermes (ou Mercúrio), visto que este
entregara todos os dias pássaros às três servidoras da Rainha da Noite em troca de alimento,
alimento este que é exatamente o mesmo aos quais os antigos gregos ofereciam a Hermes nos
seus altares: figos e mel. Hermes, conhecido também como um mensageiro dos deuses, leva e
traz mensagens de amor, tal como Papageno durante o I ato. Para além de este ser conhecido
como mensageiro dos deuses é também criador da lira e da sysrinx ou flauta de Pan (Pan é o
filho de Hermes), um dos principais acessórios caraterísticos de Papageno. Paralelamente,
Papageno e Hermes utilizam sandálias aladas, sendo ambos designados por ser ambivalentes e
fugazes, tal como os pássaros.

Para além destes aspetos referidos anteriormente, Papageno é também idêntico à figura
de Hansworst, ou seja, uma personagem sensivelmente típica do teatro popular de Viena,
aparentado com o Arlequim da Commedia dell’Arte. Também este é proveniente do reino dos
mortos: Arlequim tem uma lágrima desenhada sobre a face devido a este conhecer a verdadeira
dor da morte. Relativamente à comparação entre Papageno e Hermes, tudo isto perfaz uma
ideologia toda ela envolvente acerca de uma única questão: “Porque temos então Papageno na
ópera de Mozart e não Hermes?” A resposta é simples, e deriva que os autores da obra em
questão não quiseram recriar uma obra mitológica, mas apresentar sim uma obra toda ela
esotérica. Mais do que Hermes, Papageno representa o mercúrio (elemento fundamental para
o trabalho do alquimista) e o conhecimento hermético que deriva diretamente dos atributos do
deus grego. Este conhecimento secreto não pode cair em mãos erradas, sendo necessário usar
de secretismo enquanto a Magna Obra (trabalho da transmutação) encontra-se em decurso. O
hermetismo aqui retratado, representa-se alegoricamente na ópera quando as Três Damas
cedem a Papageno a pedra filosofal em estado bruto (a água da vida e o cadeado como atributos
da Magna Obra). O cadeado protege o sigilo do trabalho e a água o princípio da vida, purificando
esta nova jornada que Papageno estaria prestes a principiar.
No ceio da alquimia encontra-se uma extração de duas substâncias à terra e a
purificação das mesmas, seguindo-se da incorporação destas duas matérias numa obtenção de
uma terceira. O trabalho do alquimista desenrola-se em redor da extração em separado e da
posterior purificação e incorporação do mercúrio, cuja a analogia é Papageno, a par de Pamina
(sal) e Tamino (enxofre). Como resultado final, temos a alegoria da fertilidade que representa o
casamento entre Papageno e Papagena, dado que a nova substância nasce após todo este
processo.

Na indumentária desenhada para a estreia desta ópera, Papageno foi representado


como tendo a sua fronte adornada com uma causa de plumas, visto que este símbolo representa
e revela todas as cores do processo alquímico. Conjuntamente, Papageno é designado como
uma personagem medrosa e que quer sempre voltar atrás. Papageno ao longo desta obra é
submetido em conjunto com Tamino a duras provas, como por exemplo a prova do silêncio.
Caso ambos consigam concluir estes desafios, estes entrariam para a irmandade, ou seja,
Tamino receberia a mão de Pamina e Papageno receberia uma mulher para casar, pois é o que
este mais desejara na vida. Infelizmente a personagem medrosa não consegue concluir com
sucesso esta incitação, sendo consequentemente expulso do templo. Inconsolável, o caçador de
pássaros pensa no suicídio, mas acaba por ser salvo pelos Três Meninos, sendo que estes
sugerem-lhe que Papageno toque no seu carrilhão mágico para que o seu sonho se concretize e
finalmente apareça uma companheira para ele (Papagena surge e declaram o amor que
possuem um pelo outro).

Relativamente à parte técnica que esta personagem enverga, de um modo geral esta é
interpretada por um barítono e ao longo da ópera esta possuí um papel muito importante, quer
no ato I como no ato II.

Por fim, apesar de Papageno trabalhar para a Rainha da Noite, o caçador de pássaros é
intitulado como sendo o símbolo do lado comum da humanidade e possuí um papel fulcral para
a fuga de Pamina através do seu carrilhão mágico que possuí poderes sobrenaturais. Um homem
alegre que aprecia os prazeres da vida é de facto uma personagem cómica que faz desta ópera
uma ópera tão popular e tão conhecida até aos dias de hoje.
Fontes Consultadas

O ENREDO DA FLAUTA MÁGICA – in


https://www.metropolitana.pt/Default.aspx?ID=6270 (Consultado a 21 de dezembro de 2018).

A FLAUTA MÁGICA SINOPSE – in


http://flautamagicarecife2012.blogspot.com/p/sinopse.html (Consultado a 21 de dezembro de
2018).

A FLAUTA MÁGICA – in http://aflautamagicado5a.blogspot.com/ (Consultado a 22 de


dezembro e 2018).

ARGUMENTOS DE ÓPERAS, A FLAUTA MÁGICA (ÓPERA EM DOIS ATOS) – in


http://www.rtp.pt/antena2/argumentos-de-operas/letra-m/wolfgang-amadeus-
mozart_1864_81 (Consultado a 22 de dezembro e 2018).

A ÓPERA ROMÂNTICA ALEMÃ: UMA ESTRADA DE SÍMBOLOS (PDF) – (Consultado a 23


de dezembro de 2018).

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